divórcio -...

37
Divórcio Separação judicial (?) e divórcio. Arts. 1.571 a 1.582, CC. Art. 226, § 6º, CF (nova redação). 1

Upload: trinhkhanh

Post on 13-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Divórcio

Separação judicial (?) e divórcio.

Arts. 1.571 a 1.582, CC.

Art. 226, § 6º, CF (nova redação).

1

• EC nº 66/2010:

• Nova redação do art. 226, § 6º da CF:

“O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.”

• Redação anterior do art. 226, parágrafo 6º da CF:

• “O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia

separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou

comprovada separação de fato por mais de dois anos.”

2

3

O histórico da constitucionalização do divórcio

4

O histórico da constitucionalização do divórcio

Princípios

• PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA – “Do princípio dadignidade da pessoa humana decorre a premissa de que oindivíduo não existe para o fim precípuo de constituir família eprocriar, conforme exigia o antigo Estado-Igreja, mas para abusca de sua felicidade e realização pessoal, objetivo no qual afamília se insere como instrumento de efetivação do fimpretendido. Nesse contexto, o afeto passa a imperar não só nomomento da constituição da entidade familiar, mas também emtoda a constância da relação, de modo que cessado o liameafetivo, não há mais a base sólida para a sustentação da famíliatal como deve ser, sob o aspecto moral: legal, cúmplice,solidária, fraterna, voluntária e responsável.” (BIANCA

FERREIRA PAPIN)

5

• PRINCÍPIO DA LIBERDADE – respeito à autonomia davontade; sem amor e felicidade não há porque se manterum casamento; liberdade de auto-determinação afetiva. Onovo espírito constitucional, rechaça a utilização doDireito como instrumento de punição pelo fim docasamento e privilegia a liberdade individual e aautonomia dos cônjuges; ideais são as uniões chamadas“livres”, porquanto a liberdade permite de forma maispura a manutenção de um relacionamento afetivo, no qual‘não há fidelidade, obediência, assistência obrigatória.Tudo isso, dado por amor, não deve durar senão enquantopuder durar esse amor’.”

6

Princípios

• PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA – acaba com ainterferência do Estado na vida dos cidadãos; que o ordenamentojurídico, numa perspectiva de promoção da dignidade da pessoahumana, garanta meios diretos, eficazes e não-burocráticos, que osseus partícipes se libertem do vínculo falido, partindo para outrosprojetos pessoais de felicidade e de vida.

• PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA - O artigo 1.513 doCódigo Civil é claro: "É defeso a qualquer pessoa, de direitopúblico ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pelafamília.“ A intervenção somente se justifica em casos extremos,devendo a escolha pelo caminho do divórcio ser plenamenterespeitada, trajetória esta que foi encurtada pela EmendaConstitucional nº 66, deixando passagem para nova busca dafelicidade.

7

Princípios

• PRINCÍPIO DA INTIMIDADE E DA PRIVACIDADE –de acordo com valores atuais, evitará que aintimidade e a vida privada dos cônjuges e de suasfamílias seja revelados e trazidos ao espaço públicodos tribunais, com todo o caudal deconstrangimentos que provocam, contribuindo paraagravamento de suas crises e dificultando oentendimento necessário para a melhor solução dosproblemas decorrentes da separação.

8

Princípios

• DIREITO À FELICIDADE – perspectiva socioafetiva e eudemonistado Direito de Família, permite que os integrantes de uma relaçãofrustrada partam para outros projetos de vida; importam menosaos indivíduos as regras sociais, as instituições e os preconceitos,impondo-se não mais a exaltação ao dever e a assunção deobrigações socioculturais, mas a ligação afetiva, o sentimento queensejou a união, que também não precisa ser duradouro, mas, nosversos do poeta, “que seja infinito enquanto dure.”.

• PROMOÇÃO DA PAZ SOCIAL – “A EC/66 representa grandeavanço do Direito, muito menos como facilitadora do divórciocomo é conhecida, mas primordialmente na promoção da pazsocial e na entrega de harmonia às relações familiares dissociadas,quando põe termo à histórica discussão quanto á culpa pelo fim docasamento.

9

Princípios

• PRINCÍPIO DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE – “absoluta prioridade” (art. 227 CR),dificilmente consegue ser observado, quando a arena dadisputa é alimentada pelas acusações recíprocas, que oregime de imputação de culpa propicia. Revisão deparadigmas, reduzindo conflitos e litígios nos tribunais,descontaminando-se dos azedumes e ressentimentosdecorrentes da imputação de culpa ao outro cônjuge, oque comprometia inevitavelmente o relacionamento pósconjugal, em detrimento, sobretudo, da formação dosfilhos comuns.

10

Princípios

SEPARAÇÃO JUDICIAL

(Arts. 1.571, III e 1.572 a 1.578, CC)

• Antigamente o sistema de dissolução do casamento era dualista

(separação judicial + divórcio)

• Era meio de dissolução apenas da sociedade conjugal.

• Não rompia o vínculo matrimonial, não liberava o separado

para novo casamento.

11

• Atenção 01:

• Separação de fato é a cessação da vida em comum sem intervençãojudicial

• Enunciado CJF nº 501 -> As expressões “ex-cônjuge” e “ex-companheiro”, contidas no art. 1.240-A do Código Civil,correspondem à situação fática da separação, independentementede divórcio.

• Separação de corpos é a medida cautelar de afastamento de um doscônjuges do lar conjugal via Poder Judiciário (art. 888, CPC; art. 59, IIIe 169 a 171 do PEF)

• Separação judicial era a medida judicial para dissolução da sociedadeconjugal

• Atenção 02:

• A EC 66/2010 extinguiu a separação judicial ?

12

• Com a nova redação do § 6º, do art. 226 da CF existem três teorias a respeito da separação judicial:

• 1ª teoria – a separação judicial permanece, sem alterações nãohouve revogação do CC/2002

• 2ª teoria – a separação judicial permanece como opção para adiscussão da culpa na dissolução do casamento (absurdo –violação da intimidade da vida privada)

• 3ª teoria (adotada pelo IBDFAM) – a separação judicial foi completamente revogada (motivos e justificativas da EC nº 66/2010)

• Enunciado CJF nº 514 -> Art. 1.571. A EmendaConstitucional n. 66/2010 não extinguiu o instituto daseparação judicial e extrajudicial.

13

ESPÉCIES DE SEPARAÇÃO JUDICIAL

• Consensual: art. 1.574 , CC.

• Requisito: mais de 01 (um) ano de casados (?)

• Homologação judicial, posterior averbação no registro civil do

casamento.

• O projeto do Estatuto das Famílias (art. 57 e 58 e 250 a 253) previa a

retirada do requisito do prazo de 01 ano para esta espécie de separação.

• Enunciado nº 515 -> Art. 1.574, caput. Pela interpretação

teleológica da Emenda Constitucional n. 66/2010, não há

prazo mínimo de casamento para a separação consensual.

14

• Litigiosa: arts. 1.572 e 1.573, CC

• Separação sanção: art. 1.572, caput , CC

• Sem prazo, o requisito era a violação aos deveres do casamento (art.

1.566, CC)

• Motivos previstos: art. 1.573, CC

• Separação falência: art. 1.572, § 1º, CC

• Requisito: prazo de 01 (um) ano de separação de fato,

impossibilidade de reconstituição da vida conjugal.

• Separação remédio: art. 1.572, § 2º, CC

• Requisito: prazo de 02 (dois) anos de enfermidade mental grave,

manifestada após o casamento e tida como de cura improvável.

• Penalidades (?): art. 1.572, § 3º, CC.

15

• Efeitos da separação judicial: arts. 1.575 a 1.578, CC

• Efeitos pessoais em relação aos cônjuges: põe termo aos deveres

recíprocos do casamento (fidelidade, coabitação), impossibilita

novo casamento, autoriza a conversão em divórcio (após o prazo

previsto no art. 1.580, CC), possibilita a reconciliação, preserva

direitos de terceiros em caso de reconciliação, regulariza o uso do

nome (ver art. 1.578, CC).

• Efeitos patrimoniais em relação aos cônjuges: resolve a situação

econômica, pondo fim ao regime de bens, substitui o dever de

sustento pela obrigação alimentar, eventual direito a indenização,

suprime o direito sucessório entre os separados.

• Efeitos pessoais em relação aos filhos: resolve a guarda e o

direito de visitas, pensão aos filhos, mantém-se o poder familiar a

ambos os pais.

16

• Separação judicial no Estatuto das Famílias (projeto

originário): arts. 57 e 58; 173 a 177 e 250 a 253.

• “Privilegiou-se o divórcio como meio mais adequado para

assegurar a paz dos que não mais desejam continuar casados,

definindo em regras simples e compreensíveis os requisitos

para alcançá-lo. Evitou- se, tanto no divórcio quanto na

separação, a interferência do Estado na intimidade do casal,

ficando vedada a investigação das causas da separação, que

não devem ser objeto de publicidade.” (Justificativa)

17

DIVÓRCIO

(Arts. 1.571, IV e 1.579 a 1.582, CC)

• É extinção do vínculo matrimonial.

• Legitimidade: art. 1.582, CC

• Requisitos da petição inicial: prova de existência decasamento válido, intervenção judicial com pronunciamentode sentença ou escritura pública. É necessária a averbação noregistro civil do casamento. (Ver arts. 55 e 165 do PEF)

• Em relação aos filhos: ver art. 1.579, CC

• Partilha de bens: art. 1.581, CC

18

• Não podem se reconciliar no caso de divórcio, somente por

novo casamento.

• Atualmente não há restrição numérica para o divórcio.

• Efeitos da sentença: ex nunc.

• Divórcio falência, sanção e remédio não existe mais.

• Com a EC 66/2010 o divórcio hoje é a única opção para

dissolução do casamento válido (além da morte).

19

ESPÉCIES DE DIVÓRCIO

• Divórcio conversão ou indireto: art. 1.580, caput, cc

• Pode ser consensual ou litigioso.

• Requisito: prazo de 01 (um) ano do trânsito em julgado da sentença

em sede de separação judicial ou decisão concessiva da separação de

corpos.

• Decretação por sentença: art. 1.580, § 1º, CC

• Divórcio direto: art. 1.580, § 2º, CC

• Pode ser consensual ou litigioso.

• Requisito: prazo de 02 (dois) anos de separação de fato.20

• Com a nova redação do § 6º, do art. 226 da CF:

• Todos os prazos do divórcio foram revogados, não existindo

mais prazo para propositura da ação de divórcio seja consensual

ou litigioso.

• Modalidades do Divórcio após a nova redação do § 6º, do art.

226 da CF:

21

Divórcio

Consensual

Judicial

Extrajudicial

Art. 1.124-a, CPC

Litigioso Judicial

• Enunciado CJF nº 517 -> Art. 1.580. A EmendaConstitucional n. 66/2010 extinguiu os prazos previstos noart. 1.580 do Código Civil, mantido o divórcio por conversão.

• Enunciado CJF nº 516 -> Art. 1.574, parágrafo único. Naseparação judicial por mútuo consentimento, o juiz só poderáintervir no limite da preservação do interesse dos incapazesou de um dos cônjuges, permitida a cindibilidade dos pedidoscom a concordância das partes, aplicando-se esseentendimento também ao divórcio.

22

• Efeitos do divórcio: dissolve definitivamente o casamento,

põe fim aos deveres do casamento, extingue o regime de

bens, cessa o direito sucessório entre os divorciados,

possibilita novo casamento dos divorciados, não admite

reconciliação, substitui a separação de fato ou judicial pelo

divórcio alterando o estado civil dos divorciados, subsiste a

obrigação alimentar, ver uso do nome.

• Divórcio no Estatuto das Famílias: 53 a 58; arts.164 a 169 e

239 a 243 (divórcio extrajudicial).

23

• Enunciado CJF nº 499 -> A aquisição da propriedade na

modalidade de usucapião prevista no art. 1.240-A do Código

Civil só pode ocorrer em virtude de implemento de seus

pressupostos anteriormente ao divórcio. O requisito

“abandono do lar” deve ser interpretado de maneira

cautelosa, mediante a verificação de que o afastamento do lar

conjugal representa descumprimento simultâneo de outros

deveres conjugais, tais como assistência material e sustento do

lar, onerando desigualmente aquele que se manteve na

residência familiar e que se responsabiliza unilateralmente

pelas despesas oriundas da manutenção da família e do

próprio imóvel, o que justifica a perda da propriedade e a

alteração do regime de bens quanto ao imóvel objeto de

usucapião.24

Alterações práticas nas novas

ações de divórcio

SEPARAÇÃO DE CORPOS – pode ser decretado o divórcio sem decisão quanto a separação decorpos do casal? A cautelar ainda se justifica? Para José Fernando Simão - a medidacautelar de separação de corpos pode ser litigiosa, ou seja, quando em caso de risco àsegurança de um dos cônjuges ou dos filhos, o juiz liminarmente afasta o outro do larconjugal., extinção da cautelar, e os prejuízos ao cônjuge requerente seriam manifestos.Desde que a medida postulada se preste à evitar a violência contra o outro cônjuge oucontra os filhos. A separação de corpos deixou de ter utilidade para permitir a saída"autorizada" de um dos cônjuges (que era utilizada para evitar a configuração de quebrados deveres do casamento) ou para viabilizar o termo inicial do prazo para a conversão emdivórcio.

DO USO DO NOME - não há mais prerrogativa de o titular do nome buscar que o cônjuge que oadotou seja condenado a abandoná-lo. A perda do sobrenome em decorrência da culpa éalgo que, em princípio, fere direito de personalidade. O direito ao nome, por contar com aproteção direta do Código Civil, e indireta na Constituição Federal (artigo 5º), conta comhierarquia e características (irrenunciabilidade, imprescritibilidade) que o imunizam contraa conduta culposa do agente. Em suma, para tal mister, é irrelevante a conduta culposa docônjuge. Na realidade, a perda de uso do sobrenome comporta exceções amplíssimas,exatamente para a proteção do direito de personalidade.

25

Alterações práticas nas novas ações

de divórcio

DOS FILHOS MENORES – havendo filhos, as questões relativas a eles precisam ser

acertadas; preferência legal pela guarda compartilhada.

ALIMENTOS ENTRE CÔNJUGES - devem ser discutidos antes da dissolução do

vínculo conjugal já que, após, inexistirá causa para a obrigação alimentar. E só

quando o pedido de alimentos for formulado em ação autônoma que se

admitirá discussão de culpa. Os alimentos sempre tiveram destinação específica

de subsistência do parceiro desprovido de recursos próprios para a sua

manutenção, não se confundindo jamais como paga indenizatória decorrente

do rompimento culposo do casamento, muito embora, mas sem razão, alguns

textos de doutrina negassem a indenização dos danos derivados da separação

culposa por considerá-los cobertos com a pensão alimentícia em favor do

inocente. (Rolf MADALENO, 2009, p. 287).

26

Alterações práticas nas novas ações

de divórcio

PARTILHA - Permanece a regra do art. 1.581 que permite aos cônjuges deixar apartilha dos bens comuns, no divórcio judicial, para outra ocasião, semprejuízo deste.” Se a divergência resumir-se apenas à partilha, poderão oscônjuges submetê-la a processo autônomo.

DISCUSSÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS SOFRIDOS – RESPONSABILIDADE CIVIL –PAULO LOBO - “Se tiver havido ofensas ou danos morais ou materiais, os cônjugesdevem discuti-los em processo próprio, segundo as regras comuns daresponsabilidade civil, mas nunca em razão do divórcio. Se algum cônjuge sentir-seenganado pelo outro e ficar caracterizado o erro essencial sobre a pessoa deste, entãoserá a hipótese de ação de anulação de casamento.” (...) Por isso não é precisoestender ao Direito de Família os efeitos da responsabilidade civil, porque o danopode ser causado entre cônjuges, ou entre pessoas em união estável, e nem por issoimportar na separação ou na dissolução litigiosa, porque o processo deresponsabilidade civil a ser proposto no juízo cível será hábil para gerar eventualreparação moral, independente da ação familista de separação judicial e indiferenteao exame de culpa conjugal, porque a indenização moral não exige laço matrimoniale nem convivência estável. (MADALENO, 2009, P. 299)

27

Alterações práticas nas novas

ações de divórcio

• REFLEXO NAS SUCESSÕES – Com a emenda

constitucional, a culpa é abolida também no debate

sucessório, pois se é irrelevante o motivo que levou o

casamento acabar, e tal motivo sequer pode ser

abordado para impedir o fim do vínculo, motivos não

há para sua discussão após a morte de um dos

cônjuges.

28

Alterações práticas nas novas

ações de divórcio

COMO FICAM OS PROCESSOS DE SEPARAÇÃO JUDICIAL EM ANDAMENTO:

• todos os processos de separação perderam o objeto por impossibilidadejurídica do pedido;

• não podem seguir tramitando demandas que buscam uma resposta nãomais contemplada no ordenamento jurídico.

• Como o pedido de separação tornou-se juridicamente impossível, ocorreua superveniência de fato extintivo do direito objeto da ação, o que precisaser reconhecido de ofício pelo juiz – art. 462 CPC.

• O juiz abre vista à parte autora ou aos interessados, mediante concessão deprazo para adaptação do seu pedido ao novo sistema constitucional,convertendo-o em divórcio.

• Não incide a vedação do art. 264 do CPC: trata-se de uma alteração dabase normativa do direito material discutido, por força de modificaçãoconstitucional, exigindo-se adaptação ao novo sistema, sob pena de afrontaao próprio princípio do “devido processo civil constitucional”. 29

Alterações práticas nas novas

ações de divórcio

COMO FICAM OS PROCESSOS DE SEPARAÇÃO JUDICIAL EM ANDAMENTO:

• Na recusa ou silêncio da parte, o juiz deverá extinguir o processo, semjulgamento de mérito, por falta de possibilidade jurídica do objeto e dopedido e por perda de interesse processual superveniente (art. 264, VI,CPC).

• Requerida adaptação do pedido, recategorizando o processo à luz doprincípio da conversibilidade, como de divórcio, o processo seguirá o seurumo normal com vistas à decretação do fim do próprio vínculomatrimonial.

• Os pedidos judiciais de divórcio em andamento devem ser objeto dedeferimento imediato, pois não sobrevive qualquer espécie de exigência ouóbice legal.

• Prosseguem, entretanto, aqueles onde há cumulação de pedidos (alimentos,guarda etc.), exclusivamente em relação às questões sobreviventes.

30

Alterações práticas nas novas ações

de divórcio

COMO FICAM OS PROCESSOS DE SEPARAÇÃO JUDICIAL EM ANDAMENTO:

• Eliminando-se o lapso temporal para o divórcio, a Norma Ápiceprivilegiou a autonomia da vontade das pessoas naturais e, por isso, melhorseria que, nos processos em tramitação na data da publicação da EmendaConstitucional n° 66, fosse dada a oportunidade para que as partes digamse suas pretensões se referem ao simples fim da sociedade conjugal(separação) ou ao fim do casamento válido (divórcio). A partir daí, oJudiciário poderá melhor apreciar a real vontade das partes. E se uma partepretender a separação e a outra o divórcio? Neste caso, deve prevalecer apretensão ao divórcio, primeiro porque a causa de pedir remota para aseparação e para o divórcio são iguais; segundo, porque a desvinculação dodivórcio com a separação (judicial ou de fato) fez surgir o direitofundamental do indivíduo em ver constituído, de forma definitiva, o seuestado civil na aferição familiar, ou seja, seria um atentado aos direitos dapersonalidade impor à pessoa o estado civil de separado se a Lei Maiorapenas exige o estado de casado para poder estar divorciado.

31

PROCEDIMENTO DO DIVÓRCIO PARA O SEPARADO JUDICIALMENTE

As pessoas já separadas não podem ser consideradas automaticamente divorciadas. Aalteração não tem o condão de modificar a situação jurídica perfeita, consolidadasegundo as regras vigentes ao tempo de sua instituição, sob pena de gerar perigosa eindesejável insegurança jurídica.

“As normas relativas à separação judicial não podem ser interpretadas em conformidadecom a Constituição, para as situações supervenientes à emenda constitucionaldecorrente da “PEC do Divórcio”, porque não foram por esta recepcionadas.

Os separados judicialmente (ou extrajudicialmente) continuarão nessa qualidade, até quepromovam o divórcio (direto), por iniciativa de um ou de ambos, mantidas ascondições acordadas ou judicialmente decididas.

Em virtude do princípio da eficácia imediata da nova lei, que vigora no Brasil, os fatospassados constituídos sob império da norma antiga permanecem como estavam, semretroatividade (salvo se a nova norma constitucional assim determinasse.

32

Alterações práticas nas novas ações

de divórcio

PROCEDIMENTO DO DIVÓRCIO PARA O SEPARADO JUDICIALMENTE

Como deixa de existir o divórcio por conversão, o pedido de divórcio (ou odivórcio consensual extrajudicial) deverá reproduzir todas condiçõesestipuladas ou decididas na separação judicial, como se esta não tivesseexistido, se assim desejarem os cônjuges separados, ou alterá-laslivremente.” (PAULO LOBO).

Diferentemente para José Fernando Simão: A ação de conversão deseparação em divórcio (o chamado divórcio indireto) persiste no sistemapara que as pessoas que atualmente não estão divorciadas possam rompero vínculo, já que a emenda constitucional não as transforma emdivorciadas. Contudo, o prazo de 1 ano previsto para a conversãono caput do art. 1.580 do Código Civil não mais existe.

Assim, imaginemos que o casal se separou judicialmente ou por escriturapública na véspera da promulgação da PEC. No dia seguinte, tais pessoaspodem se valer da conversão sem necessidade de observância de qualquerprazo. 33

Alterações práticas nas novas ações

de divórcio

• Divórcio em sede de cartório civil: Lei nº 11.441, de 4 de

janeiro de 2007.

Altera dispositivos da lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 –

código de processo civil, possibilitando a realização de

inventário, partilha e divórcio consensual por via

administrativa.

• Observar atentamente os requisitos legais previstos no art.

1.124-a do CPC.

34

• CPC - Art. 1.124-a. A separação consensual e o divórcioconsensual, não havendo filhos menores ou incapazes do casale observados os requisitos legais quanto aos prazos, poderão serrealizados por escritura pública, da qual constarão as disposiçõesrelativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensãoalimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge deseu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quandose deu o casamento.

§ 1o a escritura não depende de homologação judicial e constituitítulo hábil para o registro civil e o registro de imóveis.

§ 2o o tabelião somente lavrará a escritura se os contratantesestiverem assistidos por advogado comum ou advogados de cadaum deles ou por defensor público, cuja qualificação e assinaturaconstarão do ato notarial.

§ 3o a escritura e demais atos notariais serão gratuitos àqueles que sedeclararem pobres sob as penas da lei.

35

Textos recomendados:NOGUEIRA, Luis Fernando Valladão. O fim da separação. Disponível em

http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=684

• OLIVEIRA, Euclides. Separação ou divórcio ? Considerações sobre a EC

66/2010. Disponível em http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=682

• PEREIRA, Rodrigo da Cunha. A Emenda Constitucional nº 66/2010:

semelhanças, diferenças e inutilidades entre separação e divórcio – o

direito intertemporal. Revista Brasileira de Direito das Famílias e Sucessões, Belo

Horizonte. v. 17. 05/13. ago/set. 2010.

• PEREIRA, Sérgio Gischkow. Calma com a separação e o divórcio. Disponível

em: http://www.mauricio.bastos.nom.br/noticias/6333-calma-separacao-

divorcio.html Acessado em 18/10/2010.

• PINTO, Fernando Henrique. EC não revoga os prazos legais para separação.

Disponivel em http://www.conjur.com.br/2010-ago-18/emenda-

constitucional-poe-fim-apenas-sociedade-conjugal Acesso em

25/09/2010.

36

• Bibliografia desta aula:

• CÓDIGO CIVIL/2002

• CONSTITUIÇÃO FEDERAL

• ROSENVALD, Nelson; FARIAS, Cristiano. Direito das Famílias. Rio deJaneiro: Lumen Juris.

• DIAS, Maria Berenice. Divórcio já! Comentários à Emenda Constitucional 66, de13 de julho de 2010. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.

• GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. O novodivórcio. São Paulo: Saraiva, 2010.

• Exercícios:

• Em grupos de até 04 (quatro) alunos, fazer fichamento em 02 (duas) laudas sobre o artigo: http://www.revistas.unifacs.br/index.php/redu/article/view/3235/2316

• Entrega até na aula após a prova. (Vale 0,5 para a AP2)

37