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FILIAÇÃO
Filiação: é o vínculo que liga pais e filhos.
É relação de parentesco entre parentes consanguíneos (ou civis – adoção
ou socioafetividade) em linha reta de primeiro grau.
Pode ser classificada didaticamente em:
Matrimonial: decorrente de casamento.
Extramatrimonial: pessoas que não querem se casar ou impedidas de
casar
Naturais: ausência de impedimento
Espúrios: presença de impedimento (adulterinos ou incestuosos).
OBS.: Direitos iguais, proibição de discriminação: art. 1.596, CC e art. 227,
§ 6º, CF.
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FILIAÇÃO MATRIMONIAL
Presunção de filiação no casamento: art. 1.597, CC
• Presunção juris tantum (relativa).
• Não se aplicam a união estável (?)
• Incisos I e II têm como base prazos pré-fixados.
• Conflito entre o inciso I e II resolve-se com o art. 1.598, CC.
• Incisos III, IV e V tem como pressuposto técnicas de reprodução
medicamente assistida.
Enunciado 105 (CJF) – art. 1.597: as expressões “fecundação artificial”,
“concepção artificial” e “inseminação artificial” constantes,
respectivamente, dos incs. III, IV e V do art. 1.597 deverão ser
interpretadas como “técnica de reprodução assistida e devem ser
interpretadas restritivamente, não abrangendo a utilização de óvulos
doados e a gestação de substituição (barriga de aluguel).
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Incisos III e IV se baseiam na concepção homóloga.
Enunciado 106 (CJF) – art. 1.597, inc. III: para que seja presumida a
paternidade do marido falecido, será obrigatório que a mulher, ao se
submeter a uma das técnicas de reprodução assistida com o material
genético do falecido, esteja na condição de viúva, sendo obrigatória,
ainda, a autorização escrita do marido para que se utilize seu material
genético após sua morte.
Enunciado 107 (CJF) – art. 1.597, IV: finda a sociedade conjugal, na
forma do art. 1.571, a regra do inc. Iv somente poderá ser aplicada se
houver autorização prévia, por escrito, dos ex-cônjuges para a utilização
dos embriões excedentários, só podendo ser revogada até o início do
procedimento de implantação desses embriões.
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Inciso V se baseia na concepção heteróloga
Enunciado 104 (CJF) – art. 1.597: no âmbito das técnicas de reprodução
assistida envolvendo o emprego de material fecundante de terceiros, o
pressuposto fático da relação sexual é substituído pela vontade (ou
eventualmente pelo risco da situação jurídica matrimonial) juridicamente
qualificada, gerando presunção absoluta ou relativa de paternidade no que
tange ao marido da mãe da criança concebida, dependendo da
manifestação expressa (ou implícita) da vontade no curso do casamento.
Nas presunções dos incisos IV e V surgem diversas questões ligadas
à bioética, tais como: barrigas de aluguel (maternidade de
substituição), direito à origem genética, paternidade/maternidade
sócioafetiva, a possibilidade do doador de sêmen requerer o
reconhecimento da paternidade,...
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• Afastamento da presunção: art. 1.599, CC => impotência
• Adultério confesso da mulher não ilide a presunção: art. 1.600, CC
• Confissão materna não exclui a paternidade: art. 1.602, CC
Ação negatória de paternidade no casamento: art. 1.601, CC
Legitimidade: marido. Referida ação é imprescritível.
Motivos: adultério, impossibilidade de inseminação artificial homóloga
ou não autorização de inseminação heteróloga ou impotência coeundi
ou generandi absoluta.
Enunciado 258 (CJF) - arts. 1.597 e 1.601: não cabe a ação prevista no
art. 1.601 do código civil se a filiação tiver origem em procriação assistida
heteróloga, autorizada pelo marido nos termos do inc. V do art. 1.597, cuja
paternidade configura presunção absoluta.
Enunciado 520 (CJF) - art. 1.601. O conhecimento da ausência de
vínculo biológico e a posse de estado de filho obstam a contestação da
paternidade presumida.
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Prova da filiação: certidão do registro de nascimento (art. 1.603, CC).
Enunciado 108 (CJF) – art. 1.603: no fato jurídico do nascimento, mencionado no
art. 1.603, compreende-se, à luz do disposto no art. 1.593, a filiação
consangüínea e também a socioafetiva.
Erro ou falsidade do registro: contestação da paternidade ou maternidade, art.
1.604, CC
Prova da filiação na falta ou defeito do registro: art. 1.605, CC
Enunciado 109 (CJF) – art. 1.605: a restrição da coisa julgada oriunda de
demandas reputadas improcedentes por insuficiência de prova não deve
prevalecer para inibir a busca da identidade genética pelo investigando.
Ação negatória de maternidade: art. 1.608, CC.
Ação de investigação de filiação (paternidade ou maternidade): art. 1.606, CC.
Legitimidade: o filho.
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Enunciado 521 (CJF) - Art. 1.606. Qualquer descendente possui
legitimidade, por direito próprio, para propor o reconhecimento do vínculo
de parentesco em face dos avós ou de qualquer ascendente de grau
superior, ainda que o pai não tenha iniciado a ação de prova da filiação
em vida.
Textos recomendados:
COSTA, Everton Leandro. Paternidade sócio-afetiva. Disponível em
http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=274
LOBO, Paulo Luiz Netto. Princípio jurídico da afetividade na filiação.
Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=527
LOBO, Paulo Luiz Netto. Paternidade socioafetiva e o retrocesso da
Súmula nº 301 do STJ. Disponível em:
http://jus.uol.com.br/revista/texto/8333/paternidade-socioafetiva-e-o-
retrocesso-da-sumula-no-301-do-stj
OLIVEIRA, Luis Paulo de. Filiação biológica e filiação socioafetiva.
Disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=3442
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Meu Bem x Meus Bens
Regimes de Bens.
Generalidades dos regimes de bens.
Arts. 1.639 a 1.652, CC.
Princípios.
Regras gerais.
Regimes de Bens em espécie.
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GENERALIDADES ACERCA DOS REGIMES DE BENS
Regras comuns a todos os regimes
Arts. 1.639/1.652, CC
Conceito de regime de bens: conjunto de normas aplicáveis às relações e
interesses econômicos resultantes do casamento.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DOS REGIMES DE BENS
Variedade do regime de bens:
Quatro tipos de regimes previstos pelo CC
No PEF serão apenas três regimes.
Liberdade dos pactos antenupciais*:
Livre escolha do regime de bens: Art. 1.639, CC; no PEF art. 37, § 1º.
Ver as exceções ao princípio (regime obrigatório): Art. 1.641, CC.
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Pacto antenupcial é um contrato solene, realizado antes do casamento (no
momento da habilitação), por meio do qual as partes (contraentes)
dispõem sobre o regime de bens que deverá vigorar durante o casamento.
Art. 1.639, § 1º, CC. Deve ser por escritura pública. Em regra, é
facultativo, porém necessário se o regime não for o legal ou o obrigatório
(comunhão parcial de bens – desde a Lei 6.515, de 26.12.77, Lei do
Divórcio).
Mutabilidade justificada do regime adotado:
Possibilidade de mudança do regime durante o casamento.
Requisitos: vontade de ambos os nubentes, processo judicial, vontade
justificada, proteção de direitos de terceiros. Art. 1639, § 2º, CC.
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Enunciado 113 (CJF) – “Art. 1.639: É admissível a alteração do regime de
bens entre os cônjuges, quando então o pedido, devidamente motivado e
assinado por ambos os cônjuges, será objeto de autorização judicial, com
ressalva dos direitos de terceiros, inclusive dos entes públicos, após
perquirição de inexistência de dívida de qualquer natureza, exigida ampla
publicidade.”
Enunciado 260 (CJF) – “Arts. 1.639, § 2º, e 2.039: A alteração do regime
de bens prevista no § 2º do art. 1.639 do código civil também é permitida
nos casamentos realizados na vigência da legislação anterior.” Ver art. 977,
CC/2002. Efeitos perante terceiros: ex nunc.
Imediata vigência do regime de bens:
Art.1639, § 1º, CC. Período de “vigência do regime de bens”.
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REGRAS GERAIS ACERCA DOS REGIMES DE BENS
Regime legal (também chamado de regime supletivo): comunhão parcial
de bens => a previsão está no Art. 1640, CC (as regras deste regime serão
analisadas na próxima aula)
Forma da escolha do regime (pacto antenupcial): Art.1640, § único, CC.
Casos de obrigatoriedade do regime de separação de bens: Art.1641, CC.
Ver Súmula 377/STF (Este artigo será revogado pelo PEF.)
Súm. 377/STF: “No regime de separação legal de bens, comunicam-se os
adquiridos na constância do casamento.”
Considerações sobre o art. 1.641, CC:
INCISOS I E III: ENUNCIADO 262 (CJF) – “Arts. 1.641 e 1.639: A obrigatoriedade da
separação de bens nas hipóteses previstas nos incs. I e III do art. 1.641 do Código Civil
não impede a alteração do regime, desde que superada a causa que o impôs.”
INCISO II: ENUNCIADO 261 (CJF) – “Art. 1.641: A obrigatoriedade do regime da separação
de bens não se aplica a pessoa maior de sessenta anos, quando o casamento for
precedido de união estável iniciada antes dessa idade.”
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Outorga conjugal: Pode ser uxória ou marital, é a autorização ou
consentimento que um cônjuge deve conceder ao outro para a prática de
certos negócios jurídicos.
Atos autorizados sem outorga conjugal:
Arts.1.642 e 1.643, CC.
Despesas domésticas e atos de administração patrimonial.
Solidariedade nas dívidas domésticas: Art. 1.644, CC
Legitimados: Cônjuge prejudicado:
Art.1.645, CC e Terceiro prejudicado: Art. 1.646, CC
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Atos que necessitam da autorização do outro cônjuge:
Apenas para regimes de comunhão (universal, parcial ou aquestos)
Outorga conjugal (uxória ou marital): Art. 1.647, CC
Inciso I: Fábio Ulhoa Coelho => “A vedação não alcança somente
os bens comuns, mas também os que não integram a comunhão.
Preocupa-se a lei, na verdade, com a solvência da família.”
Inciso II: Litígio judicial
Inciso III: Garantias fidejussórias. Fiança é contrato. Aval é ato
cambiário.
ENUNCIADO 114 (CJF) – “Art. 1.647: O aval não pode ser
anulado por falta de vênia conjugal, de modo que o inc. III do
art. 1.647 apenas caracteriza a inoponibilidade do título ao
cônjuge que não assentiu.”
Inciso IV: Doação de bens comuns
Duas exceções: 1ª: doação remuneratória 2ª: doação para o filho
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Art. 3º da Lei nº 8.245/91 (Lei da Locação de Imóveis)
“Art. 3º O contrato de locação pode ser ajustado por qualquer prazo,
dependendo de vênia conjugal, se igual ou superior a dez anos. Parágrafo
único. Ausente a vênia conjugal, o cônjuge não estará obrigado a observar
o prazo excedente.”
É NECESSÁRIA A OUTORGA “CONJUGAL” NA UNIÃO ESTÁVEL ??
PAULO LÔBO: “Ainda que o CC apenas aluda aos cônjuges, entende-se
incidente aos companheiros da união estável, até porque a estes se aplica
o regime da comunhão parcial de bens, salvo contrato escrito (Art. 1.725).”
FRANCISCO CAHALI já cuidou do tema pertinente à dispensa de
autorização da outorga do convivente para a venda de imóvel.
“...inexiste qualquer restrição ao proprietário para a alienação ou
imposição de ônus real imobiliário, dispensada a anuência e concordância
do seu companheiro, independentemente de tratar-se de bem exclusivo
do titular, ou com participação do outro em decorrência da presunção legal
ou contratual."
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Suprimento judicial da outorga conjugal:
Art.1.648, CC
Penalidade caso haja descumprimento: ato anulável
Art.1.649, CC
Legitimidade:
Art.1.650, CC
Estatuto das Famílias:
Outorga: Art. 41 é mais claro. Apenas bens comuns. Vai excluir o aval e o
contrato de doação.
Ato anulável sem outorga no prazo de um ano após a partilha. Art. 42.
Administração dos bens:
Obrigações: Art.1.651, CC
Responsabilidade : Art.1.652, CC
Ver especialmente as situações do art. 1.570, CC.
Estatuto das Famílias: Art. 44.
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PACTO ANTENUPCIAL
Previsão legal: Arts. 1.653/1.657, CC. (Estatuto das Famílias: não será
necessário para regimes previstos pelo Estatuto. Será mera declaração na
habilitação.)
Conceito: Contrato solene (escritura pública => art. 1.640, § único e 1.653, CC)
pactuado entre os nubentes antes do casamento acerca das regras das relações
patrimoniais (regime de bens) que irão vigorar durante o casamento.
Conteúdo do pacto: Somente relações patrimoniais: art. 1.655, CC. Caso seja
escolhido o regime legal (comunhão parcial) ou o obrigatório (separação de bens)
não precisa/não pode fazer o pacto, para todos os outros regimes o pacto é
obrigatório. Caso não siga o casamento, será apenas ineficaz. O casamento é
condição suspensiva. Art. 1.653, CC.
• Pacto feito por menor: Art. 1.654, CC.
• Participação final nos aqüestos: possibilidade de alienação de bens
imóveis sem outorga => 1.656, CC.
• Efeitos perante terceiros: Art. 1.657, CC. Registro no registro de imóveis
em livro especial. Burocracia.
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DO REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL (ARTS. 1.658 A 1.666, CC)
Basicamente exclui da comunhão os bens que os consortes possuem ao se casar
ou que venham a adquirir por causa anterior e alheia ao casamento e inclui na
comunhão os bens adquiridos após o casamento (Sílvio Rodrigues) Art. 1.658.
É o regime legal (ou supletivo), não precisa de pacto antenupcial. Art. 1.640, CC.
Existência de três patrimônios:
• O patrimônio comum ou do casal: comunicável
• O patrimônio pessoal (ou próprio/particular) da esposa: incomunicável
• O patrimônio pessoal (ou próprio/particular) do marido: incomunicável
Estabelece uma sociedade entre os cônjuges (solidariedade).
Exceções à comunhão de bens:
Bens incomunicáveis: Arts. 1.659 e 1.661, CC - sub-rogação: s.f. 1. Ato ou
efeito de sub-rogar. 2. Substituição judicial de uma pessoa ou coisa por
outra. (fonte: http://www.priberam.pt/DLPO/default.aspx?pal=sub-
roga%C3%A7%C3%A3o )
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Cuidado com o salário
Ler o artigo: A incomunicabilidade dos proventos do trabalho pessoal de cada
cônjuge nos regimes de comunhão. Autores: Beatriz Helena Bragenholo e
Homero Alvenis Dutra. (Disponível em:
http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=478)
“(...) - Em consideração à disparidade de proventos entre marido e mulher,
comum a muitas famílias, ou, ainda, frente à opção do casal no sentido de
que um deles permaneça em casa cuidando dos filhos, muito embora seja
facultado a cada cônjuge guardar, como particulares, os proventos do seu
trabalho pessoal, na forma do art. 1.659, inc. VI, do CC/02, deve-se
entender que, uma vez recebida a contraprestação do labor de cada um,
ela se comunica. (...) - "É difícil precisar o momento exato em que os valores
deixam de ser proventos do trabalho e passam a ser bens comuns,
volatizados para atender às necessidades do lar conjugal.“ (...)”. (STJ. 3ª T.
REsp nº 1024169/RS. Rel. Min. Nancy Andrighi. v.u. J. 13/04/2010. Grifo
nosso)
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Bens comunicáveis:
Arts. 1.660, CC
Presunção legal: Art. 1.662, CC
No tocante ao passivo (dividas):
É importante saber a época da dívida e a causa ou finalidade: Arts. 1.659, III
e 1.663, § 1º, 1.666 e 1.664, CC
Administração dos bens:
Ambos os cônjuges: Arts. 1.663, § 2º e 3º e 1.665, CC
Vídeo recomendado:
GANDRA, Cristiane. (Des)necessidade de outorga conjugal para a venda ou
oneração de bens imóveis por empresário individual. Disponível em:
http://ead01.virtual.pucminas.br/videoconferencia/VC_panorama_cursos/Des_nec
essidade_de_outorga_conjugal_para_a_venda_ou_oneracao_de_bens_imoveis_
por_empresario_individual.htm
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REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS
Patrimônio do marido Patrimônio da esposa
Patrimônio comum
* Essa é a regra geral !!
Bens adquiridos após o casamento.
Doação Herança
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DO REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL (ARTS. 1.667 A 1.671, CC)
Somente é estipulado por meio de pacto antenupcial.
Não só os bens presentes e futuros, adquiridos antes ou depois do casamento,
mas também as dívidas tornam-se comuns: Art. 1.667, CC
Constitui uma massa única de bens.
Antes da dissolução do casamento não há meação, mas tão-somente metade
ideal.
PEF arts. 51 e 52
Os cônjuges são meeiros em todos os bens.
A administração do patrimônio comum é de ambos os cônjuges.
Administração: igual ao regime de comunhão parcial. Art. 1.670, CC
Responsabilidade e extinção do regime: Art. 1.671, CC
Nesse regime os cônjuges não podem ser sócios empresariais: Art. 977, CC
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Exceções à comunhão:
Bens personalíssimos previstos no Art. 1.668, CC
Inciso I: bens herdados ou doados com a cláusula de incomunicabilidade
Incomunicáveis também os seguintes bens: Bens doados com cláusula de
reversão ou com cláusula de inalienabilidade
Inciso II: Fideicomisso: Arts. 1.951 a 1.960, CC.
Fideicomitente (testador) => fiduciário => fideicomissário
Inciso III: Dívidas anteriores ao casamento sem vinculação com a família
Inciso IV: Doações antenupciais
Inciso V: bens de uso pessoal, livros, instrumentos da profissão, proventos*,
pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
ATENÇÃO: Comunicação dos frutos de bens incomunicáveis: Art. 1.669, CC
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DO REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS
ARTS. 1.687 A 1.688, CC
Cada consorte conserva seus bens e suas dívidas
presentes e futuros.
Espécies:
Legal/Obrigatório
Em tese absoluta, porém conforme Súmula 377/STF é relativa
Convencional (Pacto Antenupcial)
Absoluta
Relativa
“No regime de separação legal de bens,
comunicam-se os adquiridos na constância
do casamento.”
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Separação convencional (com pacto):
Absoluta: incomunicabilidade de todos os bens
Relativa: convenção acerca dos aqüestos (exceções à incomunicabilidade)
Somente através de pacto antenupcial, se for convencional.
Dois patrimônios: o patrimônio próprio do marido e o patrimônio próprio da
mulher.
Obrigação legal de contribuir para a mantença da família. Salvo pacto em
contrário: Art. 1.688, CC.
Não há proibição de gravar de ônus real ou alienar bens sem o consentimento do
outro cônjuge para os casos de separação convencional absoluta: Art. 1.647, CC
Na prática não é bem assim !!!
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DO REGIME DE PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS (1.672 A 1.686)
Somente é estipulado por meio de pacto antenupcial.
É regime novo. Surgiu com o CC/2002. Vai desaparecer com o Estatuto das
Famílias: “Suprimiu-se o regime de bens de participação final nos aqüestos,
introduzido pelo Código Civil, em virtude de não encontrar nenhuma raiz na
cultura brasileira e por transformar os cônjuges em sócios de ganhos futuros reais
ou contábeis, potencializando litígios.” (Justificativa do Estatuto)
Regime misto (ou também chamado de regime híbrido): durante o casamento se
assemelha com a separação de bens e na dissolução do casamento – partilha –
aplicam-se regras semelhantes ao regime da comunhão parcial.
Comunicam-se os bens adquiridos pelo esforço comum dos consortes a título
oneroso. Art. 1.672, CC.
Há formação de massas particulares e incomunicáveis durante o casamento,
que se tornam comuns na dissolução do casamento: art. 1.672, CC.
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Existem dois patrimônios:
Inicial: conjunto de bens anteriores e posteriores ao casamento de cada
cônjuge
Final: verificável no momento da dissolução do casamento (art. 1.672, 1.673
e 1.674, CC).
Durante o casamento existe apenas ‘expectativa’ de meação.
Administração dos bens: Art. 1.673, § único, CC.
Em regra, há necessidade da outorga conjugal: 1.647, CC
Só pode ser afastada com pacto antenupcial expresso => ver art. 1.656, CC.
Débitos: Arts. 1.677, 1.678 e 1.686, CC.
Com a dissolução apura-se o montante a ser partilhado conforme arts. 1.676,
1.683, 1.684, 1.686, CC, excluindo-se o constante do art. 1.674, CC.
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Regras gerais:
Doações: 1.675, CC
Bens em condomínio: 1.679, CC
Bens móveis: 1.680, CC
Bens imóveis: 1.681, CC
A meação é irrenunciável, impenhorável e inalienável: art. 1.682, CC
Dissolução por morte: 1.685, CC
“[...] Neste regime, o direito que cada consorte tem não é sobre o acervo
patrimonial do outro, mas sobre o saldo eventualmente apurado, após a
compensação dos acréscimos de bens a título oneroso na constância do
matrimônio.” (Nelson Rosenvald e Christiano Chaves)
“[...] Daí porque o regime da participação final nos aquestos, embora simpático na
sua essência, acaba por vir a ser uma opção problemática.” (Sílvio Rodrigues)
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BEM DE FAMÍLIA
CONCEITO: Visa a proteger a moradia da família, ficando isento de execução por
dívidas, eis que torna impenhorável determinado imóvel afetado pelo chefe de
família.
Classifica-se em:
• a) legal (lei nº 8.009/90).
• b) convencional (arts. 1711 a 1722 do C.C.).
Legal (Lei 8.009/90)
Instituiu o bem de família legal como o imóvel residencial próprio do casal ou da
entidade familiar, bem como os móveis que o guarnecem, isento de
penhorabilidade por determinação legal. Esse imóvel pode ser urbano ou rural.
Como decorre diretamente da lei, não necessita de manifestação de vontade para
sua instituição, sendo automático e obrigatório.
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Convencional O bem de família convencional é o imóvel residencial próprio,
urbano ou rural, destinado por quaisquer dos cônjuges à residência da família,
ficando isento de penhora.
Seus requisitos são:
a) o instituidor deve ser proprietário do bem;
b) no ato da instituição, o instituidor não pode ter dívidas cujo pagamento possa
ser por ele prejudicado;
c) deve ser feita a instituição por escritura pública transcrita no registro de
imóveis
Natureza jurídica: Controvertida, defendendo uns que trata-se de transmissão de
propriedade e outros de patrimônio com destinação específica
Duração: Vai até a morte de ambos os cônjuges (arts. 1716 e 1722). Em caso de
morte dos cônjuges, o bem de família convencional só existirá se houver filhos do
casamento e, até que completem sua maioridade – desde que não estejam sobre
curatela
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Objetivo deste instituto: proteger a moradia familiar, isentando-a de execução
por dívidas.
Características:
a) o imóvel deve ser próprio do casal ou da entidade familiar (união estável);
b) deve o imóvel ser a residência da família;
c) deve o imóvel ser impenhorável por dívidas
Imóvel de solteiro é bem de família?
Há controvérsia quanto à pessoa solteira que more sozinha, entendendo a
maioria que sua residência não terá a proteção do bem de família legal, nem
quanto aos móveis que guarnecem a residência. Assim, seria penhorável sua
residência. Questiona a corrente minoritária que entende que esta residência
merece proteção legal eis que, não seria constitucional a discriminação em
relação ao estado civil das pessoas.
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Imóvel de um união homoafetiva é bem de família?
Entende a corrente minoritária que não teriam as pessoas que vivessem sob
essas uniões direito à regra da impenhorabilidade do bem de família (não existe
lei federal regulamentado a matéria, nem sequer previsão constitucional). Uma
corrente majoritária (TJ/RS) diz que é uma afronta aos princípios constitucionais
da isonomia e da dignidade da pessoa humana. Até porque, hoje as questões
relativas às uniões homoafetivas estão sendo resolvidas na jurisprudência por
analogia às uniões estáveis. Se possuir a família mais de um imóvel, a
impenhorabilidade recairá sobre o imóvel de menor valor, salvo se outro estiver
registrado para este fim no R.I., na forma do dos arts. 1711 e 1715, cc (art. 5º, lei
8.009/90).
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Excetuam-se da impenhorabilidade os veículos de transporte, as obras de arte e os
adornos suntuosos (art. 2º, lei 8.009/90).
No caso de imóvel locado, a impenhorabilidade recai sobre os bens móveis quitados da
residência (art. 2º, § único, lei 8.009/90).
A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução, salvo os elencados
no art. 3º:
I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas
contribuições previdenciárias;
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à
aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do
respectivo contrato;
III - pelo credor de pensão alimentícia;
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em
função do imóvel familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou
pela entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal
condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
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Textos recomendados:
BRAGANHOLO, Beatriz Helena. CASAMENTO CIVIL: regime de bens e seus reflexos patrimoniais e
sucessórios. Disponível em: http://www2.cjf.jus.br/ojs2/index.php/cej/article/viewFile/725/905
HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. O casamento e regime de bens. Disponível em:
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=4095
NEGRÃO, Sônia Regina. Regime de bens: o novo Código Civil e a Súmula 377 do Supremo Tribunal
Federal. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6828
PEREIRA, Fabrícia Cristina E. Figueiredo. A possibilidade de alteração do regime de bens do
casamento no novo Código Civil e as consequências no mercado imobiliário. Disponível em:
http://jus.uol.com.br/revista/texto/15110/a-possibilidade-de-alteracao-do-regime-de-bens-do-
casamento-no-novo-codigo-civil-e-as-consequencias-no-mercado-imobiliario
TARTUCE, Flávio. A questão da outorga conjugal. Alguns pontos do art. 1.647 do Código Civil.
Disponível em: http://www.flaviotartuce.adv.br/secoes/artigos/TARTUCE_OUTORGA.doc
TEIXEIRA, Paulo Ricardo Gois. A validade do aval despido de outorga conjugal. Disponível em:
http://www.abdir.com.br/doutrina/ver.asp?art_id=1481&categoria=Contratos
FORTES, José Carlos. Implicações do regime de comunhão parcial de bens nas empresas. Disponível
em: http://josecarlosfortes.blogspot.com/2009/09/implicacoes-do-regime-de-comunhao.html
MADALENO, Rolf. A Fraude Material na União Estável e Conjugal. Disponível em:
http://www.rolfmadaleno.com.br/site/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=43
SOUZA, Vanessa Ribeiro Corrêa Sampaio. Relações patrimoniais de Família: alguns
questionamentos. Disponível em: http://www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=499
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Bibliografia desta parte de aula:
• CÓDIGO CIVIL/2002
• CONSTITUIÇÃO FEDERAL
• DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. v. 5. São
Paulo: Saraiva.
• GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. v. VI. São
Paulo: Saraiva.
• RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. Rio de Janeiro: Forense.
• VENOSA, Silvio. Direito Civil. v. V. São Paulo: Atlas.
• COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. Família. Sucessões.
São Paulo: Saraiva.
• FARIS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Direito das
Famílias. Rio de Janeiro: Lúmen Juris.
• Exercícios
• Em grupos de até 04 (quatro) alunos, fazer fichamento em 02
(duas) laudas sobre o artigo:
http://www.unibrasil.com.br/arquivos/direito/20092/helio-
chin-da-silva-lemos.pdf
• Entrega até a última aula antes da prova. (Vale 0,5 para a AP2)
• Em grupos de até 04 (quatro) alunos, fazer fichamento em 02
(duas) laudas sobre o artigo:
http://www.jurisite.com.br/textosjuridicos/texto80.html
• Entrega até a última aula antes da prova. (Vale 0,5 para a AP2)
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