Diversidade nas Organizações

Jaqueline Gomes de Jesus

Doutora em Psicologia Social, do Trabalho e das

Organizações pela Universidade de Brasília – UnB

Pesquisadora do Laboratório de Trabalho,

Diversidade e Identidade – LTDI /UnB

Professora do Centro Universitário Planalto do

Distrito Federal – UNIPLAN

2

Se a diversidade

do bonequinho é

grande...

...Imagine então

a nossa...

O mundo tem

desenvolvido uma

nova relação com

a sua

diversidade...

...E o Brasil

também.

O homem

mais

poderoso

do mundo é

negro, filho

de mãe

solteira e

de pai

africano

Temos uma

presidenta

no Brasil

“Quem faz parte da família (nomes, idades, cachorro,

papagaio etc)

Eu, Sabrina Ravagnani, 31 anos, publicitária. Moro com o

Lucca, meu filho de 8 anos.

Leticia, minha irmã, psicóloga de 35 anos que mora em SP,

e meu pai, Humberto, 63, que mora sozinho no Lago Norte.

Minha mãe, Eliana, morreu quando eu tinha 21. Éramos 4.

Quando Lucca chegou, voltamos a ser 4. Mas aí eu conheci

o Thiago, 27. E ganhei um noivo, um melhor amigo, e um

pai de verdade para o meu filho. Um casal de sogros e um

casal de cunhados. (estou nessa, minha gente!)

Agora somos 9!”

Fonte: http://manualdafamiliamoderna.blogspot.com/2011/05/familia-

moderna-sabrina-thiago-e-lucca.html

O mundo e

o Brasil, a

política e as

famílias...

...o trabalho

também tem

reconhecido, e

às vezes

valorizado, a

diversidade.

Personalidade e Identidade

Personalidade: interação dinâmica, no indivíduo, das

relações entre corpo e mente que motivam e

influenciam seus pensamentos, atos e adaptação

do indivíduo (Allport, 1937)

Identidade: construto histórico que define o “eu”

Identidade social: “parte do auto-conceito dos

indivíduos que deriva do seu conhecimento de

pertencimento a um grupo social, associado à

significância emocional desse pertencimento”

(Tajfel, 1982; p. 24)

Profa. Jaqueline Gomes de Jesus 10

Identidade e Diversidade

A diversidade é um componente fundamental da

identidade social das pessoas: sabemos quem

somos porque há pessoas diferentes de nós

(Galinkin, 2003).

Representação, em um sistema social, de pessoas

com diferentes identidades grupais que têm

significações culturais distintas (Cox, 1994)

Misto de pessoas com identidades grupais

diferentes dentro do mesmo sistema social (Nkomo

& Cox, 1999)

Paradoxo da Diversidade Humana

Allport (1954):

Somos todos iguais, porém diferentes e únicos.

Dimensões primárias constituintes da

Diversidade cultural (Loden & Rosener, 1991):

idade; raça; etnia; gênero;

orientação sexual e habilidade física

Dimensões da Diversidade Cultural

Estereótipo, Preconceito e

Discriminação (Pérez-Nebra & Jesus, 2011)

Profa. Jaqueline Gomes de Jesus 13

Estereótipo:

Crença ou atributo, comumente fixo,

compartilhado sobre um grupo, que tende a ser

generalizado para todas as pessoas desse grupo

Preconceito:

Atitude positiva ou negativa com relação a um

grupo ou pessoas, fundamentada em estereótipos

Discriminação:

Comportamento decorrente do preconceito

Estereótipo, Preconceito e

Discriminação - Exemplos

Profa. Jaqueline Gomes de Jesus 14

Homem/Mulher = Branco/a, heterossexual, cisgênero, sem deficiências, jovem.

E homens/mulheres negros/as, homossexuais, transgênero, com deficiências, idosos/as?

Médico = Branco / Enfermeira = Branca

Empregada doméstica = Negra

E os médicos negros, os homens enfermeiros e empregados domésticos?

Pessoas fora do estereótipo são “marcadas”.

O médico negro é marcado como negro; o médico branco não é marcado como branco

Diversidade Cultural nas Organizações

Profa. Jaqueline Gomes de Jesus 15

Diversas perspectivas e enfoques para o trabalho que são trazidos pelos membros de grupos de identidade distintos (Thomas & Ely, 2002)

Variação nas identidades sociais e culturais em um grupo de pessoas que coexistem em um lugar definido de trabalho ou no mercado (Cox & Blake, 1991)

Inclusão de pessoas de diferentes culturas, raças, gênero, orientação sexual, classe social, nacionalidade, estilos e outros atributos, como, por exemplo, pessoas com diferentes modos de produção ou níveis de comprometimento (Torres e Pérez-Nebra, 2004)

Profa. Jaqueline Gomes de Jesus 16

Ambientes de Trabalho Simples e Complexos

Ambiente Complexo / Diverso / Heterogêneo

Ambiente Simples / Similar / Homogêneo

Decisões mais rápidas,

porém menos criativas

Decisões mais demoradas,

porém mais criativas.

Diversidade e Inclusão

Profa. Jaqueline Gomes de Jesus 17

Objetivo final da diversificação de um ambiente, a fim de

alcançar os máximos benefícios da diversidade humana

nas organizações

Inclusão envolve a possibilidade de sermos nós mesmos,

como indivíduos distintos, e permitir que outros sejam

plenamente eles mesmos no engajamento em atividades

comuns, mesmo que algumas vezes definam a atividade

em comum de forma diferente (Ferdman, 2010)

Realizada por meio da Gestão da Diversidade:

Incorporação dos conhecimentos, pontos-de-vista e

práticas dos diferentes grupos sociais em prol do

aumento da efetividade dos processos

organizacionais (Thomas e Ely, 2002)

Ódio

Repulsa / Nojo

Apatia

Respeito

Valorização

Níveis de Relacionamento com

a Diversidade Humana

ÓDIO

19

REPULSA

20

APATIA

21

RESPEITO

22

VALORIZAÇÃO

23

Quando você saiu hoje de casa para trabalhar,

deixou alguma destas coisas para trás?*

Profa. Jaqueline Gomes de Jesus 24

Suas opiniões?

Suas dúvidas?

Sua história de vida?

Sua língua?

Seus segredos?

Seus amores?

Seu estilo de cabelo?

Sua cor?

Seu gênero?

Sua orientação sexual?

Sua personalidade?

Suas habilidades?

O que você sabe?

O que você sente?

Você mesmo/a?

*Adaptado de campanha da PriceWaterHouseCoopers

Profa. Jaqueline Gomes de Jesus 25

Elena

Richards é

líder de gestão

de talentos da

Secretaria de

Diversidade

da Pricewater

houseCoopers,

empresa que

vem investindo

em diversidade

e inclusão.

Um ambiente

de trabalho

somente é de

fato inclusivo

quando as

pessoas que

nele

trabalham

podem ser

elas mesmas.

Profa. Jaqueline Gomes de Jesus 26

Impactos da Valorização da

Diversidade nas Organizações

Maior comprometimento;

Maior satisfação com o trabalho;

Maior efetividade (desempenho) dos

grupos de trabalho;

Equipes mais criativas.

Resultados organizacionais:

Melhoria na imagem social da empresa;

Aumento dos lucros em longo prazo.

Propondo um Conceito de

Diversidade Refletindo sobre todas essas características

psicossociais que fundamentam, circundam,

potencializam ou obstruem o pleno

desenvolvimento da diversidade humana, eu

penso que posso dar esta definição para ela:

Diversidade é o conjunto de relações

interpessoais e intergrupais explícitas ou

implícitas, em um determinado sistema

social, que são intermediadas pela relação

entre as identidades sociais e a dominância

social presentes nesse sistema (Jesus, 2012). Profa. Jaqueline Gomes de Jesus 27

PARA SABER MAIS SOBRE DIVERSIDADE E PRECONCEITO, consulte:

Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Zanelli, J. C., Borges-Andrade, J. E. & Bastos, A. V. B. (Orgs.). Porto

Alegre: Artmed, 2004:

Capítulo Diversidade Cultural no Contexto Organizacional, de Torres, Cláudio V. & Pérez-Nebra,

Amália R.

&

Psicologia Social: principais temas e vertentes. Torres, C. V. & Neiva, E. R. (Orgs.). Porto Alegre: ArtMed, 2011.

Capítulo Preconceito, Estereótipo e Discriminação, de Pérez-Nebra, Amália R. & Jesus, Jaqueline G.; e

Capítulo Atração e Repulsa Interpessoal, de

Jesus, Jaqueline G.

ALLPORT, Gordon W. Personality: a psychological interpretation. Reading: Addison Wesley, 1937.

ALLPORT, Gordon W. The nature of prejudice. Reading: Addison Wesley, 1954.

COX, Taylor Jr. Cultural diversity in organizations: theory, research and practice. San Francisco: Berrett-

Koehler Publishers, 1994.

COX, Taylor Jr.; BLAKE, Stacy. Managing cultural diversity: implications for organizational

competitiveness. Academy of Management Executive, 5(3), 45-56, 1991.

FERDMAN, Bernardo M. Teaching inclusion by example and experience: creating an inclusive

learning environment. In B. B. McFeeters; K. Hannum; L. Booysen (Orgs.). Leading across differences:

cases and perspectives – facilitator´s guide (pp. 37-49), 2010. San Francisco: Pfeiffer.

GALINKIN, Ana L. Estigma, território e organização social. Espaço & Geografia, 6(2), 149-176, 2003.

JESUS, Jaqueline G. O que é diversidade?. Brasília: Mimeografado, 2012.

LODEN, Marilyn; ROSENER, Judy. Workforce America!: managing employee diversity as a vital resource.

Homewood: Business One Irwin, 1991.

NKOMO, Stella M.; COX, Taylor Jr. Diversidade e identidade nas organizações. In S. R. CLEGG; C.

HARDY; W. R. NORD (Orgs.). Handbook de estudos organizacionais: modelos de análise e novas

questões em estudos organizacionais (pp. 334-360), 1999. São Paulo: Atlas.

PÉREZ-NEBRA, Amália R. & JESUS, Jaqueline G. Preconceito, estereótipo e discriminação. In C. V.

TORRES & E. R. NEIVA (Orgs.). Psicologia social: principais temas e vertentes (pp. 217-237), 2011. Porto

Alegre: ArtMed.

TAJFEL, Henri. Social psychology of intergroup relations. Annual Review of Psychology, 33, 1-39, 1982.

THOMAS, David A.; ELY, Robin J. Making differences matter: a new paradigm for managing diversity.

Harvard Business Review on Managing Diversity, 33-66, 2002.

TORRES, Cláudio V. ; PÉREZ-NEBRA, Amália R. Diversidade cultural no contexto organizacional. In J. C.

ZANELLI; J. E. BORGES-ANDRADE; A. V. B. BASTOS (orgs.). Psicologia, organizações e trabalho no Brasil

(pp. 443-461), 2004. Porto Alegre: ArtMed.

Muito Obrigada!