responsabilidade social nas organizações

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RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS ORGANIZAÇÕES TRABALHO VOLUNTÁRIO NAS ORGANIZAÇÕES DIA V É UM MARCO DO VOLUNTARIADO EM MINAS GERAIS, MAS AÇÕES DA MIP ENGENHARIA SÃO DESENVOLVIDAS EM 365 DIAS. JUNHO DE 2010 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

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Trabalho Voluntário nas Organizações

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Page 1: Responsabilidade Social nas Organizações

APAULO ASSISC O M U N I C A Ç Ã O

Assessoria de Imprensa e Comunicação Empresarial

(31) 8791-7314 | 3823-1316 |[email protected]

APAULO ASSISC O M U N I C A Ç Ã O

RESPONSABILIDADE SOCIALNAS ORGANIZAÇÕES

TRABALHO VOLUNTÁRIONAS ORGANIZAÇÕES

DIA V É UM MARCO DO VOLUNTARIADO EM MINAS GERAIS,

MAS AÇÕES DA MIP ENGENHARIA SÃO DESENVOLVIDAS EM 365 DIAS.

JUNHO DE 2010DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

Page 2: Responsabilidade Social nas Organizações

FACULDADE NOVOS HORIZONTESUNIDADE BARREIRO - ADMINISTRAÇÃO/CIÊNCIAS CONTABEIS - 3º PERÍODO - NOITE

Page 3: Responsabilidade Social nas Organizações

Todo dia... “nasce” um voluntário

Existem duas formas de ser voluntário:

Algumas pessoas dizem que nasceram voluntárias e fazem da vida uma grande dinâmica

de solidariedade, altruísmo e acolhida. Quem não se lembra de uma senhora que,

no passado, jamais fechava a porta da frente da casa, e se alguém batesse a porta à busca

de um pedaço de pão, seria convidado a comer um prato de comida, quem sabe tomar

um banho, ainda descansar um pouquinho e quem sabe até pernoitar. E se fosse uma

mulher grávida, poderia encontrar ali abrigo para o nascimento do bebê.

E aquele moço, na comunidade, que ensina as crianças com dificuldade na escola? Ah!

Ele também leva as pessoas ao hospital, ajuda a tirar um documento, dá conselhos para

o casal em conflito...

Outras pessoas são convidadas ou sentem vontade de realizar um trabalho na comunidade.

Um dia um grupo de pessoas resolve fazer uma festa de natal no asilo, recolhem

doações, alguns se vestem de papai Noel e com muito entusiasmo chegam àquele lar.

Uns tocam violão, outros dançam, outros batem papo e ali nasce um desejo incontrolável

de voltar sempre. No final do dia, alguns dizem adeus e outros firmemente dizem até a

próxima semana. Nasce mais um voluntário!

Um professor convida seus alunos para uma visita à biblioteca comunitária. Uma

campanha para arrecadar livros, já ajuda a turminha para se preparar, pois eles arrecadam,

encapam e escolhem alguns livros para contar histórias. Na biblioteca, um encontro

com todas a idades amplia o trabalho, agora todos organizam as “oficinas de história”, e

todos trabalham recuperando e cadastrando os livros, e ao final, comemoram contando

histórias escolhidas durante o trabalho. Nasce mais um, e outro, e outro voluntário.

Ser voluntário é o trabalho mais contagiante que existe, basta fazer uma vez e pronto...

a marca fica para sempre. O desafio é colocar essa atitude no dia-a-dia e transformar

ações pontuais em permanentes e assim contribuir concretamente para que o mundo

seja um lugar melhor para todos. A solidariedade é um combustível importante para a dinâmica

das sociedades. É muito importante estar atento ao que acontece ao nosso redor

e agir prontamente para que os pequenos problemas não se transformem em grandes

transtornos para a sociedade.

Tudo começa com uma simples pergunta:

O que eu posso fazer?

Page 4: Responsabilidade Social nas Organizações

Aline Cornélio Seixas

Grasiela Batista

Lucian Murillo Pedroza

Marcelo de Oliveira Rodrigues

Marcelo Luís Peixoto

Sarah Cristina Gonçalves

Thaíssa Aparecida Dutra de Oliveira

Responsabilidade social:trabalho voluntário nas organizações

Projeto Interdisciplinar Direcionado apresenta-

do ao curso de dupla formação Administração/Ci-

ências Contábeis da Faculdade Novos Horizontes

como requisito parcial à conclusão do 3º período.

Orientador: Christian Henrique

Page 5: Responsabilidade Social nas Organizações

Agradecimentos Nós acadêmicos externamos nossos agradecimentos a todos os que contribuíram para tor-nar este projeto uma realidade em especial ao Sr. Rogério Magno Pires Resende – Geren-te de Orçamento da MIP Engenharia S/A e ao Sr. José Aleixo – Diretor da Associação de Mora-dores da Vila Paraíso por nos receber e responder aos nossos questionamentos a respeito do tema.

Ao nosso orientador, Prof. Christian Henrique pelo constante incentivo, sempre indican-do a direção a ser seguida, ajudando assim, na tomada de decisões nos momentos de maior dificuldade.

Honramos também aos demais professores, coordenação, bibliotecária, pais e amigos. Não é possível agra-decer a todos pessoalmente, mas que os citados encontrem aqui a melhor expressão de gratidão e saibam que seus contatos, apoio, colaborações e trocas de idéias, permitiram racionalizar esforços para conclusão deste Projeto.

uma única gotad’água pode fazer isso...

O trabalho em conjunto fortalece não só a indústria.Quando há união, o ser humano é o grande vencedor.

Page 6: Responsabilidade Social nas Organizações

RESUMO

Este estudo objetivou pesquisar os reflexos dos programas de trabalho voluntariado nas organiza-ções, ressaltando o grau de responsabilidade social das empresas com relação ao desenvolvimento não só empresarial, mas também o econômico, o social e ambiental. Realizou-se uma pesquisa qualitativa, de natureza descritiva, por meio de um estudo de caso conduzido numa organização de engenharia que prati-ca o trabalho voluntário por meio do apoio dado a uma associação na comunidade onde a empresa possui suas instalações. Foi aplicado um questionário para três níveis diferentes da estrutura organizacional, que estão diretamente ligados às ações do trabalho voluntário praticado: gestores, empregados e comunidade beneficiada. À luz de uma revisão bibliográfica acerca de responsabilidade social empresarial, volunta-riado empresarial e problemas sociais, os dados foram analisados e chegou-se à seguinte conclusão que cada vez mais as organizações vêm adotando um comportamento consciente e interado da importância e responsabilidade que têm em prover um retorno à sociedade, assumindo, então o papel de empresa social.

Palavras-chave: Responsabilidade Social Empresarial, Voluntariado Empresarial, Problemas sociais.

Page 7: Responsabilidade Social nas Organizações

SUMÁRIO1INTRODUÇÃO................................................................................................8

2 REFERNCIAL TEÓRICO................................................................................9 2.1 Responsabilidade social...........................................................................................92.2 Trabalho voluntário nas organizações........................................................................102.3 Benefícios do trabalho voluntário nas organizações.....................................................112.4 Dificuldades de implantar o trabalho voluntário nas organizaçõe.........................................122.5 Terceiro setor ...................................................................................................132.6 Questões sociais e responsabilidade social................................................................142.7 Visão panorâmica do voluntariado no Brasil.............................................................15

3 METODOLOGIA..............................................................................................163.1 Descrição do objeto de pesquisa.............................................................................163.2 Tipos de pesquisa................................................................................................163.3 Métodos de pesquisa............................................................................................163.4 Técnicas de coleta de dados.................................................................................16

4 RELATÓRIO E ANÁLISE DA PESQUISA..........................................175 CONCLUSÃO..................................................................................................19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................20

APÊNDICE A..........................................................................................................21

Page 8: Responsabilidade Social nas Organizações

para a implantação do traba-lho voluntário na organização. 3 ) C o r r e l a c i o n a r os benefícios conseguidos com o trabalho voluntário e seus reflexos na organização.

A fim de tornar viável a realização desse trabalho, após a definição do tema em questão seguiram-se as seguintes etapas: elaboração de um projeto de pes-quisa, leitura e elaboração do re-ferencial teórico, elaboração da pesquisa de campo, análise dos dados da pesquisa e apresentação do trabalho em forma de teatro.

A preocupação com a respon-sabilidade social não é um tema recente no Brasil, no entanto, nas últimas dé-cadas têm-se extremado as discussões à respeito desse assunto, colocando em debate a responsabilidade tam-bém por parte das empresas em pro-porcionar melhorias para a sociedade.

Diante das questões sociais do Brasil, ao lado do governo, que até então era o único responsável e agente exclusivo promovedor de ações pú-blicas que resolveriam esses proble-mas, surgem as empresas, que optaram pelo investimento no social e no ético.

É bem verdade que questões de cunho social sempre existiram no Brasil, porém, com o avanço tecnoló-gico, os impactos negativos causados ao meio ambiente, principalmente por parte das próprias empresas, a concor-rência estabelecida como regra no “jogo empresarial”, aliados a uma série de outros fatores, fez com que se configu-rasse um panorama mundial diferente, no qual o desemprego, a exclusão so-cial, a saúde, a pobreza, a moradia, a educação e o lazer passaram a ser pre-ocupação também das organizações.

Ajudar a sociedade a se de-senvolver humanamente tem sido visto como uma atitude estratégica, à medida que ao investir no social, as empresas buscam como retorno imagem, marca, facilidade de conquistar novos mercados, atrair novos clientes, além da dedução do imposto de renda. Diante dessa colo-cação, será que as ações realizadas pelas empresas no âmbito de responsabilidade social realmente têm comprometimento com as questões sociais ou essas ações são realizadas apenas por interesse estra-tégico de marketing das organizações?

No leque de quesitos que agregam a expressão responsa-bilidade social nas organizações, está o trabalho voluntário, que se constitui como diferenciador das organizações. O trabalho vo-luntário cada vez mais tem sido

difundido nas empresas, não como doação, mas como troca. A prática do voluntariado traz benefícios mútuos para quem é beneficiado e para as próprias or-ganizações, que conseguem com isso aumentar o espírito de equi-pe dos seus funcionários, motiva-ção e prontidão dos empregados na resolução dos problemas da empresa, maior admiração e res-peito pela empresa por parte dos seus funcionários, entre outros.

Sendo cada vez mais constante e atual as práticas da responsabilidade social das em-presas e em presença desse novo panorama empresarial, é relevan-te aos futuros administradores e contadores estudarem sobre esse assunto, a fim de repensarem suas atitudes como gestores, tendo em vista não somente o desenvolvi-mento empresarial, mas também o econômico, o social e ambien-tal. Então, cabe a esses profissio-nais estarem atentos para essas novas mudanças, que requerem tomadas de decisões embasadas no resgate da valorização mo-ral e ética, colocando a ação so-cial à frente da ação lucrativa.

O objetivo geral desse trabalho é identificar o grau de responsabilidade social da orga-nização em estudo por meio do trabalho voluntário realizado pela mesma. São objetivos específicos: 1) Identificar se as ações do trabalho voluntário praticada na organização em estudo pro-movem realmente uma transfor-mação social ou representam ape-nas um ato de caridade isolado. 2) Identificar os pro-cessos (ou etapas) necessários

1 INTRODUÇÃO

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Page 9: Responsabilidade Social nas Organizações

Segundo Toldo (2002) ainda não existe um conceito for-mal e único de responsabilidade social. Há diversos pontos de vis-ta particulares sobre o assunto, embora o Instituto Ethos de Em-presas e Responsabilidade Social tente convergir esforços para a construção unificada do concei-to. Toldo (2002, p.82) designa responsabilidade social como:

o comprometimento permanente dos empresários de adotar um comporta-mento ético e contribuir para o desen-volvimento econômico, melhorando si-multaneamente a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo.

O que caracteriza uma empresa como socialmente res-ponsável ou empresa cidadã é a sua preocupação com o desen-volvimento social sustentável, manifestada por meio de pro-gramas consistentes, que tenham continuidade, que apresentem resultados tangíveis, gerando e disseminando conhecimento e promovendo simultaneamente o crescimento tanto da organiza-ção quanto de seus stakeholders (todos os públicos que exercem influência ou são influenciados pela empresa). (Bueno, Serpa, Sena, Oliveira & Soeiro, 2002).

Félix (2003) afirma que a responsabilidade social não se

expressa como uma ação emer-gencial e pontual das empresas de ajuda social, mas sim, como uma perspectiva a longo prazo de to-mada de consciência das empre-sas no sentido de incorporarem em sua missão, em sua cultura e na mentalidade de seus dirigen-tes e colaboradores a busca do bem-estar da população, por per-ceberem que o próprio desenvol-vimento da organização depende da sociedade à qual pertencem e que a transformação para um mundo melhor é responsabili-dade de cada um e de todos nós.

A preocupação com o social passou a ser até uma questão de sobrevivência. É uma forma de marketing. (...) A res-ponsabilidade Social pode ser defini-da como o dever da empresa de ajudar a sociedade a atingir seus objetivos. É uma maneira de a empresa mostrar que não existe apenas para explorar recursos econômicos e humanos, mas também para contribuir com o desenvolvimen-to social. É, em síntese, uma espécie de

contas. (Lima, 2002, p. 107).

De acordo com Bueno, Serpa, Sena, Oliveira & Soeiro (2002) o principal fator que expli-ca a emergência desse conceito é a evolução da economia mundial, personificada pela globalização, fazendo com que empresas in-gressem numa concorrência em escala internacional. Para garan-tir a entrada e permanência em mercados potenciais, as empresas precisam se mostrar produtivas, competitivas e singulares, a fim de captar a atenção do público consumidor. Particularmente no Brasil, a abertura do mercado im-pingiu às empresas um esforço maior para se adequar às exigên-cias do mercado mundial, pois estas empresas, antes competindo com os níveis de qualidade nacio-nais, hoje se vêem disputando o mercado com produtos do mun-do inteiro, de empresas com ní-veis de produtividade superiores.

2 Referencial Teórico O referencial teórico consiste em uma pesquisa teórica sobre um tema trabalhado, que seja emba-sado em teorias e conceitos já defendidos por autores experientes e renomados no assunto. O referencial teórico busca reunir as principais idéias dos autores fazendo uma comparação ou argumentação com as idéias defendidas no trabalho. Neste trabalho serão abordados temas como: responsabilidade social, traba-lho voluntário, seus benefícios e dificuldades no processo de implantação, terceiro setor e questões sociais.

2.1 Responsabilidade Social Empresarial

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Page 10: Responsabilidade Social nas Organizações

Ainda de acordo com a autora, deve-se conduzir com ex-celência os voluntários dentro de uma organização. Mesmo sendo um trabalho que não possui fins materiais, requer profissionaliza-ção . Deve-se criar um departa-mento específico do voluntaria-do, que recentemente vem sendo chamado de terceiro setor, no qual haja uma filosofia, missão e objetivos claros e alcançáveis, estratégias e planejamento de to-das as etapas do processo para que se possa implantar as ações sociais. Ainda segundo a autora, esse processo possui duas partes principais: a filosófica estratégi-ca e a tática operacional. A pri-meira está mais voltada para o planejamento do departamento e a segunda relaciona-se a ques-tões práticas e ações concretas.

Enfim, atualmente o gran-de desafio do trabalho voluntário nas organizações é mantê-los, ou seja, motivar os voluntaria-dos a continuarem atuando nas ações sociais das organizações, e uma forma de superar esse de-safio é estruturar a organização de modo eficiente e profissional.

Falar a respeito de volun-tariado empresarial é algo ain-da recente no Brasil. Somente a partir dos anos 90, com a expan-são do processo de globalização econômica, por meio da qual as exigências e as expectativas das pessoas que estão fora do mundo dos negócios passaram a ser exi-gentes e crescentes quanto à atu-ação das empresas na esfera so-cial é que a discussão sobre esse assunto se acirrou e passou então a ser discutido no cenário empre-sarial. Outro fator que provou a urgência em se discutir o papel social das organizações é conse-quência também da globalização, que reduz a responsabilidade do governo na promoção dos inves-timentos sociais - o chamado Es-tado Mínimo. A partir daí, surge um pacto entre Estado e empre-sas a fim de solucionar os pro-blemas sociais. Têm-se então o espaço aberto para as práticas do serviço voluntário. Segundo a lei 9608 de 18 de fevereiro de 1998, considera-se serviço voluntário:

A atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou instituições priva-das de fins não lucrativos, que tenham objetivos cívicos, culturais, educacio-nais, científicos, recreativos ou de assis-tência social, inclusive mutualidade.

No entanto, sabe-se que hoje, não somente as organiza-ções sem fins lucrativos e pes-soas comuns praticam ações de cunho social, mas também, as organizações financeiras, que investem parte de seus lucros em trabalhos voluntário, que podem estar associados direta-mente a essas organizações ou serem praticados em Ongs finan-ciadas por essas organizações.

Segundo Ana Maria Do-meneghetti (2001, pág.52):

(...) as relações do trabalho voluntário nas organizações chamam a atenção quanto ao quadro de pessoas que com-põem a equipe de ação, destacando os voluntários, visto que este tipo de pes-soa só pode ser encontrado dentro do terceiro setor e são de suma importân-cia para o seu funcionamento.

Para Domeneghetti (2001) o amor é mola propulsora do tra-balho social e as religiões contri-buem de forma significativa para que esse ocorra, transformando o bom sentimento em caridade. O estudo do trabalho voluntário mostra que os voluntários são diferentes, ou seja, dependendo de sua etnia, cultura e forma de viver, suas ações voluntárias se-guem um ou outro caminho. Um exemplo disso está no voluntário brasileiro, que se movimenta mui-to mais pelo paternalismo e está, na maior parte das vezes, ligado à caridade. Em contrapartida, os norte-americanos praticam traba-lhos voluntários muito mais pelo amor à pátria e ao nacionalismo.

2.2 Trabalho voluntário nas organi-zações

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Page 11: Responsabilidade Social nas Organizações

Implantar ações vo-luntárias nas organizações pro-move benefícios para as empre-sas, para os seus funcionários e naturalmente para a comunida-de que está sendo beneficiada com esse trabalho. A prática do trabalho voluntário é cabível a qualquer empreendimento, seja de grande, médio ou pequeno porte. Com a implantação do trabalho voluntário a organiza-ção é reconhecida no mercado, conseguindo associar a sua ação voluntária à marca da instituição, adquire o respeito e a satisfação por parte de seus funcionários, entre outros pontos positivos.

Para Corullón e Medeiros Filho (2002; p. 49):

o programa de voluntariado fortalece a imagem da empresa particularmente junto à imprensa e aos formadores de opinião, ou seja, atinge segmentos que influenciam a opinião pública em geral. Pode ainda promover um forte envolvi-mento da empresa com as comunidades, trocando conhecimento e conseqüente-mente reduzindo resistências para am-bas as partes.

No que diz respeito aos fun-cionários, é visível e satisfatório o resultado que se obtém quando

os empregados da organiza-ção se engajam na causa social. Pode-se perceber que os fun-cionários dão importância ao trabalho em equipe e aprendem a respeitar as diferenças indivi-duais, o que consequentemente reduz ou inibe qualquer situação de conflitos interpessoais; apre-sentam maior prontidão na reso-lução de problemas e satisfação na realização de suas tarefas.

(...) adotar políticas sociais na empre-sa resulta em fatores positivos, como funcionários mais conscientizados para as questões de natureza cultural e am-biental e mais orgulhosos da empresa da qual trabalham. Ao atuar em nossas campanhas, eles também exercitam con-ceitos de trabalho em equipe e mesmo de liderança.(Revista Sempre Brazil Fo-rever, pág. 29)

Segundo Rouco e Resende (2003), as iniciativas voluntárias permitem aos funcionários um novo grau de liberdade, no qual eles adquirem capacidade criati-va para responderem aos desafios inesperados; fazem com que sin-tam prazer e orgulho do ambiente grupal na empresa, além disso, es-sas ações voluntárias facilitam o aprimoramento de valores indivi-duais que se consolidam em ações inovadoras e em resultados sur-preendentes para a organização.

Projetos de voluntariado envolvendo em-pregados podem-se constituir em fontes de mudança organizacional na empresa privada, treinamento e desenvolvimento profissional e competitividade. Empre-gados que se voltam a projetos comu-nitários descobrem que podem e devem participar da tomada de decisões; além disso, percebem que a criatividade e a inventividade estão presentes mesmo em pessoas de baixa qualificação formal ( escolaridade). ( Teodósio apud Rouco e Resende, pág. 37, 2003)

Deduções fiscais, respeito e imagem positiva da organização perante o mercado, fornecedores e sociedade; diferenciação peran-te aos concorrentes, fidelização de clientes; a segurança patrimonial e dos funcionários; atração e re-tenção de talentos profissionais; a proteção contra ação negativa de funcionários; a menor ocorrência de controles e auditorias de órgãos externos e a atração de investido-res são outros benefícios conse-guidos com o trabalho voluntá-rio. (Melo Neto e Froes, 2001).

No contexto voluntário, a participação efetiva em ações voluntárias propicia aos funcio-nários o desenvolvimento de cer-tas habilidades como trabalho em equipe, utilização efetiva das in-formações, gerenciamento eficaz dos recursos e do tempo, capaci-dade de negociar, capacidade de aceitar e administrar as mudanças.

2.3 Benefícios do trabalho voluntário nas organiza-ções

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Page 12: Responsabilidade Social nas Organizações

A dificuldade de se desenvolver o voluntaria-do empresarial surge a partir do momento em que o projeto de trabalho voluntário torna-se primordialmente um projeto de interesses puramente empresa-rial e não um projeto de com-prometimento com pessoas.Para Rouco e Resende (2003), a questão voluntária deve ser uma combinação de solidariedade e investimento, atendendo de for-ma satisfatória as perspectivas da comunidade beneficiada e aos interesses das organizações. “Como ramos paralelos de uma mesma raiz, crescem o investi-mento social privado e as ações voluntárias, que muitas vezes se unem e somam esforços” (...). (Rouco e Resende, pág. 17, 2003)

A prática do voluntariado requer uma capacitação e preparo para os profissionais que estarão dire-tamente ligados às ações voluntá-rias, e ai, surge outra barreira que impede a implantação da propos-ta de trabalho voluntário nas or-ganizações. (Rouco e Resende, 2003). Com isso o autor quer di-zer que, uma pessoa que aprendeu a competir e a ver essa competi-ção como forma de sobrevivência própria, geralmente é uma pessoa individualista e que certamente não está pronta para enxergar as necessidades do próximo, não estando portando, apta a realizar um trabalho voluntário. Então, cabe às organizações mudarem as formas habituais das pessoas que nelas trabalham de agirem e pen-sarem, de modo que, a idéia de lu-cro e competição seja convertida em competências e capacidades.

Dessa forma, as equipes esta-rão prontas e mobilizadas para otimizarem o aproveitamento das habilidades e experiências de cada indivíduo, lidando po-sitiva e produtivamente com as tarefas desafiadoras do âmbito de trabalho e simultaneamente com as necessidades individuais de todo e qualquer ser humano.

Afirmam, ainda, os auto-res, que o sucesso das ações e dos programas do voluntariado reside no que pode ser chamado de “trí-ade estratégica do voluntariado”, representado pela ética, capaci-tação e gestão. A partir de então, entende-se que implantar um tra-balho voluntário numa organiza-ção não é algo que pode e nem deve ser tratado simplesmente como uma ajuda humanitária ao próximo. Vai muito, além disso, requer planejamento, capacitação e, sobretudo comprometimento. Assim, capacitar para gerenciar um programa voluntário é de-senhar, implementar, monitorar e avaliar todo um processo que permita atingir simultaneamente o crescimento dos voluntários, efetivação das ações corretivas às necessidades sociais e o com-primento da missão de uma em-presa socialmente responsável.

2.4 Dificuldades de implantar o trabalho voluntário

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Page 13: Responsabilidade Social nas Organizações

Atualmente, o nú-mero de organizações sem fins lucrativos tem aumentado no país. Afinal, a sociedade tem pro-curado um ambiente saudável, humanitário, que ofereça cultu-ra e uma educação de qualidade para melhorar o mundo em que vivemos. E, nessa busca pelo caminho que proporciona esse bem-estar para a comunidade, encontra-se o Terceiro Setor, que age no intuito de melhorar o de-sempenho dessas organizações, cujos objetivos principais são sociais, em vez de econômicos, diferenciando-o assim do setor privado e do setor público que distribuem lucros a seus proprie-tários e estão sujeitos a controle político direto, cuja maioria das vezes são inadequados para lidar eficientemente com os problemas sociais atuais. Com isso, esse se-tor tem ganhado a confiança das pessoas, pois sua influência tem gerado mudanças e inovações so-ciais importantes para as comuni-dades como serviços hospitalares, educação, serviços para grupos menos favorecidos e deficien-tes, entre outros. (Hudson, 1999)

Conforme o autor acima (1999, pág. 8)

(...) o terceiro setor inclui todas as or-ganizações que tem basicamente um ob-jetivo social em vez de procurarem ge-rar lucro; são independentes do Estado porque são administradas por um grupo independente de pessoas e não fazem parte de um departamento de governo ou de autoridades locais ou de saúde; reinvestem todo o seu saldo financeiro nos serviços que oferecem ou na própria organização.

Segundo Hudson (1999, pág.13) o Terceiro Setor oferece três contribuições importantes para a sociedade:

Representação: A ação voluntária nas circunstâncias atuais exerce um papel mais abrangente – e de maior importân-cia social e política – do que a de um mero provedor de serviços sociais ao lado da provisão principal do Estado. Contribui para o processo representati-vo, para o desenvolvimento da política pública e para os processos de integra-ção e coesão social.Inovação: Os corpos de voluntariados são uma fonte de inovação. Os governos hoje em dia enfrentam questões muitas vezes formuladas e moldadas por aque-les que não estão envolvidos diretamen-te com o problema. Cidadania: A eficiência dos corpos de voluntariados como proponente de mu-danças deve muito à sua natureza infor-mal. O fato de as pessoas estarem ou não excluídas de uma real cidadania depen-de em grande parte da força do setor vo-luntário local.

Ainda o autor (1999, pág.11)

O alcance do terceiro setor é agora tão grande que afeta praticamente a todos. As pessoas podem tornar-se membros de associações profissionais, receber aten

dimento em universidades, participar de eventos artísticos, filiar-se a algum sin-dicato, apoiar uma determinada campa-nha, fazer doações a uma instituição de caridade ou ingressar como sócio de um clube ou sociedade.

Reproduzindo as ideias, o número de voluntários nas or-ganizações tem obtido um cres-cimento acentuado em relação aos anteriores. O motivo desse crescimento deve-se às pessoas que têm motivações múltiplas para contribuírem com a ação so-cial, seja tempo ou com esforços, essas pessoas manifestam com suas atitudes o papel de volun-tárias, tendo como meta ajudar a comunidade a se tornar me-lhor e condições de oferecer uma vida mais saudável e humana.

2.5 Terceiro Setor

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Page 14: Responsabilidade Social nas Organizações

2.6 Problemas sociais e responsabilidade social

Para Filho (2006) existem argumentos favoráveis e contra ao engajamento das em-presas em ações sociais. Segundo ele, o que sustenta as ações so-ciais são os aspectos éticos, que derivam de fundamentos religio-sos, filosóficos ou normas sociais. Essas ações podem também estar sustentadas por instrumentos ra-cionais, nos quais é sugerido que o comportamento socialmente responsável trará benefícios à or-ganização, visto que dessa forma ela poderá manter sua reputação alta no mercado e se destacar em meio às empresas que não prati-cam a responsabilidade social.

Segundo o mesmo autor, há argumentos contrários à ade-são das organizações em realizar ações sociais, baseados no funda-mento da função institucional, na qual instituições como igrejas, sin-dicatos e o governo é que são, de fato, incumbidos da responsabili-dade social, cabendo às empresas somente o papel de gerar lucros.

Dentro do espaço onde coabi-tam diversos problemas sociais como pobreza, poluição e cri-minalidade existem empresas promovendo a responsabilidade social. Reis e Medeiros (2007) destacam que o enfoque dessas empresas gira em torno principal-mente de promover o bem estar social e das questões ambientais.

Segundo Ferred cita-do por Reis e Medeiros (2007), existem quatro tipos de respon-sabilidade social que são: filan-trópica, econômica, ética e legal. A questão legal faz referência ao

que a sociedade tem com certo ou errado, fundamentada em leis. A dimensão ética inclui normas que tangem a todos os envolvi-dos com a organização, sejam funcionários ou a própria socie-dade, fazendo relação com valo-res e princípios morais, visando proteger os direitos dos grupos de interesse das empresas. O que-sito econômico está voltado aos impactos das decisões tomadas pelas organizações, pois são tra-duzidas na forma com que as em-presas se comportam em relação ao público com que se relaciona, ao controle de recursos, à oferta de produto, à capacidade de con-trolar mercados, à tecnologia, à sua base de conhecimentos espe-cializados, à formação de mono-pólios, à concorrência desleal e às questões relacionadas ao meio ambiente e empregados. Por fim, a questão filantrópica diz respei-to à contribuição das empresas à sociedade em pontos como ofe-recimento de produtos e servi-ços que possam promover uma melhoria na qualidade de vida, bem como ajuda a instituições de caridade, patrocínios e pres-tação de serviços as comunidade.

A partir dos anos 90, quando, no Brasil apresenta-se uma nova ordem econômica, fundada no fator concorrência e dinamizada pela globalização,

surge uma caracterização dessa nova ordem baseada em varia-das exclusões, que desde sem-pre atingiram diversos grupos da sociedade. Exclusões que, em alguma proporção, puderam ser traduzidas na vulnerabilização das condições de vida de tais gru-pos, no âmbito da educação, da saúde, da habitação, do mercado de trabalho e assim por diante.

Segundo Pereira, (1999, pág. 5)

Originalmente, a chamada questão so-cial constitui-se em torno das grandes transformações econômicas, sociais e políticas, ocorridas na Europa do século XIX e desencadeadas pelo processo de industrialização. Essa questão assentou-se, basicamente, na tomada de consci-ência, por parte de crescentes parcelas, vinculados às modernas condições de trabalho urbano, e do pauperismo como fenômeno socialmente produzido. As-sim, se a pobreza, nas sociedades pré-industriais, era considerada um fator natural e necessário para tornar os po-bres laboriosos e úteis à acumulação de riquezas das nações em formação, agora ela deveria ser enfrentada e resolvida para benefício, inclusive do progresso material em ascensão.

É inegável que nos dias atuais são as organizações que

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Page 15: Responsabilidade Social nas Organizações

lideram e controlam grande parte do mercado, o que impacta ver-tical e horizontalmente a ordem econômica nos setores social e político. A partir de então, o pro-blema antigo da questão social, passa a ser responsabilidade tam-bém das empresas, que começam a perceber outros agentes impor-tantes e necessários à sua atua-ção e diferenciação no mercado, agentes tais como seus funcioná-rios, seus clientes e a comunidade.

De acordo com Pereira (1999, pág. 4):

Portanto, se, no passado quem tomava as grandes decisões econômicas eram os agentes governamentais, regulando, inclusive, o mercado, no presente, são as empresas privadas gigantes que deci-dem e controlam o Estado, bem como definem o uso e a direção do avanço tec-nológico. Tais empresas, que geralmen-te operam fora de seu país de origem, em busca de mão-de-obra mais barata, automatizam-se velozmente, terceirizam parte do seu trabalho exigem a quebra da proteção ao trabalhador. Disso decorrem sérias implicações que conferem nova configuração à questão social.

da Criança criada por Zilda Arns e o trabalho da APAE.

Em 1993, na luta con-tra a fome, nasce o trabalho de Herbert de Souza e leis são pro-mulgadas para regulamentar o trabalho voluntário no Bra-sil. (www.voluntariado.org.br)

Já nos anos 90, as em-presas começam a observar o voluntariado por uma ótica dife-rente, com uma visão holística, visto então como uma oportuni-dade para as empresas se diferi-rem no mercado. Com isso, no início deste século, o volunta-riado ganhou grande destaque nas organizações, colocando em discussão valores como ética, a sustentabilidade, compromisso com cidadania e ações sociais.

A explosão de informação a respeito da responsabilidade so-cial, com ênfase no voluntariado mudou a concepção a respeito do tema, que até então era visto como atos de compaixão e solidariedade.

Muitos empresários passam a encarar o desempenho social como parte inte-grante do desempenho financeiro e fa-zem valer os seus compromissos com as questões sociais, saindo, cada vez mais, da filantropia propriamente dita. (INS-TITUTO ETHOS, Pág. 40, 2004)

A responsabilidade so-cial mudou também o conceito de empresário, antes visto ape-nas como um administrador de negócios. Segundo Jacques Ri-gler, citado pela revista Sempre Brazil Forever (2009, pág. 29):

Ser empresário envolve muito mais do que gerenciar um negócio, fazê-lo dar lucro e sustentar sua família e muitas ou-tras com essa atividade. Ser empresário é também ser um cidadão em condições de contribuir para reduzir as desigual-dades sociais, colaborar com ações so-ciais e fazer da responsabilidade social mais do que uma política de gestão. É ter ações permanentes que beneficiem a comunidade. É ser um líder.

2.7 Visão panorâmica do voluntariado no Brasil

Atualmente fala-se constantemente e com mais ên-fase sobre voluntariado nas orga-nizações brasileiras. Passeando pela história, observa-se que tra-ços de voluntariado, inicialmente filantrópico, estão presentes des-de a época do descobrimento, já que, o primeiro núcleo de volun-tariado foi a Santa Casa de Mise-ricórdia em Santos/SP em 1543. Porém, o auge do vo-luntariado com ênfase em res-ponsabilidade social, se deu somente na segunda metade do século XX. Exemplos são a cria-ção do Projeto Rondon; a Pastoral

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3 METODOLOGIA A Metodologia é a explicação minuciosa, exata e cronológica de toda a ação desen-volvida no caminho do trabalho de pesquisa. Deve-se informar o tipo de pesquisa, utilizando-se de citações; o instrumento utilizado se foi questionário, entrevista etc., o tempo previsto para desenvol-vimento, em quais partes o trabalho foi dividido, formas de tabulação e tratamento dos dados, enfim, mensurar tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.

Intentos a analisar o tra-balho voluntário, seus efeitos, bem como sua finalidade e im-portância para as organizações, escolheu-se como objeto de pes-quisa, a macro instituição privada Mip Engenharia, que desenvolve seus trabalhos de voluntariado na ACME ( associação dos cola-boradores da Mip Engenharia). Para meios de preservação da imagem dos entrevistados, es-ses serão citados pelos respecti-vos nomes fictícios: gerente Sr. Gustavo Mendes (entrevistado um), Sr. Cláudia Silva, diretora da ACME (entrevistada dois).

analisados a partir da significação que estes dão aos seus atos”. “As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determi-nada população ou fenômeno, ou então, o estabelecimento de relações entre variáveis”. (Gil apud Michel, 2009, pág.45). Sobre a pesquisa de campo:

Trata-se da coleta de dados do ambiente natural, com objetivo de observar, criti-car a vida real, com base em teoria, para verificar como a teoria estudada se com-porta na vida real. Confrontando a teoria na prática, permite responder ao proble-ma e atingir os objetivos. ( Michel 2009, pág. 42).

Este método procede pela in-vestigação de indivíduos, clas-ses, fenômenos ou fatos, com vistas a ressaltar as diferenças e similaridades entre eles”. Ain-da segundo a autora, o método analítico ou observacional “con-siste na observação, no uso dos sentidos para captar dados da re-alidade que se quer investigar”.

3.1 Descrição do ob-jeto de pesquisa

3.2 Tipos de pesquisa A pesquisa apresentada neste trabalho é qualitativa, por-que o objetivo é interpretar, re-latar, argumentar criticamente, explicar e comparar. É de cam-po, porque buscou investigar a teoria estudada na vida real da organização em estudo e descriti-va, porque relata em pormenores o problema em questão. Dessa forma, têm-se as seguintes defi-nições: pesquisa qualitativa de acordo com Michel (2009, pág. 37): ): “este tipo de pesquisa se fundamenta na discussão da li-gação e correlação de dados in-terpessoais, na co-participação das situações dos informantes,

3.3 Métodos de pes-quisa

Utilizou-se o método comparativo e de análise (ou ob-servacional) que tem respectiva-mente como objetivo comparar os dados da pesquisa e analisá-los a fim de encontrar soluções que expliquem os fenômenos. Segun-do Michel (2009, pág. 57):

3.4 Técnicas de coleta de dados Utilizou-se a entrevista e a observação. Entrevista é o “en-contro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha infor-mação a respeito de determinado assunto, mediante uma conver-sação de natureza profissional”. (Michel 2009, pág. 68). Afirma ainda a autora que observação é:

Técnica de coleta de dados que utiliza os sentidos na obtenção de determina-dos aspectos da realidade, consiste não em ver e ouvir, mas também em exami-nar fatos ou fenômenos que se deseja estudar; permite perceber aspectos que os indivíduos não têm consciência, mas manifestam involuntariamente”. (Mi-chel 2009, pág. 66).

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4 RELATO E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA

A análise de conteúdo é hoje uma das técnicas ou méto-dos mais comuns na investigação empírica realizada pelas diferen-tes ciências humanas e sociais. Trata-se de um método de análise textual que se utiliza em ques-tões abertas de questionários e (sempre) no caso de entrevistas. Utiliza-se na análise de dados qualitativos, na investigação his-tórica, em estudos bibliométri-cos ou outros em que os dados tomam a forma de texto escrito.

Questionados sobre a re-levância do retorno de investi-mentos de capital no desenvolvi-mento de projetos sociais, ambos entrevistados concordaram que o principal fator a ser considerado é a busca pela melhoria na comu-nidade onde o trabalho voluntário está sendo desenvolvido, por-tanto, o retorno de capital não é representativo. Embora, segundo Melo Neto e Froes (2001), com o trabalho voluntário as empresas buscam também deduções fiscais, há menor ocorrência de controles e auditorias de órgãos externos nessas organizações que praticam o trabalho voluntário, atração de investimentos, além é claro, do reconhecimento e prestígio que a marca adquire no mercado. A caracterização do cha-mado Estado-mínimo está ligada à redução da responsabilidade do governo em investir no so-cial. Para os entrevistados, foi perguntado qual a opinião de-les a respeito de ser o estado o único responsável por solucio-nar as questões sociais. Ambos concordaram que é papel sim

do estado atuar de forma a garan-tir condições de vida digna às pes-soas. Mas, também é responsabi-lidade de cada cidadão comum participar, dentro de suas possi-bilidades para atenuar os efeitos que geram as questões sociais.

Segundo um artigo pu-blicado na revista Sempre Brazil Forever, ano 9, número 35, as empresas que adotam políticas voltadas para o campo social, conseguem dos seus funcioná-rios admiração e orgulho perante a empresa. Sobre essa passagem, o entrevistado um percebe que ao se trabalhar com o volunta-riado, a organização consegue o respeito tanto de seus funcioná-rios quanto da sociedade na qual está inserida. A entrevistada dois também enxerga que há um reco-nhecimento e prestígio da organi-zação aos olhos da comunidade.

A questão da responsabi-lidade social ainda é tratada com certa timidez no cenário empre-sarial brasileiro. Por isso, ainda persiste a ideia de que por detrás desse compromisso com o social, há, na verdade, um puro interes-se financeiro das organizações, o que não passa de uma estratégia de marketing. Buscando identifi-car se as ações do trabalho volun-tário na organização em estudo promovem realmente uma trans-formação social ou representam apenas atos isolados de carida-de, foi perguntado aos colabora-dores da entrevista, se a empre-sa acompanha os avanços e/ou possíveis falhas no desenvolver dos trabalhos. Por unanimidade, a resposta foi sim. Há um apoio

por parte da organização, po-rém, esse apoio não se enquadra em um processo formalizado.

Na teoria estudada, que fundamenta esse trabalho, a au-tora Domeneghetti (2001) diz que mesmo que o voluntariado seja um trabalho sem fins lucra-tivos, deve haver na organização um departamento específico que trate das questões como mis-são, objetivos a serem alcança-dos com o trabalho, que tracem e planejem todas as etapas do trabalho, para que de fato haja excelência das ações sociais.

O resultado comum apontou que os funcionários que

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trabalham na empresa têm um en-volvimento direto com o trabalho voluntário realizado, é um traba-lho em conjunto. Ainda segundo o entrevistado um, há uma asso-ciação exclusiva de funcionários que cuidam dos trabalhos e as ações realizadas se limitam ao en-volvimento desse pessoal. Além do tempo dado aos funcionários para que eles possam contribuir com o trabalho, a empresa dispo-nibiliza também recursos como espaço físico, meios de comu-nicação e divulgação das ações. Embora a empresa em estudo não apresentar um setor específico que trate dos aspec-tos relevantes à responsabilida-de social, ela planeja suas ações. De acordo com a resposta da entrevistada dois, o cronogra-ma das atividades e tarefas é constituído levando em conta as necessidades da comunidade e acompanhando o calendário das datas comemorativas, como, por exemplo, festa do dia das crian-ças, campanha do agasalho, na-tal, entre outras, uma vez que a empresa também desenvolve tra-balhos focando essas situações.

O principal critério utili-zado para a escolha da comunida-de a ser beneficiada é o fator pro-ximidade do meio social, no qual a empresa está inserida. Repor-tando à teoria de Pereira (1999) a questão social originou-se das transformações econômicas, po-líticas e sociais desencadeadas pelo processo de industrializa-ção, época em que a pobreza era necessária para a acumulação das riquezas, tendo em vista que essa acumulação era conseguida com a exploração da mão-de-obra das classes desfavorecidas. Hoje, no entanto, cabe às empresas, como uma forma de prestação de con-tas com a sociedade, enfrentarem

e resolverem esses problemas que configuram a questão social, o que seria benéfico inclusive para o pro-gresso material em ascendência.

Sobre a proveniência dos recursos financeiros, humanos e materiais, o entrevistado um respondeu que provêm da pró-pria organização, dos funcioná-rios e algumas vezes de certos fornecedores. Já a entrevistada dois, embora tenha demonstra-do pouco conhecimento sobre a questão, respondeu que provêm dos funcionários. Nesse item, pode-se perceber o envolvimento de todos os stakeholders na pro-moção do trabalho voluntário.

Em sua opinião, há um re-conhecimento e/ou cobrança por parte dos clientes quanto à ques-tão das empresas participarem de ações de cunho social? Diante dessa pergunta, o entrevistado um alegou que os clientes valorizam sim e de certa forma cobram da organização a responsabilidade

de atuarem socialmente. O entre-vistado acredita, por conta desse fato, os programas de qualifi-cação para os fornecedores são importantes, pois esses progra-mas abordam assuntos ligados à melhoria da qualidade de vida. Dessa forma, também os forne-cedores têm condições de assu-mir a responsabilidade de cará-ter social. O entrevistado dois demonstrou desconhecimento na questão, não houve resposta.

Não basta apenas criar programas voluntários, aquele que participa deve comprometer-se com a causa e sentir-se reali-zado com o que faz. Segundo o entrevistado um embora a par-ticipação dos funcionários nas ações realizadas ainda não tenha alcançado a totalidade, aqueles funcionários que participam , são inteiramente motivados. Comple-tando, a entrevistada dois nota o amor e o carinho desses funcio-nários nos trabalhos realizados.

De acordo com as teorias de Corullón e Medeiros Filho (2002), os programas de volun-tariado proporcionam às organi-zações o fortalecimento da sua marca diante da imprensa e dos formadores de opinião em geral. Ambos entrevistados, ao serem perguntados se há credibilida-de da marca da organização de-vido à realização dos trabalhos que ela desenvolve, responde-ram positivamente. A entrevis-tada dois completa que, além da credibilidade o “olhar social” da empresa estimula e possibilita um relacionamento positivo en-tre a empresa e a comunidade.

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5 CONCLUSÃO Por fim, consta-se pela presente pesquisa que cada vez mais as organizações vêm adotan-do um comportamento conscien-te e interado da importância e res-ponsabilidade que têm em prover um retorno à sociedade. Diante do cenário contemporâneo, confi-gurado pela globalização, no qual a competição surge como rolo compressor, eliminando da dis-puta econômica aquelas empre-sas que não estão aptas para as-segurar estabilidade no mercado, as organizações buscam de toda e qualquer forma conseguirem di-ferenciação e aparência positiva no mercado. Diante desta linha de raciocínio, a empresa em estudo possui um grau de responsabili-dade social satisfatório, que se dá por meio do desenvolvimento do trabalho voluntário, do compro-metimento contínuo e pela con-tribuição externa (para socieda-de) e interna (para organização).

Além disso, identifica-se na empresa a necessidade da exis-tência de acompanhamento mais efetivo dos avanços e/ou possíveis problemas nas atividades propos-tas pela empresa, intenta a certi-ficar se o objetivo das ações está se cumprindo, objetivo esse que se apóia em desenvolver ações de caráter modificador no âmbito so-cial e não somente se refletir em atos isolados de caridade. Aponta-se essa necessidade pela falta de um departamento específico para tratar das questões intrínsecas ao processo e um acompanhamen-to mais racional dos resultados.

Também indentifica-se como o principal fator de escolha

no processo de implantação e desenvolvimento dos projetos sociais da empresa a proximida-de do meio social onde as ativi-dades da empresa ocorrem. Por um lado é acertado, pois muita das vezes a empresa produz al-guns danos ao meio físico e am-biente local e, mas, por outro lado, é uma escolha tendenciosa ao oportunismo e conveniência, por proporcionar uma facilidade no desenvolvimento das ações.

Além disso, concluímos que existem e devem existir re-sultados benéficos à empresa no que diz respeito a colaboradores, tais como motivação no trabalho, desenvolvimento de habilidades e competências, compreensão melhor das relações interpessoais e suas limitações, etc. Para a or-ganização propriamente dita, há o fortalecimento da sua marca dian-te da imprensa e dos formadores de opinião em geral, funcioná-rios mais dispostos a colaborar para o crescimento da empresa, conquista do respeito dos cola-boradores e da sociedade, resul-tados econômicos, entre outros. Nesse quesito a empresa se saiu muito bem, pois esses resultados se apresentam explicitamente na análise dos dados da pesquisa.

À luz da teoria estudada confrontada com a pesquisa de campo realizada, pode-se perceber

que as organizações já se deram conta dos inúmeros benefícios proporcionados com a prati-ca do trabalho voluntário, que é uma das facetas da expres-são responsabilidade social. Em adição, identifica-se como uma responsabilidade da empresaria o retorno elas devem propor-cionar à sociedade, pelo fato de usufruírem de seus espaços, co-laboração (uso da capacidade de seus funcionários) e muitas das vezes de seus recursos naturais.

A elaboração e elucida-ção desse trabalho foram impor-tantes para o desenvolvimento de certas habilidades como tra-balhar em equipe, capacidade de interpretação, desenvolvi-mento da leitura, entre outros.

Aponta-se como uma possível vertente do estudo da responsabilidade social em-presarial, um aprofundamento maior na repercussão das ações sociais na carreira dos profis-sionais das áreas de Adminis-tração e Ciências Contábeis, devido à sua complexidade, o qual não foi foco de nosso estu-do apesar de integrante e neces-sário nesse mundo onde tudo é novidade e requer aprendiza-do. ( ver se está fazendo sentin-do e olhar se cabe aqui o sig-nificado da palavra vertente).

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REFERÊNCIAS

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TOLDO, M. Responsabilidade social empresarial. Em Responsabilidade social das empresas: a contribui-ção das universidades. 2002. São Paulo: Petrópolis: Instituto Ethos.

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APÊNDICE A

ROTEIRO PARA ENTREVISTA

* Na escolha dos projetos sociais, os critérios empresariais, como por exemplo, retorno sobre investimen-tos é levado em conta?

* Solucionar as questões sociais é um problema exclusivo do Estado, que tem a função de proporcionar à sociedade condições de vida digna. Qual a sua opinião a respeito?

* Apoiar um trabalho voluntário traz à organização vários benefícios como, por exemplo, fortalecimento da marca, diferenciação frente às concorrentes, deduções fiscais, além é claro da pura satisfação e prazer em ser solidário. Quais são os pontos positivos para a organização percebidos com o trabalho voluntário realizado?

* Ao realizar uma ação social voluntária, há preocupação em acompanhar os avanços e ou possíveis falhas em seu desenvolvimento?

* A empresa disponibiliza tempo para os funcionários participarem das ações voluntárias?

* A empresa preocupa-se em engajar toda a esfera empresarial ( Stakeholders) na campanha pelo trabalho voluntário?

* Há um cronograma das atividades e tarefas voluntárias a serem realizadas? (planejamento)

* De onde provêm os recursos financeiros, humanos e materiais necessários na realização das ações volun-tárias?

* Quais os critérios utilizados na escolha da comunidade a ser beneficiada?

* Em sua opinião, há um reconhecimento e/ou cobrança por parte dos clientes quanto à questão das empre-sas participarem de ações de cunho social?

* Ao desenvolver uma ação social, há motivação por parte dos funcionários na realização das tarefas propos-tas?

* A realização de um trabalho voluntário agrega credibilidade à marca da organização. Qual a sua opinião à respeito?

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FACULDADE NOVOS HORIZONTES, UMA MISTURA DE PAIXÃO E SOLIDARIEDADE