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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM: COMO LIDAR COM ESTE PROBLEMA ? Por: Soraia Nahas Orientador Prof. Ana Cristina Rio de Janeiro

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM: COMO LIDAR COM ESTE

PROBLEMA ?

Por: Soraia Nahas

Orientador

Prof. Ana Cristina

Rio de Janeiro

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2005

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM: COMO LIDAR COM ESTE

PROBLEMA ?

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em

Supervisão Escolar. São os objetivos da monografia

perante o curso e não os objetivos do aluno

Por: Soraia Nahas.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me dar forças

para superar todas as dificuldades e

alcançar mais um objetivo.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, maiores incentivadores e

torcedores, responsáveis por todas as

minhas vitórias.

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RESUMO

As dificuldades de aprendizagem são um assunto vivenciado diariamente

por educadores na sala de aula. Dificuldades de aprendizagem é um tema que

desperta a atenção para a existência de crianças que freqüentam a escola e

apresentam problemas de aprendizagem. Por muitos anos, tais crianças têm

sido ignoradas, mal diagnosticadas e mal tratadas. A dificuldade de

aprendizagem é uma das maiores preocupações dos educadores, pois na

maioria das vezes não encontram solução para tais problemas.

Os problemas de aprendizagem referem – se às situações difíceis

enfrentadas pela criança com desvio do quadro normal, mas com expectativas

de aprendizagem a longo prazo. Podemos considerar o problema de

aprendizagem como um sintoma, no sentido de que não aprender configura em

quadro permanente, mas ingressa numa constelação peculiar de comportamento,

nos quais se destaca como sinal de descompensação. Os professores que

desejam acentuarem o pensamento em seu ensino precisam estar cientes das

diferenças entre processo e produto da educação. Com o trabalho conclui – se

que uma boa utilização das técnicas e estratégias de ensino podem melhorar o

nível de aprendizagem dos alunos.

Dessa forma, o trabalho tem por objetivo analisar a interferência do

ambiente escolar, relação professor – aluno, e da relação afetiva do aluno dentro

do âmbito familiar com as dificuldades de aprendizagem apresentadas por este

em relação ao processo ensino – aprendizagem.

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METODOLOGIA

O trabalho proposto, realizado a partir de pesquisas bibliográficas,

demonstra a parceria entre a escola e a família e sua inter-relação com a

deficiência de aprendizagem dos alunos, ou seja, o trabalho se propõe a verificar

até que ponto o ambiente escolar e o ambiente familiar podem influenciar na

dificuldade do aluno em relação à aprendizagem.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A Supervisão Escolar 10

CAPÍTULO II - Os distúrbios de aprendizagem 23

CAPÍTULO III – O Supervisor e os distúrbios de aprendizagem 31

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43

ÍNDICE 45

FOLHA DE AVALIAÇÃO 47

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INTRODUÇÃO

As dificuldades de aprendizagem são um assunto vivenciado

diariamente por educadores na sala de aula. Dificuldades de aprendizagem é um

tema que desperta a atenção para a existência de crianças – problema que

freqüentam a escola e apresenta problemas de aprendizagem.

Por muitos anos tais crianças têm sido ignoradas, mal diagnosticadas e

mal tratadas. A dificuldade de aprendizagem é uma das maiores preocupações

dos educadores, pois na maioria das vezes não encontram solução para tais

problemas. Acredita – se que as crianças com problemas de aprendizagem

constituem um desafio em matéria de diagnóstico e educação. No entanto, não é

raro encontrar educadores que consideram, a priori, alguns alunos preguiçosos e

desinteressados.

Ademais, o educador e a escola, a família, a sociedade envolvem

aspectos sócio – culturais importantes para o aprender de uma criança. É

verdade que, para a maioria dos jovens, aprender pode ser um desafio. Mas

isso, em geral, não indica deficiência de aprendizagem. Indica apenas que toda

criança tem seus pontos fortes e seus pontos fracos na questão da

aprendizagem. Algumas têm grande capacidade de ouvir, assimilam muitas

informações simplesmente ouvindo. Outras têm mais facilidade com o visual:

aprendem melhor lendo.

Na escola, porém, todos os alunos são misturados numa sala de aula e

espera – se que todos aprendam independentemente do método de ensino

utilizado. Assim, é inevitável que alguns tenham problemas de aprendizagem. Há,

porém, algumas autoridades no assunto que acham que existe uma diferença

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entre simples problemas de aprendizagem e deficiências de aprendizagem. Mas

a deficiência de aprendizagem é tida como algo mais profundo.

É dentro desse contexto, que o presente trabalho busca verificar até que

ponto o ambiente escolar e o ambiente familiar podem influenciar na dificuldade

do aluno em relação à aprendizagem.

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CAPÍTULO I

A SUPERVISÃO ESCOLAR

1.1 – A visão atual da Supervisão Escolar.

A Supervisão apresenta, ou deve apresentar atualmente uma visão mais

ampla, como o próprio nome a caracteriza, mas na realidade durante todo o

decorrer de sua história esta visão esteve muito limitada a um trabalho

fiscalizador e autoritário da supervisão.

É bem verdade que hoje se busca a supervisão que seja baseada na

participação, na cooperação, na integração e na flexibilidade, adotando, o

supervisor, uma postura de problematizador do empenho docente.

Todo o resultado deve partir do trabalho em parceria da supervisão e de

todos os professores envolvidos no processo; levando – os a indagar, criticar e

refletir com a finalidade de buscar soluções e encaminhar um trabalho que dê

resultados positivos para que se chegue aos objetivos propostos.

A supervisão além da dificuldade em ter “definida” sua ação se depara

com uma realidade escolar problemática e por isso desafiadora, que precisa ser

mudada, sendo ele o supervisor apenas um no meio de tantos responsáveis pelo

problema.

Luck (1998) apresenta uma proposta de trabalho integrado, explicando

que a escola deve ser vista com uma visão sistêmica aberta, ou seja, local onde

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há um grupo de mútua influência trabalhando com fim na educação e que para

que haja um mínimo conflito entre os integrantes do processo, fator causado pela

divisão de tarefas, é essencial uma integração de todos os participantes deste

processo.

A autora comenta que os cursos de formação de professores se

preocupam mais com os conhecimentos das áreas, da prática e procedimentos,

do que com os conhecimentos dos processos de desenvolvimento humano e de

aprendizagem.

Não enfatizam também o estudo da compreensão das influências do

meio sócio – econômico – cultural sobre o educando, as diferenças individuais e

as habilidades em manter um bom relacionamento.

Estes cursos não levam os alunos, a saber, comunicar – se, a resolver

problemas de sala de aula, a estimular os alunos. Não procuram desenvolver

formas de desempenho adequado, de trabalho cooperativo e produtivo de

acordo com os interesses e necessidades das crianças. E conforme afirmava

Rockfeller apud Luck (1998), “nenhum sistema educacional será melhor que a

qualidade e habilidade de seus professores”.(p.49), mostrando claramente neste

conceito a necessidade em se ter um profissional realmente preparado para

atuar de forma mais eficiente no sistema.

O professor é a figura central pra a eficácia do processo, pois para que

a escola se torne algo significativo para o aluno é primordial haver um bom

relacionamento entre professor – aluno, uma vez que não são os métodos,

técnicas e atividades extras - classe que farão o processo mais significativo para

o aluno.

Sendo o professor a figura chave, é preciso promover o desenvolvimento

desse profissional orientando e assistindo – o. Nesse instante é importante entrar

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em ação a equipe técnico – pedagógica, da qual faz parte o supervisor, que deve

ter o apoio da direção não apenas assumindo a parte burocrática de sua função,

mas também apoiando o pedagógico, promovendo um sistema de ação

integrada e cooperativa, estimulando a inovação e a comunicação clara e aberta

entre todos os membros do processo para que se chegue aos objetivos.

O supervisor apresenta um papel de liderança mais voltado para

métodos, técnicas e conteúdos, que ao do sentido educativo. Luck (1998) coloca

que: “o papel do supervisor escolar se constitui, em última análise, na somatória

de esforços e ações desencadeadoras com o sentido de promover a melhoria do

processo ensino – aprendizagem”. (p.20)

Então para o supervisor, o objetivo de seu trabalho é a melhoria no

processo, mas para que isso ocorra sua atuação deve estar voltada para o

desenvolvimento do professor, buscando orientá – lo e assistí – lo,

proporcionando – lhe oportunidades de desenvolvimento.

Muito se busca modificar ou melhorar, nos materiais, métodos, técnicas e

procedimentos, nos programas curriculares, na avaliação, na recuperação e

outros, para que o processo ensino – aprendizagem flua melhor, no entanto,

esquece – se de quem está diretamente voltado para este processo, o professor.

Ainda de acordo com Luck (1998) somente há pouco tempo a supervisão

começou a pensar na melhoria do desempenho do professor, ou seja, no

desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes, pois a falta de

assistência ao professor é uma das importantes causas do problema no

processo educativo. Sendo este, um ponto onde um supervisor pode atuar,

assistindo de forma sistemática ao profissional.

Toda atividade do supervisor deve estar centrada num procedimento

integrado de trabalho onde todos os responsáveis pelo processo, pautados por

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atitudes, direções e objetivos comuns, tracem metas para garantir esta unidade

integrada e integradora.

A mesma autora sugere a consultoria para que se estabeleça um

trabalho integrado, onde é essencial que o processo educativo se realiza de

forma eficiente, investindo no desenvolvimento da escola através do

desenvolvimento dos recursos humanos.

Todo este trabalho parte da valorização dos conhecimentos, habilidades

e atitudes pré – existentes do professor. Por ser de grande importância esta

visão apresentada por Luck (1998), neste estudo, resolveu apresentar de forma

mais aprofundada e completa o trabalho de consultoria, transcrevendo suas

etapas.

Luck (1998) assim explica o termo consultoria a ser usado no trabalho de

integração escolar. “A consultoria envolve uma concepção sobre o processo de

assistência, que direciona, dá – lhe sentido, concede – lhe maior objetividade e

estabelece sua sistematização, com vistas a resultados mais significativos”.

(p.36)

A consultoria, portanto atua no desenvolvimento da capacidade de

desempenho do pessoal durante a resolução de problemas, com a finalidade de

tornar cada profissional mais apto a resolver problemas subseqüentes. Assim o

termo consultoria é definido pela autora como:

“... Processo pelo qual se partilha com outra pessoa ou

grupo de pessoas, em caráter de mutualidade,

informações, idéias, opiniões sobre determinada

problemática, promovendo seu entendimento e permitindo

o envolvimento das pessoas a elas relacionadas, com o

fim de gerar bases objetivas para a tomada de decisões e

de medidas a respeito”. (Luck, 1998, p.37).

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O processo educacional deve estar voltado para o desenvolvimento do

aluno, por isso a consultoria está voltada para os professores, diretores e pais,

pois são estes que trabalharão para o bom o resultado no processo ensino –

aprendizagem. A consultoria tem como finalidade indireta, o próprio aluno e seu

desenvolvimento.

A consultoria tem como objetivo a utilização de conhecimentos e

habilidades, onde o consultor não é apenas um mero transmissor de

conhecimentos ou habilidades, é um esforço de todos com a finalidade de que o

consultante incorpore os conhecimentos e habilidades que ele possa estar

relativamente auto – suficiente.

O papel do supervisor neste trabalho de consultoria, não é o de fornecer

idéias e soluções ou assumir tarefas de preparo de avaliações para o professor

ou fazer qualquer atividade que tenha por fim levar o professor a mudar de

atitudes ou procedimentos. Deve assim, o supervisor, promover mudanças no

comportamento do professor, para que haja aquisição de novas habilidades, o

desenvolvimento de novas idéias, perspectivas e opiniões. Isto porque não são

os métodos e técnicas pré – estabelecidas que levarão qualidade no processo

ensino – aprendizagem, mas sim a mudança no comportamento professor –

aluno.

A função supervisora destacada por Luck (1998) aparece de certa forma

na visão de Pereira (1981) que diz ser a Supervisão Educacional capaz de

permanente realimentação do sistema de ensino garantindo sua circularidade. “É

a ação de ver todo o processo de maneira global, orientando – o dentro das

alternativas existentes para o seu aperfeiçoamento”.(p.17).

A integração é um meio da supervisão, como também de todos aqueles

que pertencem ao processo, manter uma constante revisão para que o processo

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flua da melhor maneira, estando sempre na espera das eventualidades surgidas

no decorrer de todo trabalho.

A visão de que “tudo muda, mas a escola continua a mesma”, acabou,

pois os sistemas escolares precisam estar abertos as inovações, para que

possa se ajustar às novas faces da realidade.

Sendo papel da supervisão, procurar a melhoria de qualidade do produto

final é necessário fazer o diagnóstico das necessidades e expectativas da

unidade escolar, e buscar o inter – relacionamento com todos os níveis

envolvidos no processo, visão esta sugerida por Pereira.

Przybylsk (1991) apresentando certa semelhança com Pereira e Luck

quanto ao ponto chave de trabalho do supervisor dentro do processo

educacional, coloca que se deve ter cuidado na definição, como e onde a

supervisão deve atuar, pois se a supervisão se preocupa com o ensino e o

processo, sua atividade estará restrita ao professor e ao currículo. Mas se a sua

preocupação é a aprendizagem, com o produto, então sua atividade terá uma

maior abrangência, uma vez que esta considera o trabalho do professor, o

currículo, os métodos de ensino, os recursos didáticos, a integração dos

conteúdos e a avaliação do aluno.

De certa forma há uma relação com Luck (1998) quando a mesma

apresenta no trabalho integrado de consultoria, que tem com fim último o próprio

aluno e seu desenvolvimento, devendo o supervisor atuar no desenvolvimento de

conhecimentos, habilidades e atitudes do professor para que este busque no seu

empenho as mudanças necessárias para um bom resultado. A única diferença é

que a atuação do supervisor segundo Luck não se direciona especificamente aos

meios que caminham junto ao professor, currículo, métodos e etc. Também

Pereira, fala do direcionamento do trabalho para o produto final, o aluno.

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O desenvolvimento de habilidades como direção, relações humanas,

processos de grupo, administração pessoal e em avaliação, ajudará para um

melhor desempenho da ação docente, pois a supervisão deve levar o professor a

usar sua potencialidade. A idéia do trabalho do supervisor direcionada ao

professor também foi apresentada por Luck (1998) anteriormente, que sugere um

trabalho de consultoria.

O mesmo autor também cita Neagley e Evans (1964) que destacam

como principais fatores de uma supervisão efetiva, a liderança e o

relacionamento humano, onde o profissional deverá alimentar boas relações

humanas na escola através da liderança democrática e autêntica. Crê – se que

esta liderança apresentada pelo autor também tem relação com a visão de

trabalho apresentada por Luck (1998), em um processo de consultoria, onde o

consultor, supervisor não exerce liderança sobre os outros, mas sim direciona e

participa do trabalho.

Para Przybylsk (1991) o conceito de supervisão escolar:

“... é o processo que tem por objetivo prestar ajuda técnica

no planejamento, no desenvolvimento e avaliação das

atividades educacionais em nível de sistema ou unidade

escolar, tendo em vista a unidade das ações pedagógicas,

o melhor desempenho e o aprimoramento permanente do

pessoal envolvido no processo ensino –

aprendizagem”.(p.18)

Diante do exposto, o supervisor deve procurar realizar um trabalho de

orientação pedagógica junto aos professores, incluindo entre estes aquele da

turma que havia ficado com a maioria dos alunos remanescentes da classe

especial, na tentativa de descaracterizá –la. Em outras palavras, a supervisão

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pedagógica deve ser feita coletivamente com os demais professores, procurando

– se criar situações de discussão, para que os professores possam rever suas

práticas e seu papel no contexto escolar, analisando o que pode ser feito para

melhorá – lo.

1.2 – Supervisor Escolar e professor: o trabalho em

conjunto.

É indispensável se trabalhar de forma harmoniosa a aceitação do

supervisor por parte dos professores. É uma tarefa de conscientização, pois todo

o sucesso educativo dependerá deste relacionamento, juntamente com a troca de

idéias e experiências. Pilleti descreve que: “é praticamente impossível para o

professor realizar isoladamente seu trabalho educativo”. (p.161). Com base nesta

afirmação vemos a necessidade e a significância do trabalho do supervisor junto

aos educadores, não só para o bom andamento do ensino – aprendizagem, mas

para o desenvolvimento global das experiências educativas em questão, e para a

avaliação da mesma e das pessoas que estão envolvidas em um mesmo

objetivo.

Como ninguém neste mundo consegue se educar sozinho, pois a

educação não se dá somente por via assistemática e por ser também falha para

a total socialização do ser humano, mas que não é adquirida sem o auxílio dos

que vivem ao seu redor, assim também é o trabalho dos docentes em relação ao

supervisor.

Em certas ocasiões, quase que todas, o desenvolvimento dos alunos

depende exclusivamente do entrosamento, da confiança, da troca de

experiências e de ajuda mútua entre docentes e discentes. Partindo desse

princípio, é criada uma “cadeia de conhecimentos”. Sabendo que os professores

se entrosam para obterem um bom rendimento educativo, e que sem o mesmo

isto não se dá, de fato, da mesma forma para haver sempre este bom

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relacionamento pessoal, profissional e educativo, ele, professor, precisa e deve

se apoiar em alguém do seu meio, e ninguém melhor que o supervisor escolar.

O supervisor deve sempre estar apto para ouvir os supervisionados para

juntos chegarem a conclusões e ao enriquecimento de ambos os profissionais.

Ele tem a empatia necessária, devido a sua experiência e denominação ao

cargo a todas e quaisquer ocorrências educacionais e sociais dentro da escola.

Para que aconteça a aproximação destes profissionais é válido que se

promova a mesma, através das reuniões semanais, quinzenais ou até mesmo

mensais para que assim ocorra o entrosamento não só de professores

individualmente com o supervisor, mas de toda a equipe técnica e pedagógica. O

grupo tem que reconhecer suas afinidades. Agora, mais a eficácia se dará ao

funcionalismo se estes encontros se derem com mais freqüência, de preferência

uma vez por semana, mesmo que na pauta das reuniões ou encontros

pedagógicos não tenha assuntos muito importantes. Acontecendo desta forma,

podem surgir conversas informais com intuito de sondagem da personalidade

(por parte do supervisor) para saber trabalhar com a individualidade de cada um.

O supervisor deve permitir que os docentes decidam e assumam

responsabilidades sabendo utilizar a supervisão para melhor andamento do

processo educacional.

Embora o supervisor tenha que agir para o êxito no funcionamento da

instituição, ele tem que deixar que os educadores caminham e encontrem suas

próprias táticas educativas, conclusões e decisões, ao contrário, juntamente com

o grupo e conseqüentemente com o supervisor, quem poderá, da melhor forma

avaliar a equivalência das ações. Também podem, certamente, chegar a

coerência com a realidade e com os objetivos que se deseja atingir.

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O supervisor atuará como mobilizador dos diferentes saberes dos

docentes da escola e estará estimulando a formação continuada dos mesmos,

promovendo o ensino.

Lopes diz que: “é pelo diálogo que podemos chegar à sabedoria.

Dialogo que exige reflexão, troca e contra – argumentação. (p.06)”.

É com base nestas palavras que afirmo que a melhor forma da

supervisão funcionar de fato, é através da comunicação, ou seja, da interação

entre docentes e supervisor num ambiente agradável e sério, onde ambas as

partes estão de acordo e estritamente voltadas ao processo educativo com o

intuito de chegar a um único objetivo: a eficácia do processo educacional.

São vastas as atribuições do supervisor dentro de uma escola, mas

dentro de todas as suas funções, as citadas acima pelas autoras sobressaem –

se com sendo fatores primordiais para o andamento pedagógico.

Alguns professores encontram dentro de si atitudes, estímulos para a

promoção do projeto educativo, outros têm idéias, lêem a respeito, mas nada

fazem. Alguns nada têm a oferecer se a equipe pedagógica não estimular e

outros têm muitas experiências, estudam sobre o assunto e querem transformar o

ambiente escolar, mas não sabem como e quando explicar seus conhecimentos

e tem até alguns que não passam aos seus colegas docentes suas idéias.

É nesse sentido que se faz importante a presença do supervisor, que

sabendo o que tem em mãos, informação, vontade, curiosidade, boa vontade,

conhecimento, egoísmo na transmissão de conhecimentos e idéias, trabalhando

toda essa bagagem em prol do desenvolvimento contínuo e funcional da

aprendizagem.

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Através de tudo o que obtiver dos docentes recorrerá juntamente aos

seus conhecimentos pedagógicos e teóricos, para então montar uma, duas ou

várias trajetórias a serem seguidas de acordo com as situações e solicitações.

Com todo esse material em mãos, ele, o supervisor, trabalhará em grupo ou

individualmente como quiser e onde houver a carência de orientação,

estimulando, orientando e capacitando esses profissionais a darem continuidade

as atividades didático – pedagógicas e removendo dificuldades que sempre

ocorrem no decorrer de um processo educativo, isto é, de ambas as partes: dos

docentes e discentes.

Há aquelas pessoas que se fecham a trabalho em grupo (docentes) e

outras que centralizam suas idéias e experiências somente dentro de sua classe,

não querendo expor seu trabalho. Isto não quer dizer que acontece só quando o

professor tem sucesso no seu ambiente; há casos que o trabalho não está sendo

bem feito, não está havendo um bom desenvolvimento e muito menos

transformações no sentido educativo, e mesmo assim o docente se fecha junto

aos seus alunos deixando – os sofrerem pelo seu egoísmo, falta de vontade ou

timidez de se aceitar com dificuldades junto à equipe pedagógica da escola.

Para isso, novamente, entra a ação do supervisor. No caso, como psicólogo,

onde irá detectar se o mau desenvolvimento profissional dos docentes se dá por

fatores pessoais, internos ou até mesmo externos a escola.

Todo esse trabalho de remoção de dificuldades no processo educativo

deve ser harmoniosamente trabalhado com os professores. É nesta hora que o

supervisor com toda sua empatia fará notória a sua presença e seu trabalho ao

lado desses profissionais. Alem desta parte relacionada ao bom prosseguimento

dos discentes, ele também faz o trabalho integralizador com estes docentes que

apresentam dificuldades de se enquadrarem na socialização escolar. Toda

equipe docente deve, mesmo em salas diferentes, trabalhar com os mesmos

propósitos, e é o supervisor juntamente com o orientador que conduzirão o

processo.

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Sei que é difícil, mas este profissional tem que lançar mão de todas as

estratégias possíveis para chamar estes docentes à participação mútua e a

conscientização da eficácia do mesmo com a equipe técnico – pedagógica.

Isto pode ser feito através de entrevistas, conversas informais,

observação de quadros expositivos na sala dos professores, circulares

destinadas aos mesmos com relatos de técnicas e ocorrências educativas

positivas e até mesmo negativas, para que debatendo sobre as questões, o

supervisor possa conhecer mais profundamente o interesse e a bagagem dos

docentes que dispõe em equipe. Estas ocorrências podem ser externas ao

ambiente escolar em que estão inseridos e até mesmo internas, questionários de

sugestões e avaliação da equipe e do seu trabalho, ou seja, da sua

funcionalidade. Também vale técnicas sugeridas pelos próprios funcionários da

escola ou criados pela equipe para o melhor desempenho da instituição.

É imprescindível que o supervisor, como venho querendo dizer desde o

princípio, não sufoque as iniciativas dos professores.

...”A ação do supervisor, quando não é bem dirigida, pode

ser fonte de insegurança, de frustração, que conduza o

professor a um trabalho de baixa qualidade. Ao contrário,

quando o supervisor se preocupa com o problema, tem

em vista a necessidade de o professor desenvolver:

autoconceito positivo, satisfação profissional,

autoconfiança”.(Eurides, 1976, p. 152).

O supervisor diante dos problemas deve mostrar confiança, manifestar

aceitação, simpatia para que se promova o autoconceito positivo. A satisfação

vem junto com o reconhecimento do supervisor frente aos trabalhos

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apresentados. Já a autoconfiança decorre da liberdade de ação dada aos

docentes reconhecendo suas limitações e méritos.

É preciso trabalhar essa nova imagem e verdadeira função do

supervisor, esquecendo aquela visão do passado em que era reconhecido como

líder do ensino e como, erradamente, é definido em alguns livros, e passando a

conceber e sentir que sua tarefa dentro da instituição de ensino caminha junto à

própria realização e satisfação dos professores.

O sucesso do trabalho do supervisor, e conseqüentemente da

administração escolar e dos docentes, depende da organização humana. Todo o

seu desenvolvimento intelectual, social e emocional se dá como conseqüência

desta organização. O supervisor deve planejar suas ações, comunicar, mudar e

implementar a supervisão no grupo, deixando os docentes opinarem,

participarem de seu planejamento de forma consciente do que é, e como será

melhor para o amplo desenvolvimento educacional.

As ações devem ser planejadas e testadas para a observação de sua

funcionalidade e a comunicação caminha antes, durante e pós – projeto, quando

se vê a mudança ocasionada pela integração de toda a equipe técnica e

pedagógica da instituição, sendo estas positivas e/ou negativas.

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CAPÍTULO II

OS DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

2.1 – Que são dificuldades de aprendizagem.

Numa perspectiva orgânica, as dificuldades de aprendizagem são

desordens neurológicas que interferem com a recepção, integração ou

expressão de informação, caracterizando – se, em geral, por uma discrepância

acentuada entre o potencial estimado do aluno e a sua realização escolar.

Numa perspectiva educacional, as dificuldades de aprendizagem

refletem uma incapacidade ou impedimento para a aprendizagem da leitura, da

escrita, ou do cálculo ou para a aquisição de aptidões sociais.

Isto quer dizer que os alunos com dificuldades de aprendizagem podem

apresentar problemas na resolução de algumas tarefas escolares e serem

“brilhantes” na resolução de outras. Quer ainda dizer que, em termos de

inteligência, estes alunos geralmente estão na média ou acima da média.

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O termo dificuldades aparece com o fim de situar esta problemática num

contexto educacional, tentando, assim, retirar – lhe o “estigma clínico” que o

caracterizava.

Dificuldades de aprendizagem significa uma

perturbação num ou mais dos processos psicológicos

básicos envolvidos na compreensão ou utilização da

linguagem falada ou escrita, que pode manifestar – se por

uma aptidão imperfeita de escutar, pensar, ler, escrever,

soletrar, ou fazer cálculos matemáticos. O termo inclui

condições mínimas como problemas perceptivos, lesão

cerebral, disfunção cerebral mínima, dislexia e afasia de

desenvolvimento. O termo não engloba as crianças que

têm problemas de aprendizagem resultantes

principalmente de deficiências visuais, auditivas ou

motoras, de deficiência mental, de perturbação emocional

ou de desvantagens ambientais, culturais ou econômicas.

(Correia, 1991).

Uma criança pode ser identificada como inapta para a aprendizagem

“típica” se:

1 – Não alcançar resultados proporcionais aos seus níveis de idade e

capacidades quando lhe são proporcionadas experiências de aprendizagem

adequadas a esses mesmos níveis;

2 – Apresentar uma discrepância significativa entre a sua realização

escolar e capacidade intelectual numa ou mais das seguintes áreas:

a)Expressão oral;

b)Compreensão auditiva;

c)Expressão escrita;

d)Capacidade básica de leitura;

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e)Compreensão da leitura;

f)Cálculos matemáticos e

g)Raciocínio matemático.

As dificuldades de aprendizagem mais reconhecida, dizem respeito ao

desempenho escolar e são representadas pelas dificuldades de indivíduos com

inteligência normal ou acima da média, apresentam em reter ou expressar

informações recebidas. São divididas em verbais ou não – verbais.

As dificuldades de aprendizagem verbais são relacionadas à dificuldade

para adquirir processos simbólicos de leitura, escrita e matemática. Em relação

à leitura encontramos a dislexia e a hiperlexia.

A dislexia deve ser entendida como um transtorno específico em

processar as informações procedentes da linguagem escrita, embora a

inteligência do individuo seja normal e o potencial de aprendizagem esteja

adequado a sua idade cronológica. A dislexia é definida devido a presença de

um déficit no desenvolvimento de raciocínio do reconhecimento e compreensão

dos textos escritos.

Já a hiperlexia diz respeito às crianças que apresentam uma habilidade

precoce para reconhecer palavras escritas embora não compreendam seu

significado.

Existem ainda, a dificuldade de aprendizagem escrita, disgrafia e

disortografia e a descalculia (matemática).

As dificuldades de aprendizagem não – verbais são as que a criança

apresenta para autopercerber – se, perceber seu mundo e relacionar – se com

outras pessoas, embora tenham inteligência normal ou superior a média e não

apresentam nenhum transtorno emocional.

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Face às definições descritas, e mesmo estando nós a par da falta de

uma definição que receba consenso de grande parte dos profissionais da área,

podemos inferir que um aluno não terá dificuldades de aprendizagem quando os

seus problemas de aprendizagem são devidos principalmente a uma privação

sensorial, a deficiência mental, a perturbações emocionais, a fatores ambientais

ou a diferenças culturais e que as dificuldades de aprendizagem tanto afetam

crianças, como jovens ou adultos.

2.2 – Que causa as dificuldades de aprendizagem?

A origem das dificuldades de aprendizagem encontra – se

presumivelmente no sistema nervoso central do individuo, podendo um conjunto

diversificado de fatores contribuir para esse fato. Um primeiro fator a ter em conta

será a hereditariedade que parece ligar a família às dificuldades de

aprendizagem.

Há um outro conjunto de fatores (pré ou perinatais) que podem vir a

causar dificuldades de aprendizagem. Entre eles, são de destacar os excessos

de radiação, o uso de álcool e/ou drogas durante a gravidez, as insuficiências

placentárias, a incompatibilidade de Rh com a mãe (quando não tratada), o parto

prolongado ou difícil, as hemorragias intracranianas durante o nascimento ou a

privação de oxigênio (anoxia).

No que diz respeito a fatores pós – natais que podem causar

dificuldades de aprendizagem, eles estão geralmente associados a

traumatismos cranianos, a tumores e derrames cerebrais, a substâncias tóxicas

(por exemplo, o chumbo) e a negligência ou abuso físico.

Em suma a miríade de potenciais causas das dificuldades de

aprendizagem não deve ser interpretada como condição sine qua non de que

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toda a criança com dificuldades de aprendizagem esteja presa a determinada

etiologia.

Finalizando, as causas das dificuldades de aprendizagem se mantêm

desconhecidas na maioria dos casos.

2.3 – Como identificar e avaliar as dificuldades de

aprendizagem?

A identificação das dificuldades de aprendizagem deve ser feita o mais

precocemente possível, contribuindo para este fato uma observação cuidada dos

comportamentos da criança. Assim, os profissionais (especialmente os

educadores e professores) e os pais devem estar atentos a um conjunto de

sinais, que a criança exiba, contínua e freqüentemente, uma vez que não existem

indicadores isolados para a identificação das dificuldades de aprendizagem.

·Em relação ao aspecto cognitivo:

- Dificuldades durante o processo de alfabetização (falha na

identificação das letras e seus sons);

- Dificuldade para memorizar datas, dias da semana, meses do

ano, número de telefones;

- Dificuldade para decorar tabuadas, fórmulas e músicas;

- Dificuldade para reconhecer ritmos diferentes;

- Pouca objetividade na resolução de problemas simples;

- Dispersa e desatenção;

- Dificuldade para generalizar as aprendizagens;

- Desorganização do material escolar;

- Lentidão para realizar os deveres de casa.

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·Em relação ao aspecto emocional/comportamental:

- Baixa auto – estima;

- Elevado nível de ansiedade;

- Não se percebem como capazes de aprender, estão sempre

solicitando ajuda do professor e da família;

- Desvalorizam – se e desvalorizam suas produções;

- Não tem persistência nem autonomia;

- Frustram – se com facilidade;

- São inquietas, às vezes hiperativas, costumam perturbar a

classe;

- Tendem ao isolamento, não tem a sensação de pertencer a

um grupo.

O recolhimento de informações obtidas através da observação direta do

aluno em termos educacionais, possibilita a elaboração de uma primeira

intervenção educativa com o fim de minimizar ou ate suprimir os seus problemas.

Esta intervenção deve basear – se não só na informação recolhida pelos

professores, mas também deve considerar toda a informação adicional que

eventualmente possa ser dada por outros profissionais (professores de educação

especial, médicos, psicólogos, terapeutas) ou pais, via consulta. É, portanto,

aconselhável que todo este processo se desenrole em colaboração.

Caso os problemas do aluno subsistam, deve proceder – se a uma

avaliação compreensiva que tenha por base determinar o funcionamento global

do aluno com o objetivo de se identificarem áreas fortes e necessidades, quer na

escola, quer em quaisquer outros ambientes em que ele interaja. Esta avaliação,

que deve ser sempre efetuada por uma equipe multidisciplinar, tem ainda por fim

verificar se o aluno obedece a um conjunto de critérios tidos como base para se

tomar uma decisão, ou seja, o aluno só deve ser considerado com dificuldades

de aprendizagem se o seu funcionamento intelectual (inteligência) estiver na

média ou acima dela; se existir uma discrepância significativa entre o seu

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potencial estimado e a sua realização escolar atual; e se o seu insucesso escolar

for devido a problemas numa ou mais das seguintes áreas: fala, leitura, escrita,

matemática e raciocínio. É de notar, ainda, que problemas de concentração e de

atenção, de memória e de ajustamento social são também comuns nos indivíduos

com dificuldades de aprendizagem. Ela serve também para se determinar que

tipo de serviços adicional (serviços de educação especial) será necessários para

maximizar o potencial do aluno.

No que diz respeito à equipe multidisciplinar, ela deve incluir, para além

do professor do aluno e dos pais, todos os elementos julgados necessários para

a satisfação das suas necessidades educativas, tal como, por exemplo, um

professor de educação especial, um psicólogo e/ou terapeuta.

Só um procedimento deste tipo (quanto mais precocemente efetuado

melhor), aliado a uma intervenção adequada, poderá prevenir ou reduzir o

fracasso escolar e social do aluno. Caso contrário, o aluno com dificuldade de

aprendizagem experimentará, com certeza, um prolongado insucesso escolar

(acadêmico e social) que o levará muitas vezes ao abandono escolar, a

delinqüência e/ou a toxicodependência. Portanto, quando um aluno não está a

progredir de acordo com os objetivos curriculares do ano que freqüenta, o

professor não pode “cruzar os braços” ou ficar alheio ao seu problema. E, muito

menos, quando o aluno já se afastou significativamente dos objetivos curriculares

propostos. A frustração e as conseqüências de se viver com dificuldades de

aprendizagem incompreendidas por todos aqueles que nos rodeiam podem ser

devastadoras.

2.4 – Que modalidades de atendimento e que tipo de serviços

para o aluno com dificuldades de aprendizagem?

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Segundo a LDB, a educação deve ser igual e de qualidade para todos

os alunos, pretendendo, assim, criar uma igualdade de oportunidades que

promova o seu sucesso escolar.

Neste sentido, a lei requer que qualquer aluno possa ter à sua disposição

um conjunto de serviços adequados às suas necessidades, prestados, sempre

que possível, na classe regular. Para os alunos com dificuldades, no que diz

respeito a serviços educacionais na classe regular, há que considerar um

conjunto de fatores que podem facilitar a sua aprendizagem, como são, por

exemplo, a reestruturação do ambiente educativo; a simplificação das instruções

no que diz respeito às tarefas escolares; o ajustamento dos horários; a alteração

de textos e do trabalho de casa; o uso de tecnologias de informação e

comunicação; a alteração das propostas de avaliação, para citar alguns.

Contudo, quando necessário, alguns serviços educacionais poderão ser

prestados fora da classe regular.

No que diz respeito aos serviços adicionais há que poder contar com

serviços de psicologia, de terapia da fala, de terapia ocupacional, clínicos e

sociais, consoante as necessidades do aluno. Se estes serviços forem

insuficientes ou inexistentes, o sucesso escolar do aluno com dificuldades de

aprendizagem será, com certeza, posto em causa.

Numa palavra, para que o aluno com dificuldades de aprendizagem

receba uma educação apropriada às suas necessidades, para além da atitude

dos profissionais e pais, da adequada formação dos professores e demais

agentes educativos, da importância de se trabalhar em colaboração, há que ter

em conta que o conceito de dificuldades de aprendizagem não implícita apenas o

reconhecimento do direito que assiste ao aluno de freqüentar uma escola regular,

pois, caso as práticas educativas se resumam apenas à sua colocação na

escola, sem nenhum tipo de serviços auxiliares, tais práticas resultam falaciosas

e irresponsáveis.

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CAPÍTULO III

O SUPERVISOR E OS DISTÚRBIOS DE

APRENDIZAGEM

3.1 – Relação família, escola e aprendizagem.

É de suma importância que a família reflete na relação cognitiva e afetiva

da criança, portanto, é preciso que o professor conheça a realidade, as relações

que o aluno tenha como meio social e cultural em que vive.

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Em linhas gerais, podemos encontrar dois grupos familiares. O primeiro

são de famílias em que há compromissos contratuais duradouros, há união do

cônjuge, há renda familiar fixa, porém baixa, há probabilidade de alguma

qualificação profissional. Porém, é extremamente limitado o acesso aos serviços

públicos de educação, saúde e lazer. O segundo são famílias, cujas ligações

conjugais não são contratuais, não há uma união duradoura, ou às vezes nem

mesmo há união conjugal, resultando em abandono das crianças e/ou orfandade.

A renda familiar não é fixa, há desqualificação profissional. Não há acesso aos

serviços públicos de educação, saúde e lazer. Neste grupo deparamos com a

ausência de diálogo, e o autoritarismo dos pais na relação pai – filho. Também

encontramos neste grupo situação de extrema pobreza, desnutrição ou

subnutrição, alto índice de natalidade, conflitos resultantes de problemas

econômicos, alcoolismo, toxicomanias, violência e criminalidade; encontramos,

também, quebra de valores de comportamento, prostituição, mendicância e

promiscuidade habitacional. Esses fatores associados ou isolados geram

instabilidades nas relações familiares e conseqüentemente condições

insatisfatórias para a socialização do educando.

A partir daí, o profissional deve considerar a sua própria ação perante

a aprendizagem e seu aluno, ou seja, a freqüência com que ela fala com cada

um, o seu interesse e o carinho que demonstra até sem querer.

Então como perceber sobre o que é normal ou patológico. Segundo

Mielnik (in Elisabete da Assunção, 2001) “a situação problemática abrange

especialmente o relacionamento difícil com o meio e as pessoas”, na criança ela

se manifesta com dificuldades emocionais, supersensibilidades, sentimento de

rejeição, sensação de pânico em determinadas circunstâncias, ansiedade,

regressão ou infatilização.

O comportamento anormal ou patológico pode ter origem genética,

psicológica ou social, deve – se observar a idade, o desenvolvimento, a conduta

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dos pais, tensões e traumas da vida cotidiana, pressões para uma determinada

adaptação e maturação da personalidade infantil, mas esses fatores podem ser

classificados assim:

- Fatores Orgânicos: saúde física deficiente, falta de integridade neurológica

(sistema nervoso), alimentação inadequada, etc.

- Fatores Psicológicos: inibição, fantasia, ansiedade, angústia, inadequação à

realidade, sentimento generalizado de rejeição.

- Fatores ambientais: o tipo de educação familiar, o grau de estimulação que a

criança recebeu desde os primeiros dias de vida, a influência dos meios de

comunicação.

Muitas crianças são identificadas como portadoras de problemas de

aprendizagem, seja por que não se adaptou aos mecanismos que não a levaram

ao aprendizado, ou seja, por que não se expressou conforme as avaliações do

seu professor.

As avaliações a seguir de Correl e Schawarz, relacionam as formas de

distúrbios que podem ocorrer no processo de aprendizagem.

01 – Distúrbios de aprendizagem condicionados pela escola.

a) os condicionados pela relação professor – aluno;

b) os condicionados pelo professor;

c) os condicionados pela relação entre alunos;

d) os condicionados pelos métodos didáticos.

02 – Distúrbios de aprendizagem condicionados pela situação familiar.

03 – Distúrbios de aprendizagem condicionados por características da

personalidade da criança.

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04 – Distúrbios de aprendizagem condicionados por dificuldades de educação.

Todos aqueles que convivem com a criança devem observar o

comportamento da mesma para poder detectar se é uma problemática ou uma

tendência normal.

A seguir, mostra as atitudes normais de crianças entre 5 e 12 anos e, até

que ponto passa de problemática a anormal.

› Atitude adequada:

- saúde, boa capacidade corporal e sensorial;

- orgulho e confiança em si mesma, menor dependência dos pais, novas

experiências;

- aceita a função do próprio sexo, expressão psicossexual no brinquedo e

fantasia;

- consciência do mundo natural (vida, morte, nascimento e ciência);

- realista a respeito do mundo;

- competitiva, mas bem organizada no jogo;

- respeita as leis sociais e regulamentos coletivos;

- explora o ambiente social;

- raciocínio em evolução através da fala;

- responde ao aprendizado;

- pensamento egocêntrico.

® Problemática:

- delinqüência, furto, ostentação, conduta anti – social;

- comportamento regressivo, enurese, evacuações, choro. Medos, tiques;

- dificuldades e rivalidades com ansiedade a novos relacionamentos e

motivação. Dificuldade no aprendizado colegas, irmãos e adultos;

- crises e raiva (destrutivas);

- inabilidade de fazer as coisas por si própria;

- isolamento, temperamento imprevisível, poucos amigos.

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® Tendente Anormal:

- retraimento, depressão, tendências à auto – eliminação;

- incapacidade completa no aprendizado;

- dificuldades na fala (especialmente a gagueira);

- conduta anti – social (agressividade, destruição, mentira, roubo, crueldade

intencional com animais);

- exibicionismo sexual, erotismo, assalto sexual;

- incapacidade de desenvolvimento, falta de apetite, obesidade, hipocondria,

desmenorréia;

- completa ausência ou deterioramento do relacionamento pessoal e com os

outros;

- incapacidade de distinguir a realidade da fantasia.

(Mielnik Isaac. O comportamento infantil, técnicas e métodos para

atender crianças. 2ª ed. São Paulo, Ibrasa. p.21-22).

O professor deve ser orientado por profissionais como orientador,

supervisor e psicólogos sobre a melhor adequação do programa, na elaboração

de métodos a serem aplicados e na forma de atender as crianças que

apresentam problemas de aprendizagem.

Podemos dizer que a escola e os professores têm hoje duplos papeis

sociais: são transmissores de cultura e transformadores das estruturas sociais,

adequando seus trabalhos às necessidades da criança, da família e da

comunidade.

Cabe aos mesmos então:

- analisar todas as situações escolares que possam agravar os problemas de

saúde física e mental dos alunos;

- procurar sanar estes problemas, conhecendo os recursos assistências da

comunidade e os de fora dela;

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- notificar doenças contagiosas (meningite, difteria, poliomielite, tuberculose.

hanseníase e outras) às autoridades sanitárias;

- orientar as famílias no desenvolvimento de atividades educativas ligadas à

saúde do escolar (campanhas de vacinação, higiene, combate à raiva, etc.).

São múltiplos os aspectos a serem observados pelo professor e pela

escola, são varias as informações que devem ser registradas sobre a vida do

aluno.

3.2 – Como o professor poderá ajudar seus alunos a

enfrentar tais dificuldades.

Há êxito na aprendizagem, quando é acompanhada de boa relação

professor – aluno. O professor “simpático” obtém mais sucesso ao fazer com que

o aluno aprenda. Além disso, o professor que mantém uma relação saudável com

os alunos faz com que os mesmos confiem no seu trabalho e se interessem pelo

mesmo, efetivando assim a aprendizagem. Já o professor “antipático”, embora

bom professor, mas que não desenvolve um relacionamento satisfatório, poderá

resultar em fracasso dos escolares, pois sua postura é um fator inibidor à

aprendizagem dos mesmos.

A aprendizagem inicia – se com o nascimento do individuo e cessa com a

sua morte. A aprendizagem ocorre de maneira informal e/ou formal. A

aprendizagem informal ocorre espontaneamente no meio ambiente, através dos

meios de comunicação em massa, amigos, parentes vizinhos e etc. A

aprendizagem formal ocorre dentro de instituições com o objetivo do ensino, é

uma aprendizagem sistematizada, organizada e seqüencial, onde existem

elementos responsáveis pelo processo, os quais recebem o nome do professor.

Portanto, detectar problemas de aprendizagem é uma das tarefas do professor,

porque é ele quem deve promover o processo da aprendizagem formal, e quando

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esta não ocorre de maneira esperada, seria o professor quem teria melhores

condições de perceber e tentar solucionar.

É necessário que o professor saiba detectar o potencial do educando,

explorando – o ao máximo, a fim de atender a suas necessidades e respeitar

suas limitações. Desta forma o professor passa a exercer sua função primordial

que é a formação integral do ser humano.

O diagnóstico escolar é uma tarefa extremamente complexa, e podemos

fazê – lo em vários níveis:

· Pedagógico: o professor deverá analisar os programas pedagógicos, ou seja,

verificar se os objetivos e os conteúdos estão propícios em quantidade e

qualidade;

· Do professor: o mesmo deverá analisar a sua metodologia e o clima emocional

proposto em sala de aula;

· Da escola: o professor deverá analisar o ambiente psicológico envolvendo o

corpo administrativo, o corpo docente e discente;

· Do aluno: o professor deverá analisar os aspectos sócio – culturais que

provocam os distúrbios de aprendizagem nos diversos aspectos físicos e

psicológicos e procurar sana – los.

Os pontos a diagnosticar foram distribuídos nesta ordem para evitar que o

professor adote a postura cômoda de apontar o aluno como responsável pelo

insucesso no aprendizado.

A opção mais eficaz para o tratamento dos distúrbios de aprendizagem

tem sido as intervenções fundamentadas na teoria cognitiva.

Esta intervenção deve basear – se não só na informação recolhida pelos

professores, mas também deve considerar toda a informação adicional que

eventualmente possa ser dada por outros profissionais (professores de educação

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especial, médicos, psicólogos, terapeutas) ou pais via consulta. É, portanto,

aconselhável que todo este processo se desenrole em colaboração.

Não há dúvida de que os fatores sociais e emocionais interferem na

aprendizagem. Porém o diagnóstico é uma tarefa difícil para o especialista e

para o professor, dada a dificuldade da definição do tema.

Considerando que as crianças com distúrbio de comportamento, são

aquelas que apresentam comportamentos prejudiciais para si próprias ou para

outras pessoas, o professor deverá detectar imediatamente com o objetivo de

garantir o bom desempenho escolar.

É necessária uma programação especial no relacionamento com o aluno

desajustado socialmente, a fim de integrá – lo no convívio social rotineiro.

Deverão ser planejadas atitudes comuns, sob orientação do professor, porém

com a participação de todos os elementos da escola (corpo docente,

administrativo e demais funcionários) com o,objetivo de que o trabalho não seja

interrompido ou bloqueado com atitudes contraditórias à planejada.

A intervenção clinica na criança/jovem com distúrbios consiste em três

etapas:

· Identificação das habilidades mentais deficitárias;

· Elaboração de estratégias cognitivas que possibilitem o

desenvolvimento e estimulo destas habilidades e

· Definição de estratégias comportamentais que permitam um manejo

adequado destas habilidades.

Um dos medos mais comuns na aprendizagem ou na alfabetização, está

em enfrentar uma situação desconhecida, o receio de não ser capaz, a

percepção de que a criança não pode errar, tudo isto pode desenvolver na

criança um bloqueio que dificulte a aprendizagem.

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Toda aprendizagem tem a possibilidade do fracasso, como o erro tem um

preço, vai depender muito da criança, se ela está disposta a pagar. Se a escola

cobra muito por esse erro, talvez a criança não se sinta disposta a correr o risco

de aprender, por que para a criança a recompensa não seja tão compensadora.

Por causa do fracasso escolar, observa – se dois tipos de conduta com

maior relevância nos alunos: o da agressividade e o medo.

O distúrbio de comportamento está intimamente ligado entre a família e

escola, a criança que descobre que é capaz de agradar a família e seu professor,

começa a se expressar através de conflitos e contradições no seu dia a dia.

A incidência de problemas de comportamento é maior entre meninos;

cabe ao professor modificar seu método educacional manifestando maior

respeito pela criança e evitando assim pressões, conformidades e competições.

Mas os distúrbios que envolvem o comportamento da criança, podem ser

desde os patológicos que necessitam de um tratamento fora da escola, até os

que envolvem a adaptação normal frente à problemática.

O estudo da agressividade em casa revela que a criança no seu convívio

social se torna superagressiva. No ambiente escolar, o comportamento agressivo

revela – se nas mais diferentes situações e ocasiões, como por exemplo, a

criança é rotulada como briguenta.

O professor, por sua vez, deve mostrar regras de comportamento a serem

seguidas pela turma, e também as punições caso não sejam cumpridas.

Ser firme, honesto e chamar os pais, caso ocorra brigas e agressões. A

colaboração deles é necessária para a solução dos problemas.

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É preciso deixar claro que o professor é o mediador das discussões e

causas a serem realizadas na sala de aula, por que ignorar uma briga, é mostrar

indiferença.

Já os fracassos relativos aos medos nas crianças de 6 e 10 anos estão

relacionados a distorções na formação da personalidade, como ansiedade e

insegurança constante, neste caso, é necessário um tratamento psicoterapico

para propiciar a criança um amadurecimento global.

“O receio de falhas, de ser reprovado ou de perder

prestígio aos olhos dos outros é um fator muito comum de

medo na escola. Muitas vezes, a criança leva à escola o

medo que sente dos pais, de uma censura por nota baixa.

Estas atitudes devem ser observadas com atenção pelo

professor, que procurará chegar aos problemas”.

(Assunção, 2001. p.178).

A principal recusa da criança na aprendizagem está na leitura e escrita,

por que antes de ser uma prática escolar, a leitura é de âmbito social e cultural

definida bem antes da criança entrar na escola. Com isso, é de fundamental

importância que a criança conheça e conviva com a escrita (jornais, revistas,

folhetos de propaganda, etc) antes de ingressar na escola, que as mesmas

tenham oportunidades e reconheçam a importância do livro com uma

possibilidade de trocas interpessoais.

Para que o professor tenha um bom trabalho, no sentido de desenvolver os

seus alunos, o mesmo deve aprofundar – se no conteúdo, conhecer cada uma

das crianças que lhe serão confinadas, a realidade social do país e a melhor

forma de fazer com que seus alunos aprendam a ler. Seu papel será de fazer

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observações da turma sobre um melhor resultado do processo de ensino –

aprendizagem, por que seu ponto de vista como leitor e suas demonstrações

adequadas sobre a leitura influenciará no comportamento da criança, no sentido

que as crianças sempre procuram objetivos sobre determinadas situações, e

isso, inclui a leitura.

Mas para que a criança desenvolva bem a linguagem escrita, ela precisa

ter fluência verbal, é curioso que a tolerância dos que os adultos costumam ter em

relação às peculiaridades da fala da criança não se mantenha com outras

aprendizagens, como a da linguagem escrita. Parece ser maior a cobrança para

que a criança escreva do que para que ela fale da maneira adequada, ainda que

a aprendizagem da escrita envolva operações bem mais complexas do que a da

fala.

CONCLUSÃO

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Contribuir para o crescimento dos processos da aprendizagem e

auxiliar no que diz respeito a qualquer dificuldade em relação ao rendimento

escolar é do âmbito de toda a comunidade pedagógica. Ter conhecimento de

como o aluno constrói seu conhecimento, compreender as dimensões das

relações com a escola, com os professores, com o conteúdo e relaciona – los

aos aspectos afetivos e cognitivos, permite uma atuação mais segura e eficiente.

Reflitamos a respeito do ser global que está perante um movimento de

aprendizagem. Devemos considerar que o desenvolvimento deste ser se dá

harmoniosamente e equilibradamente nas diferentes condições orgânica,

emocional, cognitiva e social.

Para a escola do aprendiz, a família é a matriz indispensável para que o

trabalho de construção do cidadão aconteça. Toda a riqueza do desenvolvimento

da criança se inicia na família e vai se fortificando à medida que a criança vai

estabelecendo sua rede relacional que, na seqüência, acontece na escola e se

expande para além dela. É em relação com seus pares e em um contexto

democrático, que a criança consolida o seu papel social de cidadão.

Toda e qualquer dificuldade escolar tem uma causa e uma solução.

Ninguém nasce com dificuldades escolares, elas aparecem ao longo do caminho

e precisam ser observadas, respeitadas e solucionadas. É tarefa de todo e

quaisquer educadores, sejam eles os pais ou os professores, ter como base

ética o compromisso de ver, desenvolver dignamente e efetivamente a

aprendizagem de seus processos de ensino que possam colaborar para a

inclusão destas crianças no mundo das letras crianças no mundo das letras,

ajudando – as a sobreviver dentro deste único modelo de escola que se nos

apresenta.

Não podemos mais continuar contribuindo para que nossa sociedade

padeça com as conseqüências que a desinformação dos problemas escolares

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promove, não podemos mais fechar os olhos e calar. Precisamos urgentemente

lutar para que as novas formas de mediar cheguem dentro das escolas, aos

educadores e aos pais.

Assim, o conjunto de ações que a escola, o professor, a família e o meio

exercem interativamente no processo de ensino – aprendizagem, deve ser

enfocados por uma visão que enfatize o domínio cognitivo, aliado à sensibilidade

já que, como o tem mostrado a recente psicologia da educação, todo o

conhecimento é inútil quando desacompanhado de motivações, interesses e

atitudes.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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edição. Petrópolis: Vozes, 1998.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. São Paulo: Cortez, 1991.

MANTOAN, Maria Thereza Egler; NUNES, Clarisse. Educação em questão. São

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Alegre: Editora Artes Médicas, 1992.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A SUPERVISÃO ESCOLAR

1.1 - A visão atual da Supervisão Escolar 10

1.2 –Supervisor Escolar e professor: o trabalho em conjunto 17

CAPÍTULO II

OS DISTURBIOS DE APRENDIZAGEM

2.1 – Que são dificuldades de aprendizagem? 23

2.2 – Que causa as dificuldades de aprendizagem? 25

2.3 – Como identificar e avaliar as dificuldades de aprendizagem? 26

2.4 – Que modalidades de atendimento e que tipo de serviços para

o aluno com dificuldades de aprendizagem? 29

CAPITULO III

O SUPERVISOR E OS DISTURBIOS DE APRENDIZAGEM

3.1 – Relação família, escola e aprendizagem 31

3.2 – Como o professor poderá ajudar seus alunos a enfrentar tais

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dificuldades 35

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43

ÍNDICE 45

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Distúrbios de Aprendizagem: Como lidar com este

problema?

Autor: Soraia Nahas

Data da entrega: 22 de janeiro de 2005

Avaliado por: Conceito: