distÚrbios de aprendizagem · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até...

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM Viviane dos Santos Oliveira ORIENTADORA Mª. DINA LÚCIA CHAVES ROCHA Rio de Janeiro 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

Viviane dos Santos Oliveira

ORIENTADORA

Mª. DINA LÚCIA CHAVES ROCHA

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

Rio de Janeiro

2010

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Docência do Ensino Superior. Por:Viviane dos Santos Oliveira.

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Agradecimentos

A todos que acreditaram em mim e me apoiou para a

realização dessa nova conquista, em especial aos meus pais que

sempre me incentivou a lutar pelos meus objetivos e ensinaram a

vencer os obstáculos da vida.

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Dedicatória

Dedico a minha família que sempre me apoiou nos momentos

difíceis e a minha primeira professora Marilza que me ensinou as

primeiras letras.

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RESUMO

O presente trabalho apresenta os principais distúrbios de aprendizagem

encontrados nas instituições escolares e como eles dificultam a aquisição do

conhecimento. E mostrará também que mesmo diante de inúmeras

informações sobre estes distúrbios é comum encontrar docentes que ficam

apreensivos ao se deparar com alunos com dificuldades, pois não acreditam

que ao adotar uma prática diferenciada que supra as necessidades do aluno,

este terá um bom rendimento acadêmico. Para muitos profissionais da

educação a única solução é a utilização de remédios para amenizar os efeitos

do distúrbio e ter seres disciplinados em classe, este fato de querer disciplinar

os alunos e a visão que só tem aprendizagem em salas na qual os alunos

permanecem quietos, disciplinados e ouvindo tudo que o professor fala vem

desde que a instituição escola era domínio da igreja e por conta disso

percebemos o aumento absurdo do consumo de medicamentos pelas crianças

em busca de seres perfeitos.

PALAVRAS-CHAVE: Distúrbios de aprendizagem, prática docente e medicalização.

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METODOLOGIA Este trabalho é fruto de reflexões a partir de observações da prática

docente e de diversos profissionais da educação que pude perceber ao longo

de minha trajetória profissional e de pesquisa bibliográfica a partir de

inquietudes minhas quando me deparei com um aluno que possuía um

distúrbio de aprendizagem e eu não sabia como ajudá-lo a prosseguir nos seus

estudos e ao pesquisar, ler vi que é possível adotar uma prática diferenciada

de acordo com as necessidades deste aluno e fazê-lo evoluir academicamente.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO 1

DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM 10

CAPÍTULO 2

TDAHI 15

CAPÍTULO 3

DISLEXIA 24

CAPÍTULO 4

SUPERDOTAÇÃO 34

CAPÍTULO 5

REFLEXÕES SOBRE A MEDICALIZAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR 41

CONCLUSÃO 46

BIBLIOGRAFIA 47

ÍNDICE 49

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INTRODUÇÃO

E de suma importância, que o professor tenha conhecimento dos

desafios que o cerca, e meios para enfrentá-los e resolvê-los. Ser capaz de

descobrir o que desmotiva seu aluno a aprender a fim de auxiliar o

desenvolvimento do processo educativo antes que esse aluno se sinta rejeitado

pelos colegas de classe agravando sua condição e em muitos casos o

abandono dos estudos. Este trabalho surgiu devido a questionamentos

pessoais que surgiram ao longo de minha prática pedagógica nas escolas que

lecionei. E ganhou força para se tornar uma pesquisa quando eu enfrentei o

problema: tinha um aluno com distúrbio (transtorno) de aprendizagem em

minha classe. O que fazer? Como agir? E ao buscar ajuda para melhor

encaminhar este aluno na construção do conhecimento não obtive sucesso,

pois os profissionais que compunha o corpo docente também não sabiam como

agir, a coordenadora tentou me ajudar, mas não obtivemos sucesso e com a

família do aluno não se podia contar, pois esta mascarava a dificuldade da

criança sempre colocando culpa na escola.

Foi neste momento que tive a percepção que é comum ouvirmos nos

corredores das escolas, nos conselhos de classe professores comentar: meu

aluno tem dislexia, só pode já viu como ele escreve? Ou meu aluno é

hiperativo, não para quieto aquele menino, precisa de remédio vou falar com os

pais dele, assim não dá atrapalha minha aula. Virou rotina essas situações nas

escolas, professores rotulando seus alunos por este não estarem enquadrados

no padrão perfeito de comportamento que a escola e sociedade desejam pois

deste modo , a tolerância e aceitação dos pais aumentam e serve também

como justificativa para o mau rendimento escolar . Mas como os docentes

podem nomenclatura seus alunos se o que vimos em nossas instituições de

ensino é um grande déficit de informações sobre os transtornos de

aprendizagem. Pode–se perceber claramente isso no cotidiano escolar, por

ser um pouco agitado o aluno é rotulado como hiperativo, mas a agitação

também pode ser uma das características de um superdotado.

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Diante de tantas questões me propus a pesquisar os distúrbios de

aprendizagem, dando enfoque em três mais comuns nas escolas: a dislexia, o

TDAH e a superdotação. E como medicar tornou-se mais fácil do que repensar

a prática pedagógica da escola.

E com o resultado deste trabalho espero ajudar os profissionais da

educação a identificar de maneira eficaz e rápida as características de cada

transtorno, e mostrar que com adaptações em sua prática e possível levar seu

aluno especial ultrapassar o espaço escolar, no sentido de se tornar apto para

o enfrentamento dos obstáculos do cotidiano, ser capaz de criar e interagir

socialmente, independente de suas especificidades , respeitando sempre a

individualidade e as limitações de cada um. E conscientizar os pais que a

família e de suma importância, pois com o apoio o aluno tende a superar mais

facialmente as dificuldades, desafios e preconceitos que possam ocorrem

nesse processo.

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CAPÍTULO I

DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM

Todas as escolas têm dificuldades, no exercício de suas funções,

seja por falta de profissionais suficientes para suprir a demanda da instituição

ou por não possuir recursos materias e tecnológicos, problemas com drogas,

violências entre outros que acontece tanto na rede publica quanto na rede

particular de ensino. Mas pode-se dizer que alunos distúrbios de aprendizagem

é uma dificuldade antiga e que continua muito presente em nossas instituições

de ensino e que necessita de dedicação, paciência, qualificação e esforço para

ser resolvida. Pois depende de um grupo de indivíduos para ajudar o aluno

com dificuldade, o apoio dos pais é fundamental, de profissionais

especializados para o acompanhamento e que o professor utilize métodos para

ajudar o desenvolvimento desse aluno.

Há décadas o fracasso escolar vem sido atribuído a questões de

saúde. Em 1970 e 80 culpava-se a desnutrição e os distúrbios neurológicos

pelos baixos índices desempenhos. Na sociedade atual, em pleno século XXI,

esse preconceito, pois um aluno com uma doença ou distúrbio pode aprender

normalmente, ganhou novos nomes entre tantos se destaca a dislexia, o

transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e impulsividade (TDAHI), que

se transformou na doença da modernidade, pois se um individuo não se

enquadra nos padrões de comportamento é taxado como hiperativo e como

consequência disso vemos o crescente aumento de uso de medicamentos,

para controle desses transtornos, mas isso será melhor explorado em outro

capítulo.

A busca da perfeição, de uma padronização de comportamento,

na qual o certo é ficar quieto ouvindo o que o professor diz o encaminhamento

de alunos com “transtorno” aos consultórios médicos tornou-se uma pratica

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11comum das instituições de ensino e na maior parte dos casos os alunos

encaminhados não apresentam nenhum tipo de transtorno de aprendizagem

apenas o simples fato de não se encaixa nos padrões desejáveis de

comportamento e de sucesso no processo ensino- aprendizagem ou pela a

falta de autoridade e paciência dos pais o que torna o individuo mau educado e

indisciplinado. Um fato também que faz aumentar o número de

encaminhamentos é o motivo de muitos professores não saber diferenciar

distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque

necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

aguardam este tempo. A observação diária e o dialogo com os pais são os

grandes aliados para diferenciar a dificuldade do transtorno.

Pode-se dizer que a dificuldade de aprendizagem é um

termo global que abrange causas relacionadas ao sujeito que aprende, tais

como: os conteúdos pedagógicos, ao professor, aos métodos de ensino, ao

ambiente físico e social da escola. E um problema que pode ter ligação:

emocional, físico, social e ao ser resolvido o processo ensino - aprendizagem

volta ao normal. Já o distúrbio de aprendizagem esta relacionado a um grupo

de dificuldades especificas e pontuais, caracterizada pela presença de uma

disfunção neurológica.

Então se entende que alunos que apresentam dificuldade na

aquisição da matéria teórica, embora apresentem inteligência normal e não

demonstrem desfavoreci mento físico, emocional ou social. Segundo essa

definição indivíduos com distúrbios de aprendizagem não são incapazes de

aprender, pois o transtorno não é uma deficiência irreversível, mas uma forma

de imaturidade que requer atenção e métodos de ensino apropriados para

alcançar o sucesso escolar. Deve-se destacar que os distúrbios de

aprendizagem não devem ser confundidos com deficiência mental.

Segundo Fonseca (1995), algumas características podem indicar

que um individuo possua distúrbio de aprendizagem são elas:

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12a) Não apresentar um desempenho compatível com sua idade quando

lhe são fornecidas experiências de aprendizagem apropriadas;

b) Apresenta discrepância entre seu desempenho e sua habilidade

intelectual em uma ou mais das seguintes áreas: expressão oral e

escrita, compreensão de ordens orais, habilidades de leitura e

compreensão e cálculo e raciocínio matemático.

Além disso, costuma-se considerar quatro critérios adicionais no

diagnostico de distúrbios de aprendizagem. Segundo Fonseca (1995), para que

a criança possa se incluída neste grupo, ela deverá:

a) Apresentar problemas de aprendizagem em uma ou mais áreas;

b) Apresentar uma discrepância significativa entre seu potencial e seu

desempenho real;

c) Apresentar um desempenho irregular, isto é, a criança tem

desempenho satisfatório e insatisfatório alternadamente, no mesmo

tipo de tarefa;

d) O problema de aprendizagem não é devido a deficiências visuais,

auditivas, nem a carências ambientais ou culturais, nem problemas

emocionais.

Ainda não se obteve um consenso sobre os critérios para determinar

com segurança as causas dos distúrbios de aprendizagem. Mas o que muitos

especialistas têm como hipótese é que pode haver comprometimento de um ou

mais processos psicológicos envolvidos na compreensão da linguagem falada

e escrita, que pode se manifestar por uma imperfeição na aptidão de escrita,

pensar, ler, soletrar, concentrar, escrever ou fizer cálculos matemáticos.

Por isso, e de suma importância que os profissionais da educação,

sejam capazes de identificar características básicas que diferencie um

transtorno de uma dificuldade ou de uma simples inquietude natural de um

individuo. Até porque é comum principalmente na infância, todos gostam de

brincar, correr, pular e gritar ou até mesmo xinga, fazer birra, não respeitar os

pais ser indisciplinados. Ainda que não sejam desejáveis, esses

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13comportamentos são normais, deve-se ficar atento entre a normalidade e a

doença está na freqüência dessas atitudes, e para isso precisa observar e

acompanhar o individuo por uns seis meses para então fazer um diagnostico

preciso. E fatos traumáticos, como separação de pais ou mortes de entes

queridos, podem gerar mudanças importantes. O transtorno só se manifesta

mesmo quando passa atrapalhar os relacionamentos e o desenvolvimento

escolar.

O professor ao se deparar com um aluno que possua um distúrbio

de aprendizagem deve adotar certos procedimentos em sua prática para

melhorar o processo de ensino – aprendizagem desse aluno e seu

relacionamento com os colegas de classe vejam algumas sugestões abaixo,

segundo Fonseca (1995):

Atitudes que devem ser adotadas:

1- Evitar que o aluno se sinta inferior;

2- Considerar o problema de maneira serena e objetiva;

3- Avaliar o desempenho do aluno pela qualidade de seu trabalho;

4- Estimulá-lo a enfrentar o problema, procurando superar-se;

Atitudes que devem ser evitadas:

1-Ressaltar as dificuldades do aluno;

2- Corrigir o aluno com frequência perante a classe;

3- Relegar ou ignorar a criança que não consegue superar sua

dificuldade.

Com pequenas mudanças e atitudes acertadas o professor

poderá ajudar no sucesso escolar do aluno com transtorno, seja em que nível

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14de escolaridade ele esteja, mas é claro que o apoio dos pais e de profissionais

especializados é de suma importância para sucesso tanto acadêmico como

pessoal desse individuo.

Nos capítulos seguintes três dos transtornos mais freqüentes nas

instituições de ensino irão ser abordados, são eles: o TDHAI, a dislexia, e a

superdotação, serão apontadas as principais características e como é possível

com uma prática docente adequada, vencer os desafios, os preconceitos e ter

sucesso na vida acadêmica.

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CAPÍTULO II

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E

HIPERATIVIDADE E IMPULSIVIDADE

2. 1 TDAHI o Que é?

É um transtorno neurobiólogo de causas genéticas que aparece na

infância e freqüentemente acompanha o individuo por toda sua vida. Ele se

caracteriza por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, com

isso levando ao comprometimento da vida social, profissional e acadêmica.

O TDAHI interfere na habilidade da pessoa de manter atenção,

especialmente tarefas repetitivas e controlar as emoções. Nas suas atitudes

elas não possuem alto controle e domínio de seus impulsos.

De acordo, Ana Beatriz Silva, autora do livro Mentes Inquietas,

existem sintomas que caracterizam cada um desses subtipos e a partir desses

sintomas pode-se classificar o TDAHI como: predominante desatento,

predominante impulsivo e hiperativo e misto.

• Predominante desatento: seis ou mais sintomas de

desatenção devem estar presentes e alguns sintomas do modo

hiperativo e impulsivo.

• Predominante impulsivo e hiperativo: seis ou mais sintomas

de hiperatividade e impulsividade devem estar presentes e alguns

sintomas do módulo de desatenção.

• Misto: seis ou mais sintomas de desatenção e seis ou mais

sintomas de hiperatividade.

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16Esse diagnóstico é feito por um profissional especializado

depois da realização da aplicação de vários testes específicos.

2.2- Alteração da Atenção

É um dos sintomas mais importantes para se efetuar o diagnóstico

de um TDAHI. Uma pessoa com TDAHI jamais deixará de apresentar uma forte

tendência à dispersão. Essa dificuldade causa situações bastante

desconfortáveis, porque estes lapsos de desatenção acabam gerando

problemas de relacionamento interpessoal, grande dificuldade de organização

em todos os setores da vida. Essa desorganização acaba por fazê-lo gastar

muito mais tempo e esforço para realizar suas tarefas cotidianas.

Porém um TDAHI pode apresentar-se hiper-concentrados em

determinados assuntos ou atividades que lhe despertem interesse.

Atualmente, para que seja feito o diagnóstico em crianças, seis ou

mais dos seguintes sintomas, segundo Ana beatriz Silva, de desatenção devem

estar presentes:

a)Freqüentemente parece não escutar quando lhe falam diretamente;

b) Freqüentemente não presta atenção a detalhes e comete erro por

descuido nas tarefas escolares, trabalho ou outras atividades;

c) Freqüentemente não segue instruções até o final e não terminam

tarefas escolares, atribuições domésticas ou deveres no trabalho

(que não seja devido a comportamento opositivo ou capacidade

de entender as instruções);

d) Freqüentemente tem dificuldade em organizar tarefas e

atividades;

e) Freqüentemente tem dificuldade em manter a atenção em tarefas

lúdicas;

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17f) Freqüentemente evita, desgosta ou é relutante em se engajar em

tarefas que exigem esforço mental contínuo mantido (tais como

tarefas escolares e domésticas);

g) Freqüentemente perde coisas necessárias para as tarefas e

atividades, tais como brinquedos, obrigações escolares, lápis,

livros e ferramentas;

h) Freqüentemente é facilmente distraído por estímulos externos;

i) Freqüentemente é esquecido em atividades diárias.

2.3- Impulsividade

A mente de um TDAHI funciona como um receptor de alta

sensibilidade que, ao captar um pequeno sinal, reage automaticamente sem

avaliar as características do objeto gerador do sinal captado.

Geralmente as crianças costumam falar o que vem a cabeça.

Envolvendo-se em brincadeiras perigosas. E por seu comportamento fora do

padrão desejável acabam sendo rotuladas como “mal-educadas”, “agressivas”

e “grosseiras”. Já o adulto continuará com seu impulso verbal descontrolado o

que lhe trará sérios problemas de relacionamento, na vida profissional e na

vida social.

2.4- Hiperatividade

É fácil identificar a hiperatividade em um TDAHI. Quando crianças

são agitadas, movem-se em sala de aula sem parar, mexem em vários objetos

geralmente derrubando-os. Já os adultos sacodem incessantemente as pernas,

rabiscam papéis, roem unhas, mexem o tempo todo no cabelo e buscam

sempre algo para manter suas mãos ocupadas.

De acordo com Ana Beatriz Silva, (2003, pág.401) para caracterizar

a presença de hiperatividade e impulsividade, seis ou mais dos seguintes

sintomas devem estar presentes:

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a) Freqüentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou em

outras situações nas quais se espera que permaneça sentado;

b) Freqüentemente corre ou escala em demasia, em situações nas

quais isto é inapropriado (em adolescente e adulto, a hiperatividade e

a impulsividade podem se manifestar por uma sensação subjetiva de

inquietude);

c) Freqüentemente tem dificuldade para brincar ou se envolver

silenciosamente em atividades de lazer;

d) Freqüentemente está a “mil” ou “a todo vapor”;

e) Freqüentemente fala em demasia;

f) Freqüentemente dá respostas precipitadas antes das perguntas

terem sido completadas;

g) Freqüentemente tem dificuldade para aguardar a sua vez;

h) Freqüentemente se intromete ou interrompe os outros;

i) Freqüentemente agita as mãos ou pés ou se remexe na cadeira;

2.5- Quais as Possíveis Causas do TDAHI:

Inúmeros estudos em todo o mundo demonstram que a prevalência

do TDAHI é semelhante em diferentes regiões o que indica que o transtorno,

não é proveniente de fatores culturais, o modo como os pais educam os filhos

ou resultado de conflitos psicológicos.

Os estudos científicos apontam que os portadores de TDAHI têm

alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A

região frontal é a mais desenvolvida no ser humano e é responsável pela

inibição do comportamento (controlar e inibir comportamentos inadequados),

pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e

planejamento.

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19 Algumas causas foram investigadas para estas alterações nos

neurotransmissores da região frontal e suas conexões:

a) Substâncias ingeridas na gravidez: a nicotina e o álcool quando

ingeridas durante a gravidez podem causar alterações em algumas

partes do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal orbital;

b) Sofrimento fetal: estudos mostram que mulheres que tiveram

problemas no parto que acabaram causando sofrimento fetal tinham

mais chance de terem filhos com TDAHI;

c) Exposição ao chumbo: crianças que sofreram intoxicação por

chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAHI;

d) Problemas familiares: Algumas teorias sugeriam que problemas

familiares como: alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da

mãe, famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar

caótico e famílias com nível socioeconômico mais baixo poderiam ser

a causa do TDAHI nas crianças. Porém estudos recentes têm

refutado esta idéia. Problemas familiares podem agravar um quadro

de TDAHI, mas não causá-lo.

e) Hereditariedade: os genes não são responsáveis pelo transtorno,

mas por uma predisposição ao TDAHI;

Diante do imenso impacto que o TDAHI proporciona na vida do

indivíduo, é, de suma importância o diagnóstico e o início do tratamento com

isso evitam-se maiores conseqüências psicológicas que podem prejudicar a

vida adulta.

Um tratamento eficaz envolve a combinação de medicamentos (os

mais utilizados são os psicoestimulantes) e psicoterapia. Também tem papel no

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20tratamento o apoio e compreensão da família e das pessoas que mais

convivem com o indivíduo.

Já na escola, os alunos com TDHI, apresentam maior probabilidade

a repetência, evasão escolar, baixo rendimento acadêmico e dificuldades

emocionais e de relacionamento. Pois esse tipo de transtorno dificulta a

aprendizagem da leitura e escrita, atrapalha nas tarefas que envolvam

coordenação visomotora, a escrita, desenho e cópia são inadequados e

geralmente e considerado um individuo desajeitado, sem equilíbrio e sem ritmo,

por todos esses motivos o aluno acaba desmotivado. Mas o professor pode

incorporar em sua prática, pequenos métodos didáticos alternativos de grande

valia para a melhoria do comportamento e desenvolvimento pedagógico do

aluno hiperativo, tais qual:

a) Dar tarefas curtas ou intercaladas, para que elas possam concluí-las

antes de se dispersarem;

b) Elogiar sempre os resultados;

c) Valorizar a rotina, pois ela deixa a criança mais segura, mantendo

sempre o estímulo, através de novidades no material pedagógico;

d) Usar jogos e desafios para motivá-los;

e) Permitir que elas consertem os erros, pedindo desculpas quando

ofender algum colega ou animarem a bagunça da classe;

f) Dar uma função oficial às crianças, como ajudantes do professor;

isso faz com que elas melhorem e abram espaços para o

relacionamento com os demais colegas;

g) Mostrar limites de forma segura e tranqüila, sem entrar em atrito;

h) Orientar os pais a procurarem um psiquiatra, um neurologista ou um

psicólogo;

i)Trabalhar com pequenos grupos, sem isolar as crianças hiperativas;

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21O sucesso em sala de aula, em muitos casos, exige uma série de

intervenções. E na maioria dos casos um aluno com TDHI permanece em

classe normal, apenas casos mais sérios são encaminhados para sala de aula

especial.

2.6 - TDAHI: Uma Doença da Modernidade?

A partir da descoberta do TDAHI como um distúrbio de

comportamento, a busca pela atenção em nossa sociedade se torna cada vez

mais necessária, e a sua falta significa a obrigatoriedade de uma intervenção

especializada para que esse indivíduo se torne apto ao convívio social e ao

enquadramento as regras propostas pela sociedade.

No final do século XIX, uma nova forma de perceber o mundo surge

e, a atenção, passa a ter a função alocada ao corpo, ou seja, cabe a atenção

permitir que o sujeito tenha um senso coerente e prático no mundo.

A atenção, então, torna-se crucial para um conhecimento ativo e

pragmático do mundo, e só se podia entendê-la levando-se em conta

os mecanismos fisiológicos da percepção e sua ligação com a ação

motora. (LIMA, 2005: pág. 130).

O mundo deixou de ser estático contemplativo e de uma reflexão

racional para ser veloz e confuso isso devido aos avanços técnicos, médicos e

do capital e nesse cenário de mundo a atenção se torna essencial nas relações

em sociedade. Ela é crucial para a economia

Com o modo de produção capitalista, as bases de organização são:

a atenção e a disciplina, e cabe a locais como as escolas e as fábricas o

adestramento dos sujeitos imersos nesses espaços.

Com a aceleração de informações, o apelo ao consumo e o

surgimento de tecnologias, a distração se tornou também presente na vida dos

indivíduos, pois a desatenção é desfavorável ao mercado, que a todo o

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22momento jogam informações e produtos nas mentes das pessoas. As

tentativas de se obter a atenção trouxeram também a desatenção e

transformou a desatenção em parte constitutiva do sujeito.

... durante o século XX – enfraquecimento do modelo centrado na

fábrica e a ascensão de formas pós-industriais de produção, com

ênfase na informação e comunicação-, a atenção não se viu

depreciada, mas antes se revigorou como categoria normativa no

mundo ocidental. (LIMA, 2005: Pág.134).

A atenção tornou-se a garantia de sobrevivência do sujeito, e quem

não se enquadra nesse modelo vai ser considerado TDAHI, ou seja, o

comportamento que não condiz com as formas de organização da sociedade

deverá ser controlado através de remédios como a Ritalina.

As mesmas forças que produziram corpos que, sedentários e isolados

em torno do computador ou da tv, atendem eficazmente ao imperativo

de consumo e espetáculo, também deram origem a condutas

ineficazes e socialmente inaceitáveis. Para estas, o TDAH e a Ritalina

servem como um novo – talvez o mais potente, mas provavelmente

não único-regime disciplinar sobre a atenção (.LIMA, 2005: pág.136).

Essa produção de atenção e distrabilidade provocam uma grande

produção de sujeitos com TDAHI, todas as pessoas que escapam as normas

são caracterizadas com TDAHI e são medicalizadas, o que escapa as normas

ou “não vai bem” se transforma em doença, ou seja, recorre-se a

medicalização na tentativa de se isentar da culpa por seu comportamento.

No entanto, o rótulo de crianças hiperativas pode permitir maior

aceitação e tolerância dos pais, professores, mas também pode servir para

justificar o mau rendimento escolar e alimentar o fracasso escolar.

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23É importante haver consistência e Constancia na atitude de todas as

pessoas que se relacionam com pessoas que possuam TDAHI, é essa regra

vale para o ambiente escolar. O professor deve desenvolver um sistema de

sinais privados com o aluno para sinalizar quando ele está agindo fora da

forma adequada.

Sabe-se que o convívio em sala de aula entre alunos com

transtornos de aprendizagem, sobretudo hiperatividade é complicado, é se

agrava ainda mais nas series inicias tanto pela falta de imaturidade dos alunos

quanto pela demora de ter um diagnostico do distúrbio, e por conta disso o

aluno é visto como um ser indisciplinado e não como portador de um transtorno

que o impede de ter uma boa conduta em sala de aula. A agitação, inquietude

e a falta da atenção de um aluno com TDAHI, podem acarretar inúmeras

situações desagradáveis em sala, como: os alunos interessados em ouvir o

que é dito pelo professor irá se indispor com um aluno hiperativo que não

sossega e só atrapalha, este poderá ser agredido verbalmente com palavras de

baixo calão , ou até mesmo agredido fisicamente. Em alguns casos o aluno que

tão rotulado que prefere não ir mais a escola, aumentando assim os índices de

evasão escolar.

Os profissionais da educação devem estar sempre atentos e seus

alunos, pois estes em pequenos gestos, palavras, desenhos e atitudes em seu

comportamento podem estar querendo expressar algo que lhe incomoda, as

vezes querem revelar um problema familiar , um abuso sofrido, ou um

transtorno que não o deixa evoluir no seu processo de aquisição da leitura e

escrita, e por conta disso é tão disperso e vem causando tantos problemas em

classe. O professor deve investigar quando seu aluno muda ou vem

apresentando um comportamento fora do “normal”. Conversar com os pais,

com os entes próximos, com antigos professores e com o aluno em questão,

que em muitos casos é difícil uma aproximação, é o começo para solucionar os

atritos em classe, e tornando assim com o tempo o convívio entre

docente/discente e discente/discente mais confortável para todos os envolvidos

no processo de aquisição do conhecimento.

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24

CAPÍTULO III

DISLEXIA

Entender como aprendemos e o porquê de muitas pessoas

inteligentes, e, até não dizer geniais experimentam dificuldades no seu

caminho de construção do conhecimento, é um desafio que a ciência vem

enfrentando por anos. Mas o avanço tecnológico atual esta sendo de grande

valia nos dias atuais, sobretudo a técnica de ressonância magnética funcional

que tem trazido importantes respostas sobre a dislexia.

A complexidade do que é dislexia, está diretamente vinculada ao

entendimento do ser humano de quem somos, do que é a memória, linguagem,

pensamento, de como aprendemos e por que aprendemos? O fator prejudicial

para assimilarmos esta realidade, se encontra no conceito arcaico de que:

quem é bom, é bom em tudo, ou seja, o individuo tem que saber tudo e ser

habilidoso em tudo que faz. Posição equivocada que Howard Gardner

aprofundou com excelente mestria em suas pesquisas e estudos, em especial

a obra Inteligência Múltiplas, na qual ele defende que ser tem uma habilidade

mais desenvolvida do que as demais, e por isso seu aprendizado mais rápido

utilizando esse veiculo. Insight que ele transformou em pesquisa

cientificamente comprovada e por causa disso alcançou a posição de um dos

maiores educadores de todos os tempos.

Sabe-se que são vários os problemas enfrentados pela instituição

escolar, mas o fantasma da dislexia é o que assombra, mas, sobretudo nas

séries inicias, onde são ensinadas as primeiras letras. Pois é quase um

consenso entre os educadores que este transtorno é um grande obstáculo que

impede o pleno desenvolvimento da leitura e escrita do aluno. A dislexia na

deve ser tratada como uma doença, embora em alguns casos e tratada como

Page 25: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

25tal, mas deve ser vista como um distúrbio de aprendizagem que pode ter

tratamento e trabalhando de um modo diferenciado em sala de aula pode

melhorar, e não impedir o desenvolvimento intelectual do individuo disléxico.

A palavra dislexia vem do grego dus = difícil, dificuldade; lexis=

palavra. Então, dislexia é o transtorno ou distúrbio de aprendizagem na área da

leitura, escrita e soletração. Ao contrário que muitos pensam não é resultado

de má formação, desatenção, desmotivação, condição social ou baixa

inteligência. É um distúrbio ainda sem causa definida e o diagnostico deve ser

feito por uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos,

psicopedagogos,fonoaudiólogo e clínico e o acompanhamento deve ser

direcionado para as particularidades de cada individuo, levando-o assim a

resultados concretos.

Segundo estudos americanos comandados pelo doutor William

Lovegrove(2002), alunos com dislexia não apresentam diferença dos não

disléxicos na fixação visual ao ler, porém encontra dificuldades significativas

em seu mecanismo de transição no correr dos olhos em seu ato de mudança

de foco de uma silaba a seguinte, fazendo com que a palavra passasse ser

percebida, visualmente, como se estivesse borrada, com traçado carregado ou

sobreposto. É como se as palavras dançassem e pulassem diante dos olhos

dos disléxicos, dificultando sua concentração na leitura e na escrita, levando

este aluno a tirar notas baixas.

Mesmo diante de tantas informações, em muitos casos, o

diagnostico é tardio e vem acontecer quando o individuo esta na adolescência

ou até mesmo na vida adulta, é seu rendimento escolar é prejudicado, muitas

notas baixas, e como consequência baixa auto- estima, o que faz muitos deixar

a escola aumentando a evasão escolar, ou se tornam “analfabeto funcional”.

Os professores assim como os pais devem estar super atentos aos pequenos

sinais que o aluno demonstra, vejamos abaixo alguns sintomas da dislexia:

Haverá sempre:

a) Dificuldades com linguagem e escrita;

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26b) Dificuldades em escrever;

c) Dificuldades com ortografia;

d) Lentidão na aprendizagem da leitura.

Haverá muitas vezes:

a) Disgrafia (letra feia);

b) Discalculia, dificuldade com matemática, sobretudo na

assimilação de símbolos e de decorar tabuada;

c) Dificuldades para compreender textos escritos.

Haverá às vezes:

a) Dificuldades com a linguagem falada;

b) Dificuldades com percepção espacial;

c) Confusão entre direita e esquerda.

Ainda segundo Dr. William Lovegrove (2002), os sintomas são mais

específicos de acordo com a idade do individuo como podemos observar

abaixo:

Na primeira infância:

1) Atraso no desenvolvimento motor desde a fase de engatinhar,

sentar e andar;

2) Atraso ou deficiência na aquisição da fala, desde o balbucio á

pronuncia de palavras;

3) Parece difícil para essa criança entender o que está ouvindo;

4) Suscetibilidade à alergias e à infecções;

5) Chora muito e parece inquieta ou agitada com muita freqüência;

6) Dificuldades para aprender a andar de triciclo;

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277) Dificuldades de adaptação nos primeiros anos escolares.

A partir dos setes anos de idade:

1) Pode ser extremamente lento ao fazer seus deveres;

2) Ao contrário, seus deveres podem ser feitos rapidamente e com

muitos erros;

3) Copia com letra bonita, mas tem pobre compreensão do texto ou

não lê o que escreve;

4) A fluência em leitura é inadequada para a idade;

5) Inventa, acrescenta ou omite palavras ao ler e ao escrever;

6) Só faz leitura silenciosa;

7) Ao contrário, só entende o que lê, quando lê em voz alta para

ouvir o som da palavra;

8) Sua letra pode ser mal grafada, borrar ou ligar as palavras entre

si;

9) Pode omitir acrescentar, trocar ou inverter a ordem e direção de

letras e sílabas;

10) Esquece aquilo que aprendera muito bem, em poucas horas, dias

ou semanas;

11) E mais fácil ou só é capaz de transmitir o que sabe através de

exames orais.

Na fase adulta:

1) Tem dificuldade de leitura e soletração;

2) Manter equilíbrio em exercício físico é extremamente difícil para

muitos disléxicos;

3) Dificuldade para andar de bicicleta, abotoar camisa, amarrar o

cordão dos sapatos;

Page 28: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

284) Sua escrita pode ser extremamente lenta, laboriosa, ilegível, sem

domínio do espaço na página.

Para os disléxicos a escrita em computador, máquina de escrever se

torna mais fácil do que com letra cursiva, assim como realizar testes e provas

de forma oral. Os disléxicos podem aprender normalmente como os outros

alunos podendo perfeitamente seguir seus estudos até onde desejar, o que

eles precisam e que seu ritmo seja respeito como podemos observar na citação

abaixo de um aluno disléxico, de 13 anos, morador de São Paulo e que cursa a

8ª série do Ensino Fundamental, que faz parte da reportagem concedida a

repórter Deca Pinto para revista nova escola para a reportagem Distúrbios de

aprendizagem no mês janeiro de 2008.

A dislexia não me impede de aprender e passar de ano. Sou um

aluno normal, mas que precisa de mais tempo para acompanhar a

turma. Qual o problema?(CAMARGO, 2008: pág.67)

Os alunos disléxicos merecem ser encorajados a sentir que são

capazes e, para isso, nada melhor que o apoio, amizade, carinho e amor que

precisa vir de todos os que os cercam seus amigos, colegas, famílias,

profissionais da educação. Mas sabemos que o preconceito ainda é grande por

parte dos outros alunos e até mesmo pelos pais dos alunos, e que relata a mãe

de um menino disléxico que cursa a 8ª série do Ensino Fundamental, que

também faz parte da reportagem concedida a repórter Deca Pinto para revista

nova escola para a reportagem Distúrbios de aprendizagem Entender como

aprendemos e o porquê de muitas pessoas inteligentes, e, até não dizer

geniais experimentam dificuldades no seu caminho de construção do

conhecimento, é um desafio que a ciência vem enfrentando por anos. Mas o

avanço tecnológico atual esta sendo de grande valia nos dias atuais, sobretudo

a técnica de ressonância magnética funcional que tem trazido importantes

respostas sobre a dislexia.

Page 29: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

29 A complexidade do que é dislexia, está diretamente vinculada ao

entendimento do ser humano de quem somos, do que é a memória, linguagem,

pensamento, de como aprendemos e por que aprendemos? O fator prejudicial

para assimilarmos esta realidade, se encontra no conceito arcaico de que:

quem é bom, é bom em tudo, ou seja, o individuo tem que saber tudo e ser

habilidoso em tudo que faz. Posição equivocada que Howard Gardner

aprofundou com excelente mestria em suas pesquisas e estudos, em especial

a obra Inteligência Múltiplas, na qual ele defende que ser tem uma habilidade

mais desenvolvida do que as demais, e por isso seu aprendizado mais rápido

utilizando esse veiculo. Insight que ele transformou em pesquisa

cientificamente comprovada e por causa disso alcançou a posição de um dos

maiores educadores de todos os tempos.

Sabe-se que são vários os problemas enfrentados pela instituição

escolar, mas o fantasma da dislexia é o que assombra, mas, sobretudo nas

séries inicias, onde são ensinadas as primeiras letras. Pois é quase um

consenso entre os educadores que este transtorno é um grande obstáculo que

impede o pleno desenvolvimento da leitura e escrita do aluno. A dislexia na

deve ser tratada como uma doença, embora em alguns casos e tratada como

tal, mas deve ser vista como um distúrbio de aprendizagem que pode ter

tratamento e trabalhando de um modo diferenciado em sala de aula pode

melhorar, e não impedir o desenvolvimento intelectual do individuo disléxico.

A palavra dislexia vem do grego dus = difícil, dificuldade; lexis=

palavra. Então, dislexia é o transtorno ou distúrbio de aprendizagem na área da

leitura, escrita e soletração. Ao contrário que muitos pensam não é resultado

de má formação, desatenção, desmotivação, condição social ou baixa

inteligência. É um distúrbio ainda sem causa definida e o diagnostico deve ser

feito por uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos,

psicopedagogos,fonoaudiólogo e clínico e o acompanhamento deve ser

direcionado para as particularidades de cada individuo, levando-o assim a

resultados concretos.

Page 30: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

30 Segundo estudos americanos comandados pelo doutor William

Lovegrove(2002), alunos com dislexia não apresentam diferença dos não

disléxicos na fixação visual ao ler, porém encontra dificuldades significativas

em seu mecanismo de transição no correr dos olhos em seu ato de mudança

de foco de uma silaba a seguinte, fazendo com que a palavra passasse ser

percebida, visualmente, como se estivesse borrada, com traçado carregado ou

sobreposto. É como se as palavras dançassem e pulassem diante dos olhos

dos disléxicos, dificultando sua concentração na leitura e na escrita, levando

este aluno a tirar notas baixas.

Mesmo diante de tantas informações, em muitos casos, o

diagnostico é tardio e vem acontecer quando o individuo esta na adolescência

ou até mesmo na vida adulta, é seu rendimento escolar é prejudicado, muitas

notas baixas, e como consequência baixa auto- estima, o que faz muitos deixar

a escola aumentando a evasão escolar, ou se tornam “analfabeto funcional”.

Os professores assim como os pais devem estar super atentos aos pequenos

sinais que o aluno demonstra, vejamos abaixo alguns sintomas da dislexia:

Para os disléxicos a escrita em computador, máquina de escrever se

torna mais fácil do que com letra cursiva, assim como realizar testes e provas

de forma oral. Os disléxicos podem aprender normalmente como os outros

alunos podendo perfeitamente seguir seus estudos até onde desejar, o que

eles precisam e que seu ritmo seja respeito como podemos observar na citação

abaixo de um aluno disléxico, de 13 anos, morador de São Paulo e que cursa a

8ª série do Ensino Fundamental, que faz parte da reportagem concedida a

repórter Deca Pinto para revista nova escola para a reportagem Distúrbios de

aprendizagem no mês janeiro de 2008.

Os alunos disléxicos merecem ser encorajados a sentir que são

capazes e, para isso, nada melhor que o apoio, amizade, carinho e amor que

precisa vir de todos os que os cercam seus amigos, colegas, famílias,

profissionais da educação. Mas sabemos que o preconceito ainda é grande por

parte dos outros alunos e até mesmo pelos pais dos alunos, e que relata a mãe

Page 31: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

31de um menino disléxico que cursa a 8ª série do Ensino Fundamental, que

também faz parte da reportagem concedida a repórter Deca Pinto para revista

nova escola para a reportagem

2008.

no mês janeiro de 2008.

A discriminação é muito pior do que qualquer distúrbio porque destrói

o interesse da criança pelo aprender. Reverter esse quadro é um

longo trabalho. (OLIVEIRA, 2008: pág.68).

Em suma, ao se deparar com um aluno diagnosticado como

disléxico em sua sala de aula, ou na nossa família não precisa se desesperar.

Deve-se com respeito, dando a ele o tempo necessário, deixá-lo seguir o ritmo

sem forçá-lo a nada, e sempre procurando incentivar, apoiar e mostrar que

mesmo com o distúrbio de aprendizagem, pode se chegar onde deseja. Temos

belos exemplos de pessoas conhecidas que mesmo sendo disléxicos se

tornaram os melhores no que fazem, podemos citar como exemplos: Leonardo

da Vinci, excelente pintor, assim como Pablo Picasso, outro que foi genial

Albert Einstein e Tom Cruise um ótimo ator, entre outros.

3.1- O Professor e o Trabalho Com o Aluno Disléxico

Sabe-se que a realidade do professor é cheia de dificuldades em

seu cotidiano, ele enfrenta vários obstáculos como: precariedade de material

didático, de estruturas, salas superlotadas, violência, entre outros que quando

ele se depara com um aluno que possui dislexia ou qualquer outro distúrbio de

aprendizagem em sua sala de aula, o primeiro impacto é pensar, esse aluno irá

me atrapalhar todo meu planejamento e o desempenho de minha turma. Mas

sabe-se que este pensamento não é verdadeiro, e o primeiro passo é se

informar sobre o transtorno, as suas principais características, as principais

dificuldades enfrentadas pelo individuo que possui pelo o distúrbio, pois só

Page 32: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

32assim poderá ajudar. Se tratando da dislexia então, o professor necessita ter

conhecimento e ser capacitado, pois só com essas informações o professor

poderá realizar um bom trabalho em classe, e ajudar o aluno a não se sentir

excluído ou com a auto-estima baixa e pouco a pouco vá superando o trauma

da sua incapacidade de aprender a ler e escrever corretamente.

Mas segundo Oliveira, muitos professores com preocupação de

ensinar as primeiras letras, encaminham os alunos diversas vezes as clínicas

que os rotulam como “doentes”, incapazes como podemos observar na citação

a seguir:

Na maioria das vezes os professores têm um conceito errado em

relação ao problema apresentado pelo aluno, considerando-o

relapso, desatento, preguiçoso e sem vontade de aprender. Isso faz

que o aluno se sinta incapaz, sem motivação, tem reações rebeldes

e até desperta um quadro de depressão. O quadro se agrava ainda

mais quando ocorre a repetência e evasão escolar, pois muitas

vezes não temos real diagnóstico. (OLIVEIRA, 1997)

Um método de trabalhar com aluno que tem dislexia é explicar

tudo ao aluno, passo a passo, dividir as lições em partes, deixar que faça

provas e testes oralmente, ler muito para o aluno (nisso a família também pode

colaborar), leituras curtas que sejam interessantes, oferecer auxílio a

compreensão do que foi lido través de ilustrações ajuda muito, melhorarem o

vocabulário das crianças principalmente. O professor deverá aproveitar as

características positivas dos alunos para ajudar através de atividades que

estimule o seu desenvolvimento lingüístico, ortográfico e em todas as áreas de

sua deficiência.

Encontrar um meio de fazer o aluno prosseguir nos estudos é

uma tarefa árdua, é para isso é primordial que o professor tenha paciência, o

motive diariamente, atenda suas necessidades. E lembrar sempre que um

disléxico não deve ser alfabetizado no método tradicional, pois ele não

Page 33: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

33consegue internalizar o todo, necessitando ter um trabalho individualizado, com

bastante repetição, utilizando também, o método fonético, pois sua dificuldade

está, principalmente, em fixar os fonemas.

Ser calmo é a palavra ordem para o professor, pois o aluno

disléxico é lento, e por conta disso necessita de mais tempo para realizar as

tarefas, provas, copiar da lousa, resolvê-la, além disso, é necessário usar

diferentes estratégias cm este aluno, para que ele entenda o conteúdo como: o

uso de matérias estimulantes e interessantes, os quais ele possa ver sentir,

ouvir, manusear, tais como: jogos, cartazes, histórias em CD, material dourado,

etc., buscando ensiná-lo da maneira como ele entender melhor o conteúdo

proposto mesmo que seja através de uma brincadeira onde tudo seja realizado

na oralidade.

Mas o professor assim como os pais dever ter o conhecimento

que mesmo realizando um trabalho diferenciado e fazendo um tratamento, o

aluno nunca deixará de ser disléxico, porém ele poderá ter uma vida quase

normal, ser capaz de ler e escrever com algumas dificuldades, no tempo dele,

no ritmo dele fato que deve ser respeitado tanto pela escola e a família.

Então cabem os pais e professores trabalharem em conjunto e um

não pode contradizer o outro, buscando sempre aumentar a motivação para

restaurar a autoconfiança do aluno disléxico, valorizando o que ele faz mesmo

que não esteja completamente correto tendo o cuidado para não enfatizar os

erros cometidos por ele. É necessário valorizar todo esforço e interesse

demonstrado pelo mesmo, respeitando seu ritmo, seu distúrbio e sua

singularidade, só assim ele conseguirá superar os desafios e vencer as

barreiras no processo-ensino aprendizagem.

Page 34: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

34

CAPÍTULO IV

SUPERDOTAÇÃO

Diante de todos os distúrbios de aprendizagem que temos

conhecimento, diagnosticar um aluno com superdotação é o mais complicado.

Pois muitas vezes um aluno com altas habilidades é rotulado como hiperativo,

porque as características de ambos os distúrbios são semelhantes. É mesmo

depois de ser diagnosticado o trabalho de pais e professores é árduo com os

superdotados, pois raramente encontramos indivíduos com múltiplas

habilidades, então quando o aluno está na aula de seu interesse ele será

aplicado, atencioso, e prestará atenção em tudo, mas quando o assunto não

lhe interessa este ficará disperso, podendo ficar inquieto, falante ou

simplesmente calado, no mundo da lua, como dizem não evoluindo

academicamente.

Indivíduos com superdotados com distúrbios de aprendizagem

são difíceis de identificar. O seu distúrbio de aprendizagem mascara a

superdotação e vice-versa. Por esta razão, tais crianças frequentemente se

parecem com crianças que não apresentam nenhum tipo de distúrbio. Como

resultado, elas não são tratadas como precisam tanto que no que se refere à

superdotação quanto à dificuldade de aprendizagem.

Geralmente a primeira imagem que vem a cabeça ao ouvir o

termo superdotado é a de um “mini cientista”, ou uma enciclopédia ambulante.

Um aluno (a) que não tira notas baixas e é infalível. Na verdade para se

trabalhar com indivíduos que possuem altas habilidades requer, antes de tudo,

derrubar dois mitos: o primeiro é que superdotados são gênios com

capacidades raras em todas as áreas. Sabe-se o que acontece é que eles

apresentam facilidades do que a maioria em determinadas áreas, alguns

gostam de cálculos matemáticos e fórmulas físicas, mas outros tem aptidões

Page 35: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

35para teatro, artes,música,esportes,estudo de idiomas e tantas outras áreas de

conhecimento. Outro mito que deve ser derrubado é que por possuir um

raciocínio rápido esse determinado tipo de aluno não dá trabalho para o

professor, o que não é verdade. Ele por muitas vezes pode ser disperso,

agitado e sem mostrar sem interesse por determinados conteúdos

apresentados na sala, por isso é preciso da parte do professor e pais estímulo

sempre para que o interesse pela escola não acabe.

O superdotado pode ter em sala de aula vários perfis, que varia

de do bagunceiro ao braço direito do professor, passando pelo tímido. Ai surge

a famosa pergunta: o que torna superdotados terem perfis tão distintos?

Segundo os especialistas, em destaque Susana Graciela Pérez

Barrera que preside o Conselho Brasileiro de Superdotação, a diferença de

comportamento está ligada na habilidade acima da média em uma área

específica do conhecimento e isso pode ter razões genéticas ou simplesmente

ter sido moldado pelo ambiente em que o aluno vive.

Assim como os estudantes diagnosticados com outros tipos de

distúrbios ou deficiência, os indivíduos com altas habilidades precisam de uma

flexibilização da aula para que suas necessidades particulares sejam

atendidas, o que os coloca como parte do grupo que tem que ser incluído na

rede regular de ensino, e para um bom desempenho escolar deve-se sempre

apresentar desafios para que este se encontre sempre motivado e estimulado

em busca de reposta para resolver o “novo” problema a casa dia no cotidiano

escolar.

Outro fato que cria enormes dúvidas aos profissionais da

educação é como diferenciar a superdotação do TDAHI? A chave para

distinguir a diferença entre os dois distúrbios e a extensão da conduta

inadequada. Se esta conduta for específica para algumas situações, o

comportamento da criança se assemelha mais ao do superdotado; por outro

lado, se comportamento inadequado persistir em todas as situações, ele se

assemelha mais ao da criança com TDAHI. Abaixo temos um quadro

Page 36: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

36comparativo de determinadas características da superdotação e do TDAHI,

para facilitar professores e pais na hora de identificar o distúrbio:

Superdotado TDAHI

• O contato com colegas inteligentes diminui os comportamentos inapropriados.

• O contato com colegas inteligentes não tem efeito positivo no comportamento.

• Adequações acadêmicas apropriadas diminuem os comportamentos inadequados.

• Adequações acadêmicas apropriadas não têm efeito positivo no comportamento

• Modificações curriculares diminuem os comportamentos inapropriados.

• Modificações curriculares não têm efeito positivo no comportamento

• A criança tem explicações lógicas (para a criança) para os comportamentos inapropriados.

• A criança não pode explicar os comportamentos inapropriados

• Quando ativa, a criança gosta de movimento e não se sente for a de controle.

• A criança se sente fora de controle.

• A aprendizagem de habilidades sociais adequadas diminuiu os comportamentos impulsivos e inapropriados.

• A aprendizagem de habilidades sociais adequadas não diminuiu os comportamentos impulsivos e inapropriados.

• As crianças tem explicações lógicas (para ela) do porque.

• A criança não consegue explicar o porquê as atividades e tarefas não são completadas.

• A criança dispende alguns comportamentos inapropriados quando interessada em um assunto ou projeto.

• Os comportamentos da criança não são influenciados pelo seu interesse na atividade.

• A criança atribui seu excesso de verbalização ou interrupções à necessidade de partilhar informações, à necessidade de mostrar que ela sabe a resposta

• A criança não pode atribuir seu excesso de verbalização ou interrupções as necessidades de

Page 37: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

37

ou à necessidade de resolver o problema imediatamente.

aprendizagem ou partilha de informações.

• A criança que parece desatenta pode repetir instruções.

• A criança que parece desatenta é incapaz de repetir instruções.

• A criança tem sucesso no trabalho com tarefas múltiplas.

• A criança muda de uma tarefa para outra sem razão aparente.

• Comportamentos inadequados não são persistentes – parecem ocorrer em função do assunto em questão.

• Comportamentos inadequados persistem independentes do assunto em questão.

• A criança bagunça para chamar a atenção.

• A criança bagunça independente de atenção.

Também com a intenção de ajudar no diagnostico o ministério da

Educação montou um formulário na qual contém 24 perguntas que deveram

ser respondida pelo professor da seguinte forma, ir colocando os nomes dos

alunos que possuem determinadas características, é provável ter mais de um

estudante em cada item, mas quem exibir consistentemente vários

comportamentos tem fortes chances de apresentar altas habilidades. Vejamos

o teste a seguir:

1. Aprende fácil e rapidamente.

2. È original, imaginativo, criativo, não convencional.

3. Está sempre em informado inclusive em áreas não comuns.

4. Pensa de forma incomum para resolver problemas.

5. È persistente, independente, autodirecionado (faz coisa sem

ser mandado).

6. Persuasivo, é capaz de influenciar os outros.

7. Mostra senso comum e pode na tolerar tolices

8. Inquisitivo e cético está sempre curioso sobre o como e o

porquê das coisas.

Page 38: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

389. Adapta-se com bastante rapidez a novas situações e novos

ambientes.

10. È esperto ao fazer coisas cm materiais comuns.

11. Tem muitas habilidades nas artes (música, dança, desenho,

etc)

12. Entende a importância da natureza

13. Tem vocabulário excepcional, é verbalmente fluente.

14. Aprende facilmente novas línguas.

15. Trabalhador independente.

16. Tem bom julgamento, é lógico.

17. È flexível e aberto.

18. Versátil, têm múltiplos interesses, alguns deles acima de sua

idade cronológica.

19. Mostra sacadas e percepções incomuns.

20. Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia com os

outros.

21. Apresenta excelente senso de humor.

22. Resiste à rotina e à repetição.

23. Expressa idéias e reações, frequentemente de forma

argumentativa.

24. È sensível à verdade e à honra.

Ao realizar este teste, se os professores identificar um

possível aluno com superdotação deve antes de tudo conversa com os

pais e com a equipe pedagógica da escola, e depois esse aluno deve

ser encaminhado para o Núcleo de Atividades de Altas

Habilidades/Superdotação na Secretaria de Educação de seu estado. Os

núcleos têm obrigação de indicar uma psicopedagoga para avaliar a

criança ou o jovem possui mesmo uma alta habilidade – e encaminhá-lo

ao programa oficial de estímulo, com atividades extraclasses e

orientações para professores e a família.

Page 39: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

39São diversas as dificuldades encontradas no que se diz

respeito em trabalhar com alunos superdotados, pois os indivíduos com

tal distúrbio não são iguais e se dividem em vários perfis, e é importante

ressaltar também que nem sempre esses alunos são os mais

comportados como muitos imaginam. Vejamos abaixo os seis grandes

blocos na qual são divididos os superdotados:

1- CAPACIDADE INTELECTUAL GERAL: crianças e jovens

assim têm rapidez no pensamento, compreensão e memórias

elevadas, altas capacidade de desenvolver o pensamento

abstrato, muita curiosidade intelectual e um excepcional poder

de observação.

2- APTIDÃO ACADÊMICA ESPÉCÍFICA: nesse caso, a

diferença está em: concentração e motivação por uma ou mais

disciplinas, capacidade de produção acadêmica, alta

pontuação em testes e desempenho excepcional na escola.

3- PENSAMENTO CRIATIVO: aqui se destacam originalidade de

pensamento, imaginação, capacidade de resolver problemas

ou perceber tópicos de forma diferente e inovadora.

4- CAPACIDADE DE LIDERANÇA: alunos com sensibilidade

interpessoal, atitude cooperativa, capacidade de resolver

situações sociais complexas, poder de persuasão e de

influência no grupo.

5- TALENTO ESPECIAL PARA ARTES: alto desempenho em

artes plásticas, musicais, dramáticas, literárias ou cênicas,

facilidade para expressar idéias visualmente, sensibilidade ao

ritmo musical.

6- CAPACIDADE PSICOMOTORA: a marca desses estudantes

é o desenho superior em esportes e atividades físicas,

velocidades, agilidades de movimentos, força, resistência,

controle e coordenação motora fina e grossa.

Page 40: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

40O trabalho com superdotados requer estratégias diversificadas e apoio

externo dos pais e especialistas, pois alunos que possuem altas habilidades

costumam executar trabalhos em poucos minutos, enquanto o resto da turma

demora horas, ES que surge o impasse o que fazer com esse aluno? Alguns

truques ajudam no cotidiano, como: dar pequenas atividades, como uma

redação, um desenho, uma pesquisa simples em revista, ou na atividade

proposta para turma acrescentar desafios para o aluno superdotado, fazendo

que esse vá além, ou uma coisa que sempre da muito certo é promover a

interação dele pedindo para o aluno com altas habilidades auxiliar os que têm

menor nível de conhecimento em classe, o que é de enorme valia para todos,

pois por explicar com a mesma linguagem, os resultados são geralmente

satisfatórios. Outro recurso ótimo é possuir na sala de aula um varal com

diversos livros de todos os gêneros, assim nos intervalos entre as atividades os

alunos podem ler.

Em suma, ao se deparar com superdotado o professor deve buscar

resposta para suas dúvidas, depois se preparar para um trabalho árduo, que

requer planejamento, apoio dos pais e coordenação da escola, para que ele

possa apresentar diariamente desafios para o aluno fazendo-o se sentir

estimulado e não perca o interesse pelo estudo. Pais e professores são

importantíssimos para a evolução do aluno, pois são eles que irão ajudar os

superdotados a perceber que a vida não se resume ao que se gosta estimular a

busca por outras áreas de interesse pouco desenvolvidas, pensar no modo como

e comportam e perceber o seu papel no mundo.

Page 41: DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não

41

CAPÍTULO V

REFLEXÕES SOBRE A MEDICALIZAÇÃO NO

AMBIENTE ESCOLAR

Para entender melhor as questões que serão aqui colocadas, é

importante fazer um resgate histórico sobre a medicina escolar e o surgimento

da instituição escolar.

Arqueologicamente falando a escola surge sob a influência dos

eclesiásticos do século XVII, é com um objetivo muito claro: educação rigorosa

e conveniente aos seus interesses. A hierarquia paroquial exercia certa forma

de controle sobre o comportamento dos indivíduos, pois desejava corrigir,

reeducar, deter ou vigiar. Com o passar do tempo a educação torna-se um

programa político de dominação que tem como objetivo garantir a continuidade

da ordem vigente e para que isso corra se bem a disciplina era necessário e

tornou-se fundamental no ambiente escolar.

Na sociedade a disciplina é vista como um fator essencial para o

desenvolvimento adequado e harmônico do indivíduo e atualmente não há

lugar mais adequado para disciplinar o ser humano sem que ele perceba do

que a instituição escolar.

Em muitas escolas em nome da disciplina, elege-se o silêncio em

sala de aula como condição indispensável para que a aprendizagem aconteça.

A disciplina organizada na instituição escolar torna-se analítica, para que em

cada momento possa-se vigiar o comportamento de cada indivíduo. Num

procedimento para conhecer, dominar e utilizar, pois é muito fácil controlar

cada indivíduo e ao mesmo tempo a todos. Com isso o espaço escolar

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42funcionava como uma máquina de ensinar e ao mesmo tempo de vigiar e

hierarquizar.

Esta sociedade de controle é tão estratégica nos seus atos que não

conseguimos muitas vezes percebê-la, nem identificá-la, agindo diretamente

bem perto de nos. Por isso se faz necessário a problematização de certos

conceitos que usamos de forma natural, sem questionar como eles foram

produzidos, já que são produtos históricos não naturais.

Devido a disciplina ser cobrada demais no meio escolar, é comum

ouvir uma turma disciplina aprende mais os conteúdos, que ao se deparar em

sua classe com um aluno inquieto, sem atenção, agitado, bagunceiro os foram

dos “padrões” esperados pela instituição escola, muitos educadores acabam

logo rotulando esse aluno, criando para ele um distúrbio de aprendizagem

apenas para dar razão a sua falta de disciplina. Por conta de tudo isso

encaminhar alunos para clínicas está se tornando uma prática comum no

ambiente escolar, e com isso temos um enorme número de crianças e

adolescente fazendo uso de medicamentos controlados.

Segundo uma pesquisa realizada pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária realizada no ano de 2009, a comercialização do

metilifenidato, que é uma substância presente nos principais remédios para

tratamento de déficit de atenção e hiperatividade aumenta a cada vez mais, no

ano de 2000 foram consumidos 71 mil caixas, já em 2004 foram 731 mil e no

ano de 2005 779 mil. Muitos médicos argumentam que a facilidade de acesso

aos remédios se explica porque a medicina está evoluindo e conseguindo

detectar novos transtornos- todos eles típicos da infância e da adolescência e

agravados pelo ritmo frenético da vida atual.

Mas desde os remédios começaram a fazer parte do cotidiano

escolar? Para obter esta resposta se faz necessário obter um resgate histórico

sobre a medicina escolar. A trajetória de entrada dos médicos no espaço

escolar brasileiro se dá nas seguintes condições:

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43Na transição entre os séculos XIX e XX, os pediatras brasileiros, os

puericultores, bradavam a importância da inspeção médica escolar,

comparando o Brasil com países mais avançados e vendo, como causa

das doenças de desenvolvimento a importância da educação e da

higiene escolar. A esta, caberia garantir e zelar pelas condições que

propiciam a aprendizagem e, muito mais importante, já demonstrando a

impregnação das teorias racistas, reduzir a deterioração física, o

abastardamento da raça, possibilitando criar uma geração perfeita

física e moralmente (Moyses, 2001,p.186).

A entrada dos especialistas na escola já vem cercada de pré-

conceitos e com o propósito higienizador. E é após a inserção das classes

populares no ambiente escolar e também através do fortalecimento do

capitalismo no Brasil que se vê intensificado a necessidade de manter uma

maior vigilância sobre os corpos, horários e disciplinas das pessoas.

A ordem capitalística produz os modos das relações humanas até

em suas representações inconscientes: os modos como se trabalha,

como se é ensinado, como se ama... Ela fabrica a relação com a

produção, com a natureza, com os fatos, com o movimento, com o

corpo, com a alimentação, com o presente, com o passado e com o

futuro - em suma, ela fabrica a relação do homem com o mundo e

consigo mesmo. (Guattari e Rolnik, 1996, pp. 42).

Como foi dito anteriormente, a escola será uma das instituições

que corroborarão para a formação desse controle, dessa produção, que se

apresenta de maneira sutil, porém disseminada em todas as classes. É na

escola que o aluno passa cerca de metade de seu dia, e aí está a potência

desse lugar para que sejam realizadas as intervenções e/ou reflexões sobre

aquilo que se produz em seu espaço, buscando no seu interior hipóteses sobre

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44a produção desses problemas e a consolidação da medicalização1 na suposta

não-aprendizagem.

Diante dos chamados fracassos da escola brasileira, arranja-se

sempre um culpado para escamotear outras causas provocadoras das tensões

e das dificuldades, sobretudo quando se trata de alunos das classes populares,

que junto com suas famílias freqüentemente são responsabilizados pelo

fracasso porque não têm cartilha, não possuem materiais, são mal

alimentados, não prestam atenção nas aulas, não copiam a tarefa de casa etc:

Crianças inicialmente normais são tornadas incapazes de aprender

na escola, por uma instituição que vem sendo historicamente

construída de um modo que inviabiliza o processo ensino

aprendizagem, que se organiza em torno do não aprender. (Moysés,

2001, pág. 255)

Percebemos que os professores e os agentes que são chamados a

intervir na questão pedagógica, quando se deparam com dificuldades de

aprendizagem de alunos tendem a legitimar que esse “fracasso” deriva de

possíveis problemas psicológicos ou da “desestrutura familiar”. Mas em poucos

momentos se questiona a prática docente, as condições de trabalho na escola

e a falta de assistência por parte do Estado. Porém, quando o professor acha

que sua prática interfere no “fracasso” do aluno, pouco tende a associá-la à

política de formação de professores e às suas condições de trabalho.

A escola para mascara suas fraquezas por muitas vezes rotulam

as crianças e seus jovens, nomeando como hiperativas disléxicas e tantas

outras aumentando a visita a consultórios e fazendo o consumo de remédio

crescer e sabemos que um diagnóstico errado pode acarretar problemas para a

vida de um invididuo para sempre. E é disso que a escola precisa? De alunos

robôs, que são altamente disciplinados a base de remédios que obedece toda

vez que recebem ordem, são limitados. Ou alunos questionadores,

1 Segundo Moysés, a medicalização é fruto do processo de transformação de questões sociais, humanas, em biológicas.

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45indagadores, curiosos em busca de resposta para suas dúvidas, bagunçar faz

parte do ser humano, então nos como educadores devemos refletir se

queremos em nossa classe uma educação bancária, na qual, o aluno só

recebe as informações e processa e nesse caso a disciplina e silencio são

fundamentais ou preferimos uma educação dialógica, trocar experiências, ouvir

nossos alunos e por que não bagunçar junto com ele, já que brincando também

se aprende.

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CONCLUSÃO

A partir das reflexões e estudos feitos pude perceber que muitos

educadores ainda têm uma visão errada ou simplesmente desconhecem as

características,as dificuldades enfrentadas e como pequenas atitudes como

adotar sua prática visando amenizar os obstáculos que os alunos com

transtorno de aprendizagem encontram, prejudica todo andamento do

processo–ensino aprendizagem desse aluno. E ainda ficou evidente que muitos

diagnósticos que são feitos dentro das escolas são apenas para justificar um

comportamento fora dos aceitáveis pela sociedade e por conta disso o ato de

medicar nossas crianças e jovens se tornou normal.

As instituições escolares ainda têm um longo caminho para percorrer

em busca de práticas pedagógicas que levem alunos com dificuldades de

aprendizagem a ultrapassar o espaço escolar, tornando-se apto a enfrentar os

obstáculos do cotidiano, sendo capazes de interagir socialmente independente

de suas especificidades. Sabemos que quebrar paradigmas é sempre difícil,

faz-se necessário refletir sobre o tipo de sociedade e essa que a escola esta

inserida, que produz doença e remédios que controlam comportamentos em

busca de modelos de perfeição.

Enfim, a escola e seus profissionais têm que transpor seus muros

para agregar informações acerca do mundo, através de práticas docentes que

supram as necessidades dos discentes, sobretudo dos que possuem um

distúrbio de aprendizagem, para que estes sintam motivados e encorajados

para estarem evoluindo dia após dia em sua vida acadêmica, tornando-se

assim um cidadão confiante, crítico e participativo na sociedade que vive.

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BIBLIOGRAFIA

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www.dominiopublico.gov.br acessado em 10/01/2010.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10

DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM

CAPÍTULO II 15

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE E

IMPULSIVIDADE

2.1- TDAHI o que é? 15

2.2- Alteração da atenção 16

2.3 Impulsividade 17

2.4- Hiperatividade 17

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502.5.- Quais as possíveis causas do TDAHI 18

2.6- TDAHI: Uma doença da modernidade? 21

CAPÍTULO III 24

DISLEXIA

3.1- O professor e o trabalho com o aluno disléxio 31

CAPÍTULO IV 34

SUPERDOTAÇÃO

CAPÍTULO V 41

REFLEXÕES SOBRE A MEDICALIZAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR.

CONCLUSÃO 46

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