distÚrbios de aprendizagem · distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
Viviane dos Santos Oliveira
ORIENTADORA
Mª. DINA LÚCIA CHAVES ROCHA
Rio de Janeiro
2010
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
Rio de Janeiro
2010
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Docência do Ensino Superior. Por:Viviane dos Santos Oliveira.
3
Agradecimentos
A todos que acreditaram em mim e me apoiou para a
realização dessa nova conquista, em especial aos meus pais que
sempre me incentivou a lutar pelos meus objetivos e ensinaram a
vencer os obstáculos da vida.
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Dedicatória
Dedico a minha família que sempre me apoiou nos momentos
difíceis e a minha primeira professora Marilza que me ensinou as
primeiras letras.
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RESUMO
O presente trabalho apresenta os principais distúrbios de aprendizagem
encontrados nas instituições escolares e como eles dificultam a aquisição do
conhecimento. E mostrará também que mesmo diante de inúmeras
informações sobre estes distúrbios é comum encontrar docentes que ficam
apreensivos ao se deparar com alunos com dificuldades, pois não acreditam
que ao adotar uma prática diferenciada que supra as necessidades do aluno,
este terá um bom rendimento acadêmico. Para muitos profissionais da
educação a única solução é a utilização de remédios para amenizar os efeitos
do distúrbio e ter seres disciplinados em classe, este fato de querer disciplinar
os alunos e a visão que só tem aprendizagem em salas na qual os alunos
permanecem quietos, disciplinados e ouvindo tudo que o professor fala vem
desde que a instituição escola era domínio da igreja e por conta disso
percebemos o aumento absurdo do consumo de medicamentos pelas crianças
em busca de seres perfeitos.
PALAVRAS-CHAVE: Distúrbios de aprendizagem, prática docente e medicalização.
6
METODOLOGIA Este trabalho é fruto de reflexões a partir de observações da prática
docente e de diversos profissionais da educação que pude perceber ao longo
de minha trajetória profissional e de pesquisa bibliográfica a partir de
inquietudes minhas quando me deparei com um aluno que possuía um
distúrbio de aprendizagem e eu não sabia como ajudá-lo a prosseguir nos seus
estudos e ao pesquisar, ler vi que é possível adotar uma prática diferenciada
de acordo com as necessidades deste aluno e fazê-lo evoluir academicamente.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO 1
DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM 10
CAPÍTULO 2
TDAHI 15
CAPÍTULO 3
DISLEXIA 24
CAPÍTULO 4
SUPERDOTAÇÃO 34
CAPÍTULO 5
REFLEXÕES SOBRE A MEDICALIZAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR 41
CONCLUSÃO 46
BIBLIOGRAFIA 47
ÍNDICE 49
8
INTRODUÇÃO
E de suma importância, que o professor tenha conhecimento dos
desafios que o cerca, e meios para enfrentá-los e resolvê-los. Ser capaz de
descobrir o que desmotiva seu aluno a aprender a fim de auxiliar o
desenvolvimento do processo educativo antes que esse aluno se sinta rejeitado
pelos colegas de classe agravando sua condição e em muitos casos o
abandono dos estudos. Este trabalho surgiu devido a questionamentos
pessoais que surgiram ao longo de minha prática pedagógica nas escolas que
lecionei. E ganhou força para se tornar uma pesquisa quando eu enfrentei o
problema: tinha um aluno com distúrbio (transtorno) de aprendizagem em
minha classe. O que fazer? Como agir? E ao buscar ajuda para melhor
encaminhar este aluno na construção do conhecimento não obtive sucesso,
pois os profissionais que compunha o corpo docente também não sabiam como
agir, a coordenadora tentou me ajudar, mas não obtivemos sucesso e com a
família do aluno não se podia contar, pois esta mascarava a dificuldade da
criança sempre colocando culpa na escola.
Foi neste momento que tive a percepção que é comum ouvirmos nos
corredores das escolas, nos conselhos de classe professores comentar: meu
aluno tem dislexia, só pode já viu como ele escreve? Ou meu aluno é
hiperativo, não para quieto aquele menino, precisa de remédio vou falar com os
pais dele, assim não dá atrapalha minha aula. Virou rotina essas situações nas
escolas, professores rotulando seus alunos por este não estarem enquadrados
no padrão perfeito de comportamento que a escola e sociedade desejam pois
deste modo , a tolerância e aceitação dos pais aumentam e serve também
como justificativa para o mau rendimento escolar . Mas como os docentes
podem nomenclatura seus alunos se o que vimos em nossas instituições de
ensino é um grande déficit de informações sobre os transtornos de
aprendizagem. Pode–se perceber claramente isso no cotidiano escolar, por
ser um pouco agitado o aluno é rotulado como hiperativo, mas a agitação
também pode ser uma das características de um superdotado.
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Diante de tantas questões me propus a pesquisar os distúrbios de
aprendizagem, dando enfoque em três mais comuns nas escolas: a dislexia, o
TDAH e a superdotação. E como medicar tornou-se mais fácil do que repensar
a prática pedagógica da escola.
E com o resultado deste trabalho espero ajudar os profissionais da
educação a identificar de maneira eficaz e rápida as características de cada
transtorno, e mostrar que com adaptações em sua prática e possível levar seu
aluno especial ultrapassar o espaço escolar, no sentido de se tornar apto para
o enfrentamento dos obstáculos do cotidiano, ser capaz de criar e interagir
socialmente, independente de suas especificidades , respeitando sempre a
individualidade e as limitações de cada um. E conscientizar os pais que a
família e de suma importância, pois com o apoio o aluno tende a superar mais
facialmente as dificuldades, desafios e preconceitos que possam ocorrem
nesse processo.
10
CAPÍTULO I
DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM
Todas as escolas têm dificuldades, no exercício de suas funções,
seja por falta de profissionais suficientes para suprir a demanda da instituição
ou por não possuir recursos materias e tecnológicos, problemas com drogas,
violências entre outros que acontece tanto na rede publica quanto na rede
particular de ensino. Mas pode-se dizer que alunos distúrbios de aprendizagem
é uma dificuldade antiga e que continua muito presente em nossas instituições
de ensino e que necessita de dedicação, paciência, qualificação e esforço para
ser resolvida. Pois depende de um grupo de indivíduos para ajudar o aluno
com dificuldade, o apoio dos pais é fundamental, de profissionais
especializados para o acompanhamento e que o professor utilize métodos para
ajudar o desenvolvimento desse aluno.
Há décadas o fracasso escolar vem sido atribuído a questões de
saúde. Em 1970 e 80 culpava-se a desnutrição e os distúrbios neurológicos
pelos baixos índices desempenhos. Na sociedade atual, em pleno século XXI,
esse preconceito, pois um aluno com uma doença ou distúrbio pode aprender
normalmente, ganhou novos nomes entre tantos se destaca a dislexia, o
transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e impulsividade (TDAHI), que
se transformou na doença da modernidade, pois se um individuo não se
enquadra nos padrões de comportamento é taxado como hiperativo e como
consequência disso vemos o crescente aumento de uso de medicamentos,
para controle desses transtornos, mas isso será melhor explorado em outro
capítulo.
A busca da perfeição, de uma padronização de comportamento,
na qual o certo é ficar quieto ouvindo o que o professor diz o encaminhamento
de alunos com “transtorno” aos consultórios médicos tornou-se uma pratica
11comum das instituições de ensino e na maior parte dos casos os alunos
encaminhados não apresentam nenhum tipo de transtorno de aprendizagem
apenas o simples fato de não se encaixa nos padrões desejáveis de
comportamento e de sucesso no processo ensino- aprendizagem ou pela a
falta de autoridade e paciência dos pais o que torna o individuo mau educado e
indisciplinado. Um fato também que faz aumentar o número de
encaminhamentos é o motivo de muitos professores não saber diferenciar
distúrbio de aprendizagem com dificuldade de aprendizagem, até porque
necessita de pelo menos alguns meses para diferenciar os dois e muitos não
aguardam este tempo. A observação diária e o dialogo com os pais são os
grandes aliados para diferenciar a dificuldade do transtorno.
Pode-se dizer que a dificuldade de aprendizagem é um
termo global que abrange causas relacionadas ao sujeito que aprende, tais
como: os conteúdos pedagógicos, ao professor, aos métodos de ensino, ao
ambiente físico e social da escola. E um problema que pode ter ligação:
emocional, físico, social e ao ser resolvido o processo ensino - aprendizagem
volta ao normal. Já o distúrbio de aprendizagem esta relacionado a um grupo
de dificuldades especificas e pontuais, caracterizada pela presença de uma
disfunção neurológica.
Então se entende que alunos que apresentam dificuldade na
aquisição da matéria teórica, embora apresentem inteligência normal e não
demonstrem desfavoreci mento físico, emocional ou social. Segundo essa
definição indivíduos com distúrbios de aprendizagem não são incapazes de
aprender, pois o transtorno não é uma deficiência irreversível, mas uma forma
de imaturidade que requer atenção e métodos de ensino apropriados para
alcançar o sucesso escolar. Deve-se destacar que os distúrbios de
aprendizagem não devem ser confundidos com deficiência mental.
Segundo Fonseca (1995), algumas características podem indicar
que um individuo possua distúrbio de aprendizagem são elas:
12a) Não apresentar um desempenho compatível com sua idade quando
lhe são fornecidas experiências de aprendizagem apropriadas;
b) Apresenta discrepância entre seu desempenho e sua habilidade
intelectual em uma ou mais das seguintes áreas: expressão oral e
escrita, compreensão de ordens orais, habilidades de leitura e
compreensão e cálculo e raciocínio matemático.
Além disso, costuma-se considerar quatro critérios adicionais no
diagnostico de distúrbios de aprendizagem. Segundo Fonseca (1995), para que
a criança possa se incluída neste grupo, ela deverá:
a) Apresentar problemas de aprendizagem em uma ou mais áreas;
b) Apresentar uma discrepância significativa entre seu potencial e seu
desempenho real;
c) Apresentar um desempenho irregular, isto é, a criança tem
desempenho satisfatório e insatisfatório alternadamente, no mesmo
tipo de tarefa;
d) O problema de aprendizagem não é devido a deficiências visuais,
auditivas, nem a carências ambientais ou culturais, nem problemas
emocionais.
Ainda não se obteve um consenso sobre os critérios para determinar
com segurança as causas dos distúrbios de aprendizagem. Mas o que muitos
especialistas têm como hipótese é que pode haver comprometimento de um ou
mais processos psicológicos envolvidos na compreensão da linguagem falada
e escrita, que pode se manifestar por uma imperfeição na aptidão de escrita,
pensar, ler, soletrar, concentrar, escrever ou fizer cálculos matemáticos.
Por isso, e de suma importância que os profissionais da educação,
sejam capazes de identificar características básicas que diferencie um
transtorno de uma dificuldade ou de uma simples inquietude natural de um
individuo. Até porque é comum principalmente na infância, todos gostam de
brincar, correr, pular e gritar ou até mesmo xinga, fazer birra, não respeitar os
pais ser indisciplinados. Ainda que não sejam desejáveis, esses
13comportamentos são normais, deve-se ficar atento entre a normalidade e a
doença está na freqüência dessas atitudes, e para isso precisa observar e
acompanhar o individuo por uns seis meses para então fazer um diagnostico
preciso. E fatos traumáticos, como separação de pais ou mortes de entes
queridos, podem gerar mudanças importantes. O transtorno só se manifesta
mesmo quando passa atrapalhar os relacionamentos e o desenvolvimento
escolar.
O professor ao se deparar com um aluno que possua um distúrbio
de aprendizagem deve adotar certos procedimentos em sua prática para
melhorar o processo de ensino – aprendizagem desse aluno e seu
relacionamento com os colegas de classe vejam algumas sugestões abaixo,
segundo Fonseca (1995):
Atitudes que devem ser adotadas:
1- Evitar que o aluno se sinta inferior;
2- Considerar o problema de maneira serena e objetiva;
3- Avaliar o desempenho do aluno pela qualidade de seu trabalho;
4- Estimulá-lo a enfrentar o problema, procurando superar-se;
Atitudes que devem ser evitadas:
1-Ressaltar as dificuldades do aluno;
2- Corrigir o aluno com frequência perante a classe;
3- Relegar ou ignorar a criança que não consegue superar sua
dificuldade.
Com pequenas mudanças e atitudes acertadas o professor
poderá ajudar no sucesso escolar do aluno com transtorno, seja em que nível
14de escolaridade ele esteja, mas é claro que o apoio dos pais e de profissionais
especializados é de suma importância para sucesso tanto acadêmico como
pessoal desse individuo.
Nos capítulos seguintes três dos transtornos mais freqüentes nas
instituições de ensino irão ser abordados, são eles: o TDHAI, a dislexia, e a
superdotação, serão apontadas as principais características e como é possível
com uma prática docente adequada, vencer os desafios, os preconceitos e ter
sucesso na vida acadêmica.
15
CAPÍTULO II
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E
HIPERATIVIDADE E IMPULSIVIDADE
2. 1 TDAHI o Que é?
É um transtorno neurobiólogo de causas genéticas que aparece na
infância e freqüentemente acompanha o individuo por toda sua vida. Ele se
caracteriza por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, com
isso levando ao comprometimento da vida social, profissional e acadêmica.
O TDAHI interfere na habilidade da pessoa de manter atenção,
especialmente tarefas repetitivas e controlar as emoções. Nas suas atitudes
elas não possuem alto controle e domínio de seus impulsos.
De acordo, Ana Beatriz Silva, autora do livro Mentes Inquietas,
existem sintomas que caracterizam cada um desses subtipos e a partir desses
sintomas pode-se classificar o TDAHI como: predominante desatento,
predominante impulsivo e hiperativo e misto.
• Predominante desatento: seis ou mais sintomas de
desatenção devem estar presentes e alguns sintomas do modo
hiperativo e impulsivo.
• Predominante impulsivo e hiperativo: seis ou mais sintomas
de hiperatividade e impulsividade devem estar presentes e alguns
sintomas do módulo de desatenção.
• Misto: seis ou mais sintomas de desatenção e seis ou mais
sintomas de hiperatividade.
16Esse diagnóstico é feito por um profissional especializado
depois da realização da aplicação de vários testes específicos.
2.2- Alteração da Atenção
É um dos sintomas mais importantes para se efetuar o diagnóstico
de um TDAHI. Uma pessoa com TDAHI jamais deixará de apresentar uma forte
tendência à dispersão. Essa dificuldade causa situações bastante
desconfortáveis, porque estes lapsos de desatenção acabam gerando
problemas de relacionamento interpessoal, grande dificuldade de organização
em todos os setores da vida. Essa desorganização acaba por fazê-lo gastar
muito mais tempo e esforço para realizar suas tarefas cotidianas.
Porém um TDAHI pode apresentar-se hiper-concentrados em
determinados assuntos ou atividades que lhe despertem interesse.
Atualmente, para que seja feito o diagnóstico em crianças, seis ou
mais dos seguintes sintomas, segundo Ana beatriz Silva, de desatenção devem
estar presentes:
a)Freqüentemente parece não escutar quando lhe falam diretamente;
b) Freqüentemente não presta atenção a detalhes e comete erro por
descuido nas tarefas escolares, trabalho ou outras atividades;
c) Freqüentemente não segue instruções até o final e não terminam
tarefas escolares, atribuições domésticas ou deveres no trabalho
(que não seja devido a comportamento opositivo ou capacidade
de entender as instruções);
d) Freqüentemente tem dificuldade em organizar tarefas e
atividades;
e) Freqüentemente tem dificuldade em manter a atenção em tarefas
lúdicas;
17f) Freqüentemente evita, desgosta ou é relutante em se engajar em
tarefas que exigem esforço mental contínuo mantido (tais como
tarefas escolares e domésticas);
g) Freqüentemente perde coisas necessárias para as tarefas e
atividades, tais como brinquedos, obrigações escolares, lápis,
livros e ferramentas;
h) Freqüentemente é facilmente distraído por estímulos externos;
i) Freqüentemente é esquecido em atividades diárias.
2.3- Impulsividade
A mente de um TDAHI funciona como um receptor de alta
sensibilidade que, ao captar um pequeno sinal, reage automaticamente sem
avaliar as características do objeto gerador do sinal captado.
Geralmente as crianças costumam falar o que vem a cabeça.
Envolvendo-se em brincadeiras perigosas. E por seu comportamento fora do
padrão desejável acabam sendo rotuladas como “mal-educadas”, “agressivas”
e “grosseiras”. Já o adulto continuará com seu impulso verbal descontrolado o
que lhe trará sérios problemas de relacionamento, na vida profissional e na
vida social.
2.4- Hiperatividade
É fácil identificar a hiperatividade em um TDAHI. Quando crianças
são agitadas, movem-se em sala de aula sem parar, mexem em vários objetos
geralmente derrubando-os. Já os adultos sacodem incessantemente as pernas,
rabiscam papéis, roem unhas, mexem o tempo todo no cabelo e buscam
sempre algo para manter suas mãos ocupadas.
De acordo com Ana Beatriz Silva, (2003, pág.401) para caracterizar
a presença de hiperatividade e impulsividade, seis ou mais dos seguintes
sintomas devem estar presentes:
18
a) Freqüentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou em
outras situações nas quais se espera que permaneça sentado;
b) Freqüentemente corre ou escala em demasia, em situações nas
quais isto é inapropriado (em adolescente e adulto, a hiperatividade e
a impulsividade podem se manifestar por uma sensação subjetiva de
inquietude);
c) Freqüentemente tem dificuldade para brincar ou se envolver
silenciosamente em atividades de lazer;
d) Freqüentemente está a “mil” ou “a todo vapor”;
e) Freqüentemente fala em demasia;
f) Freqüentemente dá respostas precipitadas antes das perguntas
terem sido completadas;
g) Freqüentemente tem dificuldade para aguardar a sua vez;
h) Freqüentemente se intromete ou interrompe os outros;
i) Freqüentemente agita as mãos ou pés ou se remexe na cadeira;
2.5- Quais as Possíveis Causas do TDAHI:
Inúmeros estudos em todo o mundo demonstram que a prevalência
do TDAHI é semelhante em diferentes regiões o que indica que o transtorno,
não é proveniente de fatores culturais, o modo como os pais educam os filhos
ou resultado de conflitos psicológicos.
Os estudos científicos apontam que os portadores de TDAHI têm
alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A
região frontal é a mais desenvolvida no ser humano e é responsável pela
inibição do comportamento (controlar e inibir comportamentos inadequados),
pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e
planejamento.
19 Algumas causas foram investigadas para estas alterações nos
neurotransmissores da região frontal e suas conexões:
a) Substâncias ingeridas na gravidez: a nicotina e o álcool quando
ingeridas durante a gravidez podem causar alterações em algumas
partes do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal orbital;
b) Sofrimento fetal: estudos mostram que mulheres que tiveram
problemas no parto que acabaram causando sofrimento fetal tinham
mais chance de terem filhos com TDAHI;
c) Exposição ao chumbo: crianças que sofreram intoxicação por
chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAHI;
d) Problemas familiares: Algumas teorias sugeriam que problemas
familiares como: alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da
mãe, famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar
caótico e famílias com nível socioeconômico mais baixo poderiam ser
a causa do TDAHI nas crianças. Porém estudos recentes têm
refutado esta idéia. Problemas familiares podem agravar um quadro
de TDAHI, mas não causá-lo.
e) Hereditariedade: os genes não são responsáveis pelo transtorno,
mas por uma predisposição ao TDAHI;
Diante do imenso impacto que o TDAHI proporciona na vida do
indivíduo, é, de suma importância o diagnóstico e o início do tratamento com
isso evitam-se maiores conseqüências psicológicas que podem prejudicar a
vida adulta.
Um tratamento eficaz envolve a combinação de medicamentos (os
mais utilizados são os psicoestimulantes) e psicoterapia. Também tem papel no
20tratamento o apoio e compreensão da família e das pessoas que mais
convivem com o indivíduo.
Já na escola, os alunos com TDHI, apresentam maior probabilidade
a repetência, evasão escolar, baixo rendimento acadêmico e dificuldades
emocionais e de relacionamento. Pois esse tipo de transtorno dificulta a
aprendizagem da leitura e escrita, atrapalha nas tarefas que envolvam
coordenação visomotora, a escrita, desenho e cópia são inadequados e
geralmente e considerado um individuo desajeitado, sem equilíbrio e sem ritmo,
por todos esses motivos o aluno acaba desmotivado. Mas o professor pode
incorporar em sua prática, pequenos métodos didáticos alternativos de grande
valia para a melhoria do comportamento e desenvolvimento pedagógico do
aluno hiperativo, tais qual:
a) Dar tarefas curtas ou intercaladas, para que elas possam concluí-las
antes de se dispersarem;
b) Elogiar sempre os resultados;
c) Valorizar a rotina, pois ela deixa a criança mais segura, mantendo
sempre o estímulo, através de novidades no material pedagógico;
d) Usar jogos e desafios para motivá-los;
e) Permitir que elas consertem os erros, pedindo desculpas quando
ofender algum colega ou animarem a bagunça da classe;
f) Dar uma função oficial às crianças, como ajudantes do professor;
isso faz com que elas melhorem e abram espaços para o
relacionamento com os demais colegas;
g) Mostrar limites de forma segura e tranqüila, sem entrar em atrito;
h) Orientar os pais a procurarem um psiquiatra, um neurologista ou um
psicólogo;
i)Trabalhar com pequenos grupos, sem isolar as crianças hiperativas;
21O sucesso em sala de aula, em muitos casos, exige uma série de
intervenções. E na maioria dos casos um aluno com TDHI permanece em
classe normal, apenas casos mais sérios são encaminhados para sala de aula
especial.
2.6 - TDAHI: Uma Doença da Modernidade?
A partir da descoberta do TDAHI como um distúrbio de
comportamento, a busca pela atenção em nossa sociedade se torna cada vez
mais necessária, e a sua falta significa a obrigatoriedade de uma intervenção
especializada para que esse indivíduo se torne apto ao convívio social e ao
enquadramento as regras propostas pela sociedade.
No final do século XIX, uma nova forma de perceber o mundo surge
e, a atenção, passa a ter a função alocada ao corpo, ou seja, cabe a atenção
permitir que o sujeito tenha um senso coerente e prático no mundo.
A atenção, então, torna-se crucial para um conhecimento ativo e
pragmático do mundo, e só se podia entendê-la levando-se em conta
os mecanismos fisiológicos da percepção e sua ligação com a ação
motora. (LIMA, 2005: pág. 130).
O mundo deixou de ser estático contemplativo e de uma reflexão
racional para ser veloz e confuso isso devido aos avanços técnicos, médicos e
do capital e nesse cenário de mundo a atenção se torna essencial nas relações
em sociedade. Ela é crucial para a economia
Com o modo de produção capitalista, as bases de organização são:
a atenção e a disciplina, e cabe a locais como as escolas e as fábricas o
adestramento dos sujeitos imersos nesses espaços.
Com a aceleração de informações, o apelo ao consumo e o
surgimento de tecnologias, a distração se tornou também presente na vida dos
indivíduos, pois a desatenção é desfavorável ao mercado, que a todo o
22momento jogam informações e produtos nas mentes das pessoas. As
tentativas de se obter a atenção trouxeram também a desatenção e
transformou a desatenção em parte constitutiva do sujeito.
... durante o século XX – enfraquecimento do modelo centrado na
fábrica e a ascensão de formas pós-industriais de produção, com
ênfase na informação e comunicação-, a atenção não se viu
depreciada, mas antes se revigorou como categoria normativa no
mundo ocidental. (LIMA, 2005: Pág.134).
A atenção tornou-se a garantia de sobrevivência do sujeito, e quem
não se enquadra nesse modelo vai ser considerado TDAHI, ou seja, o
comportamento que não condiz com as formas de organização da sociedade
deverá ser controlado através de remédios como a Ritalina.
As mesmas forças que produziram corpos que, sedentários e isolados
em torno do computador ou da tv, atendem eficazmente ao imperativo
de consumo e espetáculo, também deram origem a condutas
ineficazes e socialmente inaceitáveis. Para estas, o TDAH e a Ritalina
servem como um novo – talvez o mais potente, mas provavelmente
não único-regime disciplinar sobre a atenção (.LIMA, 2005: pág.136).
Essa produção de atenção e distrabilidade provocam uma grande
produção de sujeitos com TDAHI, todas as pessoas que escapam as normas
são caracterizadas com TDAHI e são medicalizadas, o que escapa as normas
ou “não vai bem” se transforma em doença, ou seja, recorre-se a
medicalização na tentativa de se isentar da culpa por seu comportamento.
No entanto, o rótulo de crianças hiperativas pode permitir maior
aceitação e tolerância dos pais, professores, mas também pode servir para
justificar o mau rendimento escolar e alimentar o fracasso escolar.
23É importante haver consistência e Constancia na atitude de todas as
pessoas que se relacionam com pessoas que possuam TDAHI, é essa regra
vale para o ambiente escolar. O professor deve desenvolver um sistema de
sinais privados com o aluno para sinalizar quando ele está agindo fora da
forma adequada.
Sabe-se que o convívio em sala de aula entre alunos com
transtornos de aprendizagem, sobretudo hiperatividade é complicado, é se
agrava ainda mais nas series inicias tanto pela falta de imaturidade dos alunos
quanto pela demora de ter um diagnostico do distúrbio, e por conta disso o
aluno é visto como um ser indisciplinado e não como portador de um transtorno
que o impede de ter uma boa conduta em sala de aula. A agitação, inquietude
e a falta da atenção de um aluno com TDAHI, podem acarretar inúmeras
situações desagradáveis em sala, como: os alunos interessados em ouvir o
que é dito pelo professor irá se indispor com um aluno hiperativo que não
sossega e só atrapalha, este poderá ser agredido verbalmente com palavras de
baixo calão , ou até mesmo agredido fisicamente. Em alguns casos o aluno que
tão rotulado que prefere não ir mais a escola, aumentando assim os índices de
evasão escolar.
Os profissionais da educação devem estar sempre atentos e seus
alunos, pois estes em pequenos gestos, palavras, desenhos e atitudes em seu
comportamento podem estar querendo expressar algo que lhe incomoda, as
vezes querem revelar um problema familiar , um abuso sofrido, ou um
transtorno que não o deixa evoluir no seu processo de aquisição da leitura e
escrita, e por conta disso é tão disperso e vem causando tantos problemas em
classe. O professor deve investigar quando seu aluno muda ou vem
apresentando um comportamento fora do “normal”. Conversar com os pais,
com os entes próximos, com antigos professores e com o aluno em questão,
que em muitos casos é difícil uma aproximação, é o começo para solucionar os
atritos em classe, e tornando assim com o tempo o convívio entre
docente/discente e discente/discente mais confortável para todos os envolvidos
no processo de aquisição do conhecimento.
24
CAPÍTULO III
DISLEXIA
Entender como aprendemos e o porquê de muitas pessoas
inteligentes, e, até não dizer geniais experimentam dificuldades no seu
caminho de construção do conhecimento, é um desafio que a ciência vem
enfrentando por anos. Mas o avanço tecnológico atual esta sendo de grande
valia nos dias atuais, sobretudo a técnica de ressonância magnética funcional
que tem trazido importantes respostas sobre a dislexia.
A complexidade do que é dislexia, está diretamente vinculada ao
entendimento do ser humano de quem somos, do que é a memória, linguagem,
pensamento, de como aprendemos e por que aprendemos? O fator prejudicial
para assimilarmos esta realidade, se encontra no conceito arcaico de que:
quem é bom, é bom em tudo, ou seja, o individuo tem que saber tudo e ser
habilidoso em tudo que faz. Posição equivocada que Howard Gardner
aprofundou com excelente mestria em suas pesquisas e estudos, em especial
a obra Inteligência Múltiplas, na qual ele defende que ser tem uma habilidade
mais desenvolvida do que as demais, e por isso seu aprendizado mais rápido
utilizando esse veiculo. Insight que ele transformou em pesquisa
cientificamente comprovada e por causa disso alcançou a posição de um dos
maiores educadores de todos os tempos.
Sabe-se que são vários os problemas enfrentados pela instituição
escolar, mas o fantasma da dislexia é o que assombra, mas, sobretudo nas
séries inicias, onde são ensinadas as primeiras letras. Pois é quase um
consenso entre os educadores que este transtorno é um grande obstáculo que
impede o pleno desenvolvimento da leitura e escrita do aluno. A dislexia na
deve ser tratada como uma doença, embora em alguns casos e tratada como
25tal, mas deve ser vista como um distúrbio de aprendizagem que pode ter
tratamento e trabalhando de um modo diferenciado em sala de aula pode
melhorar, e não impedir o desenvolvimento intelectual do individuo disléxico.
A palavra dislexia vem do grego dus = difícil, dificuldade; lexis=
palavra. Então, dislexia é o transtorno ou distúrbio de aprendizagem na área da
leitura, escrita e soletração. Ao contrário que muitos pensam não é resultado
de má formação, desatenção, desmotivação, condição social ou baixa
inteligência. É um distúrbio ainda sem causa definida e o diagnostico deve ser
feito por uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos,
psicopedagogos,fonoaudiólogo e clínico e o acompanhamento deve ser
direcionado para as particularidades de cada individuo, levando-o assim a
resultados concretos.
Segundo estudos americanos comandados pelo doutor William
Lovegrove(2002), alunos com dislexia não apresentam diferença dos não
disléxicos na fixação visual ao ler, porém encontra dificuldades significativas
em seu mecanismo de transição no correr dos olhos em seu ato de mudança
de foco de uma silaba a seguinte, fazendo com que a palavra passasse ser
percebida, visualmente, como se estivesse borrada, com traçado carregado ou
sobreposto. É como se as palavras dançassem e pulassem diante dos olhos
dos disléxicos, dificultando sua concentração na leitura e na escrita, levando
este aluno a tirar notas baixas.
Mesmo diante de tantas informações, em muitos casos, o
diagnostico é tardio e vem acontecer quando o individuo esta na adolescência
ou até mesmo na vida adulta, é seu rendimento escolar é prejudicado, muitas
notas baixas, e como consequência baixa auto- estima, o que faz muitos deixar
a escola aumentando a evasão escolar, ou se tornam “analfabeto funcional”.
Os professores assim como os pais devem estar super atentos aos pequenos
sinais que o aluno demonstra, vejamos abaixo alguns sintomas da dislexia:
Haverá sempre:
a) Dificuldades com linguagem e escrita;
26b) Dificuldades em escrever;
c) Dificuldades com ortografia;
d) Lentidão na aprendizagem da leitura.
Haverá muitas vezes:
a) Disgrafia (letra feia);
b) Discalculia, dificuldade com matemática, sobretudo na
assimilação de símbolos e de decorar tabuada;
c) Dificuldades para compreender textos escritos.
Haverá às vezes:
a) Dificuldades com a linguagem falada;
b) Dificuldades com percepção espacial;
c) Confusão entre direita e esquerda.
Ainda segundo Dr. William Lovegrove (2002), os sintomas são mais
específicos de acordo com a idade do individuo como podemos observar
abaixo:
Na primeira infância:
1) Atraso no desenvolvimento motor desde a fase de engatinhar,
sentar e andar;
2) Atraso ou deficiência na aquisição da fala, desde o balbucio á
pronuncia de palavras;
3) Parece difícil para essa criança entender o que está ouvindo;
4) Suscetibilidade à alergias e à infecções;
5) Chora muito e parece inquieta ou agitada com muita freqüência;
6) Dificuldades para aprender a andar de triciclo;
277) Dificuldades de adaptação nos primeiros anos escolares.
A partir dos setes anos de idade:
1) Pode ser extremamente lento ao fazer seus deveres;
2) Ao contrário, seus deveres podem ser feitos rapidamente e com
muitos erros;
3) Copia com letra bonita, mas tem pobre compreensão do texto ou
não lê o que escreve;
4) A fluência em leitura é inadequada para a idade;
5) Inventa, acrescenta ou omite palavras ao ler e ao escrever;
6) Só faz leitura silenciosa;
7) Ao contrário, só entende o que lê, quando lê em voz alta para
ouvir o som da palavra;
8) Sua letra pode ser mal grafada, borrar ou ligar as palavras entre
si;
9) Pode omitir acrescentar, trocar ou inverter a ordem e direção de
letras e sílabas;
10) Esquece aquilo que aprendera muito bem, em poucas horas, dias
ou semanas;
11) E mais fácil ou só é capaz de transmitir o que sabe através de
exames orais.
Na fase adulta:
1) Tem dificuldade de leitura e soletração;
2) Manter equilíbrio em exercício físico é extremamente difícil para
muitos disléxicos;
3) Dificuldade para andar de bicicleta, abotoar camisa, amarrar o
cordão dos sapatos;
284) Sua escrita pode ser extremamente lenta, laboriosa, ilegível, sem
domínio do espaço na página.
Para os disléxicos a escrita em computador, máquina de escrever se
torna mais fácil do que com letra cursiva, assim como realizar testes e provas
de forma oral. Os disléxicos podem aprender normalmente como os outros
alunos podendo perfeitamente seguir seus estudos até onde desejar, o que
eles precisam e que seu ritmo seja respeito como podemos observar na citação
abaixo de um aluno disléxico, de 13 anos, morador de São Paulo e que cursa a
8ª série do Ensino Fundamental, que faz parte da reportagem concedida a
repórter Deca Pinto para revista nova escola para a reportagem Distúrbios de
aprendizagem no mês janeiro de 2008.
A dislexia não me impede de aprender e passar de ano. Sou um
aluno normal, mas que precisa de mais tempo para acompanhar a
turma. Qual o problema?(CAMARGO, 2008: pág.67)
Os alunos disléxicos merecem ser encorajados a sentir que são
capazes e, para isso, nada melhor que o apoio, amizade, carinho e amor que
precisa vir de todos os que os cercam seus amigos, colegas, famílias,
profissionais da educação. Mas sabemos que o preconceito ainda é grande por
parte dos outros alunos e até mesmo pelos pais dos alunos, e que relata a mãe
de um menino disléxico que cursa a 8ª série do Ensino Fundamental, que
também faz parte da reportagem concedida a repórter Deca Pinto para revista
nova escola para a reportagem Distúrbios de aprendizagem Entender como
aprendemos e o porquê de muitas pessoas inteligentes, e, até não dizer
geniais experimentam dificuldades no seu caminho de construção do
conhecimento, é um desafio que a ciência vem enfrentando por anos. Mas o
avanço tecnológico atual esta sendo de grande valia nos dias atuais, sobretudo
a técnica de ressonância magnética funcional que tem trazido importantes
respostas sobre a dislexia.
29 A complexidade do que é dislexia, está diretamente vinculada ao
entendimento do ser humano de quem somos, do que é a memória, linguagem,
pensamento, de como aprendemos e por que aprendemos? O fator prejudicial
para assimilarmos esta realidade, se encontra no conceito arcaico de que:
quem é bom, é bom em tudo, ou seja, o individuo tem que saber tudo e ser
habilidoso em tudo que faz. Posição equivocada que Howard Gardner
aprofundou com excelente mestria em suas pesquisas e estudos, em especial
a obra Inteligência Múltiplas, na qual ele defende que ser tem uma habilidade
mais desenvolvida do que as demais, e por isso seu aprendizado mais rápido
utilizando esse veiculo. Insight que ele transformou em pesquisa
cientificamente comprovada e por causa disso alcançou a posição de um dos
maiores educadores de todos os tempos.
Sabe-se que são vários os problemas enfrentados pela instituição
escolar, mas o fantasma da dislexia é o que assombra, mas, sobretudo nas
séries inicias, onde são ensinadas as primeiras letras. Pois é quase um
consenso entre os educadores que este transtorno é um grande obstáculo que
impede o pleno desenvolvimento da leitura e escrita do aluno. A dislexia na
deve ser tratada como uma doença, embora em alguns casos e tratada como
tal, mas deve ser vista como um distúrbio de aprendizagem que pode ter
tratamento e trabalhando de um modo diferenciado em sala de aula pode
melhorar, e não impedir o desenvolvimento intelectual do individuo disléxico.
A palavra dislexia vem do grego dus = difícil, dificuldade; lexis=
palavra. Então, dislexia é o transtorno ou distúrbio de aprendizagem na área da
leitura, escrita e soletração. Ao contrário que muitos pensam não é resultado
de má formação, desatenção, desmotivação, condição social ou baixa
inteligência. É um distúrbio ainda sem causa definida e o diagnostico deve ser
feito por uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos,
psicopedagogos,fonoaudiólogo e clínico e o acompanhamento deve ser
direcionado para as particularidades de cada individuo, levando-o assim a
resultados concretos.
30 Segundo estudos americanos comandados pelo doutor William
Lovegrove(2002), alunos com dislexia não apresentam diferença dos não
disléxicos na fixação visual ao ler, porém encontra dificuldades significativas
em seu mecanismo de transição no correr dos olhos em seu ato de mudança
de foco de uma silaba a seguinte, fazendo com que a palavra passasse ser
percebida, visualmente, como se estivesse borrada, com traçado carregado ou
sobreposto. É como se as palavras dançassem e pulassem diante dos olhos
dos disléxicos, dificultando sua concentração na leitura e na escrita, levando
este aluno a tirar notas baixas.
Mesmo diante de tantas informações, em muitos casos, o
diagnostico é tardio e vem acontecer quando o individuo esta na adolescência
ou até mesmo na vida adulta, é seu rendimento escolar é prejudicado, muitas
notas baixas, e como consequência baixa auto- estima, o que faz muitos deixar
a escola aumentando a evasão escolar, ou se tornam “analfabeto funcional”.
Os professores assim como os pais devem estar super atentos aos pequenos
sinais que o aluno demonstra, vejamos abaixo alguns sintomas da dislexia:
Para os disléxicos a escrita em computador, máquina de escrever se
torna mais fácil do que com letra cursiva, assim como realizar testes e provas
de forma oral. Os disléxicos podem aprender normalmente como os outros
alunos podendo perfeitamente seguir seus estudos até onde desejar, o que
eles precisam e que seu ritmo seja respeito como podemos observar na citação
abaixo de um aluno disléxico, de 13 anos, morador de São Paulo e que cursa a
8ª série do Ensino Fundamental, que faz parte da reportagem concedida a
repórter Deca Pinto para revista nova escola para a reportagem Distúrbios de
aprendizagem no mês janeiro de 2008.
Os alunos disléxicos merecem ser encorajados a sentir que são
capazes e, para isso, nada melhor que o apoio, amizade, carinho e amor que
precisa vir de todos os que os cercam seus amigos, colegas, famílias,
profissionais da educação. Mas sabemos que o preconceito ainda é grande por
parte dos outros alunos e até mesmo pelos pais dos alunos, e que relata a mãe
31de um menino disléxico que cursa a 8ª série do Ensino Fundamental, que
também faz parte da reportagem concedida a repórter Deca Pinto para revista
nova escola para a reportagem
2008.
no mês janeiro de 2008.
A discriminação é muito pior do que qualquer distúrbio porque destrói
o interesse da criança pelo aprender. Reverter esse quadro é um
longo trabalho. (OLIVEIRA, 2008: pág.68).
Em suma, ao se deparar com um aluno diagnosticado como
disléxico em sua sala de aula, ou na nossa família não precisa se desesperar.
Deve-se com respeito, dando a ele o tempo necessário, deixá-lo seguir o ritmo
sem forçá-lo a nada, e sempre procurando incentivar, apoiar e mostrar que
mesmo com o distúrbio de aprendizagem, pode se chegar onde deseja. Temos
belos exemplos de pessoas conhecidas que mesmo sendo disléxicos se
tornaram os melhores no que fazem, podemos citar como exemplos: Leonardo
da Vinci, excelente pintor, assim como Pablo Picasso, outro que foi genial
Albert Einstein e Tom Cruise um ótimo ator, entre outros.
3.1- O Professor e o Trabalho Com o Aluno Disléxico
Sabe-se que a realidade do professor é cheia de dificuldades em
seu cotidiano, ele enfrenta vários obstáculos como: precariedade de material
didático, de estruturas, salas superlotadas, violência, entre outros que quando
ele se depara com um aluno que possui dislexia ou qualquer outro distúrbio de
aprendizagem em sua sala de aula, o primeiro impacto é pensar, esse aluno irá
me atrapalhar todo meu planejamento e o desempenho de minha turma. Mas
sabe-se que este pensamento não é verdadeiro, e o primeiro passo é se
informar sobre o transtorno, as suas principais características, as principais
dificuldades enfrentadas pelo individuo que possui pelo o distúrbio, pois só
32assim poderá ajudar. Se tratando da dislexia então, o professor necessita ter
conhecimento e ser capacitado, pois só com essas informações o professor
poderá realizar um bom trabalho em classe, e ajudar o aluno a não se sentir
excluído ou com a auto-estima baixa e pouco a pouco vá superando o trauma
da sua incapacidade de aprender a ler e escrever corretamente.
Mas segundo Oliveira, muitos professores com preocupação de
ensinar as primeiras letras, encaminham os alunos diversas vezes as clínicas
que os rotulam como “doentes”, incapazes como podemos observar na citação
a seguir:
Na maioria das vezes os professores têm um conceito errado em
relação ao problema apresentado pelo aluno, considerando-o
relapso, desatento, preguiçoso e sem vontade de aprender. Isso faz
que o aluno se sinta incapaz, sem motivação, tem reações rebeldes
e até desperta um quadro de depressão. O quadro se agrava ainda
mais quando ocorre a repetência e evasão escolar, pois muitas
vezes não temos real diagnóstico. (OLIVEIRA, 1997)
Um método de trabalhar com aluno que tem dislexia é explicar
tudo ao aluno, passo a passo, dividir as lições em partes, deixar que faça
provas e testes oralmente, ler muito para o aluno (nisso a família também pode
colaborar), leituras curtas que sejam interessantes, oferecer auxílio a
compreensão do que foi lido través de ilustrações ajuda muito, melhorarem o
vocabulário das crianças principalmente. O professor deverá aproveitar as
características positivas dos alunos para ajudar através de atividades que
estimule o seu desenvolvimento lingüístico, ortográfico e em todas as áreas de
sua deficiência.
Encontrar um meio de fazer o aluno prosseguir nos estudos é
uma tarefa árdua, é para isso é primordial que o professor tenha paciência, o
motive diariamente, atenda suas necessidades. E lembrar sempre que um
disléxico não deve ser alfabetizado no método tradicional, pois ele não
33consegue internalizar o todo, necessitando ter um trabalho individualizado, com
bastante repetição, utilizando também, o método fonético, pois sua dificuldade
está, principalmente, em fixar os fonemas.
Ser calmo é a palavra ordem para o professor, pois o aluno
disléxico é lento, e por conta disso necessita de mais tempo para realizar as
tarefas, provas, copiar da lousa, resolvê-la, além disso, é necessário usar
diferentes estratégias cm este aluno, para que ele entenda o conteúdo como: o
uso de matérias estimulantes e interessantes, os quais ele possa ver sentir,
ouvir, manusear, tais como: jogos, cartazes, histórias em CD, material dourado,
etc., buscando ensiná-lo da maneira como ele entender melhor o conteúdo
proposto mesmo que seja através de uma brincadeira onde tudo seja realizado
na oralidade.
Mas o professor assim como os pais dever ter o conhecimento
que mesmo realizando um trabalho diferenciado e fazendo um tratamento, o
aluno nunca deixará de ser disléxico, porém ele poderá ter uma vida quase
normal, ser capaz de ler e escrever com algumas dificuldades, no tempo dele,
no ritmo dele fato que deve ser respeitado tanto pela escola e a família.
Então cabem os pais e professores trabalharem em conjunto e um
não pode contradizer o outro, buscando sempre aumentar a motivação para
restaurar a autoconfiança do aluno disléxico, valorizando o que ele faz mesmo
que não esteja completamente correto tendo o cuidado para não enfatizar os
erros cometidos por ele. É necessário valorizar todo esforço e interesse
demonstrado pelo mesmo, respeitando seu ritmo, seu distúrbio e sua
singularidade, só assim ele conseguirá superar os desafios e vencer as
barreiras no processo-ensino aprendizagem.
34
CAPÍTULO IV
SUPERDOTAÇÃO
Diante de todos os distúrbios de aprendizagem que temos
conhecimento, diagnosticar um aluno com superdotação é o mais complicado.
Pois muitas vezes um aluno com altas habilidades é rotulado como hiperativo,
porque as características de ambos os distúrbios são semelhantes. É mesmo
depois de ser diagnosticado o trabalho de pais e professores é árduo com os
superdotados, pois raramente encontramos indivíduos com múltiplas
habilidades, então quando o aluno está na aula de seu interesse ele será
aplicado, atencioso, e prestará atenção em tudo, mas quando o assunto não
lhe interessa este ficará disperso, podendo ficar inquieto, falante ou
simplesmente calado, no mundo da lua, como dizem não evoluindo
academicamente.
Indivíduos com superdotados com distúrbios de aprendizagem
são difíceis de identificar. O seu distúrbio de aprendizagem mascara a
superdotação e vice-versa. Por esta razão, tais crianças frequentemente se
parecem com crianças que não apresentam nenhum tipo de distúrbio. Como
resultado, elas não são tratadas como precisam tanto que no que se refere à
superdotação quanto à dificuldade de aprendizagem.
Geralmente a primeira imagem que vem a cabeça ao ouvir o
termo superdotado é a de um “mini cientista”, ou uma enciclopédia ambulante.
Um aluno (a) que não tira notas baixas e é infalível. Na verdade para se
trabalhar com indivíduos que possuem altas habilidades requer, antes de tudo,
derrubar dois mitos: o primeiro é que superdotados são gênios com
capacidades raras em todas as áreas. Sabe-se o que acontece é que eles
apresentam facilidades do que a maioria em determinadas áreas, alguns
gostam de cálculos matemáticos e fórmulas físicas, mas outros tem aptidões
35para teatro, artes,música,esportes,estudo de idiomas e tantas outras áreas de
conhecimento. Outro mito que deve ser derrubado é que por possuir um
raciocínio rápido esse determinado tipo de aluno não dá trabalho para o
professor, o que não é verdade. Ele por muitas vezes pode ser disperso,
agitado e sem mostrar sem interesse por determinados conteúdos
apresentados na sala, por isso é preciso da parte do professor e pais estímulo
sempre para que o interesse pela escola não acabe.
O superdotado pode ter em sala de aula vários perfis, que varia
de do bagunceiro ao braço direito do professor, passando pelo tímido. Ai surge
a famosa pergunta: o que torna superdotados terem perfis tão distintos?
Segundo os especialistas, em destaque Susana Graciela Pérez
Barrera que preside o Conselho Brasileiro de Superdotação, a diferença de
comportamento está ligada na habilidade acima da média em uma área
específica do conhecimento e isso pode ter razões genéticas ou simplesmente
ter sido moldado pelo ambiente em que o aluno vive.
Assim como os estudantes diagnosticados com outros tipos de
distúrbios ou deficiência, os indivíduos com altas habilidades precisam de uma
flexibilização da aula para que suas necessidades particulares sejam
atendidas, o que os coloca como parte do grupo que tem que ser incluído na
rede regular de ensino, e para um bom desempenho escolar deve-se sempre
apresentar desafios para que este se encontre sempre motivado e estimulado
em busca de reposta para resolver o “novo” problema a casa dia no cotidiano
escolar.
Outro fato que cria enormes dúvidas aos profissionais da
educação é como diferenciar a superdotação do TDAHI? A chave para
distinguir a diferença entre os dois distúrbios e a extensão da conduta
inadequada. Se esta conduta for específica para algumas situações, o
comportamento da criança se assemelha mais ao do superdotado; por outro
lado, se comportamento inadequado persistir em todas as situações, ele se
assemelha mais ao da criança com TDAHI. Abaixo temos um quadro
36comparativo de determinadas características da superdotação e do TDAHI,
para facilitar professores e pais na hora de identificar o distúrbio:
Superdotado TDAHI
• O contato com colegas inteligentes diminui os comportamentos inapropriados.
• O contato com colegas inteligentes não tem efeito positivo no comportamento.
• Adequações acadêmicas apropriadas diminuem os comportamentos inadequados.
• Adequações acadêmicas apropriadas não têm efeito positivo no comportamento
• Modificações curriculares diminuem os comportamentos inapropriados.
• Modificações curriculares não têm efeito positivo no comportamento
• A criança tem explicações lógicas (para a criança) para os comportamentos inapropriados.
• A criança não pode explicar os comportamentos inapropriados
• Quando ativa, a criança gosta de movimento e não se sente for a de controle.
• A criança se sente fora de controle.
• A aprendizagem de habilidades sociais adequadas diminuiu os comportamentos impulsivos e inapropriados.
• A aprendizagem de habilidades sociais adequadas não diminuiu os comportamentos impulsivos e inapropriados.
• As crianças tem explicações lógicas (para ela) do porque.
• A criança não consegue explicar o porquê as atividades e tarefas não são completadas.
• A criança dispende alguns comportamentos inapropriados quando interessada em um assunto ou projeto.
• Os comportamentos da criança não são influenciados pelo seu interesse na atividade.
• A criança atribui seu excesso de verbalização ou interrupções à necessidade de partilhar informações, à necessidade de mostrar que ela sabe a resposta
• A criança não pode atribuir seu excesso de verbalização ou interrupções as necessidades de
37
ou à necessidade de resolver o problema imediatamente.
aprendizagem ou partilha de informações.
• A criança que parece desatenta pode repetir instruções.
• A criança que parece desatenta é incapaz de repetir instruções.
• A criança tem sucesso no trabalho com tarefas múltiplas.
• A criança muda de uma tarefa para outra sem razão aparente.
• Comportamentos inadequados não são persistentes – parecem ocorrer em função do assunto em questão.
• Comportamentos inadequados persistem independentes do assunto em questão.
• A criança bagunça para chamar a atenção.
• A criança bagunça independente de atenção.
Também com a intenção de ajudar no diagnostico o ministério da
Educação montou um formulário na qual contém 24 perguntas que deveram
ser respondida pelo professor da seguinte forma, ir colocando os nomes dos
alunos que possuem determinadas características, é provável ter mais de um
estudante em cada item, mas quem exibir consistentemente vários
comportamentos tem fortes chances de apresentar altas habilidades. Vejamos
o teste a seguir:
1. Aprende fácil e rapidamente.
2. È original, imaginativo, criativo, não convencional.
3. Está sempre em informado inclusive em áreas não comuns.
4. Pensa de forma incomum para resolver problemas.
5. È persistente, independente, autodirecionado (faz coisa sem
ser mandado).
6. Persuasivo, é capaz de influenciar os outros.
7. Mostra senso comum e pode na tolerar tolices
8. Inquisitivo e cético está sempre curioso sobre o como e o
porquê das coisas.
389. Adapta-se com bastante rapidez a novas situações e novos
ambientes.
10. È esperto ao fazer coisas cm materiais comuns.
11. Tem muitas habilidades nas artes (música, dança, desenho,
etc)
12. Entende a importância da natureza
13. Tem vocabulário excepcional, é verbalmente fluente.
14. Aprende facilmente novas línguas.
15. Trabalhador independente.
16. Tem bom julgamento, é lógico.
17. È flexível e aberto.
18. Versátil, têm múltiplos interesses, alguns deles acima de sua
idade cronológica.
19. Mostra sacadas e percepções incomuns.
20. Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia com os
outros.
21. Apresenta excelente senso de humor.
22. Resiste à rotina e à repetição.
23. Expressa idéias e reações, frequentemente de forma
argumentativa.
24. È sensível à verdade e à honra.
Ao realizar este teste, se os professores identificar um
possível aluno com superdotação deve antes de tudo conversa com os
pais e com a equipe pedagógica da escola, e depois esse aluno deve
ser encaminhado para o Núcleo de Atividades de Altas
Habilidades/Superdotação na Secretaria de Educação de seu estado. Os
núcleos têm obrigação de indicar uma psicopedagoga para avaliar a
criança ou o jovem possui mesmo uma alta habilidade – e encaminhá-lo
ao programa oficial de estímulo, com atividades extraclasses e
orientações para professores e a família.
39São diversas as dificuldades encontradas no que se diz
respeito em trabalhar com alunos superdotados, pois os indivíduos com
tal distúrbio não são iguais e se dividem em vários perfis, e é importante
ressaltar também que nem sempre esses alunos são os mais
comportados como muitos imaginam. Vejamos abaixo os seis grandes
blocos na qual são divididos os superdotados:
1- CAPACIDADE INTELECTUAL GERAL: crianças e jovens
assim têm rapidez no pensamento, compreensão e memórias
elevadas, altas capacidade de desenvolver o pensamento
abstrato, muita curiosidade intelectual e um excepcional poder
de observação.
2- APTIDÃO ACADÊMICA ESPÉCÍFICA: nesse caso, a
diferença está em: concentração e motivação por uma ou mais
disciplinas, capacidade de produção acadêmica, alta
pontuação em testes e desempenho excepcional na escola.
3- PENSAMENTO CRIATIVO: aqui se destacam originalidade de
pensamento, imaginação, capacidade de resolver problemas
ou perceber tópicos de forma diferente e inovadora.
4- CAPACIDADE DE LIDERANÇA: alunos com sensibilidade
interpessoal, atitude cooperativa, capacidade de resolver
situações sociais complexas, poder de persuasão e de
influência no grupo.
5- TALENTO ESPECIAL PARA ARTES: alto desempenho em
artes plásticas, musicais, dramáticas, literárias ou cênicas,
facilidade para expressar idéias visualmente, sensibilidade ao
ritmo musical.
6- CAPACIDADE PSICOMOTORA: a marca desses estudantes
é o desenho superior em esportes e atividades físicas,
velocidades, agilidades de movimentos, força, resistência,
controle e coordenação motora fina e grossa.
40O trabalho com superdotados requer estratégias diversificadas e apoio
externo dos pais e especialistas, pois alunos que possuem altas habilidades
costumam executar trabalhos em poucos minutos, enquanto o resto da turma
demora horas, ES que surge o impasse o que fazer com esse aluno? Alguns
truques ajudam no cotidiano, como: dar pequenas atividades, como uma
redação, um desenho, uma pesquisa simples em revista, ou na atividade
proposta para turma acrescentar desafios para o aluno superdotado, fazendo
que esse vá além, ou uma coisa que sempre da muito certo é promover a
interação dele pedindo para o aluno com altas habilidades auxiliar os que têm
menor nível de conhecimento em classe, o que é de enorme valia para todos,
pois por explicar com a mesma linguagem, os resultados são geralmente
satisfatórios. Outro recurso ótimo é possuir na sala de aula um varal com
diversos livros de todos os gêneros, assim nos intervalos entre as atividades os
alunos podem ler.
Em suma, ao se deparar com superdotado o professor deve buscar
resposta para suas dúvidas, depois se preparar para um trabalho árduo, que
requer planejamento, apoio dos pais e coordenação da escola, para que ele
possa apresentar diariamente desafios para o aluno fazendo-o se sentir
estimulado e não perca o interesse pelo estudo. Pais e professores são
importantíssimos para a evolução do aluno, pois são eles que irão ajudar os
superdotados a perceber que a vida não se resume ao que se gosta estimular a
busca por outras áreas de interesse pouco desenvolvidas, pensar no modo como
e comportam e perceber o seu papel no mundo.
41
CAPÍTULO V
REFLEXÕES SOBRE A MEDICALIZAÇÃO NO
AMBIENTE ESCOLAR
Para entender melhor as questões que serão aqui colocadas, é
importante fazer um resgate histórico sobre a medicina escolar e o surgimento
da instituição escolar.
Arqueologicamente falando a escola surge sob a influência dos
eclesiásticos do século XVII, é com um objetivo muito claro: educação rigorosa
e conveniente aos seus interesses. A hierarquia paroquial exercia certa forma
de controle sobre o comportamento dos indivíduos, pois desejava corrigir,
reeducar, deter ou vigiar. Com o passar do tempo a educação torna-se um
programa político de dominação que tem como objetivo garantir a continuidade
da ordem vigente e para que isso corra se bem a disciplina era necessário e
tornou-se fundamental no ambiente escolar.
Na sociedade a disciplina é vista como um fator essencial para o
desenvolvimento adequado e harmônico do indivíduo e atualmente não há
lugar mais adequado para disciplinar o ser humano sem que ele perceba do
que a instituição escolar.
Em muitas escolas em nome da disciplina, elege-se o silêncio em
sala de aula como condição indispensável para que a aprendizagem aconteça.
A disciplina organizada na instituição escolar torna-se analítica, para que em
cada momento possa-se vigiar o comportamento de cada indivíduo. Num
procedimento para conhecer, dominar e utilizar, pois é muito fácil controlar
cada indivíduo e ao mesmo tempo a todos. Com isso o espaço escolar
42funcionava como uma máquina de ensinar e ao mesmo tempo de vigiar e
hierarquizar.
Esta sociedade de controle é tão estratégica nos seus atos que não
conseguimos muitas vezes percebê-la, nem identificá-la, agindo diretamente
bem perto de nos. Por isso se faz necessário a problematização de certos
conceitos que usamos de forma natural, sem questionar como eles foram
produzidos, já que são produtos históricos não naturais.
Devido a disciplina ser cobrada demais no meio escolar, é comum
ouvir uma turma disciplina aprende mais os conteúdos, que ao se deparar em
sua classe com um aluno inquieto, sem atenção, agitado, bagunceiro os foram
dos “padrões” esperados pela instituição escola, muitos educadores acabam
logo rotulando esse aluno, criando para ele um distúrbio de aprendizagem
apenas para dar razão a sua falta de disciplina. Por conta de tudo isso
encaminhar alunos para clínicas está se tornando uma prática comum no
ambiente escolar, e com isso temos um enorme número de crianças e
adolescente fazendo uso de medicamentos controlados.
Segundo uma pesquisa realizada pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária realizada no ano de 2009, a comercialização do
metilifenidato, que é uma substância presente nos principais remédios para
tratamento de déficit de atenção e hiperatividade aumenta a cada vez mais, no
ano de 2000 foram consumidos 71 mil caixas, já em 2004 foram 731 mil e no
ano de 2005 779 mil. Muitos médicos argumentam que a facilidade de acesso
aos remédios se explica porque a medicina está evoluindo e conseguindo
detectar novos transtornos- todos eles típicos da infância e da adolescência e
agravados pelo ritmo frenético da vida atual.
Mas desde os remédios começaram a fazer parte do cotidiano
escolar? Para obter esta resposta se faz necessário obter um resgate histórico
sobre a medicina escolar. A trajetória de entrada dos médicos no espaço
escolar brasileiro se dá nas seguintes condições:
43Na transição entre os séculos XIX e XX, os pediatras brasileiros, os
puericultores, bradavam a importância da inspeção médica escolar,
comparando o Brasil com países mais avançados e vendo, como causa
das doenças de desenvolvimento a importância da educação e da
higiene escolar. A esta, caberia garantir e zelar pelas condições que
propiciam a aprendizagem e, muito mais importante, já demonstrando a
impregnação das teorias racistas, reduzir a deterioração física, o
abastardamento da raça, possibilitando criar uma geração perfeita
física e moralmente (Moyses, 2001,p.186).
A entrada dos especialistas na escola já vem cercada de pré-
conceitos e com o propósito higienizador. E é após a inserção das classes
populares no ambiente escolar e também através do fortalecimento do
capitalismo no Brasil que se vê intensificado a necessidade de manter uma
maior vigilância sobre os corpos, horários e disciplinas das pessoas.
A ordem capitalística produz os modos das relações humanas até
em suas representações inconscientes: os modos como se trabalha,
como se é ensinado, como se ama... Ela fabrica a relação com a
produção, com a natureza, com os fatos, com o movimento, com o
corpo, com a alimentação, com o presente, com o passado e com o
futuro - em suma, ela fabrica a relação do homem com o mundo e
consigo mesmo. (Guattari e Rolnik, 1996, pp. 42).
Como foi dito anteriormente, a escola será uma das instituições
que corroborarão para a formação desse controle, dessa produção, que se
apresenta de maneira sutil, porém disseminada em todas as classes. É na
escola que o aluno passa cerca de metade de seu dia, e aí está a potência
desse lugar para que sejam realizadas as intervenções e/ou reflexões sobre
aquilo que se produz em seu espaço, buscando no seu interior hipóteses sobre
44a produção desses problemas e a consolidação da medicalização1 na suposta
não-aprendizagem.
Diante dos chamados fracassos da escola brasileira, arranja-se
sempre um culpado para escamotear outras causas provocadoras das tensões
e das dificuldades, sobretudo quando se trata de alunos das classes populares,
que junto com suas famílias freqüentemente são responsabilizados pelo
fracasso porque não têm cartilha, não possuem materiais, são mal
alimentados, não prestam atenção nas aulas, não copiam a tarefa de casa etc:
Crianças inicialmente normais são tornadas incapazes de aprender
na escola, por uma instituição que vem sendo historicamente
construída de um modo que inviabiliza o processo ensino
aprendizagem, que se organiza em torno do não aprender. (Moysés,
2001, pág. 255)
Percebemos que os professores e os agentes que são chamados a
intervir na questão pedagógica, quando se deparam com dificuldades de
aprendizagem de alunos tendem a legitimar que esse “fracasso” deriva de
possíveis problemas psicológicos ou da “desestrutura familiar”. Mas em poucos
momentos se questiona a prática docente, as condições de trabalho na escola
e a falta de assistência por parte do Estado. Porém, quando o professor acha
que sua prática interfere no “fracasso” do aluno, pouco tende a associá-la à
política de formação de professores e às suas condições de trabalho.
A escola para mascara suas fraquezas por muitas vezes rotulam
as crianças e seus jovens, nomeando como hiperativas disléxicas e tantas
outras aumentando a visita a consultórios e fazendo o consumo de remédio
crescer e sabemos que um diagnóstico errado pode acarretar problemas para a
vida de um invididuo para sempre. E é disso que a escola precisa? De alunos
robôs, que são altamente disciplinados a base de remédios que obedece toda
vez que recebem ordem, são limitados. Ou alunos questionadores,
1 Segundo Moysés, a medicalização é fruto do processo de transformação de questões sociais, humanas, em biológicas.
45indagadores, curiosos em busca de resposta para suas dúvidas, bagunçar faz
parte do ser humano, então nos como educadores devemos refletir se
queremos em nossa classe uma educação bancária, na qual, o aluno só
recebe as informações e processa e nesse caso a disciplina e silencio são
fundamentais ou preferimos uma educação dialógica, trocar experiências, ouvir
nossos alunos e por que não bagunçar junto com ele, já que brincando também
se aprende.
46
CONCLUSÃO
A partir das reflexões e estudos feitos pude perceber que muitos
educadores ainda têm uma visão errada ou simplesmente desconhecem as
características,as dificuldades enfrentadas e como pequenas atitudes como
adotar sua prática visando amenizar os obstáculos que os alunos com
transtorno de aprendizagem encontram, prejudica todo andamento do
processo–ensino aprendizagem desse aluno. E ainda ficou evidente que muitos
diagnósticos que são feitos dentro das escolas são apenas para justificar um
comportamento fora dos aceitáveis pela sociedade e por conta disso o ato de
medicar nossas crianças e jovens se tornou normal.
As instituições escolares ainda têm um longo caminho para percorrer
em busca de práticas pedagógicas que levem alunos com dificuldades de
aprendizagem a ultrapassar o espaço escolar, tornando-se apto a enfrentar os
obstáculos do cotidiano, sendo capazes de interagir socialmente independente
de suas especificidades. Sabemos que quebrar paradigmas é sempre difícil,
faz-se necessário refletir sobre o tipo de sociedade e essa que a escola esta
inserida, que produz doença e remédios que controlam comportamentos em
busca de modelos de perfeição.
Enfim, a escola e seus profissionais têm que transpor seus muros
para agregar informações acerca do mundo, através de práticas docentes que
supram as necessidades dos discentes, sobretudo dos que possuem um
distúrbio de aprendizagem, para que estes sintam motivados e encorajados
para estarem evoluindo dia após dia em sua vida acadêmica, tornando-se
assim um cidadão confiante, crítico e participativo na sociedade que vive.
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BIBLIOGRAFIA
FOUCAULT, M. Vigiar e punir: Nascimento da prisão.Petrópolis,Vozes,1987 GUATTARI, F. e ROLNIK, S. Micropolítica. Cartografias do Desejo. Petrópolis, RJ, 1996. HECKERT, Ana Lúcia C.; CORONA, Cintia Renata; MANZINI, Juliene Macedo; MACHADO, Roger Elias B.; FRADINI, Vinicius Luciano. A escola como espaço de invenção. Rio de janeiro: Relume Dumará, 2001. LIMA, R. C. Somos Todos Desatentos? O TDA/H e a Construção de bioidentidades. RJ. Relume Dumaña, 2005. MASSI, Giselle. A dislexia em questão. Ed: Plexus , São Paulo, SP, 2008. MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso. A institucionalização invisível: crianças que não-aprendem-na-escola. Campinas, SP, mercado das Letras, 2001. OLIVEIRA, G.C. Psicomotricidade:educação e reeducação num foque psicopedagógico. Petróplis,RJ.Vozes,1997. REVISTA NOVA ESCOLA. São Paulo; 2007. Mensal, ano XXII, nº 202, p.36-40. REVISTA NOVA ESCOLA. São Paulo; 2008. Mensal, ano XXIII, nº 209, p.66-69. REVISTA NOVA ESCOLA. São Paulo; 2009. Mensal, ano XXIVI, nº 224, p.86-89. SENNETT,R .O. Declínio do homem público: As tiranias da Intimidade, Rio de janeiro, Companhia das Letras, 1988. SILVA,Ana Beatriz Barbosa. Mentes inquietas. Editora gente, p.401-411. SKLIAR, Carlos. Eduacação & Exclusão:abordagens sócio- antropológicas em Educação Especial. Editora: Mediação,1997.
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www.superpedagogasunip.blogspot.com acessado em 18/12/2009.
www.dominiopublico.gov.br acessado em 10/01/2010.
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ÍNDICE
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 10
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
CAPÍTULO II 15
TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE E
IMPULSIVIDADE
2.1- TDAHI o que é? 15
2.2- Alteração da atenção 16
2.3 Impulsividade 17
2.4- Hiperatividade 17
502.5.- Quais as possíveis causas do TDAHI 18
2.6- TDAHI: Uma doença da modernidade? 21
CAPÍTULO III 24
DISLEXIA
3.1- O professor e o trabalho com o aluno disléxio 31
CAPÍTULO IV 34
SUPERDOTAÇÃO
CAPÍTULO V 41
REFLEXÕES SOBRE A MEDICALIZAÇÃO NO AMBIENTE ESCOLAR.
CONCLUSÃO 46
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