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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA (CT) CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA (CCET) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Sinterização de compósitos de Ni/SiC a partir de NiO Ella Raquel do Vale Souza Lima Orientador: Prof. PhD. Antonio Eduardo Martinelli Tese(Dissertação) n.º ______ /PPGCEM Setembro de 2018 Natal RN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA (CT)

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA (CCET)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

ENGENHARIA DE MATERIAIS

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Sinterização de compósitos de Ni/SiC a partir de NiO

Ella Raquel do Vale Souza Lima

Orientador:

Prof. PhD. Antonio Eduardo Martinelli

Tese(Dissertação) n.º ______ /PPGCEM

Setembro de 2018

Natal – RN

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Sinterização de compósitos de Ni/SiC a partir de NiO

Ella Raquel do Vale Souza Lima

Natal, 2018

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Lima, Ella Raquel do Vale Souza de. Sinterização de compósitos de Ni/SiC a partir de NiO / EllaRaquel do Vale Souza de Lima. - 2018. 100 f.: il.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais. Natal, RN, 2018. Orientador: Prof. Dr. Antonio Eduardo Martinelli.

1. Compósitos de Ni - Dissertação. 2. NiO - Dissertação. 3.SiC - Dissertação. 4. Metalurgia do pó - Dissertação. I.Martinelli, Antonio Eduardo. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 620.1

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Elaborado por Ana Cristina Cavalcanti Tinôco - CRB-15/262

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Ella Raquel do Vale Souza de Lima

Sinterização de compósitos de Ni/SiC a partir de NiO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de

Materiais PPGCEM, da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos

para obtenção do título de Mestre em Ciência e

Engenharia de Materiais.

Aprovado em 04 de setembro de 2018.

____________________________________

Prof. Antonio Eduardo Martinelli

Orientador – UFRN

____________________________________

Prof.ª Maria Roseane de Pontes Fernandes

Examinador Externo à Instituição – UFPB

____________________________________

Prof. Maurício Mhirdaui Peres

Examinador Externo ao programa – UFRN

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LIMA, Ella Raquel do Vale Souza – Sinterização de compósitos de Ni/SiC a partir de NiO.

Dissertação de Mestrado, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de

Materiais. Área de Concentração: Materiais Metálicos. Linha de Pesquisa: Compósitos. Natal

– RN, Brasil.

Orientador: Prof. PhD. Antônio Eduardo Martinelli

RESUMO

Compósitos de matriz metálica de níquel reforçados por partículas de carbeto são considerados

materiais de engenharia promissores por apresentarem propriedades como resistência mecânica

associada à resistência à corrosão e resistência ao desgaste em altas temperaturas. Porém, a

toxicidade do níquel é um aspecto limitante no uso desse pó. Uma alternativa à produção de

compósitos sinterizados com matriz de níquel é por meio do emprego do NiO. Neste trabalho

foi estudado a produção de compósitos Ni-SiC partindo da matriz de NiO pelo processo de

redução do óxido durante a etapa de sinterização. Foram investigados os efeitos da carga de

compactação no comportamento dilatométrico de misturas Ni-SiC. Os pós de NiO com

tamanho médio de partículas de 14 µm foram misturados a 0%, 3%, 5%, 10% e 20% em massa

de SiC com tamanho médio de partículas de 14,75 µm. A mistura foi realizada em moinho de

alta energia tipo atrittor durante 1h. As misturas foram granuladas em tambor, com 1,5% em

massa de parafina diluída em hexano. A compactação uniaxial foi realizada utilizando pressão

de 200 MPa e 400 MPa. As peças foram sinterizadas em dilatômetro com taxa de aquecimento

de 5ºC e 10ºC/min. Foram avaliados os perfis dilatométricos e determinadas as densidades das

amostras. Foi avaliada a influência da taxa de aquecimento na sinterização e da pressão de

compactação na densificação e microestrutura. A partir dos resultados obtidos foi possível

concluir que: as imagens obtidas por MEV-FEG das misturas de NiO-SiC comprovaram

distribuição homogênea dos carbetos na matriz de óxido de níquel. As amostras compactadas

com pressão 400MPa apresentaram maior densidade; as curvas de dilatometria mostraram que

o SiC favoreceu a sinterização do Ni, e as amostras sinterizadas com taxa de aquecimento menor

apresentaram maior retração. A adição de 10% de SiC na matriz de Ni permitiu o endurecimento

com maior homogeneidade microestrutural e melhor continuidade da matriz, apresentou maior

valor de dureza e boa densidade superficial comprovada pelas imagens obtidas por MEV.

Palavras-Chaves: compósitos de Ni, NiO, SiC, metalurgia do pó.

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LIMA, Ella Raquel do Vale Souza. Sintering Ni/SiC composites from NiO. Dissertação de

Mestrado, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais. Área de

Concentração: Materiais Metálicos. Linha de Pesquisa: Compósitos, Natal – RN, Brasil.

Orientador: Prof. PhD. Antônio Eduardo Martinelli

ABSTRACT

Metal matrix composites reinforced by carbide particles are promising engineering materials as

a result of a combination of mechanical, corrosion and wear resistance at high service

temperatures. However, the toxicity of Ni impairs the use of its powder. Alternatively, NiO can

be used as starting material and be reduced during processing of the composite. The present

study aimed at the production of Ni-SiC composites from NiO-SiC mixtures. The effect of the

pressing load on the dilatometric behavior of the mixtures was investigated. NiO powders with

average particle size 14 µm were mixed (0, 3, 10 and 20 wt.%) with SiC of average particle size

14.75 µm and attrition-milled during 1 h. The mixtures were then granulated using 1.5 wt.%

paraffin in hexane solution and uniaxially pressed under 200 MPa or 400 MPa. The cylindrical

pellets were then sintered in a dilatometer at heating rates of 5 ºC or 10 ºC/min. The density of

the sintered samples was evaluated according to the combination of pressing load and

dilatometric profile. The results revealed that homogenous NiO-SiC mixtures could be

produced. Pellets pressed under 400 MPA depicted higher density. Sintering at 5 /C/min heating

rate resulted in improved densification. The addition of 10 wt. % of SiC in the Ni matrix allowed

the hardening with greater microstructural homogeneity and better continuity of the matrix,

presented higher hardness and surface dense value, proved by SEM images.

Keywords: Ni composites, NiO, SiC, poder metallurgy.

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DEDICATÓRIA

Sempre e acima de tudo a Deus, pois Ele é o meu sustento, minha paz, meu tudo.

Ao meu esposo Syllas Eduardo por todo amor, incentivo, compreensão e cuidado.

Aos meu pais Rosália e Erivelton, por sempre me apoiarem dando todo suporte

necessário. A todos os meus familiares por todo apoio e incentivo.

“... Seja forte e corajoso! Não se apavore nem desamine,

pois, o Senhor, seu Deus, estará com você

por onde você andar”

Josué 1:9.

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pois tudo vem dele, Ele é quem me fortalece.

Ao Prof. Antônio Eduardo Martinelli pela orientação, ensinamentos, paciência desde a

graduação.

Ao Dr. Frank Claimes pela indicação no tema, e conhecimento transmitido.

A todos os colegas do Labcim pelo apoio e ajuda para o desenvolvimento deste trabalho.

Especialmente Elisangela, Armando, Eduardo, Wilton, Natane, Fabrício.

Ao Laboratório da Física, especialmente ao prof. Umbelino, Ariadne, Rafael, Nailson,

Fróide, Lucas e Edison.

Ao Prof. Cristiano Binder e a Isadora do laboratório de materiais (Labmat/UFSC) pela

realização das análises dilatométricas e sugestões.

Ao Laboratório de Caracterização de Materiais (LCM/UFRN), em especial a Igor e

Carla. E ao Roberto técnico do DEMAT/UFRN.

Ao laboratório de Metalografia, em especial ao Prof. Peres, e as bolsistas Monique e

Regina.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Materiais da UFRN pela

oportunidade de desenvolvimento do meu Mestrado. Em especial ao coordenador Maurício

Bomio.

À CAPES pelo apoio financeiro e ao CNPq.

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SUMÁRIO 1.Introdução.............................................................................................................................. 13

2. Aspectos teóricos .................................................................................................................. 17

2.1 Metalurgia do pó (MP) ................................................................................................... 17

2.1.1 Compactação ........................................................................................................... 20

2.1.2 Processo de Remoção do ligante - Debinding process/ Dewaxing ......................... 21

2.1.3 Sinterização ............................................................................................................. 22

2.2 Processo de Granulação com Parafina ............................................................................ 27

2.3 Compósitos de matriz metálica (CMM) ......................................................................... 29

2.3.1 Compósitos de níquel .............................................................................................. 32

2.4 Mecanismos de Endurecimento ...................................................................................... 32

2.4.1 Dispersão de partículas duras .................................................................................. 32

2.4.2 Endurecimento por solução sólida ........................................................................... 34

2.5 Níquel e suas ligas .......................................................................................................... 37

2.5.1 Toxicidade do níquel ............................................................................................... 40

2.5.2 Óxido de níquel ....................................................................................................... 42

2.6 Redução de óxidos .......................................................................................................... 43

3. Metodologia experimental .................................................................................................... 46

3.1 Matérias – primas ........................................................................................................... 46

3.1.1 Níquel Carbonila ..................................................................................................... 46

3.1.2 Carbeto de Silício .................................................................................................... 46

3.1.3 Parafina .................................................................................................................... 47

3.2 Preparação dos pós ......................................................................................................... 47

3.2.1 Caracterização dos pós utilizados ............................................................................ 48

3.2.1.1 Distribuição de tamanhos de partículas ................................................................ 48

3.2.1.2 Microscopia eletrônica de varredura (MEV-FEG) ............................................... 48

3.2.1.3 Difração de Raios X (DRX) ................................................................................. 48

3.3 Definições das Composições .......................................................................................... 48

3.4 Mistura ............................................................................................................................ 49

3.5 Granulação ...................................................................................................................... 50

3.6 Peneiramento .................................................................................................................. 51

3.7 Teste de escoabilidade e medida da densidade aparente ................................................ 51

3.8 Compactação .................................................................................................................. 52

3.9 Sinterização .................................................................................................................... 52

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3.10 Densidade à Verde e do Sinterizado ............................................................................. 53

3.11 Preparação Metalográfica ............................................................................................. 54

3.12 Caracterização Microestrutural ..................................................................................... 54

3.13 Ensaio de Microdureza Vickers .................................................................................... 54

4. Resultados e discussão ......................................................................................................... 55

4.1 Caracterização dos pós de partida .................................................................................. 55

4.1.1 Distribuição de tamanhos de partículas do NiO e do SiC ....................................... 55

4.1.2 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) do pó de NiO e SiC .......................... 56

4.2 Mistura dos pós ............................................................................................................... 58

4.3 Teste de escoabilidade e medida da densidade aparente ................................................ 64

4.4 Compactação .................................................................................................................. 66

4.5 Dilatometria .................................................................................................................... 67

4.6 Densidade à Verde e do Sinterizado ............................................................................... 71

4.7 Análise de Difração de Raio X / Rietveld ...................................................................... 73

4.8 Caracterização Microestrutural ....................................................................................... 74

4.8.1 Imagens obtidas por Microscopia óptica ................................................................. 74

4.8.2 Microscopia Eletrônica de Varredura ...................................................................... 77

4.9 Microdureza Vickers ...................................................................................................... 86

5. Conclusões ............................................................................................................................ 89

Referências ............................................................................................................................... 92

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Grupo setorial de Metalurgia do Pó (2009). ............................................................ 18

Figura 2 - Esquema ilustrativo do processamento via metalurgia do pó por compactação

unidirecional. Fonte: Elaborado pelo autor. ............................................................................. 19

Figura 3 - Representação de sinterização para duas partículas esféricas, de acordo com German

(1996). ...................................................................................................................................... 23

Figura 4 - Ilustração de sinterização: (a) Sinterização por fase sólida e (b) sinterização por fase

líquida (ASM HANDBOOK, 1998). ........................................................................................ 24

Figura 5 - Figura – Modificação das formas das partículas e redução dos poros nos estágios de

sinterização. Estágio inicial - formação dos contatos; estágio intermediário – continuidade de

matéria; e estágio final - coalescimento e arredondamento de poros. ...................................... 25

Figura 6 - Mecanismo de transporte de massa: (1) difusão superficial, (2) evaporação e

recondensação, (3) difusão volumétrica e (4) difusão em contorno de grão (THUMMLER &

OBERACKER, 1993). .............................................................................................................. 26

Figura 7 - Ilustração da formação de grânulos para prevenir a segregação de pós (GRANTEC

TECNOLOGIAS APUD BERNARDES, 2006). ..................................................................... 27

Figura 8 - Processo de granulação em tambor. Fonte: Demétrio (2012) alterada pelo autor. .. 29

Figura 99 - Descrição esquemática dos três tipos de CMM, classificados de acordo com o tipo

de reforço (CRONJÄGEN E MEISTER 1989). ....................................................................... 31

Figura 10 - Diagrama de fases Ni-Si. Fonte: LU ET AL., 2005 .............................................. 35

Figura 11 -Seção isotérmica do diagrama de fases ternário Ni-Si-C à 900 ºC. ........................ 36

Figura 12 - Pó de Níquel carbonila ........................................................................................... 46

Figura 13 - Pó de Carbeto de silício. ........................................................................................ 47

Figura 14 - Fluxograma dos ensaios realizados após definição de todas as composições. ...... 49

Figura 15 - Moinho tipo atrittor de alta energia. ...................................................................... 50

Figura 16 - Aparato utilizado: a) Funil de Hall e b) Copo cilíndrico. ...................................... 52

Figura 17 - Ciclo térmico de sinterização em dilatômetro. ...................................................... 53

Figura 18 - Distribuição de tamanhos de partículas do pó de NiO. ......................................... 55

Figura 19 - Distribuição de tamanhos de partículas do pó de SiC. .......................................... 56

Figura 20 - Análise obtida por MEV-FEG com EDS do pó de NiO. ....................................... 57

Figura 21 - Micrografia obtida por MEV-FEG com EDS da amostra em pó de SiC moído. .. 58

Figura 22 - Micrografia do pó misturado com 3% de SiC em matriz de óxido de níquel e

mapeamento por EDS. .............................................................................................................. 59

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Figura 23 - Micrografia de um aglomerado de pó misturado com 3% de SiC em matriz de óxido

de níquel. .................................................................................................................................. 60

Figura 24 - Micrografia do pó misturado com 5% SiC em matriz de óxido de níquel e

mapeamento por EDS. .............................................................................................................. 61

Figura 25 - Micrografia e mapeamento por EDS do pó misturado com 10% de SiC em matriz

de óxido de níquel. ................................................................................................................... 62

Figura 26 - Micrografia do pó misturado com 20% de SiC em matriz de óxido de níquel. ..... 63

Figura 27 - Micrografia de um aglomerado do pó misturado com 10%SiC em matriz de óxido

de níquel. .................................................................................................................................. 64

Figura 28 - Gráfico com os valores de tempo de escoabilidade em s/50g para as composições

estudadas. .................................................................................................................................. 65

Figura 29 - Valores de densidade aparente dos pós granulados. .............................................. 66

Figura 30 - Curvas de compressibilidade do NiO com 1,5% em massa de Parafina. .............. 67

Figura 31 - Curvas dilatométricas das composições de NiO puro e NiO-10% SiC prensadas a

200 e 400MPa e submetidas a taxa de aquecimento diferentes: a) 5º C/min; e b) 10º C/min. . 68

Figura 32 - Curvas dilatométricas da sinterização das amostras prensadas a 400MPa e

submetidas a taxa de aquecimento de 5° C/min. ...................................................................... 70

Figura 33 - Densidade relativa das amostras à verde compactadas a 400MPa. ....................... 72

Figura 34 - Densidade relativa das composições compactadas a 400MPa e sinterizadas em

dilatômetro e em forno convencional. ...................................................................................... 73

Figura 35 - Espectro DRX das composições sinterizadas a uma taxa de aquecimento de 5ºC/min.

.................................................................................................................................................. 74

Figura 36 - Microestrutura via microscopia óptica dos compósitos compactados a 400MPa e

sinterizadas a taxa de 5ºC/min: (a) Ni puro; (b) Ni-3%SiC; (c) Ni-5%SiC; (d)Ni-10%SiC. ... 75

Figura 37 - Microestrutura via microscopia óptica dos compósitos compactados a 400MPa e

sinterizadas a taxa de 5ºC/min: (a) Ni puro; (b) Ni-3%SiC; (c) Ni-5%SiC; (d)Ni-10%SiC. ... 76

Figura 38 - Microestrutura via microscopia óptica das composições sem carbeto e com 10% de

SiC, compactados a 200MPa e sinterizadas a taxa de 5ºC/min: (a) Ni puro; (b) Ni-10%SiC.. 77

Figura 39 – Microestrutura obtida por MEV dos compósitos compactados a 400MPa e

sinterizadas a uma taxa de aquecimento de 5ºC/minuto: (a) Ni puro; (b) Ni-3%SiC; (c) Ni-

5%SiC e (d) Ni-10%SiC. .......................................................................................................... 78

Figura 40 – Microestrutura obtida por MEV dos compósitos compactados a 200MPa e

sinterizadas com taxa de aquecimento de 5ºC/minuto: (a) Ni puro e (b) Ni-3%SiC. .............. 78

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Figura 41 - Microestrutura da amostra de Ni puro obtida por MEV com dados da análise de

EDS de área e topografia de um grão da área selecionada na microestrutura. ......................... 80

Figura 42 - Microestrutura obtida por MEV da amostra com composição Ni-3%SiC: (a)

micrografia e análise de área por EDS e (b) mapeamento de área por EDS. ........................... 80

Figura 43 - Análise de EDS pontual indicado nas imagens da microestrutura da amostra com

composição Ni-5%SiC. ............................................................................................................ 81

Figura 44 - Microestrutura obtida por MEV de bancada para a composição Ni-5%SiC em massa

da superfície polida e atacada com Marble. ............................................................................. 81

Figura 45 - Análise microestrutural da superfície polida e atacada com Marble da amostra com

composição Ni-10%SiC: (a) micrografia da amostra e (b) topografia do contorno de grão e EDS

pontual. ..................................................................................................................................... 82

Figura 46 - Análise microestrutural da superfície polida e atacada da amostra com composição

Ni-10%SiC (a) e topografia da região do contorno (b). ........................................................... 83

Figura 47 - Análise química pontual via EDS da região do contorno de grão da microestrutura

da amostra com composição Ni-10%SiC. ................................................................................ 83

Figura 48 - Mapeamento via EDS das micrografias obtida por MEV-FEG da amostra a verde

(não sinterizada), sinterizada até 500ºC e sinterizada até 500ºC com patamar de 1 hora. ....... 85

Figura 49 - Análise de difração de raio x nas amostras: sem sinterização (verde), sinterizadas a

500º C com e sem patamar isotérmico de 1 hora. .................................................................... 86

Figura 50 - Microdureza Vickers das composições com 0% e 10% em massa de SiC

compactadas a 200MPa e 400MPa e sinterizadas com taxa de aquecimento de 5ºC/min. ...... 87

Figura 51 -Microdureza Vickers das composições compactadas a 400MPa e sinterizadas com

taxa de aquecimento de 5ºC/min. ............................................................................................. 88

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Propriedades do Níquel ........................................................................................... 38

Tabela 2 - Composições dos compósitos formulados pelo processo de mistura, variando a

concentração de carbeto............................................................................................................ 48

Tabela 3 - Porcentagem do SiC após a etapa de redução do NiO durante a sinterização. ....... 71

Tabela 4 – Densidade relativa à verde e do sinterizado das amostras com 0% e 10% de SiC

submetidas a taxa de aquecimento de 5ºC/minuto. .................................................................. 71

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LISTA DE SÍMBOLOS

MP - Metalurgia do pó

CMM - Compósito de Matriz Metálica

NiO - Óxido de Níquel

SiC - Carbeto de Silício

DRX - Difração de raio-X

EDS - Energia dispersiva

MEV-FEG - Microscópio Eletrônico de Varredura - Field Emission Gun

MPa - Megapascal

HV - Hardness Vickers

HB - Hardness Brinell

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13

1.Introdução

O desenvolvimento tecnológico acelerado e a ampliação de requisitos exigidos aos

materiais utilizados na engenharia, têm elevado o crescimento das pesquisas no

desenvolvimento de novos materiais e no aprimoramento dos materiais já existentes, tornando-

os mais eficientes na função desejada. Para aplicações no ramo das engenharias, cada vez mais

são exigidos materiais com propriedades como resistência a altas temperaturas, baixo

coeficiente de atrito e elevada resistência ao desgaste, elevada resistência à corrosão, aliado a

baixo peso específico.

O desgaste e a corrosão são problemas que causam perdas, e até o ano de 2009

representavam cerca de 2 a 5 % do PIB mundial. A deficiência em lubrificação gera o atrito o

qual se transforma em calor, esse aquecimento prejudica o funcionamento do sistema mecânico,

e essa deficiência já representou perda de cerca de 35% da energia mecânica produzida no

planeta (BINDER, 2009).

Os compósitos de matriz metálica (CMM) são considerados materiais de alto

desempenho que podem ser submetidos a desgaste e fricção, são candidatos bastante atrativos

em relação a aplicações estruturais, devido às suas diversas vantagens, como: alta resistência e

rigidez específica; excelente resistência ao desgaste e a alta fricção; baixo custo de

processamento e manutenção; e alta estabilidade térmica e resistência à fluência (SAHIN, 2010;

CALLISTER, 2007; LIM ET AL., 1992).

Adicionalmente, no Brasil, o processamento via metalurgia do pó (MP) tem ganhado

cada vez mais espaço. Por meio desta técnica é possível a produção de componentes com

microestrutura extremamente refinada e uniforme, formados pela junção de diferentes

resultando em uma combinação de propriedade única (POKORSKA, 2007). Em comparação a

fabricação por fundição, várias peças metálicas confeccionadas pelo processo da metalurgia do

pó apresentam melhor desempenho e menor custo. Através do uso dessa técnica é possível

desenvolver componentes densos ou com gradiente de porosidade por meio do controle da

porosidade e da distribuição de poros do material, expandindo a função do material

confeccionado (FERNANDES, 2014). Por meio desse processo é possível combinar diferentes

pós, e eventualmente dá origem a novos materiais com propriedades físicas e mecânicas

especiais (PACHECO ET AL., 2007).

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14

Na produção de materiais sinterizados via metalurgia do pó, a incorporação de partículas

de reforço no volume da matriz pode ocorrer através da etapa de mistura ou, em casos

específicos, durante o processo de sinterização. Outra forma é por meio da dissociação de

constituintes do reforço, produzindo lubrificante sólido no material, que durante a etapa de

operação promove a lubrificação por meio de uma fina camada de lubrificante, evitando o

contato direto entre as superfícies (BINDER, 2009).

O uso da matriz de níquel não foi extensivamente estudado para aplicações de

resistência ao desgaste e a fricção até o momento, sendo que esta apresenta diversas

propriedades atraentes, como resistência a altas temperaturas, alta resistência química e à

corrosão, expansão térmica extremamente baixa e, dureza quando aquecido (NOSONOVSK E

ROHATGI, 2012). Baseado nas propriedades relatadas acima, espera-se que os compósitos de

matriz de Ni proporcionem uma melhor resistência a tensão, resistência ao desgaste e ao atrito

em temperaturas ambientes e em temperaturas elevadas do que os compósitos com outro tipo

de matriz (PRABHU, 2016).

Em geral, as partículas de reforços utilizados são os óxidos (SiO2, Al2O3), carbonetos

(SiC, B4C, TiC), nitretos (Si3N4) e boretos (TiB2, AlB2) (MOUSTAFA, 2002; DAS, 2009).

Entre os reforços de partículas, uma das partículas mais utilizadas é o carbeto de silício (SiC),

pois apresenta baixa densidade (3.1 g/cm3), alta condutividade térmica (120 W/mK), excelente

resistência ao choque térmico e resistência química, alta estabilidade térmica e resistência à

oxidação, alta rigidez (420 GPa) e dureza (28 GPa), ligações covalentes direcionais e menor

concentração de defeitos cristalinos, e alta resistência ao desgaste por abrasão e fricção

(CHANDRASEKARAN E SINGH, 1997; TANG ET AL, 2009; LIU ET AL, 2005; PRABHU,

2016). As partículas de SiC na matriz de níquel pode promover aumento da resistência tanto na

forma de partículas dispersas como por meio de dissociação, onde o silício entra na rede

cristalina do níquel por solução sólida substitucional, promovendo aumento da resistência na

matriz, e o carbono eventualmente liberado no processo de dissociação do SiC forma depósitos

de carbono que com o aumento da temperatura pode ser transformado em grafite, e este é

considerado um lubrificante sólido, o qual fica disperso na matriz.

Um fator limitante ao uso do níquel é o fato deste ser considerado um agente

carcinogênico, segundo a Agencia Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), o níquel é

qualificado no Grupo 1, capaz de causar câncer nos pulmões, cavidade nasal e nos seios

paranasais. Estudos relatam que o Ni (II) é altamente solúvel e pode entrar nas células e, uma

vez dentro da célula, pode danificar a estrutura e a função das proteínas (HU ET AL, 2003;

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TANG ET AL, 2008; GOODMAN, 2011; SCHMIDT E GOEBELER, 2011). Entre os

compostos de níquel de interesse estão os óxidos, hidróxidos, sulfatos, cloretos e carbonilas A

absorção do composto cloreto de níquel ou sulfato de níquel, chegam a penetrar por meio da

pele, cerca de 77% em 24 h, podendo causar intoxicação (CLANCY e COSTA, 2012; KAS ET

AL., 2008). O níquel carbonila (Ni(CO)4) pode provocar intoxicação aguda por inalação,

podendo afetar o cérebro e os pulmões. Desde 1961, foram coletados 179 casos de intoxicação

aguda por níquel carbonila na China (SHI, 1986).

Dessa forma, para obter o compósito de matriz de níquel pelo processo de metalurgia

do pó, optamos por partir da matriz de Óxido de Niquel (NiO) e realizar o processo de redução

do NiO, por se apresentar menos tóxico e custo relativamente mais baixo que o níquel metálico.

A matriz de níquel foi selecionada por ser excelente em altas e baixas temperatura, apresentando

resistência a corrosão e a oxidação, como mencionado anteriormente. Foi adicionado partículas

de SiC em diferentes porcentagens visando o aumento da resistência mecânica do compósito e

lubrificação.

Sendo assim, este trabalho teve como objetivo geral avaliar a sinterização e o

comportamento de compósitos de Ni/SiC partindo da matriz de NiO pelo processo de redução

durante a sinterização de compactados produzidos via metalurgia do pó, visando a obtenção de

material compósito de níquel resistente a corrosão e a oxidação, contendo lubrificante sólido

(carbono) disperso na matriz.

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Destacaram-se os seguintes objetivos específicos:

1. Obtenção do NiO a partir da carbonila de níquel e moagem do SiC para cominuição

das partículas;

2. Caracterização dos pós de partida através da análise do tamanho de partículas, por

microscopia eletrônica de varredura e por difração de raio X;

3. Analisar o comportamento da mistura do material compósito e distribuição das

partículas das fases dispersas após o processo de mistura em moinho de alta energia;

4. Granulação da mistura de pós com concentração de 1,5% em massa de parafina, por

meio da técnica de granulação em tambor;

5. Avaliar a densidade do compósito com 1,5% de parafina e diferentes pressões de

compactação;

6. Estudar as condições de sinterização do material compósito por meio de ensaios

dilatométricos;

7. Avaliar o processo de redução do NiO a Níquel metálico na etapa de sinterização em

atmosfera redutora;

8. Estudar as características microestruturais obtidas em função da composição e das

condições de processamento;

9. Caracterizar o compósito quanto a propriedade mecânica de Microdureza Vickers.

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2. Aspectos teóricos

2.1 Metalurgia do pó (MP)

Uma das técnicas de processamento mais propícia para produção de peças e

componentes próximos à sua forma final “near net shape’ e peças complexas é a metalurgia do

pó. Este método elimina ao máximo operações secundárias, as peças produzidas possuem ampla

faixa de aplicações e os produtos confeccionados com configuração complexa apresentam boa

tolerância dimensional. O produto final, geralmente, expõe uma porosidade que interfere nas

propriedades mecânicas do material. Em aplicações estruturais é importante obter peças com a

menor quantidade de poros, porém, para aplicações em filtros, ou isoladores térmicos, a

porosidade pode chegar a mais de 10% em volume (REIHANIAN ET AL., 2011; KONCZOS

ET AL., 1998).

Na metalurgia do pó convencional a produção de materiais ocorre por meio de dois

processos, primeiramente ocorre a conformação do pó metálico ou liga através da aplicação de

pressão que pode ser uniaxial ou biaxial, em seguida é realizado o processo de sinterização. Ao

longo da sinterização, o sistema de difusão é o meio principal pelo qual ocorre a ligação entre

as partículas do pó. Na prática, a densidade obtida por meio da sinterização é sempre inferior

ao valor teórico, pelo fato de os pequenos poros serem difíceis de remover (CHANDRAMOULI

ET AL., 2007).

Em comparação com processos metalúrgicos convencionais o processamento por meio

da metalurgia do pó apresenta vantagens econômicas. Este método apresenta redução de custos,

melhor desempenho e formação de peças com geometria específica (RAJESHKANNAN ET

AL., 2008). O processamento por metalurgia do pó comparado com os métodos de fabricação

por fundição, extrusão, forjamento a quente e usinagem, apresenta menor consumo de energia

durante o processamento, e possui melhor aproveitamento de matéria prima, como pode ser

observado na Figura 1.

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Figura 1 - Grupo setorial de Metalurgia do Pó (2009).

De modo geral, entre as vantagens do processamento via metalurgia do pó estão: uso de

matérias primas metálica e não metálica; fabricação de materiais compósitos, pois permite a

combinação de vários elementos químicos; processo não poluente; baixo consumo energético,

por esse motivo é considerado ecologicamente correto; possui custo de fabricação menor por

não desperdiçar material; fabricação de materiais com formas bem definidas e com geometria

complexas; fabricação de peças com ótimo acabamento superficial; produção de alto volumes

de peças; controle de porosidade; necessita de pequeno número de equipamentos (GRUPO

SETORIAL DE METALURGIA DO PÓ, 2009; JIA ET AL., 2006).

Sendo assim, de acordo com a necessidade tecnológica a metalurgia do pó está em

constante crescimento, por ser uma técnica mais econômica e apresentar baixa perda de

material. A MP tem sido cada vez mais utilizada pela indústria, pois reduz custos de produção

por não necessitar de vários processamentos mecânicos, e o produto final é obtido pela

compactação ou injeção em matriz (JANG ET AL, 2000; GERMAN ET AL, 2000).

As pesquisas têm se voltado para o desenvolvimento de novas tecnologias de produção

de matérias primas em pó e para o aprimoramento das técnicas existentes, especialmente com

relação à redução dos custos de fabricação dos pós. Pois, cada vez mais tem sido requerido pós

com características tais como pureza elevada e baixo nível de inclusões, estrutura nanocristalina

e tamanho médio de partículas abaixo de 50 mícrons (DUNKLEY, 1989).

Os diversos métodos de obtenção de pós utilizados na metalurgia do pó podem ser

classificados em (CHIAVERINI, 1992):

• Processo eletrolítico

• Métodos químicos e físico-químicos

• Atomização de metais líquidos

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• Melt-spinning

• Processamento mecânico

Os três métodos principais utilizados para adquirir os pós metálicos são: redução direta

de óxidos, atomização de metal em estado líquido, e uma combinação de ambos. Os processos

menos importantes são os eletrolíticos, mecânicos e de redução química (CHIAVERINI, 1992).

O método de produção de material considerado mais apropriado vai depender da aplicação, das

propriedades, forma do produto final, das restrições impostas pela técnica de metalurgia do pó

e também por motivos econômicos (KLAR e FESKO, 1990).

Os procedimentos básicos que constituem o método de processamento via metalurgia

do pó por compactação são: (1) seleção e produção da matéria prima em pó; (2) mistura dos

pós; (3) compactação e (4) sinterização (Figura 2).

No processamento por metalurgia do pó, é primordial realizar a caracterização da

matéria prima e avaliar a sua morfologia (esférica, arredondada, aglomeradas, irregular,

angular, com picos, dendrítica, porosa), o tamanho, a composição química, compressibilidade

e densidade dos pós, pois estes fatores interferem no processamento e consequentemente na

peça final. A etapa de mistura dos pós e o processo de sinterização são afetados pelo contato

entre as partículas e sua área superficial, e ambos dependem da forma e tamanho das partículas

do pó (FERNANDES, 2014).

Figura 2 - Esquema ilustrativo do processamento via metalurgia do pó

por compactação unidirecional. Fonte: Elaborado pelo autor.

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Após classificar os pós que serão utilizados estes são submetidos ao processo de mistura.

Esta etapa tem a finalidade de homogeneizar os componentes da massa de pó. Esse processo de

mistura é realizado em misturadores, que podem ser classificados como: misturador "V", "duplo

cone", do tipo cilindro rotativo e cubo rotativo. Ambos os misturadores são formados por uma

seção onde o material é colocado, ligado a um eixo rotativo. Muitas vezes a mistura é realizada

em moinhos, utilizando rotações, tempo e proporção massa esfera baixos, se comparados aos

parâmetros utilizados no processo de moagem. Após o processo de mistura dos pós realiza-se

a etapa de compactação (GRUPO SETORIAL DE METALURGIA DO PÓ, 2009).

2.1.1 Compactação

A etapa de compactação apresenta como objetivo a aquisição da forma geométrica da

peça (shaping) por meio da densificação de pós em uma matriz de moldagem (KLEIN, 2004).

O processo de compactação por prensagem é realizado por meio da aplicação de pressão em

um material que está depositado em uma matriz ou molde. Esse processo consiste em três

etapas: (i) preenchimento com pó da matriz de moldagem, (ii) compressão do material e (iii)

extração da peça (Figura 2: etapa (3)) (SANTOS, 2012).

No método de compactação uniaxial, o material é colocado em uma matriz onde a carga

é aplicada em apenas um eixo de forma unidirecional (ação simples) ou bidirecional (dupla

ação), e na técnica de compactação isostática, o pó é depositado em um molde flexível e a

tensão é imposta por meio de um fluido pressurizado, que promove compressão em todos os

lados do material, estes são os dois métodos de compactação fundamentais utilizados na

metalurgia do pó (SILVESTRE, 2016).

Nos materiais frágeis como os cerâmicos, tungstênio, ligas e compósitos particulados, a

etapa primordial para a densificação é a sinterização. Para pós dúcteis, a principal etapa de

densificação é a compactação (KLEIN, 2004). Seguida a compactação, é obtido um compactado

a verde também chamando de peça ou corpo a verde, dependendo da pressão imposta e da

compressibilidade dos pós a peça possui um valor de densidade à verde após a compactação

(GUTIÉRREZ, 2002).

Por meio da análise das curvas de compressibilidade, é possível realizar o controle de

qualidade e o controle de produção do pó, pois, a compressibilidade de um pó é estipulada como

uma grandeza medida conforme uma massa de pó é densificada por meio da aplicação de

pressão (SMITH; MIDHA; GRAHAM, 1998). A conexão entre a pressão aplicada e a

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densidade atingida, a qual é representada em gráfico de densidade à verde versus pressão de

compactação, retrata a compressibilidade dos pós (KLEIN, 2004).

Na etapa de compactação deve-se levar em conta o atrito presente entre os pós e o

ferramental de compactação e o atrito existente entre as partículas dos pós, estes fatores podem

ocasionar um gradiente de densidade na peça a verde que durante a sinterização pode gerar uma

retração heterogênea, promovendo perda de forma da peça (PETERSSON, 2004).

Os compactados que possuem densidade relativa à verde inferior a 60% em relação a

densidade teórica, apresenta dificuldade no controle dimensional, pois, exibe uma elevada

porcentagem de retração volumétrica decorrente da sinterização (UPADHYAYA APUD,

1998).

Nos materiais cerâmicos o processo de compactação associado ao tipo de matéria prima

utilizada, a presença de aditivos orgânicos, a pressão utilizada, geometria da matriz, são fatores

que podem originar defeitos na peça a verde como, por exemplo, gradiente de densidade, poros

vazios e trincas, interferindo tanto na microestrutura como nas propriedades dos materiais

(SHINOHARA ET. AL., 1999; TAKAHASHI ET. AL., 1995).

2.1.2 Processo de Remoção do ligante - Debinding process/ Dewaxing

Após a execução do processo de compactação, é necessário realizar a remoção do ligante

incorporado durante a etapa de granulação, antes da compactação, tendo este já cumprido seu

papel. O procedimento usual consiste em volatilizar a parafina pelo processo de aquecimento

dos compactados sob atmosfera de hidrogênio ou vácuo. A remoção da parafina deve proceder

de modo que não venha promover qualquer modificação física ou química nas peças

(UPADHYAYA, 1998).

A taxa de aquecimento empregada depende da quantidade de ligante adicionada e das

dimensões das peças. Taxas de aquecimento altas (15 a 20°C/min) podem ser empregadas para

peças de pequenas dimensões. Para peças grandes ou com grande quantidade de ligante são

requeridas taxas bem menores (0,5 a 4°C/min). O processo de eliminação da parafina por

volatilização está relacionado ao seu ponto de ebulição. A evaporação em torno de 100 a 250ºC,

sob vácuo, depende de uma fina disposição e homogeneidade da parafina nas peças. Existem

estágios em que é necessária uma temperatura de 500ºC para obter completa extração do ligante,

nesse caso a temperatura é elevada lentamente e mantida por um intervalo de 1 hora (HALE,

1998).

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A extração da parafina tem início por volta de 150ºC, em atmosfera protetora, como por

exemplo hidrogênio, contudo, para eliminar os últimos vestígios do ligante, é requerida uma

temperatura no intervalo de 250 a 300°C. Com a elevação da temperatura existe a possibilidade

de ocorrer decomposição, isso pode acontecer desde 400ºC em diante. Uma elevação na taxa

de remoção da parafina pode ser ocasionada se as peças forem expostas a um fluxo de gás

(UPADHYAYA, 1998; SPRIGGS, 1970).

Ainda, a parafina pode ser extraída a uma temperatura de 500°C com baixa taxa de

aquecimento de 3°C/min, com patamar pequeno de 30 min, sob atmosfera redutora padrão

formada pela mistura de gases, para limitar a formação de óxidos superficiais nas peças

(FERNANDES, 2014). A identificação da temperatura apropriada para remoção do ligante

pode ser estipulada por meio de ensaios termogravimétricos, através destes é possível

acompanhar o comportamento da parafina.

A análise térmica (TGA) é utilizada para definir um programa plausível de remoção do

ligante (debinding). No final da etapa de perda da massa (offset), geralmente utiliza-se um

tempo de espera (patamar). No processo de debinding é necessário observar tanto a perda de

massa como o encolhimento da peça. Durante esta etapa os componentes diminuem cerca de

1%, e após a etapa de sinterização retraem entre 15-25%. O ligante residual pode promover a

quebra da peça ou formar fuligem afetando a composição do material (CLEMENS, 2017).

2.1.3 Sinterização

Compactos porosos ou uma massa de pós podem ser submetidos ao processo de

sinterização, onde atuam mecanismos de transporte de matéria, promovendo o crescimento de

contatos entre as partículas, diminuição volumétrica de poros e modificação geométrica dos

poros, ocasionando a redução da energia livre do sistema, sendo considerado um método

termicamente ativado (THÜMMLER; OBERACKER, 1993).

As peças pré-sinterizadas são densificadas por meio da sinterização, e dessa forma o

produto final adquire um aperfeiçoamento de sua microestrutura, resultando no aumento da

dureza e resistência, porém, o produto obtido pode ainda precisar passar por retificações,

polimento, revestimento, entre outras operações (FERNANDES, 2014).

A etapa de sinterização ocorre por meio da imposição de calor em uma massa de pó,

gerando ligação entre as partículas pelo processo de difusão de átomos no estado sólido, por

meio da continuidade de matéria entre as partículas, promovendo densificação, recristalização

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e resistência mecânica ao material produzido (UPADHYAYA, 2001). Na sinterização os poros

do material são reduzidos, devido ao aumento do contato recíproco entre as partículas,

diminuindo a energia superficial livre, e conferindo resistência mecânica a peça (BRITO, 2007).

Os defeitos que surgem na superfície das partículas aumentam a energia superficial. Por

meio da junção entre duas partículas têm-se a formação de contatos (Figura 3), reduzindo a

energia superficial livre. O raio de curvatura na região de contato entre as partículas é bastante

importante, e tende a aumentar tornando mais plana a superfície (GERMAN, 1996).

Figura 3 - Representação de sinterização para duas partículas esféricas, de acordo com

German (1996).

A sinterização pode acontecer em fase líquida ou em fase sólida (Figura 4). Na

sinterização em fase sólida (Figura 4(a)) predomina a aproximação dos centros e rearranjo das

partículas. Pode ocorrer primeiramente a geração dos “necks” devido a ligação entre partículas

sólidas; em seguida, após atingir densidade em torno de 75%, onde não é possível mais

diferenciar as partículas individualmente, há formação de poros devido a união tripla dos grãos

adjacente, então a contração acontece de forma acelerada e os grãos crescem vagarosamente;

por fim, com a obtenção de 91 a 95% de densidade, tem-se a formação de poros isolados pelo

fechamento dos canais dos poros (KAYSSER, 1991). Na sinterização no estado sólido ocorre

a redução do excesso de energias livre mediante a diminuição da área superficial das partículas

de pó por meio do aumento da área de contato; pelo arredondamento de poros e diminuição do

volume do compactado; eliminação dos gradientes de concentração dos defeitos cristalinos do

material; e pela homogeneização da liga (THUMMLER & OBERACKER, 1993).

Na sinterização por fase líquida (Figura 4 (b)), utiliza-se materiais com ponto de fusão

diferenciados, para que com o aumento da temperatura o de menor ponto de fusão dissolva e

envolva as partículas do material que não fundiu, realizando a conexão entre elas (ASM

HANDBOOK, 1998).

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Microestruturalmente, o material processado passa por três etapas durante a

sinterização, com a aplicação de temperatura e tempo:

Estágio inicial: tem-se a formação dos contatos entre as partículas, e depende da pressão

de compactação, os poros são irregulares e interconectados, apresentando o formato original,

assim a retração é pequena. Ocorre difusão nos pontos de contato;

Estágio intermediário – com a continuidade de matéria, por meio do crescimento dos

pontos de contato, as partículas começam a perder a forma original e a porosidade decresce,

nesse estágio ocorre a maior parte da retração. Os grãos maiores crescem consumindo os

menores;

Estágio final - os poros isolados ficam mais arredondados com o coalescimento,

chegando a apresentar densidade em relação a teórica entre 90 a 95%, nessa etapa a densificação

de algumas regiões podem ser interrompidas devido a gases gerados durante a sinterização e

que ficam presos nos poros. Estes estágios podem ser observados na Figura 5, mas de modo

geral não existe separação clara de cada estágio do processo de sinterização, sendo mostrada

apenas com o objetivo instrutivo. Sinterização final: remoção final da porosidade por difusão

de vazios ao longo dos contornos de grão (GERMAN, 1991; THUMMLER & OBERACKER,

1993).

Figura 4 - Ilustração de sinterização: (a) Sinterização por fase sólida

e (b) sinterização por fase líquida (ASM HANDBOOK, 1998).

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Figura 5 - Figura – Modificação das formas das partículas e redução dos poros nos

estágios de sinterização. Estágio inicial - formação dos contatos; estágio intermediário –

continuidade de matéria; e estágio final - coalescimento e arredondamento de poros.

Fonte: Grupo Setorial, 2009.

Segundo Thummler & Oberacker, os mecanismos de transporte de massa e/ou

movimentação atômica que acontece no material durante a sinterização podem ser por:

movimento individual de íons e átomos como a difusão superficial, difusão volumétrica via

vacâncias ou interstícios, difusão em contorno de grão, evaporação (alta pressão de vapor) e re-

condensação (baixa pressão de vapor)); e movimento coletivo de íons e átomos como fluxo

plásticos, fluxo viscoso, deslizamento em contorno de grão, rotação de partículas. Por meio

destes caminhos tem-se o fluxo de massa ocasionando crescimento de contato, retração do

material compactado, crescimento de grão, esferioidização e coalescência dos poros

(THUMMLER & OBERACKER, 1993)

Na Figura 6 é mostrado um esquema ilustrativo dos mecanismos de transporte de massa

entre duas partículas esféricas e policristalinas (GERMAN, 1996; THUMMLER &

OBERACKER, 1993; GERMAN, 1994; ASM HANDBOOK, 1993).

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Figura 6 - Mecanismo de transporte de massa: (1) difusão superficial, (2) evaporação e

recondensação, (3) difusão volumétrica e (4) difusão em contorno de grão (THUMMLER &

OBERACKER, 1993).

A evaporação e condensação e difusão superficial são sistemas que não promovem

contração e densificação consideráveis, pois estes colaboram com a ligação entre as partículas

e na esferioidização dos poros angulares. No processo de densificação e retração os eventos de

difusão volumétrica via vacâncias e difusão em contorno de grão são os mais significativos

(GERMAN, 1996; THUMMLER & OBERACKER, 1993).

O processo de difusão em contorno de grão e volumétrica promovem retração

volumétrica relevante, pois agem no crescimento do pescoço. Na difusão volumétrica podem

haver a difusão de impurezas, promovendo segregação, se tiver gradiente de concentração,

promovendo transporte de átomos em sentido contrário ao gradiente. Nas etapas iniciais de

sinterização de partículas com tamanhos normais, como em metais e óxidos, a taxa é

aparentemente controlada pela difusão volumétrica (HAUSNER, 1958; KINGERY ET AL.,

1960). A difusão superficial é considerada importante no transporte de material quando o

tamanho de partícula é diminuído e a relação área superficial-volume são aumentados

(HAUSNER, 1958).

Durante a sinterização, a redução do material promovida pela densificação ocorre tanto

pela diminuição da energia livre do sistema como também pelo crescimento de grãos. E o

crescimento do grão reduz a área do contorno de grãos (CALLISTER, 2002). Na sinterização

convencional é extremamente importante a influência do tempo e temperatura. Este processo

exige um tempo de sinterização elevado, e tempos maiores de sinterização permite a difusão de

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um número maior de partículas. Além disso, a energia de ativação do sistema de difusão é maior

com a elevação da temperatura.

2.2 Processo de Granulação com Parafina

Os pós bastante finos apresentam dificuldade em fluir e segregam com facilidade,

dificultando a produção industrial e a qualidade do produto final. Dessa forma, foi desenvolvido

o processo de granulação, o qual é bastante utilizado na metalurgia, mineração, agricultura,

fármacos e detergentes. Nesse processo os pós finos passam pelo processo de aglomeração

formando grânulos, com o aumento do tamanho dos pós, promovendo com isso boa fluidez,

dispersão satisfatória e menor risco ambiental. Além disso, são obtidas melhores macro e

microestruturas, melhor densidade e estética das peças (REYNOLDS ET Al., 2005;

HASSANPOUR ET AL., 2009).

A granulação (Figura 7) é realizada com o intuito de (1) prevenir segregações dos

componentes da mistura, que podem ocorrer por causa da desigualdade no tamanho das

partícula e densidade das materiais primas usadas; (2) Aprimorar propriedades de fluidez da

mistura dos pós, pois diversos pós são aderentes devido a irregularidade das partículas e

particularidades superficial promovendo baixa fluidez, podendo gerar gradiente de densidade

na peça final; e (3) Favorecer a compactação da mistura dos pós, os grânulos formados com os

pós pelo processo de granulação são de fácil conformação e assim geram produtos com melhor

resistência (BERNARDES, 2006).

Figura 7 - Ilustração da formação de grânulos para prevenir a segregação de pós

(GRANTEC TECNOLOGIAS APUD BERNARDES, 2006).

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De acordo com HASSANPOUR ET AL., 2009, a formação de grânulos pelo processo

de granulação pode ocorrer por meio da colisão e aglutinação de partículas e/ou através de um

núcleo que cresce, gerando uma camada envolta. As forças responsáveis pelo processo de

granulação podem ser as eletrostáticas ou de Van der Waals ou as ligações geradas por meio da

sinterização, a cristalização ou inclusão de ligante líquido ou seco.

Ainda, o processo de granulação pode ser por via seca ou por via úmida. A granulação

via seca ocorre devido a características coesivas e por meio da aplicação de pressão por

prensagem, extrusão, rotação ou fluidização, descartando o uso de ligante (NISHII E HORIO,

2007). Após a compactação dos materiais estes são desintegrados por processos de moagem

obtendo grânulos que são peneirados para obter a faixa de tamanho esperado (BERNARDES,

2006).

Na granulação via úmida é utilizado um líquido nos pós, formando uma massa úmida

ou grânulos com umidade controlada. Esse líquido pode vir a ser usado juntamente com aditivos

dispersados, e estes podem ser chamados de adesivos, ligantes ou agentes de ligação (binder).

Os adesivos são utilizados com o intuito de favorecer a junção das partículas. O meio líquido

empregado pode ser água ou solventes orgânicos, este último serve quando os pós são sensíveis

a água ou devido a necessidade de uma rápida secagem (BERNARDES, 2006).

Diversos fenômenos físicos ocorrem no processo de granulação a úmido, os quais

podem ser divididos em três grupos: (1) Umidificação, nucleação e distribuição de ligante; (2)

Consolidação e crescimento; e (3) Atrito e ruptura (HAPGOOD ET AL., 2007 APUD

FERNANDES, 2014).

Um meio usado industrialmente para o realização da granulação é o processo de

granulação em tambor, nesse método uma massa de pós é colocada dentro de um cilindro ou

tambor (Figura 8), e este inicia movimentos de rotação causando a colisão e junção entre as

partículas, estas são envolvidas pelo polímero diluído em um solvente, e durante o movimento

ocorre evaporação do solvente, dando origem aos grânulos. O tempo de granulação e a

velocidade de rotação do tambor influenciam no tamanho médio dos grânulos formados

(KLEIN, 2005 APUD DEMÉTRIO, 2012).

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Figura 8 - Processo de granulação em tambor. Fonte: Demétrio (2012) alterada pelo

autor.

Na indústria da metalurgia do pó a granulação é realizada antes da etapa de

compactação, pois necessita-se de uma boa fluidez dos grânulos, sendo assim, geralmente

utiliza o processo de granulação via úmida (NISHII E HORIO, 2007). Durante o processo de

granulação pode ser incorporada a parafina, e esta apresenta-se funcionalmente como um

ligante, a qual pode atuar também como lubrificante.

Os veículos para a compactação de uma massa de pós em uma determinada geometria

são os ligantes, pois eles preservam as partículas de pós unidas entre si até o início da

sinterização. Geralmente a peça não apresenta resistência a verde suficiente para sua extração

da matriz de compactação e para permitir seu manuseio após a compactação, sendo assim, são

adicionados os ligantes com a finalidade de melhorar essa resistência (KLEIN, 2004 APUD

CABRAL, 2014).

Ainda, o uso dos lubrificantes tem por objetivo reduzir o atrito presente entre as

partículas de pós e entre os pós e o ferramental de compactação, buscando diminuir gradientes

de densidade nos compactados, minimizar o desgaste do ferramental e reduzir a carga de

extração da peça, evitando dessa forma a ocorrência de falhas, como trincas (KLEIN APUD

CABRAL, 2014).

2.3 Compósitos de matriz metálica (CMM)

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Os materiais compósitos são desenvolvidos na tentativa de aprimorar as propriedades

dos materiais, como: rigidez, resistência mecânica, resistência as condições ambientais, peso,

dureza, expansão térmica, entre outras (LEVY E PARDINI, 2006). Os compósitos apresentam

duas ou mais fases ou dois materiais distintos que são utilizados juntos para que seja adquirida

uma combinação de propriedades (ASKELAND E PHULÉ, 2008). As interações matriz-

partícula no compósito reforçado por dispersão ocorrem no nível atômico ou molecular,

melhorando propriedades como limite de escoamento e dureza (CALLISTER, 2007).

Nos materiais conjugados podem ser utilizados como matriz os metais, as cerâmicas e

os polímeros. A matriz é responsável por manter o reforço preso, a orientação das fibras,

proteger e transferir a carga emitida nos produtos para o reforço, além disso, conferem

propriedades como ductilidade, isolamento elétrico ou dureza. Adicionalmente, para que os

materiais compósitos cumpram sua função, é necessário que haja compatibilidade química no

conjunto heterogêneo.

As rotas de processamento mais utilizadas na formação dos compósitos CMM’s são pela

dispersão do reforço na matriz metálica líquida e sua solidificação, ou pode ser pelo

processamento via metalurgia do pó, nesse caso, o pó da matriz e o reforço são misturados,

compactados e sinterizadas, ou podem ser consolidadas a quente por extrusão.

Nos CMMs as propriedades da matriz metálica são alteradas pela incorporação de

segunda fase podendo esta ser cerâmica, polimérica, entre outras. Geralmente a matriz metálica

utilizada é a base de ferro, alumínio, magnésio, níquel, cobalto, etc, e as fases dispersas podem

ser os carbetos, nitretos, boretos, óxidos. Com a combinação das propriedades dos materiais

cerâmicos como elevada dureza com a ductilidade dos metais, tem-se a formação de um

excelente material. Os CMMs podem ser empregados na indústria automotiva, aeroespaciais e

entre outras aplicações (LEMSTER ET AL., 2005).

Os compósitos de matriz metálica e cerâmica são muito estudados pois estes podem ser

utilizados em aplicações que requerem elevadas temperaturas (COELHO 1996). Os compósitos

de matriz metálica podem ser classificados segundo o reforço utilizado os quais podem ser

reforçados com fibras longas (contínuos), fibras curtas e “whiskers” (descontínuos) e

reforçados com partículas (Figura 9) (CRONJÄGEN E MEISTER 1989).

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Figura 99 - Descrição esquemática dos três tipos de CMM, classificados de acordo

com o tipo de reforço (CRONJÄGEN E MEISTER 1989).

Os compósitos com reforços de partículas são considerados mais isotrópicos e o

tamanho destas partículas pode interferir o desempenho ao desgaste do material formado

(SHANG-PING ET AL., 2009). A adição de partículas finas nos compósitos promove

resistência à corrosão, melhora a dureza e promove inércia a alta temperatura (SRIVASTAVA

ET AL., 2007). A distribuição das partículas de reforço na matriz deve ser eficiente, de forma

que seja adquirida uma boa ligação entre esses componentes, obtendo compósitos com bom

comportamento mecânico e tribológico (ZHI-YU ET AL., 2007).

Ainda, os compósitos de matriz metálica possuem uma variedade de aplicações e

apresentam vantagens em comparação aos materiais tradicionais devido suas propriedades

como limite de resistência mecânica e módulo de elasticidade maiores, propriedades

melhoradas a altas temperaturas, boa resistência ao desgaste e baixo coeficiente de expansão

térmica.

Os métodos que podem ser utilizados para a confecção de compósitos de matriz metálica

são: (1) via metalurgia do pó, os pós utilizados são misturados, prensados e sinterizados; (2)

síntese a alta temperatura, os pós misturados reage formando um compósito; e (3) infiltração,

nesse método é realizado o recobrimento de uma peça cerâmica porosa com metal fundido

(LEMSTER ET AL., 2005).

Portanto, o processamento via metalurgia do pó é um excelente método de obtenção de

CMMs, pois através deste é possível misturar diferentes pós, diversificando a composição e

consequentemente as propriedades dos compósitos obtidos (OLIVEIRA E BOLTON, 1996

APUD FERNANDES, 2014).

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2.3.1 Compósitos de níquel

Na literatura são relatados estudos da produção de materiais compósitos com matriz de

níquel, nos quais foram utilizadas partículas de carbetos como SiC, TaC, WC, NbC como fase

de reforço (FERNANDES, 2014; MEDEIROS, 2016; NICODEMO, 2012; PRABHU, 2016;

CHAO YANG ET AL., 2015).

O uso da matriz de níquel é interessante pois esta apresenta propriedades atraentes,

como: resistência a altas temperaturas, alta resistência química à corrosão, expansão térmica

extremamente baixa, dureza a quente, resistência mecânica e ao desgaste (NOSONOVSK, 2012).

Devido as propriedades do níquel relatadas acima, espera-se que os compósitos

baseados em Ni proporcionem melhor resistência ao desgaste e fricção em temperatura

ambiente e em temperaturas elevadas do que os compósitos utilizando outras matrizes. Por isso,

o Ni foi selecionado como matriz neste estudo.

2.4 Mecanismos de Endurecimento

Em materiais metálicos os meios de se obter altas resistências seria pela restrição do

movimento das discordâncias. A baixas temperaturas os contornos de grão fazem esse papel.

Outro meio de restrição das discordâncias é pela incorporação de heterogeneidade, como

átomos de soluto ou adição de partículas duras (óxidos ou carbonetos) em uma matriz dúctil,

conhecido por endurecimento por dispersão. Esse endurecimento pode ser chamado de

“endurecimento por solução sólida” quando ocorre alteração das propriedades mecânicas de

um sólido pela incorporação de átomos de soluto na matriz (THUMMLER; OBERACKER,

1993).

2.4.1 Dispersão de partículas duras

Geralmente, as partículas utilizadas como reforços nos compósitos de matriz metálica

são os óxidos (SiO2, Al2O3), carbetos (SiC, B4C, TiC, NbC), nitretos (Si3N4) e boretos (TiB2,

AlB2). Os nitretos, carbetos e os óxidos cerâmicos apresentam propriedades como alta

resistência ao desgaste, baixo custo e inércia química (MOUSTAFA, 2002; DAS, 2009). As

partículas de reforço são adicionadas para melhorar a resistência a rigidez, resistência ao

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desgaste, atrito e propriedades mecânicas em temperatura ambiente e em temperaturas elevadas

(LIM ET AL., 1992).

A compressibilidade da mistura de pós é reduzida com a inserção de partículas duras

em matriz metálica (ZHI-YU ET AL., 2007). As partículas de carbetos são duras e servem para

preservar o compósito de matriz metálica da abrasão e promover uma melhor dureza.

Entre as partículas de reforço que são utilizadas nos compósitos de matriz de níquel

existe as que podem se dissolver na matriz (SiC) promovendo principalmente lubrificação, e as

que não se dissolvem na matriz (WC, NbC, TiC, TaC) conferindo aumento de dureza no

material.

O carbeto de silício (SiC) é um ótimo reforço, é semelhante ao carbeto de tungstênio,

porém é considerado mais duro, apresenta custo um pouco mais baixo, e pode ser achado em

vários tamanhos de partículas (J. BANHART, 2000).

O SiC é utilizado como reforços nos CMM devido suas vantagens como: baixa

densidade (3,1 g/cm3), alta condutividade térmica (120 W/mK), excelente resistência ao choque

térmico e resistência química, alta estabilidade térmica e resistência à oxidação, alta rigidez

(420 GPa) e dureza (28 GPa), excelente resistência devido a suas ligações covalentes

direcionais e menor concentração de defeitos cristalinos; e alta resistência a abrasão e fricção

(CHANDRASEKARAN E SINGH, 1997 APUD T RAM; H. TANG ET AL, 2009; L. LIU ET

AL, 2005).

O SiC na forma de fibras ou partículas, pode ser útil na produção de materiais estruturais

e funcionais devido à sua boa condutividade térmica e elétrica, estabilidade química, alta

resistência mecânica e baixa fricção (M. BRUZZI ET AL, 2001; P. WELLMANN ET AL, 2001;

DEZAUZIER ET AL., 1995). Liu et al., 2005 processaram os compósitos Ni / 12% de SiC e Ni

/ 18% SiC através de técnicas de eletroformação. Eles descobriram que a resistência à tração

dos compósitos variaram entre 466 e 493 MPa.

Existem estudos que analisaram o revestimento das partículas de SiC com Ni para

melhorar a sua molhabilidade na matriz de Cu, porque o níquel possui melhores propriedades

de adesão com SiC. E o níquel melhora a estabilidade dimensional do revestimento do

composto (MOUSTAFA, 2002).

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2.4.2 Endurecimento por solução sólida

As propriedades da matriz de níquel podem ser melhoradas através do endurecimento

por solução sólida.

As soluções sólidas podem ocorrer basicamente por três meios: substitucionais,

intersticiais e ordenadas. Se os átomos do soluto são bem menores que o do solvente, eles

ocupam posições intersticiais. A solução sólida ordenada pode ocorrer pelo rearranjo de

soluções sólidas com composição próxima de proporções estequiométricas, como AB, A2B ou

A3B. Se os átomos do soluto não têm preferência por determinadas regiões na rede, e o seu

tamanho é quase igual ao do solvente, tendem a formar solução sólida substitucional

(NICODEMO, 2012). E a tendência de dois elementos formarem solução sólida substitucional

é regida pelas regras de Hume-Rothery (CALLISTER, 2007):

• Tamanho atômico: os raios atômicos dos dois elementos não devem diferir entre si mais

de 15%.

• Estrutura cristalina: o tipo de estrutura cristalina deve ser a mesma.

• Valência química: as valências dos dois elementos não devem diferir mais de uma

unidade.

• Eletronegatividade: devem ser iguais, ou pode formar um composto.

São exemplos de pares de elementos que satisfazem as regras de Hume-Rothery, o

cobre-níquel, nióbio-tântalo, níquel-silício, os compostos NbC e TiC, ambos se apresentando

solúveis ou miscíveis entre si no estado sólido.

O níquel apresenta estrutura CFC, com raio atômico de 1,245 Å, o silício apresenta raio

atômico de 1,176 Å, dessa forma, os átomos dos dois elementos diferem entre si em 4,5%, com

a introdução de silício no solvente (Ni), este entrará na rede cristalina do Ni por solução sólida

substitucional. O carbono apresenta raios atômico de 0,77 Å, e não entrará na rede cristalina do

Ni, pois o interstício octaédrico do Ni tem raio igual a 0,51 Å e o interstício tetraédrico tem raio

igual a 0,28 Å (BARRET; MASSALKI, 1998).

Por meio da utilização do Si obtido de cerâmicas, por exemplo em SiC, tem-se a

formação de silicetos como produto da reação, e obtenção de liga metálica por endurecimento

no estado sólido com o Si no Ni. E o tamanho dos silicetos deve ser controlado, e assim saber

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os parâmetros e mecanismos pelos quais é governado. A forma mais simples para estudar

fenômenos de crescimento, qualitativamente e quantitativamente é por meio da técnica de pares

de difusão (GULPEN ET AL.,1995).

Em elevadas temperaturas, o contato direto entre dois metais, compostos ou ligas

promove a interdifusão, dessa forma, pode ocorrer o crescimento de compostos intermetálicos.

Considerando uma situação de quase-equilíbrio e sem problemas de nucleação, é possível por

meio do diagrama de fases determinar o número e a composição dos compostos intermetálicos

que serão gerados. O diagrama de fases do sistema Ni-Si é exposto na Figura 10 (LU ET AL,

2005).

A formação da fase Ni2Si entre o Si e um filme fino de Ni é um processo regido

basicamente pela difusão em contorno de grão, e o crescimento da mesma em pares de difusão

em volume é pela difusão em rede. A temperatura pode modificar o mecanismo de difusão,

ocasionando diferentes taxas de crescimento e morfologias (CICCARIELLO, 1990).

Figura 10 - Diagrama de fases Ni-Si. Fonte: Lu et al., 2005

Por meio do diagrama de fases ternário Ni-Si-C à 900 ºC (Figura 11) usando o modelo

de VAN LOO (et al., 1985) e seção isotérmica é possível prever a sequência de fases em um

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par de difusão de Ni-SiC, como sendo a única sequência de fases possível a Ni/ Ni3Si/ Ni5Si/

C/ SiC.

Figura 11 -Seção isotérmica do diagrama de fases ternário Ni-Si-C à 900 ºC.

A partícula de SiC geralmente reage com a matriz de Ni em níveis elevados de

temperatura, e com a dissociação do SiC e o Si entrará na rede cristalina do Ni por solução

sólida substitucional (NICODEMO, 2012). E conforme o diagrama de fase de Ni-Si-C, a reação

de interface envolve a formação de várias fases intermetálicas estáveis: NiSi, NiSi2, Ni2Si,

Ni3Si, Ni3Si2 e Ni31Si12 (CAO E NYBORG, 2011). Particularmente, a formação da fase Ni2Si

começa a 500 ° C e aumenta com o aumento da temperatura. O Ni2Si (2Ni + SiC -> Ni2Si + C)

é a fase mais dominante observada até 950ºC devido ao seu alto valor de energia livre de Gibbs

da reação. Acima de 950 ºC a formação de outras fases frágeis (NiSi2, Ni3Si e Ni5Si2) substitui

as fases Ni2Si (OHI, 2002 ET AL.; BACHLI ET AL., 1998).

O depósito de carbono livre eventualmente liberado se torna grafite passando pela

transformação de ordem e desordem. A conversão do carbono livre a grafite aumenta com a

elevação da temperatura (CAO E NYBORG, 2011). O grafite pode atuar como lubrificante

sólido na interface de materiais em contato, impedindo o contato direto entre as superfícies

conferindo um baixo coeficiente de atrito e um desgaste menor do material compósito

(NICODEMO, 2012).

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2.5 Níquel e suas ligas

O níquel metálico é um elemento importante para diversas áreas na indústria, geralmente

utilizado de forma tecnológica como metal base na produção de ligas, superligas ou como

matriz na fabricação de materiais compósitos, os quais requerem suas características

fundamentais como resistência ao desgaste e mecânica associada a resistência a corrosão e

oxidação, em temperaturas altas ou ambiente.

Por meio da exploração dos minérios sulfetados e lateríticos é possível a obtenção do

níquel metálico. Esse metal em conjunto com o cromo e molibdênio são muito utilizados na

fabricação de aços inoxidáveis, e na formação de ligas especiais, além disso é utilizado em

outras finalidades (ANDRADE ET AL., 2000).

Os sulfetos são os principais minerais responsáveis pela obtenção de níquel

mundialmente, e o principal sulfeto de níquel é a pentlandita ((Fe, Ni)9S8). Existem vários

depósitos de sulfetos e o teor de níquel neles são maiores, os depósitos mais conhecidos

mundialmente estão localizados na China, Austrália e Canadá (GOONAN, 2009). Os maiores

produtores de níquel são a Rússia, seguido pela Indonésia, Austrália, Canadá e Filipinas

(RAMOS, 2014).

As principais reservas minerais nacionais de níquel estão em sua maioria no estado de

Goiás, cerca de 55,33% (8.854.200 t). O estado da Bahia representa cerca de 37,9% (6.073.799

t), o Pará fica com 6,39% (1.023.905 t), Minas Gerais somou cerca de 0,38% (49.550 t) em

relação a produção bruta total de níquel, todos os dados estão relacionados as reservas referentes

ao ano de 2015 de acordo com o Anuário Mineral Brasileiro (2016).

Considerado um metal de transição, que apresenta como características condutividade

elétrica e térmica, ductilidade e maleabilidade, exibe certo caráter ferromagnético, é resistente

a corrosão e oxidação, entretanto é um metal de difícil laminação, forjamento e polimento

(PAGANINI, 2007 APUD MARTINS, 2010). Algumas propriedades apresentadas pelo Ni são

mostrada na Tabela 1.

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Tabela 1 - Propriedades do Níquel

Densidade (g/cm3) 8,9

Temperatura de Fusão (ºC) 1455

Temperatura de Ebulição (ºC) 2913

Condutividade Elétrica

(106/m.Ω)

14,38

Condutividade Térmica (w/m.K) 91,2

Módulo de Young (GPa) 207

Dureza (HV) 64

Estrutura Cristalina CFC

Temperatura de Curie (ºC) 253

Fonte: Asm specialty handbook (2000).

No Brasil o níquel é empregado na siderurgia e em produtos de níquel, galvanoplastia e

na produção de ligas metálicas. As ligas de níquel são geralmente fabricadas com a

incorporação de cobre, ferro, silício, o molibdênio, manganésio e o alumínio. Em países

industrializados cerca de 70% da produção do níquel é aplicada no setor siderúrgico, e 30% em

ligas não-ferrosas, galvanoplastia, entre outras (BNDES, 2000).

A produção de pós finos de níquel ocorre principalmente por dois processos: processo

carbonila e a técnica hidrometalúrgica. A técnica hidrometalúrgica ocorre por meio de reações

de dissoluções do mineral-minério, seguido pela aplicação de hidrogênio sobre pressão para a

redução de uma solução de um sal de níquel, processo chamado Sherritt. Esse processo fornece

níquel com pureza elevada, porém devido o processo de redução o tamanho de partícula do pó

produzido é considerado alto, em torno de 100 micrometros (NABOYCHENKO ET AL. 2004;

CARNEY ET AL., 2006).

Por meio do processo carbonila é possível a produção de pós finos e uniformes, com

tamanho de partículas de 4 micrometros, dependendo das condições do processo, sendo

considerado o método preferido comercialmente. O níquel carbonila pode apresentar alta pureza

mais de 99,95%. Essas são algumas das características que incentivam o emprego do pó de

níquel carbonila na área da metalurgia, além de alta taxa de difusão e maior área superficial

específica (CARNEY ET AL., 2006).

Ludwing Mond e seus colaboradores no ano de 1889 desenvolveram o processo de

obtenção de pó de níquel pela primeira vez (ASM Handbook Powder Metallurgy, 1993).

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Por meio da imposição de monóxido de carbono (CO) em níquel ativo a uma

temperatura em torno de 40 a 100º C e pressão controlada foi possível obter um gás e

tetracarbonila de níquel (Equação 1). E por meio da decomposição do tetracarbonila de níquel

obteve-se o pó de níquel carbonila (NABOYCHENKO ET AL, 2004 APUD FERNANDES,

2014; KLEIN, 2000).

50ºC

Ni + 4CO → Ni(CO)4 (1)

Por meio desse processo o pó obtido é fino ou granulado, com geometria não esférica

(THUMMLER; OBERACKER, 1993).

O agrupamento do níquel e suas ligas pode ser realizado por: níquel (com diversos graus

de purezas); níquel ligado (com elementos de liga em baixos teores); ligas de níquel – cobre;

ligas de níquel – cromo; ligas de níquel – ferro – cromo; ligas de níquel – molibdênio.

O níquel pode ainda ser encontrado na forma de superligas, ligas cobre – níquel, ligas

de níquel pra fins elétricos e magnéticos, aços inoxidáveis e aços com baixo teor de níquel

(NICODEMO, 2012).

Os materiais metálicos à base de níquel podem também ser classificados quanto ao

meio de endurecimento em: ligas de níquel endurecidas pela formação de solução sólida e ligas

de Ni endurecidas pelo tratamento térmico de solubilização e envelhecimento com precipitação.

Outro meio de endurecimento é o encruamento pelo trabalho a frio (FERRANTE, 1996).

A matriz de níquel apresenta estrutura CFC estável com alta capacidade de dissolução

de outros elementos, podendo ser reforçada por vários meios diretos e indiretos. Em muitas

ligas de níquel os elementos de liga apresentam-se em solução sólida. O níquel pode ter suas

propriedades modificadas devido a presença de impurezas (WENSCHHOF, 1980).

Ligas e Superligas a base de níquel apresentam diversas aplicações devido suas

propriedades de resistência a altas temperaturas e a oxidação, sendo assim, as ligas mais

utilizadas e de maior interesse dos metalurgistas. A produção de ligas por meio da metalurgia

do pó é um meio atrativo industrialmente, pois apresenta características únicas, como a

obtenção de materiais com a composição química desejada, e com dispersão de várias fases,

além de ser econômico quanto ao uso de material e baixa necessidade de operações secundárias.

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2.5.1 Toxicidade do níquel

O níquel é um metal de transição bastante utilizado, chegando a ser usado em mais de

300.000 produtos aplicados em diversas áreas industriais, como em aço inoxidáveis, ligas de

níquel, superligas, em galvanoplastia, fundição, catalisador, em baterias, em eletrônicos, em

pigmentos, materiais cerâmicos, entre outros (NICKEL INSTITUTE, 2018).

Porém, o Ni tem se mostrado tóxico e possivelmente carcinogênico. A exposição ao Ni

pode gerar em humanos reações alérgicas e erupções cutâneas, e tem sido associada a níveis

mais elevados de cânceres nasais e pulmonares (KASPRZAK, 2003; BRUSKE-HOHLFELD,

2009; THYSSEN ET AL, 2013).

Segundo a Agencia Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), o níquel é

considerado um agente carcinogênico, qualificado no Grupo 1, capaz de causar câncer nos

pulmões, cavidade nasal e nos seios paranasais.

A exposição da população geral ao níquel por meio de alimentos, água potável e ar

ambiente é baixa, portanto, não são considerados fontes causadoras de danos mais sérios à

saúde. Mas, funcionários das indústrias de produção e processamento de níquel estão mais

sujeitos a sofrer danos à saúde devido a inalação do ar poluído ou por contato dérmico. Não se

sabe ao certo qual o excesso de níquel que provoca danos em cada ser vivo, pois depende da

idade, da quantidade ingerida e exposição (OLIVEIRA, 2010; CLANCY E COSTA, 2012). De

acordo com vários estudiosos, a toxicidade do níquel nos seres humanos depende das espécies

químicas, forma física, concentração ou fonte de exposição (AHMAD, ASHRAF, 2011;

SCHAUMLÖFFEL, 2012; AIR QUALITY GUIDELINES FOR EUROPE 2000).

O níquel pode ser obtido como pó metálico, compostos solúveis (hidróxidos, sulfatos,

cloretos e os nitratos e acetato de níquel), insolúveis (os óxidos, os sulfetos e ainda o subsulfeto

de níquel) e orgânicos. O níquel, como Ni (II) pode assumir formas solúveis e insolúveis. E

estudos sugerem que formas insolúveis podem se apresentar mais prejudiciais à vida animal do

que a forma solúvel. Porém, a toxicidade do níquel solúvel permanece sem solução

(GOODMAN ET AL, 2011).

Também, estudos relatam quem o Ni (II) é altamente solúvel e pode entrar nas células

e, uma vez dentro da célula, pode danificar a estrutura e a função das proteínas (HU ET AL,

2003; TANG ET AL, 2008). Os íons Ni solúvel se apresentam com potencial carcinogênico, e

o Ni solúvel está associado ao risco de câncer em trabalhadores do refino de Ni. Porém,

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informações sobre a biodisponibilidade do níquel devem ser incorporadas em avaliações de

risco futuras, para melhor entendimento (GOODMAN, 2011).

Na refinaria de níquel, a evidência mais pronunciada de um alto risco de câncer foi

encontrada no pó das espécies de sulfeto de níquel (NiS, NiS2 e Ni2S3). Em relação ao nível

molecular, tem sido sugerido que a espécie de níquel íon Ni2+ é responsável por efeitos na saúde,

como dermatite alérgica e cânceres respiratórios (SCHMIDT, 2011; FULLERTON,1986).

Os sais de níquel se inalado provoca corizas e inflamações nasais crônicas nos seres

humanos. Os compostos solúveis cloreto de níquel e sulfato de níquel apresentam alta absorção

através da via dérmica, segundo estudo a penetração chega em torno de 77% em 24h,

provocando dermatite (CLANCY, COSTA, 2012; KAS ET AL., 2008; SILVESTRI,

BARMETTLER, 2011 APUD GONZALEZ, 2016).

A carbonila de níquel Ni(CO)4 é o composto orgânico do metal de níquel considerado

altamente tóxica. Esse composto se decompõe em torno de 50ºC, é volátil e incolor, solúvel em

lipídios, favorecendo sua passagem pela membrana celular, o que promove elevada absorção

por inalação e em contato com a pele (MUÑOZ e COSTA, 2012). As intoxicações com o

níquel-tetra-carbonil (Ni(CO)4) pode afetar os pulmões, o fígado, o rim e o baço, podendo

provocar morte por pneumonites, hemorragia cerebral e edemas (GUTBERLET J., 1996;

(AZEVEDO e CHASIN, 2003). Desde 1961, foram coletados 179 casos de intoxicação aguda

por níquel-carbonila na China (SHI, 1986).

Um estudo realizado no Ártico russo constatou um maior índice de abortos espontâneos

(15,9%) para as mulheres que trabalhavam em refinarias de níquel, comparando com (8,5%)

para as que não trabalhavam. Um estudo realizado com ratos expostos ao sulfato de níquel,

mostra que estes passaram por uma deterioração nos testículos (KAS ET AL., 2008).

A NiPERA Inc. (Associação de Pesquisa Ambiental dos Produtores de Níquel), realizou

no ano de 2004 um estudo sobre a carcinogenicidade com pó de níquel metálico (~ 1,6

μMMAD) em ratos Wistar, estes seres foram expostos durante 2 anos, e verificou-se que a dose

máxima era de 1 mg/m³, então como medida de garantir a segurança, foi determinada que a

Dose Máxima Tolerada (MTD) para a inalação de pó de níquel metálico é 0,4 mg/m³, sendo

usada também como base para determinação da carcinogenicidade (KIRKPATRICK, 2004).

A NiPERA foi criada com o objetivo de gerar e divulgar informações sobre quaisquer

efeitos à saúde ou ao meio ambiente que possam estar associados à produção e ao uso de níquel,

seus compostos e ligas. Devido a toxicidade de alguns compostos do níquel é extremamente

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importante monitorizar a exposição de indivíduos, além de prezar pela vigilância ambiental e

vigilância biológica.

2.5.2 Óxido de níquel

Os minerais de sulfetos, silicatos, arsenetos e oxididados são os principais meios

naturais de obtenção de níquel. O metal de níquel é extraído de minérios, que são reduzidos

usando carvão, com uma quantidade de ferro, cobre e cobalto, em seguida o produto obtido

passa pelo processo de purificação.

O ferro-níquel, óxidos de níquel, metal de níquel com pureza média, e outros materiais

químicos, são os produtos que dão origem ao níquel primário. O níquel secundário é o obtido

através da reciclagem de materiais feitos com níquel (NIPERA).

No geral, os óxidos metálicos apresentam formula química X2On (onde X é o elemento

metal e O é oxigênio com valência -2). Alguns exemplos desse composto são: ZnO, MgO,

Na2O, FeO, Cu2O, Al2O3, NiO, etc. Os óxidos são constituídos por dois elementos, gerando

um composto binário. Para dar origem aos óxidos, as moléculas de oxigênio se ligam a outros

elementos, podendo formar óxidos iônicos ou moleculares.

Dependendo de seu comportamento, os óxidos podem ser classificados da seguinte

forma:

• Óxidos Ácidos (ametal + oxigênio);

• Óxidos Básicos (metal + oxigênio);

• Óxidos Neutros (ametal + oxigênio);

• Óxidos Anfóteros (anidridos ou óxidos básicos);

• Óxidos Mistos (óxido + óxido);

• Peróxidos (oxigênio + oxigênio).

Os óxidos básicos são formados por um metal mais oxigênio, dando origem a compostos

iônicos com elevado ponto de fusão e ebulição. Estes são conhecidos como óxidos metálicos,

uma classe de materiais admirável e diversificada, podendo apresentar propriedades metálica a

semicondutor e isolante (SOARES, 2001).

De modo geral, o óxido de níquel apresenta-se como NixOy. O composto óxido de níquel

(II) apresenta formula química NiO. Considerado um óxido de metal de base, apresenta

configuração mineralógica da bunsenita. Sua estrutura é tipo do NaCl. O óxido metálico NiO

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com estequiometria correta, com razão Ni:O de 1:1, possui com verde, o não estequiométrico

mostra-se negro.

A falta de níquel na rede cristalina modifica a estrutura eletrônica, formando um

composto estequiométrico. Industrialmente o óxido de níquel é utilizado nas áreas da

metalurgia, principalmente na produção de ligas, cerâmica, baterias recarregáveis e pilhas

(FERREIRA,1998; RIBEIRO, 2014).

O óxido de níquel também apresenta outras aplicações industriais como: filtros ópticos

ativos, filmes antiferromagnéticos, corantes de esmalte, pigmentos, catalisadores, cátodos de

baterias alcalinas, sensores de temperatura, sensores de gás e dispositivos eletrocrômicos.

Atualmente está sendo investigado seu uso em eletrodos (GYU ET AL., 2011; KUMAR, 2008;

CERC, 2016; OLIVEIRA ET AL., 2005).

A obtenção do NiO se dar através de diversas técnicas, algumas serão relatadas a seguir:

um dos métodos é pelo aquecimento do níquel em pó a temperaturas maiores que 400ºC,

propiciando a reação do níquel com o oxigênio gerando o NiO; outro método é o aquecimento

a 1000°C da combinação de pó de níquel e de água, podendo ser adicionado NiO para aumentar

a taxa de reação; e a obtenção do NiO pode ser também por meio do processo de pirólise de

níquel (II), este método é considerado o mais fácil e bem desenvolvido.

Não há revisão suficiente disponível relatando o uso de óxido de níquel como matriz em

compósitos na área da metalurgia do pó.

2.6 Redução de óxidos

Um dos métodos mais usados na produção de pós metálicos é através da redução de

óxidos. Geralmente a técnica de redução deve ser otimizada pela incorporação de catalisadores

de heterofases. Diversos autores têm avaliado os efeitos dos aceleradores de reação na cinética

de redução de óxidos. Os pós reduzidos são considerados relativamente baratos e de fácil

compactação e sinterização (SAMSONOV, OSIPOVA, 1973).

A utilização do metal precursor da fase ligante sob a forma de óxido é considerada

frequente, pois geralmente em fase posterior o óxido é submetido ao processo de redução, uma

das formas de redução mais utilizadas é através de reações com a aplicação de atmosfera

redutora de hidrogênio. Outra forma de redução dos óxidos é mediante reações com carbono

livre adicionado à mistura de pós (CABRAL, 2014). Em geral, o NiO apresenta diversos estados

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de oxidação, com isso as reações de oxirredução são beneficiadas ocorrendo rapidamente

(WANG ET AL, 2013).

O processo de redução por carbono de óxidos metálicos é considerado complexo, de

acordo com Atasoy (2010). Em alguns casos a reação necessita de uma elevada porção de calor

e maiores tempo para gerar os produtos da reação. Além disso, a taxa de reação sofre influência

dos parâmetros utilizados no processo.

A redução pode ocorrer através dos seguintes métodos:

• Redução Carbotérmica, onde o carbono reduz um óxido quando o óxido mais

estável de carbono (CO) apresentar estabilidade maior que o óxido a ser

reduzido, dependendo das condições impostas, conforme a reação genérica (2)

(HALMANN, 2011; SILVEIRA, 2014; HECK, 2018):

MeO + C = Me + CO (2)

• Redução Metalotérmica, esse processo geralmente é considerado exotérmico, os

metais que formam óxidos estáveis podem ser utilizados na redução de óxidos

menos estáveis. Normalmente são utilizados como redutores metálicos o

alumínio, silício, magnésio e cálcio. Equação (3) da reação que descreve o

processo de forma genérica pode ser:

MeX + Me' = Me + Me'X (3)

Onde:

Me' é o metal (agente) redutor;

X pode ser: oxigênio, cloro ou flúor.

• Redução por gases, de acordo com o diagrama de Ellingham pode ocorrer

através dos gases CO ou H2, porém como o diagrama foi criado em condições

padrão (1 atm), aparentemente estes gases não são bons redutores de óxidos

metálicos, mas sabe-se que alterando as pressões parciais dos reagentes e

produtos gasosos novas condições de redução são formadas. Na literatura

existem vários trabalhos que descrevem o processo de redução com gás de

hidrogênio (KHACHATUR ET AL., 2015; RICHARDSON ET AL., 2003).

• Redução utilizando o metano como agente redutor, tem recebido atenção

atualmente na área da metalurgia e da combustão química. A reação gás-sólido

entre o metano e alguns óxidos metálicos produz o metal e o gás de síntese de

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acordo com a reação (4). Diversos estudos estão relatados na literatura sobre a

redução com metano (READMAN ET AL., 2006; EBRAHIM, 2001; H.

RASHIDI ET AL., 2013).

MexOy + yCH4→ xMe+y(CO+2H2) (4)

A cinética de redução de óxidos de ferro e minérios tem sido estudada com o objetivo

de estabelecer as condições ideais dos reatores no processo de redução, por ser considerado um

processo heterogêneo e que envolve diversas reações ao mesmo tempo (SASTRI,

VISWANATH, VISWANATHAN, 1982).

A termodinâmica da redução dos óxidos de ferro foi bastante estudada e mostra se uma

determinada reação pode ocorrer ou não, a termodinâmica se trata basicamente do equilíbrio

entre as fases dos óxidos de ferro e os agentes redutores. Porém as leis que governam a cinética

são responsáveis por determinar a velocidade com que as reações ocorrem, dessa forma, tanto

a termodinâmica como a cinética são essenciais para as reações (KHACHATUR ET AL., 2015).

O processo de redução direta de minérios hematita através de gases redutores com uma

certa porcentagem de hidrogênio tem ganhado interesse industrial devido a vantagens técnicas

que este apresenta em comparação ao processo em alto forno (SASTRI E

COLABORADORES, 1982),

A redução por hidrogênio é o procedimento onde o agente redutor é o hidrogênio gasoso,

esse processo oferece vantagens técnicas que o torna atraente mesmo não sendo considerado o

agente redutor mais eficiente (DEMBOVSKY,1985).

Na literatura existe relatos da produção satisfatória de ligas dos sistemas Cu – Ni e Co

– Ni as quais foram obtidas através da redução direta de misturas de óxidos dos respectivos

elementos citado por meio de gás de hidrogênio na faixa de temperatura entre 400 ºC e 900ºC

(BROCCHI, 2004 e 2009).

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3. Metodologia experimental

3.1 Matérias – primas

3.1.1 Níquel Carbonila

O pó de Níquel Carbonila foi adquirido da empresa BRATS Indústria e Comercio de

Produtos Metálicos Especiais L com tamanho médio de partícula menor que 5 micrometros,

com densidade de 8,9 g/cm3.

Figura 12 - Pó de Níquel carbonila

3.1.2 Carbeto de Silício

O carbeto de silício foi adquirido da empresa Sígma- Aldrich Chemistry, apresentando

tamanho médio de partículas -400 mesh (27 micrometros). E teor de pureza acima de 97,5%,

com densidade de 3,2g/cm3.

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Figura 13 - Pó de Carbeto de silício.

3.1.3 Parafina

A parafina foi adquirida da empresa Dinâmica química contemporânea Ltda na forma

de lentilhas, apresentando faixa de fusão de 56º-58 °C e densidade relativa de 0,89 g/cm3.

3.2 Preparação dos pós

Os pós não foram adquiridos na forma adequada para o uso proposto, sendo assim foram

realizados alguns procedimentos. O óxido de níquel utilizado foi obtido por meio da oxidação

do pó de níquel carbonila em forno convencional em atmosfera ambiente na temperatura de

700ºC com taxa de aquecimento de 5ºC/minuto e patamar de 2 horas, após resfriado foi

macerado em grau de pistilo e passado na peneira de 75 micrometros.

O carbeto de silício antes de ser utilizado passou pelo processo de moagem de alta

energia via úmida em um moinho tipo atrittor, para a cominuição das partículas. As condições

de moagem foram proporção esfera massa 9:1 por duas horas e meia com rotação de 600 rpm,

após a moagem a suspensão foi colocada em um Becker e levada a estufa aquecida a 100ºC por

24 horas, para a completa retirada do meio líquido protetor, que nesse trabalho foi o álcool

isopropílico.

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3.2.1 Caracterização dos pós utilizados

3.2.1.1 Distribuição de tamanhos de partículas

Com a utilização de um analisador a laser da marca CILAS 1064 do laboratório de

cimentos – LABCIM da UFRN foi possível verificar os valores de diâmetro médio de partícula

do níquel carbonila e do óxido de níquel produzido pela oxidação do níquel carbonila e do

carbeto de silício antes e após a moagem.

3.2.1.2 Microscopia eletrônica de varredura (MEV-FEG)

Para a obtenção das imagens utilizou-se o microscópio eletrônico de varredura com field

emission gun, modelo Zeiss Auriga 40 do Laboratório de caracterização microestrutural

(LCEM) do departamento de engenharia de materiais da UFRN.

3.2.1.3 Difração de Raios X (DRX)

As análises foram realizadas nos pós utilizados e nas amostras sinterizadas utilizando o

aparelho Eco D8 ADVANCE da Bruker com detector de Ni utilizando como fonte de radiação

Cu. Os dados do ângulo 2θ foram coletados na faixa de 10 a 90 graus. As fases cristalinas foram

identificadas com o auxílio do programa Cristalografic.

3.3 Definições das Composições

Tabela 2 - Composições dos compósitos formulados pelo processo de mistura, variando a

concentração de carbeto.

Composição (% em peso)

NiO (%) 100 97 95 90 80

SiC (%) 0 3 5 10 20

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Figura 14 - Fluxograma dos ensaios realizados após definição de todas as

composições.

3.4 Mistura

A etapa de mistura foi realizada em moinho de alta energia tipo atrittor (Figura 15). Esta

etapa tem o objetivo de evitar a formação de aglomerados, por meio da obtenção de uma boa

dispersão das partículas dos pós, e a inserção das partículas de carbetos na matriz de óxido de

níquel promovendo a formação do compósito. Esta etapa interfere no processo de sinterização

e consequentemente nas propriedades das peças sinterizadas.

No processo de mistura adotou-se as composições descritas na tabela 2. Um total em

massa de 205 gramas para cada composição foram inseridas no copo do moinho com 205

gramas de esferas de aço carbono de diâmetro de 0,3 e 0,6 milímetros, foi mantida essa

proporção massa esfera de 1:1 para todas as formulações, em seguida foi adicionado álcool

isopropílico como o meio líquido controlador até recobrir o conteúdo do copo e misturado com

o auxílio de uma espátula antes de iniciar a rotação formando uma lama fluida. A velocidade

angular do moinho foi mantida em 200 rpm por uma hora. Após esse período o conteúdo do

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copo do moinho foi colocado em um Becker, e transportado a uma estufa aquecida a 100ºC e

permaneceu por 24 horas.

Figura 15 - Moinho tipo atrittor de alta energia.

Fonte: MEDEIRO, 2016.

3.5 Granulação

A granulação foi realizada pelo processo de granulação em tambor, segundo o método

exposto por FERNANDES (2014).

Nessa etapa 1,5% em massa de parafina foi diluído em 16 ml de hexano com o auxílio

de ultrassom, por um período de 25 minutos. Em seguida a solução obtida foi adicionada à 40

gramas de pó, e foi realizada a mistura com o auxílio de uma espátula, durante essa etapa o

hexano volatilizava com a ajuda da capela. Conforme o hexano evaporava o processo de mistura

com a espátula e girando o bécker (granulação em tambor) foi sendo realizado até formar

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grânulos maiores que conforme eram misturados se fracionaram em grãos menores,

apresentando aspecto de escoabilidade.

Após o processo de granulação o material permaneceu por 24 horas na capela sob vácuo

em temperatura ambiente, para completa evaporação do hexano.

3.6 Peneiramento

Após a completa evaporação do hexano dos pós granulados estes foram submetidos ao

processo de peneiramento nas faixas de peneiras de 500-90 micrometros. Dessa forma, a

granulação do pó de óxido de níquel foi obtida com eficiência, e as granulações das

composições NiO-SiC foram realizadas utilizando o mesmo método.

3.7 Teste de escoabilidade e medida da densidade aparente

O ensaio de escoabilidade mede o tempo necessário para o pó escoar através de um

Funil, e obter o tempo requerido para o preenchimento da matriz de compactação. Um menor

tempo de escoamento permite melhor enchimento da matriz de compactação, assim mais rápida

será a produção de peças, diminuindo as possíveis falhas no material fabricado. Nesse ensaio

os pós estudados foram submetidos ao ensaio de fluidez e medida de densidade aparente

utilizando-se o funil Hall (Hall Flowmeter), seguindo a norma de ASTM B 213-17 e B-873-01.

A medida de escoabilidade foi obtida pela relação de tempo decorrido em segundos, em

função do escoamento de 50 gramas do pó por meio do funil de Hall (Figura 16 (a)) com

diâmetro do orifício de 5,08mm. O resultado é representado em segundos por 50 gramas

(s/50g).

Enquanto o pó escoa por um funil padronizado, o material é coletado em um copo de

volume conhecido de 25cm3 (Figura 16 (b)), quando este fica completamente preenchido é

pesado para obter a massa total do pó contido no recipiente, e determinar a densidade aparente

para cada composição. Foram realizadas ao menos cinco análises de escoabilidade e densidade

aparente para cada composição.

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(a) (b)

Figura 16 - Aparato utilizado: a) Funil de Hall e b) Copo cilíndrico.

3.8 Compactação

A mistura de pós foi compactada em matriz de aço cilíndrica com diâmetro de 10 mm,

utilizando uma prensa hidráulica com pressão uniaxial de ação simples. Como lubrificante da

matriz cilíndrica foi utilizado estearato de zinco diluído em álcool isopropílico. Foi aplicada a

carga de 100, 200, 300 e 400 MPa para verificação da influência da pressão de compactação na

densidade das amostras. E assim, foram produzidos corpos de prova a partir dos pós granulados.

Após a compactação das amostras retirou-se as medidas de densidade à verde pelo método

geométrico com o auxílio de paquímetro com resolução de duas casas decimais (0,00) e balança

digital com resolução de quatro casas decimais (0,0000). As amostras apresentaram dimensões

de aproximadamente 3,5 mm de altura e 10 mm de diâmetro.

3.9 Sinterização

A sinterização das amostras foi inicialmente realizada em dilatômetro modelo

NETZSCH DIL 402C de módulo informatizado, localizado no Labmat. Foi utilizado um fluxo

contínuo de mistura padrão de gases 95% Ar + 5% H2. A taxa de aquecimento utilizada nas

amostras A(NiO) e D(NiO-10%SiC) foram de 5ºC/minuto e 10ºC/minuto, e nas amostras B

(NiO-3%SiC) , C (NiO-5%SiC) e E(NiO-20%SiC) apenas a taxa de 5ºC/minuto.

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Inicialmente as amostras foram aquecidas até a temperatura de 500ºC com patamar de

1 hora para a extração da parafina e redução do NiO e até 1200ºC com patamar isotérmico de

1 hora para sinterizar.

0 50 100 150 200 250 300 350

0

200

400

600

800

1000

1200(2)

Tem

per

atu

ra (

ºC)

Tempo (minuto)

Taxa de 5ºC/min.

Taxa de 10ºC/min.

(1)

Figura 17 - Ciclo térmico de sinterização em dilatômetro.

Todas as composições compactadas a 400MPa também foram sinterizadas em forno

convencional com atmosfera redutora, sendo submetidas ao ciclo 1.

3.10 Densidade à Verde e do Sinterizada

As amostras apresentaram forma geométrica cilíndrica bem definida, assim foi obtido o

valor da densidade à verde (ρv) e do sinterizado (ρs) pelo método geométrico. Para as medidas

de diâmetro e espessura das amostras foram realizadas três medidas e utilizada a média.

Então foi avaliada a retração dimensional apresentada pelas amostras após a

sinterização. Por meio da diferença entre as dimensões de diâmetro e comprimento dos corpos

de prova à verde e sinterizado, foi possível observar a retração dimensional sofrida pela

amostra. O resultado foi a média de três medidas em cada amostra analisada.

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3.11 Preparação Metalográfica

As amostras sinterizadas foram submetidas ao processo de lixamento nas sequências de

lixas 180, 220, 320, 400, 600, 800 e 1200 mesh, e o polimento foi realizado com alumina de

1,0 mícron. A tentativa de revelar a microestrutura foi realizada submetendo a área polida da

amostra a um ataque químico com reagente Marble com tempos diferentes em cada amostra.

Após o ataque as amostras foram lavadas em água corrente e limpas com álcool para retirada

do ácido e secas com secador, porém, em algumas amostras esse ataque não foi eficiente.

3.12 Caracterização Microestrutural

As análises microestruturais foram realizadas através da técnica convencional de

microscopia óptica (MO) em microscópio ótico Olimpus modelo GX-51 com câmera digital

acoplada e Microscopia eletrônico de varredura com fonte de emissão de campo (MEV-FEG)

para avaliar com mais detalhes as microestruturas.

Por meio da análise microestrutural das amostras sinterizadas foi possível avaliar o

desenvolvimento dos compósitos formulados nesse trabalho. Na caracterização microestrutural

da superfície as observações devem levar em conta o tamanho e formato do contorno de grão,

a presença de algumas formas de aglomerados (clusters) de carbetos e de poros existentes na

microestrutura, bem como possíveis contaminações, e se há óxidos residuais nas amostras.

3.13 Ensaio de Microdureza Vickers

Utilizou-se a norma ASTM E384 como referência para o ensaio de microdureza

Vickers. Dessa forma, foram realizadas 10 medidas em diferentes pontos na superfície de cada

amostra. Devido a possível existência de óxidos residuais e assim avaliar a influência desses

óxidos residuais. E para avaliar a interferência da possível formação de aglomerados de carbono

e de poros na propriedade mecânica das amostras.

Utilizou-se o aparelho Shimadzu HMV 2000 Micro Hardness Tester, empregando-se

escala Vickers para uma carga de 500g por 15 segundos.

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4. Resultados e discussão

4.1 Caracterização dos pós de partida

4.1.1 Distribuição de tamanhos de partículas do NiO e do SiC

Os histogramas dos pós utilizados como matriz e reforço estão mostrados nas Figuras

18 e 19.

O valor de diâmetro médio do NiO após a cominuição foi de 14,45 µm (Figura 18) e do

SiC após a etapa de moagem foi de 14,73 µm (Figura 19).

Figura 18 - Distribuição de tamanhos de partículas do pó de NiO.

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Figura 19 - Distribuição de tamanhos de partículas do pó de SiC.

4.1.2 Microscopia eletrônica de varredura (MEV) do pó de Oxido de Níquel e do

pó de SiC

A morfologia do pó de óxido de níquel usado neste trabalho pode ser analisada através

da Figura 20. Este pó apresenta forma esférica arredondada e larga faixa de distribuição do

tamanho de partícula. Materiais que apresentam uma ampla faixa de tamanho de grão são mais

sensíveis ao crescimento de grão, devido à maior energia livre de superfície dos grãos finos.

Porém, os materiais com tamanho de grão mais uniforme sofrem pequenas alterações no

tamanho de grão (UPADHYAYA, 1998). O pó de NiO foi obtido pela ustulação do NiCO4, e

antes da oxidação tinha tamanho de partícula bem pequena de 5 µm.

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Figura 20 - Análise obtida por MEV-FEG com EDS do pó de NiO.

Na Figura 21 pode ser visto a imagem obtida por MEV do pó de SiC. Este apresenta

tamanho médio de partícula praticamente o mesmo valor do tamanho médio de partículas do

pó de óxido de Níquel, porém levemente maior. Apresenta distribuição do tamanho de partícula

mais estreita, e forma facetada irregular. Um dos resultados da moagem foi a presença de

impurezas, em quantidade mínima, como o ferro proveniente das esferas e o flúor do copo do

moinho.

2 4 6 8 10 12 14keV

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24 cps/eV

Ni Ni O

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58

4.2 Mistura dos pós

O objetivo do processo de mistura é obter uma distribuição homogênea de partículas

duras de carbeto de reforço na matriz de óxido de níquel. Na micrografia apresentada na Figura

22 é possível visualizar que com 3% de SiC obteve-se uma distribuição relativamente

homogênea das partículas do reforço na matriz. Através do mapeamento realizado via EDS em

uma determinada área com o auxílio do MEV-FEG, foi confirmada a distribuição das partículas.

2 4 6 8 10 12 14 16 18 20keV

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

cps/eV

C Si O F Fe

Fe

Figura 21 - Micrografia obtida por MEV-FEG com EDS da amostra em pó de

SiC moído.

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59

Percebeu-se também a presença de alguns aglomerados visivelmente formado por

partículas da matriz e do reforço (Figura 23). Que pode ser considerado uma incrustação onde

partículas de SiC são inseridas em partículas de NiO.

Figura 22 - Micrografia do pó misturado com 3% de SiC em matriz de óxido de níquel

e mapeamento por EDS.

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60

Figura 23 - Micrografia de um aglomerado de pó misturado com 3% de SiC em matriz

de óxido de níquel.

Na figura 24, é possível observar a distribuição realtivamente homogênea das partículas

na mistura da composição C, que apresenta 5%SiC.

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61

Nas micrografias da Figura 25 e 26, onde a porcentagem de partículas de SiC são de

10% e 20 %, respetivamente, foi observado uma distribuição relativamente homogênea das

partículas, ou seja, boa dispersão dos carbetos de silício que está presente em maiores

porcentagens na matriz de níquel. O objetivo da mistura é deixar a dispersão das partículas de

reforço na matriz mais homogênea possível.

Figura 24 - Micrografia do pó misturado com 5% SiC em matriz de óxido de níquel e

mapeamento por EDS.

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62

Figura 25 - Micrografia e mapeamento por EDS do pó misturado com 10% de SiC em

matriz de óxido de níquel.

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63

Analisando as figuras, verificou-se que a mistura resultou em um grau de

homogeneidade, e uma presença reduzida de aglomerados de partículas. Existe a presença de

alguns pequenos aglomerados, mas com uma distribuição relativamente uniforme dos pós.

Nas micrografias obtidas pela análise por MEV dos pós misturados de NiO-5%SiC,

NiO-10%SiC e NiO-20%SiC, observou-se a presença de impurezas de fase amorfa entre

algumas partículas, e esta foi individualmente estudada e comprovou-se com a utilização do

mapeamento por EDS em conjunto com MEV que se tratava de contaminação com flúor, que

provavelmente são devido a resíduos do Poly(tetrafluoroethylene) mais conhecido como

Teflon, pois o copo do moinho é formado por esse material, e as partículas do reforço e da

matriz encontrava-se envolta no material amorfo (Figura 27). Também foi possível detectar a

Figura 26 - Micrografia do pó misturado com 20% de SiC em matriz de óxido de níquel.

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64

presença de ferro, devido as esferas de moagem de aço carbono, e essas contaminações foram

inseridas durante a etapa de moagem do SiC, como era esperado.

Assim, para a etapa de mistura conclui-se que o processo de mistura em moinho de alta

energia por um período de 1 h, com velocidade de rotação 200rpm e relação massa esfera 1:1,

levou a uma mistura eficiente dos pós, com bom grau de homogeneidade, mesmo apresentando

a presença de pequenos aglomerados e uma baixa contaminação da mistura por parte do copo

do moinho e das esferas de moagem.

4.3 Teste de escoabilidade e medida da densidade aparente

O processo de granulação tem por finalidade unir pós com tamanhos de partículas muito

pequenos em grânulos, e dessa forma, promover uma melhor escoabilidade dos pós na matriz

de compactação, melhorar a compressibilidade dos pós, evitar a aglomeração das partículas de

carbeto na matriz metálica, reduzir o risco associado à produção de poeira tóxica e ocupam

menos espaços que os pós soltos. O processo de granulação é bastante utilizado na indústria

farmacêutica e na conformação de peças por injeção.

500 1000 1500 2000 2500 3000channel

0

20

40

60

80

100

120

cps

Ni Ni C F

O

Si Fe

Fe

Figura 27 - Micrografia de um aglomerado do pó misturado com 10%SiC em

matriz de óxido de níquel.

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65

A Figura 28 apresenta um gráfico com os resultados dos ensaios de escoabilidade dos

pós granulados de óxido de níquel puro e das diferentes misturas de pós. Os resultados são a

média de cinco experimentos para cada composição.

Figura 28 - Gráfico com os valores de tempo de escoabilidade em s/50g para as

composições estudadas.

Como pode ser observado os valores de fluidez ficaram entre 13,33s e 15,17s. A

composição com óxido de níquel puro apresentou tempo maior de escoabilidade que as

composições com 3% , 5% e 10% em massa de carbeto, que pode ter sido devido ao tempo de

estocagem e o manuseio por um período de tempo maior, levando a quebra de alguns grânulos

e assim dificultando a escoabilidade do NiO puro granulado.

Observando as misturas granuladas com pó de carbeto de silício, a adição de carbeto

interferiu no tempo de escoabilidade. Conforme a porcentagem de carbeto era aumentada

ocorria um aumento no tempo de escoabilidade, assim a mistura com concentração de 20% em

massa de SiC apresentou maior dificuldade em escoar, que pode ser devido a diferença de

volume do carbeto na mistura. O SiC apresenta densidade menor e consequentemente um maior

volume de partículas, e por ser um elemento leve escoa mais lentamente. O SiC apresenta

densidade de 3,2 g/cm3 e a densidade do NiO é de 6,67g/cm3.

O percentual de parafina para todas as composições foi fixado em 1,5% em massa.

Portanto, algumas partículas da formulação NiO-20%SiC podem não ter sido granulada, pois

maior é a área superficial a ser encoberta pela solução de parafina diluída em hexano.

Na Figura 29 estão apresentados os valores de densidade aparente dos pós granulados.

13,89

13,33 13,35

13,82

15,17

11

12

13

14

15

16

0 3 5 10 20

SiC (% em massa)

Tem

po d

e E

scoab

ilid

ade

(s/5

0g)

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66

Figura 29 - Valores de densidade aparente dos pós granulados.

Observa-se que a adição de 3% e 5% em massa de SiC não alteram a densidade aparente,

mostrando-se basicamente o mesmo valor da composição sem nenhuma porcentagem de SiC

(NiO-0%SiC).

Já a incorporação de 10% e 20% em massa de carbeto de silício diminuiu a densidade

aparente, quando comparado com o pó de óxido de níquel puro. Assim, uma menor quantidade

de pó das misturas 10%SiC e 20%SiC respectivamente, são necessárias para preencher um

volume conhecido. Quanto maior a porcentagem de partículas de carbeto de silício adicionada

no pó de NiO puro mais leve será a massa usada para preencher um volume conhecido, pelo

fato do SiC apresentar densidade menor que o pó da matriz.

A densidade aparente é afetada pela densidade dos grânulos e pela distribuição de

tamanho de partículas dos pós (SANTOS, 2012).

4.4 Compactação

A curva de compressibilidade gerada utilizando pós granulados de NiO puro com 1,5%

de parafina, empregando-se pressões de compactação crescente, é mostrada na Figura 30.

1,74 1,74 1,74

1,67

1,55

1,5

1,6

1,7

1,8

0 3 5 10 20

Den

sid

ade

Ap

aren

te (

g/c

m3

)

SiC (% em massa)

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67

Figura 30 - Curvas de compressibilidade do NiO com 1,5% em massa de Parafina.

Por meio da curva obtida, optou-se pela seleção das pressões de compactação de 200 e

400MPa, as quais representam respectivamente densidade relativa à verde de 64,7% e 69,5%.

Sendo assim, as demais composições tiveram suas misturas de pós compactadas nas

pressões de compactação de 200 e 400 MPa.

4.5 Dilatometria

O comportamento dilatométrico das amostras de NiO puro e NiO-10% SiC prensadas a

200 MPa e 400 MPa pode ser observado na figura 31. As amostras foram submetidas a dois

ciclos: (a) taxa de aquecimento de 5º C/min. com patamar de 1h em 500º C e patamar de 1h em

1200º C; e (b) taxa de aquecimento de 10º C/min. com patamar de 1h em 500º C e patamar de

1h em 1200º C.

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

0 100 200 300 400 500

Den

sid

ade

rela

tiv

a (%

da

den

s.

teóri

ca)

Pressão de compactação (MPa)

Óxido de Níquel

1,5% Massa de

Parafina

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68

200 400 600 800 1000 1200

-40

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

(d

L/L

o)

Temperatura (°C)

280 300 320 340

NiO - 200 Mpa

NiO - 400 Mpa

NiO-10% SiC - 200 Mpa

NiO-10% SiC - 400 Mpa

Tempo (minutos)

Patamar isotérmico

200 400 600 800 1000 1200

-40

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

NiO - 200Mpa

NiO - 400Mpa

NiO-10% SiC - 200Mpa

NiO-10% SiC - 400Mpa

(dL

/Lo)

Temperatura (ºC)

180 200 220

Tempo (minutos)

Patamar isotérmico

(a) (b)

Figura 31 - Curvas dilatométricas das composições de NiO puro e NiO-10% SiC

prensadas a 200 e 400MPa e submetidas a taxa de aquecimento diferentes: a) 5º C/min; e b)

10º C/min.

Analisando as Figuras 31(a) e (b) foi observado que as amostras NiO-10%SiC

apresentaram maior retração que as amostras de NiO puro.

Atingindo o patamar de sinterização, foi observada boa retração em todas as amostras.

As amostras NiO-10%SiC apresentaram retração maior, devido ao carbono, pois, o carbono

livre pode ter auxiliado no fechamento dos poros e consequentemente na densificação

(BANERJEE; LAL; UPADHYAYA, 1995).

Outro motivo que pode ter contribuído para a maior sinterabilidade do compósito NiO-

10%SiC, pode ser decorrente de uma relativa homogeneidade da distribuição das partículas de

SiC no Ni proporcionando uma maior área superficial de contato entre as partículas de Ni

(solvente) e de SiC (Soluto) favorecendo, a dissociação do SiC com uma maior solubilização

do Si pelo Ni, permitindo maior densificação do compósito.

Analisando a Figura 31(a) observa-se que as amostras apresentaram início de

sinterização próximas, em torno de 620° C. As amostras com NiO puro mostraram uma taxa de

densificação mais rápida, porém sofreram menor retração. Foi identificado que as amostras com

NiO-10%SiC apresentaram taxa mais lenta de sinterização que pode ter sido devido a

dissociação do SiC que requer uma temperatura maior. As composições de NiO puro prensadas

a 200 MPa sofreram maior retração em relação as prensadas a 400 MPa, que pode ser devido

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uma baixa densificação da amostra durante o processo de compactação. Porém para as

composições NiO-10%SiC a maior retração foi observada para as amostras prensadas a 400

MPa, e esta apresentou a maior retração dimensional, quando comparada a todas as amostras

submetidas a taxa de aquecimento de 5º C/minuto.

Também foi observada que para a taxa de aquecimento de 10º C/min, as amostras

prensadas à 200 MPa apresentaram maiores valores de retração dimensional em relação as

amostras compactadas à 400 MPa. A temperatura de início de sinterização foi em torno de 640°

C. As amostras de NiO puro apresentaram densificação mais rápida que as amostras NiO-10%

de SiC, porém sofreram menor retração, devido ao mesmo motivo relatado anteriormente.

Comparando as Figuras 31(a) e 31(b) foi observado que as curvas com taxa de

aquecimento de 5 ºC/min apresentaram maior retração dimensional da amostra. Possivelmente,

a taxa de aquecimento mais lenta associada à alta temperatura favoreceu o mecanismo de

sinterização, promovendo uma maior transferência de massa para a região de contato entre as

partículas vizinhas, e assim, promovendo o fechamento dos vazios. O aumento da velocidade

de aquecimento da amostra, promove a aceleração do mecanismo de sinterização, porém isso

não significa qualidade do processo em relação ao favorecimento dos contatos entre as

partículas vizinhas.

A densidade e a porcentagem de poros dos compósitos são influenciadas tanto pela carga

de compactação quanto pela temperatura e taxa de aquecimento na sinterização. A uma taxa de

aquecimento constante, a densidade aumenta com um aumento da carga de compactação, até

um ponto crítico. A temperatura ajuda a melhorar a densidade, pois aumenta a taxa de difusão

(SUN, SHEN E SONG, 2012).

Em uma carga de compactação particular, a densidade aumenta com a diminuição da

taxa de aquecimento na sinterização. Uma taxa de aquecimento mais lenta promove maior

densificação, pois as amostras são submetidas a alta temperatura por um maior período de

tempo. E conforme a temperatura é elevada a densidade se torna maior.

Mediante a análise das curvas dilatométricas das amostras de NiO puro e com 10% de

SiC e análise da retração linear das amostras, definiu-se taxa de aquecimento de 5º C/min e

pressão de compactação de 400 MPa para analisar as amostras das composições NiO-3%SiC e

NiO-20%SiC, conforme Figura 32.

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70

0 200 400 600 800 1000 1200

-40

-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0

5

(dL

/Lo)

Temperatura (°C)

280 300 320 340

NiO - 400 Mpa

NiO - 3% SiC - 400MPa

NiO - 10% SiC - 400 Mpa

NiO - 20% SiC - 400 Mpa

Tempo (minutos)

Patamar isotérmico

Figura 32 - Curvas dilatométricas da sinterização das amostras prensadas a 400MPa e

submetidas a taxa de aquecimento de 5° C/min.

Observa-se que conforme a porcentagem de SiC era aumentada a densificação também

até um ponto crítico, e com 20% de SiC uma pequena retração foi observada até 1100° C em

seguida a amostra retornou a uma variação dilatométrica próxima a zero e não foi mais possível

observar retração, sendo interrompida a densificação, esse comportamento pode ter sido gerado

devido a segregação de carbono e formação de grafite, dificultando a sinterização, pois, após a

etapa de redução do NiO o teor de SiC na matriz de Ni ficou em torno de 32%.

A redução da densidade ocorre devido aos seguintes fatores: agrupamento de partículas

devido ao crescimento de grãos; inchaço; estresse residual; e poros, os quais anula os produtos

da interface.

É possível perceber comparando as curvas de dilatometria apresentadas a sobreposição

das curvas de sinterização na temperatura de 500º C. A esta temperatura, espera-se a redução

do óxido de níquel, totalmente ou em grande parte, uma vez que se trata de um óxido de fácil

redução. Segundo o diagrama de Ellingham, a redução ocorre em pequenos tempos de reação e

em temperaturas baixas.

Após a redução do NiO as amostras apresentam alteração na porcentagem de carbetos

de silício na matriz de níquel, apresentado teoricamente a composição final mostrada na Tabela

3.

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71

Tabela 3 - Porcentagem do SiC após a etapa de redução do NiO durante a sinterização.

Composição (% em peso)

Ni (%) 100 96,1 93,3 86 68,2

SiC (%) 0 3,9 6,7 14 31,8

4.6 Densidade à Verde e do Sinterizado

A densificação é uma propriedade muito importante na fabricação de materiais pelo

processo de metalurgia do pó. Nesse tópico será avaliada a densificação das composições

estudadas nesse trabalho.

Os resultados com os valores das densidades relativa a verde e do sinterizado medidas

nas amostras com 0% e 10% de SiC compactadas a 200 e 400MPa submetidas a taxa de

aquecimento de 5ºC por minuto estão expostas na Tabela 4.

Tabela 4 – Densidade relativa à verde e do sinterizado das amostras com 0% e 10% de SiC

submetidas a taxa de aquecimento de 5ºC/minuto.

Composição Pressão de

Compactação

(MPa)

Densidade à Verde

(% dens. teórica)

Densidade

Sinterizada (%

dens. teórica)

NiO – 0% SiC 200 64,7 ± 0,33 87,5

400 69,2 ± 0,44 88,2

NiO – 10% SiC 200 66,9 ± 0,03 88,1

400 70,7 ± 0,27 92,5

Analisando a tabela 4, foi possível observar o efeito positivo do aumento da densidade

relativa quando aumentava a carga de compactação e da adição de SiC. No geral,

provavelmente, as tensões mecânicas impostas às amostras promoveram maior deformação e

rearranjo das partículas, assim, promovendo melhor empacotamento das amostras compactadas

com maior pressão.

A adição de SiC promove maior empacotamento das partículas e fechamento dos poros,

conferindo aumentando da densidade relativa à verde e do sinterizado.

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72

As Figuras 33 e 34 apresentam os gráficos com os valores das densidades relativa à

verde e do sinterizado das amostras compactadas a 400MPa e submetidas a taxa de 5ºC por

minuto.

Figura 33 - Densidade relativa das amostras à verde compactadas a 400MPa.

Ao avaliar a densidade relativa à verde das composições em função da porcentagem de

SiC, não percebe-se mudança significativa dos percentuais da densidade relativa com o

aumento da concentração de carbeto de silício (Figura 33).

O gráfico apresentado na Figura 34 mostra os valores de densidade relativa das amostras

sinterizadas a uma taxa de 5ºC/min e compactadas a 400MPa, sinterizadas em dilatômetro e em

forno convencional. Foi possível notar que a adição de 3% e 10% de SiC favoreceu a

densificação das amostras, apresentando densidade de 91,4% e 92,5% respectivamente, quando

sinterizado em dilatômetro. A adição de 20%SiC na matriz de Ni promoveu baixa densificação,

apresentando densidade do sinterizado próxima a densidade relativa à verde.

65

66

67

68

69

70

71

72

0 3 5 10 20

Den

sid

ade

rela

tiv

a (%

)

SiC (% em massa)

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73

Figura 34 - Densidade relativa das composições compactadas a 400MPa e sinterizadas

em dilatômetro e em forno convencional.

A densidade relativa das amostras sinterizadas em dilatômetro apresentaram maiores

valores do que as amostras sinterizadas em forno convencional.

A diferença nos valores de densidade das amostras sinterizadas no dilatômetro e no

forno podem ter sido geradas devido a diferença na pureza dos gases utilizado no processo,

fluxo de gás, diferença no controle da atmosfera e as amostras submetidas ao dilatômetro serem

sinterizadas individualmente.

4.7 Análise de Difração de Raio X / Rietveld

Um método de identificação das fases cristalinas presente em um material é por meio

da técnica de difração de raios X. por meio desse método são obtidos os picos no material

analisado os quais são comparados com fichas cristalográficas de referência (JCPDS). As

análises de difração de raio X foram realizadas para se determinar as fases geradas durante o

processo de sinterização dos compósitos.

Observou-se nas amostras a presença de picos de difração identificados como picos da

fase de Ni e NiSi. Além disso, apareceu um pico no ângulo de aproximadamente 26(2θ)

referente ao C dissociado ou referente a grafite nos casos de maior quantidade em massa de SiC

(Figura 35).

40

50

60

70

80

90

100

0 3 5 10 20

Den

sidad

e R

elat

iva

(%)

SiC (% em massa)

Sinterização em

Dilatometro

Sinterização em Forno

Convencional

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74

20 30 40 50 70 80 90

Inte

nsi

dad

e (u

.a.)

2

0% SiC

3% SiC

5% SiC

10% SiC

20% SiC

* Ni

# NiSi

o grafite

#*

#

#*

#*

Figura 35 - Espectro DRX das composições sinterizadas a uma taxa de aquecimento

de 5ºC/min.

A composição com 0% de SiC apresentou a fase Ni (065-2865). A amostra com 3% de

SiC apresentou a fase Ni (JCPDS 070-989) e NiSi (JCPDS 065-6491) e grafite. Observou-se

que na amostra com 5% de SiC não foi detectado o pico referente ao grafite, foram identificados

os picos das fases Ni (JCPDS 070-989) e NiSi (JCPDS 065-6491). A composição com 10% de

SiC apresentou a fase Ni, a fase NiSi (JCPDS 089-5155) e grafite (JCPDS 025-284).

Os picos referentes a amostra com 20% de SiC não foram possíveis identificar, pois

apresentaram grande deslocamento.

4.8 Caracterização Microestrutural

4.8.1 Imagens obtidas por Microscopia óptica

Por meio da microscopia ótica foi possível visualizar a microestrutura do Ni e dos

compósitos contendo SiC em diferentes porcentagens, compactadas a 400MPa e sinterizadas

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75

em dilatômetro e forno convencional com taxa de aquecimento de 5 ºC/minuto, como pode ser

observado na sequência de imagens expostas nas Figuras 36 e 37.

A micrografia do níquel puro na Figura 36 (a) apresenta porosidade remanescente da

etapa de redução e do processo de sinterização; nas Figuras 36 (b) e 36 (c) observa-se a fase

NiSi, regiões com acúmulo de carbono e presença de poros; na imagem (d) da Figura 36

observa-se alta densidade superficial da amostra.

Na Figura 37 é possível observar a microestrutura do Ni puro e dos compósitos contendo

SiC em diferentes porcentagens, compactadas a 400MPa e sinterizada com taxa de aquecimento

de 5 ºC/minuto, com aumento de 500X para melhor visualizar os contornos de grãos.

Figura 36 - Microestrutura via microscopia óptica dos compósitos compactados a

400MPa e sinterizadas a taxa de 5ºC/min: (a) Ni puro; (b) Ni-3%SiC; (c) Ni-5%SiC; (d)Ni-

10%SiC.

d

b

c

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76

Figura 37 - Microestrutura via microscopia óptica dos compósitos compactados a

400MPa e sinterizadas a taxa de 5ºC/min: (a) Ni puro; (b) Ni-3%SiC; (c) Ni-5%SiC; (d)Ni-

10%SiC.

Analisando a Figura 37, nas composições que contém SiC nota-se o crescimento do

tamanho de grão conforme a porcentagem de carbeto na composição aumenta. De acordo com

Lardner (1970 apud UPADHYAYA, 1998), o tamanho de grão cresce mais rapidamente na

presença de maiores teores de carbono.

É possível observar na Figura 38 a microestrutura do Ni puro e do compósito contendo

10% em peso de SiC, compactados a 200MPa e sinterizados na taxa de 5ºC/minuto.

c

a b

d

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Figura 38 - Microestrutura via microscopia óptica das composições sem carbeto e com

10% de SiC, compactados a 200MPa e sinterizadas a taxa de 5ºC/min: (a) Ni puro; (b) Ni-

10%SiC.

Observa-se na Figura 38 a presença de porosidade superficial no níquel puro (a), e na

imagem (b) rosetas escuras de grafita em maior concentração nos contornos do grão e pequena

quantidade de poros localizados nos contornos. Por meio da análise de drx foi confirmada a

presença da fase NiSi como matriz e da fase grafita nessa amostra.

4.8.2 Microscopia Eletrônica de Varredura

Com o objetivo de visualizar a microestrutura dos compósitos obtidos foram realizadas

análises por MEV com análise química pontual e por mapeamento via EDS da superfície polida

das amostras.

As análises obtidas por MEV das amostras sinterizadas com atmosfera redutora,

submetidas a taxa de aquecimento de 5ºC/minuto podem ser visualizadas na Figura 39 para as

composições compactadas a 400MPa. E também foram obtidas as micrografias por MEV das

composições de Ni puro e com 10% de carbeto compactadas com pressão de 200MPa,

apresentadas na Figura 40.

b a

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78

Figura 39 - Microestrutura obtida por MEV dos compósitos compactados a 400MPa e

sinterizadas a uma taxa de aquecimento de 5ºC/minuto: (a) Ni puro; (b) Ni-3%SiC; (c) Ni-

5%SiC e (d) Ni-10%SiC.

Figura 40 - Microestrutura obtida por MEV dos compósitos compactados a 200MPa e

sinterizadas com taxa de aquecimento de 5ºC/minuto: (a) Ni puro e (b) Ni-3%SiC.

a

c

b

d

a b

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79

Comparando as micrografias da Figura 39 (a) e 40 (a) observa-se que uma menor

pressão de compactação promoveu o aumento da porosidade na superfície externa do níquel

obtido pela redução do NiO. É possível observar na Figura 39 que a adição de 3% (b) e 5% (c)

de carbetos favoreceram o aparecimento de poros descontínuos e mais alongados na superfície

das amostras e aglomerados. A tendência de formação de aglomerados NiSi é uma das grandes

desvantagens na formação do siliceto de níquel devido à falta de estabilidade térmica do

material quando submetido a altas temperaturas (DAS, 1996; POON, 2000 e 1998). O

percentual de carbetos de 10% favoreceram a densificação superficial da matriz metálica, como

pode ser visualizada na Figura 39 (d) e Figura 40 (b). A concentração de carbeto de silício de

20% em peso dificultou a etapa de sinterização, dessa forma as amostras apresentaram-se

extremamente porosa, sendo assim não foram analisadas por MEV.

A imagem obtida por MEV da amostra de Ni puro e a análise de EDS de área é

apresentada na Figura 41. Observa-se a presença de porosidade remanescente da etapa de

redução e do processo de sinterização, além disso a porosidade também é característico do

processo via metalurgia do pó. Por meio da análise de EDS foi detectada a presença de oxigênio

que pode ser devido a presença de óxido residual. Ainda na Figura 41 observa-se a topografia

de um grão da área selecionada na microestrutura, percebe-se grãos com regiões rugosas e

densas.

Figura 41 - Microestrutura da amostra com composição Ni puro com análise de área

por EDS e topografia do grão da região selecionadas na microestrutura.

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80

Analisando a amostra com composição Ni-3%SiC apresentada na Figura 42 (a) pode-se

observar a presença de porosidade, aglomerados e pequena quantidade de carbono (produto da

dissociação do SiC) nos poros mais escuros. Por meio da análise de EDS foi possível observar

a presença de Si, C e O na matriz de Ni. Por meio da análise de DRX com refinamento de

estrutura foi possível identificar a presença da fase NiSi e grafite nessa composição. Através da

análise química por mapeamento via EDS de uma região específica da amostra como mostrado

na Figura 42 (b), foi possível observar a presença de Si (cor verde) e oxigênio (cor azul) de

forma mais acentuada em alguns poros claros da amostra.

A microestrutura da amostra com composição Ni-5%SiC pode ser observada na Figura

43. Foi possível verificar que a adição de 5% de SiC favoreceu a formação de poros mais

alongados. Por meio da análise química pontual por EDS foi possível identifica na amostra a

presença de aglomerados de carbono (regiões escuras) e a presença de Ni, Si e O nos poros

claros da amostra e carbono de modo menos intenso. Por meio da análise detalhada de DRX

identificou-se as fases Ni e NiSi nas amostras dessa composição.

Figura 42 - Microestrutura obtida por MEV da amostra com composição Ni-

3%SiC: (a) micrografia e análise de área por EDS e (b) mapeamento de área por EDS.

Figura 41 - Microestrutura da amostra de Ni puro obtida através da redução do NiO

com dados da análise de EDS de área e topografia de um grão da área selecionada na

microestrutura.

a b

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81

A Figura 44 foi obtida por MEV de bancada para termos de comparação de

microestrutura em diferentes equipamentos para a composição com 5% e massa de SiC.

Observa-se regiões com segregação de carbono, poros e a matriz NiSi que de acordo com

análise de EDS apresenta pequena quantidade de O e C disperso na matriz.

Figura 43 - Análise de EDS pontual indicado nas imagens da microestrutura da

amostra com composição Ni-5%SiC.

Segregação de Carbono

ggag

gra

Poros

g

gag

g

ra NiSi

g

gag

g

ra

Figura 44 - Microestrutura obtida por MEV de bancada para a composição Ni-

5%SiC em massa da superfície polida e atacada com Marble.

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82

Analisou-se a superfície externa polida da amostra com composição Ni-10%SiC (Figura

45 (a)), sendo visível uma quase completa eliminação da porosidade na superfície externa e

maior proximidade dos contornos de grãos, observou-se a presença de poucos aglomerados de

carbono. Na Figura 45 (b) é possível observar a topografia do contorno de grão sendo visível a

presença de segregações dentro dos grãos, duas regiões nessa topografia foram analisadas com

mais detalhes por meio da análise química pontual por EDS e observou-se no spectro 1 (região

mais escura e plana) a presença de Ni, Si, O e C, assim como também na região do spectro 2

(segregação de cor cinza claro), porém com um aumento na intensidade do pico de Si e O nas

segregações. Também foi possível observar a presença de aglomerados de carbono nos

contornos. E com o auxílio da análise de difração de raios x foi possível confirmar a presença

das fases: NiSi e grafite nas amostras dessa composição.

A amostra com composição Ni-10%SiC (Figura 46 (a)) ainda apresenta algumas regiões

onde os contornos são separados por uma fase composta principalmente por Ni, Si e C de acordo

com os dados obtidos pela análise pontual via EDS. E através da topografia da região do

contorno de grão dessa amostra (Figura 46 (b)) observou-se a presença de dendritas e das

segregações sem preferência de orientação.

Figura 45 - Análise microestrutural da superfície polida e atacada com Marble da

amostra com composição Ni-10%SiC: (a) micrografia da amostra e (b) topografia do

contorno de grão e EDS pontual.

a b

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83

Ainda, por meio da análise química pontual via EDS nas regiões do contorno de grão

da composição Ni-10%SiC, como pode ser observado na Figura 47 foi detectado com maior

intensidade a presença de níquel, em determinadas regiões o carbono apresenta-se como o

segundo elemento mais evidente e em outras o silício, em ambas as regiões tem-se a presença

de oxigênio em menor quantidade.

Figura 46 - Análise microestrutural da superfície polida e atacada da amostra com

composição Ni-10%SiC (a) e topografia da região do contorno (b).

a b

Figura 47 - Análise química pontual via EDS da região do contorno de grão da

microestrutura da amostra com composição Ni-10%SiC.

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84

De modo geral, as composições contendo diferentes porcentagens de SiC apresentaram

a fase NiSi, com silício e carbono dispersos na matriz de níquel.

Nicodemo (2012), relata que a partícula de SiC geralmente reage com a matriz de Ni

em níveis elevados de temperatura, com a dissociação do SiC, o Si entrará na rede cristalina do

Ni por solução sólida substitucional já que os raios atômicos de ambos diferem entre si em

4,5%.

Segundo Cao e Nyborg (2011), levando em consideração o diagrama de fase de Ni-Si-

C, a reação de interface envolve a formação de várias fases intermetálicas estáveis: NiSi, NiSi2,

Ni2Si, Ni3Si, Ni3Si2 e Ni31Si12. E o depósito de carbono livre eventualmente liberado pela

dissociação do SiC se torna grafite. A conversão do carbono livre a grafite aumenta com a

elevação da temperatura.

Através das análises microestruturais no sinterizado observou-se poucas regiões de

aglomerado de carbono na superfície externa das amostras e a presença de grande quantidade

de fase intermetálica, indicando significativa perda de carbono durante o processamento. A

maior exposição dos pós à atmosfera redutora durante a etapa de redução e a sinterização da

amostra em atmosfera redutora, pode ser apontada como a causa principal da perda de carbono

por intensificar as reações entre este elemento e o hidrogênio.

Conforme afirmação de Hale (1998), se o potencial de carbonetação na câmara de

sinterização for muito baixo, reações envolvendo carbono e hidrogênio, com formação de CH4,

podem causar significativa perda de carbono.

Sendo assim, foram analisadas amostras NiO-SiC no estado verde, sinterizadas até

500ºC e 500ºC com patamar isotérmico de 1 hora, usando taxa de aquecimento de 5ºC/min,

então foi realizada a análise microestrutural por MEV-FEG, análise por espectrometria de

energia dispersiva (EDS) e análise por difração de raio x. Para avaliar se ocorre a perda de

carbono no processo de redução do NiO.

Na Figuras 48 é possível observar as micrografias e análise química por mapeamento

de área via EDS para as amostras em diferentes condições de sinterização. Observa-se que com

imposição de temperatura e tempo o carbono (verde) aparece de forma mais evidente na

superfície das partículas de carbeto de SiC (amarelo). E como esperado o oxigênio (azul) reduz

consideravelmente.

Segregação de Carbono

ggag

gra

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Na Figura 49 é possível observar a análise por DRX das amostras sinterizadas com taxa

de aquecimento de 5ºC/min até 500ºC e 500ºC com patamar isotérmico de 1hora. Por meio

dessa técnica foi possível observar a presença do SiC e do Ni em ambas as composições, porém

uma maior quantidade de picos referentes ao SiC foi detectado na amostra sinterizada até 500ºC

sem isoterma. Não foi observada a fase NiSi nas amostras submetidas a temperatura de 500ºC

a qual deveria ter sido formada, pois segundo a literatura a formação dos silicetos de Níquel

começam com a temperatura em torno de 350-500 ºC (OHI ET AL., 2002; BACHLI ET AL,

1998; EUGENIO, 2003). Como o processo de redução estava ocorrendo pode ter dificultado a

etapa de formação de silicetos de níquel. Assim, é possível inferir que a perda de carbono pode

ter acontecido de forma mais acentuada durante o processo de sinterização em atmosfera

redutora.

Figura 48 - Mapeamento via EDS das micrografias obtida por MEV-FEG da amostra a

verde (não sinterizada), sinterizada até 500ºC e sinterizada até 500ºC com patamar de 1 hora.

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86

20 30 40 50 60 70 80 90

+ +

++++

*

Inte

nsi

da

de

(u.a

.)

(2)

*

*

+

* Ni

+ SiC

500º C

500º C/ 1h

Figura 49 - Análise de difração de raio x nas amostras: sem sinterização (verde),

sinterizadas a 500º C com e sem patamar isotérmico de 1 hora.

4.9 Microdureza Vickers

A dureza é uma propriedade que se relaciona diretamente com a resistência mecânica

do material, mede a resistência do material a deformação plástica localizada. Dessa forma,

quanto maior o limite de resistência de um material metálico, maior a sua dureza. Sendo

importante a medida dessa propriedade na área de ciência e engenharia de materiais.

Com objetivo de avaliar a microdureza em função da pressão de compactação das

amostras de Ni com 0% e 10% de SiC, foram realizados ensaios de microdureza Vickers nas

amostras compactadas a 200MPa e 400MPa sinterizadas com taxa de 5 ºC/minuto (Figura 45).

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87

Figura 50 - Microdureza Vickers das composições com 0% e 10% em massa de SiC

compactadas a 200MPa e 400MPa e sinterizadas com taxa de aquecimento de 5ºC/min.

Através do gráfico exposto na figura 45 é possível observar que com o aumento da

pressão de compactação tem-se o aumento da dureza, devido uma maior densificação da

amostra permitindo maior resistência. Os valores de densidade das amostras relatadas foi

exposto na Tabela 4.

Com objetivo de obter a microdureza dos compósitos de Ni com diferentes porcentagens

de partículas de SiC, compactados a 400MPa e sinterizados com taxa de 5ºC/min, foram

realizados ensaios de microdureza Vickers. As medidas podem ser visualizadas na Figura 46.

O alto desvio padrão observado na amostra com 10% em massa de SiC compactada a

200 MPa foi devido a endentações de fases mole e fases dura, promovendo grande desvio.

62

170

74

354

0

50

100

150

200

250

300

350

400

1 2

Mic

rodure

za(H

V)

SiC (% em massa)

100

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88

Figura 51 -Microdureza Vickers das composições compactadas a 400MPa e

sinterizadas com taxa de aquecimento de 5ºC/min.

A dureza do Ni puro obtido por meio da redução do NiO corresponde aos valores de

dureza vickers apresentados na literatura, entre 64 - 100.

Observa-se que a adição do carbeto nas porcentagens de 3% e 10% favoreceu o aumento

nos valores da dureza, como esperado. De forma mais acentuada para o compósito com 10%

de SiC, isso ocorre devido o Si ter se difundiu para a rede cristalina do Ni mais facilmente do

que nos demais casos, permitindo o endurecimento do compósito com maior homogeneidade

microestrutural e com melhor continuidade da matriz, e a alta densidade superficial da amostra

pode ter contribuído para o aumento da dureza.

A composição com 5% de SiC apresentou dureza menor que a matriz de níquel, este

resultado pode ser devido a menor densidade da amostra sinterizada como pode ser observada

na Figura 34, se comparada com as amostras de Ni puro, com 3% e 10% de SiC em massa, além

da microestrutura menos uniforme promovendo a redução da resistência do material.

7492 81

354

0

50

100

150

200

250

300

350

400

0 3 5 10

Mic

rod

ure

za (

HV

)

SiC (%)

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89

5. Conclusões

- Por meio da técnica de processamento via metalurgia do pó foi possível a sinterização de

compósitos Ni/SiC partindo da matriz de NiO.

- Foi obtido uma mistura homogênea dos pós de NiO e SiC por meio do moinho tipo atrittor de

alta energia com proporção massa esfera de 1:1 durante 1 hora com velocidade de 200 rpm.

- A sinterização em dilatômetro utilizando taxa de aquecimento de 5ºC por minuto promoveu

maior retração linear do compósito.

- As amostras compactadas a 400MPa apresentaram maior densidade.

- A redução da matriz de NiO para a amostra compactada a 400MPa mostrou-se eficiente nas

condições de sinterização utilizada, apresentando pouca porosidade superficial com poros

uniformes. Sendo possível sua utilização como matriz de materiais compósitos e base de liga.

- Com relação às imagens obtidas por MO e MEV-FEG, as amostras com 10% de carbeto de

silício foram as que apresentaram melhor aspecto microestrutural e maior densificação com

92% de densidade sinterizada. As composições com 5% de SiC apresentaram microestrutura

mais porosa.

- A inserção de carbetos nos compactados favoreceu o aumento da retração linear, mais evidente

para a composição com 10%SiC.

- A adição de 3% e 10% em peso de carbeto de silício aumentou consideravelmente a dureza

dos compósitos.

- Na composição com 10% de SiC, o Si se difundiu para a rede cristalina do Ni mais facilmente

do que nos demais casos, e portanto, permitiu o endurecimento da liga com maior

homogeneidade microestrutural e com melhor continuidade da matriz, apresentando densidade

de 92% e dureza de 354HV.

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- As amostras sinterizadas apresentaram poucas fases de grafite dispersa na matriz, as quais são

necessárias para conferir ao material a característica de lubrificante sólido. Sendo assim é

possível a utilização do material obtido como matriz para base de liga de níquel ou material

compósito.

- A perda de carbono pode ter ocorrido pela formação de CH4 ou 2CO durante a etapa de

sinterização, reduzindo a quantidade de fases de grafite nas amostras.

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91

Sugestões para trabalhos futuros

A partir dos resultados obtidos neste trabalho é possível sugerir estudos que podem

aperfeiçoar tanto a técnica quanto o material obtido. As sugestões são:

- Realizar análise das propriedades tribológicas nos compósitos Ni-SiC, no intuito de avaliar a

capacidade de lubrificação sólida;

- Avaliar as composições utilizando outras pressões de compactação;

- Estudar a sinterização de compósitos Ni-SiC em outras condições de temperatura e atmosfera

(inerte ou rica em carbono, por exemplo metano CH4);

- Variar o tamanho médio dos pós de NiO e SiC ou utilizar nanopartículas de carbeto;

- Estudar o efeito da adição de elementos como MoS nos compósitos de Ni-SiC, partindo da

matriz de níquel;

- Estudar o uso de compósitos de matriz de Ni partindo do pó de NiO em materiais com

gradiente de forma (FGM).

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