diretrizes e direcionamentos para a rede marista de solidariedade

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DIRETRIZES E DIRECIONAMENTOS PARA A REDE MARISTA DE SOLIDARIEDADE

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O documento tem como objetivo apresentar as diretrizes e direcionamentos de solidariedade do Grupo Marista para a RMS. Apresenta os principais conceitos acerca do posicionamento da rede com relação às temáticas sociais e ao foco de abordagem.

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Page 1: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

DIRETRIZES E DIREcIonamEnToS PaRa a REDE MARISTA DE SOLIDARIEDADE

Page 2: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade
Page 3: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

DIRETRIZES E DIREcIonamEnToS PaRa a REDE MARISTA DE SOLIDARIEDADE

curitiba – PR – 20121a Edicão

REDE maRISTa DE SoLIDaRIEDaDE

Realização apoio

Page 4: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

Setor de Assistência SocialIr. Jorge Gaio, Jimena Djauara N. C. Grignani e June Alisson Westarb Cruz

Coordenação Editorial (pesquisa, redação, padronização e revisão)Ir. Jorge Gaio

Revisão finalEditora Universitária Champagnat

Projeto GráficoEstúdio Sem Dublê

DiagramaçãoEstúdio Sem Dublê

Preparação de Texto e RevisãoIr. Jorge Gaio, Jimena Djauara N. C. Grignani e June Alisson Westarb Cruz

Revisão OrtográficaAdriana Scrock e João Guilherme Castelli

ApoioMarketing ABEC/UCEAlexandre L. Cardoso e Kelen Azuma

IlustraçãoDenis Freitas

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:

1. Diretrizes e direcionamentos : RMS : Rede Marista de Solidariedade 370.115

Diretrizes e direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade / Rede Marista de Solidariedade. -- 1. ed. -- São Paulo : FTD, 2012.

Realização: Grupo Marista ISBN 978-85-322-8271-2

1. Brasil - Política social 2. Educação -Finalidades e objetivos 3. Problemas sociais4. Rede Marista de Solidariedade (RMS)5. Solidariedade

12-04974 CDD-370.115

Page 5: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

RMS Rede Marista de Solidariedade

ISP Investimento Social Privado

GIFE Grupo de Institutos, Fundações e Empresas

PMBCS Província Marista Brasil Centro-Sul

UMBRASIL União Marista do Brasil

IES Instituição de Ensino Superior

FMSI Fondazione Marista per la Solidarietà Internazionale

ONU Organização das Nações Unidas

PUCPR Pontifícia Universidade Católica do Paraná

TECPUC Escola Técnica da PUCPR

DERC Diretoria Executiva da Rede de Colégios

DEAS Diretoria Executiva de Ação Social

REDLAMYC Rede Latinoamericana y Caribeña por la Defesa de los Derechos de los Niños, Niñas y Adolescentes

REDIM Rede por los Derechos de la Infancia em México

EICSM Encontro Interamericano Coração Solidário Marista

FTD Frere Teófano Durant

ARI Assessoria de Relações Institucionais

DCA Direitos das Crianças e dos Adolescentes

LISTa DE SIGLaS

Page 6: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

saúde

Page 7: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

INTRODUÇÃO 9

DIRETRIZES PARA A REDE MARISTA DE SOLIDARIEDADE 13

Jesus de Nazaré, o Cristo 13

Proposta da Boa Nova do Reino 15

Aliança e Criação 16

Solidariedade cristã 17

Pobreza e seus significados: novo lugar teológico “a partir dos” e “com” os pobres 22

O sujeito solidário: da experiência nasce o comprometimento 23

Solidariedade entre pessoas rompe a naturalização da desigualdade social 25

Solidariedade universal gestando a cidadania planetária 27

Solidariedade na perspectiva do direito de ter direitos 28

A Rede Marista de Solidariedade: novo jeito de ser 29

Foco de atuação da Rede Marista de Solidariedade 34

DIRECIONAMENTOS ÀS FRENTES APOSTÓLICAS E ÁREAS CORPORATIVAS 39

Direcionamentos gerais 39

Saúde 41

Ensino superior 42

Rede Marista de Colégios e TECPUC 44

Negócios suplementares 44

Áreas corporativas 45

Editora FTD 46

Centro Lumen 47

DEAS e ARI 48

REFERÊNCIAS 51

SUMÁRIO

Page 8: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

educação

Page 9: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

1. Atualmente, a solidariedade é um termo utilizado pela doutrina social da Igreja, pelos documentos do Instituto Marista e pela sociedade contemporânea. Na tradição cristã1, a solidariedade é compreendida como caridade2 e fraterni-dade3. Tais expressões precisam ser esclarecidas, a fim de que seja apropriado o real sentido que a Rede Marista de Solidariedade4 (RMS) almeja expressar ao tratar desses termos nas diversas Frentes Apostólicas5 e Áreas Corporativas6 do Grupo Marista7.2. Nesse sentido, este documento tem como principal objetivo apresentar as Dire-trizes e Direcionamentos de Solidariedade do Grupo Marista8 para a RMS. Para tanto, o presente conteúdo apresenta os principais conceitos acerca do posicio-namento da RMS com relação às temáticas sociais e ao foco de abordagem. Vale destacar que o documento foi construído por Irmãos, Leigas, Leigos e colabora-dores envolvidos de alguma maneira com a missão marista, bem como por outros atores que dialogam com o jeito e a proposta de ser marista.3. O documento está estruturado em duas partes. A primeira corresponde às Di-retrizes de Solidariedade para a RMS, as quais designam um conjunto de prin-cípios, conceitos, ideias e aspirações gerais que contribuem para qualificar os esforços sociais da RMS, quanto à promoção e à defesa dos direitos de crianças e

1 “[...] a missão da Igreja é assumir o trabalho de solidariedade porque ela é no fundo outro nome de um mandato antigo que tem a Igreja de Jesus Cristo. Antes se chamava misericórdia, depois carida-de, e em seguida, compromisso; hoje se chama solidariedade” (VICÁRIA DE LA SOLIDARIDAD, 1976, p. 52-53 apud ALMEIDA, 2005, p. 209).

2 O termo caridade tem seus principais fundamentos em Mateus 25,31-40, Lucas 10,29-37 e Coríntios 13,1-13: é compreendido como vivência do amor gratuito e prática solidária, conjugando misericórdia e justiça, via ação humana na história. Entre os termos bíblicos mais usados, estão: amor gratuito (ágape), caridade (cháris) e justiça (tzedaká). Assim, a caridade é uma graça: tem em Deus sua origem primeira, mas deve manifestar-se historicamente mediante o amor humano, especialmente na relação com os empobrecidos, excluídos e sofredores. Nesse sentido, a caridade incorpora a compaixão (afetiva), mas só existe quando encarnada (efetiva). A caridade se dá na relação com Deus e com o próximo.

3 Fraternidade cristã é termo expresso em Mateus 5,1-12 (bem-aventuranças) e Atos dos Apóstolos 2,42-47 (vida em comunidade). Retrata o ambiente e as relações de serviço gratuito, em que se com-padece, coopera, comparte, comunga e celebra.

4 Conjunto das ações realizadas por meio das frentes apostólicas e das áreas corporativas.5 No Grupo Marista, utiliza-se o termo frentes apostólicas para referir-se às unidades de negócios

das diferentes áreas de atuação: Educação, Solidariedade, Saúde e Comunicação.6 Conjunto de áreas funcionais das mantenedoras.7 Conjunto das frentes apostólicas do Grupo Marista.8 Contribuições na elaboração das Diretrizes de Solidariedade para a RMS do Grupo Marista: Ir. Jorge

Gaio; Jimena Djauara C. Grignani; Juliana Kuwano Buhrer; June Alisson Westarb Cruz; Barbara Pim-pão Ferreira; Viviane Aparecida da Silva; Ir. Valdir Gugiel; Ir. Valmir Nogueira da Silva; Pe. Vilson Groh; Maria Izabel Toro; Neuzita de Paula Soares; Lucieni Braun; Ir. Afonso Levis; Ana Teresa Naspolini; Dyogenes Philippsen Araujo; Cesar Leandro Ribeiro; Ir. Otalivio Sarturi; Ir. Franki Kleberson Kucher.

InTRoDUÇÃo

Grupo marista 9

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Diretrizes para a RMS

Direcionamentos Gerais

Direcionamentos Específicos

Solidariedade

Rede Maristade Solidariedade

Foco da RMS

Todas as ÁreasCorporativas e

FrentesApostólicas

Áreas Corporativas

FrentesApostólicas

jovens e à educação no que diz respeito à solidariedade. Esse acordo selado decor-re de um itinerário percorrido pela RMS, intimamente vinculado com as orien-tações do Grupo Marista, do Instituto Marista, da Igreja, das organizações inter-nacionais e das interpelações da sociedade latino-americana. O segundo capítulo trata dos Direcionamentos, estabelecendo uma agenda de trabalho de cada Fren-te Apostólica e das Áreas Corporativas alinhadas a suas realidades peculiares. 4. Nesse contexto, convidamos todos – Irmãos, Leigas, Leigos e colaboradores – a animar seus corações, a fim de envolver suas vidas e se comprometer com a cons-trução de uma sociedade justa e solidária; afinal, “ir para nova terra com Maria”9

apresenta implicações, entre elas: partilhar a responsabilidade pela missão, dar prioridade à evangelização e transmitir o carisma a uma nova geração9, em um processo de inculturação da Boa Nova10. 5. O resultado deste trabalho, estruturado sob uma linguagem recorrentemente específica, de particular assimilação, deve se fazer compreensível aos gestores e educadores das diversas Frentes Apostólicas e Áreas Corporativas do Grupo Marista. Afinal, caberá a esse grupo de pessoas refletir, analisar, assumir e disse-minar o conteúdo e os devidos desdobramentos às realidades diversas, mantendo o alinhamento dos negócios com a missão, a espiritualidade e o carisma Marista. Nossa voz brota inspirada nos ensinamentos bíblico-eclesiais do carisma, da mis-são e da espiritualidade marista, sem perder de vista o realismo social e político, a responsabilidade ética e o rigor técnico.6. No Grupo Marista, o carisma marista atinge os centros e as periferias, seus contextos e realidades. Cabe aos Irmãos, Leigas e Leigos a oportunidade de pro-

9 INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Conclusões do XXI Capítulo Geral.10 PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-SUL. Diretrizes da ação evangelizadora.

10 Diretrizes e direcionamentos para a Rede marista de Solidariedade

Page 11: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

por e construir redes dialógicas e experiências entre esses dois mundos, rompen-do o apartheid social e construindo pontes efetivas baseadas no “fazer com”.7. Por fim, é importante ressaltar que este documento permanece em construção, propiciando constante reflexão e diálogo, favorecendo processos de engajamento a Irmãos, Leigos, Leigas e pessoas de boa vontade nas realidades contemporâne-as. Admite-se que não há solução única para fazer frente aos desafios existentes no campo dos direitos das infâncias e das juventudes, mas nenhum Irmão, Leigo ou Leiga está dispensado do trabalho árduo que isso implica: dar respostas cria-tivas, corajosas e inéditas, tanto pessoal quanto institucionalmente. O documen-to, além disso, recupera uma história de realizações e se posiciona em relação ao horizonte futuro com atitude resiliente, a fim de recriar, ressignificar, refundar e inovar presenças e metodologias socioeducativas voltadas à defesa e à promoção dos direitos de crianças e jovens.

Grupo marista 11

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solidariedade

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8. O presente capítulo apresenta-se didaticamente estruturado sob os seguintes itens: Jesus de Nazaré, o Cristo; Proposta da Boa Nova do Reino; Aliança e Criação; Solidariedade cristã; Pobreza e seus significados: novo lugar teológico “a partir dos” e “com” os pobres; O sujeito solidário: da experiência nasce o comprometimento; So-lidariedade entre pessoas rompe a naturalização da desigualdade social; Solidarieda-de universal gestando a cidadania planetária; Solidariedade na perspectiva do direito de ter direitos; A Rede Marista de Solidariedade: um novo jeito de ser; e Foco da Rede Marista de Solidariedade. Tal ordem apresenta-se deliberadamente focada em con-ceitos amplos, em seu início, passando depois às especificidades e ao posicionamento da RMS. Observem-se, a seguir, os contextos geral e específico das Diretrizes.

JESUS DE NAZARÉ, O CRISTO

9. Jesus de Nazaré, ao longo de sua vida, tendo por base seu contexto sócio-histó-rico, anuncia e vivencia a Boa Nova do Reino11. Diz: “Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e sua justiça” (Mt 6,33), e a comunidade de Romanos destaca que o “Reino de Deus é justiça, paz e alegria no Espírito Santo. Quem serve a Cristo nessas coisas, agrada a Deus e é estimado pelos homens. Portanto, busquemos sempre as coisas que trazem paz e edificação mútua” (Rm 14,17). No irmão, par-ticularmente o mais pobre, pode-se encontrar o próprio Cristo (Mt 25,40), assim como o encontro com Cristo nos aproxima do irmão. Dessa maneira, entende-se que o Deus cristão se revela e age na comunhão com as pessoas – convidadas a cultivar relações de gratuidade e ternura, à semelhança do Deus “amigo da vida”, que é sempre “Emanuel, o Deus-conosco” (Sb 11,26 e Is 7,14).

A proposta de Jesus de Nazaré consiste na práxis da solidariedade fraterna que oportu-niza a emancipação e a libertação dos sujeitos para a participação e comunhão.

10. Em Jesus, esse Deus-conosco rompe todas as distâncias e vem “erguer entre nós sua tenda” (Jo 1,14). “Imagem do Deus invisível, Jesus é o homem perfeito, que

11 Para aprofundar a compreensão, ver cap. II, “Boa Nova do Reino de Deus”, da obra INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Caminhos de solidariedade marista nas Américas: crianças e jovens com direi-tos. 2012. No prelo.

DIRETRIZES PaRa a REDE maRISTa DE SoLIDaRIEDaDE

Grupo marista 13

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restitui aos filhos de Adão a semelhança divina, deformada desde a primeira que-da. Como a natureza humana foi nele assumida, não aniquilada, por isso mesmo foi em nós elevada a uma dignidade sublime. Com efeito, por sua encarnação, o Filho de Deus uniu-se de algum modo a todos os homens. Trabalhou com mãos humanas, pensou com inteligência humana, agiu com vontade humana, amou com coração humano.”12

11. Ao longo de sua vida, Jesus de Nazaré estabelece uma profunda relação de pro-ximidade, misericórdia13 e compromisso com as pessoas, além de uma relação coti-diana, contemplativa e filial com Deus14. Ele mesmo propôs: “Amarás o Senhor, teu Deus de todo o teu coração [...] e o teu próximo como a ti mesmo” (Lc, 10,25-28; Mt 22,34-40). Tais relações horizontal e vertical evidenciam que a proposta da Boa Nova de Jesus consiste em promover e defender a dignidade do ser humano. Toda pessoa é digna por ser criada à imagem e semelhança do próprio Deus. Quanto mais resguar-dada a dignidade das pessoas, mais reveladoras de Deus elas se tornam, à semelhan-ça de Jesus – arquétipo da nova humanidade: “tão humano assim, só podia ser divi-no” (BOFF, 1972). Também todo ser humano, criado à imagem do Filho eterno do Pai, é “imagem e semelhança de Deus e revela, assim, o rosto humano de Deus” (Ez 1,26).12. Desse modo, a humanidade de Jesus nos é extremamente reveladora – mos-tra-nos que Ele é, ao mesmo tempo, o Filho do Homem e o Filho de Deus15: nele é instaurada a plena amizade entre a humanidade e o Criador. “Cada gesto, cada palavra de Jesus manifesta a amizade de Deus. A fé significa acolher esse amor que nos salva, que nos dá – a partir de hoje – a vida eterna. A vontade salvífica de Deus não exclui ninguém, ele abraça toda a humanidade” (GUTIÉRREZ, 1995a, p. 401). O Reino de Deus acontece onde há amor, comunhão, caridade e fraterni-dade16. A concretização do pecado é justamente o oposto, o rompimento da comu-nhão, no campo da individualidade e da coletividade.

12 CONCÍLIO VATICANO II. Constituição pastoral Gaudium et Spes, n. 22.13 O Deus de Jesus é o Deus da misericórdia (Lc 15,11-24), que ouve o clamor do seu povo, vai ao encon-

tro dos deserdados, socorre os aflitos, liberta os oprimidos e cativos, anuncia a Boa Nova aos pobres (Lc 4,16-20), ouve os gritos dos miseráveis (Lc 18,1-8), não porque tenham algum mérito especial, mas por sua situação de pobreza e dignidade negada.

14 O discurso sobre Deus supõe e, ao mesmo tempo, conduz a um encontro vital com Ele dentro das condições históricas determinadas. Implica por isso descobrir os traços de Cristo nos rostos, às ve-zes desfigurados, dos pobres deste mundo. Essa descoberta não se fará sem gestos concretos de solidariedade com o irmão que sofre miséria, abandono e desprezo” (GUTIÉRREZ, 1987, p. 66).

15 O discurso sobre Deus supõe e, ao mesmo tempo, conduz a um encontro vital com Ele dentro das condições históricas determinadas. Implica por isso descobrir os traços de Cristo nos rostos, às ve-zes desfigurados, dos pobres deste mundo. Essa descoberta não se fará sem gestos concretos de solidariedade com o irmão que sofre miséria, abandono e desprezo” (GUTIÉRREZ, 1987, p. 66).

16 A fé em um Deus que nos ama e que nos chama ao dom da comunhão plena com ele e da fraternidade entre nós não só é alheia à transformação do mundo, como conduz necessariamente à construção desta fraternidade e dessa comunhão na história” (GUTIÉRREZ, 1986b apud ALMEIDA, 2005, p. 240).

14 Diretrizes e direcionamentos para a Rede marista de Solidariedade

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PROPOSTA DA BOA NOVA DO REINO17

13. Paradoxalmente, os que se encontram à margem e rejeitados pela sociedade – os pobres, as pessoas com deficiência, as crianças, as mulheres e os estrangeiros – tornam-se os prediletos, privilegiados no Reino de Deus (Mt, 5,1-10; Lc 6,20-23). Portanto, os pobres economicamente são os primeiros destinatários da salvação, pois, estando nessa situação, permanecem distantes dos bens essenciais da vida. De fato, a humanidade é assegurada quando existe justiça social, equidade e so-lidariedade. Nesse sentido, a salvação pode ser entendida como “comunhão dos homens com Deus e comunhão dos homens entre si” (GUTIÉRREZ, 1971, p. 128), a qual orienta, transforma e leva a história humana à sua plenitude em Cristo, marcada pela Encarnação18 e pela Páscoa.14. A Boa Nova do Reino é um projeto de comunhão plena entre Deus e os ho-mens, um projeto de fraternidade universal, centrado na pessoa e na mensagem de Jesus, uma escola de novas relações para com Deus (filiação), o próximo (frater-nidade) e as demais criaturas (liberdade). Esse Reino, desligado do Abba de Jesus e nosso, reduzir-se-ia a um grande projeto humanista, a uma grandiosa esperan-ça utópica. Por outra parte, o próprio Deus – desligado do Reino – torna-se uma divindade longínqua ou puramente intimista, distinto do Deus-conosco anuncia-do por Jesus (CODINA, 1984, p. 59-60).

Assim, em Jesus Cristo, Deus compartilha da condição humana (ser-com) e torna-se compaixão, misericórdia, perdão, generosidade e ajuda, sem condições restritas nem reservas, como revela o episódio do samaritano1 praticante do amor e da solidarieda-de com o próximo caído – emblema da caridade efetiva e universal (ser-para).

15. A solidariedade de Jesus, evidenciada nas parábolas,19 tem em vista o compro-misso com as pessoas, no sentido de que sempre se estabelece um vínculo pessoal que se desdobra em uma ação compartida, possibilitando um caminho de cresci-mento e amadurecimento. Para Jesus, ser solidário nunca se resumiu a atitudes isoladas. A solidariedade compromissada de Jesus, dos discípulos e de seus se-guidores muda a vida das pessoas e de suas comunidades. As pessoas buscam ser

17 Para aprofundar o tema, cf.: Jesus e a opção pelos pobres (BOMBONATTO, 2011).18 Deus assume a condição humana – kénosis – pelo caminho do amor solidário. Deus se inclina sempre

de forma incondicional e apaixonada para o lado dos mais miseráveis. Deus é o Deus dos pobres e oprimidos e sua solidariedade para conosco começa com a opção pelos oprimidos deste mundo, vítimas da opressão humana (CODINA, 1984, p. 66).

19 Para aprofundar o tema, cf.: A opção pelos pobres e a misericórdia de Deus (ANDRADE, 2011).

Grupo marista 15

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tocadas por Jesus e comprometem-se com a proposta do Reino. Ele se aproxima das pessoas e com elas realiza uma aliança, tendo em vista a salvação, que começa já, consolida-se no cotidiano e se amplia no futuro esperançoso.16. O Reino de Deus se torna visível na práxis do seguimento a Jesus; “Eu estava com fome, e me deste de comer; estava com sede, e me deste de beber. Eu era fo-rasteiro, e me recebeste em casa; estava nu e me vestistes; doente, e cuidaste de mim; na prisão, e fostes visitar-me” (Mt 25,25-36). O Reino de Deus supõe e exi-ge conversão, mudança de mentalidade e atitude e adesão à mensagem de Jesus. Solicita o nosso efetivo discipulado: “Aprendei de mim!” (Mt 11,29). É preciso dar testemunho do Deus da Vida, do Reino de Deus, da solidariedade aos pobres e da libertação dos que veem a violação de seus direitos mais elementares. Ao nos so-lidarizarmos ativamente com os pobres, o Reino começa a ser, de imediato, uma realidade, mesmo que imperfeita (CODINA, 1984, p. 68).17. A fraternidade universal é dom gratuito de Deus, que acredita, deposita e con-fia a cada pessoa um conjunto de talentos (Mt 25,14-30), conforme suas capacida-des, esperando a colaboração efetiva de cada um. O amor ao próximo se evidencia em uma ação concreta, que não se restringe a um ato imediato e desconectado. O amor e a solidariedade geram comprometimento e responsabilidade ininter-ruptos em relação às pessoas e aos grupos (CONSELHO NACIONAL DE IGRE-JAS CRISTÃS DO BRASIL, 2004). A experiência do encontro com a violação de direitos por vezes provoca mudança e transformação na maneira de pensar e vi-ver, possibilitando nova configuração do projeto pessoal de vida20.

ALIANÇA E CRIAÇÃO

18. Na trajetória de Jesus, o Reino de Deus se faz presente e a Criação adquire pleno sentido. O Deus do êxodo é o Deus da história, Criador da humanidade e libertador do povo: Aquele-que-está com o povo (IHWH), caminhando e estabe-lecendo morada em seu meio (Ex 29,45-46; Nm 1,1; Ex 33,7-11; 2Sm 7,5). É, antes de tudo, o Deus amigo da vida (GUTIÉRREZ, 1989). O êxodo e a travessia do deserto – rumo à terra prometida – não se reduzem a feitos do passado, mas compõem um paradigma: a libertação da opressão rompe com toda forma de espoliação e miséria, afirma a dignidade e a liberdade do povo, desencadeia processos de par-ticipação, oferece acesso à vida em abundância e é germe de uma sociedade mais justa e fraterna (ALMEIDA, 2005, p. 65-66). A aliança selada com os patriarcas (Abraão, Moisés etc.) é vivida em um percurso dinâmico e comunional.

20 Também conhecido como conversão.

16 Diretrizes e direcionamentos para a Rede marista de Solidariedade

Page 17: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

19. Deus se revela aos profetas como fiel e misericordioso, impulsionando-os a denunciar os opressores e injustos, a indicar os caminhos de libertação, a relem-brar a fidelidade à Aliança. Os profetas, de modo geral, são aqueles que denun-ciam as situações opressoras da sociedade da época e sinalizam horizontes de esperança, anunciando, testemunhando e vivenciando novos tempos. Exemplo disso é o profeta Amós, que gritava contra os crimes de Israel, denunciando a violência e a pilhagem de que o país era vítima, as fraudes desavergonhadas no comércio, as invasões de terras, a escravização dos pequenos, o abuso do poder e a perversão da própria justiça21.20. Com seus gestos e palavras, Jesus segue a tradição profética e age entre nós como o “novo Moisés”: proclama o evangelho aos pobres, liberta os cativos e inau-gura o ano da graça do Senhor (Lc 4,16-19). Ele revela Deus como Pai e nos con-vida a colaborar na obra da Criação, em vista de “novos céus e nova terra, onde habitará a justiça” (2Pd 3,13). 21. Assim como nas primeiras linhas do Gênesis o Espírito de Deus pairava sobre o abismo e transformava o caos em cosmos, ele continua hoje a gerar e regenerar a vida, convidando-nos a participar de uma aliança de dimensões históricas e planetárias: “Com efeito, a criação inteira geme em dores de parto; e não só ela, mas também nós que possuímos as primícias do Espírito, gememos interiormen-te, esperando a adoção, a redenção de nosso corpo” (Rm 8,22-23). 22. Com sua aliança, o Deus Criador nos convoca a colaborar na obra da Criação, animados pelo mesmo Espírito que soprou na aurora do mundo e ungiu Jesus como Messias. Deus quer contar com a colaboração das pessoas para transfor-mar o mundo, rompendo com as injustiças e exclusões. Lutar contra as situações de miséria evidentes em nossos territórios é promover o bem comum, a susten-tabilidade da vida e, acima de tudo, a dignidade humana – que está no escopo da proposta do Reino: salvar (ALMEIDA, 2005, p. 68).

SOLIDARIEDADE CRISTÃ

23. Maria e José, quando partem apressadamente de Belém para o Egito22, o fazem para proteger o Menino Deus. Maria, em seu Magnificat (Lc 1,47-56), proclama de maneira corajosa e profética a preferência de Deus pelos peque-ninos e pobres (os anawin), resgatando seus antepassados. Desde os primeiros

21 Para aprofundar a compreensão, cf.: cap II, item “Valor Profético”, da obra INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Caminhos de solidariedade marista nas Américas: crianças e jovens com direitos.

22 Cf.: Mt 2,13-15 e INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Documento do XXI Capítulo Geral, p. 23.

Grupo marista 17

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séculos do cristianismo, as pessoas e as comunidades23 que, ao longo da histó-ria, colocam-se a serviço da proposta do Reino de Deus, têm considerado a es-piritualidade e a solidariedade elementos essenciais para o amadurecimento da fé. Assim, todo aprofundamento e meditação da Palavra de Deus, realiza-do por cristãos e por comunidades cristãs, provoca inquietação, indignação e impulsiona atitudes concretas por parte das pessoas visíveis na realidade em que elas vivem. A Palavra de Deus dá significado para a práxis24: sem obras, a fé é morta (Tg 2,14-17). Isso porque o Reino de Deus não é somente uma pro-messa futura desencarnada, mas se inicia tendo por base esse contexto his-tórico-cultural, em meio às evidentes contradições25. É nesse contexto que os cristãos e suas comunidades devem exercer – de forma criativa, organizada e eficaz – a diaconia da caridade26.24. A narrativa dos evangelistas sobre a ressurreição do Cristo e da efusão do Espírito Santo (Lc 24; Mt 28; Mc 16 e Jo 20 e 21) afirma que do envio nascem as primeiras comunidades pascais, que buscam contextualizar a utopia do pri-meiro dia da nova criação. Os discípulos e os apóstolos são chamados e envia-dos em conjunto, como comunidade, e não como indivíduos separados, para participar do compartir da Palavra e do pão (Mc 6,34-44). O Espírito Paráclito, presente em todos os que ouvem e proclamam a Palavra de Deus, trabalha em e por meio de nós para ajudar a realizar ações maravilhosas. É do ambiente comunitário que nasce o envio (Mt 28,19). Os discípulos enviados devem re-velar o dom gratuito de Deus, que manifesta seu amor no amor ao próximo, e, mais que isso, ama-se Deus no próximo. “Não basta proclamar Deus, é ne-cessário ser solidário com os outros e, em particular, com o que é mais pobre e mais abandonado” (GUTIÉRREZ, 1995b, p. 116). Não há como “separar solida-riedade com os pobres e espiritualidade, amor fraterno e oração, ser humano e Deus. Isso é ser cristão, discípulo de Cristo, Deus e homem” (GUTIÉRREZ, 1986a apud ALMEIDA, 2005, p. 215).

23 As Igrejas e as comunidades cristãs (Documento de Aparecida, n. 550) devem assumir uma postura de servidoras, que se colocam a serviço do Reino de Deus, anunciando a boa-nova de libertação aos pobres, sendo solidárias com pessoas e grupos marginalizados ou excluídos da sociedade. O mundo contemporâneo espera dos cristãos e das Igrejas cristãs o testemunho de compaixão, amor, mise-ricórdia e solidariedade para com pessoas mais pobres e vítimas de todas as formas de opressão. Segundo a imagem do Bom Pastor, há de se estar particularmente atento para oferecer o divino bálsamo da fé, sem descuidar do “pão material”.

24 Práxis expressa o compromisso cristão na transformação da sociedade.25 Cumprindo o “já” nas realidades históricas e o “ainda não” plenamente; projetando-se incansavelmen-

te em direção ao futuro, criando uma permanente mobilidade histórica (GUTIÉRREZ, 1971, p. 138).26 BENTO XVI. Carta encíclica Deus Caritas Est, n. 20-22.

18 Diretrizes e direcionamentos para a Rede marista de Solidariedade

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25. Para o cristão, a motivação para a solidariedade parte do enamoramento e do encantamento por Jesus Cristo, que, com a meditação orante da Palavra de Deus27 e a celebração da ceia, faz brotar a prática compromissada da solidariedade (Gl 5,6), na perspectiva do direito e da vida, capaz de provocar as pessoas a se lançar com confiança, vontade e ousadia, de maneira incondicional, discreta e generosa. A oração e o compromisso fazem parte da práxis cristã, à luz da Pa-lavra de Deus28. A oração cristã não é um ato isolado, mas se dá na comunhão fraterna e no partir do pão, integrada à vida real, da qual é expressão. Fazer a experiência de Deus supõe praticar a justiça, o direito, defender e acolher o pobre e o indigente, amar o irmão (CODINA, 1984, p. 97-98). O encontro com o Senhor supõe acolhida, disposição ativa, trabalho, fidelidade à sua vontade, frutificação das capacidades recebidas – dom gratuito do Deus da Vida. Portanto, os cristãos prezam por uma solidariedade pessoal e que gere relações de interdependência.26. A solidariedade cristã pode ser compreendida de acordo com dois sentidos complementares, segundo João Paulo II29: como princípio social e como virtude moral. Como princípio social, a solidariedade transforma preferentemente a or-ganização da vida social: suas relações, suas instituições e suas estruturas. Como virtude, a solidariedade implica a ação perene de todos em favor do bem comum, isto é, o empenho de todos para que cada um concretize sua dignidade.27. Nesse sentido, a espiritualidade cristã é encarnada e tal encarnação nos apro-xima do Pai. A “fé em Cristo nasce também da solidariedade como atitude per-manente de encontro, irmandade e serviço. Ela há de se manifestar em opções e gestos visíveis, principalmente na defesa da vida e dos direitos dos mais vulnerá-veis e excluídos, e no permanente acompanhamento em seus esforços por serem sujeitos de mudança e de transformação de sua situação”30. Não se trata de impor a mudança e a transformação pessoal e coletiva, mas de realizá-las com base em seus contextos, interesses, lutas, subjetividades, realidades, territórios, compre-ensões de mundo, culturas, crenças, religiões e interrelações.28. A formação técnico-acadêmica é um quesito, mas não basta para nos educar com vistas para a solidariedade. Tal solidariedade será realizada ao longo das in-terrelações cotidianas, feitas de comunhão, serviço e desprendimento em relação

27 A koinonía, a partilha dos bens, a solidariedade, “um só coração e uma só alma”. “Se verdadeiramente partimos da contemplação de Cristo, devemos saber vê-lo no rosto daqueles com quem ele mesmo quis identificar-se: ‘Pois eu estava com fome, e me destes de comer [...]’ (Mt 25,35-46)” (CONFERÊN-CIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil, n. 8). A própria comunhão, chamada de koinonía, expressa que “comungamos com Cristo, comunga-mos com os outros e estamos mutuamente unidos”. É uma mesma koinonía que nos faz participar da vida de Deus e partilhar com os irmãos mais pobres (CODINA, 1984, p. 118).

28 JOÃO PAULO II. Carta encíclica Sollicitudo Rei Socialis, n. 193.29 JOÃO PAULO II. Carta encíclica Sollicitudo Rei Socialis, n. 193.30 CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO. Documento de Aparecida, n. 394.

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às outras pessoas, pois ela é a prática da partilha dos bens espirituais e materiais31 mediante obras de misericórdia32. Assim, a solidariedade, além de um valor as-similado, torna-se um estilo de vida e uma característica das muitas maneiras de vivermos a fé. É, pois, necessária uma educação na partilha dos bens materiais, espirituais e culturais, com vistas à cooperação com nossos irmãos e irmãs33. A solidariedade cristã não coaduna com a injustiça social nem com os desequi-líbrios na distribuição dos bens – destinados a todos, como patrimônio comum e direito humano, a serviço da vida34.29. Atualmente, na América Latina, em meio a tantas situações de violação de direitos, cabe perguntar-nos: “‘Mestre, onde moras?’, ‘Onde te encontra-mos de maneira adequada para ‘abrir um autêntico processo de conversão, comunhão e solidariedade?’”35. Nesta terra de conflitos e esperança que é a América Latina, “Como encontrar uma linguagem sobre Deus a partir do so-frimento do inocente?” (GUTIÉRREZ, 1987, p. 56). “Que cristianismo é esse que torna compatível o Evangelho com a opressão?” (CODINA, 1984, p. 15). O itinerário da construção de uma humanidade nova passa pelo compromisso de lutar pela libertação do próprio ser humano. Para os cristãos, não há “duas histórias” na relação entre Deus e a humanidade, entre sociedade e evangelho, mas uma só: a história presente é a mesma história da salvação, da qual par-ticipamos como sujeitos e agentes. Contudo, para restabelecer esse vínculo entre vida cotidiana e evangelho, é necessário renascer para a solidariedade evangélica (Jo 3,3-5). Por isso, “libertar o oprimido, dar alimento ao faminto, socorrer os pobres e promover o seu protagonismo no processo de libertação já é história de salvação” (ALMEIDA, 2005, p. 62).

A solidariedade é, ao mesmo tempo, valor moral e estratégia prática em benefício do desenvolvimento humano integral: cabe às organizações sociais e eclesiais, bem como ao Estado e a todas as pessoas de boa vontade, investir em ações e recursos em prol da solidariedade.

30. A Igreja, na América Latina, expressa de maneira contundente, por meio das conferências de Medellín (1968), Puebla (1979) e Aparecida (2007), as conjunturas eclesial, social e política da região, delineando uma perspectiva de Igreja como

31 CATECISMO da Igreja Católica, n. 1948.32 CATECISMO da Igreja Católica, n. 2447.33 JOÃO PAULO II. Carta encíclica Sollicitudo Rei Socialis, n. 39.34 PAULO VI. Populorum Progressio, n. 3 e 9; JOÃO PAULO II. Carta encíclica Sollicitudo Rei Socialis, n. 40-42.35 CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO. Documento de Aparecida, n. 245.

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Povo de Deus36, menos verticalizada e mais empenhada com as causas sociais, humanas e ambientais. Atualizando o evangelho, tais conferências convocam a Igreja à opção preferencial pelos pobres e pela juventude. A Igreja deve ser capaz de comungar com a profunda esperança no Deus Libertador, em que se abram novos horizontes e perspectivas com base na integração de nosso empenho com os esforços de outras entidades37.31. A realidade da América Latina desafia a Igreja a nunca se fixar na mera auto-manutenção, para edificar-se tendo por base o “de fora” – o mundo em que deve ser sinal de salvação – e, ao mesmo tempo, o “de baixo” – os pobres, as classes exploradas, as etnias marginalizadas e as culturas desprezadas (GUTIÉRREZ, 1981, p. 37). Trata-se de aderir de maneira profética à “opção preferencial e solidá-ria pelos pobres”38e de educar-se para a solidariedade39. A credibilidade da Igreja perpassa seu testemunho, sua fidelidade ao Evangelho, sua indignação com as violações de direitos, respostas concretas e progressivas às diferentes manifes-tações de exclusão40, serviço e profetismo, por ser o sinal visível e encarnado da presença e do amor do Deus Pai à humanidade – por ser Reino de Deus.32. A Igreja no Brasil procura contribuir para que se torne realidade não apenas uma democracia formal, mas uma equânime partição dos bens e das oportunidades, permitindo a todos o exercício pleno da cidadania e garantindo ao povo uma efetiva participação econômica, social, política, cultural e educacional. No esforço de pro-moção da democracia41 e da justiça social, a Igreja colabora com os múltiplos atores e organismos – sociais, ecumênicos e populares – que defendem os direitos humanos, promovem a cultura popular e fomentam autêntica educação política e participação cidadã, no quadro das diversas organizações civis e afiliações partidárias.

36 A Igreja como povo de Deus é fruto de uma nova visão teológica – constituída por todos os batizados –, mais comunitária e colegiada, expressando a recuperação dos carismas, com ênfase no papel do laicato e na participação litúrgica, mais ecumênica (diálogo com as igrejas cristãs) e mais aberta à contemporaneidade. O ministério hierárquico se situa nesse povo, não à margem ou acima dele. Va-ticano II define a Igreja como comunidade congregada antes de tudo para a celebração eucarística, renovada continuamente pelo Espírito (CODINA, 1984, p. 35; 71-72).

37 Para melhor compreensão, cf.: Cap II, item “As diretrizes da DSI no contexto da América-Latina”, da obra INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Caminhos de solidariedade marista nas Américas: crianças e jovens com direitos.

38 Cf.: CONFERÊNCIA GERAL DO EPISCOPADO LATINO-AMERICANO. Puebla, n. 1134; JOÃO PAULO II. Carta encíclica Sollicitudo Rei Socialis, n. 42; JOÃO PAULO II. Carta encíclica Centesimus Annus, n. 57; JOÃO PAU-LO II. Exortação apostólica pós-sinodal Ecclesia in America, n. 75; e cap. III, item “A missão, a vida apostóli-ca e os pobres”, da obra SAMMON. Tornar Jesus Cristo conhecido e amado: a vida apostólica marista hoje.

39 PAULO VI. Exortação apostólica Evangelii Nuntianti, n. 23 e Competência e sensibilidade solidária: educar para a esperança (ASSMANN; MO SUNG, 2000).

40 A Igreja apoia a democracia e sustém a participação dos cidadãos na política, mas não se coaduna com a formação de grupos restritos de dirigentes que usurpam o poder do Estado a favor dos seus interesses particulares.

41 CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO. Documento de Aparecida, n. 402.

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33. Os graves problemas “socioeconômicos que hoje se apresentam só poderão ser resolvidos se novas frentes de solidariedade forem criadas: solidariedade dos po-bres entre si; solidariedade com os pobres, para a qual os ricos são convidados”42. A solidariedade é, ao mesmo tempo, valor moral e estratégia prática em benefício do desenvolvimento humano integral: cabe às organizações sociais e eclesiais, bem como ao Estado e a todas as pessoas de boa vontade, investir ações e recursos em prol da solidariedade – e nesse grupo está incluso o Grupo Marista, com to-dos os Irmãos, Leigas, Leigos e colaboradores. Essa participação é extremamente oportuna no atual momento histórico, em que o aumento da consciência da digni-dade humana contrasta com o avanço da pobreza em novas fronteiras nacionais e internacionais.

POBREZA E SEUS SIGNIFICADOS: NOVO LUGAR TEOLÓGICO “A PARTIR DOS” E “COM” OS POBRES43

34. O texto de Medellín (1968)44apresenta três significados de pobreza: carência concreta, pobreza como valor espiritual e pobreza como compromisso. Essa acepção foi evidenciada no documento de Puebla (1979) pela expressão “opção preferencial pelos pobres”45.

... preferir o pobre é preferir o próprio Deus.

35. Nessa perspectiva, há duas percepções do pobre que se complementam: como oprimido e como excluído. A opressão impede a participação; a exclusão bloqueia a comunhão. Nenhuma delas é desejada por Deus, uma vez que atentam contra a dignidade humana. O humano é visto como “imagem e semelhança de Deus”, universalmente referido ao Criador e dotado de uma dignidade específica como pessoa. Nesse sentido, atentar contra o pobre é atentar contra o próprio Deus. Tudo o que nega, fere ou ameaça a dignidade humana – tal como a fome, a violên-cia, a exclusão e a miséria – é incompatível com o advento do Reino de Deus, que é sempre Reino de amor, justiça e paz.

42 IGREJA CATÓLICA Congregatio pro Doctrina Fidei. Liberdade cristã e libertação: instrução “Libertatis Conscientia”, n. 89.

43 Para se aprofundar-no tema, cf.: Teologia da solidariedade: uma abordagem da obra de Gustavo Gutiér-rez (ALMEIDA, 2005, p. 249-270) e A categoria pobre na Bíblia: permanência e mudança (ORIFUNO, 2011).

44 CONFERÊNCIA GERAL DO EPISCOPADO LATINO-AMERICANO. Medellín, n. 14, II, 4-5.45 CONFERÊNCIA GERAL DO EPISCOPADO LATINO-AMERICANO. Puebla, n. 1134.

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36. A pobreza como valor espiritual é a capacidade de a pessoa acolher a Deus em atitude de liberdade e disponibilidade, desprendida dos bens deste mundo. Essa preferência indica a universalização do amor de Deus, que não exclui ninguém, mas assume os valores do Reino como prioridade evidente. Assim, a predileção pelos pobres nascerá da bondade de Deus, da sua misericórdia, com o intuito de libertar e incluir. A espiritualidade cristã é baseada na celebração da Palavra e do Pão e na solidariedade com os pobres. A encarnação cria um laço definitivo e inseparável entre o humano e o divino, selado e prolongado com a Páscoa46. Todo gesto solidário para com o pobre é gesto para com o próprio Cristo: “Tudo o que fizeste a um desses pequeninos, meus irmãos, foi a mim que o fizeste” (Mt 25,40). 37. Nesse sentido, a pobreza como compromisso47 é aquela assumida voluntaria-mente e por amor às pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade em nossa sociedade. É indignação contra a pobreza e é solidariedade a favor dos pobres. Implica visão ética e generosidade de coração, sendo capaz de empenhar-se na promoção da justiça e da paz, na defesa da vida e da dignidade dos empobreci-dos. A pobreza como compromisso significa preferir como “primeiros” aqueles que a sociedade trata como últimos. Animada por atitudes morais e espirituais características (partilha, serviço, doação), essa escolha se manifesta sob muitas formas de engajamento humanitário e participação democrática nas decisões da sociedade; é caminho comprometido e esperançado pela libertação das pessoas e da comunidade humana.

O SUJEITO SOLIDÁRIO: DA EXPERIÊNCIA NASCE O COMPROMETIMENTO

38. A pessoa solidária é o sujeito, o cidadão protagonista que enxerga as situações de injustiça e se mobiliza efetivamente em prol de causas humanitárias. Mas, di-daticamente, pode-se apresentar em três níveis (ALMEIDA, 2005, p. 139), como exposto a seguir.

Caridade, verdade e fraternidade se incluem na perspectiva cristã de solidariedade.

46 Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.47 Esse compromisso exige entrar no “mundo dos pobres”. “Comprometer-se com eles é entrar – ou

em certos casos ficar nele – nesse universo, viver nele; considerá-lo não lugar de trabalho senão de residência. Não ir a esse mundo algumas horas para ali dar testemunho do Evangelho, mas sair dele cada manhã para anunciar a Boa Nova a toda pessoa humana” (GUTIÉRREZ, 1986 apud ALMEIDA, 2005, p. 264-265).

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39. No primeiro nível, o sujeito solidário se encontra em uma fase inicial possui senso de consciência social e sentimentos condolentes com relação ao próximo, sendo capaz de enxergar e se comover pontualmente diante de situações adversas.40. No segundo nível, o sujeito solidário exprime movimento e atitude, sob a perspectiva operacional de participação, como ator externo, intervindo na reali-dade e aportando na lógica “de e para”.41. No terceiro nível, o sujeito solidário é capaz de perceber que o todo está na parte e a parte está no todo, capaz de orientar os esforços em prol do bem co-mum48 e da ação transformadora da realidade, tanto no aspecto pessoal quanto no comunitário: “Para que eu esteja bem, necessito que o outro também esteja bem”. Implica um engajamento assumido em conjunto por várias pessoas, que se comprometem a responder, cada uma, por esse conjunto. Nessa direção, o su-jeito está conectado a experiências e vivências significativas de reciprocidade, de interdependência, de participação, de responsabilização, de proatividade, de en-gajamento, de relações horizontais entre pessoas, na busca de soluções.42. A raiz latina do termo solidariedade é solidus – sólido ou compacto; algo bem construído e unificado em suas partes; lembra solidez e coesão. Em sentido amplo, somos sólidos com a terra, com os outros e com a história, porque a existência hu-mana é interdependente, como parte na coesão do todo. Em sentido cristão, solidus se aplica à relação de vínculo entre Deus e o homem, unidos em aliança, e engloba especialmente a caridade, a verdade e a fraternidade propostas no Evangelho.43. A caridade é amor generoso, ao mesmo tempo compassivo e eficaz, confor-me os termos bíblicos ahabá (Primeiro Testamento) e ágape (Novo Testamento). A verdade é transparência e justeza em todas as coisas: enquanto a mentira corrompe e escraviza, a verdade constrói e liberta. A fraternidade nasce na comum filiação em relação a Deus: a paternidade universal de Deus implica a fraternidade universal dos humanos quanto à natureza, dignidade e condição, uma solicitando as outras para que nossas relações sejam sólidas com a Terra, as criaturas e nossos semelhantes49.

48 O bem comum difere do interesse geral e do interesse particular. O interesse geral, às vezes, pode implicar o sacrifício e a exclusão de alguns, geralmente os mais frágeis, em favor de outros. Em contrapartida, o bem comum compreende todos os indivíduos, de acordo com as possibilida-des específicas de cada um. A conciliação entre o bem comum e o bem particular se dá através do exercício da caridade e da justiça, virtudes importantes na vida social. A primeira, a caridade, ensina a vencer o egoísmo e inspira a consciência da sociedade como espaço que congrega as pessoas; a segunda, a justiça, favorece o reconhecimento e o respeito dos direitos do outro” (INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Caminhos de solidariedade marista nas Américas: crianças e jovens com direitos).

49 BENTO XVI. Carta encíclica Caritas in Veritate, cap. III e IV, sobre fraternidade, desenvolvimento e ambiente.

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SOLIDARIEDADE ENTRE PESSOAS ROMPE A NATURALIZAÇÃO DA DESIGUALDADE SOCIAL

44. A vida ameaçada não pode ser vista com indiferença; pelo contrário, solicita-nos reações de indignação, engajamento e corresponsabilidade. A solidariedade se expressa em vínculos de cooperação e comprometimento que tendem a ser duradouros e transformadores, sobretudo em relação a dignidade, condição e di-reitos de todos. Com expressões plurais, a solidariedade abre caminhos e estabe-lece pontes: aproxima os diferentes, possibilita convergências, congrega sujeitos, incide em objetivos comuns, consolida resultados. É caminho que faz dos outros, irmãos; dos distantes, próximos. A solidariedade transforma os dramas da fome e da discriminação, da tortura e da exploração em uma agenda proativa de “ações sólidas” de justiça e respeito, de inclusão e cidadania. Seu método vai da denún-cia das estruturas sociais, econômicas, políticas, culturais e religiosas injustas50 ao uso de meios legítimos de não violência, associação, participação democrática, influência midiática, organização civil e redes de ação.

A solidariedade implica o estabelecimento de um relacionamento humano que muda a vida de todos os envolvidos – não só de quem é ajudado, mas também de quem ajuda.

45. A solidariedade estabelece e fortalece vínculos entre as pessoas. Para isso, é preciso instituir o encontro real com o outro, no qual ocorre o reconhecimento da “outridade” (ou alteridade). Isso quer dizer que ela não se constitui de gestos me-cânicos, moralistas, prescritivos, automáticos, reativos e descontextualizados, nem mesmo de sentimentos de enternecimento e comoção superficiais pelos males so-fridos por tantas pessoas, próximas ou distantes. Pelo contrário, é a “determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum; ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos”51. É preciso, antes de tudo, satisfazer “as exigências da justiça, para que não ofereça-mos como dom da caridade aquilo que já é devido por justiça”52. Portanto, a assis-tência deve dar lugar à justiça e à equidade (CODINA, 1984, p. 25).46. A solidariedade perpassa a disponibilidade de dar e a disponibilidade de receber. Portanto, ela exige atenção, acolhida, escuta, diálogo53, proximidade, co-operação, partilha, comunhão e compreensão da alteridade. Demanda, ainda,

50 ASSEMBLEIA INTERNACIONAL DA MISSÃO MARISTA. Um coração, uma missão, n. 3.51 JOÃO PAULO II. Carta encíclica Sollicitudo Rei Socialis, n. 38.52 CATECISMO da Igreja Católica, n. 2446.53 INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Documento do XX Capítulo Geral, n. 35.

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análise das causas e contextos, tempo e interação, sobretudo para aqueles ex-cluídos dos direitos socialmente ratificados pelos organismos internacionais – sejam pessoas e grupos minoritários e marginalizados54, sejam quantos não têm acesso à educação, assistência, saúde, cultura, moradia e lazer, sem voz nem vez de participação55.47. João Paulo II exorta para uma nova “criatividade da caridade, que se mani-feste na capacidade de pensar e ser solidário com quem sofre, de tal modo que o gesto de ajuda seja sentido, não como esmola humilhante, mas como partilha fraterna. Não basta sobreviver, é preciso viver e conviver! Não basta vencer a dor, é preciso sorrir com as crianças e esperar com os jovens! Não basta suportar os dias de nossa existência, é preciso acreditar na felicidade e transformar sonhos em realidade”56.48. Engajar-se na luta efetiva por uma sociedade mais justa é ser solidário: trata-se de compromisso cristão e marista, pessoal e institucional. Significa exercer a cidadania de maneira autêntica, participando ativamente da vida política57, social e eclesial, no intuito de transformar a comunidade, a polis e o país em espaços mais participativos para se viver e conviver com dignidade. Essas ações incluem, de maneira especial, compromisso e formação de vínculos com os demais, pois são ações que somente ocorrem por meio da coletividade. 49. A solidariedade é comumente percebida por meio das relações e ações huma-nas, motivada por uma “paixão pelo outro”, ligada ou não a uma mística religiosa, mas inevitavelmente fundada no diálogo interpessoal baseado em experiências e

54 Entre as diversas formas de exclusão, o Documento de Aparecida salienta: as comunidades indíge-nas e afro-americanas; as muitas mulheres que são excluídas em razão de seu sexo, raça ou situação socioeconômica; os jovens que recebem educação de baixa qualidade e não têm oportunidade de progredir em seus estudos nem de entrar no mercado de trabalho; muitos pobres, desemprega-dos, imigrantes, desalojados e camponeses sem-terra; crianças submetidas à prostituição infantil, ligada, muitas vezes, ao turismo sexual; os fetos vítimas de aborto; o tráfico de órgãos e de seres humanos. Milhões de pessoas e famílias que vivem na miséria e que também passam fome; muitos dependentes de drogas, as pessoas com capacidades limitadas, os portadores e vítimas de enfermi-dades graves; os sequestrados e os que são vítimas da violência, do terrorismo, de conflitos armados e da insegurança urbana; os idosos; a situação inumana em que vive a grande maioria dos presos (CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO. Documento de Aparecida, n. 65). CONFERÊNCIA GE-RAL DO EPISCOPADO LATINO-AMERICANO. Puebla, n. 32-39) destaca a realidade latino-americana: rostos de crianças golpeadas pela pobreza ainda antes de nascer; rostos de jovens desorientados e frustrados; rostos de indígenas e afro-americanos que podem ser considerados os mais pobres entre os pobres; rostos de camponeses submetidos a sistemas de comércio que os exploram; rostos de operários mal remunerados e com dificuldades para se organizar; rostos de marginalizados e de aglomerados urbanos, de subempregados e desempregados; rostos de anciãos.

55 ASSEMBLEIA INTERNACIONAL DA MISSÃO MARISTA. Um coração, uma missão, n. 6.56 JOÃO PAULO II. Carta apostólica Novo Millennio Ineunte, n. 50.57 CONCÍLIO VATICANO II. Apostolicam Actuositatem, n. 14, o qual incentiva: “Os católicos versados em

política, e devidamente firmes na fé e na doutrina cristã não recusem cargos públicos, se puderem, por uma digna administração, prover o bem comum e ao mesmo tempo abrir caminho para o Evangelho”.

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conhecimentos sócio-históricos. Algumas pessoas se tornam exemplos de vida, ícones dessa manifestação solidária, como Padre Marcelino Champagnat, Ma-dre Tereza de Calcutá, Dom Hélder Câmara, Mahatma Gandhi, Raoul Follere-au, Nelson Mandela, Pastor Martin Luther King58 (CONSELHO NACIONAL DE IGREJAS CRISTÃS DO BRASIL, 2004, n. 21), Irmã Dulce, Dom Oscar Romero, Hebert de Souza (Betinho), Paulo Freire e tantas outras pessoas anônimas, próxi-mas ou distantes de nossas vidas e contextos. Essas pessoas não foram somente impulsionadas por informações e imagens, mas pela escuta e pela experiência com situações-limite em ambientes de fronteira.

SOLIDARIEDADE UNIVERSAL GESTANDO A CIDADANIA PLANETÁRIA

50. Solidariedade é um convite pessoal e coletivo que afeta o local e o global (SEQUEIROS, 2001). Traduz-se usualmente em uma causa de interesse co-mum que congrega pessoas e recursos, a fim de melhorar a “casa de todos” os seres humanos59, para que haja mais harmonia, paz, segurança, participação, equidade, respeito mútuo às diversidades, no presente e para as futuras ge-rações. Dessa maneira, a “globalização da solidariedade e da justiça”60pode ser capaz de estabelecer o diálogo como possibilidade de mediar conflitos, gerar a paz e conectar causas e pessoas internacionalmente, com a finalida-de de oportunizar a esperança (Jr 29,11) para outro mundo possível e viável. Impregna-se de solidariedade, assim, a própria globalização. A proposta ma-rista precisa romper barreiras territoriais, somar esforços com outros atores eclesiais, ecumênicos, laicos, governamentais, empresariais e da sociedade ci-vil organizada, adentrando em novas fronteiras onde os direitos das infâncias e juventudes sequer são sinalizados.

A solidariedade nos ajuda a ver o outro – pessoa, natureza ou nação – como par-ticipante do banquete da vida, ao qual todos os homens foram igualmente con-vidados por Deus.

58 CONSELHO NACIONAL DE IGREJAS CRISTÃS DO BRASIL. Solidariedade e paz, n. 121.59 Convivemos no mesmo ecossistema interligado e interdependente. Os seres humanos que habitam

o planeta devem se considerar irmãos e irmãs, capazes de compartir a mesma casa, que merece o cuidado de todos no presente e também no futuro, com as novas gerações.

60 JOÃO PAULO II. Mensagem para a celebração do XXII dia mundial da paz, 1989; PROGRAMA DAS NA-ÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Relatórios do desenvolvimento humano, 2003-2004; JOÃO PAULO II. Exortação apostólica pós-sinodal Ecclesia in America, n. 55.

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51. Nesse sentido, “uma globalização sem solidariedade afeta negativamente os setores mais pobres. Já não se trata simplesmente do fenômeno da exploração e opressão, mas da exclusão social. Com ela, o pertencimento à sociedade na qual se vive fica afetado, pois já não se está abaixo, na periferia ou sem poder, mas se está de fora. Os excluídos não são somente ‘explorados’, mas ‘supérfluos’ e ‘descartáveis’”61. A internacionalização da solidariedade promove a participação ativa e responsável de todos na vida política e social, desde os cidadãos, individualmente, aos vários grupos da sociedade civil, intensificando relações de diálogo e paz62.52. Atualmente também se destaca uma consciência mais lúcida da relação soli-dária entre o ser humano e a natureza: o ser humano também se valoriza à me-dida que preserva e promove a natureza, e esta, uma vez protegida, garante-lhe melhor qualidade de vida. O dever de solidariedade vale tanto para as pessoas como para os povos, de modo que “o exercício da solidariedade dentro de cada sociedade é válido somente quando seus membros se reconhecem uns aos outros como pessoas”63.

SOLIDARIEDADE NA PERSPECTIVA DO DIREITO DE TER DIREITOS64

53. Na contemporaneidade, inúmeros movimentos sociais, políticos e religiosos, igrejas, redes, fundações e cooperativas, nacionais e internacionais65, reúnem-se e cooperam de maneira organizada para somar esforços em prol dos direitos hu-manos – e, portanto, também dos direitos das crianças66 e jovens67.54. A implementação da Doutrina de Proteção Integral68 foi um dos passos mais importantes no reconhecimento da condição de sujeito da criança e do jovem e na garantia dos direitos fundamentais pertencentes às infâncias e às

61 CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO. Documento de Aparecida, n. 65.62 CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igre-

ja no Brasil, n. 94.63 SIRICO, R. A.; ZIEBA, M. Agenda Social, n. 131.64 Para aprofundar a compreensão do tema, cf.: cap II, item “Referências Internacionais de Direitos”, da

obra INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Caminhos de solidariedade marista nas Américas: crianças e jovens com direitos.

65 ASSEMBLEIA INTERNACIONAL DA MISSÃO MARISTA. Um coração, uma missão, n. 7; INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Documento do XXI Capítulo Geral, p. 41.

66 A Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança define “criança” como “todo ser humano menor de 18 anos de idade” (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA, 2012, art.1).

67 Por “juventude” entende-se toda pessoa de 15 a 24 anos, segundo conceito adotado pela UNESCO e pela ONU em sua Assembleia Geral de 1985 (CENTRO INTERAMERICANO PARA EL DESARROLLO DEL CONOCIMIENTO EN LA FORMACIÓN PROFESIONAL, 2012; UNITED NATIONS, 2012).

68 Essa doutrina tem presença marcante nos documentos internacionais, como a Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança (FUNDO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A INFÂNCIA, 2012).

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juventudes brasileiras – em contraponto à Doutrina da Situação Irregular69, que os considerava meros objetos de tutela do Estado e da família. Nessa vi-são, cabe ao Estado e à família a responsabilidade de garantir os cuidados indispensáveis para sua sobrevivência e seu desenvolvimento integral, pro-movendo a participação, a autonomia, o protagonismo e a responsabilização gradativa. A criança e o jovem têm o direito de serem escutados em todos os assuntos que o afetem, a fim de fomentar seu sentido de dignidade e a im-portância de promover uma função significativa na sociedade (CORTE IN-TERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS, 2002, p. 15), reforçando, de maneira consciente, seus deveres.55. Sob esse ângulo, a solidariedade pode ser vista como o posicionamento peran-te o dever do Estado, da família e da sociedade de garantir os direitos e o bem-es-tar de crianças e jovens, denunciando situações de violação de forma propositiva e articulada com outras organizações70, acentuando o papel da sociedade civil na fiscalização71 das atitudes do Estado e de demais setores da sociedade, na garantia da construção de um mundo mais justo e digno para todos.

Sob esse ângulo, a solidariedade pode ser vista como o posicionamento diante do dever do Estado, da família e da sociedade em garantir os direitos e o bem-estar das crianças e dos jovens, denunciando situações de violação de forma propositiva e articulada com outras organizações.

A REDE MARISTA DE SOLIDARIEDADE: NOVO JEITO DE SER

56. Em 1817, Marcelino Champagnat72, após experiências com pessoas do entor-no das comunidades de La Valla e L’Hermitage – como o caso do jovem Montag-ne –, inicia, com apenas três jovens, a Instituição Marista, voltada à educação e à evangelização de crianças e jovens camponeses. Educador encorajado pe-las bênçãos de Deus, por intercessão da Boa Mãe, aspirava à presença marista

69 A Doutrina da Situação Irregular foi adotada pelo hoje revogado Código de Menores de 1979 (DIREI-TOS HUMANOS NA INTERNET, 2012a).

70 INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS DAS ESCOLAS. Missão educativa Marista: um projeto para o nosso tempo.

71 Eixo do Controle social, com base na Resolução 113, de 19 de abril de 2006 (BRASIL, 2012), que dispõe sobre os parâmetros para a institucionalização e o fortalecimento do Sistema de Garantia dos DCA.

72 Para aprofundar a compreensão, cf.: cap. II, item “Solidariedade na práxis de Champagnat”, da obra INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Caminhos de solidariedade marista nas Américas: crianças e jovens com direitos.

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no mundo. Homem que analisava as situações históricas vividas, Champagnat compreendia as necessidades de seu tempo, via, meditava, celebrava e agia mui-to além de sua época73.

A resposta afetiva e efetiva de Champagnat impulsiona Irmãos, Leigos e Leigas a se posicionarem em “favor da vida; a paixão por Deus e a compaixão pelo povo de Deus constituem a nossa espiritualidade em ação. Em cada etapa da história, ela evoca um modo de ser presença no mundo, com Ele e por Ele”.

57. Por meio da experiência de Champagnat com Montagne, assim como a do Bom Samaritano, podemos afirmar, convictos, que o carisma e a missão – e, por conse-guinte, a Instituição Marista – nasce de uma experiência de solidariedade. Como fundador, Champagnat estabelece um paradigma para a solidariedade marista (PROVÍNCIA MARISTA CRUZ DEL SUR, 2011a, p. 27): i) atento à realidade, vê a situação dolorosa do outro, desloca-se a seu encontro, aceita ser parte de seu drama e descobrir sua necessidade; ii) compadece-se e se indigna: comove-se e nega aceitar a morte do jovem em profunda ignorância de sua dignidade humana e espiritual; iii) abre caminho de inclusão: a indignação move Champagnat a dar início à proposta educativa para crianças e jovens, a qual se prolonga ao longo de quase duzentos anos, em todos os continentes. 58. A espiritualidade marista impele-nos a partir em busca de horizontes inexplorados, compromete-nos ativamente com as crianças e os jovens de nossa época e nos suscita a romper com as resistências em optar pelos pobres (SAMMON, 2006).59. As diversas Frentes Apostólicas do Grupo Marista, constituídas por associa-ções jurídicas, são constantemente avaliadas à luz: da Doutrina Social da Igre-ja74; do documento sobre o uso evangélico dos bens75; da fidelidade e vitalidade do carisma, da missão e da espiritualidade marista; dos documentos institucio-nais76; da autonomia e da corresponsabilidade; da viabilidade econômico-finan-ceira; das boas práticas de gestão adotadas pelos organismos internacionais77; da

73 Champagnat, homem contemporâneo e extemporâneo.74 Para aprofundar a compreensão, cf.: cap. II, item “A solidariedade na DSI”, da obra INSTITUTO

DOS IRMÃOS MARISTAS. Caminhos de solidariedade marista nas Américas: crianças e jovens com direitos e Teologia da solidariedade: uma abordagem da obra de Gustavo Gutiérrez (ALMEI-DA, 2005, p. 144-174).

75 INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Plano de discernimento sobre o uso evangélico dos bens.76 Para aprofundar a compreensão, cf.: cap II, item “A Solidariedade e os documentos Institucionais

Maristas”, In: INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Caminhos de solidariedade marista nas Américas: crianças e jovens com direitos.

77 Políticas e Diretrizes. Setor de Economato da PMBCS, 2011.

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sustentabilidade78; da transparência e prestação de contas79. Se necessário, deve-se reorientar80 as Frentes Apostólicas, a fim de que cumpram seu pro-pósito essencial: “formar cidadãos humanos, éticos, justos e solidários para a transformação da sociedade, por meio de processos educacionais, do jeito Marista”81. Tais espaços socioeducativos oferecem “excelência educacional na formação de crianças e jovens para a autonomia e cidadania, comprometidos com a promoção da vida e da sociedade”81. Portanto, todas as Frentes Apos-tólicas e Áreas Corporativas do Grupo Marista devem potencializar e viabili-zar o capital humano e os recursos financeiros e materiais82 para a defesa e a promoção dos direitos das infâncias e juventudes e para educação com vistas para a solidariedade83.

É necessário ver o mundo com o olhar de uma criança pobre. Por isso, cabe ao Gru-po Marista, esteja onde estiver, “ser experto em evangelização e [...] ser experto na defesa e na promoção dos direitos das crianças e dos jovens” (TURU, 2010). Além disso, deve estar à frente dos acontecimentos contemporâneos, assumindo a lide-rança, e não permanecendo na retaguarda (SAMMON, 2006). Tal desafio se apresen-ta na elaboração dos projetos “em prol dos menos favorecidos economicamente”, a serem desenvolvidos em todas as Frentes Apostólicas e Áreas Corporativas (PRO-VÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-SUL, 2010, p. 6).

60. A Rede Marista das Américas está estruturando processos e práticas com vistas à defesa e à promoção dos direitos das crianças e jovens desde 2004, com o início dos Encontros Interamericanos Coração Solidário Marista84. Esse po-sicionamento vem se expandindo com a soma de esforços entre as províncias e distritos das Américas e outras organizações afins, como a Red Latinoamericana y Caribeña por La Defesa de los Derechos de los Niños, Niñas y Adolescentes (Redlamyc) e a Rede por los Derechos de la Infancia em México (Redim). Des-

78 Triple Bottom Line, que contempla as pessoas, o planeta e o crescimento econômico (ELKINGTON, 1999).

79 Internacionalmente conhecido como accontability80 INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Documento do XX Capítulo Geral, n. 45.2.81 PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-SUL. Plano estratégico da Província Marista Brasil Centro-Sul, p. 6.82 INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Documento do XXI Capítulo Geral, p. 23.83 Cf.: “Rumo à Nova Terra”. In: INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Caminhos de solidariedade marista

nas Américas: crianças e jovens com direitos.84 Ocorreu, em 2004, o I Encontro Interamericano Coração Solidário Marista (EICSM), em Santa Cruz de

La Sierra, Bolívia. Em 2006, em Belo Horizonte (MG), Brasil, ocorreu o II EICSM. Em 2009, em Belém do Pará (PA) realizou-se o III EICSM. Em junho de 2011, na Cidade do México, México, foi realizado o IVº EICSM. Palavras iniciais. In: INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Caminhos de solidariedade marista nas Américas: crianças e jovens com direitos.

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de 200985, a Subcomissão de Missão das Américas está elaborando o documento Caminhos de Solidariedade Marista nas Américas: crianças e jovens com direitos. O quinto capítulo da obra apresenta os princípios que remetem à construção de itinerários inovadores de solidariedade. Nesse sentido, comprometemo-nos com a implantação de novas presenças proféticas maristas junto aos pobres das Améri-cas, denunciando com coragem e audácia as injustiças e as violências contra crian-ças e jovens, e enfatizando o anúncio da paz como expressão da justiça social.

O posicionamento da RMS deve estar voltado à promoção e à defesa dos direitos das crianças e dos jovens e à educação para a solidariedade. Deve dar especial atenção aos economicamente empobrecidos, entendendo que eles se encontram em uma po-sição de desvantagem e maior vulnerabilidade em relação a outros setores da popu-lação, enfrentando, assim, necessidades específicas.

61. A FMSI86, com presença nos comitês e comissões de Direitos Humanos da ONU, e a Rede Marista de Solidariedade buscam alargar a tenda de promoção e defesa dos direitos das infâncias e das juventudes, articulando a ação local – por meio do atendimento com e nas comunidades, buscando a intervenção em questões emergentes e/ou intrínsecas que afetam aquelas realidades – e a global, ao incidir e repercutir de forma qualificada nos espaços nacionais e internacio-nais, provocando discussões de temas mais amplos, em contextos macro, porém que afetam a garantia dos direitos dos envolvidos direta ou indiretamente. Para romper o ciclo de pobreza e desigualdade e as dinâmicas de exclusão social, não bastam ações pontuais; faz-se também necessária uma ação coordenada e multi-dimensional. A atuação em rede e com as redes de promoção e defesa possibilita a construção de tessitura social que potencializa os atores sociais e intensifica vín-culos de pertencimento para a superação dos desafios da contemporaneidade87.

85 A partir da validação do escopo do documento no III EICSM, os grupos de escrita, compostos por mem-bros representantes das três regiões maristas das Américas (Arco Norte, Brasil e Cone Sul) realizaram o trabalho coletivo de redação dos capítulos. A produção dos grupos foi acompanhada e validada pela Subcomissão, que contou com a contribuição de expertos e assessoramento externo. Foram idas e vin-das, diversas versões redigidas, cada qual aprimorando a produção dos textos, expressando o compro-misso e o engajamento dos atores envolvidos. Palavras iniciais. In: INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Caminhos de solidariedade marista nas Américas: crianças e jovens com direitos.

86 Fondazione Marista per la Solidarietà Internazionale – onlus (FMSI), com sede em Roma, na Itália. Atu-almente, a FMSI utiliza os mecanismos das Nações Unidas (de sua sede em Genebra) para representar e intervir em favor da defesa de crianças e jovens, em conexão com as províncias e os organismos maristas no mundo todo, cuja atenção é voltada à promoção e defesa das infâncias e das juventudes. O FMSI tem a missão de proporcionar e articular a captação de recursos para as organizações maristas.

87 Cf.: “Rumo à Nova Terra”. In: INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Caminhos de solidariedade marista nas Américas: crianças e jovens com direitos.

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62. A situação da pobreza presente em nosso continente evidencia a necessidade de qualificar a solidariedade na perspectiva do direito, promovendo a educação para a solidariedade, seja dos pobres entre si, seja dos ricos e dos pobres88, sem demonstrar paternalismo, nem superioridade (SAMMON, 2006, p. 74). O projeto da Boa Nova do Reino propõe um mundo sem periferia e sem centro (SUESS, 2007, p. 58) – com equidade. O XXI Capítulo Geral realiza um convite enfático aos Irmãos, Leigas, Leigos e colaboradores, para que sejam pontes que proporcionem o encontro, o diálogo, a significância, a solidariedade e a justiça social, por meio do testemunho profético, da presença e do engajamento, com intuito de reduzir as diferenças entre ricos e pobres em todos os contextos e Frentes Apostólicas. 63. É necessário ver o mundo com o olhar de uma criança pobre (SAMMON, 2010). Por isso, cabe ao Grupo Marista, esteja onde estiver, “ser experto em evan-gelização e [...] ser experto na defesa e na promoção dos direitos das crianças e dos jovens” (TURÚ, 2010, p. 211-221). Além disso, deve estar à frente dos aconte-cimentos contemporâneos, assumindo a liderança, e não permanecendo na re-taguarda (SAMMON, 2006, p. 100). Tal desafio se apresenta na elaboração dos projetos “em prol dos menos favorecidos economicamente”, a serem desenvolvi-dos em todas as Frentes Apostólicas e Áreas Corporativas89, buscando aproveitar todo o potencial existente na diversidade dos serviços prestados, nos conheci-mentos produzidos, no capital humano, nos processos sistematizados e nas ex-pertises evidenciadas. Isso potencializa a sinergia interna e na rede, promovendo pesquisa, “investigação e compreensão dos problemas sociais das Américas e suas dinâmicas atuais para qualificar a intervenção solidária”90, a fim de propor respostas criativas e inovadoras às urgências sociais que atingem as crianças e os jovens, em uma perspectiva de transformação social. 64. O Educador Marista é capacitado para: escutar e acolher as crianças, os jovens e a comunidade; anunciar a Boa Nova do Reino; estabelecer proximidade e distancia-mento; ser presença e testemunha; ser atencioso e exigente; ter qualidade humana e técnica; contextualizar e relacionar conhecimentos; utilizar as múltiplas linguagens; ter visão da realidade social, política e econômica, comprometendo-se com as trans-formações sociais, para a construção de um mundo mais justo, fraterno e solidário91. 65. Toda ação desenvolvida deve buscar consonância com o que preconiza a le-gislação nacional e a internacional92. Todas as crianças e jovens têm direito a me-

88 CATECISMO da Igreja Católica, n. 1941.89 PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-SUL. Plano estratégico da Província Marista Brasil Centro-Sul, p. 6.90 INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Caminhos de solidariedade marista nas Américas: crianças e

jovens com direitos. Cap. V, item: “Princípios Orientadores”.91 PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-SUL. Termos, expressões e valores institucionais.92 A Convenção dos Direitos da Criança da ONU, promulgada pela ONU em 1989, e ratificada pelo Esta-

do Brasileiro em 1990, e o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei n. 8.069/1990.

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didas especiais de proteção e ao exercício progressivo de seus direitos, de acordo com suas capacidades e necessidades.

FOCO DE ATUAÇÃO DA REDE MARISTA DE SOLIDARIEDADE

66. O posicionamento da RMS deve estar voltado à promoção e à defesa dos direi-tos de crianças e jovens e à educação para a solidariedade. Deve dar especial aten-ção aos economicamente empobrecidos, entendendo que eles se encontram em uma posição de desvantagem e maior vulnerabilidade em relação a outros setores da população, enfrentando, assim, necessidades específicas (CORTE INTERA-MERICANA DE DERECHOS HUMANOS, 2002, p. 15). A situação de pobreza econômica em que muitas crianças e jovens se encontram ainda hoje no Brasil deve ser considerada uma importante revelação de violações de seus direitos; por isso, a RMS estabelece preferência às infâncias e às juventudes vulnerabilizadas, apesar de ter clareza de que o acesso aos direitos são universais.67. A RMS busca ser experta na promoção e na defesa93 dos direitos das crianças e dos jovens, de maneira firme e profética, nos espaços onde são definidas as políti-cas públicas94. Para isso, a RMS assegura formação contínua e especializada para os educadores atuarem com maior sentido de pertença ao trabalho socioeducativo95 e à evangelização das crianças e jovens96. Cabe aos educadores, educandos e comuni-dades encontrarem formas autênticas e criativas de educar, evangelizar, defender e promover os direitos de crianças e jovens pobres, mostrando-se solidários com eles97.68. A promoção dos direitos das crianças e dos jovens é considerada como eixo estratégico do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescen-te98, apresentando-se de maneira transversal e intersetorial, articulando todas as

93 A defesa e a promoção dos direitos das crianças e dos jovens estão contidas no advocacy. Se-gundo o conceito empregado pela RMS, o exercício do advocacy deve dispor de uma preocupação em construir interlocução qualificada com os diversos atores da sociedade civil e do governo e apresentar caminhos viáveis, com fundamentação argumentativa e base propositiva, construídas a partir de um conhecimento adquirido por meio de nossa prática (promoção) e da geração de conhecimento fundamentado na reflexão e no diálogo teórico-prático. Sua articulação (defesa) será por meio de redes temáticas de incidência e de discussão, buscando parcerias e alianças com instituições que lutam pela mesma causa (PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-SUL. Plano estra-tégico da Província Marista Brasil Centro-Sul, p. 14).

94 INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Documento do XXI Capítulo Geral, p. 23.95 REDE MARISTA DE SOLIDARIEDADE. Proposta socioeducativa.96 INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Documento do XXI Capítulo Geral, p. 44.97 INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Documento do XXI Capítulo Geral, p. 40; INSTITUTO DOS IR-

MÃOS MARISTAS. Documento do XX Capítulo Geral, n. 31.98 Com base na Resolução n. 113, de 19 de abril de 2006, que dispõe sobre os parâmetros para a ins-

titucionalização e o fortalecimento do Sistema de Garantia dos DCA (BRASIL, 2012).

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políticas públicas sociais e setoriais e integrando suas ações. Faz referência ao atendimento direto, ao acesso ao Direito, com qualidade e continuado, por meio das diversas modalidades de atuação prestadas pela RMS. A promoção dos direi-tos contempla as ações que contribuem para a construção de cenários mais favo-ráveis, no futuro, para a prevalência dos direitos humanos (NOGUEIRA NETO, 2009, p. 9). Nessa perspectiva, envolve diferentes atores e setores da sociedade, os quais trabalham com a criança e o jovem, com as famílias e comunidades. A pro-moção dos direitos vai além da busca pela realização dos direitos fundamentais, pois ela aprofunda a reflexão-ação sobre diversos paradigmas éticos e políticos dos direitos humanos, tais como “a universalidade dos direitos, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho, o pluralismo cultural e político, a não discriminação, a participação, a proteção especial diante das violações de di-reito, a garantia à sobrevivência e ao desenvolvimento, a prevalência do superior interesse infanto-juvenil, entre outros preconizados em documentos normativos internacionais e nacionais” (NOGUEIRA NETO, 2009, p. 14). 69. A defesa dos direitos das crianças e dos jovens, em uma compreensão ins-titucional, considera as ações de anúncio dos direitos, as quais se traduzem em ações educativas, informativas ou de incidência política (SCHERER-WARREN, 2011, p. 70). Pode-se entender a defesa também como as ações de identificação da ausência ou da violação de direitos, sua denúncia, práticas e/ou atos de re-paração, fazendo referência ao que diz o Sistema de Garantia de Direitos sobre a defesa como acesso à justiça, considerando seu sentido mais amplo de valor, e não o institucional-organizacional de Poder Judiciário (SCHERER-WARREN, 2011, p. 7). Nessa dinâmica, engloba-se tanto a articulação em rede como a representa-ção nos espaços de controle social99, na busca pela incidência na formulação e na execução das políticas públicas, bem como no seu impacto social, para a garantia e o pleno desfrute dos direitos, contribuindo, assim, para a consolidação de uma sociedade mais justa e digna.70. A educação para a solidariedade (a fraternidade e a cidadania)100consiste em desenvolver projetos voltados para os públicos internos – colaboradores e aqueles que utilizam nossos serviços –, com o intuito de promover o compromis-so com os pobres101, aproveitando os diversos espaços educativos existentes nas múltiplas Frentes Apostólicas e Áreas Corporativas do Grupo Marista, partin-

99 Refere-se à participação social na elaboração e na fiscalização de políticas públicas em contextos democráticos (DIREITOS HUMANOS NA INTERNET, 2012b).

100 CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil, n. 16 e 22; VIII Conferência Latino-Americana de Provinciais, p. 28; e INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Documento do XX Capítulo Geral, n. 44.

101 INSTITUTO DOS IRMÃOS MARISTAS. Documento do XXI Capítulo Geral, p. 42.

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do do princípio de que as pessoas podem construir a solidariedade, baseando-se em pressupostos filosóficos e psicológicos (TOGNETTA; ASSIS, 2006, p. 49-66). Educar na e para a solidariedade envolve processos e práticas que oportunizam a sensibilização e a vivência, possibilitando níveis de interação e engajamento com pessoas e realidades. Significa, ainda, contribuir para a formação de sujeitos crí-ticos, que querem e podem tornar-se atores, defender interesses coletivos, expli-car e combater os mecanismos que engendram a violência, a miséria e a exclusão. Educar para a solidariedade é essencialmente “aprender a ser” e “aprender a vi-ver juntos e com os outros”102, tendo por base a descoberta do outro, e, ao longo da vida, desenvolver projetos comuns103.71. Por fim, vale destacar a importância do entendimento integrado dos focos da RMS sob uma perspectiva social madura, que, conforme apresentado na figura ao lado, posiciona a RMS como um importante grupo de organizações, composto por todas as Frentes Apostólicas e Áreas Corporativas do Grupo Marista, cuja atuação se revela pelas áreas de educação104, saúde105, solidariedade106 e comunica-ção107 e cujo dever, por meio da observância dos direcionamentos, é potencializar e viabilizar o capital humano, os recursos financeiros e materiais voltados à defe-sa e à promoção dos direitos das infâncias e juventudes e, ainda, à educação para a solidariedade (GRUPO MARISTA, 2009, p. 23). Nesse sentido, apresentam-se, no capítulo a seguir, os direcionamentos para cada uma das Frentes Apostólicas e Áreas Corporativas.

102 Tal educação deve ser capaz de contribuir para o desenvolvimento integral da pessoa, contem-plando a inteligência, a sensibilidade, o sentido estético, a responsabilidade pessoal e coletiva e a espiritualidade (DELORS et al., 1998, p. 97-99).

103 Só existe possibilidade de passarmos das ações solidárias emergenciais – a solidariedade como reconhecimento da interdependência – para ações solidárias de cunho ético-político, se conhecer-mos o outro, com suas limitações, desejos e utopias.

104 Trata-se das iniciativas nos segmentos de educação básica, ensino técnico, ensino superior e edi-torial (GRUPO MARISTA, 2012).

105 Trata-se dos hospitais e das clínicas do Grupo Marista e de outras iniciativas relacionadas ao seg-mento da saúde (GRUPO MARISTA, 2012).

106 Como área de atuação, a solidariedade refere-se às unidades físicas nas quais realizamos atendi-mentos diretores, o que não deve ser confundido com a solidariedade como valor institucional, que perpassa todo o Grupo Marista (GRUPO MARISTA, 2012).

107 Trata-se dos veículos de comunicação pertencentes ao Grupo Marista (GRUPO MARISTA, 2012).

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comunicação

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DIREcIonamEnToS ÀS FREnTES aPoSTÓLIcaS E ÁREaS coRPoRaTIVaS108

Após a plena compreensão do posicionamento da RMS com relação a seus fo-cos de atuação (promoção, defesa e educação para a solidariedade), apresentam-se, inicialmente, os direcionamentos gerais, que servem para todas as Frentes Apostólicas e Áreas Corporativas, e, posteriormente, os conteúdos específi-cos, organizados de acordo com as principais características e posicionamentos, em relação à RMS, das áreas de Saúde, Ensino Superior, Rede Marista de Co-légios e TECPUC, Negócios Suplementares, Áreas Corporativas, FTD, Centro Lúmen, DEAS e ARI.

O presente capítulo tem como objetivo central comunicar as aspirações da RMS a cada Frente Apostólica e Área Corporativa.

DIRECIONAMENTOS GERAIS

1. Fomento às boas práticas de gestão

1.1 Fortalecer e desenvolver espaços de participação, favorecendo a horizontali-zação das relações e proporcionando, na medida do possível, maior representa-ção, e, quando possível, incluindo a presença de crianças e jovens;

108 Contribuições na elaboração dos Direcionamentos às Frentes Apostólicas e Áreas Corporativas: Ir. Jorge Gaio; Jimena Djauara C. Grignani; Juliana Kuwano Buhrer; June Alisson Westarb Cruz; Barbara Pimpão Ferreira; Viviane Aparecida da Silva; Ir. Valdir Gugiel; Ir. Valmir Nogueira da Silva; Pe. Vilson Groh; Maria Izabel Toro; Neuzita de Paula Soares; Lucieni Maria Comelli Dacoreggio Braun; Ir. Afonso Levis; Ana Tere-sa Naspolini;Dyogenes Philippsen Araujo; Cesar Leandro Ribeiro; Ir. Otalivio Sarturi; Ir. Franki Kleberson Kucher; Ir. Frederico Unterberger; Robert Carlisle Burnett; Paulo Otavio Mussi Augusto; Pedra Santana Alves; Marco Antônio Barbosa Candido; Paulo Onildo de Matos; Antonio Luiz Rios de Castro; Ir. Joaquim Sperandio; Ir. Adriano Brollo; Francieli Nierotka; Maysa Andreusa Godoy Simões; Silvana Hasheiter; Jo-senice Trevisani; Célia Yoshie Hara; Romeu Guimarães Machado Neto; Izabel Cristina Michelan de Aze-vedo; André Garcia; José Mauricio Buckeridge; Paulo Serino de Souza; Vanessa Massambani Ruthes; Roberto Taki; Mari Regina Anastacio; Sara Regina Hokai; Heitor Kato; Nelio Mauro Aguirre de Castro; Waldemiro Gremski; Mauro Junior Seraphim; Michelle da Costa; Irene Elias Simões; Caroline Fagundes Garcia Miranda; Vanderlei Borges Ramos; Décio Andrasy; Cintia Luisa Marini; Kleberson Rodrigues Mas-saro; Maria Celeste Rildi; Moacir Gomes da Silva; Diogo Richartz Benke; Derli Koefender; Roberto Borges França; João Luis Fedel Gonçalves, Armando Celia, Rulian Maftum, Ir Lauro Pazeto, Ir Vanderlei Siqueira dos Santos, Antonio Guilherme Lorenzi, Eduardo Dammião da Silva, Larissa Cacezes, Glaucio Luiz Mota, Paulo Fioravante, Fabio Martinkoski, Daniele Castro, Soeli Terezinha Pereira, Marco Antonio Barbosa.

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1.2 Implementar processos de prestação de contas – accontability – de fácil com-preensão e transparência, em todas as instâncias de interlocução que o Grupo Marista estabeleça com as organizações parceiras;

1.3 Fortalecer a identidade católica109 e os valores institucionais maristas110, man-tendo diálogo ecumênico e interreligioso, em todos os projetos desenvolvidos;

1.4 Promover a sinergia e a ação integrada nas múltiplas Frentes Apostólicas e Áreas Corporativas do Grupo Marista, a fim de somar os esforços e as expertises dos atores internos e externos;

1.5 Realizar avaliação (diagnóstico, processo, impacto) dos programas e dos pro-jetos de gestão em desenvolvimento;

1.6 Garantir o “uso evangélico dos bens” (INSTITUTO DOS IRMÃOS MARIS-TAS, 2001);

1.7 Atentar ao marco regulatório das entidades jurídicas;

1.8 Mobilizar os públicos internos e externos em prol das temáticas sociais desen-volvidas pela RMS;

1.9 Desenvolver projetos de educação para a solidariedade direcionados ao públi-co interno e externo;

1.10 Promover, em seus planos estratégicos, de ação e orçamentário, iniciativas e ações alinhadas às Diretrizes de Solidariedade.

2. desenvolvimento pessoal e proFissional.

2.1 Promover a disseminação da RMS entre os colaboradores;

2.2 Incluir os conceitos e as práticas de solidariedade, promoção e defesa dos direi-tos de crianças e jovens na formação/capacitação de gestores e dos colaboradores;

109 PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-SUL. Diretrizes da ação evangelizadora.110 Amor ao trabalho, espírito de família, espiritualidade, justiça e simplicidade. PROVÍNCIA MARISTA

BRASIL CENTRO-SUL. Termos, expressões e valores institucionais, n. 1.

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2.3 Fomentar a formação integral111 dos colaboradores e dos públicos que utilizam nossos serviços;

2.4 Promoção de espaços de discussão e formação que sejam propícios à reflexão e à busca de diálogos mais equânimes em relação à sociedade e suas diferenças;

2.5 Realização da avaliação (diagnóstico, processo, impacto) dos programas de desenvolvimento pessoal e profissional;

2.6 Fomentar a qualificação profissional dos colaboradores atuantes na promo-ção e defesa dos direitos das crianças e dos jovens, visando à eficiência e à eficácia dos programas e projetos.

3. implementação de programas e projetos inovadores.

3.1 Desenvolver propostas inovadoras, que levem em consideração sua contribui-ção nas causas sociais voltadas às infâncias e juventudes;

3.2 Integrar os diversos campos do conhecimento com vistas à defesa e promoção dos direitos de crianças e jovens e da educação para a solidariedade, preferencial-mente, com enfoque social em comunidades economicamente vulnerabilizadas;

3.3 Fortalecer a articulação e incidência nas redes de defesa e promoção de direi-tos e nos espaços e organismos eclesiais de forma integrada;

3.4 Dar relevância às expertises institucionais (de negócios, áreas, entre outros) na elaboração e implementação dos projetos de solidariedade.

SAÚDE

1. Fomento às boas práticas de humanização e educação em Saúde, com enfoque nos direitos humanos;

2. Desenvolver projetos de educação em Saúde, com enfoque no fortalecimento, na prevenção e na disseminação da informação;

111 Desenvolvimento integral da pessoa humana, cultivando todas as suas dimensões. PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-SUL. Termos, expressões e valores institucionais, n.1.

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3. Fortalecer a humanização na relação entre o paciente e o cuidador112;

4. Estreitar e aprimorar a relação do Hospital com a comunidade;

5. Fortalecer os espaços para a educação para a solidariedade por meio de progra-mas e projetos de voluntariado.

ENSINO SUPERIOR113

1. produção e disseminação do conhecimento.

1.1 Produzir conhecimento com enfoque nos direitos de crianças e jovens;

1.2 Incluir o enfoque dos direitos humanos e direitos de crianças e jovens nos pos-síveis espaços da academia, como os conteúdos curriculares, as linhas de pesqui-sa e os autores recomendados;

1.3 Fomentar e viabilizar a perspectiva de aplicabilidade do conhecimento cons-truído nas diversas áreas da academia com vistas a contribuir para a resolução das problemáticas sociais, prioritariamente no que diz respeito a comunidades economicamente vulnerabilizadas;

1.4 Intensificar a indução e o financiamento de pesquisas voltadas a contribuir para a resolução da problemática social, prioritariamente no que diz respeito a comunidades economicamente vulnerabilizadas;

1.5 Ampliar as possibilidades e alternativas de acesso ao conhecimento e a tecno-logias, bem como de seu compartilhamento;

1.6 Garantir a transparência no processo de concessão de bolsas, seguindo os cri-térios estabelecidos pela legislação e por organismos internos;

112 Cuidador é um ser humano de qualidades especiais, expressas pelo forte traço de amor à huma-nidade, de solidariedade e de doação. A ocupação de cuidador integra a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO sob o código 5162, que define o cuidador como alguém que “cuida a partir dos objetivos estabelecidos por instituições especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação, higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa as-sistida”. É a pessoa, da família ou da comunidade, que presta cuidados, com ou sem remuneração, a outra pessoa, de qualquer idade, que esteja necessitando de cuidados por estar acamada, com limitações físicas ou mentais (BRASIL, 2008).

113 PUCPR e Católica de Santa Catarina.

42 Diretrizes e direcionamentos para a Rede marista de Solidariedade

Page 43: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

1.7 Fortalecer a humanização na relação entre colaboradores, professores e alunos.

2. acesso à educação e permanência.

2.1 Apropriar-se do uso do advocacy114/acesso à Educação Superior como subsídio na tomada de decisões diante das demandas específicas, bem como implementar projetos gerados com base em suas reflexões e seus apontamentos;

2.2 Aprimorar as ações que possibilitem o acesso ao estudo de qualidade e a per-manência de alunos em situação de vulnerabilidade;

2.3 Desenvolver projetos de educação para a solidariedade, envolvendo as di-versas áreas da universidade, como projetos de imersão, de intercâmbio e de voluntariado;

2.4 Proporcionar a inclusão de crianças e jovens nos projetos desenvolvidos pela IES.

3. projetos de solidariedade.

3.1 Desenvolver projetos de educação para a solidariedade;

3.2 Incluir crianças e jovens em situação de vulnerabilidade nos projetos desen-volvidos;

3.3 Estabelecer conexão com as Unidades Sociais da RMS por meio de projetos compartilhados entre centro e periferia.

4. mobilização e comunicação.

4.1 Contribuir para a mobilização de recursos voltados à melhoria, ampliação e inovação dos projetos socioeducativos.

114 PROVÍNCIA MARISTA BRASIL CENTRO-SUL. Termos, expressões e valores institucionais.

Grupo marista 43

Page 44: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

REDE MARISTA DE COLÉGIOS E TECPUC

1. Fomento às boas práticas de gestão

1.1 Garantir a transparência no processo de cessão de bolsas, obedecendo aos cri-térios estabelecidos pela legislação e por organismos internos.

2. projetos de solidariedade.

2.1 Desenvolver projetos específicos – pedagógicos, pastorais e sociais – com os alunos da Rede de Colégios, os quais contemplem a temática dos direitos de crianças e jovens, na perspectiva da formação de sujeitos cidadãos;

2.2 Desenvolver projetos de educação para a solidariedade, na perspectiva de fo-mentar a reflexão e as práticas de solidariedade, segundo as diretrizes apresenta-das neste documento;

2.3 Estabelecer conexão com as Unidades Sociais da RMS por meio de projetos compartilhados.

3. mobilização e comunicação.

3.1 Contribuir no fortalecimento da identidade e da atuação social do Grupo Ma-rista, promovendo a divulgação da RMS para os públicos internos e externos;

3.2 Mobilizar os públicos diretos e indiretos em prol das temáticas sociais desen-volvidas pela RMS;

3.3 Agregar a RMS nas comunicações institucionais da RMC e no TECPUC, de forma a ressaltar a missão da Instituição.

NEGÓCIOS SUPLEMENTARES

1. Contribuir para o desenvolvimento de projetos que viabilizem a promoção e a defesa dos direitos;

2. Contribuir para a mobilização de recursos voltados à melhoria, ampliação e inovação dos projetos socioeducativos.

44 Diretrizes e direcionamentos para a Rede marista de Solidariedade

Page 45: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

ÁREAS CORPORATIVAS

1. Promover o fortalecimento da RMS por meio de projetos e ações com seus co-laboradores, voltados à promoção e à defesa de direitos de crianças e jovens e à educação para a solidariedade;

2. Desenvolver propostas inovadoras que favoreçam a educação para a solidarie-dade entre os colaboradores;

3. Desenvolver e fomentar projetos de voluntariado corporativo com o público interno, alinhados ao programa de voluntariado e às diretrizes do Grupo Marista;

4. Garantir o “uso evangélico dos bens” nos negócios e nas unidades;

5. Promover a disseminação da RMS entre os colaboradores;

6. Desenvolver estratégias e conteúdos de divulgação da RMS para os públicos interno e externo;

7. Incluir o enfoque de direitos das infâncias e juventudes nos treinamentos de colaboradores;

8. Fomentar a prática da incidência no marco regulatório (prática do advocacy) por meio dos negócios e unidades da mantenedora;

9. Contemplar plenamente o marco legal;

10. Assegurar que haja iniciativas e ações de educação para a solidariedade, prio-ritariamente, nas áreas de gestão de pessoas e marketing;

11. Assegurar que os planos estratégicos e de ação das unidades de negócio te-nham iniciativas e ações alinhadas com objetivos corporativos;

12. Contribuir para o processo de transparência e prestação de contas aos órgãos públicos e à sociedade civil;

13. Contribuir para a articulação e o fomento de parcerias e captação de recursos, alinhados à RMS;

Grupo marista 45

Page 46: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

14. Introduzir, em seu planejamento estratégico, perspectivas e objetivos específi-cos que contemplem as temáticas da promoção e da defesa dos direitos de crian-ças e jovens e a educação para a solidariedade;

15. Desenvolver processos de qualificação de fornecedores, cujas práticas apre-sentem-se alinhadas às Diretrizes de Solidariedade do Grupo Marista;

16. Agregar a RMS nas comunicações institucionais do Ensino Superior, de for-ma a ressaltar a missão da Instituição.

EDITORA FTD

1. Fortalecer a imagem e o posicionamento institucional da Editora, diante do de-senvolvimento social por meio dos negócios;

2. Enfatizar estratégias ligadas ao Marketing Social Corporativo;

3. Promover a Operacionalização de Investimento Social Privado115, por meio de um programa e de projetos.

4. Estabelecer sinergia com a RMS;

5. Fortalecer redes afins, como o GIFE, e delas participar;

6. Fomentar, com clientes e fornecedores, possibilidades de investimentos finan-ceiros com a RMS;

7. Promover o fortalecimento da RMS por meio de projetos e ações, com seus co-laboradores, voltados à promoção e à defesa de direitos de crianças e jovens e à educação para a solidariedade;

8. Desenvolver propostas inovadoras para o desenvolvimento da educação para a cultura da solidariedade entre seus colaboradores;

9. Promover a disseminação da RMS entre os colaboradores;

115 Trata-se da transferência voluntária de recursos de empresas privadas para projetos sociais, am-bientais e culturais de interesse público, com o comprometimento de monitorar e avaliar os proje-tos desenvolvidos para diferenciá-los de práticas assistencialistas, Programa de ISP da FTD, 2011.

46 Diretrizes e direcionamentos para a Rede marista de Solidariedade

Page 47: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

10. Garantir o alinhamento dos projetos de voluntariado corporativo com as di-retrizes da RMS;

11. Desenvolver e/ou fomentar um processo de avaliação dos projetos e das ações desenvolvidas, para promover a melhoria de forma continuada e o alinhamento institucional;

12. Desenvolver conteúdos com enfoque nos direitos de crianças e jovens e utili-zar todos os meios disponíveis para sua disseminação.

CENTRO LUMEN

1. mobilizar a sociedade para os direitos de crianças e jovens.

1.1 Desenvolver conteúdos com enfoque nos direitos de crianças e jovens e utilizar todos os meios disponíveis para sua disseminação;

1.2 Considerar a participação direta de crianças e jovens na produção dos conte-údos, quando possível;

1.3 Divulgar e apoiar, nos meios disponíveis, as boas práticas relativas aos direi-tos de crianças e jovens promovidas pela RMS com parceiros, como organizações da sociedade civil, governos, redes temáticas e iniciativa privada.

2. contribuir com a rms na construção de novas linguagens e Formatos de co-municação com crianças e jovens.

2.1 Contribuir no desenvolvimento de ferramentas de educomunicação que po-tencializem o aprendizado de crianças e jovens atendidos pela RMS;

2.2 Otimizar o potencial dos colaboradores do Grupo Lumen, para reforçar o po-sicionamento institucional;

2.3 Contribuir para a formação de educadores e gestores no que se refere à edu-comunicação.

Grupo marista 47

Page 48: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

DEAS E ARI

1. Fomento às boas práticas de gestão.

1.1 Viabilizar a autonomia das Unidades Sociais no âmbito da gestão, com a manutenção do alinhamento às diretrizes de solidariedade e de governança da mantenedora;

1.2 Propiciar a participação e integração das equipes de trabalho das unidades sociais no fomento de boas práticas de gestão na RMS;

1.3 Contribuir para a sustentabilidade da missão, por meio de parcerias com go-vernos, iniciativa privada e organizações da sociedade civil.

2. proposta socioeducativa.

2.1 Desenvolver as modalidades de atendimento alinhadas ao marco regulatório e às diretrizes do Grupo Marista, da UMBRASIL e do Instituto Marista;

2.2 Garantir o atendimento a crianças, jovens e famílias, na perspectiva da eman-cipação dos sujeitos e transformação pessoal e comunitária;

2.3 Desenvolver e aprimorar novos conhecimentos, em consonância com os cená-rios e as tendências nacionais e internacionais, nas áreas de educação, assistência social e DCA;

2.4 Qualificar a presença Marista nos territórios, junto aos diversos públicos atendidos, a fim de contribuir para a adequação das modalidades e dos projetos desenvolvidos às demandas das comunidades atendidas;

2.5 Incidir nos diversos setores da sociedade, visando a consolidar uma proposta socioeducativa com foco em direitos;

2.6 Garantir a participação de crianças e jovens nos âmbitos possíveis, no que se refere à reflexão, elaboração e a execução da proposta socioeducativa;

2.7 Desenvolver processos de avaliação (diagnóstico, processo e impacto) das mo-dalidades de atendimento oferecidas;

48 Diretrizes e direcionamentos para a Rede marista de Solidariedade

Page 49: Diretrizes e Direcionamentos para a Rede Marista de Solidariedade

2.8 Inovar as propostas socioeducativas, na perspectiva da qualificação das ações e do impacto dos resultados;

2.9 Sistematizar as práticas socioeducativas, para oportunizar construção e dis-seminação de conhecimento, avaliação e melhoria dessas práticas;

2.10 Elaborar projetos que ampliem e inovem o atendimento, contemplando a parceria com outras organizações;

2.11 Fortalecer o trabalho em rede e a conectividade com a comunidade;

2.12 Desenvolver o advocacy nas temáticas de direitos de crianças e jovens.

3. posicionamento.

3.1 Fortalecer o posicionamento da RMS, por meio da articulação com outras re-des setoriais e temáticas;

3.2 Realizar comunicação estratégica com os diferentes públicos da RMS.

4. transparência e incidência.

4.1 Desenvolver e contribuir nos processos de transparência com os públicos que fazem interface com a RMS;

4.2 Contemplar plenamente o marco legal;

4.3 Realizar incidência no marco regulatório, analisar as regulamentações e pro-mover adequações internas.

Grupo marista 49

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Rede Marista de SolidariedadeRua Imaculada Conceição, 1.155, Bloco Administrativo – 9º andar

Prado Velho, Curitiba – PR - 80215-901Fone: (41) 3271 6400 | [email protected]

www.solmarista.org.br