direito tributario - aulas transcritas 2015 parcial e atual (salvo automaticamente)

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1 DIA: 10-02-2015 - DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. EDUARDO PUGNA COLEÇÃO SINOPSE PARA CONCURSOS – EDVALDO NILO DE ALMEIDA VISÃO GERAL DOS TRIBUTOS E ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA O sistema tributário brasileiro é composto por 61 tributos federais, estaduais e municipais. Especialistas da área consideram essa quantidade um exagero, o que contribui para a complexidade das normas que regulamentam os tributos. Isso faz com que empresas, principalmente as de grande porte, tenham departamentos específicos para cuidar exclusivamente da administração tributária. TRIBUTOS De forma geral, os Tributos são regidos por quatro princípios fundamentais, relacionados diretamente aos preceitos Democráticos e dos Direitos Humanos. Sim, Direitos Humanos, pois seus princípios são amplos, indivisíveis e universais, estando hierarquicamente acima até mesmo da Constituição de cada país, e devem pautar todos os atos do Estado, sejam eles legislativos ou administrativos. São eles: IGUALDADE - (ou Capacidade Contributiva): significa dizer que a cobrança de tributos deverá respeitar a igualdade entre os cidadãos, analisando-se suas diferenças sociais e econômicas; LEGALIDADE - (ou o Respeito ao Estado de Direito): significa dizer que não é permitido cobrar tributos (sua hipótese de incidência, fato gerador e alíquota) bem como estabelecerem-se benefícios (imunidades e isenções) e punições (pela falta de pagamento e/ou sonegação), sem que haja previsão legal (Constituição, Leis, Decretos, etc.); LIBERDADE - (Proibição de Confisco): É vedado ao Estado cercear a liberdade e as garantias fundamentais (livre iniciativa, propriedade, direito de ir e vir, entre outros) pela cobrança desarrazoada e desproporcional (ou seja exagerada) de tributos; ANTERIORIDADE – (atrelada ao princípio da Legalidade), impede que o Estado institua a cobrança de tributos sem respeitar um prazo para o inicio de sua vigência, de forma a surpreender os cidadãos.

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Aulas de Direito Tributário II

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DIA: 10-02-2015 - DIREITO TRIBUTÁRIO – PROF. EDUARDO PUGNA

COLEÇÃO SINOPSE PARA CONCURSOS – EDVALDO NILO DE ALMEIDA

VISÃO GERAL DOS TRIBUTOS E ARRECADAÇÃO TRIBUTÁRIA

O sistema tributário brasileiro é composto por 61 tributos federais, estaduais e municipais. Especialistas da área consideram essa quantidade um exagero, o que contribui para a complexidade das normas que regulamentam os tributos. Isso faz com que empresas, principalmente as de grande porte, tenham departamentos específicos para cuidar exclusivamente da administração tributária.

TRIBUTOS

De forma geral, os Tributos são regidos por quatro princípios fundamentais, relacionados diretamente aos preceitos Democráticos e dos Direitos Humanos. Sim, Direitos Humanos, pois seus princípios são amplos, indivisíveis e universais, estando hierarquicamente acima até mesmo da Constituição de cada país, e devem pautar todos os atos do Estado, sejam eles legislativos ou administrativos. São eles:

IGUALDADE - (ou Capacidade Contributiva): significa dizer que a cobrança de tributos deverá respeitar a igualdade entre os cidadãos, analisando-se suas diferenças sociais e econômicas;

LEGALIDADE - (ou o Respeito ao Estado de Direito): significa dizer que não é permitido cobrar tributos (sua hipótese de incidência, fato gerador e alíquota) bem como estabelecerem-se benefícios (imunidades e isenções) e punições (pela falta de pagamento e/ou sonegação), sem que haja previsão legal (Constituição, Leis, Decretos, etc.);

LIBERDADE - (Proibição de Confisco): É vedado ao Estado cercear a liberdade e as garantias fundamentais (livre iniciativa, propriedade, direito de ir e vir, entre outros) pela cobrança desarrazoada e desproporcional (ou seja exagerada) de tributos;

ANTERIORIDADE – (atrelada ao princípio da Legalidade), impede que o Estado institua a cobrança de tributos sem respeitar um prazo para o inicio de sua vigência, de forma a surpreender os cidadãos.

Os Tributos são subdivididos em espécies e sua arrecadação é vinculada a uma destinação especifica, ou seja, a uma atividade administrativa vinculada como diz o conceito de tributo, conforme abaixo:

IMPOSTOS (financiamento geral das atividades dos estados);

De acordo com o CTN, Art. 16. “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independentemente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”. As duas características fundamentais do imposto estão implícitas nessa definição, quais sejam, a de cobrança geral e a de não ser contra prestacional.

O imposto, - viga mestra da arrecadação tributária, é um levantamento pecuniário junto aos particulares, baseado apenas em uma medida geral de capacidade econômica ou contributiva e em virtude da competência tributária. O contribuinte do imposto é devedor

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independente do fato e da medida em que a administração pública lhe tenha aproveitado. É usual distinguirem-se os impostos em impostos pessoais e impostos reais, conforme sua incidência se refira a uma pessoa ou coisa. Essa divisão, entretanto, não se baseia em critério jurídico. O crédito de imposto se funda sempre numa obrigação pessoal, pois a lei, ao tributar, sempre obriga um determinado sujeito vinculado ao fato gerador, que se chama contribuinte ou responsável.

O contribuinte pode ser designado diretamente (exemplo no imposto de renda), mas o que é tributado é o rendimento; ou de uma maneira indireta quando a lei tributa a prática de atos pelas pessoas (exemplo no ICMS), ou ainda se refira ao indivíduo por ele ser o proprietário ou possuidor de determinados bens (impostos predial e territorial). Outra distinção usual é a de imposto direto e imposto indireto e esta distinção tem relevância dentro do sistema tributário.

O imposto direto tem a virtude de graduar diretamente a soma devida por um contribuinte, de conformidade com sua capacidade contributiva.

Exemplo típico de imposto direito: é o imposto sobre a renda pessoal.

O imposto indireto , diferentemente, liga o ônus tributário a um evento jurídico ou material e não dispõe de um parâmetro direto para apurar a capacidade econômica do contribuinte. Somente de modo teórico e genérico poderá graduar a tributação por meio do sistema ad valorem e em razão de índices de capacidade econômica. Já a personalização ou adequação pessoal da carga tributária em cada caso específico não se pode obter por meio do imposto indireto.

Exemplo: são impostos indiretos, entre outros, o IPI e o ICMS, o imposto de importação, etc.

Se um indivíduo comprar uma mercadoria, seja rico ou pobre, pagará o mesmo quantum. Todavia, mediante certas categorias da técnica de tributação, o legislador procura corrigir esses aspectos por meio de não incidências, isenções, imunidades ou graduação das alíquotas de incidências, em razão da natureza e destinação dos produtos ou mercadorias.

Portanto, tratando-se de imposto, o Estado não precisa criar nenhum serviço nem dispor de qualquer atividade especial para oferecer ao contribuinte em troca do que este irá pagar, pois não há, no imposto, a contrapartida que vamos encontrar na taxa. Basta que a pessoa jurídica de direito público tenha competência, crie o imposto por lei, naturalmente escolhendo, em boa técnica, as situações que revelem, direta ou indiretamente, capacidade contributiva. Os impostos devem ser arrecadados com um fim destinado, mas os recursos provenientes deles não podem ser vinculados diretamente a uma causa específica, indo direto para o Tesouro Nacional.

TAXAS (contraprestação por serviços públicos específico e divisível para cada contribuinte – efetivo ou potencial – e/ou decorrentes do poder de polícia); Ou seja, é o tributo exigível em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição (artigo 145, II da Constituição Federal e artigo 77 do CTN). (destina-se a custear o relativo serviço público, art. 145, II da CF). Não poderá ter base de cálculo própria de impostos.

Outra categoria de taxas é: "taxas de exercício de poder de polícia", que são taxas de atividades do Estado que (teoricamente) servem para atender o interesse da comunidade na forma de regulação e fiscalização. Se o exercício do poder de polícia

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não for regular ou o serviço não for de atribuição da entidade tributante, a taxa será ilegítima.

Exemplo: taxa para construção, taxa de licença de publicidade, taxa de localização, etc.

Parágrafo único: A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idêntico aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.

Obs.: A taxa é compulsória, remunera serviço público fundamental, prestado diretamente pelo Estado; já a tarifa ou preço público é facultativa; remunera serviços prestados indiretamente pelo estado.

ATIVIDADE ECONÔMICA: circulação de mercadorias

CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA: É um tributo definido pelo Código Tributário Nacional (CTN – art.81), pago pelo contribuinte no caso de obra pública onde há valorização de imóveis nas imediações. Ou seja, é o tributo exigível em decorrência de obra pública, artigo 145, III da Constituição Federal, que implique valorização imobiliária. Destina-se a custear parcialmente a obra realizada, art. 81 da CTN.

De acordo com o (CTN – art. 82), são fatores indispensáveis para que a Contribuição de Melhoria seja cobrada:

I. Publicação prévia dos seguintes elementos:a) Memorial descritivo do projeto;b) Orçamento do custo da obra;c) Determinação da parcela do custo da obra a ser financiada pela contribuição;d) Delimitação da zona beneficiada;e) Determinação do fator de absorção do benefício da valorização para toda a

zona ou para cada uma das áreas diferenciadas, nela contidas;

II. Fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias, para impugnação, pelos interessados, de qualquer dos elementos referidos no inciso anterior;

III. Regulamentação do processo administrativo de instrução e julgamento da impugnação a que se refere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação judicial.

§ 1 - A contribuição relativa a cada imóvel será determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a que se refere a alínea “c”, do inciso I, pelos imóveis situados na zona beneficiada em função dos respectivos fatores individuais de valorização.

§ 2 - Por ocasião do respectivo lançamento, cada contribuinte deverá ser notificado do montante da contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamento e dos elementos que integraram o respectivo cálculo.

O que é que isso quer dizer? Que a sua cobrança deve obedecer a dois limites:

Individual: o valor máximo de contribuição de melhoria exigida de um proprietário não

pode ultrapassar o montante da valorização daquele imóvel; Total: somadas todas as

contribuições o valor arrecadado não pode ultrapassar o valor da obra.

BASES TRIBUTÁRIAS

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- EMPRESAS

- PATRIMÔNIO

- COMÉRCIO EXTERIOR

- TRANSFERÊNCIA DE PATRIMÔNIO

No Brasil temos 13 tipos de impostos.

A Arrecadação pode ser residual e originária – praticamente usamos a residual no Brasil.

A originária quase não percebemos.

Artigos 96 ao 112 – Derivada

Ex. PIS e COFINS – receita das empresas – tributação como base ...

Tributo ao patrimônio – IPTU, ITR, etc.

Tributo sobre operações financeiras (Transferências de patrimônio) – IOF

Sobre transferência - ITCD e ITBI

Taxa Celic – é a que regula o pagamento das dívidas. As dívidas internas e externas.

IMPOSTOS MUNICIPAIS

ITBI

ISS

IPTU – ART 156 - CTN 32 A 3

AULA DO DIA 12/02/2015 - ASPECTO MATERIAL DO IPTU

(PRISCILA – SUBSTITUTA DO EDUARDO – AULA DIA 10-02-2015)

Decreto 9.740/46 – Emprazamento tem o mesmo significado que enfiteuse que não existe mais e é aplicado somente nas áreas de terreno da marinha. Ou seja, você transmite um imóvel para alguém através de escritura pública, com propriedade pública, porém sem uma avença – que é pagar uma taxa vitalícia por ano, por situar em zona litorânea.

1) ASPECTO MATERIAL - FATO GERADOR = PROPRIEDADE: O domínio útil ou a posse do imóvel por natureza de acessão física...

2) ASPECTO TEMPORAL – Momento da ocorrência do fato gerador

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Lançamento de ofício: art. 142 do CTN: Cabe ao poder público a responsabilidade por liquidar o crédito tributário, identificar o sujeito passivo, a ocorrência do fato gerador, a matéria tributada e o valor do imposto a pagar.

Art. 142 - CTN. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

Parágrafo único: A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.

O que é o lançamento de ofício? Só o poder público é competente para arrecadar esse tributo. Pois é através dele que decidirá o fato gerador, o momento da ocorrência, sobre o que é que incidirá o valor...; para depois, efetivamente cobrar.

3) ASPECTO ESPACIAL – Zona urbana do município ou Distrito Federal.

O que é que o terreno precisa ter para ser considerado de zona urbana? Para o imóvel ser considerado de zona urbana precisa ter 02 características: meio fio ou calçamento com canalização de águas fluviais; abastecimento de água, sistema de esgotos sanitários, rede de iluminação, escola primária ou posto de saúde, a uma distância máxima de 3 km do imóvel.

Então, para ser considerado de zona urbana precisa ter dois desses requisitos, no mínimo. Art. 32, CTN.

Art. 32 – CTN: O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.

§ 1: Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:

I. Meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;

II. Abastecimento de água;

III. Sistema de esgotos sanitários;

IV. Rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;

V. Escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado

Mas, e se eu tenho um lote em determinado lugar que não tem nada e mesmo assim cobra o IPTU? Existe uma exceção para isso. Por quê? É facultado ao município tributar / cobrar IPTU de imóveis ou de terrenos considerados zonas urbanizáveis.

Ex.: existe uma autorização de loteamento. Será construído um loteamento naquele lugar.

A prefeitura, de posse dessa informação pode cobrar o IPTU, porque será construído naquele local, um imóvel (é uma faculdade do poder público). Embora não tenha as características citadas para ser considerado imóvel de zona urbana, se existe um

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projeto da prefeitura que aquilo será loteado e que será construída uma escola em determinado lugar, num determinado espaço de tempo é passível de cobrança de IPTU, porque se entende que é zona urbanizável.

É importante saber, no aspecto espacial, distinguir: o ITR é cobrado por exclusão. Então você tem que saber: é imóvel de zona urbana? Aí o CTN nos traz as características que o imóvel de zona urbana precisa ter. Não tendo aquelas características e não sendo imóvel de zona urbanizável, por exclusão, o governo cobrará o ITR, que é de competência da união.

Outra exceção:

Se você tem um imóvel com características consideradas de zona urbana, mas no mesmo é exercida uma atividade de agricultura, de pecuária – esse imóvel poderá ser considerado de competência da União e passível de cobrança do ITR. Por causa da natureza das atividades que se desenvolvem ali, que é rural. E isso pode gerar um conflito de competências entre União e Município. Porque um imposto é de competência da União e o outro do Município. Eles terão que brigar na justiça para resolver quem é que terá a competência para cobrar o imposto: ITR ou IPTU, (se União ou Município).

Outra situação (entendimento jurisprudencial) (existem muitos imóveis que têm aquela reserva ambiental e não pode mexer; ou seja, nosso imóvel está dentro da zona urbana, mas tem uma parte de reserva que, por lei, não podemos desmatar e nem construir nada).

Então, já existe o entendimento jurisprudencial de que o IPTU pode ser cobrado sobre toda extensão territorial do imóvel ou somente sobre a parte não afeta a reserva legal.

Por quê? No IPTU a forma de cobrança varia de município para município. Então, todo início de ano, em uma planilha chamada planta genérica de valores - todo município tem isso -, constam vários critérios para serem usados e definir os valores dos imóveis. (se irão cobrar sobre a extensão territorial; se sobre valor de mercado; se ao lado do imóvel será construída uma escola ou não; se será valorizado). São vários fatores que o município usa para chegar ao valor do imóvel.

Chama-se planta genérica de valores, eles têm isso. O valor não é tirado a critério do município não. Eles têm uma lista de critérios a seguir para poder cobrar. E o IPTU é um imposto que chamamos “progressivo”; pois permite que, com o passar do tempo, seja aumentado ou diminuído o valor. Por isso que dizemos que ele é progressivo no tempo.

Curiosidade da reserva legal: Recurso especial do julgado do STF: LOCALIZAÇÃO DO JULGADO = RESP 1128981/SP 25/09/2010

Que diz: “... a restrição; a utilização da propriedade... referente a área de preservação permanente em parte de imóvel urbano não afasta a incidência do IPTU, uma vez que o fato gerador da exação permanece íntegro. Qual seja, a propriedade localizada na zona urbana do município cuida-se de um ônus a ser suportado o que não gera cerceamento total da disposição, utilização e alienação da propriedade”.

Esse entendimento já fala que pode cobrar imposto do terreno inteiro, porque apesar de ter aquela reserva, ele não perde a característica de imóvel de zona urbana. E isso nós veremos sempre.

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Exemplo: “SÍTIO” DE RECREIO. É IPTU. Muitas vezes, – isso também é controvertido – tenho um sítio para passar final de semana e ali tem uma horta, uma plantação de alguma coisa; eu não utilizo aquilo como uma atividade financeira; é uma atividade agrícola, mas é para minha própria subsistência; não é uma atividade comercial, então é IPTU.

O ITR é cobrado por exclusão.

4) ASPECTO QUANTITATIVO – É o valor venal do imóvel e é cobrado através da planta genérica de valores que todo município tem.

5) ASPECTO PESSOAL: Sujeito ativo e Sujeito passivo. É quem tem poder de cobrar e quem deve pagar. O sujeito ativo é o Município ou o Distrito Federal; e sujeito passivo todas as pessoas que tiverem propriedade, domínio útil ou a posse de imóvel de zona urbana.

Sujeito ativo: é quem pode cobrar o IPTU. Quem pode cobrar o IPTU? Os Municípios ou o distrito Federal.

Sujeito passivo: é o contribuinte que tem aquelas características do aspecto material. Tem que ser proprietário, ou ter o domínio útil ou a posse do imóvel em zona urbana.

DIREITO TRIBUTÁRIO: FATO GERADOR

FATO GERADOR: tudo gira em torno de um fato gerador que praticado em determinado fato da vida surgirá uma obrigação tributária, que precisará ser liquidada, transformada em dinheiro através de um procedimento administrativo chamado lançamento. Procedimento administrativo este, chamado lançamento, que tem o condão ou consequência, objetivo de constituir um crédito tributário. Então, tudo, no mundo tributário gira em torno desta linha do tempo: fato gerador, obrigação tributária, lançamento e crédito tributário.

Para que determinado fato gerador ocorra, antes de entrarmos nessa linha do tempo, precisa de que? Precisa de uma lei. Prevendo o que nessa lei? Que aquele fato da vida é passível de tributação.

Para que determinado fato da vida seja passível de ser tributado, antes de qualquer coisa, precisa estar descrito numa lei.

Então, o fato gerador de determinado tributo precisa estar descrito em uma lei. Não se institui tributo por meio de decreto; por meio de instrução normativa... É absolutamente errado falar que o tributo foi instituído, principalmente, por meio de decreto.

O decreto tem o papel ínfimo no direito tributário, muito embora cause um grande estrago; mas o papel dele é ínfimo. O papel do decreto em matéria tributária é somente para alterar alíquotas de determinados impostos; mas para instituir tributo somente por meio de lei.

Qual é a regra para a instituição de tributo? Lei ordinária ou lei complementar. A regra para instituição é por meio de uma lei ordinária. Mas como é que chegamos a esta conclusão? Porque a constituição dispõe de 4 situações que demandam o uso de lei complementar. Se a constituição dispõe de 04 situações que demandam o uso de lei complementar, que dizer que, por uma via transversa, indiretamente, todas as outras situações serão por meio de lei ordinária.

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Aonde o poder constituinte quis que fosse por meio de outro instrumento normativo que não a lei ordinária, o mesmo fez constar, expressamente, no texto constitucional. Então, o poder constituinte designou expressamente 04 matérias que se sujeitarão ao crivo de uma lei complementar.

E quais são estas situações?

1. Empréstimo compulsório: previsto no art. 148, da CF. O art. 148, da CF dispõe o que? “... a União, mediante lei, complementar poderá instituir empréstimo compulsório”. O próprio texto constitucional fez questão de frisar que é mediante lei complementar.

Existem 02 detalhes neste caput do art. 148 da CF que nós poderemos extrair:

a) No tocante a competência: a competência no tocante ao empréstimo compulsório é de quem? Da União. A União, mediante lei complementar,... Então, se é a União que detém a competência para instituir o empréstimo compulsório, qual outra pessoa política, poderia instituir os empréstimos compulsórios? Ninguém; somente a União e mediante lei complementar.

Outra situação que demanda uso de lei complementar: imposto sobre grandes fortunas – art. 153 – inciso VII, da CF: Trata dos impostos de competência da União. – a União poderá instituir os seguintes impostos:

VII – sobre grandes fortunas nos termos da lei complementar.

É um único imposto dentre todos previstos na CF que ainda não foi criado. Amanhã, ele poderá ser criado? Pode. Por qual instrumento normativo? Lei complementar.

Inclusive, o IGF está dentro das propostas da reforma tributária que tanto ouvimos falar nessas eleições. E tanto se falam em reforma, mas pensem da seguinte forma: A reforma pode melhorar ou piorar. Qual é a tendência hoje em nosso sistema tributário? É claro que será piorar. Então o IGF está incluído na reforma tributária. Se preparem porque eles vão instituir o imposto sobre grandes fortunas. E se isso ocorrer será por meio de lei complementar.

Impostos residuais: Previsão art. 154 – inciso I da CF.

O que é imposto residual? É uma competência que a União detém para instituir, criar um imposto novo; que não tem previsão na constituição. Nós temos dentro do desenho constitucional tributário 13 impostos. Dentro desses 13, um não foi criado que é o IGF. Mas pode alguém criar o 14º, o 15º e assim por diante? Pode. Mas existem algumas especificidades que estão no art. 154 – inciso I, da CF.

Observem no art. 154: A União poderá instituir:

I. Mediante lei complementar impostos não previstos no art. anterior (art. 153), desde que sejam não cumulativos e que não tenham base de cálculo ou fatos geradores próprios dos outros impostos previstos nesta constituição.

Então, a União pode criar um imposto absolutamente novo? Pode. Só a União? Sim. Só a União pode criar um imposto novo. Só a União pode inventar um imposto que não tem previsão na constituição. Só a União poderia criar um imposto sobre a propriedade da bicicleta. Mediante qual processo normativo? Lei complementar.

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Pensem da seguinte forma: só a União faz com que a sua situação, que já não está boa, piore. Nenhum outro ente político faz com que a sua situação piore; só a União é capaz disso. E, quando for capaz, somente por meio de lei complementar.

b) Contribuições destinadas à seguridade social – art. 195 – parágrafo 4º da CF: Contribuições para seguridade social – residuais. A seguridade social se presta a que? A financiar o que? Quais serviços a seguridade social fomenta e que a União tem que prestar? Saúde, assistência e a previdência.

Então, a União arrecada dinheiro e joga dinheiro aqui na seguridade social. A seguridade social se presta a financiar saúde, assistência e previdência. Mas nós temos 06 (seis) situações, fontes ou base de cálculo que mandam dinheiro para a seguridade social. São seis. Só sobre a empresa incidem 03 (três). Somente o empregador ou a empresa pagam 03 contribuições que fomentam a seguridade social. A primeira: sobre a folha de salários; a segunda: sobre a receita ou faturamento - PIS e COFINS; e a terceira: contribuição social sobre o lucro líquido - CSLL.

Essas são as três contribuições que o empregador ou a empresa deverá recolher para a União. Mas empregado ou o autônomo também recolhem; e existe outra que se chama concurso de prognóstico, que, sem sombra de dúvida, é o melhor concurso que podemos fazer na vida: a loteria mega sena. Ou seja, se você ganha 40 milhões na loteria, não se preocupe, pois já virá descontado na fonte uma contribuição destinada ao concurso de prognóstico para fomentar a seguridade social.

E, por fim, a famosa dupla: PIS / COFINS, mas sobre a importação. PIS importação e COFINS importação.

Então, nós temos 06 fontes que injetam dinheiro na seguridade social.

Observem que no art. 195 – parágrafo 4º: “§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, observado o disposto no art. 154, I”.

Ora, se o art. 154, I é por meio de lei complementar, logo as novas contribuições destinadas a financiar a seguridade social, serão também por meio de lei complementar.

Ele poderia ter colocado tudo no parágrafo 4º? Sim. Então, nós temos que interpretar o art. 154, I sob duas facetas:

1) Dos impostos novos;2) E das contribuições para seguridade social - novas.

Sobre as duas vertentes. Então, nós temos que substituir todas as expressões “impostos” previstos no art. 154, I, por contribuições da seguridade social.

Então, como é que fica o art. 154, inciso I? A União poderá instituir, mediante lei complementar, novas contribuições destinadas a financiar a seguridade social, desde que sejam não cumulativas e que não tenham fatos geradores ou bases de calculo próprias da outras contribuições.

Detalhe: nós substituímos tudo de impostos por contribuições da seguridade social. Mas, qual é a diferença? Os impostos novos pelo art. 154? Eles têm que ser

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diferentes dos impostos velhos, antigos. Dos impostos já previstos no texto constitucional.

Pelo art. 195, nós podemos concluir o que? Art. 195 combinado com art. 154, I – que as novas contribuições têm que ser diferentes das contribuições antigas. Vejam a paridade entre a mesma espécie tributária! Impostos novos diferentes de impostos velhos. Contribuições novas diferentes de contribuições velhas.

As contribuições novas podem ter o mesmo fato gerador ou base de calculo de impostos velhos? Podem, porque as contribuições novas têm que ser diferentes das contribuições velhas. Elas não têm que ser diferentes dos impostos velhos, mas das contribuições velhas.

Impostos novos ≠ impostos velhos. Contribuições novas ≠ contribuições velhas. Mas essas contribuições novas podem ser iguais aos impostos velhos? Podem. É a paridade. As espécies estão na mesma linha: impostos novos diferentes de impostos velhos. Contribuições novas diferente de contribuições velhas.

Nós temos um exemplo claro, em nossa prática aqui: Contribuição Social sobre o Lucro Liquido – CSLL e Imposto de Renda sobre pessoa jurídica – IRPJ. Os dois incidem sobre a mesma situação. Sim. Só que um é imposto e o outro, contribuição. Mas pode? Pode. A constituição não vetou. A constituição veta dois impostos iguais ou duas contribuições iguais; mas não veta imposto com contribuição. Então, Imposto com contribuição pode; imposto com imposto não.

Agora, quando você inverte a espécie tributária, pode. Muito cuidado com isso.

Essas são as quatro situações que demandam o uso de Lei complementar. Se vocês esquecerem as quatro situações que demandam o uso de lei complementar, lembrem-se do GECI: G do IGF; E de Empréstimo Compulsório; C de contribuições para seguridade social; e I de Impostos. (as quatro situações que demandam o uso de lei complementar: GECI).

Detalhe: em matéria privativa de lei complementar, qual outro instrumento normativo faz as vezes da Lei complementar? No lugar da lei complementar, qual outro instrumento normativo poderá ser utilizado? Lei complementar. A lei complementar é insubstituível? Sim. Em matéria privativa de lei complementar o poder constituinte quis brindar aquela matéria.

Qual a diferença entre lei complementar e lei ordinária, uma vez que não existe hierarquia entre as normas? Não há hierarquia entre as normas. O que existe é a constituição determinando algumas matérias para a lei complementar e determinando outras para a Lei ordinária, em virtude da complexidade da matéria. Em virtude do grau de importância.

Imaginem se a União saísse instituindo impostos residuais do jeito que ela quer, com maioria relativa? Porque nós sabemos que a diferença de lei complementar para ordinária é o quórum de aprovação.

Enquanto a lei complementar é a maioria absoluta; a lei ordinária é a maioria simples, relativa; puxa mais para o quórum de aprovação e não por uma questão de hierarquia (uma mais importante que a outra).

A diferença é que uma tem algumas funções designadas pelo próprio texto constitucional que a outra não tem.

Em matéria privativa à lei complementar somente lei complementar pode ser usada.

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E a medida provisória? De forma alguma pode ser usada medida provisória em matéria privativa à lei complementar. Absolutamente errado! Se não pode nem lei ordinária quiçá uma medida provisória! Quem é medida provisória para tratar de matéria relativa à lei complementar! Há uma vedação constitucional para isso, art. 62, § 1º, inciso III, da CF.

É vedado o uso de lei, de medida provisória em matéria reservada ao inciso III. Lei complementar. É absolutamente vedado! Sempre! Em hipótese alguma!

Lei complementar é só lei complementar! Não existe outra. Em matéria relativa de lei complementar, somente lei complementar faz as vezes.

Dentro do texto constitucional nós temos os tributos previstos no art. 145, da CF.

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

II. taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;

Segundo o art. 145 da CF, tributos são: impostos, taxas e as contribuições de melhoria.

Impostos, taxas e contribuição de melhoria...; então observem que nesse artigo 145 o poder constituinte enumera somente três espécies:

1) Impostos;

2) Taxas (em razão do exercício do poder de polícia; ou pela utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição);

3) Contribuição de melhoria (em virtude de obras públicas); cuidado com isso: não é qualquer obra pública que ensejará contribuição de melhoria. É uma obra pública da qual decorra uma efetiva valorização imobiliária.

A valorização imobiliária precisa ser comprovada! O ente que realizar obra pública terá que comprovar a valorização imobiliária. Se não tiver a valorização imobiliária, o ente não pode cobrar contribuição de melhoria. Não há exceção! Tem que ter a valorização imobiliária. É condição absoluta que não admite exceção.

Então, tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria. Nós temos mais duas espécies tributárias; quais são elas? Os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais. Porque os empréstimos compulsórios e as contribuições especiais não estão previstos no art. 145, da CF? Porque essas duas espécies tributárias são de competência exclusiva da União.

E o art. 145, da CF trouxe uma competência que chamamos competência simultânea. Tanto a União, o Distrito federal, os Estados e os Municípios podem instituir impostos, taxas e contribuições de melhoria. Então, qualquer um dos entes podem instituir esses três tributos.

Somente a União institui empréstimos compulsórios e contribuições especiais.

Se for a União que institui, qual outro ente pode fazê-lo? Apenas a União pode. E tem mais? Não. Nenhum outro ente faz as vezes da União. Só a União institui empréstimo e somente ela institui contribuições especiais.

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Atenção: CUIDADO ESPECIAL NO TOCANTE AS CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS: há uma exceção com relação à contribuição de iluminação pública:

Contribuição de iluminação pública é oriunda da antiga taxa de iluminação pública, declarada absolutamente inconstitucional pelo STF. Porque a taxa de iluminação pública foi declarada inconstitucional? Porque o ente não tinha como estabelecer a pessoa que iria se beneficiar com a iluminação pública e não tinha como saber quanto teria que pagar a título do mesmo. Se, o ente não consegue identificar a pessoa e não consegue mensurar e estabelecer o quanto essa pessoa deverá pagar, certamente, você não estará diante de uma taxa. Pode ser que você esteja diante de um imposto, mas de uma taxa não.

Taxa é o exercício do poder público de polícia, ou pela prestação de um serviço público específico e divisível, prestado diretamente ao contribuinte. Então, eu enxergo o contribuinte e consigo estabelecer “quanto” – o valor que este contribuinte pagará. Por esses motivos, a taxa foi declarada inconstitucional.

Pensem da seguinte forma: o que não é emplacado por imposto e o que não é emplacado por taxa joga goela abaixo através de uma contribuição especial, da qual a contribuição de iluminação pública faz parte.

Só que a contribuição de iluminação pública é uma exceção à competência da União. A contribuição de iluminação pública é de competência dos municípios e do Distrito Federal previsto no art. 149 – A, da CF. Município de Distrito Federal.

E no tocante as outras espécies tributárias? Empréstimo compulsório e contribuição especial – competência exclusiva da União.

E no tocante aos impostos? A constituição já desenhou o modelo no tocante aos impostos. União, você ficará responsável por estes impostos; estados, vocês ficarão responsáveis por estes; municípios, vocês por estes.

Nos art. 153, 155 e 156 a constituição já desenhou um modelo de distribuição de competência.

Então os impostos da União estão todos previstos no art. 153, da CF. Observem no art. 153 da CF, na ordem dos incisos:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

I. Importação de produtos estrangeiros;

II. Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

III. Renda e proventos de qualquer natureza;

IV. Produtos industrializados;

V. Operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;

VI. Propriedade territorial rural;

VII. Grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

E qual não foi criado ainda? IGF. Dentre os sete impostos da União, o IGF é o único que não foi criado.

Mas se for instituído, será mediante qual instrumento normativo? Lei complementar.

NO TOCANTE AOS ESTADOS E MUNICÍPIOS eu divido da seguinte forma: em impostos sobre a propriedade, sobre a transmissão e sobre os serviços.

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Impostos sobre a propriedade

Estadual : IPVA;

Municipal: IPTU.

Impostos sobre a Transmissão

Estadual: ITCMD (imposto sobre a transmissão causa mortis e doação); conhecida, popularmente em Minas Gerais como ITCD, mas o certo é ITCMD.

Municipal: ITBI

Imposto sobre Serviços

Estadual: ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e serviços).

Municipal: ISS (impostos sobre serviços de qualquer natureza).

Vocês têm aqui os três impostos previstos no texto constitucional, mas instituídos mediante Lei Ordinária; exceto o IGF que quando for instituído, será mediante Lei Complementar.

Instituído determinado tributo mediante lei, nascerá uma obrigação tributária. Obrigação tributária nasce entre quem? Um sujeito ativo e um sujeito passivo. Quem é o sujeito ativo? Art. 119 do CTN. É a pessoa jurídica de direito público titulada a competência tributária. Tributo é instituído por quem? União, estados, distrito federal e municípios. São os quatro entes integrantes de qual administração pública? Administração pública direta.

E quais são os entes da Administração pública indireta? Os entes da Administração pública indireta são: autarquias, fundações, empresas públicas, sociedade de economia mista.

E os da administração direta? União, Estados Distrito Federal e municípios. Estes quatro entes fazem parte da sujeição passiva na relação jurídico-tributária.

Sujeito ativo - a pessoa jurídica de direito público privado, não cobra tributo; somente os entes da administração pública direta.

E o sujeito passivo? Quem é, segundo o art. 128- incisos I e II, do CTN?

I. Contribuinte;

II. Responsável.

Contribuinte, segundo o inciso I, é a pessoa que possui relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador da respectiva obrigação.

Ex.: se a colega é proprietária de um veículo automotor e, o fato gerador é ser proprietário de veículo automotor, logo ela pratica o fato gerador do IPVA. Logo, ela tem relação pessoal e direta com a situação que constitui fato gerador. Portanto, concluímos que ela é a contribuinte.

Mas a lei elege; isso está no CTN. Pessoas há que, se o contribuinte não pagar, elas serão responsáveis pelo pagamento.

Ex.: se o contribuinte não tem dinheiro ou deixa de existir, o fisco não fica sem o pedaço dele. Ele receberá de alguém, nem que seja de espólio ou dos herdeiros, mas ele irá receber.

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E a lei elegeu algumas pessoas, dentre elas:

Os pais são responsáveis pelos tributos dos filhos menores, se eles não têm condições financeiras de pagar;

Os tabeliães são responsáveis pelos tributos em virtude de suas ações ou omissões no exercício da profissão (se o tabelião faz consignar uma informação inverídica lá na feitoria de compra e venda do imóvel, o tabelião é responsável pelo pagamento do tributo). Por isso que os tabeliães vêm, arbitrariamente, exigindo as certidões negativas de débito e o recolhimento do TBI, antes do registro da escritura pública.

Exigir TBI antes do registro da escritura pública – cartório de imóveis - é absolutamente inconstitucional. Por quê? Porque o fato gerador de ITBI é ser proprietário de bem imóvel, em virtude de aquisição. Então, o contribuinte de ITB é o adquirente proprietário. A partir de que momento o adquirente se torna proprietário? Com o registro. Quem não registra não é dono, art. 1.245, do CC.

Registrou? Fato gerador de ITBI. Emite a dívida para pagamento de ITBI. O que é que o tabelião faz? Exige o pagamento de ITBI lá trás, porque tem medo de consignar alguma coisa que não seja verdade e ele ser responsável pelo pagamento daquilo. Então, é uma praxe dos cartórios por medo. Eles não estão cumprindo nenhuma lei de cartório, de registro não. Essa lei é inconstitucional e absurda. Todos os responsáveis estão previstos no CTN. Mas quem é contribuinte? É aquela pessoa que tem relação pessoal e direta com o fato gerador.

Responsável, segundo o inciso II, é aquela pessoa que sem revestir da condição de contribuinte, ou seja, sem ter relação pessoal e direta com o fato gerador, sua obrigação decorre de lei.

Então, o responsável estar totalmente alheio ao fato gerador. Mas alguma relação com o contribuinte ele terá. Se você não paga IPTU, seu vizinho será chamado para pagar em seu lugar? É claro que não. Mas algum parente pode? Pode.

Se estiver previsto em lei, algum parente pode ser chamado como responsável pelo pagamento do tributo.

Nós temos alguns tipos de obrigações: obrigação tributária principal e uma obrigação tributária acessória.

A obrigação tributária principal: decorre da lei. E a obrigação tributária acessória: decorre da legislação.

Qual é a diferença de lei e de legislação? A lei é sentido, senso; faz parte da legislação. Legislação é gênero, da qual lei é espécie. A construção normativa é espécie, portaria é espécie; legislação engloba vários instrumentos normativos, mas obrigação principal tem que estar prevista em lei. Ninguém fica mais pobre senão em virtude de lei. Da mesma forma que não há crime sem lei anterior que a estabeleça, não há tributo sem lei que estabeleça.

Não há que pagar tributo ou multa sem uma lei anterior. A obrigação tributária principal consiste numa obrigação que o contribuinte coloca a mão no bolso e paga sobre isso. A obrigação principal envolve pecúnia, dinheiro.

Faça a seguinte pergunta: eu estou ficando mais pobre? Se você estiver ficando mais pobre, estará diante de uma obrigação tributária principal.

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E a obrigação tributária acessória? Consiste em uma obrigação expositiva ou negativa (art. 113, do CTN). Obrigações positivas / obrigações negativas. São obrigações de que? Fazer ou não fazer. Você é obrigado a prestar declaração de imposto de renda. Ou seja, está obrigando você fazer determinada coisa.

Mas este “fazer” está fazendo com que você fique mais pobre? Não; você está simplesmente cumprindo uma obrigação acessória. Você está informando ao fisco a ocorrência de determinado fazer ...; mas que não necessariamente acarretará em pagamento. Pessoas há que declaram imposto de renda e são restituídas. Você está simplesmente cumprindo uma obrigação acessória.

Cuidado com isso. Diferente no direito civil. No direito civil o acessório é principal. Aqui não; aqui é diferente. As duas obrigações são absolutamente distintas. Uma sobrevive sem a outra, as duas são independentes. Obrigação tributária acessória nasce acessória e morre acessória. A principal nasce principal e morre principal.

A gente não quita uma obrigação acessória com pagamento de uma multa. Se você não presta determinada obrigação acessória gera uma multa. Mas te desobriga da obrigação acessória? É claro que não. Senão ficaria muito fácil não pagar imposto de renda.

Você apura no imposto a pagar o valor de 10.000,00. A multa por quem não presta declaração de imposto de renda é de 200,00. O que você pensa? Vou pagar os 200,00 e deixo de declarar o IR. Engano seu. Você vai pagar os 200,00 e continua obrigado pela declaração e pelo tributo devido. Os 200,00 é tipo um plus adicional. É algo que vai agregar àquela obrigação que a você persiste. A obrigação acessória morre nela mesma. Como que extingue uma obrigação acessória? Prestando a obrigação; cumprindo com a obrigação.

Como que extingue uma obrigação principal? Pagando o tributo ou multa. Como que extingue a acessória? Prestando a declaração. A acessória extingue somente com o seu cumprimento. Nada extingue uma obrigação acessória, senão o seu cumprimento.

Nascida, então, a obrigação tributária, eu preciso transformá-la em moeda através de procedimento administrativo chamado lançamento.

Sabemos que existem três tipos de lançamentos: de ofício, por declaração e por homologação.

Qual é a diferença entre esses três tipos? Com o papel do sujeito ativo e o papel do sujeito passivo.

No lançamento há participação apenas do sujeito ativo, ou seja, só da fazenda pública.

É diferente do lançamento de ofício. No lançamento por homologação a participação é apenas do sujeito passivo. Vejam como eles são absolutamente distintos.

No lançamento de ofício: o fisco faz tudo.

No lançamento por homologação: o contribuinte faz tudo.

No lançamento por declaração: é o papel dos dois: sujeito ativo e sujeito passivo.

Qual é o papel do sujeito passivo? Informar para o fisco toda ocorrência de determinado fato gerador.

Exemplo: impostos sobre a transferência ITCND e ITBI.

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Não tem como o fisco saber que morreu um parente seu; você terá que informar para ele. “Fisco, fulano de tal morreu”...; ok. Aqui está a guia de ITCD. Só que existe um prazo de pagamento para a guia de ITCD = 180 dias. Se você não recolher o tributo em 180 dias gera uma multa. Então, é tributo + multa. E a multa é salgada. O fisco ganha em cima de uma “tragédia” sua. Ele estabelece um prazo para essa “tragédia”; se você não recolher dentro desse prazo será gerada multa.

Lançado, portanto, o tributo, constitui-se um crédito tributário. O que é crédito tributário? É um crédito que uma pessoa tem para com outra. É aquilo que o fisco tem a receber de você.

Em relações privadas, é um crédito de uma pessoa física para com outra. No mundo tributário, é um crédito tributário; é aquilo que o fisco tem para receber de um contribuinte. Constituído o crédito tributário pelo lançamento, o fisco irá notificá-lo; dará ciência a você do lançamento. Em regra, o prazo de vencimento de tributo é de 30 dias – art. 160, do CTN. O fisco pode estabelecer um prazo diferente? Pode. O fisco pode estabelecer o prazo de vencimento que ele quiser desde que não seja à data anterior daquela notificação; mas em regra o prazo é de 30 dias.

Notificou para 30 dias, o contribuinte pode: pagar, não pagar ou recorrer. Se ele paga, melhor forma de extinção de crédito – inciso I do art. 156 é o pagamento. Se ele paga ok. Se ele não paga, no trigésimo primeiro dia ocorre o fenômeno que se chama constituição definitiva do crédito tributário.

Constituição definitiva do crédito tributário – dá ensejo a fazenda pública de propor uma execução. Execução é um direito de ação. E se é um direito de ação, estamos falando de prescrição. Então, a prescrição começa a partir do momento em que você não paga o tributo no prazo de vencimento. Se o prazo de vencimento é de 30 dias, no trigésimo primeiro dia ocorrerá a constituição definitiva do crédito tributário. A partir desse trigésimo primeiro dia, falaremos de prescrição. Daqui para frente, teremos 05 anos.

Então, o fisco tem 05 anos para efetuar o lançamento e 05 anos para propor execução fiscal. Lançou? Não se fala mais em decadência. O que separa decadência de prescrição? Prazo de 30 dias.

30 dias é um prazo que corre a favor do contribuinte. O contribuinte pode exercer o direito contestativo de pagar, não pagar ou de recorrer. É um direito dele; então, não corre nada a favor do fisco. Corre a favor do contribuinte. Notificou tributo vencido e não pago, constituição definitiva do crédito tributário. Prazo prescricional.

E se ele recorre? Suponhamos que ele apresente recurso nesse prazo aqui...; recurso é causa de suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Então, se o contribuinte apresenta um recurso, o fisco está impedido de inscrever o débito em dívida ativa e propor execução fiscal. Se a execução fiscal já tiver em andamento, o fisco terá que suspender a execução. Se não tiver sido proposta, o fisco estará impedido de ajuizar a execução. Se a execução já foi proposta, o fisco terá que suspender esta execução.

Vejam: se o contribuinte vai discutir um débito judicialmente...; e demora 10 anos para discutir esse débito...

Enquanto estiver discutindo o débito e o sujeito tiver uma medida liminar ou uma antecipação dos efeitos da tutela deferida, o fisco não poderá fazer absolutamente nada com o contribuinte.

O fisco estará blindado de propor execução fiscal; e se propôs, terá que suspender.

Quais são as causas de suspensão do art. 151, do CTN?

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I. Moratória;

II. Depósito integral;

III. Recursos;

IV. Medida liminar e mandato de segurança;

V. Antecipação dos efeitos da tutela em ações de rito ordinário;

VI. Parcelamento.

Nós temos 06 casos de suspensão de exigibilidade do crédito tributário. Ainda que você tenha a seu favor uma das causas de suspensão de exigibilidade do crédito tributário, o fisco não poderá fazer absolutamente nada contra você; mas, em contrapartida, o seu nome continuará sujo. Você está discutindo débito. Se você pedir uma certidão, a mesma sairá positiva com efeitos de negativa.

Certidão negativa é quando não tem débito algum. Certidão positiva é quando há débito. Certidão positiva com efeito de negativa é quando há uma das seis causas de suspensão.

Ainda que você demore limpar o seu nome, o fisco não pode fazer absolutamente nada contra você. O que não estiver dentro do DEMORELIPA que são as seis causas de suspensão de exigibilidade do crédito tributário será extinção do crédito tributário.

A FGV gosta de brincar com isso; mistura lá moratória, consignação, pagamento e parcelamento são causas de suspensão... não são não!!! Porque a consignação e pagamento não estão dentro das causas DEMORELIPA. Se a FGV misturar as causas de extinção e de suspensão de exigibilidade, façam o DEMORELIPA! O que não estiver aqui é causa de extinção do crédito tributário.

Nós temos as causas de extinção, causas de suspensão e as causas exclusão do crédito tributário. Exclusão é fácil, atinge o lançamento.

Quais são as causas de exclusão? Isenção e anistia! Anistia é o próprio perdão da multa. E Isenção? É a desoneração do contribuinte pagar tributo previsto em lei. Se não for exclusão... quais são as causas da exclusão? Isenção e anistia.

Suspensão é o demore a limpar. O que não é isenção e anistia? E o que não é o demore a limpar, será o que? Será causa de extinção do crédito tributário.

ISSO CAI EM PROVA!!!!

AULA DO DIA 12/03/2015 – DIR. TRIBUTÁRIO - IPVA

O IPVA surgiu no Brasil a partir do ano de 1985, por obra da EC 27/85 que o incluiu na então vigente Constituição de 1967, com redação dada pela EC 1/69, sendo, portanto, um dos mais recentes impostos a aparecerem no nosso sistema tributário nacional.

Este imposto foi instituído para substituir a velha e famosa TRU – TAXA RODOVIÁRIA ÚNICA, que era cobrada pela União, de todos os proprietários de veículos terrestres licenciados.

A finalidade dessa taxa era gerar uma arrecadação que retribuísse o custo que o governo federal tinha com a construção e conservação das BR’s e rodovias federais, as quais pavimentavam o país e oportunizavam o deslocamento das pessoas por todo território nacional.

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Temos uma diferença entre taxa e imposto. Qual é essa diferença? A principal diferença entre esses dois é que a taxa é desvinculada e o imposto não.

A taxa tem um compromisso contraprestacional e tem a retriputividade. Ou seja, se estou pagando para aquilo, tenho que ter a contraprestação do mesmo. Porque é que mudou? Por uma questão lógica. Pensemos: a mesma situação que a taxa de iluminação pública deixou de ser taxa de iluminação pública e passou a ser contribuição de iluminação pública destinado aos municípios, a única contribuição especial possível aos Municípios é a de iluminação pública.

Às vezes você não é proprietário de carro, mas usa o asfalto do mesmo jeito. Então, nós deixamos de ter a taxa rodoviária e passamos a ter o imposto sobre propriedade de veículo automotor que tem a característica de ser não vinculado. Ou seja, mais uma arrecadação fiscal que o governo tem e gera para seus cofres.

É correto dizer que paga IPVA e quer ruas asfaltadas, boa sinalização? Não. Por quê? Porque o dinheiro arrecadado com o IPVA é via imposto. E imposto, não é vinculado a uma atividade especifica; por mais que o fato gerador seja ser proprietário de veículo automotor, não quer dizer que a destinação desse IPVA seja para estradas e rodagens.

ART. 155, caput, inciso III, CR/88

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:

III. Propriedade de veículos automotores.

O que é veículo automotor? O fato gerador do IPVA é a propriedade de veículo automotor de qualquer espécie. Veículo automotor significa veículo autopropulsionado, ou seja, aquele que se locomove com seus próprios meios, o que envolve as aeronaves e as embarcações marítimas, além dos veículos terrestres. Quando eu falo em não incidência, é porque não incide imposto naquele determinado bem. Porque aquele bem não entra na regra matriz.

Exemplo: nós teremos incidência de IPVA sobre as bicicletas? Por via de IPVA nós não teremos. Por quê? Porque a bicicleta não é automotor.

Então, quando falamos a palavra não incidência, é claro que não incide; mas não incide por quê? Não incide, porque aquele bem – a bicicleta – não configura o fato gerador de IPVA. O fato gerador é ter propriedade de veículo automotor. Quando falamos não incide, não é porque existe uma condição especial, é porque aquele bem não entra na regra matriz daquele tributo. Neste caso, no Imposto de Propriedade de Veículo Automotor.

A outra situação, IMUNIDADE TRIBUTÁRIA – art. 150 da CF,

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

I. Exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;

II. Instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;

III. Cobrar tributos:

a) Em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;

b) No mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;

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c) Antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003).

IV. Utilizar tributo com efeito de confisco;

V. Estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;

VI. Instituir impostos sobre:

a. Patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

b. Templos de qualquer culto;

c. Patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;

d. Livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.

e. Fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013)

§ 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)

§ 2º - A vedação do inciso VI, alínea a, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.

§ 3º - As vedações do inciso VI, alínea a, e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.

§ 4º - As vedações expressas no inciso VI, alíneas b e c, compreendem somente o patrimônio, a renda e os serviços, relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas.

§ 5º - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

§ 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g . (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993)

§ 7.º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993).

A outra situação, IMUNIDADE TRIBUTÁRIA – art. 150 da CF, - quando se tem uma imunidade tributária é porque você tem uma condição especial que a própria constituição lhe garante e ninguém lhe retira isso.

Se você utiliza aquilo ali de acordo com a sua atividade, de acordo com a prerrogativa que a constituição lhe trás, você é imune quanto aquele imposto; no caso aqui, o IPVA.

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No art. 150 da CF, não falamos sobre imunidade de templos, igrejas, sindicatos? Se você tem veículos que prestam serviços, que são destinados àquela função da igreja, tudo aquilo que representa aquela questão tributária..., você pedirá a imunidade tributária? Sim, porque tem uma questão constitucional.

Quando entramos na ISENÇÃO é porque existe uma legislação infraconstitucional, por isso mesmo que é infraconstitucional, não é uma legislação, que vem e dá alguns tratamentos especiais; mas que a qualquer momento poderão ser revogados.

Exemplo: locadoras de veículos; os carros de taxistas; os carros de frotistas...;

o que isso quer dizer? Quer dizer que o estado traz, no caso do IPVA, uma legislação específica dando um tratamento diferenciado: reduzindo a alíquota, diminuindo ou até mesmo isentando por alguma condição especial. Ou seja, se você tem uma propriedade de veículo automotor, mas exerce uma atividade com fim público, que é o transporte urbano, logo, terá isenção sobre o mesmo. Lembrando que cada lei do estado trata o IPVA de maneira plena; porque não há uma lei complementar acerca do IPVA.

E as bicicletas motorizadas? São consideradas ou não como veículo automotor? Em tese, sim. Como elas tem motor, em tese teriam que pagar IPVA. Mas, há 02 anos, no Rio de Janeiro, quando começou a ventilar a questão da lei seca, aconteceu um acidente: uma pessoa conduzindo uma bicicleta motorizada atropelou um pedestre. Então, policiais militares abordaram aquela pessoa e a mesma não tinha carteira de habilitação, porque não era obrigatório...; e aí? Prende ou não prende? Faz teste de bafômetro ou não faz? E começou essa discussão. Até prefeito e governador entrou no meio. Mas o que surtiu curiosidade, neste caso, foi justamente a questão do documento e se realmente teria que pagar ou não pagar.

O que ficou resolvido? A pessoa não foi presa, não precisava ter CNH; aquilo ali era uma bicicleta motorizada sim, só que aí surgiu a dúvida: tem ou não que pagar o IPVA? Então, o CONTRAN – Conselho Nacional de Trânsito soltou uma resolução onde determina que “aquelas bicicletas ou motocicletas elétricas com até 40 cilindradas não são consideradas veículos automotores. Logo, elas estão dispensadas, até mesmo de um documento e de recolhimento de IPVA”. Isso foi uma resolução do CONTRAN e ela serve a nível nacional e é aplicável hoje.

O que é veículo automotor? E o que pode ser considerado veículo automotor apto a ser exigida documentação, habilitação e tudo o mais? Foi feito um estudo para mostrar que aquela motorização ali não era adequável a um trânsito. Algo nesse sentido. Entretanto, esse fato do Rio de Janeiro surtiu efeito no sentido de regulamentar tais questões como veículo automotor ou não. Agora, como eles chegaram a essa conclusão de que até 40 cilindradas não seria caracterizado veículo automotor, eu não sei.

Existe projeto de lei complementar para IPVA? Sim ou não? BL 343/2013 – está arquivado esperando a pauta destrancar e aprovar o orçamento anual que ainda não foi aprovado. Fizemos menção ao projeto de lei justamente para mostrar que ainda não existe uma lei complementar trazendo regras básicas quanto ao IPVA. Por isso que todos utilizam o art. 24, § 3º da CF; todos os estados tem exercício pleno para legislar acerca do IPVA.

Existe IPVA para EMBARCAÇÕES E AERONAVES ou não? Não. Porque não? Na verdade o Supremo já resolveu e julgou alguns casos a respeito da constitucionalidade ou não de IPVA para embarcações e aeronaves. Veremos que ainda na nossa lei, teremos alguma coisa de IPVA para embarcações e aeronaves. Mas o caso já foi julgado pelo Supremo Tribunal Federal e o mesmo entende que não. Que um dos motivos e uma das

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razões no voto desses RE’s que foram julgados, é justamente fundamentar a origem do IPVA.

1.º. O IPVA surgiu da taxa rodoviária; se é rodoviária não se trata de embarcação e nem aeronave;

Então, o conceito principal, utilizado pelo STF para fundamentar os dois julgados desses RE’s, foi justamente explicar a origem do IPVA. Logo, ele entende que o IPVA deverá ser tão somente quanto a veículos automotores terrestres. Além disso, ele coloca e ressalva nos julgados, que existe necessidade de criar uma lei complementar dispondo acerca de possível imposto sobre embarcações e aeronaves.

O que não tem, existem em projetos de lei.

ART. 155, § 6º da CF:

ART. 155, da CF – Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:§ 6 - O imposto previsto no inciso III:

I. Terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal;

O senado deveria fixar uma alíquota mínima de IPVA. Ele fez isso? Não. Por quê? Porque existe lei complementar? Não. A mesma regra quando trabalhamos com o ISSQN. Lembram que no ISSQN antes de 2003 cada município tributava o tanto que achava? Colocavam lá a alíquota de zero por cento? Sim. Depois de 2003, através da Lei complementar 116, o município passou a ter uma obrigatoriedade de ter alíquota mínima de 2%? Sim, e máxima de 5%.

II. Poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização.

Logo, o que é essa alíquota diferenciada? Benefícios, e nos lembramos do princípio da seletividade. Ou seja, você poderá tratar de forma diferenciada, alguns veículos automotores de acordo com a função que aquele veículo automotor se destina.

Exemplo: trator – pode tratar de forma diferenciada? Sim. Ônibus coletivo? Sim. Táxi? Veículo de aluguel? Sim. Ambulâncias? Sim.

Existe a PROGRESSIVIDADE no IPVA? Ou seja, quanto mais caro o carro, mais eu pago? Não. Não existe progressividade no IPVA. A alíquota é igual para qualquer veículo. Ou seja, a progressividade é sobre a alíquota.

É claro que se a nossa alíquota é 4%, se você compra um carro de 50.000,00, pagará 2.000,00 de IPVA. E se comprar um carro de 100.000,00, pagará aqui 4.000,00 de IPVA.

A alíquota aqui é 4% e aqui também.

A progressividade seria - veículos até 50.00000 pagarão 4%. De 50.001,00 até 100.000,00 pagarão 5%. Não, isso não existe.

LEI ESTADUAL: 14.937/2003

Art. 1º - O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores - IPVA - incide, anualmente, sobre a propriedade de veículo automotor de qualquer espécie, sujeito a registro, matrícula ou licenciamento no Estado.

O art. 1º vem e fala: que ele incidirá de forma anual, ou seja, todo ano teremos que pagar o IPVA sobre propriedade de veículo automotor de qualquer espécie. Ele é bem genérico. Sujeito a matrícula ou registro no Estado. Claro, porque o Estado é o órgão competente para legislar e trabalhar acerca de IPVA.

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Aí, ele vem e diz o seguinte: que incide de forma anual. Se ele é anual e se pago por período de 1 ano, eu tenho que pagar todo início do ano? Na verdade você paga todo início do ano, mas paga por 1 ano; ao seu ano de exercício. Então, você paga antecipado? Paga. O máximo que o estado permite é que você parcele aquele valor devido.

Se eu pago 2.400,00 de IPVA, nada mais, nada menos dá 200,00 / mês. Sim. Você pagou antecipado? Sim. Mas eu comprei esse carro no meio do ano, no mês 6. Por algum motivo, eu perdi esse carro (roubo, batida, perda total). Eu posso pedir a restituição desse carro dos outros 6 meses? Não só pode como deve. A lei permite que você peça a restituição. Por quê? Porque você paga o IPVA de forma antecipada.

E o procedimento da SEF – Secretaria de Estado da Fazenda, não é burocrático, e nem demorado. Em 03 meses você consegue reaver isso aí. O trâmite todo: de você apresentar a documentação, eles analisarem e autorizarem e você pedir a restituição. Existem pessoas que não o fazem ou porque não tem conhecimento ou porque acham que seja muito burocrático; mas é bem tranquilo.

Art. 2º - O fato gerador do imposto ocorre:

I. Para veículo novo, na data de sua aquisição pelo consumidor;

Duas situações:

Ou seja: comprou veículo zero. Você pagará o IPVA sobre o valor da nota fiscal daquele veículo zero, que incidirá a partir da data de aquisição, e de modo proporcional. Por quê proporcional? Você comprou um veículo novo, e o IPVA anual dele custa 2.400,00. Mas o mesmo foi comprado no meio do ano, logo, você pagará apenas pelos 6 meses de uso, ou seja, 1.200,00.

II. Para veículo usado, no dia 1º de janeiro de cada exercício;

Ou seja, se você possui um veículo usado, tem o dever legal de no início do ano, (1º de janeiro) começar a pagar.

Aí vem o Estado e regulamenta as datas corretas para pagar com desconto e parcelado. O carro usado você paga todo início do ano. E o preço do carro usado, como será calculado? Você não quer saber se o carro está batido, se está com motor ruim... Eu quero o imposto real. Então, você considera a tabela FIP.

III. Para veículo importado pelo consumidor, na data de seu desembaraço aduaneiro.

O veículo importado é quando temos o desembaraço aduaneiro e no desembaraço aduaneiro aprenderemos que incide o que? O valor principal do veículo, valor do seguro, valor do frete, ICMS, Imposto de Importação, IOF...; o que é o desembaraço aduaneiro? Quando você importa uma mercadoria, precisa de um registro do sistema de comércio exterior chamado Siscomex; nele é declarado que está trazendo uma mercadoria de fora para dentro e aí, é recolhida uma série de tributação sobre essa mercadoria. Quando essa mercadoria chega ao Brasil, por porto seco – avião, ou porto molhado – navio, você fará o desembaraço aduaneiro. O que é desembaraçar? Eles conferirão toda documentação com aquele bem importado e aí será gerado um valor a pagar para liberação do bem.

Tudo que nós tributamos internamente, tributaremos na importação e mais algumas outras coisas.

Exemplo: valor do frete; valor de seguro; isso tudo entra para base de cálculo de valores de importação. Então, às vezes não compensa importar. E a intenção do governo é que a importação fique no mesmo valor ou até mais cara do que o produto interno. Por isso que importar é muito caro.

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Por isso, quando retornamos de uma viagem ao exterior, eles ficam doidos para nos pegar. Se chegarmos com mercadoria além da cota permitida, e o fisco nos pega, nós teremos que pagar 50% de multa sobre aquele valor devido.

Mas, trouxe o veículo importado, o desembaraço aduaneiro terá o valor total devido. E sobre este valor total devido é o que pagaremos de IPVA.

§ 1º - Para os efeitos desta Lei, considera-se novo o veículo sem uso, até a sua saída promovida por revendedor ou diretamente do fabricante ao consumidor final.

Ou seja, se o carro ainda está na concessionária, não está pagando IPVA.

§ 2º - Na hipótese dos incisos I e III e do § 1º deste artigo, o recolhimento do IPVA será proporcional ao número de dias restantes para o fim do exercício.

Que é o que? O veículo importado e o veículo novo – O IPVA será pago proporcional aos dias que faltam no ano.

§ 3º - Tratando-se de veículo usado que não se encontrava anteriormente sujeito a tributação, considera-se ocorrido o fato gerador na data em que se der o fato ensejador da perda da imunidade ou da isenção.

Suponhamos que a fração X conseguiu lá o reconhecimento de isenção e de imunidade para ela. Ou seja, ela não pagará IPVA sobre aquele veículo. Ela troca de carro todo ano e os carros com um ano de uso, são revendidos. Eu comprei o carro dela. Fui ao DETRAN, fiz o registro, transferi. Sairá uma guia de IPVA para eu pagar? Sim. Mas eu não estou comprando um veículo que está imune ou isento? Sim, mas eu não tenho essa condição. E o veículo era de uma pessoa jurídica que tinha essa condição. A partir do momento que você aliena esse veículo, quem estiver comprando terá a obrigação de pagar. E será recolhido sobre o nº de dias proporcional no ano, o IPVA devido.

Exemplo: IPTU da igreja. É a mesma situação aqui... (se você pegar o patrimônio da igreja era puro ouro; as coisas só mudaram...; antigamente a igreja católica era Estado e hoje, essa destinação mudou. Se olharmos as igrejas católicas mais antigas, veremos uma ostentação de ouro em abundância, que era sua maior demonstração de riqueza).

Se olharmos as igrejas protestantes, independente da linha que elas seguem temos ostentação como mármore carrara, granito, e outros. A coisa só mudou de lado, de figura e de bolso.

Mas quando pegamos o papel e a função da igreja aqui, em tese, onde se tem o culto, você já tem ali uma imunidade. E você consegue esse reconhecimento com facilidade.

O problema são os acessórios. Suponhamos: a igreja s. José..., não tem o estacionamento do lado? Tem. Esse estacionamento é imune ou não? Se o rendimento for para a igreja, sim. Essa é a questão. Se ela tem o estacionamento e o mesmo é realocado para outra empresa, é imune ou não? Pode ser imune, desde que ela comprove que o valor que está recebendo dessa realocação irá para a igreja e para o fim social da mesma.

É a mesma coisa. Para não pegar algo que está aqui, a igreja ganhou de doação uma sala comercial em um prédio. Essa sala comercial ela não precisa usar, mas resolve alugar. Se o dinheiro do aluguel for revertido para o fim e for comprovado que está sendo usado para funções da igreja, você consegue a imunidade dessa sala comercial.

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A igreja vai comprar uma sala comercial, terá que pagar ITBI? Em tese sim. Mas consegue a isenção do ITBI? Consegue, porque ela mostrará que aquilo é para o fim social dela. Então, não é uma coisa automática.

Hoje, dentro de política, podemos ver, que toda associação de classe tem uma representatividade seja no estado ou no governo federal.

Temos a mesa de agropecuária, os grandes empresários, os representantes de religiões...; se temos grandes representantes, grandes entidades, e se queremos o Brasil prosperando, a melhor coisa para prosperar é o governo ter dinheiro. Então vamos acabar com essa imunidade. Mas se falarmos isso dentro de uma igreja, de qualquer religião, ficarão contra nós.

As pessoas evoluídas capazes de entender o nosso contexto econômico social hoje, concordam com isso (em acabar com a imunidade), mas, no geral, se falarmos isso, seremos linchados. É aquela velha história: “pimenta nos olhos do outro é refresco”. Essas imunidades e isenções são devidas? São. Mas são devidas quando têm uma função. Isso é uma questão histórica tão preocupante, que essa divisão entre igreja e estado é coisa de 500 anos para cá. É uma questão cultural muito difícil de ser quebrada. Isso é muito sério!

Exemplo: eu tenho um carro com um benefício tributário isenção ou imunidade; vendi para outra entidade ou pessoa que também tem o benefício..., essa outra pessoa pedirá o reconhecimento desse benefício? Sim, mas ela terá que pedir e reconhecer.

PROVÁVEIS QUESTÕES DE PROVA

1) JOÃO tem um pequeno comércio no qual realiza vendas de máquinas fotográficas. Após adquirir destreza em máquinas, deixou de realizar a venda de referidas máquinas e passou apenas a fazer concertos de máquinas estragadas.

a) Qual o tributo que João paga atualmente? Justifique.

b) No caso de João vender e concertar máquinas, ele pagará qual tributo? Justifique.

2) Acerca do ITCD, responda: Qual o fato gerador e a competência? Justifique

a) Há Incidência sobre todo tipo de Doação? Justifiqueb) Em processo de Divórcio é necessário que seja feita a declaração do ITCD?

Justifique

3) Caso o proprietário de um automóvel licenciado em Brasília – DF e de um Apartamento no Rio de Janeiro – RJ faleça em São Paulo e o respectivo inventário seja Processado em Brasília – DF, responda:

a. O ITCD do imóvel será devido em qual estado? Justifiqueb. No caso do automóvel, qual estado deverá ser recolhido o ITCD? Justifique c. no caso do automóvel em qual estado será recolhido o IPVA? Justifique

4) Acerca do ISS responda:

a) Qual o fato gerador e a Competência?

b) Há incidência sobre todos os serviços de transporte? Justifique

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5) Entre as opções abaixo, assinale aquela que lista apenas impostos que são, classificadamente e pela sua natureza, classificados como indiretos:

a) Imposto de Resposta, IPI e CONFINS.

b) ICMS, FUMRURAL e taxa jurídica.

c) Imposto de Renda, IPVA e IPTU

d) IPTU, ICMS e transmissão causa mortis;

e) IPI, ICMS e ISS.

6) Atendidas as condições e os limites em lei, o IPI pode ter sua alíquota aumentada? Caso positivo será por....

ATENÇÃO: Todas as questões acima são de provas anteriores do mesmo professor.

AULA DO DIA 24-03-2015 – DIREITO TRIBUTÁRIO - ICMS

Hoje iniciaremos o estudo sobre o ICMS. Ele é mais complexo e tem mais peculiaridades do que outros. Todos os tributos são complexos.

O ICMS é um tributo estatual e, apesar de termos uma lei complementar que regula de forma geral, mas cada estado age conforme sua própria forma. Ou seja, nós temos uma lei complementar 87 que rege um todo, mas cada estado tem sua legislação e seu regulamento específicos.

O ICMS é um imposto que gera muita guerra fiscal de estado para estado. É mais detalhado e trabalhoso. ENVIAREI UMA APOSTILA SOBRE QUESTÕES GERAIS DE ICMS PARA VOCÊS ESTUDAREM. O que eu trato com vocês? O que está nessa apostila, que são os princípios, as características essenciais, todas as questões constitucionais, porque trabalhando isso tudo, vocês terão uma noção do ICMS.

Antes de começarmos o estudo sobre ICMS em específico, trataremos outro assunto que são o ISS, ICMS e o IPI.

O ISS é municipal – Imposto sobre Serviços -; o ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços e Comunicação também e o IPI – Imposto sobre Serviços Industrializados. O que é que eles têm em comum? Primeiro: todos são impostos. Qual outra questão deles? São todos impostos de consumo; ou seja, se você está consumindo algo de serviço é ISS; se está consumindo outro tipo de serviço como mercadoria, é ICMS; e se está consumindo uma mercadoria industrializada, é IPI. Por quê? Porque a maioria dos países federados, para não falar só que só o Brasil age dessa forma, tem um determinado imposto sobre consumo que é o Imposto Único. Você não tem essa ramificação. E no Brasil é diferente.

Nós temos o IPI para a União, o ICMS para o Estado e o ISS para o Município. E às vezes pagamos o mesmo tipo de tributo para entes diferentes para consumo.

E isso não é uma regra de países federados. Porque os países federados, a partir do momento que se tem uma ideia de federação, trará uma determinada igualdade de distribuição e é diferente do que acontece aqui.

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É a mesma situação. E isso é muito simples. Se pegarmos a república federativa do Brasil, como é o nosso sistema de governo? Temos o poder central delegando para estados. Se pegarmos os Estados Unidos, teremos o que? Os estados delegando para o poder central. Ah, é estado federado? Sim, mas o regime é completamente diferente nesse sentido de delegação de poder. E isso tem a ver? Sim. Porque aqui teremos maior dependência do poder central -; e você se torna refém do poder central -, porque se o poder central não fizer o que os estados determinam, já era. E por uma questão histórica, o poder central dos Estados Unidos, como exemplo, em questão de federação, é extremamente controlado pelos demais.

Porque nos Estados Unidos existem estados que podem legislar, em específico exemplo, a pena de morte? Alguns estados têm e outros não? Por causa dessa autonomia que os estados têm frente ao poder central.

Aqui é diferente. O nosso sistema é diferente. E isso, consequentemente, se reflete dentro do sistema tributário. Então, uma vez que temos um poder desse tipo, não possuímos uma vinculação e uniformidade de tributo. Principalmente quando tratamos o consumo, a gente vem com esse tipo de problema.

Então, existem projetos de lei que é, justamente, trazer para o Brasil um imposto sobre valor agregado – o IVA mundial. O que é esse imposto sobre valor agregado? Seria uma forma de tributação única, como ocorre na zona do EURO. Na Europa você tem o IVA europeu. Onde é um imposto único; tem uma distribuição regular e não há a loucura dessa guerra fiscal.

E aí, é muito interessante quando muitos países europeus vêm ao Brasil tentar entender como funciona o nosso sistema tributário, de tão complexa que é a questão do ICMS. Por quê? Porque eles têm uma questão de tributação tão fácil e tão simples lá, que eles tentam entender como conseguimos fazer isso.

No Brasil existem projetos de lei para fazer o IVA. Só que o IVA é um imposto sobre valor agregado. Você pegaria toda tributação sobre determinada cadeia. Que é o projeto do Brasil? No máximo agregar os impostos sobre consumo e deixar todos os outros. Ou seja, de nada adiantaria, e, provavelmente, seria criado só mais uma forma de tributar. Nós chegamos a essa conclusão quando estudamos o IVA nosso nacional; que é projeto de lei de um IVA nacional.

Então, temos o projeto do IVA – imposto sobre o valor agregado, que é a intenção de trazer unificação e acabar com essa guerra fiscal. Qual outro grande problema do IVA nacional? Se ele é nacional, ficaria nas mãos de quem? Da União. E qual é o problema disso? A União faria a divisão e o repasse. E os estados concordam com isso? Não. E para você ter aprovada essa lei complementar de um único imposto – IVA nacional – como reforma tributária, não precisaria da maioria do congresso nacional? Sim. Vocês acham que a maioria dos estados brasileiros querem isso? Não. Todos querem continuar com a sua guerra fiscal.

Ex.: quero enviar uma mercadoria de BH para o Rio de janeiro. Ao invés de fazer essa transação, faço BH – SP – RIO que sairá mais barato. A gente posta isso aqui.

Quando você circula mercadoria, gera crédito de ICMS.

Nós temos o IVA mundial, que no caso cito o IVA Europeu, que tem uma neutralidade tributária e uma divisão tributária mais correta; e no Brasil temos o projeto de lei do IVA nacional.

ICMS – imposto com maior nº de regras constitucionais (art. 155 – Inciso II da CF)

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Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: II. Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de

transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;

Ou seja, o ICMS vem e trata:

1) Operações de Circulação de Mercadorias;

2) Transporte Intermunicipal e Interestadual (lembrando que se for transporte municipal será ISS); e,

3) Serviços de Comunicação.

Todos, mesmo se iniciarem no exterior.

O que nós temos que regulamenta? LC 87/1996, uma Resolução do Senado 22 (que ainda estudaremos) e a Lei Estadual 6.763.

Essa Resolução do Senado é muito interessante, porque firma algumas tabelas de alíquota mínima e máxima e ajustes entre estados. E outra coisa, qualquer concessão de benefícios fiscais sobre o ICMS (porque se existe o Estado e concede o benefício fiscal, precisará da aprovação do CONFAZ – Conselho da Fazenda Nacional). Você precisa ter a ratificação desses incentivos pela Fazenda Nacional.

Por quê? Porque em se tratando do Brasil, com 27 estados mais o Distrito Federal, teremos, justamente, uma situação de guerra fiscal. Se cada estado legislar e fizer o benefício que quiser, virará, literalmente, uma guerra. Então, por meio do Conselho da Fazenda Nacional, temos esses incentivos; mas para serem validados precisarão da ratificação do Conselho da Fazenda nacional.

Se eles não forem ratificados pelo Conselho da Fazenda Nacional, perderão a validade.

Exemplo: você envia uma mercadoria para determinado Estado.

Parte do ICMS ficará no Estado de origem e parte irá para o Estado de destino. E existem diferenças de alíquota de uma estado para outro. Então, às vezes, você envia para um estado e paga um ICMS muito alto. Isso gerará um crédito que poderá ser usado em outro local e compensar.

Só que, às vezes, esse crédito tão elevado não será aceito por outro estado. E isso gerará uma disputa e guerra fiscal muito grande. Então, o outro estado pode dizer que não aceita o crédito daquele ICMS.

Então, o CONFAZ e essa Resolução 22 do Senado autorizarão e validarão quaisquer atos de benefícios fiscais e de ICMS entre esses entes.

Exemplo: Eu mando uma mercadoria de Minas Gerais para o Rio de Janeiro. Aqui será gerado um valor a pagar de ICMS nessa mercadoria de 20,00. Mas se eu enviar de Minas São Paulo e de SP RJ, ao invés de gerar um crédito de 20, essa operação toda gerará um crédito de 40 por causa de benefício fiscal. Ou seja, obterei mais crédito fazendo essa operação do que esse.

Então, vem o CONFAZ e diz: “eu autorizo essa legislação de SP que concede um crédito de ICMS melhor do que o do Rio”. Aí SP fala: “circula esse mercadoria aqui, que darei um crédito melhor para vocês; um incentivo fiscal”. E esse incentivo fiscal terá efeito em todos os outros estados. Porque a mercadoria circula de um estado para o outro. Mas poderá

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acontecer de o outro estado dizer que não aceitará aquele incentivo fiscal de SP. E, se esse incentivo fiscal de SP não for ratificado, ou seja, autorizado pelo Conselho da Fazenda Nacional, não terá validade.

E aí a coisa piora muito mais. Por quê? Porque nós já tivemos atos ratificados pelo Conselho da Fazenda Nacional que os Estados não aceitaram. (mas eu tenho uma legislação que me autoriza e vocês não querem aceitar? E começa uma briga).

Só que hoje isso está mais regulamentado por decisões do STJ e STF, onde reconhecem que o Conselho da Fazenda Nacional tem essa autonomia e que ele consegue resolver essas situações.

E o interessante no ICMS é o planejamento tributário, onde mostra o seguinte: você tem uma fábrica de ração. E nessa fábrica precisa comprar uma farinha para produzir essa ração. Suponhamos que a fábrica seja em Minas Gerais. Você terá que comprar a farinha e encontra por 100,00 a saca em MG; em SP por 100 e no Rio também a 100.

Ou seja, se você comprar de qualquer estado - Minas – SP ou RJ -, pagará no frete final e tudo, 100,00; independente de onde comprar. Então, onde iremos comprar? Compraremos onde o ICMS dessa nota for maior. Por quê? O ICMS não é um tributo em cascata? Sim. Você não terá valor destacado...? Você pagou 100,00; nessa nota terá o ICMS referente a esses 100,00.

O estado onde o ICMS for maior virá destacado o que? Suponhamos que em Minas o ICMS foi de 10% e na nota fiscal foram destacados 10,00 de crédito; em SP foi de 17%, na nota veio destacado 17,00; e no RJ foi de 30%, na nota veio destacado 30,00.

Vejam: em qualquer lugar vocês pagarão 100,00. Mas o ICMS não é um tributo que não cumulativo e que você aproveita o débito e crédito. Ou seja, se eu compro alguma coisa, beneficio esse material, produzo outra coisa com ele...; lá na frente na pagarei ICM? Sim. Lembram que fiz aquela operação?

Exemplo da farinha:

Comprou a farinha entregou na fábrica da fábrica revendeu para os

revendedores.

Você comprou aqui a 100,00 e vendeu aqui a 200,00. O ICMS que pagaria aqui será descontado aqui. Vocês têm Minas, SP e Rio para comprar. Qualquer um desses três, vocês pagarão 100,00. Onde irão comprar? Onde o ICMS for maior. Por quê? Porque aqui eu paguei 30. Suponhamos que aqui eu pagaria 50. Nessa operação eu deduzirei o que? O da cadeia anterior. Vou pagar 20. E se eu tivesse comprado em Minas? Eu teria que pagar mais 40.

ISS X ICMS X IPI

PAÍSES FEDERADOS

Sem incidência de ICMS

Sem incidência de

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BRASIL => CONSUMO

UNIÃO

ESTADO

MUNICÍPIO

IVA MUNDIAL => NEUTRALIDADE

BRASIL

ICMS

NÃO É A MERA SAÍDA DE MERCADORIA QUE GERA A INCIDÊNCIA

TRANSFERÊNCIA DE TITULARIDADE

COMPETÊNCIA ESTADUAL

MG => DECRETO 43.0809/02 => REGULAMENTAÇÃO

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DIA /04/ 2015 - DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI ROUANET

... é bacana você ter esse tipo de contexto aqui e pesar a forma de fiscalização sobre o contribuinte? Eu acho que não. Você já sofre demais com esse tipo de interferência hoje em qualquer atividade humana. E isso é muito complexo.

Vamos falar de direito tributário sobre meio ambiente e sustentabilidade, mas eu queria também uma crítica diante dessa situação. Existem meios legais onde você tem benefícios desde que seja feitas atividades de forma adequada.

Exemplo: o desenvolvimento sustentável hoje dá uma série de autonomias e prerrogativas tributárias, principalmente, se for feita uma atividade dentro daquela questão.

Nós temos o princípio do poluidor pagador (quanto mais você polui, mais você paga). É correto você ter esse tipo de caracterização do poluidor pagador nesse sentido? Então, eu vou pagar sempre e continuarei poluindo...

Exemplo: Protocolo de Kyoto (Se pegarmos esse protocolo, pelo caso dos EUA que não ratificaram o protocolo de Kyoto, é justamente isso. “... eu não vou, porque quero poluir... eu tenho que produzir...”).

Nós temos que analisar e mudar a forma de enxergar as coisas. Você tem uma atividade produtiva que polui? Tem. Existem mecanismos e formas para você desenvolver algumas questões dentro dessa sua atividade industrial que possa diminuir essa poluição? Existem. E isso terá beneficio? Sim. Qual benefício?

Então, o primeiro trabalho vem e fala da lei do Rouanet. E vocês criticaram muito no trabalho da lei Rouanet sobre a questão de investimentos. Muitas pessoas criticam a lei Rouanet porque grandes eventos culturais são beneficiados pela mesma. Mas lá na constituição, no art. 150 e 151 da CF, fala que: “... não poderemos ter tratamento diferenciado em questões tributárias, excetuado os benefícios de incentivos fiscais...”.

A primeira situação da lei Rouanet é a seguinte: se você faz doações ou investimentos em determinados segmentos...:

Exemplo: se você for pessoa física e quiser doar um dinheiro para um partido político, para fundação, terá dedução em seu imposto de renda também. Não é só a lei Rouanet.

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E a lei Rouanet é uma delas. A lei Rouanet traz a possibilidade de a pessoa jurídica pegar uma parte do imposto de renda que terá que pagar e destinar para alguma questão cultural; ela terá dedução desse destino no IRPJ a pagar. Isso é bom? Sim. Estou tirando uma coisa que darei para o governo e reinvestindo em uma questão que também tem um fim social que é a cultura. Tanto que o governo possibilita isso tão somente por causa dessa questão. O governo tem também a intenção de investir no sistema cultural. É claro que a lei Rouanet tem algumas falhas? Tem.

Exemplo: a pessoa jurídica que fará esse tipo de investimento terá que ter uma tributação do lucro real.

1.º. E aí já tem um problema porque não é qualquer empresa. 100% das empresas existentes, 10 – 20 % são tributadas pelo lucro real. Com isso, você já corta uma grande fatia do bolo.

2.º. A empresa faz isso para ajudar e também por causa da questão econômica e retorno publicitário. A partir do momento que uma empresa financia parte de um evento cultural, o nome dela estará naquele evento. E isso é muito bom? Sim. Mas, aí ela pode ser atrelada a qualquer movimento e evento cultural? Não. É difícil, então? Sim, muito.

O próprio trabalho vem e fala justamente dessas limitações da lei e criticou 500 projetos e pontuações carentes. Então, sofremos isso? Sofremos. E às vezes, não é porque são pequenos projetos de populações carentes; mas sim, porque as pessoas que os desenvolvem não conseguem formalizá-los para pedir um incentivo fiscal.

Qualquer área de financiamento de projeto tem dinheiro sobrando. O problema é que as pessoas não sabem desenvolver projetos.

Lei Rouanet: o Estado de Minas faz um edital e destina tantos milhões para área da cultura. Aparece uma série de projetos. Mais da metade são descartados porque os projetos não atendem os requisitos do edital. As pessoas sabem mexer com questões de cultura? Sabem. Mas sabem descrever um projeto? Não sabem. E aí você já elimina.

Quando o projeto é muito custoso não compensa as empresas investirem. E dependendo do valor do projeto, o que a empresa faz? Investe no projeto cultural por meio de um instituto ou fundação que ela mesma cria. Como assim? Nós já vimos que existem o instituto ou fundação do banco Itaú, do Bradesco, da Xuxa, da Fiat. Porque elas existem? Eles têm um valor expressivo do IRPJ a destinar pela lei Rouanet ou pelo próprio benefício do investimento da pessoa jurídica, que é melhor criarem uma instituição de nome próprio, que terá maior repercussão publicitária, e investirem em questões culturais para eles. Isso é excelente? Sem dúvida. Ou seja, ao invés de passar por uma terceira pessoa, você cria uma pessoa jurídica com seu nome, com intuito de fundação e destina verbas para que ela tenha patrimônio próprio. Aquela fundação além de depender da própria empresa, poderá captar recursos de outras e ela mesma desenvolverá o próprio projeto.

Exemplo: Banco Itaú. (entra e se cadastre no site da fundação do Itaú... quem tiver criança em casa, receberá uma coleção de livros infantis, sem custo algum. Por quê? Porque é um dinheiro que Itaú pega do IRPJ destina para a fundação e tem abatimento no imposto de renda dela. Tem algo de ilícito nisso? Não).

A tributação existe e tem que ser obedecida. Mas existem métodos e formas de se aproveitar o nosso sistema tributário. É isso que eu quero que vocês tenham a consciência.

E não podemos esquecer que existem projetos do próprio governo que fazem e estimulam a questão cultural, até mesmo por meio de tributação; e quando não é por meio de tributação,

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eles favorecem esse valor a custo zero, sem ter o retorno, só a contrapartida. Ou seja, você não toma o financiamento. Você ganha dinheiro para desenvolver aquele projeto e não precisa devolvê-lo. Nós temos isso? Temos. O governo de Minas faz isso todos os anos. Nós que somos estudantes..., ah, eu quero pesquisar, formar e continuar estudando. Nós temos a Capemig, CnPq, Acaps, que destinam todos os anos verbas e mais verbas para pesquisa. E os projetos de população carente, realmente, sofrem muito com isso.

Você tem uma tributação sobre o que produz.

Ex.: taxa ambiental sobre exploração do minério de ferro.

Explorar minério de ferro é algo ilícito? Não. Se não é algo ilícito, você pode explorar. O que se tem é a tributação normal sobre o minério de ferro. Se a tributação é pesada ou não, é outra discussão. Mas a tributação não é sobre algo ilícito.

Nós aprendemos no art. 3º do CTN que “tributar é toda aquela questão mediante atividade lícita previamente vinculada”. Se eu falar que tributar minério de ferro é ilícito, não posso tributar; tenho só que penalizar.

Quando falamos de uma exploração ambiental seja por qualquer um dos meios, precisamos entender que é uma atividade lícita. Se não fosse lícita, não poderia nem existir.

Ex.: postos de gasolina

De 05 anos para cá tiveram que se reformular. Por quê? Houve uma mudança na lei de direito ambiental que deu uma nova concepção e construção para os tanques de gasolina e um novo isolamento para todos esses postos. Determinou uma nova situação? Sim. E quem não fez, foi penalizado? Sim. Teve atividade encerrada? Sim.

Nós temos o art. 225 da constituição que fala do meio ambiente. Quaisquer que sejam as questões que forem fazer sobre tópicos econômicos, tributários, penais, tudo de regulação de mercado, vocês deverão mencionar o art. 170 da CF.

Atrelem e justifiquem que a questão econômica mostra, está prevista no art. 170 e isso tem influência no art. 225. Isso é muito importante, porque mostra que você está fazendo todo esse link do nosso sistema. O ICMS ecológico tem que ser aprofundado porque possui duas vertentes; e ele ainda é muito triste porque não funciona.

1.º. A destinação do ICMS acerca de ICMS ecológico é muito baixa.

2.º. Se trabalharmos pela lógica de mercado é outro grande problema.

Ex.: O ICMS não é sobre circulação de mercadorias e serviços? Sim. Para tê-lo, não precisa de exploração e atividade empresarial e comercial? Sim. Ou seja, quanto mais você explorar, maior será sua arrecadação e destinação de ICMS. Porque de toda produção que tiver no seu local, 25% do ICMS recolhido voltarão para o Município que fez a exploração inicial, de onde surgiu aquela cadeia.

Suponhamos que você invista em meio ambiente. Serra do Cipó que é um local turístico e preserva o meio ambiente. O que é que lá tem de exploração de circulação de mercadorias e serviços? Quase nada. E aí? Ela receberá alguma coisa de ICMS ecológico? Quase nada. E de ICMS? Quase nada.

Então o que é que você tem que trazer? A legislação do ICMS ecológico tem que trazer para aqueles municípios que não têm ou possuem uma baixa arrecadação de ICMS e que investem em preservação ambiental e turismo ecológico uma contrapartida. Então não é ainda uma coisa que estimula e traz benefícios. E ainda dentro do nosso sistema brasileiro,

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possuímos um grande defeito: o brasileiro não tem ideia de como e quanto é rentável o turismo para ele. Tanto que prefere cobrar muito caro e ter um baixo turismo do que cobrar barato e ter um bom turismo. Mas por quê? Por várias questões, mas por questões tributárias também. O ICMS ecológico vem para ajudar, mas como e de que forma? Realmente ele destina parte de verbas para municípios que não investem em situação de exploração. Aqueles que cuidam da sua reserva natural e aqueles que fazem exploração turística. Mas a destinação disso ainda é muito baixa; ou o município explora por si e aí lembrará que com o turismo virá o ISS. Se o município tiver um bom planejamento e uma boa concepção turística, pensará e lembrará que o ISS poderá ser mais rentável do que o ICMS.

ITR... (imposto territorial rural)

Ele é um imposto recolhido pelo governo federal, onde se estimula a produção agropecuária. Ele tem toda uma questão de sustentabilidade com a questão tributária e extra fiscal.

Dentro da legislação do ITR existem várias legislações. A pessoa tem que declarar e recolher todo ano, mesmo se for isento, terá que recolher uma taxa de 50,00. Mas isso tem que ser feito. Mas ele estimula justamente o que? A produção.

Tanto que o ITR tem uma fórmula de calcular. O que isso quer dizer? Que o ITR será calculado de acordo com a área da sua região, subtraído a área de reserva legal, a área de preservação permanente, a área de construção e sobrará apenas a área de exploração.

Dessa área de exploração você falará o que realmente explora. Sob essa porcentagem explorada você tem um grau de utilização que é uma tabelinha da Receita Federal. Neste grau de utilização você achará o valor venal da sua terra e calculará o seu imposto. É um imposto relativamente muito baixo, mas ele vem justamente estimular o desenvolvimento sustentável. Tributo não é penalidade.

Tributo é imposto.

Taxa é contribuição, empréstimo compulsório e contribuição de melhoria.

Tarifa é diferente de tributo. Tarifa é vinculada ao serviço público, que é explorado por meio de uma atividade privada. (questão de prova)

Lembrando que tarifa e taxas são diferentes.

Taxa é um serviço público, específico, divisível ou poder de polícia prestado mediante atividade do próprio poder público. Quando esse serviço não é prestado pelo próprio poder público por meio de uma concessão ou convênio, de um contrato por uma empresa privada, ele é tarifado. E a tarifa não determina, não dispõe, nem precisa de lei para ter reajuste e mudança, porque ela é vinculada a um contrato feito entre empresa privada e poder público. Logo, você ter um aumento de energia elétrica ou aumento da tarifa, não é um aumento tributário. Porque tarifa não é taxa.

Ah, mas você tendo aumento da tarifa, pagará mais conta de luz e, consequentemente, a arrecadação de tributos será maior. Perfeita a sua análise! Mas uma coisa é diferente da outra.

Ex.: Eu pagava 100,00 de conta de luz. Desses 100,00 eu pagava 30,00 de ICMS. Hoje, pago 150,00 de conta de luz porque a tarifa aumenta. Só que hoje pago 45,00 de ICMS.

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A tributação aumentou? Não, a tributação continua a mesma. O que aumentou foram as tarifas, ou seja, o custo do serviço. E, consequentemente, se o custo do serviço aumentou, e há tributação sobre aquilo ali, a arrecadação tributária também aumentará.

ICMS ECOLÓGICO E SUA LEGISLAÇÃO NO ESTADO DE MINAS GERAIS

Quando trabalhamos com vendas online ou por internet, o ICMS ficava sempre com o local do produtor. Foi aprovado que agora 50% ficarão com o estado produtor e 50 % com estado de destino. (muito cuidado com isso! Com certeza será questão de prova da OAB).

Como ocorre o ICMS ecológico? 25% do ICMS vão para o município produtor. A lei de Minas ainda não é tão boa quando se fala de ICMS ecológico. A do Paraná é a melhor que tem. A do Paraná destina 5% da arrecadação para ser dividido sobre os municípios que têm baixa arrecadação de ICMS por preservação ambiental.

Quando você pega o IPTU verde, o município não está deixando de receber o tributo. Ele está deixando de gastar em outras situações, estimulando outras questões para, em contrapartida, dar uma ajuda. Isso acontece tanto com pessoas físicas quanto com as pessoas jurídicas.

A gente tem, sim, benefícios tributários que ocorrem em vários seguimentos, em várias situações que você tem que saber usar. Município de Belo Horizonte já existe; você pode ter um desconto de 20 ou 30% de IPTU se tiver notas fiscais de prestação de serviço com ISS. Porque você tem isso? Porque o município é bonzinho? Claro que não. Porque o município está cobrando de você toda prestação de serviço que for feita e pedir que seja cobrada a nota fiscal de prestação de serviços, porque lá estará destacado o ISS. Ou seja, as pessoas emitirão mais notas de prestação de serviço; a arrecadação do município subirá com isso e, em contrapartida, você conseguirá deduzir do seu IPTU tal valor.

Só as contrapartidas. Você não faz nada sem perder ou ganhar de um lado. Tudo tem alguma contrapartida.

PRINCÍPIO DO PROTETOR X RECEBEDOR

Muito cuidado! Nós temos uma infinidade de princípios. Na verdade, os princípios são básicos e as pessoas só dão novas nomenclaturas para falar do mesmo princípio.

Existe o princípio do protetor e recebedor? Sim. Mas podemos falar que é uma questão social? Sim. E ir num princípio raiz e trabalhá-lo de forma mais adequada? Sem dúvida.

SUSTENTABILIDADE TRIBUTÁRIA DO IPVA

(...) e entramos em uma situação onde a prevalência disso é só melhorar e aumentar. Tanto a questão do IPVA, de produção de carros sustentáveis, tributação sobre produção mais limpa...; é muita hipocrisia ter um discurso xiita quando se fala em meio ambiente fazendo analogia e quando estamos em um estado capitalista. Nós temos que produzir; dependemos da circulação mercadorias, de riqueza, do mercado...; e o mercado é isso. Se dissermos: “vamos parar com tudo”...; com certeza quebra toda lógica do sistema capitalista, que não tem jeito de ser quebrado.

O que hoje se trabalha e o que isso transformou nossa mentalidade quanto à questão de desenvolvimento é justamente o Rio-92 que trouxe a agenda 21 que são as metas que todos os países terão que cumprir de redução de degradação. Ou seja, antes, tínhamos um pensamento com a sustentabilidade no sentido de produzir e sustentar para que não acabem os recursos renováveis. Hoje nossa mentalidade está voltada para o

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desenvolvimento sustentável. Temos que nos preocupar com a questão dos recursos, com as futuras gerações, com a economia e política. É uma questão muito mais complexa.

Ou seja, se você tiver um carro híbrido, em contrapartida, terá uma tributação diferenciada.

1ª situação: Um filho de uma pessoa que tem uma condição financeira favorável, ele pequeno, adolescente provavelmente terá uma atividade para fazer toda semana. Um filho de uma pessoa pobre não tem atividade. O que ele fará? Ficará na rua. Uma criança de 10, 14 anos, antigamente, podia trabalhar e ganhar o seu dinheiro; hoje não pode porque o ECA não deixa. Então, você pequeno, no morro, sem fazer nada, precisando de dinheiro, seus pais não têm um tostão, e chega alguém oferecendo droga para entregar em tal lugar e ainda oferece 200,00. Ele vai negar? Claro que não. A culpa aí é do próprio sistema.

2ª situação: um professor do ensino fundamental, que ganha 800,00 / 1.000,00 por mês. Ele é uma pessoa que vai te preparar. Um policial, hoje, ganha +/- 4.000,00. O PM é repressor. Ele está trabalhando para reprimir. Ele não trabalha para educar. Ele trabalha para um controle. Vejam que o próprio sistema já é invertido. Você deveria investir em base, mas prefere investir em repressão. Tanto a repressão quanto a base deveriam ser valorizadas. E se você valoriza a base, obtém um resultado na repressão muito menor; muito mais positivo do que negativo.

TRIBUTAÇÃO SUSTENTÁVEL

(...) que falou da sustentabilidade como a questão macro. Legal fazer a diferença de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável; são diferentes. O desenvolvimento sustentável começou a partir da década de 80, com relatório de cúpula e com o Rio-92, onde começou a primar por questões políticas, sustentáveis, econômicas e preservação do meio ambiente. Enquanto a questão da sustentabilidade só pensava na preservação do meio ambiente. (cuidado com essa arrecadação sustentável).

AULA DO DIA 14-04-2015 – TRIBUTOS FEDERAIS - IPI

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:

IV. Produtos industrializados;

§ 3º: O imposto previsto no inciso IV:

I. Será seletivo , em função da essencialidade do produto;

Grifem será seletivo:. O que isso quer dizer? Vocês se lembram do que falei sobre o ICMS? Quando o ICMS fala da essencialidade, diz que poderá ser seletivo. O IPI será. Há uma grande diferença entre poderá e será. Ou seja, nós temos que considerar justamente isso aqui. O que eles fazem na hora da prova? Invertem. Eles colocam que o ICMS tem de ser seletivo e o IPI pode ser seletivo.

Como vocês se lembrarão disso? Lembrem-se da conta de luz e que vocês pagam quase 30% de ICMS. Se a luz é extremamente essencial e nós pagamos 30% é porque ela não é seletiva. Ela pode ser seletiva. O ICMS pode ser seletivo; uma vez que 1/3 da nossa conta de luz a gente paga de ICMS.

Em contrapartida, o IPI será seletivo. (Cai em prova)

Lembrando o princípio da seletividade. Ou seja, a seletividade vem juntamente com a essencialidade. Quanto mais essencial, menor a tributação. E quanto menos essencial, maior a tributação.

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Exemplo: quando viajamos para fora, principalmente Estados Unidos, cosméticos lá é muito barato. Produtos de higiene pessoal são muito baratos, se comparado aqui. Lá, eles têm essa política que produtos de higiene pessoal são extremamente importantes. Aqui tem isso também? Tem. Mas lá eles diferenciam toda cadeia. Só o essencial. Aqui é o que? Sabonete, pasta de dente...; coisas neste sentido. Cosméticos para mulheres não tem tratamento diferenciados e seletivos. Eles tratam tudo como produtos supérfluos.

Então, há essa disparidade dentro do nosso mercado. Mas os produtos de higiene básica pessoal, todos eles são tratados como princípio da seletividade.

Porque quando vamos comprar uma geladeira a branca é um preço e a de inox é outro? Por causa da famosa linha branca do governo. O que é a política da linha branca? São os produtos essenciais para a sobrevivência. Ou seja, nós temos os eletros portáteis e os eletrodomésticos que são produtos tidos como essenciais dentro de uma residência. E existe uma tributação diferenciada para esses produtos. Tanto que temos o IPI de geladeira branca muito mais baixo do que uma de inox ou colorida.

Ex.: Carros.

O carro tem toda uma diferenciação sobre o IPI. Como assim? Tudo é carro? Sim. Por temos tantos carros 1000? Porque os carros até 1000 cilindradas tem uma diferenciação do IPI. Por quê? Porque eles falam que esses carros terão um custo menor em questão de tributação e maior parte da sociedade poderá ter acesso a esses carros. E quando chegarmos em 1.8 pra cima, eles já terão um preço muito mais elevado.

Por que disso? Porque o IPI varia de acordo com a classificação e cilindrada do carro. Então, por quê? Para dar acesso à maior parte da população ter sim automóvel, mas será beneficiada com essa essencialidade até um patamar. Depois disso, será tratada de forma diferente.

É igual a geladeira. A geladeira branca com selo de qualidade tal, até tantos litros terá o IPI reduzido.

Temos também, a tabela de incidência do IPI, que é a famosa TIF. Essa tabela de incidência trará as alíquotas sobre incidência do IPI, no sentido da seletividade e essencialidade, quanto mais útil e necessário, menor será a tributação. Haverá diferença com o mesmo produto de acordo com a configuração dele? Sim.

Isso em larga escala representa um grande ganho para a indústria. Não cumulatividade da mesma forma que o ICMS, o IPI é não cumulativo e você aproveita também.

Imunidade para exportação? Claro que ele tem imunidade para exportação; incentivando nosso mercado interno e nossa indústria; redução de impacto sobre aquisição de bens de capital ativo e imobilizado...;

(...) da mesma forma será aproveitado o crédito de IPI também.

Princípio da anterioridade aplicado será a anterioridade nonagesimal.

Ex.: vocês se lembram de que a Dilma aumentou o IPI dos carros importados de um dia para o outro? Ela teve uma pressão das montadoras de veículos nacionais, onde Ford, Chevrolet Volkswagen e Fiat estiveram com ela, dizendo que

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queriam dar maior nr de vaga de trabalho de da indústria automobilística e os veículos importados chegarão com um valor bem menor que o nosso mesmo depois de desembaraçados e com preços acessíveis; e isso impossibilita nossa competição interna.

Qual foi a resolução dela? Ela aumentou o IPI para os carros importados, pois isso diminuiria a competitividade com os carros nacionais.

Só que isso foi um decreto; pois o IPI é um imposto extrafiscal e a função dele é a regulação de mercado.

Se ele é um imposto extrafiscal e sua característica é a regulação de mercado, a alíquota dele poderá ser modificada a qualquer momento. Só que essa questão da alíquota, se ela for para aumentar deverá esperar anterioridade nonagesimal. Se for para diminuir, imediato sem problema algum.

Como vocês se lembrarão desse caso? O IPI sobre carros importados. Houve um decreto que foi mudando de uma alíquota para outra; a associação nacional de importadores entrou com ação perante o STF que reconheceu que para se aumentar o IPI sobre veículos importados deveria aguardar a anterioridade nonagesimal.

Quando você mexe no IPI para estimular ou desestimular a compra e venda de alguns produtos, ele tem a função extrafiscal e de regulação de mercado. Mas quando se chega em um patamar de economia estagnada, a alteração de IPI nada mais importa.

II. Será não cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;

III. Não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior. (imunidade tributária).

IV. Terá reduzido seu impacto sobre aquisição de bens de capital pelo contribuinte no imposto na forma da lei. (que é justamente o ativo imobilizado)

Art. 46 a 51 do CTN.

PAREI AQUI

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AULA DO DIA 24-04-2015 - TRIBUTÁRIO - PAGAMENTOS REALIZADOS AOS CREDORES –

A todo instante falamos sobre pagamentos aos credores. É muito comum em pequenas falências não sobrar dinheiro para pagar os próprios trabalhadores, que em tese, seriam os mais privilegiados e com direito a receber. Hoje, dentro do país, estamos vivendo uma série de pequenas falências. O grande problema é que determinadas empresas, prestadoras de serviço, não têm patrimônio.

Que prestadores .... sem patrimônio, se o objeto de atuação empresarial dela é prestar serviço? É diferente de uma rede de lojas que tem estoque, imóveis, móveis...; nesse caso o prestador de serviços não possui bem algum.

Quando chegar o processo de falência, o que será arrecadado para pagar os credores? Nada. Quando é decretada a falência, é nomeado o administrador judicial. Ele arrecada o acervo patrimonial. Ele precisará realizar diversos pagamentos. Uma coisa é aquilo que ficou devido para trás, antes da sentença, e são chamados de credores concursais; outra coisa são aqueles créditos que se constituirão depois da falência.

É possível que haja algum crédito que possa ser constituído após a sentença? Sim.

Ex.: a empresa SEVEN BOYS.

O juiz autoriza o funcionamento da SEVEM BOYS falida por 90 dias para consumir ali os itens de produção, acabando ali com o estoque de óleo, farinha, ovos, pães e vendendo esses pães. Se realizar a venda dos pães tem ICMS? Mas isso foi feito depois da sentença, não foi? Sim. Então, este crédito foi constituído. O fato gerador ocorreu depois da sentença.

Então, é devido um tributo. Se essa empresa continua trabalhar, teremos trabalhadores prestando o serviço lá. Os créditos serão concursais? Não, eles serão extraconcursais. Como credores extraconcursais, teremos: o próprio trabalhador; o administrador judicial. O crédito dele se constitui a partir do momento em que ele é nomeado; ou seja, após a sentença. Além do administrador judicial, eventualmente, terão que pagar aluguéis, galpões para guardar os equipamentos...; enfim, uma série de créditos que serão constituídos depois da sentença.

Ex.: O juiz decreta a falência da Famig hoje 25/04...

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Então, o juiz autoriza o funcionamento da faculdade até dia 13/07, data do encerramento do semestre. Depois de decretada a falência, o credor trabalhista extra concursal continuará dando aula, o ICMS pela prestação de serviço proporcional será devido ao município; teremos o fato gerador praticado depois de decretada a sentença. Ou seja, todos esses créditos posteriores à publicação da sentença podem ser considerados concursais? Não; eles são extra concursais.

Para aqueles créditos anteriores à sentença temos uma regra: antes de começar a pagar os credores concursais ou extra concursais, precisaremos observar a regra das devoluções, que a lei chama de RESTITUIÇÕES. Ou seja, é nada mais, nada menos do que devolver / restituir aqueles bens que foram arrecadados indevidamente.

Ex.: carro do amigo que estava no pátio da empresa que teve falência decretada.

As primeiras providências serão no sentido de fazer as restituições. O que não for bem da empresa deverá ser devolvido.

Como funciona essa restituição? O administrador inventariará tudo, e se você não fizer o pedido de restituição, ele venderá o bem. Se ele vender e você tiver feito o pedido de restituição, receberá o valor do bem em dinheiro.

1.º. Restituir o bem.

2.º. Pagar os créditos previstos no artigo 151 da lei.

Quando a empresa está em estado de crise financeira ou em um período de turbulência econômica, provavelmente ela já deixou de pagar inclusive os salários; e se existir um saldo de salário em favor do empregado, a situação do mesmo será muito grave. Por quê? Porque o empregado depende dele para viver. Se atrasar um, dois ou três salários, o empregado já ficará apertado. Então, o legislador, tentando prestigiar o trabalhador, estabeleceu a seguinte regra: havendo ou tão logo haja disponibilidade em caixa, serão pagas (isso é previsão do art. 151) as verbas de natureza estritamente salariais. O que é verba de natureza salarial?

EX.: a pessoa é contratada para trabalhar na NET.

Para trabalhar na NET ela receberá uma ajuda de custo. Ela chega para trabalhar e o empregador diz: “pelo seu trabalho lhe pagarei uma remuneração de 1.000,00. Porém, para que você possa desenvolver o trabalho alugarei um carro, que poderá ser o seu”.

Obs.: salário é aquilo que você recebe pelo trabalho. É a remuneração, é a contraprestação em favor do trabalho que você presta.

Vale-transporte, auxílio alimentação, tudo que excede pelo trabalho não tem natureza salarial. Chamamos isso de direito de trabalho de que? Indenização. Ou seja, salário é tudo o que é pago pelo trabalho.

Ex.: A Faculdade me contratou; está me pagando a hora/aula.

Convencionalmente chamado de aula base. Só que ela me concede vale-transporte. Isso é remuneração pelo trabalho que estou prestando? Não. Isso serve para que eu possa ir trabalhar. Tudo o que não é pelo trabalho, mas sim para que eu possa desenvolver o trabalho, tem natureza indenizatória. Então, não entra isso aqui no art. 151; apenas o que é de natureza salarial. O que é salário? Comissão, o salário propriamente dito...; o que for fora disso, não entra.

Art. 151: Os créditos trabalhistas, de natureza estritamente salarial... (então, não entram indenizações), vencidos dos três últimos meses que antecedem a sentença até

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o limite de 5 salários mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa.

A ideia aqui é a seguinte: a empresa estava em crise econômico-financeira, caminhando devagar, cheia de problemas, sentença. Se ela tiver atrasado salários, os 03 últimos serão pagos com limite de 05 salários mínimos por trabalhador, tão logo haja disponibilidade de caixa. Por que os 03 últimos meses? Se a ideia é pagar item de natureza alimentar, os 03 últimos meses .... O que se pagará aos credores trabalhistas serão os 03 últimos meses de salário até 05 salários mínimos por trabalhador. Esses valores pagos tão logo haja disponibilidade em caixa, serão descontados daquilo que receberão lá na frente, como credor concursal (art. 83).

Aqui é para garantir o sustento desse trabalhador. Isso cai em prova.

Então, primeira providência: devolução.

Segunda providência: verificar se tem salários atrasados. (se tiver ótimo! Pagaremos, no máximo, os 03 últimos meses até 05 salários mínimos por trabalhador, havendo disponibilidade em caixa).

Como fazer quando o trabalhador tem outras verbas trabalhistas? Os últimos 03 meses foram pagos ao limite de 05 salários mínimos? Sim. Então pegaremos esse “todo” e entraremos na fila de credores concursais, pois os créditos foram constituídos antes. Entrará na fila do art. 83.

Só que antes do art. 83, tem o art. 84 e o art. 151. Então, terei os credores extraconcursais e os concursais. Pela ordem de preferência nós temos o art. 84: “decretada a falência apurarei tudo o que tenho para trás e vou pagar; mas antes de pagar, o que terei pela frente precisará ser garantido”.

Exemplo: Administrador judicial.

Ele trabalharia na falência se fosse incluído da relação de credores concursais? Não, o dele está garantido por fora. Não entra na concorrência com os credores . Terá que ser pago antecipadamente, senão ninguém aceita o cargo.

Então, além dele, outros também são considerados como credores extraconcursais. Art. 84:

1) ADMINISTRADOR JUDICIAL E SEUS AUXILIARES (na mesma classe, ainda temos os créditos derivados da legislação do trabalho, acidente de trabalho, devidos a partir da sentença); opa, quem é esse trabalhador que trabalhou após a sentença? O juiz pode, eventualmente, determinar que a empresa continue a sua atividade. Então, terei o trabalhador que continuará trabalhando. No caso da Famig continuará trabalhando até 13/07. Não lacrou o estabelecimento? Continuou a atividade? Mas teve lá o porteiro que manteve o contrato de trabalho para garantir a segurança dos bens...; todos esses créditos serão pagos antes dos credores concursais do art. 83.

2) QUANTIAS FORNECIDAS À MASSA PELOS CREDORES (qual quantia? Qualquer uma. Eventualmente, os credores poderão fornecer alguma quantia à massa)

Ex.: Contrato que é interessante para empresa manter e gerar maximização dos ativos.

Ex.: decretou-se a falência da Famig. Só que a faculdade está com o pagamento atrasado da luz no valor de 50.000,00, e sem luz não funciona. Então, os credores podem pagar essa conta para que a faculdade funcione até 13/07 e com isso, continuar

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a recebendo as mensalidades, que será muito maior do que 50.000,00. Os credores podem em homenagem a maximização dos ativos, fornecer a quantia máxima.

Esses valores não serão rateados na ordem do art. 83; mas, serão devolvidos na ordem do art. 84.

3) DESPESAS COM A MASSA E CUSTAS DO PROCESSO FALIMENTAR

Ex.: Faliu a Seven Boys. (terei que devolver o imóvel onde está funcionando a fábrica...; eventualmente, terei que contratar: um galpão para guardar os equipamentos, um leiloeiro para vender os equipamentos...;)

Como pagar essas pessoas? Em qual ordem? Do art. 83 ou 84?Do art. 84. Então, as despesas com a massa, de modo geral, inclusive com a realização do ativo são pagas na terceira ordem de preferência do art. 84 e ainda as custas do processo falimentar. (Essa é a terceira ordem de preferência).

4) CUSTAS JUDICIAIS RELATIVAS ÀS AÇÕES E EXECUÇÕES PERDIDAS PELA

MASSA

A massa pode ter várias outras ações Brasil afora. Em todas as ações e execuções que for vencida terá que pagar as despesas processuais. Então, esse pagamento será feito antes mesmo de pagar o trabalhador.

(Essa é a quarta ordem de preferência do art. 84). (nem cheguei no art. 83 para pagar o grosso daquilo que é devido aos trabalhadores, e já estou pagando custas processuais de ações e execuções, ou seja, o Estado entra mais uma vez, antes do próprio trabalhador).

5) TODOS OS ATOS JURÍDICOS VÁLIDOS PRATICADOS DURANTE A RECUPERAÇÃO JUDICIAL OU DURANTE A FALÊNCIA OU SEUS TRIBUTOS RESPECTIVOS

Exemplo: A Famig antes de pedir falência, pediu sua recuperação...

Uma série de atos jurídicos foram montados: compra e venda, prestação de serviços...; esses atos jurídicos são válidos? São válidos. Decretou-se a falência. O juiz determinou a continuidade da Famig até o dia 13/07. Ela continuou prestando serviços. Tem atos jurídicos válidos aí? Sim. A prestação de serviço de ensino? Sim. Todos os valores devidos a esse título, ou seja, devidos a partir de atos jurídicos válidos ou de tributos havidos após a decretação da falência, serão pagos na 5ª ordem de preferência.

Encerramos o art. 84 e vamos para o art. 82.

O estado recebe, na oportunidade, tanto quanto em custas judiciais de despesa do processo; recebe agora os tributos que são devidos a partir do momento em que se decreta a falência; e só agora vem o trabalhador. Ou seja, teremos que superar o art. 84 inteiro para chegar aos credores concursais.

Detalhe: houve uma ação direta de inconstitucionalidade contra esse inciso I, do art. 83. (estamos falando agora dos CREDORES CONCURSAIS DE MODO GERAL).

Todos aqueles que foram constituídos antes da sentença. Credor trabalhista prestigiado receberá na 1ª posição; seja o credor que tenha créditos trabalhistas, propriamente ditos, ou aqueles que se acidentaram no trabalho.

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Só que existe uma distinção marcante entre eles.

1.º. O CREDOR TRABALHISTA (a Famig faliu. Tem os créditos trabalhistas totalizando 1.000.000,00, receberá na 1ª ordem até 150 salários mínimos).

O acidentado no trabalho Indenização fixada pela Justiça do Trabalho = R$ 1.000.000,00. Receberá o um milhão dele na primeira classe. (e eu receberei somente 150 salários mínimos aqui, o restante...).

Qual foi a lógica criada aqui? Proteção. Ou seja, não há limitação para aquele que se acidenta no trabalho.

Houve uma ação direta de inconstitucionalidade contra a limitação de 150 salários mínimos. É curioso o seguinte: quando o projeto de lei estava na câmara do senado, não teve um sindicato que apontasse o dedo mostrando que aquilo não poderia ser feito. E eles foram chamados para discussão.

Depois que a lei foi sancionada, o PDT ajuizou uma ação direta de inconstitucionalidade. A ação foi julgada e o juiz disse que a limitação era constitucional; que não havia visto formal ou material de inconstitucionalidade. Esses são os créditos trabalhistas da 1ª classe.

2.º. CREDORES TITULARES DE CRÉDITO COM GARANTIA REAL

Quais são os credores titulares de crédito com garantia real no Brasil? Os bancos. Eles não só emprestam dinheiro; mas emprestam muito mais quando há garantia real.

Exemplo: A Famig precisa pegar um empréstimo no Banco. O prédio é a garantia real.

Credor legal com garantia real leia-se: Banco. E o mais grave: na lei anterior esta ordem era inversa. No segundo lugar vinha O FISCO. Eram credores trabalhistas fisco, na sequência. Agora é o contrário: o fisco vem em terceiro lugar. Isso mudou por causa da pressão dos próprios bancos interessados em receber seus valores da falência.

O que eles fizeram? Pressionaram o congresso dizendo que se a ordem de preferência fosse alterada, eles (os bancos) baixariam as taxas de juros. Porque os juros são altos no Brasil? Porque os bancos emprestam dinheiro, o povo quebra e não paga. Então, eles colocam as taxas de juros mais altas, inclusive para compensar as perdas em falências que têm. Entretanto, se passarmos à 2ª posição e começarmos a receber as taxas de juros no Brasil cairão. Isso se chama descrédito bancário.

O que aconteceu? Veio a nova lei alterando a ordem de preferência e os juros nunca foram tão altos! Ou seja, o estado deixa de receber na segunda posição (passa para a terceira), e os bancos estão felizes e satisfeitos. Se hoje você for pedir uma recuperação judicial, provavelmente o banco impedirá a sua recuperação. Os bancos travam a sua recuperação judicial.

3.º. CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS (Independentemente da sua natureza e tempo de constituição).

Temos no Direito um instituto chamado PRESCRIÇÃO. E a prescrição tributária, a rigor, é de 05 anos. Só que a lei ...; ou seja, eu posso incluir a terceira ordem de preferência – tributos – constituídos há mais de 05 anos? Mas o que a lei está falando? Créditos tributários, independentemente da natureza e tempo de constituição. Aí que a

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Fazenda tenta cobrar inclusive aqueles que já estão prescritos. Não há um posicionamento claro dos nossos tribunais em relação a isso não.

As multas não entram aqui na ordem de preferência. Elas descem para o inciso VII.

Na sequência nós temos os outros incisos; os dois próximos incisos nós não temos na prática; inexistem. Quais são? Créditos com privilégios especiais e créditos com privilégio geral. O que são créditos com privilégio geral especial? Estão lá no Código Civil. São especiais.

Exemplo: créditos com privilégio especial. (você está na praia, vê uma embarcação naufragando e a salva). Se você tiver feito alguma despesa para salvar essa embarcação, (essa despesa) terá privilégio especial. E se essa embarcação for de alguma empresa que faliu você terá privilégio especial. (art. 83, incisos IV e V).

Despesas com funeral (se, eventualmente, houve um credor da sociedade empresária gastou com o funeral de alguém vinculado à sociedade empresária, terá um crédito especial).

Detalhe: e o advogado? Temos duas situações: o advogado que é contratado, que é empregado como advogado - é um credor trabalhista.

E o advogado que não é contratado como empregado? Aquele que recebe como autônomo? Existe entendimento jurisprudencial dizendo que mesmo na condição e autônomo, o crédito advogado tem natureza trabalhista. Por quê? Porque muitos dirão que é um crédito pirografado, porque decorre de um contrato. Contrato de honorários. Decorre daquela ideia que os honorários do advogado têm natureza falimentar.

INCISO VI – CRÉDITO HILOGRAFADO – é aquele crédito que não tem nenhum tipo de garantia; nenhum tipo de privilégio.

Se você não tem garantia nenhuma ou privilégio algum é crédito hilografado.

Exemplos: se você tem um cheque nas mãos – crédito hilografado.

Nota promissória – crédito hilografado.

A CEMIG fornece energia elétrica para Famig – crédito hilografado.

INCISO VII – MULTAS CONTRATUAIS, ADMINISTRATIVAS E TRIBUTÁRIAS.

Eu disse que na terceira posição está o Fisco com os créditos tributários, sem multa. Onde você recebe a multa fisco? No Inciso VII, se sobrar, além das multas contratuais e administrativas.

Multa contratual: (quando tinha material de limpeza da Famig, eventualmente o contrato foi quebrado, houve uma multa). A multa será crédito hilografado ou um crédito do inciso VII? Crédito do inciso VII.

Multa administrativa: (a Famig tinha um engenho de publicidade aqui no telhado. Não pode ter mais em Belo Horizonte. Veio a autoridade municipal e lavrou o auto de infração: multa administrativa.) Onde o município receberá essa multa? No inciso VII.

Qualquer tipo de multa? Sim, qualquer tipo de multa; sejam elas contratuais, administrativas ou tributárias.

INCISO VIII - CRÉDITOS SUBORDINADOS (que não existem).

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a) ... previstos em lei ou no contrato;

b) Os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício. (o que quer dizer isso aqui? Pagou todo mundo; sobrou dinheiro, devolve para quem? Devolve para os sócios. Porque o sócio é o último a receber? ....???? .... o sócio pode ser também empregado; não há problema algum. É muito comum esse tipo de manobra.

Porque é comum sobrar dinheiro? Porque a falência tem uma natureza estritamente jurídica e não econômica.

Ex.: eu peço a falência da Famig; hoje ela está com dinheiro em caixa e tudo. Só que o advogado perdeu o prazo para fazer a contestação.

Se não contestar, quais serão as penas? Revelia. Ou seja, vai decretar falência? Sim. Vai pagar todos os devedores? Sim. Vai sobrar dinheiro? Sim.

Vocês se lembram da sociedade empresária discoteca? Essa discoteca teve sua falência decretada. Eram 03 cheques de 7.000,00 da época. Só de saldo em conta ela tinha 300.000,00. Então, a juíza da 1ª vara empresarial da época, decretou a falência dessa sociedade; por quê? Perdeu o prazo. Vencido o prazo para recurso (apelação), foi nomeado novo advogado. Interpôs novo recurso. Perdeu o prazo dele. Interpôs assim mesmo... Foram alinhavados todos os trabalhadores que prestavam serviços para esta sociedade, todas as contas quitadas mais o saldo em caixa. Recurso apresentado ao Tribunal de Justiça para efeito de sustentação oral...; o tribunal cassou a decisão de 1ª instância negando provimento ao recurso para que a empresa voltasse a funcionar. Extinguiu a decisão.

Princípio com a regra – depois de vencido o prazo, inclusive, recursal...; o que houve foi um erro do advogado da 1ª instância.

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AULA DO DIA 30-04-2015 – TRIBUTÁRIO – LEI 6.830 - CTN

LEI 6830, do CTN.

Artigo 5º: A competência para processar e julgar a execução da Dívida Ativa da Fazenda Pública exclui a de qualquer outro Juízo, inclusive o da falência, da concordata, da liquidação, da insolvência ou do inventário.

O que é importante observarmos neste artigo? Que a competência para julgar execução fiscal sempre será um cumprimento da Fazenda e exclui qualquer outro.

Como ocorre a competência de juízo? Temos aqui 03 tipos de execução fiscal:

1. A que pode ser proposta pelo município;2. A que pode ser proposta pelo estado; e,3. A que pode ser proposta pela União.

Se a comarca for de Belo Horizonte, a mesma tem a vara da Fazenda Pública Municipal, Estadual e a Justiça Federal com as varas federais. Logo e consequentemente, se tivermos uma demanda do Município cairá nessa vara, do Estado nessa e da União nesta vara.

Exemplos:

Mas se você cai em uma Comarca que só tem vara da Fazenda Pública Municipal e Estadual, como era Contagem há um tempo e tem uma execução fiscal judicial...; em qual vara será distribuída essa execução fiscal? Vara Estadual. Por quê? É a mais próxima.

Você vai discutir uma ação anulatória de débito fiscal – um débito que tenha discussão se é de competência do Estado ou do Município...; em qual vara será discutida? Se tiver as duas, você discutirá na Estadual.

Você vai discutir um débito do estado, mas não sabe se o mesmo é de competência do estado ou da União e tem tanto de justiça estadual quanto federal; onde você proporá a ação? Na Justiça Federal. Sempre na que for hierarquicamente superior. (muito cuidado com isso).

Você foi para uma Comarca... E, nesta Comarca, só existe uma vara cível; não existe mais nenhuma outra vara, nenhuma outra justiça especializada. E terá que discutir uma ação da justiça federal. Onde você irá distribuir? Nesta vara única cível. Por quê? Porque quando você tem uma Comarca e a mesma não tem a justiça especializada, a justiça existente nessa Comarca – que é a justiça comum -, absorverá todo tipo de processo.

Atenção aqui:

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Você está em Itamarandiba; a mesma fica perto de Diamantina e possui uma única vara cível. E você tem uma ação fiscal lá na vara única de Itamarandiba. Nessa vara única, teremos que pensar que é uma justiça comum; e o juiz que lá está tem competência e julgará essa ação de execução fiscal. Então, você entra com um recurso, uma apelação nessa execução fiscal. A quem será dirigida essa apelação? Ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

O grande problema para o qual chamo a atenção aqui é o seguinte: aqui, em primeira instância a Justiça Comum é a responsável; sempre quando você recorre não existe a instância superior competente? No caso, ou seja, por mais que o processo em primeira instância estivesse na justiça comum, ao recorrer, você recorre para sua justiça especializada. Muita gente, por equívoco, (e é um absurdo) faz o recurso, e, como o mesmo se encontra na vara única, faz o recurso para o Tribunal de Minas Gerais. E aí o recurso não é nem conhecido.

Na verdade é o seguinte:

Você vai para sua justiça especializada. Se a execução fiscal aqui for federal e teve uma sentença de primeiro grau na justiça comum e você apelará, então ela deverá ser direcionada ao Tribunal Regional Federal e não ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Porque a competência é do Tribunal Regional Federal.

Se fosse uma execução Municipal ou Estadual, aí sim, você recorreria para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

ISSO CAI EM PROVA DEMAIS.

A execução fiscal pode ser tanto do município, do estado ou da União. Se ela for da União, o certo seria Justiça Federal em 1ª instância julgada.

Se você vai a uma comarca que não tem justiça federal e possui vara única; quem julgará será a Vara Única, ou seja, a justiça comum. Só que o juiz de 1ª instância (justiça comum) está julgando um caso de competência da União, porque naquele local não tem vara especializada. A partir do momento que você recorre, não vai para a 2ª instância? Sim. Qual será a sua 2ª instância? Tribunal de Justiça de Minas Gerais ou Tribunal Regional Federal? Tribunal Regional Federal.

Agora, você está em BH. E se você discute matéria do município e do estado – a vara é fiscal e justiça estadual. A competência será estadual.

O que é preciso entender é que matéria municipal e estadual, quem resolve é a própria competência de justiça do estado.

Se for execução do município ou do estado, você recorrerá ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais – TJMG.

Se for matéria de justiça federal, ou seja, execução fiscal da União, você recorrerá ao Tribunal Regional Federal.

A hierarquia de recurso que precisamos entender é a seguinte: você está discutindo na justiça comum um débito do município ou do estado – uma execução fiscal municipal ou estadual -, terá que ir a 1ª instância e depois, independente de ter juízo especializado ou não, se perder, deverá recorrer ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais. E se perder novamente, deverá recorrer ao STJ e STF.

Se você está discutindo um débito da União – terá a 1ª instância que será: Justiça Federal de 1ª Instância; ou Juízo Comum, se a comarca não tiver Justiça Federal. Se você perder, deverá recorrer ao Tribunal Regional Federal.

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Só que, em Minas Gerais, nós temos:

a) O Tribunal de Justiça de Minas, que é a 2ª Instância da justiça Comum; (só que em MG o nosso Tribunal de 2ª Instância de Processos da União não fica em Minas Gerais. Não existe, até hoje aqui. Então, o nosso Tribunal de 2ª Instância para Processos Judiciais que tratam de questões de execução fiscal federal fica em Brasília . Por isso não visualizamos isso com clareza).

Então, quando a execução fiscal é de matéria da União, a gente recorre sempre para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que fica em Brasília.

Se perdermos a execução lá, poderemos propor recurso especial ou recurso extraordinário.

Sua dificuldade é por quê? Porque infelizmente não temos um tribunal regional federal aqui, em Minas Gerais.

Duas situações:

1.º. Se o seu recurso for apelação,...... apresentada nos próprios autos o juiz de 1ª instância fará...., e remeterá o processo. Qual será o problema quando está numa vara única? O certo é você analisar as custas de porte remessa e retorno da Justiça Federal. Porque o processo será remetido para a Justiça Federal. Mas o recurso será apresentado perante a 1ª instância que fará o juízo de...... e enviará.

2.º. Você fará um agravo de instrumento ao Tribunal Regional Federal. Esse agravo de instrumento deverá ser distribuído aqui na Justiça Federal – que possui um protocolo descentralizado que é o protocolo de Brasília. Aí eles remetem pra lá.

Não tenham nenhuma vergonha de perguntar isso (custas, como que faz ou não). Isso se chama pró-atividade. Chegou a um lugar para ser atendido e não sabe, pergunte.

Art. 6º: A petição inicial indicará apenas:

I. O Juiz a quem é dirigida;

II. O pedido; e,

III. O requerimento para a citação.

Ou seja, a petição inicial é justamente o documento que passei para vocês, muito simples. Tem apenas juiz, pedido e requerimento para citação.

§ 1º: A petição inicial será instruída com a Certidão da Dívida Ativa, que dela fará parte integrante, como se estivesse transcrita. (então, toda petição inicial de execução fiscal tem a certidão de dívida ativa).

§ 2º: A petição inicial e a Certidão de Dívida Ativa poderão constituir um único documento, preparado inclusive por processo eletrônico.

§ 3º: A produção de provas pela Fazenda Pública independe de requerimento na petição inicial. (porque a produção de provas na execução independe do pedido da Fazenda pública; não é do seu pedido contribuinte, não. Porque muita gente faz ou ação anulatória, ou embargos à execução fiscal e se esquecem de colocar lá no finalzinho o seguinte: “... pretende provar e alegar por todos os meios de provas existentes”. Você tem que fazer isso? Tem. Quem não tem que fazer é a Fazenda Pública. E porque independe disso? Porque nós já vimos que a execução fiscal já tem a presunção de liquidez e

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validade. E quem tem que emitir provar em contrário e o ônus da prova é de quem? Seu contribuinte).

Nos embargos a execução fiscal você tem que pedir produção de provas e a não apresentação do processo tributário e administrativo. Aí, pedimos para juntarem na integralidade.

§ 4º: O valor da causa será o da dívida constante da certidão, com os encargos legais. (você terá que apresentar tudo devidamente atualizado).

Sobre honorários advocatícios:

Art. 20, do CPC: A sentença condenará o vencido a pagar ao vencedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Esta verba honorária será devida, também, nos casos em que o advogado funcionar em causa própria.

§ 1º: O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, condenará nas despesas o vencido.

§ 2º: As despesas abrangem não só as custas dos atos do processo, como também a indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico.

§ 3º: Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos:

a) O grau de zelo do profissional;

b) O lugar de prestação do serviço;

c) A natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

§ 4º Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação equitativa do juiz, atendidas as normas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior.

§ 5º: Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o valor da condenação será a soma das prestações vencidas com o capital necessário a produzir a renda correspondente às prestações vincendas (art. 602), podendo estas ser pagas, também mensalmente, na forma do § 2o do referido art. 602, inclusive em consignação na folha de pagamentos do devedor.

Quando discutimos alguma ação judicial, seja ela de qualquer caráter, a gente ganha ou perde também. Temos lá os honorários sucubenciais devidos ao advogado da parte vencedora que varia de 10 a 20%, de acordo com o grau de trabalho e a condição do processo.

O parágrafo 4º diz o seguinte: “... nas ações que versarem contra a Fazenda Pública ou a Fazenda for parte, o juiz irá apreciar e fixar os honorários de forma equitativa, de acordo com o trabalho despendido”. O que isso quer dizer? Que os honorários fixados em processos contra a Fazenda Pública aqui nunca serão fixados de 10 a 20%, e sim, de acordo com o que o juiz entender.

Logo, todas as condenações, quando a gente ganha um processo contra a Fazenda , os honorários são abaixo de 10%.

Se você ganha uma ação fiscal do seu cliente de 500.000,00, o juiz condena a fazenda te pagar 3.000,00. E mesmo assim, você ganha e fica 2 -3 anos esperando receber esse dinheiro.

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E, em contrapartida o seguinte: na execução fiscal a fazenda distribuiu uma execução de 100.000,00 – o juiz determina que você pague com aplicação de honorários advocatícios de 10 a 20%.

Para você ganhar uma ação de erro médico, ele tem que ser muito gritante; se não for, você não ganha. Tem que ser, porque você trabalha com causas imprevisíveis. Não é só porque existe um corporativismo não. Mas é porque se trabalha com coisas imprevisíveis.

O Conselho Regional de Medicina ainda é corporativista. Não se vê um médico falando mal de outro médico; só se for algo muito gritante.

Art. 7º: O despacho do Juiz que deferir a inicial importa em ordem para:

I. Citação, pelas sucessivas modalidades previstas no art. 8º;

II. Penhora se não for paga a dívida, nem garantida a execução, por meio de depósito, fiança ou seguro garantia; (Inciso com redação dada pela Lei nº 13.043, de 13/11/2014);

III. Arresto, se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar;

IV. Registro da penhora ou do arresto, independentemente do pagamento de custas ou outras despesas, observado o disposto no art. 14; e

V. Avaliação dos bens penhorados ou arrestados.

Ou seja, o juiz determinará seja citado para você pagar em 05 dias. Se você não pagar, penhorar; depois arrestar os bens e avaliá-los.

Geralmente, o despacho não sai de forma completa. Então, são atos sucessivos que são feitos.

Art. 8º: O executado será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar a dívida com os juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou garantir a execução, observadas as seguintes normas:

I. A citação será feita pelo correio, com aviso de recepção, se a Fazenda Pública não a requerer por outra forma;

II. A citação pelo correio considera-se feita na data da entrega da carta no endereço do executado, ou, se a data for omitida, no aviso de recepção, 10 (dez) dias após a entrega da carta à agência postal;

III. Se o aviso de recepção não retornar no prazo de 15 (quinze) dias da entrega da carta à agência postal, a citação será feita por Oficial de Justiça ou por edital;

IV. O edital de citação será afixado na sede do Juízo, publicado uma só vez no órgão oficial, gratuitamente, como expediente judiciário, com o prazo de 30 (trinta) dias, e conterá, apenas, a indicação da exequente, o nome do devedor e dos corresponsáveis, a quantia devida, a natureza da dívida, a data e o número da inscrição no Registro da Dívida Ativa, o prazo e o endereço da sede do Juízo.

§ 1º: O executado ausente do País será citado por edital, com prazo de 60 (sessenta) dias.

§ 2º: O despacho do Juiz, que ordenar a citação, interrompe a prescrição.

(Na citação de execução fiscal 99,9% é feita por Oficial de Justiça. Porque o Oficial já pega o mandato, leva para você pagar em 05 dias. Se você não paga em 05 dias, ele volta e faz a penhora).

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Art. 9º: Em garantia da execução, pelo valor da dívida, juros e multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, o executado poderá: (ou seja, você só faz embargos à execução fiscal depois de garantir a dívida executada. Sem garantir, você não faz. Que é a diferente da exceção de pré-executividade entre os embargos).

Duas situações:

Nós veremos que na execução fiscal você só apresenta defesa depois de garantir a dívida executada.

Ou seja, tem uma dívida inicial de 10.000,00 com juros e multa. Você foi citado para pagar ou apresentar bens a penhora e discutir em juízo.

1.º. Você não tem dinheiro pra isso. Não consegue pagar, não tem bens, não tem nada. Como é que você vai fazer? E você recebe aquela execução fiscal e tem a certeza absoluta que não é responsável por aquele pagamento ou ela está prescrita. Se não tem dinheiro para garantir e embargar como é que vai fazer? Existe um instrumento que não está disposto no CPC, mas está disposto na doutrina que se chama exceção de pré-executividade. Como é que se faz esse instrumento de exceção de pré-executividade? Você vai discutir a exceção de pré-executividade não vai demandar de dilação probatória. O que é dilação probatória? Produção de provas; ou seja, você só pode discutir na exceção de pré-executividade questões de ordem pública. O que pode ser reconhecido, de ofício, pelo próprio juiz.

(Como assim? A exceção de pré-executividade é um instrumento, uma peça normal que você terá que peticionar na própria ação de execução fiscal, onde se alegará que o executado não é responsável por aquele crédito executivo ou aquele crédito está prescrito. Então você discutirá na exceção de pré-executividade: prescrição, decadência e ilegitimidade ou não responsabilidade pelo crédito tributário).

(Como assim? Se for prescrito ou decaído bastará fazer as contas e apresentar na peça. Se for parte ilegítima ou não responsável, bastará juntar os documentos da empresa, mostrando que naquela época da constituição – o fato gerador -, ou você não era sócio da empresa ou pode até ser sócio da empresa, mas seria apenas sócio cotista. Ou seja, teria 1% da empresa e também não seria gestor e administrador da mesma. Você poderá alegar isso, porque são questões que facilmente o próprio juiz analisará aquela documentação. Sempre quando você peticiona, o juízo abre vista para a Fazenda, ela se manifestará e o juiz decidirá. A exceção de pré-executividade é só para execução fiscal ou é qualquer tipo de execução? Na questão cível, eu nunca vi e não precisa. Por quê? Porque na execução cível você pode fazer embargos à execução, independente de garantia).

(Agora, na justiça trabalhista eu já vi e o juiz aceita. Mesmo porque a Justiça do Trabalho depois da emenda constitucional 45/2004, faz execução fiscal de multas trabalhistas. Ou seja, antes até 2004, todos estes processos estavam na Justiça Federal. Depois da emenda constitucional 45 voltou tudo para a justiça do trabalho, infelizmente).

(quando você recorre para a 2ª instância via apelação, o que acontece? A apelação é proposta em 1ª instância, o juiz faz a admissibilidade e remete todos os autos para a 2ª instância. Na primeira situação é apelação, por quê? O juiz resolveu tudo e disse que a Fazenda não tem direito. E o único jeito da Fazenda ter direito é a instância superior falar isso; porque se ficar tudo na inferior, já resolveu).

(quando você tem uma decisão parcial na exceção de pré-executividade e, parte da execução ainda é válida, o correto é fazer o agravo de instrumento, porque o agravo para a 2ª instância dirá que o juiz de 1ª instância considerou ou não considerou a questão. Essa é a diferença fundamental. Como é que você faz o agravo? Tira cópia das peças principais, instrui em um recurso, um processo autônomo e distribui na 2ª instância. É diferente da apelação. Na apelação, o recurso é no mesmo auto, você protocoliza e o distribui direto na 2ª instância. Porque disso? Porque a execução vai continuar).

(aí você perdeu 100% da sua exceção de pré-executividade. Qual é o recurso que poderá ser feito? Agravo ou apelação? Agravo. Porque agravo? Por causa do que acabei de explicar; se você fizer apelação e ela fosse admitida, seria ótimo; o processo iria para a 2ª instância e eles parariam de te executar e procurar seus bens. Então, o recurso cabível é agravo, que não suspenderá o prosseguimento da execução fiscal. Nesta situação, o juiz não fez uma

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admissibilidade definitiva porque o crédito vai continuar. Ela só dirá o seguinte: “... sua peça de exceção não tem razão; não procede”. E seria tido como uma decisão interlocutória, porque o juiz dará prosseguimento na execução fiscal).

(Se você fosse um executado e não tivesse condições nenhuma de pagar uma execução fiscal, a primeira coisa que eu faria como seu advogado seria uma exceção de pré-executividade; o juiz negará; e eu irei até lá. Apelando, o que acontecerá com os autos de execução? Irão para a 2ª instância. Logo, a execução parará de correr contra você e haverá um tempo para resolver a situação. Mas, se perdeu na totalidade, o processo continuará correndo normalmente. Por isso que é uma peça normal dentro do processo de execução. E aí tem que fazer o que? Agravo de instrumento. Aí, tem que tirar cópia das peças principais e pedir à 2ª instância para revogar a decisão).

Lembrar sempre dos prazos: agravo = 10 dias e apelação = 15 dias.

Isso é complicado; cai em prova e já tive processo onde o procurador da Fazenda fez apelação ao invés de fazer agravo.

I. Efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento oficial de crédito, que assegure atualização monetária;

II. Oferecer fiança bancária ou seguro garantia;

III. Nomear bens à penhora, observada a ordem do art. 11; ou

IV. Indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda Pública.

§ 1º: O executado só poderá indicar e o terceiro oferecer bem imóvel à penhora com o consentimento expresso do respectivo cônjuge

§ 2º: Juntar-se-á aos autos a prova do depósito, da fiança bancária, do seguro garantia ou da penhora dos bens do executado ou de terceiros.

§ 3º: A garantia da execução, por meio de depósito em dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia, produz os mesmos efeitos da penhora.

§ 4º: Somente o depósito em dinheiro, na forma do artigo 32, faz cessar a responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora.

§ 5º: A fiança bancária prevista no inciso II obedecerá às condições preestabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.

§ 6º: O executado poderá pagar parcela da dívida, que julgar incontroversa, e garantir a execução do saldo devedor.

AULA DO DIA 05-05-2015 –TRIBUTÁRIO – EXECUÇÃO FISCAL (cont...)

A nossa VA-4: estava marcada para o dia 21; foi prorrogada para o dia 26/05 e será uma palestra que acontecerá na FAMIG com um conselheiro do Conselho de Contribuintes Federal. A mesma acontecerá no mesmo horário de aula.

No dia da palestra:

Não precisarão fazer relatório da palestra, mas terão que trazer o relatório do conselho do contribuinte e me entregar no dia;

Serão pontuadas tanto a presença na palestra quanto no relatório.

CAI EM PROVA:

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Lei 6.830 – art. 9º:

Art. 9º: Em garantia da isenção pelo valor da dívida, juros e multa de mora, em casos indicados em certidão de dívida ativa, o executado poderá:

I. Efetuar depósito em dinheiro, a ordem do juízo, em estabelecimento oficial de crédito, que assegure atualização monetária;

Para embargar a execução terá que, necessariamente, garantir a execução fiscal. Então, a primeira coisa que se poderá garantir será efetuar o depósito da quantia executada, em dinheiro.

O interessante que ele fala é o seguinte: “... a ordem do juízo que assegure atualização monetária”.

Ex.: Suponhamos que a fazenda pública distribua uma execução fiscal em out/2014. Nessa execução fiscal o valor inicial é 4.000,00, mais atualização de 500,00 e mais multa de 400,00. Teremos aí o valor de 4.900,00, atualizado em outubro de 2014, que foi a data em que foi distribuída a execução fiscal. Ela foi citada em maio/2015. Vocês irão garantir o valor de 4.900,00? Não, porque o inciso I do art. 9 fala “garantido a sua atualização monetária”. Teremos que pegar a certidão de dívida ativa e atualizar esse valor. Provavelmente esses 4.900,00 irão para 5.500,00. Se formos garantir o juízo em dinheiro ou oferecer qualquer bem à penhora teremos que considerar o valor atualizado.

Como é que fazemos para atualizar? Aprendemos que na própria certidão de dívida ativa vem mostrando - que a toda fundamentação legal, e isso é requisito essencial -, como é feita a atualização monetária.

Então, teremos condições de fazer a atualização monetária até a data da garantia do juízo . E, se formos efetuar o depósito em dinheiro, precisaremos atualizar o valor e efetuá-lo em juízo. Ou seja, na execução fiscal teremos que garantir antes, para depois embargar.

II. Se você não garantir em dinheiro, poderá oferecer fiança bancária (é pouco usual; a fiança bancária restringe seu crédito e não é muito utilizada pelas empresas. Quando a empresa tem disponibilidade financeira ela prefere depositar em espécie).

Por que depositar em espécie? Porque quando deposita em espécie, aquele valor depositado fica rendendo e se você perder os embargos da execução fiscal no final da ação, não terá que pegar esta CDA e recalculá-la para ver se o valor depositado em juízo rendeu atualizado ou não.

A partir do momento que o valor da CDA é depositado devidamente atualizado e você perde os embargos da execução fiscal, o juiz determinará o seguinte: “... converta-se o depósito judicial em renda para a fazenda pública”; e, consequentemente, baixará a CDA do sistema.

Essa é a única diferença e ressalva que tem. Por quê? Uma vez que você depositou em espécie aquele valor atualizado, o mesmo ficará rendendo todo mês e, na eventualidade de se perder a execução fiscal, ele será convertido em renda para a Fazenda e não terá que atualizar o valor da CDA porque o mesmo estará garantido em juízo.

Se você ganhar o que acontecerá? Será baixada a CDA e sacar-se-á por meio de um alvará o valor devidamente atualizado.

Isso é tão somente com depósito em dinheiro.

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Importante:

Qualquer processo judicial tributário que você vá fazer ou discutir, se a sua empresa tem uma saúde financeira adequada, sempre recomende à mesma a depositar em juízo este valor que está sendo discutido. Por quê? Porque se a empresa deposita isso em juízo e ganha, lá na frente ela receberá esse dinheiro com atualização monetária do depósito judicial.

Se a empresa não deposita em dinheiro e consegue uma tutela ou uma liminar ou o que seja, e, lá na frente perde o processo judicial, terá que pagar tudo aquilo que deixou de pagar por força da tutela ou liminar com multa, juros e correção monetária. Ou seja, é um grande risco. Eu conheço empresas que tinham boa saúde financeira adequada e, por questões de direito tributário, foram impetrando, impetrando mandado de segurança, algumas ações tributárias para discutir algumas questões, não depositaram em juízo e depois tiveram a reversão de uma tutela e, nessa reversão de tutela, sucumbiu com essa situação.

Existem inúmeras empresas e, inclusive escritórios de advocacia, onde aconteceu demais isso. No escritório de advocacia discutia-se a incidência ou não do PIS / COFINS sobre serviços advocatícios judicialmente, e não depositado em juízo. Veio o STJ e disse que tínhamos razão e depois que não tínhamos razão. Com isso, muitos deixaram de depositar anos e anos depois tiveram que pagar tudo com juros e correção.

Ao mesmo tempo, existem coisas bacanas também. Vocês se lembram que ano passado tivemos o refiz da crise? Que o mesmo foi publicado 03 vezes o ano passado? O REFIZ DA CRISE foram as 03 formas de parcelamento especial feitos pelo governo federal, que foi publicado no início do ano passado, um pouquinho na época da copa e no final do ano: novembro e dezembro.

Onde, quem tinha débito com o governo federal se pagasse à vista teria quase 100% de desconto na multa e juros. Ou seja, pagava-se tão somente o valor principal.

Ex.: eu tenho dois clientes que têm ações onde discutimos débitos desde 1997 e 98 até hoje. E esses débitos que discutimos estão depositados em juízo. Isso aí deu quase 20 anos. Imaginem 20 anos de rendimento desse valor. Um débito era de 35.000,00 e o outro 55.000,00.

O que nós fizemos? O processo já estava no STJ aguardando julgamento e sobre stato uma decisão do STF, e a possibilidade de êxito era mínima . Ou seja, a grande chance era perdermos e aquele depósito judicial que tínhamos feito em 1997 – 1998 ser convertido em renda. Então, fomos a uma agência bancária, pegamos o comprovante de depósito judicial atualizado e vimos que estava em 200.000,00. Percebemos que se aderíssemos ao refinanciamento especial, o débito de 35.000,00 daria cinquenta e poucos mil.

O que foi feito? Aderimos ao REFIZ, pagamos o débito com desconto, multa e juros, nós desistimos da ação e estamos pedindo o levantamento do alvará judicial atualizado. Ou seja, ao invés de perder 200.000,00 atualizados, preferimos perder 50.000,00. Então, são coisas que vamos pegando e só existe possibilidade de fazermos isso se garantirmos o valor em espécie.

Agora, se a empresa não dispõe de condições financeiras de depositar, que é o normal, tem que oferecer algum bem.

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III. Nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11, ou seja: nomeamos bens a penhora observado o seguinte:

O art. 11 diz o seguinte: “a penhora ou arresto de bens obedecerá a seguinte ordem”; ou seja, tanto você para preservar bens quanto a Fazenda para tentar penhorar seus bens -, o que ela fará?

I. Tentar pegar dinheiro; (então a primeira coisa que a Fazenda fará será o “bacen judi” que pedirá ao juiz para fazer);

II. Título da dívida pública (tem como título de crédito que tenha cotação em bolsa);

III. Pedras e metais preciosos;

IV. Imóveis;

V. Navios e aeronaves;

VI. Veículos;

VII. Móveis ou semoventes;

VIII. Direitos e ações.

O que isso quer dizer? É claro que essa ordem é bem tranquila de entender porque veremos, ao passar dessa ordem, serão bem que depreciam mais rápido. Por isso que móveis, semoventes e veículos estão depois de imóveis. Por quê? Porque o imóvel deprecia menos do que um veículo.

Ex.: Uma execução fiscal.

Se você oferece hoje um carro que vale 20.000,00, a execução fiscal durará, no mínimo, 05 anos. Daqui a 5 anos esse carro continuará valendo 20.000,00? Claro que não. Ele valerá 10.000,00 e a execução 30.000,00 / 40.000,00.

IV. Do art. 9 – Indicar a penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela fazenda pública.

Ex.: Suponhamos que você não tem nenhum bem e precisa embargar aquela execução fiscal e seu filho diz: “pai, eu tenho um bem. Ofereça esse bem à penhora e vamos resolver isso e embarga essa execução fiscal”.

O filho fará um documento, lavrará e registrará e o pai apresentará esse bem à penhora. Ou seja, você pode utilizar bens de terceiros a penhora desde que o terceiro seja anuente deste oferecimento. E, se for casado, deverá constar, também, a anuência do cônjuge.

É apenas uma anuência; você está dando um bem a garantia que não é seu e o proprietário daquele bem está concordando com o oferecimento em garantia daquele bem.

O bem ainda continua em nome do proprietário; tanto é que se você perder os embargos e a execução for prosseguir, a Fazenda Pública terá pedir a notificação do anuente, ou seja, do proprietário do bem, antes de levar a penhora, fazer aresto ou qualquer outro ato.

§ 1º do art. 9º: o executado só poderá indicar e o terceiro oferecer bem imóvel à penhora com o consentimento expresso do respectivo cônjuge.

§ 2º do art. 9º: juntar-se-á os autos a prova do depósito, da fiança bancária ou da penhora dos bens do executado ou de terceiros. Ou seja, você tem que comprar no processo.

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§ 3º do art. 9º: a garantia da execução por meio de depósito em dinheiro ou fiança bancária produz os mesmos efeitos da penhora.

§ 4º do art. 9º: somente o depósito em dinheiro na forma do art. 32 faz cessar a responsabilidade pela atualização monetária e juros de mora.

Então, está lá no § 4º: somente essa garantia - depósito em dinheiro – que faz cessar / parar a atualização monetária e juros de mora.

§ 5º do art. 9º: a fiança bancária prevista no inciso II obedecerá as condições pré-estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional.

§ 6º do art. 9º: o executado poderá pagar parcela da dívida que julgar incontroversa e garantir a execução do saldo devedor.

Ex.: fui executado em 4.900,00. Entendo que metade disso não tem jeito de discutir. Posso pagar e depositar a diferença? Posso. Não tem problema algum.

Art. 10: Não correndo o pagamento nem a garantia da execução que trata o art. 9º, a penhora poderá recair em qualquer bem do executado, exceto os que a lei declare absolutamente impenhoráveis.

Então, é aquela situação: se você tem bem impenhorável não poderá ser penhorado. É aí nós pegamos os bens de família com as exceções que não entram; (na verdade, o artigo 9º não diz quais bens são impenhoráveis; fala: “... os bens que a lei declarar impenhoráveis...”). Aí você terá que ir à lei de bem de família.

A lei de bem de família dirá que: “... um único imóvel é tido como bem impenhorável, ressalvadas em algumas hipóteses tipo: execução fiscal de IPTU” – será penhorado; execução acerca de dívida trabalhista – será penhorado; execução de condomínio – será penhorado.

Continuando art. 11 – parágrafo 1º: “... excepcionalmente, a penhora poderá recair sobre estabelecimento comercial, industrial ou agrícola bem como implantações e edifícios em construção”. Ou seja, se você não tem nada a garantir, eles procurarão ainda alguma coisa que poderá ser, inclusive, um estabelecimento comercial.

§ 2º: “... a penhora efetuada em dinheiro será convertida no depósito de que trata o inciso I do art. 9º”. O que isso quer dizer? O juiz fez o Bacen Judi; o mesmo ficou bloqueado e esse valor será convertido em depósito judicial. (muito cuidado quem for advogado! Eu já vi demais acontecendo que, o juiz faz o Bacen Judi, fica bloqueado o dinheiro, mas ele não determina a transferência para um depósito judicial. O que isso quer dizer? O valor não será convertido em depósito e, consequentemente, não terá atualização e nem rendimento. E, lá no final perder-se-á a ação e aí não terá jeito de o depósito ser convertido em renda porque o valor não foi destinado a um depósito judicial; ele foi tão somente bloqueado).

§ 3º: “... o juiz ordenará a remoção do bem penhorado para depósito judicial, particular ou da Fazenda Pública exequente sempre que esta o requerer em qualquer fase do processo”. É a coisa mais difícil. (a Fazenda Pública nem consegue diligenciar os processos que ela tem quanto mais remover bens).

Artigo 12: Na execução fiscal far-se-á a intimação da penhora do executado mediante publicação no órgão oficial, no ato da juntada do termo ou do auto da penhora.

§ 1º: Nas comarcas do interior dos estados a intimação poderá ser feita pela remessa de cópia do termo ou do auto de penhora pelo correio.

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§ 2º: Se a penhora recair sobre imóvel, far-se-á a intimação ao cônjuge observada as normas previstas para citação.

§ 3º: Far-se-á a intimação da penhora pessoalmente ao executado, se na citação feita pelo correio o aviso de recepção não contiver a assinatura do próprio executado ou do seu representante legal.

Artigo 13: O termo “AUTO DE PENHORA” conterá também a avaliação dos bens penhorados efetuada por que o lavrar. O que isso quer dizer? Quando você faz o termo de penhora ou o auto de penhora, o oficial de justiça tem que conter naquele termo todos os dados completos e a determinada avaliação daqueles bens e preencher o termo de penhora devida.

Por que disso? Já vi muita execução fiscal não prosperar porque o termo ou auto de penhora não foi lavrado corretamente.

Por quê? Por mais que o termo de penhora seja todo pronto e o oficial de justiça vá apenas complementar alguns detalhes, alguns oficiais deixam ou se esquecem de fazê-lo na integralidade. Então, isso, você consegue, judicialmente, declarar a nulidade daquele termo de penhora.

Como assim? Suponhamos que o oficial de justiça não tenha discriminado os bens, ou não avaliou, ou não completou com a data certinha o que tinha que ter, ou deixou de colocar o nome do depositário, ou não complementou no termo de penhora a intimação feita naquele ato do depositário e do executado.

Isso tudo é um grande problema, porque você vai conseguir o reconhecimento da nulidade do termo de penhora. Porque disso? Porque se o oficial não fizer o termo de penhora ou auto de penhora da forma correta, não poderá alegar que a partir daquele momento não corre o prazo para embargar.

Como assim? Veremos daqui a pouco que na execução fiscal existem várias regras para você contar os 30 dias nos embargos da execução fiscal.

Como assim? Se você faz a penhora em dinheiro, o prazo começa a correr a partir da data da penhora, do depósito judicial. Se você faz fiança bancária ou seguro, a data começa a contar para apresentação dos embargos, da juntada deste comprovante nos autos. E se você fizer um auto de penhora, ou seja, oferece um bem para penhora e ele tem que ser penhorado, a data começará a ser contada a partir da realização do auto de penhora.

Então, se o auto de penhora possuir equívocos quanto à sua lavratura - o que acontecerá? Não correrá data alguma porque você alegará o auto de penhora nulo (e muito advogado adora quando o oficial erra o auto de penhora, porque ganhará mais alguns anos discutindo a nulidade do mesmo), até conseguir essa nulidade e aí, começar tudo de novo.

E aí outro grande problema: suponhamos que o seu cliente liga e diz: “... fulano, o oficial de justiça esteve aqui e me citou de uma execução fiscal no valor de 300.000,00; e eu não tenho dinheiro, nem fiança e nada para oferecer; tenho um imóvel tal que está bem escondido e acho que ele não encontrará...”. Eu direi: “... já que não tem matéria, não discutiremos isso em uma exceção de pré-executividade, vamos tentar sumir com esse bem; mas se não sumir, vamos ver no que dará..., e me ligue se algum oficial de justiça lavrar algum termo de penhora; fizer alguma coisa...”.

E um dia, esse fulano recebe o oficial de justiça na indústria dele e o oficial descobre que uma das máquinas é da empresa e penhora aquele maquinário. O oficial faz o auto de penhora, entrega para a pessoa e vai embora.

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O fulano pega aquele auto de penhora, abre a gaveta e o guarda lá dentro e esquece que tem advogado. E aí, depois de 02 meses acompanhando aquela execução fiscal, descobre-se que foi feito um auto de penhora e seu cliente não falou absolutamente nada. E você liga para o cliente: “... oh, fulano, juntaram um auto de penhora no processo e você não me falou nada...”? O cliente: “... veio mesmo um oficial de justiça aqui com um auto de penhora, mas nem me preocupei...”.

O que aconteceu? Passou o prazo para você apresentar os embargos. Porque até o oficial devolver o auto de penhora, até ser juntado no processo já correu o prazo de 30 dias. E aí você perdeu o prazo.

Então, muito cuidado com cliente! Já vi escritório perder contrato com cliente por causa disso. Para o cliente, a culpa é sempre do advogado! Quando um cliente falar que tem uma execução fiscal, que não possui nenhum bem e você orientar ou ele assumir com os bens ou se um dia sofre um auto de penhora e te ligar, documente isso formalmente. Não fale só por telefone. Façam um documento e envie por e-mail para ele com todas as recomendações. Porque os prazos para embargos da execução fiscal variarão, a contagem e o início dele, de acordo com o tipo de garantia a ser oferecida.

Então, o artigo 13, § 1º vem e fala: impugnada a avaliação... Por quê? Se o oficial de justiça esteve lá, fez o auto de penhora e avaliou a mais ou a menos, você poderá impugnar também.

Artigo 14: O oficial de justiça entregará contra fé e cópia do termo ou do auto de penhora ou aresto com a ordem de registro que está o artigo 7º, inciso IV.

Então, feita a penhora, suponhamos: penhorou o imóvel...; o oficial levará também uma cópia e expedirá, também, um ofício para o cartório de registro de imóveis.

Artigo 15: em qualquer fase do processo será deferida pelo juiz:

I. Ao executado a substituição da penhora por depósito em dinheiro ou fiança bancária; (claro! você ofereceu um imóvel, chegou numa parte do processo e quer liberar o mesmo... vai poder transferi-lo e pedir a substituição por carro? Não. porque não? porque a ordem lá no artigo 11 está posterior ao imóvel. Então você não pode pedir; agora, eu ofereci o imóvel e quero substituir a garantia do imóvel por um depósito judicial em conta corrente, posso? Posso).

II. A fazenda pública poderá também pedir a substituição dos bens penhorados por outros, independente da ordem do artigo 11, (ou seja, você não pode desobedecer a ordem do art. 11 não, mas a Fazenda pode) bem como reforço da penhora insuficiente. (você sofre uma execução no valor de 15.000,00, tem um carro hoje que vale 15.000,00; ofereceu seu carro como penhora, mas daqui a 05 anos seu carro valerá 5.000,00 e a execução de 15.000,00 valerá 30.000,00. O que a fazenda pedirá? Reforço e complementação daquela penhora).

Artigo 16: O executado oferecerá embargos no prazo de 30 dias contados:

I. Do depósito; (você recebeu a citação hoje, 05/05/15, e amanhã, dia 06/05 fará o depósito judicial. A partir de quando será contado o depósito judicial? A partir do dia 06/05. Então, você exclui o primeiro dia, começa a contar a partir do dia 07 e se o mês tiver 30 dias, dia 06).

II. Da juntada da prova da fiança bancária ou do seguro (você fez o seguro ou a fiança dia 05/05/15. Vai contar a partir de agora? Não. você terá que protocolizar a execução e quando juntar é que começará a correr o prazo. É diferente).

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III. Da intimação da penhora (ou seja, quando o oficial de justiça lavrar o termo de penhora, no próprio termo te intimará a penhora). No dia em que o oficial lavrar o termo começará o que? A correr o prazo.

§ 1º: Não são admissíveis embargos do executado antes de garantida a execução. (embargo a gente só faz depois de garantir a execução fiscal);

§ 2º: No prazo dos embargos, o executado deverá alegar toda matéria útil à defesa, requerer provas e juntar (vejam: a fazenda quando distribui a execução não precisa pedir provas...); mas você deverá o que? Requerer provas e juntar aos autos documentos e rol de testemunhas até 03 ou a critério do juízo até o dobro desse limite.

§ 3º: Não será admitida reconvenção nem compensação e as exceções salvas de suspeição incompetência e impedimento serão arguidas como matéria preliminar e serão processadas e julgadas com os embargos.

Artigo 17: Recebidos os embargos, o juiz mandará intimar a fazenda para impugná-los no prazo de 30 dias designando, em seguida, AIJ, que na verdade não tem. Por quê? Ele intimará justamente a fazenda para impugnar. A Fazenda não contestará embargos. Ela impugnará; muito cuidado com isso!!! Por quê? Porque nós tempos uma tropa de nomenclatura e de prazo aqui completamente diferente no processo cível. Se você quiser assimilar com o processo cível, errará! Por quê? Quando impugnamos no processo cível, são quantos dias? Impugnar não é contestar. Impugnar no processo cível é o que? Você é citado, oferece contestação. Contestação são 15 dias da juntada de documentos. Uma vez oferecida a contestação, o autor é intimado para impugnar em 10 dias. Se for na lógica do processo civil, você errará; porque lá no processo civil fala que o órgão público tem o dobro, ou seja, 20 dias.

Então, lembrem-se de que na execução fiscal a fazenda, após apresentados os embargos, será intimada para impugnar e não contestar. E o prazo para impugnação? 30 dias.

Parágrafo Único: não se realizará audiência se os embargos versarem sobre matéria de direito ou sendo de direito e de fato a prova, exclusivamente, documental. Caso em que o juízo proferirá a sentença no prazo de 30 dias. (acontece isso sempre)

Artigo 18: Caso não sejam oferecidos os embargos a fazenda manifestar-se-á sobre a garantia da execução. (isso acontece muito quando a pessoa oferece bem a penhora, guarda dentro da gaveta; se esquece de falar com o advogado e aí não são oferecidos embargos no prazo legal; e seu cliente liga dizendo: “... aqui, está sendo levado a leilão o bem tal. Você não fez nada”? e aí você dirá: “... você me enviou o auto de penhora? Não estou sabendo...”).

Artigo 19: não sendo embargada a execução ou sendo rejeitados os embargos, no caso de garantia prestados por terceiro, será este intimado sob pena contra ele prosseguir a execução nos próprios autos para, no prazo de 15 dias, remir o bem se a garantia for real ou pagar o valor da dívida, juros e multa de mora e demais encargos indicados na CDA, pelos quais se obrigou, se a garantia for inter.....

Artigo 25: Na execução fiscal qualquer intimação ao representante judicial da fazenda pública será feita pessoalmente. (o que isso quer dizer? Publicou um prazo, uma execução fiscal, um embargo da execução fiscal se o prazo é comum, o prazo do seu cliente está correndo; o da Fazenda não).

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Parágrafo Único: a intimação de que trata este artigo poderá ser feita mediante vista dos autos, com imediata remessa ao representante judicial da fazenda pública pelo cartório ou secretaria. O que isso quer dizer? Que a secretaria remete o processo para a fazenda pública e só na data da remesa começa a contar o prazo deles. Ou seja, saiu o prazo, você, advogado do seu cliente – empresa privada -, só contará o prazo a partir da publicação. Agora, se você for procurador de alguma fazenda pública, só no dia que o processo chegar a suas mãos.

Artigo 26: Se antes da decisão de primeira instância, a inscrição da dívida ativa for a qualquer título cancelado, a execução fiscal será extinta sem qualquer ônus para a parte.

A fazenda pública inscreveu uma certidão de dívida ativa e distribuiu a execução fiscal. E aí, seu cliente foi citado e teve que garantir a penhora, pagar os honorários advocatícios. Você teve que fazer uma peça judicial e antes de o juiz dar qualquer decisão a fazenda diz que a CDA foi extinta porque houve um erro no sistema e ela estava paga. Dessa forma, desisto da presente execução fiscal, peço o julgamento dela sem ônus para as partes. E o juízo faz isso. Libere-se a penhora e pede-se a garantia feita em juízo e baixe o processo.

Ou seja, além de tudo a fazenda não será condenada em nada e nem em custas e honorários advocatícios.

Artigo 27: As publicações de atos processuais poderão ser feitas resumidamente ou reunir só um 1/3 em diferentes processos.

Artigo 28: O juiz, a requerimento das partes poderá, por conveniência da unidade da garantia da execução, ordenar em reunião de processos contra o mesmo devedor. (isso não é usual não).

Artigo 32: Os depósitos judiciais em dinheiro serão obrigatoriamente feitos na Caixa Econômica Federal ou banco oficial da unidade federativa, inciso II.

Parágrafo 1º: os depósitos de que trata esse artigo estão sujeitos a atualização monetária, segundo os índices estabelecidos para os débitos tributários federais.

Parágrafo 2º: após o trânsito em julgado da decisão, o depósito será devolvido ao depositante ou entregue à Fazenda Pública, mediante ordem do juízo competente.

Ou seja, você depositou em juízo, perdeu. O que acontecerá? Converterá em renda para a outra parte; Se você ganhar, levantará o depósito judicial com atualização monetária do mesmo.

Artigo 33: o juízo de ofício comunicará à repartição competente da Fazenda Pública para fins de averbação do registro da dívida ativa a decisão final de transitado em julgado que der por improcedente a execução total ou parcialmente que determinará a retirada do gravante daquela questão.

Você teve a penhora de um imóvel. Não vimos lá trás que o juiz expedirá um ofício para o cartório de registro de imóveis? Sim. Logo, vindo a ganhar essa ação, o juiz expedirá o ofício para tirar esse gravame. Mesma coisa: perdeu a ação, pagou, o juiz expedirá um ofício falando que está pago, para liberar esse gravame.

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Artigo 38: a discussão judicial da dívida ativa da fazenda pública só é admissível em execução na forma desta lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, esta precedida de depósito preparatório do valor do débito monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos.

Vejam que interessante os tipos de demanda que vocês poderão discutir em processos tributários que estão aí no art. 38. Quais são eles? Mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida. E esta ação anulatória do ato declarativo deverá ter o que? Depósito judicial.

Parágrafo Único: a propositura pelo contribuinte da ação prevista neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto.

O que isso quer dizer?Toda execução fiscal é precedida de certidão de dívida ativa. Dependendo da certidão de dívida ativa, essa será lançada após um processo tributário administrativo.

O que isso quer dizer? Quer dizer a fazenda lança uma certidão de dívida ativa; cobra um valor por meio administrativo e neste meio e-mail administrativo você impugnará; e, se não tiver êxito, recorrerá ao conselho de contribuintes. Tendo a decisão favorável, será cancelada a certidão de dívida ativa. Se a decisão for a favor da fazenda, dar-se-á prosseguimento ao processo tributário administrativo que transitou em julgado e será proposta a execução fiscal.

Aí, seu cliente recebe um processo tributário administrativo fala: “... aqui, eu não quero discutir isso na esfera administrativa. Eu quero propor direto uma ação para cancelar isso...”.

Isso pode ser feito? Pode. Se você fizer isso – ação anulatória de débito fiscal -, o que eles farão? O processo administrativo na esfera que estiver será interrompido, porque você está discutindo isso aqui de forma judicial. Recomendo fazer isso? De forma alguma. Você perde um tempo que teria aí de respiro para seu cliente.

Então sempre que você tiver um processo tributário administrativo escute-o na esfera administrativa; e só depois de perdê-lo na esfera administrativa é que deve seguir para a seara judicial.

Se ele for para a seara judicial perderá o direito de recorrer na área administrativa. E se estiver também recorrendo na esfera administrativa e propor ação anulatória, acaba com o processo administrativo.

Artigo 40: o juiz suspenderá o curso da execução enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora. E nesses casos não correrá o prazo de prescrição. Que são aqueles casos de prescrição intercorrente que trabalhamos.

AULA DO DIA 07-05-2015 - PEÇA DE DIREITO TRIBUTÁRIO

(...) prazos de embargos; penhora de embargos, ou seja, aqueles artigos que reforcei com vocês... todos dentro da lei de execução fiscal ... eles gostam de trabalhar bem em questões fechadas também.

A lei 6.830 – terá pelo menos uma questão dela na nossa prova aberta inicial. Então não deixem de estudar. É uma lei relativamente pequena.

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Tanto na VA 3 quanto na avaliação inicial, vocês poderão usar a legislação seca sem problema algum.

EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE:

A primeira coisa a é lembrar-se do instituto de exceção da pré-executividade. Por quê? A exceção de pré-executividade não está prevista em legislação alguma. Ela é um instituto doutrinário e jurisprudencial. É um instituto do direito italiano ou alemão onde você desenvolve uma forma de discutir uma execução, antes mesmo de garanti-la.

Como vou discutir uma execução fiscal se não tenho bens para penhorar? Já vimos pela lei 6830 que só poderemos discutir uma execução fiscal se ela estiver devidamente garantida. Por isso que chama exceção. São a exceções à regra; e é a exceção antes mesmo de uma execução; ou seja, exceção de pré-executividade.

Dentro da doutrina vocês aprendem? Sim. E dentro da jurisprudência? Sim. Porque essa questão é uma questão principal? Porque qualquer .... que for fazer uma peça de exceção de executividade é importante puxar um tópico falando do cabimento dela. Então, uma vez que ela é uma questão doutrinária ou jurisprudencial, tem-se a situação de poder opor aquela peça prática. Dentro de qualquer peça prática de exceção de pré-executividade é recomendável puxar pelo menos um tópico do cabimento. E você trabalhará ou fará remição a alguma doutrina ou até mesmo a alguma jurisprudência.

Geralmente, na peça eu puxo: ... a exceção de pré-executividade é um instrumento processual, decorrente de construção doutrinária e jurisprudencial na qual pode-se arguir temas de direito público que possam ser reconhecidos extra oficio pelo juízo a qualquer tempo e grau de jurisdição. Qual seja: requisitos do título extra judicial de exigibilidade bem como matéria relativa a condição da ação. Que é o que trabalharemos aqui, dentre outros.

Constitui exceção de pré-executividade uma defensa ao processo de execução independente dos embargos à execução e independente da penhora de bens dos devedores para garantia do juízo, mormente quando o excipiente não possui condições para garantir a execução e quer defender-se da execução fiscal promovida pelo fisco, em flagrante infração aos ditames do direito. Ou seja, requisitos objetivos do titulo executivo bem como condições da ação, que é a legitimidade da parte conforme ocorreu no caso dessa exceção que eu fiz. Isso porque há interesse público de que a prestação jurisdicional com o custo de recursos humanos e materiais que lhe são necessários não sejam exercidos por inexistência de ação própria.

Neste sentido, confio em seu entendimento pacificado pelo STJ bem como do TRF da 1ª região acerca da arguição da existência de vícios que maculam o título executivo extrajudicial bem como uma das condições da ação em matéria tributária, através do instituto da exceção.

E venho e transcrevo duas ementas: uma do STJ e outra do TRF: Desse modo, nota-se que o judiciário tem admitido cabimento da exceção de pré-executividade no caso em que o título padece dos requisitos intrínsecos e extrínsecos, que lhe garantem validade bem como a questão relativa às condições da ação.

Ou seja, você falará que a exceção de pré-executividade é um instrumento reconhecido pelos tribunais, já está pacificado a sua admissão e que ela é um instrumento regulamentado e aceito tanto pela doutrina e jurisprudência, e que o que ali se discutirá, serão matérias de ordem pública; matérias estas que poderão ser

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reconhecidas de ofício pelo juiz. Se quiser entrar nas outras questões, você entrará nas matérias de direito e não precisa.

Se você puxar um tópico aí, lembre-se sempre daquela questão premissa menor, premissa maior e conclusão.

Qual que é a premissa menor? Você fala rapidinho numa questão que a pessoa foi citada ou teve conhecimento da execução de tal débito de execução “Z”. Qual é a premissa maior? A pessoa não tem bens para garantir ou não precisa garantir uma vez que será discutida matéria de ordem pública..., e isso é aceito para peça exceção de pré-executividade e pode ser arguida a qualquer momento e reconhecida de ofício do juiz. Conclusão? Logo, requer que seja admitida a presente peça de exceção de pré-executividade.

Pensando sempre isso: puxou um tópico, lembrem-se da premissa menor, premissa maior e conclusão.

MATÉRIAS CABÍVEIS NA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE

1.º. As matérias que podem ser reconhecidas de ofício pelo próprio juiz são matérias de ordem pública. São aquelas matérias de tratam dos pressupostos processuais e das condições da ação. Art. 267 e 301 do CPC.

Art. 267. Extingue-se o processo, sem julgamento do mérito:

I. Quando o juiz indeferir a petição inicial;

II. Quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;

III. Quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;

IV. Quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;

V. Quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada;

Nós, utilizamos muito na exceção de pré-executividade, os incisos V e VI.

Acontece demais isso. Às vezes estamos discutindo determinados valores, determinados créditos tributários, e aí propomos a ação antes mesmo de ter a execução fiscal.

Ex: ilegalidade e inconstitucionalidade de alguns tributos discutidos no escritório. Isso nós discutimos por meio de um mandado de segurança.

Para o cliente não ter problema, se tivermos sucumbência aqui, ou seja, perdermos esse processo, se não for provida a nossa segurança ao final da demanda, todo mês fazemos o depósito judicial dos créditos vincendos, justamente para não incorrer em correção e nem juros. Se viermos a sucumbir, o valor seja convertido em renda e o cliente não ter problema algum.

Além disso, fazemos também – se a lei preliminar for cassada, teremos a garantia do juízo que também suspenderá qualquer tipo de restrição quanto à certidão negativa.

Então, sempre consigo a anuência da certidão positiva com efeito de negativa por estou garantindo o valor em juízo. Mas, apesar de todo mês fazer esse depósito judicial, não quer dizer que a fazenda, com seus instrumentos consiga constar no sistema que existe aquele débito.

Tanto que quando preciso da certidão, eu tenho que pedir uma certidão nos autos constando tudo isso para levar para a Fazenda.

Então, acontece direto de a Fazenda distribuir a execução fiscal cobrando valores que já estão garantidos em juízo em outra ação.

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Então isso acontece? Acontece. O que é que eu faço com isso? Eu faço uma exceção de pré-executividade; junto uma certidão desse processo aqui, mostrando que aquele valor é executado; que se refere a outro processo em execução e que o valor já está garantido.

Logo, eu peço a extinção, sem resolução do mérito, uma vez que já existe outro processo e este valor já está devidamente garantido.

Então, esse inciso V acontece muito nesses casos.

VI. Quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;

Ou seja, a possibilidade jurídica é até muito difícil em se conseguir algo para alegar. O que mais se aplica e usa nesse inciso VI é justamente a legitimidade das partes. Por quê? Hoje a Fazenda Pública possui um sistema automatizado que distribui a execução fiscal, contra empresas e os sócios, eletronicamente. Geralmente, as CDA’s já saem com o nome de todos os sócios e o nome das empresas. E quando se distribui e manda citar para pagar ou garantir, já manda citar para pagar e garantir a empresa e os sócios.

E, em muitas destas vezes, verificamos que os sócios, alguns deles pelo menos, não têm hábito de gestão e nem uma participação expressiva dentro da sociedade.

Então, você pode alegar a exceção de pré-executividade que aquele sócio, por mais que figure como sócio da empresa seria sócio cotista ou teria pequenas cotas sociais dentro daquela empresa e que o mesmo não teria participação na gestão e nem na administração da empresa. Portanto, ele não poderia ser responsabilizado pelos créditos tributários executados. Porque ele não teria concorrido para aquilo.

Se você for alegar uma questão dessa, terá que juntar os contratos sociais da empresa que demonstrem isso. Que ele é um sócio que não tem responsabilidade; que participou ou não da administração da empresa...; e aí, vai até os artigos 135 e seguintes do CTN que falarão de responsabilidade.

Entra primeiro no art. 134, CTN: que falará da responsabilidade de terceiros. (tanto na questão de responsabilidade e, também, no art. 128, e principalmente nos art. 129 até o art. 134 do CTN, falará da responsabilidade de sucessor).

Ou seja: suponhamos que você alienou a pessoa jurídica e passou o tempo da alienação, ou ainda não participava da gestão daquela sociedade jurídica. Isso é fácil de demonstrar por meio de contrato social. No contrato social tem a data da sua entrada e saída; e as alterações: contrato e alterações sociais.

Então basta usar, para responder qualquer coisa de legitimidade, os art. 128 até os art. 136 138, do CTN, essas duas subseções para fundamentar.

Então, no inciso VI usamos o art. 267 para comprovar essa ilegitimidade.

VII. Pelo compromisso arbitral; pela convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 9.307, de 23.9.1996)

VIII. Quando o autor desistir da ação;

IX. Quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;

X. Quando ocorrer confusão entre autor e réu;

XI. nos demais casos prescritos neste Código.

§ 1º: O juiz ordenará, nos casos dos ns. II e Ill, o arquivamento dos autos, declarando a extinção do processo, se a parte, intimada pessoalmente, não suprir a falta em 48 (quarenta e oito) horas.

§ 2º: No caso do parágrafo anterior, quanto ao no II, as partes pagarão proporcionalmente as custas e, quanto ao no III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e honorários de advogado (art. 28).

§ 3º: O juiz conhecerá de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não proferida a sentença de mérito, da matéria constante dos ns. IV, V e Vl; todavia, o réu que

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a não alegar, na primeira oportunidade em que Ihe caiba falar nos autos, responderá pelas custas de retardamento.

§ 4º: Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.

Ah, e o outro, professor, que você falou do pagamento? Do pagamento...; você vai ao final do CTN e pega as condições de extinção.

O que é legal? Suponhamos: falamos dessa questão aqui do mandado de segurança. Qual é a premissa menor? Fazenda cobra do executado um crédito tributário de tanto, referente ao período tal. Porém, o executado discute o referido crédito tributário no mandado de segurança tal, tal, tal, já tendo sido depositado este valor em juízo, conforme se verifica (tem que comprovar. Não adianta só alegar, o ônus da prova é seu. Vocês se lembram do que aprenderam na lei 6830? Quem goza de presunção de legitimidade, validade e certeza é a Fazenda Pública. Cabe a você, contribuinte, fazer prova em contrário, não basta apenas alegar. Tem sempre que fazer emissão das provas).

Então, no anexo, se junta a esta peça o depósito do valor já efetuado conforme processo tal, onde se discute a mesma matéria tributária. Premissa menor está aí.

Qual é a premissa maior? Conforme artigo tal do CTN, extingue-se o crédito tributário (ou suspende o crédito tributário) pelo depósito feito em espécie.

Logo, conclusão: Uma vez já discutido em juízo referido crédito tributário e depositado em juízo, não se deve prosperar esta demanda, tendo em vista a existência de outra ação. Por fim, requer seja extinta a presente execução fiscal, sem resolução do mérito, com base no artigo 267, § 3º que faz remissão ao inciso V.

Então é isso. Não é apenas isso e aquilo e pronto. Não!!!! É isso premissa menor, os fatos, (fazendo nos fatos sempre remissão, conforme documento tal, anexo; lembre-se de falar do documento tal anexo, que terão que comprovar); premissa maior: falar dos artigos do CTN que fazem ligação com isso; e a sua conclusão.

Tem que ir ao artigo e fazer esse jogo. É assim que se exige.

2.º. Art. 301 do CPC, diz o seguinte:

Art. 301. Compete-lhe, porém, antes de discutir o mérito, alegar:

I. Inexistência ou nulidade da citação;

II. Incompetência absoluta;

III. Inépcia da petição inicial;

IV. Litispendência;

V. Coisa julgada;

VI. Conexão;

VII. Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;

VIII. Compromisso arbitral;

IX. Carência de ação;

X. Falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar.

§ 1º Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.

§ 2º É idêntica a outra, ação que tem as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o mesmo pedido.

§ 3º Há litispendência, quando se repete ação, que está em curso; há coisa julgada, quando se repete ação que já foi decidida por sentença, de que não caiba recurso.

§ 4º: Com exceção do compromisso arbitral, o juiz conhecerá de oficio da matéria enumerada neste artigo.

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Ou seja: todas essas questões aí você poderá alegar nesse artigo. No semestre passado dei uma peça onde se cobrava um crédito estadual, mas a ação estava distribuída, por equívoco, em uma vara da fazenda municipal.

Antes de qualquer coisa, vamos ao art. 301: que fala da incompetência do juízo.

E sempre, essas questões que acabamos de falar, deveriam ser conhecidas de ofício pelo juiz. Mas uma vez que ela não é conhecida de ofício pelo juiz, até porque, muitas vezes o juiz não possui instrumentos suficientes para conhecer isso, a gente tem que alegar essas matérias. (aqui teremos que pegar o artigo todo e verificar o que alegar): vejam: inexistência ou nulidade da citação; incompetência absoluta.

O que seria incompetência absoluta? Aquele juiz não é competente para julgar. O que é mais fácil acontecer? Uma execução fiscal no município ser distribuída em uma vara da Fazenda Estadual, sendo que a comarca tem as duas varas.

E é qualquer uma dessas matérias aí.

Depois, poderemos alegar na exceção de pré-executividade matérias que podem ser alegadas pela parte, mas não dependem de dilação probatória. O que é dilação probatória? É o contraditório, é a ampla defesa e o devido processo legal, no sentido de formar toda aquela instrução processual, que vocês aprenderam dentro do processo civil.

A matéria que podemos alegar e que não depende de dilação probatória é: você pode alegar, mas precisará juntar documentos.

Ex: você tem uma discussão a cerca da sociedade.

Você vai falar da sociedade, mas terá que juntar o documento comprovando essa sociedade. Numa questão de prescrição, a mesma coisa. Acontece demais de as pessoas terem uma execução fiscal, reconhecerem que devem aquele valor e fazer um parcelamento.

Ex.: Suponhamos que temos uma ação de execução fiscal aqui. E no ano de 2008 fui citado, reconheci que devia, fui até lá e parcelei em muitas vezes. E, a partir do 01/01/2009 não tive mais condições de pagar.

A partir do momento que você fica sem pagar o parcelamento, ele é cancelado, e aí volta-se a correr o prazo prescricional. Por quê? Porque quando você parcelou não acabou a sua execução fiscal. Ela apenas ficou suspensa. Se você parou de pagar, eles terão que reativar a execução fiscal e te executar.

Quando não existe execução fiscal, você parcela o débito e para de pagar, a mesma coisa. Eles terão que lançar CDA abatendo os valores já pagos e te executar. E, se desse prazo passarem-se mais de 05 anos, você poderá alegar prescrição. O que aprendemos na lei de execução fiscal? Aprendemos que a qualquer tempo, antes da decisão de primeiro grau da sentença, a Fazenda Pública poderá emendar a CDA ou modificá-la, no sentido de alterar os valores dela.

3.º. Art. 219 do CPC diz o seguinte:

Art. 219: A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.

§ 5º: o juiz pronunciará de ofício a prescrição.

Ou seja: você pode alegar aí uma matéria de prescrição. É normal o juiz declarar de ofício? A função dele seria essa, ou seja, é uma prerrogativa do juízo. Não necessariamente todos os juízes declaram prescrição ou decadência ou matérias de ordem pública ou de direito público ou matéria de fácil conhecimento. Você tem que, realmente, manifestar aos autos.

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Então, a primeira situação é essa: lembrar que a exceção de pré-executividade não discute tão somente questões de ordem pública ou questões que não demandem dilação probatória.

Nós vimos que na lei 6830, que para os embargos à execução fiscal você tem que obedecer. O crédito tem que estar devidamente garantido para ofertar aos embargos a execução fiscal no prazo de 30 dias.

Essa é a primeira regra básica.

Se você conseguiu garantir nos embargos de execução fiscal qualquer situação, basta alegar toda matéria que se quer citar lá. Ah, professor, fiz os embargos, mas perdi e agora eles estão executando. Mas eu descobri e achei uma matéria de ordem pública. Posso tentar alegar? Posso. Ou seja, o que você discute nos embargos ou na exceção de pré-executividade, não exime, não retira o direito de qualquer uma dessas peças discutir questões diferentes ou a mesma coisa.

Ou seja, o juiz não vai virar e dizer: “tal matéria você já tentou discutir na exceção e não teve êxito. Então, não precisa discutir nos embargos”. Mentira! Se você tinha uma matéria de ordem pública e não teve êxito ou se discutiu uma matéria que não precisava de dilação probatória, e ao entendimento do juízo precisava de dilação probatória ou faltou algum documento, nos embargos você poderá rediscutir essa matéria e trazer outro documento.

Na exceção de pré-executividade você: não garante o juízo; não precisa.

Nos embargos: você tem que fazer distribuição apensa da execução;

Na exceção: é uma petição simples nos próprios autos de execução.

Essas são as diferenças também.

Se nos embargos a execução você distribui por dependência, consequentemente, nos embargos de execução existem custas iniciais para serem distribuídas.

Na exceção de pré-executividade existem custas? Não. Porque é uma petição simples, protocolizada nos próprios autos de execução.

PRAZO:

Existe prazo para propor exceção de pré-executividade? Não. Muitas pessoas dizem que o prazo é de 05 dias. Porque esse entendimento? Porque na verdade quando você é citado de uma execução fiscal o mandato vem escrito: “... cite-se o executado para pagar o débito em 05 dias ou garantia em juízo em 05 dias acrescidos dos honorários advocatícios fixados e custas sob pena de se não fazer serem penhorados tantos bens quantos bastem para garantir a execução fiscal”.

O que isso quer dizer? Que dizer que se você realmente tem aquele direito de ordem pública e não precisa garantir para discutir, ou seja, se você tiver essa situação, antes desses 05 dias, deveremos apresentar exceção de pré-executividade para termos essa vantagem.

Mas não tem um prazo exato. A vantagem de apresentar o quanto antes e dentro desses 05 dias é que você inibirá o oficial e, inclusive falar, quando ele voltar para penhorar, que apresentou a exceção de pré-executividade.

Porque nos embargos de execução você só pode discutir, se garantir o juízo? Porque existe a lei 6830 que fala isso e como se deve garantir. Não existe nenhuma lei que fala a cerca de exceção. Existem apenas a doutrina e a jurisprudência.

Mas porque você não precisa garantir na exceção? Porque na exceção só serão discutidas questões de ordem pública. E por quê? A peça é completamente diferente; é a exceção nos próprios autos da execução e eu não preciso garantir porque é matéria de ordem pública. E temos que partir do seguinte pressuposto: Se formos executados, temos a certeza

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absoluta e provas que demonstrem que não temos que ser executados naquele valor e que não possuímos condições financeiras para garantir isso, a doutrina e a jurisprudência vêm e admitem um tipo de peça onde poderemos manifestar no processo, mostrando essa evidência.

Por isso que, por meio de uma petição simples, que é exceção de pré-executividade, trabalhar e mostrar isso.

Um grande exemplo disso também: A prescrição intercorrente.

Ex.: Estou sendo executado e fui citado aqui em março de 2009. Em parco de 2010 o processo foi suspenso por um ano porque não encontraram nenhum bem meu. Mas eu já tinha sido citado. Em março de 2011 os autos serão arquivados, temporariamente, até março de 2016. A partir de março de 2016 passaram-se 05 anos. Após a suspensão de 01 ano poderei peticionar o processo e pedir uma prescrição intercorrente.

Lei 6830 – art. 40: o juiz suspenderá o curso da execução enquanto não for localizado o devedor ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora. E nesses casos não correrá o prazo de prescrição. Ou seja, se o juiz não encontrar bem algum, poderá suspender o processo. Nesse caso correrá prescrição? Não; é o que o artigo fala.

Exceção à regra:

§ 1º: Suspenso o curso da execução, será aberta vista dos autos ao representante judicial da Fazenda Pública.

Ou seja, o juiz não achou nada; o representante da Fazenda Pública não fez nada, não achou ninguém, não encontrou nenhum bem...; o juiz vai suspender e abrir vista para a Fazenda. Qual o sentido? Para a fazenda manifestar se concorda ou não com a suspensão.

§ 2º: Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis, o Juiz ordenará o arquivamento dos autos. Ou seja, se em um ano a Fazenda não diligenciar em absolutamente nada, o juiz arquivará o processo, no máximo em 01 ano.

§ 3º : Encontrados que sejam, a qualquer tempo, o devedor ou os bens, serão desarquivados os autos para prosseguimento da execução.

O que isso quer dizer? Arquivou depois de 01 ano e aí começou a correr o meu prazo de prescrição. Se nesse meio tempo achar alguma coisa, acabou a prescrição.

§ 4º: Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004).

Ou seja, o juiz ordenou arquivar aqui em 03/10 até 03/11. Se a parte de 03/11 correu o prazo prescricional (05 anos) 03/11 a 03/2016 – o juiz, depois de ouvida a Fazenda, poderá de ofício, reconhecer a prescrição intercorrente e decretá-la de imediato.

Então, passou-se o prazo de arquivamento (01 ano no máximo) + 05 anos que é prazo prescricional – o juiz abre vista para a Fazenda se manifestar se aceita a prescrição. Depois disso, o juiz decidirá como quiser.

§ 5º: A manifestação prévia da Fazenda Pública prevista no § 4o deste artigo será dispensada no caso de cobranças judiciais cujo valor seja inferior ao mínimo fixado por ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Incluído pela Lei nº 11.960, de 2009).

Súmula do STJ 314: Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo por um ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente. Ou seja, tal matéria já restou sumulada pelo STJ.

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FORMA E PROCEDIMENTO DA EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVADADE

Como será a estrutura de exceção de pré-executividade? Muito simples

1. Endereçamento: (o endereçamento é a Vara onde está correndo a sua execução fiscal; e se não tem o nr da mesma, você coloca: Excelentíssimo Juiz de Direito da Vara da Fazenda Pública municipal ou estadual...); se for federal (excelentíssimo Juiz Federal da Vara Federal tal...);

2. Número do processo: (número do processo porque é uma petição dos próprios autos);

3. Partes: é legal você colocar as partes;

4. Identificação;

5. Qualificação do seu cliente: (fulano de tal, brasileiro, estado civil, profissão, CPF..); o problema disso é o seguinte: eu não preciso qualificar a pessoa porque a mesma já está qualificada nos autos. Mas é a primeira vez que você está comparecendo aos autos. Por isso é indispensável que você qualifique aquela pessoa.

Isso, na prática, não tem muita diferença. Mas para uma OAB tem. Por quê? Porque é a primeira vez que você está comparecendo aos autos deverá fazer a qualificação completa dele.

E coloca: (...) vem apresentar exceção de pré-executividade a presente execução fiscal - porque é do mesmo processo, movida pela Fazenda Pública Municipal, Estadual ou Federal -, conforme os seguintes fatos e fundamentações.

Primeiro tópico: Dos Fatos:

Falar daquela execução e dos seus fatos: “a presente execução fiscal refere-se ao crédito tributário tal, do período tal, acerca de tal tributo, em face da empresa tal e dos sócios tais, tais, tais”.

Suponhamos que você tenha encontrado no exemplo uma questão de ilegitimidade. Porém, conforme ficará comprovado o sócio tal entrou na sociedade, conforme alteração contratual, no período tal e tal.

Desta forma, restará comprovar que ele não é parte legítima e não participou desses atos que instituíram a cobrança desses créditos tributários.

Isso são fatos. Você está contando tudo o que aconteceu. ( que você está sendo executado e o que aconteceu).

Depois traz um tópico rapidinho de cabimentos da exceção, do qual já falei com vocês.

Depois entra no tópico do direito. Achei alguma coisa de legitimidade da parte? Trabalhe igual falamos aqui. (premissa menor, premissa maior, conclusão).

E por fim, o direito.

Como que você pedirá o seu direito? Você falará, justamente, uma situação onde pedirá para ser conhecida a sua exceção de pré-executividade, que a mesma seja julgada procedente e que seja reconhecida a ilegitimidade da parte ou a prescrição, ou a decadência...; vai depender do que você pediu.

Você discute matéria de ordem pública. Que é ilegitimidade de parte; a não responsabilidade por aquele crédito executado...;

Exemplo: por tudo que acima ficou exposto, com fulcro nos leineamentos legais ditados pela legislação vigente, pela dominante e pacífica doutrina e jurisprudência, requer o excipiente a extinção do feito, tendo em vista a decadência e prescrição do crédito tributário.

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Ademais, requer a executada a condenação da excepta e exequente em honorários advocatícios fixados esses em 20% sobre o valor da causa.

Claro que você terá que pedir honorários. Vocês pedem produção de provas? Não, porque exceção de pré-executividade não admite dilação probatória. Se vocês fizerem isso será um erro grave. Tiram muitos pontos.

Nestes termos, pede deferimento.

Local e data. / Nome do advogado / Assinatura e OAB

AULA DO DIA 08-05-2015 – TRIBUTÁRIO – RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS

A ideia da recuperação de empresas existe no mundo há bastante tempo (aproximadamente 50 anos). Isto para o direito, não é bastante tempo; isso é bem novo. Porque a ideia que tínhamos antigamente era uma vez que o sujeito atinge um ponto de insuficiência econômico-financeira, e sendo ele um empresário ou comerciante (como era chamado na época), deveria, simplesmente entregar seu patrimônio para pagar as dívidas. Ao entregar o patrimônio, nem sempre ele conseguia eliminar suas dívidas, uma vez que o mesmo não era suficiente para quitá-las junto aos credores.

Se formos analisar a evolução da legislação, principalmente a brasileira, relativos a falência e concordata, (antigamente não existia recuperação), verificaremos que desde as ordenações manuelinas, afonsinas, filipinas, passando pela lei da boa razão – uma das primeiras leis no Brasil a tratar de falência (lei da boa razão).

Até os dias atuais, tivemos inúmeras leis que trataram de falência e concordata no Brasil. Da evolução de cada uma das normas verificaremos que todas elas salvo o Decreto 7.661 que antecedeu essa lei e esta lei 11.101 que já conhecemos, são as duas únicas que tratam de uma tentativa de recuperar o devedor.

Mas a que mais tenta recuperar o devedor é esta última, a LEI 11.101. Desde as ordenações até 2005 não tínhamos uma lei com sistema recuperatório. Ou seja, nosso país, mais uma vez, desprestigiando a atividade empresária, não dando a ela condições de se recuperar, fez com que postos de empregos fossem fechados, diminuíram a arrecadação tributária...;

Ou seja, o cenário nacional não é muito bom do ponto de vista da evolução das normas. Não temos isso no Brasil. A inovação veio, efetivamente, com a lei 11.101.

Ao olhar para a história deparamos como uma série de questões como, por exemplo, o Barão de Mauá.

Sem dúvida alguma, o maior empresário brasileiro, construiu estradas e ferrovias pelo Brasil afora; foi um brasileiro, quando não existia banco no mundo, que tinha banco na América latina inteira. Banco brasileiro dele, que possuía filiais no Uruguai, Argentina, Chile...; ou seja, um empresário brasileiro de grande expressão e faliu. Porque o barão de Mauá faliu? Ele faliu porque existia um pequeno artigo na lei que regulamentava a concordata que dizia o seguinte:

“... o devedor que pretender a concordata deverá reunir em uma assembleia todos os seus credores e eles, então, deverão votar sobre essa concordata”.

Agora vejam: se hoje é difícil reunir no Brasil todos os credores de uma determinada empresa, imaginem naquela época que não tinha telefone, carro, avião...! Não tinha nada!

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Ele tinha que reunir todos os credores no Brasil e não conseguiu. Por essa razão, o barão de Mauá faliu. E ele foi até a câmara dos deputados da época expressar a sua insatisfação com essa lei que, de fato, tinha muito mais liquidatória, ou seja, de vender o patrimônio do empresário e pagar os credores do que recuperá-lo.

Um artigo ou uma disposição legal que determina: “... olha, você pode se recuperar, mas para isso terá que reunir todos os seus credores em assembleia”, esse artigo praticamente impede que haja concordata; na verdade, na época impediu que houvesse concordata no Brasil.

Então, esse grande empresário brasileiro faliu; perdeu todo o seu patrimônio e nós tivemos aí, a mudança dessa legislação porque ele foi à câmara dos deputados e fez essa defesa. Então, nós tivemos a reforma legislativa, mas mesmo assim, foi só em 2005 – 500 anos depois do descobrimento do Brasil – que nós tivemos uma lei que enxergou a possibilidade de conceder ao empresário a recuperação. 80% das riquezas que o nosso país recebe, ou seja, dos recursos que vão para o erário; 80% do orçamento do governo, ou seja, aquele dinheiro que é utilizado para fazer tudo que nós estamos precisando – saúde, educação, estradas –, toda atividade estatal tem 80% da sua receita - (tributos) pagos pelas empresas.

Ou seja, o que faz o nosso país funcionar são as empresas. Não são os tributos que eu, como pessoa física, pago. Não, são os tributos oriundos das empresas.

Então, essa visão de recuperação veio tardiamente. Nosso país já poderia, há muito tempo, ter uma lei suficiente e capaz de recuperar aqueles devedores em estado de crise econômico-financeira.

De nada adianta ter uma norma constitucional dizendo que o estado tentará erradicar a pobreza, a marginalização, as desigualdades regionais...; tem lá princípios tão bonitos como da dignidade da pessoa humana, disso e daquilo outro, quando na verdade, o que promove o desenvolvimento do nosso país são as empresas.

O que adianta ter na constituição: “(...) para assegurar a saúde, a segurança do trabalhador, a sua dignidade, e o salário (13º, férias, FGTS), se não tem emprego”? Você pode ter todas as garantias lá, mas se não tiver emprego...!

E quem concede? Quem oferece o emprego? É o empresário! E ele também precisa ser protegido. Ele tem que ser tutelado também. Se ele não for tutelado pegará o capital que possui e, ao invés de investir em uma faculdade, loja de tintas ou concessionária, colocará todo patrimônio em uma bolsa de valores e perceberá dividendos. Não gerará um emprego! Por isso ele tem que ser protegido.

Se esse cidadão não gerasse os empregos, o que seria da nossa sociedade? E até 2005 não tinha um programa – um sistema legislativo – que a ele pudesse ser ofertado para se recuperar. E funciona dessa forma.

Ex.: bateram no meu carro.

Eu tenho que olhar no ordenamento e enxergar o que ele tem. O que ele me oferece? Você tem tais e quais direitos. Então, eu terei a faculdade de agir; a facultas agir; a partir da ... agendas .... .

O empresário em crise econômico-financeira...; o que ele pode fazer? Até 2005, pouca coisa. Ele poderia pedir a concordata, ou seja, basicamente a concordata seria dizer: “nós pegaremos a sua dívida, reparcelaremos e você efetuará o pagamento de acordo com o parcelamento”. E isso não poderia ser superior a 36 parcelas; “ah, mas eu não consigo; tem que ser em 48 parcelas”. “meu amigo, o outro caminho para você é o da falência”! Havia uma dificuldade enorme para que o empresário pudesse se soerguer.

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E com um detalhe: quando um empresário vai à falência, isso ocorre não por incompetência dele, mas por uma série de questões mercadológicas.

Ex: a crise econômica que estamos vivendo e uma série de empresas indo à falência.

Por que isso? Porque são empresas pequenas que prestam serviços para outras empresas.

Existe um desemprego crescente em nosso país; o que é que acontece? As pessoas e as empresas passam a economizar; se elas economizam não tomam serviços ou compram produtos. Se não tomam serviços e não compram produtos, aqueles que produzem diminuirão a produção e demitirão empregados. É um ciclo.

Então, nós temos que preservar tais cidadãos. Na realidade, nós temos que protegê-lo. Para real protegê-lo nós teremos que continuar com a atividade “ativa”, ou seja, nós iremos preservar a empresa em última análise.

Com a edição da Lei 11.101 de 2005, o ordenamento jurídico passou a oferecer para o devedor em crise algumas opções.

1.º. Ir, efetivamente à falência;2.º. Ele pode pedir recuperação na modalidade judicial ou extrajudicial;3.º. E, se for micro empresa, além da recuperação judicial comum, poderá pedir uma

recuperação judicial especial (destinada a micro empresas e empresas de pequeno porte);

Então, aquele devedor que está em crise, diferentemente do passado, não tem apenas a concordata – que é o parcelamento em 36 vezes ou a falência para poder acessar. Ele poderá buscar outros mecanismos de recuperação.

Ex.: ele poderá fazer cisões como aconteceu com a Cia. Vale do Rio Doce;

Ou fazer uma fusão, uma incorporação, uma emissão de debêntures, emissão de novas ações, fazer a reunião de credores em cooperativa de trabalhadores...; enfim, ele pode vender uma parte e dar outra em garantia; renegociar o pagamento de uma dívida com o credor; pedir abatimento dos juros; carência no pagamento. Ou seja, antigamente tínhamos na concordata apenas a possibilidade de parcelar em até 36 vezes.

Hoje, além de parcelar em quantas vezes as partes acordarem, poder-se-á adotar uma série de outras medidas para sair da falência. Ou seja, os benefícios da recuperação não vêm apenas para o empresário; porque da atividade empresária impõe uma série de benefícios a terceiros que estão em torno dessa sociedade empresária. E é por isso que ela precisa ser preservada.

O que é que nós temos nesse cenário de recuperação empresária?

1.º. O que norteia a lei 11.101, especialmente a recuperação de empresas, é a preservação da atividade econômica - preservação da empresa; (vocês verão isso no art. 47 que traz os paradigmas, princípios da recuperação – e fica claro que a ideia é preservar a empresa);

Nós veremos ao longo do estudo da preservação da empresa, por meio dos institutos da recuperação judicial e extrajudicial que, às vezes, a lei parece contraditória porque ela possui todo um ideário de preservação da empresa, mas, por exemplo, tem uma norma lá do artigo 57 que diz o seguinte: “para o empresário ter acesso à recuperação de empresas, tem que apresentar em juízo uma certidão negativa de débitos tributários – CND”.

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Ora, se a pessoa está devendo, deve inclusive o fisco. Então, se ele não apresentar regularidade com o fisco, ele não terá direito à recuperação? É exatamente isso.

Contraditório isso, não? Sim. Se eu estou devendo, devo para todo mundo. Aliás, se o empresário tiver que atrasar uma dívida, a primeira será o tributo. Por quê? Deixa de pagar o tributo para pagar aos credores.

Ex.: Se a faculdade tiver que atrasar o pagamento dos professores ou do INSS, o que ela fará? Lógico que será o INSS. Se deixar de pagar os professores não terá mão de obra para tocar o negócio. Isso em qualquer atividade econômica.

Então, ele deixa de pagar é o fisco mesmo. Isso é normal na atividade empresária. Depois vai lá parcela, renegocia, entra com outro recurso e quita. Mas a mão de obra e outros insumos de produção não tem como deixar de pagar. Se deixar de pagar a atividade para.

Então, veremos algumas contradições no âmbito da recuperação de empresas.

Por maior que seja a contradição, a preservação da empresa é o norte. É o paradigma.

Superamos, então, a concordata. Ao superar a concordata, dizemos o seguinte: se vocês forem ao fórum da 1ª ou 2ª vara empresarial, verão que lá existem processos tramitando e juízes aplicando a lei antiga, ou seja, o Decreto 7.661 relativo a concordata.

Opa! A lei 11.101 está em vigor há tanto tempo e os juízes ainda aplicam o decreto 7.661 em processos de concordata? Sim. Por quê? A lei 11.101 quando entrou em vigor, criou uma regra de transição. Então existem processos que começaram a tramitar antes da lei 11.101 e, ao tramitar, começaram a tramitar quando estava em vigor o decreto 7.661.

A regra de transição criada pela lei diz que: “... em determinadas circunstâncias será aplicado o decreto 7.661”; que é o que acontece na prática.

Então, você tem hoje o mesmo juiz da 1ª vara empresarial tocando um processo de falência ou de recuperação e aplicando a lei 11.101 e tocando um processo antigo de concordata e aplicando o decreto 7.661.

Mas, a rigor, se hoje eu quiser pedir uma concordata não terei essa possibilidade porque ela foi extinta. Em seu lugar nós temos a recuperação que ampliou os meios de recuperação das empresas.

Listaremos alguns deles aqui para relembrar um pouco do direito empresarial e verificaremos que são cisões, fusões, incorporações, emissão de debêntures, de novas ações, aumento de capital; enfim, toda e qualquer medida possível poderá ser adotada para a recuperação da empresa.

O que a concordata significava? Parcelamento em até 36 vezes. Com a recuperação eu tenho mil outras possibilidades: tanto poderei parcelar em mais parcelas do que 36 vezes, como posso também fazer fusão, cisão, incorporações, emissão de debêntures, de novas ações, aumento de capital, venda parcial de patrimônio, constituição de garantias reais...; enfim, mil hipóteses que antes não eram previstas e agora são.

OS PRINCÍPIOS INFORMADORES DA RECUPERAÇÃO

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Se estivermos falando de direito empresarial, jamais poderemos nos esquecer do PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DA EMPRESA.

CAIU NA PROVA DA OAB: são princípios constitucionais relativos ao direito empresarial: função social da empresa. Certo ou errado? Errado. Não está na constituição função social da empresa. Tem da Propriedade. Decorre da função social da propriedade a função social da empresa; correto? Correto. Só que na constituição não tem função social da empresa. Tem da propriedade. Então, a interpretação que se faz é: você lê no direito empresarial segundo o princípio constitucional da função social da propriedade. Eu posso aplicar a ideia da função social à empresa? Posso, mas não está na constituição.

Esse é o princípio-mor que norteia a sociedade empresária, inclusive falência e recuperação.

E é a partir da função social da empresa que poderemos falar em PRINCÍPIO DA PRESERVAÇÃO. É preciso preservar a empresa. Por que é que eu tenho que preservar a empresa? Porque a empresa cumpre uma função social (ela emprega pessoas; arrecada tributos; promove desenvolvimento), ou seja, existem repercussões da atividade empresária no mercado e na sociedade.

De que adianta um sujeito ter uma empresa que gera empregos e tudo mais, mas degrada o meio ambiente? Ela não cumpre a sua função social.

Então, o norte da lei 11.101 é o princípio da função social. E decorre do princípio da função social a preservação da empresa. Princípio da preservação da empresa. É preciso preservar porque ela cumpre, exatamente, a sua função social.

É bom lembrar que a Constituição traz no artigo 170 uma série de outros princípios da ordem econômica. Todos aplicáveis ao direito empresarial.

Livre iniciativa. Decorre da livre iniciativa: o livre mercado. Valorização do trabalho...; tudo isso se aplica ao direito empresarial? Claro, se aplica ao direito do trabalho. Petição das desigualdades sociais, propriedade privada...; todo aquele artigo 170 da constituição se refere também à nossa disciplina.

Quando falamos dos princípios informadores da recuperação estamos dizendo que a recuperação vem no sentido de preservar a atividade empresária em razão da função social da qual ela decorre.

Caiu na prova da OAB: São princípios previstos na lei 11.101: celeridade; economia processual; estão previstos de forma expressa na lei 11.101.

Mas são princípios gerais do processo, princípio da celeridade, da economia processual...; sim, mas a lei menciona de forma expressa. Então, se ela menciona de forma expressa a pergunta colocada foi capciosa. São princípios previstos na lei 11.101. Você lembra que está previsto na constituição, no código civil, mas está previsto, também, na lei 11.101.

MODALIDADES DA RECUPERAÇÃO

A recuperação nada mais é do que um contrato. Pensem assim: vou negociar uma dívida. Com quem? Com 100 credores. Qual é o documento que instrumentará essa negociação? Contrato chamado dentro da lei 11.101 de Plano de recuperação.

E esse plano de recuperação pode se dar por via judicial – a chamada recuperação judicial -, se faz o pedido, preenchendo todos os requisitos subjetivos e objetivos, também os da petição inicial do artigo 51. Pede a recuperação. O juiz analisará esses pressupostos, deferirá o processamento, se for o caso; você entrará em recuperação, terá ou não a

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aprovação do seu plano, e, efetivamente, ingressará no cumprimento do plano de recuperação. Tudo judicial.

O art. 51 é o que fala dos requisitos da petição inicial do pedido de recuperação.

As modalidades de recuperação são essas duas básicas que contemplam a modalidade extrajudicial.

Mas também temos o Plano Extrajudicial.

Ao invés de você, desde o início, pedir ao juiz a recuperação, faz diferente. Você chama de forma extrajudicial os seus credores, reúne todos no auditório da empresa, discute, apresenta as propostas, fala das dificuldades; aqueles que assim desejarem farão adesão ao plano. Ótimo. Você instrumentalizará esse plano em um documento, levará em juízo para simplesmente homologar. Ou seja, basicamente o que se dá em juízo é apenas homologação. Porque todo o trâmite se dará de forma extrajudicial.

Estudaremos as duas modalidades.

Na concordata, lá traz, com as leis antigas que tínhamos aqui, teríamos que reunir todos os credores em assembleia. Para que eu possa reunir os credores hoje, na recuperação judicial ou extrajudicial:

1.º. Eu não preciso reunir todos;

2.º. Reunirei apenas aqueles que eu desejar; (eu sou o devedor. Então, quero montar o plano de recuperação apenas com 03 credores – aqueles que estão pesando no meu bolso mensalmente. Eu quero renegociar só com eles. Eu tenho 100, mas quero renegociar só com 03. Então, deferentemente dessa lógica aqui para a que a recuperação seja judicial ou extrajudicial, eu escolho os credores que participarão do plano de recuperação. Tem algumas regrinhas; analisarei essas regras, apresentarei para vocês, mas eu escolho os credores).

3.º. Por fim, diz a constituição: “... a lei dará tratamento favorecido a micro empresa e a empresa de pequeno porte”.

Portanto, a lei 11.101 ao ser editada veio por regramento especial. Além da recuperação judicial comum, temos uma especial que é destinada, exclusivamente, à micro empresa e empresa de pequeno porte.

Estudaremos quais são as variáveis dessa recuperação e criticaremos, porque na verdade, ela não dá nenhum tratamento favorecido; nenhum tratamento benéfico. Ao contrário disso, o tratamento que a lei 11.101 dá à micro empresa e empresa de pequeno porte é prejudicial. Então, descumpre aquele mandamento constitucional de tratamento favorecido.

AULA DO DIA 21-05-15 – TRIBUTÁRIO – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO

Sobre a questão da carne (reportagem)...

O Brasil firmou um acordo que já existia com China e ratificado agora, para começar a exportação de carne. Há 20 anos o Brasil não tem uma carne tão cara e tão valorizada como agora. Isso é legal? Sim, por uma série de fatores. Mas, nós temos que fazer um juízo de valor.

Isso mostra que quando o governo quer, ele faz. Isso mostra que o governo tem competência sim para desenvolver um produto e ter concorrência do mesmo.

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Quem é o maior produtor de carne no Brasil hoje? O filho do Lula. Ah, mas está beneficiando só ele? Não. Está beneficiando a economia como um todo, mas o que chamamos a atenção é para o seguinte: enquanto você quer desenvolver uma política pública e econômica que favoreça a nossa classe, desenvolve. O governo tem meios e condições para desenvolver.

O governo quando quer fazer uma política econômica e fiscal a fim de estimular a economia nacional, ele faz independente do setor que queira atingir.

Esses ajustes fiscais, principalmente essas campanhas e palavras de não mudança e não atingir salários e as questões de direitos trabalhistas estão corretíssimas. Eles só não estão falando que irão atingir as questões previdenciárias.

Os direitos trabalhistas estão resguardados; agora os previdenciários é outra conversa.

É a mesma situação com relação à carne. Ninguém tem ideia do que estamos vivendo hoje em questão de direito internacional.

Se vocês tiverem dinheiro e quiserem virar empresários, a minha única recomendação é que mexam com alguma coisa na área de agropecuária ou agroindústria.

É algo que sempre o Brasil incentivou e incentivará, pois o mesmo é produtor e extrativista.

... o que eu li a respeito, é que ele era realmente funcionário do zoológico; era motorista de ônibus; ganhava um salário mínimo e, depois que o Lula foi eleito, começou mexer na área de telecomunicações.

Dentro da área de telecomunicações, ele participou da Brasil Telecom na privatização, tornando-se um acionista (algo nesse sentido). Além de entrar como acionista, ele (para criar um lastro financeiro) comprou os direitos autorais de uma TV em algum horário e esses direitos foram vendidos. Ele entrou como vendedor desses direitos por uma pessoa que contratou esses horários que o mesmo havia comprado. Ou seja, ele havia comprado um horário matutino de uma TV por 100.000,00/hora daquele canal de televisão, logo após fechou um contrato de milhões para uma empresa explorar esse horário que ele tinha direito.

Então, assim ele criou um lastro financeiro e começou a atuar em vários segmentos. A gente brinca muito e fala que ele é forte dentro da agropecuária. Se pegarmos a Friboi – que é a empresa dele – não encontraremos lastro nenhum e nem que ele está ali dentro da empresa.

Ele não aparece como sócio, nada disso. Ele está totalmente ocultado da sociedade, mas quem manda é ele. E quem está por detrás de todos os sócios que aparece, é ele. São questões até mesmo de blindagem patrimonial e da imagem dele.

Ex.: Algumas más línguas dizem que o nosso vice-presidente do Brasil é o dono da maioria das empresas que fornecem alimentação para todo o sistema carcerário do Brasil.

Ninguém sabe disso. Mas, dizem as más línguas, que o Michel Temer é o proprietário das empresas que fornecem alimentos para todo o sistema carcerário do Brasil. Imaginem quantos bilhões isso rendeu para ele.

Mas, na verdade, o que deu o lastro para o Lulinha mexer com a questão hoje de frigorífico, foi justamente a questão da Brasil Telecom. Ele entrou por meio de telecomunicações e exploração de rede para fazer lastro financeiro e tributário dele. Mas eu tenho visto com bons olhos muitas coisas:

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Cada dia que passa, nós, estudantes de direito, conquistamos novos cargos, principalmente como servidores públicos, as pessoas têm mais vontade de trabalhar, e vontade de buscar algumas situações. Além disso, a maioria dos políticos, quando você conversa são de uma arrogância violenta.

Hoje, entraremos no imposto de importação e imposto de exportação. Os dois são tidos como tributos extrafiscais porque são tributos reguladores de mercado.

A todo o momento vemos mudanças na questão da legislação do imposto de importação e exportação, justamente para controle de mercado interno e externo.

... entrada e saída de bens. Ou seja, se eu tenho produção interna, tenho: circulação do mercado interno, movimentação da nossa máquina trabalhista, e a circulação desses produtos até serem acabados.

Se pego e exporto esses produtos, eu trabalhei todo um sistema interno e depois ainda revendi esses produtos para fora e trouxe o dinheiro de fora para dentro. Isso para a balança comercial é ótimo.

Em contrapartida, se tenho produtos que vêm produzidos e acabados de fora e os mesmos entram no mercado nacional; são altamente tributados, porque querendo ou não, eles tiram toda sequência de uma cadeia produtiva interna. Além de nosso dinheiro ir para fora, o produto já vem acabado de fora para dentro. Ou seja, nós temos um grande problema entre importação e exportação.

A nossa carga tributária quando exportamos, é zerada e quando importamos, é extremamente onerosa. Isso é proposital.

A regra é geral para tudo? Não. Existem dentro das questões de importação algumas peculiaridades que tratam a importação com condições diferenciadas.

Ex.: o Drawback (que é um sistema de empréstimo de importação. Existem alguns sistemas de importação que dão benefícios ou condições especiais para que você traga os produtos de fora para dentro).

Ex: você vai importar uma nova máquina de procedimento cirúrgico e não existe no Brasil. Haverá tratamento tributário diferenciado para trazer essa máquina? Sim.

Ex.: Você vai construir um porto em Santos e precisa trazer o maquinário para construir esse porto. Terá um tratamento diferenciado para vir para o Brasil, ser utilizado na construção e depois voltar? Sim.

Ex.: Você vai trazer o pessoal da Fórmula 1 para Interlagos e importará uma porção de coisas e desembaraçará outras tantas como caminhão, mercadoria, carro automobilístico...; haverá tributação sobre isso? Não, porque existe um regime tributário especial que concederá isenção naquele lapso temporal para este timo de promoção.

Então, dependendo do que você importa existe um tratamento tributário diferenciado; mas aí são regimes e regras diferenciadas.

Quando falamos de importação / exportação e estou falando de maneira geral e tratando Produtos normais.

Escutei no Jornal do Brasil que teremos, neste pacote de ajuste fiscal, mudanças no tratamento tributário de produtos importados, principalmente na área de cosméticos, higiene pessoal e outra situação.

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Então, os produtos importados referentes a isso ficarão mais caros.

Porque ficarão mais caros? Porque os cosméticos internacionais são um pouco só mais caros do que os nacionais. Mas o cosmético e o produto de higiene pessoal lá fora são tratados de forma “muito melhor” do que o nosso produto de higiene pessoal aqui dentro.

Por quê? Vocês se recordam de que falamos que o ICMS poderá ser seletivo e o IPI deve ser seletivo? Ou seja, os nossos produtos de cosméticos são seletivos; porque a higiene pessoal é seletiva.

Por isso quando você vai ao supermercado tem uma pasta de dente extremamente barata até um creme dental muito caro. Porque aquela que é extremamente barata está dentro dos requisitos que dispõe uma situação para que ela tenha a seletividade e essencialidade ali conferida.

Ex.: Sabonete. Você pega um sabonete que custa centavos até um que custa entre 3,00 e 10,00 ou 20,00 – 30,00.

Ex.: Importação de utensílios domésticos ou roupas ou acessórios – a importação lhe será imputada no sentido de uma alta carga tributária.

Agora, se importar uma máquina que não existe no Brasil, uma máquina para um hospital para tratamento de câncer...; você poderá ter um benefício fiscal por causa disso? Sim.

Tudo que entra no Brasil tem que ser importado. Se você importa os carros de corrida que vão para Interlagos. Quando eles chegarem será necessário fazer o desembaraço aduaneiro; você terá tributação de importação? Não; você terá um regime especial porque é uma condição especial.

Então, tanto os impostos de importação e exportação estão no art. 153, incisos I e II.

Art. 153: Compete à União instituir impostos sobre:

I. Importação de produtos estrangeiros;II. Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;

Então, a primeira situação que temos:

Produto nacional: é aquele produzido e fabricado no Brasil.

Produto nacionalizado: é o produto fabricado fora e, quando entra no Brasil, no momento em que for desembaraçado, torna-se nacionalizado. Então ele entra sempre por meio de importação.

Ex.: viajei para os Estados Unidos e, na época, comprei um celular; e voltei para o Brasil com o mesmo como se fosse material de uso. Agora, eu comprei um celular aqui no Brasil da Apple vi que ele não é fabricado aqui, mas, provavelmente na China. Ele é brasileiro? Sim. Por quê? Porque ele entrou por meio de um processo de importação e, a partir do momento que entra para o mercado nacional e é desembaraçado, ele se torna um produto nacional. Não nacional em si, mas nacionalizado.

Tanto que, quando você compra aqui, tem a nota fiscal daqui. Por mais que você tenha comprado um produto chinês, e esse produto teve a nota fiscal da empresa que vendeu aqui, esse produto foi nacionalizado. Porque disso? Porque quando você importa alguma coisa, parte-se do pressuposto que você está importando aquele produto, porque o mesmo é mais barato.

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Mas quando você chega aqui, paga uma cadeia de tributação que vimos no ICMS, sobre o produto que está sendo importado. Tais como o que? IPI - imposto de importação; ICMS; PIS; COFINS; seguro; taxas e despesas aduaneiras. Ou seja, geralmente o preço do produto sai 75 a 100%.

Disputa interessante sobre o vídeo do Gol. (ele é fabricado no Brasil e vendido por 32 a 37.000,00; e no México chega a 15.000,00 / 20.000,00).

Na verdade, isso não é só um problema de tributação e sim, um cartel mercadológico; ou seja, nós temos um problema além do tributo, o cartel. E o produto importado traz essa mesma lógica para ele.

Além da questão com a tributação, sofremos também com o mercado e controle de mercado.

Nós tivemos uma mudança na legislação, na lei de licitação pública, art. 3º de 2012; desde 2005 até hoje o governo federal vem atuando em algumas frentes e formas de desenvolvimento sustentável nacional. Por quê? Porque nós tivemos a convenção de Estocolmo, depois a Rio92. E na Rio92 foram fixadas várias metas e objetivos a serem atingidos até 2020 e que até hoje ninguém buscou atingir. E de 2007 em diante, o Brasil começou a adotar em algumas secretarias e departamentos nacionais ambientais, alguns programas para incentivar o desenvolvimento nacional sustentável.

E dentro de um deles, foi criada uma instrução normativa na Receita Federal que gerou uma medida provisória e virou uma lei alterando o art. 3º da Lei de Licitação Pública, falando que toda licitação pública teria que primar pelo desenvolvimento nacional sustentável. E isso não existia no art. 3º.

Ou seja, você hoje para licitar não tem que dar só prioridade ao preço, mas sim a técnica. E qual é o objetivo disso? Estimular que as empresas produzam com base em sustentabilidade.

Isso é difícil? Sim. Por quê? Porque até hoje, e vai completar 03 anos, e o Brasil gasta 15% do que arrecada do PIB para compra de insumos para prestar os serviços de administração pública. Já pensaram o que é isso? Isso está na faixa de 700 milhões por ano.

Ou seja, o Brasil gasta quase um bilhão por ano só para comprar insumo. O que são insumos? São canetas, copos descartáveis, papel, borracha, clipes, só porcaria que a gente consome e joga fora. Ou seja, não há consumidor melhor e mais assim de favor no país do que o próprio país para virar e falar assim: “... eu vou comprar de você, mas só comprarei se for produzido de forma sustentável”. Ele gastará mais? No início sim, porque um produto sustentável é muito mais caro do que um produto não sustentável.

Então a crítica é justamente esta. Por quê? Entra uma empresa de fora traz a caneta da China. Essa caneta chega ao Brasil para concorrência pública a 10 centavos; e a daqui produzida de forma sustentável custa 40 ou 50.

E aí? Você vai primar o que: pelo sustentável ou pelo preço? Preço. E qual o resultado disso? Então nós chamamos atenção, justamente, nessa cadeia produtiva de importação.

Onde que é o problema aí? É só uma questão tributária e arrecadar inicialmente ou não?

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Na verdade não é só porque o produto é mais barato, mas quando se entra com o produto no Brasil de forma ilegal “sem a declaração”, você não faz a nacionalização. O que isso quer dizer? Quer dizer que o produto que você compra no Shopping OI é falsificado. Por quê? Porque é da China? Não. É porque ele não passou por um processo de nacionalização. E porque é falsificado? É falsificado porque não veio da fábrica que dizem ser.

Ex.: dizem que o tênis é da NIKE, mas é só uma réplica da mesma.

Na verdade, o que você está trabalhando aí é que o produto não ser tornou nacionalizado. Não passou por um processo de tributação que o encareceria 2x o preço dele. É isso que acontece.

Imposto de importação e exportação são exceções ao princípio da anterioridade e legalidade.

Porque ele é exceção da anterioridade e da legalidade? A anterioridade porque você tem que regular mercado. Se for esperar 90 dias ou um ano para modificar alíquota e incentivo fiscal ou desestimular algum tipo de exportação ou importação, perderá todo efeito dele.

Além disso, temos o princípio da legalidade. Então, não precisa ter lei para o imposto de exportação e importação? Não, não é isso. Você deve .... a criação e instituição da lei que regulamenta o imposto de importação e exportação. Você não precisa ter lei para mudar a questão de alíquota e tratamento tributário.

Então, por decretos executivos, ou seja, normativos executivos você regula novas formas de tributação, que serão, justamente, alíquotas, tributação, tudo isso.

Alíquotas podem ser então, alteradas por meio de decreto – art. 153, § 1º da Constituição Federal.

Majoração: vigência imediata, que é a exceção à regra, que está lá no art. 1º, do art. 150 da CF.

Quando estudamos os princípios vimos exatamente isso aqui. Porque tem característica de ser um tributo extrafiscal.

No CTN:

Imposto sobre o comércio exterior: imposto sobre a importação, art. 19: o imposto de competência da União sobre importação de produtos estrangeiros tem como fato gerador, a entrada deste no território nacional. Ou seja, primeira coisa, competência: da União. Fato gerador: entrada em território nacional.

Como se dá a entrada em território nacional? Por desembaraço aduaneiro; ou terra ou ar. Porto seco ou porto molhado. Ou você passa por uma barreira ou faz a entrada pelos portos; ou se faz a entrada via aérea.

Então, qualquer sistema de recebimento de mercadoria internacional tem o sistema de desembaraço aduaneiro.

O que é o desembaraço aduaneiro? É uma questão regulamentada e controlada pela Receita Federal do Brasil que cria todo um sistema de recebimento de mercadoria.

Como que é isso? Se hoje for comprar um produto de fora e tiver que importar, precisará que criar um sistema chamado SISCOMEX – Sistema do Comércio Exterior,

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dentro da Receita Federal ou contratar uma empresa de Aduana, responsável por fazer essa logística para você.

Mesma coisa no mercado interno. Às vezes você produz alguma coisa, mas não tem um sistema de entrega. O que você faz? Contrata uma transportadora.

A mesma situação é você. Se você quer importar algo de fora e não tem uma empresa para trazer aquilo de fora, porque não tem essa logística. O que fazer? Você terá que contratar uma aduana; uma empresa que faça esse leva e traz e o desembaraço aduaneiro.

É fácil? Não; não é nada fácil e nem simples fazer isso. É um sistema extremamente burocrático e difícil, por causa das irregularidades e legalidades que existem dentro desse meio.

Aprendi muito, mas foi o que mais me chocou dentro do direito tributário, - foi a questão do comércio internacional. Porque é uma coisa extremamente pesada. Pesada em que sentido? Pesada no sentido de lidar com o servidor e sentir que aquilo é um meio extremamente corrompido.

Então você contrata uma empresa fora e traz justamente esse produto que tem vinculação com a nota fiscal de fora, cai aqui dentro; ele será fiscalizado e poderá cair em 03 tipos de canais:

Vermelho;

Cinza; e,

Verde.

Como que é isso? Se você já tem muito tempo de mercado e faz muito comércio exterior, ou seja, muita importação / exportação, possui uma credibilidade dentro da aduana e da Receita Federal.

Ex.: Suponhamos que faço compra e venda internacional de couro ou de bebidas e minha empresa tem 10 / 15 anos de mercado.

A Receita Federal sabe como eu trabalho direitinho...; e se não dou problema, geralmente todo produto que trouxer ou enviar, cairão no canal verde. O que é o canal verde? O produto chegou de fora; a receita pegará e conferirá toda documentação do meu produto; verificará se todos os tributos incidentes na espécie foram recolhidos e liberá-lo. Isso seria o canal verde.

O canal vermelho? É justamente quando o meu produto chega e a receita encontra alguma irregularidade na documentação (inicialmente será na documentação). Se houver alguma irregularidade na documentação ela pedirá que eu resolva e sane o problema, para depois liberar o produto.

E ela pode também, ver que a documentação está ok, mas fazer uma inspeção física do produto, para conferir se realmente bate com o que está escrito na documentação apresentada. Se estiver tudo certo ela libera; se não, ela pedirá para que eu regularize ou dará o perdimento da mercadoria.

Ex.: eu declaro que é “X”, mas é “Y”. Consequentemente, perderei o produto.

O canal cinza? É o pior de todos. O seu produto chega e, de imediato, a receita confere verificando que o mesmo nada tem a ver com o que foi declarado na documentação; aí ela dará perdimento da mercadoria e você não conseguirá nem liberar. O produto será totalmente apreendido. Se a mercadoria for ilegal / contrabandeado

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– será destruído; e se o mesmo der para ser reaproveitado, será destinado para a Receita Federal, que o leiloará.

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