direito administrativo - bens públicos
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Trabalho Acadêmico, Direito Administrativo II.TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
DEPARTAMENTO DE DIREITO PRIVADO
BACHARELADO EM DIREITO
DANIEL MENDONÇA BARRETO
TRABALHO DO SEMESTRE – BENS PÚBLICOS
Trabalho apresentado no curso de Bacharelado em
Direito da Universidade de Caxias do Sul, como
requisito parcial para aprovação na disciplina de
Direito Administrativo II (38-39).
Prof.: Maria do Carmo Padilha Quissini
Caxias do Sul
2012
QUESTÕES:
1) O que se entende por domínio público? Explique a diversidade e abrangência de conceitos.
Domínio público é o poder de dominação ou de regulamentação que o Estado exerce
sobre os bens públicos, particulares de interesse público ou res nullius. Este é o conceito lato
sensu, visto a expressão significar tanto o poder que o Estado exerce sobre os bens próprios e
alheios, como também designar a condição desses bens, ou ser tomada como o conjunto de
bens destinados ao uso público, ou, ainda, o regime a que se subordina esse complexo de
coisas afetadas de interesse público.
1.1) Diferencie domínio eminente de domínio patrimonial, explicando as situações em que se
verificam.
O domínio eminente é o poder político, condicionado à ordem jurídico-constitucional,
pelo qual o Estado submete à sua vontade todas as pessoas e os bens que se encontram no seu
território. Este ocorre nos casos de desapropriação, de limitação ao uso da propriedade
privada, das medidas de polícia, entre outros. Já o domínio patrimonial é direito de
propriedade pública, sujeito a regime administrativo especial, onde se subordinam todos os
bens das pessoas administrativas, ou seja, bens públicos, regidos pelo Direito Público.
2) Quais as finalidades das terras urbanas e rurais e sob qual jurisdição se encontram?
As terras rurais, públicas ou particulares, destinam-se à agricultura e à pecuária, ou à
preservação da flora, da fauna e de outros recursos naturais. Já as terras urbanas destinam-se à
edificação residencial ou construção comercial e industrial. A jurisdição das terras rurais é da
União, pelo INCRA. As terras urbanas são de jurisdição do Município, conforme artigo 30,
VIII da Constituição Federal.
3) Qual é o entendimento doutrinário sobre Bem Público? Citar o autor consultado.
Bens Públicos são todas as coisas corpóreas ou incorpóreas, imóveis, móveis e
semoventes, créditos, direitos e ações, que pertençam, a qualquer título, às entidades estatais,
autárquicas, fundacionais e empresas governamentais, conforme ensina Hely Lopes Meirelles.
4) Como são classificados os bens públicos? Que bens compreendem estas classificações?
Podem ser do domínio público, do patrimônio administrativo ou do patrimônio
disponível. Aqueles são os mares, praias e todos os que compreendem o inciso I do artigo 99
do Código Civil. Esses são os edifícios de estabelecimento da Administração entre outros que
se enquadram no inciso II do artigo 99 do mesmo diploma legal. Estes são os que podem ser
utilizados para qualquer finalidade e estão positivados no inciso III do artigo 99 do diploma
supra.
5) Sob quais modalidades são utilizados os bens públicos? Relacione as principais
características de cada uma e quais as formas administrativas previstas para o uso especial de
um bem público por particulares.
Sob a modalidade de uso comum do povo são aqueles que se destinam à coletividade
em geral, não discriminando usuários ou ordem especial. São os casos das ruas e logradouros
públicos, dos rios navegáveis, do mar e das praias naturais. Para a utilização deles, não se
exige nenhuma qualificação ou consentimento especial, apenas as regulamentações gerais de
saúde, segurança e moral. Já os de uso especial são todos aqueles que a Administração atribui
a determinada pessoa para fruir do bem público com exclusividade, ou para aquele que a
Administração impõe pagamento. É o caso dos edifícios, veículos e equipamentos utilizados
por suas repartições. Quanto às formas administrativas, uma delas é a autorização de uso.
Esta é o ato unilateral, discricionário e precário pelo qual a administração consente na prática
de determinada atividade individual incidente sobre um bem público. Visa apenas a atividades
transitórias e irrelevantes para o Poder Público, bastando que se consubstancie em ato escrito,
revogável sumariamente a qualquer tempo e sem ônus para a administração. Outra forma é a
permissão de uso. Trata-se do ato negocial, unilateral, discricionário e precário através do
qual a administração faculta ao particular a utilização individual de determinado bem público.
Como ato negocial, pode ser com ou sem condições, gratuito ou remunerado, por tempo certo
ou indeterminado, mas sempre modificável e revogável unilateralmente pela administração,
quando o interesse público exigir, dado sua natureza precária e o poder discricionário do
permitente para consentir e retirar o uso especial do bem público. A permissão, enquanto
vigente, assegura ao permissionário o uso especial e individual do bem público, conforme
fixado pela Administração, e gera direitos subjetivos defensáveis pelas vias judiciais,
inclusive ações possessórias para proteger a utilização na forma permitida. Via de regra, a
permissão não confere exclusividade de uso. Qualquer bem público admite permissão de uso
especial a particular, desde que a utilização seja também de interesse da coletividade. Existe,
ainda a cessão de uso, que é a transferência gratuita da posse de um bem público de uma
entidade ou órgão para outro, a fim de que o cessionário o utilize nas condições estabelecidas
no respectivo termo, por tempo certo ou indeterminado. É ato de colaboração entre repartições
públicas, em que aquela que tem bens desnecessários aos seus serviços cede o uso a outra que
deles está precisando. Temos, também a concessão de uso, a qual é o contrato administrativo
pelo qual o Poder Público atribui a utilização exclusiva de um bem de seu domínio a
particular para que o explore segundo sua destinação específica. O que caracteriza a
concessão de uso e a distingue dos demais institutos assemelhados é o caráter contratual e
estável da outorga do uso do bem público ao particular, para que o utilize com exclusividade e
nas condições convencionadas com a Administração. Outra espécie de concessão é a especial
de uso. Esta, é a figura jurídica criada pela Medida Provisória 2.220, de 4 de setembro de
2001, para regularizar a ocupação ilegal de terrenos públicos pela população de baixa renda
sem moradia. Por fim, existe a possibilidade da concessão de direito real de uso, no contrato
pelo qual a Administração transfere o uso remunerado ou gratuito de terreno público a
particular, como direito real resolúvel, para que dele se utilize em fins específicos de
urbanização, industrialização, edificação, cultivo ou qualquer outra exploração do interesse
social.
6) Que formas são previstas no ordenamento jurídico brasileiro para alienação de bens?
Explique sinteticamente cada uma.
A venda é o contrato pelo qual uma das partes transfere à outra o domínio de certa
coisa, mediante preço certo em dinheiro (CC, art. 418). Toda venda, ainda que de bem
público, é contrato de Direito Privado. A doação é o contrato pelo qual uma pessoa, por
liberalidade, transfere de seu patrimônio bens ou vantagens para outra, que os aceita (CC, arts.
538 e 539). É contrato civil, e não administrativo, fundado na liberdade do doador, embora
possa ser com encargos para o donatário. Diferentemente, a dação em pagamento é a entrega
de um bem que não seja dinheiro para solver dívida anterior. A coisa dada em pagamento
pode ser de qualquer espécie e natureza, desde que o credor consinta no recebimento em
substituição da prestação que lhe era devida (CC, art. 356). Já a permuta é o contrato pelo
qual as partes transferem e recebem um bem, uma da outra, bens esses que se substituem
reciprocamente no patrimônio dos permutantes. Há sempre na permuta uma alienação e uma
aquisição de coisa, da mesma espécie ou não. Há, também, a figura da investidura, a qual é a
incorporação de uma área pública, isoladamente inconstruível, ao terreno particular
confinante que ficou afastado do novo alinhamento em razão de alteração do traçado urbano.
A concessão de domínio é a forma de alienação de terras públicas que teve sua origem nas
concessões sesmarias da Coroa e foi largamente usada nas concessões de datas das
Municipalidades da Colônia e do Império. Atualmente, só é utilizada nas concessões de
térreas devolutas da União, dos Estados e dos Municípios, consoante prevê a Constituição
Federal (art. 188, § 1º). Tais concessões não passam de vendas ou doações dessas terras
públicas, sempre precedidas de lei autorizadora e avaliação das glebas a serem concedidas a
titulo oneroso ou gratuito, além da aprovação do Congresso Nacional quando excedentes em
dois mil e quinhentos hectares. Por último, a legitimação de posse é modo excepcional de
transferência de domínio de terra devoluta ou área pública sem utilização, ocupada por longo
tempo por particular que nela se instala, cultivando-a ou levantando edificação para seu uso.
7) Quais são as características inerentes aos bens públicos? Explique sinteticamente cada uma.
A imprescritibilidade decorre da consequência lógica de sua inalienabilidade
originária. Já a impenhorabilidade decorre de preceito constitucional que dispõe sobre a forma
pela qual serão executadas as sentenças judiciárias contra a Fazenda Pública, sem permitir a
penhora de seus bens. Admite, entretanto, o sequestro da quantia necessária à satisfação do
débito, desde que ocorram certas condições processuais (CF, art. 100). Nos casos de não
oneração, é impossível a oneração dos bens públicos (entidades estatais, autárquicas e
fundacionais), tendo em vista a imprescritibilidade e a impenhorabilidade.
8) Com relação à aquisição de bens por parte do Poder Público responda:
a) Que formas o ordenamento jurídico prevê para que o Poder Público adquira bens? Como
se operacionaliza a aquisição de bens?
O Estado adquire bens de toda espécie. Essas aquisições são feitas contratualmente, pelos
instrumentos comuns do Direito Privado, sob a forma de compra, permuta, doação, dação em
pagamento, ou se realizem compulsoriamente, por desapropriação ou adjudicação em
execução de sentença, ou ainda, se efetivam por força de lei, na destinação de áreas públicas
nos loteamentos e na concessão de domínio de terras devolutas.
b) Em que situações é possível ao Poder Público adquirir imóvel abandonado?
O código civil de 2002, ao regular a perda da propriedade particular, dispõe que o imóvel
abandonado, que não se encontra na posse de ninguém, poderá ser arrecadado como bem vago
e incorporado ao patrimônio público depois de três anos. Se for imóvel urbano, passará à
propriedade do Município, ou do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscrições.
Se for rural, passará à propriedade da União, onde quer que se encontre. Presume-se de modo
absoluto a intenção de abandono quando, cessados os atos de posse, deixar o proprietário de
satisfazer os ônus fiscais (art. 1.276 e §§). A arrecadação far-se-á por procedimento judicial
ordinário, com publicação de editais convocando o proprietário e demais interessados. A
sentença final será o título a ser registrado no Registro de Imóveis.
c) Quando cabe a aquisição por usucapião?
Há também a aquisição de bens por usucapião em favor do Poder Público. Este é o meio
adequado para a Administração obter o título de propriedade de imóvel que ela ocupa, com
animo de domínio, por tempo bastante para usucapir. A sentença de usucapião passará a ser o
titulo aquisitivo registrável no cartório imobiliário competente.
d) Que procedimentos são necessários para aquisição de bens?
A aquisição onerosa de um imóvel depende de autorização legal e de avaliação prévia,
podendo dispensar concorrência se o bem escolhido for o único que convenha à
Administração; quanto aos móveis e semoventes, sua aquisição dispensa autorização especial,
mas dependerá de licitação, na modalidade adequada ao valor do contrato, salvo se estiver na
reduzida faixa de inexigibilidade ou dispensa legal desse requisito.
9) A que tipo de domínio se submetem as águas, as jazidas, as florestas, a fauna, o espaço
aéreo e as coisas que interessam ao patrimônio artístico e histórico nacional? Justifique.
O Estado, como Nação politicamente organizada, exerce poderes de Soberania sobre
todas as coisas que se encontram em seu território. Alguns bens pertencem ao próprio Estado;
outros, embora pertencentes a particulares, ficam sujeitos às limitações administrativas
impostas pelo Estado; outros, finalmente, não pertencem a ninguém, por inapropriáveis, mas
sua utilização subordina-se às normas estabelecidas pelo Estado. Este conjunto de bens
sujeitos ou pertencentes ao Estado constitui o domínio público, em seus vários
desdobramentos, como veremos a seguir. O domínio público em sentido amplo é o poder de
dominação ou de regulamentação que o Estado exerce sobre os bens do seu patrimônio (bens
públicos), ou sobre os bens do patrimônio privado (bens particulares de interesse público), ou
sobre as coisas inapropriáveis individualmente, mas de fruição geral da coletividade (res
nullius). Neste sentido amplo e genérico o domínio público abrange não só os bens das
pessoas jurídicas de Direito Público interno como as demais coisas que, por sua utilidade
coletiva, merecem a proteção do Poder Público, tais como as águas, as jazidas, as florestas, a
fauna, o espaço aéreo e as que interessam ao patrimônio histórico e artístico nacional.
Exterioriza-se, assim, o domínio público em poderes de soberania e em direitos de
propriedade. Aqueles se exercem sobre todas as coisas de interesse público, sob a forma de
domínio eminente; estes só incidem sobre os bens pertencentes às entidades públicas, sob a
forma de domínio patrimonial.
10) Que características identificam as terras públicas?
A priori, todas as terras públicas pertenciam à coroa portuguesa e sua transferência aos
particulares deu-se de forma paulatina através das denominadas sesmarias e datas. Somente
com a lei imperial 601, de 18/09/1850, surge algo mais consistente em termos legislativos,
tendo sido tal legislação regulamentada pelo decreto imperial de 30/11/1854. A constituição
de 1891 tratou das terras devolutas atribuindo-as ao estado, reservando à união somente
aquelas que fossem necessárias à defesa nacional. Na atual constituição, a matéria vem
disciplinada nos dispositivos retro citados. Encontramos disciplina acerca das terras públicas
ainda em diversas outras leis como, por exemplo, o Estatuto da Terra e o Código de Águas.
Depois disso, vieram outros conceitos de terras públicas com o Código Civil de 1916, o Dec.
Federal 19.924 de 1931, o Dec. Federal 21.235 de 1932, a Constituição de 1946 e a
Constituição de 1969 até atingirmos o conceito atual do artigo 20 da Constituição Federal1,
1 Art. 20. São bens da União: I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos; II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei; III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva; VI - o mar territorial;
expondo quais são os bens da União. As terras públicas não são suscetíveis de usucapião (art.
189, §3º e art. 191, parágrafo único, ambos da CF/88) e só podem ser alienadas ou concedido
seu uso em área superior a dois mil e quinhentos hectares com prévia aprovação do Congresso
Federal (art. 188 e §§, CF/88). As alienações na faixa de fronteira ficam sujeitas às restrições
da Lei 6.634, de 2.5.79, podendo ser ratificadas na forma da Lei 4.947 de 6.4.66, e do
Decreto-Lei 1.414 de 18.8.75. Há ainda a MP 2.220 de 4.9.2001, que regula o direito à
concessão de uso especial de imóvel urbano para fins de moradia, transferível por ato inter
vivos ou causa mortis.
11) Identifique sinteticamente uma característica de cada uma das terras públicas.
As terras públicas compõem-se de terras devolutas, plataforma continental, terras
ocupadas pelos silvícolas, terrenos de marinha, terrenos acrescidos, terrenos reservados ou
marginais, ilhas dos rios públicos e oceânicas, álveos abandonados, alem das vias e
logradouros públicos e áreas ocupadas com as fortificações e edifícios públicos. As terras
devolutas são todas aquelas que, pertencentes ao domínio público de qualquer das entidades
estatais, não se acham utilizadas pelo Poder Público, nem destinadas a fins administrativos
específicos. São bens públicos patrimoniais ainda não utilizados pelos respectivos
proprietários. A plataforma continental a plataforma continental compreende “o leito e o
subsolo das áreas submarinas que se estendem além de seu mar territorial, em toda a extensão
do prolongamento natural de seu território terrestre, até o bordo exterior da margem
continental, ou até uma distância de duzentas milhas marítimas das linhas de base, a partir das
quais se mede a largura do mar territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem
continental não atinja essa distância” (Lei 8.617/93, art. 11). Seu limite exterior será fixado de
conformidade com os critérios estabelecidos na Convenção das Nações Unidas sobre o
Direito do Mar, de 1982 (art. 11, parág. único). Sobre ela o Brasil exerce direitos de soberania
para efeitos de exploração e aproveitamento de seus recursos naturais, referidos no parágrafo
único do art. 12, além de ter “o direito exclusivo de regulamentar a investigação cientifica
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; VIII - os potenciais de energia hidráulica; IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos; XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. § 1º - É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da administração direta da União, participação no resultado da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa exploração. § 2º - A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização serão reguladas em lei.
marinha, a proteção e preservação do meio marinho, construção, operação e o uso de todos os
tipos de ilhas artificiais, instalações e estruturas e perfurações para quaisquer fins” (art. 13, §§
1º a 3º). É reconhecido aos Estados “o direito de colocar cabos e dutos” na plataforma, mas os
traçados dependerão de consentimento do Governo Brasileiro, que poderá estabelecer
condições para a colocação (art.14). As terras tradicionalmente ocupadas pelos silvícolas são
as porções do território nacional necessárias à sobrevivência física e cultural das populações
indígenas que as habitam, assegura a posse permanente aos índios, e usufruto exclusivo das
riquezas e utilidades nelas existentes (art. 231, §§ 1º e 2º). Os terrenos de marinha são todos
que banhados pelas águas do mar ou dos rios navegáveis, em sua foz, vão até a distancia de
22 metros para a parte das terras, contados, desde o ponto em que chega o preamar médio –
Aviso Imperial de 12.7.1833. Tais terrenos pertencem ao domínio da União, conforme art. 64
da CF/88. Os terrenos acrescidos são todos aqueles que se formam com a terra carreada pela
causal. Tais terrenos pertencem aos proprietários das terras marginais a que aderirem, na
forma que o Código Civil estabelece em seu art. 1250. Os terrenos reservados ou marginais
são as faixas de terras particulares, marginais dos rios, lagos e canais públicos, na largura de
quinze metros oneradas com a servidão de trânsito, instituída pelo art. 39 da Lei Imperial
1.507 de 26.9.1867, revigorada pelos art. 11,12 e 14 do Dec. Federal 24.643, de 10.7.1934 –
Código de Águas. As ilhas dos rios e lagos públicos interiores pertencem aos Estados-
membros e as dos rios e lagos limítrofes com Estados estrangeiros são do domínio da União, é
o que se refere o art. 20, IV, da CF. As ilhas marítimas classificam-se em costeiras e
oceânicas. Ilhas costeiras são as que resultam do relevo continental ou da plataforma
submarina, já as ilhas oceânicas são as que se encontram afastadas da costa e nada tem a ver
com o relevo continental ou com a plataforma submarina. Os álveos abandonados pelas águas
públicas passam a pertencer aos proprietários ribeirinhos das respectivas margens, sem que
tenham direito a indenização alguma os donos dos terrenos por onde a corrente abrir novo
curso. Entende-se por álveo a faixa de terra ocupada pelas águas de um rio ou lago; é o leito
das águas perenes. A faixa de fronteira, destinada à defesa nacional pela Lei 6.634, de 2.5.79
(regulamentada pelo Dec. 85.064 de 26.8.80), é de cento e cinquenta quilômetros de largura,
paralela à linha divisória do território brasileiro (art. 20, §2º, CF). As terras ocupadas com as
vias e logradouros públicos pertencem às administrações que os construíram. Tais áreas
podem constituir bens de uso comum do povo ou bens de uso especial.
12) Quanto as águas públicas, o que se consideram águas externas e o que se consideram
águas internas? Como fica a jurisdição do Brasil em relação ao tema?
As águas, segundo o direito internacional público, são classificadas em externas e
internas. Consideram-se externas as que contornam o continente e internas as que banham
exclusivamente o território nacional ou lhe servem de divisa com estados estrangeiros. Quanto
às águas internas, o domínio da nação é completo e não sofre restrição alguma: quanto às
águas externas, a jurisdição nacional fica condicionada às regras internacionais que regem o
sistema. Essa regulamentação constitui o regime jurídico das águas de cada país, que o
estabelece segundo suas conveniências e o sistema hidrográfico nacional, no legítimo
exercício de sua soberania.
13) O que compõem as águas internas e externas e a que regime jurídico se submetem?
As águas internas, segundo o conceito aprovado pela primeira conferência de direito
internacional, reunida em Haia, em 1930, abrangem os rios, lagos e mares interiores; os
portos, canais e ancoradouros; as baías, golfos e estuários cujas aberturas não ultrapassem os
limites adotados pelas convenções internacionais. O regime jurídico das águas internas no
brasil é o estabelecido pelo código de águas (dec. Federal 24.643, de 10.7.34), que dispões
sobre sua classificação e utilização, bem como sobre o aproveitamento do potencial
hidráulico, fixando as respectivas limitações administrativas de interesse público. As águas
externas compreendem o mar territorial, a zona contígua, a zona econômica exclusiva e o
alto-mar, e são classificadas assim:
• Mar territorial – compreende uma faixa de doze milhas marítimas de largura, medidas
a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro, tal como indicada nas
cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente pelo brasil (lei 8.617/93, art. 1º).
No mar territorial, inclusive seu leito, subsolo e espaço aéreo sobrejacente, o brasil exerce sua
soberania (cf, art. 20, VI; lei 8.617/93, art. 2º). As águas do mar territorial são públicas de uso
comum.
• Zona contígua – compreende uma faixa que se estende das doze às vinte e quatro
milhas, contadas “a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar
territorial” (lei 8.617/93, art. 4º). Nessa zona, “o brasil poderá tomar as medidas de
fiscalização necessárias para: I – evitar as infrações às leis e aos regulamentos aduaneiros,
fiscais, de imigração ou sanitários, no seu território ou no seu mar territorial; II – reprimir as
infrações às leis e aos regulamentos, no seu território ou no seu mar territorial” (art. 5º).
• Zona econômica exclusiva – compreende uma faixa que se estende das doze milhas às
duzentas milhas, “contadas a partir das linhas de base que servem para medir a largura do mar
territorial” (lei 8.617/93, art. 6º). Sobre ela, “o brasil tem direitos de soberania para fins de
exploração e aproveitamento, conservação e gestão de recursos naturais, vivos ou não-vivos,
das águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar e seu subsolo, e no que se refere a
outras atividades com vistas à exploração e ao aproveitamento da zona para fins econômicos”.
• Alto-mar – é toda a extensão de águas marítimas compreendidas entre as zonas
contíguas dos diversos continentes. Tais águas são res nullius, de usos comum de todos, sem
que sobre elas qualquer nação exerça direitos de soberania ou domínio individual. Podem ser
singradas por quaisquer embarcações e utilizadas para quaisquer fins não proibidos pelos
tratados e convenções internacionais.
14) Como está disciplinado juridicamente o espaço aéreo?
O espaço aéreo, com base no Código Brasileiro de Aeronáutica (Lei 7.565, de
19.12.1986) afirma que “o Brasil exerce completa e exclusiva soberania sobre o espaço aéreo
acima de seu território e mar territorial” (art. 11).