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Técnico Judiciário – Área Administrativa Direito Administrativo – Parte 2 Profª Tatiana Marcello

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Técnico Judiciário – Área Administrativa

Direito Administrativo – Parte 2

Profª Tatiana Marcello

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Direito Administrativo

Professora Tatiana Marcello

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Direito Administrativo

INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE

Modalidades de Intervenção do Estado na Propriedade:

• Servidão Administrativa (ex.: passagem de redes elétricas; placas com nomes de rua na casa);

• Requisição (ex.: em perigo iminente, a polícia requisita meu veículo para uma perseguição);

• Ocupação Temporária (ex.: utilização de espaços privados para maquinários de obras);

• Limitações Administrativas (ex.: limpeza de terreno, limite ao desmatamento...);

• Tombamento (ex.: para proteger o patrimônio cultural);

• Desapropriação (Estado retira coercitivamente a propriedade de terceiro e a transfere para si).

SERVIDÃO ADMINISTRATIVA

Exemplos:

• Instalações de redes elétricas e redes telefônicas;

• Implantação de gasodutos e oleodutos;

• Colocação de placas em prédios privados com nomes de ruas;

• Colocação de ganchos em prédios privads para sustentar redes elétricas.

CONCEITO DE SERVIDÃO ADMINISTRATIVA

• Hely Lopes Meirelles: “servidão administrativa ou pública é ônus real de uso imposto pela Administração à propriedade particular para assegurar a realização e conservação de obras e serviços públicos ou de utilidade pública, mediante indenização dos prejuízos efetivamente suportados pelo proprietário”.

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CARACTERÍSTICAS DA SERVIDÃO ADMINISTRATIVA

• Instituição – mediante acordo administrativo feito por escritura pública ou mediante sentença judicial (quando não há acordo), não havendo, portanto, autoexecutoriedade na servidão administrativa.

• Indenização condicionada – por se tratar apenas de um direito de uso pelo Poder Público (não há transferência de propriedade), a regra é de que não haja indenização, exceto por danos ou prejuízos comprovadamente causados.

• Portanto, a servidão administrativa incide sobre bens imóveis, com natureza de direito real, com caráter de definitivo, sem executoriedade e indenização condicionada (somente no caso de danos ou prejuízos efetivos).

• Portanto, a servidão administrativa:

• incide sobre bens imóveis; • com natureza de direito real; • com caráter de definitivo; • sem autoexecutoriedade; • indenização prévia condicionada (mas apenas em caso de dano).

REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA

Exemplos:

• Em uma emergência, a polícia pode requisitar meu veículo para fazer um salvamento;

• Em uma calamidade pública, o Poder público pode requisitar o uso das instalações e dos serviços de um imóvel particular, bem como de equipamentos e serviços médicos de um hospital privado.

CONCEITO DE REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA

• Maria Sylvia Zanella di Piettro: “ato administrativo unilateral, auto-executório e oneroso, consistente na utilização de bens ou de serviços particulares pela Administração, para atender a necessidades coletivas em tempo de guerra ou em caso de perigo público iminente”.

• Hely Lopes Meirelles: “requisição é a utilização coativa de bens ou serviços particulares, pelo Poder Público, por ato de execução imediata e direta da autoridade requisitante e indenização ulterior, para atendimento de necessidades coletivas urgentes e transitórias”.

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CARACTERÍSTICAS DA REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA

• Determina o art. 5º, XXV da CF que “no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano”.

• A requisição administrativa poderá ser civil ou militar. A requisicão civil visa a evitar danos, à vida, à saúde e aos bens da coletividade diante de uma inundação, incêndios, epidemas, catástrofes; a requisição militar objetiva o resguardo da segurança interna e a manutenção da Soberania Nacional durante um conflito armado ou uma comoção interna.

• Indenização ulterior condicionada – haverá indenização apenas se houver danos, posteriormente paga ao particular.

• Portanto, a requisição administrativa:

• incide sobre bens imóveis, imóveis e serviços (na servidão era apenas imóveis); • com natureza de direito pessoal (na servidão era real); • com caráter de transitório (na servidão era definitivo); • com autoexecutoriedade (na servidão era sem); • indenização ulterior condicionada (mas apenas em caso de dano) (na servidão é

prévia).

OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA

Exemplos:

• Utilização de um terreno privado para guardar maquinários ou ara pequenas barracas de operários durante a realização de uma obra;

• Utilização de escolas para realização de eleições ou de campanhas de vacinação.

CONCEITO DE OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA

Hely Lopes Meirelles: “ocupação temporária ou provisória é a utilização transitória, remunerada ou gratuita, de bens particulares pelo Poder Público, para a execução de obras, serviços ou atividades públicas ou de interesse público”.

• Portanto, a ocupação temporária:

• incide sobre bens imóveis (igual a servidão; diferente da requisição); • com natureza de direito pessoal (igual a requisição; diferente da servidão); • com caráter de transitório (igual a requisição; diferente da servidão); • com autoexecutoriedade (igual a requisição; diferente da servidão); • indenização condicionada (apenas em caso de dano, mas é possível que se estabeleça

uma remuneração para a ocupação).

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LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS

Exemplos:

• Obrigação de observar o recuo da calçada ao construir;

• Proibição de desmatamentos em uma propriedades rurais;

• Obrigação de efetuar limpezas de terrenos;

• Proibição de construir determinados números de pavimentos.

CONCEITO DE LIMITAÇÕES ADMINISTRATIVAS

• Hely Lopes Meirelles: “limitação administrativa é toda imposição geral, gratuita, unilateral e de ordem pública condicionadora do exercício de direitos ou de atividades particulares às exigências do bem-estar social”.

• Maria Sylvia Zanella di Piettro: “medidas de caráter geral, previstas em lei com fundamento no poder de polícia do Estado, gerando para os proprietários obrigações positivas ou negativas, com o fim de condicionar o exercício do direito de propriedade ao bem-estar social”.

• Portanto, as limitações administrativas:

• são atos legislativos ou administrativos de caráter geral; • com caráter definitivo (igual servidão); • com autoexecutoriedade (igual ocupação e requisição); • motivos de interesses públicos abstratos; • ausência de indenização.

TOMBAMENTO

• Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo “tombamento é a modalidade de intervenção na propriedade por meio da qual o Poder Público procura proteger o patromônio cultural brasileiro”.

• CF, art. 216, § 1º: O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.

• Portanto, o tombamento pode ser:

• Voluntário – quando o proprietário concorda com o tombamento, seja ele mesmo solicitando ou concordando com a proposta feita pelo Poder Público;

• Compulsório – quando o Poder Público realiza a inscrição do bem como tombado, mesmo que o proprietário não conorde.

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• Provisório – enquanto não concluído o processo administrativo de tombamento. • Definitivo – após a conclusão do processo, quando o Poder Público realiza a inscrição

do bem como tombado e leva a registro. • No tombamento não há obrigatoriedade de indenização.

DESAPROPRIAÇÃO

• Art. 5º, XXII – é garantido o direito de propriedade.

• Art. 5º, XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;

• Art. 5º, XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;

Conceito

• Desapropriação é o procedimento de direito público mediante o qual o Estado, ou quem a lei autorize, retira coercitivamente a propriedade de terceiro e transfere para si – ou, excepcionalmente, para outras entidades – fundado em razões de utilidade pública, de necessidade pública, ou de interesse social, em regra, com o pagamento de justa indenização (Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo).

• É a mais gravosa modalidade de intervenção do Estado na propriedade!

• Em regra, as modalidades de intervenção do Estado na propriedade limitam ou condicionam o exercício dos poderes ao domínio (intervenção restritiva); entretanto, a desapropriação enseja, também, a perda da propriedade (intervenção supressiva).

Pressupostos

a) utilidade pública – por mera conveniência do poder público (ex.: desapropriar um imóvel para construir uma escola; desapropriar imóveis para alargar vias);

b) necessidade pública – por situações de urgência ou emergência (ex.: desapropriação de um imóvel em face de uma calamidade ou salvaguardar a segurança nacional);

c) interesse social – quando o bem não está cumprindo sua função social – para promover a justa distribuição da propriedade ou condicionar o seu uso ao bem estar social (ex.: desapropriar area para construção de casas populares, ou para reforma agrária).

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Tipos de desapropriação

• Desapropriação urbanística (art. 182, § 4º, III, CF) – possui caráter sancionatório, aplicável ao proprietário de solo urbano que não atende as exigências de promover o adequado aproveitamento da propriedade, conforme o plano diretor do município.

• Indenização: mediante títulos da dívida pública, com prazo de resgate de até 10 anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas.

• Desapropriação rural (art. 184, CF) – incide sobre imóveis rurais, em regra, destinados à Reforma Agrária; é uma desapropriação por interesse social, que sujeitam os imóveis rurais que não esteja atendendo à sua função social.

• Indenização: títulos da dívida agrária, resgatáveis em até 20 anos, a partir do segundo ano de sua emissão.

• Expropriante: apenas a União pode desapropriar.

• Não pode ser desapropriada:

• a) propriedade produtiva; • b) a pequena e média propriedade, desde que seu proprietário não possua outra.

• Desapropriação confiscatória (art. 243, CF) – incide sobre propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País, onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo; serão desapropriadas para fins de habitação popular ou Reforma Agrária.

• Indenização: não há indenização! Sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

• Desapropriação indireta (art. 35, DL 3.365/41) – quando o Estado se apropria do bem do particular sem a observância dos requisitos ou do devido processo legal; ou seja, não declara o bem como de interesse público e não paga a indenização que deveria. Nesse caso, não há a anulação da desapropriação! O expropriado apenas terá direito à indenização por perdas e danos.

• Indenização: será indenizado pelas perdas e danos, caso reclame.

Legislação

• Decreto-Lei nº 3.365/41 (Lei Geral de Desapropriação, que trata da desapropriação por utilidade pública);

• Lei nº 4.132/62 (desapropriação por interesse social);

• Lei nº 8257/91 (desapropriação de imóveis onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas);

• Lei nº 8.629/93 (desapropriação rural, por interesse social, para fins de reforma agrária);

• LC nº 76/93 (procedimento judicial de desapropriação rural, por interesse social, para fins de reforma agrária).

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Bens desapropriáveis

• Em regra, qualquer bem susceptível de valor patrimonial pode ser desapropriado; móvel ou imóvel, corpóreo ou incorpóreo.

• Exceções – são insusceptíveis de desapropriação:

a) moeda corrente do País;b) direito personalíssimos (honra, liberdade, cidadania...);c) desapropriar pessoas jurídicas (seus bens podem ser desapropriados).

Obs.: bens públicos pertencentes à entidades políticas podem ser desapropriados, desde que haja autorização legislativa.

→ União pode desapropriar bens dos E, DF e M.

→ Estados podem desapropriar bens dos seus M.

• A desapropriação de bens imóveis só pode se dar por ente federado em cujo território esteja situado.

União

Estado

Município

Procedimento de desapropriação:

• O procedimento de desapropriação é composto de 2 fases:

a) fase declaratória – o Poder Público manifesta a intenção de desapropriar, em regra, através de Decreto do Presidente, Governador ou Prefeito.

b) fase executória – onde são adotadas as providências para consumar a transferência do bem para o patrimônio do expropriante.

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• A fase executória pode se dar por via administrativa, quando houver acordo em ter o Poder Público e o expropriado, caso em que terá natureza de compra e venda e recebe o nome de “desapropriação amigável”.

• Não havendo acordo, será proposta ação judicial para solucionar o conflito, onde somente podem ser discutidos vícios do processo ou impugnação ao preço da indenização (demais alegações dependem de ação autônoma). O MP intervirá, obrigatoriamente.

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BENS PÚBLICOS

Conceito

• Código Civil – Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.

• Pessoa Jurídicas de Direito Público Interno – Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:

I – a União;

II – os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

III – os Municípios;

IV – as autarquias, inclusive as associações públicas;

V – as demais entidades de caráter público criadas por lei.

Essa é a chamada “corrente exclusivista” (mais aceita em concursos públicos).

• Porém, há outras correntes (minoritárias):

• Corrente Inclusivista – consideram que são bens públicos todos aqueles que pertencem á Administração Pública Direta e Indireta (incluindo Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista).

• Corrente Mista – ponto de vista intermediário que considera bens públicos os que pertencem às pessoas jurídicas de direito público interno, bem como aqueles que estejam afetados à prestação de um serviço público.

• Portanto, bens públicos são apenas aqueles pertencentes a pessoas jurídicas de direito público (U, E, M, DF, Autarquias e Fundações públicas de direito público).

• Entretanto:

a) bens das pessoas jurídicas de direito privado integrantes da Administração Pública são privados (ou particulares), mas podem estar sujeitos a regras próprias do regime jurídico de bens públicos (inalienabilidade, impenhorabilidade, imprescritibilidade e não onerabilidade), quando estiverem sendo efetivamente utilizados na prestação de um serviço público;

b) segundo o STF, o regime de precatórios (CF, art. 100) é aplicável no pagamento de dívidas de empresas públicas e sociedades de economia mista que prestem serviços públicos essenciais e próprios do Estado, em condições não concorrenciais (ex.: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos; Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária; Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares); isso significa que todos os bens dessas entidades (que estejam sendo utilizados ou não) são impenhoráveis.

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Classificação

1 – Quanto à forma de utilização/destinação:

Código Civil – Art. 99. São bens públicos:

I – os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

II – os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;

III – os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

a) Bens de uso comum do povo – apesar de pertencerem a uma a pessoa jurídica de direito público interno (poder de gestão e não propriedade), podem ser utilizados sem restrição por todos, gratuita ou onerosamente (rios, mares, estradas, ruas e praças, meio ambiente...);

b) Bens de uso especial – se destinam (afetados) especialmente à execução dos serviços públicos; são exemplos os veículos da Administração ou os imóveis onde estão instalados os serviços públicos e órgãos da administração (secretarias, escolas, tribunais, parlamentos...);

c) Bens dominicais – constituem patrimônio das pessoas jurídicas de direito público (propriedade), semelhantes aos bens dos particulares, mas que não estão afetados a uma finalidade pública específica, servindo apenas de reserva patrimonial ou fonte de renda, ou seja, não tem uma destinação especial (ex.: terras devolutas, terrenos baldios, viaturas sucateadas...).

2 – Quanto à titularidade:

• Os bens públicos se dividem em:

a) Federais,

b) Estaduais,

c) Distritais,

d) Territoriais,

e) Municipais,

• Conforme o nível federativo da pessoa jurídica a quem pertença.

• Res nullius – são coisas que “não pertencem a ninguém” (não são públicos nem particulares), como animais selvagens, conchas da praia, pérolas das ostras do fundo do mar...

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3 – Quanto à disponibilidade:

a) bens indisponíveis por natureza – são aqueles que, devido à sua condição não-patrimonial, não podem ser alienados ou onerados; são bens de uso comum do povo destinados à utilização universal e difusa (ex.: ar, meio ambiente, mares...);

b) bens patrimoniais indisponíveis – são os que tem condição patrimonial, mas que por pertencerem à categoria dos bens de uso comum do povo ou de uso especial, a lei lhes confere o caráter de inalienabilidade enquanto mantiverem tal condição, ou seja, naturalmente poderiam ser alienados, mas legalmente, não (ex.: ruas, praças, imóvel onde está instalada a prefeitura...);

c) bens patrimoniais disponíveis – são os legalmente possíveis de alienação, por não estarem afetados a certa finalidade pública, como é o caso dos bens dominicais (ex.: terras devolutas).

Atributos/Características

a) Inalienabilidade (relativa)

• Código Civil – Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.

• Código Civil – Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.

• Em regra, os bens públicos não podem ser alienados (nem usucapidos, nem desapropriados...). Em relação aos bens afetados (de uso comum do povo e de uso especial) não há possibilidade de alienação enquanto mantiverem essa condição. Em relação aos bens desafetados (dominicais), até podem ser alienados, porém há exigências legais a serem cumpridas (chamada alienabilidade condicionada), trazidas pela Lei 8.666/93 (demonstração de interesse público; prévia avaliação; licitação e autorização legislativa se for bem imóvel).

b) Impenhorabilidade

• Os bens públicos não podem ser objeto de constrição judicial.

• Portanto, a lei estabelece uma forma especial de execução contra a Fazenda Pública, bem como as ordens de precatórios previstas no art. 100 da CF.

• Essa regra é extensiva aos bens de Empresas Públicas, Sociedades de Economia Mista e Concessionários, quando afetados à prestação de serviços públicos.

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c) Imprescritibilidade

• Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

• Os bens públicos não se sujeitam à chamada prescrição aquisitiva, ou seja, não podem ser usucapidos.

d) Não onerabilidade

• Significa que nenhum ônus real (ex.: hipoteca, penhora, usufruto...) pode recair sobre os bens públicos. Bens públicos não podem ser dados como garantia em favor de terceiros (penhor, anticrese ou hipoteca).

Afetação e Desafetação (utilização)

• Afetação – é quando um bem está vinculado a uma finalidade pública (está afetado). Em regra, os bens de uso comum do povo e os bens de uso especial são afetados. Ex.: prédio público onde funciona uma escola pública está afetado à prestação desse serviço.

• Desafetação – é quando um bem não está vinculado a nenhuma finalidade pública (está desafetado). Os bens dominicais são desafetados. Ex.: terreno baldio da Prefeitura.

Entende-se por desafetação também, o ato de desvincular um bem a determinada finalidade, a fim de facilitar sua alienação. Portanto, um bem de uso comum do povo ou de uso especial é transformado em bem dominical. O ato de desafetação depende de lei específica.

Formas de Aquisição de Bens Públicos

1) Relações contratuais (Contratos de Direito Privado)

• compra e venda

• dação em pagamento

• permuta

• resgate no contrato de aforamento (em relação a Terrenos da Marinha da União – enfiteuse)

2) Usucapião

• A Lei veda que um particular possa usucapir bens públicos, no entanto, o Poder Público pode usucapir bens particulares.

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3) Desapropriação (intervenção do Estado na propriedade)

• Através da desapropriação a administração adquire bens públicos para atender a interesses públicos, como interesses sociais, necessidades ou utilidades públicas.

4) Acessão natural

• formação de ilhas;

• aluvião;

• avulsão;

• abandono de álveo;

• construção de obras ou plantações.

5) Arrematação

• A Administração pública pode participar de leilões, adquirindo bens através da arrematação.

6) Direito hereditário (Aquisição causa mortis)

• Pode ocorrer em três hipóteses:

a) como manifestação de última vontade do de cujus (testamento); b) por não possuir herdeiros ou sucessores – herança vacante/jacente; c) ausência de sucessores ou sua renúncia.

Formas de alienação de bens públicos

• Para que seja possível a alienação de bens públicos, é necessário que o mesmo esteja desafetado, transformando-se em bem dominical.

• Os requisitos para alienação de bens públicos constam na Lei nº 8.666/93 (Lei de Licitações) são tratados dentro de licitação (demonstração de interesse público; prévia avaliação; licitação e autorização legislativa se for bem imóvel).