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Didática do Contar Histórias Autoria: Vania Dohme Tema 04 Estudando uma História

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Didática do Contar HistóriasAutoria: Vania Dohme

Tema 04Estudando uma História

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Tema 04Estudando uma História

Autoria: Vania Dohme

Como citar esse documento:DOHME, Vania. Didática do Contar Histórias: Estudando uma História. Caderno de Atividades. Valinhos: Anhanguera Educacional, 2015.

Índice

© 2015 Anhanguera Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma.

Pág. 13

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O valor educacional de uma história está na mensagem que ela passa, ela constitui o cerne da comunicação. As histórias dão contexto àquilo que se gostaria ou que se necessita dizer e nem sempre se sabe como. Por outro lado, elas despertam sensações, aguçam habilidades, desenvolvem o senso crítico, a imaginação, a criatividade mesmo sem o narrador perceber. Assim, se o narrador se der conta deste potencial poderá direcionar a comunicação, potencializar a mensagem, dando ênfase aos pontos que julga mais importantes ou que são mais interessantes para o momento, podendo fazer suas próprias complementações.

O estudo detalhado da história irá possibilitar que se dê atenção a cada um de seus tópicos, ressaltando algum detalhe que poderia ter passado despercebido. Esse detalhamento também irá ajudar no timing da narração e na escolha dos recursos auxiliares.

De forma bastante objetiva, Tahan (1961) evidencia a importância do estudo da história:

O narrador que hesita, interpolando reticências inúteis entre os períodos, pode sacrificar, por completo, o êxito da narrativa. As hesitações decorrem de certas dúvidas, de pequenas falhas e as dúvidas não aparecem para aquele que conhece com “absoluta segurança o enredo”.

Aquele que tiver a insensatez de tentar a narrativa de uma história, sem dominar com precisão o enredo, praticará uma leviandade (TAHAN, 1961, p. 30).

CONvitEàlEiturA

Estudando uma HistóriaA Escolha da História

O primeiro passo para um educador que usa as histórias como meio (ou para um contador que, além de encantar, quer se comunicar) é a escolha da história. É comum cada contador ter o seu próprio repertório, no qual se encontram as histórias que “dizem aquilo que ele gostaria de dizer”, que contêm mensagens nas quais ele acredita e que julga

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importantes. Normalmente o contador leva para este acervo as histórias que o encantam, que têm elementos capazes de seduzi-lo, de incitar a sua imaginação. Esta é a única maneira possível de seguir os ensinamentos de Tahan (1961) para “emocionar-se com a própria narrativa”.

Atribuindo-se poder às histórias e entendendo este poder como capacidade privilegiada de se comunicar com crianças, pode-se concluir que as histórias certas são um “tesouro”, e este tesouro não irá “cair dos céus” como uma dádiva. Para ter um tesouro, é preciso garimpar.

E nesse garimpo, as “joias” não são iguais: cada uma tem um valor específico a determinada pessoa. As pessoas são diferentes, têm valores próprios que lhes são mais significativos, têm a sua própria visão de futuro, de transformação, cada qual com o seu script de vida entende de forma diferente a “marca” que sua passagem quer deixar no mundo.

Betty Coelho é clara em relação à escolha da história que se irá contar. Para ela, além da óbvia necessidade de se adequar a história ao gosto de quem irá ouvi-la, é preciso que a escolha recaia sobre uma determinada história:

Às vezes leva-se algum tempo pesquisando em livros e revistas até se encontrar a história adequada à faixa etária adequada e que atenda aos interesses dos ouvintes e ao objetivo que a ocasião requer. É preciso também considerar o estilo do narrador. A história é o mesmo que um quadro artístico ou uma bonita peça musical: não poderemos descrevê-los ou executá-los bem se não o apreciamos. Se as histórias não nos despertarem a sensibilidade, a emoção, não iremos contá-las com sucesso. Primeiro é preciso gostar dela, compreendê-la, para transmitir tudo ao ouvinte. Quando me interpelam nos cursos de treinamento dizendo: “Não gosto de contar histórias tristes, que devo fazer?“ A resposta óbvia é: “Não as conte. Escolha o que gosta de contar” (COELHO, 1986, p. 14).

E isto é muito mais significativo no adulto que entende sua missão como a de ser transmissor de cultura aos seus descendentes. Nesta lide, cada um escolhe, já escolheu ou escolherá qual é o papel que deseja desempenhar na vida de seus pequenos ouvintes, e este papel inclui escolher as mensagens, as suas próprias mensagens, e verificar se elas estão nas histórias, nas histórias escolhidas que fazem parte do seu acervo.

Idade Adequada

É difícil determinar em termos precisos qual é a idade adequada para uma dada história. Nosso livro base, na página 25, traz algumas dicas, e alguns livros infantis trazem indicação da faixa etária adequada, mas o principal é a sua percepção: observe a reação da sua plateia e vá “afinando” a faixa etária que mais se diverte e aproveita as mensagens educacionais da história.

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É importante ressaltar que não é somente a história que determina a idade de seu público, mas também a forma como ela é contada. Sendo que pode haver adaptações simplificações ou aprofundamento de acordo com a maturidade e outras características específicas das crianças.

Componentes de uma História

Faz parte do estudo de uma história o conhecimento aprofundado dos seus componentes principais, dentre eles, os mais importantes são os personagens, aqueles a quem se atribui as vivências que irão compor toda a trama. Posteriormente, é importante compreender o local onde a história ocorreu, uma vez que ele irá influenciar os fatos, e também a sua descrição, que irá ajudar os ouvintes na compreensão do enredo. O estudo do local será preponderante para que o contador preveja quantos cenários irá utilizar, o que é absolutamente necessário quando estiver usando recursos auxiliares, mas não é descartado quando se está apenas narrando a história, pois o contador, tendo em vista o número de “cenários” que são necessários para causar melhor compreensão da história, usa-os para estruturar a sua narrativa.

Algumas histórias estão ligadas a uma determinada época e sofrem influências culturais, identificadas por determinados aspectos presentes na história que, muitas vezes, explicam e justificam certos fatos, e que indicarão o que deve ser esclarecido aos seus ouvintes, promovendo uma melhor compreensão e uma maior contribuição cultural ao processo de comunicação focado na contação de histórias. Malba Tahan (1961) ensina, para este aspecto em particular, que se deve “verificar se a história exige, para ser contada, alguma explicação prévia” e dá um pitoresco e delicioso exemplo:

Pode acontecer que no enredo da história apareça alguma alusão a um nome (moeda, planta, acidente geográfico, estrela, animal exótico, etc.) que os ouvintes desconheçam. Em certos casos é interessante elucidar previamente o auditório: “Vou contar, para vocês, uma estranha aventura ocorrida em Itaberaí. Itaberaí é uma próspera e pitoresca cidade de Goiás. A palavra Itaberaí significa ‘rio das pedras que brilham’. Essa cidade...” (Seguem—se as indicações curiosas sobre a cidade que vai servir de cenário para a narrativa) (TAHAN, 1961, p. 53).

Personagens

São os elementos mais importantes da história. É preciso entender quem são e qual a importância de cada um deles. Toda história é composta de personagens principais, secundários e supérfluos. Os personagens principais são aqueles que têm importância vital na história, sem eles ela não aconteceria. Toda história tem como personagens principais um herói e um vilão. Muitas vezes o personagem do herói é duplo, apresentando o masculino e o feminino. Assim, deve-se entender quem são eles para poder dar-lhes uma ênfase maior. Este destaque será dado na narração, em que se deve dar maiores detalhes da sua personalidade, da sua aparência física, da sua vestimenta. Se a história for

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narrada com recursos auxiliares, como fantoches ou marionetes, esses personagens deverão ser os mais elaborados e não poderão jamais faltar.

É importante que o narrador saiba mais dos personagens do que ele irá descrever, ele deve imaginar como é o seu porte físico, seu tom de voz e sua personalidade, isso fará com que seja mais fácil dar colorido em cada passagem que o personagem está envolvido, como também imaginar como seria a reação do encontro do herói com sua amada ou com o terrível vilão.

O autor de Ouvidos dourados, o famoso contador de histórias Jonas Ribeiro, tem uma opinião sobre o assunto:

Pode até parecer estranho ficar pensando na cor do vestido da princesa, viajando no dorso do cavalo Rondó e ficar experimentando a garra do leão, o bigode do cão, a pena de águia e a patinha da formiga. E daí? Não importa quão estranho isso possa parecer, importa sim que esse brincar com a história faz parte do ofício do contador de histórias. (RIBEIRO, 2001, p. 80)

Os personagens secundários também são importantes, costuma-se dizer que são o amigo do herói e o inimigo do herói, ou o amigo do vilão. Sua importância está no fato de que eles dão sentido às falas dos personagens principais e é através do diálogo com seu amigo que se conhece as intenções do herói ou os planos do vilão.

Usar ou não os personagens secundários vai depender das condições, porém, a estes se dará sempre menor ênfase, mesmo porque isso será importante para o entendimento da história. Se o narrador dedicar o mesmo tempo para descrever o herói (personagem principal) e o amigo do herói (personagem secundário), ele confundirá a sua plateia. Já quando se trata do uso de recursos auxiliares, alguns deles proíbem o uso de muitos personagens, como ocorre com os fantoches, por exemplo, pois o uso de mais do que quatro personagens torna o manuseio inviável. Neste caso, pode-se dispensar um personagem secundário, fazendo-se menção a ele apenas através de um diálogo em que o personagem não aparece.

E, finalmente, os personagens supérfluos são aqueles que não têm absolutamente importância alguma: tê-los ou não tê-los não irá fazer a menor diferença. Os pais da Bela Adormecida, por exemplo, apesar de serem reis e progenitores da personagem principal não fazem diferença alguma no enredo, assim eles podem ser citados em apenas uma linha da narração e a compreensão da história será a mesma. Por outro lado, com um grupo grande de crianças em que se queira narrar a história de forma interativa, ou se a história for utilizada para uma dramatização, o uso dos personagens supérfluos será interessante para dar um papel a todos.

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Local

O contador irá se valer das imagens mentais para poder relatar aquilo que “ele mesmo vê”. Assim, conhecer o local onde a história se desenrola irá alimentar sua imaginação, que elaborará essas referências juntamente com outras que ele já possui, gerando a inspiração necessária para dar esteio à sua narração.

As histórias geralmente encerram um ambiente envolvente: trata-se de um cenário marítimo, uma floresta cheia de mistérios ou um castelo com seus diversos aposentos, e a pesquisa desses aspectos poderá ser muito fascinante.

Muitas vezes o narrador irá pesquisar para ter elementos que enriqueçam a sua descrição. É útil se chegar à especificação do país, se isto for significativo na história. Certamente aquele que não conhecer as “estepes da Índia” não poderá descrevê-las com riqueza, mas talvez tenha prazer em conhecê-las, em estudá-las melhor e, com isso, além de ter um grande prazer pessoal e intelectual, ele estará aumentando os seus horizontes de detalhes e, assim, conseguirá se expressar muito melhor. O conhecimento exato do local onde se passa a história evita erros grosseiros, que às vezes são cometidos na atribuição de costumes errados a povos, na colocação de elementos de fauna e flora em áreas geográficas erradas.

Um ambiente pode se desenvolver através de vários cenários e o bom narrador deverá dar detalhes de cada um deles. Assim, uma história que apresenta muitos cenários irá exigir mais do narrador, que deverá dar detalhes suficientes para que cada ouvinte “sinta” cada cenário sem, contudo, cansar-se. Muitas informações poderão também confundir os ouvintes.

Outro aspecto importante é que se deve dar “um espaço” para a criança criar o seu próprio cenário, ou seja, o narrador dá a abertura, descreve os elementos principais e deixa que cada um complete o cenário e outros elementos cenográficos com sua própria imaginação.

Um castelo é sempre um lugar de riqueza e fartura, não há necessidade de descrever detalhadamente cada um de seus elementos, bastam poucos detalhes para ressaltar o ambiente desejado, por exemplo: “o castelo era muito rico, muito mais do que qualquer rei ou rainha pudesse pensar, imaginem que suas escadarias eram de puro ouro e os lustres feitos de diamantes!”. Essa descrição já foi suficiente para que cada ouvinte tenha sua própria visão desse castelo muito rico e pense em outros elementos, próprios de sua imaginação, que o ajudarão a se deleitar com os fatos do enredo. Mas fique atento: se o narrador não imaginou o “seu” castelo, como iria descrever “escadas de puro ouro e lustres feitos de diamantes”?

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A natureza também oferece cenários estereotipados que facilitam a compreensão da história. O sol, radiante e brilhante, é que gera um clima positivo de esperança e renovação. Um repentino anoitecer ou um lugar onde ninguém sabe por que é sempre noite traz um clima de que “algo mau está para acontecer”. A floresta leva à presunção de liberdade e exercício da autonomia, o “viver por si só”, o “superar-se”.

De forma análoga aos personagens, o narrador certamente possui mais detalhes sobre o ambiente do que aqueles que irá contar, que idealizou no seu convívio com a história, os quais, embora não vá transmiti-los aos seus ouvintes, formam um repertório de imagens mentais que servirão de suporte à narração.

A imaginação exerce um papel importantíssimo na narração e pode não aparecer espontaneamente em uma pessoa, porém pode ser treinada e desenvolvida:

A imaginação dotada de iniciativa própria pode desenvolver-se sem qualquer esforço especial e trabalha, constante e incansavelmente, quer você esteja dormindo, quer acordado. Depois há aquela que não tem iniciativa, mas é fácil de despertar e continua agindo logo que lhe sugerem alguma coisa. A imaginação que não reage às sugestões cria um problema mais difícil. Com ela o ator recebe as sugestões de um modo apenas exterior e formal. Assim equipado, o seu desenvolvimento está crivado de dificuldades e há pouquíssimas esperanças de êxito, a não ser que ele faça um esforço enorme. (STANISLAVSKI , 2002, p. 90)

Época, Aspectos Culturais

Existem histórias que não têm época e, quando se conta uma história desse tipo, o ouvinte tem a impressão de que aquele enredo poderia estar acontecendo com ele, naquele momento, como é o caso das histórias de fadas. Porém, quando a história tem uma época, certamente isso terá influência nos costumes e em como o seu enredo se desenrolará. Existem fatos que adquirem significância própria dentro do contexto da época e compreendê-los será importante para fazer analogias com a época atual ou para compreender outros fatos na mesma época. Desconhecer essas peculiaridades ou fazer confusão com elas poderá ter consequências prejudiciais, afetando a veracidade com que a história é recebida, agindo como um ruído de comunicação, e fornecendo informações erradas.

Um exemplo é a história de Kotick, de Rudiard Kipling (1997), que retrata a dizimação de focas e se passa antes de 1911, data da promulgação de leis ambientalistas de preservação de espécies ameaçadas. Essa história de cunho ambientalista reforça, através desse detalhe, a necessidade de intervenções públicas para o controle da caça predatória. Conhecer esses detalhes não só dará maior veracidade à narração como também será uma lição ambientalista importante. Esta história poderá ser conhecida em nosso livro-texto Técnicas de contar histórias, nas páginas 71 a 75.

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Ficha Descritiva

No nosso livro-texto existe uma ficha descritiva que funciona como um checklist daquilo que se deve estudar. Após o contador escolher a história que irá fazer parte do seu repertório, ele deverá estudá-la minuciosamente. O fato de preencher a ficha irá fazer com que preste atenção aos elementos da história, entendendo-os melhor e, consequentemente, tendo um melhor desempenho na narração.

Outro fator interessante é que as diversas fichas, fruto das diversas histórias selecionadas, formarão um acervo precioso para o contador, que poderá ser usado por muito tempo, pois mesmo passados alguns anos da leitura da história, por meio da ficha, ela será prontamente rememorada.

Este tema aborda o lado frontal da Ficha Descrita, na qual cada campo deve ser preenchido da seguinte forma:

Enredo: fazer um resumo de como é o enredo da história. Isso facilitará consultas futuras. Classifique em simples, regular e complicado e como você está vendo essa história.

Tipo de enredo: análise do tipo, personagens, cenário e estilo, isso ajudará principalmente quando forem usados recursos auxiliares para a narração.

Idade adequada: como foi dito anteriormente, é difícil precisar a idade adequada para cada história. Assim preencha este item da ficha inicialmente com os dados genéricos estabelecidos no livro-texto, seguindo a orientação do tema anterior para fábulas e histórias de fadas ou a indicação do autor. Mas observe as reações à medida que conta e vá fazendo os seus ajustes nas idades do seu público de acordo com a forma que você conta e o retorno dado por ele. Portanto, o preenchimento desse item pode ir variando à medida que você adquire mais experiência.

Nome, descrição e função dos personagens principais, secundários e supérfluos: identifique cada um dos personagens das histórias, classifique-os e faça a sua descrição. A definição da quantidade é importante principalmente para quando se usar recursos auxiliares para contar a história.

Local: onde se passa a história? A classificação em simples, regular e complicado está relacionada à dificuldade que você terá em relação ao local para contar a história. Considere que para algumas histórias o local é muito importante e para outras, como as histórias de fadas, não há um local definido.

Época: só preencha este item se a história se passar em determinado período e se isso for importante para ela. Novamente histórias de fadas e fábulas não têm um período definido.

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Aspectos culturais, científicos e históricos: também nesse caso, só preencha o item se houver algum desses elementos que sejam importantes para apoiar o enredo.

Cenários, caracterização e objetos necessários: esses itens serão preenchidos tendo em vista o uso de recursos auxiliares.

POrDENTRODOTEMA

Construção de personagem

• Neste vídeo, o dramaturgo Ney Ferreira fala sobre a construção dos personagens, segundo Constatin Stanislavsk, que escreveu os livros A preparação do ator e Construção do personagem, o que poderá ajudá-lo a entender como esse procedimento pode ser feito na contação de histórias.

Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QWUhaq1gMGY>. Acesso em: 5 fev. 2015.

Tempo: 7:39

Contar histórias, uma arte maior

• Este artigo, escrito por Celso Sisto, apresenta conceitos interessantes que complementam este tema e traz ao final uma extensa bibliografia sobre contação de histórias.

Disponível em: <http://www.celsosisto.com/ensaios/Contar%20Hist%C3%B3rias.pdf>. Acesso em: 5 maio 2015.

Malba Tahan

• Malba Tahan escreveu o livro A arte de ler e contar histórias, mas o seu talento vai muito além, ele foi um grande escritor que utilizou as histórias para ensinar especialmente a matemática. Conheça um pouco de sua vida e obra no site oficial do professor.

Disponível em: <http://www.malbatahan.com.br/>. Acesso em: 15 jul. 2015.

ACOMPANHENAWEB

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Instruções:Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido.

AgOrAéAsuAvEz

Questão 1

O que é um repertório de histórias? Como se monta um repertório e qual é a sua importância?

Questão 2

Em relação aos personagens que compõem a história, assinale a alternativa correta.

a) Deve-se conhecer detalhes, especialmente dos personagens principais, pois isso ajuda a dar colorido à narração.

b) Deve-se conhecer detalhes de todos os personagens, independentemente dos papéis que desempenhem na história.

c) Não há necessidade de se conhecer detalhes dos personagens, sejam eles principais ou secundários.

d) Os personagens podem mudar de uma narração para outra em uma mesma história, por isso conhecê-los melhor não faria sentido.

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AgOrAéAsuAvEz

Questão 3

Sobre as especificações do país ou cidade onde a história transcorre, assinale a alternativa correta:

a) Deve-se especificar o país ou a cidade em que transcorre a história somente no caso em que o narrador tiver certeza de que temos conhecimentos necessários sobre eles.

b) O narrador pode inventar dados sobre o país quando não tiver esse conhecimento.

c) Dados sobre o país nunca são importantes, o foco deve ser sempre no microambiente onde a história se passa, como a casa, a caverna, a floresta.

d) Não, deve-se especificar o país ou a cidade somente quando isso for significativo na história.

Questão 4

O que Betty Coelho fala sobre a escolha de uma história?

Questão 5

Quais são os elementos que compõem uma história e por que é importante considerá-los?

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Muitas vezes o contador pode se sentir inseguro ao fazer a narração de histórias pela primeira vez. É comum também acontecer de atribuir o “dom de contar histórias” a alguém que desempenha muito bem essa atividade. Porém, é preciso contar um segredo: não há dons, ninguém nasce sabendo, nem tampouco uns são melhores do que outros. O que se precisa ter para ser seguro e ter um bom desempenho é conhecimento.

Contar histórias está muito próximo do ofício do ator. Nós podemos nos espelhar em atores novatos, podemos perceber a sua insegurança e, quando ouvimos seus relatos, verificamos o quanto há para estudar para dominar o palco. Passados alguns anos, somos testemunhas do seu desabrochar, lá está um ator capaz de passar emoções, dar veracidade ao seu papel e a toda a história.

Assim, estude bem sua história, esse é o primeiro passo para o bom desempenho. E ao final você certamente brilhará, encantando e, mais do que isso, passando mensagens que ficarão marcadas para sempre na vida das crianças.

fiNAlizANDO

COELHO, B. Contar histórias: uma arte sem idade. São Paulo: Ática, 1986.

COMPARATO, D. Da criação ao roteiro. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.

DOHME, Vania. Técnicas de contar histórias: um guia para desenvolver as suas habilidades e obter sucesso na apresentação de uma história. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.

GILLIG, J. M. O conto na psicopedagogia. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.

HOWARD, D. Teoria e prática do roteiro. São Paulo: Globo, 2002.

NEYDRAMA. Construção de personagem. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=QWUhaq1gMGY>. Acesso em: 5 fev. 2015.

PROPP, V. I. As raízes históricas do conto maravilhoso. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

rEfErêNCiAs

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RIBEIRO, J. Ouvidos dourados. São Paulo: Ave-Maria, 2001.

SISTO, C. Contar histórias, uma arte maior. In: MEDEIROS, Fábio Henrique Nunes & MORAES, Taiza Mara Rauen (Orgs.). Memorial do Proler: Joinville e resumos do Seminário de Estudos da Linguagem. Joinville, UNIVILLE, 2007. p. 39-41. Disponível em <http://www.celsosisto.com/ensaios/Contar%20Hist%C3%B3rias.pdf>. Acesso em: 5 fev. 2015.

STANISLAVSKI, C. A preparação do ator. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

TAHAN, M. A arte de ler e contar histórias. Rio de Janeiro: Conquista, 1961.

rEfErêNCiAs

Cenário: é o espaço no qual a história se passa. Ele contém todos os elementos importantes para apoiar a narração, desde o ambiente propriamente dito (a sala de um castelo, o tronco de uma floresta, uma mina de diamantes) até o con-junto de elementos que compõem as cenas, os objetos que serão usados para o desenvolvimento dos fatos (como uma cadeira, ou uma espada, um colar, etc.).

Checklist: termo em inglês usado para uma relação de providências ou tarefas que devem ser realizadas para um de-terminado objetivo. A palavra check dá a conotação de que devemos verificar se a ação foi feita e fazer uma marcação nesse item.

Época: refere-se a diferentes conceitos relacionados com o tempo e que são capazes de caracterizar esse período. Es-ses conceitos estão relacionados a fatos históricos, à cultura, caracterizada pelos hábitos e costumes, ao pensamento das pessoas, às regras da sociedade e ao modo de vida em geral.

Ficha descritiva: uma tabela dividida em campos para serem preenchidos de forma a dar destaque a elementos sele-cionados de um determinado assunto.

Recursos auxiliares: são os objetos que serão utilizados para apoiar uma narração. Podem ser um simples chapéu de fada usado por uma contadora, bonecos (como fantoches, bocões, marionetes), ou mesmo a reprodução do local onde a história se desenrola.

Repertório: conjunto de músicas, histórias, peças de balé utilizado por um determinado artista, no qual os componentes estão organizados de forma a serem facilmente recuperados na hora em que se necessite usá-los.

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gABAritOQuestão 1

Resposta: Um repertório é um conjunto de histórias que o contador tem e que estão disponíveis para serem contadas a qualquer momento. Esse repertório contém as histórias cujas mensagens são aquelas que o contador deseja transmitir no seu papel de educador. Sua importância reside no fato de que, tendo o contador estudado as histórias escolhidas, ele conhece detalhadamente seus personagens e o cenário, entende perfeitamente a sucessão de fatos e, principalmente, a sua mensagem, dessa forma, a narração terá muito mais probabilidade de ser encantadora e educativa.

Questão 2

Resposta: Alternativa A.

Deve-se dar ênfase somente aos personagens principais, saber mais detalhes desses personagens facilita imaginar como seriam os diálogos e as reações que eles teriam em cada situação, o que deixa a narração mais rica. Por outro lado, não há necessidade de se conhecer muitos detalhes dos personagens secundários e supérfluos, pois eles não têm a mesma importância e serão pouco mencionados, a fim de que a história não se alongue fazendo com que as crianças percam o interesse.

Questão 3

Resposta: Alternativa D.

É importante dar detalhes sobre o país ou a cidade quando há uma cultura ou elementos geográficos que são importantes para a compreensão do enredo da história.

Questão 4

Resposta: Betty Coelho dá ênfase na necessidade de se escolher bem a história, examinando se ela corresponde à faixa etária adequada e se atende aos interesses dos ouvintes e ao objetivo que a ocasião requer. Além disso, é importante considerar o estilo que cada narrador tem (mais humorístico, mais dramático, etc.). Ela orienta que a escolha deve recair sobre uma história que desperte a sensibilidade e a emoção do narrador, assim, ele estará motivado para contá-la.

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Questão 5

Resposta: Os elementos que compõem uma história são: personagens principais, secundários e supérfluos; loca; época; aspectos culturais, científicos ou históricos; cenários. É importante ter cada um descrito de forma bem clara para que, tendo todos esses elementos ricos em sua imaginação, a narração flua como se o contador tivesse realmente vivido aquelas situação, o que, certamente, facilitará o desempenho e dará muito mais veracidade à narração.

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