dialogo universitario nefilin

40
A vida: Um dilema químico? Ouvindo a tristeza Quão confiavel é a Bíblia? Dados e interpretaç o: Sabendo a diferença Meu escape do mundo do oculto 3 Publicado em Espanhol Francês Inglês Português Volume 13 Número

Upload: robson-ramos-videos-legais

Post on 27-Dec-2015

54 views

Category:

Documents


6 download

TRANSCRIPT

Page 1: Dialogo Universitario Nefilin

A vida: Um dilemaquímico?Ouvindo a tristezaQuão confiavel é aBíblia?Dados e interpretaç o:Sabendo a diferençaMeu escape do mundodo oculto

3

Publicado em

Espanhol

Francês

Inglês

Português

Volume 13Número

Page 2: Dialogo Universitario Nefilin

2 Diálogo 13:3 2001

Representantes RegionaisDivisão Afro-Oceano Índico: Japheth L. Agboka; Endereço: 22

Boite Postal 1764. Abidjan, Costa do Marfim. E-mail:[email protected]

Divisão da África Oriental: Hudson I. Kibuuka. Endereço:H.G.100, Highlands, Harare, Zimbábue. E-mail:[email protected]

Divisão Euro-Africana: Roberto Badenas. Endereço: P.O.Box 219,3000 Bern, 32 Suíça. E-mail: [email protected]

Divisão Euro Asiática: Heriberto Muller. Endereço: KrasnoyarskayaStreet 3, Golianovo, 107589 Moscou, Federação Russa.E-mail:[email protected]

Divisão Interamericana: Carlos Archbold e Bernardo Rodríguez.Endereço: P.O.Box 140760, Miami, Fl 33114-0760, E.U.A. E-mail:[email protected] & [email protected]

Divisão Norte-Americana: Don Hevener e Richard Stenbakken.Endereço: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, E.U.A. E-mail: [email protected] &[email protected]

Divisão Norte-Asiática do Pacífico: David S. F. Wong. Endereço:Koyang Lisan, P.O. Box 43, 783 Janghang-Dong, Lisan-Gu,Koyang City, Kyonggi-do 411-600, República da Coréia. E-mail:[email protected]

Divisão Sul-Americana: Roberto de Azevedo e José M.B. Silva.Endereço: Caixa Postal 02-2600, 70279-970 Brasília, DF, Brasil. E-mail: [email protected]

Divisão do Sul do Pacífico: Gilbert Cangy e Nemani Tausere.Endereço: Locked Bag 2014, Wahroonga, N.S.W. 2076, Austrália.E-mail: [email protected] &[email protected]

União Sul-Africana: Jongimpi Papu. Endereço: P.O.Box 468,Bloemfontein 9300, Free State, África do Sul. E-mail:[email protected]

Divisão Sul-Asiática: Justus Devadas. Endereço: P.O.Box 2, HCFHosur, Tamil Nadu, 635110 Índia. E-mail:[email protected]

Divisão Sul-Asiática do Pacífico: Oliver Koh. Endereço: P.O.Box040, Silang, Cavite 4118, Filipinas. E-mail: [email protected]

Divisão Trans-Européia: Paul Tompkins e Orille Woolford.Endereço: 119 St. Peter’s Street, St. Albans, Herts., AL1 3EYInglaterra. E-mail: [email protected] &[email protected]

Diálogo Universitário, umperiódico internacional de fé,pensamento e ação, é publicadotrês vezes por ano em quatroedições paralelas (espanhol, francês,inglês e português) sob o patrocínioda Comissão de Apoio aUniversitários e ProfissionaisAdventistas (CAUPA), organismo daAssociação Geral dos Adventistas doSétimo Dia: 12501 Old ColumbiaPike; Silver Spring, MD 20904-6600;E.U.A.

VOLUME 13, NUMERO 3.Copyright © 2001 pela CAUPA.Todos os direitos reservados.

DIALOGO afirma as crençasfundamentais da Igreja Adventistado Sétimo Dia e apóia sua missão.Os pontos de vista publicados narevista, entrtanto, representam opensamento independente dosautores.

Equipe EditorialEditor-chefe: Humberto M. RasiEditor: John M. FowlerEditores-Associados: Alfredo García-

Marenko, Richard StenbakkenGerente Editorial: Julieta RasiConsultores: James Cress, George

ReidEditor de Texto: Beverly RumbleSecretária editorial: Esther RodriguezEdições Internacionais: Julieta RasiSecretárias editoriais internacionais:Corinne Hauchecorne and Louise

Geiser (Francês)César Luís Pagani (Português)Julieta Rasi (Espanhol)Correspondência Editorial:12501 Old Columbia PikeSilver Spring, MD 20904-6600;

E.U.A.Telefone; (301) 680-5060Fax: (301) 622-9627E-mail [email protected]

[email protected]

Comissão (CAUPA)Presidente: Léo RanzolinVice-Presidentes: Baraka G.

Muganda, Humberto M. Rasi,Richard Stenbakken

Secretária: Julieta RasiMembers: John M. Fowler, Jonathan

Gallagher, Alfredo Garcia-Marenko, Clifford Goldstein,Bettina Krause, Kathleen Kuntaraf,Vernon B. Parmenter, GerhardPfandl, Virginia L. Smith, Gary B.Swanson

CORRESPONDÊNCIA SOBRECIRCULAÇÃO: Deve ser dirigida aoRepresentante Regional da CAUPAna região em que reside o leitor. Osnomes e endereços destesrepresentantes encontram-se àesquerda.

ASSINATURAS: US$12.00 por ano(três números, via aérea). Vercupom na pág. 19 para detalhes.

Diálogo tem leitores em113 países ao redor domundo.

Artigos

5 A Vida: Um dilema químico?Por que o materialismo científico

é inadequado como cosmovisão

— Clifford Goldstein

9 Ouvindo a tristezaReexaminando a depressão crônica

à luz da graça de Deus.

— Siroj Sorajjakool

12 Quão Confiavel é a Bíblia?Teorias humanas podem surgir e desaparecer, mas

“a palavra de nosso Deus permanece eternamente”.

— Alberto R. Timm

15 Interpretação de dados:Conhecendo a diferençaInterpretações opcionais e múltiplas de dados não

são apenas possíveis, mas comprováveis.

— Elaine Kennedy

Editorial3 Dia11 de setembro de 2001 e

outros três dias— John M. Fowler

3 Cartas

Perfis20 Gwendolyn Winston Foster

— Vikki Montgomery22 Michael Comberiate

— Kimberly Luste Maran

Logos24 Caleb’s finest hour

— Roy Gane

Resenha de Livro—Artigo26 Demolindo os icones da evolução

— Earl Aagaard

Ponto de vista28 Êtica para cientistas: um chamado

para responsabilidade— Katrina A. Bramstedt

Livros30 Jewelry in the Bible (Rodríguez)

— Eloy Wade30 La perfección cristiana (Zurcher)

— Edgar J. Escobar Suárez31 Lutherans & Adventists

in Conversation— Rolf J. Poehler

31 Secrets of Daniel: Wisdom and Dreamsof a Jewish Prince in Exile (Doukhan)— Winfried Vogel

Em Ação33 A Missão Maranhão no Brasil celebra

tres seminários para estudantesuniversitários— Otimar Gonçalves

33 Estudantes Universitários daTanzânia Este celebram um retiroem Dar-es-Salaam— Christopher Mwasinga

Primeira Pessoa34 Livre afinal!

— Joe Jerus

Inserção Intercâmbio

Conteúdo

´

´

Page 3: Dialogo Universitario Nefilin

3Diálogo 13:3 2001

Uma vantagem especialConheço Diálogo desde meu primeiro

ano como estudante numa escola públi-ca. Recebíamos a revista como membrosdo clube local CAUPA, e ficávamos ani-mados ao saber que outros estudantesadventistas eram também fieis em hon-rar o sábado do sétimo dia, deixando deassistir às aulas ou de fazer exames nessedia. Nosso clube era muito ativo nas ig-rejas locais, participando de programasde jovens, visitando doentes nos hospi-tais e cantando para os membros do cor-po docente da universidade em suas ca-sas. Agora, como enfermeira registradanum hospital adventista, continuo len-do a revista. Uma vantagem especial daDiálogo é a possibilidade de trocar corre-spondência com os autores dos artigos eos entrevistados. Eu os congratulo poressa brilhante idéia.

Marqueza BulahanMindanao Sanitarium &HospitalIligan City, FILIPINAS

O desafio da Janela 10/40O desafio de alcançar milhões de pes-

soas que vivem na Janela 10/40 (12:2)fez em mim profunda impressão. Eu nãoestava consciente de que 40% da popu-lação mundial não tinha ainda ouvidoas boas-novas de Jesus Cristo e Sua sal-vação. O artigo ajudou-me a orar maisinteligentemente pelas iniciativas quevisam a levar o evangelho àquela vastaárea do mundo.

Ileana CobasHavana, Cuba

Argumentos eencorajamento

Eu gostava de ler Diálogo quandoestudava teologia numa escola adventis-ta. Contudo, perdi contato com a revistadepois de começar meus estudos na Uni-versidade Federal da Paraíba. Junta-mente com outros estudantes univer-sitários adventistas, enfrento o desafio

CartasDia 11 de setembro de2001 e outros três dias

m dia que mudou o mundo”, proclamavam as manchetes de jornais por toda aTerra. Assim foi e assim será quando a história transformar o sangue daquele dianuma crônica da arrogância do mal. Nunca mais seremos as mesmas pes soas no

modo como pensamos, fazemos compras, conversamos, viajamos, adoramos ou apenasvivemos. Quando aquilo que era bom, uma criação da mais fina inteligência e tecnologiahumana, foi usado para fazer desabar as torres gêmeas de Nova Iorque, transformando osedifícios de aço e vidro num inferno para milhares de homens e mulheres inocentes, edesenhando uma imagem de terror e incerteza ao redor do mundo.

A iniqüidade, em sua forma destilada, escrevia sobre os céus de uma grande cidade aprofética mensagem que ecoou como trovão séculos atrás: “Enganoso é o coração, maisdo que todas as cousas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Jer. 17:9).

Para compreender isso precisamos volver-nos a outro dia que mudou o mundo. Infinit-amente pior em profundidade e escopo, em termos de tempo e espaço, foi o dia que trouxeo conflito cósmico entre o bem e o mal à Terra, quando essa ainda estava em sua infância.

Saber o que ocorreu naquele dia propicia ao cristão um entendimento mais profundoda natureza do mal, em tempos como estes em que o terror nos deixa estupefatos, de-spindo-nos da inocência e desafiando-nos a compaixão.

O primeiro dia que mudou o mundo raiou no lar perfeito de nossos primeiros pais. OÉden não era somente o lugar mais bonito de toda a criação de Deus; era também umsímbolo majestoso do amor divino, onde o Criador comungava com Suas criaturasnuma base pessoal, face a face. Mas o mal, total e focalizado, tomou a forma de umaserpente, bateu asas rumo à beleza e a perfeição da criação de Deus, e foi chocar-se con-tra a inocência de Adão e Eva. Arrebatou a ligação direta que o Criador tinha com osseres humanos e seqüestrou o mundo, levando-o a uma rota diabólica de pura in-iqüidade, manifesta em milhares de formas ao longo dos corredores da história. Caos,assassinato, ódio, divisões entre os seres humanos, desespero solidão, sofrimento pes-soal e coletivo tornaram-se a sorte dos viajantes deste planeta.

O clamor do Éden é uma mensagem simples: Deus não é responsável pelo mal nestemundo. Ele ama o solitário, enxuga as lágrimas, cuida da viúva e do órfão, conforta o en-lutado, compartilha a dor. Quem, então, é responsável por esse terror público e pela agoniaparticular? Jesus nos deu uma breve resposta: “Um inimigo fez isto.” (Mateus 13:28) O in-imigo que se empenha num combate mortal contra tudo quanto é bom e justo, o inimigoque seqüestrou este mundo no Jardim do Éden, o inimigo que está ainda em ação, lançan-do dúvidas sobre a bondade e o amor de Deus, lançando a semente da rebelião contra averdade e a justiça; o inimigo que buscou destruir o Filho de Deus no Gólgota e na cruz.

Esse foi o segundo dia que mudou o mundo. Satanás tentou destruir o Filho de Deusque sobre a cruz buscava renovar a linha de ligação entre o Criador e a humanidade decaí-da. A torre da cruz devia ligar o Céu e a Terra, e Satanás pensou que havia tido êxito emsua missão quando o Filho clamou: “Deus Meu, Deus Meu, por que Me desamparaste?”(Mateus 27:46) Deus, porém, não desamparara Seu Filho. A resposta ao terror e à contam-inação de Satanás veio no dia da Páscoa, quando o Filho ergueu-Se em triunfo sobre amorte e o pecado, e pôde oferecer a toda a humanidade redenção e reconciliação.

Contudo, um terceiro dia em breve virá, o dia em que todo traço de maldade comseu terror e temor, será erradicado de todo o Universo e não mais se levantará.

A resposta para a maldade sobre os céus de Nova Iorque e a maldade no coração ehabitação humanos advirá, em breve, naquele dia final quando Jesus descer dos céus ea poderosa voz de Deus proclamar: “Está feito!” (Apocalipse 21:6) Feito com lágrimas.Feito com terror. Feito com maldade. Feito com morte.

A esse dia de esperança devemos nos apegar, mesmo ao defrontarmos estes temposde desesperança.

Segure-se a essa esperança, compartilhe-a, viva-a. Maranata!

U

Page 4: Dialogo Universitario Nefilin

4 Diálogo 13:3 2001

Escrevam-nos!Apreciamos seus comentários, reaçõese perguntas, mas limitem suas cartas a200 palavras,. Escrevam para DialogueLetters: 12501 Old Columbia Pike; SilverSpring, MD 20902-6600, EUA. Podemtambém usar o fax: 301-622-9627, ouE-mail: [email protected] cartas selecionadas para publicaçãopoderão ser resumidas por necessidadede clareza ou espaço.

diário das ideologias e filosofias con-trárias a nossas convicções bíblicas. Pre-cisamos ter acesso a argumentos intelec-tuais em favor de nossa fé, e ao encoraja-mento espiritual que Diálogo provê.Como poderíamos obter a revista?

Gianna Gomes FerreiraPernambuco, BRASIL

Os editores respondem:Temos o prazer de enviar-lhe um exem-

plar da Diálogo para mantê-la ligada Ë nos-sa revista. Para obter números futuros, vocêdeverá contatar o diretor do Ministério Jo-vem ou de Educação de sua União, que sãoos responsáveis pela distribuição gratuita daDiálogo entre estudantes adventistas quefreqüentam universidades públicas em seuterritório. A segunda opção é escrever a nos-sos representantes regionais listados na pá-gina 2, que lhe dirão como receber a revistanovamente. Se todos esses contatos não der-em resultado, você poderá subscrever a Diál-ogo usando o cupom que se encontra emcada número. Que Deus a abençoe em seusestudos e fortaleça sua confiança nEle.

Enriquecida intelectual eespiritualmente

Como a única estudante adventistade minha escola, por vezes sinto-me lut-ando contra um sentimento de solidão.Contudo, Diálogo é uma amiga bem-vin-da, que me mantém em contato commuitos adventistas em outras partes do

mundo. Cada número da revista me en-riquece intelectual e espiritualmente.Obrigada!

Andrea de Stael LadislasVaureal, FRANÇA

Selo russo mostra igrejaadventista

Os leitores que apreciaram o artigosobre selos com temas adventistas, naDiálogo 13:2, estarão interessados em sa-ber que em julho de 2001, o serviçopostal russo emitiu um selo mostrandoo edifício de uma igreja adventista dosétimo dia em Ryasan, Rússia. O selo ad-ventista é parte de uma série de 14 selosque mostram lugares de culto de diver-sas religiões reconhecidas na Rússia.Além das igrejas cristãs mostradas(Armênia Ortodoxa, Batista, Católica,Luterana, Pentecostal, Russa Ortodoxa eAdventista do Sétimo Dia), a série incluiedifícios religiosos de diferentes fés:budista, judaica e maometana.

O serviço postal russo emitiu 340.000estampilhas da série, com o valor de2,50 rublos (aproximadamente 11 cen-tavos americanos) cada.

A iniciativa de produzir a série veiodo escritório de negócios religiosos doPresidente V. V. Putin, para coincidircom o programa de atividades religiosascelebradas durante o verão de 2001, noCentro Russo de Exposições em Moscou.

A igreja de Ryasan foi construída sob o

patrocínio do programa de televisão ad-ventista Faith for Today, e concluída em1996. Sua arquitetura atraente é típicadas igrejas protestantes na Rússia.Grande parte do trabalho foi feita poradventistas locais e voluntários de outrospaíses. Acima da igreja há uma ilustraçãorepresentando a cruz, os três anjos deApocalipse 14 e o logotipo adventista.

Essa é a primeira vez na história daRússia que uma igreja adventista do séti-mo dia foi retratada em selo. O país re-conhece o papel construtivo que nossosmembros desempenham na sociedade,na agricultura, comunicação, educação,saúde, publicações e programas religio-sos.

Valerie UvanovMoscou, RÚ[email protected]

Tenho dedecorar os trêsmandamentosaté o próximosábado.

Pertenço a uma igreja que

crê na adaptação de suas

normas aos valores

mutáveis de nossa

sociedade.

Que aconteceucom os outrossete?

Cristão

© J

oel

Kau

ffm

ann

Cartas

Page 5: Dialogo Universitario Nefilin

5Diálogo 13:3 2001

ma árvore desfolhada, uma estra-da rural e dois homens sem-tetolutando pela sobrevivência. É noite

e tudo está envol to nas profundezas dassombras dessa parte do planeta. Vladimir eEstragon esperam por uma misteriosa figu-ra, cuja promessa de vir os motiva a con-tinuarem existindo. Ao permanecerem emsua atávica esperança de que Godotchegue, um cortejo de sofrimento hu-mano passa em tropel diante deles. Ente-diados, não tanto por toda a dor, mas pelainutilidade da vida, eles buscam alternati-va fazendo o bem, tal como erguer umcego que havia tropeçado e caído ao chão.

“Vamos, comecemos a trabalhar”, in-centiva Vladimir. “Num instante tudo sedissipará e novamente estaremos sozin-hos no meio do nada!”

Ao Vladimir estender mão, porém, caie não consegue erguer-se. A despeito demais promessas de que Godot virá, elesnovamente se inclinam para a morte,desta vez planejando enforcar-se. Contu-do, não dispondo de uma corda, Estragontoma o cordel que lhe segura as calças,mas essas desabam sobre seus tornozelos.Testando a força do cordel, eles puxam;esse se rompe e ambos quase caem. Deci-dem então encontrar uma corda melhor etentam novamente... mais tarde.

“Amanhã nos enforcaremos?”, pergun-ta Vladimir? “E se Godot não chegar? E seele vier?”, indaga Estragon. “Seremos sal-vos?” Godot, logicamente, nunca chega,o que significa que eles nunca se salvam.

Certamente não se supõem que issojamais ocorreria, razão por que, desdesua primeira exibição no Theatre deBabylone, em Paris, em 1953, a peça deSamuel Beckett, “Esperando Godot” 1, seencerra com aquelas duas almas atrofia-

das, náufragas numa existência que ode-iam mas da qual não conseguem es-capar. Nem estão seguros de que devemtentar, por contarem com a promessa deque Godot virá. O fato de que Godotnunca chega pouco importa; o que im-porta é a promessa de que ele o fará.

A peça de Beckett representa a polêmi-ca anticristã mais cruel desde as ácidasinvectivas de Voltaire, no século XVIII. Édifícil imaginar qualquer cristão sério quecreia na Segunda Vinda, não se sentindocaricaturado, em alguma medida, napatética tentativa de Vladimir e Estragonde equilibrar seus temores e dúvidas a re-speito do sofrimento humano, com oconceito de um Deus amorável e todo-poderoso que prometeu vir para acertartodas as coisas, mas nunca aparece.

Todavia, a tragicomédia de Beckettem dois atos não faz pouco caso apenasda promessa, mas da vida sem a promes-sa, a promessa de algo além da Terra. Oque é pior? Uma falsa esperança ou espe-rança alguma? Conquanto implacávelpara com a Segunda Vinda, “EsperandoGodot” é pior ainda para com a vida des-umanamente brutalizada do secularistaque existe tão-só para manter-se vivo. Aoridicularizar a obtusa caricatura do viveralheio a um propósito final, Beckettlança uma indagação que tem dominadoo mundo pós-cristão: Como se vive umaexistência destituída de significado?

A vida é por demais complicada,muito cheia de armadilhas e ardis ines-perados para valer a pena ser vivida.Quando as pessoas não têm qualquer pis-ta quanto ao propósito de sua existência,quando apenas podem esboçar hipótesesnebulosas de suas origens, quando tudoquanto se pode fazer é especular sobre o

A vida: Um dilemaquímico?by Clifford Goldstein

Por que o materialismo

científico é inadequado

como cosmovisão

U

Page 6: Dialogo Universitario Nefilin

6 Diálogo 13:3 2001

que advém com a morte, então causa ad-miração imaginar como os seres hu-manos ainda assim se dispõem a viver.

O DramaComo escreveu Francisco José

Moreno, “não podemos nem libertar-nosda certeza da morte, nem conseguir en-tender a vida.”2 Quão incrível é que algotão básico, tão fundamental como a vida,não possa sequer ser justificado e muitomenos explicada sua própria existência.Um dia nascemos e por fim nos consci-entizamos de nós mesmos, sendo a dor,a fome e o temor muitas vezes nossasprimeiras sensações ou auto-percepção.Recebemos algo que nenhum de nós bus-cou, planejou ou aceitou; não estamosseguros do que seja, do que significa, oumesmo por que o temos; esse algo émuito real e de ação imediata. Dor, triste-za, perda, temor, permanecem absurda-mente inexplicáveis. Não obstante, ape-gamo-nos à vida mesmo tendo de perdê-la de algum modo. É tudo isso quantoestá envolvido na existência humana?

“Esperando Godot” dividiu a real-idade em duas esferas. A primeira é amecaniscista, ateísta e secular. Aqui as ver-dades existem somente como equaçõesmatemáticas; são amorais. A segunda é es-piritual. Transcende uma realidade unilat-eral e proclama que a verdade não se orig-ina na criação, mas no Criador. Noprimeiro caso, o ser humano é o meio, ofim e tudo quanto há. No segundo, Deuso é. No primeiro caso, a humanidade é osujeito da verdade, no segundo, o objeto,e um vasto abismo existe entre ambos.

Se a opção mecanicista for verdadeira,então nossa reação a longo prazo nãoimporta de fato; o fim é o mesmo paratodos nós, não importa quem sejamos ouo que pensemos, cremos ou fazemos. Seo segundo for verdadeiro, nossas reaçõestêm conseqüências eternas. Se o primeirocaso for verdadeiro, jamais saberemos;no segundo, temos a esperança dos abso-lutos. Entre esses dois centros degravidade, estende-se uma negra névoa.

A opção de um meio-termo, um

equilíbrio entre ambos ao final da história,não existe (em última instância) e nãopode existir (pela lógica). É um ou outro,não ambos. Nenhuma das arquiteturasfilosóficas dessas visões é tão condensada-mente tecida, tão perfeitamente acondi-cionada, para que até seus mais fiéis adep-tos deixem de tropeçar nas extremidadessoltas. Não importa quão firmemente fun-dida possa estar cada uma delas com suascrenças, ainda são somente crenças subje-tivas, encontros com os fenômenos, merasopiniões sempre maculadas pelo que foitecido nos genes durante a concepção, oupelo que está borbulhando no ventrenaquele instante particular do pensamen-to. A crença, por fim, não tem qualquerpeso sobre a verdade ou a falsidade de seuobjeto. Não importa quão fervorosa, elanão pode tornar o falso verdadeiro, nem overdadeiro falso. O que é falso nunca exis-tiu, mesmo quando apaixonadamentepossamos crer que sim; o que é verdadeiro,em contraste, permanece, mesmo apóstermos há muito deixado de crer nele.

Onde estamos?Com seus cinco desprezíveis person-

agens num cenário estéril, Samuel Beck-ett dramatizou o dilema mais imediatodo Ocidente: Deus está morto, assim,aonde isso leva aqueles que foram criadosà Sua imagem? Para Beckett, são deixadosentre duas duras cadeias: uma, Cristo nãoveio como prometeu; duas, estamosnuma triste condição porque Ele não ofez. Entre essas cruéis realidades, a hu-manidade está amarrada com uma cordaque não oferece escapatória. Como pode-ria, quando o seu próprio nó é entrelaça-do de toda a realidade, quando está feitocom as únicas opções possíveis e quandoestá unido pela lógica irredutível?

“Nada há a fazer?”, resmunga Es-tragon em vista de nada restar a ser feito.Francamente, nada pode ser feito, nãonum universo em que nossos inimigosmais inflexíveis e irredutíveis recusam-seà submissão e não fazem prisioneiros,mas bombardeiam e atiram até que cadaparede de célula desabe e tudo em seu

interior se seque e entre em decadência.A morte é um inimigo impossível de sercaçado e destruído porque é feito daqui-lo que somos. Num universo materialis-ta e de dimensão única, a vida e a mortesão somente diferentes ingredientes damesma sopa. Os vivos são tão-só umaversão pubescente dos mortos.

O filósofo pré-socrático Protágoras de-clarou: “Com respeito aos deuses, se elesexistem ou não, eu não sei, devido à di-ficuldade do tópico e a brevidade da vidahumana.”3 Desde então, e ao longo dospressupostos materialísticos da ciênciamoderna, uma cosmovisão materialísticateve uma longa história (em termos detempo) mas escasso número de adeptos.Somente nos últimos cento e poucosanos, porém, o secularismo erigiu todo oedifício do pensamento ocidental, comos líderes científicos e intelectuais procla-mando-o com o fervor dos cruzados.Concebido sobre as ruínas da revoluçãocromwelliana do século XVII, nascendodos férteis ideais do Iluminismo, nutridopela deusa da razão e encorajado invol-untariamente pelos chamados cristãos demente aberta e intelectuais, o secularis-mo alcançou sua maturidade no séculoXX. Agora está tão inserido na culturaocidental, que temos de desviar os olhosde suas órbitas para ver os efeitos que ex-erceu sobre nossas mentes.

Nunca antes houve movimento tãoamplo, institucionalizado e intelectual-mente fértil para explicar a criação e to-dos os seus predicados (a vida, a morte,a moralidade, a lei, o propósito, o amor)sem um Criador.

Afinal de contas, por que preocupar-se com os textos dos mortos quando ex-iste a ciência dos vivos? O que podemJeremias, Isaías e Paulo dizer possivel-mente aos que nasceram sob Newton,Einstein e Heisenberg? O Principia acasonão destronou o Apocalipse? Quem pre-cisa do Senhor andando sobre a face doabismo (Gênesis 1:2), quando Darwinfez o mesmo sobre o H.M.S. Beagle?

Envolta em números herméticos ex-pressos por cientistas e explicados por

Page 7: Dialogo Universitario Nefilin

7Diálogo 13:3 2001

teorias bem elaboradas, a cosmovisãosecular tem atraído uma aura de objetiv-idade, de validação que está (pelomenos na atualidade) além do alcanceda fé religiosa. A relatividade especialtem desfrutado de provas que a morte eressurreição de Cristo não têm.

A despeito do aparente triunfo doracionalismo científico, sua vitória nuncafoi ligada a nada, exceto a si próprio e aseus pressupostos dogmáticos. A cobertu-ra, de fato, não é tão perfeita quanto setem ensinado, e quanto mais tempo en-volver o mundo mais puída se torna, atéque a realidade venha à tona através dascosturas. Certamente, o mundo se mani-festa como material através de nossossentidos; indiscutivelmente, o pensamen-to racional resolve charadas e ajuda jatosa voar; sem dúvida, a ciência tem disseca-do o átomo e construído ônibus espaci-ais. Contudo, esses fatos não provam queo materialismo, o racionalismo e a ciên-cia abrigam o potencial ou mesmo os in-strumentos para explicar toda a realidade,mais do que a física clássica somente ex-plica a conquista da Copa do Mundo pelaFrança em 1998.

As equações definem inadequada-mente e com paixão uma realidade rebel-de, efusiva com pensamento, dinamica-mente criativa. (The meaning of thephrase is not clear to me. Until this mo-ment, I didn’t receive the english origi-nals to compare) Que algoritmo pode ex-plicar a paixão de Hamlet, que fórmula oarrulho de um pombo, que lei prognosti-car Um Campo de Trigo Com Vacas, de VanGogh? São as sinfonias de Beethoven e ostextos líricos de Shelley nada mais do quemanuscritos sobre os quais eles foramredigidos? Teorias e fórmulas, princípios eleis não fazem as estrelas brilhar, os sabiásvoar, ou as mães alimentar os seus reben-tos, mais do que inscrever os símbolosE=MC2 sobre uma peça de urânio refina-do causa uma explosão atômica.

Esbanjando o essencialNão obstante a grandiosidade das real-

izações científicas dos últimos cem anos,

algo essencial e intrinsecamente humanofoi desperdiçado pelo caminho. IsaacNewton declarou: “Ó Deus! Eu penso osTeus pensamentos após Ti”, e StephenHawking, ocupando a mesma cadeira deNewton em Cambridge, declarou: “A raçahumana é apenas uma escuma químicasobre um planeta de tamanho moderado,girando em torno de uma estrela média,nos arrabaldes de uma dentre centenaresde bilhões de galáxias.”4 Entre ambos hátoda uma dimensão, incapaz de caber emtubos de ensaio ou conformar-se com fór-mulas. O céu, em vez de ser o trono douniverso, foi despedaçado e seus frag-mentos separados e pulverizados emnada mais do que volúveis mitos espalha-dos na imaginação humana. E agora, oDeus que outrora reinou nesse céu, emvez disso, desapareceu, duas vezes remov-ido desse trono (criado pelas criaturas queEle outrora criou).

Assim, o divino tem sido distorcido edestronado a fim de ajustar-se à estruturaque pelos cem anos passados vem esta-belecendo os limites de toda realidade.Adicionalmente, aspectos integrais da ex-istência humana têm sido penosamentereduzidos pelo racionalismo científico acontêineres, que não podem estocá-losmais do que uma rede de pesca podeconter piscinas de natação. Ética e amor,ódio e esperança transcendem não ape-nas a Tabela Periódica de Elementos, masa todas as outras 112 facetas da realidadeque a tabela representa.

A fórmula científica, não importaquão finitamente sintonizada e equilibra-da, não pode explicar plenamente oheroísmo, a arte, o temor, a generosidade,o altruísmo, o ódio, a esperança e apaixão. Uma cosmovisão que limite o seumundo e visão somente ao racionalismo,ao materialismo e ao ateísmo científico,perde de vista tudo quanto está além de-les e que é tão parte integrante de nós, doque somos, do que esperamos, daquilo aque aspiramos, de amor e adoração, devida e morte. A escuma química não pon-dera sobre mundos superiores, não visu-aliza a eternidade, não escreve “Os Miser-

áveis”, nem evoca o sublime. Fórmulasquímicas e D+ são parte da vida, logica-mente. Mas representam-na toda? Nunca!Pensar que sim é submeter-se ao mínimodenominador possível, é decidir-se pelaopção mais barata quando existem out-ras, inspiradoras de maior esperança,mais ricas e promissoras.

Responsabilidade MoralDe fato, num mundo puramente ma-

terialístico, químico e mecânico, comopodem os seres humanos ser respon-sáveis por suas ações? Se somos contro-lados apenas por leis físicas, somos se-melhantes ao vento ou ao processo decombustão. Qualquer sociedade quetenha por base premissas puramentematerialistas teria que deixar livres seusassassinos, tarados, ladrões, estupra-dores e todos os ofensores, porque so-mos máquinas; e quem pode atribuirculpabilidade moral a um equipamen-to? Seria o mesmo que levar um rifle AK-47 a julgamento por assassinato.

Nenhuma sociedade, mesmo aquelascomprometidas com o secularismo, per-mite tal impunidade moral, exceto entreos criminalmente insanos. Assim sendo,o que a sociedade diz, pelo menos im-plicitamente, é que se o materialismocientífico fosse verdadeiro, todos tería-mos de ser lunáticos. Toda cultura rejei-ta o materialismo radical, crendo, emvez disso, que somos seres moralmenteresponsáveis, não manipulados porforças físicas deterministas além do nos-so controle. Somos movidos, obvia-mente, por algo mais do que aquilo quepercebemos imediatamente, mesmo nãosabendo do que se trata, mas apenas deque ali está e é real, e sem ele não sería-mos vivos, livres ou humanos.

Immanuel Kant argumentava que omero ato da razão supera a natureza,transcende as emoções, manipula dese-jos e incentiva instintos. Como podería-mos jamais pensar pensamentos tran-scendentes se não houvesse algo ao nos-so redor, além da natureza, algo mais emrelação às nossas mentes do que à carne

Page 8: Dialogo Universitario Nefilin

8 Diálogo 13:3 2001

Diálogo grátispara você!

Se você é estudante adventista quefreqüenta uma universidade não adven-tista, a igreja tem um plano que lhe per-mite receber Diálogo gratuitamente en-quanto você for estudante. (Aqueles quenão são mais estudantes podem assinar arevista Diálogo utilizando o cupom delapágina 19). Entre em contato com o dire-tor do departamento de educação ou dodepartamento de jovens da sua união esolicite que seu nome seja incluído na lis-ta de distribuição da revista para aqueleterritório. Inclua na carta seu nome e en-dereço completos, o nome a universidadeque freqüenta, o curso que está fazendo eo nome da igreja local da qual você émembro. Você pode também escreverpara os nossos representantes nos en-dereços fornecidos na pág. 2, enviandocópia da sua carta para os diretores de-partamentais de sua união, já menciona-dos acima. Na América do Norte, vocêpode utilizar o nosso número de telefonede discagem gratuita, 1-800-226-5478,ou utilizar o fax 301-622-9627, ou E-mail:[email protected] ou [email protected] Caso todos esses con-tatos deixem de produzir resultado, es-creva para o nosso endereço editorial napág. 2.

que pulsa? Não haverá algum princípiodeclarando que os efeitos não podem sermaiores do que suas causas? “O que aciência não pode nos dizer”, afirmava ofilósofo Bertrand Russell, “a hu-manidade não pode conhecer.”

Será mesmo? Então não podemosconhecer o amor, o ódio, a misericórdia,a bondade, o mal, a felicidade, a tran-scendência ou a fé. Por conhecê-los to-dos, porém, uma cosmovisão como a domaterialismo científico, que diz que nãopodemos, é obviamente inadequada.

A visão incompleta“Um desconfortável senso de nulidade

prevalece”, escreveu o matemático DavidBerlinski, “e tem prevalecido por tantotempo, que uma visão puramente físicaou material do Universo é algo incomple-to; não pode abranger os fatos familiarese inescapáveis da vida ordinária.”5

A ciência e o materialismo não po-dem sequer justificar-se ou ter suaprópria existência, muito menos explic-ar tudo o mais. O matemático austríacoKurt Gudel demonstrou que nenhumsistema de pensamento, mesmo científi-co, pode ser legitimado por qualquercoisa dentro do próprio sistema. Faz-senecessário sair de dentro do sistema econtemplá-lo de uma perspectiva maisampla e diferente a fim de avaliá-lo.Doutro modo, como pode alguém jul-gar, quando ele é seu próprio critérioempregado para emitir o juízo? Comopodem os seres humanos estudar objeti-vamente o ato de pensar, quando têmsomente o ato de pensar para fazê-lo?

Por anos a razão tem reinado comorei epistemológico do Ocidente, o únicocritério para julgar a verdade. Contudo,quais têm sido os critérios para o julga-mento da razão? A própria razão! Masjulgar a razão pela própria razão é comodefinir uma palavra usando a própriapalavra como sua definição. É uma tau-tologia e as tautologias nada provam.Quão fascinante, pois, é que a própriarazão, o fundamento do pensamento,particularmente do pensamento moder-

no, não pode de fato ser validada maisdo que a declaração: “A casa é vermelhaporque é vermelha.”

O problema para o cientificismo e omaterialismo é: como se pode sair de umsistema para uma estrutura de referênciamais ampla, quando o próprio sistemaarroga-se abranger toda a realidade?

O que acontece quando atingimos asmargens do Universo? O que há além? Sehouvesse uma estrutura de referênciamais ampla a partir de onde julgá-lo(talvez Deus), então o próprio sistema nãoseria todo-abrangente, como o materialis-mo científico muitas vezes alega. “Emsuma”, escreveu o cientista Timothy Fer-ris, “não há e nunca haverá um completoe abrangente relato científico do Universoque possa ser comprovado como válido.”Ciência e materialismo sempre terão deser admitidos... pela fé? O quê? Os limitesinerentes à própria ciência requerem fé?Contudo, não é fé a crença em algo nãoprovado, fora do escopo da ciência, cujointeiro propósito é provar as coisas em-piricamente? Não é o conceito de fé umresquício de uma era distante, mítica, pré-racionalística e pré-científica?

Por basear-se no materialismo, a ciên-cia deixa implícito (ao menos hipoteti-camente) que tudo devia ser acessível àexperimentação e validação empírica.Idealmente, não devia haver lugar paraa fé num universo científico; entretanto,a própria natureza desse universo o re-quer. Que paradoxo! Dentro da con-cepção materialística e científica, pois,reina o potencial para algo além dela,algo fora dela, algo que explica por queo amor é mais do que uma função endó-crina, por que a ética é mais do que sín-tese química, e por que a beleza é maisdo que proporções matemáticas... algo,talvez, divino?

Clifford Goldstein, um autor prolífico, éeditor do Guia de Estudo da Lição da EscolaSabatina de adultos, junto à AssociaçãoGeral dos Adventistas do Sétimo Dia. Seuendereço para correspondência é: 12501

Old Columbia Pike; Silver Spring, Maryland20904; U.S.A.

Notas e referências:1. Samuel Beckett, Waiting For Godot (New

York: Grove Press, 1954).2. Francisco Jose Moreno, Between Faith and

Reason (New York: Harper Books, 1977), p. 7.3. Quoted in From Thales to Plato, edited by

T. V. Smith (Chicago: Phoenix Books,1956), p. 60.

4. Quoted in David Deutsch, The Fabric ofReality (New York: Penguin Books, 1997),pp. 177, 178.

5. David Berlinski, The Advent of theAlgorithm (New York: Harcourt Books,2000), pp. 249, 250.

6. Timothy Ferris, Coming of Age in the MilkyWay (New York: Doubleday, 1988), p. 384.

Page 9: Dialogo Universitario Nefilin

9Diálogo 13:3 2001

Ouvindo a tristeza

by Siroj Sorajjakool

Reexaminando a depressão

crônica à luz da graça de Deus.

Nina sente-se frustrada consigomesma. Ela não consegue desco-brir quem é e por que existe. O

mundo exterior parece escuro, solitárioe opressor. Ela fala sobre sua experiên-cia: “Quando você se encontra nesse es-tado, não há mais empatia, nem intelec-to, nem imaginação, nem compaixão,nem humanidade, nem esperança. Nãoé possível descansar, porque a ca-pacidade de planejar e executar os pas-sos requeridos é demasiado difícil paraser ativada, e as faculdades físicasnecessárias são demasiado difíceis deoperar... A depressão rouba-lhe a iden-tidade e o impede de ver quem poderiaser algum dia. Ela substitui sua vida porum buraco negro.1

Para cada Nina, há centenas de outraspessoas perdidas no mundo da de-pressão. A depressão pode ser devasta-dora, eu sei. Já estive lá.

Demasiadas vezes precipitamo-nos nosentido de obter cura rápida para a de-pressão. Vivemos numa sociedade detratamento instantâneo mediante pílulase cirurgias, com pouca tolerância para ador ou o desejo de aprender algo dela.

Mas antes de tratarmos da depressão,quero destacar dois fatores: Primeiro,precisamos fazer uma distinção clara en-tre depressão crônica e depressão casual.A primeira é uma tendência natural desentir negativamente; a última focaliza-se numa situação particular. Quandoessa conjuntura é resolvida, a depressãodesaparece. Este artigo trata da primeiraespécie. Segundo, subscrevo o uso demedicações e outras formas de terapia.Também sou a favor do uso de recursosespirituais para tratar sentimentos denegatividade.

Depressão: os fatosNos Estados Unidos, um em cada qua-

tro indivíduos terá, provavelmente, a ex-periência de vivenciar, ao menos, umepisódio de depressão em sua vida. Dessegrupo, apenas 25 por cento obterá um di-agnóstico acertado, e desses, apenas aquarta parte terá tratamento apropriado.O risco de depressão para as pessoas nasci-das nos últimos 30 anos é dez vezes maisalto do que para aquelas nascidas há 70.2

A severidade desse mal reflete-se emsua persistência. Um estudo realizadopelos psicólogos Gayle Belsher e CharlesCostello, mostra que aproximadamente50 por cento das pessoas tratadas exper-imentará recaída dentro de dois anosapós um tratamento bem-sucedido.3 IanGotlib e Constance Hammen afirmam:“Só recentemente chegamos a com-preender que para muitos sofredores dedepressão grave, a desordem se repeteou se torna crônica.”4

Estudos também mostraram que os pa-cientes tratados, embora tenham melho-rado, estavam ainda mais deprimidos nofim da terapia do que pacientes não de-pressivos que faziam parte de grupos decontrole. O nível de atuação de pessoasdeprimidas que receberam tratamento,estava dentro de um desvio padrão maisbaixo que o da população em geral, en-quanto que os que não receberamqualquer terapia, estavam operando adois desvios padrões abaixo da norma.5

Mesmo depois do tratamento, muitoscontinuam a experimentar sintomas dedepressão em forma menos intensa. Paraeles, a luta será contínua. Isso tem impli-cações significativas no desenvolvimentoda espiritualidade, porque promove sen-timentos positivos diferentes da negativ-

Page 10: Dialogo Universitario Nefilin

10 Diálogo 13:3 2001

idade que lhes destrói o significado.Como a construção do significado é umafunção da teologia, a ausência de signifi-cação vai contra seu sentido básico.

Depressão: o problemaUm dos aspectos mais perniciosos da

depressão crônica é que os indivíduos fi-cam presos a um ciclo de negatividade.Karp escreve: “Depressão é um caso úni-co, visto que os assaltos mais críticoscontra o ego vem de dentro... Em meio aum episódio de depressão, os indivíduossentem um ódio muito maior de si mes-mos do que poderia ser expresso poroutros contra eles.”6 Esses assaltos críti-cos contra o ego emergem concomi-tantemente ao desejo de se corrigir. Esseprocesso começa com o estabelecimentode metas e de um plano de lutas para al-cançá-las. Aquilo de que os indivíduosdeprimidos não estão conscientes, é quea negatividade anula.7 Eles procuramcorrigir-se, ao mesmo tempo em que seculpam. Quanto mais lutam, tanto maislonge estão de onde gostariam. Estãopresos ao ciclo da depressão.

Em minha experiência havida em umcentro de aconselhamento e num con-sultório psiquiátrico – também no trabal-ho com membros da igreja –, tenho ob-servado em indivíduos deprimidos esseciclo comum. Eles tentam e tentam e fi-cam realmente cansados de lutar. É umciclo do qual parece não poderem es-capar. Estão realmente enfadados consigomesmos e não querem mais batalhar.Lutam contra o ilógico, onde a racional-idade não tem controle sobre a emoção.“Quando o pensamento dispara e aemoção é agitada, o ciclo deriva para umaespiral descendente. Pessoas nesse estadodizem freqüentemente: ‘Sei que é ilógico,mas simplesmente não posso parar.’ Estãopresos num ciclo que parece infindável.Continuam tentando, mesmo quando ocorpo experimenta fadiga extrema. Odesejo profundo é, por vezes, expressocomo: ‘Por favor, detenha essa espiral edeixe-me descansar um pouco.’ Não ob-stante, não podem deixar de tentar num

oceano de irracionalidade, desejando quetalvez apenas mais um esforço as leve àlibertação do círculo vicioso. Mas o dese-jo se transforma em dor mais profunda. Ojugo torna-se mais pesado. A espiral de-scendente atinge maior intensidade.”8

O mecanismo da negatividadeO que causa esse ciclo de culpa e deses-

pero? No final da década de 1970, TomPyszczynski e Jeff Greenberg observaramem sua pesquisa uma relação entre de-pressão e a consciência de si mesmo. Estaobservação resultou em numerosos estu-dos e experimentos. Entenderam que in-divíduos deprimidos são altamente con-scientes de si mesmos, com tendência deficarem absortos no próprio ego. Estão,usualmente, mais concentrados depois deum fracasso do que de um sucesso. Pyszc-zynski e Greenberg perguntaram: “Porque esses indivíduos estão tão restritos asi, e por que se concentram mais em simesmos depois de conhecerem um fracas-so do que após lograrem êxito?” Eles es-crevem: “Essencialmente consideramos adepressão como a conseqüência de es-forços perseverantes para recuperar umobjeto perdido, quando isso é impossível.Crê-se que essa perseverança ocorre quan-do o indivíduo perdeu a base primária desua estima própria, e não tem suficientesfontes opcionais das quais extraí-la. A per-severança, que se auto-regula, é calibradapara produzir um alto nível de concen-tração em si, o que produz uma espiral as-cendente de efeitos negativos, culpabil-idade depreciativa própria e déficit moti-vacional, que resultam finalmente numaauto-imagem negativa e num estilo de-pressivo de concentrar-se em si mesmo,que perpetua seu estado depressivo.”9

Uma pesquisa semelhante realizadapor Paula Ray Pietromonaco, revela que aestrutura própria de pessoas com de-pressão tende a ser menos complexa con-ceitualmente, e é organizada mais emtorno do afeto e menos em termos deoutros aspectos do ego.10 Isso é significa-tivo porque a estrutura do ego, que se or-ganiza em torno do afeto negativo en-

quanto despreza seus outros aspectos, so-mente levará à intensificação da ex-periência negativa. “Um esquema de-pressivo próprio intensifica o afeto nega-tivo, o qual, por sua vez, chama aatenção para o ego. A conscientizaçãoprópria aumentada leva à uma auto-aval-iação e motiva a pessoa a tentar reduzir adiscrepância. É aí que a negação se efetuae o ciclo é perpetuado.”11

Toda tentativa de autocorreção éacompanhada de um esquema depressivopróprio. A pessoa se mantém pensandoem seus próprios fracassos. A mente só selembra de coisas negativas, ao mesmotempo em que atribui resultados positi-vos a fatores externos. Quanto maior adiscrepância, tanto mais a pessoa se con-scientiza do fracasso em atingir os alvos.“O afeto negativo intensificado, a culpade si mesmo, a auto-avaliação e a dis-rupção de um comportamento bem-suce-dido e competente em outros domínios,impele o conceito próprio recentementedesestabilizado para a negatividade.”12 Oafeto negativo intensificado, por sua vez,leva a maior conscientização de discrep-ância, impelindo o paciente a tentar maisvezes; e assim o ciclo prossegue. O esque-ma negativo próprio anula toda tentativade fechar a brecha. Quanto mais tenta,tanto pior a pessoa se sente.

Como pode o indivíduo deprimidosair deste ciclo de autocrítica? Creio queo cristianismo oferece um instrumentopara uso dos deprimidos, ao lidaremcom a força negativa da depressão.

Quebrando o ciclo: uma reflexãoteológica

As causas de depressão podem ser di-versas. Podemos ter nascido com umatendência para a depressão ou experi-mentar eventos traumáticos que nossubmergem no desespero. Como querque se desenvolva, quando indivíduosestão expostos a estresse prolongado enão recebem tratamento apropriado,enfrentam a probabilidade maior deepisódios depressivos posteriores.

O afeto negativo também causa uma

Page 11: Dialogo Universitario Nefilin

11Diálogo 13:3 2001

percepção de ausência de valor. “Nãosou bastante bom. Sou indigno.” Norelacionamento social isso pode se ex-pressar na idéia de não-pertença, de terde ganhar o direito de pertencer. Indi-víduos deprimidos, portanto, tendem aconfundir a consciência própria, quetem uma base química com relações so-ciais e aceitação social.

Em minha luta contra a depressão,vi-me tentando fugir de mim mesmo. Osentimento de desconforto, mais o afetonegativo constante que coloria minhainterpretação e avaliação do mundo aomeu redor, impelia a entregar-me à bus-ca de um outro ego que, eu pensava,haveria de criar maior senso de confor-to. O desconforto levou-me a tentar seroutra pessoa diferente da que eu real-mente era. Isso se converteu numa bus-ca espiritual complexa, levando a umsentimento de angústia espiritual.

Aprendi que o lado escuro de mimmesmo me seguia como uma sombra. Aúnica maneira de me esconder era estarno escuro. Os deprimidos movem-se nosentido do “dever” e não reconhecemque o mecanismo da negatividade os im-pele cada vez mais para trás. Quanto maislutam, tanto mais apertado é o laço. De-pressão é sintoma de um ego esvaziado.Fugir dela equivale a esvaziar o ego aindamais. Esse é freqüentemente o caso que sedá nos indivíduos com depressão crônica.

Essa fuga é teologicamente prejudi-cial. Em vez disso, o deprimido deveriacorrer para a cruz de Cristo. Não há mel-hor lugar de descanso do que ao pé dacruz. A cruz é um convite para ir a Ele taisquais somos. Esforçar-se pelo “dever”tenta-nos a minimizar o poder que a cruztem de nos envolver. Sugere que o eventoredentor não é completo e que precisa-mos ajudar Deus a nos salvar. A Bíblia,contudo, é clara sobre esse ponto. Nãopodemos fugir de nós mesmos. Atravésda cruz, Deus diz aos deprimidos: “Fique,fique aqui mesmo. Não precisa ir a nen-huma outra parte. Eu vou até você.”Nosso lugar de descanso não se acha emtentarmos tornar-nos aquilo que enten-

demos ser nosso dever. Graça é ondeachamos descanso; e ela vem até nós.

Para romper o ciclo da depressão, pre-cisamos aprender a estar presentes nele,aí ficarmos e aprendermos a estar no es-curo desespero e escutar. Deus tem prop-iciado a cada um de nós um processorestaurador interno, que utiliza a dorcomo parte natural do desenvolvimentohumano. Essa cura não é necessaria-mente a eliminação da depressão ou olivramento de sintomas depressivos, masum convite a descansar e permitir que aforça interior faça seu trabalho restaura-dor. Ao escutarmos, nossa compreensãodo que somos se aprofundará e promov-erá o processo de auto-diferenciação.Neste mundo, onde vivemos e lutamos, agraça de Deus nos convida a ouvir a fimde encontrarmos um lugar de repouso.

Finalmente, duas sugestões práticas:Primeira: se você está lutando contra anegatividade dia após dia, não tente corrigi-la. Indivíduos deprimidos querem curar-se da depressão. Não lutando com vigor,você pode reduzir seu poder de controlarsua vida. Segunda: permaneça na presençade Deus. Os depressivos precisam aprendera ver-se como realmente são, e não atravésda lente negativa da depressão. Somosconvidados a descansar em Deus. Talveznão nos sintamos sempre bem, mas po-demos estar sempre em casa aí. É impor-tante aprender que podemos permanecerna presença de Deus, mesmo em meio asentimentos e pensamentos negativos.

Nascido na Tailândia, Siroj Sorajjakool(Ph.D. pela Claremont School of Theolo-gy) leciona religião na Loma Linda Uni-versity. Seu endereço postal: School ofReligion; Loma Linda, Califórnia 92350;EUA. E-mail: [email protected]

Notas e referências

1. David Karp, Speaking of Sadness:Depression, Disconnection, and the Meaningsof Illness (New York: Oxford UniversityPress, 1996), p. 24.

2. Martin E. P. Seligman, “Why is There SoMuch Depression Today? The Waxing ofthe Individual and the Waning of theCommon,” Contemporary Psychological

Approaches to Depression: Theory, Research,and Treatment, edited by Rick E. Ingram(New York: Plenum Press, 1990), p. 5.

3. Gayle Belsher and Charles G. Costello,“Relapse After Recovery from UnipolarDepression: A Critical Review,”Psychological Bulletin 104 (1988)1: 84-96;see also Gerald L. Klerman and Myrna M.Weissman, “Course, Morbidity, and Costsof Depression,” Archives of GeneralPsychiatry 49 (1992): 831-834.

4. Ian H. Gotlib and Constance L. Hammen,Psychological Aspects of Depression: Towarda Cognitive-Interpersonal Integration (NewYork: John Wiley and Sons, 1992), p. 1.

5. Leslie A. Robinson, Jeffrey S. Berman, andRobert A. Neimeyer, “Psychotherapy for theTreatment of Depression: A ComprehensiveReview of Controlled Outcome Research,”Psychological Bulletin 108 (1990)1:40.

6. Karp, p. 47.7. Aaron T. Beck, Depression: Causes and

Treatments (Philadelphia: University ofPennsylvania Press, 1972), pp. 17-23.

8. Siroj Sorajjakool, “Wu Wei (Non-Trying) inPastoral Care of Persons with Depression:Coping With Negativity,” Ph.D.Dissertation, Claremont School ofTheology, 1999, p. 5.

9. Tom Pyszczynski and Jeff Greenberg,Hanging On and Letting Go: Understandingthe Onset, Progression, and Remission ofDepression (New York: Springer-Verlag,1992), pp. 8, 9.

10. Paula Ray Pietromonaco, “The Nature ofthe Self-Structure in Depression,” Ph.D.Dissertation, University of Michigan,1983, abstract in Dissertation AbstractsInternational 44 (1983) 10B:3243.

11. Sorajjakool, p. 111.

12. Pyszczynski and Greenberg, p. 107.

Anunciando...

O Quarto Congresso Interna-cional de Nutrição Vegetari-ana terá lugar na Univer-sidade de Loma Linda, no Sulda Califórnia, de 8 a 11 deabril de 2002.

Para se inscrever ou obtermais informações, visite owebsite da associação: www.vegetariannutrition.org

Page 12: Dialogo Universitario Nefilin

12 Diálogo 13:3 2001

Quão Confiavel é a Bíblia?

by Alberto R. Timm

Teorias humanas podem surgir

e desaparecer, mas “a palavra

de nosso Deus permanece

eternamente”.

A autoridade do cristianismo deriva da Palavra de Deus. Cristo e Seus apóstolos consideravam as Escritu-ras como a revelação de Deus, com umaunidade fundamental entre seus váriosensinos (ver Mateus 5:17-20; Lucas 24:27,44, 45-48; João 5:39). Muitos pais da igre-ja e os grandes reformadores protestantesdo século 16 enalteciam a unidade e aconfiabilidade das Escrituras.

Todavia, sob a forte influência docriticismo histórico do Iluminismo doséculo 18, um número considerável deteólogos e cristãos passou a considerar aBíblia como mero produto das antigasculturas dentro das quais foi concebida.Conseqüentemente, a Bíblia não é maisconsiderada como consistente eharmônica em seus variados ensinos, esim como uma coleção de diferentesfontes com contradições internas. Outrogolpe contra a autoridade e unidade dasEscrituras foi desferido na segundametade do século 20, pelo ataque furio-so do pós-modernismo. A nova tendên-cia é enfatizar, não o verdadeiro signifi-cado das Escrituras, mas os vários senti-dos a ela atribuídos pelos seus leitores.

Já os adventistas do sétimo dia, porsua vez, continuam enfatizando a un-idade, a autoridade e a confiabilidade dasEscrituras. Mas para manter tal con-vicção, o estudante bíblico deve achar re-spostas honestas para as quatro seguintesquestões: 1) Que base existe para se falarde harmonia nas Escrituras? 2) Comotratamos algumas das principais áreasnas quais tal harmonia nem sempre é ev-idente? 3) Como o milagre da inspiraçãopreservou a unidade da Palavra de Deus?e 4) Qual o papel do Espírito Santo emnos ajudar a reconhecer essa unidade?

Harmonia interna das EscriturasNessa área precisamos considerar pelo

menos duas questões fundamentais:Primeira, o relacionamento entre a Pala-vra de Deus e as culturas contemporâneasnas quais ela foi originalmente transmiti-da. Nas Escrituras, pode-se perceber facil-mente um constante diálogo entre princí-pios universais e as aplicações específicasdesses princípios, dentro de um contextocultural particular. Tal percepção nãopode ser considerada como condiciona-mentos culturais que distorcem a unidadebásica da Palavra de Deus, mas precisa-mente o oposto: princípios universais quetranscendem qualquer cultura específica.

Por exemplo, a Bíblia menciona váriasocasiões nas quais Deus tolerou certos des-vios humanos de Seus planos originais,como nos casos de poligamia (ver Gênesis16:1-15; 29:15-30:24, etc.) e divórcio (verMateus 19:3-12; Marcos 10:2-12). Existemoutras conjunturas onde os primeiros cris-tãos foram aconselhados a respeitar certoselementos culturais específicos, como nocaso respeitante às mulheres usarem véuao orar ou profetizar (I Coríntios 11:2-16),e permanecer caladas na igreja (I Corín-tios 14:34-35). Mas o teor geral das Escrit-uras é que sua religião deve transcender etransformar o contexto cultural.

G. Ernest Wright explica que “o AntigoTestamento dá eloqüente testemunho deque a religião cananita era o agente desin-tegrador mais perigoso que a fé de Israeltinha de enfrentar” (ver Deuteronômio7:1-6).1 Floyd V. Filson acrescenta que noprimeiro século d.C. os judeus, e posteri-ormente os judaizantes, “reconheciam ofato de que o Evangelho era algo diferentedas mensagens religiosas que haviam con-hecido”, e que “isso estava rompendo

Page 13: Dialogo Universitario Nefilin

13Diálogo 13:3 2001

com os limites do judaísmo contemporâ-neo” (ver Mateus 5:20).2

A segunda questão que deve ser consid-erada por aqueles que estão interessadosem compreender a unidade das Escrituras,é a perspectiva metodológica pela qual seinvestiga as Escrituras. Do próprio teste-munho das Escrituras percebe-se que aBíblia está mais próxima do mundo orien-tal, a partir de uma perspectiva maissistêmica e integral da realidade, do quedo mundo ocidental, com uma perspec-tiva mais analítica e compartimentalizada.Esse é um importante aspecto a ser levadoem consideração ao definirmos nossaabordagem metodológica das Escrituras.

Se começarmos olhando indutiva-mente em busca de divergências nas Es-crituras, acabaremos “encontrandodiferenças em vez de harmonia e un-idade”. Se, por outro lado, principiar-mos olhando dedutivamente, poderemosdescobrir uma unidade básica que inte-gra suas várias partes.3 Muitas incon-sistências aparentes podem ser harmo-nizadas se avançarmos das grandes mol-duras temáticas das Escrituras para osdetalhes menores, em vez de iniciarmospor esses pormenores e desconhecermosas estruturas básicas às quais pertencem.

Áreas problemáticasExistem, porém, algumas áreas impor-

tantes de supostas “inconsistências” in-ternas da Bíblia, que as pessoas usamfreqüentemente para solapar o conceitode sua unidade. Consideremos breve-mente cinco dessas áreas e vejamos comoesses problemas podem ser solucionados.

Tensões entre o Antigo e o Novo Testa-mentos. Algumas pessoas falam a respeitode várias tensões dicotômicas entre o An-tigo e o Novo Testamentos, referindo-se atópicos como a justiça de Deus versus Seuamor e a obediência à lei versus salvaçãopela graça. Essas tensões podem ser solvi-das se reconhecermos claramente o rela-cionamento tipológico entre ambos osTestamentos, e que justiça e amor, lei egraça, são conceitos desenvolvidos aolongo de ambos os Testamentos.

Salmos imprecatórios. Alguns vêem ossalmos imprecatórios, com suas orações devingança e maldição aos ímpios (verSalmos 35; 58, 69; 109; 137, etc.), comoem direta oposição às amorosas orações deCristo e de Estêvão em favor dos seus in-imigos (Lucas 23:34; Atos 7:60). Na tentati-va de solucionar esse problema, não deve-mos nos esquecer de que o Novo Testa-mento cita os salmos imprecatórios comoinspirados e autorizados, e que no AntigoTestamento os inimigos do povo do con-certo eram considerados inimigos do próp-rio Deus. Parece bastante evidente, portan-to, que esses salmos devem ser compreen-didos dentro da moldura teológica da teoc-racia do Antigo Testamento.

Problemas sinópticos. Provavelmentenenhuma outra área tem gerado tantacontrovérsia em relação à unidade da Pala-vra de Deus, como o chamado problemasinóptico. Jamais conseguiremos explicarplenamente como os primeiros três Evan-gelhos (Mateus, Marcos e Lucas) foram es-critos; qual foi realmente a dependênciade um para com o outro e como harmoni-zar algumas pequenas discrepâncias nosrelatos paralelos. Robert K. McIver afirmaem The Four Faces of Jesus que “não existerazão para se supor que as informaçõestrazidas à luz por uma acurada investi-gação do problema sinóptico, provejamqualquer base para se duvidar da histori-cidade fundamental dos eventos mencio-nados nos Evangelhos. Em realidade, elasprovavelmente comprovam o oposto, sen-do uma evidência da sua confiabilidade.”4

A justificação em Paulo e Tiago. Outraárea problemática que nem sempre temsido compreendida claramente por algu-mas pessoas, é a clássica tensão entre adeclaração de Paulo de que “o homem éjustificado pela fé, independentementedas obras da lei” (Romanos 3:28), e as pa-lavras de Tiago de que “uma pessoa é jus-tificada por obras e não por fé somente”(Tiago 2:24). Mas essa tensão pode sersolucionada se tivermos em mente queenquanto Paulo está respondendo ao usolegalístico das “obras da lei” como meiode salvação (Romanos 3:20; cf. 3:31;

7:12), Tiago está criticando a profissãoantinominiana de uma fé “morta”, tãodestituída de frutos como a fé descom-prometida dos demônios (Tiago 2:17, 19).

Erros fatuais. Existem aqueles quenegam a unidade básica da Palavra deDeus porque, pensa eles, ela contém umgrande número dos chamados “erros fat-uais”. Muitos desses supostos “erros” nãosão realmente erros, mas apenas falta decompreensão das verdadeiras questõesenvolvidas. Um exemplo disso é a manei-ra como Edwin R. Thiele demonstrou quemuitas das pretensas lacunas e discrepân-cias na cronologia bíblica dos reis de Isra-el e Judá podiam ser sincronizadas.5 Aomesmo tempo, devemos reconhecer quenão temos condições de solucionar todasas dificuldades das Escrituras.6

A despeito da existência de algumasimprecisões em detalhes insignificantes,existem evidências suficientes que demon-stram que tais inexatidões não distorcem oconceito básico comunicado pelo texto noqual aparecem, e não rompem a unidadebásica da Palavra de Deus.

Não obstante, alguns podem indagar:Por que Deus permitiu que esses proble-mas permanecessem nas Escrituras? Nãopoderia ter Ele corrigido alguns deles, demodo que nossa compreensão fosse maisfácil? Essas não são perguntas fáceis deresponder, mas creio que existam algu-mas razões importantes pelas quais Deusnão solucionou essas áreas problemáticas.

Devemos reconhecer que Deus confiouSua mensagem a seres humanos – “vasosde barro” (II Coríntios 4:7) – e esses, porsua vez, a transmitiram em sua linguagemimperfeita. Além disso, a Palavra de Deusdestinava-se a servir como uma “luz” parao caminho (Salmo 119:105) dos seres hu-manos de todas as épocas e lugares. Naqualidade de “pão” espiritual (Mateus 4:4)que testifica do “pão vivo que desceu docéu” (João 6:51), a Bíblia deveria falar aricos e pobres, cultos e incultos, no con-texto em que eles viviam.

Se a Bíblia fosse um livro de “unifor-midade monótona”, as pessoas a leriamuma ou duas vezes e então a colocariam

Page 14: Dialogo Universitario Nefilin

14 Diálogo 13:3 2001

de lado como fazem com os jornais vel-hos. Mas a Bíblia possui uma profunda,“rica e colorida diversidade de testemun-hos harmoniosos, todos eles revelandouma beleza rara e distinta”, que a tornamtão atrativa.7 Embora sua mensagem es-sencial seja perfeitamente compreensível,mesmo às pessoas comuns, a Bíblia pos-sui tal profundidade de pensamento quetodos os eruditos e pessoas simples que aestudaram ao longo dos séculos, não fo-ram capazes de esgotar o seu significado ede solver todas as suas dificuldades.

O milagre da inspiraçãoMas como o milagre da inspiração sal-

vaguardou a unidade da Palavra de Deus?Até que ponto podemos esperar harmo-nia dentro das Escrituras? Deveríamossupor, como algumas pessoas fazem, quea Bíblia é confiável apenas em questõesde salvação? Podemos isolar as partescronológicas, históricas e científicas daEscritura de seu propósito salvífico geral?

Como argumentei em outro artigo, aBíblia reivindica para si uma natureza in-tegral e abrangente, formando uma un-idade indivisível (Mateus 4:4; Apocalipse22:18, 19), e apontando para a salvaçãocomo seu objetivo (João 20:31; I Coríntios10:11). Além disso, a Escritura descreve asalvação como uma ampla realidadehistórica, relacionada a todos os demaistemas bíblicos. E é precisamente esse inter-relacionamento temático geral que tornaquase impossível para alguém falar daBíblia em termos dicotômicos, como con-fiável em alguns tópicos e não em outros.

“Uma vez que o propósito primário daBíblia é desenvolver fé para a salvação(João 20:31), suas seções históricas,biográficas e científicas provêem, muitasvezes, apenas as informações específicasnecessárias para atingir esse propósito(João 20:30; 21:25). Apesar de sua seletiv-idade em algumas áreas do conhecimen-to humano, isso não significa que as Es-crituras não sejam dignas de todo o crédi-to nessas áreas.” “Toda a Escritura é in-spirada por Deus” (II Timóteo 3:16) e nos-sa compreensão de inspiração deveria

sempre preservar esse escopo abarcante.8

Sem endossar a infalibidade calvinis-ta, temos razões suficientes para crer quea Bíblia é infalível em seu propósitosalvífico e confiável em seu completointer-relacionamento temático. De acor-do com T. H. Jemison, nas Escrituras“existe unidade em seu tema – JesusCristo, Sua cruz e Sua coroa. Existe com-pleta harmonia de ensinamentos – asdoutrinas do Antigo Testamento e as doNovo são as mesmas. Existe unidade dedesenvolvimento – uma constante pro-gressão desde a criação e a queda, até aredenção e a restauração final. Existeunidade na coordenação das profecias.”9

A atuação do Espírito SantoA unidade subjacente da Palavra de

Deus foi gerada pela direta atuação doEspírito Santo na produção das Escritu-ras. Paulo afirma em II Timóteo 3:16 que“toda a Escritura é inspirada por Deus”.Pedro acrescenta que “nenhuma profe-cia da Escritura provém de particularelucidação; porque nunca jamaisqualquer profecia foi dada por vontadehumana; entretanto, homens [santos]falaram da parte de Deus, movidos peloEspírito Santo” (II Pedro 1:20, 21).

Uma vez que foi o Espírito Santo quemgerou a unidade da Palavra de Deus, ape-nas Ele pode iluminar nossa mente parapercebermos a coesão que sustenta aBíblia. Cristo prometeu aos Seus discípu-los que o Espírito Santo viria para guiá-los“a toda a verdade” (João 16:13). Paulodeclara que “o Espírito Santo ensina,comparando coisas espirituais com espiri-tuais” (I Coríntios 2:13, NKJV).

ConclusãoHoje, lamentavelmente, muitos cris-

tãos perderam sua confiança nas Escritu-ras e as estão relendo da perspectiva desuas próprias tradições (tradicionalistas),da razão (racionalistas), da experiênciapessoal (existencialistas), e mesmo da cul-tura moderna (culturalistas). Cansados daaridez de tais ideologias humanas, muitosoutros estão buscando um fundamento

mais firme sobre o qual ancorar a sua fé.Mas se a nossa âncora está firmada na

própria Palavra, crendo que o seu testemu-nho não é o resultado de invenções hu-manas, mas um dom divino para revelarDeus e o Seu amor redentivo à hu-manidade, então não temos nada a temerou a perder. O Espírito Santo que gerou aorigem, a unidade e a autoridade da Pala-vra, pode também iluminar a nossa mentepara reconhecermo-la como tal. Teoriashumanas podem surgir e desaparecer (verEfésios 4:14), mas “a palavra de nosso Deuspermanece eternamente” (Isaías 40:8).

Alberto R. Timm (Ph.D. pela AndrewsUniversity) é professor de Teologia Históricano Centro Universitário Adventista de SãoPaulo, Campus 2, e dirige o Centro de Pesqui-sas Ellen G. White do Brasil. Seu endereço:Caixa Postal 11; Engenheiro Coelho, SP13.165-970; Brasil. E-mail: [email protected]

Notas e referências1. Ernest Wright, The Old Testament Against

Its Environment (Chicago: Henry Regnery,1950), p. 13.

2. Floyd V. Filson, The New Testament AgainstIts Environment (London: SCM Press,1950), p. 96.

3. Ekkehardt Mueller, “The Revelation,Inspiration, and Authority of Scripture,”Ministry (April 2000) pp. 22, 23.

4. Robert K. McIver, The Four Faces of Jesus:Four Gospel Writers, Four UniquePerspectives, Four Personal Encounters, OneComplete Picture (Nampa, Idaho: PacificPress Publ. Assn., 2000), p. 220.

5. See Siegfried H. Horn, “From BishopUssher to Edwin R. Thiele,” AndrewsUniversity Seminary Studies 18 (Spring1980):37-49; Edwin R. Thiele, “TheChronology of the Hebrew Kings,”Adventist Review (May 17, 1984), pp. 3-5.

6. See Ellen G. White, Gospel Workers(Washington, D.C.: Review and HeraldPubl. Assn., 1948), p. 312.

7. Seventh-day Adventists Believe: A BiblicalExposition of 27 Fundamental Doctrines(Washington, D.C.: Ministerial Associationof the General Conference of Seventh-dayAdventists, 1988), p. 14.

8. Alberto R. Timm, “UnderstandingInspiration: The Symphonic andWholistic Nature of Scripture,” Ministry(August 1999), p. 14.

9. T. H. Jemison, Christian Beliefs:Fundamental Biblical Teachings for Seventh-day Adventist College Classes (MountainView, Calif.: Pacific Press Publ. Assn.,1959), p. 17.

Page 15: Dialogo Universitario Nefilin

15Diálogo 13:3 2001

onsidere as seguintes declarações:Declaração 1: (A) é um ser hu-mano. (B) é um gorila. Entre A e B

há muitas semelhanças, mas A possuimuitos atributos superiores quandocomparado com B.

Declaração 2: As semelhanças mos-tram que tanto A como o B têm uma ori-gem comum. As superioridades sugeremque A evoluiu de B durante de milhõesde anos.

Declaração 3: As semelhanças mos-tram que tanto A como B tiveram umaorigem comum: o Deus criador. Osatributos superiores de A revelam queDeus escolheu criar seres humanos a Suaprópria imagem, e que esse não foi ocaso na criação dos animais.

A declaração 1 é dado, informação—observável, cognoscível e aberto à ex-periência. As declarações 2 e 3 são inter-pretações dos fatos, uma feita por umevolucionista e a outra por um criacion-ista.

Essa simples ilustração revela que oconhecimento ou informação pode ser di-vidido em dois conceitos distintos: dadose interpretação. Visto que os dados estãosujeitos a variadas interpretações,estudantes e pesquisadores precisam dis-tinguir cuidadosamente entre a infor-mação que constitui os dados coligidos e a“informação” deles derivada, que é apre-sentada como evidência em apoio de umahipótese. Os cientistas esforçam-se paraser tão objetivos quanto possível, mas di-versos fatores (preconceitos) influenciama escolha e a interpretação dos dados.

A distinção entre dados e interpre-tação não é menos importante na classede ciências do que no laboratório cientí-fico. A maior dificuldade no processo de

separar os dados das interpretações jazno contexto das alegações dos compên-dios. Eles são as fontes primárias de in-formação em qualquer sala de aula; con-tudo, nas classes de ciências, os dadoscomunicados são freqüentemente maisinterpretativos do que informativos. Osestudantes desde cedo precisam de tre-inamento com respeito à identificaçãode dados em exercícios provenientes doscompêndios. O desenvolvimento de taisexercícios requerará esforço adicionalpor parte dos professores, mas deveráproduzir mais análise dos estudantes emenos explicação dos professores, à me-dida que a classe progride.

Conhecendo a diferençaQue é informação? Qual é a diferença

entre informação e interpretação? A in-formação consiste em mensurações e ob-servações, usadas como base de racio-cínio, discussão ou cálculo.1 Dados ob-serváveis são normalmente consideradoscomo fatos inalteráveis, mas podem ounão ser verdadeiros. À medida que a tec-nologia e a ciência progredirem, “fatos”serão descartados, modificados ou substi-tuídos por novos dados. Por exemplo,medições podem formar a base paraidentificação [avaliação], isto é, a inter-pretação de um objeto ou fenômeno. Osfósseis de organismos extintos são ami-udadamente identificados com base emmedições das várias partes das estruturaspreservadas de seus corpos. A exatidão eprecisão das medições tornam difícil aidentificação correta, porque sobre osmuitos componentes de uma extinta fau-na conchosa, os cientistas não sabem seos grandes organismos que têm ou nãoestruturas semelhantes aos pequenos,

Interpretação de dados:Conhecendo a diferençaby Elaine Kennedy C

Interpretações opcionais e

múltiplas de dados não são

apenas possíveis, mas

comprováveis.

Page 16: Dialogo Universitario Nefilin

16 Diálogo 13:3 2001

representam diferentes espécies, gêneros,ou estágios de desenvolvimento. As iden-tificações ou cálculos em si não são da-dos, mas interpretações. Muito da con-trovérsia que existe na literatura científi-ca é causada por um problema bastantesignificativo: a interpretação feita a partirde limitados bancos de dados. Esse pontoprecisa ser enfatizado em cada capítuloestudado nas aulas de ciência.

A complexidade de dados einterpretações

Como ilustração de uma complexainteração entre dados e interpretações,considere dois passos envolvidos noprocesso de simples identificação derochas e minerais.

Passo 1. interpretações das propriedadesluminosas dos minerais. As propriedadesluminosas dos minerais são descritas apartir do exame microscópico de umafatia muito delgada de rocha (comu-mente chamada “seção delgada”). A luzpolarizada (ondas de luz que vibramnum plano particular) é usada para efet-uar uma série de testes sobre as pro-priedades luminosas de cada seção del-gada do mineral. Os testes provêem umbanco visual de dados sobre padrões detransmissão de luz. Os mineralogistasusam esses padrões para determinar acomposição mineral da amostra. A iden-tificação dos minerais é uma interpre-tação baseada nos dados de propriedadeluminosa.

Passo 2. Determinação do tipo de rocha.Examinando-se o contato de um miner-al com outro, e medindo quanto de cadamineral acha-se presente, pode-se deter-minar o tipo de rocha. Um geólogo queidentifica a rocha considera as infor-mações das identificações do mineralcomo sendo “dados”, embora a identifi-cação da rocha seja realmente uma in-terpretação de uma interpretação. (Os“dados” mineralógicos foram determi-nados originalmente a partir das infor-mações sobre a propriedade luminosa).O ponto é que o escopo do que constituium dado é realmente bastante estreito.

Quão válida é, justamente, a identifi-cação? As identificações podem ser feitasusando comparações com padrões. Porexemplo, três finas seções podem ter amesma composição mineral, mas os con-tatos minerais podem ser bem diferentes.Se os grãos do mineral estão entrelaça-dos, a rocha é ígnea. Se os grãos do miner-al estão alterados, distorcidos, alongadose alinhados, é uma rocha metamórfica. Osmesmos minerais juntamente consolida-dos formam uma rocha sedimentar. Quan-do termos e procedimentos são bemdefinidos, a identificação é bastante fácile relativamente confiável.

Visto que os dados são limitados aoque podemos mensurar ou observardiretamente, os professores devem pro-mover a capacidade de seus estudantesna interpretação de dados, de modo queeles possam tirar conclusões dignas deconfiança. Uma interpretação é uma ex-plicação, um modo de apresentar a in-formação em termos compreensíveis. Asinterpretações são limitadas pela dis-ponibilidade dos dados e pelo precon-ceito do observador.

Níveis múltiplos de interpretaçãoExistem diversos níveis de interpre-

tação. Por exemplo, o nome oólito nãosomente identifica um tipo particular derocha, mas também implica numahistória inteira de exigências ambientaise de condições de depósito para sua for-mação. Como pode um nome contertanta informação interpretativa?

1. Uma fina seção feita de partículasarredondadas, semelhantes a con-tas unidas, precisa ser identificada,em primeiro lugar, com respeito asua mineralização. Por con-seguinte, o primeiro nível de inter-pretação é identificar a com-posição mineral das pequenascontas. Com fins a essa ilustração,vamos identificá-las como partícu-las de carbonato de cálcio.

2. A identificação da estrutura dessarocha feita de contas é baseada noreconhecimento de um objeto cen-

tral, que pode ser um fragmento deoutra espécie de rocha ou talvezuma parte do material conchoso,em torno do qual o carbonato decálcio se precipitou. Essa infor-mação estrutural combinada com aredondeza das partículas identificaas contas como oólitos. Nesse pontopoder-se-ia pensar que o exercícioestaria terminado, e que a identifi-cação é tão simples e direta como oreconhecimento do mineral. Con-tudo, um terceiro nível de interpre-tação é introduzido para explicarcomo os oólitos se formaram.

3. O terceiro nível depende de obser-vações feitas em ambientes atuais.Os geólogos sabem que os oólitossão formados próximos a uma pra-ia, pela agitação da água salinaquente e rasa.

4. Os pesquisadores aplicam esse con-hecimento às rochas oolíticas en-contradas em encostas de mon-tanhas. Em outras palavras, osgeólogos usam o que sabem a re-speito do cenário moderno e inter-pretam o quadro antigo de acordocom isso. Supõem que os oólitosda montanha se formaram naque-le local, no passado, do mesmomodo que os oólitos oceânicos ouos do Grande Lago Salgado emUtah. Essa interpretação implicaque os oólitos não se formam denenhum outro modo. O racio-cínio parece bastante lógico e aconclusão óbvia; contudo, essa as-sociação pode não ser verdadeira.

O exercício não terminou. Estasérie de interpretações é agoraacrescida a outros dados com múl-tiplas interpretações, para nos le-var à descrição final da exposiçãode uma rocha particular. Esse pro-cesso é duplicado em outras ex-posições ou afloramentos de rochasobre uma região mais ampla, paradesenvolver um modelo.

5. Os geólogos usam outros tipos derocha e dados adicionais para de-

Page 17: Dialogo Universitario Nefilin

17Diálogo 13:3 2001

senvolver modelos que descrevemeventos geológicos na história daTerra. Por exemplo, grãos de quart-zo solidificados são chamadosarenitos. Os desenhos dos arenitospodem ser devidos a um processoconhecido como camadas cruza-das. Tipicamente, as camadascruzadas são formadas quando cor-rentes (vento e/ou água) depositamareia ou sedimento no sotaventodas dunas. Integrando uma amplacoleção de dados e interpretações(minerais, rochas, oólitos e cama-das cruzadas), os geólogos podemagora desenvolver o quinto nívelde interpretação: a modelagem. Osmodelos oferecem aos cientistasuma estrutura geral para o desen-volvimento de predições e aval-iação de eventos que podem terocorrido no passado.2

Assim, a diferença distinta entre da-dos e interpretação precisa ser utilizadaao se avaliar uma pesquisa. Os dados sãorealmente medições e observações. Asinterpretações tentam identificar ou ex-plicar o que foi medido e observado. Avalidez de uma interpretação está basea-da sobre quão bem ela se acomoda aosdados disponíveis. As interpretações po-dem mudar se a base de dados se altera.Essa interação entre dados e interpre-tações é que torna a ciência tão bem-sucedida e progressiva.

Preconceito durante a aquisição dedados

Os cientistas estão conscientes de queestão sujeitos a erros e equívocos. Porisso tentam manter uma atitude de obje-tividade na pesquisa.3 Esse compromissocom a objetividade criou uma espécie deaura em volta dos cientistas e, infeliz-mente, a ciência desenvolveu uma ima-gem popular de “infalibilidade”. As pes-soas freqüentemente preferem crer queos cientistas são objetivos e que lidamcom valores absolutos. Alguns pensammesmo que quando o cientista tira umaconclusão, todas as teorias contrárias fo-

Can you find the data?

What is believed to be the richest de-posit of early Ice Age fossils ever foundin North America has been partly uncov-ered in a quarry near Apollo Beach, Fla.It is expected that the deposit will ulti-mately yield as many as 60 species.

However, only after the deposit hasbeen fully excavated, and the specimensassembled and prepared for study, will itbe possible to assess the full significanceof the find, researchers say.

Those fossils found to date rangefrom Ice Age elephants (mammoths andmastodons) to long necked camels andwhat appears to be a new species of lla-ma. There are bones from large birds re-sembling the California condor, the An-dean vulture, and a big extinct turkeyvulture.

Although the site is now near theedge of Tampa Bay, Dr. S. David Webbof the Florida State Museum in Gaines-ville suspects, from the typical habitat ofsuch birds, that the animals were all liv-ing far inland. The sea may have been“pretty far out in the Gulf,” he said in atelephone interview on Monday.

Webb, a recognized authority on Ice

The article below is typical of the science news published in newspapers around theworld. It contains a lot of information but not all of it is scientific data. Circle or underlinethe data as you read through the “news” and then check your answers on page 18. Whatcan you conclude from just the data?

Age animals, said the specimens allseemed to be of the primitive types thatlived from 1.5 million to 1.9 millionyears ago.

The find was made by Frank Garcia,an amateur paleontologist, regarded byWebb as “one of our best in Florida.”Last fall, Garcia found a few tantalizingspecimens in the pit, from which sea-shells were being excavated for road sur-facing. This encouraged him to digdeeper and, between two thick shell de-posits, he found a highly concentratedbone deposit two feet thick.

The bones appear jumbled and disar-ticulated, rather than as intact skeletonslying where the animal died. Such depos-its in Alaska have been attributed to wateraction that swept many animal remainsinto a single streambed. Webb believesthe deposits should provide much infor-mation on faunal exchanges betweenNorth and South America soon after theIsthmus of Panama rose from the sea andprovided a bridge between the continents.

Species found in the pit seem to dis-play links to animals that evolved onboth continents.

Rich Fossil Deposit FoundThe New York Times, March 27, 1984. (Reprinted by permission.)

ram refutadas e as questões resolvidas.Assim se desenvolve um falso senso desegurança na ciência.

Alguns cientistas pouco fazem paraapagar tal reputação. Para complicar ascoisas, a comunidade científica adotou aposição de que qualquer pesquisadorque tenha uma propensão religiosa não

é científico; portanto, por definição, aciência da criação não pode ser verda-deira. Tal atitude deixa de reconhecerseus próprios preconceitos.4

Eis alguns preconceitos que influen-ciam a ciência—alguns fatores técnicos,sutis e inconscientes.

1. Constrangimentos na amostra. O

Page 18: Dialogo Universitario Nefilin

18 Diálogo 13:3 2001

atual.9 Sem artigos publicados, semdinheiro para a pesquisa. É tão sim-ples. Os rigorosos testes propostospelo método científico podem sairmuito caros; assim, idéias e con-ceitos aparecem logo na imprensa esão citados em publicações ulteri-ores. O arrocho financeiro está au-mentando o preconceito técnico aolimitar o processo experimental. Osestudantes deveriam estar cientesde que o financiamento da pes-quisa tem bastante controle sobre apesquisa publicada.

Implicações para a ciência e areligião

Quando se trata da relação entre ciên-cia e religião, diversos pontos precisam sernotados. Primeiro, nem todos os dadossão mensurados corretamente, e às vezes édifícil diferenciar entre dados e interpre-tação. Certamente muitas interpretaçõesopcionais de qualquer base de dados sãonão somente possíveis mas prováveis. In-terpretar os dados pode ser muito com-plexo; não obstante, o cenário mais sim-ples é usualmente preferido ao mais com-plexo no desenvolvimento de teorias. Seg-undo, o preconceito está presente emqualquer interpretação, porque todas asinterpretações científicas são, no mínimo,parcialmente subjetivas. Terceiro, precisa-mos compreender a natureza da ciência ecomo os cientistas trabalham. As pessoaspor vezes ficam desanimadas porque asinterpretações científicas estão mudandoconstantemente, e assim não sabem noque crer. Contudo, essa é a natureza daciência; é assim que ela avança. Uma vezque se compreenda realmente esse aspec-to da ciência, as pessoas ficam relutantesem basear crenças teológicas sobre dadosespecíficos ou conceitos científicos. Quar-to, embora a ciência possa ser útil e proverinformação relevante, ela não deveria di-tar a teologia de ninguém. Se se permiteque a ciência dite a teologia, então cadavez que as interpretações científicas mu-darem, a teologia precisa ser alterada,

primeiro problema na coleta dedados é o preconceito na amostra-gem. Todo cientista tem idéias pre-concebidas sobre a pesquisa, asquais influenciam a seleção de da-dos. A amostragem aleatória ajudaa minimizar os problemas,5 masainda mesmo há escolhas que fa-vorecem uma hipótese particular.

2. Erros sistemáticos. Um cientistapode ter um “ponto cego”, umafalha no reconhecimento de da-dos. Por exemplo, é comum aospaleontólogos que se especializamem fósseis de caracóis, coletarmaior variedade de gastrópodes namontanha do que qualquer outrolugar. No entanto, o mesmo indi-víduo terá menos ostras e coraisdo que outros colecionadores defósseis. Esses outros fósseis podemter uma influência significativa so-bre a interpretação daquele local,mas o preconceito do pesquisadorelimina tal contribuição.

Além dos problemas envolvi-dos na obtenção de dados, seuprocessamento pode introduzirpreconceitos técnicos sistemáti-cos.6

Um processo equivocado nãoreconhecido ou uma fórmulamatemática aplicada incorreta-mente, ou ainda uma análise es-tatística no processamento de da-dos, introduz um erro sistemáticoou preconceitos nos resultados.

3. Constrangimentos tecnológicos. Os ci-entistas têm agora a possibilidadede incorporar grandes quantidadesde dados e interpretações a mode-los gerados por computadores,através de análises que envolvemreconhecimento de modelo. Con-tudo, gigantescos bancos de dadosnão significam necessariamenteque os modelos refletem adequada-mente sistemas e processos com-plexos. O desenvolvimento demodelos simplificados mediantesistemas gerados por computadorproduz preconceito tecnológico,porque os parâmetros simplifica-dos impõem limites na aplicaçãodo modelo aos sistemas reais.7

4. Qualidade de dados. A análise dedados introduz preconceitos devi-dos às interpretações qualitativasou subjetivas inclusas. Por exemp-lo, na análise dos dados de potás-sio-argônio, a quantidade depotássio e argônio pode ser medi-da bem acurada e precisamente.Todavia, é difícil saber exatamenteo que os dados significam, e asconclusões relativas à idade de-pendem muito das numerosaspressuposições e problemas quesurgem dentro do contexto dametodologia.8 A tecnologia atualnão mede a idade da rocha direta-mente, assim as conclusões são in-fluenciadas. Os dados descritivossão ainda mais problemáticos.

5. Constrangimentos financeiros. Ométodo científico requer testes rig-orosos antes que qualquer teoriapossa ser aceita. No entanto, con-strangimentos temporais e finan-ceiros limitam arduamente o pro-cesso de testes. Novos dados são in-corporados na teoria correnteporque é mais fácil ter materialpublicado se ele for geralmenteaceito pela comunidade científica.O processo de financiamento temuma incrível influência na pesquisa

Answers to page 17

The scientific data included in thenews item are: (1) In a quarry nearApollo Beach, Florida, (2) disarticulat-ed fossil bones were found, (3) someof which belonged to large birds. (4)The fossil bones were located betweentwo shell deposits (5) that were twofeet thick.

Page 19: Dialogo Universitario Nefilin

19Diálogo 13:3 2001

quer essa alteração seja consistente comnossa crença e experiências ou não. Aomesmo tempo, a teologia não devia ditara ciência de ninguém. Conceitos taiscomo “fixidez das espécies”, baseadosnuma teologia pessoal mantida pormuitos nos séculos 17 e 18,10 e a teoria deuma “terra achatada” são algumas dasidéias que contribuíram para o conflitoentre a ciência e a teologia. A Bíblia podefornecer hipóteses legítimas e constrangi-mento para a ciência. Com efeito, a Es-critura, como fonte de informação, sugereavenidas de investigação que não seriamconsideradas pela maioria de pessoas não-cristãs. Tal pesquisa deveria reconhecerqualquer tendência bíblica que possa estarpresente, e todos os dados devem ser im-parcialmente avaliados.

ConclusõesOs cientistas têm bastante confiança

de que sabem o que estão fazendo. To-davia, especialmente na área das ori-gens, a ciência sozinha não pode avaliara base de dados completa, porque aabordagem científica não leva em con-sideração a possibilidade de envolvi-mento sobrenatural em a Natureza e nahistória de nosso planeta. A maioria doscientistas crê que há conflitos irreconcil-iáveis entre a ciência e a Bíblia. Por ex-emplo, Ayala afirma: “Pretender que asdeclarações de Gênesis sejam verdadecientífica é negar toda a evidência.”12 Aevidência não prova uma longa nemuma curta história para a vida. A evidên-cia disponível provê muito pouca infor-mação. Os dados não são o problemaprimário na reconciliação entre a ciên-cia e a Bíblia. É a interpretação dos da-dos que apresenta conflitos. Tem sidodito: “Não somente é o presente a chavedo passado, mas a chave do futuro.”13

Tanto os relatos históricos de umDilúvio universal quanto as declaraçõesproféticas do segundo advento de Cris-to, proclamam a falsidade de tal con-ceito.14 Para os cristãos, a Bíblia forneceuma fonte de informação que sugere

Subscribe to Dialogue fter long, hard work, you finally have your diploma in hand. Great! And now that you’re in the big wide world, you’re doing your best to stay a committed Christian. A life-long learner. That’s tough! Stay in touchwith the best of Adventist thought and action around the globe. Get into Dia-logue with us!

One year subscription (3 issues): US$12.00; Back issues: US$4.00 each.

I’d like to subscribe to Dialogue in: ❏ English ❏ French ❏ Portuguese ❏ Spanish

Issues: ❏ Begin my subscription with the next issue.❏ I’d like to receive these back issues: Vol.___, No.___

Payment: ❏ I’m enclosing an international check or money order.❏ My MASTERCARD or VISA # is _________________________________ Expiration Date _____________

Please PrintName: _______________________________________________________________

Address: _______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Mail it to: Dialogue Subscriptions, Linda Torske; 12501 Old Columbia Pike;Silver Spring, MD 20904-6600; U.S.A. Fax: 301-622-9627

E-mail: [email protected]

A

que há um modo melhor de abordar aciência. A partir dessa perspectiva, algu-ma harmonia entre a ciência e Bíbliapode ser reconhecida. Com efeito, oscristãos esperam harmonia porque re-conhecem Deus como o Criador da Na-tureza e de suas leis científicas.

Elaine Kennedy (Ph.D. pela Univer-sidade do Sul da Califórnia) é geóloga e pes-quisadora do Geoscience Research Institute.Seu endereço postal: 11060 Campus Street;Loma Linda, Califórnia, 92350; EUA. E-mail:[email protected] Você tambémpode consultar o web site do Instituto:www.grisda.org

Notas e referências1. Webster’s College Dictionary, 1991.2. Andrew D. Miall, Principles of Sedimentary

Basin Analysis (New York: Springer-Verlag, 1984), p. 3.

3. Francisco Ayala, Robert McCormickAdams, Mary-Dell Chilton, Gerald Holton,Kumar Patel, Frank Press, Michael Ruse,and Philip Sharp, On Being a Scientist(Washington, D.C.: National Academy of

Sciences Press, 1989), p. 1.4. Del Ratzsch, The Battle of Beginnings: Why

Neither Side Is Winning the Creation–Evolution Debate (Downers Grove, Illinois:InterVarsity Press, 1996), pp. 158-179. Seealso Philip E. Johnson, Darwin on Trial(Downers Grove, Illinois: InterVarsityPress, 1991), pp. 6-12.

5. Ayala et al, p. 5.6. Ibid p. 5, 6.7. Ibid, p. 6.8. C M. R. Fowler, the Solid Earth: An

Introduction to Global Geophysics(Cambridge University Press, 1998), p.192.

9 Francisco J. Ayala and Bert Black, “Scienceand the Courts,” American Scientist 81(1998): 230-239.

10. J. Browne, The Secular Ark (New Haven,Conn.: Yale University Press, 1983), pp.21-23.

11. Colin Norman, “Nobelists Unite Against‘Creation Science,’” Science 233 (1986):935.

12. Ibid, p. 935.13. Alan Baharlou, 1978. Personal

communication that echoes sentiment ofJames Hutton in 1788, “The results,therefore, of our present inquiry is, thatwe find no vestige of a beginning—noprospect of an end” (from Transactions ofthe Royal Society of Edinburgh).

14. 2 Peter 3:3-10.

Page 20: Dialogo Universitario Nefilin

20 Diálogo 13:3 2001

GwendolynWinston FosterDialogue with Philadelphia’s Health and Fitness Czar

hiladelphia, Pennsylvania, native Gwendolyn Winston Foster has been a health educator for most of her life. She considered becoming a physician like her brothers, but decided that she would rather prevent disease thantreat it. While raising her three young children, she moved to Loma Linda, Cali-fornia, where she earned a Master of Science in Public Health degree from LomaLinda University. She continues to serve on its board.

When in 1978 the Allegheny East Conference of Seventh-day Adventistselected Foster to serve as its Health Ministries director, she set a precedent bybecoming the only full-time person in that position in the North American Divi-sion. Always willing to innovate, she developed Fitness for Life, a lifestyle recon-ditioning program that eventually became the basis for an annual two-weeklive-in program on the conference campus in Pine Forge, Pennsylvania. Peoplecame from all over the United States to participate in “Fitness Camp,” whereshe demonstrated dramatic results in helping people overcome chronic lifestylediseases.

For five years Foster hosted a “Fitness for Life” call-in talk show that wasbroadcast on Philadelphia radio station WHAT. She also served as health editorof Message, an Adventist journal targeted to African-Americans. In addition,she developed a Lifestyle Certification program for lay people that was eventu-ally adopted by the North American Division.

In February 2000, Mayor John Street of Philadelphia, Pennsylvania, anAdventist and lifelong friend of Foster’s, established the Office of Health andFitness and appointed Foster the Health Czar. She oversees the health initiative“Fun, Fit & Free” that has transformed the city, which had formerly beendubbed the “Fattest City in the United States” by a national health magazine.People from all over the world have come to Philadelphia to see how Foster op-erates, and she has begun sharing her program model with other cities.

In addition to her passion for health, Foster loves music. She served for manyyears as music director for the Allegheny East Conference and has directed sev-eral outstanding choirs. Her production of Handel’s Messiah at her church,Ebenezer Seventh-day Adventist in Philadelphia, is a favorite among music lov-ers on the Eastern seaboard.

P they do is so entrenched in traditionand policy that we couldn’t do anythingexciting. As Health Czar, I’m account-able to the mayor, but I can work out-side the box. Someone said, “You andthe mayor are alike; both of you are un-orthodox.” I said, “That’s right, we are.”

■ You have worked for the church most ofyour life, you came into this secular environ-ment, and you’re a friend of the mayor.What was it like making the transition?

Scary. I had always worked in what Inow say is the “safe” environment ofthe church. I had thought then thatthere were no challenges like the onesthere. Now I feel that God was prepar-ing me for these even greater challeng-es.

■ What particular challenges did you face?I wasn’t prepared for the political

challenges. It’s a whole different con-text: a dog-eat-dog world. Being a friendof the mayor—when he introduced mehe said, “She’s like my sister”— doesn’thelp in the political world. In fact, it al-most hurts, because people are just wait-ing for an opportunity to see if you get aspecial break. We’ve decided that won’thappen. We have an understanding thatthere will be no special perks. If I getsomething, it will be because I earnedit—not because I got any special favors.

■ How do you prepare yourself for the chal-lenges?

I usually get up at 4:30, but thismorning I got up even earlier, at 3:45. Ihave to spend a solid two hours everymorning with the Lord. Part of thattime is spent walking in the park near

it.” I said to myself, “It will be three orfour years before that happens,” so I al-most forgot about it. Of course, he men-tioned it again when he got elected. Theposition, Health Czar, developed becauseat first we discussed working within theDepartment of Health, but we thoughtbetter of that because it’s almost impos-sible to change their structure. What

■ How did your position, Health and FitnessCzar, come about?

In 1996, when John Street was presi-dent of the Philadelphia City Council,he said to me, “If I should run for may-or, I’d like you to do some health thingsin the city.” I said, “Yeah, right,” be-cause I always saw myself retiring fromthe conference. He said, “Think about

Perfis

Page 21: Dialogo Universitario Nefilin

21Diálogo 13:3 2001

our home. The more challenges I face,the more time I have to spend with theLord. If I miss a day, that’s when it’sscary. I say every day, “Lord, it’s going tobe amazing today how You do things.How are You going to work this out?”It’s an adventure, but I have to spendthe time with Him so I can know Hisplan. I’m not smart enough. I certainlydon’t have the political savvy. Peoplecome to me and ask, “Where did youlearn your politics?” I don’t have poli-tics; I just listen to the Lord. That’s liter-ally how I operate every day.

■ What’s another challenge?We have zero dollars. We started this

office with no dollars, zero, zippo, zilch.I had to raise the money for salaries tobring in my staff.

■ How did you raise the money?I identified corporate partners. We

meet every first Friday of the month,and we talk about how we want to fleshout our program. Of course I had a basicidea, having done it at the conferencefor 23 years, but I still make our partnersan integral part of how the dollars cometo the table. We don’t have anythingleft over, but we go do exciting things sopeople will think we have big budgets.

■ How big is your staff?We have two secretaries; the city pro-

vided one and the other wanted to joinour staff. I hired Kemba Esmond (for-merly of the Review and Herald Publish-ing Association, Hagerstown, Mary-land), as my administrative assistant,and Melchior Monk (formerly of PineForge Academy, Pine Forge, Pennsylva-nia) as my liaison from this office; theirsalaries were raised by a local pharma-ceutical company.

■ Is all of your staff Adventist?No, but they are Christians. Every-

body knows that I am a Seventh-day Ad-ventist. Hardly any article written aboutme neglects to mention it. I always

bring it up. Reporters ask, “Where didyou get your ideas?” I didn’t make upthe eight natural remedies, so I have totell them my background.

■ How does your staff relate to your Sab-bath observance?

You should hear the secretaries talk-ing to people on the telephone whensomeone asks if I would lead out in aparade or a marathon on Sabbath. Theysay, ”Oh, that’s the Sabbath. Mrs. Fosterdoesn’t accept those kinds of engage-ments on Sabbath.” I let them go withit. If a church or hope to do those threetimes a year. In August, we had a pro-gram at a hospital auditorium for sevenweeks, two nights a week. People didn’tthink it would work, but out of the 70people who came, 67 finished, and 31never missed a night. That shows youhow desperate people are. We planthose four times a year. We also have a30-minute television show on TimeWarner Cable that airs 7:30 a.m. andp.m., seven days a week. We also haveevents for the public. “Dine Out onHealthy Street” happens once a month,so local restaurants can show off theirefforts at making healthy menus avail-able. That’s the one time I get to see themayor because our schedules are sobusy. We just held our second annualFun, Fit & Free Festival where the mayorand I led hundreds of Philadelphians ona three-mile walk from City Hall to thewaterfront at Penn’s landing. Alongwith the Philadelphia 76ers basketballteam co-owner Pat Croce, we created“76 Tons of Fun,” a weight-loss programfor the whole city.

■ How do you share your faith in the secularenvironment in which you work and live?

I don’t have to preach. The principlesI teach point to a Creator. Most peopleagree that an intelligent being had tocome up with these principles. Every-one who goes through the programs isin more of a situation to hear the Cre-ator. They ask, “What else have you got?

We want to study the Bible with you.”We meet Muslims and others, but mostreligious values and principles are thesame. I have no problem sharing myfaith. I love it!

■ What advice would you give young peoplestarting their careers in a secular environ-ment?

You can witness in any arena. Thebest way is being out in the environ-ment and living it. People are tired ofhearing sermons; they want to seethem. Every one has a circle of influ-ence. You may have no idea that peopleare watching you.

■ Tell me some of your success stories.A school nurse was going to have her

leg amputated, but she needed to haveit done before going back to school inSeptember. She heard about our pro-gram and joined it. Of course, her diabe-tes was under control, her insulin dos-age had been cut in half, and she got tokeep her leg. I received a letter from acity worker who attended the seven-week program. He told me he lost eightpounds, and his waist measurementcame down from 46 inches to 43 inches.He ended his letter by saying, “Thankyou for your program. Thank you to ourmayor for hiring a health czar.” Men’sFitness magazine, which had designatedPhiladelphia as the fattest city in theU.S. in 2000, came back, walked with us,gave us this big plaque, and congratulat-ed us for creating an awareness ofhealth—the likes of which had neverbeen created in the United States oraround the world.

Interview by Vikki Montgomery.

Vikki Montgomery is the associateeditor of Liberty magazine. E-mail:[email protected]

For information on the health programspromoted by the city of Philadelphia, checkits web site: www.phila.gov [email protected]

Page 22: Dialogo Universitario Nefilin

22 Diálogo 13:3 2001

Michael A. ComberiateDiálogo com um adventista que é cientista de foguetes

ichael A. Comberiate, diretor de sistemas da NASA (National Aero- nautics and Space Administration), em Greenbelt, Maryland, trabalha no Goddard Space Flight Center desde 1969. Ele possui mestrado em

eletrotécnica pela Universidade de Maryland. Como engenheiro, planejoucircuitos eletrônicos para numerosos projetos de satélites. Algumas dessasmissões foram à Lua e além. Desde 1984, Comberiate empreendeu tambémmais de 50 projetos especiais (http://coolspace.gsfc.nasa.gov), envolvendocooperação entre agências na produção de resultados rápidos com recursosmuito limitados. Por recomendação da National Science Foundation, a U.S.Geological Survey deu seu nome a uma geleira, em reconhecimento àscontribuições de Michael à moderna exploração da Antártica e outras regiõesremotas.

Respeitado internacionalmente como um líder de idéias inovadoras, ele ébem conhecido por seu programa educacional especial chamado, “Seja umCientista”, patrocinado pelo Projeto Aqua da NASA. Desde 1995, seu trabalhojunto à comunidade acadêmica, criou um meio prático e econômico dedistribuir, através dos Estados Unidos, sofisticados bancos de dados comferramentas e técnicas necessárias ao seu processamento e adaptação àsatividades curriculares contínuas.

Os outros interesses de Comberiate incluem construção de casas e artesmarciais. Ele ensina artes marciais desde 1968 e é faixa preta quinto dan(grau). A participação em campeonatos nacionais e a construção de casascontribuíram para desenvolver nele um forte espírito empreendedor. Ele étambém um viajante habitual, tendo já dado dezessete voltas ao redor domundo, incluindo sete expedições ao Pólo Sul e três ao Pólo Norte.

Comberiate descende de uma linhagem de católicos originária do primeiromilênio. Sempre insatisfeito com explicações simplistas para sua fé, elequestionou tudo e achou que a Bíblia tem mais respostas do que a maioria doscristãos reconhece. Aplicando sua experiência de engenheiro e cientista nacompreensão desse texto milenar, Michael tem podido desvendar algunsmistérios da maneira lógica que um cientista de foguetes pode aceitar.

Comberiate é casado com Karla, uma terapeuta ocupacional e educadoradoméstica. Eles têm dois filhos e moram numa das casas que construíram forade Washington, D.C. Se você quiser enviar-lhes um cartão postal de qualquerparte do mundo, simplesmente escreva: NASA Mike, 20777, EUA.

M

Perfis

■ O que o inspirou a seguir uma carreira naAdministração Nacional de Aeronáutica eEspaço (NASA), e a quanto tempo você tra-balha lá?

A corrida espacial estava apenas

começando quando eu cursava a escolaelementar, e o lugar para onde eu iriaquando me formasse na Universidadede Maryland, na década de 1960, era aNASA. Trabalho lá há mais de 32 anos.

■ Você cresceu como católico. Como vocêsoube a respeito da Igreja Adventista do Sé-timo Dia?

Eu era um daqueles católicos querealmente questionavam o que criam.Eu procurava entender estes mistérios:Três Pessoas num só Deus, o infernoeterno, vida após a morte e assim pordiante. Jamais recebi respostas satis-fatórias. Enquanto procurava, assisti aalguns programas na televisão que fala-vam do sábado do sétimo dia e do livrodo Apocalipse. Fiquei interessado e, umdia, minha esposa deu-me um folhetoda Igreja Adventista do Sétimo Dia, so-bre a qual eu pouco sabia. Eles estavamoferecendo um seminário sobre o Apoc-alipse. Fui assisti-lo. A pessoa que profe-ria as palestras veio até minha casa eacabamos jogando golfe juntos. Estuda-mos esses assuntos por alguns anos. Fuià igreja de Spencerville, Maryland, comele e passei a freqüentar uma classebíblica. Não pensei que pudessem darrespostas às questões que eu tinha emminha mente mais do que qualquer out-ra pessoa; mas eles as responderam demodo diferente e usaram somente aBíblia para isso. Foi uma surpresa paramim. Assim fiquei com eles até obter asrespostas. Passei a freqüentar a igrejaregularmente desde 1988 e fui batizadoem setembro de 1994.

■ O que realmente o convenceu a tornar-seum adventista?

Os mistérios que faziam sentido paramim encaixavam-se perfeitamente nateologia adventista. Sua compreensãodo estado dos mortos, a definição de in-ferno e o sábado do sétimo dia harmoni-zam-se perfeitamente com uma visão

Page 23: Dialogo Universitario Nefilin

23Diálogo 13:3 2001

ampla e que fazia sentido; assim fuiatraído para a Igreja Adventista.

Você pode usar certos textos paraprovar aquilo que quiser. Outra pessoapode usar os mesmos textos para provaro oposto. Alguém tem de estar errado,mas como descobri-lo? O único modode solucionar o problema é tendo umquadro completo. A maior parte das ig-rejas pára perante as enormes lacunas desua compreensão. Sua versão do enigmaainda está cheia de sérias roturas. Quan-do você lida com mistérios, tem espaçopara interpretações. A ciência é muitosemelhante: A não ser que você tenha asrespostas, pode formular outra teoria.Uma vez que você não as saiba, pode darinício a outra religião. Todos podem diz-er: “Cremos na Bíblia, embora só com-preendamos dez porcento dela. Assim,noventa por cento de nossa visão sãocompostos de lacunas. Mas aí as pessoasencobrem esse fato, dizendo: “Espera-seque você tenha fé” Isso é um insultopara uma pessoa com mente científica.Fé no quê? Em buracos?

Penso que nós, adventistas, temosum quebra-cabeça mais preenchido, edeveríamos usá-lo para defender nossasinterpretações da Bíblia, porque se vocênão conhece a verdade, certamente cr-erá numa mentira.

■ O que presentemente o inspira a continu-ar seu trabalho?

Na NASA eu tinha a possibilidade defazer uma diferença positiva. Estamosna vanguarda da explosão tecnológicaque é característica de nossa época. Issoestá mudando o modo como fazemos ascoisas.

■ Conte-nos a respeito do seu livro How aRocket Scientist Can Trust God (Como umCientista de Foguetes Pode Crer em Deus).

Geralmente as pessoas pensam numcientista de foguetes como alguém real-mente lógico, um perito em matemáticae nas coisas do mundo, que não está in-teressado em qualquer conjunto decrenças emocionais ou passionais. Um

cientista de foguetes está mais envolvi-do com aplicações práticas e coisas quepode produzir, do que em simplesmentesentir-se bem.

Como é, então, que ele acaba se tor-nando uma dessas pessoas devotadas acrenças religiosas? A maioria das pessoasconsidera a religião “o ópio do povo”.Você tem um sistema de crenças que ofaz sentir-se bem, mas o que Deus esperaé um relacionamento pessoal.

Assim, como pode um cientista defoguetes confiar em Deus? Quando o sá-bio tem um relacionamento com Ele.Você pode aprender a falar com Ele. Nãofaz diferença se possui uma basematemática ou não. O importante émanter um relacionamento com Deus.

Outra coisa importante é que o siste-ma de crença faça sentido. Um cientistade foguetes pode confiar em Deus se oseu conceito sobre Ele faz bastante senti-do em vista das evidências observáveis.Se eu perguntasse a um ateu: “Em queespécie de Deus você “não crê?”, haver-ia de descobrir que os ateus tambémcrêem em Deus. Eles simplesmente nãocrêem num Deus pessoal. Em outras pa-lavras, eles geralmente acreditam numaCausa Primária, que não teve princípio,mas sua questão é se a Causa Primária épessoal. Assim, quando você me diz:“Você é um cientista de foguetes e nãocrê em Deus, correto? Você crê em ‘BigBangs’ e coisas semelhantes, mas nãocrê num Deus que tem um plano paranós aqui no planeta Terra?” Eu digo:“Não, eu creio. Creio num Deus quepode pensar como eu, o que para mimsignifica que Deus é pessoal.”

■ A conversão fez com que você reconsider-asse suas aspirações profissionais?

Não. Minha conversão foi um proces-so lento, desenvolvido com o tempo.Sempre me considerei como alguém queprocura a verdade. Procuro respostascom todo o meu coração. Assim, ondeeu estava naquele tempo e onde estouagora não é tão importante, visto queainda estou procurando. Agora converso

com Deus sobre tudo o que estou fazen-do, ao passo que no passado eu não con-siderava isso importante. Agora descobrique há esse relacionamento com Deusque depende de comunicação, e eu gas-to mais tempo procurando introduzirisso no que quer que esteja acontecen-do. Quando estou bem, mau, feliz outriste, converso com Deus.

■ Você tem sido bem-sucedido em sua fé etrabalho?

Para mim “sucesso” é viver uma vidamais plena e saber que Deus a estápartilhando comigo por causa do rela-cionamento íntimo que temos em tudo.Espero continuar esse relacionamentopara sempre. A única diferença é que noCéu não haverá nem tristeza, nem en-fermidade e nem esperas em filas.

■ Que conselho você daria aos estudantesque lutam para conciliar o conhecimentocientífico com sua fé adventista?

Posso ver como a teologia adventistafaz sentido lógico e se harmoniza tantocom a Bíblia como com os fatos ob-serváveis. Você também pode fazer isso,se pensar logicamente a respeito. Meuconselho é que eles achem o modelo decomo todos os mistérios de seu sistemade crenças se harmonizam num quadrocoerente, que tem sentido em termos deevidência observável.

Explico esse quadro como eu o en-tendo em meu website[www.nasamike.com]. Você pode partirdaí e desvendar o enigma buscando res-postas de todo o coração. Você deve usaro método científico para coligir os fatos,mas então precisa tomar uma decisãoemocional sobre como irá responderàquilo que entende ser a verdade.

Entrevista porKimberly Luste Maran

Kimberly Luste Maran é editora-assis-tente da Adventist Review:www.adventistreview.org

Page 24: Dialogo Universitario Nefilin

24 Diálogo 13:3 2001

A hora mais gloriosa deCalebeby Roy Gane

Nascido como escravo, com umnome cujo significado é “cão”.

“Olá, menino escravo, qual éseu nome?”

“Meu nome é Calebe, senhor.”“Cão... hum, isso é apropriado.”Mas Deus libertou Calebe e seu povo.

A maioria dos israelitas nunca com-preendeu plenamente o que era a liber-dade. Eles pensavam nela como leite emel, em vez de panelas de carne e cebo-las. Pensavam que o homem com suavara mágica devia levá-los confortavel-mente à Terra Prometida num instante.Mas quando viram os obstáculos surgin-do no horizonte, o alimento e a águasumindo ou o homem com o cajado de-saparecer numa montanha por algumassemanas, sua liberdade tornou-se umcaos, suas papilas gustativas se lem-braram das panelas de carne do Egito eeles ansiaram pela escravatura, porqueera isso que eles eram—ainda escravosno coração.

Calebe era diferente. Ele sabia que aliberdade era para servir um novo e divi-no Mestre. Outros olhavam ao seu redore queixavam-se a Moisés, mas Calebe viaa coluna radiante de nuvem e glorifica-va ao Deus que o tinha libertado.

Cedo ou tarde a diferença de atitudeentre Calebe e o povo os levaria a umacolisão frontal. Aconteceu em Cades-Barnéia e no deserto de Parã, quando elevoltou de espiar a terra de Canaã comoutros onze chefes de tribo. Os espiasforam unânimes em afirmar que na ter-ra manava realmente leite e mel, e paraprovar isso trouxeram algumas frutas,inclusive um gigantesco cacho de uvas.

Mas dez dos espias deram destaqueao negativo: gente forte, cidades mura-

das, gigantes. Os corações se derreterame a Terra Prometida subitamente pareceupouco promissora. Perdendo sua ex-periência pré-cristã, os israelitas murmu-raram: “Porquanto o Senhor nos abor-rece, nos tirou da terra do Egito para nosentregar nas mãos dos amorreus e de-struir-nos” (Deuteronômio 1:27). “Operfeito amor lança fora o temor” (Com-parar com I João 4:18).

Moisés tentou tranqüilizar o povo,mas o clamor dos queixosos simples-mente aumentou. Então um homem seadiantou e exclamou: Has!, que em he-braico corresponde ao nosso “silêncio!”.Era Calebe de Judá. Ele não era um elo-qüente orador motivacional, mas suaspalavras deviam ser um lema e adeclaração de missão de qualquer umque deseje entrar no descanso do Sen-hor, na terra melhor que Ele prometeu.Calebe insistiu: “Subamos e possuamosa terra, porque certamente prevalecere-mos contra ela” (Números 13:30).

Quimérico?“Certamente prevaleceremos.” Qui-

mérico?! Calebe sabia como eram as for-tificações e os gigantes porque, diferente-mente do resto do povo, ele os tinha vis-to. Seu povo carecia de pessoal, recursos,infra-estrutura e orçamento para venceros obstáculos. Mas quando Calebe disse :“Certamente prevaleceremos”, incluiu oSenhor no pronome “nós”, porque Deusestava com Seu povo.

Por que então Josué, o outro espia,não fez um discurso também? Ele con-cordou com Calebe. Mas ele havia sidoassistente de Moisés. Todo o mundo sa-bia que ele tinha interesses na questão.O povo que não escutara a Moisés por

certo não ouviria Josué. Mas Calebe nãotinha essa ligação especial. Ele podiafacilmente ter-se posto ao lado dos out-ros dez espias. Afinal, não constituíameles a maioria?

Era a teocracia e não a maioria queregia o coração de Calebe. A democraciapoderia ser uma coisa boa, mas nemmesmo o voto majoritário poderia des-viar a determinação de Calebe de seguiro Senhor. Talvez por um breve e bril-hante momento a coragem de Calebeacendeu uma centelha de esperança.Mas foi logo apagada quando a maioriaassomou à plataforma e começou a dis-cursar contrariamente. Decididos aproduzir depressão, falaram mal do paísque antes tinham louvado, dizendo que“ele devora seus habitantes.” Eles exag-eraram comparando-se a gafanhotos napresença dos habitantes de Canaã. Dis-seram ter visto os nefilins, descendentesdos famosos gigantes que viviam antesdo Dilúvio. Canaã era um parque jurás-sico habitado por “humanossauros”.

Durante toda aquela noite os israeli-tas regaram o deserto de Parã com suaslágrimas, e na manhã seguinte, levant-aram-se para se rebelar contra seus lí-deres Moisés e Aarão. Josué e Calebe ras-garam suas vestes e pleitearam com opovo, mas nada conseguiram em trocasenão ameaças: A congregação prome-teu apedrejá-los (Números 14:10).

Assim Deus sentenciou toda aquelageração a uma condenação apropriadapara seu crime. Não entrariam emCanaã e morreriam no deserto, excetoCalebe e Josué. Ele distinguiu o lealCalebe com uma menção especial:“Porém o Meu servo Calebe, visto quenele houve outro espírito e perseverou

Logos

Page 25: Dialogo Universitario Nefilin

25Diálogo 13:3 2001

em seguir-Me, Eu o farei entrar na terraque espiou, e a sua descendência a pos-suirá” (Números 14:24).

Depois de lamentar novamente, opovo levantou-se na manhã seguinte pr-onto para partir: “Eis-nos aqui, e subire-mos ao lugar que o Senhor tem prometi-do, porquanto havemos pecado”(Números 14:40). Essa foi uma confissãosem arrependimento. Previamente indis-postos a ir aonde Deus os conduzia, ago-ra queriam ir quando Ele não mais estavana direção. Contra a advertência deMoisés, “temerariamente tentaram subirao cume do monte” (verso 44) e foramperseguidos em todo o sul da Palestina.

Ficando para trás, precipitando-separa a frente, latindo para a árvore erra-da. Minha casa, a qual estamoscomeçando a chamar de “Terra dosCaninos”, tem dois cães assim. Quandosaio para um passeio, não é natural paraShadow e Prince me seguirem. Es-forçam-se para escapar da correia a fimde serem o cão da frente. Facilmente sedistraem com um bocado de caça ou umaroma “deliciosamente” repugnante.Para conseguir controlar os bichinhos,Connie, minha esposa, levou Shadowpara ser adestrado. E embora ele e Con-nie tenham tido desacordos sérios, estáaprendendo a acompanhar-nos enquan-to andamos. Isso leva tempo.

Levou tempo para que os israelitasaprendessem a acompanhar o Senhor.Ele os educou levando-os pelo desertotodo, longe de distrações.

Perseguindo os gigantesQuarenta anos não tornaram Calebe

mais forte fisicamente. Nem di-minuíram sua confiança em Deus.Quando finalmente chegou o tempo deconquistar o país, Calebe, com seus 85anos, pediu a pior vizinhança: Hebrom,onde havia os maiores gigantes. Comoum exemplo aos israelitas e para provara verdade do que ele tinha dito emCades-Barnéia, Calebe ofereceu-se paraenfrentar o maior desafio e expulsar osgigantes da cidade (Juízes 1:20). Por es-

tar ele seguindo ao Senhor, os giganteseram sua presa natural.

Calebe estabeleceu-se em sua her-ança. Mas ouvimos a seu respeito umavez mais. Ele tinha uma filha chamadaAcsa e queria que ela se casasse com umhomem verdadeiro. Assim, como emmuitos contos de fadas, ele anunciouque daria sua filha a um homem que re-alizasse um ato heróico. Nesse caso, afaçanha era tomar a cidade de Quiriate-Sefer, que significa, “Cidade do Livro”.Otniel ganhou o prêmio e casou-se comAcsa, a quem Calebe deu uma gleba deterra.

Acsa sentiu-se grata pela terra, maspara prosperar nela sua família necessi-taria de água para irrigação. Assim en-corajou Otniel a pedir um campo comfontes de águas. Mas Otniel receou pediralgo mais a seu poderoso sogro. Podem-os ouvir Acsa dizer: “Vá adiante, Otniel,ele é um bom homem. Você conquistouuma cidade mas está com medo de falarcom meu pai?” Acsa acabou fazendo elamesma o pedido a Calebe, e ele genero-samente deu-lhe duas fontes (Josué15:19; Juízes 1:15).

A hora mais gloriosa de CalebePortanto, qual foi a hora mais glori-

osa de Calebe? Talvez seu discurso emCades-Barnéia, quando ele enfrentoutoda a congregação de Israel? Ou quemsabe sua decisão de desafiar os gigantesde Hebrom? Eu sugeriria outra possibil-idade: A hora mais gloriosa de Calebe foios 40 anos no deserto. Essa foi real-mente uma espera heróica. Se alguémtinha direito de queixar-se era Calebe.Por causa dos erros dos outros ele foi pri-vado de quarenta anos de vida na TerraPrometida, onde poderia se deliciar comleite e mel, assentado debaixo de umavideira ou figueira. Ele não precisava detodos aqueles anos extras de aprendiza-gem. Estava pronto para ir. Mas em vezde apressar-se para conquistar Canaãsozinho, ficou com o Senhor e Seu povofaltoso.

Aprendemos da história de Otniel

que Calebe não ficou ocioso no deserto.Ele ajudou educar a geração seguinte afazer o que ele fez: seguir o Senhor detodo o coração, esperar grandes coisas, eter a certeza de que Deus proveria paraos Seus, justamente como Calebeproveu para sua filha. Aquela geraçãoentrou na Terra Prometida, num mo-mento de crise, e Otniel tornou-se oprimeiro dos juizes a libertar Israel.

Muitos de nós estudamos ou trabal-hamos numa cidade de livros. Houvebatalhas intelectuais no passado e ashaverá maiores ainda no futuro. Mas ag-ora estamos na posição de Calebe du-rante os 40 anos. Estamos ensinando ouaprendendo como seguir o Senhor detodo o coração, em todos os caminhos, adespeito das fortificações, gigantes etribulações, ao lugar onde o “Cordeiro,que está no meio do trono, os apascen-tará, e lhes servirá de guia para as fontesdas águas da vida, e Deus limpará deseus olhos toda a lágrima” (Apocalipse7:17).

No livro Primeiros Escritos, justamenteantes de descrever sua primeira visão(pág. 14), Ellen White escreveu: “Tenhoprocurado apresentar um bom relatóriode algumas uvas da Canaã Celestial,pelo qual muitos me apedrejariam, damesma forma como a congregação dese-jou apedrejar Calebe e Josué por seurelatório. (Núm. 14:10). Mas eu vos de-claro, meus irmãos e irmãs no Senhor,que essa é uma terra muito boa e devem-os subir para possuí-la.”

Roy Gane (Ph.D. pela Universidade daCalifórnia, Berkeley) ensina hebraico bíbli-co e línguas do Antigo Oriente Médio noSeventh-day Adventist Seminary, AndrewsUniversity. Seu endereço postal: AndrewsUniversity; Berrien Springs, MI, 49104;EUA.

Page 26: Dialogo Universitario Nefilin

26 Diálogo 13:3 2001

Ícones daEvolução:Ciência ou Mito?Revisão do livrode Jonathan Wells(Washington, D.C.:Regnery PublishingInc., 2000, 338págs., feita pelo Dr.Earl Aagaard

Universo foi planejado ousurgiu espontaneamente pormeios naturais? Os cristãos con-

hecem a resposta há séculos, desde abreve exposição de Paulo em Romanos1:20 até o livro de William Paley, Natu-ral Theology. O desígnio, tão evidente nomundo natural, aponta diretamentepara um Ser inteligente que planejou ecriou o Universo e tudo o que nele há.

A obra de Charles Darwin mudou essacerteza; gradualmente sua antipatia a tudoo que recendesse a sobrenatural conquis-tou a comunidade científica. A visãocientífica moderna foi expressa por GeorgeGaylord Simpson, em 1949: “Emboramuitos detalhes restem ser revelados, já éevidente que todos os fenômenos objeti-vos da história da vida podem ser explica-dos por fatores puramente... materialistas.O homem é o resultado de um processo naturalsem desígnio, que não o tinha em mente.”(itálico acrescentado).

Hoje, a (ciência) é geralmente vistacomo sendo regulada por evidências quepodem ser percebidas. Ela usa medidas,análise quantitativa, testes estatísticos,etc. Visto que os cientistas parecem con-vencidos por Darwin—a vida é produtoda matéria, manipulada por leis naturaise eventos aleatórios conjugados àseleção—o indivíduo supõe naturalmente

que há bastante evidência para apoiar aq-uilo que é, superficialmente, umaproposição absurda. Com efeito, compên-dios de biologia de ginásio e faculdadeprovêem o que parece inicialmente ser aevidência convincente que esperamos.

O novo livro de Jonathan Wells dizque estamos sendo enganados.

Wells é um teólogo (Ph.D. pela Univer-sidade de Yale) e um biólogo molecular ede desenvolvimento (Ph.D. pela Univer-sidade da Califórnia, Berkeley). Ele ensin-ou biologia na Universidade do Estado daCalifórnia, em Hayword, e fez pesquisapós-doutoral em Berkeley. Wells disse queentrou na Universidade da Califórniaconvencido de que todos os organismosdescendiam de um único ancestral co-mum, mas descobriu durante seus estudosde graduação dados conflitantes com apretensão fundamental de Darwin. Essadescoberta deu origem ao livro de sua au-toria, Icons of Evolution. Nas próprias pala-vras de Wells: “Um ícone é uma imagemcujo significado vai muito além de umamera figura. É um símbolo e também umobjeto de reverência.” Seu livro desmas-cara dez dos maiores “ícones” daEvolução – as dez evidências principaisusadas para apoiar a teoria de Darwin.

O mapa embriológico de HaeckelVisto que Wells estava estudando bio-

logia de desenvolvimento, era natural queo primeiro “ícone” que ele começasse aquestionar fosse o mapa embriológicoproduzido por Ernst Haeckel no século 19.Esse mapa ainda é usado em muitos com-pêndios de biologia. Haeckel ensinavaque os embriões de vertebrados primitivoseram todos muito semelhantes, porquedurante seu desenvolvimento cada em-brião (no ovo ou no útero) passava pelosmesmos estágios de evolução entre o or-

ganismo original unicelular e sua formapresente. O famoso mapa de Haeckel fazparecer que os embriões primitivos sãonotavelmente semelhantes, diferencian-do-se cada vez mais com a idade. Contu-do, durante seu estudo dos embriões devertebrados, Wells ficou sabendo que osdesenhos de Haeckel eram um caso clássi-co de distorção da evidência. Em seumapa, Haeckel usou somente espécies cu-jos embriões concordavam com sua teor-ia. Não satisfeito com isso, ele apresentouembriões que variavam de 1 a 10milímetros em tamanho, como se fossemexatamente da mesma grandeza. Pior ain-da, ele com efeito falsificou alguns dos de-senhos, removendo partes de alguns em-briões e acrescentando partes a outros –tudo para fazer parecer que a evidênciaapoiava sua teoria. Finalmente, ele deixoufora os primeiros estágios de cada em-brião, porque neles os espécimes não sãonada semelhantes, o que contradizia ter-minantemente sua tese.

Talvez a coisa mais chocante sobre ahistória de Haeckel e seu mapa dos em-briões, é que a comunidade científica hámuito sabia de sua fraude! Alguns de seuspróprios colegas criticaram Haeckel naimprensa, acusando-o mesmo de falsifi-cação. Seu embuste não caiu no esqueci-mento, pois as falsificações foram peri-odicamente reexpostas na literaturaprofissional durante do século 20. Nãoobstante, os embriões de Haeckel, de umaforma ou outra, ainda aparecem em livrosde biologia como evidência da ancestral-idade comum de todos os vertebrados. ABiologia, de Raven and Johnson, publica-da em 1999, diz aos estudantes univer-sitários: “A história evolucionária de umorganismo pode ser observada nos desdo-bramentos de seu desenvolvimento, com

Demolindo osícones da evoluçãoby Earl Aagaard

O

Resenha de Livro—Artigo

Page 27: Dialogo Universitario Nefilin

27Diálogo 13:3 2001

o embrião exibindo caraterísticas dos em-briões de seus ancestrais.” Como pode serisso, numa comunidade dedicada a re-speitar a evidência onde quer que ela aconduza? Wells conta a história toda emseu livro, desmantelando convincente-mente essa peça de evidência fundamen-tal para a história darwiniana do desen-volvimento evolucionário.

A mariposa salpicadaA mariposa salpicada britânica é o ícone

no. 2 demolido por Wells. Tem sido umadas histórias mais amplamente usadas noscompêndios e sua perda é devastadora,porque nenhum outro caso conhecido dabiologia se aproxima dele em termos depoder persuasivo. Em síntese, quando Dar-win escreveu The Origin of Species, ele sofriacom a escassez de exemplos de seleção nat-ural no “mundo real”. Tudo o que ele po-dia oferecer era uma situação substitutivade “seleção artificial”, o método usado porcriadores de cães, cavalos, pombos, etc.,para produzir as muitas variedades dessesanimais domésticos e de fazenda, tão úteisà sociedade. Contudo, há dificuldades nouso da seleção artificial como exemplo op-erativo da seleção natural. A seleção artifi-cial requer uma inteligência preexistentepara dirigir a procriação; para manter o ob-jetivo final em mente, e para selecionarvariações que levem o animal mais próxi-mo da “meta” visada pelo criador. Em aNatureza, segundo os darwinistas, não háinteligência, nem meta, nem planejamen-to, o que torna a analogia extremamenteproblemática. Ademais, os criadores têmdescoberto que cada espécie possui um“envoltório de variabilidade” ao seu redor;há um limite ao que se pode conseguircom seleção e procriação. Podemos criarcães tão grandes como os são-bernardo etão pequenos como o chihuahua, masnunca tão grandes quanto cavalos nem tãopequenos quanto camundongos. À medidaque o tamanho (ou outro limite) é atingi-do, a fertilidade decresce até ao ponto dareprodução tornar-se inviável. Não há ev-idência de que essa limitação possa ser evi-tada nas populações selvagens. Isso im-pede a diferenciação radical que o darwin-

ismo exige.Isso explica a excitação dentro da co-

munidade científica sobre a Biston betular-ia, a mariposa salpicada. A história clássicaé assim contada: Antes da Revolução In-dustrial e da intensa queima de carvão, aInglaterra não tinha poluição. Nos parquese florestas vivia a mariposa salpicada, comasas leves “salpicadas” de muitos pontosnegros. Essa coloração servia de camufla-gem para a mariposa dormir sobre os tron-cos das árvores cobertas de líquen. Antigascoleções de insetos revelam que havia tam-bém umas poucas mariposas verdadeira-mente escuras na população, mas essas sedestacavam contra os líquenes levementecoloridos, e sua capacidade de sobrevivên-cia nunca pôde ser alta. Contudo, quandoo pó de carvão cobriu a paisagem em tornodas cidades industriais da Inglaterra, oslíquenes morreram e os troncos escureci-dos das árvores não mais protegiam asmariposas levemente coloridas. Seu núme-ro começou a decrescer, ao mesmo tempoem que as mariposas escuras, agora bemcamufladas quando dormiam, tiveramuma explosão populacional. Finalmente,nas florestas poluídas, a proporção demariposas escuras em relação às claras in-verteu-se. A mariposa salpicada foiaparentemente uma reivindicação de Dar-win para a evolução ocorrente por meiode seleção natural.

Exceto que no princípio da década de1980, descobriu-se que a história tinhauma falha fatal. As mariposas nãopousam naturalmente sobre os troncosda árvores. As fotografias de todos oscompêndios eram falsificadas. Usavam-semariposas mortas presas às árvores ouespécimes vivos atordoados pela luz dodia e cuidadosamente posicionados noponto onde seriam fotografados! Ade-mais, em algumas áreas não poluídas pelafuligem, as mariposas tornaram-se maisescuras ao mesmo tempo. Acontece queos cientistas realmente não sabem porqueas mariposas salpicadas mudaram de cor;não obstante, 20 anos mais tarde, algunscompêndios de biologia ainda estivessemimprimindo as fotografias e recontando ahistória darwinista—uma história que a

comunidade científica sabia ser falsa.

Mais íconesHá outros oito ícones no livro, que vão

desde os experimentos de Miller-Urey so-bre a origem da vida, por meio do membrode um “pentadactilo” (ou cinco dedos),que aparece em todos os vertebrados, até aárvore genealógica de fósseis de cavalo; doArchaeopteryx, que pode ser o ancestral detodos os pássaros ou simplesmente umpássaro antigo com dentes, dependendo aquem você pergunta. Aprendemos ahistória de cada um deles, mais a dos ten-tilhões de Darwin, “a Árvore de Vida”, asmoscas das frutas de quatro asas e o “íconemáximo” da evolução humana a partir deprimitivas criaturas simiescas. Wells de-screve cuidadosamente cada caso e entãoo compara à evidência científica publica-da, tornando claro como cristal que cadaum deles, de um modo ou de outro, falsifi-ca a verdade a fim de convencer o públicode que o darwinismo é verdadeiro.

Icons of Evolution tem sido atacado pelaimprensa científica, embora a maior partedos revisores admita que Wells está aomenos parcialmente correto em sua aval-iação dos ícones e de seu uso. A aborda-gem usual é chamar Wells de “criacionis-ta”, ou mencionar que ele é membro daIgreja da Unificação, como se ataques adhominem de algum modo resolvessem osproblemas empíricos que seu livro eluci-da. O estilo de Wells é agradável e acessív-el, e qualquer um que esteja cursando bio-logia no segundo grau pode acompanhar-lhe os argumentos. Todo cristão com in-teresse nas origens e na “guerra” culturalentre teísmo e materialismo devia ler esselivro. Ele nos dá uma mensagem funda-mentalmente encorajadora: que a sabe-doria darwinista convencional não éapoiada cientificamente, tanto quanto acomunidade científica gostaria que crêsse-mos. A prova está aqui, no uso duvidosodos “Icones da Evolução”.

Earl Aagaard (Ph.D., Colorado StateUniversity) leciona biologia no PacificUnion College. Seu endereço: 1 Angwin Ave-nue, Angwin, Califórnia 94508, EUA. E-mail: [email protected]

Page 28: Dialogo Universitario Nefilin

28 Diálogo 13:3 2001

biotecnologia é um campo damedicina em rápida expansão.Os conceitos da série televisiva Star

Trek (Jornada nas Estrelas), tais como o es-caneamento do corpo e o tratamento detumores com luz dirigida, são agora práti-cas clínicas normais. Implantes estão dis-poníveis para a terapia de uma série decondições cardíacas, neurológicas e or-topédicas. Próteses sintéticas1 e diferentestipos de substituição de orgãos2 estão che-gando. Embora a intenção do cientistaseja criar uma tecnologia clínica benéfica,os passos entre a pesquisa, o desenvolvi-mento e os recursos providos ao paciente,são numerosos e complexos. As tecnolo-gias que poderiam parecer moral e con-ceitualmente apropriadas, requerem umaponderação ética em cada fase de seu de-senvolvimento. Mesmo depois da chegadada tecnologia ao mercado, a responsabil-idade ética não termina. De uma perspec-tiva cristã, a mordomia ética de nossos tal-entos dados por Deus e das tecnologiasdeles resultantes, é essencial ao crescimen-to da ciência, para promover sua credibil-idade e maximizar o benefício de suas apli-cações clínicas.

Um conceito-chave em toda pesquisaempreendida é a confiabilidade. A so-ciedade em geral é inexperiente em assun-tos de pesquisa e ciência. Por causa disso,ela deposita sua confiança nos cientistas.Reconhece-os como peritos com treina-mento e habilidades ímpares que ela mes-ma não possui. Não tendo esse preparo ecapacidade, as pessoas acham-se numaposição vulnerável. A sociedade esperaque os cientistas lidem com as questõesclínicas difíceis, na esperança de resolvê-

Ética para cientistas:um chamado àresponsabilidadeAo exercer qualquer profissão, nosso melhor modelo éticoé aquele provido por Cristo.

by Katrina A. Bramstedt

A las. Isso posto, os cientistas têm umagrande responsabilidade para com as pes-soas que neles confiam, especialmenteporque muitos dos que se apóiam na ciên-cia são os mais vulneráveis – os doentes.

Honestidade intelectualComo essa responsabilidade toma for-

ma? De fato, a honestidade intelectual éindispensável para uma pesquisa científi-ca válida. Erros não intencionais sãoquestões que diferem daquelas procedent-es de conduta acintosa, tais como falsifi-cação e plágio. Não somente é a falsifi-cação de dados (mascaramento de infor-mações ou experiências, adulteração dedados, etc.) uma violação da confiançaque a sociedade deposita na ciência, comotambém resulta na malversação das escas-sas finanças e invalida os futuros estudosoriginários do projeto em questão. Ade-mais, uma pesquisa dessa natureza tem oefeito de retardar o progresso da ciênciaem benefício dos pacientes, porque reduzou elimina oportunidades de financia-mento e cooperação com outros cientis-tas. A ciência fraudulenta pode tambémprejudicar os pacientes ao ocultar dadospotencialmente negativos.

O plágio pode aparecer em muitas for-mas, mas sua manifestação mais proemi-nente é a atribuição, por parte de um estu-dioso, da autoria do trabalho de outro a sipróprio. Isso não somente é desonesto,como também desrespeita a diligência e aperícia que o colega empreendeu na con-ceituação ou produção do trabalho. Embo-ra os dois colegas possam estar separadospor milhares de quilômetros e sejamdesconhecidos um do outro, não obstante

são companheiros devido à natureza daciência como uma profissão. Mesmo a pre-sença de uma grande diferença de relacio-namento havida entre professor eestudante ou empregador e empregado,não elimina a responsabilidade ética dedar crédito a quem de direito. Além disso,tal atitude responsável promove relaçõesamistosas e crescimento da ciência, quan-do os cientistas confiam suficientementeum no outro, ao ponto de partilharem en-tre si experiências e conhecimentos.

Freqüentemente, no curso de uma pes-quisa, formam-se relações que podem po-tencialmente prejudicar a credibilidadedos cientistas ou de seu projeto. Esses rel-acionamentos amiúde tomam a forma delucro financeiro, tal como a posse deações relacionadas com o projeto ou o pa-gamento direto pelo patrocinador. Issopode ser chamado de um conflito de in-teresses, porque tende a prejudicar a obje-tividade do pesquisador durante o cursodo projeto. À medida que o financiamen-to de pesquisas pelo governo diminui, e orelacionamento entre universidade e in-dústria cresce constantemente, questõesdessa natureza precisam ser exploradaspor causa de seus efeitos para a ciênciacomo uma profissão, e para os pacientes aquem as tecnologias devem beneficiar.Mesmo que conflitos de interesses taiscomo ligações financeiras não possam serevitados, no mínimo deveriam ser revela-dos a colegas cientistas e à sociedade (du-rante a publicação do artigo, por exemp-lo), num esforço de promover a aberturae a objetividade com relação aos dadosgerados. Conquanto possa existir dual-idade de interesses, nossas prioridades de-

Ponto de Vista

Page 29: Dialogo Universitario Nefilin

29Diálogo 13:3 2001

vem estar alinhadas eticamente.

Uso de animaisSe bem que este não seja um fórum de

debates sobre a permissividade ética douso de animais em pesquisa científica, éclaro que poucas ou nenhumas tecnolo-gias chegam à utilização de seres hu-manos, sem primeiro realizar testes comanimais. Sabendo disso, o bem-estar deanimais de laboratório precisa ser lembra-do. Segundo nosso dever cristão dedomínio sobre animais (Gênesis 9:2;Daniel 2:38), isso bem poderia incluir as-suntos de nutrição, hidratação, abrigo ecuidado veterinário ao longo do curso daexperimentação laboratorial. Os estudosdeveriam ser planejados de modo a usar onúmero mínimo de animais para o provi-mento da validade científica e estatística.Eles deveriam considerar o uso de modelosnão-animais quando apropriados (isto é,simulações de computador), e ser planeja-dos de modo a minimizar a dor e o sofri-mento para os irracionais. Todos os estu-dos deveriam ser aprovados por umacomissão de bem-estar animal, sob a su-pervisão de um veterinário licenciado.Como ocorre com qualquer experiênciaque se torne insignificante, essa deveriaser interrompida ou descontinuada, numesforço de mordomia ética dos recursos (fi-nanceiros e outros).3

Aplicação humanaO objetivo final da maior parte da

pesquisa científica é a aplicação humanadireta, e por isso experimentos clínicosem seres humanos são uma prática cor-rente. Um engano comum cometido porvoluntários de muitos experimentosclínicos, é que eles crêem que sua partic-ipação os beneficiará pessoalmente.4

Essa crença é especialmente um riscopara pessoas que não têm seguro médicoe para as quais a participação num ex-perimento clínico é seu único recurso de“cuidado clínico”. Também é um riscopara pacientes que “experimentaram detudo” e consideram a experiência clíni-ca sua “única esperança”. Ao incluir pa-

cientes em pesquisas clínicas, os cientis-tas têm o dever moral de informá-losclaramente que o experimento está sen-do efetuado para coletar dados embenefício de futuros pacientes, e quequalquer benefício imediato obtido peloparticipante na pesquisa é um bônus al-truísta.

É inapropriado para um cientista de-screver seu estudo de um modo que pode-ria gerar esperanças falsas para os partici-pantes. A seleção de pessoas para a partici-pação em experimentos deveria ser feitasegundo diretrizes estritas emanadas damesa administrativa da instituição, usan-do protocolos aprovados que respeitem asegurança e o bem-estar do participante.Os participantes potenciais deveriam rece-ber informação ampla sobre o objetivo doestudo e seus riscos, de maneira a poderemcompreendê-los. Dever-lhes-ia ser permiti-do oferecerem-se espontaneamente, semqualquer coerção, como voluntários parao estudo. Os danos físicos ou psicológicosdeveriam ser minimizados. É preciso quese permita aos participantes retirar-se dapesquisa a qualquer tempo. Privacidade econfidencialidade deviam ser mantidas, eos estudos genéticos deveriam incorporargarantias adicionais e apropriadas, inclu-indo aconselhamento genético. Os partici-pantes da pesquisa, quer humanos queranimais, não deveriam ser usados comomeios para um fim. Como criaturas deDeus, eles são fins em si mesmos e deviamestar munidos de todas as proteções dis-poníveis e tratados com respeito.

AconselhamentoUm importantíssimo instrumento de

facilitação das responsabilidades éticasque mencionei, é o aconselhamento. Tan-to cientistas jovens como “maduros”, po-dem tirar benefício do aconselhamentocompetente dado por colegas experientes.Essa orientação deveria tomar a forma tan-to de conselho técnico como de direciona-mento moral. Além de prover direção me-diante instrução verbal ou escrita, bonsconselheiros também ensinam pelo exem-plo. Devem ser capazes de transmitir

grande volume de informações a seusestudantes e colegas, e treiná-los a serembons conselheiros para outros. O bomaconselhamento é também um testemun-ho para a sociedade, de que os cientistas sepreocupam genuinamente com adignidade de sua profissão.

Na prática de qualquer profissão, nossomelhor modelo ético é provido por Cristo.A ciência é imperfeita e falível, porque oscientistas são imperfeitos e falíveis. Embo-ra possamos obter conhecimento, não so-mos oniscientes e podemos nos meter emáreas que alguns achariam ser eticamenteinapropriadas (ou seja, certos métodos dereprodução assistida, manipulação genéti-ca, pesquisa para o prolongamento davida, etc.). Uma vez que a Bíblia não é pre-scritiva nessas áreas “altamente técnicas”,os cientistas cristãos deveriam buscar con-selho de Deus mediante oração. Nosso Cri-ador nos deu, como Seus administradores,talentos e instrumentos para facilitar oavanço da ciência e a promoção da saúdedos pacientes, contudo, esses talentos einstrumentos não podem ser desacompan-hados da responsabilidade do uso ético.Tanto o processo como os produtos doemprego de nossos talentos, estão sujeitosa responsabilidades éticas de respeito àspessoas que nos cercam, protegendo-as dodano e maximizando os benefícios quenossa pesquisa lhes pode prover.

Katrina A. Bramstedt (Ph.D. pela Mo-nash University) é professora clínica asso-ciada no Loma Linda University Center forChristian Bioethics. Seu endereço postal:Loma Linda, Califórnia, 92350; EUA. En-dereço E-mail:[email protected]

Notas e referências

Page 30: Dialogo Universitario Nefilin

30 Diálogo 13:3 2001

A

La perfección cristianapor Jean Zurcher (Madrid: Editorial Safeliz,1999; 174 págs., brochura).

Revisto por Edgar J. Escobar Suárez.

perfeição cristã significa vitória total sobre o pecado e a eliminação de nossa natureza pecaminosa? Exige a per-feição que nossa natureza corrompida e pecaminosa seja com-pletamente destruída e não simplesmente neutralizada? A per-feição cristã significa isenção de pecado aqui e agora?

Essas e outras questões relacionadas perturbam muitos ad-ventistas do sétimo dia. A edição revista de uma obra origi-nalmente publicada em francês (1993) por Jean Zurcher, re-sponde a essas e a outras indagações a partir de uma perspec-tiva bíblica. As respostas são não somente satisfatórias, mastambém constróem um paradigma hermenêutico para o estu-do de um tópico vital da teologia cristã.

Zurcher é um teólogo com seu coração enraizado na Bíbliae serviço fundado na missão da igreja. Sua abordagem dotema segue diferentes e bem integradas propostas: do pastor,do missionário, do professor e do teólogo. Ele aborda o assun-to dentro de um contexto holístico bíblico. Cava fundo noVelho e Novo Testamentos, estudando palavras-chaves em sualíngua original e colocando cada passagem em seus contextosimediatos e maiores. Procura unidade e harmonia permitindoque a Bíblia seja sua própria intérprete, e que diferentesporções da Palavra expliquem-se umas às outras.

Ao longo do desenvolvimento, organização e apresentaçãodo assunto, o autor usa textos bíblicos como base para suasconclusões. Essas conclusões são expressas concisa e clara-mente mediante estudos de caracteres bíblicos tais como Noé,Davi, Asa, João e Paulo. A doutrina da perfeição, afinal, é denatureza prática influenciando vidas.

O livro também apresenta subtópicos sobre a perfeição deDeus, o convite de Jesus à perfeição e instrumentos divinosque ajudam no aperfeiçoamento. Uma seção do livro trata daperfeição de caráter do ponto de vista de Ellen G. White.

Da exposição de toda essa pesquisa, Zurcher tira uma con-clusão: A perfeição é obra da graça de Deus ao habitar Ele emnós mediante o Espírito Santo. A questão não é a isenção depecado, mas a habitação contínua na graça de Deus, reclaman-do Suas promessas e obedecendo à Sua Palavra. Perfeição não étanto um destino como uma direção – movendo-nos rumo aolar que Deus nos preparou, e ao mesmo tempo apegando-se aEle pela mão da fé. Sem apego a Jesus não há perfeição possível.

Jewelry in the Bible,por Ángel M. Rodríguez (Silver Spring,Maryland: General Conference MinisterialAssociation, 1999; 125 págs.; brochura).

Revisto por Eloy Wade.

O uso de jóias entre os adventistas do sétimo dia é um as sunto delicado. Desde a definição de jóias até a parábolado filho pródigo, que é recebido no lar com um anel, os ad-ventistas gostam de debater a questão de seu uso ou não.(Você por certo já ouviu o argumento: O ornamento que tocaa pele é jóia; o que adorna o vestido não é?)

Tradicionalmente, a igreja adventista tem afirmado que ouso de jóias é proibido nas Escrituras e impróprio para umcristão. Mas em tempos recentes, diversas vozes têm feito ob-jeção a esse ponto de vista, alegando que a Bíblia não só nãocondena o uso de jóias, como o promove. Essa é a origem dopresente estudo.

Depois de explicar seu propósito em escrever o livro, defin-indo o que é jóia, indicando como a discussão é organizada eestabelecendo o fundamento das normas cristãs, o autor ex-amina tendências recentes no uso de jóias dentro da IgrejaAdventista do Sétimo Dia.

O livro se divide em duas partes. A primeira trata de refer-ências a jóias no Velho e no Novo Testamentos, discutindouso, atitudes e avaliando passagens relevantes. A segundaparte desenvolve uma exegese de passagens pertinentes noNovo Testamento, incluindo I Pedro 1 a 6, I Timóteo 2: 9 e 10,e I Timóteo 2:11 a 15. A segunda parte é uma reflexão e aval-iação dos fundamentos da prática adventista quanto a jóias. Olivro conclui com as implicações da questão para a igreja dehoje. O estudo tem três apêndices breves que provêemdeclarações oficiais da igreja e a posição de Ellen G. White so-bre o assunto.

O autor é bem organizado e logicamente persuasivo naapresentação de seu material. A pesquisa e exegese utilizadasnesta obra merecem ser tomadas a sério. O livro não é neces-sariamente tudo o que você gostaria de saber sobre jóias, masesclarece o tema à luz do que a Bíblia diz, e qual deveria ser aconduta e o estilo de vida do cristão.

Eloy Wade (Ph.D. pela Andrews University) leciona teologiana Universidad de Montemorelos, México. E-mail:[email protected]

Livros

Page 31: Dialogo Universitario Nefilin

31Diálogo 13:3 2001

Lutherans & Adventists inConversation: Report andPapers Presented, 1994-1998(Silver Spring, Maryland: GeneralConference of Seventh-day Adventists;Geneva: The Lutheran World Federation,2000; 319 pp.; encademado).

Revisto por Rolf J. Poehler.

D e 1994 a 1998, a Igreja Adventista do Sétimo Dia e a Fed- eração Mundial Luterana estiveram empenhadas em con-versações bilaterais. A Federação representa 57 milhões demembros, mais de 95% dos luteranos em todo o mundo. Essasconversações teológicas intentaram obter melhor compreen-são mútua, remover preconceitos injustos e explorar áreas deacordo e desacordo. Os resultados estão no relatório final.

O relatório também inclui 18 documentos eruditos apre-sentados durante as consultas, constituindo-se na maior partedo livro. A linguagem, estilo, qualidade e abordagem dessesdocumentos diferem consideravelmente, sendo alguns delesmais substanciais e eruditos do que outros. Eles ajudam o le-itor a compreender melhor áreas de convergência e divergên-cia em relação a pontos doutrinais de ambas as comunhões defé, enfocando as Escrituras, salvação, igreja e escatologia.

O resultado do diálogo é significativo em, pelo menos, trêsaspectos: Primeiro, a aceitação, dos adventistas por parte dosluteranos, como “uma igreja livre e uma comunhão cristã mun-dial”, em vez de uma seita como ocorria no passado. Segundo,ambos os lados apelaram a seus membros para apresentarem ooutro lado “de modo verdadeiro e não polêmico” e recon-hecerem seu “compromisso cristão básico”. Para os adventistasisso implica numa apreciação mais positiva de “outras igrejascristãs” e um conceito ponderado e não exclusivista de “rema-nescente”. Terceiro, ambas as partes foram conclamadas a incre-mentar as “relações entre igrejas” e a “cooperação consciente”,que inclui oração conjunta, estudo da Bíblia e testemunho,bem como reuniões pastorais e consultas teológicas.

Conquanto “cada comunhão de fé continue mantendo suaidentidade de convicções” bem como suas “ênfases distinti-vas”, convergências teológicas significativas são manifestas.As áreas de concordância doutrinária incluem a primazia deCristo, a autoridade das Escrituras, a salvação como um dom

O livro de Zurcher é uma contribuição valiosa à teologiacristã, pois esclarece questões envolvidas na doutrina da per-feição e nos desafia a experimentar a alegria da graça de Deus.

Edgar J. Escobar Suárez (Ed.D. pela Andrews University) é Dire-tor de Departamento de Teologia, Antillean Adventist University,Mayagüez, Puerto Rico.

gratuito da graça e a crença no Juízo Final.Contudo, importantes diferenças doutrinais e hermenêuticas

permanecem, particularmente em relação às profecias apocalíp-ticas. Ao passo que os adventistas apóiam pontos de vista luter-anos fundamentais, os luteranos são também cristãos adventis-tas, incluindo em sua compreensão do “evangelho eterno”,ensinos distintos sobre os mandamentos e o sábado, santuário ejulgamento, profecia e eventos finais, ética e estilo de vida. Poroutro lado, embora partilhando a esperança do advento, osluteranos enfocam sua compreensão específica do evangelho(justificação pela fé, liberdade cristã e os sacramentos). Os luter-anos estudam a Bíblia empregando o evangelho como umachave hermenêutica crítica e à luz do método crítico-histórico.Os adventistas tomam a Escritura literalmente e como um todo.

Alguns adventistas poderiam desejar que se tivesse con-seguido mais nestas conversações, embora representantes ad-ventistas como Heinz e LaRondelle tenham ido além dos pon-tos de vista tradicionais ou populares e Paulien seja enérgicoem construir pontes mediante diálogo.

Os adventistas que temem terem sido comprometidas asdoutrinas, postas água abaixo as crenças fundamentais e traí-dos os ensinos distintivos, podem ficar descansados. Nada dis-so aconteceu. Ao contrário, pontos de vista tradicionais foramafirmados. Mas para comunicá-los com êxito, os adventistasprecisam aprender a ouvir seriamente, dialogar genuinamentee beneficiar-se das experiências e discernimento de outros.

O relatório deve provar-se útil tanto a luteranos como aadventistas que querem se compreender melhor.

Rolf J. Poehler (Th.D. pela Andrews University) leciona Teolo-gia Sistemática na Friedensau University, Alemanha. E-mail:[email protected]

Secrets of Daniel:Wisdom and Dreamsof a Jewish Prince in Exilepor Jacques B. Doukhan (Hagerstown,Maryland: Review and Herald Publ. Assn.,2000; 191 págs.; brochura).

Revisto por Winfried Vogel.

Baseado na edição francesa de 1993 sobre Daniel, este livro de Jacques B. Doukhan oferece aos leitores de língua ingle-sa uma profunda compreensão das profecias de Daniel. A ori-gem judaica do autor, seus dois doutorados em literatura he-braica e em interpretação do Velho Testamento, sua experiên-cia como professor na Europa, África e Estados Unidos, e sua

Page 32: Dialogo Universitario Nefilin

32 Diálogo 13:3 2001

Learn English–Plusthis Summer in the U.S.A.!

Learn English–Plusthis Summer in the U.S.A.!

Six weeks of English languageinstruction plus Adventist Historyand American cultural study tours.

June 24—August 1, 2002

20 hours of English instruction per week.

The English Language Instituteat Atlantic Union College

338 MAIN STREET, SOUTH LANCASTER, MA 01561, U.S.A.

Telephone: 978-368-24441-800-282-2030 (in the U.S.A.)

Fax: 978-368-2015E-mail: [email protected]

www.atlanticuc.edu

habilidade em cavar fundo nas Escrituras (ver sua primeiraobra sobre Daniel, Daniel: The Vision of the End, 1977), qualifi-ca-o destacadamente para a feitura dessa bela contribuição so-bre o entendimento do livro de Daniel.

Trabalhando presentemente como professor de exegese doVelho Testamento hebraico e de estudos judaicos na AndrewsUniversity, o autor faz um comentário erudito sobre grandeparte do texto bíblico. Ao mesmo tempo, ele usa de simpli-cidade em seu estilo literário e provê uma obra de fácil com-preensão ao leitor. Considere alguns dos títulos dos capítulos:“O Gigante e a Montanha” (capitulo 2), “Leões Sob Encanto”(capitulo 6), ou “Requiem Para um Messias” (capitulo 9). Mes-mo quando apresenta profundas exegeses, ele alcança um cír-culo de leitores mais amplo com novas intuições que tornamDaniel relevante para a erudição cristã e a vida. Ele nos tornacônscios de associações lingüísticas, tais como que a ocorreentre Daniel 1 e Gênesis 1, aguçando assim nossa consciênciado conflito entre o Criador e o impostor, o que lança nova luzsobre a teologia de Daniel.

Dukhan é um erudito com o coração de um pastor. Ele gas-ta tempo para explicar muitas palavras hebraicas, aramaicas ealusões obscuras, ao mesmo tempo que facilita uma com-preensão mais profunda do texto e sua relação com a reve-lação de Deus no cânon bíblico como um todo. Suas con-clusões teológicas são baseadas na informação dos textosbíblicos. Por exemplo, ele mostra que a associação do carneiroe do bode em Daniel 8 é uma clara referência à linguagem doDia da Expiação, preparando o leitor para o clímax no verso14.

Secrets of Daniel é uma contribuição bem-vinda à com-preensão adventista sobre a profecia apocalíptica. Quem querque goste de ser surpreendido mesmo por passagens bíblicasbem conhecidas, não somente apreciará a leitura deste livromas obterá dela uma benção espiritual.

Winfried Vogel (Th.D. pela Andrews University) é presidente doSeminar Schloss Bogenhofen. Seu endereço: Bogenhofen 1, A-4963St. Peter, Áustria. E-mail: [email protected]

Page 33: Dialogo Universitario Nefilin

33Diálogo 13:3 2001

A Missão Maranhãono Brasil realizatrês semináriospara estudantesuniversitários

ministério jovem e a associaçãode estudantes universitários ad-ventistas da Missão Maranhão,

no Brasil, patrocinaram no ano 2000 oterceiro encontro de seminários paraestudantes universitários adventistas. Otema dos encontros foi “A Ciência daSalvação”, título extraído de umadeclaração de Ellen White encontradano livro Evangelismo, pág. 185.

O primeiro seminário realizou-se emmaio, com a participação do Pr. RainierSales, no auditório da Universidade Es-tadual do Maranhão, Campus de Caxias,e reuniu mais de 200 pessoas.

O segundo encontro teve lugar emoutubro, também na Universidade Es-tadual do Maranhão, em Imperatriz,para universitários do sul desse Estado.A Dra. Zenilda Botte Fernandez, da Uni-versidade Federal do Pará, falou aos 120jovens presentes sobre o conhecimentoespiritual como compreensão básica queos cristãos precisam ter, a fim de resistir

ao materialismo, ao hedonismo e outraserrôneas filosofias de vida.

O terceiro foi realizado no mesmomês, mas na Escola Secundária Adventis-ta da cidade de São Luís, com 100estudantes. O principal orador foi o Dr.Fadel Basile, que dirige o grupo Ciência eReligião, em Belém. Palestras e discussõescobriram tópicos tais como cosmologia,a origem da vida, a criação dos seres hu-manos e o dilúvio – todos abordados apartir de uma perspectiva bíblica.

Os seminários alcançaram seus prin-cipais objetivos: (1) enfatizar os valoresespirituais e morais comunicados pelaBíblia; (2) estudar como o cristianismobíblico e a ciência, quando correta-mente compreendidos, podem ser har-monizados; (3) demonstrar o amor daigreja e o apoio que ela dá aosestudantes universitários adventistas;(4) estimular o papel dos estudantescomo embaixadores de Cristo no cam-pus universitário; (5) eleger a liderançada Associação de Estudantes Univer-sitários Adventistas do Maranhão eplanejar suas atividades futuras.

Otimar Gonçalves—Diretor dos Min-istérios Jovens, Missão do Maranhão, Bra-sil. [email protected]

O studantes universitários de facul- dades e universidades do Território da Tanzânia Este reuniram-se emDar-es-Salaam, entre 12 e 16 de abril de2001, para realizar seu retiro anual. Oencontro teve como tema “ApressandoSua Segunda Vinda” e conteve men-sagens inspiradoras proferidas por Ber-nard Mambwe, presidente do campo,Mika Musa, orador convidado e Christo-pher Mwashinga Jr., diretor dos jovens ede ministérios dos campi.

Os participantes apresentaram re-portagens sobre evangelismo nos campi,mostraram trabalhos referentes à vidaestudantil e promoveram cânticos in-spiradores. Durante a última noite doretiro, eles revelaram seus dons artísticosnum programa de talentos para a glóriade Deus.

Os estudantes do Território de Tan-zânia Este apreciam contatos com outrasassociações de estudantes adventistas, eoram pelo êxito acadêmico e o testemu-nho fiel de seus membros ao redor domundo.

—Christopher Mwashinga, Jr.

Diretor de Ministério de Jovens e Campi,Tanzânia. E-mail: [email protected]

E

EstudantesUniversitários daTanzânia Esteparticipam de retiroem Dar-es-Salaam

Retiro de estudantes na Tanzânia.Encontro de estudantes universitários adventistas em Imperatriz, Maranhão, Brasil.

Em Ação

Page 34: Dialogo Universitario Nefilin

34 Diálogo 13:3 2001

Livre afinal!Minha fuga do mundo do ocultismoby Joe Jerus

noite estava fresca. Uma brisa suave recordava-me que o outono termi naria em breve. Eu tinha vividonaquela casa desde o meu nascimento, ha-via 17 anos. Conhecia cada canto. Minhacama era familiar. Nada de especial, nadanovo, mas aquela noite mudaria minhavida para sempre. Por algumas semanasum brilho interior me acompanhou poronde quer que eu fosse. Esse brilho vinhade minha recente descoberta de Jesus e daesperança do advento. Como um adven-tista do sétimo dia recém-batizado, eu es-tava desfrutando cada momento dessa jor-nada de fé. Estudos bíblicos, oração, leitu-ra de material devocional e uma nova vidano Espírito haviam-me trazido uma pazmental que eu jamais experimentara.

Mas aquela noite, em 1961, a coisa se-ria diferente. Eu acabara de ler sobre osperigos do espiritualismo moderno noGod Speaks to Modern Man, um livro ad-ventista muito popular na época. Fui paraa cama com emoções confusas: fé numDeus que ama e cuida de Seus filhos, emedo de viver num mundo onde Satanásse empenha em batalha real contra aque-les que amam a Deus. Ao deitar-me, ashistórias de minha avó, que havia faleci-do oito anos antes do meu nascimento,relampejaram em minha mente. Históriasque minha mãe me contara. Minha avó,ouvi dizer, tinha poderes extraordinários.Ela podia falar com os mortos e prever afortuna e a desgraça de muitos. Ela pos-suía poderes psíquicos e servia como pas-tora de uma igreja espiritualista.

Como menino, eu dava poucaatenção a essas histórias. Mas agora, porcausa de meu novo relacionamentocom Jesus e minha compreensão dabatalha que Satanás trava no mundo, eu

estava perturbado. A consciência de queeu estava vivendo na mesma casa ondeminha avó, uma médium espirita prati-cante, fez-me ficar arrepiado. Haveriamde os maus espíritos tolher minha ale-gria recém-descoberta? Orei, apaguei aluz e dormi. Mas não por muito tempo.No meio da noite acordei suando frio.Ouvi um zumbido. Senti como se al-guém estivesse me atacando fisica-mente. Eu não podia mover-me ou falar.Seria isso um sonho? Talvez um pesade-lo? Não, minha impressão de estar semi-consciente era real. Minha mente estavaalerta e eu sabia que não devia dependerde minha força, mas do poder do Espíri-to Santo. Com toda força interior que eupodia reunir, repeti em minha mente al-gumas das grandes promessas das Escrit-uras e invoquei meu Deus para me livrardesse ataque. Subitamente, o assalto ces-sou e experimentei paz sabendo queDeus me havia protegido.

A batalha daquela noite juntou paramim muitas peças do quebra-cabeças, ecomecei a ver a realidade da guerra entreCristo e Satanás. Enquanto eu não con-hecia ao Senhor e Sua fé salvadora, nen-hum mau espírito me amolou. Eu nãodava muita atenção às histórias sobreminha avó ou mesmo o envolvimentode minha mãe com o mundo dos espíri-tos. Minha mãe também era praticantede ocultismo; ela falava em ver “fantas-mas” e “espíritos”. Ela dizia ter estudado“ciência divina” e receber premoniçõesacerca da morte de certas pessoas que elaconhecia em nossa pequena cidade.Freqüentemente ela estava certa. Mamãedizia que um curandeiro espirita a tinhacurado de úlceras e pedras na vesícula.Supunha-se que minha irmã, dez anos

mais velha do que eu, havia sido curadade trismo [alteração motora nos nervostrigêmeos, impedindo que o pacientemovimente os maxilares] em sua infân-cia, por um médium espírita. Minha mãegostava de usar a tábua ouija quandocom suas amigas espíritas. Ela falava dealguns de seus parentes que tambémconsultavam médiuns espíritas.

Eu tinha posto tudo isso de lado comosuperstição. Ao chegar à adolescência, euquis conhecer a verdade sobre Deus reve-lada nas Escrituras. Queria conhecer aDeus pessoalmente. Tinha conhecimentode muitas histórias bíblicas que apren-dera quando criança na igreja metodista,em nossa pequena cidade ao norte de Illi-nois. Mas eu realmente não conhecia aDeus. Um dia ouvi Billy Graham expli-cando na TV o significado de ir a Cristo.Confessei meus pecados e fiz um com-promisso com Deus, mas ainda não sabiao que significava viver uma vida cristã. Eutinha muitas perguntas acerca de Deus,Jesus, salvação e vida.

Através de uma série de circunstân-cias incomuns, matriculei-me no cursobíblico por correspondência de A Voz daProfecia. Eu tinha então 15 anos e logocomecei a estudar a Bíblia com um pas-tor adventista local, o Pr. Gordon Shu-mate. Ele removeu as dúvidas que eutinha quanto à Trindade, a divindade deCristo, a Segunda Vinda e a salvaçãopela graça. No outono de 1961, em meuúltimo ano do curso secundário, fui ba-tizado na igreja adventista.

***Os assaltos de Satanás continuavam à

medida que eu amadurecia em Cristo.Contudo, em meados de 1960 houve

um tempo incomum nos Estados Unidos.

A

Primeira Pessoa

Page 35: Dialogo Universitario Nefilin

35Diálogo 13:3 2001

O misticismo oriental e as práticas ocultasinvadiram a vida intelectual, social e espir-itual dos americanos como nunca dantes.Milhares de jovens começaram a experi-mentar drogas e freqüentar cultos místicosque os levavam a rejeitar os valores cris-tãos. Meditação e mantras se tornarammoda entre os jovens. Minha irmã caiusob a influência dessa mudança culturalatravés do que parecia ser um simples jogo– a tábua de ouija. Mediante esse instru-mento ocultista ela se comunicava comnossos “parentes” mortos. A ouija tem oalfabeto inglês e os números de zero anove, com “sim” e “não” e “até logo” im-pressos em grandes letras negras. Vemcom um ponteiro plástico munido de ex-tremidades macias de feltro, que às vezes émovido pelos espíritos a letras e númerosque expressam mensagens.

No Natal de 1967, visitei minha irmã.Logo que cheguei à sua casa, ela quis queeu visse a tábua ouija funcionar. Eu lhedisse que estaria disposto se eu pudessefazer a primeira pergunta. Quando minhairmã e sua filha começaram a brincar coma tábua, nossos “parentes mortos”começaram a falar através dela. Eu imedi-atamente disse aos espíritos que parassem,e perguntei: “Em nome do Senhor JesusCristo, quem são vocês? “ Eu esperava quea tábua soletrasse a palavra “demônios”,mas em vez disso, escreveram ousada-mente “Lúcifer”. Perguntei quantos anjoshaviam caído, e a tábua respondeu umterço. Fiz outras perguntas para expor suaverdadeira identidade à minha irmã. Asrespostas concordavam com o quadrobíblico de Satanás e seus demônios.

Os espíritos operantes da tábua ficar-am muito irados comigo. Ameaçaram ti-rar-me a vida. O ponteiro sobre o qual osdedos de minha irmã e de minha sobrin-ha estavam postos saiu da tábua ecomeçou a espetar meu estômago comforça. Pedi aos espíritos que citassem João8:12 onde Jesus disse: “Eu Sou a luz domundo...”mas eles veementemente se re-cusaram. Coloquei a Bíblia sobre a tábua.Eles a puxaram imediatamente ecomeçaram a praguejar profusamente. Eu

pensava que, expondo-os, poderia ajudarminha irmã a se interessar na Bíblia. Emvez disso, ela disse que eu estava projet-ando meus pensamentos na tábua. Emretrospecto, eu desejaria nunca ter tidoaquela experiência. Mas o Senhor prote-geu-me de minha aventura imatura.

A experiência daquela terrível noiterepetiu-se muitas vezes quando eu estavana faculdade. Duas ou três vezes por se-mana a batalha era travada no meio danoite, com uma fúria que me deixava en-fraquecido. Mesmo durante os primeirosanos de minha vida conjugal com Nancy,a luta continuava. Eu temia até dormir.Muitas vezes eu deixava as luzes acesas,com medo de que os espíritos voltassem.

Finalmente a libertação veio em1975, quando descobri um novo livrosobre luta espiritual, The Adversary, deMark Bubeck. O livro mostrava diretriz-es bíblicas práticas. Foi escrito paraaqueles que tinham participado do oc-ultismo ou cresceram em lares envolvi-dos com o espiritismo, e que se sentiamameaçados por opressão demoníaca. Olivro sugeria a “oração de guerra espiri-tual”, reclamando a plena autoridade deJesus. Eis um exemplo dessa oração:

“Querido Senhor e Pai celestial. Euentro pela fé no pleno poder e autoridadeda ressurreição do meu Senhor. Desejoandar em novidade de vida, que é minhamediante a ressurreição de meu Senhor...Trago a poderosa verdade da vitória demeu Senhor sobre a sepultura, contra to-das as operações de Satanás em oposiçãoà Tua vontade e planos para minha vida.O inimigo está derrotado em minha vida,porque estou unido ao Senhor Jesus Cris-to na vitória de Sua ressurreição.”

***Nancy e eu começamos a fazer tais

orações saturadas com as Escrituras. Nãoestávamos repetindo apenas palavras,mas experimentando intencionalmenteo poder do Senhor ressurrecto. Ele é nos-sa vitória e estávamos reclamando essaconquista como nossa. Como resultado,comecei a fruir um novo senso de liber-dade. Eu não tinha mais medo do que o

inimigo me pudesse fazer. Agora podiahospedar-me sozinho em hotéis e desfr-utar um sono normal, sem quaisquerataques e sem deixar as luzes acesas. Issonão significava que a guerra havia ter-minado. O soldado cristão precisa con-stantemente guardar o coração e amente, e estar alerta ante as estratégiassinuosas de nosso inimigo comum, o di-abo.

Minha vitória tem sido total em vir-tude da presença de meu Salvador emmim. Fugi do mundo do ocultismo porcausa do amor de meu Senhor. Duranteos últimos 27 anos, em paz e emgratidão, tenho podido servir meu Sen-hor como capelão de campus, partilhan-do minha esperança com centenas dejovens.

O que aprendi de minhas lutas? Háalgo que você possa aprender da minhaexperiência? Eis aqui:1. Lembre-se de que a luta com Satanás éreal. Ele está em guerra contra os santosde Deus. Quanto mais perto você está deDeus, tanto mais deseja o Senhor tê-lo aSeu lado. A guerra espiritual é real eprecisamos ser vigilantes (Efésios 6:12-14).

2. Não dê espaço a nenhuma das ativ-idades espíritas de Satanás. Seja a tábuaouija, música ritual ou meditação místi-ca; fique tão longe delas quanto possív-el. Os instrumentos do ocultismo sãoperigosos (Isaías 8:19).

3. Esteja totalmente comprometido emsua experiência cristã. Faça com que seucristianismo seja real. Conheça a Bíblia.Ore. Reclame a vitória de Cristo em tudoo que você faz, e permita que Deus sejaseu companheiro constante. Revista-seda armadura do cristão que Paulo de-screve em Efésios 6:12-14. Sem nos iden-tificarmos com a vitória de Cristo, nãotemos esperança de vitória.

Joe Jerus é pastor ordenado da igreja ad-ventista do sétimo dia e tem estado envolvidodiretamente no ministério público por maisde 30 anos em campi na Califórnia. Seu en-dereço eletrônico: [email protected]

Page 36: Dialogo Universitario Nefilin
Page 37: Dialogo Universitario Nefilin

37Diálogo 13:3 2001 Insert A

Expand YourFriendshipNetwork

dventist college/university students and professionals, readers of Dia- logue, interested in exchanging cor-respondence with colleagues in other partsof the world.

AAfrifa Akwasi: 23; male; single; study-

ing wildlife management; interests: soc-cer, music, and watching movies; corre-spondence in English. Address: Universityfor Dev. Studies; Faculty of Agriculture,Hall A, Room 21; Tamale; GHANA.

Lucciana Alcantara: 23; female; single;studying physiotherapy and tourism; in-terests: singing, playing the piano, sports,and classical music; correspondence inPortuguese or Spanish. Address: Rua 03 deJulho, No. 60, Japiím I; Manaus, Amazo-nas; 69078-120 BRAZIL.

Rickson A. Alferez: 21; male; single;studying toward a degree in informationtechnology; interests: singing, preach-ing, and outdoor activities; correspon-dence in English or Filipino. Address:Sangi; Toledo City, Cebu; PHILIPPINES.E-mail: [email protected]

Jasmine L. Amoko: 26; female; single;received a diploma in secretarial studies;interests: playing the guitar, singing,swimming, and watching movies; corre-spondence in English. Address: P.O. Box381; Badili, NCD; PAPUA NEW GUINEA.

Mario Arias: 29; male; single; complet-ed a degree in advertising; interests:painting, poetry, guitar music, and shar-ing my faith; correspondence in Spanish.Address: Tulcan y Hurtado; Guayaquil;ECUADOR.E-mail: [email protected]

Richard Emeka Awudu: 26; male; sin-gle; pursuing a degree in business admin-istration; interests: travel, photography,music, and sports; correspondence in En-glish. Address: 71 Hospital Road; Abba,Abia State; NIGERIA.

Fidele B. Batekreze: 35; male; single;pursuing a university diploma in rural de-velopment; interests: Christian music,reading, ecology, and travel; correspon-dence in English, French, or Swahili. Ad-dress: 5220 E. Bellevue Street #123, Casade Caro I; Tucson, Arizona 85712; U.S.A.E-mail: [email protected]

Fawzi Benjamin: 32; male; single;planning to study theology at Middle EastCollege in Lebanon; hobbies: Bible study,religious music, nature, and collectingpostcards; correspondence in Arabic orEnglish. Address: P.O. Box 451; Mosul;IRAQ.

William Kojo Boadu: 25; male; single;pursuing a diploma in education at Cen-tral University College of Ghana; corre-spondence in English. Address: S.D.A.Church; P.O. Box AS 66; Ashaiman, Tema;GHANA.

Fevy Calaor: 18; female; single; pur-suing a degree in criminology; hobbies:watching MTV, music, reading, andtravel; correspondence in English or Ta-galog. Address: Rizal Pala-Pala, Zone 1;Iloilo City; 5000 PHILIPPINES. E-mail:[email protected]

Ruth Ceron: 31; female; single; a phar-macist; hobbies: reading, bicycling, domi-no, and travel; correspondence in Spanishor English. Address: Calle Luis F. Thomen#309, Apt. 1-b, Ens. Quisqueya; Santo Do-mingo; DOMINICAN REPUBLIC. E-mail:[email protected]

Maria V. Da Silva Coelho: 23; female;single; completing a degree in pedagogyat Universidade Estadual do Maranhao;interests: making new friends and ex-changing ideas; correspondence in Portu-guese. Address: Rua do Fio 1172, Cangal-heiro; Caxias, MA; 65606-250 BRAZIL.

Eunice L. Corneta: 45; female; single; amidwife at a government hospital; inter-ests: travel and making new friends; cor-respondence in English. Address: LourdesClinic, Depita Subdivision; Koronadal,South Cotabato; 9506 PHILIPPINES.

Fabricio Franck: 19; male; single;studying electro-mechanics; interests:music, computers, and other cultures;correspondence in Spanish or English.Address: Gaspar Doncel 1395; Catamarca;ARGENTINA.

Merle S. Gabinete: 31; female; single;

completed a degree in business adminis-tration, now working at a bank; interests:flower gardening, drawing, religious mu-sic, and reading; correspondence in En-glish. Address: c/o Rural Bank of Narra,Inc.; Narra, Palawan 5303; PHILIPPINES.

Katherine Giraldo V.: 22; female; sin-gle; studying computer science; interests:aerobics and reading; correspondence inSpanish. Address: Calle 102, No. 13-54,Almacén Juvenil; Turbo, Antioquia; CO-LOMBIA.

Joel González Ferreira: 26; male; sin-gle; studying chemical engineering atUniversidad Autónoma de Santo Domin-go; interests: research, making newfriends, reading, and swimming; corre-spondence in Spanish or English. Ad-dress: Calle José Feliú #82, Viet-Nam; LosMinas; DOMINICAN REPUBLIC.

Elizabeth C. Guillén M.: 19; female;single; pursuing a degree in basic educa-tion at Universidad Peruana Unión; in-terests: music, camping, and makingnew friends; correspondence in Spanish.Address: Av. Haya de la Torre 537, LaPerla - Callao; Lima; PERU. E-mail:[email protected]

Edwell Gumbo: 23; male; single; study-ing industrial metallurgy at BulawayoPolytechnic College; hobbies: chess,sports, reading, and Christian music; cor-respondence in English. Address: 4473Mkoba 17; Gweru; ZIMBABWE. E-mail:[email protected]

Lea A. Hermosura: 19; female; single;studying toward a degree in accounting atWestern Institute of Technology; hobbies:singing, strumming the guitar, hiking,and collecting stamps; correspondence inEnglish. Address: Brgy, Yawyawan; Lem-ery, Iloilo; 5043 PHILIPPINES.

Lucila Hernández M.: 27; female; sin-gle; completed a degree and teaches nutri-tion; interests: religious activities, poetry,music, and teaching in rural communi-ties; correspondence in Spanish. Address:Universidad Adventista de Navojoa; Apar-tado Postal #134; Navojoa, Sonora; MEXI-CO 85800.

Portik Istvan: 24; male; single; study-ing theology at Adventist Institute inBudapest; interests: Bible study, health,foreign languages, and nature; correspon-dence in Romanian, English, German, or

Intercâmbio

Page 38: Dialogo Universitario Nefilin

38 Diálogo 13:3 2001Insert B

Hungarian. Address: Str. Maciesului nr.32; Reghin 4225, Jud. Mures; ROMANIA.E-mail: [email protected]

Olabiwonnu A. Julius: 26; male; single;studying at Petroleum Training Institute;interests: reading and travel; correspon-dence in English. Address: PetroleumTraining Institute; P.M.B. 20, Effurun;Warri, Delta State; NIGERIA.

Cynthia Kandiah: 29; female; single;working as a nurse; interests: reading reli-gious books, travel, and drawing; corre-spondence in English. Address: 52 H.,Block 5, Asbhy Flats; 30450 Ipah, Perak;MALAYSIA.

Saw Myat Koh: 21; male; single; study-ing at Technical College; interests: swim-ming, table tennis, and reading; corre-spondence in English. Address: No. 5.cCourt House Rd., Mayangone Dr.; Maw-lamyine City; MYANMAR.

Boakye Vincent Kwame: 21; male; sin-gle; studying social sciences at KwameUniversity of Science and Technology; in-terests: active sports, reading, and travel;correspondence in English or German.Address: Ideas Community Services; P.O.Box A.A. 18; Agona, Ashanti; GHANA.

Charity A. de Leon: 22; female; single;completed a degree in physical therapy;hobbies: playing the piano, sports, col-lecting stamps and currency from differ-ent countries; correspondence in English.Address: c/o Tropimo B. de Leon; WesternMindanao Conference; P.O. Box 2389;Gango, Ozamiz City; 7200 PHILIPPINES.

Devaughn Luke: 34; female; single;pursuing a degree in accounting; hobbies:Bible studies, travel, camping, and gospelmusic; correspondence in English. Ad-dress: 7, Nabaclis Villa; East Coast Demer-ara; GUYANA.

Christina Lumpihoi: 31; female; single;working as a nurse and pursuing a nurs-ing degree; interests: travel, camping, mu-sic, and collecting stamps; correspon-dence in English. Address: 465 BurmahRoad; 10350 Penang; MALAYSIA. E-mail:[email protected]

Helen S. Macawili: 21; female; single;completed a degree in education with amajor in English; interests: music,books, collecting stamps, and travel;correspondence in English. Address:Blk. 2, Lot 3, Phhc Subdivision; 6500

Tacloban City; PHILIPPINES. E-mail:[email protected]

Gulielmo E. Martínez: 25; male; single;pursuing a degree in systems engineering;interests: sports, travel, camping, and ex-changing postcards; correspondence inSpanish. Address: Col. Lamatepec, ZonaC, Pasaje C #3; Santa Ana; EL SALVADOR.E-mail: [email protected]

Belen S. Mejia: 27; female; single; pur-suing a degree in agriculture, major inplant protection; interests: reading the Bi-ble, religious music, travel, and collectingpostcards and insects; correspondence inEnglish. Address: Department of Plant Pro-tection; Visayas State College of Agricul-ture; Baybay, Leyte 6521-A PHILIPPINES.E-mail: [email protected]

Julissa Susana Mejía: 25; female; sin-gle; studying medicine; interests: reading,Christian music, and making new friends;correspondence in Spanish. Address:Calle Respaldo Duarte; Edificio 15, No. 2,Los Alcarrizos; Santo Domingo; DOMINI-CAN REPUBLIC.

Cleusa Mendes: 31; female; single; anurse; interests: health, medicinal plants,travel, and Christian music; correspon-dence in Portuguese, English, or Spanish.Address: Jorge Street, 60, Jd. Lilah; SãoPaulo, SP; 05885-300 BRAZIL. E-mail:[email protected]

Andrew L. Miller: 30; male; single;teaching at a public school; hobbies: read-ing, Bible study, gardening, and table ten-nis; correspondence in English. Address:School Road, Westbury Road; St. Michael;BARBADOS.

Hollmann Morales: 20; male; single;studying medicine; interests: reading andlistening to Christian music; correspon-dence in Spanish. Address: Texaco 3 1/2al Este; Estelí; NICARAGUA. E-mail:[email protected]

Mischeck Mzumara: 25; male; single;studying English and history at MzuzuUniversity; hobbies: drama, reading, mu-sic, and learning about other cultures;correspondence in English. Address:Mzuzu University; Private Bag 1; Luwin-ga, Mzuzu 2; MALAWI.

Yanelis Núñez Alarcón: 23; female;single; pursuing a degree in theology atSeminario Adventista de Cuba; interests:poetry, reading, collecting postcards, and

making new friends; correspondence inSpanish or English. Address: Calle EloyGonzáles # 27 A, entre Lora y Avenida Ce-menterio; Reparto México, Las Tunas;75100 CUBA.

Prince Nana Yaw Ocran: 26; male; sin-gle; pursuing a diploma in accounting; in-terests: listening to Christian music, sing-ing, reading, and making new friends;correspondence in English. Addresss:Awudome Estate S.D.A. Church; Box20112; Accra - Central; GHANA.

Ochien Odhiambo: 23; male; single;pursuing a degree in biology; hobbies:reading, sports, and making new friends;correspondence in English. Address: De-partment of Applied Science; MombasaPolytechnic; P.O. Box 90420; Mombasa;KENYA.

Michael C. Onwugbonu: 22; male; sin-gle; studying mechanical engineering atRivers State University of Science andTechnology; hobbies: reading, playing in-door games, soccer, and Bible study; cor-respondence in English. Address: No. 8Martins Street; Road 24 Extension, AgipEstate, Mile 4; Port Harcourt, Rivers State;NIGERIA.

Lia Ortega D.: 47; female; teachesSpanish as a foreign language; interests:sharing my faith, church activities, travel,and making new friends; correspondencein Spanish or Swedish. Address: Hospital-sgatan 24 A; 602 24 Norrkoping; SWE-DEN. E-mail: [email protected]

Yanina Paola Ovejero: 19; female; sin-gle; studying nursing at Instituto Agusti-na Bermejo; interests: music, travel, andmaking new friends; correspondence inSpanish or English. Address: Martín Fierro6332, entre Marqués de Aguado y Schu-man; Moreno, Buenos Aires; ARGENTI-NA.

Isaac Owusu: male; single; studying to-ward a degree in social science at Univer-sity of Cape Coast; interests: travel andmusic; correspondence in English. Ad-dress: Box U.C. 168; University Post Of-fice; Cape Coast; GHANA.

Gabriela Palade: 33; female; single; aneconomist; interests: nature, books, andsports; correspondence in Romanian orFrench. Address: Str. Sh. Buzoianu 15, Bl.PA 1, SC. II, Ap. 25; TG. Bujor - 6265; RO-MANIA.

Page 39: Dialogo Universitario Nefilin

39Diálogo 13:3 2001 Insert C

Jacob Hayford Pappoe: 21; male; sin-gle; studying accounting at Valley ViewUniversity; interests: hiking, singing, andreading; correspondence in English. Ad-dress: P.O. Box KB; Korle-bu, Accra; GHA-NA.

Leonardo Pedro: 27; male; single; teach-es computer science at Instituto Medio In-dustrial in Bengela, Angola; interests: soc-cer, Christian music, and preaching; cor-respondence in Portuguese or Spanish.E-mail: [email protected]

Aracely de la Peña B.: 26; female;single; completing a degree in account-ing; interests: reading, poetry, andyouth activities; correspondence inSpanish. Address: Av. Chihuahua 405;Anahuac, Chihuahua; 31600 MEXICO.E-mail: [email protected]

Nansukusa Penny: 20; female; single;pursuing a degree in education; hobbies:reading, gospel music, photography, andcamping; correspondence in English. Ad-dress: Mbale Central S.D.A. Church; P.O.Box 122; Mbale; UGANDA.

Santa Martha Perdomo: 34; female;divorced; working as a nurse; interests:sharing my faith, travel, and health top-ics; correspondence in Spanish or English.Address: 146 E, 13 St.; Hialeah; Florida33010; U.S.A.

Andreane Uberti Pereira: 20; female;single; pursuing a degree in pedagogy atCentro Universitario Adventista, Campus2; interests: collecting postcards andlearning about other countries; corre-spondence in Portuguese or Spanish. Ad-dress: Caixa Postal 11; Engenheiro Coel-ho, S.P.;13165-970 BRAZIL. E-mail:[email protected]

Janitha Kalum Perera: 25; male; sin-gle; working in advertising; hobbies: trav-el, hiking, photography, and collectingstamps, coins, and leaves; correspon-dence in English or Sinhala. Address: #815, Batagama North Ja; Ela; SRI LANKA.E-mail: [email protected]

Pilar Elisa Pérez: 34; female; single;completed a degree in early childhood ed-ucation; interests: reading, travel, music,and swimming; correspondence in Span-ish. Address: Calle Pío XII, No. 35, Escal-era A, 1o., 3a.; 25003; Lérida; SPAIN.

Daisy Ribeiro: 34; female; married,with two children; working at an Adven-

tist school in Brazil; interests: education,outdoor activities, crafts, and helpingothers; correspondence in Portuguese orEnglish. E-mail: [email protected]

Hanna Roca: female, single; completedstudies in medicine in Bolivia; interests:provide medical help to people in need,camping, and travel; correspondence inSpanish, Portuguese, or English. E-mail:[email protected]

Marta Guedes Rodovalho: 32; female;single; teaches arts at an Adventistschool; interests: new friends, good mu-sic, arts and crafts, and helping others;correspondence in Portuguese or Spanish.Address: Av. Frederico Tibery, 598, BairroTibery; Uberlandia, MG; 38406-075 BRA-ZIL.

Angelica V. Rodriguez: 26; female; sin-gle; completed a degree in graphic design;interests: photography, poetry, and learn-ing about other countries; correspon-dence in Spanish. Address: Block 2840,Depto. 42; Romilio Concha, Villa Exótica;Calama, II Región; CHILE.

Cecilia Rojas Navarro: 33; female; di-vorced; a dentist; correspondence inSpanish. Address: Calle Ciego de Avila#252 entre Soto y 5ta.; Ciego de Avila;65400 CUBA.

Gladiel Reyes del Rosario: 19; male;single; studying systems engineering; in-terests: poetry, playing the piano, andsinging; correspondence in Spanish. Ad-dress: Los Reyes Calle 4, Casa #7; PuertoPlata; DOMINICAN REPUBLIC. E-mail:[email protected]

Bineeta Sahay: 37; female; divorced;graduated from Fulton College, nowworking as quality controller in a foodfactory; interests: nature, cooking, cre-ative activities, and making new friends;correspondence in English. Address: P.O.Box 3818; Lautoka; FIJI ISLANDS.

Jean Fernetta Samuel: 23; female; sin-gle; pursuing a degree in dental surgery;interests; music, cooking, helping others,and collecting poems; correspondence inEnglish. Address: Snow Hostel; ChristianMedical College; Ludhiana, Punjab;141008 INDIA. E-mail: [email protected]

Aleksandar Santrac: 28; male; mar-ried; teaching theology at AdventistTheological Seminary and pursuing a doc-toral degree at Belgrade University; inter-

ests: astronomy and cosmology, philoso-phy, history, and helping the poor; corre-spondence in Serbian or English. Address:Bore Markovica 11; 11030 Belgrade; YU-GOSLAVIA. E-mail: [email protected]

Amanda van der Schyff: 21; female;single; studying to become a teacher; in-terests: music, children, poetry, and work-ing for God; correspondence in English.Address: P.O. Box 9800; Rustenburg; 0300SOUTH AFRICA.

Diana G. Serbezowa: 38; female; sin-gle; teaching at a secondary school; hob-bies: classical and religious music, sharingmy faith, exchanging postcards, and col-lecting Bibles in other languages; corre-spondence in Bulgarian or English. Ad-dress: 21, Ivan Alexander St.; Sliven; 8800BULGARIA.

Charles T. Sexvornu: 22; male; single;pursuing a degree in agriculture at Uni-versity of Cape Coast; interests: soccer,travel, and listening to music; correspon-dence in English. Address: c/o Mr. E. T.Sexvornu; Airways Catering Ltd.; P.O. Box9460; K.I.A., Accra; GHANA.

Roberta Marinho da Silva: 25; female;single; pursuing a graduate degree in psy-copedagogy at Universidade Gama Filho;interests: learning about other countries,cultures, and languages; correspondencein Portuguese or Spanish. Address: RuaTangará, 435, Casa 2, Bonsucesso; Rio deJaneiro, RJ; 21050-520 BRAZIL.

Denise Muñiz Da Silva: 22; female; sin-gle; originally from Brazil, studying En-glish and Spanish at a language school;interests: music, collecting postcards,learning about other cultures; correspon-dence in Portuguese or Spanish. Address:Apartado de Correos 4542; 30.008 Mur-cia; SPAIN. E-mail: [email protected] [email protected]

Zuleide Silva: 25; female; single; com-pleted a degree in accounting in Brazil;interests: reading, learning about othercountries, and friendship; correspon-dence in Portuguese or English. E-mail:[email protected]

Dayane Figueiredo Silveira: female;single; studying urban architecture atUniversidade do Sul de Santa Catarina;correspondence in Portuguese. Address:Rua Duarte Schutel 61, Apto. 704 centro;Florianopolis, S.C.; BRAZIL. E-mail:

Page 40: Dialogo Universitario Nefilin

40 Diálogo 13:3 2001Insert D

If you are an Adventist college/universitystudent or professional and wish to belisted here, send us your name and post-al address, indicating your age, sex, mar-ital status, current field of studies or de-gree obtained, college/university you areattending or from which you graduated,hobbies or interests, and language(s)in which you would like to correspond.Provide also your e-mail address. Sendyour letter to Dialogue Interchange:12501 Old Columbia Pike; SilverSpring, MD 20904-6600, U.S.A. Pleasetype or print clearly. You can also usee-mail: [email protected] will list only those who provide allthe information requested above. Thejournal cannot assume responsibility forthe accuracy of the information submit-ted or for the content of the correspon-dence that may ensue.

[email protected] K. Singh: 31; female; single;

pursuing a doctoral degree in education;hobbies: visiting and studying anythingthat is mysterious such as ancient palacesand monuments, and natural phenome-na; correspondence in English. Address:S.D.A. Junior High School; Court Road,Tadikhan Chawk; Moradabad, UttarPradesh; INDIA 244001.

Lionel Tamme: 22; male; single; study-ing engineering at University of PapuaNew Guinea; interests: studying the Bible,sports, outdoor activities, and cooking;correspondence in English. Address: P.O.Box 1180; Waigani, NCD 131; PAPUANEW GUINEA.

Daniel Takwa: 28; male; single; agraduate student in business adminis-tration at the University of Manitoba;interests: learning Spanish, making newfriends, travel, and soccer; correspon-dence in English, French, or Spanish.Address: 24-461 Kennedy St.; Winnipeg,Manitoba; R3B 2N4 CANADA. E-mail:[email protected]

Jeanne Tavae: 31; female; married;youth ministries director in the AdventistMission; interests: exchanging ideas,learning about other cultures, and mak-ing new friends; correspondence inFrench. Address: B.P. 95; Papeete; Tahiti;FRENCH POLYNESIA.

Virginia da Silva Tavares: 32; fe-male; single; completed a degree inexecutive secretarial science; interests:travel, sports, work with Adventistyouth, and singing; correspondence inPortuguese, English, or Spanish. Ad-dress: Rua Afonso Sertao 26, 2o. Andar -Ribeira; Salvador, Bahia; BRAZIL. E-mail:[email protected]

Arlene Theolade: 32; female; single;born in French Guyana; completed a de-gree in history at Université Paris VIII; in-terests: religious literature, gymnastics,travel, and learning about other cultures;correspondence in French or English. Ad-dress: 3 Square de la Franche Comté;93800 Epinay sur Seine; FRANCE.

Roselaine Thermil: 21; female; single;studying business administration at Ad-ventist University of Haiti; interests: na-ture, music, computing, and youth activi-ties; correspondence in French or English.

Address: Bizoton 61 (Etimo) #1, Carre-four; Port-au-Prince; HAITI. E-mail:[email protected]

May Toledanes: 28; female; single;working as an accountant; interests: hik-ing, mountaineering, Christian music,and cooking; correspondence in English.Address: Linmarr Apartelle; Lakandula St.,Agdao; 8000 Davao City; PHILIPPINES. E-mail: [email protected]

Osano Marques da Trinidade: 23;male; single; studying library science;interests: travel, making new friends,and helping others to meet Jesus; corre-spondence in Portuguese or Spanish.Address: R. Joaquim Cortes, 192 - Cen-tro; Vitoria, ES; 29015-550 BRAZIL.E-mail: [email protected]

Jezel C. Ugmad: 25; female; single;completed a degree in secretarial adminis-tration; interests: outdoor activities, reli-gious music, and sharing the good newsof salvation; correspondence in English.Address: 7215 Digson Bonifacio; MisamisOccidental; PHILIPPINES.

Jonalyn Valdez: 21; female; single; pur-suing a degree in psychology; hobbies:singing, reading, and cross-stitching; cor-respondence in English. Address: BaguioSeventh-day Adventist Church; #46Bokawkan Road; 2600 Baguio City; PHIL-IPPINES.

Leticia Vázquez: 31; female; single;pursuing a degree in psychology at Uni-versidad España; interests: psychology,Christian instrumental music, travel,and making new friends; correspon-dence in Spanish, English, Italian, orPortuguese. Address: Flamingos No.222, Frac. Silvestre Revueltas; Durango,Durango; 34150 MEXICO. E-mail:[email protected]

Luis Sergio Vázquez: 23; male; single;pursuing a degree in physical educationand sports; interests: camping, mountain-eering, travel, and cars; correspondencein Spanish or English. Address: Flamingos222, Fracc. Silvestre Revueltas; C.P. 34150;Durango, Durango; MEXICO. E-mail:[email protected]

Raquel Villeda O.: 19; female; single;studying law at Universidad de San Car-los; interests: music, poetry, reading, andcamping; correspondence in Spanish. Ad-dress: 1a. Calle 3-88, Zona 1; Jalapa; GUA-

TEMALA. E-mail: [email protected] Vera Sansaricq: 25; female; sin-

gle; specialized in economics, studyingcomputing; interests: poetry, exchangingpostcards, Christian literature, and music;correspondence in Spanish. Address:Calle A #17, entre Honorato Castillo yMarcial Gómez; Ciego de Avila 1; 65100CUBA.

Neil Eldon Wellington: 34; male; sin-gle; a teacher of geography; hobbies: read-ing, gospel music, and playing games;correspondence in English. Address: 63Nabacalis Villa; East Coast Demerara;GUYANA.

Anthony K. Wemakor: 24; male; sin-gle; pursuing a degree in health science;interests: watching football, listening tomusic, and reading novels; correspon-dence in English. Address: School of Med-icine and Health Sciences; University forDevelopment Studies; P.O. Box TL 977;Tamale; GHANA.