diagnostico de hotelaria de selva

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Diagnóstico de Hotelaria de Selva do Amazonas

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  • Diagnstico de Hotelaria de Selva do Amazonas

  • Diagnstico de Hotelaria de Selva do Amazonas

  • Equipe Tcnica

    Daniel Bernardes Rabelo da Silva

    Turismlogo, formado pelo Centro Uni-versitrio Nilton Lins, concluiu a especializa-o em Turismo e Gesto Territorial pela Uni-versidade Federal do Amazonas em 2002, e em 2003 concluiu MBA em Geso Hoteleira pelo Centro Universitrio Nilton Lins. consul-tor homologado pelo Instituto de Hospitalida-de - IH para a ABNT-NBR 15.401:2006 - Gesto da Sustentabilidade para Meios de Hospeda-gem - Requisitos, tendo desenvolvido a im-plantao do Programa Bem Receber em 15 meios de hospedagem no Estado do Amazo-nas. auditor interno formado pela Associa-o Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura - ABETA para a ABNT-NBR 15.331. professor capacitado pelo Ministrio do Turismo para o Projeto de Inventrio da Oferta Turstica. Atualmente professor titular do Curso de Turismo do Centro Universitrio Nilton Lins e Consultor do Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas do Amazo-nas - SEBRAE/AM. Atualmente participa do Programa de Roteirizao do Turismo do Mi-nistrio do Turismo, desenvolvendo consulto-ria no Projeto de Roteiros Integrados para os

    Estados do Amazonas e Roraima. Empresrio do ramo de turismo com empresa em consul-toria e planejamento turstico, tendo desen-volvido trabalhos para diversas empresas do setor, alm de Prefeituras Municipais.

    Hamilton Ciro Muratore

    Possui graduao em Turismo pela Uni-versidade Anhembi Morumbi (1976), gradua-o em Publicidade e Propaganda pela Pon-tifcia Universidade Catlica de Campinas (1982), especializao em Administrao Em-presarial pelo Centro Universitrio Nilton Lins (1998), especializao em Gesto de Hotela-ria pelo Centro Universitrio Nilton Lins (2003) e mestrado-profissionalizante em Engenharia de Produo pela Universidade Federal do Amazonas (2009). Atuando principalmente nos seguintes temas: gesto empresarial, turis-mo de pesca, meio ambiente. Coordenador geral do Inventrio Turstico de Manaus e de Coari, dentro do programa do Ministrio do Turismo. Atualmente, coordenador de Cin-cias Sociais Aplicadas do Centro Universitrio Nilton Lins, alm de ser coordenador do curso de Turismo da mesma instituio.

    Hylker da Silva Medeiros

    Possui graduao em Turismo pelo Cen-tro Universitrio Nilton Lins Manaus / AM (2009). Atualmente Docente dos Cursos de Turismo e Hospitalidade do SENAC/AM. Parti-cipou como Consultor para elaborao tex-tual do Guia Turstico Guia Essencial Sonori-zado da Empresa Pentop do Brasil, alm de projetos na rea do Turismo como, os Inven-trios da Oferta Turstica dos Municpios de Coari/AM e Manaus/AM como pesquisador.

    Llian Grace Ruiz Gama

    Turismloga formada pelo Centro Uni-versitrio Nilton Lins, participou como pes-quisadora do Inventrio da Oferta Turstica da cidade de Manaus. Atualmente trabalha com atividades voltadas para o turismo, eventos de lazer e recreao.

    Mrcia Raquel Cavalcante Guimares

    Turismloga, MBA em Marketing pela FGV/ISAE-Manaus/AM. Tem experincia

  • como Especialista em Turismo da UEP/Ma-naustur (rgo de municipal de turismo), uni-dade executora em Manaus do programa Monumenta/BID do Ministrio da Cultura no que tange ao projeto de Revitalizao de Stios Histricos (2001-2004). Professora titular--concursada do curso de Turismo da Escola de Artes e Turismo da Universidade do Ama-zonas-UEA e professora do curso de Turismo do Centro Universitrio Nilton Lins. Tem cur-so de Direccion e Gestion de Agencias de Viajes e Urbanismo de la Escuela Superior del Turismo de Baleares-Palma de Mallorca--Espna. consultora homologada pelo Ins-tituto de Hospitalidade - IH para ABNT-NBR 15 401 2006-Gesto da Sustentabilidade para Meios de Hospedagem, prestando servios de consultoria para o SEBRAE, SENAC, PEN-TOP- Pentop do Brasil na produo do Guia Turstico Sonorizado, CETAM - Centro de Educao Tecnolgica do Amazonas e em vrias empresas e entidades na rea de Tu-rismo e Marketing. Experincia na implanta-o, coordenao e pesquisa do Inventrio da Oferta Turstica do municpio de Coari e Manaus, sob a superviso do Ministrio do Turismo. Atualmente, mestranda em Turismo

    e Hotelaria da Univali-Universidade do Vale do Itaja-Santa Catarina.

    Paula Caroline Martins Pedrosa

    Turismloga com experincia em Orga-nizao de Eventos e na Hotelaria. Pesqui-sadora do Inventrio Turstico da Cidade de Manaus e atualmente na empresa Pentop do Brasil na Gesto de Projetos Tursticos Guia Sonorizado Manaus.

    Regma da Silva Magno

    Graduada em Turismo pelo Centro Uni-versitrio Nilton Lins Manaus / AM (2009). Atu-almente est cursando Especializao em Turismo e Gesto Territorial pela UFAM/2010, funcionria da Secretaria de Estado de Cultura do Amazonas. Enquanto acadmi-ca atuou como Monitora da Disciplina de Formatao de Produto Turstico, participou como Consultora na elaborao textual do Guia Turstico Guia Essencial Sonorizado da Empresa Pentop do Brasil, alm de projetos na rea do Turismo como, o Inventrio da

    Oferta Turstica dos Municpios de Coari/AM e da cidade de Manaus/AM atuando como pesquisadora.

    Taciana Reis da Silva

    Possui graduao em Turismo pelo Cen-tro Universitrio Nilton Lins Manaus / AM (2009). Participou como Consultora na ela-borao do Produto Turistico no Municpio de Silves Amazonas e como responsvel operacional com os Pacotes Turisticos para a Ilha de Margarita - Venezuela da Empre-sa Unio Cascavel de Transportes e Turismo Ltda, alm de projetos na rea do Turismo como, os Inventrios da Oferta Turstica dos Municpios de Coari/AM e Manaus/AM como pesquisadora.

  • D525d Diagnstico de hotelaria de selva do Amazonas. / Srgio Luiz Alves Carvalho (coord.). - Manaus: Associao da Hotelaria de Selva da Amaznia Brasileira, 2010. 192f. : il.

    1. Hotelaria de selva. 2. Amaznia legal. 3. Sustentabilidade. I. Associao da Hotelaria de Selva da Amaznia Brasileira.

    CDU : 338.486.2:640.412(811.3)

    Elaborado pelas Bibliotecrias da Biblioteca Aderson Dutra UNINILTON LINS

  • SumrioAgradecimentos e Crditos

    Palavra do Governador do Estado do Amazonas

    Palavra do Presidente do SEBRAE AMAZONAS

    Palavra do Presidente do Conselho Deliberativo da AHS

    Palavra do Diretor Executivo da AHS

    1 O Estado do Amazonas

    2 A Associao da Hotelaria de Selva da Amaznia Brasileira

    2.1 A Histria dos Alojamentos de Selva na Amaznia Legal

    2.2 A Infra-Estrutura dos Alojamentos de Selva do Amazonas

    3 Bases Conceituais

    3.1 Fundamentos de Sustentabilidade

    3.2 Tipologia

    3.3 Aspectos Construtivos

    3.4 Segmentos da oferta para os alojamentos de selva

    3.5 Normalizao e Certificao

    4 O Projeto Diagnstico da Hotelaria de Selva do Amazonas

    4.1 Objetivos

    4.2 Justificativas

    4.3 Metodologia de trabalho

    5 Informaes dos Municpios

    6 Consideraes Finais

    7 Referncias

    810121416182223263636373942444646484850190192

  • 8Agradecimentos e Crditos

    Agradecimento especial ao ex--Governador do Estado do Amazonas, Senador Eduardo Braga por acreditar na Associao e ter ajudado na con-cretizao dessa primeira etapa do Diagnstico.

    Ficha Tcnica do Projeto

    Associao da Hotelaria de Selva da Amaznia Brasileira

    Peter Jan TilanusPresidente do Conselho Deliberativo

    Caio Galesi Starace FonsecaVice-Presidente do Conselho Delibera-tivo

    Antonio Augusto Orcesi da Costa FilhoConselheiro

    Paulo Cordeiro SaldanhaConselheiro

    Audrey SaldanhaConselheira

    Srgio Luiz Alves CarvalhoDiretor-Presidente Executivo

    Coordenao do Projeto: Srgio Luiz Al-ves Carvalho

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    Equipe Tcnica de Pesquisa

    Andes Servios Empresariais-Manaus/Am Profo Turo / Esp. Daniel Bernardes

    Centro Universitrio Nilton Lins:

    Profo Msc Hamilton Ciro MuratoreCoordenador de Turismo

    Profa Mrcia Raquel Cavalcante Gui-maresProfessora do curso de Turismo e Mes-tranda em Turismo e Hotelaria da UNI-VALI

    Pesquisadores:

    1. Hylker Medeiros - Turismlogo;

    2. Lilan Grace Ruiz - Turismloga;

    3. Paula Caroline Pedrosa - Turismloga;

    4. Regma da Silva Magno - Tursmloga;

    5. Taciana Reis - Turismloga

    Colaboradores

    Assimptur Assessoria de Imprensa So Paulo

    V2 Comunicao Ltda So Paulo

    Gol Linhas Areas Inteligentes So Paulo

    Projeto Grfico e Diagramao:Franklin Carioca e Rondinele ReisVTQUATRO COMUNICAESContato: Rua Selma Acioly, 41 Conjun-to AdrianpolisManaus AMTel.: 55 92 3212-9400

    Fotografias:Arquivo VTQUATROArquivo AGECOM - Agncia de Comu-nicao Social do Governo do Estado do Amazonas

    DEDICATRIA

    Dedicamos a realizao deste pro-jeto a todos que compartilharam seus conhecimentos e experincias, forne-cendo conhecimento tcnico e terico para a realizao deste projeto, alm de disponibilizar toda a infraestrutura necessria, tornando-se tambm res-ponsveis por esta conquista e em es-pecial ao Governo do Estado do Ama-zonas, atravs da SEPLAN Secretaria de Planejamento e de Gesto, que sempre apoiou e tem buscado dinami-zar de maneira sustentvel o turismo e a hotelaria de selva, na regio norte do Brasil.

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    Palavra do Governador do Estado do Amazonas

    Desafios de um novo tempo

    Nos ltimos anos, o Amazonas vem experimentando um ritmo de cresci-mento que chama ateno de obser-vadores mundo afora. Um paradoxo para quem habita o seio da maior flo-resta tropical do planeta, rica em bio-diversidade, considerada vital para o equilbrio natural da vida, mas, ao mes-mo tempo desafiadora por suas pecu-liaridades, entre elas as longas distn-cias e barreiras naturais. Entrecortado por rios, e rico na diversidade cultural de um povo que se acostumou a estar em harmonia com toda essa exubern-cia, o Amazonas enfrenta os desafios do futuro com planejamento e coragem, conciliando desenvolvimento com sus-tentabilidade, dando exemplo para o mundo de como preservar o patrim-nio natural, nossa maior riqueza. Mais de 98% da nossa cobertura vegetal est intacta.

    Estamos iniciando uma nova fase desse desafio, aps ser eleito o gover-nador com a maior votao da histria do Estado. Sonho com um Amazonas que seja exemplo definitivo de sustenta-

    bilidade. E neste Amazonas o compro-misso universal da preservao anda lado a lado com os legtimos desejos dos homens e mulheres que esperam construir, aqui, um futuro melhor para os seus filhos e netos.

    Aqueles que buscam o lazer e o descanso nesse cenrio de belezas na-turais inigualvel, quero dar as minhas boas vindas e dizer que o nosso cabo-clo acolhedor dentro da sua simpli-cidade. Aos que acreditam e investem no nosso potencial turstico, mantenho o compromisso de dar continuidade e avanar no projeto de preparar o Ama-zonas para um futuro cada vez mais prspero.

    Omar Jos Abdel Aziz

    Governador do Amazonas

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    Palavra do Presidente do SEBRAE/AMAZONAS

    O Amazonas uma terra de em-preendedores. A diversidade cultural e oportunidades econmicas da Regio Amaznica oferecem o ambiente ade-quado para criao de projetos, inicia-tivas e empreendimentos nos mais vari-ados ramos de negcios. Nesse sentido, um dos ramos econmicos promissores para o Estado o Turismo Sustentvel.

    Notoriamente uma atividade de destaque nacional e internacional, o turismo tem disposio uma infini-dade de atrativos cujos arranjos de ser-vios oferecem produtos com requinte de alta diferenciao e originalidade incrementado com a cultura e o modo de vida dos povos amaznicos.

    O mercado turstico do Amazonas tem como indutor de fluxo internacional o seu exuberante patrimnio natural e cultural, com isso, o Turismo Cultural, o Turismo de Aventura e o Ecoturismo so os segmentos mais demandados pelo mercado. A cidade de Manaus o porto de entrada do Estado e nela tambm encontramos o Turismo de Negcios e Eventos como indutores do fluxo nacional, alavancado principal-

    mente pelo mercado do Plo Industrial de Manaus.

    O Turismo no Estado do Amazo-nas um celeiro de empreendedores, e por isso o Sebrae investe em projetos que preparam esses visionrios para o mercado e para os desafios do futuro. Contando com parcerias importantes, como o Governo Federal, Governo Es-tadual e associaes de classe da ativi-dade turstica, o Sebrae est empenha-do em criar uma ampla rede de apoio aos pequenos negcios desse setor. A nossa inteno tornar o Turismo re-gional uma atividade competitiva, ca-paz de gerar centenas de empregos, oportunidades de renda e novos neg-cios os atuais e futuros empreendedores de Manaus ou do interior.

    Nelson Luiz Gomes Vieira da Rocha

    Diretor-superintendente do Sebrae/AM

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    Palavra do Presidente do Conselho Deliberativo da AHS

    O Diagnstico do Turismo de Sel-va do Estado Amazonas fruto de um primeiro trabalho sistemtico des-te segmento turstico da Amaznia. A Associao da Hotelaria de Selva da Amaznia Brasileira agradece ao apoio do Governo do Estado do Amazonas, ao Governador do Estado e princi-palmente Secretaria de Estado do Planjejamento, ento liderada pelo Sr. Secretrio de Estado, Denis Minev e Empresa Amazonese de Turismo, Ama-zonastur, liderada pela Sra. Presidente Oreni Braga.

    O Diagnstico aqui apresentado que objetiva descrever, analisar e obje-tivar os dados e os fatos de turismo de selva neste Estado atravs da elbora-o de estudos que mostrem e anali-sem o contedo deste importante setor para o turismo amazonense, e princi-palmente, criar uma plataforma de dis-cusso para o desenvolvimento turstico regional, salientando que seu desen-volvimento depende da discusso, da unio de todos os setores e entidades envolvidas e de decises conjuntas, a fim de direcionar e ampliar a participa-o de todos.

    O presente diagnstico acontece em um feliz momento, pois nunca na recente histria do Estado do Amazo-nas houveram momentos to favorveis para que se defina o caminho do turis-mo de selva, e no obstante, para que se defina em geral o turismo estadual, pois seu atual desenvolvimento ocorreu sem decises e planejamento espec-ficos, crescendo espontaneamente e bem antes que o Estado se organizasse em relao ao turismo, gerando assim, uma atividade bsica, at estvel mas sem muita direo estratgica.

    No ano 2011 teremos um novo go-verno estadual que ter como grande desafio o gerenciamento e a participa-o do Estado do Amazonas na Copa do Mundo 2014 e as Olimpadas de 2016. Eventos estes de grandeza mun-dial, criando bases de investimentos an-teriormente inviveis, porm, somente possveis atravs de uma viso e uma estratgia vivel.

    Nunca antes houveram momentos to favorveis para se adentrar em uma nova poca para o turismo, e para po-sicionar-se favoravelmente o Estado do

  • Diagnstico de Hotelaria de Selva do Amazonas 15

    Amazonas como destino nico e con-forme apresentado neste diagnstico faz-se necessrio a participao de to-dos os atores envolvidos na craio de um segmento turstico maior e melhor do que o atual.

    E lgico, sabemos no ser fcil a tomada de decises que definam um novo futuro para o turismo amazonense, aqui que o Diagnostico da Hotelaria de Selva da Estado do Amazonas tem seu maior valor, auxiliando na criao de plataformas para que suas melhores decises possveis sejam tomadas.

    Desejo a todos prazer de ler o tra-balho aqui apresentado, e muita moti-vao a fim de criar o futuro do turismo no Estado do Amazonas.

    Peter Jan Tilanus

    Presidente do Conselho Deliberativo da Associao de Hotelaria de Selva da Amaz-nia Brasileira

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    Palavra do Diretor Executivo da AHS

    Detentora de uma infra-estrutura reconhecidamente capaz de bem re-ceber seus visitantes, h muito que a hotelaria de selva na Amaznia brasi-leira se apresenta como um destino es-pecial, muito alm do atraente mundo voltado para o turismo de selva. E cons-cientemente de nossa atuao frente a este rico cenrio de importncia glo-bal, nasceu a Associao da Hotelaria de Selva da Amaznia Brasileira com o objetivo de desenvolver e estabelecer parmetros para o melhor desempe-nho sustentvel de seus hotis e empre-endimentos filiados, envidando esforos em prol de um interesse comum: o de-senvolvimento econmico e sustentvel de suas empresas e da Amaznia.

    Com a macro-economia em seu favor, o mercado domstico e interna-cional da hotelaria de selva tem a pers-pectiva de crescimento muito atraentes e fatores como a recuperao e cresci-mento da economia internacional, do pas e da renda dos brasileiros, a expan-so do crdito e a valorizao do real ante o dlar so os pilares para o bom desempenho no s da aviao, mas do setor de turismo em geral. A ascen-

    so maior da hotelaria de selva na Ama-znia neste cenrio, porm, depende diretamente de mais investimentos na infra-estrutura de seus servios agrega-dos, dentre eles, os mais impactantes e preocupantes esto na qualificao de mo-de-obra disponvel, em face aos novos empreendimentos que surgiro em Manaus e no turismo receptivo, que tem caracterstica diferenciada dos servios disponibilizados para as reas de turismo urbano, fator preocupante, visto que na sua maioria, os servios de receptivo em geral da hotelaria de selva, so administrados pelos prprios empreendimentos, cuja inexperincia de seus gestores na prestao de ser-vios deste segmento tem se tornado um srio entrave para a sua operacio-nalizao direta e representando um desafio para atrair turistas estrangeiros, seu maior e tradicional mercado, e turis-tas brasileiros, seu mais novo e exigente mercado. Para tentar driblar baixas de hospedagens, geradas por problemas de seu turismo receptivo, e evitar um gargalo no desenvolvimento da hotela-ria de selva, ser necessrio a sua estru-turao e capacitao, fator conside-

  • Diagnstico de Hotelaria de Selva do Amazonas 17

    rado essencial na manuteno de seu crescimento comercial e da ampliao de empregos no setor.

    Estes gargalos preocupantes para o turismo de selva no Estado do Ama-zonas e alguns de seus entraves, porm, comeam a se apresentar no cenrio. O aumento da demanda com a publi-cidade gerada pela Copa do Mudo de 2014 ameaa a ascenso do mercado do turismo nacional e internacional, pois a sua desestruturao no atendi-mento de seu receptivo no ter a ca-pacidade para atender a esta futura demanda e de nada adiantar o inves-timento de novos empreendimentos se a situao da infra-estrutura do setor representar um entrave s projees de crescimento do turismo de selva, neste, que o maior plo do segmento da Re-gio Norte do pas.

    A qualidade dos produtos e servi-os da hotelaria de selva pressuposto fundamental para o sucesso dos desti-nos tursticos na Amaznia. Num mun-do onde centenas de destinos tursticos competem pela preferncia dos turis-tas, torna-se fundamental a proposio

    de aes deste setor que levem qua-lidade. Para se obter a excelncia da qualidade, pressuposto a observncia da legislao em vigor. Assim, no setor turstico, que relaciona-se com as mais diversas reas, imprescindvel a soma de esforos de todos, para garantir a qualidade do produto turstico, por meio de aes conjuntas, visando uma fisca-lizao efetiva de todos os prestadores de servios tursticos e a elaborao de planos contingenciais e medidas pre-ventivas, para minimizar ocorrncias de eventos no desejveis no turismo, de-ver ser proposto em planos de gesto especfico a hotelaria de selva, levando em conta as normas nacionais e inter-nacionais de monitoramento de riscos, sobretudo em eventos e atrativos turs-ticos que ocorrero antes, durante e aps a realizao da Copa do Mundo de 2014 e cujo projeto dever propor al-ternativas de gesto de crises tpicas do Turismo, utilizando estratgias adequa-das s diferentes situaes.

    Vale dizer ainda, ser fundamen-tal transmitir ao setor do turismo, bem como a seus consumidores nacionais e estrangeiros, sinais estveis de como

    devero ser conduzidos os empreendi-mentos de selva, equilibrando-se os in-teresses pblicos e privados, na forma da Constituio Federal. Assim, atravs de uma nova postura, ser permitido aos agentes econmicos privados exer-cerem a excelncia de seu trabalho, conhecendo as regras do jogo e, com elas, buscando lucro como resultado de aes competentes e equilibradas.

    Diante do cenrio acima descrito, em qualquer processo de planejamen-to do setor pblico e priorizao de aes para os municpios envolvidos, principalmente para o segmento do turismo de selva, devemos contemplar a gerao de emprego e renda para a comunidade, evitando o crescente incremento de problemas ambientais e sociais, bem como absorvendo e capacitando a nossa prpria mo de obra regional para o turismo no Estado do Amazonas.

    Srgio Luiz Alves Carvalho

    Diretor Presidente-Executivo da Associa-o de Hotelaria de Selva do Amazonas

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    Localizado no corao da floresta maior no mundo, o Amazonas o maior Estado do Brasil. Tem uma das biodiver-sidades mais variadas do planeta, e sempre est chamando a ateno de organizaes no-governamentais e ecologistas que lutam para desenvolvi-mento econmico e regional sem afe-tar este ecossistema sem igual.

    margem do Rio de Negro, a ca-pital do estado, Manaus, representa um centro importante de turismo ecolgico. Uma de suas atraes mais procuradas Ponta Negra Praia, 13 km do centro da cidade. L, a areia invade o Rio Ne-gro, enquanto compondo um contras-te bonito com a gua escura durante mar vazante. Outro lugar de excurso a floresta vasta que pertence ao Insti-tuto Nacional de Pesquisas Amaznicas (INPA), um complexo composto de um Jardim Botnico diversificado, rico em espcies de flora da Amaznia, e um jardim zoolgico com animais nativos, inclusive alguns em extino.

    1. O Estado do AmazonasO

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    Ocupado principalmente pela Flo-resta Amaznica, o Estado de Amazo-nas est completamente cortado atra-vs de bacia do Rio Amazonas. Suas caractersticas de superfcie incluem terras de inundao, reas claras e bai-xos planaltos ou cho de slido. A Ama-znia tem rvores de at 20 metros de altura. Porm, mais baixas espcies, en-tre dois e trs metros de altura tambm comum na regio, com tais baixas e densas filiais que fazem isto difcil de pe-netrar na floresta.

    As vrias reas protegidas pelo estado incluem o Parque Nacional do Pico da Neblina e o Parque Ecolgico de Janauary que est coberto por bos-ques de cho slidos, bosques de ter-ra de inundao e reas de plancie e onde uma exibio de passeio de ca-noa os lrio-dgua so a maior atrao da excurso. Nesta rea, a visita pode ir tambm para o Parque Nacional do Ja, a reserva de floresta maior do con-tinente; e a cidade de Barcelos, o lugar para ficar ao visitar o Parque.

    Fonte: Associao de Hotelaria de Selva da Amaznia Brasileira

  • Diagnstico de Hotelaria de Selva do Amazonas 19

    FLUXO TURSTICO NO ESTADO DO AMA-ZONAS

    Segundo dados da Amazonastur o turismo no Estado do Amazonas apre-senta crescimento ao longo dos lti-mos anos, entre o ano de 2003 a 2008 recebemos cerca de 2.245.000 turistas levando em considerao a quantida-de de hspedes da hotelaria urbana e hotelaria de selva, o fluxo de turistas dos Cruzeiros Martimos e turistas registrados na temporada de pesca esportiva.

    Somente no ano de 2008, o Esta-do recebeu aproximadamente 495.000 turistas, que supera os dados registra-dos no ano anterior, que foi de 432.877 turistas, apresentando um crescimento de 14,37%. O principal ponto de parti-da dos turistas nacionais que visitaram o Estado do Amazonas neste ano foi o Estado de So Paulo, registrando apro-ximadamente 69.000 turistas. Com rela-o ao turista estrangeiro, o pas que mais enviou turistas para o Estado foi o Estados Unidos da Amrica, registrando aproximadamente 40.000 turistas.

    Com relao hotelaria urbana, Segundo o BOH (Boletim de Ocupao Hoteleira), e, baseado nas estimativas

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    no Estado do Amazonas, segundo o BOH (Boletim de Ocupao Hoteleira), o volume de turistas registrado na Ho-telaria de Selva, no perodo compreen-dido entre 2003 e 2008, foi de 148.624. Em 2008, foi registrado um volume de turistas de 32.482, que supera o fluxo do ano anterior, quando foi registrado um fluxo de 27.637 turistas, em 17,5%. Os principais destinos dos turistas que utili-zam a hotelaria de selva no Amazonas foi So Paulo para os turista nacionais e Estados Unidos da Amrica para os tu-ristas estrangeiros.

    No perodo de 2003 a 2008, foram registrados 296.450 pernoites nos Hotis de Selva. Destaca-se tambm a taxa mdia de crescimento desses pernoites que foi de 20%.

    A Taxa de Ocupao mdia das Unidades Habitacionais (TOH), no pero-do de 2003 a 2008, dos Hotis de Selva foi de 14,45%.

    A Taxa de Ocupao de Leitos (TOL), no perodo de 2003 a 2008, da Hotelaria de Selva foi de 13,81%.

    Os cruzeiros martimos tambm apresentam um bom nmero de turistas para o Estado do Amazonas, em 2008 o Estado recebeu 24 navios, registrando

    da hotelaria urbana no registrada, o volume de turistas, registrado no pero-do compreendido entre 2003 e 2008 foi de 1.968.936, tendo um crescimento m-dio nesse perodo de 12,5%. No ano de 2008 a hotelaria urbana recebeu mais de 439.000 turistas apresentando um aumento nas hospedagens de 14,5% em relao ao ano anterior. Os meses de maior procura pelo turista nacional so os meses de Maio a Novembro, com relao ao turista estrangeiro o ms de Agosto considerado alta estao.

    No perodo de 2003 a 2008, foram registrados 5.296.309 pernoites nos ho-tis urbanos do Amazonas. Destaca-se tambm que a taxa mdia de cresci-mento desses foi de 20% por ano.

    A Taxa de Ocupao das Unidades Habitacionais (TOH) mede a relao entre a quantidade de hospedados e o nmero de unidades habitacionais ofe-recidas. A TOH mdia, no perodo de 2003 a 2008, foi de 53,73%.

    A Taxa de Ocupao de Leitos (TOL) mede a relao entre a quantida-de de hospedados e o nmero de leitos oferecidos. A TOL mdia, no perodo de 2003 a 2008, foi de 48,39%.

    Com relao hotelaria de selva

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  • Diagnstico de Hotelaria de Selva do Amazonas 21

    um volume de turistas de 17.655, maior que no ano anterior, quando registrou--se um fluxo de 16.286 turistas, apresen-tando um crescimento de 8,41%.

    O volume de turistas registrados nas temporadas de Pesca Esportiva, no perodo de 2003 a 2008, foi de 28.135, tendo um crescimento mdio estimado de 10%.

    Sobre a Pesca Esportiva muito di-fcil mensurar um numero real de turistas que visitam o Estado do Amazonas pelo fato da grande maioria das operadoras no divulgar os dados do fluxo turstico.

    Com relao ao movimento total de passageiros registrado no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, em 2008 tivemos um Record nas entradas de es-trangeiros no Estado, a movimentao internacional alcanou o recorde de 125.167 passageiros. Em 2007, essa movi-mentao totalizou 97.035 passageiros. Assim, verifica-se um crescimento de 29% entre 2007 e 2008.

    O turismo de Natureza a grande atrao das excurses pela Amaznia. As excurses mais procuradas incluem a Reserva de Mamirau e Humait, onde a maior atrao a pesca des-portiva no Rio Roosevelt. As excurses

    incluem passeios de barco durante a noite, chals e caminhadas pela flo-resta. A maioria das excurses tem um guia especializado.

    O Estado do Amazonas foi o primei-ro a oferecer chals de floresta, constru-dos margem de rios ou flutuando nas guas de um lago, no meio da floresta. O Estado tambm possui um dos maio-res festivais folclricos do pas: Parintins que combina msica dana e toda a cultura do Estado.

    A economia do Estado confia nas atividades de extrao principalmen-te: indstria, primria e pescado, como tambm o centro industrial de alta tec-nologia. Seus produtos agrcolas prin-cipais so: laranja, mandioca, arroz e banana. Minerais incluem pedra calc-ria, gesso e lata (metal). Em seu parque industrial, reala produo de eletr-nicos e materiais de comunicao, a indstria de metalurgia e extrao mi-neral, a fabricao de relgios e a in-dstria de bebida.

    Fonte: Associao de Hotelaria de Selva da Amaznia Brasileira

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    Constituda no dia 03 de maro de 2009, tem como objetivo agregar de forma associativa os meios de hospe-dagens de selva na Amaznia Brasileira no desenvolvimento de suas atividades empresariais e do turismo na Amaznia Legal pautado nas aes social, econ-mica e ambientalmente responsveis, desenvolvendo projetos de interesse co-letivo e permitindo a troca de experin-cias entre os hotis de selva associados e entidades no nvel Federal, Estadual e Municipal onde haja a cooperao tcnica e institucional e a relao com o turismo e a hotelaria de selva, e bem como as comunidades moradoras de locais onde a atividade pode ser uma opo de sustentabilidade e o de de-senvolver o planejamento estratgico e investimentos visando o desenvolvi-mento do ecoturismo nos Estados que formam a Amaznia Brasileira.

    Sua misso a de Promover os in-teresses de seus associados, parceiros, clientes, colaboradores, do meio am-biente e de suas comunidades junto aos setores pblicos e privados, voltados normatizao e sistematizao da ho-telaria e do turismo de selva, e tornar

    modelo de associao em nvel nacio-nal e internacional de entidade do seg-mento da atividade turstica no Brasil e na Amaznia Brasileira que utiliza de forma sustentvel, o patrimnio natural e cultural, incentiva sua conservao e busca a formao de uma conscincia ambientalista atravs da interpretao do ambiente, promovendo o bem-estar das populaes envolvidas.

    Detentora de uma infra-estrutura reconhecidamente capaz de bem re-ceber seus visitantes, h muito que a hotelaria de selva na Amaznia brasi-leira se apresenta como um destino es-pecial, muito alm do atraente mundo voltado para o turismo de selva. E cons-cientemente de nossa atuao frente a este rico cenrio de importncia glo-bal, nasceu a Associao da Hotelaria de Selva da Amaznia Brasileira com o objetivo de desenvolver e estabelecer parmetros para o melhor desempe-nho sustentvel de seus hotis e empre-endimentos filiados, envidando esforos em prol de um interesse comum: o de-senvolvimento econmico e sustentvel de suas empresas e da Amaznia.

    2. Associao da Hotelaria de Selva da Amaznia BrasileiraA

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    Por Peter Tilanus, Presidente da AHS

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    Iniciamos a largada estruturando a Associao da Hotelaria de Selva da Amaznia Brasileira buscando alcan-ar todos os Estados da Amaznia Le-gal (Acre, Amazonas, Par, Tocantins, Rondnia, Roraima, Amap) e orde-nando a hotelaria de selva base, onde ao mesmo tempo em que seguimos estruturando e desenvolvendo projetos para aplicao nas regies onde exis-tam atividades hoteleiras, buscando a sustentabilidade das comunidades do entorno de seus empreendimentos atravs de aes conjuntas com o po-der pblico de cada localidade.

    Nosso discurso prdigo em des-tacar a fora do turismo regional na Amaznia, em que um empreendimen-to hoteleiro se complementa com os outros em seus produtos, sem risco de competio.

    Intensificaremos o papel de nossos associados, que tero a responsabilida-de de selecionar as melhores propositu-ras para sua regio, sempre com vistas melhoria da capacitao profissio-nal, recurso essencial quando o tema turismo e hotelaria de selva.

    As atribuies dessa nova entidade da hotelaria nacional no param por ai. Ela dever universalizar as bases da

    hotelaria de selva no mbito regional, otimizando as relaes entre seus as-sociados e aglutinar os empresrios do setor na discusso das polticas regio-nais de incremento, sustentabilidade e regularizao do setor.

    2.1 A Histria dos Alojamentos de Selva na Amaznia Legal

    O Estado do Amazonas, pioneiro da Hotelaria de Selva no Brasil

    Os primeiros Lodges e hotis de sel-va na Amaznia Brasileira datam do incio dos anos 70/80 de onde surgiram para atender a curiosidade da comuni-dade internacional, notadamente a co-munidade europia, vidas em conhe-cer a exuberncia de sua mata tropical e que a cada ano desperta o interesse em sua rica biodiversidade, desenvol-vendo produtos tursticos e hoteleiros especficos de selva para turistas, eco-turistas, pesquisadores, cientistas e que at ento careciam de melhores estru-turas de servios at ento desconhe-cidos do segmento turstico-hoteleiro no Brasil, no que levou os novos empre-

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    endimentos hoteleiros a se especializa-rem no oferecimento de servios como transporte turstico areo e fluvial, ali de penso completa, guias especializados e atividades como passeios fluviais, fo-cagem de jacars, caminhada e visita a tribos indgenas ou ribeirinhos.

    O turismo de natureza o atrativo dos roteiros da Amaznia, onde o visi-tante tem a oportunidade de conhe-cer, aprender e valorizar a importncia da floresta tropical e os habitantes que nela vivem, os principais responsveis pela sua conservao.

    A prtica do turismo em reas natu-rais vem se elevando nos ltimos anos e esta atividade tem atrado um nmero significativo de visitantes nas regies de-tentoras de recursos naturais que antes se deslocavam para localidades litor-neas. A regio Amaznica detentora de imponente floresta e de um grandio-so rio, por isso foi a primeira a construir estabelecimentos hoteleiros em reas naturais. Entretanto, nos ltimos anos, novos complexos surgem na regio e no se tem conhecimento a respeito se estes hotis adotem aes sustent-veis que visem garantir s populaes locais melhores condies de vida e a manuteno dos recursos naturais.

    O Potencial Econmico do Turismo de Selva

    A atividade econmica com maior expanso na Amaznia o ecoturismo, que vem registrando um crescimento constante ano a ano e j conta com diversos hotis de selva, diversas em-presas de cruzeiros fluviais e de pesca esportiva.

    Uma das principais reservas de bio-diversidade do mundo, a floresta ama-znica ocupa 92% da rea territorial do Estado, na qual, estima-se, vivem 250 espcies de mamferos, 2 mil de peixes e 1,1 mil de pssaros. No Amazonas se encontra a maior populao indgena do Brasil, 28% do total.

    Graas ao turismo o setor de servi-os responde por mais de 50% da ati-vidade econmica que exploram esta atividade na Amaznia, seguido pelo setor industrial, onde a crescente pro-cura por investimentos em ecoturismo, turismo de selva e lodges necessitando de ampla discusso das bases para o desenvolvimento sustentvel desta ativi-dade, criando produtos e servios com-petitivos em plos tursticos dos Estados da Amaznia.

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    2.2 Anlise mercadolgica do produto turstico da hotelaria de selva no Estado do Amazonas.

    O presente diagnstico busca mos-trar uma analise do turismo definindo o produto turstico para a regio amaz-nica, e no devero ser considerados neste tpico os visitantes corporativos que viajam para o Estado do Amazonas a negcios, e sim, visitantes que buscam a natureza e o ecoturismo na Amaznia como atividade turstica. Portanto, faz--se necessrio observar a diferena das definies do nmero destes visitantes que constam em pesquisas elaboradas pelo Governo do Estado do Amazonas em que tem diagnosticado nossos visi-tantes em torno de 500.000 turistas/ano na regio, e com o nmero de turistas de hotis de selva sendo em torno de 80.000 turistas/ano, no que a partir da significativa diferena, faz-se necess-rio uma anlise detalhada e uma dis-cusso mais aprofundada. Assim, este diagnstico busca a criao das bases e o tratamento das realidades e das necessidades relevantes do turismo do Estado do Amazonas, buscando ques-tionar favoravelmente um dos mais im-portantes mercados tursticos do Brasil em que a freqncia de poucos turistas na regio para um produto mundial-mente to valorizado e motivo de am-

    plas discusses de carter ambiental, sustentvel, turstico e climtico.

    2.2.1 O Comportamento do Marketing Turstico do Estado do Amazonas na Atualidade.

    Todos os anos, mais de 800 milhes de pessoas viajam para fora de seu pas, de frias ou a trabalho. Dessa le-gio, equivalente metade da popu-lao da China, em torno de 4 milhes escolhem o Brasil como destino e para a Amaznia, somente 80 mil turistas, apro-ximadamente. Os nmeros referem-se a 2008/2009, e nossa participao no se-tor no ser muito melhor em 2010 e nos anos seguintes, e apesar da torcida fa-vorvel e das promessas governamen-tais, nada indica que o Estado do Ama-zonas e o Brasil daro saltos significativos nos prximos anos. A presena quase marginal da Amaznia na indstria do turismo internacional pode ser expressa-da mais claramente da seguinte forma: quando um avio lotado de turistas de-cola de algum aeroporto do planeta, apenas um dos passageiros pede para desembarcar por aqui. No bastassem os nmeros modestos, h ainda uma comparao cruel. Com seus 2.000 qui-lmetros de praias, a Amaznia, o Pan-

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    tanal, as Cataratas do Iguau e a cida-de do Rio de Janeiro, com tudo isso o Brasil recebe menos turistas at mesmo do que a minscula Cingapura, o ins-pito Dubai ou a violentssima frica do Sul. De duas uma: ou os estrangeiros re-provam esse vasto cardpio de opes, ou estamos nos vendendo l fora de maneira equivocada.

    O mercado do turismo de selva no Estado do Amazonas, tradicionalmente recebe seus turistas por um perodo de 2 at 6 dias atravs de pacotes `fecha-dos` , em que inclu-se atividades e pas-seios. Tradicionalmente tambm estes passeios se resumem em caminhada na selva, pesca de piranha, focagem de jacar, visita a casas de caboclos e o imprescindvel encontro das guas e aqui analisamos este fato interessan-te: o quanto as atividades voltadas aos turistas que buscam a diversidade e a abundncia de atrativos existentes no Estado do Amazonas esto limitadas em to poucos passeios e atividades, gerando com isso a discusso das situa-es identificadas:

    a) Se este um fato consolidado, por que no criar muito mais marketing con-ceitual nestas atividades (exemplo ao `Big Five` dos safris na frica) ou mesmo criar um conceito que o turismo no Esta-

    do do Amazonas vai muito alm destes passeios bsicos.

    Partindo desta premissa, chegamos a anlise onde se faz necessrio reconhe-cer que as visitas na regio so mesmo muito limitadas em perodo mximo de 6 dias (com uma concentrao de 4 dias), devido o Estado do Amazonas ser reco-nhecidamente uma regio de um tama-nho continental. Desta forma, analisamos que no mercado turstico nacional, as dis-ponibilidades de passeios constantes no portflio das operadoras tursticas esto limitadas pelo fato do turismo na Amaz-nia ser tratado quase na sua totalidade de frias secundrias, e no de principal motivo de frias de seus clientes brasilei-ros.

    Em se tratando do mercado de tu-rismo internacional, verificamos o fato de que na sua maioria, os turistas visitam o Estado do Amazonas inserido em viagens destinadas ao Brasil como um todo, com diversos destinos inseridos em roteiros in-cluindo tradicionalmente as cidades do Rio de Janeiro, Foz de Iguau e Salvador, levando-se a concluso que a regio amaznica no possui o perfil e, portan-to, nenhum trabalho comercial a fim de se tornar destino nico. Isso mostra que a comercializao de produtos e roteiros tursticos no Brasil se concentra somente em torno de 40 operadoras de turismo internacional localizadas no Rio de Janei-ro em que por seus interesses comerciais

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    e financeiros criam entraves e barreiras para que a regio amaznica no crie seu prprio acesso direto ao mercado de turistas internacionais, que com poucos dias disponveis seus turistas estejam prxi-mo da cidade de Manaus e sem o acesso direto aos turistas estrangeiros, os hotis de selva no tem como criar valor agrega-do e estando, desta maneira, vulnerveis s negociaes e aos baixos valores dos pacotes tursticos comercializados pelas operadoras e pelo mercado de turismo, como um todo.

    b) Ciente destes fatos mercadolgi-cos, este diagnstico mostra que os ho-tis de selva so um claro reflexo desta realidade comercial, onde h o excesso de leitos, a prtica de preos baixos, em-preendimentos e produtos extremamente iguais e em grandes dificuldades em criar lucro, e automaticamente, um segmento fraco em geral.

    c)Outro importante aspecto merece-dor de observao para anlise o fato da ausncia de grandes empresas tursti-cas proprietrias de hotel de selva. Em sua maioria, empreendimentos hoteleiros de selva so de propriedade de um dono em particular, onde implantaram seus empre-endimentos hoteleiros de selva a partir de uma viso romntica, ou seja, sem objeti-

    vos profissionais, no sendo este fato uma situao ruim em si, mas sim uma amostra de uma caracterstica deste segmento, isto , com pouco ou nenhum lucro, este segmento se caracteriza tambm de pro-prietrios frustrados e com dificuldades de se desenvolver tornando assim produ-tos e servios amadores, em sua maioria.

    d)Observa-se que em detrimento da hotelaria tradicional, a operao e a gesto de um hotel de selva so extrema-mente difceis. Qualquer atividade huma-na fora das fronteiras urbanas necessita de muita organizao, planejamento, custos elevados e dificuldades em geral, e com a inexistncia de grandes empre-sas experientes neste segmento, sobra para a gesto deste negcio para os seus proprietrios.

    e)A situao deste mercado como se mostra atualmente no dever sofrer grandes mudanas nos prximos anos. A posio do mercado turstico internacio-nal mostra-se maduro e bastante estvel, cuja alterao acontecer conforme a posio geral do Brasil no mercado do turismo mundial, ou seja, num mundo em crise, o Brasil se tornou caro sem muita pos-sibilidade de crescer ou aumentar o fluxo de seu turismo internacional. Quanto ao mercado nacional, dever haver o cres-

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    cimento conforme sua situao econ-mica interna e mostra-se mais promiss-ria que o mercado internacional, porm, o mercado do turismo nacional buscar por produtos pouco desenvolvidos que o mercado do turismo internacional.

    2.2.2 O Mercado Turstico Brasileiro e da Amaznia Cases e lies do turismo internacional

    H 50 anos, o Brasil tinha uma boa desculpa para ser pequeno no setor, pois era um pas pobre e no dispunha de infra-estrutura mnima para atrair es-trangeiros. Naquele tempo, quase trs quartos dos negcios em turismo se concentravam em cinco pases -- todos ricos: Canad, Estados Unidos, Frana, Itlia e Sua. Com o passar dos anos, a renda global melhorou, o nmero de tu-ristas decuplicou e os destinos se diver-sificaram. Muitos pases beneficiaram-se da pulverizao, uns mais, como a Es-panha e o Mxico, outros menos, como o Brasil. No seu melhor momento, o pas arrecadou 1,5% das receitas embolsa-das pelo setor. Atualmente, recebe ape-nas 0,5% do total. Como o turismo mun-dial movimenta meio trilho de dlares por ano, cada ponto percentual equi-vale a 5 bilhes de dlares, para cima

    ou no caso brasileiro para baixo. O desafio agora tentar recuperar uma parte desse dinheiro. E, em seguida, brigar por mais espao na agenda dos turistas, convencendo-os a sair de casa e experimentar a Amaznia e o Brasil. Para entrar nessa batalha, convm co-nhecer exemplos de sucesso, entre os quais se destacam os seguintes pases, apresentados em ordem alfabtica:

    frica do Sul

    Nmero de turistas estrangeiros: 6,5 milhes.

    Divisas: 7,2 bilhes de dlares.

    Desafio: Convencer o turista a visitar um pas de alta criminalidade.

    Lio para o Brasil e para a Amaznia: As autoridades locais evitam o contato do estrangeiro com a dura realidade local.

    Comentrio: Na poca do regime racista, a frica do Sul aparecia como um trao nas estatsticas internacionais do turismo. No prazo de uma dcada, conseguiu se transformar no destino que mais cresce no mundo. E o fez num ambiente adverso. Calcula-se que 11% da populao esteja infectada com

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    o vrus da Aids. Para completar, o pas apresenta o maior ndice de criminali-dade do mundo fora de regies con-flagradas, frente de Colmbia, Ja-maica e Brasil. O estmulo ao turista a promessa -- invariavelmente cumprida -- de que ele ficar distante das maze-las locais. Nas reas mais visitadas, o policiamento ostensivo. Dificilmente se veria por l uma cena como a ocor-rida h algum tempo no Rio de Janeiro, quando uma famlia de uruguaios foi atacada por uma horda de marginais. Filmada, a cena ganhou o mundo, ser-vindo de propaganda negativa para o Brasil.

    Austrlia

    Nmero de turistas estrangeiros: 4,9 milhes.

    Divisas: 12 bilhes de dlares.

    Desafio: Atrair pessoas para um pas distante, de propores continentais.

    Lio para o Brasil e para a Ama-znia: A administrao do turismo no est entregue aos polticos. gerida de forma empresarial, como deve ser.

    Comentrio: Tal como o Brasil, a

    Austrlia oferece dezenas de opes a quem a visita. Do cardpio, fazem par-te o surfe, o esqui nas montanhas prxi-mas a Sydney, os passeios pelas regies vincolas, as trilhas nos desertos, o mer-gulho na magnfica barreira de corais em Queensland e a prtica de espor-tes radicais na ilha de Sumatra. Parte fundamental do sucesso da Austrlia como destino turstico deriva da manei-ra empresarial como o negcio geri-do. O Tourism Austrlia, organismo res-ponsvel pelo setor, atua como se fosse um franqueador mster. As aes de marketing de cada estado ou munic-pio so subordinadas entidade, que a dona do nome e da imagem do pas. Treinamento em mo-de-obra especia-lizada tambm levado a srio. Cursos de turismo, equivalentes a mestrado, so dados em mais de 40 instituies de ensino. Nos ltimos anos, o governo passou a estimular a vinda de jovens es-trangeiros para estudar no pas.

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    Cingapura

    Nmero de turistas estrangeiros: 6,1 milhes.

    Divisas: 9 bilhes de dlares.

    Desafio: Elevar a taxa de ocupa-o de seus hotis, planejados princi-palmente para o turismo de negcios.

    Lio para o Brasil e para a Ama-znia: Os empresrios lanaram uma campanha de marketing internacional agressiva, anunciando uma srie de descontos atraentes.

    Comentrio: Sem praias paradisa-cas, cachoeiras, cnions ou qualquer outra paisagem espetacular, Cinga-pura, uma ilha-Estado menor do que a metade da cidade de So Paulo, tem atrado nos ltimos anos mais de 6,1 milhes de turistas estrangeiros, quase 2 milhes a mais do que a populao inteira do pas. H apenas cinco anos, a rede hoteleira local estava jogada s traas depois de passar por intenso boom imobilirio. A partir da, governo e empresrios lanaram uma agressiva campanha de marketing e negocia-ram uma srie de descontos no preo de bebidas, alimentos, dirias de hotis e tarifas da Singapore Airlines. Em pou-co tempo, Cingapura firmou-se como

    um centro de negcios de primeira li-nha com seus hotis imponentes, shop-ping centers forrados de grifes de luxo, teatros e centros de convenes.

    Dubai

    Nmero de turistas estrangeiros: 4,7 milhes.

    Divisas: 1,7 bilho de dlares.

    Desafio: Atrair pessoas para uma das regies mais inspitas do planeta.

    Lio para o Brasil e para a Ama-znia: Ruas limpas e bons investimentos em servio e em segurana podem contornar a maior parte das limitaes naturais.

    Comentrio: Um dos emirados ra-bes produtores de petrleo no explosi-vo Golfo Prsico, Dubai um dos ende-reos mais quentes do turismo mundial. Em 2002, s vsperas da invaso do Iraque pelos Estados Unidos, esse mi-nsculo territrio, com uma populao fixa de pouco mais de 1 milho de ha-bitantes, recebeu 4,7 milhes de turis-tas, um aumento de 31% sobre os de-sembarques ocorridos no ano anterior. O que atrai toda essa gente para um

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    lugar fincado no meio do deserto numa das regies mais inseguras do mundo? Transformado em centro financeiro in-ternacional, Dubai oferece servios de primeira linha, sol o ano inteiro, ruas bem cuidadas e policiadas, compras em shopping centers reluzentes e uma hotelaria cinematogrfica, na qual se incluem resorts erguidos em ilhas artifi-ciais ao largo da costa.

    Mxico

    Nmero de turistas estrangeiros: 19,7 milhes.

    Divisas: 8,9 bilhes de dlares.

    Desafio: Fazer com que os america-nos, a populao mais rica do mundo, se disponham a visitar suas atraes, a maioria delas localizada em praias.

    Lio para o Brasil e para a Ama-znia: Sem imposies governamentais, autoridades e iniciativa privada desen-volveram parcerias eficientes para in-centivar o turismo.

    Comentrio: Trs dcadas aps a criao de Cancn, o primeiro centro integrado de planejamento implanta-do na Pennsula de Yucatn, o turismo

    firmou-se como um negcio bilionrio para o Mxico. Onde havia apenas um amontoado de casas de pescadores surgiu um conjunto de hotis, clubes, campos de golfe e condomnios resi-denciais visitados por 3,5 milhes de turistas por ano, quase a soma do que o Brasil conseguiu atrair em 2003. Re-petindo: Cancn, isoladamente, mais importante para o turismo mundial do que todo o Brasil. E as obras por l no param. A regio est sendo revitalizada com a construo de hotis-butiques, uma primeira marina e trs novos cam-pos de golfe. Entre 1974 e 1984, governo e empresrios investiram 44 bilhes de dlares para criar outros trs enclaves hoteleiros semelhantes: Ixtapa, Los Ca-bos e Huatulco. O governo encarregou--se da implantao de rodovias, aero-portos, eletricidade, comunicao e saneamento bsico. Em seguida, cons-trutoras e redes hoteleiras arrendaram o terreno e fizeram o restante.

    Tailndia

    Nmero de turistas estrangeiros: 9,7 milhes.

    Divisas: 7 bilhes de dlares.

    Desafio: Contornar a burocracia de

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    entrada no pas, responsvel por uma pssima fama internacional.

    Lio para o Brasil e para a Amaz-nia: As autoridades abrandaram as exi-gncias com visto para os visitantes, esti-mulando a visitao.

    Comentrio: Os tailandeses fizeram de seus modos gentis uma marca regis-trada do pas que atrai levas de turistas para seus resorts e spas paradisacos. Ali, encontram sesses de meditao, tera-pias corporais e at aulas de culinria. Para azeitar o fluxo de turistas, o gover-no abrandou as leis de imigrao. Des-de 1993, aboliu a exigncia de vistos de entrada para 56 pases e duplicou o pra-zo de permanncia de 15 para 30 dias. O turismo, principal fonte de divisas da Tailndia, foi crucial para a rpida recu-perao do pas aps a crise financeira do Sudeste Asitico em 1997. A reduo da burocracia poderia ser copiada pelo Brasil. Um exemplo: os turistas americanos enfrentam dificuldades notveis quando decidem viajar para c, que comeam antes mesmo do embarque. Eles tm de pagar 100 dlares por um visto do gover-no brasileiro autorizando sua entrada. O Ministrio do Turismo negocia com o Ita-maraty a eliminao da cobrana, mas esbarra nas regras de reciprocidade da diplomacia brasileira. Como os Estados

    Unidos exigem vistos de entrada dos brasi-leiros, os diplomatas sentem-se na obriga-o de retribuir o tratamento.

    Quando comparado com outras inds-trias, o turismo apresenta vrias vantagens. Primeiro, uma das formas ambientalmen-te mais limpas de gerao de riqueza, ra-zo pela qual no se conhecem ONGs que combatam o surfe, o montanhismo e o mergulho praticados com respeito natu-reza. De forma que mais fcil convencer os rgos de meio ambiente a aprovar a instalao de um hotel do que de um por-to ou uma fbrica de produtos qumicos. Alm disso, no funcionam nesse segmento certos conceitos do mundo fabril. Os estu-dos mostram que a famlia que viaja para Tquio ou Roma, apenas para citar duas cidades aleatoriamente, no desenvolve com o Japo ou com a Itlia a mesma rela-o que cria com uma marca de tnis pela qual se afeioou. Nada impede que deci-da voar no ano seguinte para o Brasil. Ou seja, o turismo no regido pelo conceito estrito da fidelizao, prprio das grandes marcas.

    Poderamos ganhar mais

    Botsuana, pequeno pas no sul da frica, especializou-se na oferta de sa-

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    fris de luxo para se diferenciar de seus vizinhos Qunia e frica do Sul. Os dois exemplos abaixo, que comparam duas atraes de selva, na Amaznia e na savana africana, mostram como Bot-suana conseguiu, mais do que o Brasil, converter riquezas naturais em produtos tursticos rentveis.

    Safri em Botsuana: luxo na selva - 9000 dlares por pessoa

    Este o pacote mais caro por sete dias de safri em Botsuana

    Pesca do tucunar no rio Negro: adrenalina - 1000 dlares por pessoa

    Este o pacote mais caro por cinco dias de pescaria no rio Negro

    Pode-se atribuir o insucesso do tu-rismo brasileiro a uma srie de fatores. Alega-se, por exemplo, que o pas est longe demais das regies ricas, prximo apenas de economias que vivem em solavanco. Usa-se muito o contraponto do Mxico, que recebe 16 milhes de americanos por ano -- 80% do total de visitantes estrangeiros. A distncia expli-ca uma parte das dificuldades brasilei-ras, mas o fluxo fronteirio no deve ser tomado como uma decorrncia auto-mtica. As fronteiras do Mxico com os Estados Unidos tm mais de 300 anos,

    mas os americanos s comearam a freqentar o Mxico depois da criao das condies para atra-los. Se a dis-tncia fosse um impedimento natural, como explicar o sucesso da Tailndia ou da Austrlia, descritos anteriormen-te?

    Apesar de as autoridades da Ama-znia e brasileiras no se empenharem de forma ordenada e organizada para atrair mais turistas, o setor avana no Brasil e no possvel perceber este avano no turismo de selva da Ama-znia. O desembarque de passageiros internacionais crescente, as receitas aumentaram e o pas comeou a regis-trar supervits na conta do turismo -- a diferena entre o que os estrangeiros gastam aqui e o que os brasileiros con-somem em viagens l fora. Mais do que isso, de acordo com pesquisa da Embra-tur, 97% dos turistas estrangeiros dizem ter planos de retornar ao pas. Muitos bi-lhes e esforos foram gastos na ltima dcada para implantar no pas uma in-dstria turstica digna desse nome. Go-verno e empresrios investiram em sa-neamento bsico no litoral do Nordeste, ampliao da rede hoteleira, reforma e construo de aeroportos, restaurao do patrimnio histrico, treinamento de mo-de-obra e incontveis aes de

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    marketing para divulgar o destino Bra-sil l fora e da mesma forma, no pre-senciamos estes investimentos voltados para o incremento do turismo de selva. um esforo louvvel, mas h muito que fazer.

    A dificuldade da Amaznia em se tornar um destino turstico de primeira linha resulta de um conjunto de equvo-cos no qual se misturam falta de rumo, falsas prioridades, amadorismo e uma enorme disperso de esforos e recur-sos. Queixa-se muito da ausncia de uma poltica para o turismo quando, na verdade, ele vtima do excesso de polticas que o cercam. As verbas do governo so pulverizadas para atender a interesses difusos, sem falar na prti-ca comum de pautar nomeaes para preenchimento de cargos com base em interesses polticos momentneos. hora de o turismo amazonense ser valorizado como um setor estratgico. Para isso, fundamental coloc-lo no centro das decises.

    Portanto, o presente diagnstico objetivou indicar e mostrar que sem uma nova viso de mercado e do produto turstico nada dever mudar e qualquer possvel mudana de viso dos rumos do turismo no Estado do Amazonas exi-ge a anlise de que a regio merece

    e necessita ser considerada como des-tino nico, ao invs de constar como parte de um roteiro turstico nacional, lembrando que um destino turstico se caracteriza com voos diretos, ou ao menos sem mais escalas e sem a ne-cessidade de trocar de aeronave, com turistas que utilizam o destino amaznia como suas frias principais em um per-odo de 14 dias ou mais na regio, que se posiciona comercialmente como destino turstico forte e que possa criar produtos tursticos abraando toda a regio do entorno, conforme resumi-do nos exemplos aqui mostrados como exemplo e no devendo deixar de considerar tambm o crescimento de outros pases como a Costa Rica, a Tur-quia ou qualquer outro pas que tenha adentrado no mercado turstico mun-dial nos ltimos 10 anos.

    E ao finalizar este importante cap-tulo, o Diagnstico da Hotelaria de Sel-va da Amaznia Brasileira procurou no to somente criar aberturas de pensa-mento, sugestes, vises e sim contribuir de maneira efetiva e pragmtica para a busca de ferramentas eficazes que auxiliem o desenvolvimento dos empre-endimentos da hotelaria de selva, da manuteno e na ampliao da gera-o de renda para o turismo regional,

    e portanto, no devendo mostrar aqui, qualquer concluso ou a sugesto de planos, mas sim, criar as bases de novas discusses entre todos os envolvidos e interessados no crescimento constante e sustentvel do turismo no Estado do Amazonas.

    Fonte: Associao de Hotelaria de Selva da Amaznia Brasileira

    2.3 A Infra-estrutura dos Alojamentos de Selva no Estado do Amazonas

    O Amazonas, o maior estado da regio norte do Brasil e possui infra--estrutura de aeroportos com bons in-dicadores. Conta com 3 aeroportos administrados pela Infraero, todos com capacidade ociosa. O Aeroporto de Manaus, que possui capacidade para 3,5 milhes de passageiros/ano, pode elevar seu fluxo em mais de 40% sem problemas de capacidade. Alm dos Aeroportos de Tef e Tabatinga (Infra-ero), a regio conta com mais oito ae-roportos regionais, porm todos com baixssimo grau de utilizao.

    Fonte: Associao de Hotelaria de Selva da Amaznia Brasileira

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    A atividade hoteleira possui aspec-tos proeminentes que contribuem para o planejamento e desenvolvimento po-sitivo deste tipo de empreendimento. preciso avaliar um legado de informa-es que instrui o entendimento para melhor compreenso desde as Normas e Certificao, proposta pelas iniciati-vas oficiais de Turismo e como se trata de Alojamentos de Selva as demais au-torizaes Ambientais at a segmenta-o da Oferta. Mas o que um Aloja-mento de Selva? O conceito abrange sua localizao, estrutura fsica e arqui-tetnica, abrangendo as principais fun-damentaes tericas para o desenvol-vimento deste trabalho.

    3.1- Fundamentos de Sustentabilidade

    A sustentabilidade um tipo de desenvolvimento socioeconmico que surgiu na dcada de 70 com o objeti-vo de reparar os danos j cometidos ao meio ambiente. Este fato trouxe diversos conflitos entre o interesse econmico e a utilizao sem limite dos recursos na-

    turais no renovveis, desta aborda-gem holstica fez-se o modelo de de-senvolvimento sustentvel aquele que atende as necessidades do presente, sem comprometer a possibilidade de as geraes futuras atenderem a suas pr-prias necessidades. (DIAS, 2005). Este modelo aplica-se a qualquer setor da economia mundial, a atividade turstica um dos maiores segmentos econmico, conhecido como uma das principais al-ternativas em potencial para o desen-volvimento de um pas tornou-se neces-srio aderir sustentabilidade.

    Este fenmeno que depende de to-dos os setores da economia estreita-mente interligado com o sociocultural/ambiental/econmico, percebeu a im-portncia de manter conservado o que vem sendo seu maior produto, as reas verdes. Muitas iniciativas vm promo-vendo prticas sustentveis, a ABNT (As-sociao Brasileira de Normas Tcnicas) em parceria com o Ministrio do Turismo fundamentou normas tcnicas para im-plantao do Turismo Sustentvel com base nos princpios do CBTS (Conselho Brasileiro para o Turismo Sustentvel) estabelecendo requisitos mnimos para que os meios de hospedagem possam planejar e operar de acordo com os

    3. Bases ConceituaisBa

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  • Diagnstico de Hotelaria de Selva do Amazonas 37

    preceitos estabelecidos, seja por moti-vo de certificao ou auto-avaliaes.

    As boas prticas traduzem-se em benefcio para as empresas transfor-mando-os em uma ferramenta de co-mercializao. Na hotelaria de selva essas prticas so indispensveis, pois seu xito depende do seu atrativo con-servado, seja ele rstico ou sofisticado ambos devem contribuir para mitigar os impactos negativos de suas ativida-des, lgico que quanto maior o em-preendimento, maior ser o impacto. A construo e funcionamento de aloja-mento de selva implicam em resultados como: alterao da diversidade biol-gica; descaracterizao da paisagem; consumo de recursos naturais, poluio de rios e lagos dentre outros. As medi-das para minimizar esses impactos tam-bm so muitas: participar ou apoiar prticas de proteo e manejo, pro-mover aes educativas aos hspedes, garantir destinao final adequada para os resduos ou adotar meios para reutilizar e reciclar, envolver a comuni-dade na cadeia produtiva e etc.

    necessrio que haja iniciativa de todos os empreendimentos em adotar essas medidas consciente, garantin-do em longo prazo o desenvolvimento desta atividade seja ela motivada pelo Ecoturismo, Turismo de Natureza, Turis-mo Ecolgico, Pesca Esportiva. rele-vante afirmar que todos esses segmen-

    tos com seus diferenciais tm obtido um crescimento considervel no mercado turstico, e uma causa em comum en-tre eles oferecer a oportunidade de conhecer o ecossistema em seu estado natural, a vida selvagem e comunida-de nativa.

    3.2- Tipologia

    Alojamento de Selva:

    Os alojamentos de selva conheci-dos tambm como lodges, so equi-pamentos de hospedagem localizados em area de ambiente natural, sendo floresta densa ou em outro espao de beleza natural. Distante dos centros urbanos desenvolve atividade de inte-grao com a natureza e essas variam conforme o ecossistema local.

    O Estado do Amazonas possui vo-cao natural para o desenvolvimento deste tipo de empreendimento. A clas-sificao dos alojamentos tem como base os aspectos construtivos, servios oferecidos e a responsabilidade am-biental que cada alojamento desenvol-ve.

  • 38

    3.2.1- Pousada:

    So alojamentos de pequeno por-te, geralmente de estrutura familiar com acomodaes simples e informal, tem como caracterstica a construo arqui-tetnica horizontal e integrada regio localizada. Este tipo hoteleiro conside-rado um alojamento de lazer em propor-es menores, considerado ser o prprio atrativo da viagem, possui uma boa es-trutura de entretenimento e lazer.

    3.2.2- Pousadas Ecolgica:

    Pousada Ecolgica um tipo de hospedagem que apresenta alto ndice de responsabilidade ambiental. Utiliza--se de matrias reciclveis para cons-truo da estrutura fsica, de tcnicas para captao da gua pluviais, arma-zenamento de energia limpa (energia solar), iluminao e ventilao natural. So empreendimentos com at 15 UHs e com caractersticas construtivas en-dmicas da regio.

    3.2.3- Eco Hotel:

    So empreendimentos que apre-sentam relevantes cuidados com o meio ambiente, desde a construo at as tcnicas usadas na manuteno

    do prdio. Sua arquitetura est em per-feita harmonia com as condies locais do meio ambiente, desta forma, mitiga a alterao no local original, desen-volvem atividades de educao am-biental e promovem a participao da comunidade no desenvolvimento das atividades do Hotel. Sua estrutura fsi-ca composta no mnimo por 30 Uhs e oferece todo conforto e luxo para os hspedes.

    3.2.4- Resort de Selva:

    Resort de Selva so empreendi-mentos hoteleiros de grande porte que proporcionam ao hspede todo o luxo e conforto, so descendentes diretos dos Resorts. Possuem acomodaes de luxo, servios diferenciados, entreteni-mento e lazer como principais atrativos, esto localizados em reas naturais, mas oferecem todas as sofisticaes de um hotel urbano sendo considerados auto-suficientes. Desenvolvem projetos socioambientais.

    3.2.5- Extra-Hoteleiro:

    Prestam servios de hospedagem diferentes dos meios de hospedagem oficialmente cadastrados. Nem sempre o conforto o item principal neste tipo de acomodao, mas o principal ser-

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    vio realizado seja ele em barracas, saco de dormir, redes dentre outros. Po-demos citar o camping como exemplo, podendo este ser fixo ou mvel.

    3.2.6- Barcos:

    Na regio do Estado do Amazonas onde a maior parte do transporte flu-vial, comum os barcos regionais trans-portarem no s cargas como tambm passageiros. Essas viagens costumam ter uma longa durao necessitando assim que seja oferecido aos tripulan-tes e passageiros acomodaes. Os empreendedores com uma perspicaz viso passaram a oferecer em sua pe-quena estrutura sofisticao vista nos hotis urbanos, estes passaram a se es-truturar especificamente para este tipo de negcio, oferecendo no somente a hospedagem, mais alimentao, en-tretenimento e lazer, garantido a satis-fao do cliente que j conhecia os barcos atravs dos passeios que co-mum fazer pela regio, unindo assim o til ao agradvel.

    3.3 ASPECTOS CONSTRUTIVOS:

    Conforme princpios construtivos regionais, os alojamentos de selva ado-tam tipologias arquitetnicas baseadas na cultura ribeirinha, podendo ser es-truturadas por PALAFITAS, FLUTUANTES E HABITAES DE TERRA FIRME, podendo ser um misto de cada uma delas. Dessa forma, tais empreendimentos acabam usando, mesmo que seja indiretamen-te, essas estruturas como um diferencial competitivo no mercado.

    As caractersticas regionais da pai-sagem amaznica condicionam um comportamento contemplativo, singu-lar e nico se comparado a outros luga-res do mundo. Fazendo o Homem ab-sorver com rigor, sua determinao de domnio e aproveitamento das riquezas da hilia que se afigura um atrevimento intil quando no respeitados os aspec-tos de sustentabilidade scio-cultural e ambiental.

    As habitaes ribeirinhas espa-lhadas pelo vasto territrio amaznico apresentam-se adaptadas ao meio, mas pouco funcionais. Alm disso, ve-rifica-se de uma maneira geral, uma estagnao das tcnicas e tecnologias construtivas regionais.

    O arquiteto Severiano Mrio Porto qualificou o regionalismo ribeirinho na

  • 40

    sua eco-eficincia, adequando harmo-nicamente as modificaes urbanas e arquiteturas paisagem natural, servin-do de balizador para as construes sustentveis na selva, em equilbrio est-tico e funcional com o meio ambiente.

    Antes mesmo de entrarmos nas definies tcnicas, o arquiteto Aldeni Hayden menciona: que para enten-damos os aspectos construtivos end-micos da regio, precisamos entender a evoluo das sociedades, bem como suas especificidades locais.

    Uma habitao, nos primrdios, era para o ser humano, formaes naturais, como cavernas, por exemplo, que em termos mais pragmticos, servia para providenciar abrigo contra a precipi-tao, vento, calor e frio, alm de ser-vir de refgio contra ataques de outros animais (ou de outros seres humanos). medida que o relgio evolucionrio do desenvolvimento corre, a base es-trutural da formao das sociedades exige modificaes, o que refletem di-retamente na forma de ocupao dos espaos, com uma estrutura artificial, constituda essencialmente por pare-des e cobertura, formatada na essn-cia cultural adquirida.

    Conforme sua base intelectual au-menta pela associao de novos con-ceitos e formataes de convvio, a arte de construir automaticamente modifi-

    cada, com o acrscimo de novas tc-nicas e tecnologia construtiva, visando espelhar os anseios da sociedade.

    No caso do Amaznida, submetido vastido da regio e ao regime de vazantes e cheias das guas dos rios e igaraps, obrigando-o a sobreviver e contornar problemas atravs do apro-veitamento das oportunidades que o meio oferece, tem sua formao arqui-tetnica baseada na transferncia fa-lada, obtida por meio de erro e acer-to de seus antepassados, e elaborada com os recursos da floresta.

    Diferentemente de outras regies do mundo, que tiveram uma evoluo arquitetnica ancorada em formas, simbologias, misticismo e especificida-des construtivas, nossa tipologia padro parece ter parado em algum ponto, do trecho evolutivo, no que tange ao esti-lo, tcnica edificvel e formalizao de um desenho mais elaborado.

    A PALAFITA, a qual possui um siste-ma construtivo adequado para regies alagadias (vrzea) cuja funo evi-tar que a mesma seja arrastada e sub-mersa pela periodicidade das guas e pela corrente. So construes carac-terizadas por seus pilotis (colunas) de madeira, elevando a edificao a altu-ras definidas pelos perodos de cheias. Dependendo de seu isolamento, as construes mais afastadas dos cen-

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  • Diagnstico de Hotelaria de Selva do Amazonas 41

    tros urbanos, podem empregar o uso de barro no piso e ter seus fechamen-tos em palha e/ou madeira com ramos tranados de modo aceitar um reves-timento de argila, possibilitando desta forma o uso do fogo em seu interior.

    As margens de igaraps, furos ou parans, apresentam condio ideal para a instalao para essas habita-es ou moradias, pois o alimento fica ao alcance das mos, facilitando a vida do homem amaznida que possui no peixe, o principal ingrediente do seu cardpio alimentar.

    Salienta-se que a vertente regio-nalista da arquitetura, que vem sendo rediscutida desde princpios da dca-da de 80, professa contra a homoge-neidade e indiferena de uma cultura da virtualidade e da imagem, concla-mando a uma ao centrada em uma agenda de tica social. Assenta-se na crena, da existncia de tradies lo-cais autnticas que devem ser preser-vadas. Isto implica poder avaliar a legi-timidade dos signos representativos de uma cultura.

    No alheio a toda essa discusso devemos trazer o que Haeckel definiu como sendo ecologia um estudo da economia e do modo de habitar dos organismos vivos, considerando a rede intrincada de relaes que estabele-cem entre si e com o ambiente em que

    vivem, tendo como objetivo a luta pela existncia. A idia de organizao embu-tida no conceito de ecologia de Haeckel, de que existem foras que atuam dentro de zonas ambientais, equilibrando-as e ordenando-as em formaes tpicas, re-ferenda as teorias liberais da poca e vai influenciar enormemente outras reas de conhecimento.

    Os aspectos construtivos de um alo-jamento de selva devem primar por um olhar crtico e sensvel, baseados no con-ceito de ecologia de Haeckel e nos prin-cpios de Severiano Porto que valoriza a arquitetura amaznica autctone, res-gata as tcnicas construtivas e tipologias tradicionais fundindo-as sutilmente ao re-pertrio moderno. Essa atitude de aber-tura ao lugar resulta em um ambiente estrutural contextualizado, coerente com o meio fsico e cultural em que se insere, sem se esquecer, claro, que o impacto ambiental deve ser o menor possvel.

    Hayden, salienta que proteger a edi-ficao do acmulo de calor, das chuvas constantes, do sol, dos insetos, e otimizar a ventilao natural, so as premissas b-sicas a serem seguidas para se obter uma arquitetura adequada ao clima quente--mido da paisagem selvtica.

    Mesmo assim, depois de toda essa discusso sobre as Palafitas Amaznicas, no podemos esquecer das estruturas de TERRA FIRME, que so casas ou habi-

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    taes elevadas do solo para que o ar circule por todos os lados e proteja a casa da entradas dos animais.

    Temos tambm como estruturas uti-lizadas pelo amaznida e pelos aloja-mentos de selva o FLUTUANTE, que um aglomerado de casebres de palha so-bre troncos de madeira a estrutura de um flutuante uma amarrao de to-ras de madeira que flutua sob as guas, formando uma plataforma de base para todo o hotel. Atualmente, utiliza--se garrafas PET para fazer um flutuante, uma iniciativa ecologicamente correta.

    Sugere-se que essas estruturas se-jam utilizadas pelos ALOJAMENTOS DE SELVA como diferenciais em relao a sua competitividade no mercado tu-rstico, como tambm exemplos de in-terao e interpretao da paisagem amaznica, na relao do homem amaznida com o seu meio, favore-cendo, desta forma, a hospitalidade turstica nos equipamentos hoteleiros da Amaznia Legal, localizados fora da rea urbana, requisito fundamental para estar em contato com a natureza e ambincia amaznica.

    3.4 Segmentos da oferta para os aloja-mentos de selva

    O processo de segmentar o merca-do de atuao realizado atravs da escolha de um grupo de pessoas com interesses comuns, para qual a empre-sa possa formular estratgias e oferecer um produto destinado e especfico a este grupo. Quando utilizamos esta fer-ramenta de Marketing para o turismo, denominamos Segmentao Turstica.

    Segundo BENI (2003) , essa segmen-tao possibilita o conhecimento dos principais destinos geogrficos e tipos de transporte, da composio demo-grfica dos turistas, como faixa etria e ciclo de vida, nvel econmico ou de renda, incluindo a eslasticidade-preo e da demanda, e da sua situao so-cial, como escolaridade, ocupao, estado civil e estilo de vida.

    Para o Turismo, o principal aspecto a ser evidenciado para segmentar uma demanda turstica o Motivo da Via-gem.

    Nos alojamentos de selva da Ama-znia Legal, os segmentos que envol-vem o turismo em reas naturais so os principais demandantes e usurios desses meios de hospedagem, como: Ecoturismo Turismo de Pesca, Turismo de Aventura e Turismo Rural. Estes seg-

    mentos geralmente so realizados em ambiente natural, longe de qualquer in-fra-estrutura urbana, porm, este pbli-co busca usufruir de locais confortveis e bons servios no local de execuo das atividades.

    Para melhor entendimento sobre o que abrange as atividades ligadas ao turismo em reas naturais, segue abaixo as bases conceituais dos segmentos tu-rsticos regulamentados pelo Ministrio do Turismo.

    Ecoturismo

    Ecoturismo um segmento da ativi-dade turstica que utiliza, de forma sus-tentvel, o patrimnio natural e cultural, incentiva sua conservao e busca a formao de uma conscincia ambien-talista atravs da interpretao do am-biente, promovendo o bem-estar das populaes.

    A prtica do Ecoturismo pressupe o uso sustentvel dos atrativos tursticos. O conceito de sustentabilidade, embo-ra de difcil delimitao, refere-se ao desenvolvimento capaz de atender s necessidades da gerao atual sem comprometer os recursos para a satis-fao das geraes futuras. Em uma abordagem mais ampla, visa promover a harmonia dos seres humanos entre si e com a natureza. Utilizar o patrimnio

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    natural e cultural de forma sustentvel representa a promoo de um turismo ecologicamente suportvel em longo prazo, economicamente vivel, assim como tica e socialmente eqitativo para as comunidades locais. Exige inte-grao ao meio ambiente natural, cul-tural e humano, respeitando a fragilida-de que caracteriza muitas destinaes tursticas.

    Turismo de Pesca

    Turismo de Pesca compreende as atividades tursticas decorrentes da prtica da pesca amadora.

    Pesca amadora

    Atividade de pesca praticada por brasileiros ou estrangeiros, com a finali-dade de lazer, turismo ou desporto, sem finalidade comercial.. Por imposio le-gal, os peixes abaixo do tamanho mni-mo de captura devem retornar gua, e a cota de captura deve ser respeitada.

    Para fins tursticos de planejamen-to, promoo e comercializao de Turismo de Pesca, principalmente para o mercado internacional , utiliza-se o termo Pesca Esportiva. Trata-se da pes-ca amadora caracterizada pela prtica de devolver gua os peixes menores

    (protegidos por lei) e tambm os maiores (principais reprodutores e atrativos tursti-cos). O abate, quando ocorre, limita-se aos de tamanho intermedirio, para o consumo no local da pescaria. tam-bm conhecida como Pesca Desportiva.

    Turismo de Aventura

    Turismo de Aventura compreende os movimentos tursticos decorrentes da prtica de atividades de aventura de carter recreativo e no competitivo.

    A palavra aventura do latim ad-ventura - o que h por vir remete a algo diferente. Para fins deste conceito consideram-se atividades de aventura as experincias fsicas e sensoriais recre-ativas que envolvem desafio, riscos ava-liados, controlveis e assumidos que po-dem proporcionar sensaes diversas: liberdade; prazer; superao, etc.

    Turismo Rural

    Turismo Rural o conjunto de ativi-dades tursticas desenvolvidas no meio rural, comprometido com a produo agropecuria, agregando valor a pro-dutos e servios, resgatando e promo-vendo o patrimnio cultural e natural da comunidade.

    O Turismo Rural, alm do compro-

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    metimento com as atividades agrope-curias, caracteriza-se pela valoriza-o do patrimnio cultural e natural como elementos da oferta turstica no meio rural. Assim, os empreendedores, na definio de seus produtos de Tu-rismo Rural, devem contemplar com a maior autenticidade possvel os fatores culturais, por meio do resgate das mani-festaes e prticas regionais (como o folclore, os trabalhos manuais, os cau-sos, a gastronomia), e primar pela con-servao do ambiente natural.

    3.5 NORMALIZAO E CERTIFICAO

    O homem, ser constitudo de razo que vive em sociedade, tem suas ativi-dades regidas por normas. Para dirigir um carro, por exemplo, ele deve conhe-cer e obedecer s leis de trnsito e estar devidamente habilitado pelos rgos competentes. Assim tambm com as atividades ligadas ao turismo, que tem como principal objetivo organiz-las atravs da criao de regras ou normas tcnicas de modo que contribua com o desenvolvimento econmico e social de uma determinada regio. As normas so criadas pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT), juntamente com o frum nacional de normalizao,

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    o qual possui uma ampla participao por parte dos interessados, so eles con-sumidores, profissionais, empresas, orga-nizaes, profissionais e instituies de ensino, alm do governo.

    por meio das normas tcnicas que a atividade vem sendo controlada e sistematizada, aes responsveis e se-guras tanto para o consumidor quanto para os prestadores de servios. Elas po-dem ser aplicadas em produtos, servios, processos, sistemas de gesto e pessoas, constituindo condies de qualidade e segurana sendo elementos fundamen-tais para o sucesso da atividade.

    Segundo a Associao Brasileira de Normas Tcnicas para os meios de hos-pedagem ela estabelece alguns pr--requisitos, no qual possibilita planejar e operar as atividades de acordo com os princpios estabelecidos para o turismo sustentvel, tendo sido regida de forma a aplicar-se a todos os tipos e portes de organizaes e para adequar-se a dife-rentes condies geogrficas, culturais e sociais, mas com ateno particular a realidade e a aplicabilidade s peque-nas e mdias empresas.

    A lei geral do turismo de 11 de se-tembro de 2008 regulamenta meios de hospedagem como os empreendimen-

    tos ou estabelecimentos, independen-temente de sua forma de constituio, destinados a prestar servios de aloja-mento temporrio, ofertados em unida-des de freqncia individual e de uso exclusivo do hspede, bem como outros servios necessrios aos usurios, deno-minados de servios de hospedagem, mediante adoo de instrumento con-tratual, tcito ou expresso, e cobrana de diria.

    Como no exemplo, no basta ape-nas conhecer as normas, tambm necessrio possuir certificaes e estar apto a realizar as atividades do turismo. A certificao o processo que garan-te a conformidade do produto ou ser-vio turstico, servindo como diferencial no mercado cada vez mais competiti-vo, conquistando novos clientes. Certifi-car o servio turstico assegurar junto ao mercado e aos consumidores que o turismo est preparado, garantindo a composio de seus produtos executan-do corretamente os servios de acordo com cada norma existente.

  • Diagnstico de Hotelaria de Selva do Amazonas 45

  • 46

    O Diagnstico da Hotelaria de Sel-va do Estado do Amazonas busca incor-porar as aes de planejamento local e de capacitao, como parte da estra-tgia turstica do poder pblico que, a partir de 2003, vem incluindo a questo da sustentabilidade nas aes voltadas para essa atividade econmica. C o m essa medida, a AHS pretende atuar no apoio ao surgimento de uma nova mentalidade nas populaes locais dos plos tursticos e hoteleiro onde atue, e que atenda s necessidades do pre-sente, com reflexos benficos para o fu-turo, atravs da gerao de trabalho e renda. importante ressaltar que o xito dos projetos de desenvolvimento local depende da articulao e mobilizao das empresas envolvidas e de sua ca-pacidade de transformar os recursos produtivos em fonte efetiva de suple-mentao de renda de sua popula-o. Com esse propsito, destacam-se aes de apoio criao de grupos de trabalho regionais, bem como pro-jetos de desenvolvimento de oficinas de experincias empresariais em plos tursticos, implantao de programas de educao do turismo e ecoturismo, programas de Qualidade em Turismo, em articulao e parceria com as pre-feituras, organismos governamentais, no-governamentais e privados.

    necessrio destacar tambm que o setor de turismo congrega grande nmero de atividades para micro e pe-quenas empresas, e que se faz necess-rio tambm preparar o produto turstico na Amaznia detectando a defasagem do setor; afim de gerar concretamen-te subsdios para a continuidade das aes da AHS, de seus associados e da comunidade envolvida no segmen-to da hotelaria de selva da Amaznia Brasileira.

    A construo de alojamentos de selva na Amaznia tem como base o turismo e o ecoturismo, onde se en-contram em permanente expanso no Brasil, ensejando oportunidades para a construo de hotis que explorem as potencialidades da selva brasileira ba-seados em fontes de pesquisa e que possam nortear investimentos.

    4.1 OBJETIVOS

    O objetivo da presente pesquisa o de promover o levantamento e diag-nstico regional da infra-estrutura b-sica da hotelaria de selva e consolidar

    4. Projeto diagnstico da hotelaria de selva do AmazonasPr

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    produtos tursticos de maneira a viabi-lizar o desenvolvimento sustentvel do segmento no Estado. Entre os objetivos secundrios constam: a padronizao das aes voltadas atividade do se-tor, a acelerao da tomada de deci-ses, em nvel regional, Estadual e Fe-deral, facilitao da identificao do fluxo turstico, o subsidio para a destina-o e direcionamento de investimentos e recurso.

    Este projeto visa tambm disponi-bilizar ao pblico alvo uma ferramenta de apoio identificao dos empreen-dimentos hoteleiros de selva no Estado do Amazonas, por meio de informa-es atualizadas, capaz de demons-trar e produzir, em loco, material para orientao de aes institucionais do poder pblico e bem como iniciati-va privada no que tange a investido-res, operadores tursticos, agncias de fomento, e outros. As aes principais consistem na confeco de uma amos-tragem de diagnstico tcnico, com o contedo Institucional, bem como na confeco de um catlogo de apre-sentao, configurando-se como um manual do usurio, onde o CD estar fisicamente inserido.

    O projeto contemplar todo o Es-tado do Amazonas, compreendendo todas as regies que possuam empre-endimentos hoteleiros de selva.

    Uma das aes do projeto, a cons-truo e publicao no Portal de Inter-net www.hotelariadeselvabrasil.com, onde estar disponvel, informaes, relevantes para as operadoras interna-cionais de turismo que comercializam o produto, bem como para aquelas com potencial para iniciarem a comerciali-zao e para os turistas que desejam conhec-lo.

    Gerar indicadores do segmento hoteleiro de selva em nveis locais e re-gionais;

    Produzir uma srie histrica do setor para avaliao da competitividade;

    Fornecer informaes que possam subsidiar o planejamento estratgico da atividade da hotelaria de selva no Estado do Amazonas;

    Dar suporte a polticas pblicas es-taduais e municipais, para o desenvol-vimento do segmento;

    Monitorar a evoluo da atividade no Estado.

    Proporcionando:

    Gerao de atratividade por meio de novos produtos tursticos;

  • 48

    Melhora de operaes e infra-es-trutura;

    Incremento da qualidade de servi-os;

    Melhora do ambiente de negcios;

    Melhora no desempenho do seg-mento.

    4.2 JUSTIFICATIVAS

    O presente projeto se justifica pela necessidade premente de melhor co-nhecer a dinmica da oferta da hotela-ria de selva no Estado do Amazonas, vi-sando nortear a assertividade das aes e subsidiar decises, com o fornecimen-to de dados que gerem conhecimento e forneam orientao para a formula-o de diretrizes estratgicas. Tendo em vista que grande parcela dos negcios desse segmento de atividade econmi-ca de micro, pequeno e mdio porte, o diagnstico regional da infra-estrutura turstica, ser de grande importncia para diversas entidades pblicas e priva-das, voltadas para o desenvolvimento do turismo do Amazonas, uma vez que visa criar subsdios para consolidar os produ-tos desta atividade empresarial de ma-neira sustentvel.

    Como ser o primeiro instrumento de coleta deste segmento j realizado na Amaznia Brasileira, espera-se partir do presente estudo, viabilizar metodolo-gia indita para este tipo de segmento, definindo mtricas passveis de avalia-o em um instrumento amplo, porm objetivo e adequado de modelos exis-tentes realidade do mercado brasileiro.

    Resultados esperados (Destinos)

    Maior sensibilizao das empresas e dos diversos rgos pblicos e priva-dos em funo do reconhecimento do Estudo como ferramenta estratgica;

    Indicao de fontes locais a partir do melhor conhecimento prvio do Es-tudo;

    Amadurecimento do olhar estra-tgico desta atividade com base na anlise dos indicadores e das variveis analisadas.

    Refinamento de polticas

    Aproximao cada vez maior da realidade do segmento;

    Capacidade de aproveitamento dos indicadores;

    Apoio da instncia de governana

    municipal, estadual e federal;

    Manter os mesmos respondentes, quando possvel, de forma a incremen-tar as contribuies para o Estudo;

    Maior sensibilizao dos envolvidos em funo do reconhecimento do Estu-do como ferramenta estratgica;

    Indicao de fontes locais a partir do melhor conhecimento prvio do Es-tudo;

    Amadurecimento do olhar estrat-gico sobre a atividade turstica da hote-laria de selva com base na anlise dos indicadores e das variveis analisadas.

    4.3 METODOLOGIA DE TRABALHO

    Para o inicio das atividades do diagnstico foram realizadas reunies para determinar metas e prazos, assim como, um brainstorming para definir a realizao das etapas do projeto.

    As atividades que envolveram a contextualizao da segmentao de Alojamento de Selva foram divididas entre todos os envolvidos no projeto e atravs de reunies semanais foram apresentados os resultados.

    Proj

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  • Diagnstico de Hotelaria de Selva do Amazonas 49

    A coleta de dados dos municpios e contatos com empreendimentos ho-teleiros foram realizadas diariamente via e-mail e telefone com os 62 munic-pios do Estado Amazonas. Os contatos foram direcionados para as Prefeituras e/ou Secretarias de Turismo, para bus-car informaes sobre alojamentos de selva localizados nas reas rurais dos municpios.

    Para a execuo do diagnstico foram utilizadas as seguintes bases con-ceituais e metodolgicas:

    Organizao das etapas de pes-quisa tomando como base zoneamen-to dos Municpios atravs da diviso das Sub-Regies do Estado do Amazonas.

    Pesquisas realizadas em sites ins-titucionais e referncias bibliogrficas para a contextualizao dos conceitos de alojamento de selva.

    Realizao de contatos com Pre-feituras e Secretarias de Turismo dos Municpios.

    Preenchimento de formulrios constando informaes de cada Aloja-mento de Selva.

    Entrevista com Sr. Aldeni Hayden Cavalcante Jnior Arquiteto e Urba-nista.

    Devido s divergncias de informa-es encontradas junto as Prefeituras no que concerne aos aspectos geogr-ficos, como a rea de abrangnc