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FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE MATO GROSSO (FAMATO) FUNDO DE APOIO À BOVINOCULTURA DE CORTE (FABOV) DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA AGROINDUSTRIAL DA BOVINOCULTURA DE CORTE DO ESTADO DE MATO GROSSO Sumário Executivo Cuiabá, outubro de 2007

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FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE MATO GROSSO (FAMATO)

FUNDO DE APOIO À BOVINOCULTURA DE CORTE (FABOV)

DIAGNÓSTICO DA CADEIA PRODUTIVA AGROINDUSTRIAL DA

BOVINOCULTURA DE CORTE DO ESTADO DE MATO GROSSO

Sumário Executivo

Cuiabá, outubro de 2007

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“Não está na natureza das coisas que um único homem realize um

descobrimento súbito e inesperado; o conhecimento avança passo a passo e cada

homem depende do trabalho dos seus pares e de seus predecessores".

Sir Ernest Rutherford

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Sumário Executivo

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EQUIPE Coordenação Luiz Carlos Meister (Coordenador-Geral - FAMATO) Altair Dias de Moura (Coordenador-Técnico - UFV) Equipe Técnica Adriano Marcos Rodrigues Figueiredo (UFMT) Alberto Martins Rezende (UFV) José Manuel Carvalho Marta (UFMT) Marília Fernandes Maciel Gomes (UFV) Sandra Cristina de Moura Bonjour (UFMT) Viviani Silva Lirio (UFV) Consultores ad hoc Alexander Estermann Amado de Oliveira Filho Luciano de Souza Vacari Equipe Técnica Complementar Anamaria Gaudencio Martins (IMEA/FAMATO) Ângelo Antônio Ferreira (UFV) Beatriz de Assis Junqueira Nívea Maria Loures de Oliveira Estagiários Aline Beatriz Mucellini Daniel Ávila Andrade de Azevedo Daniel Carneiro de Abreu Ellenise Elsa Emídio Bicalho Pedro Del Bianco Benedeti Rebecca Impelizieri Moura da Silveira

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SUMÁRIO

Página LISTA DE TABELAS .............................................................................. vi LISTA DE FIGURAS ............................................................................... viii APRESENTAÇÃO ................................................................................... x CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO .............................................................. 1 1.1. O problema e sua importância ............................................................ 3 1.2. Organização do trabalho ..................................................................... 8 CAPÍTULO II – REFERENCIAL TEÓRICO .......................................... 9 CAPÍTULO III – PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................. 12 3.1. Dados e procedimentos empíricos ...................................................... 16

3.1.1. Variáveis escolhidas e tratamento dos dados ........................... 19

CAPÍTULO IV – SÍNTESE DOS DIRECIONADORES ......................... 22 4.1. Análise da competitividade do segmento de insumos da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso .................. 24

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Sumário Executivo

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Página 4.2. Análise da competitividade do segmento de produção da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso ....................... 29 4.3. Análise da competitividade do segmento de abate e processamento

da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso ................................................................................................ 43

4.4. Análise da competitividade do segmento de distribuição da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso ................ 48 CAPÍTULO V – AÇÕES PROPOSTAS ................................................... 54 5.1. Propostas de âmbito geral passíveis de atuação direta dos agentes da

cadeia produtiva ................................................................................. 54 5.2. Propostas de âmbito geral ligadas a decisões de escopo político e

macroeconômico ................................................................................ 57 5.3. Propostas para o segmento de insumos .............................................. 58 5.4. Propostas para o segmento de produção ............................................. 60

5.4.1. Tecnologia ................................................................................ 60 5.4.2. Relações de mercado ................................................................ 62 5.4.3. Gestão ......................................................................... 62 5.4.4. Ambiente institucional ............................................... 63

5.5. Propostas para o segmento de abate e processamento ....................... 64 5.6. Propostas para o segmento de distribuição ......................................... 66 CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES ............................................................ 69 REFERÊNCIAS ........................................................................................ 74

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vi

LISTA DE TABELAS

Página 1 Produção, rebanho e abate de bovinos no Brasil – 1996 a 2007 .. 4 2 Distribuição da produção e abate por região do Brasil – 2007

(projeção) ..................................................................................... 5 3 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de insumos da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, 2007 ........ 26

4 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região do Pantanal – Mato Grosso, 2007 .............................................................................................. 31

5 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Sudoeste – Mato Grosso, 2007 .............................................................................................. 32

6 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Centro-Sul – Mato Grosso, 2007 .............................................................................................. 33

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vii

Página 7 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Leste – Mato Grosso, 2007 . 34

8 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Norte – Mato Grosso, 2007 35

9 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de abate e processamento da bovinocultura de Mato Grosso, 2007 ........................................... 45

10 Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores

utilizados na análise do segmento de distribuição da bovinocultura de Mato Grosso, 2007 ........................................... 50

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viii

LISTA DE FIGURAS

Página 1 Evolução da produção brasileira de carne bovina em mil

toneladas de equivalente-carcaça – 1996 a 2007 ......................... 4 2 Esquema representativo da proposta de melhoria da

competitividade de uma cadeia produtiva .................................... 7 3 Divisão regional utilizada na pesquisa (levantamento primário e

análise dos dados), Mato Grosso – Brasil .................................... 18 4 Apresentação esquemática da cadeia produtiva da bovinocultura

de corte do Estado de Mato Grosso .............................................. 23 5 Direcionadores de competitividade do segmento de insumos da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, 2007 .................................................................. 25

6 Direcionadores de competitividade do segmento de produção da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, por regiões, 2007 .............................................................................................. 36

7 Direcionadores de competitividade do segmento de abate e

processamento da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, 2007 ........................................ 46

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Página 8 Direcionadores de competitividade do segmento de distribuição

da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, 2007 ........ 51

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x

APRESENTAÇÃO

A busca pela eficiência produtiva e gerencial, bases da competitividade

setorial, constitui a tônica fundamental de variadas pesquisas, que utilizam

abordagens e perspectivas distintas, de acordo com sua abrangência e objeto de

análise. Na construção do Diagnóstico sobre a Bovinocultura de Corte do Estado

de Mato Grosso, optou-se pelo desenvolvimento de pesquisa multiinstitucional e

multidisciplinar, que pôde ser efetivada graças ao consórcio realizado entre a

Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a Universidade Federal de Mato Grosso

(UFMT), com o apoio de consultores ad hoc da Federação da Agricultura e

Pecuária do Estado de Mato Grosso (FAMATO), contratante e coordenadora

geral do trabalho, sendo a instituição financiadora da pesquisa o Fundo de Apoio

à Bovinocultura de Corte (FABOV).

O estabelecimento deste consórcio permitiu a agregação de competências

na formação de uma equipe ampla para a realização do estudo. É relevante

destacar que foram preservadas, dentro do possível, as aptidões de vantagens dos

participantes em cada uma das suas áreas preferenciais de atuação.

Este sumário apresenta os resultados mais relevantes do diagnóstico para

cada um dos aspectos analisados. Objetiva, portanto, informar, de maneira

sistematizada, sobre os principais entraves e vantagens de cada um dos

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segmentos que compõem a Cadeia Produtiva Agroindustrial da Bovinocultura de

Corte do Estado de Mato Grosso.

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

A economia mundial vem sofrendo intensas transformações desde

meados da década de 1980, dentre as quais se destacam os processos de

globalização financeira e econômica, a consolidação de blocos de comércio e as

buscas para a formação de novos “megamercados”. Esses processos foram

induzidos por fortes pressões políticas e comerciais, e, no caso dos países em

desenvolvimento, como o Brasil, tais pressões foram relacionadas,

principalmente, à crise da dívida externa. As obrigações referentes às

amortizações e juros têm feito com que os países em desenvolvimento busquem,

freqüentemente, superávits em seus balanços de conta-corrente com freqüente

opção pela contração da demanda interna.

Desse processo de globalização econômica resultou um novo padrão de

competição, caracterizado, entre outros aspectos, pela maior adaptação da

produção às necessidades da demanda, em substituição à oferta generalizada de

produtos padronizados. Esse novo modelo concorrencial surgiu em decorrência

das medidas tomadas em busca de maior integração entre as economias, calcadas

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em um modelo de maior liberalização comercial. O principal objetivo dessas

medidas foi reduzir o nível de proteção dos setores produtivos nacionais para

favorecer o intercâmbio comercial entre países, estimulando a concorrência e a

transferência de tecnologia. Essa competição passou, gradualmente, a ser mais

abrangente, com novos competidores, novos conceitos em produtos e processos e

acessibilidade a novas tecnologias.

Dentro deste contexto, os fatores condicionantes da competitividade no

mercado externo passaram a ter crescente importância, principalmente para os

países em desenvolvimento. Com essa orientação política, surgiram alguns

problemas como, por exemplo, os relacionados ao crescimento econômico, em

conseqüência da crescente dependência de fatores externos. Com isso, os países

passaram, então, a buscar melhor alocação dos recursos disponíveis, na tentativa

de retomar este crescimento.

A competitividade, porém, tem gerado muitas controvérsias. Na verdade,

existem duas correntes principais em relação a esse fator. A primeira trata a

competitividade como uma variável ex-post, ou seja, uma medida de desempenho

que é expressa, fundamentalmente, pelo indicador de participação no mercado de

uma firma ou indústria em certo período no tempo. A segunda corrente trata a

competitividade como um fenômeno ex-ante, ou seja, o produtor é que a define

ao escolher as técnicas de produção que utiliza, dadas as restrições tecnológica,

gerencial, financeira e comercial.

Deve-se considerar, ainda, que fatores externos à empresa e à indústria

influenciam na capacidade competitiva destas. Dois exemplos importantes são: a

existência de uma infra-estrutura adequada para o sistema de distribuição, que

melhora a competitividade dos produtos da economia como um todo, e a

interferência governamental, que causa distorções na competitividade a partir de

políticas setoriais como concessão de subsídios, entre outras.

De forma mais estruturada, esses fatores externos podem ser

classificados em ambiente macroeconômico1, infra-estrutura econômica2 e infra-

1 Envolvendo: taxa de inflação, taxa de juros, taxa de câmbio, estrutura tributária, política salarial, entre

outros. 2 Engloba, entre outros, transporte de carga, armazenagem, sistema portuário, energia e comunicações.

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estrutura técnico-científica e educacional3, sendo o desenvolvimento conjunto

destes fatores fundamental para o desenvolvimento da competitividade das

empresas e da nação. Assim, a competitividade deve ser compreendida como

uma variável de caráter sistêmico, ou seja, resultante da combinação de múltiplos

fatores e não da ação de fatores isolados. Essa visão abrangente e integrada é que

norteia, portanto, a proposta de análise da competitividade da cadeia produtiva

agroindustrial da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso.

1.1. O problema e sua importância

A bovinocultura de corte nacional apresenta diversos sistemas de

produção e grande variação dos níveis de produtividade como conseqüência da

diversidade regional. Essas variações ocorrem, principalmente, em razão da

fertilidade dos solos, do clima e, em especial, do tipo de tecnologia empregada.

Entre os anos de 1996 e 2007, a produção brasileira passou de um

quantum correspondente a 6.045 mil toneladas de equivalente-carcaça para 9.200

mil, o que representa crescimento de aproximadamente 52% (Figura 1).

Comparativamente, a produção nacional apresenta crescimento maior

que o aumento do consumo doméstico; assim, o Brasil dispõe de um excedente

que está sendo absorvido pelas exportações (BRASIL, 2007). Em termos

numéricos, o Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo, estimado em

aproximadamente 207,2 milhões de cabeças para o ano de 2007, e um abate da

ordem de 45 milhões anuais (Tabela 1).

3 Caracterizado pelos seguintes fatores: ensino básico e superior, institutos e centros de pesquisa,

laboratórios, instituições de normalização e certificação de qualidade, ensino técnico especializado, etc.

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* Valor preliminar. ** Estimativa. Fonte: Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC) (2007). Figura 1 – Evolução da produção brasileira de carne bovina em mil toneladas de

equivalente-carcaça – 1996 a 2007.

Tabela 1 – Produção, rebanho e abate de bovinos no Brasil – 1996 a 2007

Ano Produção1 Variação

acumulada (%)

Rebanho2 Variação

acumulada (%)

Abate2 Variação

acumulada (%)

1996 6.045 - 153,1 - 31,0 - 1997 5.820 3,87 156,1 1,92 29,1 -6,53 1998 6.040 -0,08 157,8 2,98 30,2 -2,65 1999 6.270 3,59 159,2 3,83 31,3 0,96 2000 6.650 9,10 164,3 6,82 32,5 4,62 2001 6.900 12,39 170,6 10,26 33,8 8,28 2002 7.300 17,20 179,2 14,56 35,5 12,68 2003 7.700 21,49 189,1 19,04 37,6 17,55 2004 8.350 27,60 197,8 22,60 41,4 25,12 2005 8.750 30,91 202,7 24,47 43,1 28,07 2006* 8.950 32,46 204,7 25,21 44,4 30,18 2007** 9.200 34,29 207,2 26,11 45,0 31,11

Fonte: Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC) (2007). Obs.: *Valor preliminar; ** Estimativa 1em mil toneladas em equivalente-carcaça, 2milhões de cabeças.

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Quanto ao padrão espacial, a produção de bovinos de corte está

distribuída em todo o território nacional; porém, concentra-se nas regiões Centro-

Oeste e Sudeste, com, respectivamente, 32,16% e 25,65% da produção. No caso

do abate, a distribuição possui padrão bastante similar, com 31,79% no Centro-

Oeste e 26,30% no Sudeste, conforme mostrado na Tabela 2.

Tabela 2 – Distribuição da produção e abate por região do Brasil – 2007 (proje-ção)

Região Produção* (%) Abate** (%)

Norte 1.201.162 14,78 6.419.439 14,64 Nordeste 1.036.584 12,76 5.702.943 13,00 Sudeste 2.084.502 25,65 11.535.650 26,30 Sul 1.190.314 14,65 6.261.413 14,28 Centro-Oeste 2.613.571 32,16 13.942.685 31,79 Total 8.126.134 43.862.130

Fonte: Anualpec (2007). * Toneladas de equivalente-carcaça, ** cabeças.

Deve-se salientar que as regiões Sul e Sudeste alcançaram os limites de

expansão de área e apresentam possibilidades de abertura de fronteiras muito

limitadas. Desse modo, o aumento do rebanho ocorre através da substituição de

outras atividades pela bovinocultura de corte (ou com intensificação do sistema

produtivo), ao contrário das regiões Centro-Oeste e Norte, que têm se destacado

pelo crescimento do rebanho em termos territoriais. Em âmbito estadual, o

Estado de Mato Grosso concorre em igualdade com o Estado de Mato Grosso do

Sul, sendo estes os maiores produtores de carne bovina no país.

Destaca-se que a proposta de realização da referida pesquisa teve suas

origens na percepção de que o estado, embora ocupe destacada posição no

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ranking nacional de produção de carne bovina, possui entraves importantes à

manutenção e ampliação de sua competitividade.

Em virtude da posição no cenário produtivo e da exportação da carne

bovina, um retrato do quadro atual do desempenho desta cadeia produtiva

contribui significativamente em vários aspectos. Em primeira instância, como

não há diagnósticos sistêmicos específicos para o Mato Grosso, na área de

bovinocultura de corte, objetiva-se estabelecer um ponto inicial, a partir do qual

ações futuras poderão ser definidas e avaliadas. Em adição, uma diagnose

específica para o estado é capaz de indicar as condições locais favoráveis e

desfavoráveis ao desenvolvimento da cadeia produtiva analisada, propiciando a

construção de ações para minimização dos problemas encontrados e exploração

do potencial de cada segmento. Assim, a motivação para a realização da pesquisa

decorreu de cinco fatores essenciais:

• A ocorrência de mudanças estruturais significativas no setor, sobretudo em

âmbito internacional.

• A grande heterogeneidade e o restrito conhecimento do perfil da atividade no

estado.

• A vocação exportadora do estado, que lhe confere exigências de produto e

processos mais consistentes e sustentáveis.

• A identificação de espaços para aumento significativo da competitividade.

• A crescente pressão pela consideração dos fatores ambientais e legais.

O diagnóstico sistêmico, metodologia escolhida para nortear a pesquisa,

é uma ferramenta básica para que programas de desenvolvimento setoriais

ganhem enfoque consistente e de sustentabilidade ao longo do tempo. Sem

diagnósticos periódicos de avaliação do setor, todos os processos de investimento

ficam sem parâmetros de referência, dificultando o convencimento dos agentes

envolvidos (governo, produtores, processadores, exportadores, etc.) em relação à

seriedade e importância desses projetos de desenvolvimento setoriais. A

perspectiva é, portanto, a da manutenção dos processos de monitoramento,

mesmo após a realização da pesquisa e hierarquização das propostas de ação,

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como forma de assegurar o comprometimento e o bom andamento das medidas

selecionadas (Figura 2).

Fonte: Silva (2000).

Figura 2 – Esquema representativo da proposta de melhoria da competitividade de uma cadeia produtiva.

Nesse contexto, os objetivos da pesquisa podem ser classificados em três

grandes grupos:

a) Caracterização da estrutura e do funcionamento da cadeia produtiva da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, em âmbito global e

regionalizado.

b) Identificação e avaliação dos principais direcionadores que condicionam o

funcionamento e a competitividade da cadeia produtiva analisada.

c) Proposição de políticas públicas e estratégias empresariais para a melhoria do

funcionamento e competitividade de cada um dos elos da cadeia, de forma a

permitir ganhos sistêmicos que beneficiem a todos os agentes envolvidos e,

por decorrência, a economia estadual.

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Espera-se, com a realização do diagnóstico, que haja maior envolvimento

e mobilização de todos os participantes da cadeia, a fim de que as propostas

indicadas possam, de fato, encontrar espaço de aplicação. De forma

sistematizada, pode-se, portanto, indicar como resultados esperados:

• Maior conhecimento efetivo sobre a cadeia produtiva da bovinocultura de

corte em Mato Grosso.

• Mobilização coletiva dos agentes envolvidos na cadeia.

• Minimização de atritos entre segmentos com melhoria da coordenação.

• Aumento dos fluxos de informação entre os elos.

• Ganhos em rentabilidade.

• Ampliação da visão de futuro.

• Aumento da competitividade setorial e da cadeia produtiva como um todo.

1.2. Organização do trabalho

Este sumário é composto por seis seções. Em seguida a esta introdução,

os capítulos II e III descrevem as bases metodológicas da pesquisa. O quarto

capítulo, por sua vez, traz os resultados obtidos para cada um dos elos analisados:

setor de insumos, produção primária, abate e processamento, e distribuição.

Por tratar-se de Sumário Executivo, nesse capítulo, são discutidas, de forma

sintética, as informações coletadas a campo, a partir do levantamento primário.

O capítulo V organiza as ações propostas por grupos de interesse e as

apresenta em tópicos. As justificativas de cada uma das ações propostas pela

equipe encontram-se, na íntegra, no documento completo do Diagnóstico. Por

fim, são apresentadas as conclusões da pesquisa e as referências bibliográficas.

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CAPÍTULO II

REFERENCIAL CONCEITUAL

Nesta pesquisa, optou-se por seguir, como metodologia de análise

fundamental, o enfoque sistêmico de produto (Commodity Systems Approach –

CSA). De forma adicional, complementa-se essa abordagem com as

contribuições teóricas do gerenciamento da cadeia de suprimentos (Supply Chain

Management – SCM). A opção por essa análise conjunta deve-se,

fundamentalmente, à adequação dos modelos e ao fato de, em experiências

anteriores, a complementaridade entre essas abordagens teóricas ter favorecido

significativamente a realização de outros estudos sobre cadeias produtivas

agroindustriais4.

Dentre os trabalhos desenvolvidos no país, destaca-se a pesquisa sobre a

cadeia produtiva da bovinocultura de corte brasileira, realizada entre 1999 e

2000, sob a coordenação da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e

4 O termo Cadeia Produtiva (ou Cadeia de Produção) refere-se, na percepção de Batalha et al. (1997, p.

26) a “uma sucessão de operações de transformação dissociáveis, capazes de ser separadas e ligadas entre si por um encadeamento técnico” ou “um conjunto de relações comerciais e financeiras que estabelecem, entre todos os estados de transformação, um fluxo de troca, situado a montante e a jusante, entre fornecedores e clientes”. Nesta pesquisa, que tem por objeto de análise a bovinocultura de corte, utiliza-se a denominação Cadeia Produtiva Agroindustrial (CPA), Cadeia Produtiva (subentendendo-se tratar de setor agroindustrial) ou mesmo Cadeia Agroindustrial.

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Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), tendo por instituições

financiadoras o Instituto Evaldo Loddi (IEL), o Serviço Brasileiro de Apoio às

Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e a Confederação Nacional da

Agricultura e Pecuária (CNA).

De fato, a utilização conjunta desses dois modelos é interessante, porque

o primeiro (CSA) está mais relacionado à observação macro do sistema e as

medidas de regulação dos mercados, geralmente implementadas por órgãos

governamentais, enquanto o segundo (SCM) enfoca os mecanismos de

coordenação do sistema implementados por seus próprios integrantes (empresas

privadas).

De acordo com Silva e Batalha (1999), a abordagem sistêmica do CSA

está fundamentada em estudos originalmente desenvolvidos nas ciências

biológicas e engenharias, que encontraram receptividade em outras disciplinas a

partir da década de 1940. Em sua definição clássica, “um sistema é compreendido por dois aspectos: uma coleção de elementos e uma rede de relações funcionais, as quais atuam em conjunto para o alcance de algum propósito determinado. De forma geral, esses elementos interagem por meio de ligações dinâmicas, envolvendo o intercâmbio de estímulos, informações ou outros fatores não específicos, tal como ocorre na área das ciências sociais” (SEBRAE, 2000).

Ainda de acordo com Silva e Batalha (1999), a principal característica

dessa definição é que a interdependência dos componentes é reconhecida e

enfatizada. Como exemplo, os autores citam que em análises sobre o

desempenho de sistemas não é incomum a identificação de problemas que,

embora aparentes apenas em determinado componente, tenham sua origem em

outros componentes remotamente localizados no espaço ou no tempo. É nesse

aspecto que as considerações de Staaz (1997), citada em Silva e Batalha (1999)

ganham relevância. Segundo a autora, as inter-relações dos elementos de um

sistema, geralmente, envolvem mecanismos de propagação e realimentação, os

quais dificultam a identificação de ciclos de causa-efeito ou de estímulo-resposta,

a partir de análises tradicionais segmentadas por elementos. O enfoque sistêmico

do produto é guiado por cinco conceitos-chave:

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1. Verticalidade – significa que as condições em um estágio são provavelmente

influenciadas fortemente pelas condições em outros estágios do sistema.

2. Orientação por demanda – a idéia aqui é que a demanda gera informações que

determinam os fluxos de produtos e serviços através do sistema vertical.

3. Coordenação dentro dos canais – as relações verticais dentro dos canais de

comercialização, incluindo o estudo das formas alternativas de coordenação,

como contratos, mercado aberto etc., são de fundamental importância, motivo

pelo qual serão consideradas em maiores detalhes mais adiante.

4. Competição entre canais – um sistema pode envolver mais que um canal (por

exemplo, exportação e mercado doméstico), restando à análise sistêmica de

produto entender a competição entre os canais e examinar como alguns canais

podem ser criados ou modificados para melhorar o desempenho econômico.

5. Alavancagem – a análise sistêmica tenta identificar pontos-chave na seqüência

produção-consumo, em que ações podem ajudar a melhorar a eficiência de

grande número de participantes da cadeia de uma só vez.

Outra característica fundamental do enfoque sistêmico é que o sistema

não se constitui a mera soma das partes de um todo. Admite-se que o sistema

expresse uma totalidade composta dos seus elementos constituintes, como, no

caso desta pesquisa, produtores de carne de Mato Grosso (individuais e suas

associações), frigoríficos, sindicatos etc. Entretanto, de acordo com Silva e

Batalha (1999), “a noção de sistema é maior do que a soma das partes, ou seja,

deve-se demonstrar que o sistema se caracteriza pelos padrões de interações das

partes e não apenas pela agregação destas”.

Em face dessa visão, pode-se assegurar que a identificação dos

elementos, juntamente com as suas propriedades isoladas, não é suficiente para

expressar um sistema. Nessa estrutura conceitual, o sistema agroindustrial

provém de padrões sistemáticos de interação dos produtores, sindicatos, usinas,

indústrias de alimentos e farmacêutica, varejo, consumidores etc. e não da

agregação de propriedades desses componentes.

Recentemente, dentro da mesma lógica de sucessão de etapas produtivas,

logísticas e comerciais definindo um espaço de análise interessante para

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incrementar a eficiência do sistema, foi desenvolvida a noção de Supply-Chain

Management (SCM) ou Gestão da Cadeia de Suprimentos. A noção básica dessa

abordagem se aproxima muito da estabelecida pela CSA. Segundo Bowersox e

Closs (1996), o SCM baseia-se na crença de que a eficiência ao longo do canal

de distribuição pode ser melhorada pelo compartilhamento de informação e

planejamento conjunto entre seus diversos agentes. Canal de distribuição aqui

poderia ser entendido como todo o percurso pelo qual passa a carne bovina desde

a propriedade rural até o destino final, ou seja, a mesa do consumidor. Esse

conceito é relevante para o estudo de cadeias produtivas, pois tem como foco a

coordenação e a integração de atividades relacionadas ao fluxo de produtos,

serviços e informações entre os diferentes agentes.

A aplicação dos conhecimentos ligados a noção de SCM como forma de

aumentar o nível de coordenação da cadeia ainda é, portanto, pouco explorada no

Brasil e no exterior. Dessa forma, este trabalho, no âmbito do estudo proposto,

pode caracterizar-se como a aplicação de uma nova ferramenta de análise ao

problema da competitividade da bovinocultura de corte mato-grossense,

possibilitando novos resultados e proposição de ações.

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CAPÍTULO III

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

De acordo com a literatura sobre estudos de cadeias agroalimentares,

diversos métodos de busca de informações e análise têm sido empregados,

isoladamente ou de forma combinada. Embora nem sempre a justificativa pela

opção metodológica esteja explicitada em tais estudos, algumas considerações de

caráter geral podem ser inferidas, permitindo a determinação de fatores críticos a

serem avaliados a esse respeito.

A diversidade de objetivos dos estudos de cadeias agroalimentares e a

multiplicidade de questões relacionadas com recursos físicos, financeiros e

humanos, disponíveis para os estudos, impedem uma recomendação universal de

opção metodológica para a busca de informações. Em geral, métodos mais

precisos de coleta de informações são mais caros e demorados. De acordo com

Silva e Batalha (1999), em alguns casos, quando o objetivo principal do trabalho

é buscar medidas de intervenção que melhorem o desempenho da cadeia, é

preferível abrir mão do rigor estatístico dos dados em razão de vantagens como

redução de custo e rapidez. Considerando-se as diretrizes e os objetivos do

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presente estudo, o método empírico aqui proposto enquadra-se neste último

enfoque.

Para melhor compreender os objetivos do estudo, sua abrangência e a

limitação do período de execução, recomenda-se, como enfoque metodológico, o

chamado método de pesquisa rápida (rapid assessment ou quick appraisal). Este

enfoque tem sido utilizado em análises de sistemas agroalimentares quando as

restrições de tempo ou de recursos financeiros impedem a realização de

avaliações baseadas em métodos convencionais de pesquisa amostral (surveys),

ou quando o interesse está em obter conhecimento amplo sobre os componentes

do sistema estudado (USAID, 1996; SEBRAE, 2000).

Trata-se, na verdade, de um enfoque bastante objetivo, que utiliza, de

forma combinada, métodos de coleta de informação convencionais e no qual o

rigor estatístico é flexibilizado, em favor da eficiência operacional. Sua

associação ao referencial conceitual sistêmico tem orientado diversos estudos de

sistemas agroalimentares em países em desenvolvimento. O enfoque proposto é

caracterizado por três elementos principais:

a) O uso maximizado de informações de fontes secundárias.

b) A condução de entrevistas informais e semi-estruturadas com “elementos

chave” da cadeia estudada.

c) A observação direta dos estágios que a compõem.

Os trabalhos foram iniciados pelo exame de informações das fontes

secundárias, o que permitiu uma primeira descrição da organização da cadeia

agroindustrial da bovinocultura de corte, bem como a avaliação do

comportamento passado de algumas variáveis relacionadas com seu desempenho.

O produto desta fase inicial foi um diagnóstico preliminar, que permitiu

a definição mais precisa das necessidades de busca de informações adicionais em

trabalho de campo. Um aspecto importante do enfoque metodológico, nessa fase

inicial, é a preocupação com o questionamento das noções prevalecentes sobre os

aspectos funcionais e de desempenho da cadeia estudada. Há a preocupação em

examinar as hipóteses conhecidas, à luz das evidências identificadas no processo

de análise. Assim, geram-se novos conhecimentos e não a mera compilação de

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resultados de avaliações anteriores. Para tanto, é necessário complementar os

trabalhos com levantamentos e observações de campo (SEBRAE, 2002;

WORLD BANK, 2007).

Complementando as informações de fontes secundárias, a equipe

executora realizou um amplo processo de observação participativa nas principais

regiões produtoras do Estado de Mato Grosso. A partir da identificação das

principais áreas produtoras, foram mapeados os fluxos físicos, desde a produção

primária até o mercado varejista, observando-se o funcionamento do sistema. Os

atores-chave da cadeia foram identificados neste processo combinado de análise

de informações secundárias e observação participativa.

Em princípio, esses atores são produtores, intermediários, empresas

processadoras, atacadistas, varejistas, associações de classe e outros indivíduos

ou instituições que atuam na cadeia. Pequenas amostras destes agentes foram,

então, definidas para a condução de entrevistas realizadas por grupos de

pesquisadores. O uso de roteiros estruturados de entrevista garantiu a

uniformidade da coleta de informações, mas permitiu aos pesquisadores

flexibilidade, sempre que alguma linha interessante de questionamento seja

revelada nas entrevistas.

Naturalmente, foi preciso desenhar roteiros para cada um dos segmentos

da cadeia agroindustrial da carne bovina (disponíveis nos anexos da versão

completa do Diagnóstico). No entanto, privilegia-se, nessa abordagem

metodológica, o caráter sistêmico da análise. Ademais, manteve-se rigor na

coordenação e integração entre as equipes, com constante troca de informações,

garantindo a complementaridade nos processos de coleta e análise.

Foram, também, realizadas reuniões periódicas entre os membros da

equipe (Viçosa e Cuiabá), sendo também regular o uso dos recursos da Internet

(via lista de discussão), tele-conferências entre outras estratégias de manutenção

do intercâmbio permanente de informações.

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3.1. Dados e procedimentos empíricos

Do ponto de vista prático, a realização da pesquisa requereu bastante

ênfase nos processos de coordenação. Por tratar-se de cadeia produtiva muito

complexa, constituiu-se uma equipe técnica abrangente, composta por

especialistas em Economia, Agronomia, Zootecnia, Medicina Veterinária,

Matemática e Administração de Empresas. Esta equipe dividiu-se em subequipes,

de acordo com a vantagem comparativa de seus membros, para a coleta de

informações sobre os diferentes elos da cadeia estudada, a saber: produção de

insumos básicos para a produção, produção primária, abate e processamento e

distribuição (incluído os aspectos relacionados ao consumo).

Coletadas as informações específicas sobre cada elo da cadeia, os

membros da equipe se reuniram para a elaboração do diagnóstico preliminar e

para a definição de busca adicional de informações sobre cada um dos elos da

cadeia. Definidas as novas informações a serem buscadas, as subequipes

realizaram o levantamento a campo, em busca dessas informações utilizadas na

elaboração do relatório final.

Em complementação ao levantamento bibliográfico, portanto, foram

utilizados questionários e entrevistas (semi-estruturadas). Uma das vantagens

desse procedimento refere-se ao fato de que, com esta prática, a coleta de

informações é relativamente rápida. Entretanto, é preciso destacar que o

levantamento de informações, através dessa prática metodológica, possui

também algumas limitações: como os métodos de avaliação ocorrem após os

eventos, os participantes podem esquecer-se de informações importantes ou, se o

questionário é muito extenso, os participantes podem responder superficialmente

(TROCHIM, 2002).

É importante considerar que, no caso da bovinocultura de corte, por ser

uma cadeia produtiva bastante heterogênea, sobretudo no segmento de produção,

não foi possível uma análise agregada. O estado foi dividido em cinco grandes

áreas de análise que, embora possuam algum grau de aderência com a divisão

tradicional (Figura 3), foram fruto do agrupamento dos municípios,

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considerando-se fundamentalmente os aspectos edafoclimáticos, de relevo e de

intensidade de uso de tecnologia na produção pecuária. Assim sendo, iniciou-se

com a divisão regional já disponível e, a partir daí, construiu-se uma proposta de

aglutinação dessas regiões, considerando os aspectos já destacados. O resultado

foi a identificação de cinco grandes regiões, nas quais foram realizadas pesquisas

primárias com produtores previamente identificados como agentes-chave,

representativos de cada um de seus locais de origem. Tem-se, portanto, a

seguinte classificação5:

a) Norte-nordeste – engloba as regiões Norte (2), Nordeste (3), Noroeste 1 e 2 (1

e 11), Centro (10) e Centro Norte (12) (Figura 3).

b) Centro-sul – engloba as regiões Sudeste (5), Sul (6), Oeste (8), Centro-Oeste

(9) (Figura 3).

c) Pantanal – foi analisado em separado, em virtude de suas especificidades

ambientais.

d) Sudoeste – engloba a região de Cáceres (7).

e) Leste – envolvendo a região de mesma nominação (4) (Figura 3).

Ao todo, foram entrevistados 59 agentes, sendo 12 representantes do

segmento de insumos, 24 produtores, 5 representantes de abatedouros e

frigoríficos, 5 agentes de distribuição e 13 representantes de agências e

instituições. Além das entrevistas, foram encaminhados, com a finalidade de

aprimorar o levantamento, questionários para os sindicatos e cooperativas em

funcionamento no Estado de Mato Grosso6.

5 Destaca-se que as regiões 9 e 10 não foram visitadas in loco por ocasião do levantamento primário de

dados. No entanto, antevendo essa necessidade, os entrevistados das regiões circunvizinhas foram chamados a prestar esclarecimentos e comentar sobre a realidade dessas localidades.

6 Foram recebidos 76 questionários.

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Fonte: Secretaria de Estado de Planejamento e Coordenação Geral de Mato

Grosso (2007).

Figura 3 – Divisão regional utilizada na pesquisa (levantamento primário e análise dos dados), Mato Grosso – Brasil.

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Após o levantamento primário, na avaliação dos padrões de

funcionamento da cadeia produtiva, o estudo tomou por base a metodologia

originalmente proposta por Van Duren et al. (1991), adaptada por pesquisadores

da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e Universidade Federal de São Carlos

(UFSCar). Nesse enfoque, já utilizado em diagnósticos de cadeias produtivas

agroindustriais, considerou-se que a eficiência em um sistema produtivo é

determinada por fatores diversos, sobre os quais é possível, ou não, o exercício

de controle pelas empresas ou pelo governo. Assim, no primeiro passo, cada

elemento foi classificado como controlável, quase controlável ou não-controlável

pelos agentes que participam da cadeia produtiva analisada7.

3.1.1. Variáveis escolhidas e tratamento dos dados

Para a avaliação dos padrões de competitividade da cadeia foi

considerado que a eficiência em um sistema produtivo é determinada por fatores

diversos, sobre os quais é possível ou não o exercício de controle pelas empresas

ou pelo governo. Assim, conforme reportado na seção anterior, cada elemento foi

primeiramente classificado como controlável, quase-controlável ou não-

controlável pelos agentes que participam da cadeia produtiva analisada.

Em seguida estes fatores, aqui classificados como direcionadores, foram

agrupados em seis grandes blocos: tecnologia, gestão, relações de mercado,

insumos, estrutura de mercado e ambiente institucional. A partir de então os

direcionadores foram desdobrados em subfatores, que foram identificados e

analisados quanto à intensidade em que contribuem, favorável ou

desfavoravelmente, para a eficiência dos setores. Assim sendo, o direcionador

tecnologia no âmbito da produção foi, por exemplo, desdobrado nos subfatores,

tecnologia disponível, qualidade das pastagens etc.

7 O grau de controlabilidade varia de acordo com a capacidade de controle que o agente pertencente a

cada um dos elos tem sobre as tomadas de decisão setoriais. Diz-se que a variável é controlável, quando sua condução deriva integralmente da conduta do agente; quase controlável, quando há alguma interferência de outro elo, ou do ambiente em que se insere; controlável pelo governo (quando a decisão é governamental); ou incontrolável, quando não é possível prever ou conduzir os movimentos (aleatórios) da variável sob avaliação.

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A partir das informações coletadas nas entrevistas e na pesquisa

preliminar (revisão de literatura), cada subfator recebeu uma pontuação. Na soma

final, os subfatores de cada direcionador têm que somar peso 1,00. A pontuação

dada a cada direcionador orienta-se pela escala Likert (1932), que varia de –2 a 2

sendo que a pontuação –2 classifica o direcionador como Muito Desfavorável, –1

como Desfavorável, 0 como Neutro, 1 como Favorável e 2 como Muito

Favorável.

De acordo com Trochim (2002), a escala de Likert apresenta um “jogo de

indicações da atitude”. Os assuntos são medidos para expressar o acordo ou o

desacordo dos indivíduos em relação ao objeto de estudo. A cada grau de acordo

ou desacordo, ou seja, a cada resposta dos indivíduos, é dado um valor numérico

dentro da escala, que varia de –2 a 2.

Dessa forma, na pesquisa, o procedimento consistiu em etapas

organizadas: os direcionadores foram desdobrados em subfatores, que foram

identificados e analisados de acordo com a intensidade com que contribuem,

favorável ou desfavoravelmente, para a competitividade do sistema8. A partir das

informações coletadas nas entrevistas (pesquisa de campo) e na pesquisa

preliminar (revisão de literatura), cada subfator recebeu uma pontuação, e a

análise realizada para cada direcionador orientou-se pela escala de Likert,

agregando as avaliações dos subfatores ao nível dos direcionadores. A escala

qualitativa, então, recebeu uma transformação numérica no intervalo de –2 a +2,

com gradação unitária. Atribuíram-se, ainda, pesos diferenciados aos subfatores,

pois se sabe que esses possuem impactos não uniformes sobre o resultado da

avaliação de cada direcionador. Com esse procedimento, a avaliação final dos

direcionadores é dada pela equação (1):

∑=

=n

iiiWZY

1 (1)

8 Maiores informações podem ser encontradas no Sebrae (2001).

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em que Y é avaliação final do direcionador; Zi, avaliação dada ao subfator i; Wi,

peso atribuído ao subfator i; e n, número de subfatores constituintes do

direcionador.

A partir desse procedimento, tornou-se possível a elaboração de gráficos

que ilustram, de forma condensada, os resultados finais da avaliação. Na verdade,

o cruzamento dos dados disponíveis na forma tabular e sua posterior formatação

gráfica permitem a identificação dos principais estrangulamentos na cadeia

produtiva e a construção de proposições para sua superação.

Feita esta exposição, serão discutidos os principais resultados

encontrados para cada segmento da cadeia produtiva. Naturalmente, por se tratar

de documento em síntese, são destacados apenas os elementos centrais. Todo o

detalhamento da pesquisa encontra-se disponível no relatório final.

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CAPÍTULO IV

SÍNTESE DOS DIRECIONADORES

Nesta seção estão resumidos os principais resultados obtidos sobre o

funcionamento e a competitividade da cadeia produtiva da bovinocultura de corte

do Estado de Mato Grosso, em uma perspectiva sistêmica. Por finalidade didática

e no intuito de mostrar objetivamente os principais fatores de avaliação, optou-se

pela apresentação de resultados por segmento da cadeia: insumos para a

produção da bovinocultura de corte, produção primária, indústria frigorífica

(abate e processamento) e distribuição (Figura 4).

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Fonte: Adaptado de Wiazóvsky e Lírio (2002).

Figura 4 – Apresentação esquemática da cadeia produtiva da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso.

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Em cada uma das seções, apresenta-se a desagregação da avaliação em

tabelas, que explicitam claramente os subfatores considerados na análise dos

direcionadores de competitividade de cada um dos segmentos9 analisados, a

saber: tecnologia, insumos, relações de mercado, estrutura de mercado, gestão

e ambiente institucional. Em seqüência, a síntese dos resultados é apresentada

em gráficos-resumos, que explicitam o comportamento de cada um dos seis

direcionadores analisados. A pontuação gráfica de cada direcionador varia em

consonância com a metodologia proposta, que é de +2 a –2, ou seja, de “muito

favorável” a “muito desfavorável”. Essa avaliação permite hierarquizar as

vantagens e desvantagens setoriais, facilitando o estabelecimento das ações e a

definição de prioridades.

Destaca-se, adicionalmente, que algumas subdivisões importantes foram

feitas na modelagem de análise dos segmentos, o que permitiu expansões não

consideradas no modelo original descrito em IEL/SEBRA/CNA (2000). Em

primeiro lugar, em relação aos insumos (incluídos como categoria individual no

presente trabalho) para a produção pecuária, no âmbito da tecnologia,

diferenciaram-se os insumos ligados à alimentação animal dos relativos à parte

de sanidade. Em segundo, como já citado, houve necessidade de realizar a análise

da produção de maneira regionalizada. Por fim, embora não tenha sido parte

fundamental da pesquisa, incluiu-se, no segmento de distribuição, um item

relacionado às condições da demanda.

4.1. Análise da competitividade do segmento de insumos da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso

O diagnóstico do segmento de insumos10 para produção de bovinos de

corte do Estado de Mato Grosso revelou direcionadores positivos para a

competitividade da cadeia pecuária de bovinos de corte nos itens de tecnologia e

9 Neste documento, por finalidade didática, os termos “elo” e “segmento” são utilizados como sinônimos,

definindo cada um dos níveis componentes de uma cadeia produtiva. 10 Chama-se a atenção para o fato de que, na análise realizada, estudou-se o segmento de insumos para

produção, que possui, entre seus direcionadores de análise, um item também chamado “insumos”.

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gestão. Devem-se buscar ações para reverter a avaliação negativa para insumos,

relações de mercado, estrutura de mercado e ambiente institucional.

Na Tabela 3 é mostrada a decomposição de cada um dos direcionadores

em subfatores de análise, que são, em última instância, as variáveis de referência

para a identificação dos pontos positivos ou restritivos do desempenho do setor

de insumos para a produção de bovinos de corte do Estado de Mato Grosso. Na

Figura 5, por sua vez, os resultados são apresentados de forma sintética (gráfico

de avaliação em escala Likert).

Em virtude das especificidades de cada grupo de produtos sob análise, o

direcionador tecnologia foi separado em dois subgrupos: produtos veterinários e

produtos de nutrição animal. No caso de produtos veterinários, as tecnologias

associadas às embalagens, estocagem e conservação de produtos, assim como sua

pesquisa e desenvolvimento (P&D), apresentaram resultados favoráveis à

competitividade da cadeia. Entretanto, a reciclagem de embalagens foi vista

como um fator desfavorável, em face da incipiente reciclagem realizada neste

segmento.

Com relação à tecnologia de produtos de nutrição animal, os subfatores

embalagens, estocagem, conservação e P&D tiveram uma posição favorável à

competitividade da cadeia, com destaque para a P&D realizada nas empresas

locais instaladas em importantes pólos agrícolas, apresentando o Estado de Mato

Grosso um expressivo incremento na produção de rações animais.

Na Figura 5, as informações desagregadas na Tabela 3 são agrupadas por

direcionador, a fim de permitir uma avaliação coletiva dos resultados de cada um

dos grupos de subfatores analisados.

O direcionador insumos inclui os produtos comprados dos laboratórios e

indústrias de produtos veterinários e os elementos constituintes da nutrição

animal. Observou-se que existem boa disponibilidade e qualidade dos insumos

utilizados pelas revendas de produtos veterinários, assim como das fábricas de

alimentos animais, rações e suplementos minerais.

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Tabela 3 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utiliza-dos na análise do segmento de insumos para a produção da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso CálculoTecnologiaProdutos veterináriosEmbalagens X X F 0,1 0,1Reciclagem de embalagens X X D 0,2 -0,2Estocagem e conservaçao X X F 0,4 0,4P & D X F 0,3 0,3

1 0,6

Nutrição AnimalEmbalagens X X F 0,15 0,15Estocagem e conservaçao X X F 0,25 0,25P & D X X MF 0,6 1,2

1 1,6

InsumosDisponibilidade X F 0,2 0,2Qualidade X X F 0,2 0,2Preço X D 0,2 -0,2Disp.de Produtos genéricos e/ou importados X MD 0,4 -0,8

1 -0,6Relações de MercadoRelações com fornecedores X N 0,25 0Relações com pecuaristas X F 0,3 0,3Rastreabilidade/certificaçao X X D 0,1 -0,1Formação de preços X D 0,35 -0,35

1 -0,15Estrutura de MercadoGrau de Concentração X F 0,1 0,1Logística X X MD 0,4 -0,8Organização dos comerciantes X D 0,3 -0,3Escala X F 0,2 0,2

1 -0,8GestãoGestão de estoques X F 0,1 0,1Uso da tecnologia de informação X N 0,1 0Capacidade de investimento na atividade X X D 0,3 -0,3Controle de custos X F 0,2 0,2Marketing X F 0,2 0,2Gestão de pessoas X N 0,1 0

1 0,2Ambiente InstitucionalPolítica e fiscalização tributária e trabalhista X D 0,3 -0,3Política e fiscalizaçao ambiental X D 0,1 -0,1Política e fiscalização sanitária X F 0,2 0,2Política comercial X D 0,25 -0,25Política creditícia X X D 0,15 -0,15

1 -0,6 Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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Fonte: Resultados da pesquisa.

Figura 5 – Direcionadores de competitividade do segmento de insumos da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, 2007.

Em contrapartida, aparecem desfavoravelmente o item preço e, muito

desfavoravelmente, a disponibilidade de produtos genéricos e, ou, importados,

levando a um indicador de competitividade da cadeia negativo. A análise dos

preços mensais de alguns insumos pagos pelo pecuarista, para o período 2003-

2007, revelou taxas geométricas médias (relativizadas para a arroba do boi

gordo) variando entre 0,2 e 0,75%, o que significa que no cenário de decréscimo

do preço da arroba do boi gordo, o preço do insumo decresce menos ou até

mesmo aumenta. Isso revela uma relação desfavorável em termos da

lucratividade da atividade. Caso houvesse maior disponibilidade de insumos

importados ou de insumos genéricos para o pecuarista, haveria a chance de a

competição no mercado reverter esse cenário, desde que não ocorressem

variações desfavoráveis no câmbio.

As relações de mercado, que envolvem as relações a montante e a

jusante desse elo da cadeia, tiveram resultado fracamente desfavorável à

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competitividade (-0,15), em razão da quase ausente rastreabilidade e das

dificuldades na formação de preços no setor. Essa situação foi compensada

parcialmente por indicações de relações favoráveis do setor com seus

fornecedores (laboratórios, indústrias e outros) e pecuaristas.

As maiores dificuldades observadas no segmento de insumos da cadeia

produtiva estão relacionadas ao fato de poucas e grandes indústrias de produtos

veterinários estarem fixando preços, os quais são repassados ao longo do

segmento. Nas entrevistas, ficou clara a percepção de que os preços de insumos a

montante muitas vezes aumentam de modo a reduzir a rentabilidade do

pecuarista e o revendedor de insumos estaria prejudicado, pois os pecuaristas

reduzem suas compras, como exposto no parágrafo anterior. A rastreabilidade

surge como um importante item, pois a fiscalização internacional tem vistoriado

o controle em nível de revenda agropecuária ou na indústria de sais e rações.

A estrutura de mercado aparece desfavorável para a competitividade da

cadeia pela deficiente logística, principalmente de estradas. O baixo grau de

concentração das revendas agropecuárias e dos fabricantes de rações e

suplementos minerais é visto como fator favorável à competitividade da cadeia.

A escala de trabalho das empresas de revenda agropecuária foi vista como

adequada à cadeia e às relações com os pecuaristas. Entretanto, a organização dos

comerciantes para compra dos fornecedores poderia auxiliar na barganha em

grandes laboratórios e indústrias de produtos veterinários, mas ainda é incipiente

e tem sido praticada apenas no sul do estado.

No tocante à gestão, existem controles de estoques, algum uso de

informática, controles de custos, marketing e gestão de pessoas, que geram

alguma competitividade para a cadeia produtiva. Em oposição, surge a pouca

capacidade de investimento na atividade, principalmente por dificuldades no

acesso ao crédito e a taxas de juros competitivas. Os esforços de marketing, que

englobam os serviços de assistência técnica e apoio à venda, são vistos como

favoráveis. A tecnologia de informação e a gestão de pessoas foram avaliadas

como neutras, ou seja, não favorecem nem desfavorecem a competitividade da

cadeia.

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29

O ambiente institucional apresentou resultado favorável apenas no

subfator associado à política e fiscalização sanitária. Os demais subfatores foram

desfavoráveis. O mais prejudicial foi a política e fiscalização tributária e

trabalhista, seguida pela comercial (esta última, associada às restrições à

importação de insumos). As políticas ambientais e creditícias também foram

consideradas desfavoráveis, embora a primeira seja menos relevante para o

segmento insumos.

Observa-se, pelo panorama geral do segmento de insumos da cadeia de

bovinocultura de corte do Mato Grosso, que os dois itens mais desfavoráveis e

que merecem maior atenção dos agentes envolvidos nas tomadas de decisão

setoriais foram a deficiente malha logística e a falta de disponibilidade de

produtos veterinários genéricos e, ou, importados. Na seqüência, têm-se: a

incipiente organização dos comerciantes, a baixa capacidade de investimento na

atividade, e a política e fiscalização tributária e trabalhista.

4.2. Análise da competitividade do segmento de produção da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso

Nesta seção, realiza-se breve discussão acerca dos direcionadores

avaliados na pesquisa, que compõem a performance da produção primária da

cadeia produtiva da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso. Da mesma

forma que para o segmento de insumos, as informações desagregadas sobre cada

um dos indicadores é apresentada em tabelas, explicitando as variáveis

(subfatores) de referência, enquanto as análises agregadas são disponibilizadas

em figura, a fim de permitir uma observação conjunta e mais direta dos

resultados.

Em virtude de grandes distinções entre as regiões selecionadas, as

análises dos direcionadores de competitividade foram feitas para cada uma,

isoladamente. Assim, é fundamental observar que, embora muitas vezes os

resultados (em termos dos resultados numéricos) sejam semelhantes entre as

regiões, isso não indica que ações idênticas sejam capazes de atingir os mesmos

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Sumário Executivo

30

objetivos, nas diferentes regiões. Ao que se pode observar, as diferenças

culturais, as especificidades de solo, clima e relevo, os fatores logísticos, a

presença de ecossistemas sensíveis e mesmo as condições de desenvolvimento

das culturas competitivas nas diferentes regiões irão requerer ações distintas,

conquanto integradas.

Assim, nas Tabelas 4 a 8, são apresentadas as análises detalhadas para

cada uma das regiões selecionadas no referido estado. A Figura 6, por sua vez,

traz informações compiladas, sistematizadas em um único local.

Em se tratando do direcionador tecnologia, que revela o estado da arte da

produção de bovinos de corte em Mato Grosso, foi constatado que, na média, em

todas as regiões em estudo esse subfator se apresentou desfavorável à

competitividade da cadeia produtiva (Figura 6). Pesaram na composição desse

resultado a qualidade das pastagens; a precariedade do uso tecnológico nas

práticas de sistemas de criação e manejo nutricional; e o manejo reprodutivo. Já

a genética do rebanho e as condições de sanidade dos animais foram avaliadas

como favoráveis, mesmo considerando que essas práticas foram prejudicadas

pela crise de rentabilidade acentuada a partir do ano de 2004.

Em quatro regiões, a qualidade das pastagens foi considerada ruim (em

termos de formação e de baixa perspectiva de recuperação), devido,

principalmente, à crise de rentabilidade enfrentada pelos produtores. Os sistemas

de criação e o manejo nutricional, que se constituem, em sua grande maioria, na

cria – recria – engorda, com pouca ou quase nenhuma suplementação alimentar,

e o manejo reprodutivo, em que pouco se utiliza a estação de monta ou adoção de

inseminação artificial, são vistos como fatores que contribuem

desfavoravelmente para a competitividade da produção de bovinos de corte no

Mato Grosso.

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Sumário Executivo

31

Tabela 4 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utiliza-dos na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região do Pantanal – Mato Grosso, 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso Cálculo

Tecnologia Qualidade das pastagens X MD 0,25 -0,5 Sistemas de criação e manejo nutricional X MD 0,2 -0,4 Genética do rebanho X F 0,2 0,2 Manejo reprodutivo X D 0,1 -0,1 Sanidade do animal X X F 0,25 0,25 1 -0,55 Insumos Disponibilidade X F 0,25 0,25 Qualidade X F 0,25 0,25 Preço X N 0,5 0 1 0,5 Relações de mercado Relações com fornecedores X MF 0,1 0,2 Relações com frigoríficos e abatedouros X MD 0,4 -0,8 Grau de inadimplência X F 0,05 0,05 Formação de preços X D 0,2 -0,2 Rastreabilidade X X D 0,25 -0,25 1 -1 Estrutura de mercado Grau de concentração X X D 0,15 -0,15 Escala de operação X D 0,1 -0,1 Logística e qualidade das rodovias X D 0,35 -0,35 Organização dos produtores X MD 0,25 -0,5 Existência e ampliação de reservas X N 0,15 0 1 -1,1 Gestão Mão-de-obra X X D 0,2 -0,2 Capital de investimento na atividade X MD 0,1 -0,2 Controle de custos de produção X MD 0,3 -0,6 Gestão da rastreabilidade e certificação X X D 0,2 -0,2 Controle zootécnico e pastagens X D 0,2 -0,2 1 -1,4 Ambiente institucional Política e fiscalização, tributária e trabalhista X X D 0,21 -0,21 Política e fiscalização ambiental X X MD 0,21 -0,42 Política comercial X X MD 0,07 -0,14 Política creditícia X X D 0,07 -0,07 Política e fiscalização sanitária X X F 0,21 0,21 Representatividade das instituições X X D 0,03 -0,03 Legislação oficial e reg. fundiária X N 0,2 0 1 -0,66

Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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Sumário Executivo

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Tabela 5 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utiliza-dos na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Sudoeste – Mato Grosso, 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso CálculoTecnologiaQualidade das pastagens X D 0,25 -0,25Sistemas de criação e manejo nutricional X D 0,2 -0,2Genética do rebanho X F 0,2 0,2Manejo reprodutivo X D 0,1 -0,1Sanidade do animal X X F 0,25 0,25

1 -0,1InsumosDisponibilidade X MF 0,25 0,5Qualidade X F 0,25 0,25Preço X N 0,5 0

1 0,75Relações de MercadoRelações com fornecedores X MF 0,1 0,2Relações com frigoríficos e abatedouros X MD 0,4 -0,8Grau de inadimplência X F 0,05 0,05Formação de preços X D 0,2 -0,2Rastreabilidade X X MD 0,25 -0,5

1 -1,25Estrutura de MercadoGrau de concentração X X D 0,15 -0,15Escala de operação X D 0,1 -0,1Logística e qualidade das rodovias X D 0,35 -0,35Organização dos produtores X MD 0,25 -0,5Existência e ampliação de reservas X D 0,15 -0,15

1 -1,25GestãoMão-de-obra X X D 0,2 -0,2Cap. de investimento na atividade X MD 0,1 -0,2Controle de custos de produção X MD 0,3 -0,6Gestão da rastreabilidade e certificação X X MD 0,2 -0,4Controle zootécnico e pastagens X D 0,2 -0,2

1 -1,6Ambiente InstitucionalPolítica e fiscalização, tributária e trabalhista X X D 0,21 -0,21Política e fiscalizaçao ambiental X X D 0,21 -0,21Política comercial X X D 0,07 -0,07Política creditícia X X D 0,07 -0,07Política e fiscalização sanitária X X F 0,21 0,21Atuação e representatividade das instituições X X D 0,03 -0,03Legislação oficial e reg. fundiária X D 0,2 -0,2

1 -0,58 Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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Sumário Executivo

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Tabela 6 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utiliza-dos na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Centro-Sul – Mato Grosso, 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso CálculoTecnologiaQualidade das pastagens X D 0,25 -0,25Sistemas de criação e manejo nutricional X D 0,2 -0,2Genética do rebanho X F 0,2 0,2Manejo reprodutivo X D 0,1 -0,1Sanidade do animal X X F 0,25 0,25

1 -0,1InsumosDisponibilidade X MF 0,25 0,5Qualidade X F 0,25 0,25Preço X N 0,5 0

1 0,75Relações de MercadoRelações com fornecedores X MF 0,1 0,2Relações com frigoríficos e abatedouros X MD 0,4 -0,8Grau de inadimplência X F 0,05 0,05Formação de preços X D 0,2 -0,2Rastreabilidade X X MD 0,25 -0,5

1 -1,25Estrutura de MercadoGrau de concentração X X D 0,15 -0,15Escala de operação X D 0,1 -0,1Logística e qualidade das rodovias X D 0,35 -0,35Organização dos produtores X D 0,25 -0,25Existência e ampliação de reservas X D 0,15 -0,15

1 -1GestãoMão-de-obra X X D 0,2 -0,2Cap. de investimento na atividade X MD 0,1 -0,2Controle de custos de produção X MD 0,3 -0,6Gestão da rastreabilidade e certificação X X MD 0,2 -0,4Controle zootécnico e pastagens X N 0,2 0

1 -1,4Ambiente InstitucionalPolítica e fiscalização, tributária e trabalhista X X D 0,21 -0,21Política e fiscalizaçao ambiental X X D 0,21 -0,21Política comercial X X D 0,07 -0,07Política creditícia X X D 0,07 -0,07Política e fiscalização sanitária X X F 0,21 0,21Atuação e representatividade das instituições X X F 0,03 0,03Legislação oficial e reg. fundiária X D 0,2 -0,2

1 -0,52 Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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Tabela 7 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utiliza-dos na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Leste – Mato Grosso, 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso Cálculo

Tecnologia Qualidade das pastagens X D 0,25 -0,25 Sistemas de criação e manejo nutricional X D 0,2 -0,2 Genética do rebanho X F 0,2 0,2 Manejo reprodutivo X D 0,1 -0,1 Sanidade do animal X X F 0,25 0,25 1 -0,1 Insumos Disponibilidade X F 0,25 0,25 Qualidade X F 0,25 0,25 Preço X D 0,5 -0,5 1 0 Relações de mercado Relações com fornecedores X MF 0,1 0,2 Relações com frigoríficos e abatedouros X MD 0,4 -0,8 Grau de inadimplência X F 0,05 0,05 Formação de preços X D 0,2 -0,2 Rastreabilidade X X M D 0,25 -0,5 1 -1,25 Estrutura de mercado Grau de concentração X X D 0,15 -0,15 Escala de operação X D 0,1 -0,1 Logística e qualidade das rodovias X MD 0,35 -0,7 Organização dos produtores X D 0,25 -0,25 Existência e ampliação de reservas X MD 0,15 -0,3 1 -1,5 Gestão Mão-de-obra X X D 0,2 -0,2 Capital de investimento na atividade X MD 0,1 -0,2 Controle de custos de produção X MD 0,3 -0,6 Gestão da rastreabilidade e certificação X X D 0,2 -0,4 Controle zootécnico e pastagens X D 0,2 -0,2 1 -1,6 Ambiente institucional Política e fiscalização, tributária e trabalhista X X D 0,21 -0,21 Política e fiscalização ambiental X X D 0,21 -0,21 Política comercial X X D 0,07 -0,07 Política creditícia X X D 0,07 -0,07 Política e fiscalização sanitária X X F 0,21 0,21 Representatividade das instituições X X D 0,03 -0,03 Legislação oficial e reg. fundiária X MD 0,2 -0,4 1 -0,78

Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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Sumário Executivo

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Tabela 8 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utiliza-dos na análise do segmento de produção da bovinocultura de corte na região Norte – Mato Grosso, 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso Cálculo

Tecnologia Qualidade das pastagens X D 0,25 -0,25 Sistemas de criação e manejo nutricional X D 0,2 -0,2 Genética do rebanho X F 0,2 0,2 Manejo reprodutivo X D 0,1 -0,1 Sanidade do animal X X F 0,25 0,25 1 -0,1 Insumos Disponibilidade X F 0,25 0,25 Qualidade X F 0,25 0,25 Preço X D 0,5 -0,5 1 0 Relações de mercado Relações com fornecedores X F 0,1 0,1 Relações com frigoríficos e abatedouros X MD 0,4 -0,8 Grau de inadimplência X F 0,05 0,05 Formação de preços X MD 0,2 -0,4 Rastreabilidade X X D 0,25 -0,25 1 -1,3 Estrutura de mercado Grau de concentração X X D 0,15 -0,15 Escala de operação X MD 0,1 -0,2 Logística e qualidade das rodovias X MD 0,35 -0,7 Organização dos produtores X D 0,25 -0,25 Existência e ampliação de reservas X MD 0,15 -0,3 1 -1,6 Gestão Mão-de-obra X X D 0,2 -0,2 Capital de investimento na atividade X MD 0,1 -0,2 Controle de custos de produção X MD 0,3 -0,6 Gestão da rastreabilidade e certificação X X D 0,2 -0,2 Controle zootécnico e pastagens X D 0,2 -0,2 1 -1,4 Ambiente institucional Política e fiscalização, tributária e trabalhista X X MD 0,21 -0,42 Política e fiscalização ambiental X X MD 0,21 -0,42 Política comercial X X MD 0,07 -0,14 Política creditícia X X D 0,07 -0,07 Política e fiscalização sanitária X X F 0,21 0,21 Atuação e representatividade das inst. X X N 0,03 0 Legislação oficial e reg. fundiária X MD 0,2 -0,4 1 -1,24

Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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36Sum

ário Executivo

-2

-1

0

1

2

Tecnologia Insumos Relações de Mercado Estrutura de Mercado

Gestão Ambiente Institucional

-0,55

0,5

-1-1,1

-1,4

-0,66

-0,1

0,75

-1,25 -1,25

-1,6

-0,58

-0,1

0,75

-1,25

-1

-1,4

-0,52

-0,1

0

-1,3

-1,6-1,4

-1,24

-0,1

0

-1,25

-1,5-1,6

-0,78

Pantanal Oeste Centro-Sul Norte-Nordeste Leste

Fonte: Resultados da pesquisa. Figura 6 – Direcionadores de competitividade do segmento de produção da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso,

por regiões, 2007.

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Sumário Executivo

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No que se refere à tecnologia, ressalta-se que a região do Pantanal

apresentou pontuação abaixo das demais, em razão das condições das pastagens e

dos sistemas de criação e manejo nutricional serem, em média, substancialmente

inferiores aos modelos praticados nas demais regiões, inclusive por se tratar de

ecossistema sensível e exigir ações específicas de baixo impacto. Destaca-se,

mais uma vez, que esta pesquisa não tem condições de captar especificidades,

informando as condições relativas de cada região analisada.

Quanto ao direcionador insumos, esse se mostrou favorável em três

regiões analisadas: Pantanal (0,5), Oeste (0,75) e Centro-Sul (0,75) e neutro em

duas: Norte-Nordeste e Leste. Esse resultado decorreu dos aspectos positivos

relacionados à qualidade e disponibilidade desses na região, apesar de o preço

dos insumos ter sido avaliado como ponto crítico na produção de bovinos de

corte nas referidas regiões.

Nas regiões em que esse direcionador foi neutro, verificou-se que,

embora a qualidade e disponibilidade fossem variáveis positivamente avaliadas,

o preço é um fator crítico. A diferença pode ser creditada ao efeito da

localização, ou seja, ao maior custo do frete, em razão de maiores distâncias.

Quanto aos direcionadores relações de mercado, estrutura de mercado e

gestão, pode-se observar, pelas pontuações destacadas na Figura 3, que esses são

temas que demandam análise bastante cuidadosa, já que, ainda que com pequenas

variações, todas as regiões apresentaram resultados muito aquém do desejável.

No caso das relações de mercado, a principal variável que prejudica o

desempenho desse direcionador é a relação entre os pecuaristas e os frigoríficos.

Em todas as regiões analisadas e em todos os depoimentos coletados, é óbvia a

necessidade de se construir uma ampla revisão do modelo de relacionamento

entre as partes: durante a pesquisa de campo, a preocupação e a desconfiança

foram marcantes, evidenciando a necessidade de maior transparência nos

procedimentos de compra e venda.

Também foi avaliada com baixa pontuação a formação dos preços, já

que os pecuaristas se sentem envolvidos em um sistema de barganha

desbalanceada, em que os frigoríficos “decidem” o preço da arroba do boi. A

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Sumário Executivo

38

rastreabilidade, por sua vez, também foi considerada desfavorável em todas as

regiões. Percebeu-se que, embora haja relativo conhecimento dos procedimentos

técnicos envolvidos na rastreabilidade (e que, via de regra, não são integralmente

cumpridos), ainda observa-se ampla dúvida quanto aos benefícios potenciais

advindos da implantação efetiva do sistema. Assim, como ocorre na questão do

relacionamento entre frigoríficos e pecuaristas, há grande espaço para a

implantação de medidas que visem à melhoria das condições de uso das

ferramentas e processos disponíveis.

As demais variáveis analisadas nas relações de mercado – relações com

fornecedores e grau de inadimplência – foram bem avaliadas, mostrando que não

se constituem impeditivos ao desenvolvimento da competitividade setorial.

No caso da estrutura de mercado foram analisadas as seguintes

variáveis: grau de concentração, escala de operação, logística e qualidade das

rodovias, organização dos produtores e a existência e ampliação das reservas

(indígenas ou ecológicas), os quais serão descritos subseqüentemente.

O grau de concentração foi considerado baixo, tendo pontuação

desfavorável, por não contribuir para a melhoria das condições de barganha dos

produtores. Naturalmente, sob a perspectiva do elo seguinte (abate e

processamento) e mesmo dos consumidores finais, a baixa concentração é

desejável; todavia, sob a perspectiva do segmento de produção, a contribuição é

negativa.

A escala de operação foi considerada desfavorável em todas as regiões.

A percepção é a de que as propriedades encontram-se operando aquém da escala

ótima, devido, entre outras questões, à incapacidade de ampliar investimentos

(quando o caso) ou à pouca percepção e conhecimentos gerenciais capazes de

alertá-los sobre esse problema.

O item logística e qualidade das rodovias, pontuado como muito

desfavorável, mostrou-se como grande entrave, embora exista grande disparidade

na qualidade das rodovias entre as regiões analisadas. As piores situações

encontradas foram nas regiões Norte-Nordeste e Leste, onde as longas distâncias

e a precariedade das rodovias criam situações de entrave não existentes em outras

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Sumário Executivo

39

regiões de Mato Grosso. Segundo os entrevistados, o referido estado dispõe de

malha viária aquém do necessário, a qualidade das estradas é precária (sobretudo

as vicinais) e não há, ainda, modais alternativos eficientes.

Ainda foram relatadas diversas dificuldades no embarque dos animais

(acesso aos caminhões), nas condições de transporte e no tráfego, bastante

complexo em algumas regiões. Por tratar-se de transporte de carga viva, esses

fatores ganham dimensão ainda maior, retraindo a competitividade global da

cadeia.

No caso da organização dos produtores, o consenso, entre os

entrevistados de todas as regiões, é de que este é um dos pontos que mais

prejudica o desempenho do setor. Há grande desunião entre os pecuaristas, pouca

adesão às iniciativas propostas e, via de regra, os casos contrários a esse padrão

constituem-se apenas salutares exceções. As piores avaliações para esse aspecto

ocorreram nas regiões do Pantanal e Cáceres, sendo, nas demais, classificado

como desfavorável. Essa diferença de avaliação resultou dos diferentes graus de

entrosamento (ainda que todos estivessem aquém do ideal). Em Rondonópolis, a

atuação do Sindicato foi várias vezes lembrada como positiva, e, nas regiões

Norte-Nordeste e Leste, a indicação é de que a própria necessidade coletiva tem

favorecido um comportamento mais pró-ativo e coordenado entre os produtores.

O benefício dessa percepção baseia-se no fato de que a quase totalidade

dos pecuaristas entrevistados trouxe, para dentro da própria categoria, a

responsabilidade pelas condições atuais de organização. Foram ressaltados

fatores culturais, sociais e mesmo psicológicos para isso, mas, considerando a

precariedade da coordenação horizontal do segmento, observou-se a necessidade

de mudanças, o que foi bastante positivo.

No caso da ampliação das reservas, último dos itens abordados no

direcionador estrutura de mercado, houve significativa diferença entre as

regiões. No Pantanal, a classificação foi neutra; nas regiões de Cáceres e Centro-

Sul, desfavorável; no Leste e Norte-Nordeste, muito desfavorável. A variação das

avaliações desse subfator já era esperada, uma vez que as reservas indígenas e

ecológicas se distribuem heterogeneamente no estado.

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Sumário Executivo

40

O quesito gestão foi o de pior avaliação em todas as regiões, à exceção

da Norte-Nordeste, em que a estrutura de mercado recebeu a pior pontuação.

Sua composição envolveu aspectos relacionados à disponibilidade e qualidade

da mão-de-obra; capacidade de investimento; controle de custos de produção;

gestão da rastreabilidade e certificação; e controle zootécnico e de pastagens.

A mão-de-obra foi classificada, em todas as regiões, como elemento que

compromete a eficiência e competitividade da cadeia produtiva da bovinocultura

de corte mato-grossense. Segundo os entrevistados, em algumas regiões, além da

escassez de trabalhadores, existe flagrante desqualificação somada, quase

sempre, à baixa adesão aos já eventuais cursos e treinamentos. A situação,

segundo o levantamento primário, torna-se mais crítica quanto se trata das

demandas por mão-de-obra técnica gerencial: faltam profissionais e, embora

tenham qualificação formal, a maior parte carece de conhecimento prático sobre

a condução das atividades pecuárias, com destaque para a bovinocultura de corte,

tratada neste documento.

Em seqüência, a capacidade de investimento na atividade foi claramente

muito desfavorável. Salvo em algumas situações pontuais, em todo o Estado de

Mato Grosso o que se observa é a descapitalização severa do produtor, com

graves e múltiplas conseqüências. Muitos produtores optam (na realidade, sequer

têm alternativa) por adquirir produtos de segunda linha, abdicar de reforma de

pastagens e postergar projetos de manutenção de infra-estrutura da propriedade,

quando não se decidem por abandonar a atividade.

Por fim, no que se refere ao ambiente institucional, foram abordados os

seguintes itens: política e fiscalização tributária e trabalhista; política e

fiscalização ambiental; política comercial; política creditícia; política e

fiscalização sanitária; atuação e representatividade das instituições; legislação

oficial; e regulamentação fundiária.

Nesse direcionador, assim como ocorreu em outros no segmento

produção, embora todos os itens tenham tido somatório negativo, as variações no

resultado decorreram de motivos distintos em cada uma das regiões. No caso da

política e fiscalização tributária e trabalhista, em todas as regiões, à exceção da

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Norte-Nordeste, esse foi um subfator classificado como desfavorável, uma vez

que houve freqüentes queixas em relação aos tributos pagos, além de flagrante

desconhecimento sobre as taxas em termos de alíquota, motivação e destino dos

recursos auferidos. Com relação à região Norte-Nordeste, além dessa

constatação, observou-se que os problemas envolvendo a fiscalização trabalhista

são superiores àqueles das demais regiões analisadas. Segundo os entrevistados,

não são raras as denúncias de trabalho escravo, ainda que sem comprovação

específica.

Naturalmente, considerando o restrito conhecimento de tais causas

trabalhistas, não se pretende, aqui, realizar juízo de valor; todavia, foi evidente o

descontentamento dos pecuaristas em relação aos critérios adotados pelos

organismos responsáveis e mesmo quanto às providências adotadas.

No caso da política e fiscalização ambiental, esta foi considerada, nos

moldes atualmente vigentes, desfavorável à eficiência e competitividade da

cadeia produtiva da bovinocultura de corte de Mato Grosso, chegando a receber

em duas regiões – Pantanal e Norte-Nordeste – classificação muito desfavorável.

Esta pior avaliação deveu-se ao fato de as duas regiões destacadas se

encontrarem em áreas de ecossistema sensível, de modo que sobre elas incidam,

de maneira mais ostensiva, todos os procedimentos de fiscalização.

De forma análoga, também houve diferenças importantes para o quesito

política comercial. Embora não tenha tido nenhuma avaliação positiva, nas

regiões habilitadas para exportação para o mercado europeu, não ocorreram

maiores queixas; todavia, os produtores localizados em zonas não-habilitadas

mostraram-se bastante insatisfeitos com os padrões atualmente vigentes e foram

veementes quanto à necessidade de maior transparência em relação aos

procedimentos adotados.

Com relação à política creditícia, houve praticamente unanimidade entre

todos os entrevistados: há recursos, mas o formato de apresentação do crédito

não atende às expectativas do setor. Segundo levantamento realizado, o ciclo da

atividade não é respeitado quando da determinação dos prazos de amortização da

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dívida e, por não existirem padrões de crédito específicos, os produtores optam

por evitar o endividamento.

No caso da política e fiscalização sanitária, este foi o subfator que

recebeu melhor avaliação (favorável em todas as regiões). Ficou patente a

percepção do esforço (e dos resultados) para o controle de enfermidades no

estado. Destaca-se, inclusive, que a única taxa que os entrevistados julgaram

fundamental foi a que compõe o Fundo Emergencial da Febre Aftosa do Estado

de Mato Grosso (FEFA). Naturalmente, sempre há apontamentos que indicam a

necessidade de melhoria de ações, mas, em geral, a percepção é positiva.

O item seguinte, atuação e representatividade das instituições, foi

considerado desfavorável na região do Pantanal, Cáceres e Leste. Na região

Norte-Nordeste, julgou-se que a situação atual não chega a comprometer a

competitividade da cadeia, o que levou a uma pontuação neutra. Na região

Centro-Sul, em virtude da representatividade superior dos sindicatos e da

mobilização percebida, a pontuação foi favorável.

Por fim, em relação à legislação oficial e regulamentação fundiária, as

queixas foram bastante evidentes. Apenas na região do Pantanal é que esse item

foi classificado como neutro. Nas regiões de Cáceres e Centro-Sul, a pontuação

foi desfavorável e, nas regiões Norte-Nordeste e Leste, muito desfavorável. Na

realidade, a preocupação com o Licenciamento Ambiental Único (LAU) e com a

morosidade dos processos foi o tema central de várias entrevistas, de modo que

foram reiteradas as demandas por uma participação mais efetiva (e ostensiva) das

entidades de apoio ao setor, no que tange à defesa pela transparência e agilidade

nesses procedimentos.

Observa-se, portanto, que as questões ambientais constituem ponto

crítico, uma vez que o não-atendimento às exigências internacionais, relativas a

esse tema, pode trazer prejuízos significativos para a imagem da bovinocultura

de corte do Estado de Mato Grosso.

Dessa forma, em linhas gerais, percebe-se que o segmento de produção

primária é marcado por uma seqüência de entraves à sua competitividade, em

praticamente todos os direcionadores analisados. Todavia, por questões

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relacionadas à controlabilidade e aos efeitos multiplicadores, esforços em favor

de melhorias nos processos de gestão das propriedades (incluindo o uso

adequado da tecnologia disponível), da organização dos produtores

(coordenação) e do aumento da eficiência nas relações entre os elos (sobretudo

com os frigoríficos) trariam grandes benefícios à competitividade de toda a

cadeia produtiva.

4.3. Análise da competitividade do segmento de abate e processamento da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso

Considerando a indústria de abate e processamento da cadeia de

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, o comportamento dos

direcionadores de competitividade pode ser observado na Tabela 9 e Figura 7. De

maneira geral, este segmento apresenta maior número de direcionadores

favoráveis (positivos) do que desfavoráveis (negativos). No entanto, esse

comportamento geral favorável deve ser visto com cautela, pois pontos críticos e

restritivos para a competitividade da cadeia de bovinocultura de corte de Mato

Grosso apresentam-se nesse segmento, como discutido a seguir.

Focando a tecnologia, este direcionador apresenta-se favorável, com uma

pontuação de 0,8 num máximo de 2 (Tabela 9), na escala Likert. O

comportamento favorável à tecnologia deve-se às contribuições dos seguintes

subfatores: eficiência e qualidade das máquinas, equipamentos e instalações

utilizados neste segmento e as características dos processos de produção, do

produto carne e seus derivados (produtos), dos subprodutos e do processo de

tratamento de resíduos. Por sua vez, o único fator considerado desfavorável foi a

pesquisa e desenvolvimento (P&D) de novos produtos, processos, máquinas e

equipamentos.

Entende-se que os frigoríficos exportadores estão investindo e têm uma

P&D bastante favorável. Porém, os frigoríficos que visam ao mercado interno

estão em uma situação bastante desfavorável pela quase ausência de unidades de

P&D. Tendo em vista que grande parte da carne do Estado de Mato Grosso vai

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para mercado interno (isto é, passa por frigoríficos não-exportadores), considera-

se que essa área está aquém da exigência do setor, apresentando-se, portanto,

desfavorável à competitividade da cadeia.

Em relação aos insumos para o segmento de abate e processamento, este

direcionador apresenta-se como o mais favorável entre todos avaliados (1,2 ponto

na escala Likert), uma vez que os abatedouros e frigoríficos têm à sua disposição

grande número de animais terminados para o abate, a preços favoráveis, e,

adicionalmente, também adquirem outros insumos de produção (embalagens,

condimentos etc.) em condições favoráveis de disponibilidade11, qualidade e

preço. O único aspecto que causa decréscimo na competitividade desse segmento

em relação a insumos é a qualidade dos animais terminados que não é favorável,

em virtude da não-uniformidade dos lotes de animais em termos de peso, sexo,

idade de abate e, principalmente, da baixa qualidade do acabamento de carcaça.

O direcionador relações de mercado apresenta-se desfavorável (-0,8) à

competitividade da indústria de abate e processamento. Dentro desse

direcionador, destaca-se como favorável à relação entre frigoríficos e

fornecedores de insumos de produção, com exceção ao relacionamento entre

frigoríficos e pecuaristas. A rastreabilidade dentro dos frigoríficos também é um

fator favorável à competitividade do segmento, principalmente quando se

considera a disponibilidade de tecnologia para a prática de rastreabilidade dentro

dos frigoríficos exportadores. Deve-se, no entanto, ressaltar que esse aspecto não

atinge o grau “muito favorável” por causa da baixa adoção de práticas efetivas de

rastreabilidade dentro dos frigoríficos que visam ao mercado brasileiro.

11 Vale ressaltar que houve no passado recente uma fase de maior disponibilidade de animais terminados

no mercado, mas em meados de 2007 esta condição reverteu-se drasticamente.

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Tabela 9 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utilizados na análise do segmento de abate e processamento da bovinocultura de Mato Grosso, 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso CálculoTecnologiaMaquinas, equipamentos e instalações X X F 0,2 0,2Processos X X X F 0,2 0,2Produto (carne) X X F 0,25 0,25Subprodutos X X F 0,15 0,15Trat. resíduos e efluentes (Questão Ambiental) X X F 0,1 0,1Pesquisa e desenvolvimento X X D 0,1 -0,1

1 0,8Insumos Disponibilidade animais X MF 0,25 0,5Qualidade de animais X D 0,25 -0,25Preço de animais X MF 0,45 0,9Demais insumos X F 0,05 0,05

1 1,2Relações de MercadoRelação com Pecuarista X MD 0,4 -0,8Relações com demais fornecedores insumos X F 0,15 0,15Relação com compradores de carne X D 0,3 -0,3Rastreabilidade X X F 0,15 0,15

1 -0,8Estrutura de MercadoConcentração X X F 0,15 0,15Logística de entrada (Bovinos) X X D 0,2 -0,2Logística de saída (Carnes) X X F 0,2 0,2Ociosidade X F 0,1 0,1Escala de Produção X F 0,25 0,25Organização setorial X D 0,1 -0,1

1 0,5GestãoGestão de Pessoas X X D 0,15 -0,15Gestão da Produção X X F 0,25 0,25Gestão de Marketing X X F 0,15 0,15Gestão Financeira e Contábil X X F 0,25 0,25Capacidade de investimento na atividade X X F 0,2 0,2

1 0,7Ambiente InstitucionalPolítica e fiscalização tributária X X MD 0,22 -0,44Política e fiscalização ambiental X F 0,07 0,07Política comercial X X D 0,14 -0,14Política e fiscalização trabalhista X D 0,14 -0,14Política creditícia X F 0,14 0,14Fiscalização sanitária X D 0,22 -0,22Entidades representativas X D 0,07 -0,07

1 -0,8 Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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Tecnologia Insumos Relações deMercado

Estrutura deMercado

Gestão AmbienteInstitucional

0,8

1,2

-0,8

0,50,7

-0,8

-2

-1

0

1

2

Tecnologia Insumos Relações deMercado

Estrutura deMercado

Gestão AmbienteInstitucional

Fonte: Dados da pesquisa.

Figura 7 – Direcionadores de competitividade do segmento de abate e processamento da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, 2007.

Quanto aos subfatores desfavoráveis dentro de relações de mercado,

destaca-se a relação dos frigoríficos com os pecuaristas e com os compradores de

carne. Em termos relativos, a relação entre os frigoríficos e os pecuaristas

apresenta-se como mais crítica (muito desfavorável) do que a relação entre os

frigoríficos e os compradores de carne (simplesmente desfavorável). Tal fato

deve-se à maior desconfiança e atrito e à menor transparência entre frigoríficos e

pecuaristas, mesmo considerando que a relação entre frigoríficos e compradores

de carne seja marcada também por imposições e domínio a favor dos

compradores.

Em termos de estrutura de mercado, a situação geral é favorável a este

direcionador (0,5 ponto). Nesse caso, alguns subfatores podem ser apontados

como favoráveis. A concentração do número de empresas do setor, a logística de

saída da carne que se destina ao segmento de distribuição, a baixa ociosidade do

setor em Mato Grosso e a escala de produção são subfatores considerados

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favoráveis à competitividade da indústria de abate e processamento. A

concentração dos negócios em mãos de, relativamente, poucas empresas, mostra-

se favorável para que os ganhos de escala aconteçam. Por sua vez, a baixa

ociosidade implica que os custos fixos são diluídos pelo volume de produção, o

que gera uma eficiência econômica no setor.

A logística de saída de carne dos frigoríficos para os distribuidores de

carne é considerada favorável graças à tecnologia empregada atualmente na

gestão de logística (isto é, controle das operações, rastreamento da frota e

controle de frios etc.) e à qualidade da frota de veículos, apesar da situação

desfavorável da estrutura de transporte (rodovias) e portos. Porém, a logística de

entrada de bovinos nos frigoríficos é desfavorável, principalmente em razão da

precariedade das estradas vicinais, estaduais e federais utilizadas para esse tipo

de transporte e das condições precárias dos caminhões boiadeiros.

Uma situação desfavorável foi atribuída também à questão do baixo nível

de organização setorial, o qual apresenta, ainda, certo grau de divergência de

interesses entre entidades representativas de grupos dentro do segmento,

principalmente entre aquelas que representam os interesses dos exportadores e as

que congregam os frigoríficos fornecedores para o mercado interno.

A gestão dos abatedouros e frigoríficos apresenta-se como um aspecto

favorável à competitividade (0,7 ponto). Vale ressaltar que a maioria dos

subfatores que compõem este direcionador é favorável, mas há espaços para

ganhos de eficiência. Os subfatores gestão financeira, gestão da produção e de

marketing e a capacidade de investimento na atividade mostraram-se favoráveis,

sendo a gestão de pessoas o único fator desfavorável. Este último aspecto assume

tal perfil, principalmente, em virtude da falta de disponibilidade de pessoas

qualificadas para as várias funções operacionais, o que causa a necessidade de

altos investimentos em treinamento e também alta evasão de pessoas treinadas

pelas empresas para outras regiões e estabelecimentos do Brasil. Percebe-se,

ainda, considerável carência de pessoal técnico para gestão da produção.

Juntamente com o direcionador relações de mercado, o ambiente

institucional também apresenta uma situação desfavorável à competitividade do

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segmento de abate e processamento (-0,8 ponto). Dentre os subfatores

levantados, a política e fiscalização ambiental e a política creditícia são

consideradas favoráveis à competitividade da cadeia, pois o rigor com as

questões ambientais confere credibilidade aos compradores externos e há

disponibilidade de crédito para investimento no setor. Por sua vez, os aspectos do

ambiente institucional, que se apresentam como entraves relevantes, são a

política e fiscalização tributária, considerada muito desfavorável ao setor, e a

política comercial, a política e fiscalização trabalhista, a fiscalização sanitária e

as entidades representativas, consideradas aspectos desfavoráveis em razão dos

problemas e empecilhos que estes trazem para a gestão dos abatedouros e

processadores de carne bovina, pela ineficiência e burocracia e, ou, fiscalização

excessiva e abusiva.

Sumarizando a análise dos direcionadores para esse segmento, destaca-se

a situação favorável da tecnologia utilizada nos frigoríficos e da compra de

insumos de produção. No entanto, uma questão crítica a ser tratada é a relação

dos agentes com os pecuaristas e, em segundo grau de importância, a relação dos

frigoríficos com os distribuidores. Esses esforços para melhoria da coordenação

do segmento frigorífico com os demais podem trazer grandes ganhos de

competitividade para a cadeia como um todo.

4.4. Análise da competitividade do segmento de distribuição da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso

Na análise do segmento de distribuição da cadeia de bovinocultura de

corte de Mato Grosso, considerou-se que a maior parte da carne produzida no

estado destina-se a outros estados ou ao exterior. Portanto, quando se refere ao

segmento de distribuição, manteve-se o foco na distribuição dentro de Mato

Grosso e naquela que leva a carne deste estado para outros estados e países. No

tocante às características da demanda, discutidas mais à frente nesta seção,

optou-se por fazer uma análise geral em nível estadual e nacional, utilizando o

conhecimento da equipe técnica e dos consultores.

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O diagnóstico atual do segmento de distribuição de carne bovina em

Mato Grosso mostra que este possui bom nível tecnológico, gestão conduzida

com razoável eficiência, estrutura de mercado favorável a melhorias e

atendimento às exigências legais, ambientais e sanitárias.

Apesar desses aspectos favoráveis, revela-se deficiente nas relações com

fornecedores e consumidores, oferecendo amplo espaço para melhorias no que se

refere à ampliação da competitividade da cadeia produtiva e aumento do

consumo de carne bovina no estado e no País. Uma apresentação visual da

performance dos direcionadores de competitividade e dos subfatores que os

afetam, conforme identificados no diagnóstico, são apresentados na Tabela 10 e

na Figura 8.

Foi possível observar, ao longo da pesquisa, que de modo geral as

tecnologias empregadas pelo segmento de distribuição de carnes, no Estado de

Mato Grosso, encontram-se em bom nível, porém ainda distante do que se

poderia considerar ideal. A cadeia do frio, os equipamentos de manuseio e as

tecnologias e sistemas de informação, principalmente nos setores de

supermercados e de exportação, são todos favoráveis à competitividade da

cadeia. A destinação dos resíduos graxos e cárneos, no entanto, é um subfator

que contribui desfavoravelmente para a composição do resultado final do

direcionador tecnologia.

Os insumos usados no segmento de distribuição apresentam-se em

situação de equilíbrio entre fatores favoráveis e desfavoráveis (neutro). A

disponibilidade e o preço da carne e as embalagens contribuem favoravelmente

para a composição do direcionador. No entanto, a qualidade da carne e as

restrições para o insumo energia contrapõem os fatores favoráveis. Portanto, vê-

se, por um lado, que qualquer descuido nesse segmento pode retirar o mesmo do

estado de neutralidade e levá-lo a um patamar de redução de competitividade;

por outro lado, investimentos direcionados, principalmente para alavancar os

subfatores desfavoráveis (qualidade de carne e energia), podem elevar essa

competitividade de modo significativo.

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Tabela 10 – Detalhamento de pontuação dos direcionadores e subfatores utiliza-dos na análise do segmento de distribuição da bovinocultura de Mato Grosso, 2007

Direcionadores NC QC CG CF Indicador Peso Cálculo

Tecnologia Cadeia do frio X X F 0,45 0,45 Equipamentos de manuseio da carne X F 0,1 0,1 Tecnologia e sistemas de informações X X F 0,35 0,35 Destinação de resíduos graxos/cárneos X X MD 0,1 -0,2 1 0,7 Insumos Disponibilidade de carne X F 0,15 0,15 Qualidade da carne X X D 0,35 -0,35 Preço da carne X F 0,25 0,25 Embalagem X F 0,1 0,1 Energia X D 0,15 -0,15 1 0 Relações de mercado Relações com frigoríficos X D 0,3 -0,3 Relações com outros distribuidores X D 0,15 -0,15 Relação com consumidores finais X D 0,25 -0,25 Formação de preços X F 0,2 0,2 Rastreabilidade X X D 0,1 -0,1 1 -0,6 Características da demanda Imagem X D 0,08 -0,08 Atendimento e entrega em domicílio X F 0,05 0,05 Diversidade de prod. cárneos e complement. X D 0,1 -0,1 Promoção e desconto X F 0,16 0,16 Preço da carne X D 0,16 -0,16 Informação ao consumidor X MD 0,1 -0,2 Rastreabilidade X X D 0,1 -0,2 Crédito ao consumidor X X F 0,04 0,04 Renda do consumidor X X D 0,16 -0,16 Preços de outros produtos cárneos X D 0,12 -0,12 1 -0,6 Estrutura de mercado Concentração X X F 0,4 0,4 Escala X F 0,2 0,2 Barreiras à entrada X X N 0,1 0 Logística X X D 0,3 -0,3 1 0,3 Gestão Formato de ponto de venda X F 0,2 0,2 Gestão de pessoas do setor cárneo X X D 0,25 -0,25 Marketing de venda de carne bovina X F 0,25 0,25 Gestão da cadeia de supr. de carne bovina X F 0,3 0,3 1 0,5 Ambiente institucional Legislação sanitária X X F 0,3 0,3 Fiscalização sanitária X F 0,5 0,5 Exigência de rastreabilidade X X D 0,2 -0,2 1 0,6

Fonte: Resultados da pesquisa. Controlabilidade: NC – Subfator não-controlável; CF – Subfator controlável pela firma; CG – Subfator controlável pelo governo; NC – Subfator não-controlável. Avaliação: MF – Avaliação muito favorável = +2; F – Avaliação favorável = +1; N – Avaliação neutra = 0; D – Avaliação desfavorável = -1; e MD – Avaliação muito desfavorável = -2.

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Fonte: Resultados da pesquisa.

Figura 8 – Direcionadores de competitividade do segmento de distribuição da bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, 2007.

As relações de mercado entre os agentes, a jusante e a montante, podem

ser consideradas o fator crítico do desempenho da distribuição de carne no

Estado de Mato Grosso, uma vez que afeta desfavoravelmente a sua

competitividade. Isso acontece em decorrência, principalmente, de relações

desfavoráveis entre o varejo e os frigoríficos, entre o varejo e os demais

distribuidores e entre o varejo e os consumidores. Portanto, configura-se um

conjunto de relações conflituosas e, ou, pouco transparentes que precisam ser

melhoradas. A rastreabilidade deficiente ou inexistente agrava o quadro

desfavorável do direcionador relação de mercado e, conseqüentemente, da

competitividade da cadeia. Apenas a formação de preço é favorável à

composição desse direcionador. Há, portanto, um caminho longo a ser percorrido

pelos agentes para estabelecerem relações mais satisfatórias que se traduzam em

maiores benefícios para a competitividade da cadeia, principalmente para os

negócios voltados ao atendimento do mercado interno.

Tecnologia Insumos Relações deMercado

Carac. dademanda

Estrutura deMercado

Gestão AmbienteInstitucional

0,7

0

-0,6 -0,6

0,30,5 0,6

-2

-1

0

1

2

Tecnologia Insumos Relações deMercado

Carac. dademanda

Estrutura deMercado

Gestão AmbienteInstitucional

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De modo semelhante e diretamente atrelado à distribuição no varejo,

uma análise das características da demanda revela um direcionador desfavorável

à competitividade da cadeia na quase totalidade dos itens avaliados. A falta de

informações aos consumidores com respeito às carnes bovinas comercializadas

destaca-se como o subfator mais importante a influir negativamente no

desempenho do direcionador. Em menor grau de importância, mas também

afetando negativamente o desempenho desse segmento da cadeia, estão a

imagem negativa que os consumidores fazem da carne de boi, o preço da carne e

de outros produtos cárneos; e os problemas de renda enfrentados pelos

consumidores, pouca diversidade de produtos cárneos de origem bovina e

rastreabilidade.

O atendimento e a entrega em domicílio, as promoções e, ou, descontos

mais o crédito disponível para aquisição da carne, no entanto, contribuem

favoravelmente para a competitividade desse direcionador. Residem, portanto,

nesses subfatores, oportunidades para estratégias e, ou, ações corretivas

institucionais e, ou, privadas provocarem mudanças que resultem principalmente

na alavancagem do consumo da carne bovina no País.

A estrutura de mercado do segmento de distribuição apresenta-se, em

geral, favorável à competitividade da cadeia da bovinocultura de corte do Estado

de Mato Grosso. O nível atual de concentração das firmas no segmento de

distribuição contribui favoravelmente para seu desempenho. A economia de

escala alcançada nas operações de distribuição reforça positivamente o quadro

geral de eficiência desse segmento. Porém, a logística na distribuição de carne

produzida no estado apresenta-se desfavorável e compromete a competitividade

da cadeia. A estrutura de mercado favorável como um todo tem ainda espaço

para que formas novas e mais efetivas de negociação e, ou, organização dos

agentes se concretizem e resultados mais expressivos de competitividade, no

médio e no longo prazo, sejam alcançados.

A gestão interna das firmas que formam o segmento de distribuição pode

ser considerada um ponto forte de competitividade da cadeia. Os modernos

formatos dos pontos de venda em evidência, o marketing de venda da carne, a

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gestão da cadeia de suprimentos colaboram favoravelmente para o bom

resultado desse direcionador de competitividade. Apenas cabe ressaltar a

contribuição negativa do subfator gestão de pessoas do setor cárneo, uma vez

que se acredita que as pessoas envolvidas na venda da carne bovina ao

consumidor deveriam ser mais bem qualificadas. Mesmo apresentando um

quadro favorável à competitividade da cadeia, a gestão do segmento de

distribuição carece de métodos e, ou, técnicas mais avançadas de gerenciamento

para aprimorar ainda mais os indicadores de eficiência administrativa.

Com relação ao ambiente institucional relativo às leis, normas e

regulamentos que envolvem o segmento de distribuição no Estado de Mato

Grosso, há clara evidência de que estes evoluíram favoravelmente e

consolidaram mudanças significativas para o fortalecimento de todos os demais

elos da cadeia produtiva. O atendimento e, ou, cumprimento tanto da legislação

sanitária quanto da fiscalização sanitária colaboraram para o bom êxito do

desempenho desse direcionador. As exigências de rastreabilidade, embora

constatadas como uma preocupação bastante evidente, ainda não surtem os

efeitos desejados, mostrando-se, nesse segmento, desfavoráveis à

competitividade da cadeia, nesse particular.

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CAPÍTULO V

AÇÕES PROPOSTAS

Considerando-se as discussões a respeito das características dos vários

segmentos da cadeia de bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso e seus

direcionadores e subfatores, buscou-se, através da ampla discussão dentro da

equipe técnica e com representantes dos vários segmentos da cadeia, a

identificação de ações que objetivassem a melhoria de competitividade desta

cadeia. Estas ações propostas são apresentadas a seguir12.

5.1. Propostas de âmbito geral passíveis de atuação direta dos agentes da cadeia produtiva

1) Realizar estudos qualitativos e quantitativos sobre a situação atual

e prospectiva dos confinamentos e suas conseqüências para o setor de

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso

Agentes responsáveis: Entidades representativas dos interesses dos

pecuaristas, Centro Boi.

12 Para mais informações sobre as ações propostas, consultar o texto completo do presente diagnóstico.

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Sumário Executivo

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Agentes impactados: Pecuaristas e indústrias frigoríficas.

Prioridade: Alta/curto prazo.

2) Consolidar o Centro de Inteligência da Bovinocultura de Corte de

Mato Grosso

Agentes responsáveis: Entidades representativas dos interesses dos

fornecedores de insumo, pecuaristas, frigoríficos, distribuidores e varejistas.

Agentes impactados: Todos os agentes da cadeia inclusive o

consumidor final.

Prioridade: Alta/curto prazo.

3) Desenvolver um Diagnóstico da Cadeia Produtiva do Couro do

Estado de Mato Grosso

Agentes responsáveis: Instituições representativas de pecuaristas,

indústria frigorífica; curtumes e Governo do Estado.

Agentes impactados: Pecuaristas, indústria frigorífica, curtumes e

demais agentes envolvidos na cadeia do couro.

Grau de prioridade: Médio /Médio prazo.

4) Promover grande mobilização estadual quanto à necessidade de

discutir os procedimentos de rastreamento e o SISBOV

a) Realização de dias de campo, a fim de ampliar o conhecimento real sobre

todos os procedimentos requeridos na rastreabilidade;

b) Divulgação, através dos Sindicatos, de todas as modificações previstas na

nova proposta do SISBOV, de modo a ampliar o conhecimento dos

pecuaristas com esta questão;

c) Realização de estudos técnicos, visando verificar a relação custo-benefício –

em distintas regiões do estado e para distintos cenários – da implantação da

rastreabilidade nas propriedades de bovinocultura de corte; bem como

quantificar as perdas potenciais advindas da não adequação dos produtores

brasileiros às regulamentações da rastreabilidade, nos moldes hoje vigentes.

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Sumário Executivo

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Agentes responsáveis: Governo Federal, Governo Estadual, Associação

de Produtores, Sindicatos, Instituições de Pesquisa, Ensino e Extensão.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

5) Realizar ampla divulgação, junto aos pecuaristas, dos benefícios

que os procedimentos de certificação podem trazer, enquanto sinalizadores

de qualidade

Agentes responsáveis: Governo Estadual, Instituições de apoio à

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, Associações de Classe.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

6) Promover a gestão da sustentabilidade ambiental nas

propriedades rurais

Agentes responsáveis: Governo Estadual, FAMATO, Associação de

Produtores, Sindicatos, ONGs.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

7) Buscar alternativas para reduzir questões de conflitos de ordem

fundiária

Agentes responsáveis: Governo Federal, Câmara dos Deputados,

Governo Estadual, FAMATO, Associação de Produtores, Sindicatos.

Agentes impactados: Pecuaristas.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

8) Criar uma Associação dos Criadores de Mato Grosso, com

enfoque de atuação nos aspectos mercadológicos da atividade e com Vice-

presidências ligadas a cada uma das atividades

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Sumário Executivo

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Agentes responsáveis: FABOV/FAMATO e entidades organizadas do

setor (ACRIMAT / ASMAT / Sindicatos Rurais).

Agentes impactados: Setor de produtivo.

Prioridade: Alta/curto prazo.

9) Organizar o diagnóstico do Meio Ambiente de Mato Grosso ligado

à atividade dos pecuaristas

Agentes responsáveis: entidades de toda a cadeia (com recursos do

FABOV/ Fundo da Carne e Fundo do Couro)

Agentes impactados: toda a cadeia produtiva, uma vez que a questão

ambiental está se tornando cada vez uma Barreira não Tarifária a ser exercida

com rigor crescente pelos mercados consumidores externos.

Grau de prioridade: Alta/curto prazo.

10) Criar o Fórum Permanente da Bovinocultura de Corte de Mato

Grosso

Agentes responsáveis: FABOV/FAMATO, entidades organizadas do

setor (ACRIMAT/ASMAT/Sindicatos Rurais) e entidades representativas dos

segmentos de insumos, abate e processamento e distribuição da cadeia.

Agentes impactados: Setor produtivo.

Prioridade: Alta/curto prazo.

5.2. Propostas de âmbito geral ligadas a decisões de escopo político e macroeconômico

1) Fazer gestões junto à Secretaria de Direito Econômico para

regulação dos preços nos laboratórios, para os produtos veterinários

obrigatórios

Agentes responsáveis: Representações de classe.

Agentes impactados: Laboratórios de medicamentos veterinários,

comerciantes, pecuaristas.

Grau de prioridade: Alta/médio prazo.

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Sumário Executivo

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2) Explicitar o real uso dos recursos do FETHAB na melhoria das

estradas no Estado de Mato Grosso

Agentes responsáveis: Secretarias de Estado, fundos de apoio,

representações de classe.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor

final.

Grau de prioridade: Alta/curto prazo.

3) Mobilizar a classe política de Mato Grosso para efetivar ações

previstas no Plano de Aceleração de Crescimento

Agentes responsáveis: Representações sindicais, Secretarias de Estado e

Bancada Federal.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor

final.

Grau de prioridade: Alta/curto prazo.

5.3. Propostas para o segmento de insumos

1) Estabelecer o marco legal para a reciclagem das embalagens de

insumos animais

Agentes responsáveis: Entidades representativas de fornecedores de

insumos e pecuaristas.

Agentes impactados: Todos os agentes da cadeia.

Grau de prioridade: Média/médio prazo.

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Sumário Executivo

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2) Realizar campanha de conscientização para a reciclagem das

embalagens de insumos animais

Agentes responsáveis: Todos os agentes da cadeia.

Agentes impactados: Todos os agentes da cadeia.

Grau de prioridade: Média/médio prazo.

3) Acompanhar de forma sistemática os preços e as quantidades dos

diferentes insumos pecuários em Mato Grosso

Agentes responsáveis: Associações de classe dos diferentes segmentos,

Instituições de Pesquisa, instituições públicas correlatas.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor

final.

Grau de prioridade: Média/médio prazo.

4) Construir instrumento legal para equalizar tarifas tributárias de

insumos pecuários

Agentes responsáveis: SEFAZ, FAMATO, Ministério da Fazenda.

Agentes impactados: Lojistas, indústrias de nutrição animal,

pecuaristas.

Grau de prioridade: Alta/médio prazo.

5) Realizar campanha de valorização do uso de insumos produzidos

em Mato Grosso

Agentes responsáveis: Representantes do segmento de insumos e

Governo do Estado.

Agentes impactados: Empresas do segmento de insumos, sociedade em

geral.

Grau de prioridade: Alta/médio prazo.

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Sumário Executivo

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6) Realizar campanha de divulgação para o uso de sementes de

forrageiras de maior pureza

Agentes responsáveis: Governo do Estado, Representantes dos

produtores de sementes e instituições de pesquisa.

Agentes impactados: Pecuaristas, agentes do segmento de insumos.

Grau de prioridade: Alta/curto prazo.

7) Qualificar a mão-de-obra para aplicação, fabricação e

desenvolvimento de insumos pecuários

Agentes responsáveis: Setor público, Representantes dos pecuaristas e

agentes do segmento de insumos, universidades e instituições de pesquisa.

Agentes impactados: Pecuaristas e agentes do segmento de insumos.

Grau de prioridade: Alta/curto prazo.

5.4. Propostas para o segmento de produção

5.4.1. Tecnologia

1) Ampliar os procedimentos de difusão de informações sobre riscos

de sanidade animal, refletindo principalmente a insatisfação presente na

área não habilitada

Agentes responsáveis: Governo Federal e Estadual, indústrias de

vacinas e Instituições de Pesquisa, Ensino e Extensão.

Agentes impactados: A cadeia produtiva como um todo.

Grau de prioridade: Alta/curto prazo.

2) Agilizar estudo sobre a morte súbita de pastagens e cigarrinha

Agentes responsáveis: Governo Estadual, Instituições de Pesquisa,

Ensino e Extensão.

Agentes impactados: Produtores.

Grau de prioridade: Alta/curto prazo.

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Sumário Executivo

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3) Ampliar os recursos para maior adoção de práticas de

inseminação artificial e aquisição de animais melhoradores

Agentes responsáveis: Governo Federal, Governo Estadual, Instituições

de Pesquisa, Ensino e Extensão.

Agentes impactados: Produtores, Indústrias e Comércios de Insumos

Veterinários, Sêmen e Embriões.

Grau de prioridade: Média/médio prazo.

4) Desenvolver e, ou aprimorar os projetos de viabilização da

integração agricultura pecuária

Agentes responsáveis: Governo Federal, Governo Estadual, Instituições

de Pesquisa, Ensino e Extensão.

Agentes impactados: Produtores agrícolas e pecuaristas.

Grau de prioridade: Média/médio prazo.

5) Adotar um modelo de difusão tecnológica, baseado na utilização

de propriedades-piloto, com ênfase ao adequado manejo alimentar,

reprodutivo e na formação de pastagens

Agentes responsáveis: Governo Estadual, Associação de Produtores,

Sindicatos, Instituições de Pesquisa, Ensino e Extensão.

Agentes impactados: A cadeia produtiva como um todo.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

6) Criar um grupo de estudo para investigar as alternativas

existentes (soluções mercadológicas) para a consolidação e aperfeiçoamento

da bovinocultura pantaneira, considerando as especificidades locais e

valorizando os aspectos regionais e ambientais

Agentes responsáveis: Governo Federal, Governo Estadual, Associação

de Produtores, Sindicatos, Instituições de Pesquisa, Ensino e Extensão e

Organizações Não-Governamentais.

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Sumário Executivo

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Agentes impactados: Produtores da região.

Grau de prioridade: Alto/Curto prazo.

5.4.2. Relações de mercado

7) Identificar, contatar e chamar as principais lideranças da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso para um fórum de

investigação sobre as causas reais da baixa participação dos pecuaristas

junto aos Sindicatos rurais aos quais se acham vinculados

Agentes responsáveis: Instituições de apoio e representação da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva.

Grau de prioridade: Alta/curto prazo.

5.4.3. Gestão

8) Construir um Programa de Aperfeiçoamento da Gestão para

Bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso, no modelo de um

protocolo de gestão para a pecuária de corte

Agentes responsáveis: Instituições representativas dos bovinocultores e

SENAR.

Agentes impactados: Bovinocultores.

Grau de prioridade: Alto/Curto prazo.

9) Realizar discussão das grades curriculares (e capacitação dos

docentes) dos cursos de graduação em ciências agrárias e sociais aplicadas

junto às Universidades (Federal e campi, e particulares) no sentido de

aprimorá-las e atualizá-las para as realidades de Mato Grosso

Agentes responsáveis: Governos Federal, Estadual e Municipal,

Instituições de ensino (médio e superior) do Estado de Mato Grosso.

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Agentes impactados: A cadeia como um todo.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

10) Realizar um levantamento e caracterização das propriedades

rurais a fim de se conhecer melhor a realidade local e melhorar o

direcionamento das ações e, ou, políticas de desenvolvimento setorial

Agentes responsáveis: Entidades representativas dos bovinocultores de

corte do Estado de Mato Grosso.

Agentes impactados: Bovinocultores de corte.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

11) Construir cenários de viabilidade de investimento (ampliação e

recuperação da atividade), de modo a garantir a preservação da

bovinocultura de corte como uma das mais importantes atividades

econômicas do Estado de Mato Grosso

Agentes responsáveis: Entidades representativas dos bovinocultores de

corte do Estado de Mato Grosso.

Agentes impactados: Bovinocultores de corte.

Grau de prioridade: Alto/médio prazo.

5.4.4. Ambiente institucional

12) Promover a divulgação sistemática da destinação dos recursos

auferidos com as principais taxas/contribuições pagas pelos pecuaristas.

Agentes responsáveis: Entidades representativas dos bovinocultores de

corte do Estado de Mato Grosso.

Agentes impactados: Bovinocultores de corte.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

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Sumário Executivo

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5.5. Propostas para o segmento de abate e processamento

1) Desenvolver um protocolo e normas para o toalete executado

dentro dos abatedouros

Agentes responsáveis: Instituições responsáveis pelos interesses dos

pecuaristas, indústria frigorífica e MAPA.

Agentes impactados: Pecuaristas e indústrias frigoríficas

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

2) Desenvolver um programa de classificação e tipificação de

carcaças bovinas

Agentes responsáveis: Instituições responsáveis pelos interesses dos

pecuaristas, indústria frigorífica e MAPA.

Agentes impactados: Pecuaristas, indústria e consumidor.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

3) Dar continuidade e aprimorar o programa de aferição do peso dos

animais nos frigoríficos: Programa PESEBEM

Agentes responsáveis: Instituições responsáveis pelos interesses dos

pecuaristas.

Agentes impactados: Pecuaristas e indústrias frigoríficas.

Grau de prioridade: Médio/curto prazo.

4) Desenvolver um programa de melhorias no transporte de animais

terminados da fazenda para o abate

Agentes responsáveis: Instituições responsáveis pelos interesses dos

pecuaristas e indústria frigorífica.

Agentes impactados: Pecuaristas e indústrias frigoríficas.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

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5) Regulamentar o Fundo da Carne do Estado de Mato Grosso

Agentes responsáveis: Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e

Energia do Estado de Mato Grosso e entidades representativas dos vários agentes

da cadeia de bovinocultura de corte de Mato Grosso.

Agentes impactados: Todos os agentes envolvidos na cadeia de

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso.

Grau de prioridade: Alto/curto prazo.

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Sumário Executivo

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5.6. Propostas para o segmento de distribuição

1) Estimular a participação do comércio varejista de açougues e

casas de carnes em redes de relacionamento

Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de

indústrias frigoríficas e Varejistas. Governos Federal, Estadual e Municipal.

Agentes impactados: Varejistas, Frigoríficos e Pecuaristas.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

2) Estimular e dar continuidade à modernização no comércio

varejista de açougues e casas de carnes através da capacitação da mão-de-

obra que opera no segmento

Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de

indústrias frigoríficas e Varejistas. Governos Federal, Estadual e Municipal.

Agentes impactados: Varejistas, Frigoríficos e Pecuaristas.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

3) Promover estímulos financeiros de suporte à modernização do

comércio varejista de açougues e casas de carnes para aquisição ou adoção

de equipamentos mais adequados e ou tecnologicamente mais avançados

para processamento de carnes

Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de

indústrias frigoríficas e Varejistas. Governos Federal, Estadual e Municipal.

Instituições financeiras.

Agentes impactados: Varejistas, Frigoríficos e Pecuaristas.

Grau de prioridade: Médio/médio prazo.

4) Promover estudos sobre hábitos alimentares dos consumidores

acerca dos atributos estimuladores e desestimuladores do consumo de carne

bovina no Estado de Mato Grosso e em praças compradoras da carne

bovina do estado

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Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de

indústrias frigoríficas e Varejistas. Governos Federal, Estadual e Municipal.

Agentes impactados: Varejistas, Frigoríficos e Pecuaristas.

Grau de prioridade: Alta/curto prazo.

5) Realizar campanha publicitária de caráter institucional com

objetivo de informar aos consumidores sobre as reais características da

carne bovina e suas vantagens para a saúde humana

Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de

indústrias frigoríficas e Varejistas. Governos Federal, Estadual e Municipal.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor

final.

Grau de prioridade: Alta/médio prazo.

6) Criar mecanismos de controle efetivo do destino dos produtos da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso

Agentes responsáveis: Entidades representativas de pecuaristas, de

indústrias frigoríficas e Varejistas. Governos Federal, Estadual e Municipal.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor

final.

Grau de prioridade: Alta/curto prazo.

7) Estimular a busca e centralização de informações sobre

alternativas de se produzir maior variedade de produtos cárneos, de origem

bovina, em termos, por exemplo, de praticidade de preparo, de cortes mais

atraentes, visando maior competitividade frente a outros tipos de carne

Agentes responsáveis: Universidades, instituições de pesquisa,

entidades representativas de pecuaristas, de indústrias frigoríficas e varejistas.

Governos Federal, Estadual e Municipal.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor

final.

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Sumário Executivo

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Grau de prioridade: Média/médio prazo.

8) Pesquisar o reaproveitamento dos resíduos de carne bovina

gerados no elo de distribuição

Agentes responsáveis: Universidades, instituições de pesquisa,

entidades representativas de pecuaristas, de indústrias frigoríficas e varejistas.

Governos Federal, Estadual e Municipal.

Agentes impactados: Toda a cadeia produtiva, inclusive o consumidor

final.

Grau de prioridade: Média/médio prazo.

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CAPÍTULO VI

CONCLUSÕES

A avaliação de cadeias produtivas agroindustriais é muito complexa, por

envolver amplo número de agentes com perfil bastante distinto e, naturalmente,

visões diferentes a respeito do que se espera ser a condução ideal da coordenação

da cadeia à qual se vinculam. Nesse contexto, a apresentação do sumário

executivo tem dois objetivos centrais: mostrar, de forma sintética, as principais

observações encontradas sobre a competitividade da cadeia produtiva da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso e, simultaneamente, informar e

criar comprometimento junto àqueles que, de fato, são os atores capazes de

minimizar os entraves encontrados e ampliar as vantagens percebidas.

Naturalmente, pelo formato objetivo e pela necessidade de sumarização,

no documento apresentado, não são discutidos aprofundamentos metodológicos

ou itemizações específicas sobre um ou outro aspecto observado ao longo da

cadeia. A natureza do texto objetiva a análise dos grandes entraves e vantagens,

de modo que a apreciação coletiva desses pontos possa gerar, em momento

oportuno, a validação das propostas de ação delineadas como instrumentos de

alavancagem setorial.

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Sumário Executivo

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É, portanto, fundamental que sobre cada pontuação identificada, em cada

direcionador e elo da cadeia analisado, sejam realizados esforços para a

efetivação das ações propostas e, mais que isso, que se realize um esforço

coletivo de coordenação, a fim de que o potencial competitivo da cadeia

produtiva não seja embotado por particularidades setoriais ou rusgas entre elos.

Este diagnóstico aponta claramente os problemas críticos que colocam

em cheque todo o desempenho da cadeia (por exemplo, as questões tributária e

fiscal, trabalhista, ambiental, de infra-estrutura e logística, de gestão, entre

outras) e que, portanto, são comuns a todos os elos. Vislumbra-se a oportunidade

de se congregarem todos os segmentos envolvidos na cadeia de bovinocultura de

corte do Estado de Mato Grosso para atuarem juntos em prol da competitividade

do setor, enfrentando desafios que prejudicam todos os seus componentes.

Em primeiro lugar, é preciso que se considere que o setor produtivo é

bastante heterogêneo em Mato Grosso e o diagnóstico, por questões práticas,

buscou identificar aspectos que afetam a coletividade. Em muitos casos, os

problemas que se manifestam de forma semelhante nas diferentes regiões do

estado, precisam ser solucionados de forma diferenciada em função das

condições da região (solo, clima, ecossistemas sensíveis - com destaque para o

Pantanal) ou de fatores ligados à cultura local e, ou, padrão de formação dos

profissionais envolvidos na atividade.

De forma sistematizada, as principais conclusões da pesquisa podem ser

itemizadas em 10 questões:

1. Visível demanda por capacitação em todos os elos da cadeia produtiva da

bovinocultura de corte do Estado de Mato Grosso. Há carência crítica de

práticas de gestão na grande maioria das empresas rurais, com ausência de

controle zootécnico eficiente, registro de animais, fluxo de caixa, análise de

custos, entre outros, o que compromete severamente a competitividade da

cadeia.

2. Percepção de espaço para a intensificação da produção, com possibilidade

de ampliação dos confinamentos e da integração lavoura-pecuária, com

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Sumário Executivo

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possível aproveitamento dos resíduos do algodão, cana-de-açúcar, restos de

cervejaria, soja, milho e arroz como parte da alimentação animal.

3. Existência de relevantes problemas de logística e transporte, que vão além

das condições das rodovias, e que envolvem, em maior ou menor grau,

aspectos relacionados ao embarque e desembarque dos animais, manejo,

condições dos caminhões, etc.

4. Necessidade de acordos estratégicos entre os elos, com vistas à redução de

riscos e dos custos de transação entre os agentes.

5. Necessidade de transparência e estabelecimento de relações de confiança ao

longo da cadeia produtiva. Nesse âmbito, como pontos críticos, observou-

se:

a. Baixa interação, transparência e fluxo de informação ao longo da cadeia,

principalmente nos elos de produção-abate e abate-compradores de carne.

b. Falta de participação de agentes da cadeia em suas entidades de classe,

com destaque para os pecuaristas que precisam de uma maior participação

nos sindicatos e federação.

c. Necessidade de se trabalhar em âmbito institucional – federal, estadual e

municipal –, para solucionar entraves importantes nas áreas de legislação

para normatização das atividades da cadeia (normas para toalete,

tipificação, fiscalização sanitária, entre outras), questões ambientais,

tributárias, comerciais e trabalhistas.

d. Desorganização das informações sobre a cadeia produtiva que encontram-

se dispersas entre as instituições.

6. Necessidade de acordos comerciais com outros países e blocos econômicos

- melhor adequação dos circuitos sanitários (OIE).

7. Requerimento pela equalização tributária dos insumos pecuários com os

insumos da agricultura.

8. Necessária recuperação de pastagens degradadas.

9. Especial tratamento para a questão comercial de divisão do estado em área

habilitada e não-habilitada para exportação para a União Européia.

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Sumário Executivo

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10. Melhor organização e ênfase no posicionamento dos agentes da cadeia de

bovinocultura de corte de Mato Grosso em relação às questões ambientais,

mais críticas nas regiões que compõem a Amazônia Legal (ao norte do

estado) e Pantanal.

Além destas questões, é preciso que os agentes partícipes da cadeia se

conscientizem da necessidade de manterem-se engajados e ativos para que as

ações propostas no diagnóstico, e outras que surjam durante esse processo, sejam

divulgadas, discutidas e executadas. Para tal, a sugestão de criação de um fórum

permanente para a bovinocultura de corte de Mato Grosso, composto de

especialistas, consultores, agentes representativos e autoridades políticas, deve

ser apreciada com especial atenção.

É, pois, fundamental, que os representantes políticos da cadeia de

bovinocultura de corte do estado dêem apoio e pressionem, se necessário, o

Governo, para que as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)

sejam executadas, permitindo ao estado o escoamento dos derivados cárneos (e

outros produtos), através de portos que os tornem mais competitivos em termos

de preços no mercado externo.

As propostas deste diagnóstico são, portanto, eminentemente pró-ativas.

Uma análise de cadeia produtiva requer uma visão sistêmica para que se alcance

um resultado realístico e, naturalmente, os mecanismos de ação propostos

deverão ser compreendidos e ter o suporte de cada elemento que compõe esse

elo, pois sem essa ação coletiva se perderá boa parte do potencial de crescimento

e sustentação da cadeia, com perdas significativas para cada uma das partes.

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"O mundo não vai superar a crise atual usando o mesmo pensamento

que criou essa situação.”

Albert Einstein

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REFERÊNCIAS

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BATALHA, M.O. Sistemas agroindustriais: definições e correntes metodológicas. In: BATALHA, M.O. (Org.). Gestão agroindustrial: GEPAI – Grupo de Estudos e Pesquisa Agroindustriais. São Paulo. Atlas, 1997.

BRASIL. Ministério da Agricultura. Balança comercial brasileira e do agronegócio. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em: ago. 2007.

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Sumário Executivo

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