dia 11 junho

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08 | | Vitória, 11 de junho de 2010 | Vitória, 11 de junho de 2010 | 09 @gazetaesportes gazetaesportes gazetaonline.com.br/bloggol A JABULANI VAI ROLAR! ( ENVIADO ES P EC I A L ) JOHANNESBURGO nn Chegou o tão esperado dia. Vai começar a Copa do Mundo da África do Sul. Mas antes de toda a festa, um grande preocupação. O trânsito de Johannesburgo. A distância da nossa Guest House para o Soccer City é pe- quena. Mesmo assim saíremos às 10 horas, quatro horas antes da abertura oficial da Fifa, e seis antes da partida entre os Bafana Bafana e o México. É que o trânsito é um problema crônico em Johannesburgo. Ele não flui nem em dias ditos normais. O dia, claro, será histórico para a África do Sul. Será o momento de congregação do país em torno de uma se- leção. Será mais um dia em que brancos e negros tor- cerão juntos, como no Mundial de Rugbi, em 1995, como mostra o filme Invictus. MAS NEM TODOS VÃO Mesmo assim, muitos ficarão de fora do jogo ini- cial. Esse vai ser o caso de duas crianças nativas que jogavam bola descalças em frente ao Soccer City. Com o sorri- so no rosto, eles pareciam admira- dos com o estádio ao fundo. Com um moicano estiloso, um deles disse que ambos não assistirão os jogos da Copa no estádio. Eles estavam sozinhos. E tinham 11 anos. E mesmo tendo de assistir sua seleção pela TV, estavam felizes. Essa é a marca do povo africano. Sorriso no rosto sempre. POR FALAR EM SOCCER CITY Ontem foi dia de conhecer o estádio por dentro. E pu- de ver que os sul-africanos estão caprichando para que nada dê errado hoje. Carrinhos e mais carrinhos com mercadorias cruzaram as passarelas. Voluntários rece- biam os últimos treinamentos. Lâmpadas eram trocadas e o gramado teve seu último reparo. Até o placar eletrô- nico já chamava para o jogo de abertura do Mundial en- tre África do Sul e México. Tive a oportunidade de pisar no gramado do Soccer City. E ter uma melhor noção do Colosso que construí- ram para a primeira Copa do Mundo em solo africano. A estrutura é fantástica, a começar pelo Centro de Impren- sa do estádio, que tem até um McCafé, passando pelas bilheterias, todas com detectores de metal, e chegando nas cadeiras mais simples das arquibancadas, todas con- fortáveis e com perfeita visão do campo de jogo. A NOVA Todas as raças. Crianças de uma escola sul-africana celebram Dia dos Pais com o futebol FOTOS: THIERRY GOZZER UNIÃO. Na pré-escola Nurture and Nature, em Johannesburgo, não existe diferenças entre crianças negras e brancas Copa de 2018 tem “b r i ga b oa ” entre Beckham e Gullit Astro inglês e ex-atleta holandês fazem propaganda para levar o Mundial para seus países ASTRO. Com o terno da seleção inglesa, Beckham passou apressado após deixar congresso JOHANNESBURGO nn De hoje, até o próximo dia 11 de julho, dia da final da Copa, os olhos do mundo es- tarão voltados para a África do Sul. E o melhor exemplo do que os sul-africanos pre- tendem mostrar aconteceu ontem na pré-escola Nurtu- re and Nature, no bairro de Fourways, em Johannesbur- go. No último dia de aula (os alunos só voltam para as es- colas após o Mundial), uma mostra da “nova” África foi dada por crianças negras e brancas de até sete anos, que vão construir o futuro da ter- ra dos Bafana Bafana. E já que a Copa do Mundo parou o país, a celebração do Dias dos Pais, que seria no fi- nal de semana, passou para quinta-feira, com um tema especial: a seleção nacional. Todos os pais foram avisa- dos para trazer seus filhos com a camisa da seleção. E na escola foram homenagea- dos pelos filhos, que canta- ram canções africanas aprendidas com a professo- ra Leeanne Leemhuis “Para essas crianças não existe país melhor que a África do Sul. E criança não vê cor. E sim amigos. Para eles não existiu Apartheid. Essas crianças são a minha vida”, diz a professora. A reunião colocou frente a frente duas gerações. A dos pais, que viveu o período do Apartheid. E a das crianças, que ainda sequer sabem do passado nebuloso da África do Sul. Ver seu filho Madi- son, de 4 anos, brincando com uma criança negra, co- mo qualquer pequeno faz, enche de orgulho o empre- sário Marius Van Niesker. “A nova África do Sul é da diversidade. E é isso que va- mos mostrar para o mundo. Fico emocionado quando lembro de tudo que o país pas- sou”, diz Marius, que faz ques- tão de dizer para o mundo que o Apartheid é coisa do passa- do. “Isso não existe mais. E de- ve ser usado de exemplo para outros países que ainda têm esse tipo de segregação”. Quem também serve de exemplo da nova África do Sul é Juan Carlos Muñoz, de 42 anos. Colombiano, ele mora em Johannesbur- go e é casado com uma suí- ça. Mas a filha do casal já nasceu na África do Sul. “Todos os lugares e escolas que você vai em Johannes- burgo é assim. Crianças brancas e negras brincam juntas. Conseguimos jun- tar novamente esse país. E a Copa teve um grande pa- pel nisso”, acredita Juan. EM 2018. Gullit quer dois milhões de bicicletas na Copa JOHANNESBURGO nn David Beckham não joga- rá o Mundial. Mas talvez ho- je, do alto dos seus 35 anos, se- ja mais importante para a In- glaterra fora de campo. Não é à toa que ontem o craque par- ticipou do 60º Congresso da Fifa, que aconteceu em um hotel luxuoso de Sandton, bairro nobre de Johannes- burgo. Vestido com o terno da seleção inglesa, ele foi um dos representantes da Ingla- terra, que pretende receber a Copa de 2018. Na correria para deixar o hotel, cercado por diversos seguranças e a imprensa do mundo inteiro, respondeu com gestos a uma pergunta de A GAZETA. Indagado so- bre as possibilidades de títu- lo da sua seleção, e se acredi- tava na conquista na África do Sul, Beckham sorriu e fez um sinal positivo com a mão direita, e saiu apressado, ca- bisbaixo e escoltado até o carro que o levou embora. Beckham tem um con- corrente à altura na ambi- ção de levar a Copa do Mun- do. O holândes Ruud Gullit, ex-capitão da seleção na- cional, é presidente do co- mitê que quer ver o Mundial de 2018 ou 2022 dividido en- tre Bélgica e Holanda. Gullit prometeu a Copa do Mundo mais ecológica de todos os tempos, com a distribuição de dois mi- lhões de bicicletas para os torcedores caso a candida- tura seja escolhida. Muito solicitado após o fim do congresso da Fifa, o ex-joga- dor garantiu estar confiante na Holanda para a Copa do Mundo, colocando seu con- terrâneo Van Pirsie como destaque do time. --------------------------------------- VEJA NA WEB Confira vídeo com a festa preparada por crianças de escola sul-africana para comemorar o Dia dos Pais no gazetaesportes.com ---------------------------------------

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exemplo da nova África do Sul é Juan Carlos Muñoz, de 42 anos. Colombiano, elemora emJohannesbur- go e é casado com uma suí- ça. Masa filha docasal já nasceu na África do Sul. “Todos os lugares e escolas que você vai em Johannes- burgo é assim. Crianças brancas e negras brincam juntas. Conseguimos jun- tar novamente esse país. E aCopa teveum grandepa- pel nisso”, acredita Juan. VEJA NA WEB JOHANNESBURGO JOHANNESBURGO EM2018. Gullit quer dois milhões de bicicletas na Copa 08 |

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Page 1: Dia 11 junho

08 | | Vitória, 11 de junho de 2 010 | Vitória, 11 de junho de 2010 | 09

@gazetaespor tesgazetaespor tes g a zeta o n l i n e.co m . b r/b l o g g o l

A JABULANIVAI ROLAR!

(ENVIADO ES P EC I A L)

JOHANNESBURGO

nn Chegou o tão esperado dia. Vai começar a Copa doMundo da África do Sul. Mas antes de toda a festa, umgrande preocupação. O trânsito de Johannesburgo. Adistância da nossa Guest House para o Soccer City é pe-quena. Mesmo assim saíremos às 10 horas, quatro horasantes da abertura oficial da Fifa, e seis antes da partidaentre os Bafana Bafana e o México. É que o trânsito é umproblema crônico em Johannesburgo. Ele não flui nemem dias ditos normais.

O dia, claro, será histórico para a África do Sul. Será omomento de congregação do país em torno de uma se-leção. Será mais um dia em que brancos e negros tor-cerão juntos, como no Mundial de Rugbi, em 1995, comomostra o filme Invictus.

MAS NEM TODOS VÃOMesmo assim,

muitos ficarão defora do jogo ini-cial. Esse vai ser ocaso de duascrianças nativasque jogavam boladescalças emfrente ao SoccerCity. Com o sorri-so no rosto, elespareciam admira-dos com o estádioao fundo. Com um moicano estiloso, um deles disse queambos não assistirão os jogos da Copa no estádio. Elesestavam sozinhos. E tinham 11 anos. E mesmo tendo deassistir sua seleção pela TV, estavam felizes. Essa é amarca do povo africano. Sorriso no rosto sempre.

POR FALAR EM SOCCER CITYOntem foi dia de conhecer o estádio por dentro. E pu-

de ver que os sul-africanos estão caprichando para quenada dê errado hoje. Carrinhos e mais carrinhos commercadorias cruzaram as passarelas. Voluntários rece-biam os últimos treinamentos. Lâmpadas eram trocadase o gramado teve seu último reparo. Até o placar eletrô-nico já chamava para o jogo de abertura do Mundial en-tre África do Sul e México.

Tive a oportunidade de pisar no gramado do SoccerCity. E ter uma melhor noção do Colosso que construí-ram para a primeira Copa do Mundo em solo africano. Aestrutura é fantástica, a começar pelo Centro de Impren-sa do estádio, que tem até um McCafé, passando pelasbilheterias, todas com detectores de metal, e chegandonas cadeiras mais simples das arquibancadas, todas con-fortáveis e com perfeita visão do campo de jogo.

A NOVA

Todas as raças.Crianças de umaescola sul-africanacelebram Dia dosPais com o futebol

FOTOS: THIERRY GOZZER

UNIÃO. Na pré-escola Nurture and Nature, em Johannesburgo, não existe diferenças entre crianças negras e brancas

Copa de 2018 tem “b r i gab oa ” entre Beckham e GullitAstro inglês eex-atleta holandêsfazem propagandapara levar o Mundialpara seus países

ASTRO. Com o terno da seleção inglesa, Beckham passou apressado após deixar congresso

J O H A N N ES B U RG O

nn De hoje, até o próximodia 11 de julho, dia da final daCopa, os olhos do mundo es-tarão voltados para a Áfricado Sul. E o melhor exemplodo que os sul-africanos pre-tendem mostrar aconteceuontem na pré-escola Nurtu-re and Nature, no bairro deFourways, em Johannesbur-go. No último dia de aula (osalunos só voltam para as es-colas após o Mundial), umamostra da “n ova ” África foidada por crianças negras ebrancas de até sete anos, quevão construir o futuro da ter-ra dos Bafana Bafana.

E já que a Copa do Mundoparou o país, a celebração doDias dos Pais, que seria no fi-nal de semana, passou paraquinta-feira, com um temaespecial: a seleção nacional.Todos os pais foram avisa-dos para trazer seus filhoscom a camisa da seleção. Ena escola foram homenagea-dos pelos filhos, que canta-ram canções africanasaprendidas com a professo-ra Leeanne Leemhuis

“Para essas crianças nãoexiste país melhor que aÁfrica do Sul. E criança nãovê cor. E sim amigos. Paraeles não existiu Apartheid.Essas crianças são a minhavida”, diz a professora.

A reunião colocou frente

a frente duas gerações. A dospais, que viveu o período doApartheid. E a das crianças,que ainda sequer sabem dopassado nebuloso da Áfricado Sul. Ver seu filho Madi-son, de 4 anos, brincandocom uma criança negra, co-mo qualquer pequeno faz,enche de orgulho o empre-sário Marius Van Niesker.

“A nova África do Sul é da

diversidade. E é isso que va-mos mostrar para o mundo.Fico emocionado quandolembro de tudo que o país pas-s o u”, diz Marius, que faz ques-tão de dizer para o mundo queo Apartheid é coisa do passa-do. “Isso não existe mais. E de-ve ser usado de exemplo paraoutros países que ainda têmesse tipo de segregação”.

Quem também serve de

exemplo da nova África doSul é Juan Carlos Muñoz,de 42 anos. Colombiano,ele mora em Johannesbur-go e é casado com uma suí-ça. Mas a filha do casal jánasceu na África do Sul.“Todos os lugares e escolasque você vai em Johannes-burgo é assim. Criançasbrancas e negras brincamjuntas. Conseguimos jun-

tar novamente esse país. Ea Copa teve um grande pa-pel nisso”, acredita Juan.

EM 2018. Gullit quer dois milhões de bicicletas na Copa

J O H A N N ES B U RG O

nn David Beckham não joga-rá o Mundial. Mas talvez ho-je, do alto dos seus 35 anos, se-ja mais importante para a In-glaterra fora de campo. Não éà toa que ontem o craque par-ticipou do 60º Congresso daFifa, que aconteceu em umhotel luxuoso de Sandton,bairro nobre de Johannes-burgo. Vestido com o ternoda seleção inglesa, ele foi umdos representantes da Ingla-terra, que pretende receber aCopa de 2018.

Na correria para deixar ohotel, cercado por diversosseguranças e a imprensa domundo inteiro, respondeucom gestos a uma perguntade A GAZETA. Indagado so-bre as possibilidades de títu-lo da sua seleção, e se acredi-tava na conquista na África

do Sul, Beckham sorriu e fezum sinal positivo com a mãodireita, e saiu apressado, ca-bisbaixo e escoltado até ocarro que o levou embora.

Beckham tem um con-corrente à altura na ambi-ção de levar a Copa do Mun-do. O holândes Ruud Gullit,ex-capitão da seleção na-cional, é presidente do co-mitê que quer ver o Mundialde 2018 ou 2022 dividido en-tre Bélgica e Holanda.

Gullit prometeu a Copado Mundo mais ecológicade todos os tempos, com adistribuição de dois mi-lhões de bicicletas para ostorcedores caso a candida-tura seja escolhida. Muitosolicitado após o fim docongresso da Fifa, o ex-joga-dor garantiu estar confiantena Holanda para a Copa doMundo, colocando seu con-terrâneo Van Pirsie comodestaque do time.

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V E JA NA WEBConfira vídeo com a festa

preparada por crianças de escolasul-africana para comemorar o Diados Pais no gazetaesportes.com---------------------------------------