determinantes macroeconômicos do crescimento de longo-prazo parte i

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Determinantes Determinantes Macroeconômicos do Macroeconômicos do Crescimento de Longo- Crescimento de Longo- Prazo Prazo Parte I Parte I Prof. Dr. José Luís Oreiro Prof. Dr. José Luís Oreiro Departamento de Economia - Departamento de Economia - UNB UNB Pesquisador Nível I do Pesquisador Nível I do CNPq. CNPq.

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Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I. Prof. Dr. José Luís Oreiro Departamento de Economia - UNB Pesquisador Nível I do CNPq. Pontos em Debate. Crescimento numa perspectiva de longo-prazo. - PowerPoint PPT Presentation

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Page 1: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Determinantes Determinantes Macroeconômicos do Macroeconômicos do

Crescimento de Longo-Crescimento de Longo-PrazoPrazoParte IParte I

Prof. Dr. José Luís Oreiro Prof. Dr. José Luís Oreiro

Departamento de Economia - Departamento de Economia - UNBUNB

Pesquisador Nível I do CNPq. Pesquisador Nível I do CNPq.

Page 2: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Pontos em Debate Pontos em Debate Crescimento numa perspectiva de longo-Crescimento numa perspectiva de longo-

prazo. prazo. Crescimento determinado pela oferta Crescimento determinado pela oferta

agregada: variações sobre o modelo de Solow. agregada: variações sobre o modelo de Solow. Críticas aos modelos de crescimento a la Críticas aos modelos de crescimento a la

Solow. Solow. Extendendo Keynes para o Longo-prazo: Extendendo Keynes para o Longo-prazo:

Harrod (1939) e Kaldor (1972)Harrod (1939) e Kaldor (1972) Evidências empíricas sobre a endogenidade da Evidências empíricas sobre a endogenidade da

taxa natural de crescimento taxa natural de crescimento Aplicação ao Caso Brasileiro. Aplicação ao Caso Brasileiro. Industrialização, exportações e crescimentoIndustrialização, exportações e crescimento

Page 3: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Crescimento de Longo-Crescimento de Longo-PrazoPrazo

Robert Lucas: Não há nada mais Robert Lucas: Não há nada mais importante do ponto de vista do bem-estar importante do ponto de vista do bem-estar material de uma sociedade do que o material de uma sociedade do que o crescimento econômico. crescimento econômico. pequenas diferenças entre as taxas anuais de pequenas diferenças entre as taxas anuais de

crescimento do produto real entre os países, crescimento do produto real entre os países, quando acumuladas ao longo de vários anos, quando acumuladas ao longo de vários anos, geram diferenças significativas nos níveis de geram diferenças significativas nos níveis de renda per-capita. renda per-capita.

Page 4: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

País Período PIB per capita

inicial (US$ de 1985)

PIB per capita final

(US$ de 1985)

Taxa média de crescimento

Japão 1890-1990 842 16.144 3,00

Brasil 1900-1987 436 3.417 2,39

Canadá 1870-1990 1.330 17.070 2,15

Alemanha 1870-1990 1.223 14.288 2,07

EUA 1870-1990 2.244 18.258 1,76

China 1900-1987 401 1.748 1,71

México 1900-1987 649 2.667 1,64

Reino Unido 1870-1990 2.693 13.589 1,36

Argentina 1900-1987 1.284 3.302 1,09

Indonésia 1900-1987 499 1.200 1,01

Paquistão 1900-1987 413 885 0,88

India 1900-1987 378 662 0,65

Bangladesh 1900-1987 349 375 0,08

Page 5: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Crescimento de Longo-Crescimento de Longo-PrazoPrazo

Questão fundamental da Economia como ciência:Questão fundamental da Economia como ciência: Que ou quais fatores determinam o Que ou quais fatores determinam o

crescimento econômico de longo-prazo? crescimento econômico de longo-prazo? Essa pergunta é a questão mais importante na Essa pergunta é a questão mais importante na

agenda de pesquisa dos economistas desde a agenda de pesquisa dos economistas desde a fundação da Ciência Econômica por Adam Smith fundação da Ciência Econômica por Adam Smith na segunda metade do século XVIII. na segunda metade do século XVIII. O livro que entrou para a História do O livro que entrou para a História do

Pensamento Econômico como Pensamento Econômico como aa obra obra fundadora da economia como ciência fundadora da economia como ciência denominava-se “Uma Investigação sobre a denominava-se “Uma Investigação sobre a Origem e as Causas da Riqueza das Nações” .Origem e as Causas da Riqueza das Nações” .

Page 6: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Crescimento Determinado Crescimento Determinado pelas Condições de Oferta pelas Condições de Oferta

Modelos Neoclássicos de Crescimento: Solow Modelos Neoclássicos de Crescimento: Solow (1956/1957)(1956/1957)

O crescimento de longo-prazo é determinado O crescimento de longo-prazo é determinado pela taxa de acumulação de fatores de produção pela taxa de acumulação de fatores de produção (capital e trabalho) e pelo ritmo de crescimento (capital e trabalho) e pelo ritmo de crescimento da produtividade do trabalho (progresso da produtividade do trabalho (progresso tecnológico)tecnológico)

Esses fatores determinam a tendência de Esses fatores determinam a tendência de crescimento de longo-prazo das economias crescimento de longo-prazo das economias capitalistas. capitalistas.

A demanda agregada é importante apenas para A demanda agregada é importante apenas para explicar os desvios do PIB real com respeito a explicar os desvios do PIB real com respeito a tendência de longo-prazo, ou seja, aquilo que os tendência de longo-prazo, ou seja, aquilo que os economistas chamam de ciclo econômico. economistas chamam de ciclo econômico.

Page 7: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Tendência-cicloTendência-ciclo

Tempo

PIB

Tendência

Ciclo

Page 8: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Growth AccountingGrowth Accounting Supondo uma economia na qual: Supondo uma economia na qual:

Prevaleça a concorrência perfeita em todos Prevaleça a concorrência perfeita em todos os mercados, incluindo os mercados de os mercados, incluindo os mercados de fatores de produção. fatores de produção.

Os retornos de escala sejam constantes.Os retornos de escala sejam constantes. O progresso técnico seja desincorporado. O progresso técnico seja desincorporado.

A taxa de crescimento do produto real A taxa de crescimento do produto real pode ser expressa por: pode ser expressa por:

Q

Q

A

A

K

K

L

Lk L

Page 9: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Growth Accounting Growth Accounting Usando dados da Economia Norte-Americana Usando dados da Economia Norte-Americana

(Branson, 1989, p.635), temos: (Branson, 1989, p.635), temos: Participação do capital na renda: 0.25Participação do capital na renda: 0.25 Participação do trabalho na renda: 0.75Participação do trabalho na renda: 0.75 Taxa média de crescimento da força de trabalho: Taxa média de crescimento da força de trabalho:

1,5% a.a.1,5% a.a. Taxa Média de crescimento do capital e do Taxa Média de crescimento do capital e do

produto: 2,5% a.a.produto: 2,5% a.a. A produtividade total dos fatores de produção é A produtividade total dos fatores de produção é

calculada residualmente como: 0.025 – 0.25*0.025 – calculada residualmente como: 0.025 – 0.25*0.025 – 0.75*0.015 = 0.0075 (ou seja, 0.75% a.a). 0.75*0.015 = 0.0075 (ou seja, 0.75% a.a).

Daqui se segue que cerca de 30% do crescimento de Daqui se segue que cerca de 30% do crescimento de longo-prazo da economia norte-americana não pode longo-prazo da economia norte-americana não pode ser explicado pela acumulação de fatores de ser explicado pela acumulação de fatores de produção. produção.

Page 10: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Growth Accounting Growth Accounting Para os economistas neoclássicos, o “resíduo de Para os economistas neoclássicos, o “resíduo de

Solow” seria uma medida do ritmo de progresso Solow” seria uma medida do ritmo de progresso tecnológico da economia, pois mostra o tecnológico da economia, pois mostra o crescimento do produto que não é “causado” crescimento do produto que não é “causado” pela acumulação de fatores de produção. pela acumulação de fatores de produção.

Edward Dennison, grande especialista em Edward Dennison, grande especialista em crescimento de longo-prazo, denominou esse crescimento de longo-prazo, denominou esse resíduo de “uma medida da nossa ignorância”. resíduo de “uma medida da nossa ignorância”. O resíduo de Solow pode ser mais o resultado de uma O resíduo de Solow pode ser mais o resultado de uma

mensuração pouco precisa dos “insumos” utilizados no mensuração pouco precisa dos “insumos” utilizados no processo produtivo e/ou da existência de retornos processo produtivo e/ou da existência de retornos crescentes de escala do que da ocorrência de progresso crescentes de escala do que da ocorrência de progresso tecnológico. tecnológico.

Page 11: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Growth Accounting Growth Accounting No caso brasileiro, a aplicação da fórmula de Solow No caso brasileiro, a aplicação da fórmula de Solow

pode ser feita da seguinte forma: pode ser feita da seguinte forma: Participação do capital na renda: 0.4Participação do capital na renda: 0.4 Participação do trabalho na renda: 0.6Participação do trabalho na renda: 0.6 Taxa de crescimento do estoque de capital: 4% a.a. Taxa de crescimento do estoque de capital: 4% a.a. Taxa de crescimento da força de trabalho: 1.5% a.a. Taxa de crescimento da força de trabalho: 1.5% a.a.

Como a PTF é um resíduo está claro que ela não pode Como a PTF é um resíduo está claro que ela não pode ser considerada como um dado para a estimativa da ser considerada como um dado para a estimativa da taxa de crescimento de longo-prazo da economia taxa de crescimento de longo-prazo da economia brasileira. brasileira.

Segue-se então que todo os trabalhos de Segue-se então que todo os trabalhos de growth growth accounting accounting para a economia brasileira tomam como para a economia brasileira tomam como ponto de partida uma “estimativa” (“chute educado” ou ponto de partida uma “estimativa” (“chute educado” ou convenção) sobre o crescimento do produto real no convenção) sobre o crescimento do produto real no longo-prazo, para depois “calcular” a PTF requerida longo-prazo, para depois “calcular” a PTF requerida para dar suporte a essa convenção. para dar suporte a essa convenção. Temos: PTF = 0.035 – 0.4*0.04 – 0.6*0.015 = 0.01Temos: PTF = 0.035 – 0.4*0.04 – 0.6*0.015 = 0.01

Conclusão: a economia brasileira cresce pouco PORQUE Conclusão: a economia brasileira cresce pouco PORQUE ela apresenta um baixo dinamismo tecnológico !!!! ela apresenta um baixo dinamismo tecnológico !!!!

Page 12: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Críticas à Abordagem Críticas à Abordagem NeoclássicaNeoclássica

Tecnologia é um “bem público”. Tecnologia é um “bem público”. No modelo neoclássico de crescimento, prevalece a No modelo neoclássico de crescimento, prevalece a

concorrência perfeita e os retornos de escala são concorrência perfeita e os retornos de escala são constantes. constantes. Nesse contexto, vale o assim chamado Nesse contexto, vale o assim chamado teorema da teorema da

exaustão do produtoexaustão do produto segundo o qual o PIB é inteiramente segundo o qual o PIB é inteiramente gastogasto com a remuneração dos fatores de produção (capital com a remuneração dos fatores de produção (capital e trabalho), não sobrando nada para a remuneração do e trabalho), não sobrando nada para a remuneração do progresso tecnológico. progresso tecnológico.

A tecnologia é um bem livre, estando disponível para A tecnologia é um bem livre, estando disponível para qualquer empresa e para qualquer país. qualquer empresa e para qualquer país.

O progresso tecnológico só pode ser tratado como O progresso tecnológico só pode ser tratado como exógeno ao sistema econômico. exógeno ao sistema econômico.

A fonte mais importante do crescimento de longo-prazo A fonte mais importante do crescimento de longo-prazo não é explicada pelo modelo neoclássico de não é explicada pelo modelo neoclássico de crescimento. crescimento.

Page 13: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Críticas ... Críticas ... Controvérsia do Capital (Cambridge - EUA X Cambridge – Controvérsia do Capital (Cambridge - EUA X Cambridge –

Reino Unido). Reino Unido). Joan Robinson e Piero Sraffa: Como medir o estoque de Joan Robinson e Piero Sraffa: Como medir o estoque de

capital à nível da economia como um todo? capital à nível da economia como um todo? Um procedimento simples seria multiplicar as Um procedimento simples seria multiplicar as

quantidades de cada um dos diferentes itens que quantidades de cada um dos diferentes itens que compõe o “capital” de uma dada economia pelos seus compõe o “capital” de uma dada economia pelos seus respectivos “preços de oferta”. O resultado seria então respectivos “preços de oferta”. O resultado seria então o valor agregado do estoque de capital. o valor agregado do estoque de capital.

O problema é que a medida do estoque de capital não é O problema é que a medida do estoque de capital não é independente da distribuição de renda. independente da distribuição de renda.

O preço de oferta de cada item de capital incorpora a O preço de oferta de cada item de capital incorpora a “taxa normal de lucro”. Dessa forma, mudanças na “taxa normal de lucro”. Dessa forma, mudanças na distribuição de renda entre salários e lucros afetam os distribuição de renda entre salários e lucros afetam os preços de oferta de cada item do “capital” e, portanto, o preços de oferta de cada item do “capital” e, portanto, o valor do estoque de capital à nível da economia como valor do estoque de capital à nível da economia como um todo. um todo.

É impossível calcular o valor e/ou a taxa de crescimento É impossível calcular o valor e/ou a taxa de crescimento do estoque de capital de forma independente da do estoque de capital de forma independente da participação do capital na renda nacional. participação do capital na renda nacional.

A fórmula de Solow é errada do ponto de vista A fórmula de Solow é errada do ponto de vista metodológico. metodológico.

Page 14: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Keynes e o Longo-PrazoKeynes e o Longo-Prazo O que a teoria Keynesiana tem a dizer sobre o O que a teoria Keynesiana tem a dizer sobre o

crescimento de longo-prazo das economias crescimento de longo-prazo das economias capitalistas? capitalistas?

Keynes não teria desenvolvido uma teoria para Keynes não teria desenvolvido uma teoria para explicar o nível de utilização da capacidade explicar o nível de utilização da capacidade produtiva, ao invés de uma teoria sobre os produtiva, ao invés de uma teoria sobre os determinantes do crescimento dessa mesma determinantes do crescimento dessa mesma capacidade? capacidade?

Os discipulos de Keynes, mais precisamente, Roy Os discipulos de Keynes, mais precisamente, Roy Harrod e Nickolas Kaldor, fizeram a extensão da Harrod e Nickolas Kaldor, fizeram a extensão da teoria Keynesiana para o longo-prazo, ou seja, teoria Keynesiana para o longo-prazo, ou seja, para aquele intervalo de tempo no qual o para aquele intervalo de tempo no qual o tamanho da capacidade produtiva, o tamanho e a tamanho da capacidade produtiva, o tamanho e a qualificação da força de trabalho e as técnicas de qualificação da força de trabalho e as técnicas de produção são produção são variáveisvariáveis. .

Page 15: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Demanda Efetiva e Demanda Efetiva e Crescimento de Longo-Crescimento de Longo-

Prazo Prazo

Kaldor (1972): No longo-prazo, são as Kaldor (1972): No longo-prazo, são as condições de demanda, não as condições de demanda, não as condições de oferta, que determinam condições de oferta, que determinam o nível de produção e de emprego. o nível de produção e de emprego. A disponibilidade de fatores de produção A disponibilidade de fatores de produção

e o ritmo de progresso tecnológico se e o ritmo de progresso tecnológico se adaptam, no longo-prazo, ao crescimento adaptam, no longo-prazo, ao crescimento da demanda agregada. da demanda agregada.

Page 16: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Demanda ... Demanda ... A quantidade existente de capital num dado ponto do tempo – ou A quantidade existente de capital num dado ponto do tempo – ou

melhor, a capacidade produtiva existente na economia – é melhor, a capacidade produtiva existente na economia – é resultante das decisões passadas de investimento em capital fixo.resultante das decisões passadas de investimento em capital fixo. O estoque de capital não é uma constante determinada pela O estoque de capital não é uma constante determinada pela

“natureza”, mas depende do ritmo no qual os empresários “natureza”, mas depende do ritmo no qual os empresários desejam expandir o estoque de capital existente na economia. desejam expandir o estoque de capital existente na economia.

O condicionante fundamental do “estoque de capital” é a O condicionante fundamental do “estoque de capital” é a decisão de investimento. decisão de investimento.

O investimento, por sua vez, depende de dois conjuntos de O investimento, por sua vez, depende de dois conjuntos de fatores:fatores:

i) o custo de oportunidade do capital (largamente i) o custo de oportunidade do capital (largamente influenciado pela taxa básica de juros controlada pelo influenciado pela taxa básica de juros controlada pelo Banco Central) ; Banco Central) ;

ii) as expectativas a respeito do crescimento futuro da ii) as expectativas a respeito do crescimento futuro da demanda por bens e serviços. demanda por bens e serviços.

Se os empresários anteciparem um crescimento firme da Se os empresários anteciparem um crescimento firme da demanda pelos bens e serviços produzidos pelas suas demanda pelos bens e serviços produzidos pelas suas empresas; então eles irão realizar grandes investimentos na empresas; então eles irão realizar grandes investimentos na ampliação da capacidade de produção. ampliação da capacidade de produção.

O investimento se ajusta ao crescimento esperado da O investimento se ajusta ao crescimento esperado da demanda demanda

Page 17: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Demanda ... Demanda ... Crítica: Mas o investimento não está condicionado pela Crítica: Mas o investimento não está condicionado pela

poupança? Ou seja, para aumentar o investimento não é poupança? Ou seja, para aumentar o investimento não é necessário antes aumentar a poupança? necessário antes aumentar a poupança? Esse é o argumento da “hipótese da poupança prévia”. Esse é o argumento da “hipótese da poupança prévia”. Com base nesse argumento, se estabelece uma relação Com base nesse argumento, se estabelece uma relação

de causalidade da poupança para o investimento.de causalidade da poupança para o investimento. O investimento seria determinado pela poupança total O investimento seria determinado pela poupança total

da economia constituída pela soma entre a poupança da economia constituída pela soma entre a poupança das famílias, a poupança do governo e a poupança das famílias, a poupança do governo e a poupança externa (igual ao déficit da conta de transações externa (igual ao déficit da conta de transações correntes do balanço de pagamentos). correntes do balanço de pagamentos).

No caso brasileiro, argumentam os economistas No caso brasileiro, argumentam os economistas neoclássicos, o grande entrave ao aumento do neoclássicos, o grande entrave ao aumento do investimento reside no fato de que a poupança do investimento reside no fato de que a poupança do governo é negativa. governo é negativa.

Ajuste fiscal incompleto. Ajuste fiscal incompleto.

Page 18: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Demanda ...Demanda ... A realização de gastos de investimento não necessita de A realização de gastos de investimento não necessita de

poupança prévia – ou seja, de uma redução prévia dos poupança prévia – ou seja, de uma redução prévia dos gastos de consumo – mas tão simplesmente da criação de gastos de consumo – mas tão simplesmente da criação de liquidez liquidez por parte do sistema financeiro. por parte do sistema financeiro. Se os bancos estiverem dispostos a extender as suas linhas de Se os bancos estiverem dispostos a extender as suas linhas de

crédito em condições favoráveis; então será possível que as crédito em condições favoráveis; então será possível que as empresas iniciem a implementação dos seus projetos de empresas iniciem a implementação dos seus projetos de investimento, encomendando máquinas e equipamentos junto investimento, encomendando máquinas e equipamentos junto aos produtores de bens de capital. aos produtores de bens de capital.

Uma vez realizado o gasto de investimento, será criada uma Uma vez realizado o gasto de investimento, será criada uma renda agregada de tal magnitude que, ao final do processo, a renda agregada de tal magnitude que, ao final do processo, a poupança agregada irá se ajustar ao novo valor do poupança agregada irá se ajustar ao novo valor do investimento em capital físico. investimento em capital físico.

A poupança assim criada poderá então ser utilizada para o A poupança assim criada poderá então ser utilizada para o “funding” das dívidas de curto-prazo das empresas junto aos “funding” das dívidas de curto-prazo das empresas junto aos bancos comerciais, ou seja, as empresas poderão - por bancos comerciais, ou seja, as empresas poderão - por intermédio de lucros retidos, venda de ações ou colocação de intermédio de lucros retidos, venda de ações ou colocação de títulos no mercado - “liquidar” as dívidas contraídas junto aos títulos no mercado - “liquidar” as dívidas contraídas junto aos bancos comerciais no momento em que precisavam de bancos comerciais no momento em que precisavam de liquidez para implementar os seus projetos de investimento liquidez para implementar os seus projetos de investimento

Page 19: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Demanda ...Demanda ... O que dizer sobre a disponibilidade de trabalho? Será que O que dizer sobre a disponibilidade de trabalho? Será que

a quantidade de trabalho pode ser vista como um a quantidade de trabalho pode ser vista como um obstáculo ao crescimento da produção no longo-prazo? obstáculo ao crescimento da produção no longo-prazo?

Dificilmente a disponibilidade de trabalhadores pode ser Dificilmente a disponibilidade de trabalhadores pode ser vista como uma obstáculo ao crescimento. vista como uma obstáculo ao crescimento. o número de horas trabalhadas, dentro de certos o número de horas trabalhadas, dentro de certos

limites, pode aumentar rapidamente como resposta a limites, pode aumentar rapidamente como resposta a um aumento do nível de produção. um aumento do nível de produção.

No caso brasileiro, por exemplo, a produção da No caso brasileiro, por exemplo, a produção da indústria pode aumentar em aproximadamente 44% - indústria pode aumentar em aproximadamente 44% - segundo estimativas do IEDI (Valor Econômico, segundo estimativas do IEDI (Valor Econômico, 24/03/2006) – com relação ao nível atual de 24/03/2006) – com relação ao nível atual de produção por intermédio do aumento das horas produção por intermédio do aumento das horas extras trabalhadas. extras trabalhadas.

Se considerarmos a possibilidade de adoção de Se considerarmos a possibilidade de adoção de turnos adicionais de trabalho, a produção pode turnos adicionais de trabalho, a produção pode aumentar em cerca de 57% com respeito ao nível aumentar em cerca de 57% com respeito ao nível atual de produção atual de produção

Page 20: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Demanda ... Demanda ... A taxa de participação – definida como o A taxa de participação – definida como o

percentual da população economicamente ativa percentual da população economicamente ativa que faz parte da força de trabalho – pode que faz parte da força de trabalho – pode aumentar como resposta a um forte acréscimo da aumentar como resposta a um forte acréscimo da demanda de trabalho. demanda de trabalho. nos períodos nos quais a economia cresce rapidamente, nos períodos nos quais a economia cresce rapidamente,

o custo de oportunidade do lazer - medido pela renda o custo de oportunidade do lazer - medido pela renda “perdida” pelo indivíduo que “escolhe” não trabalhar “perdida” pelo indivíduo que “escolhe” não trabalhar (jovens, mulheres casadas e aposentados) – tende a ser (jovens, mulheres casadas e aposentados) – tende a ser muito elevado, induzindo um forte crescimento da taxa muito elevado, induzindo um forte crescimento da taxa de participação. de participação.

a taxa de crescimento da força de trabalho pode se a taxa de crescimento da força de trabalho pode se acelerar em virtude do ingresso de indivíduos que, nos acelerar em virtude do ingresso de indivíduos que, nos períodos anteriores, haviam decidido permanecer fora da períodos anteriores, haviam decidido permanecer fora da força de trabalho. força de trabalho.

Page 21: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Demanda ...Demanda ... A população e a força de trabalho não são A população e a força de trabalho não são

um dado do ponto de vista da economia um dado do ponto de vista da economia nacional. nacional. uma eventual escassez de força de trabalho – uma eventual escassez de força de trabalho –

mesmo que seja de força de trabalho mesmo que seja de força de trabalho qualificada – pode ser sanada por intermédio qualificada – pode ser sanada por intermédio da imigração de trabalhadores de países da imigração de trabalhadores de países estrangeiros. estrangeiros.

Por exemplo, países como a Alemanha e a França Por exemplo, países como a Alemanha e a França puderam sustentar elevadas taxas de crescimento puderam sustentar elevadas taxas de crescimento durante os anos 1950 e 1960 com a imigração de durante os anos 1950 e 1960 com a imigração de trabalhadores da periferia da Europa (Espanha, trabalhadores da periferia da Europa (Espanha, Portugal, Grécia, Turquia e Sul da Itália). Portugal, Grécia, Turquia e Sul da Itália).

Page 22: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Demanda ... Demanda ... O último elemento a ser considerado é o progresso O último elemento a ser considerado é o progresso

tecnológico. Será que o ritmo de “inovatividade” da tecnológico. Será que o ritmo de “inovatividade” da economia pode ser considerado como uma restrição economia pode ser considerado como uma restrição ao crescimento de longo-prazo? ao crescimento de longo-prazo?

o progresso tecnológico não é exógeno ao sistema o progresso tecnológico não é exógeno ao sistema econômico. econômico. o ritmo de introdução de inovações por parte das o ritmo de introdução de inovações por parte das

empresas é, em larga medida, determinado pelo empresas é, em larga medida, determinado pelo ritmo de acumulação de capital; haja vista que a ritmo de acumulação de capital; haja vista que a maior parte das inovações tecnológicas é maior parte das inovações tecnológicas é “incorporada” nas máquinas e equipamentos “incorporada” nas máquinas e equipamentos recentemente produzidos. recentemente produzidos.

Page 23: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Demanda ... Demanda ... A parcela “desincorporada” do progresso A parcela “desincorporada” do progresso

tecnológico é causada por “tecnológico é causada por “economias economias dinâmicas de escaladinâmicas de escala” como o “” como o “learning-by-learning-by-doingdoing”. ”. Existe uma relação estrutural entre a taxa de Existe uma relação estrutural entre a taxa de

crescimento da produtividade do trabalho e a crescimento da produtividade do trabalho e a taxa de crescimento da produção, a qual é taxa de crescimento da produção, a qual é conhecida na literatura econômica como “lei conhecida na literatura econômica como “lei de Kaldor-Verdoon”. de Kaldor-Verdoon”.

um aumento da demanda agregada, ao induzir uma um aumento da demanda agregada, ao induzir uma aceleração da taxa de crescimento da produção, aceleração da taxa de crescimento da produção, acaba por acelerar o ritmo de crescimento da acaba por acelerar o ritmo de crescimento da produtividade do trabalho. produtividade do trabalho.

Page 24: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Demanda ... Demanda ... No longo-prazo o determinante último da No longo-prazo o determinante último da

produção é a demanda agregada. produção é a demanda agregada. Se houver demanda, as firmas irão responder Se houver demanda, as firmas irão responder

por intermédio de um aumento da produção e por intermédio de um aumento da produção e da capacidade produtiva, desde que sejam da capacidade produtiva, desde que sejam respeitadas duas condições: respeitadas duas condições:

A margem de lucro seja suficientemente alta para A margem de lucro seja suficientemente alta para proporcionar aos empresários a taxa desejada de proporcionar aos empresários a taxa desejada de retorno sobre o capital. retorno sobre o capital.

a taxa realizada de lucro seja maior do que o custo a taxa realizada de lucro seja maior do que o custo do capital. do capital.

Nessas condições, a taxa de crescimento do Nessas condições, a taxa de crescimento do produto real será determinada pela taxa de produto real será determinada pela taxa de crescimento da demanda agregada autônoma. crescimento da demanda agregada autônoma.

Page 25: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Demanda Autônoma Demanda Autônoma

Em economias abertas, os componentes Em economias abertas, os componentes autônomos da demanda agregada são autônomos da demanda agregada são dois, a saber: dois, a saber: ExportaçõesExportações Gastos do governo. Gastos do governo.

Nesse contexto, a taxa de crescimento de Nesse contexto, a taxa de crescimento de longo-prazo será uma média ponderada longo-prazo será uma média ponderada entre a taxa de crescimento das entre a taxa de crescimento das exportações e a taxa de crescimento dos exportações e a taxa de crescimento dos gastos do governo gastos do governo

Page 26: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Demanda AutônomaDemanda Autônoma

Se gSe gxx > g > ggg então então ggxx > g > gyy> g> gg. g. Nesse caso, a economia vai apresentar Nesse caso, a economia vai apresentar

superávits crescentes na balança comercial e superávits crescentes na balança comercial e um superávit crescente nas contas do governoum superávit crescente nas contas do governo

É o caso da China : export-led growth. É o caso da China : export-led growth.

Se gSe gxx < g < ggg então então ggxx < g < gyy < g < ggg Nesse caso, a economia vai apresentar déficits Nesse caso, a economia vai apresentar déficits

crescentes na balança comercial (importações crescentes na balança comercial (importações vão crescer sistematicamente mais do que as vão crescer sistematicamente mais do que as exportações) e um déficit fiscal crescente. exportações) e um déficit fiscal crescente.

É o caso dos Estados Unidos: crescimento puxado É o caso dos Estados Unidos: crescimento puxado pelos gastos de consumo do governo. pelos gastos de consumo do governo.

Page 27: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Evidências Empíricas Evidências Empíricas A hipótese de endogenidade da disponibilidade A hipótese de endogenidade da disponibilidade

dos fatores de produção e do progresso dos fatores de produção e do progresso tecnológico foi testada recentemente por tecnológico foi testada recentemente por Ledesma e Thirwall (2002) com base em dados Ledesma e Thirwall (2002) com base em dados dos Estados Unidos e do Reino Unido no período dos Estados Unidos e do Reino Unido no período 1950-1967. 1950-1967.

O procedimento utilizado por esses autores foi O procedimento utilizado por esses autores foi inicialmente estimar uma equação de regressão inicialmente estimar uma equação de regressão do seguinte tipo: do seguinte tipo:

1

111

t

ttt u

uug

Page 28: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Evidências ... Evidências ... A teoria neoclássica do crescimento estabelece A teoria neoclássica do crescimento estabelece

que a taxa de crescimento do longo-prazo do que a taxa de crescimento do longo-prazo do produto real é dada pela produto real é dada pela taxa natural de taxa natural de crescimento. crescimento. Definida como sendo a soma entre a taxa de Definida como sendo a soma entre a taxa de

crescimento da produtividade do trabalho e a taxa de crescimento da produtividade do trabalho e a taxa de crescimento da força de trabalho, ambas crescimento da força de trabalho, ambas independentes da demanda agregada. independentes da demanda agregada.

Dessa forma, se a economia estiver crescendo a Dessa forma, se a economia estiver crescendo a uma taxa igual a natural, o desemprego deverá uma taxa igual a natural, o desemprego deverá permanecer constante ao longo do tempo, o que permanecer constante ao longo do tempo, o que nos leva a concluir que o termo constante na nos leva a concluir que o termo constante na equação (1) é a própria taxa natural de equação (1) é a própria taxa natural de crescimento. crescimento.

Page 29: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Evidências ...Evidências ... As estimativas obtidas nessa primeira etapa do As estimativas obtidas nessa primeira etapa do

exercício econométrico mostraram um valor da exercício econométrico mostraram um valor da constante de 3.63% a.a para os Estados Unidos e constante de 3.63% a.a para os Estados Unidos e de 2.9% a.a. para o Reino Unido no período de 2.9% a.a. para o Reino Unido no período analisado. analisado.

Na segunda etapa do experimento, os autores Na segunda etapa do experimento, os autores adicionaram uma variável adicionaram uma variável dummydummy (D=1) para os (D=1) para os períodos nos quais a taxa de crescimento do períodos nos quais a taxa de crescimento do produto real superou as estimativas obtidas na produto real superou as estimativas obtidas na etapa anterior a respeito do valor da taxa natural etapa anterior a respeito do valor da taxa natural de crescimento. de crescimento.

Dessa forma, foi estimada a seguinte equação: Dessa forma, foi estimada a seguinte equação:

1

1222

t

ttt u

uucDbg

Page 30: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Evidências ...Evidências ... As estimativas obtidas nessa etapa do experimento As estimativas obtidas nessa etapa do experimento

apontaram para uma taxa natural de crescimento apontaram para uma taxa natural de crescimento nos períodos de “boom” de 3,8% a.a. no Reino nos períodos de “boom” de 3,8% a.a. no Reino Unido e de 3,66% a.a. nos Estados Unidos. Unido e de 3,66% a.a. nos Estados Unidos.

Tais resultados indicam que, pelo menos no caso Tais resultados indicam que, pelo menos no caso do Reino Unido, a taxa natural de desemprego é do Reino Unido, a taxa natural de desemprego é sensível às variações observadas da taxa de sensível às variações observadas da taxa de crescimento efetiva, tornando-se assim uma crescimento efetiva, tornando-se assim uma variável endógena ao próprio processo de variável endógena ao próprio processo de desenvolvimento econômico. desenvolvimento econômico. Resultados similares aos obtidos com a economia do Resultados similares aos obtidos com a economia do

Reino Unido foram obtidos pelos autores para uma Reino Unido foram obtidos pelos autores para uma amostra de 15 países da OCDE (Alemanha, Austrália, amostra de 15 países da OCDE (Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, Áustria, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, Espanha, Finlândia, França, Itália, Holanda, Japão, Espanha, Finlândia, França, Itália, Holanda, Japão, Noruega, Suécia e Reino Unido). Noruega, Suécia e Reino Unido).

Page 31: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Aplicação ao Caso Aplicação ao Caso BrasileiroBrasileiro

Oreiro Oreiro et alliet alli (2007): (2007): Equação de regressão em primeiras Equação de regressão em primeiras

diferenças para explicar o crescimento diferenças para explicar o crescimento da economia Brasileira no período da economia Brasileira no período 1991/2005. 1991/2005.

Dados trimestrais do produto real, Dados trimestrais do produto real, exportações, gastos de consumo exportações, gastos de consumo corrente do governo, exportações, corrente do governo, exportações, investimento (público + privado), M3. investimento (público + privado), M3.

Page 32: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Equação de RegressãoEquação de Regressão

∆Y = 0.0009 + 0.1542∆X + 0.2527∆I + 0.3730∆G – 0.0233∆M3 (0.00285) (0.02520) (0.05348) (0.06431) (0.04741) desvio-padrão (0.31) (6.12) (4.72) (5.80) (-0.49) estatística t

R2 Ajustado = 0.7987 N = 59 F(4, 54) = 58.53

Page 33: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Análise dos ResultadosAnálise dos Resultados Como esperado, todas as variáveis no lado direito da Como esperado, todas as variáveis no lado direito da

equação da regressão (1) têm os sinais previstos e são equação da regressão (1) têm os sinais previstos e são significativas ao nível de 5% ou 1%, exceto o coeficiente de significativas ao nível de 5% ou 1%, exceto o coeficiente de M3 e o Intercepto. M3 e o Intercepto. Testes para verificar se há problemas de heterocedasticidade Testes para verificar se há problemas de heterocedasticidade

(Breusch-Pagan/Cook-Weisberg), de autocorrelação (Durbin-(Breusch-Pagan/Cook-Weisberg), de autocorrelação (Durbin-Watson), de multicolinearidade (Fator da Inflação da Watson), de multicolinearidade (Fator da Inflação da Variância – FIV), e de normalidade dos resíduos (teste do Variância – FIV), e de normalidade dos resíduos (teste do Stata baseado em D'Agostine, Belanger e D' Agostine Jr., Stata baseado em D'Agostine, Belanger e D' Agostine Jr., 1990) não mostraram evidências da presença de nenhum dos 1990) não mostraram evidências da presença de nenhum dos problemas citados. problemas citados.

Conseqüentemente, os testes estatísticos são confiáveis. Conseqüentemente, os testes estatísticos são confiáveis. As variáveis do lado direito da equação de regressão As variáveis do lado direito da equação de regressão explicam cerca 80% da variação do PIB; uma quantidade explicam cerca 80% da variação do PIB; uma quantidade considerável. considerável. O consumo do governo tem o maior impacto sobre PIB. Um O consumo do governo tem o maior impacto sobre PIB. Um

aumento de 1% no primeiro eleva o PIB em 0.37%. aumento de 1% no primeiro eleva o PIB em 0.37%.

Page 34: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Análise dos Resultados Análise dos Resultados Outra maneira de contornar o problema da Outra maneira de contornar o problema da

correlação espúria entre as variáveis correlação espúria entre as variáveis verificar se existe um vetor de cointegração verificar se existe um vetor de cointegração entre elas. entre elas.

Se as séries forem cointegradas, a Se as séries forem cointegradas, a regressão pode ser realizada utilizando as regressão pode ser realizada utilizando as variáveis em nível com a vantagem que as variáveis em nível com a vantagem que as informações de longo prazo são mantidas informações de longo prazo são mantidas nos resultados da regressão. nos resultados da regressão.

A condição para existência de cointegração A condição para existência de cointegração é que o termo de erro da regressão é que o termo de erro da regressão estimada deve ser estacionário estimada deve ser estacionário

Page 35: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Likelihood 5 Percent 1 Percent Hypothesized Eigenvalue Ratio Critical Value Critical Value No. of CE(s)

0.554093 120.0439 87.31 96.58 None ** 0.474361 74.81585 62.99 70.05 At most 1 ** 0.309218 38.80000 42.44 48.45 At most 2 0.194227 18.08383 25.32 30.45 At most 3 0.101450 5.990469 12.25 16.26 At most 4

Os resultados sugerem que os resíduos da regressão são estacionários. Assim, existe uma relação de longo prazo entre as variáveis.

Neste caso, a regressão por MQO em que são empregadas as variáveis em nível fornece melhores estimativas dos parâmetros, pois elas capturam a relação de longo prazo entre as variáveis.

No entanto, há evidências de autocorrelação na regressão das variáveis em nível

Para corrigir esse problema, foi utilizado o método de regressão de Cochrane-Orcutt com uma defasagem (AR1).

Page 36: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Y = 0.8971 + 0.1539X + 0.2719I + 0.3690G + 0.0135M3 (0.23039) (0.01681) (0.03678) (0.06391) (0.01628) desvio-padrão (3.89) (9.16) (7.39) (5.77) (0.83) estatística t

R2 Ajustado = 0.9524 DW Original = 1.296 N = 59 F(4, 54) = 291.23 DW Transformado = 1.761

As conclusões são semelhantes às anteriores, com as variáveis em primeira diferença.

Os coeficientes têm os mesmos sinais e suas magnitudes sofreram pequenas alterações, com exceção do coeficiente da oferta de moeda, mas ele continua sendo não significativo.

Como esperado, o R2 ajustado e as estatísticas t calculadas tiveram seus valores majorados

Page 37: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Análise dos Resultados Análise dos Resultados

Para verificar para ver se existe Para verificar para ver se existe problema de endogeneidade das problema de endogeneidade das variáveis explanatórias, foi utilizado o variáveis explanatórias, foi utilizado o mecanismo de correção de erros, sendo mecanismo de correção de erros, sendo este estimado pelo método de Johansen. este estimado pelo método de Johansen.

O termo da correção de erro indica qual O termo da correção de erro indica qual variável se ajusta ao equilíbrio de longo variável se ajusta ao equilíbrio de longo prazo existente entre o PIB real e as prazo existente entre o PIB real e as demais variáveis.    demais variáveis.   

Page 38: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Análise dos Resultados Análise dos Resultados ∆Y ∆X ∆I ∆G ∆M3 Termo de correção de erro 1.1001 -0.9457 3.6575 -0.3047 -1.4779 (estatística t) (3.93178) (-0.8077) (5.5471) (-0.8834) (-1.3251) (desvio padrão) (0.27980) (1.1709) (0.6594) (0.3449) (1.1153) R2 ajustado 0.871 0.702 0.609 0.833 -0.092 Desvio padrão (equação) 0.0139 0.0583 0.0328 0.0172 0.0555

Os resultados da tabela acima indicam que Y e I ajustam aos desvios do equilíbrio de longo prazo.

Conseqüentemente, há evidências da existência de uma relação de causalidade bidirecional entre o PIB real e o montante real de investimentos

Além de uma causalidade unidirecional do montante real de exportações e do consumo do governo para o PIB real e nível real de investimentos

Page 39: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Análise dos ResultadosAnálise dos Resultados Cerca de 95% do comportamento do PIB brasileiro Cerca de 95% do comportamento do PIB brasileiro

são explicados pela demanda agregada. são explicados pela demanda agregada. Um aumento de 1 p.p das exportações gera um Um aumento de 1 p.p das exportações gera um

aumento de 0.15 p.p do PIB brasileiro. aumento de 0.15 p.p do PIB brasileiro. Um aumento de 1 p.p dos gastos de consumo Um aumento de 1 p.p dos gastos de consumo

corrente do governo gera um aumento de 0.37 p.p corrente do governo gera um aumento de 0.37 p.p do PIB brasileiro. do PIB brasileiro.

Supondo que a arrecadação tributária nas três Supondo que a arrecadação tributária nas três esferas de governo seja de aproximadamente 40% esferas de governo seja de aproximadamente 40% do PIB, um aumento dos gastos de consumo do PIB, um aumento dos gastos de consumo corrente do governo na ordem de 1% geraria um corrente do governo na ordem de 1% geraria um aumento da arrecadação tributária de aumento da arrecadação tributária de aproximadamente 0,15%, resultando assim num aproximadamente 0,15%, resultando assim num aumento déficit público. aumento déficit público.

Page 40: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Análise dos Resultados Análise dos Resultados Dada a elevada carga tributária existente na economia brasileira (cerca Dada a elevada carga tributária existente na economia brasileira (cerca

de 40%) e a elevada dívida pública como proporção do PIB (cerca de de 40%) e a elevada dívida pública como proporção do PIB (cerca de 41% em termos líquidos) segue-se que, nas condições atuais, não é 41% em termos líquidos) segue-se que, nas condições atuais, não é possível puxar o crescimento da economia brasileira por intermédio de possível puxar o crescimento da economia brasileira por intermédio de um aumento dos gastos de consumo corrente do governo. um aumento dos gastos de consumo corrente do governo. A única fonte “autônoma” de demanda capaz de induzir uma A única fonte “autônoma” de demanda capaz de induzir uma

aceleração do crescimento é a demanda por exportações. aceleração do crescimento é a demanda por exportações. Em outras palavras, o modelo de crescimento da economia Em outras palavras, o modelo de crescimento da economia

brasileira deve ser do tipo “export-led growth” brasileira deve ser do tipo “export-led growth” Relação bi-causal entre crescimento do PIB e investimento: no longo-Relação bi-causal entre crescimento do PIB e investimento: no longo-

prazo, os fatores exógenos são apenas o crescimento das exportações e prazo, os fatores exógenos são apenas o crescimento das exportações e o crescimento dos gastos do governo. o crescimento dos gastos do governo.

A oferta de moeda não se ajusta a desequilíbrios de longo prazo, mas A oferta de moeda não se ajusta a desequilíbrios de longo prazo, mas como ela não é significativa, não é possível afirmar que essa variável como ela não é significativa, não é possível afirmar que essa variável tenha alguma influência sobre Y e I. tenha alguma influência sobre Y e I. Dessa forma, parece pouco provável que a política monetária tenha Dessa forma, parece pouco provável que a política monetária tenha

efeitos persistentes sobre o crescimento da economia brasileira. efeitos persistentes sobre o crescimento da economia brasileira. Isso porque, o ritmo de crescimento do volume de meios de Isso porque, o ritmo de crescimento do volume de meios de pagamento no sentido amplo parece não ter influência pagamento no sentido amplo parece não ter influência estatisticamente significativa sobre o comportamento do PIB real estatisticamente significativa sobre o comportamento do PIB real e/ou do investimento. e/ou do investimento.

Page 41: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

A taxa natural de A taxa natural de crescimento no Brasil é crescimento no Brasil é

endógena? endógena? Agora iremos testar a endogeneidade da Agora iremos testar a endogeneidade da

taxa natural de crescimento para a taxa natural de crescimento para a economia brasileira. economia brasileira.

Esses testes são baseados em um estudo Esses testes são baseados em um estudo realizado por LEDESMA e THIRWALL realizado por LEDESMA e THIRWALL (2002). (2002).

Utilizando o conceito de OKUN, a taxa Utilizando o conceito de OKUN, a taxa natural de crescimento (natural de crescimento (gngn) é aquela que ) é aquela que mantém constante o nível de mantém constante o nível de desemprego. desemprego.

Page 42: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Equações Testadas Equações Testadas

gbaU %

gbaU % gbaU %

Ubag %11

UcDbag %222

Eq. 1

Eq. 2

Eq. 4

Page 43: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Base de Dados Base de Dados A base de dados utilizada no presente estudo para realizar A base de dados utilizada no presente estudo para realizar

a análise de regressão é composta pelas variáveis PIB e a análise de regressão é composta pelas variáveis PIB e desemprego. desemprego.

O nível de desemprego é proveniente da Pesquisa Mensal O nível de desemprego é proveniente da Pesquisa Mensal do Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e do Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Estatística (IBGE).

Os dados são mensais, mas foram transformados em Os dados são mensais, mas foram transformados em trimestrais a partir de uma média aritmética dos três trimestrais a partir de uma média aritmética dos três meses de cada trimestre. meses de cada trimestre.

O Índice Encadeado do PIB tem como base o Sistema de O Índice Encadeado do PIB tem como base o Sistema de Contas Nacionais do IBGE (IBGE/SCN). Contas Nacionais do IBGE (IBGE/SCN).

O período de análise vai do primeiro trimestre de 1980 O período de análise vai do primeiro trimestre de 1980 até o último de 2002. As duas variáveis foram até o último de 2002. As duas variáveis foram transformadas em taxas de crescimento e, desse modo, transformadas em taxas de crescimento e, desse modo, perdeu-se a primeira observação de cada série. perdeu-se a primeira observação de cada série.

Assim, restaram 91 observações para a realização da Assim, restaram 91 observações para a realização da análise empírica análise empírica

Page 44: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Resultados Resultados TABELA 1 – ESTIMAÇÃO DA TAXA NATURAL UTILIZANDO AS EQUAÇÕES DE OKUN E DE

THIRLWALL método intercepto coeficiente

angular DW R2 Aj. TNC

Equação (1) RR 1,61 -2,70*** 2,32 0,11 0,60 (0,99) (3,49)

Equação (2) MQO 0,59*** -0,053*** 1,89 0,15 0,59 (2,99) (4,12)

Notas: *** é significativo ao nível de 1%; ** é significativo ao nível de 5%; * é significativo ao nível de 10%. MQO é o Método dos Mínimos Quadrados Ordinários; RR é o método de regressão robusta para corrigir problemas de não-normalidade dos resíduos e heterocedasticidade. DW é o valor do teste de Durbin-Watson para autocorrelação de primeira ordem; R2 Aj. é o R2 Ajustado; e TNC é a Taxa Natural de Crescimento.

Page 45: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Resultados Resultados A taxa de crescimento dada por cada uma das A taxa de crescimento dada por cada uma das

equações são muito semelhantes, o que dá equações são muito semelhantes, o que dá maior credibilidade aos resultados maior credibilidade aos resultados encontrados, apesar dos possíveis problemas encontrados, apesar dos possíveis problemas mencionados anteriormente.mencionados anteriormente.

Com uma taxa natural de crescimento em torno Com uma taxa natural de crescimento em torno de 0,60% por trimestre, temos uma taxa de 0,60% por trimestre, temos uma taxa anualizada próxima de 2,50%. anualizada próxima de 2,50%.

Assim, segundo as equações de regressão Assim, segundo as equações de regressão utilizadas, podemos dizer que, entre 1980 e utilizadas, podemos dizer que, entre 1980 e 2002, a taxa de crescimento que mantém a taxa 2002, a taxa de crescimento que mantém a taxa de desemprego constante no Brasil ficou perto de desemprego constante no Brasil ficou perto de 2,50. de 2,50.

Page 46: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Resultados Resultados

TABELA 2 – ESTIMAÇÃO DA TAXA NATURAL UTILIZANDO AS EQUAÇÕES DE OKUN E DE THIRLWALL COM VARIÁVEL DUMMY

método intercepto coeficiente dummy

coeficiente angular

DW R2 Aj. TNC (g<gn)

TNC (g>gn)

Equação (4) MQO -0,84*** 2,85*** 0,03*** 2,28 0,61 -0,84 2,01 (-4,40) (10,40) (-3,35 )

Equação (4) MA PWER -0,26* 1,56*** 0,011** 1,82 0,54 -0,26 1,3 (-1,66) (10,26) (-2,14)

Notas: *** é significativo ao nível de 1%; ** é significativo ao nível de 5%; * é significativo ao nível de 10%. MQO é o Método dos Mínimos Quadrados Ordinários; PWER é o método de Prais-Wisten para corrigir problemas de autocorrelação; PWER é o método de Prais-Wisten com erros robustos para corrigir problemas de autocorrelação e heterocedasticidade. DW é o valor do teste de Durbin-Watson para autocorrelação de primeira ordem; R2 Aj. é o R2 Ajustado; TNC é a Taxa Natural de Crescimento; e MA é a equação de regressão utilizando médias móveis de três trimestres.

Page 47: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Resultados Resultados Os resultados da regressão (4) indicam que a taxa natural de Os resultados da regressão (4) indicam que a taxa natural de

crescimento responde ao crescimento que ocorre de fato na crescimento responde ao crescimento que ocorre de fato na economia. Por exemplo, pelos resultados da primeira linha economia. Por exemplo, pelos resultados da primeira linha poderíamos dizer que em períodos da elevado crescimento, a taxa poderíamos dizer que em períodos da elevado crescimento, a taxa natural fica em torno de 8%, enquanto que em períodos de baixo natural fica em torno de 8%, enquanto que em períodos de baixo crescimento ou recessão, a taxa natural é negativa, ficando próxima crescimento ou recessão, a taxa natural é negativa, ficando próxima de -3,5%. de -3,5%.

Cabe lembrar que os dados são trimestrais e, desse modo, a Cabe lembrar que os dados são trimestrais e, desse modo, a amplitude de variação é grande. amplitude de variação é grande.

Essa é outra vantagem de se utilizar médias móveis, pois acabam Essa é outra vantagem de se utilizar médias móveis, pois acabam suavizando as oscilações que ocorrem de um semestre para outro. suavizando as oscilações que ocorrem de um semestre para outro.

Isso fica claro quando analisamos a segunda linha da Tabela 2. Isso fica claro quando analisamos a segunda linha da Tabela 2. Nesse caso, a taxa natural de crescimento anual em períodos de Nesse caso, a taxa natural de crescimento anual em períodos de bonança ficaria em torno de 5,2%, enquanto que em tempos mais bonança ficaria em torno de 5,2%, enquanto que em tempos mais tempestuosos, ela ficaria próxima de -1%. tempestuosos, ela ficaria próxima de -1%.

Os testes indicam que a taxa natural de crescimento da economia Os testes indicam que a taxa natural de crescimento da economia brasileira é uma variável endógena, podendo assim ser afetada pelas brasileira é uma variável endógena, podendo assim ser afetada pelas condições de demanda prevalecentes na economia brasileira. Além condições de demanda prevalecentes na economia brasileira. Além disso, verificamos que as estimativas para a taxa natural de disso, verificamos que as estimativas para a taxa natural de crescimento (nos períodos de crescimento (nos períodos de boomboom) variam entre 5,2% a.a. e 8% a.a. ) variam entre 5,2% a.a. e 8% a.a.

Page 48: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Industrialização, Industrialização, Exportações e Crescimento Exportações e Crescimento

O crescimento econômico está O crescimento econômico está relacionado com a taxa de expansão do relacionado com a taxa de expansão do setor com as características mais setor com as características mais favoráveis ao crescimento. favoráveis ao crescimento.

Fatos estilizados: Fatos estilizados: Existe uma relação bastante próxima entre o Existe uma relação bastante próxima entre o

nível de renda per-capita e o grau de nível de renda per-capita e o grau de industrialização de um país. industrialização de um país.

Existe uma relação bastante próxima entre o Existe uma relação bastante próxima entre o crescimento do PIB e o crescimento da crescimento do PIB e o crescimento da Indústria. Indústria.

Page 49: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Leis do Crescimento de Leis do Crescimento de Kaldor (1967)Kaldor (1967)

Existe uma relação causal entre o crescimento Existe uma relação causal entre o crescimento do produto real (PIB) e o crescimento da do produto real (PIB) e o crescimento da produção industrial. produção industrial.

Existe uma forte relação causal entre o Existe uma forte relação causal entre o crescimento da produção industrial e o crescimento da produção industrial e o crescimento da produtividade na indústria, crescimento da produtividade na indústria, devido a presença de economias estáticas e devido a presença de economias estáticas e dinâmicas de escala (Lei de Kaldor-Verdoorn)dinâmicas de escala (Lei de Kaldor-Verdoorn)

Existe uma relação causal positiva entre o Existe uma relação causal positiva entre o crescimento do setor industrial e o crescimento crescimento do setor industrial e o crescimento da produtividade fora da indústria. da produtividade fora da indústria.

Page 50: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Industrialização e Industrialização e Crescimento Crescimento

Por que a industrialização parece ter um Por que a industrialização parece ter um papel fundamental no crescimento papel fundamental no crescimento econômico de longo-prazo, a ponto de econômico de longo-prazo, a ponto de corriqueiramente utilizarmos a expressão corriqueiramente utilizarmos a expressão “países industrializados” como sinônimo “países industrializados” como sinônimo para países com elevado nível de renda para países com elevado nível de renda per-capita?per-capita?

Pelo fato de que a Indústria é o setor da Pelo fato de que a Indústria é o setor da atividade econômica que está sujeita a atividade econômica que está sujeita a retornos crescentes de escala, sendo retornos crescentes de escala, sendo assim a fonte dos assim a fonte dos ciclos virtuosos de ciclos virtuosos de crescimento. crescimento.

Page 51: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

O Ciclo Virtuoso de O Ciclo Virtuoso de CrescimentoCrescimento

No estágio atual de desenvolvimento da capitalismo o No estágio atual de desenvolvimento da capitalismo o ritmo de crescimento da produção industrial é ritmo de crescimento da produção industrial é determinado pelo crescimento das exportações. determinado pelo crescimento das exportações. As exportações representam um “mercado As exportações representam um “mercado

externo” ao setor industrial, possibilitando assim a externo” ao setor industrial, possibilitando assim a expansão continuada da produção e das vendas. expansão continuada da produção e das vendas.

No início do processo de industrialização, o papel No início do processo de industrialização, o papel de “mercado externo” foi desempenhado pela de “mercado externo” foi desempenhado pela agricultura. agricultura.

O fantástico crescimento da produtividade na O fantástico crescimento da produtividade na agricultura ao longo do século XVIII permitiu o agricultura ao longo do século XVIII permitiu o crescimento dos mercados para os produtos crescimento dos mercados para os produtos industrializados. industrializados.

Page 52: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

O Ciclo Virtuoso do O Ciclo Virtuoso do CrescimentoCrescimento

O Crescimento das exportações geraO Crescimento das exportações gera Crescimento da produção industrial que Crescimento da produção industrial que

gera gera Crescimento da produtividade na Crescimento da produtividade na

indústria que gera indústria que gera Redução dos preços dos produtos Redução dos preços dos produtos

industrializados, aumentando a industrializados, aumentando a competitividade que gera competitividade que gera

Uma nova rodada de crescimento das Uma nova rodada de crescimento das exportações. exportações.

Page 53: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Crescimento com Mudança Crescimento com Mudança Estrutural Estrutural

Como o crescimento da produtividade na indústria Como o crescimento da produtividade na indústria se espalha para o resto da economia? se espalha para o resto da economia? Isso ocorre por intermédio da transferência de Isso ocorre por intermédio da transferência de

trabalhadores do setor não-industrial para o trabalhadores do setor não-industrial para o setor industrial. setor industrial.

Como os rendimentos são decrescentes no setor Como os rendimentos são decrescentes no setor não-industrial, uma redução do número de não-industrial, uma redução do número de trabalhadores empregados nesse setor termina trabalhadores empregados nesse setor termina por atuar no sentido de aumentar a por atuar no sentido de aumentar a produtividade do setor em consideração. produtividade do setor em consideração.

Diversos estudos empíricos mostram que o Diversos estudos empíricos mostram que o crescimento da produtividade na economia com um crescimento da produtividade na economia com um todo está positivamente associado ao crescimento todo está positivamente associado ao crescimento da produção industrial e negativamente associado da produção industrial e negativamente associado ao crescimento do emprego no setor não-industrial. ao crescimento do emprego no setor não-industrial.

Page 54: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Modelos de Causalidade Modelos de Causalidade Cumulativa Cumulativa

O aspecto essencial dos modelos O aspecto essencial dos modelos Kaldorianos de causalidade cumulativa é Kaldorianos de causalidade cumulativa é o conceito de retornos crescentes de o conceito de retornos crescentes de escala. escala.

Dois tipos de retornos crescentes: Dois tipos de retornos crescentes: Economias estáticas de escala: originadas do Economias estáticas de escala: originadas do

aumento do tamanho físico da planta de aumento do tamanho físico da planta de produção. produção.

Economias dinâmicas de escala: Resultam do Economias dinâmicas de escala: Resultam do progresso técnico induzido pela expansão do progresso técnico induzido pela expansão do nível de produção. nível de produção.

Page 55: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Fontes das Economias Fontes das Economias Dinâmicas de Escala Dinâmicas de Escala

Young (1928): Um aumento do nível de produção Young (1928): Um aumento do nível de produção irá induzir uma maior especialização do trabalho irá induzir uma maior especialização do trabalho dentro da firma, gerando aumento de dentro da firma, gerando aumento de produtividade. produtividade.

Kaldor & Mirrles (1961): O progresso técnico Kaldor & Mirrles (1961): O progresso técnico pode estar associado a acumulação de novos e pode estar associado a acumulação de novos e específicos tipos de bens de capital. Dessa forma, específicos tipos de bens de capital. Dessa forma, um aumento da produção e das vendas pode um aumento da produção e das vendas pode induzir as empresas a investir nesses induzir as empresas a investir nesses equipamentos, aumentando assim a equipamentos, aumentando assim a produtividade. produtividade.

Schmookler (1966): A atividade de inovação é Schmookler (1966): A atividade de inovação é impulsionada pela demanda. impulsionada pela demanda.

Page 56: Determinantes Macroeconômicos do Crescimento de Longo-Prazo Parte I

Fontes ... Fontes ... As economias dinâmicas de escala podem As economias dinâmicas de escala podem

ser ainda externas a firma. ser ainda externas a firma. O aumento da produção em um dado setor da O aumento da produção em um dado setor da

economia gera um aumento do número de economia gera um aumento do número de firmas e, portanto, do fluxo de conhecimento firmas e, portanto, do fluxo de conhecimento não-rival e não-excluível para a “piscina” de não-rival e não-excluível para a “piscina” de informação à disposição de todos os informação à disposição de todos os produtores. produtores.

Por fim, as economias dinâmicas de escala Por fim, as economias dinâmicas de escala podem resultar de um processo de podem resultar de um processo de “learning-by-doing”“learning-by-doing”