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1 CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DETERMINAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR OVOS DE PARASITOS EM ÁREAS DE RECREAÇÃO E PASSEIOS PÚBLICOS DE PORTO ALEGRE RS ILZA TEREZINHA ANGONESE Canoas, 2008

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CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

DETERMINAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR OVOS DE PARASITOS

EM ÁREAS DE RECREAÇÃO E PASSEIOS PÚBLICOS DE PORTO

ALEGRE RS

ILZA TEREZINHA ANGONESE

Canoas, 2008

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ILZA TEREZINHA ANGONESE

DETERMINAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR OVOS DE PARASITOS

EM ÁREAS DE RECREAÇÃO E PASSEIOS PÚBLICOS DE PORTO

ALEGRE RS

Trabalho de conclusão apresentado a banca examinadora do curso de ciências biológicas UNILASALLE

Centro Universitário La Salle, como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em ciências biológicas, sob a orientação Prof. Dr. Delmar Bizani.

Canoas, 2008

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TERMO DE APROVAÇÃO

ILZA TEREZINHA ANGONESE

DETERMINAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO POR OVOS DE PARASITOS

EM ÁREAS DE RECREAÇÃO E PASSEIOS PÚBLICOS DE PORTO

ALEGRE RS

Trabalho de conclusão aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de bacharel no curso de Ciências Biológicas do UNILASALLE

Centro Universitário La Salle, pela seguinte banca examinadora:

_________________________

Prof. Dr. Delmar Bizani UNILASALLE

Canoas, 28 de novembro de 2008.

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Dedicatória

Dedico este trabalho a Eni Duarte Neri, uma pessoa simples, alegre e muito

intensa. Quero te dizer que fico feliz por este momento, mas que a tua falta deixa

uma imensa lacuna em tudo o que estou vivendo. Mãe quando estou cansada e

quase desanimando lembro do teu sorriso e da imensa vontade que tu tinhas de me

ver formada, então ergo a cabeça e continuo. Para mim isto significa que mesmo daí

de onde tu estas, eu imagino que seja um lugar lindo, tu continuas cuidando de mim

e dos meus manos. Por isso muito obrigada por tudo sempre.

Te amo!

(in memoriam)

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Agradecimentos

Agradeço ao meu irmão Sergio Angonese, toda a dedicação e compreensão,

em especial por ele ter aberto mão de muitos de seus sonhos para me ajudar a

pagar a minha faculdade. Mano tu é pessoa mais especial que tive o privilégio de

conhecer em toda a minha vida. Te Amo!

A minha irmã Sandra e ao meu cunhado João pelo carinho e pelas palavras

de incentivo em todas as horas difíceis.

Aos irmãos Patrícia e Luis pelo carinho e força.

As tias Jacy, Ilza e Terezinha pela presença constante na minha vida e por

todos os esforços para que eu pudesse me formar.

Aos amigos Quellen e Diego pela ajuda nos momentos de correria e

desespero.

Aos anjos da guarda Raquel e Loiva, por tomarem conta de mim durante o

período deste trabalho.

A mana Aline e ao cunhado Gil pelo socorro prestado neste momento tão

especial.

A minha prima Adriana (Adri), um carinho todo especial e muito obrigada por

fazer parte da minha vida e por ter ficado ao meu lado em um dos momentos mais

difíceis que vivi, por tudo o que vivemos e por tudo o que ainda iremos viver.

Ao meu padrasto Artur Carravetta pelo carinho e pela presença tão constante

e incentivadora em todas as horas difíceis.

Aos meus sobrinhos, por existirem e fazerem parte de minha vida.

Aos primos Solange, Jofrei, Débora e Germana pelos livros que me deram.

A mãe Maria Perufo e ao pai Valdomiro Perufo (Miro), pela dedicação e pelo

amor que sempre tiveram por mim, obrigada, por terem me criado cercada de

carinho e incentivo, obrigada pelas noites em claro e por todos os ensinamentos que

me passaram, me tornando hoje a pessoa que sou. Devo muito da minha educação

a vocês. Em especial, obrigada por serem meus pais de coração. Amo muito vocês.

Agradeço ao professor Delmar Bizani pela dedicação e pela compreensão,

um bom orientador não é aquele com capacidade de orientar, mas aquele que é

amigo orienta, incentiva e ensina com toda a paciência e dedicação, para mim além

da capacidade tu nasceste com este maravilhoso dom!

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RESUMO

A contaminação ambiental, a partir de fezes eliminadas no ambiente pelos seres vivos vem sendo investigada nos últimos anos devido ao potencial zoonótico de certos parasitos. Este trabalho visou avaliar a contaminação por ovos de parasitas em solo de áreas de recreação e passeios púbicos de Porto Alegre/ RS. Foram analisadas 30 amostras, coletadas em recipientes apropriados e transportados ao laboratório de parasitologia do Centro Universitário La Salle-UNILASALLE. As amostras foram processadas obedecendo aos princípios de sedimentação e de flutuação. Para isso foram utilizados os métodos de DENNIS, STONE E SWANSON e SHEATHER respectivamente. Para as amostras coletadas observou-se o número total de parasitos considerando todas as amostras e posteriormente o número total das amostras de solo argilo-arenoso e areno-argiloso. Para ambos os métodos foram utilizadas as mesmas amostras. Ácaros de vida livre 60%, larvas de Nematódeos 63,3%, cistos de protozoários não definidos 15%, ovos de Cestódeos 6,6%, ovos de Dipylidium spp 13,3%, ovos de Trichuris spp 3,3%. Os resultados obtidos neste trabalho indicam que pode haver vias de transmissão para várias doenças parasitárias nestes locais, por isso sugere-se a necessidade de estudos mais detalhados nos mesmos, a fim de evitar a contaminação dos freqüentadores que correm risco em potencial.

PALAVRAS-CHAVE: Parasitos, Solo, Parques, Passeios Públicos, Saúde Pública.

Abstract

The ambient contamination, to break of excrements eliminated in the environment for the beings livings creature comes in recent years being investigated due to the zoonotic potential of certain parasites. This work aimed at to evaluate the contamination for eggs of parasites in ground of recreation areas and publics strolls of Porto Alegre/RS. 30 samples, collected in containers appropriate and carried to the parasitology laboratory of the University Center La Salle-UNILASALLE had been analyzed. The samples had been processed obeying the fluctuation and sedimentation principles. For this it was used the DENNIS, STONE and SWANSON methods and SHEATHER methods respectively. For the collected samples the total number of parasites was observed later considering all the samples and the total number of the ground samples argilo-arenaceous and areno-argillaceous. For both the methods had been used the same samples. Mites of free life 60%, larvae of Nematodes 63.3%, cysts of Protozoan not defined 15%, eggs of Cestodeos 6.6%, eggs of Dipylidium spp 13.3%, eggs of Trichuris spp 3.3%. The results gotten in this work indicate that they can have ways of transmission for some parasitic illnesses in these places, therefore suggest it more necessity of studies detailed we ourselves, in order to prevent the contamination of the visitors that run risk in potential.

KEY WORDS: Parasites, Soil, Parks, Public Tours, Public Health.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 08

2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 10 2.1 Biologia Parasitária ............................................................................................ 11 2.2 Classe Cestodea .................................................................................................. 11 2.2.1 Classe Nematodea ............................................................................................. Gênero Ascaris ..................................................................................................... Gênero Parascaris .............................................................................................. Gênero Toxocara ................................................................................................ Gênero Ancylostoma .......................................................................................... Gênero Strongyloides ......................................................................................... Gênero Trichuris .................................................................................................

12 12 14 15 16 18 19

2.2.2 Classe Sporozoa ................................................................................................ Gênero Isospora ................................................................................................. Gênero Eimeria ...................................................................................................

21 21 22

2.2.3 Classe Arthropode ............................................................................................... 23

3 METODOLOGIA ....................................................................................................... 25 3.1 Coletas ................................................................................................................ 25 3.2 Técnicas Parasitológicas ..................................................................................... 25 3.3 Análise Microscópica ........................................................................................... 27 3.4 Análise Estatística ............................................................................................... 27

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 28 Tabela 1: Método de Dennis, Stone e Swanson! Tabela 2: Método de Sheather Tabela 3: Analise comparativa de solo método de Dennis, Stone e Swansom ....... Tabela 4. Analise comparativa de solo, método de Sheather ..................................

28 29 30 30

CONCLUSÃO .................................................................................................................. 32

PERSPECTIVA ................................................................................................................ 33

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 34

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1. INTRODUÇÃO

Uma das finalidades pela qual os seres vivos se relacionam é a busca por

melhores condições de vida, como alimento e abrigo. No meio ambiente, por

estarem intimamente ligados e relacionados entre si e com o meio, estabelecem

condições capazes de alterar suas formas de vida.As associações podem ocorrer

entre indivíduos da mesma espécie, associações intra-especificas e entre indivíduos

de espécies diferentes, associações interespecificas (Fortes, 1993, P. 20).

Parasitismo é uma relação na qual um organismo o hospedeiro, é prejudicado

em certo grau pelas atividades de outro organismo, o parasito. Parasitismo como

modo de vida pode ser apenas uma alternativa. Um organismo que não pode

sobreviver de uma forma diferente é chamado de parasita obrigatório. Um parasito

facultativo é um organismo que pode existir no estado de vida livre ou como

comensal e que, aparecendo a oportunidade, pode tornar-se parasitário (MARKELL

e VOGE, 2003, P. 7).

A qualidade do solo e sua capacidade de sustentação produtiva biológica

dentro dos limites do ecossistema promovendo funções ecológicas como diversidade

biológica e estabilidade, garantem aos indivíduos uma vida saudável. O mau uso do

solo, no entanto, pode provocar diversas parasitoses tornando a população doente.

Durante algum tempo acreditou-se que as doenças infecciosas pudessem ser

erradicadas, devido à descoberta do antibiótico. Porém modificações do meio

ambiente como desmatamentos, construções de barragens e edificações próximas a

áreas de proteção, rios, praias e construções de moradias nas encostas de morros e

sobre os morros, causam um impacto ambiental alterando o habitat natural dos

organismos. Todos estes impactos somados ao crescimento da população humana

propiciaram novos hábitos de vida como, por exemplo, criar animais domésticos em

convívio cada vez maior com a sociedade. O grande problema neste convívio reflete-

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se aos maus cuidados como a não desverminação e o abandono dos mesmos, que

podem causar algum tipo de parasitismo.

A saúde pública desempenha um papel importante para a população que esta

sujeita a alguma forma de infecção parasitaria, orientando sobre hábitos de higiene,

e tratando os casos de infecção, contudo os resultados práticos destas informações

não se traduziram em mudanças equivalentes, pois o aumento populacional e o

aumento da densidade demográfica, sem melhorias nas condições gerais de vida,

fizeram com que a transmissão das doenças parasitárias também aumentasse.

O presente trabalho teve, assim, o objetivo de contribuir para o estudo

epidemiológico da contaminação de áreas de recreação e passeios públicas do

município de Porto Alegre/ RS, por ovos e larvas de helmintos, em condições

ambientais favoráveis para o desenvolvimento de seus ciclos biológicos e de suas

estruturas infectantes.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

Sob a denominação de condições de existência, compreendemos o conjunto

de relações dos organismos uns com os outros, quer se trate de relações favoráveis

ou desfavoráveis. Todo organismo tem amigos e inimigos, que favorecem sua

existência ou a prejudicam. Os organismos que sevem de alimento aos outros que

vivem às custas deles como parasitas também devem ser colocados na categoria de

condições de existência (DAJOZ apud HAECKEL, 2005, P.12).

As parasitoses intestinais estão intimamente relacionadas às condições

sanitárias e representam um importante problema de saúde pública nos países em

desenvolvimento. As crianças são as mais acometidas e a prevalência de parasitas

intestinais pode levar ao déficit nutricional prejudicando o crescimento infantil

(GURGEL et al., 2005).

Os parasitos intestinais podem causar danos aos seus portadores como a

obstrução intestinal (Ascaris lumbricoides), desnutrição (Ascaris lumbricoides e

Trichuris trichiura), anemia por deficiência de ferro (ancilostomídeos) e quadros de

diarréia e má absorção de nutrientes (Entamoeba histolytica e Giardia lamblia),

sendo que as manifestações clínicas são usualmente proporcionais à carga

parasitária albergada no indivíduo (TEIXEIRA et al., 2004, p 332).

Dentre as doenças parasitárias de caráter zoonótico, cujo impacto na

população pode ocorrer desde crianças em creches e escolas até transeuntes que

utilizam diariamente os parques públicos para lazer ou prática esportiva, estão

sujeitos as doenças causadas por larvas migratórias de nematódeos, como a Larva

Migrans Cutânea (LMC) e Larvas Migrans Visceral (LMV). De acordo com

SANTARÉM et al. (2004, p 45) o solo de praças e parques públicos constitui via de

transmissão para zoonoses parasitárias, especialmente a LMV e a LMC. Em estudo

realizado por Almeida et al. (2004, p 102) em quinze praças públicas do município de

Santa Maria, RS observou que 73,3% do solo das praças examinadas estavam

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contaminadas por ovos de Ancylostoma spp. e 6,6% por ovos de Toxocara sp,

parasitos estes responsáveis pelas enfermidades de caráter migratório.

2.1 Biologia Parasitária

Para se entender o potencial biológico de cada espécie estudada neste

levantamento, faz-se necessário um levantamento detalhado da biologia parasitária.

2.2 Classe Cestoda

Ordem Ciclophyllida

Familia Dilepididae

Gênero Dipylidium

A classe cestoidea compreende parasitos que têm tipicamente o corpo

achatado e em forma de fita, segmentado, provido anteriormente de um órgão de

fixação, escólex, dotado de estruturas adesivas (figura 1). Sendo todos parasitos

obrigatórios, exibindo traços marcantes de adaptação à vida parasitária, como a

ausência de tubo digestório e o extraordinário desenvolvimento do aparelho

reprodutor (um por segmento). São hermafroditas e suas larvas possuem seis

acúleos.

Apenas duas ordens de cestóides contêm parasitos do homem: Cyloplyllidea

e Pseudoplyllidea (REY, 2002, p.189).

Cestoides apresentam escólex com quatro ventosas, poros genitais laterais,

tocastomo ausente, proglotides grávidas com útero contendo ovos embrionários

(cerca de 20 ovos em cada capsula) e ovo não operculado (FORTES, 1993, p.128).

É comum em cães, gatos, além de outros canídeos e felídeos selvagens, são

encontrado no homem, especialmente em crianças pequenas. Medem de 15 á 20

cm de comprimento por 3 mm de largura. As proglotides grávidas são eliminadas

junto com as fezes, onde permanecem por algum tempo movimentando-se por

contrações, podendo em alguns casos haver eliminação das proglótides na ausência

da defecação. Os ovos liberados são ingeridos por pulgas (Ctenophalides sp, Pullex,

sp) ou de coleópteros (Tribolium sp, Tenebrium sp). No intestino do artrópode,

atravessa o tubo digestório da larva do inseto atingido a emacias. Nessa fase, a

oncosfera se transforma em larva cisticercóide e, à medida que o inseto passa pelas

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fases de pupa e a adulto, larva cisticercos fica madura ou infectante. Desde a

ingestão do ovo até que a larva fique madura o tempo requerido é de cerca de 30

dias.(NEVES, 2002, P.243-244)

Os animais se infectam ao ingerir seus insetos, as crianças podem

acidentalmente ingerir, os insetos, mas a contaminação nestas, pode acontecer por

contato íntimos com animais domésticos, que estejam desverminados (MARKELL e

VOGE ,2003, P.242).

Em humanos este parasitismo é raro, isso deve-se uma resistência natural da

espécie humana à tênia de cães e gatos. Há um registro de 150 casos no mundo

todo. O tratamento de cães e gatos e combater as pulgas, constituem as medidas

profilárias cabíveis, quando se puder evitá-los junto às crianças (REY, 2002, P.196).

Figura 1: Verme adulto de Dipylidium e seus ovos e proglotides;

Fonte: http://maxshouse.com/Parasitology/feline_tapewoms/dipylidium

2.2.1 Classe Nematodea

Ordem Ascarididea

Família Ascaridae

Gênero Ascari

Os nematódeos são vermes redondos e geralmente filiformes que

apresentam um dos mais bem sucedidos planos de organizações e funcionamento

desenvolvidos pela natureza estima-se cerca de 500 mil sp de nematódeos. A forma

típica é fusiforme, alongada, não segmentada e com simetria bilateral. O verme

adulto, faz-se através de 4 estágios larvários que terminam por outras tantas mudas

ou ecdises. As formas juvenis diferem das adultas principalmente pelo tamanho e

pelo tamanho e pela ausência das gônadas e órgão capulatórios. Seu organismo é

composto por cavidade esôfago, aparelho digestório, os morregulados e executar

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sistema nervoso, aparelho genital. Mergulhados muitas vezes no liquido celômico

(REY, 2002, P.227).

Os parasitos desta ordem apresentam um dismorfismo sexual onde a fêmea

tem de 30 à 40 cm, e o macho de 20 à 30 ambos possuem três lábios bem

desenvolvidos e mais três interlabios, esôfago fulariforme, intestino simples, ovo com

casca espessa (maneilonado de forma irregular), parasito de intestino delgado

(FORTES, 1993, p.323).

Conforme Ferreira (2004, p.29), o levantamento das parasitoses intestinais

em 900 escolares do município de Estiva Gerbi, SP, em oito escolas municipais,

demonstrou a prevalência dos seguintes parasitos e comensais: Entamoeba Colli

(5,2%), G. duodenalis (5,0%), A. lumbricoides (1,5%) E. nana (0,8%), E.

vermiculares (0,2%), H. nana (0,1%),T. trichiura (0,1%) e ancylostomideos (0,1%)

O Ascaris lumbricoides (Figura 2) é encontrado em quase todos os países,

ocorre com freqüência variada em virtude das condições climáticas, ambientais e

principalmente, do grau de desenvolvimento das populações. Seu ciclo biológico é

monoxênico, cada fêmea fecundada é capaz de ovipor, a cada dia cerca de 2x106

ovos não embrionados, que chegam ao ambiente juntamente com as fezes. A lavra

de 1° estágio (L1) se forma dentro do ovo, após uma semana sofre muda e

transforma-se em 3° estágio (L3), infectante, que permanece dentro do ovo. Este

permanece no solo por vários meses. Após a ingestão atravessam todo o trato

digestório e as larvas eclodem no intestino delgado (REY,2002, p. 250).

Figura 2: Ascaris spp. adulto (L5).

Fonte: www.amnh.org/.../hall_tour/spectrum/a204.html

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As larvas liberadas atravessam a parede intestinal na altura do ceco, caem

nos vasos linfáticos e vias e invadem o fígado 18 a 24 horas após a infecção, 2 a 3

dias após chegam ao coração através da veia cava inferior ou superior. Entre 4 a 5

dias depois são encontradas nos pulmões onde sofrem mudanças para L 4, rompem

os capilares e caem nas alvelulas onde sofrem muda para L 5. Sobem pela árvore

brônquica e traquéia, chegando até a faringe, podendo ser expelidas pela

expectoração ou deglutidas. Este parasito é o mais freqüente em áreas tropicais,

estimado em 30% da população mundial. As medidas com efeitos definido são,

educação sanitária, construção de fossas sépticas, lavar as mãos antes de tocar em

alimentos, tratamento em massa da população (com exame coproscópico) durante 3

anos consecutivos e proteção dos alimentos contra insetos (NEVES, 2002, p. 231).

Gênero Parascaris

Os parasitos desta classe apresentam coloração branco-amarelo, corpos

robustos, rijos e elásticos, cabeça maior e distinta, orifício oral circundado por três

lábios e pequenos interlabios, lábio dorsal com duas papilas na base, lábios ventro-

laterais com uma grande papila na base.

A extremidade posterior do macho é cônica, com asa caudal estreita e papilas

pré e pós-cloacais. A extremidade posterior da fêmea tem pequeno prolongamento

cônico, a vulva e anterior. Os ovos medem de 90 à 100 cm de diâmetro( Figura 3).

Macho mede de 15 à 28 cm e a fêmea de 20 à 50 cm( Figura 3a e 3b).Um pequeno

número de parascaris não apresenta um grande risco, um grande número de

parasitos em animais jovens se manifesta com diarréia, catarro intestinais e cólicas.

Às vezes há sintomas nervosos, como vertigem, ataques epiléticos e paralisia,

lembrando sinais tetânicos. Seus hospedeiros são eqüinos e asininos, localiza-se no

intestino delgado, seu ciclo evolutivo é semelhante ao da ascaris suum, o período

pré-patente é de 10 semanas. Sua profilaxia consiste em tratamento dos animais

parasitados, evitar que um eqüino ingira as fezes do outro, higienizar filhotes e mãe,

usar calçados e lavar as mãos depois de tocar nos animais (FORTES, 1993, p.328).

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Figura 3: Ovos de Parascaris spp. e Verme adulto Fonte: www.mundo-pecuario.com/.../parascariequor.jpg

Gênero Toxocara

Estes parasitos apresentam o corpo robusto e esbranquiçado, expansão

cervical estreita e proeminente, aspecto lanceolado (Figura 4a), esôfago, papilas

pré-cloacais, apêndice posterior digitiforme, ovos com casca espessa, finamente

corrugada (FORTES, 1993, p.331).

Vive no intestino delgado do cão, do gato e de canídeos selvagens, onde leva

uma vida semelhante a dos ascaris humanos. No homem a ingestão de ovos

embrionados (Figura 4b ) , contendo larvas do segundo estagio L2, é seguida pela

eclosão e liberação das larvas, nas porções altas do intestino delgado. Após invadir

a mucosa elas podem entrar na circulação venosa, sendo levadas para o fígado ou

ingressar nos vasos linfáticos que as transporta diretamente ao coração e aos

pulmões. Os órgãos mais afetados por ordem de seqüência são, fígado, pulmões,

cérebro, olhos e os gânglios linfáticos. O período de incubação estende-se por

semanas ou meses.

Sua infecção varia de uma simples eosinofilia, nas infecções mais leves, a

quadros graves com febre, hepatomegalia, manifestações pulmonares ou cardíacas,

nefrose, hiperiosinofilia e sinais de lesões cerebrais. Já foram detectados casos

fatais (REY, 2002, p. 257-258).

Uma conseqüência grave deste parasito ao ser humano é a determinação do

quadro de Larvas Migrans Visceral, o exame de fezes não é tão eficiente, por isto

são usadas técnicas hematológicas, radiológicas e imunológicas. Por ser o homem

hospedeiro paratênico de Toxocara spp, não é possível encontrar em suas fezes

ovos, larvas ou vermes adultos. O encontro de larvas em exames

a b

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anatomopatológicos, embora bastante específico, apresenta muito baixa

sensibilidade. Desta forma, para a confirmação no diagnóstico da Toxicariase

humana houve a necessidade do desenvolvimento de técnicas imunológicas

(ANARUMA apud SCHANTZ, 2002, p. 10).

A convivência com animais hospedeiros não é essencial para contrair a larva

migrans visceral, pois a toxicariase é uma parasitose transmitida pelo solo poluído

com os excrementos dos mesmos, os ovos sobrevivem por longo período ao meio

exterior. Em ambiente adequado, eles requerem 9 a 15 dias para embrionar e

reproduzir, no seu interior, as larvas infectantes de segundo estagio L2, mas não se

desenvolvem abaixo de 12º c. A população humana sujeita ao risco de contágio é

constituída principalmente pelas crianças pequenas, entre dois e cinco anos de

idade, muito propensas a fazer sua exploração usando as mãos e boca. As medidas

profiláticas são semelhantes as da Larva Migrans Cutânea, aplicando-se a esta a

necessidade dos donos dos animais serem conscientes, cuidando do meio ambiente

com o simples gesto de colher as excretas dos mesmos (REY, 2002, p.258-259).

Figura 4: Ovos de Toxocara spp. e verme adulto Fonte: www.mundo-pecuario.com/.../parascariequor.jpg

Gênero Ancylostoma

Estes parasitos são vermes redondos, apresentam três pares de dentes no

orifício oral, capsula bucal em machos e fêmeas e bolsa copulatória somente nos

machos, ovos elípticos de casca fina (FORTES, 1993, p. 272).

Os principais agentes etiológicos envolvidos são larvas infectantes de A.

brazilliense e A. caninum, parasitos do intestino de cães e gatos ( Figura 5a). Cães e

gatos eliminam diariamente nas fezes milhares de ovos desses parasitos. No meio

exterior em condições ideais de umidade, temperatura e oxigenação, ocorre

b

a

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desenvolvimento de larvas de primeiro estagio L1, dentro do ovo (Figura 5b) que

eclode e se alimenta no solo de matéria orgânica e microorganismos. Num período

de aproximadamente sete dias, a L1, realiza duas mudas, atingindo o terceiro

estagio L3. Esta não se alimenta e pode sobreviver no solo por varias semanas. Os

cães e gatos podem se infectar pela via oral, cutânea e transplacentária. As L3

sofrem mudas nesses hospedeiros e atingem a maturidade sexual em

aproximadamente quatro semanas. As L3 desses ancilostomídeos penetram

ativamente na pele do homem e migram através do tecido subcutâneo durante

semanas ou meses e então morrem. À medida que as L3 progridem, deixam atrás

de si um rastro sinuoso conhecido popularmente como bicho geográfico

ou Larva

Migrans Cutânea. Estas larvas também podem atingir a circulação sangüínea e ser

transportada aos pulmões, onde atravessam seus capilares e alcançam a árvore

brônquica, podendo ser encontrada nos escarros.

A exposição humana geralmente ocorre em áreas onde pode haver exposição

recreativa ao solo contaminado, os pontos de contaminação mais freqüentes são os

pés, nos espaços interdigitais, borda e dorso, a penetração cutânea não demora

mais que 5 ou 10 minutos. Sua profilaxia encontra vários tipos de recursos como o

uso de calçados, destino sanitário dos excetos e combate a larvas no solo (NEVES,

2002, p.243-244).

Não se observou a presença de Toxocara spp. em nenhuma das amostras de

areia analisadas. A presença de Ancylostoma spp foi observada somente em 0,56%

(3/535) das amostras, todas provenientes de uma mesma escola, na qual também

se observou larvas do parasito. A baixa percentagem de ovos de Ancylostoma spp.,

encontrada no presente trabalho pode ter sido decorrente da liberação das larvas do

parasito de dentro dos ovos, ocorrida anteriormente a colheita das amostras

(NUNES et al, 2000, p. 257).

Figura 5: Ancilostomídeo adulto e seu ovo larvado Fonte: www.safe-guard-for-dogs.com/images/Toxocara_a

a b

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18

Gênero Strongyloides

Estes parasitos apresentam o corpo cilíndrico, fusiforme ou filiforme, cutícula

fina e transparente, boca com três lábios, esôfago longo ou curto, bulbo apresenta

anel nervoso e intestino simples (NEVES, 2002, p. 247-248) Figura 9.

Realizaram-se 137 exames parasitológicos de fezes pelo método de

sedimentação espontânea. Houve 18 perdas. 95,6% da população estudada

estavam de alguma forma parasitada (mono, bi ou poliparasitismo). Dentre os

helmintos a maior prevalência foi da infecção por Ascaris lumbricoides (43,8%)

seguida por ancilostomídeo (35,8%), Trichuris trichiura (15,3%) e Schistosoma

mansoni (5,8%). Quanto as protozooses obteve-se as seguintes taxas de infecção

em ordem decrescente: Endolimax nana 50,4%, Entamoeba coli 48,9%, E. histolytica

43,8%, Iodamoeba butschlii 25,7% e Giardia lamblia 7,3%. Foram observados

também 4 casos de infecção por Strongyloides stercoralis, 3 por Chilomastix mesnilii,

2 por Blastocystis hominis, 1 por Hymenolepis nana, 1 por H. diminuta, e 1 por

Enterobius vermicularis (COSTA et al, 2002, p. 03).

A partir das larvas rabditóides eliminadas com as fezes, duas possibilidades

evolutivas existem. Em alguns casos, essas larvas, no meio exterior, sofrem muda

pela qual se transformam em larvas filarióides infectantes, capazes de penetrar em

outro individuo e iniciar novo ciclo parasitário. Este é conhecido como ciclo direto do

parasitismo. Ele pode ter lugar tanto no solo como sobre a pele da região perianal do

paciente. Em outros casos, as larvas rabditóides das fezes podem sofrer suas varias

mudas no solo e produzir, ao fim de algum tempo, machos e fêmeas de vida livre.

Depois da cópula, as fêmeas põem ovos de onde saem larvas rabditóides

(semelhantes às produzidas pelas fêmeas parasitas) que evoluem finalmente para

larvas filarióides infectantes, as quais retornam ao parasitismo, esse é o ciclo indireto

(REY, 2002, p.234).

Os ciclos, direto e indireto, se completam pela penetração ativa das larvas L3

na pele ou mucosa oral, esofágica ou gástrica do hospedeiro. Estas larvas secretam

melanoproteases, que as auxiliam, tanto na penetração quanto na migração através

dos tecidos, que ocorre numa velocidade de 10 cm por hora. Algumas morrem no

local, mas o ciclo continua através das larvas que atingem a circulação venosa e

linfática e através destes vasos seguem para o coração e os pulmões. Chegam aos

capilares pulmonares, onde se transformam em L4, atravessam a membrana

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alveolar e através da migração pela árvore brônquica, chegam a faringe. Podem ser

expelidas pela expectoração ou ser deglutidas, atingindo o intestino delgado, onde

se formam em fêmeas partogenéticas. Os ovos (Figura 10) são depositados na

mucosa intestinal e as larvas alcançam a luz intestinal. O período decorrido desde a

penetração da larva filarióide na pele até que ela se torne adulta e comece a eliminar

ovos larvados, que eclodem no intestino é de aproximadamente 15 a 25 dias

(NEVES, 2002, p.249)

Algumas vezes a lesões semelhantes a coceira da terra da infecção por

acilostomídeos são observadas após a penetração de larvas de Strongyloides na

pele. As larvas podem causar pneumonite, mas, como na ancilostomíase, esta é

geralmente menos grave que na ascaríase. Os vermes adultos no intestino podem

não causar sintomas demonstráveis ou podem causar diarréia moderada a intensa.

Foi descritas uma síndrome de má-absorção com esteatorréia. Esta foi considerada

característica apenas daqules casos em que há desnutrição protéica grave, sendo

reversível se a desnutrição for corrigida mesmo sem a eliminação dos parasitos.

Como profilaxia se ressalta a importância de hábitos de higiene simples como lavar

adequadamente os alimentos, utilização de calçados, educação e engenharia

sanitária (MARKELL e VOGE, 2003, p. 267).

Figura 9: larvas de strongyloides .Figura 10: ovo de Strongyloides

Fonte: instruction.cvhs.okstate.edu/.../Img0046.jpg

Gênero Trichuris

Estes parasitos são vermes em forma de chicote, a porção posterior formando

um cabo, a porção anterior longa e fina, seu ovo tem forma de barril, a casca do ovo

hilaniana e a casca externa do ovo espessa é dourada (MARKEL e VOGE, 2003, p.

273-274).

a b

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Segundo Scani et al (2003, p.618),a principal contaminação registrada foi por

Ancylostoma spp, em 71,3% (169) das amostras, sendo que destas 11,8% já

apresentavam larvas rabditóides e filarióides. Os ovos de Ancylostoma spp, Trichuris

spp e Toxocara spp foram identificados isoladamente em 43,5% (103), 9,7% (23) e

3% (7) das amostras respectivamente. A principal associação verificada foi com

Ancylostoma spp e Trichuris spp (16,9%). Também foram observadas associações

com ancylostoma spp e Trichuris spp. Para Trichuris spp e Toxocara spp (2,1%) e

com Ancylostoma spp e Toxocara spp (2,1%). Outras associações foram

observadas, porem em menor freqüência.

Os ovos (Figura11) quando ingeridos por humanos eclodem na luz do

intestino e as larvas depois de saírem por um dos pólos do ovo penetram nas criptas

glandulares do cécum, onde permanecem dois dias. Completado o desenvolvimento,

os vermes adultos (Figura12) fixam-se à mucosa onde mantém mergulhada a

extremidade cefálica, decorridos 70 a 90 dias, após a ingestão, completa-se o ciclo

biológico com o aparecimento de ovos nas fezes do hospedeiro. A grande maioria

dos indivíduos parasitados é d portadores assintomáticos, não há informações sobre

o número de vermes necessários para que surjam efeitos patológicos. As lesões

traumáticas que o parasito causa à mucosa são mínimas, mesmo nas infecções

pesadas não se observam fenômenos inflamatórios importantes. A prevalência é nos

lugares quentes e úmidos, onde falta saneamento básico, lavar as mãos antes e

depois das refeições e lavar bem os alimentos são medidas de prevenção indicadas

(REY, 2002, p. 283)

Figura 11, 12: ovo de Trichuris trichuria e vermes adultos

Fonte: www.oregon.gov/DHS/ph/phl/imglib/trichu.jpg,

www.pitbullregistry.com/images/whipworm.jpg

a b

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2.2.2 Classe Sporozoa

Ordem Eucoccidiida

Familia Eimeriidae

Gênero Isospora

É formada por um agrupamento de protozoário muito homogêneo, sendo

todos parasitos obrigatórios sem organelas de locomoção aparentes. A maioria das

espécies produz uma forma de esporo que é infectante para o hospedeiro. Todos os

gêneros têm ciclo de vida que inclui as fases de reprodução sexuada, produção de

gametócitos e esporogâmica, e assexuada, esquizogâmica. A maioria tem ciclo

biológico de dois hospedeiros. São protozoários que apresentam o corpo em forma

de anel. A infecção é adquirida pela ingestão de oocistos ( figura13), procedentes

de contaminação fecal. Os esporozoitos são liberados na luz do intestino delgado e

invadem células epiteliais da mucosa onde se multiplicam abundantemente por

esquizogonia. Parte destes merozoitos evolui para gametócitos e gametas que após

copularem dão lugar a formação de oocistos. No solo dependendo das condições

ambientais, o processo de esporogonia prossegue dentro de cada oocisto. Isosporas

produzem infecções benignas do intestino delgado, outros sintomas observados nas

infecções são; a perda do apetite, astenia, dor de cabeça e náuseas. Em pacientes

com AIDS, a infecção costuma ser crônica e em geral intermitente, uma diarréia

debilitante que pode levar a morte. Cuidados com o meio ambiente com a água,

lavar bem as mãos e os alimentos fazem parte de sua profilaxia (REY, 2002, p. 99-

100).

No total de 222 amostras de solo amostrados, cerca de 5% apresentaram

resultado positivo na presença dos 3 grupos de parasitos (cistos, larvas e ovos),

57% apresentaram resultado para a presença de algum dos grupos e 38%

apresentaram resultado negativo. Verificou-se que, dentre os cistos, a prevalência foi

de Entamoeba coli (52,6%) e Giardia sp (42,1%); dentre as larvas no solo

acilostomídeos apresentaram prevalência de 52,6%, enquanto que dentre os ovos,

os de maior prevalência foram de Toxocara sp (58,0%), Ascaris sp (52,6%),

Hymenolepis sp (47,4%), Taenia sp (47,4%) e Trichuris sp (47,4%).

Embora tenha sido diagnosticada no solo uma gama de organismos, como os

cistos de protozoários Balantidium coli, Entamoeba coli, Entamoeba histolytica;

Giardia sp, Iodamoeba sp, Isospora sp; as larvas de helmintos Ancylostoma sp,

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Enterobius sp, Strongyloides sp, Trichuris sp; e os ovos ou larvas de helmintos

Ancilostomideo(s), Ascaris sp, Echinococcus sp, Enterobius sp, Hymenolepis sp,

Schistosoma sp, Taenia sp, Toxocara sp, Trichuris sp, na associação das formas de

parasitos encontrados no solo com os indivíduos infectados, dos quatro parasitos de

maior prevalência, apenas Ascaris lumbricoides e Entamoeba coli detectados em

amostras de solo por vila, apresentaram correlação com indivíduos parasitados (

CUTOLO apud RIOS et al, 2007, p. 5).

Figura 13: oocistos de Isospora Fonte: www.ufrgs.br/../Protozoa/Imagens/isosp4.jpg

Gênero Eimeria

Parasitos protozoários com ciclo de vida direto. Apresentam reprodução

sexuada, esporogâmica e esquizogâmica, reprodução assexuada gametogônia,

corpo com pólo anterior alongado, anéis polares, conóides e oocistos.

Os oocistos esporulados (Figura14) possuem quatro esporocistos com dois

esporozoitos. Os oocistos recém saídos nas fezes e que estão esporulados

possuem núcleo, seus hospedeiros são aves, ruminantes, coelhos, pequenos e

grandes roedores, encontram-se na célula do epitélio intestinal.

Os oocistos em amostras de fezes recentes são transparentes e imaturos, ou

raramente em desenvolvimento. Em 18 ou 36 horas após a eliminação das fezes,

cada um dos esporoblastos desenvolve a parede do esporocisto que contem quatro

esporozoitos infectantes, a maturação completa leva de 4 a 6 dias.

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A transmissão para o homem é direta por meio de oocistos esporulados que

sobrevivem no solo até serem consumidos em alimentos, ou água contaminada por

fezes. A infecção humana pode causar anorexia, náusea, dor abdominal e diarréia.

A educação sanitária é um dos principais meios de se combater este parasito (REY,

2002, p. 98-99).

Conforme FERREIRA et al, (2008, p. 2) foram avaliados 147 animais, dos

quais, 140 (95,23%) apresentavam ovos de Strongyloides spp., 3 (2,04%) Oxyura

equi, 15 (10,20%) Parascaris equorum, 3 (2,04%) Anophocephafala perfoliata, 1

(0,68%) Habronena, 2 (1,36%) oocisto de Eimeria.

Muitas espécies do gênero Eimeria causam doenças graves nas aves, no

gado e em outros animais de importância econômica para o homem. Galinhas,

patos, perus, faisões, pombos e etc, porém no homem ainda não há relatos de

transmissão ou de sua patogenia (REY, 2002, p. 98).

Figura 14: oocistos de Eimeria Fonte: www.iv.ufrrj.br/.../eimeria_oocisto.jpg

2.2.3 Classe Arthropode

Ordem Acariforme

Familia Acaridae

A subclasse Acari é incluída pela maioria dos autores na classe Aracnida,

mas muitos a considera uma classe independente, distinguem-se por apresentarem

seus membros e cefalotórax fundidos com o abdômen e também por terem

quelíceras e demais peças bucais reunidas em uma estrutura única e denominada

de capitulo ou gnatossomo. Estas subclasses contem grande número de espécies

envolvidas na produção ou transmissão de doenças do homem e de outros animais.

Apresentam o corpo coberto por carapaça quitinosa, segmento abdominal,

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cefalotórax, cone bucal, pedipalpos e cerdas sensoriais. Algumas espécies estão

impolidas na produção ou transmissão de doenças do homem e de outros animais

produzidas por vírus, ricettsias e espiroquetídeos. Outras causam a sarna e varias

dermatoses do mesmo tipo (REY, 2002, p. 21).

Para os Ácaros de vida livre(Figura 15) o número de ovos depositados varia

em diferentes formas, eles são postos no solo e em húmus e alguns envolvem seus

ovos em um estojo, algumas espécies prendem seus ovos grandes ao corpo de

outros indivíduos, que os transportam até a eclosão. Os ovos de algumas espécies

são bastante resistentes às intempéries do ambiente e algumas espécies são

ovoviparas.

Após um período de incubação de 2 a 6 semanas, uma larva de seis pernas

eclode do ovo, a larva se transforma numa protoninfa, as mudas sucessivas

transformam a protoninfa em deutoninfa, tritoninfa e finalmente em adulto.

São agentes causadores de alergias como asma e rinite, mas não se devem

considerar os ácaros como um grupo totalmente parasitário. Muitas espécies têm

vida livre e outras são parasitas somente por um breve período do seu ciclo. Seu

controle baseia-se nas medidas de higiene individuais e coletivas, como a

desinfecção da roupa intima, roupa de cama e de toalhas (NEVES, 2002, p. 376).

Figura 15: Acaro de vida livre Fonte: www.curiosidadeanimal.com/im_insetos/acaro.JPG

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3. METODOLOGIA

Foram escolhidos 6 parques públicos da cidade de Porto Alegre RS, Brasil, e

suas respectivas praças recreação infantil. De cada um dos parques públicos, foram

coletadas cinco amostras de solo, totalizando 30 amostras.

3.1 Coletas

As amostras foram coletadas uma única vez de cada ponto, em locais úmidos

e sombreados, com 5 cm de profundidade, obedecendo uma distância de 200m

entre os pontos. As mesmas foram colocadas em sacos plásticos e refrigeradas a

4ºc e processadas no laboratório de microbiologia do Centro Universitário Lasalle, na

cidade de Canoas RS, Brasil, na região da Grande Porto Alegre. Todo o material

coletado foi devidamente identificado por meio de etiquetas nos recipientes de coleta

e acompanhado de ficha individual descritiva da área da coleta, considerando-se

suas características e utilizações: recreação infantil, áreas sombreadas ou expostas

ao sol, área de ginástica, canteiro ou de passagem. Todas as amostras foram

mantidas sob refrigeração até o momento da análise. O material foi processado em,

no máximo, 24 horas após a coleta e submetido às técnicas de centrífugo-flutuação

em solução de saturada com densidade de 1,180 (FAUST et al., 1939) e

sedimentação espontânea (Hoffman et al., 1987).

3.2 Técnicas Parasitológicas

Métodos de Dennis, Stone e Swanson, modificado (Figura 16), foi utilizado

para pesquisa de ovos de Trematódes, Cestódeos e Acantocéfalos, pelo principio de

sedimentação, obedecendo ao seguinte protocolo: 200 gr de solo misturados

lentamente a 300ml de solução detergente, tamisadas, passando para o cálice de

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sedimentação, com uma gaze dobrada ao meio, deixando repousar por 10 minutos.

Após foi desprezado o sobrenadante e acrescentado mais 300ml de solução

detergente, sem ser tamisado, ficando em repouso por mais 10 minutos, passados

10 minutos o sobrenadante foi desprezado e coletadas amostras de solo

sedimentado com micro pipeta e colocado em lâmina, neste material colou-se uma

gota de lugol e a lamínula para a leitura em microscópio óptico. Para cada amostra

foram feitas lâminas em duplicata.

Figura 16: Método de Dennis, Stone e Swanson

Fonte: Hoffmann, 1987, p. 43

O Método de Sheather (Figura 17), modificado, foi para pesquisa de ovos de

Nematódeos e oocistos de Protozoários, pelo principio de flutuação, com o seguinte

procedimento: 10 gr de solo colocados em um Becker e misturados a 50 ml de

solução fisiológica, tamisadas por 10 minutos, colocando-se 5ml do material

tamisado em tubos de centrifuga, acrescentando ao mesmo 5ml da solução de

Sheather, homogeinizou-se o tubo invertendo-o lentamente por 20 vezes. Após a

homogeneização os tubos foram centrifugados por 5 minutos (2000rpm), e deixados

em repouso durante 1 hora. Passada 1 hora a mistura foi retirada da centrifuga, sem

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ser agitada, foram feitas lâminas em duplicata para cada amostra, com 1 gota da

mistura, 1 gota de lugol e colocada lamínula para a leitura no microscópio óptico.

Figura 17: Método de Sheater

Fonte: Hoffmann, 1987, p.37

3.3 Análise Microscópica

A análise microscópica foi realizada no laboratório de parasitologia do Centro

Universitário La Salle - UNILASALLE com auxilio de microscopia óptica.

3.4 Análise Estatística

Para análise estatística os resultados foram agrupados em blocos pareados,

onde foram organizados em tabelas descritivas, seguidos de seus valores absoluto e

percentual.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O encontro de larvas ou ovos de ancilostomídeos em amostras de solo e

areia de diferentes municípios do Brasil tem sido relatado por vários autores,

entretanto, as comparações dos achados ficam prejudicadas devido a vários fatores

como diversidade das condições climáticas e ambientais das localidades

pesquisadas, métodos de coletas utilizados e técnicas empregadas (CAPUANO,

2005, p. 144).

Do total de coletas de amostras de solo argilo-arenoso e areno-argiloso, pelo

método de Dennis, Stone e Swanson (tabela 1), verificou-se Ácaros de vida livre spp

60% (18/30), cistos de Protozoários não definidos 13,3% (4/30), larvas de

Nematódeo spp 63,3% (19/30), ovos de Cestódeos spp 6,6% (2/30), ovos de

Dipylidum spp 13,3% (4/30) e ovos de Trichuris spp 3,3% (1/30).

Tabela 1: Método de Dennis, Stone e Swanson

Fonte: Autoria própria

Agente Achados (no absoluto)

Ácaros de vida livre 18

Cistos de protozoários indefinidos 4

Larvas de Nematódeos 19

Ovos de Cestódeos 2

Ovos de Dipylidium 4

Ovos de Trichuris 1

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As análises das mesmas amostras pelo método de Sheather (tabela 2)

obtiveram os seguintes resultados: Ácaros de vida livre spp 6,6% (2/30), Cistos de

Protozoários não definidos 53,3% (16/30), Eimeria spp 23,3% (7/30), Isospora spp

20% (6/30), larvas de Nematódeos spp 10% (3/30), larvas de pequenos Strongylos

spp 3,3% (1/30), ovos de Ancylostoma spp 13,3% (4/30), ovos de Parascaris spp

16,6% (5/30) e ovos de Toxocara spp 23,3% (7/30).

Tabela 2: Método de Sheather

Fonte: Autoria própria

Agente Achados (nº absoluto)

Ácaros de vida livre 2

Cistos de protozoários não definidos 16

Eimeria 7

Isospora 6

Larvas de Nematódeo 3

Larvas de Pequenos Strongylus 1

Ovos de Ancylostoma 4

Ovos de Ascaris 5

Ovos de Parascaris 1

Ovos de Toxocara 7

Não se observou a presença de Toxocara spp em nenhuma das amostras de

areia analisadas. A presença de ovos de Ancylostoma spp foi observada somente

em 0,56% (3/535) das amostras provenientes de uma escola, na qual também se

observou larvas de parasita. A baixa percentagem de ovos de Ancylostoma spp,

encontrada no presente trabalho pode ter sido decorrente da liberação das larvas do

parasito de dentro dos ovos, ocorrida anteriormente à colheita (NUNES et al, 200, p.

257).

Em uma segunda análise comparativa entre solo argilo-arenoso, com um total

de 19 amostras perfazendo 63,3% (19/30) e areno-argiloso com 36,6% (11/30)

obteve-se os seguintes resultados: segundo o método de Dennis, Stone e Swanson

(tabela 3), em solo argilo-arenoso:Ácaros de vida livre spp 78% (15/19), cistos de

Protozoários não definidos 15% (3/19), larvas de Nematódeos spp 73% (14/19),ovos

de Cestódeos spp 15% (3/19), ovos de Dipylidium spp 10% (2/19) e Trichuris spp 5%

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(1/19).Solo areno-argiloso, Ácaros de vida livre spp 27% (3/11), cistos de

Protozoários não definidos 9% (1/11), larvas de Nematódeos spp 45% (5/11), ovos

de Cestódeos spp ,nenhuma amostra foi encontrada, ovos de Dipylidium spp 18%

(2/11) e ovos de Trichuris spp nenhuma amostra foi encontrada.

Tabela 3: Analise comparativa de solo argilo-arenoso e areno-argiloso.

Método de Dennis, Stone e Swansom.

Fonte: Autoria própria

Agente Solo Argilo-Arenoso Solo Areno-Argiloso

Ácaros de vida livre 78% 27%

Cistos de Protozoários não

definidos 15% 9%

Larvas de Nematódeos 73% 45%

Ovos de Cestódeos 15% Nenhuma amostra

Ovos de Dipylidium 10% 18%

Ovos de Trichuris 5% Nenhuma amostra

Método de Sheather (tabela 4), solo argilo-arenoso: Ácaros de vida livre spp

10% (2/19), cistos de Protozoários não definidos 78% (15/19), Eimeria spp 31%

(6/19), Isospora spp 21% (4/19), larvas de Nematódeos spp 10% (2/19), larvas de

pequenos Strongylos spp 5% (1/19), ovos de Ancylostoma spp 15% (3/19), ovos de

Ascaris spp 21% (4/19), ovos de Parascaris spp 9% (1/19) e ovos de Toxocara spp

26% (5/19). Solo areno-argiloso: Ácaros de vida livre spp, nenhuma amostra foi

encontrada, cistos de Protozoários não definidos 9% (1/11), Eimeria spp 9% (1/11),

Isospora spp 18% (2/11), larvas de Nematódeos spp 9% (1/11), larvas de pequenos

Strongylos, nenhuma amostra foi encontrada, ovos se Ancylostoma spp 9% (1/11)

ovos de Ascaris spp 9% (1/11), ovos de Parascaris, nenhuma amostra foi

encontrada, ovos de Toxocara spp 18% (2/11).

Tabela 4. Analise comparativa de solo argilo-arenoso e areno-argiloso.

Método de Sheather.

Fonte: Autoria própria

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Agente Solo argilo-arenoso Solo areno-argiloso

Ácaros de vida livre 10% Nenhuma amostra

Cistos de Protozoários não

definidos 78% 9%

Eimeria 31% 9%

Isospora 21% 18%

Lavas de Nematódeos 10% 9%

Larvas de pequenos

Strongylos 5% Nenhuma amostra

Ovos de Ancylostoma 15% 9%

Ovos de Ascaris 21% 9%

Ovos de Parascaris 9% Nenhuma amostra

Ovos de toxocara 26% 18%

O período de latência para a maturação das formas infectantes dos

protozoários é curto ou inexiste, como no caso de amebas e flagelados. A latência

no ambiente externo de certos helmintos como ancilostomatídeos, ascarídeos e

trichurideos é calculada em dias ou semanas. Em muitos casos, condições adversas

como baixas temperaturas, umidade, demanda de oxigênio, ph, insolação, presença

de matéria orgânica ou ocorrência de microorganismos antagônicos, podem

prolongar o período de latência ou até inibir o desenvolvimento das fases infectantes

dos parasitos (ARUMA apud OMS, 2002, p.2).

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5. CONCLUSÃO

O levantamento de parasitos em seis parques públicos de Porto Alegre, RS,

demonstrou que a prevalência de parasitos, Ácaros de vida livre (60%), larvas de

Nematódeos (63,3%),cistos de protozoários não definidos (53,3%) e outros

parasitos de importância médica, porém, em menor percentagem, não deixa de

ser preocupante uma vez que, pessoas de todas as classes e idades freqüentam

estes lugares.

Fica clara a necessidade de que o ser humano precisa conhecer melhor o

meio em que vive e deve se inter-relacionar com o meio ambiente, pois este tem

relação direta com a saúde pública.

Se o meio ambiente não apresentar condições adequadas, e estiver

relacionado a um elevado índice de parasitos, a população pode desenvolver

sérias parasitoses, podendo ter graves problemas de saúde.

A falta de leis que ampara os parques públicos, um maior controle sobre os

animais que circulam nestas áreas e a falta de monitoramento de saúde pública

transformam estes ambientes em locais de risco para seus freqüentadores.

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PERSPECTIVA

Os estudos que relacionam parasitos e sua importância médica mostram os

perigos que o meio ambiente pode trazer para a saúde pública, principalmente

quando este não é tratado com seriedade e respeito. Espera-se que mais estudos

sejam realizados com o propósito de informar sobre a inter-relação entre saúde

pública, meio ambiente e o ser humano, uma vez que o homem age como se não

fizesse parte deste contexto. Há a necessidade de maiores informações para a

população que desconhece os perigos que o meio ambiente oferece quando não

apresenta condições adequadas, por esse motivo, há também a necessidade de se

encontrar maneiras para que as informações destes estudos cheguem em todas as

comunidades sociais e não somente as comunidades de interesse médico e

cientificas.

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