desenvolvimento sustentável e falhas de mercado: uma ... · que a ética nas organizações e o...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA MESTRADO PROFISSIONAL EM ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO Desenvolvimento Sustentável e Falhas de Mercado: Uma análise do comportamento empresarial OSCAR COSTA FILHO FORTALEZA 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA MESTRADO

PROFISSIONAL EM ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO

Desenvolvimento Sustentável e Falhas de Mercado: Uma análise do comportamento

empresarial

OSCAR COSTA FILHO

FORTALEZA

2018

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OSCAR COSTA FILHO

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em

Economia da Universidade

Federal do Ceará, como requisito

parcial para obtenção do título de

Mestre em Economia (Mestrado

Profissional). Área de

concentração: Economia do Setor

Público

Orientador: Prof. Dr. Emérson

Luis Lemos Marinho

FORTALEZA 2018

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OSCAR COSTA FILHO

Desenvolvimento Sustentável e Falhas de Mercado: Uma análise do comportamento empresarial

Dissertação apresentada ao

Programa de Pós-Graduação no

Mestrado Profissional em

Economia, da Universidade

Federal do Ceará, como requisito

parcial para obtenção do título de

Mestre em Economia.

Área de concentração: Economia

do Setor Público

Aprovada em __/_____/____

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Professor Doutor Emerson Luís Lemos Marinho (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________

Professor Doutor Maurício Benegas

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________

Professor Doutor Daniel Maia

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________________________

Professor Doutor Custódio Luís Silva de Almeida

Universidade Federal do Ceará (UFC)

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“São os tempos de grande perigo em que aparecem os filósofos. - Então, quando a roda rola com sempre mais rapidez, eles e a arte tomam o lugar dos mitos em extinção. Mas projetam-se muito à frente, pois só muito de- vagar a atenção dos contemporâneos para eles se volta. Um povo consci-

ente de seus perigos gera um gênio”.

F. Nietzsche, Der Wille zur Macht, n. 420

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RESUMO

Em um cenário de transformações no quadro ambiental, é crucial o

fortalecimento do debate entre ética e economia no que concerne ao meio

ambiente, aos seus recursos escassos e a preocupação com as gerações

futuras. Assim, o papel da economia e da ética na sustentabilidade tem-se

acentuado ao longo do século XXI no que tange aos aspectos ecológicos e

ambientais do planeta. Diante do panorama ambiental atual e seus efeitos de

longo prazo, organizações sociais e outras entidades vêm adotando uma

postura que exija mais responsabilidade social e minimize riscos de impactos

ambientais, externalidades negativas bem como preservação dos recursos

naturais. Neste trabalho, foi feita uma discussão sobre quais são os

instrumentos econômicos de proteção ao meio ambiente e desafios da

sustentabilidade empresarial além da motivação das empresas em se adequar

aos conceitos de desenvolvimento sustentável. Diversos indicadores, como o

índice de sustentabilidade empresarial (ISE) e Dow Jones Sustainability Index

(DJSI), foram utilizados para evidenciar que empresas preocupadas com a

ética ambiental e sustentabilidade empresarial geraram lucros maiores no

longo prazo.

Palavras-chaves: ética e economia, desenvolvimento sustentável,

sustentabilidade empresarial.

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ABSTRACT

In a conjuncture of transformations in the environmental context, it is crucially

important to strengthen the debate between ethics and economics with regard

to the environment, its scarce resources and concern for future generations.

The role of economics and ethics in sustainability has been accentuated

throughout the 21st century due to the constant debate between researchers

and society about the projections and risks with regard to the ecological and

environmental aspects of the planet. In view of the current environmental

panorama and its long-term effects, social organizations and other entities are

adopting a posture that demands more social responsibility and minimizes risks

of environmental impacts, negative externalities as well as preservation of

natural resources. The objective of this work is to make a brief discussion of

what is sustainable development, to discuss about the economic instruments to

protect the environment and to know the challenges of corporate sustainability

and the motivation of companies to adapt to the concepts of sustainable

development. The methodology was based on the review of previous studies,

using bibliographical research and logging techniques. The indicators used in

academic articles used in this study showed that companies concerned with

environmental ethics and business sustainability generated higher profits for

companies in the long run.

Keywords: ethics and economics, sustainable development, business

sustainability,

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Curva de Kuznets: Relação entre poluição e renda per capita ............ 13

Figura 2: Equilíbrio competitivo com externalidade negativa ................................ 18 Figura 3: Imposto na Presença de Externalidade Negativa .................................. 24

Figura 4:Valorização das ações de empresas segundo o índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) em comparação ao Índice Dow Jones Geral (DJGI) – Período dez/1993 a dez/2005 – Valores em US$ ................................................... 31 Figura 5: Retorno anual dos índices de BM&BOVESPA ....................................... 33

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Sumário

1 INTRODUÇÃO................ ............................................................................... 10

2 UMA BREVE DIGRESSÃO ENTRE CRESCIMENTO ECONÔMICO E MEIO

AMBIENTE.............. .......................................................................................... 12

3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA SUSTENTABILIDADE SOB A ÓTICA

ECONÔMICA.....................................................................................................14

4.1 Falhas e Intervenção de Mercado ............................................................... 16

4.2 O Problema das Externalidades Negativas................................................. 17

4.3 Correções das Externalidades .................................................................... 19

4.3.1 Direitos de Propriedade e Poluição (Créditos de Carbono) ..................... 19

4.3.2 Internalizar as Externalidades .................................................................. 22

4.3.3 Intervenção Governamental e o Imposto de Pigou .................................. 23

5. A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA A

INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS .................................................. 26

5.1 A Exigência de uma Nova Ética Empresarial e a Tragédia dos Comuns .... 28

5.2 Os Incentivos Econômicos da Sustentabilidade Empresarial ..................... 29

6 O ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL .................................. 30

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 35

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1 INTRODUÇÃO

A ética, ao contrário do senso comum e de uma ampla gama de

profissionais de economia, não é tema fora de seu escopo. Desde a gênese do

conceito, Aristóteles (1991) já considerava a arte política como associada ao

tema da economia.

Como bem observa Sen (2012), a origem da economia relacionada à

ética e à concepção ética da política perdeu sua importância com a evolução

da economia moderna quando a economia positiva não apenas se esquivou da

análise econômica normativa como também teve o efeito de deixar de lado

considerações éticas que afetam o comportamento humano real1.

Ademais, Adam Smtih, tido como o fundador da ciência econômica, na

condição de professor de filosofia moral, não obstante sermos movidos por

nossos interesses pessoais, destacava que as ações deveriam ser

balanceadas por sentimentos de solidariedade. De acordo com Smith (2002),

por mais egoísta que se possa admitir que seja o homem, é evidente que

existem certos princípios em sua natureza que o levam a interessar-se pela

sorte dos outros e fazem com que a felicidade destes seja necessária, embora

nada obtenha que não o prazer de testemunhar.

Giannetti (2007) destaca que a ciência positiva é um insumo valioso para

a reflexão ética, muito embora seria um erro acreditar que ela pode responder

sozinha pelo produto final. Adicionalmente, atenta que nenhuma quantidade de

conhecimento sobre o mundo como ele é pode nos permitir, por si só, dar o

passo seguinte e fazer afirmações sobre o mundo como ele deve ser.

De fato, Harari (2016) dentro desse mesmo diapasão ressalta que a

fórmula científica leva a descobertas impressionantes, mas não pode lidar com

questões de valor e significado. É também dentro desse contexto que Giannetti

(2007) observa que Frank Knight, economista americano e um dos pais da

escola de Chicago, observa que os problemas básicos da sociedade moderna

são problemas de valor em relação aos quais as ciências naturais têm pouca

1 Sen (2012) também destaca que as questões éticas dominaram os escritos de economistas como Adam Smith, John Stuart Mill, Karl Marx e Francis Edgeworh.

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relevância, tendo a ciência pouco a dizer sobre os fins para os quais seu poder

adquirido pelo conhecimento poderá ser utilizado.

Assim, pondera Barros Filho e Meucci (2013), a ética é um saber que

estuda as formas de pensamento que o homem propôs ao longo da história do

seu pensamento para viver o melhor possível. Dito de outra forma, o campo

ético é o espaço intelectual coletivo para encontra a melhor maneira de

conviver.

De maneira mais específica, Arruda, Whitaker e Ramos (2017) mostram

que a ética nas organizações e o compromisso das empresas é um tema que

vem adquirindo relevância e destaque em razão do crescente espaço e

importância dos valores éticos na governança corporativa.

Além disso, em uma conjuntura de transformações no quadro ambiental,

é crucialmente importante fortalecer o debate entre ética e economia no que

concerne ao meio ambiente, aos seus recursos escassos e a preocupação com

as gerações futuras. Diante deste argumento, o papel da economia e da ética

na sustentabilidade tem se acentuado ao longo do século XXI, devido ao

constante debate entre pesquisadores e sociedade sobre as projeções e riscos

no que se refere aos aspectos ecológicos e ambientais do planeta.

Neste contexto, o objetivo deste trabalho é fazer uma discussão do que

é desenvolvimento sustentável, discutir sobre quais são os instrumentos

econômicos de proteção ao meio ambiente e conhecer os desafios da

sustentabilidade empresarial e a motivação das empresas em se adequar aos

conceitos de desenvolvimento sustentável.

Além desta introdução, esta dissertação apresenta mais seis seções. Na

seção seguinte há uma breve digressão entre meio ambiente e crescimento

econômico. A seção 3 discorre os fundamentos teóricos da sustentabilidade

sob a ótica econômica. Na seção seguinte é feita uma discussão dos

instrumentos que minimizam os impactos ambientais causadas pelas firmas.

Na seção posterior, é feita uma análise sobre sustentabilidade empresarial

tendo a seção 6 sido reservada para estudos e índices que demonstram que

empresas que investem nesse campo e possuem retorno econômico de longo

prazo. Finalmente, na seção 7 são tecidas as considerações finais.

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2 UMA BREVE DIGRESSÃO ENTRE CRESCIMENTO ECONÔMICO E MEIO AMBIENTE

Existem diferentes desafios a serem discutidos no meio acadêmico e

profissional, tendo poluição e crescimento econômico como grandes temas

desse contexto. No caso deste último, sob algum princípio da ética, sua

abordagem não deve ser um simples instrumento para alcançar o máximo lucro

no tempo presente.

De forma geral, uma miríade de fatores afeta o crescimento econômico.

Burgenmeier (2005), por exemplo, sintetiza algumas variáveis que podem ser

elencadas no Quadro 1 a seguir. Pode-se destacar que os recursos naturais

são um importante fator de produção, obedecendo, como os demais, a lógica

econômica na medida em que sua escassez pode ter severos impactos na

perda de produtividade a longo prazo.

Quadro 1: Variáveis que Impactam o Crescimento Econômico

Comportamento Humano Trabalho como fator de produção

Qualificação e relação de substituição entre trabalho e lazer

Formação do Capital Investimento em infraestrutura e equipamentos

Poupança dos agentes

Progresso técnico Evolução do conhecimento

Investimento em pesquisa e desenvolvimento

Recursos naturais Energia, sol, água, clima, biodiversidade, entre outros.

Fonte: Adaptado de Burgenmeier (2005).

Sob o espectro econômico, a relação entre poluição e progresso técnico

é representada pela curva ambiental de Kuznets. Em sua gênese, a curva era

uma relação entre crescimento econômico e desigualdade social, em que o

crescimento em sua fase inicial acarretaria aumento de desigualdade, e

redução de desigualdade no longo prazo.

Por sua vez, no caso do meio ambiente, a curva de Kuznets observa que

o crescimento econômico no curto prazo tende a aumentar a emissão de

poluição, mas que em uma segunda fase consegue reduzir devido ao

aperfeiçoamento do progresso técnico. Nesses termos, Veiga (2005) destaca

que o crescimento só prejudica o meio ambiente até um determinado patamar

de riqueza aferida pela renda per capita, passando, então, a compor uma

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relação de sustentabilidade. A Figura 1 descreve a curva de Kuznets em

termos de meio ambiente.

Figura 1: Curva de Kuznets: Relação entre poluição e renda per capita

Fonte: Adaptado de Burgenmeier (2005)

Diante do panorama ambiental atual e seus efeitos de longo prazo,

organizações sociais e outras entidades vem adotando uma postura que exija

mais responsabilidade social e minimize riscos de impactos ambientais,

externalidades negativas bem como preservação dos recursos naturais para as

gerações futuras. De acordo com Arantes (2006), uma questão que tem sido

debatida entre empresários e pesquisadores é o retorno que o

desenvolvimento sustentável tem para o negócio e como as empresas que

sinalizam maior preocupação ambiental conseguem se inserir melhor no

mercado internacional.

Para Alves, Lima e Mota (2010) transformações socioeconômicas

modificaram o comportamento das empresas que estavam acostumadas à

maximização exclusiva do lucro. Nesse contexto, o setor privado está cada vez

mais responsável em gerenciar da melhor forma possível os recursos

ambientais tendo o mundo corporativo um papel fundamental na garantia da

preservação do meio ambiente.

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3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA SUSTENTABILIDADE SOB A ÓTICA

ECONÔMICA

Um conjunto de evidências tem revelado que o crescimento econômico

apesar do aumento da riqueza em um determinado espaço territorial, pode não

necessariamente acarretar aumento da qualidade de vida dos indivíduos. De

acordo com Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2017), o desenvolvimento é

um conceito mais amplo, que engloba inclusive o crescimento econômico, de

modo que não é apenas a magnitude da expansão da produção, mas também

a natureza e a qualidade do crescimento.

O Desenvolvimento Sustentável, por sua vez, além se preocupar com o

crescimento econômico e com a geração de riqueza, tem como cerne de

preocupação a melhoria da qualidade de vida não apenas da geração atual,

mas também das gerações futuras.

É dentro desse contexto que estudos sobre sustentabilidade vêm sendo

amplamente discutido em várias áreas do conhecimento. De maneira geral, a

sustentabilidade tem como escopo o uso consciente dos recursos naturais, em

que as instituições e a sociedade buscam novas alternativas para minimizar o

desequilíbrio ambiental.

Sob a ótica de Veiga (2005), o mesmo coloca que a noção de

sustentabilidade é muito útil no sentido de evitar tudo que possa ocorrer em

detrimento dos seus descendentes, não apenas dos mais diretos, mas também

dos mais distantes. Isso significa a manutenção da capacidade produtiva para

um futuro indefinido. O autor coloca ainda que a hipotética conciliação entre

crescimento econômico moderno e preservação ambiental não deve ser

analisada apenas no curto prazo, não obstante as medidas de prevenção

serem tomadas neste contexto.

Além disso, o desenvolvimento sustentável é um conceito normativo que

surgiu com o nome de ecodesenvolvimento em meados da década de 1970 a

partir da discussão entre crescimento econômico e meio ambiente, germinada

anteriormente no relatório do Clube de Roma. (ROMEIRO, 2012).

Assim, para Romeiro (2012), a sustentabilidade é vista como um

problema de distribuição intertemporal de recursos naturais finitos, o que

pressupõe a definição de limites para seu uso de escala.

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Por sua vez, para Burgenmeier (2005) a gênese do desenvolvimento

sustentável tem as seguintes características:

1) Uma abordagem mundial que ultrapassa as fronteiras nacionais,

assumindo que a problemática do meio ambiente tem uma dimensão

planetária;

2) Gestão ecológica através de transmissão intergeracional do capital

natural e atenuantes a irreversibilidade de ações poluentes do passado.

3) Tomada de consciência das desigualdades sociais e de uma nova ética

no intuito de evitar condições de desigualdades nas quais se expressam

apenas interesses econômicos individuais ou nacionais. Além disso, a

exigência de uma nova ética se dá através da responsabilidade intergeracional.

Alves, Lima e Mota (2010), por outro lado, trata a busca do desenvolvimento

sustentável das empresas com as seguintes características:

1) É plural: isto é, empresas não devem satisfações apenas aos acionistas,

mas também aos funcionários, ao governo e à sociedade.

2) É distributiva: as empresas também são responsáveis por seus

fornecedores e devem fazer valer seus códigos de ética aos produtos e

serviços usados ao longo de seus processos produtivos.

3) É sustentável: a responsabilidade social está atrelada ao conceito de

desenvolvimento sustentável, sendo esta não limitada apenas ao

ambiente. Uma postura sustentável é por natureza preventiva, com

intuito de minimizar riscos no longo prazo.

4) É transparente: as empresas são gradualmente obrigadas a divulgar sua

performance social e ambiental.

As companhias estão sendo incentivadas pela administração pública e

seus stakeholders a dar ênfase à sustentabilidade empresarial e social,

desenvolvendo técnicas de reduzir os custos ambientais da sociedade e

internalizar cada vez mais as externalidades negativas produzidas ao meio

ambiente. Logo, responsabilizar as empresas pela sua própria poluição é uma

ferramenta eficaz de diminuição dos danos ambientais.

A aplicação do conceito de sustentabilidade à realidade também requer

uma série de medidas tanto por parte do setor público, como por parte da

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iniciativa privada em promover a harmonia entre as instituições empresarias e a

natureza.

4 COMO O MERCADO ATUA NA PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

De acordo com Enríquez (2010), os recursos físicos são resultantes de

ciclos naturais do planeta Terra que duram milhões de anos. Assim, a

capacidade de recomposição é o principal critério para classificar se um

recurso natural é renovável, reprodutível ou não renovável. Outros autores

consideram ainda o critério da velocidade a qual um recurso se “renova”.

Nesse contexto, um recurso é considerável renovável se puder ser

recolocados na natureza em um ritmo maior ou igual ao consumo humano.

Adicionalmente, deve-se considerar o caráter da preservação, isto é, se a

velocidade do uso do recurso crescer exponencialmente, tem-se um conjunto

de recursos renováveis que deixarão de ser renováveis.

Recursos não renováveis, por sua vez, são elementos que são retirados

da natureza e que levam muito tempo para se refazer novamente. Exemplos de

recursos não renováveis são o petróleo, gás natural, cobre, ferro, dentre outros.

Tanto os recursos renováveis quanto os não renováveis estão presentes

na função de produção das empresas. Neste caso, as organizações

empresariais assumem, em certa medida, a responsabilidade social de diminuir

a poluição e preservação dos recursos naturais.

Há instrumentos econômicos que podem minimizar o mau uso dos

recursos naturais, sejam eles renováveis ou não. A utilização desses

instrumentos econômicos serve para corrigir eventuais falhas de mercados.

4.1 Falhas e Intervenção de Mercado

Um dos argumentos que são utilizados para justificar o intervencionismo

do Estado na atividade produtiva é a necessidade de correções por conta de

imperfeições de mercado.

Dito de outra forma, uma falha de mercado acontece quando se originam

pontos de equilíbrio ineficientes do ponto de vista social gerando peso morto

para a sociedade. Neste caso, a presença de falha de mercados é dada pela

existência de externalidades e assimetria de informações entre os agentes.

A teoria econômica adota como um de seus pressupostos fundamentais

que os agentes econômicos tomam decisões buscando maximizar seus

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interesses individuais. As firmas, por sua vez, visam à maximização do lucro,

enquanto os indivíduos buscam melhorar a seu bem-estar.

Partindo dessas hipóteses, Burgenmeier (2005) considera a intervenção

do Estado justificáveis onde ocorrem falhas de mercado de duas maneiras:

a) Por razões objetivas associadas ao conhecimento tecnológico de

controle de coordenação que conferem ao Estado um monopólio natural

em várias situações, como segurança e aspectos de infraestrutura,

dentre outros;

b) Por razões normativas, associadas à oferta de uma prestação de

um serviço público por razões de proteção ambiental, ou de equidade

intergeracional, em que o controle de uma firma pode gerar

controvérsias.

É pertinente também ressaltar que as intervenções podem ocorrer nos

chamados bens públicos, que são caracterizados pela não rivalidade e pela

não exclusão. Nesta primeira característica, pode ocorrer de que alguns

indivíduos consumam um bem ambiental não devendo impedir que outros o

consumam. Na segunda característica, o ambiente é acessível para todos os

indivíduos.

4.2 O Problema das Externalidades Negativas

Em economia, externalidade são os efeitos colaterais de uma decisão

sobre aqueles que não participam dela. Uma externalidade sob a ótica

produtiva surge quando as possibilidades de produção de uma empresa são

influenciadas pelas escolhas de outra empresa ou consumidor. De acordo com

Costa (2005), as relações de externalidade podem ser dadas da seguinte

maneira:

A) Externalidades consumo-consumo: o consumo de um agente A

diminui a utilidade de um agente B;

B) Externalidades produção-produção: a produção de uma firma A

prejudica a produção de uma firma B;

C) Externalidades consumo-produção: o consumo de um indivíduo

ou um conjunto de indivíduos prejudica a produção de uma firma ou de

um conjunto de firmas;

D) Externalidades produção-consumo: a produção de uma

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determinada empresa afeta o consumo de determinado conjunto de

indivíduos.

Para Andrade (2005), o problema da externalidade surge quando as

firmas realizam suas ações minimizando apenas o custo privado, sem colocar

na sua função lucro o custo social. Dito de outra forma, os agentes econômicos

não recebem do mercado a sinalização correta dos custos ou benefícios de

suas ações tanto positiva quanto negativa, resultante das imperfeições de

mercado.

De forma ilustrativa, a Figura 2, a seguir, ilustra um equilíbrio competitivo

com externalidade negativa. Neste caso, as empresas maximizam seus lucros

com preço igual ao custo marginal, isto é, o custo social é ignorado na hora de

contabilizar os custos da empresa, tendo a área hachurada representando a

perda de bem-estar da sociedade, resultante da diferença horizontal entre as

curvas de custo marginal privado e o custo marginal social.

Neste caso, as firmas maximizadoras de lucro determinantes das forças

de mercado não levam a um equilíbrio eficiente de modo que o lucro máximo

da empresa se situa no ponto A.

Figura 2: Equilíbrio competitivo com externalidade negativa

Fonte: Adaptado de Andrade (2005)

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É importante destacar que o objetivo de minimizar as externalidades não

é reduzir a zero a poluição. De fato, na Figura 2 acima, o ponto B representa o

equilíbrio entre o custo marginal social e o preço de equilíbrio, de forma que

mesmo havendo poluição, seria resultante de um mecanismo social aceitável.

A poluição do ar, a poluição da água, a poluição sonora, a poluição

visual e a redução da biodiversidade são exemplos de externalidade negativa e

degradação ambiental.

A teoria econômica retrata a degradação ambiental dado pelo fato de

que o meio ambiente são recursos de propriedade comum. Dessa maneira,

tendem a serem explorados a exaustão na ausência de direitos de propriedade,

com a ocorrência de maximização individual de um agente econômico, sem

pensar eticamente nos demais agentes e nas gerações futuras.

Adicionalmente, a degradação ambiental não pode ser totalmente

eliminada, a partir de um nível de consumo mínimo da população atual, mas

pode ser minimizada através de um nível ótimo de degradação ambiental, em

que este nível é pelo menos igual ao nível de renovação dos recursos naturais

(ORTIZ & FERREIRA, 2005).

4.3 Correções das Externalidades

A existência de externalidade leva a um equilíbrio competitivo que difere do

equilíbrio de Pareto Ótimo, levando a uma alocação ineficiente dos recursos.

Pareto ótimo é um conceito que define um estado de alocação de recursos em

que é impossível realoca-los tal que a situação de qualquer participante seja

melhorada sem piorar a situação individual de outro indivíduo Direito de

propriedade (créditos de carbono), internalizar a externalidade e intervenção

governamental (imposto de Pigou) são três formas diferentes de corrigir o

problema.

4.3.1 Direitos de Propriedade e Poluição (Créditos de Carbono)

Ronald Coase (1910-2013), prêmio Nobel de Economia, pressupunha

que os problemas de externalidade são oriundos de uma especificação

inadequada dos direitos de propriedade e, consequentemente, ausência de

mercados em quem não se consegue internalizar os custos ou os benefícios

externos. Dito de outra forma, o Teorema de Coase afirma que em uma

transação econômica com externalidades, se os direitos de propriedade são

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bem definidos e os custos forem baixos, então a solução privada é socialmente

ótima. Neste caso, o único papel do governo é assegurar os direitos de

propriedade e a segurança da negociação.

O Teorema de Coase é um retrato de como o papel das instituições são

crucialmente importantes para o funcionamento do mercado e minimização das

externalidades. No âmbito empresarial, empresas sustentáveis são mais

prósperas em países em que as instituições funcionam melhor.

Dentro desse contexto, Burgenmeier (2005) coloca que nas perspectivas

dos direitos de propriedade não se trata da punição do poluidor, mas da

aceitação da poluição como um fato reconhecido. Assim, o comércio de

licenças de emissão seria um exemplo de um direito implícito à poluição sendo,

portanto, o resultado de um processo de negociação entre as partes

envolvidas.

A solução do Teorema de Coase seria norteada pela construção de um

sistema global e bem definido de direito à propriedade aos quais cabe aos

negociadores internalizar a externalidade através do mercado. Em suma,

Coase (1960) identificou que as soluções de externalidades não precisam de

um aparato público, apenas de instituições fortes que garantam o direito à

propriedade privada.

Além disso, para Coase (1960) os direitos de propriedade bem definidos

possuem uma estrutura com quatro características fundamentais, a saber:

universalidade, exclusividade, transmissibilidade e segurança. No caso desta

primeira, todos os recursos existentes podem ser apropriados por privados

para correção de externalidade. A exclusividade, por sua vez, os custos e

benefícios gerados pela posse dos recursos devem ser suportados pelos

proprietários, através dos mecanismos de mercado. No que concerne a

transmissibilidade, os direitos de propriedade são transferíveis através de

trocas voluntárias. Finalmente, a segurança os direitos de propriedade privada

são protegidos contra a usurpação ilegal.

Assim, se há direitos bem definidos, instituições fortalecidas e que

garantem o direito à propriedade privada, não há necessidade de mecanismos

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de regulação da poluição, uma vez que o próprio mercado se encarregará de

encontrar o ponto ótimo de produção.

Por outro lado, é possível haver problemas no que tange aos direitos de

propriedade em razão da ausência de concorrência perfeita, custos de

transação elevados, dificuldade na identificação das partes negociadoras e

situações de propriedade comum.

Adicionalmente, Burgenmeier (2005) retrata que algum bem ambiental

não é possível aceitar uma exclusão de consumo pelo mecanismo de preços.

Por exemplo, o ar e uma paisagem não poluídos são exemplos para os quais a

teoria dos direitos de propriedade é ineficaz além de mercados em condição

imperfeita que cessam as trocas antes de ser atingido o preço que garanta a

alocação ótima.

De forma mais especifica, a abordagem de Coase (1960) pode ser

adequada à questão ambiental em termos de créditos de carbono, resultado de

uma busca de uma solução eficiente para combater à poluição atmosférica

(SOARES, SILVA,TORREZAN, 2016).

A política do crédito de carbono se enquadra na imposição de um

padrão de poluição, estabelecendo metas globais. Tal política surge como uma

solução de mercado que coloca os direitos de transmissão nas mãos dos

agentes que mais o valorizam, podendo negociá-los com outros agentes,

auferindo lucros e desestimulando a poluição.

Os créditos de carbono funcionam através de certificados que

comprovam que uma determinada empresa precisa reduzir a emissão de

gases, de modo que uma tonelada de CO2 equivale a um crédito de carbono.

Para as empresas, o mercado de créditos de carbono é uma

oportunidade de manter sua linha de produção, ou de auferir lucros ao

minimizar o impacto da poluição. Além de maximizar seus lucros, as empresas

que adotam tal política sustentável, consegue atrair marketing e reputação

entre seus consumidores preocupados com o meio ambiente. Outro ponto a ser

considerado é o estímulo que as empresas possuem em modernizar sua

capacidade produtiva. Por fim, uma das vantagens desse tipo de mercado é

que as empresas podem decidir o quanto poluir e o quanto não poluir, ao

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comprar direito de emissão de outras empresas, além de aplicar investimentos

sustentáveis em locais que são interessantes para a empresa se instalar.

De modo geral, os benefícios para as empresas que são adeptas aos

créditos de carbono são:

1) Melhoria da imagem perante a sociedade: as empresas que adquirem

créditos de carbono conseguem maximizar a reputação da sua marca,

em meio a um mercado cada vez mais exigente com relação a ética e o

desenvolvimento sustentável.

2) Benefícios financeiros: o mercado de créditos de carbono gera receitas

para as empresas que estabelecem contratos de venda e compra.

3) Sustentabilidade: as empresas conseguem alinhar expansão produtiva

com desenvolvimento sustentável ao entrar no mercado de créditos de

carbono.

4) Estímulo a consciência ambiental: as empresas além de promover a

sustentabilidade passam a ter papel fundamental como instituições que

educam a sociedade.

5) Oportunidades de novos negócios: empresas mais sustentáveis são

mais bem avaliadas pelo mercado consumidor, possuindo, neste caso,

mais oportunidades de atrair investidores.

4.3.2 Internalizar as Externalidades

Diversos economistas têm alertado que desde a Revolução Industrial,

principalmente a partir do século XIX, o crescimento populacional, a expansão

agrícola e a contínua expansão industrial têm acarretado problema de

escassez dos recursos naturais, além da degradação do meio ambiente.

Neste aspecto, a internalização da externalidade significa fazer com que

as empresas ou indivíduos se responsabilizem pelos seus atos, isto é, caso

polua, a poluição deve entrar na função lucro da empresa. O princípio da

internalização da externalidade é dado pela cobrança sobre o comportamento

do usuário, ou princípio do poluidor-pagador (SANTOS, 2010).

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Em relação aos efeitos sobre o comportamento do usuário, Santos

(2010) destacam que os principais critérios de avaliação de um instrumento

econômico são a eficiência econômica, Impacto ambiental e aceitabilidade.

Portanto, quando se internaliza a externalidade os custos causados pela

poluição ao total resultante de sua produção são acrescentados o impacto

ambiental e a eficiência econômica juntos na composição de custos da

empresa.

4.3.3 Intervenção Governamental e o Imposto de Pigou

O governo é um importante agente econômico que soluciona falhas de

mercado podendo, assim, atuar através de mecanismos baseados no mercado

ou regulamentação.

Um desses mecanismos de atuação é através da taxa pigouviana,

imposto utilizado na presença de externalidade negativa como cobrança pela

poluição e funcionando como correção de efeitos por dano ambiental.

Em termos ilustrativos, a Figura 3 apresenta a curva de custo marginal

social acima da curva de custo marginal, isto é, a sociedade possui um custo

superior ao da empresa. Neste caso, o objetivo do imposto de Pigou é descolar

a curva de custo marginal privado e igualar a curva de custo marginal social.

Esse imposto, além de tornar o mercado eficiente no sentido de pareto, gera

receita para o governo que pode ser aplicada em outras medidas sustentáveis.

Segundo Andrade (2005), uma das formas de resolver o problema da

externalidade negativa é penalizando e desincentivando os agentes

econômicos a realizar atividades indesejadas em excesso. O imposto por

unidade transacionada é dado por Pc – Pp, e a área do retângulo BCPcPp

representa o total arrecadado com o imposto pelo governo.

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Figura 3: Imposto na Presença de Externalidade Negativa

Fonte: Adaptado de Andrade (2005).

Outra forma de intervenção do governo é por meio de regulamentação

para minimizar os impactos gerados por externalidade através das cotas de

poluição, ou mesmo a proibição de produção de determinado tipo de produto.

Burgenmeier (2005) simplifica os diferentes instrumentos considerando

apenas o controle direto (regulamentação) e as medidas de incentivo (créditos

de carbono, imposto de Pigou, etc.) que estão resumidas no Quadro 2 a seguir:

Quadro 2: Instrumentos da Política do Ambiente; Vantagens e inconvenientes

Vantagens Desvantagens

Controle direto; Regulamentação

Reparação ou contenção dos danos;

Preços relativos

Aplicabilidade; Burocracia lógica Política Aplicação arbitrária

Medidas de incentivo Prevenção Problemas de equidade

Taxas e subsídios Liberdade de escolha Inviabilidade em caso de

catástrofe Certificados de emissão a

negociar Avaliação empírica

Direitos de propriedade Lógica econômica

Fonte: Adaptado de Burgenmeier (2005).

Como pode ser observado, nenhum instrumento que procure internalizar

os efeitos externos da poluição no funcionamento do mercado é perfeito. O

ideal é a combinação de vários instrumentos aliado a uma mentalidade de ética

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empresarial embutida na cultura das firmas. Assim, a proteção do meio

ambiente deve ser inserida na função lucro da empresa, isto é, os

inconvenientes da poluição devem ser minimizados no longo prazo, como uma

estratégia de sobrevivência da firma.

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5. A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS

A sustentabilidade empresarial vem sendo um tema recorrente na

estratégia de internacionalização das empresas, principalmente aquelas que

precisam de bons sinalizadores para romper barreiras não tarifárias.

A internacionalização é um fenômeno natural de expansão de uma

determinada empresa que busca novos mercados. Gomes et. all. (2011), por

exemplo, destaca que as empresas que buscam se internacionalizar procuram

contato com novos conhecimentos e tecnologias, flexibilidade e agilidade para

adaptação de produtos, diminuição dos custos do desenvolvimento e incentivos

fiscais.

Adicionalmente, as instituições públicas e privadas estão sendo

incentivadas a contemplar o uso de novas tecnologias voltadas para atender

esse mercado crescente de consumidores preocupados com a política

ambiental de seus países.

Para Leão, Nassif, Vanderlei (2016) o conceito de sustentabilidade

econômica abarca todas as formas de atividades econômicas existindo dois

quesitos importantes para que haja uma economia empresarial sustentável. O

primeiro é a existência de produção econômica capaz de garantir a

subsistência da empresa, bem como um ambiente de negócios bem

institucionalizado no qual a produção está inserida.

É importante também ressaltar que a gestão empresarial com foco

reforça que para a empresa obter crescimento econômico de longo prazo a

ética empresarial tem que estar preocupada com a sustentabilidade

econômica.

De fato, conforme Burgenmeier (2005), a empresa tradicional está

sujeita ao critério de eficiência econômica. Contudo, a empresa sustentável,

além de se submeter aos critérios de maximização econômica, submete-se

também aos critérios de eficiência ecológica e social. No que se refere a

eficácia ecológica e ambiental, a empresa busca a utilização de novos matérias

e procedimentos de produção limpa com o menor uso de recursos naturais

possíveis.

Silva et all (2016) afirma que são poucas as empresas que adotam um

sistema de gestão ambiental, haja vista que há uma mentalidade que política

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empresarial com foco ambiental custa caro, ou seja, não há noção sobre a

relação custo versus benefício de longo prazo. Assim, não são todas as

empresas que fazem um planejamento estratégico com objetivo de melhorar o

uso dos recursos naturais.

Na verdade, o que é mais observado é que a minimização de custos

monetários difere de racionalidade ambiental. No entanto, a lógica de adotar

práticas éticas e sustentáveis em respeito ao meio ambiente é de reduzir os

insumos, ou substituir insumos não renováveis por alternativas menos

poluidoras, com intuito de também minimizar o custo da empresa. Portanto, o

processo de substituição de insumo não gera necessariamente maximização

de lucro no curto prazo, o que impede a renovação de empresas sem

planejamento de longo prazo.

Nesse contexto, a solução de minimização dos problemas ambientais

surge da necessidade dos gestores públicos e privados de colocar o meio

ambiente na função de custo da empresa, isto é, considerar o meio ambiente

como um ponto crítico da maximização de lucros e como um norte de decisões

e princípios administrativos de uma empresa.

Costa (2005) elenca um conjunto de motivos para empresas com

interesse crescente pela sustentabilidade empresarial e com objetivo de

internacionalização conseguirem sobrevivência corporativa a longo prazo:

1) A busca de novas oportunidades de negócios sustentáveis;

2) Aumento da competividade internacional;

3) Acesso a mercados mais exigentes;

4) Requisitos para realização de financiamentos internacionais;

5) Se adequar as novas leis de proteção ao meio ambiente;

6) Acesso global às informações.

Com efeito, o processo de internacionalização é crucial para o

capitalismo contemporâneo, em que as empresas buscam novos mercados e

ampliam sua cadeira produtiva. As internacionalizações das empresas são

planejadas, e a sustentabilidade ambiental é um diferencial competitivo, ou

ainda um pré-requisito para que as empresas sejam bem vistas mundialmente.

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5.1 A Exigência de uma Nova Ética Empresarial e a Tragédia dos Comuns

A tragédia dos comuns é uma situação em que indivíduos agindo de

forma independente e racionalmente de acordo com seus próprios interesses

se comportam em contrariedade aos melhores interesses de uma comunidade,

esgotando algum recurso comum. A tragédia dos comuns é um exemplo

clássico em que os indivíduos agindo de forma independente e racionalmente

de acordo com seus próprios interesses se comportam em contrariedade aos

melhores interesses da sociedade. A Tragédia dos Comuns foi pioneiramente

abordado por Hardin (1968) a partir da noção de que a miséria da sociedade

continuaria a crescer se não fosse reconhecido os limites dos recursos

naturais.

A lógica do conceito é simples. De acordo com Hardin (1968), quando os

recursos naturais são compartilhados existe uma tendência lógica ao abuso por

parte dos interesses individuais. No espectro econômico, a tragédia dos

comuns é um caso de teoria dos jogos, onde os indivíduos buscam a

maximização imediata, mas são míopes quanto ao payoff de longo prazo.

O caso da Ilha Hispaniola, dividida entre o Haiti e a República

Dominicana é um exemplo clássico de como funciona a tragédia dos comuns.

Do lado haitiano, a ausência de instituições fortalecidas impediu o mínimo de

desenvolvimento de suas infraestruturas, em que houve um crescimento

populacional desordenado e expansão da favelização. Já a República

Dominicana, as instituições se consolidaram, e a exploração dos recursos foi

feita de forma mais racional e sustentável.

No âmbito das empresas, o que fica claro é que se todas as empresas

pensarem apenas no seu lucro individual, a possibilidade de os recursos

econômicos serem deteriorados ao longo do tempo torna-se potencialmente

iminente em um exemplo claro de tragédia dos comuns, visto que a

maximização do lucro individual é o único interesse. A exigência de uma nova

ética empresarial é justamente a necessidade de uma reavaliação desse

processo e que dê o devido valor intertemporal aos recursos ambientais.

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5.2 Os Incentivos Econômicos da Sustentabilidade Empresarial

Para Vinha (2010), o princípio da responsabilidade social empresarial é

resgatar valores éticos que a sociedade em geral não associa às empresas.

Adicionalmente, é avaliada a possibilidade de se obter vantagem competitiva

dada a capacidade da empresa em operar de forma eficiente com os recursos

naturais.

Campos, Latrônico e Sartori (2014) também mostram que no meio

empresarial tornou-se conveniente pensar na sustentabilidade como um “triple

bottom line”, isto é, um tripé de sustentabilidade baseado em três pilares: o

social, o ambiental e o financeiro.

Por sua vez, Silva et all (2009) corrobora que empresas que incorporam

práticas sustentáveis e adotam uma postura de respeito ao meio ambiente

reduzem custos de insumos no processo de produção. Portanto, longevidade e

internacionalização das empresas passa por um alinhamento entre aspectos

sociais e ambientais.

Os motivos econômicos para que uma empresa investa em

sustentabilidade são variados, e podem ser tangíveis ou não tangíveis. Dentre

os principais, destaca-se a falta de credibilidade entre aquelas que não

investem em sustentabilidade ambiental tendendo a perderem a preferência do

consumidor, ganhos em termos de custos e não dependência da volatilidade

das energias não renováveis. Sustentabilidade reflete benefícios à longo prazo.

Como retorno, a sustentabilidade se concretiza através do fortalecimento e

fidelidade à marca e ao produto, valorização da empresa na sociedade e no

mercado, retorno publicitário, advindo da geração de mídia espontânea,

tributação com as possibilidades de isenções fiscais em âmbitos municipal,

estadual e federal, maior empenho e motivação dos funcionários e ganhos

sociais pelas mudanças comportamentais da sociedade.

Na seção seguinte serão analisadas evidências que sugerem que

empresas que adotam sustentabilidade empresarial são mais bem avaliadas, e

possuem maior valorização dos seus ativos no mercado de ações, isto é,

investir em sustentabilidade tem relação direta com aumento do valor de

mercado da empresa e maior retorno econômico.

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6 O ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL

De acordo com Júnior, Reydon, Portugal (2014) a sustentabilidade

ambiental é utilizada como um diferencial competitivo para as empresas

brasileiras mais internacionalizadas.

No mercado de ações, uma visão baseada nos stakeholders começou a

levar as empresas a tomarem conhecimento que possuem responsabilidades

não apenas com seus acionistas, mas também com os empregados e com a

sociedade. Empresas que degradam o meio ambiente estão suscetíveis a

serem boicotadas pelos seus consumidores, assim como terem seus ativos

rejeitados pelos acionistas.

Nesse contexto, o primeiro índice de Sustentabilidade Empresarial surgiu

nos Estados Unidos em 1999, o Dow Jones Sustainability Index (DJSI), que

tinha como objetivo avaliar o desempenho em termos de sustentabilidade das

empresas que negociam na Dow Jones. A DJSI é baseada em uma análise de

desempenho econômico, ambiental e social da empresa, além de averiguar

outros critérios como governança corporativa, gerenciamento de risco,

preocupação com mudanças climáticas e práticas trabalhistas.

Evidências como as de Arantes (2006) em estudos sobre empresas que

entraram no DJSI e aquelas que não demonstraram esta preocupação

apresentou um comparativo sobre a evolução do valor das ações das

empresas dos dois grupos. Os resultados obtidos revelam empresas que se

preocupam com a questão baseada na sustentabilidade e em responsabilidade

social obtiveram uma evolução maior, isto é, empresas que estiveram no DJSI

tiveram suas ações valorizadas em 225% durante o período analisado,

enquanto que empresas que não estiveram, tiveram aumento de 167%. Os

resultados da Figura 4 a seguir descreve esse processo.

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Figura 4:Valorização das ações de empresas segundo o índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) em comparação ao Índice Dow Jones Geral

(DJGI) – Período dez/1993 a dez/2005 – Valores em US$

Fonte: Extraído de Arantes (2005).

Por sua vez, o índice de sustentabilidade empresarial (ISE) foi uma

iniciativa pioneira na América Latina voltada para a construção de uma carteira

de ações de companhias comprometidas com a sustentabilidade. O ISE é

composto por, no máximo, 40 companhias das 200 mais líquidas do

BM&Bovespa. A decisão de participar do ISE é uma tentativa de aumentar o

valor de uma empresa ou companhia, alinhando sustentabilidade com

estratégia corporativa. O que se espera é que empresas que participam do ISE

tenham ganho de prestígio e reputação, embora seja difícil dimensionar o

impacto real desse ganho.

Assim, o principal objetivo do índice de sustentabilidade empresarial é

proporcionar aos compradores de ativos e a sociedade um conjunto de

informações sobre a empresa e seu comprometimento com as pautas

associadas ao desenvolvimento sustentável.

Estudos como o de Favaro e Rover (2014) confirmam que a importância

que o ISE vem ganhando no mercado de ações tem induzido as empresas a

investirem mais na responsabilidade socioambiental. De fato, o surgimento do

ISE gerou um impacto positivo na preocupação das empresas em investir em

sustentabilidade e boas práticas de governanças. As empresas interessadas

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sem internacionalizar seus mercados são obrigadas a cumprir requisitos

mínimos de desenvolvimento sustentável.

Favaro e Rover (2014) também destacam que diversas pesquisas

acerca do uso do ISE como um instrumento de benchmarking de práticas

sustentáveis, mostrando os variados tipos de ganhos que uma empresa pode

ter ao adotar práticas sustentáveis, como, por exemplo, conquistar mercados

de países desenvolvidos, como o caso das empresas brasileiras. Dentre os

ganhos tangíveis estão os indicadores com o retorno de patrimônio e do ativo,

aumento do valor do mercado, variação positiva do investimento. Dentre os

intangíveis, estão o ganho reputacional, a influência internacional e o ganho de

marketing de longo prazo, sem custos adicionais por isso.

Assim, logo após sua criação, empresas que estavam inseridas no ISE

tiveram um ganho de valor de mercado superior aos demais deixando os

stakeholders interessados nessa nova visão de sustentabilidade empresarial e

seu poder de ganho econômico (FAVARO & ROVER, 2014).

A Figura 5, a seguir, sugere que o índice de sustentabilidade empresarial

sofreu menos ao impacto do choque da crise de 2008, tendo apresentado

resultados melhores durante os anos compreendidos entre 2010 a 2012, o que

é uma forte evidência da melhor posição situacional no mercado de ações

(ativos mais seguros).

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Figura 5: Retorno anual dos índices de BM&BOVESPA2

Fonte: Extraído de FAVARO e ROVER (2014).

Os dados da Tabela 2 a seguir também apresenta indicíos de que o ISE

se destaca quando comparado a outros indicadores, demonstrando a

preocupação dos acionistas com a sinalização da responsabilidade social das

empresas.

Tabela 2: Retorno Anual dos Índices da BM&BOVESPA

Fonte: Extraído de FAVARO & ROVER (2014).

Portanto, a tabela 2 sugere que, empresas que aderiram ao índice de

sustentabilidade ambiental tiveram mais valorização de seus ativos do que

empresas que não aderiram ao índice. Como o ISE foi criado com objetivo de

criar um mecanismo eficiente para seleção de empresas com desempenho

superior para enfrentar riscos e oportunidades decorrentes de questões

2Índice Bovespa é o mais importante indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3 - Brasil, Bolsa, Balcão. O IBrX - Índice Brasil é um dos índices da Bolsa de Valores de São Paulo que avalia o retorno de uma carteira teoricamente composta pelas cem ações mais negociadas na BM&FBovespa. O IBrX-50 - Índice Brasil 50 é um dos índices da Bolsa de Valores de São Paulo que avalia o retorno de uma carteira teoricamente composta pelas cinqüenta ações mais negociadas na Bolsa.

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ambientais empresas que estão no ISE estão menos suscetíveis a serem

criminalizadas por crimes contra o meio ambiente.

Ademais, conforme International Finance Corporation (2005) empresas

que têm sido membro do índice relataram diversos benefícios, como melhoria

das práticas de sustentabilidade, melhor reputação no mercado e impacto

positivo em seus preços de ação.

Por fim, estudos de Vital et all (2009) destacam que as empresas que

compõem a carteira do ISE apresentam melhores desempenhos no que tange

às vendas e às exportações estando as mesmas menos suscetíveis a choques

negativos e melhores resultados no longo prazo.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A maior demanda por transparência por parte das empresas tem

influenciado na mudança de concepção de várias áreas acerca do tema

sustentabilidade ao buscar a adaptação a essa nova realidade diante das

novas exigências da responsabilidade socioambiental.

A ocorrência de falhas de mercado exige intervenções ou mecanismos de

controle da externalidade negativa no intuito de criar mecanismos que

diminuam a poluição a um nível socialmente ótimo. Assim, empresas que

antecedem e criam mecanismos próprios de redução de externalidade negativa

e de poluição constroem pilares éticos e sustentáveis importantes para a

sobrevivência econômica da empresa.

Dentro desta temática, o objetivo deste trabalho foi analisar o conceito e a

importância que é atribuída à sustentabilidade nas empresas sobre a

perspectiva dos gestores, constatando que o tema é fortemente ligado a

questões ambientais e aspectos econômicos.

Um dos principais resultados aqui analisados é que as empresas acabam

beneficiadas em relação aos ganhos tangíveis e aos intangíveis, ao fazerem

parte de carteiras de ativos como índice de sustentabilidade empresarial (ISE)

e Dow Jones Sustainability Index (DJSI). Além disso, foi observado que

empresas mais sustentáveis possuem maior valorização de seus ativos no

longo prazo tendo também a sustentabilidade empresarial a ser parte do

processo de internacionalização das empresas, que priorizam mercados

consumidores mais exigentes.

Finalmente, pode-se ressaltar que a sustentabilidade vai além da

maximização do lucro das firmas envolvendo um conjunto de princípios éticos e

ambientais que são pilares de sobrevivência em um mundo cada vez mais

globalizado e preocupado com a continuidade dos recursos naturais. Como

destaca Giannetti (2016), embora as causas e implicações da mudança

climática estejam cercadas de incerteza, a gravidade de ameaças deveria

incutir o princípio da máxima prudência.

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