UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA MESTRADO
PROFISSIONAL EM ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO
Desenvolvimento Sustentável e Falhas de Mercado: Uma análise do comportamento
empresarial
OSCAR COSTA FILHO
FORTALEZA
2018
OSCAR COSTA FILHO
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Economia da Universidade
Federal do Ceará, como requisito
parcial para obtenção do título de
Mestre em Economia (Mestrado
Profissional). Área de
concentração: Economia do Setor
Público
Orientador: Prof. Dr. Emérson
Luis Lemos Marinho
FORTALEZA 2018
OSCAR COSTA FILHO
Desenvolvimento Sustentável e Falhas de Mercado: Uma análise do comportamento empresarial
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação no
Mestrado Profissional em
Economia, da Universidade
Federal do Ceará, como requisito
parcial para obtenção do título de
Mestre em Economia.
Área de concentração: Economia
do Setor Público
Aprovada em __/_____/____
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Professor Doutor Emerson Luís Lemos Marinho (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
____________________________________________________
Professor Doutor Maurício Benegas
Universidade Federal do Ceará (UFC)
____________________________________________________
Professor Doutor Daniel Maia
Universidade Federal do Ceará (UFC)
____________________________________________________
Professor Doutor Custódio Luís Silva de Almeida
Universidade Federal do Ceará (UFC)
“São os tempos de grande perigo em que aparecem os filósofos. - Então, quando a roda rola com sempre mais rapidez, eles e a arte tomam o lugar dos mitos em extinção. Mas projetam-se muito à frente, pois só muito de- vagar a atenção dos contemporâneos para eles se volta. Um povo consci-
ente de seus perigos gera um gênio”.
F. Nietzsche, Der Wille zur Macht, n. 420
RESUMO
Em um cenário de transformações no quadro ambiental, é crucial o
fortalecimento do debate entre ética e economia no que concerne ao meio
ambiente, aos seus recursos escassos e a preocupação com as gerações
futuras. Assim, o papel da economia e da ética na sustentabilidade tem-se
acentuado ao longo do século XXI no que tange aos aspectos ecológicos e
ambientais do planeta. Diante do panorama ambiental atual e seus efeitos de
longo prazo, organizações sociais e outras entidades vêm adotando uma
postura que exija mais responsabilidade social e minimize riscos de impactos
ambientais, externalidades negativas bem como preservação dos recursos
naturais. Neste trabalho, foi feita uma discussão sobre quais são os
instrumentos econômicos de proteção ao meio ambiente e desafios da
sustentabilidade empresarial além da motivação das empresas em se adequar
aos conceitos de desenvolvimento sustentável. Diversos indicadores, como o
índice de sustentabilidade empresarial (ISE) e Dow Jones Sustainability Index
(DJSI), foram utilizados para evidenciar que empresas preocupadas com a
ética ambiental e sustentabilidade empresarial geraram lucros maiores no
longo prazo.
Palavras-chaves: ética e economia, desenvolvimento sustentável,
sustentabilidade empresarial.
ABSTRACT
In a conjuncture of transformations in the environmental context, it is crucially
important to strengthen the debate between ethics and economics with regard
to the environment, its scarce resources and concern for future generations.
The role of economics and ethics in sustainability has been accentuated
throughout the 21st century due to the constant debate between researchers
and society about the projections and risks with regard to the ecological and
environmental aspects of the planet. In view of the current environmental
panorama and its long-term effects, social organizations and other entities are
adopting a posture that demands more social responsibility and minimizes risks
of environmental impacts, negative externalities as well as preservation of
natural resources. The objective of this work is to make a brief discussion of
what is sustainable development, to discuss about the economic instruments to
protect the environment and to know the challenges of corporate sustainability
and the motivation of companies to adapt to the concepts of sustainable
development. The methodology was based on the review of previous studies,
using bibliographical research and logging techniques. The indicators used in
academic articles used in this study showed that companies concerned with
environmental ethics and business sustainability generated higher profits for
companies in the long run.
Keywords: ethics and economics, sustainable development, business
sustainability,
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Curva de Kuznets: Relação entre poluição e renda per capita ............ 13
Figura 2: Equilíbrio competitivo com externalidade negativa ................................ 18 Figura 3: Imposto na Presença de Externalidade Negativa .................................. 24
Figura 4:Valorização das ações de empresas segundo o índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) em comparação ao Índice Dow Jones Geral (DJGI) – Período dez/1993 a dez/2005 – Valores em US$ ................................................... 31 Figura 5: Retorno anual dos índices de BM&BOVESPA ....................................... 33
Sumário
1 INTRODUÇÃO................ ............................................................................... 10
2 UMA BREVE DIGRESSÃO ENTRE CRESCIMENTO ECONÔMICO E MEIO
AMBIENTE.............. .......................................................................................... 12
3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA SUSTENTABILIDADE SOB A ÓTICA
ECONÔMICA.....................................................................................................14
4.1 Falhas e Intervenção de Mercado ............................................................... 16
4.2 O Problema das Externalidades Negativas................................................. 17
4.3 Correções das Externalidades .................................................................... 19
4.3.1 Direitos de Propriedade e Poluição (Créditos de Carbono) ..................... 19
4.3.2 Internalizar as Externalidades .................................................................. 22
4.3.3 Intervenção Governamental e o Imposto de Pigou .................................. 23
5. A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA A
INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS .................................................. 26
5.1 A Exigência de uma Nova Ética Empresarial e a Tragédia dos Comuns .... 28
5.2 Os Incentivos Econômicos da Sustentabilidade Empresarial ..................... 29
6 O ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL .................................. 30
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 35
10
1 INTRODUÇÃO
A ética, ao contrário do senso comum e de uma ampla gama de
profissionais de economia, não é tema fora de seu escopo. Desde a gênese do
conceito, Aristóteles (1991) já considerava a arte política como associada ao
tema da economia.
Como bem observa Sen (2012), a origem da economia relacionada à
ética e à concepção ética da política perdeu sua importância com a evolução
da economia moderna quando a economia positiva não apenas se esquivou da
análise econômica normativa como também teve o efeito de deixar de lado
considerações éticas que afetam o comportamento humano real1.
Ademais, Adam Smtih, tido como o fundador da ciência econômica, na
condição de professor de filosofia moral, não obstante sermos movidos por
nossos interesses pessoais, destacava que as ações deveriam ser
balanceadas por sentimentos de solidariedade. De acordo com Smith (2002),
por mais egoísta que se possa admitir que seja o homem, é evidente que
existem certos princípios em sua natureza que o levam a interessar-se pela
sorte dos outros e fazem com que a felicidade destes seja necessária, embora
nada obtenha que não o prazer de testemunhar.
Giannetti (2007) destaca que a ciência positiva é um insumo valioso para
a reflexão ética, muito embora seria um erro acreditar que ela pode responder
sozinha pelo produto final. Adicionalmente, atenta que nenhuma quantidade de
conhecimento sobre o mundo como ele é pode nos permitir, por si só, dar o
passo seguinte e fazer afirmações sobre o mundo como ele deve ser.
De fato, Harari (2016) dentro desse mesmo diapasão ressalta que a
fórmula científica leva a descobertas impressionantes, mas não pode lidar com
questões de valor e significado. É também dentro desse contexto que Giannetti
(2007) observa que Frank Knight, economista americano e um dos pais da
escola de Chicago, observa que os problemas básicos da sociedade moderna
são problemas de valor em relação aos quais as ciências naturais têm pouca
1 Sen (2012) também destaca que as questões éticas dominaram os escritos de economistas como Adam Smith, John Stuart Mill, Karl Marx e Francis Edgeworh.
11
relevância, tendo a ciência pouco a dizer sobre os fins para os quais seu poder
adquirido pelo conhecimento poderá ser utilizado.
Assim, pondera Barros Filho e Meucci (2013), a ética é um saber que
estuda as formas de pensamento que o homem propôs ao longo da história do
seu pensamento para viver o melhor possível. Dito de outra forma, o campo
ético é o espaço intelectual coletivo para encontra a melhor maneira de
conviver.
De maneira mais específica, Arruda, Whitaker e Ramos (2017) mostram
que a ética nas organizações e o compromisso das empresas é um tema que
vem adquirindo relevância e destaque em razão do crescente espaço e
importância dos valores éticos na governança corporativa.
Além disso, em uma conjuntura de transformações no quadro ambiental,
é crucialmente importante fortalecer o debate entre ética e economia no que
concerne ao meio ambiente, aos seus recursos escassos e a preocupação com
as gerações futuras. Diante deste argumento, o papel da economia e da ética
na sustentabilidade tem se acentuado ao longo do século XXI, devido ao
constante debate entre pesquisadores e sociedade sobre as projeções e riscos
no que se refere aos aspectos ecológicos e ambientais do planeta.
Neste contexto, o objetivo deste trabalho é fazer uma discussão do que
é desenvolvimento sustentável, discutir sobre quais são os instrumentos
econômicos de proteção ao meio ambiente e conhecer os desafios da
sustentabilidade empresarial e a motivação das empresas em se adequar aos
conceitos de desenvolvimento sustentável.
Além desta introdução, esta dissertação apresenta mais seis seções. Na
seção seguinte há uma breve digressão entre meio ambiente e crescimento
econômico. A seção 3 discorre os fundamentos teóricos da sustentabilidade
sob a ótica econômica. Na seção seguinte é feita uma discussão dos
instrumentos que minimizam os impactos ambientais causadas pelas firmas.
Na seção posterior, é feita uma análise sobre sustentabilidade empresarial
tendo a seção 6 sido reservada para estudos e índices que demonstram que
empresas que investem nesse campo e possuem retorno econômico de longo
prazo. Finalmente, na seção 7 são tecidas as considerações finais.
12
2 UMA BREVE DIGRESSÃO ENTRE CRESCIMENTO ECONÔMICO E MEIO AMBIENTE
Existem diferentes desafios a serem discutidos no meio acadêmico e
profissional, tendo poluição e crescimento econômico como grandes temas
desse contexto. No caso deste último, sob algum princípio da ética, sua
abordagem não deve ser um simples instrumento para alcançar o máximo lucro
no tempo presente.
De forma geral, uma miríade de fatores afeta o crescimento econômico.
Burgenmeier (2005), por exemplo, sintetiza algumas variáveis que podem ser
elencadas no Quadro 1 a seguir. Pode-se destacar que os recursos naturais
são um importante fator de produção, obedecendo, como os demais, a lógica
econômica na medida em que sua escassez pode ter severos impactos na
perda de produtividade a longo prazo.
Quadro 1: Variáveis que Impactam o Crescimento Econômico
Comportamento Humano Trabalho como fator de produção
Qualificação e relação de substituição entre trabalho e lazer
Formação do Capital Investimento em infraestrutura e equipamentos
Poupança dos agentes
Progresso técnico Evolução do conhecimento
Investimento em pesquisa e desenvolvimento
Recursos naturais Energia, sol, água, clima, biodiversidade, entre outros.
Fonte: Adaptado de Burgenmeier (2005).
Sob o espectro econômico, a relação entre poluição e progresso técnico
é representada pela curva ambiental de Kuznets. Em sua gênese, a curva era
uma relação entre crescimento econômico e desigualdade social, em que o
crescimento em sua fase inicial acarretaria aumento de desigualdade, e
redução de desigualdade no longo prazo.
Por sua vez, no caso do meio ambiente, a curva de Kuznets observa que
o crescimento econômico no curto prazo tende a aumentar a emissão de
poluição, mas que em uma segunda fase consegue reduzir devido ao
aperfeiçoamento do progresso técnico. Nesses termos, Veiga (2005) destaca
que o crescimento só prejudica o meio ambiente até um determinado patamar
de riqueza aferida pela renda per capita, passando, então, a compor uma
13
relação de sustentabilidade. A Figura 1 descreve a curva de Kuznets em
termos de meio ambiente.
Figura 1: Curva de Kuznets: Relação entre poluição e renda per capita
Fonte: Adaptado de Burgenmeier (2005)
Diante do panorama ambiental atual e seus efeitos de longo prazo,
organizações sociais e outras entidades vem adotando uma postura que exija
mais responsabilidade social e minimize riscos de impactos ambientais,
externalidades negativas bem como preservação dos recursos naturais para as
gerações futuras. De acordo com Arantes (2006), uma questão que tem sido
debatida entre empresários e pesquisadores é o retorno que o
desenvolvimento sustentável tem para o negócio e como as empresas que
sinalizam maior preocupação ambiental conseguem se inserir melhor no
mercado internacional.
Para Alves, Lima e Mota (2010) transformações socioeconômicas
modificaram o comportamento das empresas que estavam acostumadas à
maximização exclusiva do lucro. Nesse contexto, o setor privado está cada vez
mais responsável em gerenciar da melhor forma possível os recursos
ambientais tendo o mundo corporativo um papel fundamental na garantia da
preservação do meio ambiente.
14
3. FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA SUSTENTABILIDADE SOB A ÓTICA
ECONÔMICA
Um conjunto de evidências tem revelado que o crescimento econômico
apesar do aumento da riqueza em um determinado espaço territorial, pode não
necessariamente acarretar aumento da qualidade de vida dos indivíduos. De
acordo com Gremaud, Vasconcellos e Toneto Jr. (2017), o desenvolvimento é
um conceito mais amplo, que engloba inclusive o crescimento econômico, de
modo que não é apenas a magnitude da expansão da produção, mas também
a natureza e a qualidade do crescimento.
O Desenvolvimento Sustentável, por sua vez, além se preocupar com o
crescimento econômico e com a geração de riqueza, tem como cerne de
preocupação a melhoria da qualidade de vida não apenas da geração atual,
mas também das gerações futuras.
É dentro desse contexto que estudos sobre sustentabilidade vêm sendo
amplamente discutido em várias áreas do conhecimento. De maneira geral, a
sustentabilidade tem como escopo o uso consciente dos recursos naturais, em
que as instituições e a sociedade buscam novas alternativas para minimizar o
desequilíbrio ambiental.
Sob a ótica de Veiga (2005), o mesmo coloca que a noção de
sustentabilidade é muito útil no sentido de evitar tudo que possa ocorrer em
detrimento dos seus descendentes, não apenas dos mais diretos, mas também
dos mais distantes. Isso significa a manutenção da capacidade produtiva para
um futuro indefinido. O autor coloca ainda que a hipotética conciliação entre
crescimento econômico moderno e preservação ambiental não deve ser
analisada apenas no curto prazo, não obstante as medidas de prevenção
serem tomadas neste contexto.
Além disso, o desenvolvimento sustentável é um conceito normativo que
surgiu com o nome de ecodesenvolvimento em meados da década de 1970 a
partir da discussão entre crescimento econômico e meio ambiente, germinada
anteriormente no relatório do Clube de Roma. (ROMEIRO, 2012).
Assim, para Romeiro (2012), a sustentabilidade é vista como um
problema de distribuição intertemporal de recursos naturais finitos, o que
pressupõe a definição de limites para seu uso de escala.
15
Por sua vez, para Burgenmeier (2005) a gênese do desenvolvimento
sustentável tem as seguintes características:
1) Uma abordagem mundial que ultrapassa as fronteiras nacionais,
assumindo que a problemática do meio ambiente tem uma dimensão
planetária;
2) Gestão ecológica através de transmissão intergeracional do capital
natural e atenuantes a irreversibilidade de ações poluentes do passado.
3) Tomada de consciência das desigualdades sociais e de uma nova ética
no intuito de evitar condições de desigualdades nas quais se expressam
apenas interesses econômicos individuais ou nacionais. Além disso, a
exigência de uma nova ética se dá através da responsabilidade intergeracional.
Alves, Lima e Mota (2010), por outro lado, trata a busca do desenvolvimento
sustentável das empresas com as seguintes características:
1) É plural: isto é, empresas não devem satisfações apenas aos acionistas,
mas também aos funcionários, ao governo e à sociedade.
2) É distributiva: as empresas também são responsáveis por seus
fornecedores e devem fazer valer seus códigos de ética aos produtos e
serviços usados ao longo de seus processos produtivos.
3) É sustentável: a responsabilidade social está atrelada ao conceito de
desenvolvimento sustentável, sendo esta não limitada apenas ao
ambiente. Uma postura sustentável é por natureza preventiva, com
intuito de minimizar riscos no longo prazo.
4) É transparente: as empresas são gradualmente obrigadas a divulgar sua
performance social e ambiental.
As companhias estão sendo incentivadas pela administração pública e
seus stakeholders a dar ênfase à sustentabilidade empresarial e social,
desenvolvendo técnicas de reduzir os custos ambientais da sociedade e
internalizar cada vez mais as externalidades negativas produzidas ao meio
ambiente. Logo, responsabilizar as empresas pela sua própria poluição é uma
ferramenta eficaz de diminuição dos danos ambientais.
A aplicação do conceito de sustentabilidade à realidade também requer
uma série de medidas tanto por parte do setor público, como por parte da
16
iniciativa privada em promover a harmonia entre as instituições empresarias e a
natureza.
4 COMO O MERCADO ATUA NA PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE
De acordo com Enríquez (2010), os recursos físicos são resultantes de
ciclos naturais do planeta Terra que duram milhões de anos. Assim, a
capacidade de recomposição é o principal critério para classificar se um
recurso natural é renovável, reprodutível ou não renovável. Outros autores
consideram ainda o critério da velocidade a qual um recurso se “renova”.
Nesse contexto, um recurso é considerável renovável se puder ser
recolocados na natureza em um ritmo maior ou igual ao consumo humano.
Adicionalmente, deve-se considerar o caráter da preservação, isto é, se a
velocidade do uso do recurso crescer exponencialmente, tem-se um conjunto
de recursos renováveis que deixarão de ser renováveis.
Recursos não renováveis, por sua vez, são elementos que são retirados
da natureza e que levam muito tempo para se refazer novamente. Exemplos de
recursos não renováveis são o petróleo, gás natural, cobre, ferro, dentre outros.
Tanto os recursos renováveis quanto os não renováveis estão presentes
na função de produção das empresas. Neste caso, as organizações
empresariais assumem, em certa medida, a responsabilidade social de diminuir
a poluição e preservação dos recursos naturais.
Há instrumentos econômicos que podem minimizar o mau uso dos
recursos naturais, sejam eles renováveis ou não. A utilização desses
instrumentos econômicos serve para corrigir eventuais falhas de mercados.
4.1 Falhas e Intervenção de Mercado
Um dos argumentos que são utilizados para justificar o intervencionismo
do Estado na atividade produtiva é a necessidade de correções por conta de
imperfeições de mercado.
Dito de outra forma, uma falha de mercado acontece quando se originam
pontos de equilíbrio ineficientes do ponto de vista social gerando peso morto
para a sociedade. Neste caso, a presença de falha de mercados é dada pela
existência de externalidades e assimetria de informações entre os agentes.
A teoria econômica adota como um de seus pressupostos fundamentais
que os agentes econômicos tomam decisões buscando maximizar seus
17
interesses individuais. As firmas, por sua vez, visam à maximização do lucro,
enquanto os indivíduos buscam melhorar a seu bem-estar.
Partindo dessas hipóteses, Burgenmeier (2005) considera a intervenção
do Estado justificáveis onde ocorrem falhas de mercado de duas maneiras:
a) Por razões objetivas associadas ao conhecimento tecnológico de
controle de coordenação que conferem ao Estado um monopólio natural
em várias situações, como segurança e aspectos de infraestrutura,
dentre outros;
b) Por razões normativas, associadas à oferta de uma prestação de
um serviço público por razões de proteção ambiental, ou de equidade
intergeracional, em que o controle de uma firma pode gerar
controvérsias.
É pertinente também ressaltar que as intervenções podem ocorrer nos
chamados bens públicos, que são caracterizados pela não rivalidade e pela
não exclusão. Nesta primeira característica, pode ocorrer de que alguns
indivíduos consumam um bem ambiental não devendo impedir que outros o
consumam. Na segunda característica, o ambiente é acessível para todos os
indivíduos.
4.2 O Problema das Externalidades Negativas
Em economia, externalidade são os efeitos colaterais de uma decisão
sobre aqueles que não participam dela. Uma externalidade sob a ótica
produtiva surge quando as possibilidades de produção de uma empresa são
influenciadas pelas escolhas de outra empresa ou consumidor. De acordo com
Costa (2005), as relações de externalidade podem ser dadas da seguinte
maneira:
A) Externalidades consumo-consumo: o consumo de um agente A
diminui a utilidade de um agente B;
B) Externalidades produção-produção: a produção de uma firma A
prejudica a produção de uma firma B;
C) Externalidades consumo-produção: o consumo de um indivíduo
ou um conjunto de indivíduos prejudica a produção de uma firma ou de
um conjunto de firmas;
D) Externalidades produção-consumo: a produção de uma
18
determinada empresa afeta o consumo de determinado conjunto de
indivíduos.
Para Andrade (2005), o problema da externalidade surge quando as
firmas realizam suas ações minimizando apenas o custo privado, sem colocar
na sua função lucro o custo social. Dito de outra forma, os agentes econômicos
não recebem do mercado a sinalização correta dos custos ou benefícios de
suas ações tanto positiva quanto negativa, resultante das imperfeições de
mercado.
De forma ilustrativa, a Figura 2, a seguir, ilustra um equilíbrio competitivo
com externalidade negativa. Neste caso, as empresas maximizam seus lucros
com preço igual ao custo marginal, isto é, o custo social é ignorado na hora de
contabilizar os custos da empresa, tendo a área hachurada representando a
perda de bem-estar da sociedade, resultante da diferença horizontal entre as
curvas de custo marginal privado e o custo marginal social.
Neste caso, as firmas maximizadoras de lucro determinantes das forças
de mercado não levam a um equilíbrio eficiente de modo que o lucro máximo
da empresa se situa no ponto A.
Figura 2: Equilíbrio competitivo com externalidade negativa
Fonte: Adaptado de Andrade (2005)
19
É importante destacar que o objetivo de minimizar as externalidades não
é reduzir a zero a poluição. De fato, na Figura 2 acima, o ponto B representa o
equilíbrio entre o custo marginal social e o preço de equilíbrio, de forma que
mesmo havendo poluição, seria resultante de um mecanismo social aceitável.
A poluição do ar, a poluição da água, a poluição sonora, a poluição
visual e a redução da biodiversidade são exemplos de externalidade negativa e
degradação ambiental.
A teoria econômica retrata a degradação ambiental dado pelo fato de
que o meio ambiente são recursos de propriedade comum. Dessa maneira,
tendem a serem explorados a exaustão na ausência de direitos de propriedade,
com a ocorrência de maximização individual de um agente econômico, sem
pensar eticamente nos demais agentes e nas gerações futuras.
Adicionalmente, a degradação ambiental não pode ser totalmente
eliminada, a partir de um nível de consumo mínimo da população atual, mas
pode ser minimizada através de um nível ótimo de degradação ambiental, em
que este nível é pelo menos igual ao nível de renovação dos recursos naturais
(ORTIZ & FERREIRA, 2005).
4.3 Correções das Externalidades
A existência de externalidade leva a um equilíbrio competitivo que difere do
equilíbrio de Pareto Ótimo, levando a uma alocação ineficiente dos recursos.
Pareto ótimo é um conceito que define um estado de alocação de recursos em
que é impossível realoca-los tal que a situação de qualquer participante seja
melhorada sem piorar a situação individual de outro indivíduo Direito de
propriedade (créditos de carbono), internalizar a externalidade e intervenção
governamental (imposto de Pigou) são três formas diferentes de corrigir o
problema.
4.3.1 Direitos de Propriedade e Poluição (Créditos de Carbono)
Ronald Coase (1910-2013), prêmio Nobel de Economia, pressupunha
que os problemas de externalidade são oriundos de uma especificação
inadequada dos direitos de propriedade e, consequentemente, ausência de
mercados em quem não se consegue internalizar os custos ou os benefícios
externos. Dito de outra forma, o Teorema de Coase afirma que em uma
transação econômica com externalidades, se os direitos de propriedade são
20
bem definidos e os custos forem baixos, então a solução privada é socialmente
ótima. Neste caso, o único papel do governo é assegurar os direitos de
propriedade e a segurança da negociação.
O Teorema de Coase é um retrato de como o papel das instituições são
crucialmente importantes para o funcionamento do mercado e minimização das
externalidades. No âmbito empresarial, empresas sustentáveis são mais
prósperas em países em que as instituições funcionam melhor.
Dentro desse contexto, Burgenmeier (2005) coloca que nas perspectivas
dos direitos de propriedade não se trata da punição do poluidor, mas da
aceitação da poluição como um fato reconhecido. Assim, o comércio de
licenças de emissão seria um exemplo de um direito implícito à poluição sendo,
portanto, o resultado de um processo de negociação entre as partes
envolvidas.
A solução do Teorema de Coase seria norteada pela construção de um
sistema global e bem definido de direito à propriedade aos quais cabe aos
negociadores internalizar a externalidade através do mercado. Em suma,
Coase (1960) identificou que as soluções de externalidades não precisam de
um aparato público, apenas de instituições fortes que garantam o direito à
propriedade privada.
Além disso, para Coase (1960) os direitos de propriedade bem definidos
possuem uma estrutura com quatro características fundamentais, a saber:
universalidade, exclusividade, transmissibilidade e segurança. No caso desta
primeira, todos os recursos existentes podem ser apropriados por privados
para correção de externalidade. A exclusividade, por sua vez, os custos e
benefícios gerados pela posse dos recursos devem ser suportados pelos
proprietários, através dos mecanismos de mercado. No que concerne a
transmissibilidade, os direitos de propriedade são transferíveis através de
trocas voluntárias. Finalmente, a segurança os direitos de propriedade privada
são protegidos contra a usurpação ilegal.
Assim, se há direitos bem definidos, instituições fortalecidas e que
garantem o direito à propriedade privada, não há necessidade de mecanismos
21
de regulação da poluição, uma vez que o próprio mercado se encarregará de
encontrar o ponto ótimo de produção.
Por outro lado, é possível haver problemas no que tange aos direitos de
propriedade em razão da ausência de concorrência perfeita, custos de
transação elevados, dificuldade na identificação das partes negociadoras e
situações de propriedade comum.
Adicionalmente, Burgenmeier (2005) retrata que algum bem ambiental
não é possível aceitar uma exclusão de consumo pelo mecanismo de preços.
Por exemplo, o ar e uma paisagem não poluídos são exemplos para os quais a
teoria dos direitos de propriedade é ineficaz além de mercados em condição
imperfeita que cessam as trocas antes de ser atingido o preço que garanta a
alocação ótima.
De forma mais especifica, a abordagem de Coase (1960) pode ser
adequada à questão ambiental em termos de créditos de carbono, resultado de
uma busca de uma solução eficiente para combater à poluição atmosférica
(SOARES, SILVA,TORREZAN, 2016).
A política do crédito de carbono se enquadra na imposição de um
padrão de poluição, estabelecendo metas globais. Tal política surge como uma
solução de mercado que coloca os direitos de transmissão nas mãos dos
agentes que mais o valorizam, podendo negociá-los com outros agentes,
auferindo lucros e desestimulando a poluição.
Os créditos de carbono funcionam através de certificados que
comprovam que uma determinada empresa precisa reduzir a emissão de
gases, de modo que uma tonelada de CO2 equivale a um crédito de carbono.
Para as empresas, o mercado de créditos de carbono é uma
oportunidade de manter sua linha de produção, ou de auferir lucros ao
minimizar o impacto da poluição. Além de maximizar seus lucros, as empresas
que adotam tal política sustentável, consegue atrair marketing e reputação
entre seus consumidores preocupados com o meio ambiente. Outro ponto a ser
considerado é o estímulo que as empresas possuem em modernizar sua
capacidade produtiva. Por fim, uma das vantagens desse tipo de mercado é
que as empresas podem decidir o quanto poluir e o quanto não poluir, ao
22
comprar direito de emissão de outras empresas, além de aplicar investimentos
sustentáveis em locais que são interessantes para a empresa se instalar.
De modo geral, os benefícios para as empresas que são adeptas aos
créditos de carbono são:
1) Melhoria da imagem perante a sociedade: as empresas que adquirem
créditos de carbono conseguem maximizar a reputação da sua marca,
em meio a um mercado cada vez mais exigente com relação a ética e o
desenvolvimento sustentável.
2) Benefícios financeiros: o mercado de créditos de carbono gera receitas
para as empresas que estabelecem contratos de venda e compra.
3) Sustentabilidade: as empresas conseguem alinhar expansão produtiva
com desenvolvimento sustentável ao entrar no mercado de créditos de
carbono.
4) Estímulo a consciência ambiental: as empresas além de promover a
sustentabilidade passam a ter papel fundamental como instituições que
educam a sociedade.
5) Oportunidades de novos negócios: empresas mais sustentáveis são
mais bem avaliadas pelo mercado consumidor, possuindo, neste caso,
mais oportunidades de atrair investidores.
4.3.2 Internalizar as Externalidades
Diversos economistas têm alertado que desde a Revolução Industrial,
principalmente a partir do século XIX, o crescimento populacional, a expansão
agrícola e a contínua expansão industrial têm acarretado problema de
escassez dos recursos naturais, além da degradação do meio ambiente.
Neste aspecto, a internalização da externalidade significa fazer com que
as empresas ou indivíduos se responsabilizem pelos seus atos, isto é, caso
polua, a poluição deve entrar na função lucro da empresa. O princípio da
internalização da externalidade é dado pela cobrança sobre o comportamento
do usuário, ou princípio do poluidor-pagador (SANTOS, 2010).
23
Em relação aos efeitos sobre o comportamento do usuário, Santos
(2010) destacam que os principais critérios de avaliação de um instrumento
econômico são a eficiência econômica, Impacto ambiental e aceitabilidade.
Portanto, quando se internaliza a externalidade os custos causados pela
poluição ao total resultante de sua produção são acrescentados o impacto
ambiental e a eficiência econômica juntos na composição de custos da
empresa.
4.3.3 Intervenção Governamental e o Imposto de Pigou
O governo é um importante agente econômico que soluciona falhas de
mercado podendo, assim, atuar através de mecanismos baseados no mercado
ou regulamentação.
Um desses mecanismos de atuação é através da taxa pigouviana,
imposto utilizado na presença de externalidade negativa como cobrança pela
poluição e funcionando como correção de efeitos por dano ambiental.
Em termos ilustrativos, a Figura 3 apresenta a curva de custo marginal
social acima da curva de custo marginal, isto é, a sociedade possui um custo
superior ao da empresa. Neste caso, o objetivo do imposto de Pigou é descolar
a curva de custo marginal privado e igualar a curva de custo marginal social.
Esse imposto, além de tornar o mercado eficiente no sentido de pareto, gera
receita para o governo que pode ser aplicada em outras medidas sustentáveis.
Segundo Andrade (2005), uma das formas de resolver o problema da
externalidade negativa é penalizando e desincentivando os agentes
econômicos a realizar atividades indesejadas em excesso. O imposto por
unidade transacionada é dado por Pc – Pp, e a área do retângulo BCPcPp
representa o total arrecadado com o imposto pelo governo.
24
Figura 3: Imposto na Presença de Externalidade Negativa
Fonte: Adaptado de Andrade (2005).
Outra forma de intervenção do governo é por meio de regulamentação
para minimizar os impactos gerados por externalidade através das cotas de
poluição, ou mesmo a proibição de produção de determinado tipo de produto.
Burgenmeier (2005) simplifica os diferentes instrumentos considerando
apenas o controle direto (regulamentação) e as medidas de incentivo (créditos
de carbono, imposto de Pigou, etc.) que estão resumidas no Quadro 2 a seguir:
Quadro 2: Instrumentos da Política do Ambiente; Vantagens e inconvenientes
Vantagens Desvantagens
Controle direto; Regulamentação
Reparação ou contenção dos danos;
Preços relativos
Aplicabilidade; Burocracia lógica Política Aplicação arbitrária
Medidas de incentivo Prevenção Problemas de equidade
Taxas e subsídios Liberdade de escolha Inviabilidade em caso de
catástrofe Certificados de emissão a
negociar Avaliação empírica
Direitos de propriedade Lógica econômica
Fonte: Adaptado de Burgenmeier (2005).
Como pode ser observado, nenhum instrumento que procure internalizar
os efeitos externos da poluição no funcionamento do mercado é perfeito. O
ideal é a combinação de vários instrumentos aliado a uma mentalidade de ética
25
empresarial embutida na cultura das firmas. Assim, a proteção do meio
ambiente deve ser inserida na função lucro da empresa, isto é, os
inconvenientes da poluição devem ser minimizados no longo prazo, como uma
estratégia de sobrevivência da firma.
26
5. A IMPORTÂNCIA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA A INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS
A sustentabilidade empresarial vem sendo um tema recorrente na
estratégia de internacionalização das empresas, principalmente aquelas que
precisam de bons sinalizadores para romper barreiras não tarifárias.
A internacionalização é um fenômeno natural de expansão de uma
determinada empresa que busca novos mercados. Gomes et. all. (2011), por
exemplo, destaca que as empresas que buscam se internacionalizar procuram
contato com novos conhecimentos e tecnologias, flexibilidade e agilidade para
adaptação de produtos, diminuição dos custos do desenvolvimento e incentivos
fiscais.
Adicionalmente, as instituições públicas e privadas estão sendo
incentivadas a contemplar o uso de novas tecnologias voltadas para atender
esse mercado crescente de consumidores preocupados com a política
ambiental de seus países.
Para Leão, Nassif, Vanderlei (2016) o conceito de sustentabilidade
econômica abarca todas as formas de atividades econômicas existindo dois
quesitos importantes para que haja uma economia empresarial sustentável. O
primeiro é a existência de produção econômica capaz de garantir a
subsistência da empresa, bem como um ambiente de negócios bem
institucionalizado no qual a produção está inserida.
É importante também ressaltar que a gestão empresarial com foco
reforça que para a empresa obter crescimento econômico de longo prazo a
ética empresarial tem que estar preocupada com a sustentabilidade
econômica.
De fato, conforme Burgenmeier (2005), a empresa tradicional está
sujeita ao critério de eficiência econômica. Contudo, a empresa sustentável,
além de se submeter aos critérios de maximização econômica, submete-se
também aos critérios de eficiência ecológica e social. No que se refere a
eficácia ecológica e ambiental, a empresa busca a utilização de novos matérias
e procedimentos de produção limpa com o menor uso de recursos naturais
possíveis.
Silva et all (2016) afirma que são poucas as empresas que adotam um
sistema de gestão ambiental, haja vista que há uma mentalidade que política
27
empresarial com foco ambiental custa caro, ou seja, não há noção sobre a
relação custo versus benefício de longo prazo. Assim, não são todas as
empresas que fazem um planejamento estratégico com objetivo de melhorar o
uso dos recursos naturais.
Na verdade, o que é mais observado é que a minimização de custos
monetários difere de racionalidade ambiental. No entanto, a lógica de adotar
práticas éticas e sustentáveis em respeito ao meio ambiente é de reduzir os
insumos, ou substituir insumos não renováveis por alternativas menos
poluidoras, com intuito de também minimizar o custo da empresa. Portanto, o
processo de substituição de insumo não gera necessariamente maximização
de lucro no curto prazo, o que impede a renovação de empresas sem
planejamento de longo prazo.
Nesse contexto, a solução de minimização dos problemas ambientais
surge da necessidade dos gestores públicos e privados de colocar o meio
ambiente na função de custo da empresa, isto é, considerar o meio ambiente
como um ponto crítico da maximização de lucros e como um norte de decisões
e princípios administrativos de uma empresa.
Costa (2005) elenca um conjunto de motivos para empresas com
interesse crescente pela sustentabilidade empresarial e com objetivo de
internacionalização conseguirem sobrevivência corporativa a longo prazo:
1) A busca de novas oportunidades de negócios sustentáveis;
2) Aumento da competividade internacional;
3) Acesso a mercados mais exigentes;
4) Requisitos para realização de financiamentos internacionais;
5) Se adequar as novas leis de proteção ao meio ambiente;
6) Acesso global às informações.
Com efeito, o processo de internacionalização é crucial para o
capitalismo contemporâneo, em que as empresas buscam novos mercados e
ampliam sua cadeira produtiva. As internacionalizações das empresas são
planejadas, e a sustentabilidade ambiental é um diferencial competitivo, ou
ainda um pré-requisito para que as empresas sejam bem vistas mundialmente.
28
5.1 A Exigência de uma Nova Ética Empresarial e a Tragédia dos Comuns
A tragédia dos comuns é uma situação em que indivíduos agindo de
forma independente e racionalmente de acordo com seus próprios interesses
se comportam em contrariedade aos melhores interesses de uma comunidade,
esgotando algum recurso comum. A tragédia dos comuns é um exemplo
clássico em que os indivíduos agindo de forma independente e racionalmente
de acordo com seus próprios interesses se comportam em contrariedade aos
melhores interesses da sociedade. A Tragédia dos Comuns foi pioneiramente
abordado por Hardin (1968) a partir da noção de que a miséria da sociedade
continuaria a crescer se não fosse reconhecido os limites dos recursos
naturais.
A lógica do conceito é simples. De acordo com Hardin (1968), quando os
recursos naturais são compartilhados existe uma tendência lógica ao abuso por
parte dos interesses individuais. No espectro econômico, a tragédia dos
comuns é um caso de teoria dos jogos, onde os indivíduos buscam a
maximização imediata, mas são míopes quanto ao payoff de longo prazo.
O caso da Ilha Hispaniola, dividida entre o Haiti e a República
Dominicana é um exemplo clássico de como funciona a tragédia dos comuns.
Do lado haitiano, a ausência de instituições fortalecidas impediu o mínimo de
desenvolvimento de suas infraestruturas, em que houve um crescimento
populacional desordenado e expansão da favelização. Já a República
Dominicana, as instituições se consolidaram, e a exploração dos recursos foi
feita de forma mais racional e sustentável.
No âmbito das empresas, o que fica claro é que se todas as empresas
pensarem apenas no seu lucro individual, a possibilidade de os recursos
econômicos serem deteriorados ao longo do tempo torna-se potencialmente
iminente em um exemplo claro de tragédia dos comuns, visto que a
maximização do lucro individual é o único interesse. A exigência de uma nova
ética empresarial é justamente a necessidade de uma reavaliação desse
processo e que dê o devido valor intertemporal aos recursos ambientais.
29
5.2 Os Incentivos Econômicos da Sustentabilidade Empresarial
Para Vinha (2010), o princípio da responsabilidade social empresarial é
resgatar valores éticos que a sociedade em geral não associa às empresas.
Adicionalmente, é avaliada a possibilidade de se obter vantagem competitiva
dada a capacidade da empresa em operar de forma eficiente com os recursos
naturais.
Campos, Latrônico e Sartori (2014) também mostram que no meio
empresarial tornou-se conveniente pensar na sustentabilidade como um “triple
bottom line”, isto é, um tripé de sustentabilidade baseado em três pilares: o
social, o ambiental e o financeiro.
Por sua vez, Silva et all (2009) corrobora que empresas que incorporam
práticas sustentáveis e adotam uma postura de respeito ao meio ambiente
reduzem custos de insumos no processo de produção. Portanto, longevidade e
internacionalização das empresas passa por um alinhamento entre aspectos
sociais e ambientais.
Os motivos econômicos para que uma empresa investa em
sustentabilidade são variados, e podem ser tangíveis ou não tangíveis. Dentre
os principais, destaca-se a falta de credibilidade entre aquelas que não
investem em sustentabilidade ambiental tendendo a perderem a preferência do
consumidor, ganhos em termos de custos e não dependência da volatilidade
das energias não renováveis. Sustentabilidade reflete benefícios à longo prazo.
Como retorno, a sustentabilidade se concretiza através do fortalecimento e
fidelidade à marca e ao produto, valorização da empresa na sociedade e no
mercado, retorno publicitário, advindo da geração de mídia espontânea,
tributação com as possibilidades de isenções fiscais em âmbitos municipal,
estadual e federal, maior empenho e motivação dos funcionários e ganhos
sociais pelas mudanças comportamentais da sociedade.
Na seção seguinte serão analisadas evidências que sugerem que
empresas que adotam sustentabilidade empresarial são mais bem avaliadas, e
possuem maior valorização dos seus ativos no mercado de ações, isto é,
investir em sustentabilidade tem relação direta com aumento do valor de
mercado da empresa e maior retorno econômico.
30
6 O ÍNDICE DE SUSTENTABILIDADE EMPRESARIAL
De acordo com Júnior, Reydon, Portugal (2014) a sustentabilidade
ambiental é utilizada como um diferencial competitivo para as empresas
brasileiras mais internacionalizadas.
No mercado de ações, uma visão baseada nos stakeholders começou a
levar as empresas a tomarem conhecimento que possuem responsabilidades
não apenas com seus acionistas, mas também com os empregados e com a
sociedade. Empresas que degradam o meio ambiente estão suscetíveis a
serem boicotadas pelos seus consumidores, assim como terem seus ativos
rejeitados pelos acionistas.
Nesse contexto, o primeiro índice de Sustentabilidade Empresarial surgiu
nos Estados Unidos em 1999, o Dow Jones Sustainability Index (DJSI), que
tinha como objetivo avaliar o desempenho em termos de sustentabilidade das
empresas que negociam na Dow Jones. A DJSI é baseada em uma análise de
desempenho econômico, ambiental e social da empresa, além de averiguar
outros critérios como governança corporativa, gerenciamento de risco,
preocupação com mudanças climáticas e práticas trabalhistas.
Evidências como as de Arantes (2006) em estudos sobre empresas que
entraram no DJSI e aquelas que não demonstraram esta preocupação
apresentou um comparativo sobre a evolução do valor das ações das
empresas dos dois grupos. Os resultados obtidos revelam empresas que se
preocupam com a questão baseada na sustentabilidade e em responsabilidade
social obtiveram uma evolução maior, isto é, empresas que estiveram no DJSI
tiveram suas ações valorizadas em 225% durante o período analisado,
enquanto que empresas que não estiveram, tiveram aumento de 167%. Os
resultados da Figura 4 a seguir descreve esse processo.
31
Figura 4:Valorização das ações de empresas segundo o índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI) em comparação ao Índice Dow Jones Geral
(DJGI) – Período dez/1993 a dez/2005 – Valores em US$
Fonte: Extraído de Arantes (2005).
Por sua vez, o índice de sustentabilidade empresarial (ISE) foi uma
iniciativa pioneira na América Latina voltada para a construção de uma carteira
de ações de companhias comprometidas com a sustentabilidade. O ISE é
composto por, no máximo, 40 companhias das 200 mais líquidas do
BM&Bovespa. A decisão de participar do ISE é uma tentativa de aumentar o
valor de uma empresa ou companhia, alinhando sustentabilidade com
estratégia corporativa. O que se espera é que empresas que participam do ISE
tenham ganho de prestígio e reputação, embora seja difícil dimensionar o
impacto real desse ganho.
Assim, o principal objetivo do índice de sustentabilidade empresarial é
proporcionar aos compradores de ativos e a sociedade um conjunto de
informações sobre a empresa e seu comprometimento com as pautas
associadas ao desenvolvimento sustentável.
Estudos como o de Favaro e Rover (2014) confirmam que a importância
que o ISE vem ganhando no mercado de ações tem induzido as empresas a
investirem mais na responsabilidade socioambiental. De fato, o surgimento do
ISE gerou um impacto positivo na preocupação das empresas em investir em
sustentabilidade e boas práticas de governanças. As empresas interessadas
32
sem internacionalizar seus mercados são obrigadas a cumprir requisitos
mínimos de desenvolvimento sustentável.
Favaro e Rover (2014) também destacam que diversas pesquisas
acerca do uso do ISE como um instrumento de benchmarking de práticas
sustentáveis, mostrando os variados tipos de ganhos que uma empresa pode
ter ao adotar práticas sustentáveis, como, por exemplo, conquistar mercados
de países desenvolvidos, como o caso das empresas brasileiras. Dentre os
ganhos tangíveis estão os indicadores com o retorno de patrimônio e do ativo,
aumento do valor do mercado, variação positiva do investimento. Dentre os
intangíveis, estão o ganho reputacional, a influência internacional e o ganho de
marketing de longo prazo, sem custos adicionais por isso.
Assim, logo após sua criação, empresas que estavam inseridas no ISE
tiveram um ganho de valor de mercado superior aos demais deixando os
stakeholders interessados nessa nova visão de sustentabilidade empresarial e
seu poder de ganho econômico (FAVARO & ROVER, 2014).
A Figura 5, a seguir, sugere que o índice de sustentabilidade empresarial
sofreu menos ao impacto do choque da crise de 2008, tendo apresentado
resultados melhores durante os anos compreendidos entre 2010 a 2012, o que
é uma forte evidência da melhor posição situacional no mercado de ações
(ativos mais seguros).
33
Figura 5: Retorno anual dos índices de BM&BOVESPA2
Fonte: Extraído de FAVARO e ROVER (2014).
Os dados da Tabela 2 a seguir também apresenta indicíos de que o ISE
se destaca quando comparado a outros indicadores, demonstrando a
preocupação dos acionistas com a sinalização da responsabilidade social das
empresas.
Tabela 2: Retorno Anual dos Índices da BM&BOVESPA
Fonte: Extraído de FAVARO & ROVER (2014).
Portanto, a tabela 2 sugere que, empresas que aderiram ao índice de
sustentabilidade ambiental tiveram mais valorização de seus ativos do que
empresas que não aderiram ao índice. Como o ISE foi criado com objetivo de
criar um mecanismo eficiente para seleção de empresas com desempenho
superior para enfrentar riscos e oportunidades decorrentes de questões
2Índice Bovespa é o mais importante indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3 - Brasil, Bolsa, Balcão. O IBrX - Índice Brasil é um dos índices da Bolsa de Valores de São Paulo que avalia o retorno de uma carteira teoricamente composta pelas cem ações mais negociadas na BM&FBovespa. O IBrX-50 - Índice Brasil 50 é um dos índices da Bolsa de Valores de São Paulo que avalia o retorno de uma carteira teoricamente composta pelas cinqüenta ações mais negociadas na Bolsa.
34
ambientais empresas que estão no ISE estão menos suscetíveis a serem
criminalizadas por crimes contra o meio ambiente.
Ademais, conforme International Finance Corporation (2005) empresas
que têm sido membro do índice relataram diversos benefícios, como melhoria
das práticas de sustentabilidade, melhor reputação no mercado e impacto
positivo em seus preços de ação.
Por fim, estudos de Vital et all (2009) destacam que as empresas que
compõem a carteira do ISE apresentam melhores desempenhos no que tange
às vendas e às exportações estando as mesmas menos suscetíveis a choques
negativos e melhores resultados no longo prazo.
35
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A maior demanda por transparência por parte das empresas tem
influenciado na mudança de concepção de várias áreas acerca do tema
sustentabilidade ao buscar a adaptação a essa nova realidade diante das
novas exigências da responsabilidade socioambiental.
A ocorrência de falhas de mercado exige intervenções ou mecanismos de
controle da externalidade negativa no intuito de criar mecanismos que
diminuam a poluição a um nível socialmente ótimo. Assim, empresas que
antecedem e criam mecanismos próprios de redução de externalidade negativa
e de poluição constroem pilares éticos e sustentáveis importantes para a
sobrevivência econômica da empresa.
Dentro desta temática, o objetivo deste trabalho foi analisar o conceito e a
importância que é atribuída à sustentabilidade nas empresas sobre a
perspectiva dos gestores, constatando que o tema é fortemente ligado a
questões ambientais e aspectos econômicos.
Um dos principais resultados aqui analisados é que as empresas acabam
beneficiadas em relação aos ganhos tangíveis e aos intangíveis, ao fazerem
parte de carteiras de ativos como índice de sustentabilidade empresarial (ISE)
e Dow Jones Sustainability Index (DJSI). Além disso, foi observado que
empresas mais sustentáveis possuem maior valorização de seus ativos no
longo prazo tendo também a sustentabilidade empresarial a ser parte do
processo de internacionalização das empresas, que priorizam mercados
consumidores mais exigentes.
Finalmente, pode-se ressaltar que a sustentabilidade vai além da
maximização do lucro das firmas envolvendo um conjunto de princípios éticos e
ambientais que são pilares de sobrevivência em um mundo cada vez mais
globalizado e preocupado com a continuidade dos recursos naturais. Como
destaca Giannetti (2016), embora as causas e implicações da mudança
climática estejam cercadas de incerteza, a gravidade de ameaças deveria
incutir o princípio da máxima prudência.
36
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