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FACULDADE ASSIS GURGACZ DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA MATRICIAL DE ACETATO DE POLIVÍNILICOPARA A LIBERAÇÃO PROLONGADADECLORIDRATO DE PROPRANOLOL CASCAVEL 2015

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FACULDADE ASSIS GURGACZ

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA MATRICIAL DE ACETATO DE

POLIVÍNILICOPARA A LIBERAÇÃO PROLONGADADECLORIDRATO DE

PROPRANOLOL

CASCAVEL

2015

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JAQUELINE DE SOUZA

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA MATRICIAL DE ACETATO DE

POLIVÍNILICOPARA A LIBERAÇÃO PROLONGADA DE CLORIDRATO DE

PROPRANOLOL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado

como requisito parcial para a obtenção do título

de bacharel em farmácia, curso de Farmácia,

Faculdade Assis Gurgacz - FAG.

Professor orientador: Giovane Douglas Zanin.

CASCAVEL

2015

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JAQUELINE DE SOUZA

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA MATRICIAL DE ACETATO DE

POLIVÍNILICOPARA A LIBERAÇÃO PROLONGADA DE CLORIDRATO DE

PROPRANOLOL

Trabalho apresentado durante o curso de Farmácia da FAG, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel em Farmácia, sob a orientação do professorGiovane Douglas

Zanin.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________

Profo Giovane Douglas Zanin

Mestre

_______________________________

Profa Yara Jamal

Mestre

_______________________________

Profa Suzana Bender

Especialista

Cascavel, 09 de Junho de 2015.

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DEDICATÓRIA

Dedico este Trabalho primeiramente a Deus, por me

conceder a vida e por ter me guardado todos esses anos em

meu trajeto diário, a minha mãe que nunca mediu esforços

para que esse sonho se tornasse possível, que caminhou

sempre ao meu lado e que o mérito disso tudo é dela, e ao

meu filho Miguel Henrique que é a razão do meu viver e a

alegria dos meus dias.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus por eu me levantar todas as manhãs e ter

disposição para enfrentar a vida.

Agradecer a minha mãe por ter se sacrificado para me dar o melhor que ela poderia, sem

jamais falhar.

Agradecer ao meu esposo que me ajudou nos momentos mais difíceis das mais diferentes

maneiras.

A todas as pessoas que de certa forma me ajudaram, ficando com o meu filho, me

amparando e me auxiliando.

Aos meus mestres, que são exemplos para mim, e do pouco que sei aprendi com eles, não

só me tornar profissional, mas também um ser humano melhor.

A todos os colegas que conheci, em especial a minha amiga Cláudia que além de amiga,

muitas vezes foi minha mãe também.

As meninas do laboratório que me agüentaram durante a longa estadia do Tcc.

E em especial ao meu orientar, professor Giovane, pois acreditou em mim até mesmo

quando eu mesma não acreditava mais, por me transmitir o conhecimento necessário.

Obrigada de coração a todos que de certa forma contribuíram para que eu pudesse chegar

aqui.

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SUMÁRIO

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.........................................................................................07

RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................23

ARTIGO CIENTÍFICO.........................................................................................................29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................40

ANEXO 1 – NORMAS CIENTÍFICAS DA REVISTA VARIA SCIENTIA....................42

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

FORMULAÇÕES FARMACÊUTICAS DE LIBERAÇÃO CONTROLADA

Em qualquer terapia racional pretende-se adequar a administração de medicamentos

conforme as necessidades, buscandousar quantidades necessárias e mínimas de fármaco para

tratar e prevenir patologias (RABASCO, 1997).

Um tratamento farmacológico ideal é aquele que confere a segurança e eficácia com a

minimização dos efeitos adversos e alcançar o efeito terapêutico desejado após a

administração (ANSELet al, 2007; NIES, 2000).

Porém, não se pode utilizar uma única dose com elevada concentração de fármaco em um

comprimido comum, pois isso resultaria em um nível elevado do fármaco, causando efeitos

tóxicos. Para prolongar a sua ação usa-se administrar repetidamente o medicamento, o que,

muitas vezes, leva ao paciente há não adesão ao tratamento, e conseqüentemente, a uma

terapia falha (RABASCO, 1997; AÏACHE; DEVISSAGUET; GUYOT-HERMANN, 1982).

Com um mercado consumidor cada vez mais exigente quanto à qualidade do

medicamento, a reformulação de medicamentos existentes e a implantação de novos sistemas

de liberação na tecnologia farmacêutica, englobam a qualidade e desempenho das formas

farmacêuticas (FALCARE, 2006).

As formas farmacêuticas de liberação convencional, como cápsulas e comprimidos, estão

sendo substituídas por sistemas de liberação controlada, ou seja, se deseja obter uma resposta

farmacológica constante e evitar ocorrências de picos e vales no perfil da curva de

concentração do fármaco na corrente sanguínea e a melhor adesão ao tratamento por parte do

paciente (OJOE, 2003; RODRIGUES, SILVA, 2005).

Portanto, busca-se modificar a liberação de um fármaco para obter um resultado mais

rápido, mais prolongado, mais regular, mais localizado, proteger por mais tempo ou diminuir

a toxicidade e efeitos secundários sem que diminua a sua eficácia (AÏA-CHE;

DEVISSAGUET; GUYOT-HERMANN, 1982).

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Segundo a farmacopéia dos Estados Unidos XXV (The United StatesPharmacopeia), os

sistemas de liberação controlada são aqueles que possuem características de liberação da

droga em relação ao tempo e/ou localização, para atingir um objetivo terapêutico que não é

possível obter com formas convencionais.

Os sistemas de liberação controlada requerem uma administração menos freqüente do

medicamento que as formas convencionais, portanto pacientes que precisam ingerir uma ou

duas unidades de dose por dia tem menos chances de esquecer uma dose do que quando

tomam a medicação três ou quatro vezes ao dia. Além disso, proporcionam um efeito

duradouro e diminuem a necessidade do paciente interromper o sono durante a madrugada,

quando as concentrações do fármaco no plasma começam a reduzir, e ainda, pode diminuir o

custo diário para o usuário devido à menor freqüência de administrações (ANSEL et al.,

2007).

Outra vantagem da forma farmacêutica de liberação controlada é de se administrar uma

quantidade menor de fármaco para produzir o mesmo efeito terapêutico que numa forma

farmacêutica convencional de maior dose. Também evita oscilações do fármaco na corrente

sanguínea, chamados de “picos e vales” onde se elimina as concentrações tóxicas e sub-

terapêuticas, controlando a velocidade de liberação do fármaco (ANSEL et al., 2007; LORDI,

2001; OJOE, 2003).

Estas formas farmacêuticas também possuem boa margem de segurança com que o efeito

é alcançado no paciente em relação às formas farmacêuticas comuns. Ainda, reduzem a

gravidade e aparecimento dos efeitos adversos gastrintestinais produzidos pelos fármacos

irritantes administrados nas formas tradicionais, como por exemplo, cloreto de potássio

(ANSEL et al., 2007; BAUER et al., 1998; COLLETT; MORETON, 2005).

As formas farmacêuticas de liberação controlada apesar de possuir inúmeras vantagens

possuem algumas limitações como: restrições para fármacos com baixo tempo de meia-vida,

com dificuldade de absorção no trato gastro-intestinal e muito potente; impossibilidade de

interrupção do efeito terapêutico imediato em caso de intoxicação ou intolerância; risco de

acumulo do fármaco com velocidade de eliminação lenta e dificuldade de adaptação da

posologia às diferentes farmacocinéticas interindividuais (DAS, DAS, 2003).

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FORMAS FARMACÊUTICAS TIPO MATRICIAIS

A classificação básica dos sistemas de liberação controlada de fármacos esta relacionada

ao seu funcionamento, que se baseia na sua estrutura. Assim, eles podem ser classificados

como sistemas reservatórios e sistemas matriciais ou monolíticos, e há também o tipo misto,

em que o núcleo matricial encontra-se revestido (TONGWEN, BINGLIN, 2000).

Sistemas matriciais são destinados a prolongar e a controlar a liberação. São dispersões de

partículas uniformemente distribuídas de um fármaco em um polímero resistente à degradação

(RABASCO, 1997; EVANGELISTA, 2000).

As matrizes são dispersões ou soluções de um fármaco em uma ou mais substâncias

capazes de modular a sua liberação, geralmente polímeros de natureza hidrofílica ou inerte

(COSTA, LOBO, 1999; COLOMBO ET AL., 2000; QIU, ZHANG, 2000; CHARMAN,

CHARMAN, 2002). Essas matrizes podem ser elaboradas sob as formas de comprimidos,

cápsulas gelatinosas, grânulos, péletes ou minicomprimidos.

Nos sistemas matriciais, a liberação do fármaco pode envolver processos de

intumescimento do polímero, difusão do fármaco e erosão da matriz. Em alguns casos, o

fármaco pode estar ligado quimicamente à cadeia polimérica e ser liberado pela quebra

hidrolítica ou enzimática dessa ligação. (KHAN, 2001; CHARMAN, CHARMAN 2002;

KUMAR, DOMB, 2004).

Segundo Lordi (2001), os sistemas matriciais dividem-se em três grupos:

• Matrizes hidrofílicas

• Matrizes insolúveis em água e erodíveis (matrizes lipofílicas)

• Matrizes insolúveis e inertes

A melhoria no desenvolvimento de formas farmacêuticas de libertação modificada com

base nos sistemas matriciais depende em grande parte da seleção de um agente formador de

matriz apropriado. Dentro das várias opções os polímeros são agentes versáteis e muito

promissores. A escolha do polímero ou de outro composto como agente formador de matriz

irá influenciar a capacidade do sistema matricial para controlar a liberação, sustentação a ação

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terapêutica ao longo do tempo e/ou liberar o fármaco ao nível de um determinado tecido ou

órgão alvo (LIBERAL, 2008).

As matrizes inertes são constituídas por polímeros insolúveis, que originam estruturas

porosas nas quais o fármaco está disperso, mantendo a mesma superfície aparente ao longo de

toda a etapa de dissolução. Os comprimidos preparados com polímeros inertes formam

sistemas que não se alteram ao longo do trato gastrintestinal, sendo eliminados praticamente

intactos. A dissolução do fármaco nas matrizes inertes verifica-se após penetração do líquido

de dissolução nos poros do sistema matricial, seguindo-se etapa de difusão lenta do fármaco

dissolvido nos canalículos (SALOMON, DOELKER,1980). Devido a sua insolubilidade, a

matriz ou parte dela pode ser eliminada nas fezes, mas isso não significa que não houve

liberação total do fármaco no TGI (KUMAR, DOMB, 2004; COLLETT, MORETON, 2005;

LOPES, LOBO, COSTA, 2005).

Salomon e Doelker (1980) descreveram a forma de liberação dos fármacos a partir das

matrizes inertes. Segundo os mesmos, este processo pode ser dividido em três etapas:

1. Penetração dos líquidos de dissolução através de uma rede de poros interligados na

estrutura matricial;

2. Dissolução do fármaco no interior da matriz;

3. Difusão lenta do fármaco dissolvido através de uma rede capilar formada pelos espaços

vazios que ficam entre as partículas do polímero insolúvel.

Uma das principais vantagens tecnológicas deste sistema está no fato do mecanismo de

libertação não sofrer influência de agentes externos, tais como: a composição dos sucos

digestivos, a presença de agentes tensoativos naturais e dos movimentos peristálticos. Por

outro lado, as variações de pH só adquirem importância uma vez que podem alterar as

características de solubilidade do fármaco. Assim é possível moldar a velocidade de liberação,

mudando a estrutura dos poros da matriz (LIBERAL, 2008).

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POLÍMEROS COMO EXCIPIENTES PARA LIBERAÇÃO CONTROLADA

Excipiente é qualquer substância, diferente do fármaco, que tem sua segurança avaliada e,

a partir de então, pode ser incluído na forma farmacêutica, com intenções variadas, tais como,

auxiliar na preparação; fornecer estabilidade física, química e microbiológica ao produto;

melhorar a disponibilidade do ativo no organismo; garantir a aceitabilidade do paciente; e,

melhorar ou promover qualquer outro atributo relacionado à segurança e efetividade

(Strickley, 2004).

Grande parte dos excipientes farmacêuticos são polímeros. Os polímeros fazem parte do

nosso cotidiano e representam uma das classes de materiais mais versáteis que existem,

apresentando inúmeras aplicações. Polímeros naturais, naturais modificados e sintéticos são

empregados como componentes de produtos de cuidados pessoais, cosméticos, dispositivos

médicos e em medicamentos convencionais e de desempenho terapêutico avançado. Nos dias

atuais, polímeros são desenvolvidos para atuarem, diretamente, no controle da liberação dos

fármacos. Polímeros biodegradáveis, bioadesivos, biomiméticos, terapêuticos, dendrímeros e

hidrogéis responsivos têm sido amplamente incluídos em formulações farmacêuticas. Os

avanços no desenvolvimento de novos SLFs dependem, concomitantemente, da idealização

de novos excipientes poliméricos (VILLANOVA, 2011)

Os polímeros, e também todos os outros excipientes, são selecionados de acordo com a

formulação e o mecanismo de liberação pretendido, como por exemplo, forma de dosagem

parenteral ou entérica. Porque suas atividades dependem bastante das demandas e tendências

dentro das indústrias farmacêuticas, os fabricantes de polímeros estão muito atentos aos

fatores que direcionam as decisões de seus clientes (RIOS, 2005), ou seja, procuram

proporcionar ao polímero propriedades que permitam a sua aplicação em diversas

formulações (SCHWENDEMAN et al., 1996).

Além da função, ou objetivos da formulação e das características do princípio ativo, as

propriedades físicoquímicas do polímero são fatores de suma importância que determinam sua

utilização (PILLAI; PANCHAGNULA,2001; RIOS, 2005). Essas propriedades são

dependentes da natureza química dos monômeros, do processo e da técnica de preparação do

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polímero, do peso molecular, que depende das condições de polimerização para cada

monômero, e da estrutura macromolecular (MANO; MENDES, 1999). As propriedades

físicas dos polímeros estão relacionadas à resistência das ligações covalentes, à rigidez dos

segmentos na cadeia polimérica e à resistência das forças intermoleculares (MANO;

MENDES, 1999). Devido à diversidade inerente das estruturas e exigência do completo

entendimento da superfície e propriedades do polímero que podem fornecer às funções

químicas, interfacial, mecânica e biológica desejada, a seleção e design de um polímero se

tornam uma tarefa bastante desafiadora (PILLAI; PANCHAGNULA, 2001).

Em relação às propriedades dos polímeros, dois critérios devem ser seguidos na

elaboração de uma formulação. Em primeiro lugar, as características químicas do polímero

não devem comprometer a ação dos ingredientes ativos; em segundo, as propriedades físicas

do polímero devem ser consistentes e reprodutíveis de lote a lote. Depois que estes critérios

forem encontrados, os formuladores devem concentrar-se nas características específicas dos

polímeros (RIOS, 2005). Dentre as várias propriedades dos polímeros, algumas se

demonstram mais importantes quando na elaboração de um sistema de liberação de fármacos,

como a permeabilidade (JACOBS; MASON, 1993), propriedades de superfície como

hidrofilicidade, lubrificação, lisura, energia de superfície (ANGELOVA; HUNKELER, 1999),

adesão, solubilidade (PILLAI; PANCHAGNULA, 2001) e temperatura de transição vítrea

(ZHU, 2002).

Apesar de a escolha ser determinada, principalmente, de acordo com o princípio ativo,

muito raramente se encontra um fármaco que não é compatível com as classes gerais de

polímeros (RIOS, 2005). Porém, casos de incompatibilidade podem ocorrer. A interação de

excipientes e fármacos influencia no mecanismo de desintegração, liberação, absorção e

biodisponibilidade do fármaco (JACKSON et al., 2000). O fenômeno de adsorção é um

exemplo da interação fármaco e excipiente. A adsorção física é devido a interações

eletrostáticas, ligações hidrogênio ou forças de van der Waals e usualmente é reversível;

enquanto na adsorção química, o adsorvido é ligado ao adsorvente por ligações químicas

primárias, incluindo troca iônica, protonação e complexação, e é irreversível (JENQUIN;

MCGINITY, 1994).

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Dependendo do mecanismo de liberação, o pH do polímero também pode ser uma

importante propriedade. Quando o fármaco deve ser liberado em um pH específico (ou seja,

no trato gastrintestinal ou no colon), polímeros não iônicos não podem ser usados porque eles

são pH-independentes. Para alguns comprimidos revestidos o pH é neutro para evitar a

interação entre o polímero e o fármaco. Em outras aplicações, a liberação mais uniforme do

fármaco por todo trato gastrintestinal, que apresenta valores de pH diferentes dependendo da

localização, é favorecida (RIOS, 2005)

Muitas classes de polímeros farmacêuticos são utilizadas em sistemas de liberação

controlada de fármacos devido as suas diferentes permeabilidades (JACOBS; MASON,

1993). Os Materiais mais comuns incluem hidroxipropilmetilcelulose (HPMC), etilcelulose

(EC), polivinilpirrolidona (PVP), e ésteres poliacrílicos. Estes materiais podem ser usados

tanto para matriz quanto para revestimento na liberação controlada do fármaco. A

permeabilidade de um fármaco através de um material polimérico é um processo de três

partes envolvendo dissolução, migração e difusão das moléculas do fármaco em função da

solubilidade e coeficiente de difusão. A estrutura cristalina de um polímero tem maior grau de

empacotamento molecular e, portanto, tende a resistir mais à difusão de um fármaco em

relação a polímeros amorfos com a mesma estrutura química (ZHU, 2002).

CLASSE – POLÍMERO POLIVINILICO - KOLLICOAT® (SR30D)

O polivinilacetato é um polímero, comercialmente designado Kollicoat® SR 30D (BASF

S.A.), que cumpre as exigências da monografia para Poli (Acetato de Vinila) dispersão à 30%

da Farmacopéia Européia, a mesma é constituída por cerca de 27% de acetato de polivinil,

2,7% de povidona e 0,3% de laurilsulfato e de sódio. O produto de baixa viscosidade tem um

odor característico fraco e uma aparência branca ou ligeiramente amarelado leitoso e a sua

principal utilização é na obtenção de formulações de liberação prolongada pH-independente.

Em combinação com agentes formadores de poros, a dispersão também pode ser usado para

fins de mascaramento de sabor (BASF, 2006).

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Kollicoat SR 30 D é miscível com água em qualquer proporção, mantendo a sua

aparência branca leitosa. Misturando o produto como etanol ou álcool isopropílico em uma

proporção de 1: 5produz uma solução pouco turva e alguns casos viscosa, já em uma solução

de acetona é mais turvo. Quando são adicionados solventes orgânicos, o polímero precipita

em primeiro lugar, mas depois se dissolve quando outro solvente é adicionado, Kollicoat SR

30 D é insolúvel em soluções alcalinas ou ácidas (BASF, 2010).

Kollicoat SR® 30 D como é insolúvel em ácidos e bases diluídas se torna insolúvel em

suco gástrico e em fluido intestinal. Por esta razão, é utilizado como polímero para liberação

sustentada de fármacos. O revestimento com este polímero controla a liberação do fármaco,

que ocorre principalmente por difusão, por um longo período de tempo, dependendo da

espessura do filme de revestimento, solubilidade e conteúdo de adjuvantes formadores de

poros na suspensão do revestimento (BÜHLER, 2007).

O Kollicoat SR® tem muitas aplicações; pode ser usado para produção de comprimidos

de liberação controlada por compressão de granulados ou de pellets revestidos ou pelo

revestimento de comprimidos, granulados ou pellets (DASHEVSKY, KOLTERB,

BODMEIERA, 2004; DASHEVSKY et al., 2005).

CLORIDRATO DE PROPRANOLOL

A hipertensão arterial representa um sério problema de saúde pública, pela sua elevada

prevalência, de 15% a 20% na população adulta e mais de 3 50% nos idosos. Além disso,

junto com o tabagismo, diabetes e dislipidemia constituem-se em importante fator de risco

para as doenças cardiovasculares responsáveis por cerca de 30% das mortes (NORONHA,

2012).

A pressão arterial elevada promove alterações patológicas vasculares e causa hipertrofia

do ventrículo esquerdo. Pode levar a acidente vascular cerebral (AVC), infarto e morte súbita.

A doença pode ser parcialmente controlada por modificação no estilo de vida, adequação do

peso corporal, restrição do consumo de sal na dieta, moderação no consumo de álcool,

abstenção do fumo e aumento da atividade física. Se a resposta ao tratamento não

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farmacológico não for suficiente, este deve ser coadjuvado pela terapia com fármacos anti-

hipertensivos (KOROLKOVAS, A.; BURCKHALTER, J. H., 1988).

O cloridrato de propranolol é um anti-hipertensivo, quimicamente conhecido como 1-

isopropilamino-3-(nafitiloxi)-2-propanol, é classificado como um antagonista beta-

adrenérgico não-seletivo, visto que interage com os receptores β1 e β2 com igual afinidade.

É um dos fármacos mais utilizados no tratamento da hipertensão arterial, principalmente

quando está associada às doenças cardiovasculares como angina do peito, infarto do

miocárdio e arritmias (GOODMAN; GILMAN, 2001).

Na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - Rename de 2010 (BRASIL, 2010) -

consta o cloridrato de propranolol com indicação para o alívio da enxaqueca, tratamento de

arritmias e de cardiopatia isquêmica. Está incluído também na classe de medicamentos

antitireoidianos e de anti-hipertensivos para uso em crianças. É um medicamento de fácil

acesso à população por ter baixo custo e ser amplamente prescrito por médicos. Apresenta-se

nas formas de comprimidos de 10, 40 e 80 mg.

O propranolol reduz a pressão arterial apenas em pacientes com hipertensão. Apesar de

seu amplo uso, os mecanismos responsáveis por este importante efeito clínico não estão bem

esclarecidos, envolve uma diminuição do débito cardíaco (ação inicial), bloqueio do estímulo

da secreção de reninado aparelho justaglomerular, readaptação dos baroreceptores e

diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas (HOFFMAN; LEFKOWITZ, 1996). É

possível que os β-bloqueadores atuem também sobre os receptores β-adrenérgicos pré-

sinápticos periféricos, reduzindo a atividade nervosa simpática vasoconstritora. Em casos de

hipertensão leve a moderada, o propranolol produz uma redução significativa da pressão

arterial, sem hipotensão postural proeminente. Constitui-se a primeira opção para tratamento

da hipertensão arterial associada à doença arterial coronariana ou arritmias. São úteis em

pacientes com síndrome de cefaléia de origem vascular (enxaqueca) (BENOWITZ, 2003).

Mecanismo de Ação: Antagonista b-adrenérgico competitivo; produz resposta inotrópica

e cronotrópica negativas, retarda a condução do nó sinusal; diminui o consumo de oxigênio

pelo miocárdio; efeitos antiarrítmicos (classe II); antiagreganteplaquetário; diminui a

viscosidade sangüínea; interrompe a liberação de renina; diminui a liberação de

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neurotransmissores pré-sinápticos; não possui atividade simpatomimética intrínseca nem de

estabilização da membrana (FIOCRUZ, 2006).

Farmacocinética:

— Pico de ação: 60 a 90 minutos

— Meia-vida: 4 a 6 horas

— Metabolizado no fígado

Os principais efeitos tóxicos do propranolol resultam do bloqueio dos receptores β

cardíacos, vasculares ou brônquicos. Dessas extensões previsíveis da ação β-bloqueadora, as

mais importantes ocorrem em pacientes com redução da reserva miocárdica, asma,

insuficiência vascular periférica e diabetes (BENOWITZ, 2003).Quando se suspende o

propranolol depois de seu uso regular prolongado, alguns pacientes apresentam uma síndrome

de abstinência, que se manifesta por nervosismo, taquicardia, aumento da intensidade da

angina ou elevação da pressão arterial (BENOWITZ, 2003).

DESELVOLVIMENTO DE COMPRIMIDO

Historicamente, a via de administração mais comum e convenientemente empregada para

administração de fármacos é a oral. Os comprimidos continuam sendo exaustivamente

estudados, pois, apresentam ampla aceitação por médicos e pacientes, além de apresentarem

técnicas de produção e controle já bem estabelecidas (RATHBONE ET AL., 2008).

Ao desenvolver comprimidos alguns aspectos devem ser levados em conta. Assim como

a escolha apropriada de adjuvantes que serão empregados na formulação, bem como a

avaliação de propriedades físico-químicas como densidade, tamanho, forma, volume e

distribuição, e também a avaliação das propriedades mecânicas, sendo compressibilidade e

compatibilidade ou coesividade, pois essas propriedades irão influenciar diretamente no

comportamento da formulação durante a compressão e a forma como o fármaco será liberado

(SAUSEN, 2007).

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Os comprimidos depois de desenvolvidos devem apresentar uma boa aparência, brilho e

superfície lisa, devem ser coesos e não possuírem problemas durante a compressão, afim de

que sua friabilidade não seja reduzida (FERNANDES, 2003).

Raramente os fármacos são administrados isolados, na sua maioria possuem uma

formulação combinada com um ou mais agentes não medicinais, que possuem funções

variadas e específicas, são conhecidos como excipientes farmacêuticos. Os excipientes

solubilizam, suspendem, espessam, diluem, emulsificam, estabilizam, conservam, colorem,

flavorizam e possibilitam a obtenção de formas farmacêuticas estáveis, eficazes e atraentes

(ANSEL; POPOVICH; ALEEN, 2000).

No entanto existe uma função mais importante que alguns excipientes possuem, onde eles

são colocados “intencionalmente” nas formulações a fim de que melhorem o desempenho do

princípio ativo no medicamento, nos termos de liberação, absorção, estabilidade ou

características organolépticas (LIRA, 2004).

A origem do termo excipiente vem do latim, que significa receber, ou seja, o excipiente

recebe o ingrediente ativo. Segundo o ponto de vista galênico os excipientes cumprem as

funções de diluente, preenchedor e solvente, conferindo assim uma determinada dose do

ingrediente ativo peso, consistência e volume adequados, tornando o medicamento mais

conveniente para administração. (FERREIRA, 2010).

O medicamento deve conter o principio ativo e os excipientes compatíveis entre si, para

gerar um produto estável, eficaz, atraente, de fácil administração e seguro, e ser compatível

com a via de administração escolhida para o uso (ANSEL; POPOVICH; ALEEN, 2000).

Os comprimidos são preparados principalmente por compressão, esse processo necessita

de máquinas capazes de exercer grande pressão para compactar o pó ou granulado, com

matrizes e punções. As prensas para comprimidos possuem diversas capacidades, de acordo

com o tipo de comprimido a ser feito e a necessidade de produção (ANSEL, et. al., 2000).

Os comprimidos podem ser produzidos pelos métodos de compressão direta, granulação

úmida ou seca. Mas a mais utilizada é a compressão direta, devido aos pós serem misturados e

logo virarem comprimidos. Sendo que os adjuvantes são colocados junto com ao princípio

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ativo, devido que este não apresenta características compressivas e lubrificantes para o

processo (FERNANDES, 2003).

A granulação úmida consiste na mistura de pós, estando na presença de um líquido,

seguido por secagem, considerado a base do método de granulação farmacêutica. É

considerado o método mais efetivo, quando relacionado com fatores como tempo e custo de

produção, para a obtenção de granulados de boa qualidade (AULTON, 2005). A granulação

úmida é o método mais empregado na produção de comprimidos realizados por compressão.

Composto por sete etapas, sendo elas, a de pesagem e mistura dos componentes, o preparo da

granulação úmida, formação de grânulos pela passagem da massa úmida por tela, secagem,

calibração do grânulo seco, mistura do lubrificante e compressão (ANSEL; POPOVICH;

ALEEN, 2000).

As vantagens que este método possui é que as características físico-químicas dos

fármacos e dos excipientes não são de grande valor, existe uma grande variedade de materiais

em pó que podem ser processados, há aumento do tamanho da partícula facilitando o fluxo e

compressibilidade dos pós, redução da segregação dos pós durante a fabricação,

caracterizando-se como processo ideal de medicamentos ativos potentes (LIRA, 2004). Mas

também há desvantagens neste método, que incluem alto custo e complexidade de processo,

diversas etapas de produção, utilização de solventes orgânicos, variabilidade de

equipamentos, aumento de tempo de dissolução em formulações de liberação imediata,

diminuição da estabilidade de fármacos sensíveis a umidade e calor, validação de processo

complicada e aumento de aproximadamente 5% de perda no processo (LIRA, 2004).

Na granulação por via seca que também é conhecido como dupla compressão ou pré-

compressão ou compactação por rolos, onde os grânulos formados pela compactação prévia

dos pós, sem uso de lubrificantes, em partículas grandes e sem preocupação alguma com a

regulação do tamanho ou do peso. Depois de compactados, são tamisados, com o intuito de

obter grânulos menores coesivos e de mesma granulometria. Neste momento o fármaco, o

diluente e o aglutinante devem possuir propriedade coesiva para ocorrer compactação sem o

uso de líquidos. Mas devido a ter um alto custo para a aquisição dos compactadores de rolo e

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o desenvolvimento de excipientes especiais, este método não tem sido mais utilizado (LIRA,

2004).

Já compressão direta há um grande interesse por parte das indústrias farmacêuticas,

devido ao fato de ser um método de produção de fácil controle e com menor tempo de

processo, gerando uma maior produtividade da linha de produção (SAUSEN, 2007). É o

método mais moderno na fabricação de comprimidos, onde o fármaco e os excipientes são

misturados e simplesmente serem comprimidos, sem ocorrer mudança física dos materiais, os

mesmos devem apresentar características que proporcionem a compressão direta (LIRA,

2004). O número de formas, tamanhos e contornos dos comprimidos é quase que ilimitado,

pois dependerá apenas da dos limites para o tamanho da matriz. E as punções devem conter

informações que permitirá a produção de um comprimido que seja fácil de identificar

visivelmente (FERNANDES, 2003). A principal vantagem da compressão direta é que como

elimina a etapa da granulação, ocorre o aumento da estabilidade de fármacos que podem se

degradar em decorrência do umedecimento e/ou da exposição ao calor. Outra vantagem é a de

aperfeiçoar a desintegração dos comprimidos obtidos, devido a se desintegrarem em

partículas primárias, aumentando a área superficial para dissolução e resultar assim em uma

liberação mais rápida do fármaco (SAUSEN, 2007).

Mesmo que a compressão direta apresente inúmeras vantagens para a indústria, como à

simplicidade e à economia no processo, o desenvolvimento de formulações de comprimidos

por compressão direta varia cuidadosamente em relação às propriedades dos fármacos e à

escolha dos excipientes envolvidos, visando à melhoria das características de

compressibilidade e fluidez da mistura de pós (WELLS, 2005). Como nem sempre é possível

obter misturas diretamente compressíveis e como a maior parte dos excipientes disponíveis

deixa a desejar quanto às exigências necessárias para a mesma (NACHAEGARI, BANSAL,

2004).

O processo de granulação úmida ainda disponibiliza grande aplicabilidade, pois elimina

alguns dos principais problemas atribuídos à compressão direta: a tendência à segregação e as

baixas propriedades de fluxo dos pós durante o processo (WORTS, 2001; BANKER,

ANDERSON, 2001).

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A compressão é a etapa após o processo de granulação ou mistura de pós. A compressão

ocorre em uma matriz pela ação de dois punções, o superior e o inferior, através disso a força

é aplicada. Assim ocorre a proximidade das superfícies das partículas formando a

compactação, formando o comprimido (AULTON, 2005; ANSEL, et. al. 2000).

Essa compressão é realizada em maquinas que são classificadas de acordo com o número

de estações que possuem e a forma de deslocamento das mesmas. Aspectos como a

capacidade, velocidade, peso máximo e pressão variam de acordo com cada equipamento

(LACHMAN; LIEBERMAN; KANIG, 2001; ANSEL, et. al. 2000).

TESTES PARA COMPRIMIDOS

O controle de qualidade é um requisito das Boas Práticas de Fabricação (BPF) e deve ser

cumprido em todas as etapas de produção do medicamento, com a finalidade de evitar falhas e

detectar desvios da qualidade do produto capazes de implicar em riscos ao paciente, já que

podem levar a ineficácia, aumento de toxicidade e até a morte (NUNAN et al., 2003).

A Farmacopéia Brasileira (2010) define controle de qualidade como um conjunto de

medidas que está destinada a garantir, em qualquer momento, que uma produção de lotes de

medicamentos e demais produtos, possam satisfazer às normas de identidade, atividade, teor,

pureza, eficácia e inocuidade.

A formulação de um medicamento com qualidade não significa apenas que o mesmo

deve ser preparado na dose correta, com uniformidade, estabilidade e características

organolépticas adequadas. É necessário à comprovação de que o medicamento ofereça

conformidade para tais atributos, sendo comprovada através dos ensaios de qualidade

(FERREIRA; BRANDÃO, 2010).

Em relação aos comprimidos, devem apresentar estabilidades físicas e químicas,

desintegrar-se no tempo previsto, ser pouco friáveis, apresentar integridade e superfície lisa e

brilhante, sendo destituídos de alguns defeitos como falhas, fissuras e contaminação

(BANKER; ANDERSON, 2001). Os comprimidos podem ainda sofrer variações entre si, em

relação à espessura, diâmetro, tamanho, peso, forma, dureza, características de desintegração,

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dependendo do método de fabricação e da finalidade da sua utilização. Durante a produção de

comprimidos, estes fatores devem ser controlados, a fim de assegurar a aparência do produto

e a sua eficácia terapêutica (ANSEL, et. al., 2000).

Avaliações qualitativas e quantitativas das propriedades químicas e físicas dos

comprimidos devem ser realizadas para controlar a qualidade da produção (LACHMAN;

HANNA; LIN, 2001).

O teste de identificação é constituído por ensaios qualitativos que tem o intuito de

confirmar a presença do principio ativo no produto acabado. Independente da escolha feita

para a realização da identificação, o método deve ser específico e confiável, de baixo custo e

de fácil realização (GIL, 2010).

Os testes físico-químicos para identificação constituem um meio para a determinação da

identidade de uma substância, não fornecendo obrigatoriamente dados sobre sua pureza

(FERREIRA; BRANDÃO, 2010).

Já no doseamento os ensaios que pretendem quantificar o teor de substância ativa nos

medicamentos. São análises quantitativas utilizadas com o objetivo de estabelecer a

concentração do principio ativo. É um método que não pode apresentar falhas, devido à

segurança e a eficácia do medicamento dependerdo resultado (GIL, 2010).

O teste de determinação de peso se aplica a formas farmacêuticas sólidas em dose

unitária. As pesagens são feitas em balanças de sensibilidade adequada (BRASIL, 2008).

A dureza é uma propriedade de superfície medida pela resistência do sólido a uma

deformação local permanente. O ensaio da dureza consiste na determinação da resistência do

comprimido ao esmagamento ou à penetração sob pressão axial ou radial (LIBERAL,

2008).A dureza de um comprimido é proporcional à força de compressão e inversamente

proporcional à sua porosidade. O teste se aplica, principalmente, a comprimidos não

revestidos (BRASIL, 2010).

Quando um comprimido é sujeito a um conjunto de ações mecânicas diversas, uma

determinada percentagem de detritos irá separar se do comprimido. A friabilidade é o ensaio

que permite determinar a percentagem desses detritos (FARMACOPÉIA PORTUGUESA,

2005).

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O teste de desintegração permite verificar se comprimidos e cápsulas se desintegram

dentro do limite de tempo especificado. A desintegração é definida, para os fins desse teste,

como o estado no qual nenhum resíduo das unidades testadas permaneça na tela metálica do

aparelho de desintegração, salvo fragmentos insolúveis de revestimento de comprimidos ou

invólucros de cápsulas. Consideram-se, também, como desintegradas as unidades que durante

o teste se transformam em massa pastosa, desde que não apresentem núcleo palpável

(BRASIL, 2008).

O teste de dissolução permite determinar a quantidade de substância ativa dissolvida no

meio de dissolução quando o produto é submetido à ação de aparelhagem específica, sob

condições experimentais descritas. O resultado é expresso em porcentagem da quantidade

declarada no rótulo. O teste visa demonstrar se o produto atende às exigências constantes da

monografia do medicamento para comprimidos, cápsulas e outros casos em que o teste seja

requerido (BRASIL, 2008).

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2. ARTIGO CIENTIFÍCO

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA MATRICIAL DE ACETATO DE

POLIVÍNILICO PARA A LIBERAÇÃO PROLONGADA DE CLORIDRATO DE

PROPRANOLOL

SOUZA, JAQUELINE DE1; ZANIN, GIOVANE DOUGLAS

2*

¹ Acadêmica de Farmácia, Orientanda, Faculdade Assis Gurgacz, Curso de Farmácia.

² Docente, Mestre em Ciências Farmacêuticas, Orientador, Faculdade Assis Gurgacz, Curso

de Farmácia.

RESUMO: Um tratamento medicamentoso ideal é aquele que atribui segurança e eficácia

com a diminuição dos efeitos adversos e com o alcance do resultado terapêutico desejado

após a sua administração. O medicamento de liberação controlada tem como objetivo: tornar a

forma farmacêutica gastrorresistente, prolongar o efeito terapêutico, liberar o fármaco em um

sítio específico do trato gastrintestinal, ou após um período definido de tempo, assim

consequentemente diminuindo a dosagem diária. Este trabalho teve como objetivo produzir e

testar formulações de comprimidos de cloridrato de propranolol utilizando o polímero

Kollicoat SR 30 D e fazer o perfil de dissolução dos comprimidos. Foram produzidas 3

formulações com concentrações de 20%, 15% e 10% Kollicoat SR 30 D e realizou se os testes

de peso médio, dureza e perfil de dissolução. No perfil de dissolução a formulação 1 sustentou

a liberação de ativo por um período de 4 horas, já a formulação 2 e 3 se comportaram como

comprimidos de liberação imediata.Conclui-se que a acetato polivinílico na concentração de

20 % reduziu a liberação do ativo e proporcionando uma liberação controlada por um período

de 4 horas.

Unitermos: Perfil de dissolução, comprimidos, polímeros polivinílico.

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.

INTRODUÇÃO

Os medicamentos são utilizados com finalidade profilática e terapêutica. Contêm um ou

mais princípios ativos que devem ser administrados ao paciente através da via e forma

farmacêutica mais indicada. As formas farmacêuticas sólidas de uso oral são as mais

utilizadas (ANSEL, et.al, 2000; YORK, 2005).

Os comprimidos com liberação convencional são desenvolvidos para liberar o fármaco

rapidamente após a sua administração. Em compensação, os de liberação modificada são

produzidos para que o fármaco tenha sua liberação e dissolução prolongada. Tem como

objetivo: tornar a forma farmacêutica gastrorresistente, prolongar o efeito terapêutico, liberar

o fármaco em um sítio específico do trato gastrintestinal, ou após um período definido de

tempo. Assim as administrações se tornam menos freqüentes, comparadas às convencionais,

aumentando a assiduidade do paciente ao tratamento. Também reduzem as oscilações do

fármaco na concentração plasmática e diminuem os efeitos tóxicos dos medicamentos

(COSTA, et.al, 1999; ALDERBORN, 2005)(LEE, et.al, 2000; LIN, et.al,, 2004)(KUMAR,

et.al, 2004; VERNON, et.al, 2004).

A classificação básica dos sistemas de liberação controlada de fármacos está relacionada

ao seu funcionamento. Podendo ser classificados como sistemas reservatórios e sistemas

matriciais. Este último consiste no controle da liberação do fármaco, disperso ou dissolvido

em polímero ou agente formador da matriz, que ao entrar em contato com o meio de

dissolução pode manter a sua forma ao longo de todo o processo de dissolução ou pode sofrer

um fenômeno de intumescimento e, posteriormente, de erosão. Já no sistema reservatório, o

fármaco é recoberto por uma membrana polimérica que regula a taxa de liberação do fármaco

para o exterior, de forma que uma parte do fármaco pode ser incorporada na camada de

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revestimento para possibilitar a liberação de uma primeira dose (ANSEL et al., 2007; CHIEN,

1992)(LOPES, et.al, 2005; PEZZINI, et.al, 2007) (TONGWEN, et.al, 2000).

O que constitui também a liberação prolongada são os polímeros, neste caso o Kollicoat

SR® 30 D que é uma dispersão aquosa do polímero acetato de polivinila. É insolúvel em

ácidos e bases diluídas e, portanto, em suco gástrico e em fluido intestinal. Por esta razão, é

utilizado como polímero para liberação sustentada de fármacos. O revestimento com este

polímero controla a liberação do fármaco, que ocorre principalmente por difusão, por um

longo período de tempo, contendo adjuvantes formadores de poros na suspensão do

revestimento (BÜHLER, 2007).

Há um grande interesse das indústrias farmacêuticas no desenvolvimento de

medicamentos que tenham menos doses diárias e assim aumentem a assiduidade do paciente.

As doenças cardiovasculares ocupam o primeiro lugar como causa de morte em todo o

mundo, podendo ser prevenidas ou tratadas por uma classe ampla de fármacos, o qual se

inclui os antiarrítmicos (RODRIGUES, et. al, 2006).

Um exemplo desta classe é o cloridrato de propranolol que de acordo com Goodman e

Gilman (2001) é classificado como um antagonista beta-adrenérgico não-seletivo. É um dos

fármacos mais utilizados no tratamento da hipertensão arterial, principalmente quando a

mesma está associada às doenças cardiovasculares como angina do peito, infarto do miocárdio

e arritmias. Sua posologia, varia entre 2 até 4 vezes ao dia, desta forma diminuindo a adesão

e a eficácia do tratamento.

Diante disto, o presente trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de comprimidos

matriciais de liberação controlada de cloridrato de propranolol com a utilização do polímero

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acetato polivinílico (Kollicoat SR 30D) e desta forma reduzir sua posologia para apenas um

comprimido diário.

MATERIAIS E MÉTODOS

Seleção das matérias-primas e desenvolvimento dos comprimidos

A seleção das matérias-primas foi realizada com base em revisão da literatura:

Cloridrato de propranolol: Principio ativo, anti hipertensivo. Foi escolhido devido a

sua alta solubilidade, assim tornando se um medicamento modelo para a verificação

do funcionamento da matriz e do polímero.

Kollicoat SR 30D: é uma dispersão aquosa do polímero acetato de polivinila, que

controla a liberação do fármaco.Lactose: diluente.

Aerosil: anti umectante

Estearato de magnésio: lubrificante.

Em seguida, foram produzidas três formulações utilizando proporções de Kollicoat de 20,

15 e 10 % cada, fazendo assim três lotes de100 g, pelo método de granulação úmida, de forma

a obter-se comprimidos contendo 160 mg de cloridrato de propranolol cada.

Essa diferença foi proposta para avaliação do teor de polímero no comprimido através do

teste de dissolução. A produção dos comprimidos e os testes foram realizados nos laboratórios

de Tecnologia Farmacêutica e Bioquímica da Faculdade Assis Gurgacz.

Fabricação dos comprimidos

As formulações estão descritas nas tabelas abaixo:

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Tabela I: Quantidade de excipientes expressa em porcetangem em cada formulação.

Produtos Formulação 1 Formulação 2 Formulação 3

Cloridrato de propranolol 50 % 50% 50%

Kollicoat SR 30D 20% 15% 10%

Lactose 29% 34% 39%

Aerosil 0,5% 0,5% 0,5%

Estearato de magnésio 0,5% 0,5% 0,5%

TOTAL 100% 100% 100%

A compressão dos comprimidos foi realizada na compressora Lemaq.

Análises:

As análises foram realizadas utilizando as metodologias da Farmacopéia Brasileira 5ª

edição (2010), avaliando:

Peso médio: para este teste foram pesados 20 comprimidos e realizado a média o

desvio padrão e o coeficiente de variação. Para a pesagem foi utilizada a balança

analítica Shimadzu AY220;

Dureza: utilizando 10 comprimidos. E a verificação foi feita no Durômetro modelo

298-AT (Nova Ética);

Perfil de dissolução: o teste foi realizado em quadriplicata utilizado ácido clorídrico à

1%. As alíquotas foram retiradas a cada 30 minutos nas primeiras 5 horas e

posteriormente a cada 1 hora até o tempo de 12 horas. Em seguida foram lidas em

espectrofotômetro no comprimento de onda de 289nm. Para a realização doperfil de

dissolução, utilizaram-se os seguintes equipamentos Dissolutor 299 LABSTORE,

Nova Ética; T 70+UV/VI Spectrometer – PG instrumenst LTDA.

Para realização das análises foi realizada uma curva de calibração, que a mesma está

expressa no gráfico I.

Para a realização dos cálculos do perfil de dissolução, foi utilizado um padrão com

concentração de 0,004% como preconiza a farmacopéia brasileira 5a edição e sua

absorbância foi utilizado para a obtenção das concentrações das amostras.

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GRÁFICO I: Curva de calibração

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Peso médio

Na tabela IIsão apresentados os resultados de peso médio dos comprimidos produzidos.

Tabela II: Peso médio, desvio padrão e coeficiente de variação.

Avaliações Formulação 1 Formulação 2 Formulação 3

Peso médio 339,5 267,5 293,5

Desvio padrão 8,31 7,06 19,72

Coeficiente de

variação

2,44 2,64 6,722

A Farmacopéia Brasileira 5o

edição (2010) preconiza que os comprimidos que tiverem

peso acima de 250mg tenham a variação limite de ± 5,0% do seu peso médio, a formulação3

está fora das especificações estabelecidas.

y = 179,02x + 0,0214 R² = 1

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

0 0,002 0,004 0,006 0,008 0,01

Ab

sorb

ân

cia

Concentração

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É de suma importância o controle de qualidade, tanto na produção quanto na manutenção

do maquinário, pois pode haver uma sequência de erros, causando uma perca tanto de

material quanto de tempo.

Segundo Moises (2006) o peso do comprimido garante ao produto a dose terapêutica e,

portanto, a sua eficácia no tratamento.

Em um estudo sobre avaliação da qualidade e perfil de dissolução de comprimidos de

cloridrato de propranolol, Rigobello et.al.(2013), comparou o peso médio de comprimidos de

referência, similares e genéricos sendo 2 de cada, percebendo entre eles uma diferença

significativa, sendo que um de referência teve variação de 1,14% e outro de 4,26%.

Demonstrando assim que mesmo em grandes indústrias há uma variação no peso médio.

No estudo de Bianchin et.al.(2012), sobre a avaliação da qualidade de comprimidos de

propranolol e enalapril distribuídos no sistema público de saúde em uma cidade do sul do

Brasil, foram avaliados o peso médio de cinco laboratórios que produzem o propranolol e

apenas um foi reprovado.

Dureza

Em seguida foi realizado o teste de dureza, com os seguintes resultados expressos em

KgF.

Tabela III: Dureza.

Dureza Formulação 1 Formulação 2 Formulação 3

Média (KgF) 24,9 6,8 10,9

Desvio padrão 1,91 2,23 2,76

Coeficiente de variação 7,67 32,88 25,33

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A determinação da dureza de um comprimido avalia a sua resistência à quebra. Do ponto

de vista tecnológico, trata-se de uma avaliação indireta do grau de consolidação dos

comprimidos (LACHMAN; et.al, 2001).

Foi estabelecido pelos autores, baseados em algumas literaturas, que a dureza deveria ser

maior que 20 KgF. A Farmacopéia Brasileira 4 ed. (1988) determina o limite mínimo de 3,0

kgf para dureza média de comprimidos, assim, percebe se também que o valor estabelecido

pelos autores fica dentro das legislações estabelecidas.

No caso do comprimido matricial de liberação controlada, quanto maior a sua dureza

menor será a porosidade que o comprimido vai apresentar e, consequentemente, mais

dificuldade terá o liquido de dissolução em penetrar na matriz e mais lenta será a libertação do

fármaco.

Assim percebe-se que apenas a formulação 1 atendeu as especificação. Este resultado

teve uma grande variação, pois a máquina de compressão não alcançava a dureza desejada,

assim todo o processo foi realizado manualmente, ou seja a força exercida não era igual para

todos.

Perfil de dissolução

Na tabela IV são apresentados resultados das médias dos teores de principio ativo das 3

formulações.

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Tabela IV: Média dos teores das formulações 1, 2 e 3 expressas em porcentagem(%).

Tempo Formulação 1 Formulação 2 Formulação 3

0,5 30,57 101,56 112,09

1 44,15 106,65 117,52

1,5 62,83 109,71 127,71

2 76,08 113,11 122,96

2,5 81,86 112,09 126,01

3 88,99 109,03 130,43

3,5 97,82 111,75 126,01

4 102,58 115,48 123,98

4,5 101,22 115,48 122,96

5 116,84 113,11 121,26

6 123,89 111,75 119,56

7 123,64 124,66 120,24

8 105,63 128,37 117,18

9 109,71 112,42 116,84

10 111,41 111,41 122,28

11 114,13 114,81

12 116,84 114,81

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GRÁFICO II: Média dos teores das formulações 1, 2 e 3 expressas em porcentagem

A taxa e o alcance de dissolução do fármaco são influenciados por várias características

da formulação e/ou da forma farmacêutica, entre elas: tamanho e forma das partículas,

quantidade e características dos agentes agregantes, desintegrantes e lubrificantes, tempos de

mistura, uniformidade e umidade dos pós e grânulos (LIMA et al., 2005).

A farmacopéia Brasileira 5ª ed.(2010) especifica que a tolerância do teor de cloridrato de

propranolol é de 75%. O critério de aceitação para este teste determina que o produto pode ser

aprovado no Estágio 1 se todas unidades apresentarem porcentagem dissolvida no meio de

dissolução no tempo de 30 min. Neste caso este parâmetro é utilizado para comprimidos de

liberação imediata. Para o de liberação controlada busca se retardar o tempo de liberação do

fármaco.

Como é possível visualizar na tabela e no gráfico, apenas se conseguiu retardar a

liberação na formulação 1, por ser a única com a dureza especificada. Assim pode se afirmar

que a dureza está totalmente ligada à dissolução.

Em um estudo realizado pela BASF (2007) comparando comprimidos de propranolol

utilizando o Kollicoat SR30 D em proporções de 20% e 30%, utilizando os mesmos

componentes da formulação deste presente trabalho, foi avaliado o perfil de dissolução das

0

20

40

60

80

100

120

140

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

CO

NC

EN

TR

ÃO

%

TEMPO

Formulação 1

Formulação 2

Formulação 3

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duas formulações em 24 horas, obteve o resultado que em 20 horas a formulação que obtinha

20% liberou 100% do seu principio ativo e a formula 2 com 30% demorou mais de 24 horas,

concluindo se assim que à concentração ideal de Kollicoat deveria ser 25%.

Já no estudo de Rigobello et.al.(2013), que avaliou a qualidade e perfil de dissolução de

comprimidos de cloridrato de propranolol, as 6 formulações testadas atenderam as limites

especificados, mesmo assim apontaram diferenças entre lotes para os medicamentos

referência genérico e similar, podendo sugerir que o processo produtivo não é constante.

A comparação de perfis é útil para se conhecer o comportamento de medicamentos antes

de submetê-los ao estudo de bioequivalência e é obrigatório para solicitação de registro de

produtos.

CONCLUSÃO

Conclui-se que a acetato polivinílico na concentração de 20 % reduziu a liberação do

ativo e proporcionando uma liberação controlada por um período de 4 horas.

Estudos complementares devem ser realizados com o intuito de definir uma concentração

de acetato polivinílico e uma metodologia de produção que sustente por a liberação de

propranolol por um período maior de tempo.

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ABSTRACT: An ideal drug treatment is one that assigns safety and efficacy in the reduction

of adverse effects and the achievement of the desired therapeutic outcome after

administration. The controlled release medicament aims: to make gastroresistant

pharmaceutical form, prolong the therapeutic effect, releasing the drug at a specific site of the

gastrointestinal tract, or after a defined period of time, thus consequently decreasing the daily

dosage. This study aimed to produce and test formulations of propranolol hydrochloride

tablets using the Kollicoat SR 30 D polymer and make the dissolution profile of the tablets.

Were produced 3 formulations with concentrations of 20%, 15% and 10% Kollicoat SR 30 D

and conducted to test the average weight, hardness and dissolution profile. In the dissolution

profile of formulation 1 100% of the drug released after 4 hours, because the formulation 2 e

3 released in the first 30 minutes. So just the first formulation met the expectations. It can be

concluded that the amount of Kollicoat SR 30 D should be greater than 20% to achieve the

desired effect.

Key Words: Dissolution, tablets.

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NORMAS DA REVISTA CIENTÍFICA

REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

A REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS/Brazilian Journalof

Pharmaceutical Sciences tem por finalidade publicar os seguintes tipos de publicação:Artigos

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Nesse caso, o limite é de 2.000 palavras, excluindo-se tabelas, figuras e referências.Pode-se

incluir, no máximo, uma figura, tabela e 10 referências. Resenhas elaboradas porespecialistas

segundo sugestão da Comissão de Publicações. Suplementos temáticos e aquelesrelativos a

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edestinar-se exclusivamente à REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS/Brazilian Journal of Pharmaceutical Sciences.

ESCOPO E POLÍTICA

Os manuscritos submetidos à Revista, que atenderem as "Instruções aos autores", são

encaminhados ao Editor Científico, que indicará dois revisores especialistas no tema abordado

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mantido durante todo o processo, os manuscritos são enviados à Comissão de Publicação, que

decidirá sobre a publicação. Manuscritos recusados, passíveis de reformulação, poderão ser

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re-submetidos após reestruturação, como novo trabalho, iniciando outro processo de

avaliação. Manuscritos condicionados à reestruturação serão reavaliados pelos revisores.

Manuscritos enviados aos autores para revisão devem retornar à Editoria dentro de, no

máximo, dois meses, caso contrário terão o processo encerrado.

FORMA E PREPARAÇÃO DE MANUSCRITOS

INSTRUÇÕES PARA APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS

Estrutura dos originais

Cabeçalho: constituído por: título do trabalho: deve ser breve e indicativo da exata

finalidade do trabalho. Autor(es) por extenso, indicando a(s) instituição(ões) a(s) qual(is)

pertence(m) mediante números. O autor para correspondência deve ser identificado com

asterisco, fornecendo o endereço completo, incluindo o eletrônico. Estas informações devem

constar em notas de rodapé.

Resumo (em português): deve apresentar a condensação do conteúdo, expondo

metodologia, resultados e conclusões, não excedendo 200 palavras. Os membros da Comissão

poderão auxiliar autores que não são fluentes em português.

Unitermos: devem representar o conteúdo do artigo, evitando-se os de natureza genérica

e observando o limite máximo de 6 (seis) unitermos.

Introdução: deve estabelecer com clareza o objetivo do trabalho e sua relação com

outros trabalhos no mesmo campo. Extensas revisões de literatura devem ser substituídas por

referências aos trabalhos bibliográficos mais recentes, onde tais revisões tenham sido

apresentadas.

Material e Métodos: a descrição dos métodos usados deve ser breve, porém

suficientemente clara para possibilitar a perfeita compreensão e repetição do trabalho.

Processos e Técnicas já publicados, a menos que tenham sido extensamente modificados,

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devem ser apenas referidos por citação. Estudos em humanos devem fazer referência à

aprovação do Comitê de Ética correspondente.

Resultados e Discussão: deverão ser acompanhados de tabelas e material ilustrativo

adequado, devendo se restringir ao significado dos dados obtidos e resultados alcançados. É

facultativa a apresentação desses itens em separado.

Conclusões:Quando pertinentes, devem ser fundamentadas no texto.

Resumo em inglês (ABSTRACT): deve acompanhar o conteúdo do resumo em

português.

Unitermos em inglês: devem acompanhar os unitermos em português.

Agradecimentos: devem constar de parágrafos, à parte, antecedendo as referências

bibliográficas.

Referências: devem ser organizadas de acordo com as normas da ABNT NBR-6023,

ordenadas alfabeticamente no fim do artigo incluindo os nomes de todos os autores. A

exatidão das referências é de responsabilidade dos autores.

Apresentação dos originais

Os trabalhos devem ser apresentados em lauda padrão (de 30 a 36 linhas com espaço

duplo). Utilizar Programa Word for Windows. Os autores devem encaminhar o trabalho

acompanhado de carta assinada pelo autor de correspondência, que se responsabilizará pela

transferência dos direitos à RBCF. Informações adicionais

Citação bibliográfica: As citações bibliográficas devem ser apresentadas no texto pelo(s)

nome(s) do(s) autor(es), com apenas a inicial em maiúsculo e seguida do ano de publicação.

No caso de haver mais de três autores, citar o primeiro e acrescentar a expressão et al. (em

itálico)

Ilustrações: As ilustrações (gráficos, tabelas, fórmulas químicas, equações, mapas,

figuras, fotografias, etc) devem ser incluídas no texto, o mais próximo possível das

Page 46: DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA MATRICIAL DE … · meu trajeto diário, ... meu filho Miguel Henrique que é a razão do meu viver e a ... Uma das principais vantagens tecnológicas

46

respectivas citações. Mapas, figuras e fotografias devem ser, também, apresentados em

arquivos separados e reproduzidas em alta resolução(800 dpi/bitmap para traços) com

extensão tif. e/ou bmp. No caso de não ser possível a entrega do arquivo eletrônico das

figuras, os originais devem ser enviados em papel vegetal ou impressora a laser. Ilustrações

coloridas somente serão publicadas mediante pagamento pelos autores. As tabelas devem ser

numeradas consecutivamente em algarismos romanos e as figuras em algarismos arábicos,

seguidos do título. As palavras TABELA e FIGURA devem aparecer em maiúsculas na

apresentação no texto e na citação com apenas a inicial em maiúsculo.

Nomenclatura: pesos, medidas, nomes de plantas, animais e substâncias químicas devem

estar de acordo com as regras internacionais de nomenclatura. A grafia dos nomes de

fármacos deve seguir, no caso de artigos nacionais, as Denominações Comuns Brasileiras

(DCB) em vigor, podendo ser mencionados uma vez (entre parênteses, com inicial maiúscula)

os registrados.

ENVIO DE MANUSCRITOS

Os trabalhos devem ser remetidos por correio eletrônico, anexando à mensagem os

arquivos correspondentes.

E-mail: [email protected]

Secretaria de edição:

Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas/Brazilian Journal of Pharmaceutical

Sciences

Divisão de Biblioteca e Documentação do Conjunto das Químicas/USP

Av. Prof. Lineu Prestes, 950

Caixa Postal 66083 05315-970 - São Paulo - SP - Brasil

Contato telefônico: Fone: (011) 3091.3804 FAX: (011) 3097.8627