desconsideração da personalidade jurídica no novo cpc

25
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA NO NOVO CPC Danilo Morais dos Santos Lorena Batista Oliveira Rafael Jorge Sales da Rocha

Upload: danilo-morais

Post on 04-Nov-2015

21 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

DESCONSIDERAO DA PERSONALIDADE JURDICA NO NOVO CPC

DESCONSIDERAO DA PERSONALIDADE JURDICA NO NOVO CPCDanilo Morais dos SantosLorena Batista OliveiraRafael Jorge Sales da Rocha

Precedentes histricosDireito EstrangeiroDireito BrasileiroBank of United States x Deveaux (1809)Disregard of legal entity- Common Law. O marco jurisprudencial inicial foi mais precisamente o ano de 1809, quando uma deciso do juiz norte-americano Marshall, no casoBank of United States x Deveaux,acabou por estender aos scios os efeitos da personalidade da entidade da qual faziam parte.

Case law Salomon v. Salomon Co (1867)Disregard of legal entity- Common Law.

O comerciante Aaron Salomon havia constitudo umaCompany, em conjunto sua famlia. A companhia logo em seguida comeou a atrasar os pagamentos.O liquidante sustentou que a atividade daCompany era atividade pessoal de Salomon para limitar a prpria responsabilidade;O juiz singular reconheceu a fraude, obrigando Salomon ao pagamento aos credores.Deciso reformada pela Corte, pois validamente constituda, a sociedade era regular o que impediria que se desconsiderasse a personalidade jurdica. A resistncia extremamente formalista aos poucos foi caindo e a doutrina veio sendo amplamente aplicada pelos Tribunais da Inglaterra.

Durchgriff der Juristischen Personenna AlemanhaCivil lawSerick defendeu sua tese de doutorado, com o ttuloRechtsform und Realitt juristischerPersonem,.no ano de 1953 na Universidade de Tbigen, onde firmou os pilares da Teoria da Desconsiderao da Personalidade Jurdica, a qual denominouDurchgriff der Juristichen Personen.Teoria Maior da desonsidero da personalidade jurdica.

No BrasilCLT, Art. 2. 2 (1943) A responsabilidade solidria, para efeitos de relao empregatcia,da empresa principal e subordinadas, quando constituam um grupo econmico.CTN, art. 134, VII (1966) Responsabilidade solidria dos scios, na liquidao de sociedade de pessoas, pelas obrigaes principais.O trabalho do Prof. Rubens Requio, publicado pela Revista dos Tribunais em 1969, foi sem dvida o elemento deflagrador discusso da desconsiderao da personalidade jurdica.

No BrasilAntigo CPC (Lei n5.869/73) execuo dos bens dos scios(art. 592, II) e preferncia da execuo dos bens da sociedade em relao aos dos scios(art. 596);O Cdigo de Defesa do Consumidor, em 1990, declarou expressamente a possibilidade de aplicao dadisregard doctrine em nossa legislao;Lei n 8.884/94(Lei antitruste);(REVOGADA)

No BrasilLei n 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais),art. 4 Poder ser desconsiderada a pessoa jurdica sempre que sua personalidade for obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados qualidade do meio ambiente.Cdigo Civil, Lei n. 10.406/02 Teoria Maior: alm do inadimplemento necessrio comprovar aFRAUDE/ABUSO;Lei n 12.529/2011 Nova lei antitriuste (art.34)

TeoriasTeoria Menor: Amera insolvnciada pessoa jurdica permite a desconsiderao de sua personalidade. Esta teoria aplicada de forma restrita, pois atinge somente oDIREITO DO CONSUMIDORe o DIREITO AMBIENTAL.Teoria Maior :O STJ entende que a regra de nosso sistema. Para a desconsiderao, alm do inadimplemento necessrio comprovar aFRAUDE/ABUSOcometidos pelos scios. Foi adotada expressamente pelo Cdigo Civil.Desconsiderao no Novo CPCConsideraes PreliminaresPrincpio da autonomia patrimonial o patrimnio dos scios distinto do patrimnio da pessoa jurdica, decorrncia do princpio do direito de propriedade e da livre iniciativa.Fraudes e atos abusivos praticados pelos scios e administradores e a mitigao do dogma da autonomia patrimonial.Consideraes PreliminaresDisciplinada em diversos diplomas normativos. Ausncia de parmetro processual e jurisprudncia vacilante:REsp 1096604/DF, Rel. Ministro Lus Felipe Salomo, Desnecessidade da observncia do contraditrio.RMS 29.697/RS, Rel. Ministro Raul Arajo A inobservncia do contraditrio torna invlida a deciso, por no ter observado o devido processo legal.

Fases para a DesestimaoSegundo Tomazette, dificilmente perceptvel a necessidade de se desconsiderar a personalidade jurdica, em face de obrigao da pessoa jurdica, j no processo de conhecimento, todavia, nos processos de execuo ou cumprimento de sentena, frequente que se verifique a insuficincia dos bens da pessoa jurdica, a qual decorra de abuso da personalidade jurdica.Discutia-se se deciso seria proferida no bojo do processo de execuo ou no prprio cumprimento de sentena, ou se seria necessrio um novo processo de conhecimento manejado em face dos scios ou administradores. Fases para a DesestimaoA doutrina era dividida:Impossibilidade de deciso por simples despacho em processo de execuo, de maneira que indispensvel a dilao probatria atravs do meio processual adequado.(Ada Pellegrini Grinover, Fabio Ulhoa Coelho e Osmar Vieira da Silva)Possibilidade de se operar no bojo do prprio processo de execuo, em nome do princpio da instrumentalidade e efetividade do processo, sem necessidade de outra ao com esse mesmo propsito.( Flvia Lefvre Guimares, Genacia da Silva Alberton)Posio intermediria: o relevante que se deve dar oportunidade para que as partes debatam, no sendo lcita a aplicao da desconsiderao sem que tenha havido prvio contraditrio.(Fredie Didier Jr)

Fases para DesestimaoNo CPC , possui caracterstica de um incidente processual, querendo da depreender que prescinde de ao prpria para provocar sua cognio. (GAIO JR., 2013, p.7).O incidente ser suscitado no bojo dos autos do processo principal, cabvel em todas as fases do processo (conhecimento, cumprimento de sentena e execuo de ttulo extrajudicial), conforme previso do art. 134 do novo CPC.Fases para DesestimaoNo Novo CPC (art. 134):Todas as fases do processo de conhecimento; No cumprimento de sentena; Na execuo fundada em ttulo executivo extrajudicial;Em razo da extino do processo cautelar, afasta-se a incidncia da desconsiderao em momento anterior ao incio do curso do processo.

nus da ProvaO critrio adotado pelo legislador ao distribuir o nus da prova o dointeresse. Assim, o sujeito que se beneficiar do reconhecimento do fato controvertido tem o nus de prov-lo.(Obs: relaes de consumo)Espcies de DesconsideraoDireta: Da pessoa jurdica Patrimnio dos scios; (Art. 133, 1)

Inversa: Patrimnio dos scios Pessoa Jurdica. (Art. 133, 2)Escopo do Novo CPCO projeto prescrevia a aplicao do referido artigo aos casos deabuso da personalidade jurdicaquando, segundo a legislao brasileira, nem todos os casos em que a teoria aplicada decorrem de abuso da personalidade. O projeto deixava de considerar as hipteses que se enquadram na chamada teoria menor da desconsiderao.Escopo do Novo CPCA lei promulgada prev a que o pedido de desconsiderao da personalidade jurdica observar os pressupostos previstos em lei ( 1, art. 133).Assim, aplicvel tanto s hipteses de abuso da personalidade (Teoria Maior) quanto nas hipteses de insolvncia (Teoria Menor);

LegitimadosPartes(Art. 133, caput)

Ministrio Pblico, quando lhe couber intervir. (Art. 133, caput)

ContraditrioA desconsiderao ser processada em incidente, que suspender o processo, salvo quando constante da petio inicial;Art. 135. Instaurado o incidente, o scio ou a pessoa jurdica ser citado para manifestar-se e requerer as provas cabveis no prazo de 15 dias(o projeto previa o dever de intimao).ContraditrioA intimao visa proteo dos princpios da celeridade e da efetividade. A citao requer um desgaste maior, sendo na maioria das vezes morosa e, portanto, um bice aos princpios aludidos. Os novos preceitos que orientam o trmite processual tm deixado de lado as formalidades, garantindo a efetividade. A utilizao da citao como meio de informao da deciso de desconsiderao implica na demora da prestao da tutela jurisdicional pretendida pelo credor, qual seja, a satisfao de seu crdito, podendo ensejar prestgio fraude apurada.InstruoAps observado o princpio do contraditrio e da ampla defesa, ser analisado o mrito do pedido de desconsiderao, cuja deciso ter natureza interlocutria, contra a qual, portanto, caber o recurso de agravo de instrumento, na forma do art. 136 c/c art. 1.015, IV, do CPC;Caso o incidente tenha sido apreciado por relator, o recurso cabvel ser o agravo interno, conforme previso do pargrafo nico do art. 136 do Projeto do novo CPC.EfeitosAcolhido o pedido de desconsiderao, a alienao ou a onerao de bens, havida em fraude de execuo, ser ineficaz em relao ao requerente. (Art. 137)