da situação dos apátridas e suas correlações na legislação nacional - jus navigandi
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Publicado em 11/2015.
Elaborado em 11/2015.GOSTOU?
Da situao dos aptridas e suas correlaes na legislao nacional
Paula Lieberknecht
DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO INTERNACIONAL PBLICO NACIONALIDADE (DIREITOCONSTITUCIONAL) NACIONALIDADE (DIREITO INTERNACIONAL PBLICO)
Resumo: visvel no mundo atual situaes de guerra em que inmeros refugiados esto
em transito em inmeros locais do mundo, importante por evidente analisar as caractersticas das
legislaes atinentes a tais pessoas que podem ter sido expulsas de suas ptrias sem qualquer
nacionalidade formal, crianas, gestantes e idosos, de alta relevncia verificar o papel nacional
nesse sentido, a recepo das legislaes internacionais e o tratamento dado aos aptridascontextualizando com seus rgos competentes, uma vez que o Brasil tem feito papel pr ativo na
recepo de refugiados e tem de forma recente adotado protocolos para garantir os direitos e
deveres daqueles que forem aptridas.
Palavras-chave: Situao Aptridas Correlao Legislao Nacional.
Sumrio: 1. Histrico 2. Conceito 3. rgos de proteo aos Aptridas 4. Analise da
Conveno do Estatuto dos Aptridas 5.Da conveno para diminuio dos casos de aptridas 6.
Concluso 7. Referencias bibliogrficas
1. Histrico
Segundo o artigo referente ao tema Apontamentos sobre o fenmeno jurdico do aptrida no Brasil e no mundo contemporneo, explanando
sobre o contexto histrico dos aptridas no Brasil faz a seguinte referencia sobre o tema:
TEXTO PUBLICADO PELO AUTORARTIGOS
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Tendo em vista o exposto, temos que o tema aptridas surge de uma situao de globalizao e do contato com outros povos, temos que as
delimitaes territoriais e de mercado com vinculao de interveno estatal promovem a necessidade de uma ptria ao cidado para que se possa
vincular a esse contexto e ao prprio contexto interno, quais sejam as leis, ou questes burocrticas estatais para obteno de direitos e o exerccio
regular destes alm da possibilidade de cobrar-lhe seus deveres como tal.
Para tanto devemos nos atentar ainda no contexto histrico o diploma legal que lhe conceitua:
Tal diploma legal recepcionado no Brasil pelo Decreto n 4.246, de 22 de maio de 2002, pelo ento presidente Fernando Henrique Cardoso, o
qual faz-se referencia:
A apatridia um fenmeno extremamente recorrente e atual. Vivemos em uma poca marcada pela globalizao, tpica
da modernidade lquida [1], e pela rapidez da informao e das formas de locomoo. Estamos cada vez mais perto do
que antes parecia distante. A interveno do Estado nas atividades humanas e em vrios aspectos da vida privada
uma caracterstica da modernidade. E, talvez por isso, o vnculo com um Estado se revela to necessrio e, mais,
fundamental. No ser filho de nenhuma ptria pode ser um motivo de alienao do indivduo para com o contexto
globalizante e frentico que o mundo contemporneo impe. [1]
Denomina-se aptrida, segundo a Conveno sobre o Estatuto dos Aptridas, de 1954, o indivduo que no
considerado por qualquer Estado, segundo sua legislao, como seu nacional. Trata-se daquele que no possui
nacionalidade formal ou cidadania, ou seja, aquele que juridicamente ausente de ptria. O vnculo do indivduo para
com um Estado inexiste e, por esse motivo, impossibilitado de proteo e tutela diplomtica, situao que afeta
negativamente os mais diversos aspectos de sua vida.[2]
O PRESIDENTE DA REPBLICA, no uso da atribuio que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituio
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Sendo assim observando o histrico pertinente a legislao que ampara o aptrida podemos caminhar para sua melhor conceituao e
entendimento desse to importante tema que tem substancial impacto na sociedade ps guerra.
2. Conceito
O conceito de aptrida encontra-se no artigo 1 da Conveno sobre Estatuto dos Apatrdas de 1954, que define:
Considerando que o Congresso Nacional aprovou o texto da Conveno sobre o Estatuto dos Aptridas por
meio do Decreto Legislativo no 38, de 5 de abril de 1995
Considerando que a Conveno entrou em vigor, para o Brasil, em 13 de novembro de 1996, nos termos do
pargrafo 2o, de seu art. 39
DECRETA:
Art. 1o A Conveno sobre o Estatuto dos Aptridas, apensa por cpia ao presente Decreto, ser executada e
cumprida to inteiramente como nela se contm.
Art. 2o So sujeitos aprovao do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar em reviso da
mencionada Conveno, assim como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do art. 49, inciso I, da
Constituio, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimnio nacional.
Art. 3o E ste Decreto entra em vigor na data de sua publicao.
Braslia, 22 de maio de 2002 181o da Independncia e 114o da Repblica.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Osmar chohfi[3]
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Ou seja, todo aquele que no tiver seu registro como cidado nacional, ser, portanto, considerado um aptrida e tendo em vista a
problemtica que envolve no ter uma nacionalidade, tal legislao foi criada para dirimir os problemas decorrentes pertinentes aos que encontram-se
em tal situao.
Tal situao foi muito intensa como demonstrado a seguir aps a primeira guerra mundial, onde muitas vezes milhares de pessoas saram de
seus locais de origem para outros pases e l se instalaram sem qualquer tipo de proteo normativa que lhes oferecesse qualquer direito e a ausncia
de deveres era contraproducente para a sociedade em que se instalava, promovendo discriminao e marginalizao naquele ncleo onde atualmente
residisse:
Captulo I
Disposies Gerais
Artigo 1
Definio do termo "aptrida"
1. Aos efeitos da presente Conveno, o termo "aptrida" designar toda pessoa que no seja considerada como
nacional seu por nenhum Estado, conforme a sua legislao.[4]
A questo dos aptridas tratada de maneira singular por Hannah Arendt uma vez que alm de ser um dos
grandes nomes da Filosofia Poltica do sculo XX viveu na pele a experincia de no possuir nacionalidade quando se
tornou refugiada do regime nazista nos Estados Unidos. (LAFER, 1988). Dessa forma, como afirma Lafer, "o
particularismo de sua experincia de judia alem, diante do nazismo, traduziu-se na mensagem universal da liberdade"(LAFER, 1988, p. II)
As conseqncias da 1 Guerra Mundial provocaram o aumento do nmero de um grupo de excludos, os aptridas,
que se caracterizaram pela perda do lar com a indita possibilidade de encontrar outro lar e pela perda da proteo do
governo em todos os pases (ARENDT, 2004). A Guerra gerou uma srie de problemas para a Europa, mas nenhum
outro destruiu de tal forma a estrutura interna das sociedades europias como os aptridas, que tem sua origem
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3. Orgos de proteo aos Aptridas.
Temos como principal rgo o ACNUR, com a finalidade de proteo aos aptridas alm de promover maior integrao com o Estado para que
possam em conjunto trazer solues que contemplem pessoas e refugiados que foram expulsos de seus pases de origem ou esto em trnsito por
conta da guerra, importante verificar as funes pertinentes e compreender a importncia da existncia de tal rgo com sua funo protetora e
legitimadora de direitos e deveres a serem cumpridos por pessoas em tal situao de risco social:
explicada por Arendt:
A culpa de sua existncia no pode ser atribuda a um nico fator, mas, se considerarmos a diversidade grupal dos
aptridas, parece que cada evento poltico, desde o fim da Primeira Guerra Mundial, inevitavelmente acrescentou uma
nova categoria aos que viviam fora do mbito da lei, sem que nenhuma categoria por mais que se tivesse alterado a
constelao original, jamais pudesse ser devolvida normalidade. (ARENDT, 2004, p.347)
A nova configurao do mapa europeu com o surgimento do Estado-Nao acarretou um crescimento do nmero deminorias [01] que ao lado dos aptridas se tornaram os dois grupos de vtimas que perderam at os direitos tidos como
inalienveis: os direitos do homem (ARENDT, 2004). [5]
O ACNUR foi criado em 1950 pela Assembleia Geral das Naes Unidas com o objetivo de prestar assistncia no saos refugiados provenientes de diversos conflitos e perseguies no perodo entre-guerras, a exemplo do genocdio
armnio e da Revoluo Russa de 1917, mas principalmente queles oriundos da Segunda Guerra Mundial. Contudo, o
trabalho do Alto Comissariado, com sede em Genebra, Sua, no se limita em proteger os refugiados, mas objetiva
tambm, acolher e dar assistncia e proteo aos deslocados internos e aptridas, em especial queles pertencentes a
segmentos vulnerveis, como crianas, mulheres, indgenas, e negros.
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O ACNUR, portanto, tem como papel preponderante na defesa dos direitos e na estimulao da adoo de legislaes positivas para as
pessoas que se encontrarem nessa situao, promovendo assim a dignidade dessas pessoas sem deixa-las a merc uma vez que no teriam
proteo alguma de outra forma.
Alem disso destaca-se sua filiao junto a ONU para promover adeses aos termos de suas convenes, mostrando ainda mais legitimidade
no cenrio internacional dada a grande importncia da ONU no cenrio global, trazendo ainda mais segurana jurdica aos atos dos Estados frente a
suas legislaes que devem adotar medidas de proteo aos aptridas.
4. Analise da Conveno do Estatuto dos Aptridas
A Conveno do Estatuto dos Aptridas foi criada em 1954, sendo um marco de altssima relevncia para o garant ia de direitos e imposio de
deveres dos aptridas no territrio em que estiver. Sendo assim importante frisar os aspectos pertinentes a Conveno:
O ACNUR prope-se a encorajar os Estados a firmarem um compromisso com os direitos dos refugiados e
aptridas, aprovando o reconhecimento destes direitos nas legislaes nacionais e promovendo o reassentamento, a
repatriao voluntria e proteo de mulheres e crianas, incluindo medidas contra violncia sexual e de gnero.
Tambm busca orientar os Estados a aderirem s Convenes da ONU sobre apatridia, esclarecendo a importncia da
ratificao e implementao das mesmas na legislao nacional. No Brasil, assim como em outros pases, o Alto
Comissariado visa ainda sensibilizar as autoridades nacionais acerca da importncia da adoo de um mecanismo
administrativo interno para a determinao da condio de aptrida.[6]
Criada em Nova Iorque, apesar de ser datada de 1954, poca da realizao da Conferncia de Plenipotencirios
convocada pela Resoluo 526 A do Conselho Econmico e Social das Naes Unidas, a Conveno sobre o Estatuto
dos Aptridas entrou em vigor apenas no ano de 1960. Atualmente, possui 68 Estados Partes, proporo considerada
baixa quando levamos em considerao o quantitativo de pases membros da ONU, (atualmente 193).[8]
Os trs ltimos pases a ratificarem a dita Conveno foram Crocia, Nigria e Filipinas, em setembro de 2011. A
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Verifica-se que de extrema importncia que os Estados tenham integrao com tal rgo, pois trata-se de um problema social que envolve
aspectos logsticos e legais que so j amplamente abordados aos protocolos e normas da ACNUR, definindo inclusive quem pode ser considerado um
aptrida no entrando como visto pessoas que cometeram crimes de guerra, contra a paz ou a humanidade, ainda assim exclui pessoas que jestejam sendo amparadas por outros rgos das Naes Unidas, ainda assim importante destrinchar os pontos relativos aos deveres relativos as
pessoas que se enquadram na classificao.
adeso da Crocia foi comemorada pelo ACNUR, uma vez que vivem no pas cerca de 1.700 cidados da ex-Iugoslvia
que so ou correm o risco de se tornarem aptridas.[9] As Filipinas so o primeiro Estado do sudeste asitico a aderir
Conveno de 1954. No Brasil a Conveno foi promulgada e publicada em 22 de maio de 2002, atravs do Decreto
4.246/2002.[10]
Aps conceituar aptrida como sendo toda pessoa no considerada por qualquer Estado, segundo a sua
legislao, como seu nacional (art.1), a Conveno exclui dessa categoria aqueles que recebem assistncia de outros
rgos das Naes Unidas alm do ACNUR. O documento tambm exclui do conceito aqueles que cometeram crimes de
guerra, crimes contra a paz ou a humanidade, ou praticaram um grave crime de direito comum fora do pas de residncia
antes da admisso no referido pas, ou ainda os que praticaram atos contrrios aos objetivos e princpios das Naes
Unidas. (art. 2)[7]
"Nos termos da Conveno, alm de direitos os aptridas tambm possuem deveres, como por exemplo, a
obrigao de respeitar as leis e regulamentos do pas onde se encontram, assim como as medidas adotadas para a
manuteno da ordem pblica. Em seu artigo 12, a Conveno garante que o aptrida ser submetido s normas do
Estado do seu domiclio, ou, na falta destas, s de seu pas de residncia. Deve, ento, haver uma relao de respeito
mtuo entre o Estado Contratante[11] e o aptrida, de modo a se evitar qualquer tipo de preconceito ou tratamento
diverso em relao ao cidado nato.
A Conveno d prioridade aos aptridas decorrentes da Segunda Grande Guerra e queles chamados de
martimos aptridas (art. 11), por viverem como tripulantes de um navio com bandeira de um pas contratante. O
documento trata tambm da condio jurdica do aptrida, tutelando a possibilidade de pessoas includas nesse instituto
incorporarem bens a seu patrimnio, associarem-se, possurem emprego ou trabalharem por conta prpria (arts. 13,
15, 17 e 18, respectivamente).
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Os deveres pertinentes aos aptridas so de suma importncia para trazer segurana aos Estados que os acolhem, afim de que no fiquem a
margem da lei e possam trazer malefcios sociais que ensejariam em ainda mais risco a sociedade e ao prprio individuo .
Ao E stado por sua vez fica evidente o carter da correlao com direitos situao sem vulnerabilidade do cidado, oferecendo requisitos
mnimos como disposto na supracitada, dando a pessoa condies mnimas de subsistncia e favorecendo que est possa se firmar, trazendo menos
insegurana a quem, via de regra, acaba de sair de uma situao de conflito, com traumas psicolgicos e muitas vezes traumas fsicos de tais
eventos.humanos e direitos fundamentais os quais se correlacionam ao oferecer uma
5. Da conveno para diminuio dos casos de aptridas
Tendo em vista todo o exposto sobre as legislaes para controle Estatal sobre os aptridas de seu territrio temos que analisar como diminuir
a incidncia dessa situao to fragilizadora e to importante do ponto de vista jurdico por expor seres humanos a situaes corriqueiramente
degradantes at que seus direitos sejam providos, o que se sabe que na realidade ftica no ocorre em muitas vezes, deixando assim o individuo em
face de uma situao de insegurana e isso fica ainda mais grave quando analisamos que no somente adultos com plena capacidade fsica ecognitiva esto em tal situao, mas pessoas idosas e em idade infantil tambm esto entre aqueles que se encaixam no conceito de aptrida.
Para tanto devemos analisar o diploma legal que tem seu bero em 1961 da Conveno para reduo dos casos de apatridia.
Assim como os aptridas possuem deveres em relao aos Estados que os recebem, estes tambm possuem
obrigaes. O pas recebedor, segundo os artigos 21, 22, 23, 24, 27 e 28 da Conveno sobre o Estatuto dos Aptridas,
deve oferecer ao aptrida, respectivamente, habitao, ensino, assistncia pblica, trabalho e previdncia social,
documentos de identidade e viagem, entre outros.
O documento garante, por fim, em seu artigo 31, que aptridas legalmente fixados em territrio de um pas no
podem ser expulsos, exceto por motivo de ordem pblica ou de segurana nacional. Os Estados Contratantes devem
criar um ambiente favorvel adaptao dessas pessoas, alm de facilitar a integrao e naturalizao das mesmas
reduzindo eventuais taxas e encargos burocrticos (art. 32)."[8]
"Conveno para Reduo dos Casos de Apatridia foi elaborada em Nova York, em 30 de agosto de 1961, entrando
em vigor internacionalmente em 13 de dezembro de 1975. Essa Conveno foi criada com o intuito precpuo de
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Verifica-se do exposto como j analisamos o ACNUR e suas diretrizes para dirimir conflitos e oferecer resguardo legal para o Estado e para o
individuo aptrida, temos que foi protagonista do aprofundamento para combater as causas desse problema, sendo o Brasil signatrio de tal
conveno a partir de 2007 sendo um marco importante para a legislao nacional sua recepo pelo Decreto Legislativo supracitado, colocando o
Brasil apesar do grande lapso temporal, atualizado as normativas que favorecem o combate a esse tipo de situao para promover o bem estar socialto latente em relao a essas pessoas.
Importante ainda ressaltar mais aspectos, fazendo analise dos artigos mais relevantes que compe as diretrizes.
estabelecer mecanismos capazes de diminuir a incidncia dos casos de apatridia no mundo. Aps a Conveno sobre o
Estatuto dos Aptridas, a Organizao das Naes Unidas, atravs do ACNUR, preocupou-se em aprofundar ainda mais
os estudos e anlises acerca do fenmeno da apatridia, podendo ser considerado como protagonista na elaborao
desse documento.
Atualmente, so quarenta os Estados Partes dessa Conveno, entre eles o B rasil, que aprovou o seu texto em
outubro de 2007. Tal aprovao consequncia de um caminho iniciado em 2001, quando a proposta foi enviada
Cmara dos Deputados pela Mensagem n. 370/2001 passando ento a tramitar no Congresso Nacional. A aprovao,
formalizada no Decreto Legislativo n 274/07[12], foi publicada no Dirio Oficial da Unio no dia 05 de outubro de 2007. "
[9]
O art.1 dessa Conveno versa sobre a nacionalidade, tratando da obrigao dos Estados Contratantes em
reconhec-la de modo originrio queles que nasceram em seu territrio, de forma que estes no se tornem aptridas. O
Estados devem tambm conceder a nacionalidade derivada queles que, consoante s leis, a peticionarem, diminuindo
assim os casos de apatridia. Nesse segundo caso, porm, a concesso de nacionalidade ao aptrida est subordinada a
algumas condies, quais sejam, o requerimento deve ser apresentado dentro de um perodo fixado pelo Estado
Contratante, que dever comear antes dos 18 anos do interessado e terminar depois dos 21 o requerente deve ter
residido habitualmente no territrio do pas, por um perodo no superior a cinco anos imediatamente antes do
requerimento ou 10 anos ao todo o interessado no pode ter sido condenado por crime contra a segurana nacional ou
por crime punido com mais de cinco anos de priso e, por ltimo, deve sempre ter sido aptrida.
A Conveno de 1961 discorre tambm, em seu artigo 2, acerca de casos de menores em situao de abandono,
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afirmando que estes devem receber a nacionalidade do pas onde foram encontrados. Aqueles que nascerem a bordo
de navios ou aeronaves devero ser considerados como tendo nascido no territrio da bandeira ou da matrcula desses
(art. 3).
Ainda, a fim de diminuir os casos de apatridia, a Conveno condiciona os casos de perda de nacionalidade - seja
por mudana no estado civil do indivduo seja por reconhecimento de filiao de uma criana - aquisio de outra
nacionalidade. Desse modo, s perder a nacionalidade aquele que puder adquirir outra. O fato de um cnjuge perder a
nacionalidade no implica que o outro tambm a perca. O mesmo acontece com os filhos em relao aos pais.
A Conveno de 1961 prev algumas possibilidades nas quais o Estado Contratante pode privar o indivduo de sua
nacionalidade, entre elas a ocasio em que o naturalizado volta a residir no seu pas de origem, l permanecendo por
um perodo maior do que o permitido pelo Estado Contratante, caso no declare a inteno de conservar a
nacionalidade alm dos casos em que a nacionalidade for obtida por declarao falsa ou fraude. Essas hipteses devem
estar expressas na lei interna do pas (art. 8). O documento, porm, probe aos pases a cassao de nacionalidade que
resulte em apatridia ou que ocorra por motivos raciais, ticos, religiosos ou polticos (art. 9). Em casos de aquisio ou
transferncia de territrios os Estados envolvidos devem assegurar que os habitantes ali presentes no se tornemaptridas (art. 10).
conveniente explicitar o artigo 13 da Conveno no que se refere ao modo como deve ser interpretada:
Nenhuma disposio da presente Conveno ser interpretada de modo a restringir a aplicao de disposies mais
favorveis relativas reduo da apatridia por ventura existentes na legislao nacional que esteja em vigor ou que entre
em vigor em qualquer Estado Contratante, ou que constem de qualquer outra conveno, tratado ou acordo que esteja
em vigor ou que entre em vigor entre dois ou mais Estados Contratantes. (Conveno para a diminuio dos casos de
Apatridia, Nova York, 1961)
O artigo supracitado refora a ideia de uma interpretao extensiva de direitos, no sentido de que a hermenutica
jurdica deve ser sempre exercitada em prol da diminuio dos casos de apatridia, favorecendo o indivduo protegido
pela Conveno. Ainda sobre a interpretao, caso haja qualquer controvrsia entre Estados, estes podem submet-la
Corte Internacional de Justia (CIJ).[13][10]
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Do acima exposto devemos nos atentar cuidadosamente as citadas normas, a primeira norma tem por carter favorecer uma legislao que
facilite a nacionalizao de seus cidados seja por jus solis, nascidos em territrio nacional, ou seja por outros meios peticionveis, como jus sanguinis,
que seria no caso de ser neto de um nacional, ganhando assim a nacionalidade aps requisio e comprovao, como ocorre por exemplo na
Alemanha, sendo ainda um processo demorado, contudo, um grande passo para o combate a situao de apatr idia.
Os artigos 2 e 3 tem grande importncia por determinarem regras mais extensivas para aquisio de nacionalidade como aqueles que forem
encontrados no territrio, nascerem a bordo de navios e aeronaves, ou seja, vem complementar o artigo 1 determinando protocolos de aquisio que
facilitam e muito para que se evite a burocracia de adquirir uma segunda nacionalidade ou adquirir sua primeira nacionalidade por meio de
peticionamento ou requisio baseada na linha de consanguinidade.
Ainda assim, verifica-se mais um meio interessante de se adquirir a nacionalidade, por meio de um casamento, ou filiao, portanto, caso um
aptrida case com um no aptrida, que este possa estender sua nacionalidade ao cnjuge ou seus filhos quando este for o caso, sendo mais uma
ferramenta efetiva de diminuio dos casos.
Relevante se faz verificar que o Estado no pode impor condio de apatridia, ento se algum tiver apenas uma nacionalidade, no poder
perder, quem tiver mais de uma nacionalidade poder perder uma de suas nacionalidades, mas nunca colocando-o em situao que o torne aptrida
por evidente, sendo um dispositivo bastante relevante para que alm de conter os casos de apatridia que no se criem novos casos.
Por fim, verifica-se a existncia de uma norma que tem um carter agregador, ou seja, se existirem normas internas que no sejam menos
benficas aos aptridas, podem e devem ser aplicadas, uma vez que quanto maior a proteo melhor para o sujeito passivo da relao, que necessita
do amparo, se forem complementares que se apliquem da mesma forma desde que sempre mais benficas.
6. Concluso
Verifica-se que de extrema relevncia a proteo de minorias que teriam seus direitos ceifados, dada a enorme importncia da cidadania
para adquirir direitos e exercer seus deveres sociais entrando assim consonncia com o sistema social, uma vez que guerras promovem excluso de
grupos, os aptridas se tornam grupos descaracterizados e marginalizados, aps a criao das legislaes pertinentes, foi possvel diminuir os casos
de aptridas no mundo, por meio de rgos especializados e legislaes especificas, no os deixando num limbo jurdico e social como outrora
Ainda assim conclui-se que para fins de excluso social a falta de cidadania enseja em situaes extremamente perigosas uma vez que muitos
desses aptridas saem de seus pases de origem e no tem condies de se firmar, uma vez que sem a cidadania definida no se torna titular de
direitos, colocando-os em srio risco social.
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Por fim verifica-se que tal situao ainda persiste sendo necessrio ainda mais legislaes que auxiliem e mitiguem os efeitos danosos de tal
situao, ampliando os acordos internacionais sobre o tema com a finalidade de promover o bem estar dessas pessoas e no deixa-las a merc de sua
prpria sorte, tendo o Estado funo extremamente relevante sendo, via de regra, detentor dos poder de legislar e em aderindo a tais acordos tem
maior possibilidade de aes efetivas nesse sentido.
7.Referencias bibliogrficas
CORRA, Maxilene Soares OLIVEIRA, Raphael de Almeida Lbo. Aptridas no Brasil e no mundo. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 17,n. 3445, 6 dez. 2012. Disponvel em: . Acesso em: 2 nov. 2015.
Conveno sobre o Estatuto dos Aptridas: de 28 de setembro de 1954. Nova York, 1954. Disponvel em: . Acesso em: 02 nov. 2015.
Decreto n 4.246: de 22 de maio de 2002. Braslia, 2002. Disponvel em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4246.htm>.
Acesso em: 02 nov. 2015.
MOREIRA, Pedro Alexandre SAPUCAIA, Rafael Vieira Figueiredo. Aptridas: o direito a ter direitos como primeiro direito fundamental. RevistaJus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2994, 12 set. 2011. Disponvel em: . Acesso em: 2 nov. 2015.
[1]CORRA, Maxilene Soares OLIVEIRA, Raphael de Almeida Lbo. Aptridas no Brasil e no mundo. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano
17, n. 3445, 6 dez. 2012. Disponvel em: . Acesso em: 2 nov. 2015.
[2]CORRA, Maxilene Soares OLIVEIRA, Raphael de Almeida Lbo. Aptridas no Brasil e no mundo. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano
17, n. 3445, 6 dez. 2012. Disponvel em: . Acesso em: 2 nov. 2015.
[3]Decreto n 4.246: de 22 de maio de 2002. Braslia, 2002. Disponvel em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4246.htm>.
Acesso em: 02 nov. 2015.
[4]Conveno sobre o Estatuto dos Aptridas: de 28 de setembro de 1954. Nova York, 1954. Disponvel em: . Acesso em: 02 nov. 2015.
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Textos publicados pelo autor
Paula Lieberknecht
[5]MOREIRA, Pedro Alexandre SAPUCAIA, Rafael Vieira Figueiredo. Aptridas: o direito a ter direitos como primeiro direito fundamental.
Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 16, n. 2994, 12 set. 2011. Disponvel em: . Acesso em: 2 nov. 2015.
[6]CORRA, Maxilene Soares OLIVEIRA, Raphael de Almeida Lbo. Aptridas no Brasil e no mundo. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano
17, n. 3445, 6 dez. 2012. Disponvel em: . Acesso em: 2 nov. 2015.
[7]CORRA, Maxilene Soares OLIVEIRA, Raphael de Almeida Lbo. Aptridas no Brasil e no mundo. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano
17, n. 3445, 6 dez. 2012. Disponvel em: . Acesso em: 2 nov. 2015.
[8]CORRA, Maxilene Soares OLIVEIRA, Raphael de Almeida Lbo. Aptridas no Brasil e no mundo. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano
17, n. 3445, 6 dez. 2012. Disponvel em: . Acesso em: 2 nov. 2015.
[9]CORRA, Maxilene Soares OLIVEIRA, Raphael de Almeida Lbo. Aptridas no Brasil e no mundo. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano
17, n. 3445, 6 dez. 2012. Disponvel em: . Acesso em: 2 nov. 2015.
[10]CORRA, Maxilene Soares OLIVEIRA, Raphael de Almeida Lbo. Aptridas no Brasil e no mundo. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano
17, n. 3445, 6 dez. 2012. Disponvel em: . Acesso em: 2 nov. 2015.
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