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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Produção Didático-Pedagógica Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7 Cadernos PDE VOLUME I I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Produção Didático-Pedagógica

Versão Online ISBN 978-85-8015-053-7Cadernos PDE

VOLU

ME I

I

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Introdução

Nesta sociedade contemporânea, as transformações no mundo do trabalho e   os   avanços   das   tecnologias   de   comunicação   e   informação   exercendo   forte influência na escola, fazem com que esta instituição necessite passar por profundas mudanças em suas práticas culturais.

Segundo Demétrio  Delizoicov,  et    al,   (2007),   “é  preciso que a educação escolar de crianças e jovens proporcione­lhes um desenvolvimento humano, cultural, científico e tecnológico para que tenham condições de enfrentar as exigências do mundo atual”.

O ensino da história da construção do conhecimento científico possibilita ao aluno uma visão crítica sobre a ciência, a  tecnologia e suas  implicações sociais, pois, é importante que conheçam o modo como muitas descobertas foram feitas e não   fiquem   com   a   impressão   de   que   só   o   “acaso”   é   o   responsável   por   elas, entendendo  que  a  maneira  de  pensar   social,   econômica,  política  e   religiosa  da época, molda a visão de mundo do cientista e influencia suas descobertas.

As abordagens históricas possibilitam ao professor um novo olhar sobre o aluno e sua relação com a aprendizagem em Ciências, estes, deixando de ser um mero receptor   de   conhecimento   para   interagir   com   a   produção   desse   conhecimento, compreendendo,   que   ele   é   historicamente   produzido   e   que,   portanto,   vai   se modificando ao longo dos tempos. 

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Unidade I

A Origem da Vida

Ao  longo dos séculos,  várias  hipóteses  foram  formuladas por   filósofos  e 

cientistas na tentativa de explicar como teria surgido a vida em nosso planeta.

Até  meados do século XVII,  a  maioria  das pessoas acreditava  que uma 

entidade   divina   havia   criado   intencionalmente   os   seres   humanos   e   os   animais 

mamíferos (criacionismo). Uma outra idéia proposta por Aristóteles há mais de 2 000 

anos afirmava que os seres vivos poderiam surgir não só do cruzamento entre si, 

mas também espontaneamente da matéria bruta ou inanimada.

O   pensamento   aristotélico   perdurou   por   muitos   séculos,   levando   as 

pessoas a acreditar na geração espontânea de moscas a partir da transformação do 

lixo, da matéria orgânica em putrefação etc.

No entanto, os avanços no conhecimento sobre os seres vivos, puseram 

em dúvida tanto a idéia da criação divina quanto da geração espontânea.

Dois   avanços   importantes   ocorridos   em   meados   do   século   XIX   com 

experimentos do pesquisador francês Louis Pasteur (1822 – 1895) e a publicação da 

Teoria Evolucionista do cientista Charles Darwin, foram responsáveis por grandes 

mudanças na Biologia.

Louis   Pasteur   demonstrou   irrefutavelmente   que   os   seres   microscópios 

existentes   na   matéria   orgânica,   resultam   da   contaminação   por   microrganismos 

presentes no ar, sepultando definitivamente a idéia da geração espontânea.

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Darwin, em 1859, expôs em seu livro “A Origem das Espécies,” suas idéias 

sobre o surgimento das novas espécies, em que considera o ambiente como um 

fator determinante para a sobrevivência e a reprodução dos seres vivos.

Teorias que buscam explicar a origem da vida: Abiogênese x Biogênese

I. Abiogênese

A idéia de que os seres vivos podiam surgir por outros mecanismos além 

da reprodução foi muito difundida na antiguidade e ficou conhecida como Teoria da 

Geração   Espontânea  ou  Abiogênese.   Essa   teoria   admitia,   por   exemplo,   que 

cobras, rãs e crocodilos podiam formar­se espontaneamente de lama de lagos e rios 

e   que   gansos   podiam   formar­se   pela   transformação   de   pequenos   crustáceos 

marinhos.   Essa   teoria   foi   aceita   e   defendida,   entre   outros,   pelo   filósofo   grego 

Aristóteles (384 – 322 a.C.).

A   crença   na  abiogênese  não   resistiu,   porém,   à   expansão   do 

conhecimento científico e aos testes rigorosos realizados por Redi, Spallanzani e 

Pasteur,  entre  outros.  Esses  cientistas   forneceram evidências  definitivas  de  que 

seres vivos surgem somente pela reprodução de seres de sua própria espécie, 

teoria que ficou conhecida como Biogênese.

II. Biogênese

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O médico italiano Francisco Redi (1626 – 1697), foi um dos primeiros a 

realizar  experimentos científicos  sobre  a origem dos seres  vivos em meados do 

século   XVII.   Na   época,   era   bastante   difundida   a   idéia   de   que   os   vermes 

normalmente presentes em animais em decomposição surgiram pela transformação 

espontânea  da   carne  em putrefação.  Redi   combateu  essa   crença  e   formulou  a 

hipótese   de   que   tais   “vermes”   originavam­se   de   lavas   de   certas   moscas,   que 

depositavam seus ovos sobre animais mortos.

Redi   testou  essa hipótese  por  meio  do  seguinte  experimento:  colocou 

pedaços de carne em frascos de boca larga, vedou alguns deles e outros deixou 

abertos. Nestes, em que as moscas entravam e saíam livremente, logo surgiram os 

“vermes”. Nos frascos tampados, não apareceu nenhum verme, mesmo depois de 

passados vários dias.

Ex:

Figura 1 (Experiência de Redi)

Essa experiência favoreceu a biogênese, teoria segundo a qual a vida se 

origina somente de outra vida preexistente.

Com o aperfeiçoamento do microscópio descobriu­se um novo mundo: o 

mundo   dos  microrganismos,   e   como   esses   minúsculos   seres   aumentavam 

rapidamente quando em um meio nutritivo, imaginou­se que a geração espontânea 

fosse responsável por tal proliferação.

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Então,   Louis   Pasteur,   elaborou   de   forma   extraordinária,   experimentos 

conclusivos a respeito da inviabilidade dessa crença. Em uma de suas experiências, 

colocou  caldo  nutritivo  em  frascos  de  vidro  e  amoleceu  seus  gargalos  no   fogo, 

esticando­os e curvando­os como um pescoço de cisne. Em seguida, ferveu o caldo 

dos   frascos  até   que  saísse   vapor   pelas  extremidades  dos  gargalos   recurvados, 

expulsando o ar interno. Os frascos esfriaram lentamente e as partículas presentes 

em suspensão no ar que penetravam depositavam­se nas curvas do gargalo, que 

funcionava como um filtro.

Ex:

Figura 2 – Experiência de Pasteur

Pasteur   observou   que   em   nenhum   dos   frascos   desenvolveram­se 

microrganismos, apesar do caldo estar em contato com o ar, a explicação era que 

ficavam  retidos  nas curvas e  não atingiam o  líquido.  Para   testar  essa hipótese, 

quebrou os gargalos de alguns  frascos e verificou que em poucos dias,  o caldo 

tornou­se   repleto   de   microrganismos.   Se   fosse   capaz,   o   caldo   nutritivo   teria 

originado  microrganismos   nos   meses   em   que   ficou   com   os   gargalos   retorcidos 

intactos.

A   partir   dos   experimentos   de   Pasteur,   a   teoria   da   abiogênese   foi 

praticamente eliminada e, nos dias atuais, está excluída dos meios científicos.

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Com a descoberta dos seres vivos microscópicos e sabendo­se que estão 

presentes  por   toda  parte,  como ar,  água e  solo,  veremos  a  seguir  como esses 

microrganismos afetam nossa vida, uma vez que muitos deles são causadores de 

doenças infecciosas, algumas, inclusive, podendo ser fatal.

Atividades: discutindo as teorias da Abiogênese e Biogênese.

1­   Após a leitura do texto, os alunos serão divididos em pequenos grupos para realizar as atividades abaixo cujas conclusões serão colocadas em discussão:

a­ Uma  pessoa  estava  na   feira   escolhendo  goiabas  e  ouviu   do   vendedor   o seguinte:

_ ”Bicho de goiaba só faz mal se a goiaba tiver aquela marquinha por fora, que pode ter sido feita pela bicada de algum bicho. Se não tiver, é porque o bicho veio da goiaba mesmo, e aí não faz mal nenhum!”

_ Você concorda com o feirante? Justifique sua resposta.

2­ Por que os agricultores costumam envolver as goiabas e outros frutos, ainda no pé, com saquinhos de papel?

3- Qual das duas teorias (Abiogênese e Biogênese), em sua opinião melhor explica o surgimento da vida? Por quê?

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Unidade II

Tipos de microrganismos patogênicos e formas de transmissão:

Com esta abordagem pretende­se conscientizar os alunos de que estamos rodeados por microrganismos como bactérias,   fungos, vírus e até  mesmo alguns protozoários   presentes  no  ar,   na  água,  no   solo,  na  superfície  de  objetos  e  até mesmo   espalhados   por   toda   a   nossa   pele.   Muitos   desses   microrganismos   são patogênicos, ou seja, são capazes de causar doenças, alterando o funcionamento de órgãos e tecidos.

Podemos nos contaminar de diversas maneiras com esses agentes, como por  exemplo,  pelo  ar   inspirado,  gotículas  de  saliva,   tosse  e  espirro  de  pessoas doentes, por picadas de insetos, por alimentos, pela água, etc.

Atividades:

1­ Será mostrado um vídeo onde se vê a contaminação por bactérias pelo contato entre as pessoas e superfície de objetos.

2­ Cultura de bactéria (recursos didáticos e outros materiais) 

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– Livros didáticos de Ciências e Biologia,

– Figuras de diferentes tipos de bactérias,

– Placa de Petri ou frascos pequenos,

– Nutriente Agar ou gelatina incolor,

– Papel para anotações.

Desenvolvimento da atividade:

– Cada   aluno   receberá   um   recipiente   contendo   ágar   ou   gelatina,   que contaminará   em   pequena   quantidade   com   os   mais   diversos   tipos   de substâncias como: saliva, insetos mortos, grama, terra, sujeira das mãos ou água. Em seguida, o recipiente deverá ser tampado e etiquetado com o nome   do   material   e   do   aluno.   Um   recipiente   deverá   permanecer   sem contaminação. 

– Durante alguns dias, os alunos deverão analisar e registrar as modificações surgidas nos materiais (verificar se apareceram manchas, de que cor, com qual textura etc.)   

– Ao  final  desta atividade,  será  conduzida uma discussão sobre como as bactérias e fungos podem afetar nossa vida.

3. Mãos limpas?

Objetivo

Mostrar que mãos aparentemente limpas podem conter microorganismos.

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Material

• 1 colher de fermento biológico diluído em um copo de água

• Água com açúcar em uma tigela

• 1 tubo de ensaio

• 1 funil

• 1 rolha para fechar o tubo de ensaio

• 1 chumaço de algodão

• Algumas gotas de azul de bromotimol

Procedimento

Os alunos deverão  lavar  bem as  mãos.  Em seguida  serão divididos  em grupos de cinco. Um aluno joga o fermento biológico na mão direita e cumprimenta um colega com um aperto de mão. Esse cumprimenta outro e assim por diante. O último lava as mãos na tigela com água e açúcar.

Com o funil, será colocado um pouco dessa água no tubo de ensaio. Molhe o  algodão no azul  de  bromotimol  e  coloque­o na  boca do  tubo de ensaio,  sem encostar no líquido. Feche­o com a rolha e espere alguns dias.

O azul vira amarelo: ação dos fungos.

Explicação 

Dentro do tubo de ensaio, a água com açúcar fornece o alimento necessário 

para os microrganismos no caso, fungos se desenvolverem. Os fungos respiram e 

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soltam gás carbônico, o que torna o ambiente do tubo ácido. Com isso, o azul de 

bromotimol,   sensível  à  alteração de pH,  muda sua cor  para  amarelo.  Com esta 

atividade   pretende­se   mostrar   que   medidas   simples   de   higiene   pessoal   feitas 

regularmente evitam uma série de doenças.

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Unidade III

A ciência tem história – A descoberta do princípio da vacina

As   vacinas,   (o   nome   vem   de  vaccinia,   vírus   da   varíola   bovina),   são substâncias como proteínas, toxinas, partes de bactérias ou vírus, ou mesmo vírus e bactérias   inteiras,  atenuados ou mortos,  que ao serem  introduzidas estimulam o sistema   imunológico   a   produzir   anticorpos   específicos   mediados   pelos   linfócitos contra   determinado  agente  agressor,   além  de  desenvolver   a   chamado  memória imunológica, as quais serão responsáveis por desencadear uma resposta imune de forma rápida e intensa nos contatos futuros.

A descoberta da vacina em 1796, por Edward Jenner, médico do interior da Inglaterra, constitui um dos maiores avanços da medicina. Naquela época, a varíola era uma doença aterrorizante, responsável por epidemias que causam altas taxas de mortalidade. Jenner observou que as vacas tinham nas tetas, feridas iguais às provocadas pela varíola no corpo humano. Os animais tinham uma versão mais leve da doença, a varíola bovina, ou bexiga vacum. 

Ao  observar  que as  pessoas  responsáveis  pela  ordenha,  que comumente acabavam infectadas pela doença bovina tinham uma versão mais suave da doença, ficando imunizadas ao vírus humano, ele recolheu o líquido que saía destas feridas e o passou em cima de arranhões que ele provocou no braço de um garoto, seu filho.   O   menino   teve   um   pouco   de   febre   e   algumas   lesões   leves,   tendo   uma recuperação rápida. Algumas semanas depois inoculou ­ o novamente com o líquido da ferida de outro paciente com varíola e nada aconteceu. O garoto estava imune à varíola.

Jenner   foi  o  pioneiro  na  utilização  deste  procedimento,  quando ocorreu  a primeira tentativa científica de prevenção de uma doença infecciosa, embora ainda com total ignorância a respeito dos vírus e da própria imunologia.

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Figura 3 – Jenner (1749 – 1823) em gravura de época, aparece retratado vacinando um bebê contra varíola.

A descoberta da vacina deve­se às pesquisas de Louis Pasteur.

Figura 4

Louis Pasteur nasceu em 27 de dezembro de 1822 em Dole, na França. Suas   descobertas   tiveram   um   grande   impacto   na   medicina,   cujos   trabalhos tornaram­se o início do que hoje é chamado de microbiologia. Sua teoria sobre as doenças   infecciosas   dizia   que   eram   causadas   por   germes,   sendo   necessário desenvolver métodos e técnicas para combater estes agentes.

Desenvolvendo   trabalhos   sobre   fermentação,   ele   confirmou   que   cada doença é causada por um micróbio específico e que estes eram agentes externos.

“A fermentação é uma conseqüência da vida sem oxigênio”, afirmou Pasteur, que descobriu que seres vivos podem viver por processos anaeróbios em que não necessitam de oxigênio, e, por este caminho, estudando os germes, descobriu a causa   de   muitas   infecções.   Com   esses   conhecimentos   estabeleceu   as   noções básicas   de   esterilização   e   assepsia,   com   conseqüências   na   prevenção   de contaminações   e   infecções   na   cirurgia   e   obstetrícia   (Pasteur   propunha   que   os médicos   fervessem   seus   instrumentos   e   bandagens   que   seriam   utilizados   em procedimentos cirúrgicos).

Portanto,   descobriu   que   o   aquecimento   destrói   microrganismos.   Este processo denominado pasteurização, em sua homenagem, é utilizado até hoje e se propagou pelo mundo todo.

Cada   vez   mais   empenhado   em   pesquisas   sobre   doenças   infecciosas, entre1877   e   1887,   Pasteur   descobriu   três   bactérias   que   nos   causam   doenças: estafilococos, estreptococos e pneumococos. 

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Outra contribuição importante dada por Pasteur foi a descoberta do agente transmissor da raiva. Em março de 1886, Pasteur apresentou os resultados para o tratamento da raiva na Academia de Ciências Francesa e foi então convidado a criar um centro para produção de vacina anti­rábica. O Instituto Pasteur foi construído em 1888, idealizado para ser um centro de tratamento da raiva, de doenças infecciosas e educação, sendo um dos mais famosos centros de pesquisa da atualidade.

O que mais motivava Pasteur era seu caráter humanista. Todo seu trabalho foi desenvolvido com o intuito de melhorar a condição humana. É tido como benfeitor da humanidade, pois seus esforços mudaram o mundo, por isso é um dos cientistas mais   reconhecidos   da   história.   A   luta   da   humanidade   pela   sobrevivência   teve contribuição única de Louis Pasteur.

Lembrete: A raiva é uma doença infecciosa aguda que acometem mamíferos (homem e animais), causada por vírus que se multiplica e se propaga via nervos periféricos­ até o sistema nervoso central, onde passa para as glândulas salivares, nas quais também se multiplicamA profilaxia consiste na aplicação de doses da vacina anti­ rábica por via intramuscular.O prognóstico é fatal em todos os casos e representa um sério problema de saúde pública.

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Unidade IV

Cronograma de vacinação instituído pelo Ministério da Saúde:

Atividades: Com o cronograma de vacinação em mãos juntamente com a sua carteira de vacinação, os alunos resolverão as atividades a seguir:

1­ Compare o calendário apresentado, com a sua carteira de vacinação e verifique se você tomou todas as vacinas recomendadas.

2­ Você reparou que adolescentes também precisam tomar vacinas? Faça uma lista das doenças do calendário que você já teve e outra com a vacina que você ainda deve tomar.

3- Os   alunos   divididos   em   grupos   farão   uma   pesquisa   sobre   as   seguintes doenças: hepatite A e B, Gripe (influenza), Rubéola, Poliomielite, Sarampo, Meningite, Pneumonia, Tétano Tuberculose, destacando modo de contágio, sintomas e controle.

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4­ Após a pesquisa e a socialização das informações obtidas, os alunos receberão uma folha onde preencherão de acordo com os itens abaixo solicitados: 

Doença Agente causador

Modo de contágio

Sintomas Controle

5- Após a realização das atividades anteriores, em que se espera que os alunos tenham compreendido a relação entre os microrganismos e as doenças que podem causar, bem como o possível modo de contágio, será elaborado de forma coletiva um folder explicativo, enfatizando os cuidados preventivos para se evitar doenças contagiosas. Esse material depois de elaborado e impresso será entregue a todos os alunos do Colégio.

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Unidade V

A revolta da Vacina

A chamada Revolta da Vacina ocorreu de 10 a 16 de novembro de 1904 na cidade do Rio de Janeiro. O motivo que desencadeou este conflito foi a campanha de vacinação obrigatória, imposta pelo governo federal contra a varíola.

No   início   do   século   XX,   a   cidade   do   Rio   de   Janeiro,   como   capital   da República, apesar de possuir belos palacetes e casarões, tinha graves problemas urbanos: rede insuficiente de água e esgoto, coleta de resíduos precária e cortiços super povoados. Nesse ambiente proliferavam muitas doenças, como a tuberculose, o sarampo, o tifo e a hanseníase. Alastravam­se, sobretudo, grandes epidemias de febre amarela, varíola e peste bubônica.

Decidido a sanear e modernizar a cidade, o então presidente da República Rodrigues Alves (1902 a 1906) deu plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao médico Dr. Oswaldo Cruz para executarem um grande projeto sanitário. O prefeito pôs em prática uma ampla reforma urbana, que ficou conhecida como bota baixo, em razão das demolições dos velhos prédios e cortiços, que deram lugar a grandes avenidas, edifícios e jardins. Milhares de pessoas pobres foram desalojadas à força, sendo obrigadas a morar em morros e periferia.

Oswaldo Cruz, convidado a assumir a Direção Geral da Saúde publica, criou as   Brigadas   Mata   Mosquitos,   grupos   de   funcionários   do   Serviço   Sanitário   que invadiam as casas para desinfecção e extermínio dos mosquitos transmissores da febre amarela. Iniciou também a campanha de extermínio de ratos considerados os principais   transmissores   da   peste   bubônica,   espalhando   raticidas   pela   cidade   e mandando o povo recolher os resíduos.

Para erradicar a varíola, o sanitarista convenceu o Congresso a aprovar a Lei   da   Vacina  Obrigatória   (31  de  outubro  de   1904),   que  permitia   que   brigadas sanitárias, acompanhadas por policiais, entrassem nas casas para aplicar vacina à força.

A população estava confusa e descontente.  A cidade parecia  em ruínas, muitos perdiam suas casas e outros tantos tiveram seus lares invadidos pelos mata­mosquitos, que agiam acompanhados por policiais. Jornais da oposição criticavam a ação do governo e falavam de supostos perigos causados pela vacina. Além disso, o boato de que a vacina devia ser aplicada nas “partes intimas” do corpo (as mulheres 

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teriam que se despir diante dos vacinadores) agravou a ira da população, que se rebelou.

A aprovação da Lei da Vacina foi o estopim da revolta: no dia 5 de novembro, a oposição   criava   a  Liga   contra   a   Vacina   Obrigatória.  Entre   os  dias  10  e  16  de novembro,  a cidade virou um campo de guerra.  A população exaltada depredou lojas, virou e incendiou bondes, fez barricadas, arrancou trilhos, quebrou postes e atacou as forças da polícia com pedras, paus e pedaços de ferro. A reação popular levou o governo a suspender a obrigatoriedade da vacina e declarar estado de sítio (16   de   novembro).   A   rebelião   foi   contida,   deixando   50   mortos   e   110   feridos. Centenas de pessoas foram presas e, muitas delas, deportadas para o Acre.

Figura 5 – Imagem de época retratando a revolta popular.

Ao reassumir o controle da situação, o processo de vacinação foi reiniciado, tendo a varíola, em pouco tempo, sido erradicada da capital.

Atividade

1­ Realizar pesquisa bibliográfica sobre Oswaldo Cruz.

2­ Os alunos serão orientados a através de uma dramatização demonstrar como e por que ocorreu a Revolta da Vacina no início do século XX no Rio de Janeiro, destacando a contribuição de Oswaldo Cruz no cenário científico mundial. 

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DELIZOICOV, D.; ANGIOTTI, J.A.; PERNAMBUCO, M.M. Ensino de ciências: Fundamentos e métodos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2007.

KRASILCHIK, M. Práticas de ensino em biologia. 4. ed. São Paulo: Edusp, 2005.

PARANÁ (SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED), 2008. Diretrizes curriculares da educação básica.

SANTANA, O. A.; NETO, A. F. F.Ciências Naturais, 8° ano. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

PAULINO, W. Biologia: Série novo ensino médio. 9. ed. São Paulo: Ática, 2006.

CARO,C. M.; et al. Construindo consciências: ciências, 8ª série. 2. ed. São Paulo: Scipione, 2006.

ANABIS, J. M.; MARTHO, G.R. Fundamentos da biologia moderna: volume único, 4. ed. São Paulo: Moderna, 2006.

A descoberta da VACINA; Disponível em: <http://www.fiocruz.br> Acesso em: 15 maio 2010.

EXPERIÊNCIAS de contaminação com microrganismos; Disponível em: <http://www.revista­escola.abril.com.br/ciencias/pratica­pedagogica> Acesso em: 15  jul. 2010.

CALENDÁRIO de vacinação da criança; Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=21462> Acesso em: 29 jul. 2010.

CALENDÁRIO de vacinação do adolescente; Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=21463> Acesso em: 29 jul. 2010.

Bibliografia de PASTEUR; Disponível em: <http://www.pasteur.saude.sp.gov.br> Acesso em: 16 jul 2010.

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Sugestão de VIDEO; Disponível em: <http://www.2001video.com.br/detalhes_produto_extra_dvd.asp?produto=12124> Acesso em 29 jul. 2010.

Anexo I: Calendário Básico de Vacinação da Criança

IDADE  VACINAS  DOSES DOENÇAS EVITADAS 

Ao nascerBCG ­ ID dose única Formas graves de tuberculose Vacina contra hepatite B (1) 1ª dose Hepatite B 

1 mês Vacina contra hepatite B 2ª dose Hepatite B 

2 meses 

 Vacina tetravalente (DTP + Hib) (2)  1ª dose

  Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b

VOP (vacina oral contra pólio) 1ª dose Poliomielite (paralisia infantil)VORH (Vacina Oral de Rotavírus Humano) (3)

1ª dose Diarréia por Rotavírus

Vacina tetravalente (DTP + Hib)  2ª dose

Difteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b

4 meses VOP (vacina oral contra pólio) 2ª dose Poliomielite (paralisia infantil)VORH (Vacina Oral de Rotavírus Humano) (4)

2ª dose Diarréia por Rotavírus

6 meses 

Vacina tetravalente (DTP + Hib) 

3ª doseDifteria, tétano, coqueluche, meningite e outras infecções causadas pelo Haemophilus influenzae tipo b

VOP (vacina oral contra pólio) 3ª dose Poliomielite (paralisia infantil)Vacina contra hepatite B  3ª dose Hepatite B

9 meses  Vacina contra febre amarela (5) dose inicial Febre amarela

12 meses SRC (tríplice viral)  dose única Sarampo, rubéola e caxumba15 meses VOP (vacina oral contra pólio) reforço Poliomielite (paralisia infantil)

DTP (tríplice bacteriana) 1º reforço Difteria, tétano e coqueluche

4 ­ 6 anosDTP (tríplice bacteriana 2º reforço Difteria, tétano e coquelucheSRC (tríplice viral) reforço Sarampo, rubéola e caxumba

10 anos Vacina contra febre amarela reforço Febre amarela 

(1) A primeira dose da vacina contra a hepatite B deve ser administrada na maternidade, nas primeiras 12 horas de vida do recém-nascido. O esquema básico se constitui de 03 (três) doses, com intervalos de 30 dias da primeira para a

segunda dose e 180 dias da primeira para a terceira dose.

(2) O esquema de vacinação atual é feito aos 2, 4 e 6 meses de idade com a vacina Tetravalente e dois reforços com a Tríplice Bacteriana (DTP). O primeiro reforço aos 15 meses e o segundo entre 4 e 6 anos.

(3) É possível administar a primeira dose da Vacina Oral de Rotavírus Humano a partir de 1 mês e 15 dias a 3 meses e 7 dias de idade (6 a 14 semanas de vida).

(4) É possível administrar a segunda dose da Vacina Oral de Rotavírus Humano a partir de 3 meses e 7 dias a 5 meses e 15 dias de idade (14 a 24 semanas de vida). O intervalo mínimo preconizado entre a primeira e a segunda dose é de

4 semanas.

(5) A vacina contra febre amarela está indicada para crianças a partir dos 09 meses de idade, que residam ou que irão viajar para área endêmica (estados: AP, TO, MA MT, MS, RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF), área de transição (alguns

municípios dos estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS) e área de risco potencial (alguns municípios dos estados BA, ES e MG). Se viajar para áreas de risco, vacinar contra Febre Amarela 10 (dez) dias antes da viagem.

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Anexo II: Calendário de Vacinação do Adolescente (1)

IDADE  VACINAS  DOSES DOENÇAS EVITADAS 

De 11 a 19 anos (na primeira visita ao serviço de saúde) 

Hepatite B  1ª dose Contra Hepatite B dT  (Dupla tipo adulto) (2) 

1ª dose Contra Difteria e Tétano

Febre amarela (3)  Reforço Contra Febre AmarelaSCR (Tríplice viral) (4)

dose única Contra Sarampo, Caxumba e Rubéola

1 mês após a 1ª dose contra Hepatite B

Hepatite B 2ª dose contra Hepatite B 

6 meses após a 1ª dose contra Hepatite B

Hepatite B 3ª dose contra Hepatite B 

2 meses após a 1ª dose contra Difteria e Tétano

dT (Dupla tipo adulto)

2ª dose Contra Difteria e Tétano

4 meses após a 1ª dose contra Difteria e Tétano

dT (Dupla tipo adulto)

3ª dose Contra Difteria e Tétano

a cada 10 anos, por toda a vidadT (Dupla tipo adulto) (5)  reforço Contra Difteria e Tétano

Febre amarela reforço Contra Febre Amarela

(1) Adolescente que não tiver comprovação de vacina anterior, seguir este esquema. Se apresentar documentação com esquema incompleto, completar o esquema já iniciado.

(2) Adolescente que já recebeu anteriormente 03 (três) doses ou mais das vacinas DTP, DT ou dT, aplicar uma dose de reforço. É necessário doses de reforço da vacina a cada 10 anos. Em caso de ferimentos graves, antecipar a dose de reforço para 5 anos após a última dose. O intervalo mínimo entre as doses é de 30 dias.

(3) Adolescente que resida ou que for viajar para área endêmica (estados: AP, TO, MA, MT, MS, RO, AC, RR, AM, PA, GO e DF), área de transição (alguns municípios dos estados: PI, BA, MG, SP, PR, SC e RS) e área de risco potencial (alguns municípios dos estados BA, ES e MG). Em viagem para essas áreas, vacinar 10 (dez) dias antes da viagem.

(4) Adolescente que tiver duas doses da vacina Tríplice Viral (SCR) devidamente comprovada no cartão de vacinação, não precisa receber esta dose.

(5) Adolescente grávida, que esteja com a vacina em dia, mas recebeu sua última dose há mais de 5 (cinco) anos, precisa receber uma dose de reforço. A dose deve ser aplicada no mínimo 20 dias antes da data provável do parto. Em caso de ferimentos graves, a dose de reforço deve ser antecipada para cinco anos após a última dose.

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 ANEXO III: SUGESTÃO DE FILME

Titulo Original: The Story of Louis Pasteur – EUA 1935.

Atores: Paul Muni, Josephine Hutchinson, 

Anita Louise, Donald Woods, Fritz Leiber.

Diretor: Wiliam Diertele.                                    

Fornecedor: CLASSIC LINE.

A história de Louis Pasteur

• A premiada cinebiografia de Louis Pasteur, um cientista à frente de seu tempo que transformou a história da medicina. 

Em 1860, o cientista e químico Louis Pasteur (Paul Muni) voltou­se para um grave problema que alarmava a França: mais de vinte mil mulheres estavam morrendo   anualmente   durante   o   parto,   e   muitas   das   crianças   morriam   por infecção. Estudando e desenvolvendo a Teoria dos Germes, ele recomenda a esterilização   dos   materiais   médicos   e   o   máximo   de   higiene   por   parte   dos doutores, o que evitaria as infecções. Mas a academia não lhe dá ouvidos, e até mesmo o imperador ordena o seu silêncio. 

Dez anos depois, o vírus Anthrax ataca e mata os rebanhos em quase todo o país, exceto em Arbois, onde Pasteur estava vacinando as ovelhas. Mas, novamente teve seu trabalho desmoralizado. Até que sua genialidade finalmente foi percebida pelos russos, só então a França reconhece e honra seus trabalhos.

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