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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE 2009 Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4 Cadernos PDE VOLUME I

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O PROFESSOR PDE E OS DESAFIOSDA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE

2009

Versão Online ISBN 978-85-8015-054-4Cadernos PDE

VOLU

ME I

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TROPEIRISMO: PRESERVAÇÃO E VALORIZAÇÃO DA MEMÓRIA LOCAL

Maria Elizabeth Ribeiro de Oliveira1

MS. Marco Aurélio Monteiro Pereira2

RESUMO

Este artigo tem como objetivo apresentar os dados da aplicabilidade da experiência da implementação do projeto PDE na escola, constituindo no trabalho de finalização da participação no programa. Os tropeiros foram responsáveis pelo desenvolvimento econômico, político e social de Castro e a herança deixada por eles é riquíssima e precisa ser conhecida pelos alunos do CEEBJA Prof.ª Amélia, pois se percebe que muitos desconhecem a história da sua cidade, levando-os a não valorizar a história local. Isso faz com que o aluno não se sinta como sujeito da sua história, portanto como agente transformador da sociedade em que vive, sendo apenas um mero espectador dos fatos. Para que esse aluno torne-se sujeito da sua própria história, ativo e crítico desenvolveu-se o presente projeto que pretende estimular no aluno do CEEBJA Prof.ª Amélia a valorização da história do seu município, contribuindo para a formação da consciência histórica do educando, levando-o a identificar elementos do tropeirismo presentes na sua vida cotidiana e reconhecendo a importância do tropeirismo para a formação da cidade de Castro. Exibição de filmes e documentários, visitas à Casa da Praça-local de exposição em comemoração ao Dia do Tropeiro-, ao Museu do Tropeiro, que é referência no Brasil nesse tema, a Casa de Sinhara e a Fazenda Capão Alto-palco privilegiado na história da sociedade de Castro e do Estado do Paraná-, essas foram ações desenvolvidas durante o processo de implementação do projeto na escola. Através dos depoimentos dos alunos participantes ficou evidente que os resultados foram amplamente positivos e que a escola é capaz de transformar o educando em um cidadão crítico e atuante, capaz de modificar a realidade que o cerca.

Palavras-chave: História local; valorização; consciência histórica; tropeirismo.

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1 Professora PDE 2009 licenciada em História pela UEPG e Especialista em EJA pela FACINTER e IBEPEX

lotada no CEEBJA Prof.ª Amélia Madalena S.B. Vaz em Castro-PR. 2 Professor Mestre orientador do PDE, pela na Universidade Estadual de Ponta Grossa.

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De acordo com Paulo Freire (1979), “ao trabalhar com temas relacionados à

realidade dos alunos, eles ganham a possibilidade de “ler o mundo” que os cerca,

podendo assim decodificá-lo e compreendê-lo não como uma realidade dada, mas

como uma realidade construída pela ação dos homens”. Portanto, o estudo da

histórica local propicia ao nosso aluno a valorização da historicidade de sua

comunidade e, consequentemente, de sua própria história.

A atuação do educador da EJA é fundamental para que os alunos percebam que

o conhecimento tem a ver com o seu contexto de vida e que é repleto de

significação.

A Educação de Jovens e Adultos, enquanto modalidade educacional que atende

a educandos-trabalhadores, tem como finalidade e objetivo o compromisso com a

formação humana e o acesso à cultura geral, permitindo assim, que os educandos

venham a participar política e produtivamente das relações sociais, com

comportamento ético e compromisso político, através do desenvolvimento da

autonomia intelectual e moral.

Mas, o que se percebe empiricamente no CEEBJA Prof.ª Amélia Madalena S. B.

Vaz é que os alunos desconhecem as origens de sua história, portanto não

valorizam a história do município de Castro, que é rica em tradições e costumes.

Herança essa deixada pelos tropeiros, responsáveis pelo surgimento da cidade e

pelo desenvolvimento econômico, social e político da região.

Este trabalho, portanto, leva à busca do conhecimento da histórica local,

oportunizando o reconhecimento e, consequentemente, a valorização desta história

que fica limitada a poucos privilegiados que têm acesso a documentos oficiais do

município, ou que frequentam o ensino regular. Sabemos que partindo do estudo da

localidade haverá uma compreensão múltipla da história, no sentido da possibilidade

de ser mais um eixo histórico, contextualizado na História do Paraná. A partir da

análise da história local, haverá a possibilidade de inserção desta micro história na

macro história que normalmente é estudada nos bancos escolares. Para Cainelli e

Schmidt:

“O estudo da localidade ou da história regional contribui para uma

compreensão múltipla da História, pelo menos em dois sentidos: na possibilidade de se ver mais de um eixo histórico na história local e na possibilidade de análise de micro histórias, pertencentes a alguma outra história que as englobe e, ao mesmo tempo, reconheça suas particularidades.” (CAINELLI e SCHMIDT, pp. 113).

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Tal perspectiva de trabalho encontra-se inserida na proposta curricular delineada

no documento das Diretrizes Curriculares do Estado (DCEs), onde propõe a

articulação entre estas perspectivas históricas, local e universal. Baseado nessa

proposta objetivou-se despertar no aluno o interesse pelo conhecimento da história

de seu município motivando-o a valorizar os costumes e tradições existentes,

contribuindo para a formação da consciência histórica do educando. Levando-o a

identificar a importância do tropeirismo para a formação da cidade de Castro,

percebendo os costumes e elementos do tropeirismo presentes na vida cotidiana do

aluno.

O Projeto de Intervenção Pedagógica proposto visou favorecer este objetivo e

destinou-se diretamente ao processo de ensino-aprendizagem da Educação de

Jovens e Adultos (EJA), no Centro de Educação Básica para Jovens e Adultos

(CEEBJA) Prof.ª Amélia Madalena S. B. Vaz, situado na cidade de Castro-PR

contemplando alunos do período vespertino do ensino fundamental e médio,

principalmente da disciplina de História.

Uma das principais atividades econômicas do Brasil no período colonial foi a

mineração. Os bandeirantes paulistas foram os responsáveis pela descoberta das

primeiras minas de ouro na região de Minas Gerais, no final do século XVII, quando

houve uma verdadeira corrida às regiões mineradoras. Aquelas regiões que eram

desabitadas viram-se de repente tomadas por milhares de pessoas vindas de todos

os lugares à procura de ouro, num lugar onde não havia nada além de mato.

A corrida do ouro foi acompanhada de sérios problemas para a população que ia

se estabelecendo na região. Não havia lavouras, nem criação de animais, e as

distâncias muito grandes dificultavam o abastecimento das minas. Pagava-se alto

preço pelos poucos produtos existentes. Apesar da riqueza, muitos passaram fome.

Com o tempo, começou a se organizar o transporte de mercadorias de outras

regiões. Tudo o que os habitantes das minas precisavam vinha de fora da região.

Outro problema enfrentado pelos mineradores era com o transporte do ouro, pois

a distância entre a região das minas e o porto do Rio de Janeiro, local de onde o

ouro seguia para Portugal, era muito grande. Essa dificuldade aumentava ainda

mais com o relevo montanhoso da região, pois os cavalos não aguentavam transpor

esse caminho. No início, a solução encontrada foi usar os escravos como

carregadores.

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Mas isso prejudicava a mineração, porque os escravos eram necessários no

trabalho de extração do ouro. Passaram então a usar mulas no transporte, já que

esse animal é muito mais resistente do que o cavalo e consegue se locomover com

facilidade em regiões acidentadas.

Quem fornecia as mulas para a região das minas eram os criadores do sul da

colônia, da Capitania do Rio Grande. A necessidade de animais nas minas estimulou

a ampliação dos rebanhos, a ocupação de vastos campos no sul e o

desenvolvimento de um novo ciclo econômico: o Tropeirismo.

O tropeirismo teve uma grande importância histórica, pois foi responsável pelo

desenvolvimento e surgimento de povoações por onde passava, isto é pela

colonização da região Sul do Brasil, constituindo-se numa atividade econômica de

grande importância, promovendo, além disso, a integração nacional e a

diversificação cultural que até hoje se manifesta.

Os tropeiros seguiam do extremo sul com destino à Feira de Sorocaba, pela

Estrada Real ou Caminho do Viamão. Esse caminho encurtava distância, além de

ser o mais seguro e de fácil acesso. Ao longo dele surgiram pousos, que mais tarde

se transformavam em freguesias, vilas e cidades.

O tropeirismo foi responsável pelo surgimento do município de Castro, situado na

região dos Campos Gerais, no século XVIII, às margens do rio Iapó. Devido à

necessidade de parar a fim de descansar e de esperar que as águas do rio Iapó

abaixassem, foi surgindo um pouso que mais tarde se transformaria em cidade.

Castro surgiu às margens do histórico Caminho do Viamão. O tropeirismo influenciou

de maneira significativa no modo de vida, nos costumes e tradições da cidade.

Sabemos que a cultura de um povo encontra-se no seu passado, portanto é

necessário o resgate e a preservação dessa cultura, mas o que se percebe é que

uma boa parte da população castrense desconhece as suas origens. Há

necessidade do resgate da memória desse ciclo econômico e cultural, que foi um

dos mais importantes do Brasil, no sentido de valorizar a identidade, principalmente

dos alunos do CEEBJA Prof.ª Amélia, pois a história local é pouco conhecida.

Os tropeiros foram responsáveis pelo desenvolvimento econômico, político e

social de Castro e a herança deixada por eles é riquíssima e precisa ser conhecida

pelos alunos do CEEBJA Prof.ª Amélia, pois se percebe que muitos desconhecem a

história da sua cidade. E esse conteúdo não é contemplado nos cadernos utilizados

pela EJA, levando-os a não valorizar a história local. Isso faz com que o aluno não

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se sinta como sujeito da sua história, portanto como agente transformador da

sociedade em que vive; sendo apenas um mero espectador dos fatos. E para que

esse aluno torne-se sujeito da própria história, ativo, crítico é necessário o

conhecimento das suas origens.

2. O PROBLEMA

Dando início as atividades práticas propostas pelo Programa de

Desenvolvimento Educacional-PDE da Secretaria de Estado da Educação do

Paraná, o presente projeto de intervenção pedagógica na escola foi avaliado de

forma corporativa com os professores da rede pública do estado participantes do

GTR-Grupo de Trabalho em Rede. Esse programa oportuniza aos professores

participantes conhecer os principais recursos utilizados na plataforma moodle,

promovendo a discussão e aprofundamento de questões gerais referentes às

políticas educacionais, além de questões específicas voltadas para a área de

formação do professor GTR, com a apresentação de textos que fundamentaram

teórica e metodologicamente o projeto de intervenção na escola permitindo a

reflexão sobre as principais questões conceituais presentes no projeto,

possibilitando aos participantes do GTR discutir a validade e a pertinência da

proposta de material didático pedagógica para o contexto da escola pública.

A elaboração do material didático-pedagógico para utilização durante o processo

de implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola concretizou a

terceira fase do projeto.

Por conter textos com abordagem de tema especifico, foi optado pela confecção

do Caderno Temático com destino ao registro de textos e sugestões de atividades

para serem desenvolvidos na Proposta de Intervenção Pedagógica na Escola, como

parte integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da

Secretaria de Estado da Educação do Paraná, política de formação continuada e de

valorização dos professores da Rede Pública Estadual de Ensino do Paraná em

parceria com o Ensino Superior, tendo como objetivo melhorias na Educação.

Nesse contexto, o material didático se propôs a desenvolver um processo de

investigação sobre os elementos culturais do viver cotidiano dos tropeiros, que,

mesmo tendo passado por constantes transformações, ainda conservam elementos

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relacionados com os costumes e hábitos do cotidiano dos muitos municípios ligados

ao movimento do tropeirismo, abrindo, assim, possibilidades de reflexões e

aprofundamentos das questões propostas pelo tema.

Sua organização foi pautada sobre pressupostos teórico-metodológicos,

buscando contribuir com a implementação do projeto na escola, sendo que o mesmo

está articulado com os pressupostos metodológicos das Diretrizes Curriculares.

As Diretrizes Curriculares do Ensino de História (2008) enfatizam a

importância de uma metodologia que contribua para que os alunos possam se

apropriar dos fundamentos teóricos necessários para pensar historicamente. Este

processo pedagógico tem por objetivo desenvolver a consciência histórica.

Consideramos importante abordar o tropeirismo neste Caderno Temático,

pois observamos que os materiais didáticos para consulta, disponíveis para os

professores nas escolas, e para auxílio dos alunos em suas pesquisas, em grande

parte não enfocam a História Regional, especialmente a História do Paraná.

Quando apresentam-na, como é o caso do livro didático público, tratam o

assunto com superficialidade, não contemplando maiores discussões sobre

temáticas regionais, como é o caso do tropeirismo no Paraná.

De volta ao CEEBJA Prof.ª Amélia Madalena S. B. Vaz iniciamos a preparação

para aplicabilidade da implementação do projeto de intervenção pedagógico. A EJA

é uma modalidade de ensino que atende jovens e adultos que por vários motivos

não concluíram seus estudos no período normal. Portanto, a sistemática da EJA

permitiu que alunos do ensino fundamental e médio participassem da concretização

do projeto.

3. A PESQUISA

O Projeto foi desenvolvido em oito encontros compreendidos entre setembro e

outubro de 2010. O primeiro encontro que contou com a participação de 20 alunos,

do ensino fundamental e médio do período vespertino do CEEBJA Prof.ª Amélia teve

como ponto de partida a apresentação do cronograma do projeto, objetivos e demais

informações sobre as oficinas.

A identificação desses alunos pode ser observada a partir dos gráficos abaixo,

que foram construídos a partir do resultado do questionário elaborado para aferir a

herança cultural deixada pelos tropeiros.

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Gráfico 1 – Sexo

Gráfico 2 - Idade

O gráfico 1 demonstra que as mulheres são a maioria, e que estas já vem

de um processo de exclusão do ensino regular. Demonstrando assim, um interesse

maior de se inserir tanto no mercado de trabalho, bem como de resgatar o

conhecimento; já o gráfico 2 demonstra a variação de idades, situação característica

da EJA.

Num primeiro momento, trabalhou-se a parte teórica do tropeirismo, enfatizando

de uma forma geral: o que foi, período compreendido, caminhos usados e por onde

passavam, com destaque para a região dos Campos Gerais. Quem era o tropeiro,

Masculino

Feminino

0

5

10

15

Masculino

Feminino

0

2

4

6

18 27 29 30 32 35 38

Idade

Idade

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organização da tropa com denominação e função dos membros que compunham a

tropeada. Nesse encontro foi percebido o interesse dos alunos em conhecer e

discutir sobre a importância do tropeirismo para nossa cidade e sua contribuição na

vida cotidiana dos castrenses. Essa constatação ficou clara no gráfico 3 onde notou-

se, portanto, a necessidade de um trabalho mais profundo sobre o tropeirismo, pois

a maioria dos alunos disse conhecer pouco sobre o assunto.

Gráfico 3

Dando continuidade à atividade iniciou-se a exibição de uma série de

reportagens do Globo Rural sobre os Tropeiros, reunido em três DVDs, uma das

mais belas sagas da formação do nosso país. De Cruz Alta-RS a Sorocaba-SP, o

Globo Rural percorreu 1760 quilômetros em lombo de mulas. O DVD 1 trata das

origens do tropeirismo no Uruguai e na Argentina e da primeira parte da jornada -

Diário da Caminhada: I – As Mulas da Prata. II – As Águas da Partida.

Na segunda oficina sobre o tropeirismo, apresentou-se a complexa estrutura que

sustentava essa atividade. O trabalho de outros homens, que embora não fossem

participantes da tropa tinham nela uma participação indispensável. Ainda dentro do

assunto cotidiano na vida tropeira ressaltou-se a importância e organização do

pouso. Momento esse que gerou uma participação muito grande pelos alunos, pois

houve uma identificação dos mesmos com alguns dos costumes dos tropeiros,

principalmente na alimentação. Em seguida continuamos com a exibição do filme Os

Tropeiros: DVD 1 – Diário da Caminhada, III - Fazendo Amigos e IV – Causos e

Negócios.

Nada

Pouco

Muito

0

5

10

15

20

O que conheçe sobrehistoria de Castro

Nada

Pouco

Muito

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Na terceira oficina foram trabalhados expressões e provérbios típicos do

tropeirismo. A aceitação e participação dos estudantes foram muito positivas, pois

estes interagiram durante todo o tempo, seja perguntando ou comentando.

Encerrando a terceira oficina foi dada continuidade à exibição do DVD – Os tropeiros

2 que mostra a travessia por Santa Catarina e pelo trecho paranaense entre Rio

Negro, na fronteira dos dois estados, até a histórica cidade da Lapa.

No quarto encontro foi trabalhado a fundação da cidade de Castro a partir da

concessão da sesmaria em 1704 a Pedro Taques de Almeida. O surgimento do

pouso do Iapó nos arredores da Fazenda Capão Alto como primeiro núcleo de

povoamento da região. A elevação do pouso em Freguesia de Sant’Ana do Iapó, à

Vila Nova de Castro e finalmente à Cidade de Castro, destacando-se a importância

do tropeirismo, pois este foi o fator decisivo da criação do nosso município, sendo a

peça geradora de progresso e que esteve presente até o início do século.

Concluímos esse encontro com o último DVD dos tropeiros – A Jornada Final, que

traz reconstituições históricas, acontecimentos e curiosidades relativos ao

tropeirismo em Castro. Os alunos nesse momento demonstraram muito interesse e

atenção.

No quinto encontro realizamos a primeira visita prevista nas estratégias de

ação do projeto de intervenção pedagógica da escola. E esta aconteceu na Casa da

Praça, local onde foi realizada uma exposição em comemoração ao dia do tropeiro

que é no dia 5 de outubro. Na ocasião os alunos tiveram uma palestra sobre o

tropeirismo com a senhora Leia Cardoso Vilela, diretora do Museu do Tropeiro, pois

esse foi o fator decisivo da criação do município de Castro, portanto essa data é

lembrada e comemorada de maneira especial, devido à importância no contexto

histórico tanto de nossa cidade, como da região dos Campos Gerais. A exposição

retratou de maneira fiel uma tropeada, o que despertou nos alunos interesse e

satisfação, pois a interação aconteceu de maneira positiva durante todo o tempo da

visita, com muitas perguntas e comentários, conforme pode ser comprovado nos

depoimentos3:

“Para mim, particularmente, foi uma experiência nova e de muita importância... que nos fez viajar no tempo e resgatar lembranças”.

3 Depoimentos dados sobre visita a Casa da Praça, onde foi realizada exposição comemorativa ao Dia do

Tropeiro na cidade de Castro, em outubro de 2010.

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“Na Casa da Praça a exposição foi muito interessante. Aprendi várias coisas que nem imaginava que existiam.” “Para entender melhor o tropeirismo fomos aos lugares históricos. Eu vi os apetrechos que eles usavam fotos e mulas feitas com material reciclável. Também à reprodução de uma mangueira, local cercado onde os animais ficavam fechados.”

“E na Casa da Praça pudemos ver onde os tropeiros passaram, e assim notar a mudança dos caminhos dos tropeiros. Castro tem a marca do tropeirismo. O tropeiro foi muito importante para todos nós, cada castrense tem um pouco de tropeiro no sangue.”

Foto 1 Visita a exposição sobre o Dia do Tropeiro realizada na Casa da Praça.

Fonte: Acervo particular da autora.

Dando continuidade as atividades programadas no Projeto de Intervenção

Pedagógica na Escola realizou-se visita à fazenda Capão Alta. A propriedade e o

velho casarão guardam vestígios de um importante período socioeconômico e

consequentemente processo de povoamento do território paranaense. A fazenda

transformou-se num dos primeiros núcleos de povoamento, situado sobre a

estratégica rota dos tropeiros, sendo testemunha privilegiada da história.

Por ser remanescente do processo que determinou a ocupação do espaço,

propiciando o surgimento de núcleos de povoação, influenciando no modo de vida,

nos costumes e tradições da população que ai se estabelecia, faz-se necessário o

conhecimento para resgatar e preservar a memória da história local.

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A participação dos alunos foi excelente, com demonstração de interesse

através dos muitos questionamentos e dos depoimentos feitos4:

“O passeio na Fazenda Capão Alto foi de extrema importância, pois tive a chance de conhecer um lugar histórico que nunca tinha me interessado. Ver e saber coisas do passado são emocionantes.”

“Na Fazenda Capão Alto cheguei a imaginar os tropeiros descansando à noite ao redor do casarão e até vi as mulas pastando naquela imensidão de grama.”

“Na Fazenda Capão Alto nos deslumbramos com as histórias que o caseiro, e que também é responsável pela conservação do lugar, nos contou.”

“Quanto à fazenda Capão Alto, adorei o lugar os campos, a casa antiga é bem conservada.”

“Como vimos a fazenda Capão Alto, em poucas palavras é extraordinária por retratar os acontecimentos dos tempos dos tropeiros. Espero que a fazenda continue assim para que no futuro nossos filhos e netos tenham o prazer de desfrutar de tudo isso.”

Foto 2 Visita a Fazenda Capão Alto – Castro PR Fonte: Acervo particular da autora.

4 Depoimentos realizados durante visita a Fazenda do Capão Alto, na cidade de Castro, em outubro de 2010.

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Fechando a apresentação de filmes sobre o tropeirismo, foi exibido o

documentário Tropeiro @lma sem fronteira, que fechou com chave de ouro essa

atividade. A interação foi positiva, pois o filme despertou interesse nos partícipes,

demonstrando satisfação em participar de todas as atividades. Para concretizar a

participação dos alunos no foi pedida a elaboração de um texto contendo os pontos

positivos e negativos da implementação.

Encerrando o Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola foi distribuído aos

alunos um questionário de avaliação do projeto. Em seguida realizamos a visita ao

Museu do Tropeiro, o qual possui um acervo único sobre os tropeiros e que é

referência no Brasil sobre o tropeirismo, e à Casa de Sinhara que reconstitui uma

antiga casa de tropeiro com atenção especial ao universo feminino. A importância

dessa atividade está na concretização da teoria, pois os acervos tanto do museu

quanto da Casa de Sinhara levam o aluno a viajar no tempo, motivando-o a perceber

o valor de se conhecer e conservar objetos usados por nossos antepassados. Isso

ficou claro nos depoimentos5:

“Sobre à Casa de Sinhara gostei muito. Adorei conhecer porque moro em Castro há quase dez anos e não conhecia. Foi muito bom ter a oportunidade de conhecer.” “No Museu, mostravam-se objetos da época, muito interessantes que despertam a curiosidade.” “A Casa de Sinhara é muito bonita, tem várias coisas interessantes que hoje em dia não existem mais como, por exemplo, moveis reforçados.” “No museu do Tropeiro quando a gente vê aquelas antiguidades, emociona muito saber que agora são só histórias de um passado rico.”

5 Depoimentos realizados a visita ao Museu do Tropeiro e Casa da Sinhara em Castro,outubro de 2010.

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Foto 3 Visita ao Museu do Tropeiro Fonte: Acervo particular da autora

Foto 4 Visita a Casa de Sinhara

Fonte: Acervo particular da autora

A presente pesquisa foi aplicada, com vinte alunos participantes da

implementação do projeto na escola, visto que era necessário verificar qual foi o

resultado da atividade realizada, pois o que se percebia empiricamente no CEEBJA

Prof.ª Amélia Madalena S. B. Vaz é que os alunos têm pouco conhecimento das

origens de sua história e, portanto, não valorizam a história do município de Castro.

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Gráfico 4

Gráfico 5

Sim

Não

0

5

10

15

20

Sim

Não

Sim

Não

0

5

10

15

20

Voce sabe o que é Tropeirismo?

Sim

Não

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Gráfico 6

Analisando o gráfico 4 e 5 nota-se claramente que o tropeirismo não é um

assunto totalmente desconhecido pelos alunos do CEEBJA. Já no gráfico 6 o qual

questiona onde ouviram falar em Tropeirismo, 19 alunos responderam que ouviram

falar do tropeirismo nos bancos escolares. Percebe-se aí que a escola ainda é a

difusora desse conhecimento, portanto deve contemplar ações pedagógicas

específicas que levem o educando a compreender melhor o tropeirismo. Apenas 3

alunos tiveram essa informação por outros meios e 2 alunos ouviram falar de

tropeirismo em locais diferentes, como em livros que contam a história de Castro e

panfletos da Secretaria de Turismo de Castro.

0

5

10

15

20

em casana escola

na televisãooutros

Onde ouviu falar em Tropeirismo?

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Gráfico 7 Você conhece ou ouviu falar de alguém que trabalhou com tropas?

Analisando o gráfico 7, se o aluno conhece ou ouviu falar de alguém

que trabalhou com tropas, percebe-se que existe uma unanimidade do não

conhecimento de pessoas envolvidas com o tropeirismo. Isso se explica pela

distância do tempo entre idade dos alunos participantes do projeto e fim do

tropeirismo.

Já o gráfico 8 mostra o conhecimento dos elementos deixados pelos

tropeiros (panelas, baú, roupas, máquina de costura, o moedor de carne, palas,

arreios, cestos, algumas vestimentas, cincerro, feijão tropeiro, farinha, torresmo,

charque) como herança, é comum. Como a história de vida é levantada a partir da

observação do acervo dos museus visitados, demonstrando a relação do passado

com presente feito pelo aluno como característica do conhecimento histórico, ficando

isso visível em alguns depoimentos feitos pelos alunos:

“Eu tive o privilégio de ter contato com coisas, tralhas e comidas típicas como a dos tropeiros quando criança na casa de meus avós, mas tudo acabou.”

“Comecei a lembrar do meu avô, do sítio onde ele morava, me fez recordar de muita coisa que eu tinha contato e não me significava nada. Então um dia comecei contar ao meu pai e começou a ficar mais interessante, porque naquele momento, eu fazia parte daquela geração. Meu avô tinha tudo aquilo no sítio, mas eu não sabia que

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

Não

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fazia parte de um passado que era tão distante, mas ao mesmo tempo tão real porque meu pai é neto de um tropeiro, e só agora fiquei sabendo.” Dos elementos usados pelos tropeiros e deixados como herança, você conhece alguma coisa?

Gráfico 8

Entende-se que a consciência histórica seja uma condição da existência

do pensamento humano, pois sob essa perspectiva os sujeitos se constituem a partir

de suas relações sociais, em qualquer período e local do processo histórico, ou seja,

a consciência histórica é inerente à condição humana em sua diversidade. Em

outras palavras, as experiências históricas dos sujeitos se expressam em suas

consciências (THOMPSON, 1978).

não

sim

0

5

10

15

20

não

sim

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Gráfico 9

O despertar da consciência histórica dos alunos participantes do projeto

aparece na análise do gráfico 9, da importância de se conhecer e preservar a

história de pessoas comuns como os tropeiros, e se complementa com algumas

justificativas dadas por eles:

“Pela importância social e cultural”.

“Porque eles tiveram grande importância na cultura e no transporte de alimentos

para as cidades”.

“Para novas gerações ficarem sabendo também”.

“Cada município tem de ter uma História, porque se não preservar isso não haverá

uma história para contar, é uma cidade fantasma”.

“Porque são essas histórias que um dia vamos contar para nossos filhos e netos e

porque graças a eles (os tropeiros) existe a nossa cidade de Castro”.

“Por serem pessoas que foram importantes para a nossa história e até mesmo da

nossa família, não devem ser esquecidas”.

Não

Sim

0

5

10

15

20

Você acha importante conhecer epreservar a história de vida de pessoas

comuns como os tropeiros?

Não

Sim

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19

“É importante para a cidade, é sempre bom saber das nossas origens, assim

podemos passar para os filhos as histórias”.

Sobre a importância da história local na construção da identidade dos alunos,

Circe Bittencourt faz uma reflexão, ressaltando que:

A história local tem sido indicada como necessária para o ensino por possibilitar a compreensão do aluno, identificando o passado sempre presente no vários espaços de convivência – escola, casa, comunidades, trabalho e lazer, e igualmente por situar os problemas significativos da história do presente. (BITTENCOURT, 2004)

Aprender História nesta perspectiva contribui para que o ensino dessa

disciplina se configure em habilidade, para o indivíduo se orientar na vida e formar

uma identidade histórica coerente e segura. Isso ficou claro nas respostas e nos

depoimentos observados no gráfico 10 quando questionados sobre a importância do

projeto em despertar o interesse de conhecer melhor a história da sua cidade.

Gráfico 10

Não

Sim

0

5

10

15

20

O projeto sobre o Tropeirismo contribuiupara despertar em você o interesse pela

história da cidade de Castro?

Não

Sim

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20

“Foi muito bom, tinha coisas que eu não sabia, de quando e como começou e que a

cidade de Castro existe pela passagem dos tropeiros”.

“Quanto mais a gente conhece e vai descobrindo coisas mais empolgadas ficamos

em saber mais”.

“Para obter mais informações sobre a grande importância dos tropeiros em nosso

município e em nosso Estado”.

“Não aprendemos sobre onde moramos, e quando ficamos sabendo torna-se mais

fácil”.

“Conheci um pouco mais da cidade onde nasci”.

“Esse projeto serviu para aumentar o pouco conhecimento que eu tinha e como

uma lição de vida”.

“Graças ao projeto conheci coisas e lugares muito importantes que eu não

conhecia e não sabia”.

“Antes desse projeto eu não sabia quase nada, o quanto Castro tem uma história

bonita”.

Em poucas palavras, os alunos participantes do projeto sobre o

tropeirismo deram a sua opinião sobre o mesmo, não esquecendo os pontos

positivos e negativos do mesmo.

“Resgatou a história do tropeirismo e a importância para a nossa cidade, passando

a preservar conhecimento”.

“Foi interessante conhecer a nossa história, o papel do tropeirismo na nossa cidade,

valorizando a cultura e as tradições deixadas pelos tropeiros”.

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“O pouco que eu entendia deu espaço ao entendimento maior, com esse projeto o

tropeirismo nunca vai ser esquecido”.

“Gostei por ser uma forma de aprender mais sobre a história dos tropeiros, da

nossa cidade”.

O único ponto negativo foi com relação à duração do projeto: “Não gostei por

ser tão pouco tempo”.

4.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Participar do Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria do

Estado do Paraná – PDE/PR foi uma oportunidade ímpar, por possibilitar repensar a

prática pedagógica, numa educação com mais qualidade. O estudo da história local

propiciou ao nosso aluno a valorização da historicidade de sua comunidade e,

portanto, de sua própria história. Jörn Rüsen (2007), afirma que os sujeitos têm que

se orientar historicamente e têm que formar sua identidade para viver melhor para

poder agir intencionalmente.

Foram muitos os desafios para trabalhar com a história local, pois os

educandos da EJA trazem consigo um legado cultural – conhecimentos construídos

a partir do senso comum e um saber popular, não científico, que é constituído no

cotidiano, em suas relações com o outro e com o meio – os quais devem ser

considerados nas práticas educativas. Portanto, o trabalho dos educadores da EJA é

buscar permanentemente o conhecimento que dialogue, respectivamente, com o

singular e o universal, o mediato e o imediato, de forma dinâmica e histórica.

Para que a escola possa reorganizar o conhecimento originário na cultura

vivida, e dar significado ao conhecimento escolar, o ponto de partida deve ser a

experiência dos sujeitos envolvidos. Segundo Freire (1996, p. 38) a educação

emancipatória valoriza o “saber de experiência feito”, o saber popular, e parte dele

para a construção de um saber que ajude homens e mulheres na formação de sua

consciência política.

Nessa perspectiva é que surge a importância do Projeto de Intervenção

Pedagógica contribuindo para que os alunos se apercebam também como sujeitos

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de um processo construído dentro de um contexto histórico sobre o tropeirismo, que

ultrapassa os limites do tempo e se fazem presentes na realidade vivida em seu

cotidiano, em seus diversos aspectos, resgatando os valores culturais que

identificam um povo.

Os resultados positivos observados durante o decorrer das atividades de

implementação do projeto PDE na Escola ficaram claros nos depoimentos dos

alunos participantes:

“Foi bom fazer parte desse projeto interessante, numa era em que estudamos

história de outros lugares e deixamos de lado a nossa história”.

“Adorei este projeto. Espero que ele se repita mais vezes para que outras pessoas

possam aprender mais sobre o nosso município”.

“Este projeto foi uma inovação. Pudemos ver o passado e a importância para nossa

cidade dos tropeiros e ter uma noção do que eles passavam para chegar onde eles

queriam”.

“A viagem do tropeiro acabava em Sorocaba, mas a história do tropeiro não vai

acabar nunca”.

“Foi muito gratificante ter participado desse projeto dos tropeiros. Eu pude viajar no

tempo e desfrutar sobre a vida dos tropeiros e conhecer sobre a verdadeira história

de minha cidade. Da minha amada cidade de Castro. Muito obrigada, professora,

por essa oportunidade”.

“Foi muito importante, em minha opinião, pois tivemos a chance de reviver coisas

que só nossos pais e avós viveram...”.

“Através desse projeto, sobre o tropeirismo, eu adquiri mais conhecimento sobre a

história dos tropeiros que foram homens muito corajosos, trabalhadores, amigos e

inteligentes. Obrigada por essa oportunidade de termos mais conhecimento sobre a

nossa origem e de nossa cidade, como ela começou e o valor que os tropeiros

tiveram para o nosso município”.

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“Participar desse projeto serviu para enriquecer meus conhecimentos e saber que

nossos antepassados são os verdadeiros fundadores da cidade onde nasci e vivo

até hoje”.

“E é com muito orgulho que agradeço a todos os alunos que participaram desse

projeto, especialmente à professora que se dedicou com muito esforço e empenho

para que tivéssemos essa viagem ao passado”.

Podemos afirmar que para preservar os costumes e as tradições de uma

cidade torna-se necessário conhecer as suas origens, para que ela não se perca

com os passar dos anos. Portanto, o objetivo deste trabalho foi alcançado, pois

objetivou propiciar um maior conhecimento e sensibilização acerca da memória e

história local relacionado com a ocupação e desenvolvimento da região Meridional

do Brasil, mais particularmente com a região dos Campos Gerais, e surgimento da

cidade de Castro onde a ação dos tropeiros foi imensa.

5. REFERÊNCIAS

ALMA sem fronteiras. Direção: Homero Camargo. Produção: Sandro Alves e Zinho

de Oliveira. Ponta Grossa: 01 filme; 1 DVD. Son. color.

ALMEIDA, Aluísio de. Vida e Morte de Tropeiro. São Paulo: Editora Martins, 1971.

ALVES, Silvestre. Cancioneiro da Rota. Manaus. Áudio Digital Curitiba, 2009. 1 CD

ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS DO MUSEU DO TROPEIRO. Tropeirismo. Castro.

Encarte. 2008.

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes (Org.). O saber histórico na sala de aula.

11. ed. São Paulo: Contexto, 2006.

BORBA, Oney B. Os Iaponenses. Curitiba: Litero-Técnica, 1986.

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BUENO, Fidelis. Geografia Tropeira: subsídios ao estudo do tropeirismo. Castro:

Ed. do autor, 2008. P.19-23.

CASCUDO, Luis da Câmara. História da Alimentação no Brasil. 3. ed. São Paulo:

Global, 2004, 954 p.

DINIZ, João Maria F. A Medicina Tropeira nas Paragens do Iapó. Castro: 2007.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática

educativa. 30. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2004.

GOULART. José Alípio. Tropas e Tropeiros na Formação do Brasil. Rio de

Janeiro: Conquista. 1961.

NETTO, Luiz Romaguera. Erro Histórico e outros ensaios. (artigo Batendo as

bruacas – Código do Tropeiro).

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica.

Diretrizes da Educação Básica História. Curitiba: SEED, 2008.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Cultura e do Esporte. Fazenda Capão Alto.

Curitiba: SECE, 1985. (Cadernos do Patrimônio. Serie Estudos, 1).

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares – Da

Educação de Jovens e Adultos no Estado do Paraná – Versão Preliminar –

Janeiro 2005.

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de História

para a Educação Básica. Curitiba: 2006.

PARANÁ. Secretaria de Estado e Cultura. Coordenadoria do Patrimônio Cultural.

Tropeirismo: um modo de vida. Curitiba: 1989, 99p.

PARANÁ. Secretaria de Estado do Turismo (Org.) Rota dos tropeiros: emoção, fé

e aventura. Curitiba: (s.d.), 04p.

RÜSEN, Jörn. História Viva: Formas e funções do conhecimento histórico.

(Tradução Estevão de Rezende Martins) Brasília: Ed. UNB.

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SAINT- HILAIRE, Auguste de. Viagem a Curitiba e Província de Santa Catarina.

São Paulo: Itatiaia, 1978.

SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem pela Comarca de Curitiba. Curitiba:

Fundação Cultural, 1995.

SHIMIDT, Maria Auxiliadora. M.S, História do cotidiano paranaense. Curitiba:

Letrativa, 1996. 128 p.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo:

Scipione, 2004. (Pensamento e ação no magistério).

STRAFORINI, Rafael. No Caminho das Tropas. Sorocaba, São Paulo: TCM, 1961.

TRINDADE, Jaelson Bitran. Tropeiros. São Paulo: Editoração Publicações e

Comunicações Ltda., 1992, 160 p.

TROPEIROS, somos no caminho andamos. Direção: Josélia Maria Loyola de

Oliveira. Ponta Grossa: 1 documentário; 1 DVD, 18 min. Son. Color. 1994.

WACHOWICZ, Ruy C. História do Paraná. Curitiba: Ed. Gráfica Vicentina Ltda.

1995.

6.ANEXO

QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO

PEDAGÓGICA NA ESCOLA PDE – 2009

DISCIPLINA – HISTÓRIA

TEMA - TROPEIRISMO

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1. IDENTIFICAÇÃO:

Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

2. IDADE:_______________

3. Sobre a história do município de Castro você conhece:

( ) nada

( ) pouco

( ) muito

4. Já ouviu falar em TROPEIRISMO?

( ) Sim ( ) Não

5. Você sabe o que é TROPEIRISMO?

( ) Sim ( ) Não

6. Se a sua resposta foi sim: onde você ouviu falar em tropeirismo?

( ) em casa

( ) na escola

( ) na televisão

( ) outros.____________________________________

7. Você conhece ou ouviu falar de alguém que trabalhou com tropas?

( ) Sim ( ) Não

8. Quem?__________________________________________________________

9. Que função desempenhou como tropeiro?________________________________

10. Quando?_________________________________________________________

11. Dos elementos usados pelos tropeiros (objetos, alimentação, vocabulário e

vestuário) deixados como herança, você conhece alguma coisa?

( ) Sim ( ) Não

12. O quê? __________________________________________________________

13. Você acha importante conhecer e preservar a história de vida de pessoas

comuns como os tropeiros?

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( ) Sim ( ) Não

14. Por quê? _______________________________________________________

___________________________________________________________________

15. O projeto sobre o Tropeirismo contribuiu para despertar em você o interesse pela

história da cidade de Castro?

( ) Sim ( ) Não

16. Por quê?_________________________________________________________

17. Em poucas palavras, dê sua opinião sobre o projeto TROPEIRISMO, não

esquecendo os pontos positivos e negativos do mesmo.

__________________________________________________________________