da aplicaÇÃo das penas

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  • 7/28/2019 DA APLICAO DAS PENAS

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    DIREITO PENAL CURSO COMPLEMENTAR P/ ICMS-SPCURSOS ON-LINE PROFESSOR JULIO MARQUETI

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    8.2. DA APLICAO DAS PENAS.

    Agora vamos tratar das regras gerais para aplicao das penas. Nas linhasanteriores j falamos da aplicao das penas de multa e restritivas de direitos(itens 8.1.3.1 e 8.1.2.6).

    Agora, portanto, dispensaremos ateno especial s regras direcionadas aplicao da pena privativa de liberdade.

    As penas privativas de liberdade so aquelas que levam ao encarceramento doindivduo e podem ser de recluso, deteno e, no caso das contravenespenais, de priso simples.

    Dispensaremos, aqui, ateno especial letra da lei. Portanto, a todo omomento estaremos nos remetendo literalidade da lei.

    Nosso tema ser, ento, o procedimento que o juiz dever adotar quando daaplicao da pena privativa de liberdade.

    8.2.1 DO SISTEMA TRIFSICO.

    De forma ntida foi pelo legislador adota o sistema trifsico para aplicao dapena. o que notamos quando da leitura do disposto no artigo 68 do CP.

    Observe:

    Clculo da penaArt. 68 - A pena-base ser fixada atendendo-se ao critriodo art. 59 deste Cdigo; em seguida sero consideradasas circunstncias atenuantes e agravantes; por ltimo, ascausas de diminuio e de aumento.

    Sem, por enquanto, tratarmos dos conceitos, j notamos que dever o juiz fixara pena base, posteriormente considerar as circunstncias atenuantes e

    agravantes e, ao final, dispensar ateno s causas de diminuio e deaumento de pena.

    O legislador, ento, impe ao julgador um caminho a ser seguido para aaplicao da pena. Trataremos, ento, de forma clara e objetiva desse caminhoa ser trilhado pelo magistrado quando da aplicao da penal.

    Pena base (artigo 59 do CP)

    O clculo da pena Circunstncias atenuantes e agravantes

    Causas de diminuio e aumento de pena.

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    8.2.1.1. DA PENA BASE E DAS CIRCUNSTANCIAS JUDICIAIS.

    Diz-se pena base, aquela que servir de base de clculo inicial na operao queo magistrado dever realizar para estabelecer a pena a ser, ao final, aplicada aoagente. Para tanto, se valer das circunstncias judiciais mencionadas no artigo59 do CP, cuja literalidade segue abaixo.

    Fixao da penaArt. 59 - O juiz, atendendo culpabilidade, aosantecedentes, conduta social, personalidade doagente, aos motivos, s circunstncias e conseqncias docrime, bem como ao comportamento da vtima,estabelecer, conforme seja necessrio e suficiente parareprovao e preveno do crime:I - as penas aplicveis dentre as cominadas;II - a quantidade de pena aplicvel, dentro dos limitesprevistos;III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de

    liberdade;IV - a substituio da pena privativa da liberdade aplicada,por outra espcie de pena, se cabvel.

    Assim, o magistrado dever observar qual o crime cometido pelo agente, parada estabelecer, primeiro, qual das penas, dentre as cominadas, ser aplicada e,aps, o quantum da pena a ser aplicada.

    Pena cominada aquela que vem no preceito sancionador do tipo penal. No

    crime de furto, por exemplo, a pena cominada de 1 a 4 anos de recluso +multa.

    Caber ao magistrado, dentro desse mnimo e mximo, estabelecer a pena base.

    Dever, ento, se valer dos critrios estabelecidos no artigo 59 do CP para fixara pena base.

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    Pensemos que no crime de furto simples (artigo 155 do CP)1, diante dascircunstncias judiciais, o magistrado tenha entendido que a pena de 02 anos derecluso + multa suficiente para a preveno e reprovao do crime.

    No podemos nos esquecer que sempre se levar em conta a pena cominada aocrime para, da, diante das circunstncias judiciais, estabelecer-se a pena base.

    Se o crime qualificado (furto qualificado, por exemplo), dever o juiz levarem conta a pena cominada ao furto qualificado.

    o que ocorre quando o furto praticado mediante rompimento de obstculo ouescalada (artigo 155, pargrafo 4, inciso I, do CP)2 onde a pena cominada,diante da qualificadora, de 02 a 08 anos de recluso + multa.

    Sobre a pena escolhida (02 anos de recluso + multa) incidir a prxima fase,isto , caber ao magistrado aferir sobre as circunstncias atenuantes eagravantes.

    Se, todavia, o crime privilegiado, dever o magistrado, para estabelecer apena base, dispensar ateno pena cominada ao crime privilegiado. Observe o

    1FurtoArt. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia mvel:Pena - recluso, de um a quatro anos, e multa.

    2Furto qualificado 4 - A pena de recluso de dois a oito anos, e multa, se o crime cometido:I - com destruio ou rompimento de obstculo subtrao da coisa;

    1- Culpabilidade do agente.2- os antecedentes do agente.3- a conduta social do agente.4- a personalidade do agente5- os motivos, as circunstncias e

    conseqncias do crime6- bem como ao comportamento da

    vtima.

    CIRCUNSTANCIAS JUDICIAISARTIGO 59 DO CP.

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    crime de furto privilegiado (artigo 155, pargrafo 2, do CP)3. Aqui, caber aomagistrado, diante das circunstncias judiciais (artigo 59 do CP) escolher a pena

    dentre as cominadas e, escolhendo-a, estabelecer o seu quantum.

    8.2.1.2. DAS CIRCUNSTANCIAS AGRAVANTE E ATENUANTES.

    Estabelecida a pena base, caber ao magistrado, agora, aferir a incidncia decircunstncias agravantes e atenuantes. No devemos deixar de lembrar quecircunstncias so elementos que circundam o fato tpico. No so necessriaspara a existncia do ilcito.

    Eventualmente, tais circunstncias so consideradas como elementares doscrimes ou como circunstncia que os qualificam ou, ainda, como circunstnciasque o torna privilegiado. o que ocorre nos exemplos de furto qualificado eprivilegiado.

    Sero, todavia, consideradas atenuantes ou agravantes as circunstncias queno so elementares dos crimes e que tambm no so circunstncias que ostornem qualificados ou privilegiados.

    As circunstncias agravantes esto previstas nos artigos 61 e 62 do CP. Apena base ser agravada (aumentada) quando presentes quaisquer das

    circunstncias mencionadas no referido dispositivo, cuja literalidade segue.

    Circunstncias agravantesArt. 61 - So circunstncias que sempre agravam a pena,quando no constituem ou qualificam o crime:I - a reincidncia;II - ter o agente cometido o crime:a) por motivo ftil ou torpe;b) para facilitar ou assegurar a execuo, a ocultao, aimpunidade ou vantagem de outro crime;c) traio, de emboscada, ou mediante dissimulao, ououtro recurso que dificultou ou tornou impossvel a defesado ofendido;d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ououtro meio insidioso ou cruel, ou de que podia resultarperigo comum;e) contra ascendente, descendente, irmo ou cnjuge;

    3 2 - Se o criminoso primrio, e de pequeno valor a coisa furtada, o juizpode substituir a pena de recluso pela de deteno, diminu-la de um a dois

    teros, ou aplicar somente a pena de multa.

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    f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se derelaes domsticas, de coabitao ou de hospitalidade;

    g) com abuso de poder ou violao de dever inerente acargo, ofcio, ministrio ou profisso;h) contra criana, maior de 60 (sessenta) anos, enfermoou mulher grvida;i) quando o ofendido estava sob a imediata proteo daautoridade;j) em ocasio de incndio, naufrgio, inundao ouqualquer calamidade pblica, ou de desgraa particular doofendido;l) em estado de embriaguez preordenada.

    O aumento da pena base, diante da incidncia de circunstncia agravante, nopoder levar fixao de uma pena superior quela cominada ao crime.

    No caso do furto, por exemplo, a pena cominada de 1 a 4 anos de recluso +multa. Fixada a pena base de 02 anos, no poder o magistrado diante dascircunstncias agravantes, estabelecer pena que exceda a 04 anos.

    Ento, quando desfavorveis as circunstncias judiciais (artigo 59 do CP),oportunidade em que a pena base fixa j no mximo, ser irrelevante a

    existncia de qualquer agravante, pois no poder a pena ser agravada, j quefixada em seu patamar mximo.

    Ateno: Observe que algumas circunstncias mencionadas no artigo 61 do CPso elementares ou circunstncias que qualificam certos crimes. o caso docrime cometido contra mulher grvida. A condio de grvida elementar docrime de aborto (artigos 124, 125 e 126 do CP) e, portanto, no pode nele serconsiderada como agravante. o que ocorre com os motivos ftil ou torpe nocrime de homicdio (artigo 121, pargrafo 2, I e II, do CP).

    A reincidncia, primeira circunstncia agravante, est legalmente definida noartigo 63 do CP4. De acordo com a definio do CP, considera-se reincidenteaquele que comete novo crime quando j condenado definitivamente (sentenacondenatria transitada em julgado) por outro crime.

    4ReincidnciaArt. 63 - Verifica-se a reincidncia quando o agente comete novo crime, depoisde transitar em julgado a sentena que, no Pas ou no estrangeiro, o tenha

    condenado por crime anterior.

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    Ento, se o agente comete novo crime j tendo sido condenado definitivamentepor outro crime, reincidente e, com isso, ao aplicar-se a pena do novo crime

    ela ser agravada pela reincidncia.

    A condenao anterior no gerar a reincidncia quando do cumprimento dapena at o novo crime medear tempo superior a 5 anos. Diz-se, aqui, que houveprescrio da reincidncia (artigo 64, inciso I, do CP).

    No so, ademais, considerados para efeito de reincidncia os crimes polticos oumilitares (artigo 64, II, do CP).

    Dispensaremos, agora, a algumas circunstncias agravantes que necessitam serconceituadas para que sejam compreendidas.

    O motivo ftil aquele de nenhuma ou nfima importncia. o que ocorrequando mato algum porque levou o meu time de futebol derrota.

    Torpe o motivo vil, repugnante. Ocorre quando algum comete o crime porganncia extraordinria, por inveja etc...

    A embriaguez preordenada aquela em que o indivduo se coloca em estadode embriaguez com o objetivo de, embriagado, praticar o crime.

    No caso de concurso de agentes (artigo 29 do CP), a pena ser agravada quandopresente qualquer das circunstncias mencionadas no artigo 62 do CP, cujaliteralidade segue abaixo.

    Agravantes no caso de concurso de pessoasArt. 62 - A pena ser ainda agravada em relao aoagente que:I - promove, ou organiza a cooperao no crime ou dirigea atividade dos demais agentes;II - coage ou induz outrem execuo material do crime;

    III - instiga ou determina a cometer o crime algumsujeito sua autoridade ou no-punvel em virtude decondio ou qualidade pessoal;IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga oupromessa de recompensa.

    O artigo 62 do CP arrola hipteses de agravao de pena quando h concurso deagentes. No sero aplicadas quando so elementares ou circunstncias quequalificam o crime.

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    No crime de homicdio, por exemplo, h qualificadora quando o crime cometidomediante paga ou promessa de recompensa (artigo 121, inciso I, do CP). Assim,

    no se permite a agravante do artigo 62, inciso IV, do CP.

    DICA IMPORTANTE: No podemos nos esquecer que a agravao da pena nopode levar a uma pena que exceda o limite mximo cominado.

    As circunstncias atenuantes esto arroladas nos artigos 65 e 66 do CP.Abaixo segue a literalidade do primeiro.

    Circunstncias atenuantes

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    Art. 65 - So circunstncias que sempre atenuam a pena:I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data dofato, ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentena;II - o desconhecimento da lei;III - ter o agente:a) cometido o crime por motivo de relevante valor socialou moral;b) procurado, por sua espontnea vontade e comeficincia, logo aps o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe asconseqncias, ou ter, antes do julgamento, reparado o

    dano;c) cometido o crime sob coao a que podia resistir, ou emcumprimento de ordem de autoridade superior, ou sob ainfluncia de violenta emoo, provocada por ato injustoda vtima;d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, aautoria do crime;e) cometido o crime sob a influncia de multido emtumulto, se no o provocou.

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    MPDF 2003.So circunstncias que sempre atenuam a pena

    A o desconhecimento da lei e ter o agente cometido o crime em legtima defesa.B o desconhecimento da lei e ser o agente menor de 21 (vinte e um) anos nadata do fato.C o desconhecimento da lei e ser o agente menor de 21 (vinte e um) anos nadata da denncia.D o desconhecimento da lei e ser o agente menor de 21 (vinte e um) anos nadata da sentena.E ser o agente menor de 21 (vinte e um) anos na data da sentena e maior de70 (setenta) anos na data do fato. Gabarito oficial : B

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    A idade do agente poder caracterizar hiptese de atenuao. Assim, se oagente era ao tempo do fato (atividade) menor de 21 anos de idade, sua penaser atenuada. O mesmo ocorre quando, na data da sentena, for maior de 70anos (artigo 65, inciso I, do CP).

    O desconhecimento da lei no escusar o agente de sua responsabilidade penal.Portanto, alegar o desconhecimento da lei no gera impunidade. Todavia, poderdar causa a atenuao da pena. o que ocorre no caso do artigo 65, inciso II,do CP.

    Quando o agente comete o crime mediante relevante valor social, h aatenuao da pena. Para tanto, leva-se em conta interesse coletivo. o casodaquele que pratica crime de violao de domicilio contra traidor da ptria.

    Atuando mediante relevante valor moral tambm h a atenuao da pena. Noentanto, aqui, o interesse relevante de cunho pessoal, mas no menosimperioso. o que ocorre com aquele que pratica crime para saciar a fome deum pobre mendigo ou que mata para terminar com o sofrimento alheio.

    No artigo 66 do CP esto as atenuantes inominadas. Ali, o legislador permiteao julgado que, diante do caso concreto, possa atenuar a pena quando presente

    circunstncia relevante, no arrolada no artigo 65 do CP. Portanto, diante decircunstncias, anteriores ou posteriores ao fato, que entenda relevante, podero juiz atenuar a pena.

    ATENO: As atenuantes no podem jamais levar uma pena abaixo do mnimolegal. Assim, se as circunstncias judiciais (artigo 59 do CP) so extremamentefavorveis ao agente, fazendo com que a pena base seja aplicada no mnimo,eventuais circunstncias atenuantes no permitiro a atenuao da pena, pois oquantum final ficaria abaixo do mnimo cominado.

    8.2.1.2.1. DO CONCURSO DE ATENUANTES E AGRAVANTES.De acordo com o que dispe o artigo 67 do CP, havendo simultaneidade(concurso) de circunstncias atenuantes e agravantes, o juiz deve aplicar a penade modo que ela se aproxime do limite indicado pelas circunstnciaspreponderantes.

    So, de acordo com a lei, circunstncias preponderantes aquelas relativas aomotivo determinante do crime, personalidade do agente e a reincidncia.

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    Portanto, se o crime foi praticado por meio do emprego de veneno (agravante),mas o agente o fez mediante relevante valor social ou moral. Este, que o

    motivo determinante do crime, prepondera sobre a agravante.

    Quando, apesar da confisso espontnea (atenuante), o agente praticou o crimepor mediante paga ou promessa de pagamento (agravante). A agravanteprepondera, j que constitui motivo determinante do crime.

    A reincidncia (artigo 63 do CP) prepondera sobre as atenuantes. Quando,todavia, concorrerem circunstncias tidas preponderantes. Necessria acompensao.

    Observe a hiptese do reincidente praticar crime mediante relevante valor moralou social. Ambas so circunstncias tidas preponderantes. Aqui, impe-se acompensao. Portanto, uma no se sobrepor outra.

    Observe, abaixo, a letra da lei.

    Concurso de circunstncias agravantes e atenuantesArt. 67 - No concurso de agravantes e atenuantes, a penadeve aproximar-se do limite indicado pelas circunstnciaspreponderantes, entendendo-se como tais as que resultamdos motivos determinantes do crime, da personalidade do

    agente e da reincidncia.

    Estabelecida a pena base e realizada a aplicao das causas agravantes eatenuantes, deve o juiz agora passar prxima fase. Portanto, dever, diante doquantum at agora estabelecido, fazer incidir as causas de aumento e dediminuio de pena.

    DICA IMPORTANTE: Observe que o legislador quando trata das circunstnciasatenuantes e agravantes no estabelece o quantum da atenuao ou daagravao. Caber ao juiz estabelec-lo.

    8.2.1.3. DAS CAUSAS DE AUMENTO E DE DIMINUIO DE PENA.

    As causas de aumento e de diminuio de pena esto previstas tanto na partegeral, como na parte especial do Cdigo Penal.

    O arrependimento posterior previsto no artigo 16 do CP causa obrigatria dediminuio de pena. Tambm o a tentativa (artigo 14, II, do CP).

    Como exemplo de causas de diminuio arroladas na parte especial temos ohomicdio privilegiado (artigo 121, pargrafo 1, do CP). Em contrapartida, como

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    exemplo de causa de aumento prevista na parte especial, temos a leso corporalculposa prevista no artigo 129, pargrafo 7 do CP.

    As causa de aumento e de diminuio de pena tm, diferentemente dasagravantes e atenuantes, a peculiaridade de estabelecerem um quantum a serdiminudo ou aumentado (diminuio de 1/3 a 2/3, aumento de 1/3 a 2/3).

    Permitem as causas de aumento ou de diminuio de pena, tambmdiferentemente das agravantes e atenuantes, que a pena final seja fixada, nocaso das causas de diminuio, abaixo do mnimo legal e, no caso das causas deaumento, acima do mximo.

    No quadro abaixo, diante de um caso concreto, vamos aplicar a pena, observadoos critrios tratados at aqui.

    APLIQUE A PENA AO CASO CONCRETO NARRADO ABAIXO, RESPEITADOO SISTEMA TRIFSICO PREVISTO NO ARTIGO 68 DO CP.

    CASO CONCRETO: Crime de furto tentado praticado pelo agente menor de 21anos de idade, mediante o rompimento de obstculo e tendo em conta promessade pagamento de recompensa.

    PRIMEIRA FASE: fixar a pena base.

    Para tanto, observamos o crime de furto qualificado pelo rompimento deobstculo (artigo 155, pargrafo 4, inciso I, do CP), cuja pena cominada de 2a 08 anos de recluso + multa.

    Por ser primrio e de bons antecedentes, luz do disposto no artigo 59 do CP, apena base ser fixada no mnimo legal, isto , em 2 anos de recluso + multa.Portanto a pena base de 02 anos de recluso + multa.

    SEGUNDA FASE: agravantes e atenuantes.

    Percebemos que no caso h atenuante da menoridade (artigo 65, I do CP). Noentanto, h a agravante relativa ao motivo (mediante promessa de pagamento).Esta, de acordo com o que dispe o artigo 67 do CP, deve preponderar.Portanto, despreza-se a atenuante e aplica-se a agravante. Assim, sobre a penabase devemos fazer incidir a agravante (artigo 62, inciso IV do CP).Com isso a pena ser fixa, a critrio do magistrado, em 3 anos de recluso +multa.

    TERCEIRA FASE: causas de aumento e de diminuio de pena.

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    Por ltimo devemos observar se h causa de aumento ou de diminuio de pena.

    Notamos que causa de aumento no h. Mas o crime foi tentado e, com isso apena dever ser diminuda, em cumprimento ao disposto no artigo 14, pargrafonico do CP. Portanto, sobre a pena de 03 anos de recluso + multa, incidir adiminuio de 1/3 a 2/3. Aplicaremos a maior diminuio diante da menorproximidade da consumao. Com isso, da pena reduziremos 2/3, finalizando elaem 1 ano de recluso + multa.

    Observe que a pena final ficou abaixo do mnimo legal que, para o furtoqualificado de 02 anos de recluso + multa.

    QUESTO INTERESSANTEPergunto: Diante da pena aplicada (01 ano de recluso + multa) e daprimariedade do agente, qual o regime de cumprimento que deve serestabelecido? Respondo: Pelo disposto no artigo 33, pargrafo 2, do CP, aono reincidente, cuja pena privativa de liberdade seja igual ou inferior a 04 anos,o regime inicial de cumprimento de pena ser o aberto.

    8.2.2. DO CONCURSO DE CRIMES.

    H o concurso de crimes quando um sujeito, mediante unidade ou pluralidade de

    aes ou omisses, pratica dois ou mais delitos, surge o concurso de crimes6.

    Neste caso, devemos aplicar a pena respeitadas as regras estabelecidas noCdigo Penal ao concurso de crimes. Este gnero do qual decorrem o concursomaterial de crimes (artigo 69 do CP), o concurso formal de crimes (artigo 70 doCP) e o crime continuado (artigo 71 do CP).

    Assim, nos itens a seguir trataremos da aplicao das penas nas hipteses deconcurso de crimes.

    8.2.2.1. DO CONCURSO MATERIAL DE CRIMES.

    O concurso material de crimes est previsto no artigo 69 do CP, cuja literalidadesegue abaixo. conhecido tambm como concurso real de crimes.

    Concurso materialArt. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ao ouomisso, pratica dois ou mais crimes, idnticos ou no,aplicam-se cumulativamente as penas privativas deliberdade em que haja incorrido. No caso de aplicao

    6Jesus Damasio E. (Direito Penal Volume 1 parte geral editora Saraiva)

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    cumulativa de penas de recluso e de deteno, executa-se primeiro aquela.

    1 - Na hiptese deste artigo, quando ao agente tiversido aplicada pena privativa de liberdade, no suspensa,por um dos crimes, para os demais ser incabvel asubstituio de que trata o art. 44 deste Cdigo. 2 - Quando forem aplicadas penas restritivas dedireitos, o condenado cumprir simultaneamente as queforem compatveis entre si e sucessivamente as demais.

    No concurso material de crimes, h vrias aes e vrios crimes. No hnecessidade de serem idnticos. Por economia processual todos sero julgadosno mesmo processo, oportunidade em que as pena sero aplicadascumulativamente.

    o caso do agente que preso em flagrante delito e confessa a prtica deoutros ilcitos praticados no mesmo contexto, o que leva conexo oucontinncia, que nada mais que a reunio de vrios crimes em um sprocesso.

    Responder o agente por todos eles. Ao final, as penas sero aplicadascumulativamente.

    Para que haja o concurso material de crimes, necessrio os seguintes requisitos:

    1-mais de uma ao ou omisso.2-prtica de dois ou mais crimes.

    O concurso material de crimes no traz qualquer dificuldade quando da aplicaoda pena, j que elas sero aplicadas cumulativamente. Basta som-las.

    Conseqncia: aplicao cumulativa das penas.

    8.2.2.2. DO CONCURSO FORMAL DE CRIMES.

    O concurso forma de crimes est previsto no artigo 70 do CP, cuja literalidadesegue abaixo. doutrinariamente conhecido como concurso ideal de crimes.

    Concurso formalArt. 70 - Quando o agente, mediante uma s ao ouomisso, pratica dois ou mais crimes, idnticos ou no,aplica-se-lhe a mais grave das penas cabveis ou, se

    iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer

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    caso, de um sexto at metade. As penas aplicam-se,entretanto, cumulativamente, se a ao ou omisso

    dolosa e os crimes concorrentes resultam de desgniosautnomos, consoante o disposto no artigo anterior.Pargrafo nico - No poder a pena exceder a que seriacabvel pela regra do art. 69 deste Cdigo.

    Notamos que, no concurso formal, diferentemente do concurso material, h umas ao ou omisso. No entanto, em que pese a unidade de conduta, h mais deum crime.

    Ento, no concurso formal, esto presentes os seguintes requisitos:

    1-Uma nica ao ou omisso.2-Vrios crimes.

    Exemplo clssico o crime culposo, onde, por meio de uma s ao(imprudncia), h a morte de vrias pessoas (acidente de trnsito).

    Conseqncia:

    Ser aplicada a pena mais grave se distintas as penas dos crimes, acrescida de1/6 at a metade. Se iguais, aplica-se uma delas acrescida de 1/6 at a metade.

    H, no entanto, o denominado concurso formal imperfeito (ou imprprio).Neste caso, as penas sero cumuladas, como no concurso material.

    O concurso formal imperfeito ocorrer quando de uma s conduta decorremvrios crimes dolosos praticados pelo agente. No caso, h desgniosautnomos, ou seja, o agente, por meio de uma s ao, busca os ilcitos.

    Assim, se o agente se coloca em determinada posio e com um s disparo mataduas pessoas, sendo que sua vontade (desgnio) era dirigida a ambos os crimes.

    Neste caso, seria assegurar a impunidade se fossemos aplicar a pena da mesmamaneira, ou seja, aplicando-se somente uma delas acrescida de 1/6 metade.

    Aqui, o legislador determina que as penas sejam aplicadas cumulativamente, ouseja, de acordo com a regra estabelecida para o concurso material de crimes.

    8.2.2.3. DO CRIME CONTINUADO.

    No crime continuado, na realidade, no h concurso de crimes. Ocorre que, por

    opo legislativa, criou-se uma fico jurdica, segundo a qual os crimes

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    cometidos em continuao delitiva so tidos como um crime nico praticado deforma continuada.

    O crime continuado est previsto no artigo 71 do CP, cuja literalidade segueabaixo.

    Crime continuadoArt. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ao ouomisso, pratica dois ou mais crimes da mesma espcie e,pelas condies de tempo, lugar, maneira de execuo eoutras semelhantes, devem os subseqentes ser havidoscomo continuao do primeiro, aplica-se-lhe a pena de ums dos crimes, se idnticas, ou a mais grave, se diversas,aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois teros.

    Pargrafo nico - Nos crimes dolosos, contra vtimasdiferentes, cometidos com violncia ou grave ameaa pessoa, poder o juiz, considerando a culpabilidade, osantecedentes, a conduta social e a personalidade doagente, bem como os motivos e as circunstncias,aumentar a pena de um s dos crimes, se idnticas, ou amais grave, se diversas, at o triplo, observadas as regrasdo pargrafo nico do art. 70 e do art. 75 deste Cdigo.

    Todavia, aqui, diferentemente do concurso material e do concurso formal decrimes, necessrio que os crimes sejam da mesma espcie.

    Crimes da mesma espcie so aqueles que possuem as mesmas elementares,em que pese a existncia de algumas circunstncias diferentes. So da mesmaespcie, por exemplo, o crime de furto e o crime de furto qualificado7.

    7Furto

    Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia mvel:Pena - recluso, de um a quatro anos, e multa. 1 - A pena aumenta-se de um tero, se o crime praticado durante o repousonoturno. 2 - Se o criminoso primrio, e de pequeno valor a coisa furtada, o juizpode substituir a pena de recluso pela de deteno, diminu-la de um a doisteros, ou aplicar somente a pena de multa. 3 - Equipara-se coisa mvel a energia eltrica ou qualquer outra que tenhavalor econmico.Furto qualificado

    4 - A pena de recluso de dois a oito anos, e multa, se o crime cometido:I - com destruio ou rompimento de obstculo subtrao da coisa;

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    No so da mesma espcie, em que pese ambos serem contra o patrimnio, o

    crime de estelionato8

    e o crime de furto.

    So requisitos para que ocorra o crime continuado:

    1-vrias condutas.2-Vrios crimes da mesma espcie.3-Nas mesmas condies de: a)- tempo, b)-lugar, c)- maneira de execuo

    e d)- outras semelhantes.

    Para satisfao dos requisitos, necessrios que entre os crimes no medeie lapsotemporal exacerbado. As condies de lugar devem ser as mesmas. O modusoperandi deve ser semelhante.

    Exemplo de crime continuado o roubo praticado em condomnio deapartamentos, onde os larpios, mediante vrias condutas, subtraem bens detodos os apartamentos.

    Observe que os requisitos so objetivos, isto , no se exige do agente avontade dirigida prtica do crime continuado, basta que entre os crimes,cometidos casualmente em continuao delitiva, exista as condies exigidaspela lei para caracterizao do crime continuado.

    Conseqncia: Presentes os requisitos, os crimes so tidos como crime nicocontinuado. Com isso, aplicar-se- a pena de um s dos crimes, se idnticas, oua mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a doisteros.

    Atualmente admite-se o instituto do crime continuado nos crimes dolososcontra vtimas diferentes, mesmo que haja violncia ou grave ameaa.

    II - com abuso de confiana, ou mediante fraude, escalada ou destreza;III - com emprego de chave falsa;IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 5 - A pena de recluso de 3 (trs) a 8 (oito) anos, se a subtrao for deveculo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para oexterior.

    8EstelionatoArt. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilcita, em prejuzo alheio,induzindo ou mantendo algum em erro, mediante artifcio, ardil, ou qualqueroutro meio fraudulento:Pena - recluso, de um a cinco anos, e multa.

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    Todavia, aqui, ir o juiz perquirir condies pessoais do agente para a aplicaoda continuao delitiva. o que preceitua o pargrafo nico do artigo 71 do CP.

    Alm das condies elencadas no caput, a culpabilidade, os antecedentes, aconduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e ascircunstncias, sero aferidas para que se aplique a continuao delitiva.

    Neste caso, todavia, ser aplicada a pena mais grave se diversas ou qualquerdelas se idnticas, ficando, ao juiz, permitido o aumento dela at o triplo.

    Sempre ser respeitado o quantum da pena que seria aplicada casoestivssemos diante do concurso material de delitos.

    Observe o caso do agente que cometeu dois crimes dolosos, mediante graveameaa ou violncia pessoa, contra vtimas diferentes. Se o juiz aplicar a penade um dos crimes aumentando-a do triplo, a pena final ser maior que sehouvesse aplicao cumulativa.

    Portanto, o concurso material que em tese seria pior para o ru, neste caso obeneficiar. Aqui, estamos falando do concurso material benfico.

    Assim, a aplicao da pena sempre deve levar em conta o teto, isto , a penaque seria aplicada caso fossem somadas as penas de cada delito.

    Dever, ainda, observar o limite temporal previsto no artigo 75 do CP, cujaliteralidade segue abaixo.

    Limite das penasArt. 75 - O tempo de cumprimento das penas privativas deliberdade no pode ser superior a 30 (trinta) anos. 1 - Quando o agente for condenado a penas privativasde liberdade cuja soma seja superior a 30 (trinta) anos,devem elas ser unificadas para atender ao limite mximodeste artigo.

    ATENO: No caso de concurso de crimes (material, formal e continuidade), apena de multa sempre ser aplicada de forma cumulativa. o que estatui oartigo 72 do CP a seguir transcrito.

    Multas no concurso de crimesArt. 72 - No concurso de crimes, as penas de multa soaplicadas distinta e integralmente.

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    No concurso de crimes, executar-se- sempre em primeiro lugar a pena maisgrave. Se, portanto, aplicada pena de recluso e de deteno, cumprir-se- em

    primeiro lugar a de recluso.

    Concurso de infraesArt. 76 - No concurso de infraes, executar-se-primeiramente a pena mais grave.

    ATENO: Nos casos do concurso de crimes, cada crime deve ser apreciadoisoladamente. Portanto, o sistema trifsico (artigo 68 do CP) ser aplicado acada crime. Assim, estabelece-se a pena final em cada um deles e,

    posteriormente, o juiz se iguais aplicar uma s delas aumentada ou cumulada.Se diversas, aplicar a mais grave aumentada ou todas cumuladas.

    Sntese conceitual:

    Concurso material: vrias condutas + vrios crimes = pena cumulada (artigo69 do CP).

    Concurso formal: nica conduta + vrios crimes = uma das penas aumentada(artigo 70 do CP).

    Concurso formal imperfeito: nica conduta + vrios crimes dolosos +desgnios autnomos = pena cumulada (artigo 70, pargrafo nico do CP).

    Crime continuado: vrias condutas + vrios crimes da mesma espcie +mesmas condies de lugar, tempo, modo e outras semelhantes = uma daspenas aumentada (artigo 71 do CP).

    Crime continuado: crimes dolosos + contra vtimas diferentes + cometidoscom violncia ou grave ameaa pessoa = uma das penas aumentadas de at o

    triplo (artigo 71, pargrafo nico do CP).

    Questes de concursos anteriores:

    TRF 5 Regio FCC 2001 (PCI)

    37. A substituio da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos

    (A) cabe nos crimes culposos se a condenao no for superior a quatro anos.

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    (B) no cabe para o condenado reincidente.

    (C)) pode ser feita apenas por multa, se a condenao for de um ano.

    (D) no pode ser feita por multa, ainda que cumulada com restritiva dedireitos, se superior a um ano.

    (E) cabe em qualquer condenao no superior a quatro anos.

    Gabarito oficial: C.Resoluo: Questo simples que exige somente o conhecimento literal da lei. Aletra A est errada uma vez que, de acordo com o que dispe o artigo 44, I, doCP, quando culposo o crime a substituio por restritiva de direitos independe daquantidade da pena. A letra B est errada j que de acordo com o artigo 44, II,do CP, no se admitir a restritiva de direitos quando o agente for reincidenteem crime doloso. Assim, no basta a reincidncia para proibir a concesso dobenefcio. Alm do mais, at mesmo ao reincidente em crime doloso se admite aconcesso desde que presentes os requisitos do pargrafo 3 do artigo 44 do CP.Portanto, a princpio ao reincidente em crime doloso no se permite a concessodas restritivas de direitos. Mas, desde que no reincidente especfico, mesmoque em crime doloso, admite-se a concesso da benesse. A alternativa C estcorreta j que, de acordo com o disposto no artigo 44, pargrafo 2 do CP, se apena for igual ou inferior a um ano, admite-se a substituio por multa somente.

    A alternativa D est incorreta j que o prprio artigo 44, pargrafo 2, do CPadmite que, se a pena privativa de liberdade for superior a 1 ano, admite asubstituio por multa cumulada com restritiva de direitos ou por duasrestritivas de direitos. A alternativa E est errada j que se a pena no superior a 04 anos, mas o crime foi cometido mediante violncia ou graveameaa pessoa, no se admite a substituio (artigo 44, I, do CP).Portanto correta a alternativa C.

    35. Se presentes no caso concreto, o Juiz, no clculo da pena, deverconsiderar, sucessivamente,

    (A)) a culpabilidade do agente, o fato de o crime haver sido praticado contraascendente e a participao de menor importncia.

    (B) os antecedentes do agente, o arrependimento posterior e a confissoespontnea.

    (C) o crime continuado, as conseqncias da infrao e a conduta social doagente.

    (D) a menoridade do acusado, o concurso formal e a reincidncia.

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    (E) o fato de o crime haver sido praticado contra velho, a tentativa e apersonalidade do agente.

    Gabarito oficial: A.A questo no to simples. Mas, para respond-la basta conhecer o sistematrifsico par aplicao da penal (artigo 68 do CP). Analisa-se primeiro ascircunstncias judiciais (artigo 59). Posteriormente, agravantes e atenuantes e,ao final, as causas de diminuio e de aumento de pena. A letra B est errada jque o arrependimento posterior (artigo 16 do CP) causa de diminuio de penae, com isso, deve ser analisado posteriormente confisso espontnea que circunstncia atenuante. A alternativa C tambm est errada j que asconseqncias da infrao e a conduta social do agente so circunstnciasjudiciais (artigo 59) e, com isso, devem ser apreciadas antes do crimecontinuado (artigo 71). A alternativa D tambm est equivocada j que oconcurso formal de crimes ser aferido depois de superada todas as trs fasepara a fixada da pena de cada um dos crimes cometidos, e, s ento depois, ojuiz escolher a pena e a fixar de forma aumentada nos moldes do que dispe oconcurso formal de crimes (artigo 70). Assim, a menoridade do agente(atenuante) e a reincidncia (agravante) sero apreciadas antes de seestabelecer a pena do concurso formal de crimes. A alternativa E est errada, jque a tentativa, causa de diminuio deve ser apreciada na terceira fase e apersonalidade do agente na primeira, quando se trata das circunstnciasjudiciais. O fato de o crime ser cometido contra velho pode configurar agravante

    que no pode ser apreciada antes das circunstncias judiciais. Restou aalternativa A. Realmente est correta, j que a culpabilidade circunstnciajudicial inserta no artigo 59 do CP e deve ser apreciada em primeiro lugar. O fatode o crime ter sido praticado contra ascendente agravante e deve ser tratadona segunda fase e, por sua vez, a participao de menor importncia (artigo 29pargrafo 1, do CP) deve ser apreciada na ultima das trs fases, pois causade diminuio de penal. Assim, correta a alternativa A.

    Julgue o item abaixo (Prova do MPE SC 2005 FCC).II Para a substituio da pena privativa de liberdade por pena restritiva de

    direitos exige-se que o ru no seja reincidente em crime doloso. Todavia, se ocondenado for reincidente, o juiz poder aplicar a substituio, desde que no seconfigure a reincidncia especfica e a medida seja socialmente recomendvel.

    O item est absolutamente correto. Observe a literalidade do artigo 44 do CP.Especialmente o inciso II e seu pargrafo 3.

    Art. 44. As penas restritivas de direitos so autnomas e substituem asprivativas de liberdade, quando:II - o ru no for reincidente em crime doloso;

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    3o Se o condenado for reincidente, o juiz poder aplicar a substituio, desdeque, em face de condenao anterior, a medida seja socialmente recomendvel

    e a reincidncia no se tenha operado em virtude da prtica do mesmo crime.

    MPE SP 2005 - FCC5. Assinale a alternativa que est em desacordo com disposio do Cdigo Penalrelacionada com circunstncias agravantes.(A) A agravao da pena obrigatria, ainda que a circunstncia funcione,tambm, como elementar do crime.(B) A enumerao das agravantes taxativa.(C) A incidncia de uma agravante no pode conduzir a pena para alm dopatamar mximo cominado ao crime.(D) Descaracterizada a reincidncia, pelo decurso do prazo de 5 anos, acondenao anterior pode ser considerada a ttulo de maus antecedentes.(E) O Cdigo Penal no estabelece limite mximo de idade quando se refere "criana" como agravante.

    Gabarito: A.Resoluo: A alternativa A est em desacordo com o Cdigo Penal, j que, se acircunstncia agravante elementar do crime, no se permite que funcionecomo agravante. As demais esto absolutamente corretas.

    Art. 61 - So circunstncias que sempre agravam a pena, quando noconstituem ou qualificam o crime.

    12. Perante o Cdigo Penal, a chamada embriaguez preordenada pode, por sis,(A) conduzir excluso da imputabilidade penal.(B) constituir causa de diminuio de pena.(C) render ensejo incidncia de circunstncia atenuante.(D) configurar circunstncia agravante.(E) caracterizar qualificadora do crime de homicdio.

    Resoluo: A embriaguez preordenada agravante genrica. No qualificadorado crime de homicdio. Diferentemente da embriaguez completa que decorre dofortuito ou de fora maior, no exclui a imputabilidade. Tambm no causa dediminuio de pena. Trata-se, sim, de circunstncia agravante prevista no artigo61, l, do CP.