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DIREITO CIVIL

OBRIGAES RESPONSABILIDADE CIVIL

Prof. Fbio Figueiredo Prof. Gustavo Nicolau

Damsio Anual 2010

2 SUMRIO Consideraes sobre a introduo ao Direito Civil Constitucional:.....................................4 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAES...................................................8 TEORIA GERAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL: INADIMPLEMENTO..............10 MODELOS OBRIGACIONAIS (PECULIARIDADES)...................................................13 1. Obrigao de dar coisa certa........................................................................................13 2. Obrigao de dar coisa incerta.....................................................................................15 3. DA OBRIGAO DE FAZER...................................................................................17 CLASSIFICAO DAS OBRIGAES..........................................................................21 1. Obrigao positiva e negativa......................................................................................21 2. Obrigaes simples e complexas.................................................................................21 3. Obrigaes cumulativas, alternativas e facultativas....................................................21 5. Obrigaes instantneas, diferidas e duradouras.........................................................25 TEORIA DA IMPREVISO...............................................................................................26 6. Obrigaes divisveis e indivisveis............................................................................28 7. Obrigaes solidrias e no solidrias.........................................................................30 Da transmisso das obrigaes............................................................................................33 DA EXTINO DAS OBRIGAES..............................................................................45 Meio direto de extino das obrigaes..........................................................................45 MEIOS INDIRETOS DE EXTINO DAS OBRIGAES.......................................54 1. Consignao em pagamento ou pagamento em consignao.................................55 2. SUB-ROGAO....................................................................................................56 3. IMPUTAO DO PAGAMENTO........................................................................57 4. DAO EM PAGAMENTO..................................................................................59 5. COMPENSAO...................................................................................................60 6. CONFUSO............................................................................................................64 7. REMISSO.............................................................................................................64 8. NOVAO.............................................................................................................65 TEORIA GERAL DO INADIMPLEMEMTO...................................................................68 Inadimplemento absoluto.................................................................................................68 INADIMPLEMENTO RELATIVO ou INADIMPLEMENTO MORA........................70 TEORIA GERAL DOS CONTRATOS..............................................................................73 EVICO............................................................................................................................78 ELEMENTOS DO CONTRATO PERFEITO....................................................................85 RESPONSABILIDADE CIVIL..........................................................................................94 RESPONSABILIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA....................................................95 SUPPRESSIO e SURRECTIO........................................................................................96 ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE..................................................................96 1. CONDUTA HUMANA...........................................................................................96 2. NEXO DE CAUSALIDADE .................................................................................97 3. DANO ou PREJUZO.............................................................................................98 RESPONSABILIDADE OBJETIVA E ATIVIDADE DE RISCO.............................100 ATOS ILCITOS...........................................................................................................101 CAUSAS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL..............................104 1. LEGTIMA DEFESA e ESTADO DE NECESSIDADE.....................................104 2. ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL e EXERCCIO REGULAR DE DIREITO.............................................................................................................104 3. CASO FORTUITO ou FORA MAIOR..............................................................105

3 4. CULPA EXCLUSIVA DA VTIMA....................................................................105 5. FATO DE TERCEIRO..........................................................................................106 ATOS LCITOS QUE GERAM DEVER DE INDENIZAR........................................106 HIPTESES DE RC POR ATO DE TERCEIRO....................................................110 POR FATO DA COISA OU DO ANIMAL.................................................................112 FORTUITO EXTERNO E FORTUITO INTERNO.....................................................113 GRAUS DE CULPA.....................................................................................................114 DOS DANOS MATERIAIS..........................................................................................115 DOS DANOS MORAIS................................................................................................117 Critrios para fixar o valor do dano moral................................................................118 VTIMA DO DANO MORAL..................................................................................120 Excludentes da responsabilidade civil.......................................................................122

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OBRIGAES

Consideraes sobre a introduo ao Direito Civil Constitucional:A maior evoluo do direito privado se deu na poca do Imprio Romano. Desde a queda do imprio romano at 1.789 s se estudou o direito pblico, evoluindo. Nesse interregno, no houve estudo do direito privado. Hobbes, Locke e Rousseau foram 3 contratualistas dessa poca. Esses 3 sujeitos queriam responder a uma mesma pergunta: Por que o Estado manda e o indivduo obedece? Como o Estado legitima essa postura. Hobbes trouxe o Leviat para a poltica. Locke trouxe os 2 tratados sobre o governo civil. Rousseau trouxe o contrato social. O direito privado renasce em 1789. Em 1789 na Frana, ocorreu a Revoluo Francesa. Liberdade, Igualdade e fraternidade eram os princpios revolucionrios. Desde o sculo XII, floresceu a classe da burguesia. Tinha poder econmico, mas no tinham poder poltico porque viviam sob a gide de um Estado Absoluto. Os burgueses viviam em estado absoluto sem autonomia de vontades. Isso culminou na Revoluo Francesa de 1789, que trazia como princpios: liberdade, igualdade e fraternidade. Durante muitos anos, esses princpios foram chamados pela doutrina de Trade Axionmica Privada, ou seja, os 3 princpios do direito privado. Essa revoluo trouxe o Cdigo Civil Napolenico em 1804 (patrimonialista). Esse Cdigo Civil foi o exato paradigma. O Cdigo Civil Francs, deu base ao Cdigo Civil Brasileiro em 1.916. Teixeira de Freitas escreveu um Cdigo Civil em 1865 que no foi aceito. Clvis Bevilqua foi contratado e escreveu o Cdigo Civil Brasileiro de 1916 (a qual comeara em 1911) que foi vigente at 2002. A proteo que se deslumbrava nesse Cdigo era patrimonialista. A diferena que o Cdigo Civil de Teixeira de Freitas tinha origem do direito alemo. O cdigo de Clvis Bevilqua teve origem no direito francs (1804 Cdigo Napolenico ou Cdigo Civil francs).

5Em 1988 veio a CF que existencialista, ou seja, preocupada em garantir a proteo maior do cidado, diferente do Cdigo Civil, preocupado com a proteo do patrimnio. Entretanto, a interpretao do Cdigo Civil comeou a ser alterada. As idias do CC1916 no se coadunavam mais com a vigente ordem constitucional. A igualdade efetiva da interpretao do Cdigo Civil e da Constituio Federal se deu em 2002 com o novo Cdigo Civil. Hoje, aps a evoluo de todos esses anos, vivemos uma doutrina existencialista. Princpios de direito Privado: a) Liberdade b) Igualdade c) Fraternidade Traduzindo os 3 princpios para o Cdigo Civil antigo:

a) Liberdade - Significava a mais ampla e irrestrita liberdade de contrataopossvel.

b) Igualdade (Isonomia formal) Todos so iguais perante a lei. c) Fraternidade Seria traduzido em boa f nos atos de comrcio.*Esses significados eram do CCF (francs) e do CCB (brasileiro). Em 1988 vigorava o CCB de 1916. Para esse CC1916, s seria considerado sujeito de direito caso fosse contratante, proprietrio, chefe de famlia ou testador. O CC1916 era, portanto, patrimonialista (no sentido econmico mesmo). Isso foi rompido pela CF/88 pela livre iniciativa, funo social contratual, funo social da propriedade, isonomia substancial, igualdade material etc. O prof. Renan Lotufo (ento Presidente do TJSP), em 1988, fundou o Direito civil constitucional em uma cadeira na PUC. Nossa CF/88 no patrimonialista, mas existencialista (homem como centro do Direito numa viso social, protegendo a dignidade da pessoa humana). O CC/02 foi formado por todos os preceitos da constituio. Miguel Reale enunciava 3 princpios do CC02: eticidade, operabilidade e socialidade. Houve dois fatores, principalmente, pelo qual se inverteu essa relao patrimonialista para existencialista:

6Em 1948 surgiu a declarao universal dos direitos do homem (DUDH). possvel um nico documento normativo esgotar todos os direitos da personalidade humana? No. So infinitos direitos da personalidade. Ocorre que haveria a necessidade de conteno violao dos principais direitos, tal qual ocorreu ps 2 Guerra Mundial. Em 1995, houve um desenvolvimento doutrinrio que impulsionou essa virada. Um professor portugus da universidade de Coimbra, Rabindranath Capelo de Sousa, defendeu sua tese de doutorado intitulado: Do direito geral de personalidade. Segundo ele, a inteno foi demonstrar ser impossvel que uma sociedade se regulamente sobre um texto normativo fixo dos direitos de personalidade. O que necessrio ter um direito geral de personalidade. E isso est na da Constituio portuguesa, italiana etc. Art. 1 A Repblica Federativa do Brasil, formada pela unio indissolvel dos Estados e Municpios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrtico de Direito e tem como fundamentos: III - a dignidade da pessoa humana; E isso uma clusula geral do direito de personalidade. A base do direito existencial e contratual a existncia digna do ser humano, e no a ordem, valor econmico. Segundo a nova ordem existencial e contratual da trade axionmica privada, houve uma mudana de paradigma: Liberdade significa autonomia da vontade (do ponto de vista contratual) nos limites da lei, da moral e da ordem pblica instalada. No significa mais a mais ampla e irrestrita liberdade de contratao possvel. Hoje a autonomia privada de contratao: a autonomia da vontade nos limites da lei, da moral e da ordem pblica instalada. Exemplo de limite legal:Art. 166. nulo o negcio jurdico quando: VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prtica, sem cominar sano. Art. 1.521. No podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta;

7III - o adotante com quem foi cnjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, at o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cnjuge sobrevivente com o condenado por homicdio ou tentativa de homicdio contra o seu consorte.

A liberdade permite que uma pessoa case com quem quiser, mas a lei impe um limite liberdade, tanto no direito obrigacional, como no direito contratual. Limite da ordem pblica instalada no se confunde com ordenamento jurdico. Ordem pblica instalada so os anseios populacionais de uma dada nao. Ex: a maioria da sociedade contra a prtica do ganho com a prostituio. Outro exemplo:Art. 1573, Pargrafo nico. O juiz poder considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade da vida em comum.

Limite moral seria atravessar um cadeirante a atravessar a rua. A solidariedade moral um limite autonomia de vontade.Art. 3 Constituem objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidria;

A igualdade era analisada sob o ponto de vista formal. Significa que todos so iguais perante a lei. Evoluiu-se para a isonomia substancial. tratar desigualmente os desiguais, na proporo e medida de suas desigualdades. A rigor, isso provm de Aristteles, e no Ruy Barbosa. responsvel por uma srie de legislaes: CDC, ECA, Estatuto do idoso, CLT. Daqui a surge a funo social dos contratos, das obrigaes, da posse, da propriedade, do direito de famlia, das sucesses etc. Antigamente (sob a gide do CC1916), o pai era o chefe da sociedade conjugal. Chegou-se a ter estatuto da mulher casada. De maneira resumida, no direito obrigacional, funo social probidade; a crena de que o outro vai cumprir; a boa f. No direito contratual, a funo social possui 2 vis:

8 a) Intrnseco ou funo social inter partes: equilbrio contratual. Ou, segundoGustavo Tepedido, a justa posio de sacrifcios.

b) Extrnseco ou funo social extra partes: no basta que o contrato sejaequilibrado entre as partes; necessrio que se analise o potencial lesivo do contrato a toda coletividade. Art. 421. A liberdade de contratar ser exercida em razo e nos limites da funo social do contrato (intrnseca e extrnseca). Ex: empresrio celebra contrato com um proprietrio de um terreno para construo de um parque. No meio do contrato, a fiscalizao o impede de conclulo por no possuir o EIA-RIMA (Estudo de impacto ambiental) por constituir rea de mananciais. Atinge a toda coletividade o meio ambiente. Justamente porque possui autonomia privada de contratao, e no ampla e irrestrita liberdade de contratar. A fraternidade no constitui mais to somente a boa f nos atos de comrcio. Esse axioma (valor) no direito privado no constitui to somente boa f. O dever de solidariedade decorre da prpria CF no art. 3. O solidarismo, portanto, jurdico, e no moral. Esse solidarismo excutvel? Pode-se exigir atravs do judicirio? Sim. Ex: programa do Joo Clber (Teste de Fidelidade) na Redetv que foi tirado do ar por ferir o solidarismo e a funo social extrnseca (por ferir potencialmente a coletividade).

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DAS OBRIGAESQualquer obrigao (tributria, cvel, etc.) possui esses 3 elementos constitutivos. So de 3 ordens: a) OBJETIVO a. Obrigacional i. Dar ii. Fazer iii. No Fazer b. Prestacional i. O que dar ii. O que fazer

9iii. O que no fazer b) SUBJETIVO

a. Credor ou sujeito ativo ou accipiens (obs: mora acipiente docredor)

b. Devedor ou sujeito passivo ou solvens (obs: mora solvente dodevedor) c) VNCULO JURDICO

a. Dbito ou schuld b. Responsabilidade ou haftungObs: Essa teoria da bipartio do vnculo jurdico provm de Brinz. Dbito o liame entre credor e devedor. Responsabilidade o direito subjetivo do credor de exigir um certo e determinado comportamento do devedor (dar, fazer e no fazer). Pergunta: Toda obrigao sempre ter dbito e responsabilidade? No. Art. 814. As dvidas de jogo ou de aposta no obrigam a pagamento; mas no se pode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente menor ou interdito. Nas dvidas de jogo, h dbito, mas no responsabilidade. Essas obrigaes que comportam dbito, mas no responsabilidade so denominadas obrigaes naturais. Ex: dvidas de jogo, dvidas de aposta e dvidas prescritas. H tambm relao obrigacional onde h responsabilidade, mas no possui dbito. Ex: fiador; inadimplemento em responsabilidade objetiva (art. 927, p. nico) e a dono do hotel por seus empregados pelos danos cometidos aos hspedes.

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TEORIA GERAL DA RESPONSABILIDADE CIVIL: INADIMPLEMENTOESPCIES: a) Inadimplemento culposo Conseqncias: a. Negligncia b. Imprudncia c. Impercia d. Dolo e. Assuno do risco de produzir o resultado Qual a conseqncia do inadimplemento culposo? Ocorre a devoluo dos valores pagos e perdas e danos. Muitos doutrinadores denominam resoluo do contrato (devoluo dos valores pagos) com perdas e danos. a mesma coisa. CUIDADO: Mas no confundir devoluo dos valores pagos e perdas e danos. Ambos possuem regime jurdico distinto. Dolo, para o direito civil, no o atributo de conduta do agente. Dolo, para o direito civil um vcio do consentimento. Dolo o erro induzido pela parte contrria ou terceiro atravs de um expediente malicioso (art. 145). b) Inadimplemento no culposo. O inadimplemento no culposo decorre de uma excludente de culpabilidade: decorrente de caso fortuito ou fora maior que s se d na obrigao de dar coisa certa. Conseqncia: Configurada uma excludente de culpabilidade decorrente de caso fortuito ou fora maior, ocorre to somente a devoluo dos valores pagos. Qual a diferena do caso fortuito ou fora maior? A rigor, no tem. Maria Helena Diniz e Carlos Roberto Gonalves se contrapem. Prof. Agostinho Alvim (autor da parte do Direitos das Obrigaes do CC02) esclarece que os colocou como sinnimas. Por isso, deve-se conhecer a posio do examinador.

11Ateno: H situaes em que o devedor responder, ainda que a impossibilidade ao cumprimento da prestao advenha de caso fortuito ou fora maior: art. 246 (proibio de alegao pelo devedor antes da escolha na obrigao de dar coisa incerta), 399 (responsabilidade do devedor em mora) e 583 (risco sobre o objeto do comodante e do comodatrio e este preferir salvaguardar o seu). Mas h situaes em que o sujeito responde independentemente de culpa Art. 927. Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo. Pargrafo nico. Haver obrigao de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Ateno: art. 187 no ato ilcito puro, mas abuso de direito. Art. 187. Tambm comete ato ilcito o titular de um direito que, ao exerc-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econmico ou social, pela boa-f ou pelos bons costumes.

Portanto, h circunstncia em que a culpa no analisada (art. 927, pargrafo nico). INADIMPLEMENTO EM RESPONSABILIDADE OBJETIVA Art. 927. Aquele que, por ato ilcito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repar-lo. Pargrafo nico. Haver obrigao de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Pode se dar por lei ou por risco da atividade. Despreza-se o dbito, mas h responsabilidade. Nestes casos, a conseqncia a devoluo dos valores pagos mais perdas e danos. Essas perdas e danos so indenizaes. Significa tornar indene, ou seja, sem dano. Por isso que precisa devolver os valores pagos e perdas e danos. As perdas e danos so compostas por: a) Danos emergentes b) Lucros cessantes c) Perda de uma chance d) Dano Moral

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muito comum encontrar na doutrina o dano moral dentro do dano emergente. Ocorre que o dano moral apresenta algumas peculiaridades. Dano emergente o dano que emerge diretamente do fato. Ex: bati o carro. O dano emergente o reparo do veculo. Lucro cessante o lucro certo que cessa por fora do ato lesivo. Perda de uma chance a probabilidade de ganho, a oportunidade de ganho que cessa por fora do ato lesivo. O lucro cessante o lucro certo. A perda de uma chance uma probabilidade que cessa por fora do ato lesivo. Art. 944. A indenizao mede-se pela extenso do dano. Portanto, dano emergente no paga toda a extenso do dano. Pode ocorrer que perca um lucro cessante (ex: caminhoneiro tinha vrios contratos firmados no ms). Pode ocorrer, ainda, a perda de uma chance (ex: motorista de taxi comprovando que, nos ltimos meses tem ganhado valor x de ganho). A perda de uma chance trabalha com uma probabilidade. Outro exemplo de perda de uma chance: no show do milho do Silvio Santos, onde nenhuma das 4 respostas era correta. O STJ deu R$250.000,00 de indenizao, por probabilidade de 1 em 4 alternativas, j que o prmio mximo era de 1 milho de reais. O dano moral, como um elemento das perdas e danos, uma circunstncia de agresso a direito de personalidade. Seria a dor da alma, angstia, tristeza. Mas como isso era considerado algo subjetivo, houve a necessidade de objetiv-lo. Lembrando que os direitos de personalidade protegem a integridade fsica, moral e a intelectual da pessoa humana. a) Integridade fsica traduz-se em direito vida, ao corpo e a alimentos. b) Integridade moral como exemplos: direito ao nome, honra, imagem, privacidade, sigilo domstico, sigilo profissional, DNA (imagem gentica). c) Integridade intelectual da pessoa humana protege o direito empresarial como a propriedade industrial (Lei 9279/96 e a conveno de Paris). No direito civil, o direito de autor (Lei 9610/98 e a conveno de Berna). Lembrando que no possvel que, num nico texto se esgote os direitos da personalidade humana. necessrio que haja um direito geral da personalidade: a dignidade da pessoa humana.

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MODELOS OBRIGACIONAIS (PECULIARIDADES)1. Obrigao de Dar

a. Coisa certa a definida por gnero, quantidade, qualidade eespecificidade.

b. Coisa incerta a definida por gnero e quantidade.2. 3. Obrigao de Fazer Obrigao de No Fazer Essas so as modalidades obrigacionais. O resto ser considerado

classificaes das obrigaes (ex: obrigao positiva e negativa etc).

1. Obrigao de dar coisa certaPode se perfazer por: entrega (dar originrio) ou restituio (devoluo). Na entrega, at o momento da efetiva tradio, o devedor pode cobrar o aumento no preo da coisa (exceto nas relaes de consumo). Art. 237 Art. 237. At a tradio pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poder exigir aumento no preo; se o credor no anuir, poder o devedor resolver a obrigao. Se o credor no concordar, resolve-se a obrigao (somente devoluo dos valores pagos). Na restituio, no assiste esse direito ao devedor. O devedor somente poder cobrar o aumento do preo da coisa se este aumento se der por fora exclusiva de seu trabalho. Ex: na hora da devoluo da casa que a pessoa emprestou (comodante), o possuidor (comodatrio) no poder cobrar valor maior, se esta se valorizou, salvo se a valorizao se deu por fora de seu trabalho. Obs: Pode haver posse injusta de boa f? Sim. A posse justa ou injusta por um critrio objetivo de aferio (critrio a origem). Por que um critrio objetivo de aferio? Se a posse for viciada, ela injusta. A posse pode ter vcio de violncia, clandestinidade ou precariedade. Se a posse no tiver nenhum desses vcios, a posse ser justa. Art. 1.200. justa a posse que no for violenta, clandestina ou precria.

14Art. 1.201. de boa-f a posse, se o possuidor ignora o vcio, ou o obstculo que impede a aquisio da coisa.

Para ver se a posse de boa ou m f, utiliza-se um critrio subjetivo (critrio cognitivo), e no objetivo mais. Pergunta-se: o possuidor tem conhecimento de algum vcio? Se no tiver conhecimento do vcio, a posse dele ser de boa f. Possuidor de boa f aquele que desconhece a existncia de qualquer vcio na posse, ainda que o vcio exista (injusta). Sendo possuidor de boa f, ter direito a indenizao pelas benfeitorias necessrias, teis e volupturias (art. 1219) Prova MP 2010. O possuidor de boa f, no momento da restituio, tem o direito de levantar as benfeitorias volupturias (levar com ele), desde que no cause prejuzo coisa. Ou seja, quanto s benfeitorias volupturias, ele ter direito indenizao. Mas, se no forem pagas essas, ele poder levant-las. Art. 1.219. O possuidor de boa-f tem direito indenizao das benfeitorias necessrias e teis, bem como, quanto s volupturias, se no lhe forem pagas, a levant-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poder exercer o direito de reteno pelo valor das benfeitorias necessrias e teis.

A regra a posse injusta de m f. Ou seja, o sujeito tem a posse atravs da violncia e sabe desse vcio. A posse injusta de boa f ocorre, por exemplo, quando o pai possui a posse atravs da violncia e transfere para o filho, sem que este saiba da origem dela. O filho ter posse injusta de boa f. Ou seja, o possuidor no tem conhecimento do vicio que o inquinava. Benfeitoria til Ex: piscina no hotel, banheira de hidromassagem no hotel. Benfeitoria necessria indispensvel para manuteno da existncia ou funcionalidade da coisa. Ex: consertar a piscina que j existe. Benfeitoria volupturia Ex: colocar uma banheira de hidromassagem na casa ou piscina na casa. Art. 96. As benfeitorias podem ser volupturias, teis ou necessrias. 1o So volupturias as de mero deleite ou recreio, que no aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradvel ou sejam de elevado valor. 2o So teis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. 3o So necessrias as que tm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.

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O possuidor necessrias e teis.

de

boa

f

tem

direito

a

reteno

pelas

benfeitorias

Art. 1.219. O possuidor de boa-f tem direito indenizao das benfeitorias necessrias e teis, bem como, quanto s volupturias, se no lhe forem pagas, a levant-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poder exercer o direito de reteno pelo valor das benfeitorias necessrias e teis. No significa que o possuidor perder o direito pelas benfeitorias

volupturias. Ele permanece no imvel. Se vier a reintegrao de posse, poder reter as coisas (somente pelas teis e necessrias) e mover ao indenizatria pelas benfeitorias volupturias. Os embargos de reteno por benfeitorias s so eficazes se discriminadas todas as benfeitorias. Se possuidor de m f, s ter direito a indenizao pelas benfeitorias necessrias somente. Art. 1.220. Ao possuidor de m-f sero ressarcidas somente as benfeitorias necessrias; no lhe assiste o direito de reteno pela importncia destas, nem o de levantar as volupturias. Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de m-f, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-f indenizar pelo valor atual. O reivindicante pode escolher se paga o valor que o possuidor de m f pagou na poca, ou o valor atual.

2. Obrigao de dar coisa incertaArt. 243. A coisa incerta ser indicada, ao menos, pelo gnero e pela quantidade.

aquela definida pelo gnero e quantidade. Ex: gnero o cereal; espcie o feijo. No a definida pela espcie. Um objeto da obrigao pode ser indeterminado, mas desde que seja determinvel, passvel de determinao. Isso ocorre justamente quando a coisa for definida pelo gnero e quantidade. Cuidado: dar uma motocicleta uma obrigao impossvel de cumprimento. Isso porque no se pode determinar a marca, modelo, potncia, cor etc. O correto : uma motocicleta da marca x, potncia x, cor x. O projeto 6960/2002 e o projeto 276/2007 alteram a expresso gnero para espcie no art. 243. O gnero muito vago, faz com que o objeto seja

16indeterminado e, portanto, obrigao nula. Mas, hoje, obrigao de dar coisa incerta , ainda, a definida no art. 243. Lembrando que h 3 espcies de inadimplemento:

a) Inadimplemento culposo So 5 casos j estudados. Ocorre a devoluodos valores pagos e perdas e danos

b) Inadimplemento no culposo So as excludentes de culpabilidade.Ocorre a devoluo dos valores pagos

c) Inadimplemento em responsabilidade objetiva devoluo dos valorespagos e perdas e danos. O inadimplemento no culposo decorre de uma excludente de culpabilidade: decorrente de caso fortuito ou fora maior que s se d na obrigao de dar coisa certa. A coisa incerta no individuada. O objeto dessa modalidade obrigacional depende de concentrao. Sendo obrigao de dar coisa incerta, o gnero nunca perece. Sendo assim, a resoluo da obrigao ser a devoluo dos valores j pagos e perdas e danos. Da escolha um instituto de direito civil. Escolha o instrumento de concentrao do objeto prestacional. Quais so as regras da escolha? So elas: a) Cabe ao devedor b) Pode caber ao credor c) Pode ficar a cargo de 3. Se o 3 no puder ou no quiser escolher, a escolha ser judicial. d) Aquele que escolhe, deve guardar o meio termo na escolha. Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gnero e pela quantidade, a escolha pertence ao devedor, se o contrrio no resultar do ttulo da obrigao; mas no poder dar a coisa pior, nem ser obrigado a prestar a melhor. e) A escolha s se aperfeioa mediante notificao ou cincia comprovada da outra parte.

f) Na obrigao de dar coisa incerta, em regra, no pode se dar por parte dodevedor alegao de inadimplemento no culposo. Ex: no pode alegar que a coisa pereceu por caso fortuito ou fora maior (cavalo X morreu por um raio na cabea). Ora, se o devedor no escolheu a obrigao de dar coisa incerta, no se pode alegar que a coisa pereceu. Isso porque a obrigao de dar coisa incerta definida pelo gnero. Como tal, gnero no perece.

17genus nun quam perit. Jamais ocorrer somente a devoluo dos valores pagos. Dever devolver os valores pagos e perdas e danos. A coisa incerta pode pertencer a um grupo de gnero livre ou grupo de gnero indeterminado; a um grupo de gnero escasso ou no escasso. Ateno: Se o gnero determinado e todos eles perecerem sem culpa do devedor, o devedor poder alegar inadimplemento no culposo e devolver somente os valores pagos. A obrigao se resolve sem perdas e danos. Ex: caiu um raio no aras e matou todos os cavalos do devedor. Essa uma exceo da regra do item f acima. A impossibilidade de alegao de inadimplemento no culposo por parte do devedor na obrigao de dar coisa incerta est nas obrigaes de gnero livre (ex: um cavalo; h uma nica exceo: uma circunstncia em que a obrigao de dar coisa incerta poder provocar inadimplemento no culposo, quando o gnero for determinado ou escasso (limitado). Um cavalo dentre aqueles da criao de Antnio. Neste caso, se todo o gnero limitado perecer sem culpa do devedor caber simples resoluo obrigacional (inadimplemento no culposo). Qual a diferena com obrigao alternativa? Esta tem diversos objetos, sendo todos individuados. Ex: este apagador ou esta caneta. No um apagador ou uma caneta. Esta seria obrigao de dar coisa incerta.

3. DA OBRIGAO DE FAZER uma obrigao positiva, que importa em conduta comissiva, que imputa ao devedor, o compromisso de uma prestao de servio material ou imaterial, seu ou de terceiro, em favor do credor ou de quem ele indique. A obrigao de fazer infungvel a obrigao personalssima ou intuito personae. Obrigao de fazer infungvel. A infungibilidade dessa obrigao subjetiva passiva, denominado obrigao intuito personae ou personalssima. Esta infungibilidade poder ser expressa ou tcita. Do error intuito personae. Nas obrigaes personalssimas, h possibilidade da alegao deste vcio de consentimento que consiste na falsa cognio, pelo credor, de uma caracterstica essencial do devedor (art. 139, II). O vcio levar a obrigao anulabilidade (nulidade relativa) art. 171.

18Art. 139. O erro substancial quando: II - concerne identidade ou qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declarao de vontade, desde que tenha infludo nesta de modo relevante;

Obrigao de fazer fungvel. Essa modalidade obrigacional a que no depende de aptido especfica de determinada pessoa. O sujeito passivo no se concentra em certa e determinada pessoa como nica possibilidade. uma obrigao que pode ser prestada por qualquer pessoa ou por um grande nmero de pessoas. Ex: pintura de uma casa, colocao de janelas.

Do inadimplemento da obrigao de fazer.

I. Inadimplemento absoluto. Ocorre quando no mais possvel ocumprimento da prestao. um critrio de utilidade do credor. Ex: contratou entrega de comida para o casamento. Se no dia, no entregar, ocorrer o inadimplemento absoluto. O inadimplemento pode ser fungvel ou infungvel. Em qualquer caso, haver devoluo dos valores eventualmente pagos.

a. Quando o inadimplemento culposo e no mais possvelcumprir a prestao. Ocorre a devoluo dos valores pagos e perdas e danos. Ocorre naquelas 5 circunstncias (negligncia, imprudncia, impercia, dolo, assuno do risco de produzir o resultado).

b. Quando o inadimplemento no culposo e no mais possvelcumprir a prestao. Resolve a obrigao com a devoluo dos valores eventualmente pagos. Ocorre quando houver alguma excludente de responsabilidade.

II. Quando o inadimplemento culposo, mas em mora (ou seja, ainda possvel cumprir a prestao): Ocorrer cominao de pena diria. uma circunstncia que, em regra, se aplica s obrigaes infungveis, mas nada obsta que seja aplicada s obrigaes fungveis (credor prefere que o prprio devedor a cumpra). STJ entende que possvel a aplicao de pena pecuniria nas obrigaes de fazer. J foi cobrada em provas assim:

191. Relativizao da mxima nemo praecise cogit ad factum ningum obrigado a prestar um fato. Ou seja, possvel a aplicao da pena pecuniria diria nas obrigaes de fazer. 2. Interpretao sistemtica do art. 248 CC. Deve-se combinar com o art. 461 CPC. Art. 248. Se a prestao do fato tornar-se impossvel sem culpa do devedor, resolver-se- a obrigao; se por culpa dele, responder por perdas e danos. Art. 461. Na ao que tenha por objeto o cumprimento de obrigao de fazer ou no fazer, o juiz conceder a tutela especfica da obrigao ou, se procedente o pedido, determinar providncias que assegurem o resultado prtico equivalente ao do adimplemento. (Redao dada pela Lei n 8.952, de 13.12.1994) 5o Para a efetivao da tutela especfica ou a obteno do resultado prtico equivalente, poder o juiz, de ofcio ou a requerimento, determinar as medidas necessrias, tais como a imposio de multa por tempo de atraso, busca e apreenso, remoo de pessoas e coisas, desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessrio com requisio de fora policial. (Redao dada pela Lei n 10.444, de 7.5.2002)

Uma dessas providncias a aplicao da multa diria. o posicionamento do Prof. Nelson Nery, Jos Carlos Barbosa Moreira e o STJ. 3. Carter existencialista do CC/02. Para Maria Helena Diniz e outros, impossvel a cominao de medidas que visem a coao do devedor para prestao do fato (fazer). So 2 os fundamentos para essa negativa:

a) O credor tem direito a prestao (patrimnio do devedor), e no a pessoa dodevedor. Decorre que, desde a lex poetelia papiria, h indeterminao pessoal da obrigao e, portanto, no se pode lanar mo de mtodos coercitivos para o cumprimento do fato. Por outro lado, Prof. Carlos Roberto Gonalves, com apoio da doutrina de Piero Calamandrei e Giuseppe Chiovenda, analisados por Cndido Rangel Dinamarco explica que o dogma da intangibilidade da vontade humana (ningum obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, seno em virtude de lei) no se justifica na obrigao de fazer. Esse dogma se rende diante da necessidade de efetividade da tutela jurisdicional (funo social do processo). O STJ entende que, em termos processuais, a natureza da ao de conhecimento que visa condenao do facere pode ser cominatria e que a sentena mandamental (art. 461 CPC). Por este motivo, h possibilidade da

20cominao de pena pecuniria diria. Prof. Bedaque entende que essa sentena pode ser mandamental ou executiva lato sensu.

b) Art. 248 CC. O legislador no determinou a cominao da multa naobrigao de fazer. Art. 248. Se a prestao do fato tornar-se impossvel sem culpa do devedor, resolver-se- a obrigao; se por culpa dele, responder por perdas e danos.

III.

Execuo especfica

A execuo especfica s pode ser dar sobre obrigao fungvel. Fundamento legal: Art. 634, p. nico CPC que determina que terceiro prestar o fato s custas do devedor. Art. 634. Se o fato puder ser prestado por terceiro, lcito ao juiz, a requerimento do exeqente, decidir que aquele o realize custa do executado. (Redao dada pela Lei n 11.382, de 2006).

IV.

Autotutela

Autotutela a exceo no direito brasileiro. Requisitos ordinrios da autotutela: a) agir com legtima defesa; b) agir em desforo imediato. Fundamento legal: art. 249, p. nico, 251, p. nico CC. Requisitos da autotutela nas obrigaes: a) descumprimento na prestao; b) manuteno do interesse e utilidade pelo credor (mora) e evitar, assim, o inadimplemento absoluto; c) urgncia. Urgncia, conforme Renan Lotufo, caracteriza-se pela fase inicial de violao e a imediatidade de reao. Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, ser livre ao credor mand-lo executar custa do devedor, havendo recusa ou mora deste, sem prejuzo da indenizao cabvel. Pargrafo nico. Em caso de urgncia, pode o credor, independentemente de autorizao judicial, executar ou mandar executar o fato, sendo depois ressarcido. Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja absteno se obrigara, o credor pode exigir dele que o desfaa, sob pena de se desfazer sua custa, ressarcindo o culpado perdas e danos. Pargrafo nico. Em caso de urgncia, poder o credor desfazer ou mandar desfazer, independentemente de autorizao judicial, sem prejuzo do ressarcimento devido.

21 V. Mora. O sujeito est em mora quando for, ainda, possvel cumprir aobrigao.

CLASSIFICAO DAS OBRIGAES1. Obrigao positiva e negativaObrigao positiva a obrigao que importa em conduta comissiva. So positivas as obrigaes de dar e fazer. Obrigao negativa a obrigao que importa em absteno de conduta. negativa a obrigao de no fazer.

2. Obrigaes simples e complexasObrigao simples a obrigao que possui um credor, um devedor e um objeto. Obrigao complexa a obrigao que possui mais de um devedor ou mais de um credor ou mais de um objeto. a) Objetiva mais de um objeto b) Subjetiva mais de um credor ou devedor

a. Ativa (ou solvendi) mais de um credor b. Passiva (ou acipiendi) mais de um devedor c) Mista mais de um credor e devedord) Integral - Mais de um credor, mais de um devedor e mais de um objeto

3. Obrigaes cumulativas, alternativas e facultativasObrigaes cumulativas so as obrigaes que tm complexidade objetiva, ou seja, mais de um objeto. Podem ser denominadas tambm obrigaes conjuntivas. Ateno: para Pablo Stolze Gagliano, a obrigao conjuntiva outra coisa. Mas a minoria. Tem por caracterstica a conjuno aditiva e, no importando se so cumuladas modalidades obrigacionais ou objetos prestacionais, todos devem ser cumpridos, sob pena de inadimplemento absoluto da obrigao. Ex: obrigao de fazer um quadro e dar uma motocicleta.

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Obrigaes alternativas so as obrigaes que tambm possuem complexidade objetiva e os objetos so ligados pela disjuntiva ou. tambm denominada obrigao disjuntiva. Ex: entregar a moto ou fazer o quadro. A obrigao alternativa carece de concentrao objetiva. Ou seja, no se sabe, de antemo, qual o objeto que ser prestado. O objeto ser concentrado pela escolha. Das regras de aplicao da escolha na obrigao alternativa: Da escolha um instituto de direito civil. Escolha o instrumento de concentrao do objeto prestacional. Quais so as regras da escolha? So elas: a) Cabe ao devedor b) Pode caber ao credor c) Pode ficar a cargo de 3. Se o 3 no puder ou no quiser escolher, a escolha ser judicial. Sendo vrios os sujeitos da escolha, no houver acordo entre eles, a escolha ser judicial. A escolha s se aperfeioa com a cincia das partes da obrigao. Cuidado: Na obrigao de dar coisa incerta, aquele que escolhe, deve guardar o meio termo na escolha. A nica coisa certa a modalidade obrigacional: obrigao de dar (isto ou aquilo). Mas, na obrigao de dar coisa certa alternativa, no se aplica essa regra. Se as coisas so certas e pode-se escolher, no h razo para guardar o meio termo. Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gnero e pela quantidade (dar coisa incerta), a escolha pertence ao devedor, se o contrrio no resultar do ttulo da obrigao; mas no poder dar a coisa pior, nem ser obrigado a prestar a melhor. d) A escolha s se aperfeioa mediante notificao ou cincia comprovada da outra parte.

e) Na obrigao de dar coisa incerta, em regra, no pode se dar por parte dodevedor alegao de inadimplemento no culposo. Ex: no pode alegar que a coisa pereceu por caso fortuito ou fora maior (cavalo X morreu por um raio na cabea). Ora, se o devedor no escolheu a obrigao de dar coisa incerta, no se pode alegar que a coisa pereceu. Isso porque a obrigao de dar coisa incerta definida pelo gnero. Como tal, gnero no perece. genus nun quam perit. Jamais ocorrer somente a devoluo dos valores pagos. Dever devolver os valores pagos e perdas e danos. Inexecuo da obrigao alternativa H 3 possibilidades:

23 a) Inadimplemento no culposo. Ocorre quando h uma excludente deculpabilidade. Resolve-se somente com a devoluo dos valores pagos.

a. Restando um objeto. Aplica-se a teoria da reduo objetiva ouconcentrao compulsria do objeto prestacional (porque no h escolha). Desse modo, a obrigao se concentra no objeto restante.

b. Impossibilitando-se todos os objetos. Aplica-se a regra geral dedevoluo dos valores pagos. Resoluo obrigacional. Art. 399 Art. 399. O devedor em mora responde pela impossibilidade da prestao, embora essa impossibilidade resulte de caso fortuito ou de fora maior, se estes ocorrerem durante o atraso; salvo se provar iseno de culpa, ou que o dano sobreviria ainda quando a obrigao fosse oportunamente desempenhada. No inadimplemento no culposo, deve-se analisar se o devedor estava em mora, pois nesta situao o inadimplemento ser considerado como culpa do devedor, salvo se este provar que o perecimento teria se dado ainda que a obrigao fosse oportunamente desempenhada.

b) Inadimplemento por culpa do devedor. a. Se a escolha era do devedor: (art. 254) i. Restando apenas 1 objeto: concentrao compulsria doobjeto prestacional.

ii. Impossibilitando-se todos os objetos: o devedor pagar aocredor o valor daquele que por ltimo se impossibilitou acrescido das perdas e danos. Art. 254. Se, por culpa do devedor, no se puder cumprir nenhuma das prestaes, no competindo ao credor a escolha, ficar aquele obrigado a pagar o valor da que por ltimo se impossibilitou, mais as perdas e danos que o caso determinar.

b. Se a escolha era do credor: i. Restando um nico objeto. O credor escolhe se quer o valordaquele que pereceu com perdas e danos ou outra prestao;

ii. Perecidos todos os objetos. Haver devoluo dos valorespagos por qualquer um dos objetos acrescidos de perdas e danos.

24 c) Inadimplemento por culpa do credor. a situao menos provvel, porisso no foi prevista no CC brasileiro. A sada acolhida pela doutrina majoritria aquela prevista no CC italiano. a. Se a escolha era do devedor

i. Restando apenas 1 objeto. O devedor escolhe se paga aprestao restante exigindo perdas e danos ou se desonera da obrigao.

ii. Perecidos todos os objetos. O devedor se desonera tendodireito a perdas e danos. b. Se a escolha era do credor

i. Restando apenas 1 objeto. O credor pode exigir a prestaoremanescente sendo-lhe imposto o dever de perdas e danos para com o devedor.

ii. Perecendo todos os objetos. Neste caso, o devedor sedesonera, sendo-lhe devidas as perdas e danos.

4. Obrigaes facultativas.esteve prevista no ordenamento no

No tem previso no CC brasileiro e nunca jurdico, pois se aproxima atravs da obrigao e

alternativa. Estava prevista no projeto de Teixeira de Freitas. As obrigaes facultativas ingressaram ordenamento jurdico da doutrina jurisprudncia. Ela pode ser estabelecida com base na liberdade de formao de contratos atpicos. Art. 425 CC. Art. 425. lcito s partes estipular contratos atpicos, observadas as normas gerais fixadas neste Cdigo. A obrigao facultativa uma obrigao simples quanto ao objeto. Significa que s tem um objeto, ao contrrio das obrigaes cumulativas e alternativas. No carece, portanto, de concentrao objetiva do objeto prestacional (ou concentrao compulsria do objeto prestacional). No cabe escolha. Exemplo: obrigao de dar objeto x. Fica convencionado, no entanto, se o devedor julgar oportuno e conveniente, poder entregar outro objeto. Isso estabelecido em favor unicamente do devedor. Isso no significa que o credor poder exigir essa obrigao. Na obrigao facultativa, h apenas um objeto e o credor e devedor acordam a possibilidade de entregar outro objeto em substituio. Na obrigao facultativa no cabe concentrao compulsria porque, uma vez estabelecido

25essa obrigao, h apenas 1 objeto. O outro objeto era apenas uma possibilidade de entrega, se o devedor quisesse entregar. Na obrigao facultativa, h apenas 1 objeto. Trata-se de obrigao objetivamente simples. No entanto, o devedor acorda com o credor uma faculdade de substituio. O objeto da substituio no pode ser exigido pelo credor, pois convencionado em favor da convenincia e oportunidade do devedor. Como resultado, na obrigao facultativa, no se opera a escolha como instituto jurdico e no se d concentrao compulsria do objeto prestacional. tambm denominada uma obrigao com facultas alternativa.

5. Obrigaes instantneas, diferidas e duradouras uma classificao quanto ao momento de execuo da obrigao. Obrigao instantnea. aquela que se perfaz com a extino de um nico ato. A prestao e contraprestao se do num nico momento. Obrigao diferida. Ocorre quando a prestao se der em nico ato futuro. Ex: em 30 dias o devedor entregar o objeto prestacional. Obrigao duradoura. aquela em que a execuo da prestao se d em diversos momentos futuros. Pode se dar:

a) Por trato sucessivo. aquela obrigao que comporta um nico trato comdiversos momentos futuros e distintos para cumprimento. Ex: compra de um automvel em 36 pagamentos.

b) Por execuo continuada. aquela que possui diversos pactos futuros,sucessivos que ocorrem em momentos distintos, mas que implicam na continuidade da prestao obrigacional. Exemplos: fornecimento de energia eltrica, servio de telefonia, TV a cabo, gs, etc. Obs: Para alguns doutrinadores, no h distino entre elas. Prof. Antunes Varela, no entanto, faz essa distino. A importncia dessa classificao a aplicao da clusula rebus sic stantibus. Reviso do contrato As formas de reviso do contrato so:

26 a) Pelateoria da impreviso. Necessita de fatos imprevisveis e

extraordinrios que faam sobrevir a excessiva onerosidade contratual obrigacional.

b) Reviso do contrato pela figura da leso (art. 157). um vcio deconsentimento. O sujeito est premido de uma necessidade ou por ser inexperiente e assume obrigao excessivamente onerosa (manifestamente desproporcional). No se decretar a anulao do negcio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a reduo do proveito.

c) Pela teoria da objetivao. Visa reobjetivar o contrato perdido ao longo dotempo.

d) Pela teoria da onerosidade excessiva. Art. 6 CDC. No exigeimprevisibilidade e extraordinariedade para reviso do contrato.

TEORIA DA IMPREVISORebus sic stantibus no significa nada. O brocardo latino : contractus qui habent tractum sucessivum et dependentiam de futuru rebus sic stantibus intelliguntur. A clusula rebus sic stantibus s se aplica nas obrigaes duradouras, de trato sucessivo e de execuo continuada. No contrato onde h um trato sucessivo ou que dependa de um evento futuro e incerto deve se equanimizar ao momento de formao do contrato. Ateno: S esto sujeitas reviso do contrato por teoria da impreviso, objetivao contratual e onerosidade excessiva (clusula rebus sic stantibus) as obrigaes de execuo diferida e duradoura (trato sucessivo e execuo continuada). Em todos esses 3 casos, precisa de onerosidade superveniente. As obrigaes de execuo instantnea s podem sofrer reviso diante do instituto da leso do art. 157 CC. A clusula rebus sic stantibus abarca a teoria da impreviso, teoria da objetivao e teoria da onerosidade excessiva. Mas a teoria da onerosidade excessiva do CDC que no se confunde com a teoria da impreviso. A teoria da impreviso diz respeito a obrigao diferida ou duradoura em relao civil pblica.

12/04/2010

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OBRIGATORIEDADE a) Intangibilidade. S as partes contratantes que alteram o contrato.

b) Obrigatoriedade estrita. O contrato deve ser cumprido conforme o que foraestabelecido. a pacta sunt servanda.

a. Para uns, seria o cumprimento nos exatos termos do contratob. Para outros, seria a inteno das partes. Tanto que previsto no art. 112 CC (Princpio da intencionalidade). c) Reviso contratual. Requisitos: a. Imprevisibilidade

b. Extraordinariedadec. Onerosidade excessiva

Rebus sic stantibus Art. 317, 478 a 480 CC

Art. 317. Quando, por motivos imprevisveis, sobrevier desproporo manifesta entre o valor da prestao devida e o do momento de sua execuo, poder o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possvel, o valor real da prestao. Art. 478. Nos contratos de execuo continuada ou diferida, se a prestao de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinrios e imprevisveis, poder o devedor pedir a resoluo do contrato. Os efeitos da sentena que a decretar retroagiro data da citao. Art. 479. A resoluo poder ser evitada, oferecendo-se o ru a modificar eqitativamente as condies do contrato. Art. 480. Se no contrato as obrigaes couberem a apenas uma das partes, poder ela pleitear que a sua prestao seja reduzida, ou alterado o modo de execut-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva.

A clusula Rebus sic stantibus uma forma de resgate da inteno das partes. A clusula rebus no exceo a pacta sunt servanda, mas sim um reforo. Mas h quem diga que a clusula rebus uma exceo a pacta sunt servanda. So 2 posicionamentos, portanto, a respeito da clusula rebus. Mas o entendimento moderno a primeira, que um reforo. A clusula rebus pode ser tambm chamada de teoria da impreviso, exceto nas relaes de consumo. Porque o CC exige os 3 requisitos (imprevisibilidade, extraordinariedade e onerosidade excessiva). O CDC, por sua vez, s exige

28onerosidade excessiva. Por isso que no se fala em teoria da impreviso na relao de consumo. Obrigao instantnea est sujeita reviso da obrigao? Sim, mas pelo instituto da leso (art. 157 CC), e no pela clusula rebus sic stantibus. Ento no propriamente reviso judicial do contrato. O sujeito deve oferecer suplemento suficiente ou a parte favorecida deve concordar com a reduo do proveito.

6. Obrigaes divisveis e indivisveisH discusso se o objeto que divisvel ou a obrigao divisvel como conseqncia do objeto ser divisvel. Estudaremos como cai em prova. A obrigao indivisvel quando o objeto prestacional no comporta ciso. Por outro lado, divisvel quando o objeto prestacional comporta ciso. A obrigao divisvel pode ser: a) Por natureza. Se o objeto , por natureza indivisvel, a obrigao ser indivisvel. Ex: A se obriga a entregar um cavalo para B. b) Por determinao legal. A lei determina a indivisibilidade do objeto. o caso do mdulo rural, das servides e da sucesso aberta (antes da partilha). c) Pela vontade da parte. Ex: sujeito grava a coisa com clusula de indivisibilidade. A obrigao indivisvel, a priori, tem os mesmos efeitos da obrigao solidria. No entanto, diante do perecimento do objeto, a obrigao indivisvel perde este carter da solidariedade. Ex: A (credor) pode cobrar o cavalo tanto de B como de C (devedores), no por ser obrigao solidria, mas porque obrigao indivisvel. Da mesma forma, o contrrio, ou seja, A devedor e B e C so credores. Diante do perecimento do objeto (cavalo), ocorrer a divisibilidade. Ento, se o valor do cavalo 30 mil reais, B e C (credores) ficaro com 15 mil cada. Na pluralidade de devedores: 1. Cada devedor ser obrigado pela dvida toda diante da incindibilidade do objeto prestacional. Art. 259 CC. Art. 259. Se, havendo dois ou mais devedores, a prestao no for divisvel, cada um ser obrigado pela dvida toda.

29Pargrafo nico. O devedor, que paga a dvida, sub-roga-se no direito do credor em relao aos outros coobrigados.

2. O devedor que quita a obrigao, sub-roga-se nos direitos do credor perante os demais. Esta sub-rogao legal nos termos do art. 346, III CC. Art. 346. A sub-rogao opera-se, de pleno direito, em favor: III - do terceiro interessado, que paga a dvida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte.

3. No inadimplemento culposo, se a culpa recair sobre um dos co-devedores, somente responder por perdas e danos. Mas todos respondero pela equivalente. Art. 263, 2 CC. Art. 263. Perde a qualidade de indivisvel a obrigao que se resolver em perdas e danos. 2o Se for de um s a culpa, ficaro exonerados os outros, respondendo s esse pelas perdas e danos.

Na pluralidade de credores: 1. Cada credor ter direito a dvida toda 2. O credor que recebe a prestao fica obrigado para com os demais credores, desonerando o devedor que tiver procedido ao pagamento com cauo de ratificao. um termo de quitao. Art. 261 3. Se um dos credores perdoar a dvida (remisso meio indireto de extino da obrigao), os demais continuam podendo exigi-la, descontando o valor da quota daquele que perdoou. O mesmo se dar nos casos de confuso, novao, compensao e transao. Art. 262 Obrigao indivisvel que se converte em perdas e danos Se o objeto pereceu, acaba a indivisibilidade. Diferente a solidariedade. Neste ltimo, perecendo o objeto, a obrigao se mantm. Os sujeitos que so solidrios. Na obrigao indivisvel, o objeto que indivisvel.

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7. Obrigaes solidrias e no solidrias1. Esta classificao s tem razo de ser nas obrigaes de complexidade subjetiva (mais de um sujeito). 2. Diante da solidariedade, na mesma obrigao concorre mais de um credor, mais de um devedor ou mais de um credor e devedor, sendo que, diante da complexidade subjetiva, todos os devedores esto obrigados a dvida toda e todos os credores tm direito a dvida toda. Art. 264 CC Art. 264. H solidariedade, quando na mesma obrigao concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou obrigado, dvida toda.

3. A solidariedade resulta da lei ou da vontade das partes. Art. 265. A solidariedade no se presume; resulta da lei ou da vontade das partes.

4. A solidariedade pode ser ativa, passiva ou mista.

Da solidariedade ativa Trata-se de obrigao com complexidade subjetiva ativa em que cada credor tem direito a exigir a dvida como um todo. Regras da solidariedade ativa 1. Qualquer credor pode demandar pela dvida toda. Art. 267 Art. 267. Cada um dos credores solidrios tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestao por inteiro. 2. O pagamento a qualquer um dos credores desonera o devedor (mediante termo de quitao). Art. 269 Art. 269. O pagamento feito a um dos credores solidrios extingue a dvida at o montante do que foi pago. 3. O credor que recebeu compensao ou que ofereceu perdo pela dvida, responde perante os demais. Art. 272.

31Art. 272. O credor que tiver remitido a dvida ou recebido o pagamento responder aos outros pela parte que lhes caiba.

19/04/2010

4. Falecendo o credor solidrio cada herdeiro s tem direito a cobrar a sua cota do crdito. Art. 270 CC Art. 270. Se um dos credores solidrios falecer deixando herdeiros, cada um destes s ter direito a exigir e receber a quota do crdito que corresponder ao seu quinho hereditrio, salvo se a obrigao for indivisvel.

5. Perecido o objeto da obrigao, mantm-se a solidariedade na devoluo dos valores pagos. Ao contrrio da obrigao com objeto indivisvel (uma cavalo, por exemplo), perecido o objeto, a obrigao torna-se divisvel e, portanto, o credor poder cobrar s a quota parte de cada um dos devedores. A indivisibilidade nasce do objeto. A solidariedade nasce da lei ou da vontade das partes. 6. A interrupo da prescrio por um credor solidrio beneficia os demais exceto quando toma fundamento em exceo pessoal. Art. 204, 1 1o A interrupo por um dos credores solidrios aproveita aos outros; assim como a interrupo efetuada contra o devedor solidrio envolve os demais e seus herdeiros.

7. Demandado o devedor pelo pagamento a qualquer dos co-credores, somente ser liberado se pagar ao demandante. Arriscando-se ao pagamento equvoco, ser necessrio novo pagamento conforme o adgio quem paga mal, paga duas vezes. Observao: O adgio supracitado vlido? Sim. A esse adgio, h 2 excees: a) O credor putativo. Art. 309 CC Art. 309. O pagamento feito de boa-f ao credor putativo vlido, ainda provado depois que no era credor. b) O pagamento feito ao incapaz. Art.310 Art. 310. No vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor no provar que em benefcio dele efetivamente reverteu.

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Da solidariedade passiva 1. Qualquer devedor pode ser cobrado por toda a obrigao seja o objeto divisvel ou no. Art. 275 CC Art. 275. O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dvida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores continuam obrigados solidariamente pelo resto.

2. Caso a prestao se torne impossvel por culpa de um dos devedores, todos, solidariamente, respondem pelo valor da prestao. No entanto, s o culpado responder pelo pagamento das perdas e danos. Art. 279 Art. 279. Impossibilitando-se a prestao por culpa de um dos devedores solidrios, subsiste para todos o encargo de pagar o equivalente; mas pelas perdas e danos s responde o culpado. 3. Um devedor pode opor ao credor suas excees pessoais (exemplos:

menoridade, compensao legal, coao etc.) e as comuns (ex: prescrio), mas no poder opor excees pessoais de outro devedor. Art. 281 Art. 281. O devedor demandado pode opor ao credor as excees que lhe forem pessoais e as comuns a todos; no lhe aproveitando as excees pessoais a outro co-devedor.

4. A exonerao de um devedor no libera necessariamente aos demais. Art. 282 Art. 282. O credor pode renunciar solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores.

5. A solidariedade no persiste entre os co-obrigados da maneira que segue: se um devedor pagar tudo, ele cobra individualmente a cota de cada um dos demais. Art. 283 Art. 283. O devedor que satisfez a dvida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se o houver, presumindo-se iguais, no dbito, as partes de todos os co-devedores.

336. Havendo co-devedor insolvente, sua cota ser dividida entre todos, inclusive, o exonerado pelo credor (remisso perdo). Art. 284 Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuiro tambm os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigao incumbia ao insolvente. Observao: Tendo em vista que o perdo ao co-devedor solidrio o mantm obrigado pela cota do insolvente, h posicionamento doutrinrio no sentido de que, no caso de solidariedade passiva, a remisso no extingue a obrigao daquele que foi perdoado, mas apenas a resolve. Essa seria uma figura de exceo, uma vez que a remisso uma forma indireta de extino da obrigao. 7. Se a dvida interessar a um s dos co-devedores, esse responder perante aquele que pagou pelo todo (art. 285). A solidariedade voluntria pode ser assumida sem que haja dbito originrio por parte daquele que presta a garantia. Exemplo: fiador que abre mo do benefcio de ordem. Art. 285. Se a dvida solidria interessar exclusivamente a um dos devedores, responder este por toda ela para com aquele que pagar.

8. A interrupo da prescrio operada contra um devedor prejudica aos demais.

Da transmisso das obrigaes1. Do carter ambulatrio obrigacional A ambulatoriedade da obrigao que determina a possibilidade de que, na obrigao, os sujeitos sejam substitudos sem que o vnculo obrigacional seja maculado. 2. Das modalidades de transmisso a) Cesso de crdito b) Assuno de dvida c) Cesso da posio contratual

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a) Cesso de crdito So sujeitos da cesso de crdito o cedente, o cessionrio e o devedor ou o cedido. A cesso, em regra, se presume onerosa, mas nada obsta que seja gratuita, desde que as partes determinem a situao expressamente. Em regra, portanto, a cesso de crdito, uma cesso de carter oneroso e especulativo. Nveis de eficcia da cesso de crdito Devem ser abordados: 1. Entre as partes (cedente e cessionrio) 2. Perante o devedor 3. Perante terceiros interessados 4. Eficcia erga omnes 1. Entre as partes (cedente e cessionrio) S necessrio que haja um acordo de vontades (escrito ou no). A simples entrega do ttulo j pode ser representativa da cesso de crdito.

2. Perante o devedor necessrio que o devedor (cedido) seja notificado. Quem o notifica (cedente ou cessionrio)? Antigamente, entendia-se o cedente. Mas qualquer um deve notificar o devedor, sob pena de o cessionrio perder seu crdito por eventual compensao que o devedor possa argir por possuir um crdito tambm contra o mesmo credor (cedente). Exemplo: A (credor) de C (devedor). A cede o crdito, que possui perante C, para B. Mas C tambm credor de outro crdito de A. Se A ceder o crdito para B e C quiser opor compensao, no poderia opor perante B pelo fato de que o a relao de crdito era com A e C. Por isso que necessrio qualquer um notificar o devedor (C). recomendvel o cessionrio notificar o devedor para evitar esses percalos. uma notificao receptcia, ou seja, cabe ao cessionrio a prova de cincia do devedor. O devedor no notificado mantm contra o cessionrio todas as excees que tinha contra o cedente.

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26/04/2010 3. Perante terceiros interessados Exige-se forma escrita. Art. 288. No se trata de validade da cesso, mas de eficcia. O instrumento pode ser pblico ou privado. 3 interessado aquele que tem interesse jurdico. Exemplos: fiador, avalista, proprietrio de bem dado em garantia ou garante de qualquer ordem. Se o instrumento privado, deve-se observar as seguintes formalidades (O CC fala de solenidades, mas, a rigor, trata-se de formalidades) art. 288 c/c art. 654, 1: a) Lugar em que foi passado b) Qualificao do cedente c) Qualificao do cessionrio d) Objetivo da cesso e) Data f) Extenso da cesso (total ou parcial).

Observao: quando a cesso for relativa a bens mveis, diante do instrumento privado, ser necessrio o registro a que alude o art. 129, nmero 9 da LRP (lei 6015/73). Essa circunstncia eficacial tambm ser necessria validade do ato. Art. 129. Esto sujeitos a registro, no Registro de Ttulos e Documentos, para surtir efeitos em relao a terceiros: (Renumerado do art. 130 pela Lei n 6.216, de 1975). 9) os instrumentos de cesso de direitos e de crditos, de sub-rogao e de dao em pagamento.

4. Eficcia erga omnes Para que o ato de cesso tenha eficcia erga omnes, indispensvel a publicidade do ato. Pode se dar por instrumento privado, mas sempre ser necessrio o registro (para bens mveis ou imveis). No caso dos bens imveis, ser feito o registro a que alude o art. 167, nmero 9 da LRP. Art. 167 - No Registro de Imveis, alm da matrcula, sero feitos. (Renumerado do art. 168 com nova redao pela Lei n 6.216, de 1975). 9) dos contratos de compromisso de compra e venda de cesso deste e de promessa de cesso, com ou sem clusula de arrependimento, que tenham por objeto imveis no loteados e cujo preo tenha sido pago no ato de sua celebrao, ou deva s-lo a prazo, de uma s vez ou em prestaes;

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No haver necessidade de registro nos casos de cesso de direitos relativos a aquisies do sistema financeiro de habitao conforme a lei 4380/64 direitos relativos a imveis de valor inferior a 30 salrios mnimos por analogia do art. 108 CC. No caso de cesso de crdito hipotecrio, o instrumento ser o de averbao, e no registro. Art. 108. No dispondo a lei em contrrio, a escritura pblica essencial validade dos negcios jurdicos que visem constituio, transferncia, modificao ou renncia de direitos reais sobre imveis de valor superior a trinta vezes o maior salrio mnimo vigente no Pas.

Nos casos de cesso judicial e legal, esto dispensados o instrumento pblico ou privado. Requisitos de validade da cesso de crdito A priori, so os mesmos de quaisquer outros negcios jurdicos. Art. 104 CC Art. 104. A validade do negcio jurdico requer: I - agente capaz; II - objeto lcito, possvel, determinado ou determinvel; III - forma prescrita ou no defesa em lei. Logo, a cesso de crdito est sujeita a anlise de nulidade ou anulabilidade. Ser nula quando houver uma agresso a ordem pblica legalmente qualificada como circunstncia de nulidade. O ato nulo se a lei previr hipteses de nulidade. Art. 166 e 167. Art. 166. nulo o negcio jurdico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz; II - for ilcito, impossvel ou indeterminvel o seu objeto; III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilcito; IV - no revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prtica, sem cominar sano.

37Art. 167. nulo o negcio jurdico simulado, mas subsistir o que se dissimulou, se vlido for na substncia e na forma. 1o Haver simulao nos negcios jurdicos quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas s quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declarao, confisso, condio ou clusula no verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou ps-datados. 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-f em face dos contraentes do negcio jurdico simulado.

Hipteses de anulabilidade (somente se a lei previr tambm): Art. 171. Alm dos casos expressamente declarados na lei, anulvel o negcio jurdico: I - por incapacidade relativa do agente; II - por vcio resultante de erro, dolo, coao, estado de perigo, leso ou fraude contra credores. Ser anulvel quando houver uma agresso a ordem privada legalmente determinada como circunstncia de nulidade relativa

Cesses de crditos entre herdeiros necessrios. Art. 1845 Art. 1.845. So herdeiros necessrios os descendentes, os ascendentes e o cnjuge. Portanto, a cesso de crdito entre descendentes, ascendentes e cnjuge, o ato ser nulo. Se nulo, ela no se confirma e nem se convalesce pelo decurso do tempo. Art. 169. O negcio jurdico nulo no suscetvel de confirmao, nem convalesce pelo decurso do tempo.

Se a cesso de crdito for anulvel, se convalesce pelo decurso do tempo ou suscetvel de confirmao. Em regra, o prazo para argio de nulidade relativa da cesso de crditos ser de 2 anos. Esse o prazo ordinrio. Ocorre que a maior parte dos casos, o prazo de 4 anos.

38Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato anulvel, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulao, ser este de dois anos, a contar da data da concluso do ato. Art. 178. de quatro anos o prazo de decadncia para pleitear-se a anulao do negcio jurdico, contado: I - no caso de coao, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou leso, do dia em que se realizou o negcio jurdico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

Prazos de argio de nulidade relativa da cesso de crdito 1. Ordinrio. 2 anos. Art. 179 2. Mas a maior parte dos casos, o prazo no o ordinrio, mas um prazo excepcional de 4 anos. Art. 178. 3. Cesso de crdito com vcio de consentimento em partilha de bens. Prazo de 1 ano. Art. 2027, pargrafo nico. Art. 2.027. A partilha, uma vez feita e julgada, s anulvel pelos vcios e defeitos que invalidam, em geral, os negcios jurdicos. Pargrafo nico. Extingue-se em um ano o direito de anular a partilha. O efeito material da sentena que declara a nulidade relativa ex nunc. Invalida o ato da sentena em diante. Observao: a escriturao pblica e o registro so requisitos essenciais de validade nas cesses que comportem direitos sobre bens imveis cujo valor for superior a 30 salrios mnimos. Art. 108 Nos casos de bens imveis, ser necessria, para validade da cesso, outorga uxria ou marital. No se exige outorga uxria ou marital para cesso: a) Regime da separao total de bens

b) Regime de separao obrigatria de bens (art. 1641, I). Aqui, hcontrovrsia. ATENO: Caso uma questo de necessidade de vnia conjugal para a cesso de crdito de bens imveis nesse regime caia numa prova, colocar que tal regime no excepciona a necessidade de vnia conjugal. Para essa parte doutrinria, necessria a vnia conjugal, uma vez que a conseqncia do regime da separao legal a mesma da

39comunho parcial. Smula 377 STF. Ora, se os efeitos desse regime so iguais ao da comunho parcial, as mesmas exigncias devem ser aplicadas para os 2 regimes. Ateno: discute-se sobre a possvel revogao dessa smula.SMULA N 377 NO REGIME DE SEPARAO LEGAL DE BENS, COMUNICAM-SE OS ADQUIRIDOS NA CONSTNCIA DO CASAMENTO.

c) No regime de participao final dos aquestos, quando os nubentes expressamente dispuserem sobre a livre alienao de bens imveis. Art. 1656 Art. 1.656. No pacto antenupcial, que adotar o regime de participao final nos aqestos, poder-se- convencionar a livre disposio dos bens imveis, desde que particulares.

Do cessionrio em branco Se o instrumento de cesso de crdito no traz a individualizao do cessionrio (beneficirio da cesso) no haver agresso validade do instrumento o preenchimento do campo pelo prprio beneficirio. (Caio Mrio da Silva Pereira). 03/05/2010

Da incessibilidade do crdito (crditos que no podem ser cedidos) H circunstncias em que no podem haver cesso de crditos. So incessveis ou incedveis. So eles: a) Crditos alimentares b) Crditos trabalhistas c) Crditos previdencirios d) Crditos penhorados e) Direito de revogar a doao f) Direitos de personalidade g) Crditos gravados com clusula de incessibilidade

40Da disponibilidade relativa de direitos de personalidade Os direitos de personalidade so inatos e decorrentes da condio humana e, por esse motivo, so indisponveis e incessveis. O que se tem denominado de disponibilidade relativa, nada mais do que a cesso da explorao econmica de tais direitos como ocorre, por exemplo, com a imagem, com a privacidade ou com o direito de autor. No confundir com possibilidade de cesso de direitos de personalidade. Isso proibido. No se pode ceder direitos da personalidade porque so decorrentes da pessoa humana. A personalidade pode ter reflexos econmicos, tal como, direito autoral. Os direitos morais so incessveis, mas o reflexo econmico sim. E da privacidade? Tambm. O exemplo o programa big brother Brasil. Disponibilidade relativa de direitos da personalidade a cesso da explorao econmica dos direitos da personalidade. Clusula proibitiva de cesso A clusula proibitiva de cesso no gera efeitos quanto ao cessionrio de boa f. Desse modo, o cedido somente poder se opor a cesso feita sobre o fundamento de aplicao da clusula quando provar a cincia do cessionrio ao momento da cesso. Ex: Jos deve a Manoel. A clusula consta no poder haver cesso de crdito. Havendo essa clusula, o credor no poder ceder o crdito. Se, mesmo assim, o ceder, o que ocorrer? O cessionrio no tem conhecimento dessa clusula proibitiva. Ele estar de boa f. Se a clusula estiver no corpo do ttulo, o cessionrio no poder alegar que no conhecia a clusula. Por outro lado, se a clusula estiver em termo apartado, poder alegar que no conhecia. E, portanto, ter total eficcia contra o devedor. Espcies de cesso (classificao) 1. Quanto causa

a) Convencional. A cesso convencional aquela que se d por acordo devontades cumpridas s regras atinentes eficcia e validade. b) Legal. aquela que se d por determinao de lei. Exemplo: art. 40, 3 Lei 6766/79 (quando o loteador no atinge as metas do loteamento, ou seja, implantao ou registro, a prefeitura ou DF, conforme o caso, encampam o loteamento obtendo cesso legal nos crditos a ele referentes).

41Art. 40 - A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, se desatendida pelo loteador a notificao, poder regularizar loteamento ou desmembramento no autorizado ou executado sem observncia das determinaes do ato administrativo de licena, para evitar leso aos seus padres de desenvolvimento urbano e na defesa dos direitos dos adquirentes de lotes. 1 - A Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, que promover a regularizao, na forma deste artigo, obter judicialmente o levantamento das prestaes depositadas, com os respectivos acrscimos de correo monetria e juros, nos termos do 1 do art. 38 desta Lei, a ttulo de ressarcimento das importncias despendidas com equipamentos urbanos ou expropriaes necessrias para regularizar o loteamento ou desmembramento. 2 - As importncias despendidas pela Prefeitura Municipal, ou pelo Distrito Federal quando for o caso, para regularizar o loteamento ou desmembramento, caso no sejam integralmente ressarcidas conforme o disposto no pargrafo anterior, sero exigidas na parte faltante do loteador, aplicando-se o disposto no art. 47 desta Lei. 3 - No caso de o loteador no cumprir o estabelecido no pargrafo anterior, a Prefeitura Municipal, ou o Distrito Federal quando for o caso, poder receber as prestaes dos adquirentes, at o valor devido.

c) Judicial. D-se quando determinado em juzo. comum em aes que visama partilha de bens.

2. Quanto responsabilidade do cedente

a) Pro soluto. Essa a regra. O cedente no se responsabiliza peloadimplemento da obrigao (pela solvncia do cedido).

b) Pro solvendo. medida excepcional. Necessita de conveno expressa.Situao em que o cedente se responsabiliza pela cesso do crdito. No confundir o art. 296 com os casos em que, por lei, o cedente responsvel. Ex: cedente faz cesso de m f (sabendo que o cedido insolvente); inexistncia do crdito. Em outras palavras, essa classificao no se confunde com as circunstncias em que o cedente restar, por lei, responsvel pelo adimplemento da obrigao, pois, em referidos casos, no houve conveno de responsabilidade (art. 296). Art. 296. Salvo estipulao em contrrio, o cedente no responde pela solvncia do devedor. O cedente ser responsvel independentemente de conveno quando tiver procedido de m f (sabia da insolvncia do devedor) ou quando o crdito no existir.

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3. Quanto onerosidade a) Gratuito. Ocorrer quando no houver contraprestao pela cessa feita.

b) Oneroso. Ocorrer quando houver contraprestao. Ex: contrato de fomentomercantil (factoring). o cessionrio que estar ganhando pela cesso do crdito. Ex: faturizador d 1 duplicata no valor de 10 mil reais ao faturizado. Este lhe paga menos, por exemplo, 9 mil reais vista. O faturizado, no dia do vencimento, apresenta a duplicata para receber os 10 mil reais.

4. Quanto extenso da cessoa) Total. Ser total quando todo o crdito constante em ttulo for cedido. b) Parcial. Quando o crdito for cedido em parte apenas.

Da responsabilidade do cedente 1. Pela existncia do crdito O cedente responde pelo vcio que macule de inexistncia o crdito cedido. Integram essa responsabilidade quaisquer das circunstncias de inexistncia do negcio jurdico (ausncia e vontade humana, idoneidade objetiva e finalidade negocial). Obs: Na cesso gratuita, somente responder se tiver procedido de m f. 2. Pela solvncia do cedido Ser responsvel quando agir de m f ou nos casos em que tiver se obrigado pelo adimplemento da obrigao. Art. 295 e 296 CC. Art. 295. Na cesso por ttulo oneroso, o cedente, ainda que no se responsabilize, fica responsvel ao cessionrio pela existncia do crdito ao tempo em que lhe cedeu; a mesma responsabilidade lhe cabe nas cesses por ttulo gratuito, se tiver procedido de m-f. Art. 296. Salvo estipulao em contrrio, o cedente no responde pela solvncia do devedor.

43b) Assuno de dvida ou cesso de dbito um negcio jurdico bilateral pelo qual o devedor com a anuncia do credor, de forma expressa ou tcita, transfere seu dbito a algum. A assuno quanto aos assuntores poder ser: a) Simples. Assuno simples aquela em que h apenas 1 assuntor. b) Complexa. Assuno complexa aquela em que h mais de 1 assuntor. Sendo complexa a assuno, poder ser: 1. Solidria. 2. Subsidiria ou sucessiva.

10/05/2010

Quanto aceitao do devedor: a) Por delegao. Ocorre quando o devedor originrio aceita a assuno. i. Liberatria. Ocorre quando o assuntor assume a obrigao desonerando por completo o devedor primitivo. ii. Cumulativa. Ocorre quando o assuntor assume de maneira cumulativa a posio de dbito.

b) Por expromisso. Ocorre nas circunstncias em que o devedorprimitivo no concorda com a assuno. A remisso no pode se dar na expromisso. A remisso pressupe o consentimento do devedor. Mas a assuno de dvida pode ocorrer por expromisso. Em que pese a assuno de dvida possa se dar por expromisso (sem o consentimento do devedor), o mesmo no ocorre com o perdo (remisso) que necessita por disposio de lei do consentimento do devedor. Da mesma maneira que a assuno por delegao, a assuno por expromisso tambm pode se dar de forma liberatria ou cumulativa. i. Liberatria ii. Cumulativa Salvo disposio em sentido contrrio, todas as garantias caem diante da assuno da dvida.

441. Do consentimento do credor Em regra, o consentimento do credor indispensvel assuno da dvida. Art. 114. Os negcios jurdicos benficos e a renncia interpretam-se estritamente.

1.1. Da assuno de dvida decorrente da aquisio de imvel hipotecado. Art. 1.475. nula a clusula que probe ao proprietrio alienar imvel hipotecado. Pargrafo nico. Pode convencionar-se que vencer o crdito hipotecrio, se o imvel for alienado. Toda aquisio de imvel hipotecado contm implicitamente uma clusula de assuno de dvida. Ou seja, se adquiri um imvel hipotecado (nus real constitudo sobre o imvel) e o devedor hipotecado no cumpre com sua obrigao, corro o risco de perder esse imvel. Ento estou indiretamente assumindo uma dvida. Mas, se fui notificado e no me manifestei em 30 dias, presume-se que aceitei a assuno de dvida. Art. 303. O adquirente de imvel hipotecado pode tomar a seu cargo o pagamento do crdito garantido; se o credor, notificado, no impugnar em trinta dias a transferncia do dbito, entender-se- dado o assentimento. Como exceo regra, nesse caso, notificado o credor e no se

manifestando em 30 dias, presume-se a aceitao da assuno de dvida. Isso ocorre porque nesse caso especfico, o credor tem uma garantia real e a assuno a dvida por outrem no aumenta o risco de descumprimento da obrigao.

c) Cesso da posio contratual. a 3 forma de transmisso obrigacional. Tambm chamada CESSO DE CONTRATO. O CC no o regulou, diferentemente do cdigo civil portugus, que o fez a partir do art. 424. Conceito: trata-se do ato jurdico negocial, por meio do qual uma das partes do contrato (cedente) transfere a sua prpria posio (incluindo crditos e dbitos) a um terceiro (cessionrio), com a anuncia da outra parte.

45TEORIA UNITRIA. Emilio Betti analisa a matria, apontando que no se pode confundir a cesso de crdito e assuno de dvida com a cesso de contrato. Aqui, transfere-se a posio global do sujeito. Alguns autores, como Ferrara, tentavam explicar o contrato de forma fragmentada: haveria um conjunto de cesses de crdito e dbito. Mas a doutrina que melhor explica a cesso de contrato a TEORIA UNITRIA, defendida por autores como Pontes de Miranda e Antunes Varella, no sentido de que a cesso de contrato no deve ser fragmentada, traduzindo uma transferncia nica e global da posio do contrato. Slvio Rodrigues lembra que alguns tipos de contrato frequentemente so objetos de cesso: locao, empreitada, financiamento. ANUNCIA. Para haver a cesso do contrato, necessria a anuncia da outra parte, sob pena de a cesso ser nula. Exemplo: financiamento com instituio financeira repassado por financiado precisa da anuncia da instituio (CONTRATO DE GAVETA), sob pena de anulao, cf. AgRegREsp 934.989/RJ. Para financiamento pelo SFH, veja lei 10.150/00: 20, que permitiu anistia.

DA EXTINO DAS OBRIGAESMeios diretos de extino Meios indiretos de extino

Meio direto de extino das obrigaes o pagamento. Pagar significa solver em absoluto. No entanto, para que seja satisfativo ao credor, deve-se seguir 5 regras. 1. Quem paga 2. A quem se paga 3. O que se paga ou objeto do pagamento 4. Onde se paga ou local do pagamento 5. Quando se paga ou tempo do pagamento

46Se no obedecer qualquer dessas regras, no ser pagamento, mas meio indireto de extino da obrigao. 1. Quem paga a obrigao? Quem paga a obrigao o devedor, no entanto, um 3 pode pagar. Deve-se distinguir se o 3 ou no interessado. 3 interessado o mesmo dizer que o 3 juridicamente interessado. Interesse s possui aquele que tem interesse jurdico (fiador, avalista ou aquele que deu um bem em garantia). Qualquer outro interesse ser o 3 no interessado. Se o 3 juridicamente interessado, opera-se sub-rogao legal. Cuidado: h 2 acepes de 3 interessado: lato e stricto sensu. 3 interessado lato sensu. So os sujeitos descritos no art. 346 CC. Esses 3 possuem interesse jurdico na extino da obrigao. Art. 346. A sub-rogao opera-se, de pleno direito, em favor: I - do credor que paga a dvida do devedor comum; II - do adquirente do imvel hipotecado, que paga a credor hipotecrio, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para no ser privado de direito sobre imvel; III - do terceiro interessado, que paga a dvida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte. No inciso I, h 2 ou mais credores com um devedor em comum e um desses credores paga o outro credor no valor de seu crdito. O credor que pagou se subroga nos direitos daquele credor. A lei o qualifica como um 3 juridicamente interessado. No inciso II, o adquirente de um imvel hipotecado tem interesse em solver aquela dvida que constitui a hipoteca perante o credor hipotecrio. O adquirente estar sub-rogado no crdito do credor. No inciso III, traz a figura do 3 interessado stricto sensu. Este o garante fidejussrio (fiador, avalista - aquele que fez promessa de garantia sem dar bem em garantia). Lembrar que as garantias podem ser fidejussrias (pessoal) ou reais (fiduciria). A garantia fidejussria a promessa do devedor 3 interessado. 3 no interessado Mas pode ocorrer que um 3 no tenha interesse jurdico na extino da obrigao, ou seja, o interesse meramente moral. Em regra, no se opera a subrogao em seu favor. Ex: pai paga a dvida do filho. O 3 moralmente interessado somente se sub-rogar se houver um pacto sub-rogativo. Esse pacto sub-rogativo um contrato que gera sub-rogao ao 3

47no interessado. O 3 faz um pacto sub-rogativo com o credor ou com o devedor. Tanto faz. Os 2 casos esto previstos no art. 347 CC. Art. 347. A sub-rogao convencional: I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; II - quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dvida, sob a condio expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. A sub-rogao convencional pode ser ativa ou passiva. Ativa ocorre quando o acordo feito com o credor. A passiva ocorre quando o acordo feito com o devedor. A sub-rogao convencional passiva se d num contrato de mtuo condicional, ou seja, emprstimo de dinheiro sob condio de pagamento ao credor e sub-rogao ao mutuante. A empresta $ para B para este pagar seu credor (C) com a condio de A (mutuante) se sub-rogar nos direitos do credor (C). A sub-rogao meio indireto de extino obrigacional satisfativa. Desse modo, em qualquer modalidade, se o credor no estiver satisfeito, no se opera sub-rogao. Se B no pagou seu credor C, evidente que no houve subrogao de A em relao a B. S haver sub-rogao se o credor C estiver satisfeito. 17/05/2010

Requisitos do pagamento a) Existncia de vnculo obrigacional

b) Inteno de solver (animus solvendi)c) Satisfao da prestao

d) Presena do solvens e) Presena do accipiensDistino entre sub-rogao convencional ativa e cesso de crdito Art. 348. Na hiptese do inciso I do artigo antecedente, vigorar o disposto quanto cesso do crdito. Art. 347. A sub-rogao convencional:

48I - quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos; (sub-rogao convencional ativa) Na sub-rogao convencional ativa, so aplicveis as regras da cesso de crdito concernente validade e eficcia do negcio jurdico. Sub-rogao convencional ativa e cesso de crdito no so as mesmas coisas. Ocorre que, na prtica, parecem institutos idnticos. Eles tm em comum a substituio do credor. A distino reside na inteno das partes. Art. 112. Art. 112. Nas declaraes de vontade se atender mais inteno nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. Qual a inteno? Na cesso de crdito, basta ver o captulo a qual est inserido, ou seja, um meio de transmisso obrigacional. A inteno no solver a obrigao, no extinguir a obrigao. A sub-rogao convencional ativa um meio indireto de extino obrigacional satisfativa. O animus solver. No se pagar menos, mas pagar a obrigao por inteiro. satisfativo porque, se o credor no recebeu, aquele que paga no se sub-roga nos direitos do credor.

Novao subjetiva ativa um meio indireto de extino obrigacional tal qual a sub-rogao convencional ativa. A distino a satisfatividade. A sub-rogao convencional ativa satisfativa, ou seja, s extingue a obrigao se o credor receber o pagamento. Se o credor no receber a prestao obrigacional, a sub-rogao ser ineficaz. A novao subjetiva ativa deve haver animus novandi. Necessariamente, haver a inteno de extinguir uma obrigao para criar uma nova obrigao. Portanto, a novao um instituto de extino obrigacional no satisfativa necessariamente, em que pese entendimento contrrio do prof. Silvio de Salvo Venosa, que entende ser possvel a novao satisfativa. Mas, para provas de concursos, a novao subjetiva ativa no satisfativa.

Concluso:

49a) Cesso de crdito um meio de transmisso obrigacional b) Sub-rogao convencional ativa um meio indireto de extino obrigacional satisfativa.

c) Novao subjetiva ativa um meio indireto de extino obrigacional nosatisfativa. 2. A quem se deve pagar O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem o represente ou a quem ele indique. Em regra, o devedor s resta desonerado se pagar o credor. Mas o credor pode indicar algum para receber o pagamento ou ter um representante legal, judicial ou convencional. a) Representante legal. aquele que decorre de determinao de lei (pais, tutores, curadores) b) Representante judicial. o representante nomeado em juzo (inventariante, sndico, administrador) c) Representante convencional. aquele que se d por acordo (procurador). Obs: lcito que o oficial de justia, portador de mandado, receba o pagamento como tambm o para o sucessor a ttulo universal, cessionrio ou aquele que sucede a ttulo particular. Aquele que paga mal, paga duas vezes. Mas, essa regra comporta excees:

a) O credor putativo. o credor aparente. O pagamento feito a ele de boa-f vlido, ainda que se comprove posteriormente que ele no era o credor. Art. 309 CC. Art. 309. O pagamento feito de boa-f ao credor putativo vlido, ainda provado depois que no era credor.

b) Pagamento feito ao incapaz. Se o incapaz no pode dar quitao, opagamento a ele, como regra, no vlido. Art. 166, I. Mas, se comprovar que o pagamento se reverteu em benefcio do incapaz, ser vlido. Ex: cheque dado ao incapaz e comprovar que este pagou sua escola. Art. 310. No vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor no provar que em benefcio dele efetivamente reverteu.

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3. O que se deve pagar ou objeto do pagamento e sua prova O objeto do pagamento a coisa avenada. Pagamento aquilo que foi avenado. Se entregar coisa diversa, poder ser novao objetiva, dao em pagamento real ou sub-rogao real.

Art. 313. O credor no obrigado a receber prestao diversa da que lhe devida, ainda que mais valiosa. Obs: as obrigaes devem ser pagas em moeda corrente nacional. No se admite pagamento em ouro ou em outra moeda, caso contrrio, o pagamento ser nulo de pleno direito. Art. 315. As dvidas em dinheiro devero ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqentes. Art. 318. So nulas as convenes de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferena entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislao especial. Exceo: a) Contratos de importao e exportao em geral b) Contratos de compra e venda de cmbio

c) Contratos celebrados com pessoas residentes e domiciliadas no exterior.Essa exceo no se aplica para o caso de aquisio e venda de bens imveis no territrio nacional.

24/05/2010

Princpio do nominalismo Significa que o devedor se desonera pagando a exata quantia devida. Mas, h possibilidade da incidncia de correo monetria. A regra o nominalismo. No entanto, pode-se estabelecer a correo monetria.

51Distino entre correo monetria e clusula de escala mvel Correo monetria consiste na mera atualizao da crtula. No h indexao a preos ou variveis especficas. Clusula de escala mvel mais agressiva do que a correo monetria. Essa clusula estabelece uma reviso pr-convencionada pelas partes dos pagamentos que devero ser feitos de acordo com a variao dos preos de determinadas mercadorias ou servios ou de algum ndice geral do custo de vida e salrios. Da prova do paga