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i Custeio baseado em atividades no Banco Central do Brasil: um estudo de caso Raquel Gonçalves de Moraes Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ Instituto COPPEAD de Administração Mestrado em Administração Orientador: Marcos Gonçalves Avila Ph.D. em Contabilidade Rio de Janeiro 2003

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i

Custeio baseado em atividades no Banco Central do Brasil: um estudo de caso

Raquel Gonçalves de Moraes

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Instituto COPPEAD de Administração

Mestrado em Administração

Orientador: Marcos Gonçalves Avila

Ph.D. em Contabilidade

Rio de Janeiro

2003

ii

Custeio baseado em atividades no Banco Central do Brasil: um estudo de caso

Raquel Gonçalves de Moraes

Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro - COPPEAD/UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.) em Administração. Aprovada por:

___________________________________________________________ Prof. Marcos Gonçalves Avila, Ph.D. em Contabilidade - Orientador

_________________________________________________________

Prof. Kleber Fossati Figueiredo, Ph.D. em Administração de Empresas

___________________________________________________________

Dr. Moacir Sancovschi, D.Sc.

Rio de Janeiro 2003

iii

FICHA CATALOGRÁFICA

Moraes, Raquel Gonçalves de Custeio baseado em atividades no Banco Central do Brasil: um estudo de caso / Raquel Gonçalves de Moraes. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2003. x, 128 p.: il. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, COPPEAD, 2003. Orientador: Marcos Gonçalves Avila

1. Controle Gerencial - Tese. 2. Contabilidade de Custos - Tese 3. Custeio Baseado em Atividades - Tese. I.Título. II. Tese (Mestr. - UFRJ/COPPEAD)

iv

RESUMO

MORAES, Raquel Gonçalves de. Custeio baseado em atividades no Banco Central

do Brasil: um estudo de caso. Orientador: Marcos Gonçalves Avila. Rio de Janeiro:

UFRJ/COPPEAD, 2003. Dissertação (Mestrado em Administração).

As transformações no ambiente sócio-econômico, político, tecnológico e

ambiental em que as empresas estão inseridas vêm exigindo que as organizações para

permanecerem atuando no mercado competitivo, reestruturem os seus processos e

produtos no intuito de obterem maior qualidade, confiabilidade, controle de custos e

diferenciação. Dentro deste contexto e da necessidade crescente de melhores

informações gerenciais como subsídio para a tomada de decisão, o Banco Central do

Brasil, autarquia federal, decidiu implantar um sistema de custeio para seus produtos e

escolheu a metodologia de Custeio Baseado em Atividades -ABC. O projeto é pioneiro

na medida em que se trata do primeiro Banco Central do mundo a adotar a metodologia

e representa a transição de uma instituição que não tinha a cultura de controle de custos

para um novo modelo, que não só os organiza de forma gerencial, mas que também

suscita discussões de possíveis melhorias advindas da análise dos processos de trabalho

das unidades. Assim sendo, esta dissertação se propõe a relatar a experiência e a

analisar as decisões de design e implementação tomadas no processo.

v

ABSTRACT

MORAES, Raquel Gonçalves de. Custeio baseado em atividades no Banco Central

do Brasil: um estudo de caso. Orientador: Marcos Gonçalves Avila. Rio de Janeiro:

UFRJ/COPPEAD, 2003. Dissertação (Mestrado em Administração).

The current changes in socioeconomic, political and technological environment,

in which enterprises are involved, indicates the necessity of a process and products

reformulation in order to obtain more trustworthy, quality, cost reduction and

differentiation. This effort has become fundamental for an enterprise to survive in

competitive market. In that context, and taking into account the continuous management

information improvements required as subsidy for the decision making process, the

Central Bank of Brazil decided to implement a cost system, making use of the Activity

Based Costing-ABC methodology. This project is pioneer, because any other Central

Bank in the world had applied this methodology before. It represents the transition of an

institution disproved of a cost control culture to a new model that provides not just a

managerial organization but also motivate discussions about possible improvements

arisen from analysis of unit's working processes. This dissertation intends to relate this

experience and analyze design and implementation decisions that organization leaders

had to take during this process.

vi

À Natália, minha irmã, pelo incentivo e

apoio, e aos meus pais, pelo amor e dedicação com

que me educaram.

vii

AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente ao Prof. Marcos Avila, orientador deste trabalho, pelo apoio e

confiança no desenvolvimento desta dissertação e no decorrer de todo o curso de

mestrado.

Não poderia deixar de agradecer a toda a equipe da Consultoria de Custos e

Informações Gerenciais do Departamento de Planejamento e Orçamento do Banco

Central do Brasil, que no decorrer deste trabalho, esteve sempre pronta a me receber e

disposta a colaborar com a dissertação.

Por fim, devo ainda agradecer ao Banco Central do Brasil por ter me propiciado esta

oportunidade, por meio da minha participação no seu Programa de Pós-Graduação.

Entre os muitos do Banco Central, gostaria de agradecer especialmente ao Prof.

Joaquim José Rodrigues Alves, por toda a sua colaboração e orientação para a

realização deste trabalho.

viii

LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 Tópicos especiais abordados na análise p.30

Quadro 2 Resultado Apresentado pela Consultoria Estratege para o DEMAB p.50

Quadro 3 Composição do Objeto de Custo: Formulação e gestão das políticas monetária

e cambial p.69

Quadro 4 Composição do Objeto de Custo: Regulamentação e Supervisão do SFN

p.69

Quadro 5 Composição do Objeto de Custo: Administração do Sistema de Pagamentos

Brasileiro e do Meio Circulante p.70

Quadro 6 Composição do Objeto de Custo: Atendimento ao Tesouro Nacional e

Administração de Fundos e Programas p.70

Quadro 7 Composição do Objeto de Custo: Atendimento ao Tesouro Nacional e

Administração de Fundos e Programas p.71

Quadro 8 Composição do Objeto de Custo: Institucional p.71

Quadro 9 Relacionamento dos Objetos de Custos de Nível 2 com os de Nível1 p.85

Tabela 1 Relação de Atividades, Geradores de Custos e Objetos de Custos do DEMAB

p.86

ix

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO....................................................................................................1

1.2 Relevância do estudo .............................................................................................. 2

1.3 Objetivos....................................................................................................................3

1.4 Organização do Estudo............................................................................................4

2. REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................6

2.1 Introdução ................................................................................................................6

2.2 Custeio Baseado em Atividades - ABC ..................................................................7

2.3 Gerador de Custos..................................................................................................10

2.3.1 Seleção dos Geradores de Custo.........................................................................11

2.4 Etapas de Implementação......................................................................................13

2.5 Pontos Relevantes na Implementação...................................................................15

2.5.1 Considerações acerca dos Resultados das Aplicações do ABC.......................18

2.6 Aplicações da Metodologia ABC...........................................................................22

2.7 ABC em Empresas de Serviços..............................................................................23

2.7.1 Aplicação do ABC em Empresas de Serviços...................................................23

2.8 Controle de Custos no Setor Público....................................................................25

3. METODOLOGIA..............................................................................................31

4. CASO BANCO CENTRAL DO BRASIL.......................................................33 4.1 Bancos Centrais......................................................................................................33

4.1.1 Histórico e Funções do Banco Central do Brasil..............................................33

4.1.2 Funções do Banco Central do Brasil..................................................................33

4.1.3 Produtos................................................................................................................36

4.2 Estrutura.................................................................................................................36

4.3 Estratégia.................................................................................................................41

4.4 Sistemas de Custos no Banco Central do Brasil..................................................43

4.4.1 A Retomada .........................................................................................................44

4.5 Desenvolvimento do Sistema de Custo..................................................................45

4.5.1 Resultado obtido pela Consultoria Estratege....................................................47

4.5.2 Termo de Referência...........................................................................................50

x

4.5.3 Benefícios Esperados...........................................................................................52

4.6 Desenvolvimento do Sistema de Custos pela Consultoria KPMG.....................53

4.6.1 Equipe do Projeto................................................................................................55

4.6.2 Fases de Implementação do Projeto...................................................................58

4.6.3 Levantamento e Análise dos Recursos...............................................................60

4.6.3.1 Principais Premissas Utilizadas.......................................................................61

4.6.3.2 Critérios Utilizados...........................................................................................61

4.6.3.3 Contas de Recursos...........................................................................................63

4.6.4 Levantamento e Análise das Atividades............................................................63

4.6.5 Definição dos Objetos de Custos........................................................................65

4.6.6 Geradores de Custos de Primeiro Estágio.........................................................74

4.6.7 Geradores de Custos de Segundo Estágio.........................................................79

4.6.7.1 Geradores de Custos entre Objetos de Custos...............................................82

4.7 Modelo do Sistema de Custos................................................................................89

4.8 Sistemas Integrados................................................................................................96

4.9 Indicadores de Desempenho..................................................................................99

4.10 Divulgação e Treinamento.................................................................................103

5. ANÁLISE..........................................................................................................106

6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE PESQUISAS FUTURAS..................114

1

1. INTRODUÇÃO

As transformações no ambiente econômico, social, político, tecnológico e ambiental em

que as empresas estão inseridas vêm exigindo que as organizações para permanecerem

atuando no mercado competitivo, reestruturem os seus processos e produtos no intuito

de obterem maior qualidade, confiabilidade, controle de custos e diferenciação.

Os avanços na tecnologia da informação têm levado a inovações e mudanças na coleta,

mensuração, análise e comunicação das informações entre e dentro das organizações,

facilitadas por tecnologias tais como: sistemas de planejamento de recursos, comércio

eletrônico, internet e transferência eletrônica de informações. Para muitos observadores,

tais mudanças implicam também em mudanças na contabilidade gerencial (Burns e

Vaivio, 2001).

O ambiente das organizações estatais não foge a essa regra, inclusive no que respeita

aos órgãos e entidades monopolistas ou exclusivistas. Isso como decorrência, em

primeiro lugar, da pressão exercida pela atuação dos contribuintes, que atuando

individual ou coletivamente, estão cada vez mais ciosos dos seus direitos, como

consumidores, clientes, cidadãos. E, em segundo lugar, pela adoção cada vez mais

intensa de práticas de benchmarking, entre as agências governamentais nacionais e entre

estas e as suas similares de outras nacionalidades (Banco Central do Brasil, 2002).

O custeio baseado em atividades –Activity Based Costing-ABC segrega os componentes

de um serviço e determina o seu valor. Analisando os serviços gove rnamentais por meio

do método ABC, há a possibilidade de os gerentes dos órgãos prestadores do serviço e

dos potenciais usuários poderem comparar o custo dos serviços prestados pelo setor

público com aquele oferecido pelo setor privado. Além disso, empresas que utilizam

vários recursos para oferecerem diversos produtos ou serviços podem determinar quais

destes recursos são utilizados, possibilitando formas para economia de gastos.

Dentro do contexto da necessidade crescente de melhores informações gerenciais para

prover tanto empresas estatais quanto públicas de mais subsídio para a tomada de

2

decisão, o Banco Central do Brasil, autarquia federal, decidiu implantar um sistema de

custeio para seus produtos e escolheu a metodologia ABC.

1.2 Relevância do estudo

Os gerentes do setor público vêm tendo que demonstrar, cada vez mais, uma gerência

mais participativa e consciente da necessidade de se antecipar aos fatos. Uma maior

autonomia decisória tem sido observada no setor público e, em conseqüência, maior

flexibilidade e maior iniciativa têm caracterizado os comportamentos nesse setor

(Gould e Parker, 1999).

O termo nova administração pública - New Public Management- tem sido

freqüentemente utilizado em todo o mundo. O termo parece descrever uma tendência

global em direção a um certo tipo de reforma administrativa e tem contribuído para a

elaboração de uma visão mais econômica e gerencial da administração governamental

(Ormond e Loffler, 1999).

Assim, de acordo com Gould e Parker (1999), as empresas do setor público têm

adotado práticas da administração do setor privado, incluindo a busca pela eficiência e

eficácia na concessão dos serviços, sistemas de gerenciamento mais racionais, como o

estabelecimento de objetivos especificados e quantitativos, o planejamento estratégico,

avaliação de desempenho, incentivos por desempenho e o benchmarking .

Assumindo esta tendência, esta dissertação tenta documentar o processo de

desenvolvimento e implantação do sistema de custos ABC no Banco Central do Brasil.

Este trabalho é importante, porque não há no país, um órgão público nas proporções do

Banco Central que tenha adotado a metodologia ABC. Assim, o modelo desenvolvido

no banco poderá servir de base para tentativas em outros órgãos da administração

pública nacional ou internacional. Também servirá de exemplo para outros bancos

centrais, já que não há informação da adoção de tal metodologia por outros bancos

centrais.

3

O trabalho também estará à disposição da sociedade como um documento que retrata a

preocupação do banco em conhecer melhor os seus custos, como forma de melhor

gerenciá- los, determinando indicadores de desempenho para melhorar a gestão das suas

operações. Esta intenção está aliada à maior transparência de suas operações obtidas

com a exposição dos custos das mesmas.

1.3 Objetivos

A questão central que surge neste trabalho é a de relatar o processo de desenvolvimento

e implantação da metodologia de custeio baseado em atividades em uma instituição

pública de grandes proporções como o Banco Central do Brasil. O objetivo é o de

documentar a experiência do banco de maneira a (a) registrar os benefícios potenciais

da adoção da metodologia em um ambiente de uma empresa pública (b) criar condições

para uma avaliação futura de sucesso ou fracasso em relação à experiência, embora a

própria noção de fracasso ou sucesso tenha que ser objeto de discussão (c) oferecer

subsídios que auxiliem processos envolvendo iniciativas similares em outras

organizações.

Embora a noção de sucesso/fracasso tenha um razoável grau de subjetividade, existe na

literatura de custos, aparentemente, um razoável consenso dos motivos pelos quais

determinadas implementações de ABC sofrem de expressivas dificuldades ou mesmo

culminam em uma grande frustração, conforme será discutido adiante. Um dos

objetivos deste trabalho ao documentar a experiência do Banco Central é o de descrever

como a empresa lidou com as questões listadas como as mais sensíveis em termos de

design e implementação do sistema. Ressalte-se que a meta da dissertação está

associada ao relato da experiência e a análise das decisões de design e implementação

tomadas no processo. Sugestões para melhoria no sistema implantado não fazem parte

do escopo deste trabalho.

Nesse contexto os objetivos específicos desta dissertação podem ser descritos como

sendo a:

4

1. Identificação dos fatores que motivaram a implementação de um sistema de

custos no Banco Central e relato do processo que culminou com a opção pela

metodologia ABC;

2. Relato das etapas de implementação do sistema de custos;

3. Identificação das características do sistema implementado – módulos de

recursos, atividades e objetos de custo, assim como, drivers utilizados - tais

como, as premissas utilizadas, os recursos, as atividades identificadas e os

produtos a serem custeados;

4. Registro e análise sobre como foram tratadas as questões de implementação

consideradas na literatura como determinantes de sucesso ou fracasso na

construção de um sistema ABC.

1.4 Organização do Estudo

Para atender aos objetivos especificados, o restante da dissertação está organizado da

seguinte forma. O capítulo dois apresenta o referencial teórico do sistema de custeio

baseado em atividades - ABC. Por ser o Banco Central do Brasil uma empresa pública

de serviços, o referencial teórico também aborda a importância dos sistemas de custos

nas empresas de serviços e no setor público de um modo geral. O capítulo três descreve

a metodologia utilizada. O capítulo quatro apresenta o estudo de caso, descrevendo o

desenvolvimento do sistema de custeio baseado em atividades no Banco Central do

Brasil. Por fim, nos capítulos cinco e seis, são apresentadas a análise e a conclusão do

trabalho e algumas sugestões para pesquisas futuras. A análise será desenvolvida com a

comparação dos pontos relevantes na implantação do sistema de custos ABC,

encontrados na revisão bibliográfica, com o que foi apresentado no caso em questão.

Em relação à delimitação do estudo, o processo de adoção do sistema de custos no

Banco Central teve início no ano de 2000 e prosseguiu até o início de 2003. Esta

dissertação aborda o projeto do sistema de custos no Banco Central de junho de 2002 a

5

março de 2003, período no qual, a autora coletou os dados e realizou entrevistas nas

áreas envolvidas.

6

2. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo está estruturado de forma a conter uma breve explanação sobre as

principais características dos sistemas de custos tradicionais, bem como as suas

deficiências. Em seguida, descreve a metodologia do Custeio Baseado em Atividades,

abrangendo seus principais diferenciais em relação aos sistemas de custos tradicionais.

Além das características da metodologia ABC, o capítulo aborda as etapas de

implantação, os pontos relevantes neste processo e as possíveis aplicações da

metodologia. Em seguida, são apresentados os resultados de algumas pesquisas em

organizações que adotaram a metodologia, assim como o enfoque do ABC quando

aplicado a empresas de serviços e termina abordando o controle de custos no setor

público.

2.1 Introdução

Um dos motivos que levam as organizações a implementarem sistemas de custos é o de

conhecer o custo dos produtos e/ou serviços que disponibilizam para venda, no caso de

uma empresa comercial, ou para a sociedade, no caso de uma empresa pública.

Nesse contexto, de custeio de produtos, o sistema de Custeio Baseado em Atividades

surgiu como uma proposta alternativa aos denominados sistemas tradicionais,

convencionais, de custeio (Cooper e Kaplan, 1998) e, portanto, é conveniente uma

discussão inicial das características e falhas identificadas em tais sistemas.

A alocação aos produtos dos custos indiretos pelos sistemas tradicionais pode ser

descrita como um processo em duas etapas. Na primeira etapa, os custos acumulados

no sistema contábil da empresa são distribuídos à estrutura de centros de custos,

normalmente caracterizada pela estrutura funcional da organização (departamentos,

seções, setores, etc.). Na segunda etapa, os custos acumulados nos centros de custos

são alocados aos produtos / serviços da organização. O esquema a seguir ilustra esse

processo (Atkinson e Kaplan, 1998):

7

Conforme diversas pesquisas indicam, uma característica dos sistemas convencionais é

a de privilegiar como bases de alocação variáveis correlacionadas a volume de

produção (horas de mão de obra direta, horas máquina, valor do material consumido,

entre outros). Essa é, sem dúvida, a principal crítica que tem sido feita aos sistemas

convencionais de custeio. O argumento é o de que o consumo dos recursos indiretos,

principalmente, nas últimas décadas, que tem se caracterizado pela multiplicidade de

processos de produção e diferenças de tecnologia (intensivas em mão-de-obra ou

intensivas em máquinas), tem pouca relação com volume de produção e, portanto, a

adoção de bases associadas a volume cria distorções nas informações de custos relatadas

pelo sistema (Anthony et al., 1999). Além de existirem, tais distorções tem uma direção

definida: os produtos de alto volume subsidiam os produtos de baixo volume de

produção.

2.2 Custeio Baseado em Atividades - ABC

Um dos impactos do avanço tecnológico observado nas últimas décadas tem sido o da

substituição de custos de mão-de-obra direta por custos indiretos (depreciação e

manutenção de equipamentos, técnicos especializados, etc.). Caracteriza-se, portanto,

um aumento na participação dos custos indiretos no total dos custos das empresas.

Assim, nos últimos anos, aumentou a preocupação com a alocação dos custos indiretos.

$ $ $

PRODUTOS PRODUTOS

Custos Indiretos

Centros de Custos

Custos diretos

alocação alocaç

alocação alocaç

8

O reconhecimento de problemas com a contabilidade tradicional de custos de produtos

cresceu durante o final dos anos 70. O custeio baseado em atividades começou a surgir,

no início dos anos 80, como uma solução para as distorções inerentes às informações da

contabilidade de custos de produtos (Johnson, 1994).

O custeio ABC difere do enfoque do custeio tradicional, pela forma como os custos são

acumulados. Conforme descrito, o sistema tradicional enfatiza um modelo de custeio

caracterizado pela adoção de centros de custo como pontos intermediários de

acumulação de custos e pela adoção de bases e alocação baseadas em volume de

produção.

A proposta do Custeio Baseado em Atividades parte do princípio de que os recursos

organizacionais são requeridos não para a produção física de unidades de produtos, mas

para prover um manancial de atividades de suporte que permitem a consecução de uma

variedade de produtos e serviços para os consumidores (Atkinson e Kaplan, 1998). Os

produtos, portanto, consomem atividades que por sua vez consomem recursos. É

importante ressaltar que a metodologia de custeio ABC usa a expressão Objeto de Custo

quando se refere a produto a ser custeado. Torna-se, portanto, oportuna a definição de

Objeto de Custo:

Objeto de custo é o nome técnico para o produto, projeto, unidade organizacional, ou

outra atividade ou propósito para o qual os custos são medidos (Anthony et al., 1999).

Assim, o Custeio Baseado em Atividades foi desenvolvido para prover modelos mais

acurados para designar os custos indiretos e recursos de suporte às atividades, aos

processos de negócios, produtos, serviços e clientes. O sistema ABC reconhece que

muitos recursos organizacionais são requeridos não para a produção física de unidades

de produtos, mas para prover um manancial de atividades de suporte que permitem a

consecução de uma variedade de produtos e serviços para os consumidores (Atkinson e

Kaplan, 1998).

Logo, o sistema de custeio baseado em atividades difere do sistema de custos tradicional

de duas formas: (1) os centros de custos são definidos como atividades ao invés de

centros de produção, e (2) os geradores de custos (drivers) são estruturalmente

9

diferentes dos geradores utilizados pelo sistema de custos tradicional. Os geradores de

custos se constituem nas variáveis que explicam a demanda de trabalho sobre as

atividades e, portanto, ao serem usados como base de alocação dos custos das atividades

aos produtos levam aos produtos uma parcela dos custos indiretos que representa

adequadamente o consumo dos recursos indiretos pelo produto (Cooper et al., 1992).

A primeira etapa do ABC consiste na identificação das atividades sendo desempenhadas

pelos recursos da organização. O segundo passo é a transferência dos custos das

atividades aos produtos que as utilizam. Isto é feito identificando um gerador de custo

para cada atividade, calculando a taxa do gerador de custos, e utilizando esta taxa para

destinar os custos das atividades aos produtos. Para cada produto, serviço ou cliente a

quantidade de cada gerador de custos que a mesma usou durante o período é

multiplicada pela taxa de gerador previamente calculada (Atkinson e Kaplan, 1998).

O esquema a seguir ilustra as etapas do método ABC no caso de alocação dos custos de

mão-de-obra indireta:

(Atkinson e Kaplan, 1998)

As atividades podem ser classificadas em quatro categorias (Atkinson et al., 1997):

Mão-de-obra Indireta

Inspeção Materiais

Manuten-ção máquinas

Preparação máquinas

Movimen-tação de Materiais

Preparação ferramentas

Recursos Direcionador de recursos

Nº requisições Nº movient.

Horas manut.

Horas prepar.

Nº prepar.

Atividades

Produtos

direcionadores

10

1- Unit-Related Activities – que ocorrem cada vez que uma unidade é produzida.

São aquelas cujo volume ou nível é proporcional ao número de unidades

produzidas ou a outras medidas como, tais como, tempo de mão-de-obra direta,

horas-máquina e quantidade de material processado.

2- Batch-Related Activities – que ocorrem cada vez que um lote de produtos é

produzido. Essas atividades são demandadas pelo número de lotes e

independem do número de unidades no lote. Exemplos desse tipo de atividade

estão na preparação das máquinas para a produção de um produto diferente

(setup), o processamento de ordens de compra, pois o custo da preparação da

ordem de compra independe da quantidade de itens nela contidos.

3- Product-Sustaining Activities – que ocorrem como apoio da produção e venda

de cada tipo de produto. Os recursos consumidos por tais atividades são

independentes de quantas unidades ou lotes de produtos estão sendo produzidos.

Exemplos de tais atividades são o suporte de informação, redefinição de

processos, expedição de ordens e atualizações de especificações de produtos.

4- Facility-Sustaining Activities – que dão suporte a um processo geral de

fabricação. Muitas dessas atividades são administrativas, tais como

gerenciamento da planta, manutenção, seguros. Essas atividades são

importantes, pois possibilitam a operação da empresa, mas não possuem relação

com o volume e diversidade dos produtos.

2.3 Gerador de Custos

A medida de atividade ou volume usada como taxa de absorção tem tradicionalmente

sido chamada de base de alocação. O termo gerador de custo tem sido usado porque ele

conota mais fortemente que a base de alocação deve representar a causa que gera a

ocorrência do custo indireto.

11

A transferência do custo dos recursos para as atividades e destas para os produtos ou

serviços é realizada por meio dos geradores de custos. Esse processo se inicia com a

seleção de geradores que melhor expliquem o desempenho da atividade com as

demandas dos produtos ou serviços que a utilizam. Sistemas tradicionais de custeio

também utilizam os geradores, mas de forma mais simplificada, como: mão-de-obra

direta em horas, horas-máquina, unidades produzidas. Esses são utilizados para a

alocação dos custos dos centros de custo para os produtos. Apesar de a utilização desses

geradores ser útil por permitir a visibilidade e controle dos custos no nível dos centros

de responsabilidade, esses são inadequados. Isso porque, muitos recursos

organizacionais são requeridos para as atividades de suporte, que auxiliam a produção

de vários produtos ou serviços. Muitos recursos de departamentos suporte não são

determinados pelo volume de produção. Desta forma, alocar esses custos por meio de

geradores de custo que são proporcionais ao volume produzido, levará a erros na

transferência dos custos aos produtos.

Ainda na linguagem da metodologia ABC, costuma-se adotar a expressão "geradores de

custo de primeiro estágio" para descrever os critérios segundo os quais os custos

indiretos serão distribuídos às atividades, e "geradores de segundo estágio" para

descrever critérios para o repasse dos custos das atividades aos objetos finais de custos

(Atkinson e Kaplan, 1998).

2.3.1 Seleção dos Geradores de Custo

A seleção do melhor gerador deve levar em conta tanto a acurácia da medição quanto à

facilidade de aferição. Devido à grande quantidade de relacionamentos possíveis entre

as atividades e os produtos, os implementadores tentam economizar no número de

geradores de atividades, agrupando atividades desencadeadas pelo mesmo evento, de

modo a utilizarem o mesmo gerador (Atkinson e Kaplan, 1998).

Segundo Cooper (1989), para a seleção de um gerador de custos de segundo estágio,

dois fatores se destacam:

12

• A facilidade na obtenção dos dados necessários para o gerador de custos escolhido

(custo de medição).

• A correlação entre o consumo da atividade e o consumo real (grau de correlação).

Com relação ao uso de maior ou menor quantidade de geradores de custos, comenta

ainda que isso está associado diretamente aos seguintes fatores:

• O desejado nível de exatidão nos custos dos produtos. Quanto maior a exatidão

pretendida, maior será o número de geradores de custos necessários.

• Grau de diversificação de produtos. Quanto maior o grau de diversificação dos

produtos, maior será o número de geradores de custos necessários.

• Custo relativo de atividades diferentes. Quanto maior o número de atividades que

representa uma proporção significativa do total dos custos dos produtos, maior o

número de geradores de custos necessários.

• Grau de diversificação de volume. Quanto maior a variação dos tamanhos dos lotes,

maior o número de geradores de custos necessários.

• Uso de geradores de custos correlacionados imperfeitamente. Quanto menor a

correlação do gerador de custos com o consumo real da atividade, maior o número

de geradores de custos necessários.

• Custo de medição do gerador de custos. Quanto menor esse custo torna-se mais

provável a escolha do gerador de custos.

• Correlação do gerador de custos escolhido com o consumo real da atividade. Quanto

maior essa correlação, mais facilmente esse gerador de custos será utilizado.

• Impacto comportamental devido ao uso do gerador de custos. Quanto maior o

impacto comportamental do gerador de custos que está sendo considerado, mais

facilmente ele será escolhido.

Conforme o grau de complexidade, a metodologia permite a escolha entre diferentes

tipos de direcionadores: Transação, Duração e Intensidade (Atkinson e Kaplan, 1998).

Geradores de transação – como número de recebimentos, número de setups, contam

quantas vezes uma atividade é desempenhada. São recomendados quando todos os

13

produtos fazem essencialmente, a mesma demanda da atividade. Por exemplo, processar

um pedido de compra, organizar uma corrida de produção podem levar o mesmo tempo

e esforço independente de qual produto está sendo processado.

Esse gerador é o menos dispendioso,mas pode ser o menos acurado, porque assume que

a mesma quantidade de recursos é utilizada toda vez que a atividade é desempenhada.

Por exemplo, a utilização do gerador número de setups, assume que todos demandam a

mesma duração de tempo.

Geradores de duração – representam o montante de tempo requerido para o desempenho

da atividade. Devem ser usados quando significativas variações existem no montante

das atividades requeridas pelos diferentes produtos. Exemplos desses geradores seriam:

horas de setup, horas de inspeção, horas de mão-de-obra direta.

A necessidade de uma estimativa da duração cada vez que a atividade é executada faz

com que esse gerador seja mais difícil de implementar.

Geradores de intensidade – são recomendados quando produtos diferentes requerem um

tratamento especial na mesma atividade. Por exemplo, um produto mais complexo pode

necessitar de um setup especial. Mesmo que a duração do setup seja a mesma, produtos

diferentes podem exigir um nível de trabalho diferenciado, ocasionando custos

diferentes.

Esses geradores são os mais acurados, mas são os mais difíceis de serem

implementados, pois exigem que se apure o custo da atividade, cada vez que a mesma é

executada (Atkinson, 1998).

2.4 Etapas de Implementação

Existem quatro etapas principais que as empresas em geral seguem para a

implementação do sistema de custos ABC (Cooper e Montvale, 1992).

14

1- Identificar as atividades

A identificação das atividades deve compreender a especificação dos recursos

necessários para desempenhá- las, e o número de vezes que a atividade é desempenhada

para cada objeto de custo.

O objetivo ao se identificar as atividades é o de dividir as operações da empresa em

atividades relevantes. Se houver um detalhamento excessivo nesta divisão, o sistema se

torna demasiado complexo, confuso e de difícil implementação. No sent ido contrário,

isto é, uma agregação excessiva de atividades, o sistema pode se tornar limitado na sua

capacidade informacional. Cooper e Kaplan (1999) sugerem, por exemplo, que as

atividades que consomem menos do que 5% do tempo de uma pessoa ou da capacidade

de um recurso devem ser ignoradas. Hicks (1992) sugere que simplificações

significativas têm que ser feitas na seleção das atividades, se o objetivo é reduzir a

complexidade e custo de operação do sistema, uma questão especialmente relevante em

pequenas empresas, face à limitação de recursos que caracteriza esse tipo de

organização.

2- Destinar recursos às atividades

Os custos dos recursos podem ser apropriados às atividades por apropriação direta,

estimativa, e alocação arbitrária. Na apropriação direta, o consumo real dos recursos

pelas atividades é medido. A apropriação direta captura com acurácia o custo dos

recursos utilizados pelas atividades, mas é caro porque requer a aferição real do

consumo.

A impossibilidade da aferição real inviabiliza a apropriação direta, privilegiando a

utilização de estimativas de quanto dos recursos as atividades demandaram. As

estimativas são feitas por meio de entrevistas e pesquisas. Gerentes e supervisores são

solicitados a estimarem o percentual de tempo e esforço gasto por cada empregado em

cada uma das atividades identificadas.

15

Quando não há meios de estimativas serem realizadas, recorre-se à alocação arbitrária.

Estas devem ser evitadas sempre que possível, pois não possibilitam um melhor

entendimento do comportamento de consumo das atividades.

3- Identificar os objetos de custo

Objetos de custos são os motivos para a execução das atividades. Típicos objetos de

custos são produtos, serviços, clientes, projetos, ou unidades de negócios.

Deve-se procurar identificar todos os objetos de custos produzidos pelos recursos que

estão sendo apropriados. A omissão de objetos de custos faz com que haja uma

majoração dos custos dos outros objetos de custos identificados.

4- Transferir os custos das atividades para os objetos de custo

Os custos das atividades podem ser direcionados aos objetos de custos pelas mesmas

três formas utilizadas no direcionamento dos custos dos recursos para as atividades:

apropriação direta, estimativas e alocação arbitrária. Devido ao grande número de

diferentes objetos de custos na maioria das organizações, a apropriação direta é

raramente viável. No outro extremo, temos a alocação arbitrária, que é menos

dispendiosa e fácil de executar, mas não fornece nenhum significado em relação ao

custo do objeto de custo. Assim, utilizam-se freqüentemente estimativas.

2.5 Pontos Relevantes na Implementação

Nem todos os projetos de ABC têm produzido bons resultados. Algumas empresas

encontram dificuldades e frustrações na construção e adoção do método. A seguir serão

relacionadas as principais barreiras à implementação e as possíveis formas de evitá-as

(Atkinson et al., 1997).

16

1- Falta de clareza do propósito do negócio:

Geralmente, o projeto do ABC é iniciado pela área de finanças e contabilidade e é

entitulado como sistema de custos de maior acurácia. A equipe do projeto consegue

recursos para o projeto, constrói um modelo inicial, e então se decepciona, pois as

outras áreas da empresa não utilizam as informações de rentabilidade fornecidas pelo

ABC.

Para evitar o problema acima mencionado, todos os projetos de ABC devem ser

lançados com um propósito de negócio bem definido. Ao definir os objetivos do

negócio, a equipe identificará o departamento ou o gerente de linha que terá suas

decisões influenciadas pelas informações.

O ABC é um sistema de custos estratégico, não podendo o mesmo executar o controle

operacional, fornecendo um freqüente parecer da eficiência dos processos e

departamentos. Muitos projetos são cancelados porque os gerentes operacionais não

recebem um parecer freqüente dos custos e despesas sob sua responsabilidade. Assim,

as empresas precisam de um sistema de avaliação dos resultados.

2-Falta de comprometimento da alta gerência:

Quando o projeto é adotado pela área de finanças da empresa sem antes obter a aval da

alta gerência, as outras áreas vêem o projeto como feito somente para e pelas pessoas

de finanças, assim não há suporte de outras áreas para a adoção do mesmo. Dessa

forma, como a equipe de finanças não tem poder de tomar decisões sobre todos os

assuntos da empresa, nenhuma ação é tomada, e o projeto não prossegue.

O projeto de ABC com mais sucesso ocorre quando existe um claro propósito para a

implementação do ABC, e esse é no mínimo entendido e totalmente aceito pela alta

gerência da organização. Um comitê de gerentes de várias áreas funcionais e unidades

de negócio pode institucionalizar esse apoio, realizando encontros mensais para

acompanhar o desenvolvimento do projeto, fazer sugestões de melhoria do modelo, e

preparar as decisões que serão tomadas quando da implementação do mesmo.

Mesmo quando o projeto é iniciado pela área de finanças, uma equipe multifunção deve

ser formada. A equipe deve incluir pessoas de todas as áreas da empresa.

17

3-Delegação do projeto a consultores:

Consultores podem ter experiência considerável com o ABC, mas familiaridade

limitada com as operações e problemas da empresa. Nem podem eles promover o

consenso da gerência para a tomada de decisão utilizando as informações do ABC.

Os consultores podem ter uma participação importante, mas não são substitutos na

solução dos dois problemas acima mencionados. Projetos do ABC que logram sucesso

requerem apoio da gerência, assim como, uma equipe multifunção dedicada.

4- Qualidade do modelo:

Algumas vezes, mesmo com forte apoio da gerência, a equipe gerencial fica perdida nos

detalhes e desenvolve um modelo que é muito complicado de implementar e manter.

Alguns modelos usam alocações arbitrárias na transferência dos custos das atividades

para os produtos ou clientes. Estas alocações arbitrárias criam distorções no modelo e

destroem a credibilidade do mesmo entre os gerentes.

Na definição do modelo, deve-se ter sempre a preocupação em permitir que as funções

essenciais do sistema sejam realizadas com o mínimo custo adicional. A equipe do

projeto deve ter sempre a preocupação com os usuários finais e se aconselhar com o

comitê de gerentes para que não se construa um modelo muito complexo ou que defina

erroneamente a relação entre os objetos de custos, os recursos, e as atividades.

5-Resistência à mudança:

Os indivíduos geralmente resistem a novas idéias e a organização apresenta dificuldade

em alterar sua forma de funcionar. A resistência surge porque as pessoas sentem-se

ameaçadas pela sugestão de que seus trabalhos poderiam ser melhorados. O modelo do

ABC pode revelar produtos e clientes não rentáveis, atividades e processo ineficientes e

capacidade ociosa. Os gerentes responsáveis por esses problemas se sentem ameaçados

pela revelação do ineficiente desempenho. Ao invés de aceitar o modelo como forma de

resolver os problemas, há uma tendência a rejeitá- lo como forma de proteção. Esta

postura inibe a ação efetiva.

18

2.5.1 Considerações acerca dos Resultados das Aplicações do ABC

A seguir serão apresentados os resultados de algumas pesquisas, que buscavam, de um

modo geral, identificar as principais questões encontradas na prática na adoção da

metodologia associadas ao sucesso ou fracasso da implementação.

Shields (1995) evidenciou que a percepção de sucesso por parte dos usuários da

metodologia estava relacionada a seis variáveis comportamentais e organizacionais:

apoio da a alta gerência, integração com iniciativas estratégicas competitivas, avaliação

de desempenho e recompensa, patrocínio do projeto por área não contábil, treinamento

para a modelagem, implementação e utilização do ABC, e a provisão de recursos

adequados. Características técnicas do sistema, tal como o tipo de programa adotado,

não tem associação com o sucesso.

Os resultados obtidos por McGowan e Klammer (1997) confirmaram que três dos

fatores identificados por Shields - apoio da alta gerência, avaliação de desempenho e

recursos para um treinamento adequado - foram explicadores importantes na percepção

dos participantes para uma eficaz implementação do ABC. Adicionalmente, a pesquisa

deles sugeriu que o envolvimento dos usuários na implementação e a percepção dos

mesmos da qualidade das informações produzidas pelo sistema têm correlação positiva

com o grau de satisfação que eles expressam com a implementação do ABC.

Foster e Swenson (1997) encontraram como variáveis com maior poder explanatório do

sucesso da adoção do ABC a integração com a avaliação de desempenho relacionada

com recompensas, o relacionamento com iniciativas de melhoria da qualidade, apoio da

alta gerência, o adequado treinamento para implantação e a disponibilidade dos

recursos.

Friedman e Lyne (1999) investigaram numa perspectiva de longo prazo, os fatores

associados ao seu sucesso e fracasso. Os resultados são coerentes com os estudos

realizados nos EUA, e concluem que o sucesso da metodologia está associado com os

seguintes fatores: reconhecimento claro da necessidade da adoção do ABC, amplo e

19

justificado apoio, contadores trabalhando juntamente com outros especialistas no

desenvolvimento e utilização da metodologia, o embasamento da metodologia pela

estrutura organizacional, recursos adequados, a relação sinergética com outras

atividades, tal como o gerenciamento pela qualidade total (Innes et al.,2000).

Em relação aos problemas encontrados, Cobb et al. (1992), sugeriram que um dos

maiores problemas experimentados pelo ABC se refere à falta de recursos internos

adequados, particularmente, tempo da equipe e recursos computacionais.

Segundo Cogan (1994), o custeio baseado em atividades estará em condições de

apresentar resultados mais precisos, sempre que a organização utilizar grande

quantidade de recursos indiretos em seu processo de produção, e sempre que houver

significativa diversificação em produtos, processos de produção, e clientes.

Outro problema em potencial são as implicações comportamentais que o sistema ABC

pode gerar. Isso porque, o sistema depende de que as informações sobre atividades e

direcionadores de custos sejam confiáveis. Quando os empregados percebem o sistema

ABC como meio para justificar demissões, ficam relutantes em fornecerem informações

confiáveis. Staubus (1990) em sua revisão sobre o sistema ABC nos últimos vinte anos,

também sugeriu o problema dos “custos emocionais”, que incluem os custos de tentar

superar a resistência à mudança. Outro problema é que para muitos produtos, o ABC

oferece custos mais altos e isso pode levar a problemas de aceitação por parte dos

gerentes responsáveis.

Innes e Mitchell (1991) em pesquisa realizada sobre a adoção do ABC, relataram que

para as empresa que ainda estavam considerando a adoção do sistema ABC, o problema

mais comum percebido foi a quantidade de trabalho envolvido na identificação das

atividades, a seleção dos direcionadores de custos e a coleta das informações destes

direcionadores para relacioná- los com os produtos específicos. A maioria das empresas

que já haviam implementado o ABC indicou a falta de tempo dos contadores como o

problema mais comum.

20

Assim, a implementação do sistema ABC não é uma simples questão, porque requer

modificações e expansões, e para isso recursos são necessários. Outras prioridades

podem postergar a evolução do sistema. Outro fator que contribui para a demora na

implementação é a falta de tempo para dedicação ao projeto por parte dos contadores.

Ancelevicz e Khoury (1999) em pesquisa realizada em empresas não financeiras que

operavam no território brasileiro verificaram que as principais razões apresentadas pelas

empresas para utilizarem o sistema de custos ABC foram a análise do lucro mais

apurada para tomada de decisões sobre que produto produzir ou sobre que serviços

fornecer e o discernimento das causas do aumento ou da redução dos custos, incluindo

a habilidade de identificar os direcionadores de custos. As empresas que decidiram não

adotar o método citam o alto custo de implementação do mesmo como causa mais

comum.

Innes et al. (2000) em pesquisa realizada no Reino Unido relataram que tanto a

utilização quanto o interesse com a metodologia ABC não apresentaram nenhum

aumento nos últimos cinco anos. A adoção da metodologia por empresas maiores e por

empresas do setor financeiro foi observada como significante. Entre os motivos mais

citados para a adoção do ABC nos últimos cinco anos estavam a redução de custos, o

estabelecimento de preços, a avaliação de desempenho e modelagem de custos (Innes et

al., 2000).

O resultado da pesquisa evidenciou que o apoio da alta gerência tem um impacto

marcante na explicação do sucesso do ABC.

Clarke e Mullins (2001) em pesquisa realizada na Irlanda evidenciaram que somente

uma pequena proporção de empresas de serviços adotaram o método ABC e que uma

grande proporção de empresas não consideraram a utilização do método. Em relação

aos benefícios da utilização do método ABC, a maioria das empresas que adotam o

método concordou que o método possibilitava uma análise mais acurada de

rentabilidade e que provia uma melhor visão das causas dos custos, facilitava o controle

21

e gerenciamento de custos. Em relação às dificuldades, a maioria indicou a identificação

dos direcionadores de custos.

Como se pode observar nas três pesquisas acima mencionadas, os motivos alegados

pelas empresas que utilizam o ABC são em geral os mesmos, quais sejam, a análise

mais acurada da rentabilidade dos produtos, o melhor conhecimento do comportamento

dos custos para assegurar melhores controles de custos e tomadas de decisão.

Uma questão importante evidenciada por Malmi (1997) é que depois de implementado o

sistema ABC, os gerentes encontram dificuldade em definir como usar satisfatoriamente

as novas informações. A perspectiva da tomada de decisão pode ser insuficiente para

capturar as várias utilidades do ABC. No contexto das decisões estratégicas, o sucesso

do ABC não depende se o seu resultado requer que alguma ação ou decisão seja tomada,

mas na sua habilidade em fazer um correto diagnóstico da situação. Consequentemente,

muitas das ditas falhas do ABC, podem não ser falhas. Elas podem meramente refletir

uma análise limitada da utilização dos sistemas de contabilidade e controle. No entanto,

falhas são reais em várias organizações.

Segundo Nakagawa (1994:84), “a implementação do ABC está fortemente associada ao

convencimento de que ele será um agente eficaz de mudanças da empresa, tornando-a

mais ágil e proativa em face da nova visão de negócios que se impõe, diante da pressão

gerada pela competitividade global”.

Para solucionar os problemas de implementação do ABC, é importante saber o que a

empresa espera alcançar com o projeto. Leahy (1998) observou que iniciativas

precipitadas do método ABC podem não estar alinhadas com a estratégia da empresa.

Para evitar esse problema, o sistema deve ser gerenciado sabendo-se o que a empresa

quer alcançar com as informações obtidas. Outro ponto importante, é o

comprometimento de todos os funcionários em todos os níveis organizacionais da

empresa. É importante que os funcionários entendam o sistema e como poderão

contribuir para o sucesso do mesmo (Clarke e Mullins, 2001).

22

2.6 Aplicações da Metodologia ABC

Sob o aspecto da análise de custo/benefício, a adoção do sistema ABC será útil quando

os benefícios provenientes da maior acurácia na medição dos custos dos produtos ou

serviços mais do que compensarem os custos inerentes ao trabalho adicional.

O custeio mais apurado de produtos, serviços e clientes e o suporte mais adequado para

programas de controle e redução de custo podem ser identificados como os principais

objetivos da metodologia.

O ABC é uma metodologia designada originalmente para gerar custos totais de

produção. É baseada na noção de que todos os custos de produção são variáveis, pelo

menos no longo prazo.

Em relação à valoração dos produtos, o ABC permite o isolamento de ineficiências

anormais como perdas do período ao invés de considerá- las como custo do produto.

Esses custos, sendo indicados como desempenho anormal, seriam excluídos da

valoração de estoques, sendo lançados contra o lucro do período no qual ocorrem. O

ABC propicia a apuração de um considerável e mais detalhado conjunto de variações

dos custos indiretos que são baseadas num orçamento flexível que utiliza um conjunto

de variáveis, além do volume de produção. Portanto, o ABC se baseia na premissa de

que fatores não relacionados com volume de produção, como a complexidade e

diversidade do produto, são, em muitos casos, muito mais importantes influências no

custo.

Assim, o custo unitário produzido pelo ABC pode ser considerado uma estimativa

superior do consumo de recursos na produção, simplesmente pela maior sofisticação

das medidas utilizadas para determinar as relações entre os produtos e os recursos

considerados (Mitchell, 1994).

O processo de tomada de decisão também é beneficiado por uma melhor aferição do

custo dos produtos. Informações relevantes para a tomada de decisão relativa a produto

são usualmente consideradas para compor os custos incrementais que alterar-se-ão no

futuro como resultado das decisões que serão tomadas. A maior visibilidade dos custos

23

indiretos conseguida com o ABC assinala a maior variedade de recursos consumidos

que devem ser considerados no processo de tomada de decisão (Mitchell, 1994).

O ABC também proporciona um controle direto entre os provedores das atividades e os

usuários dos seus produtos/serviços. O re-arranjo da estrutura organizacional na forma

de atividades e processos será necessário para a implementação do ABC. O enfoque nas

atividades permite que se perceba quais são as prioridades das mesmas dentro da

empresa. A análise das atividades ressaltará a importância de cada uma dentro da

organização, facilitando a sua eliminação ou não da estrutura organizacional (Mitchell,

1994).

O nível de detalhamento dependerá do grau de segmentação adotado no isolamento das

atividades. A disponibilidade de medidas dos resultados das atividades provê uma

indicação do nível de serviço oferecido, indicando um ponto inicial para negociações

dos recursos necessários para cada atividade.

2.7 ABC em Empresas de Serviços

Por se tratar esse trabalho de um estudo de caso em uma organização pública prestadora

de serviços à sociedade, será apresentado um breve estudo das peculiaridades da adoção

da metodologia ABC em empresas de serviços.

2.7.1 Aplicação do ABC em Empresas de Serviços

Usualmente o termo “produto”, segundo Cogan (1994), se aplica quando está se

enfocando um bem de fabricação, na realidade produto pode representar um bem ou

serviço. Por outro lado os produtos manufaturados das indústrias podem ser entendidos

como serviços prestados sob forma de produtos. Assim, o entendimento de que as áreas

de serviços funcionam como se fossem uma fábrica permite vislumbrar a aplicação, nas

empresas de serviços, de técnicas e metodologias de trabalho que foram bem sucedidas

nas empresas de manufatura. Seguindo o raciocínio, as técnicas do ABC desenvolvidas

24

para os custos fabris também podem ser aplicadas às organizações do setor de serviços e

nas funções de apoio das empresas.

De acordo com Ostrenga (1997), o custeio baseado em atividades é tão aplicável à

organização de serviços como à indústria. Conceitualmente, o custeio de objetos que

não são produtos é idêntico à técnica de custeio de produtos. As decisões mais

importantes estão em definir os objetos e especificar os geradores.

De acordo com Cooper e Kaplan (1991) não há nenhuma diferença essencial na aná lise

das despesas operacionais das empresas de serviços e das empresas de manufatura. A

análise começa pelo exame da estrutura de custos de cada departamento operacional e

procede pela determinação dos fatores que criam as demandas das funções

desempenhadas pelo departamento. O objetivo é identificar a natureza da demanda e

quantificá- la.

As empresas de serviços têm exatamente os mesmos problemas gerenciais enfrentados

pelas indústrias. Precisam do custeio baseado em atividades para associarem os custos

dos recursos que fornecem às receitas geradas (Cooper e Kaplan, 1998).

De acordo com Cooper e Kaplan (1998), durante décadas a falta de informações

precisas sobre produtos e clientes não foi uma preocupação para os gerentes de

empresas de serviços, pois o mercado não era competitivo, não havendo pressão para

redução de custos, melhoria da qualidade e eficiência das operações. Entretanto, durante

as duas últimas décadas, o ambiente competitivo para a maioria das empresas de

serviços, tornou-se tão desafiador e exigente quanto o das empresas de produção.

O Custeio Baseado em Atividades propicia uma avaliação mais precisa dos custos das

atividades e dos processos, favorecendo a sua redução por meio de aprimoramentos

contínuos e descontínuos (reengenharia), tentando eliminar a distorção dos rateios

volumétricos pregados pela tradicional contabilidade de custos. As empresas de serviços

seriam candidatas ideais ao custeio baseado em atividade, mais ainda do que as

25

empresas de produção, devido as suas características onde praticamente todos os seus

custos são indiretos e aparentemente fixos (Cooper e Kaplan, 1998).

Assim, como a maioria das empresas de serviços não tinha um sistema de custeio eficaz,

o ABC surgiu como importante sistema para as decisões gerenciais e estratégicas,

através da qual as companhias cortam desperdícios, melhoram serviços, avaliam

iniciativas de qualidade em prol da melhoria contínua (Mauad, 2001).

Segundo Berts (1995), as empresas de serviços ao implantarem o ABC devem estar

cientes de que:

• o uso efetivo da informação da lucratividade por cliente aumenta a capacidade da

empresa em melhorar seu relacionamento com esse cliente e consequentemente

consolidar uma relação cada vez mais rentável e duradoura;

• a estrutura de custo varia de acordo com a linha de negócio da organização;

• na maioria dessas empresas o principal custo é o salário;

• empresas cujos trabalhadores desempenham suas tarefas em atividades múltiplas

têm dificuldades de controlar o tempo dedicado para uma atividade específica;

• a base para levar as atividades aos serviços é o tempo. Desenvolver um estudo do

tempo é fundamental;

• as atividades não devem chegar a um nível muito baixo, pois o custo para gerenciá-

las pode se tornar muito alto e inviável.

As empresas de serviços normalmente têm uma idéia geral de quais são seus custos

totais, mas isso não é o suficiente, pois o problema maior está em identificar de onde

eles vêm. O ABC surge como uma ferramenta eficaz para o acompanhamento contínuo

do uso e do custo das atividades para produzir esses serviços.

2.8 Controle de Custos no Setor Público

Aliado à tendência da adoção de práticas de gerenciamento do setor privado no setor

público, o controle de custos nas organizações públicas é um assunto que vem sendo

26

cada vez mais abordado e debatido não só pela sua importância para o melhor

gerenciamento dos recursos, mas também pela busca por gestões mais austeras, dada a

limitação de recursos existentes em todas as esferas do governo.

A preocupação com a melhor gestão de custos no setor público pôde ser evidenciada no

Reino Unido no “Resource Accounting and Budgeting in Government” de 1995, onde o

chanceler reiterou o compromisso do governo no programa de melhora radical na

forma de gerenciar do setor público. De acordo com o chanceler, somente adotando uma

postura mais voltada para negócio é que o governo poderá reduzir o custo de prover os

serviços públicos para os contribuintes e melhorar a qualidade dos mesmos. As

propostas foram consideradas as mais importantes da reforma de contabilidade e

orçamento do século, pois são baseadas em melhoras da prática contábil e controle

financeiro que prevalecem em grandes organizações por muitas décadas.

O relatório abrangia uma série de técnicas de contabilidade para o reporte dos gastos do

governo central britânico, além do planejamento e o controle dos gastos públicos. As

propostas possibilitariam aos órgãos do governo a oportunidade de desenvolver a coleta

de dados e o gerenciamento por meio de melhores informações do custo dos serviços

que eles provêem e do conjunto de recursos requeridos para o alcance dos objetivos.

Tais medidas implicavam que o processo de planejamento dos gastos públicos do

governo como um todo e para os órgãos individualmente seriam melhor informados.

Com tais propostas, haveria uma redução da pressão para o gasto no final do ano. O

controle dos gastos seria mais embasado, desde que os gerentes tivessem mais

informações relevantes.

No nível dos órgãos os recursos do orçamento iriam encorajar os órgãos a focar nos

serviços e produtos que eles provêem, além de permitir aos órgãos o planejamento

interno e o controle externo na mesma base.

Segundo May (1995), a flexibilidade inerente às propostas favoreceria a aplicação do

gerenciamento baseado em atividades ao processo. A contabilidade dos recursos

27

permitiria aos órgãos uma clara noção dos custos dos recursos consumidos e das suas

atividades. O gerenciamento baseado em atividades prevê mais um estágio, que seria a

inclusão dos relacionamentos explícitos dos custos dos recursos com os objetivos e

produtos do órgão. Assim, os órgãos deveriam desenvolver uma análise sistemática dos

seus objetivos com os custos associados a estes.

A busca pelo controle dos custos no setor público pôde ser evidenciada também no

Central Bank Accounting Workshop (Singapura, 2002). O tema do encontro foi a

transparência e a governança nas questões contábeis nos Banco Centrais.

Segundo Perry (2002), os Bancos Centrais podem estar preocupados com a utilização

eficiente dos seus recursos por várias razões, incluindo:

• assegurar que os recursos escassos sejam alocados a atividades importantes ao

invés de atividades desnecessárias;

• utilizar os recursos para melhorar os produtos e serviços que o Banco Central

disponibiliza;

• prover apropriado gerenciamento do dinheiro, dado que o Banco Central é o

guardião da moeda;

• aumentar a credibilidade externa do Banco Central por meio da divulgação

transparente de informações que demonstram responsabilidade e controle no uso

dos recursos;

• reduzir o potencial para interferências políticas e preservar a sua independência.

Devido ao papel desempenhado na economia do país, o Banco Central pode

estar sujeito a influências políticas. É amplamente aceito que a independência do

Banco Central seja acompanhada de maior transparência. A demonstração

transparente da utilização eficiente dos recursos pode reduzir o potencial para

interferências políticas e ajudar a preservar a sua independência.

Ainda segundo o autor, as informações de custos são importantes informações

gerenciais, pois facilitam a avaliação de desempenho em relação ao orçamento e

permitem o controle dos gastos através do processo de delegação de responsabilidade

para os gerentes dos orçamentos. Em último caso, o processo pode levar à identificação

28

de custos dos serviços que o Banco Central provê. Esse processo irá contribuir na

direção de uma cultura que perceba o consumo dos recursos em termos de adição de

valor para a qualidade e eficácia dos produtos e serviços do Banco Central.

O Banco Central não aufere lucro, assim esta medida de desempenho é inapropriada. As

receitas do Banco Central aumentam basicamente em conseqüência da implementação

da política monetária, administração das reservas e pelo monopólio da emissão da

moeda. Assim, a informação de custos seria um melhor indicador de desempenho em

termos de demonstrar a responsabilidade do Banco Central com os recursos públicos. A

publicidade externa das informações de custos poderia aumentar a credibilidade do

Banco Central, reduzir o potencial para a interferência política, e contribuir para a

obtenção e preservação da sua independência (Perry, 2002).

Para Perry, a identificação dos custos dos produtos do Banco Central pode ser utilizada

para prover uma medida para avaliar a eficiência dos produtos, negociar e acordar o

nível de recursos a serem direcionados para as várias áreas de atuação do Banco Central

(tanto internamento quanto com o governo), prover um benchmark para comparação

dos produtos com outros organismos.

Por fim Perry ressalta que não se deve ignorar que existem receitas e despesas oriundas

das atividades do Banco Central que não estão sob seu controle, não devendo ser usados

como medidas de desempenho. Estes custos seriam conseqüência de intervenções do

Banco Central no mercado de moedas estrangeiras, da emissão e circulação de moedas,

de ativos e obrigações associados com a implementação da política monetária e os

custos que podem surgir das ações relacionadas a esta.

O Brasil não fica de fora desta preocupação mundial com o controle de custos. Segundo

Alonso (1998), o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional vêm discursando

pela qualidade do gasto público, e não simplesmente pelo corte do gasto público.

Ambos têm se empenhado em introduzir a questão da qualidade do gasto público na

agenda de Reforma do Estado de diversos países, entre eles o Brasil.

29

Segundo o autor, no Brasil, o controle de gastos públicos experimentou formidável

avanço a partir de 1986, com a criação da Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério

da Fazenda. O desenvolvimento e a implantação do Sistema Integrado de Administração

Financeira (SIAFI) significou uma verdadeira revolução na gestão das finanças públicas

no Brasil. O avanço foi tão significativo que, já no início da última década, o Brasil

passou a ser referência internacional no controle informatizado de gastos

governamentais. Este sistema tinha por objetivo controlar a execução da despesa, não

tendo sido concebido para apurar custos dos serviços públicos, motivo pelo qual sua

estrutura de dados não informa os produtos e processos de trabalho dos órgãos do

governo.

Para Alonso (1998), os métodos tradicionais de custeio são inadequados para as

características do serviço público. Isto porque, no custeio tradicional o custo é função

dos centros de custos e dos critérios de rateio, o que poderia levar à Administração

Pública a escolhê- los inadequadamente, comprometendo a avaliação institucional.

Assim, sustenta a tese de que a Administração Pública deve ser dotada de sistemas de

custos ABC, e não de sistemas de custos tradicionais.

Segundo Ribeiro (1997), o melhor local para controlar custos é no nível dos processos.

Quando se depende de um sistema de contabilidade orçamentária e de verbas, muitas

decisões financeiras são tomadas arbitrariamente. Ao invés de reduções de custos

seletivas e focalizadas, se é forçado a adotar reduções (lineares horizontais) e outras

abordagens radicais. Na maioria dos casos, isto acontece simplesmente porque os

gerentes de nível superior não têm idéia de que partes do processo agregam mais valor

aos produtos e serviços e quais agregam menos. Os funcionários no nível dos processos

são capazes de determinar este valor, mas precisam ter um indicador do custo real. O

custo baseado em atividades fornece esse tipo de informação.

Por todo o exposto, diante das alterações na forma de atuar das empresas, da crescente

preocupação do setor público em controlar seus custos e das mudanças do Estado

brasileiro, não seria possível que o Banco Central do Brasil não tivesse a preocupação

30

com adoção e utilização de um sistema de custos, de forma a compatibilizar a sua

inserção no novo ambiente da gestão pública.

Com base no referencial teórico exposto acima, a análise do caso, que consta no

capítulo cinco deste trabalho, será baseada na comparação de alguns pontos

identificados na literatura como fundamentais para o êxito na implementação do método

ABC com o que foi descrito no caso. No quadro abaixo, constam os pontos que serão

abordados na análise:

Quadro 1: Tópicos especiais abordados na análise Clareza do propósito do sistema de custos Atkinson et al. (1997) Reconhecimento claro da necessidade da adoção do ABC

Friedman e Lyne (1999)

Comprometimento da alta gerência Shields (1995), Atkinson et al. (1997), Foster e Swenson (1997)

Delegação do projeto a consultores Atkinson et al. (1997) Integração entre as equipes do banco e da consultoria

Friedman e Lyne (1999)

Qualidade do modelo Atkinson et al. (1997) Uso satisfatório das novas informações Malmi (1997) Resistência à mudança Staubus (1990), Atkinson et al. (1997) Amplo e justificado apoio pela organização Clarke e Mullins (2000) Adequado treinamento para implantação Shields (1995), McGowan e Klamer

(1997), Foster e Swenson (1997) Disponibilidade de recursos Cobb et al.(1992), Shields (1995), Foster e

Swenson (1997), Friedman e Lyne (1999)

31

3. METODOLOGIA Esse trabalho procura, com a utilização de um estudo de caso, contribuir para o debate

em torno da implementação de sistemas de custos ABC em empresas públicas de

serviços e suas implicações. O estudo reúne informações que podem servir de base para

um melhor entendimento do tema e sua aplicação no ambiente empresarial brasileiro

O caráter exploratório do estudo e a escolha do método de estudo de caso são

justificados, principalmente, por esta ferramenta metodológica permitir uma descrição

de uma situação com uma maior riqueza de detalhes, e por favorecer a identificação de

variáveis ambientais, que fornecem alternativas a estudos posteriores (Cullen, 2002).

O método de estudo de caso é utilizado como meio de estudar os complexos processos

sociais em uma organização, e o caso é tanto exploratório como explicativo. Os

elementos descritivos possibilitam a exploração da dinâmica do sistema de controle que

está sendo estudada no contexto de mudança organizacional e provê a oportunidade de

provar a complexidade da atividade social na organização.

Scapens (1990) assinala, por outro lado, uma limitação associada ao método do estudo

de caso: não há estudos de casos objetivos, já que a realidade social deve ser

interpretada por um pesquisador e, conseqüentemente, os estudos de casos representam

interpretações de realidades sociais. Como um particular observador, a realidade do

pesquisador é afetada pela sua proximidade com a equipe do ABC que influencia suas

percepções dos eventos e das pessoas da organização.

Segundo Yin (1984), o método de estudo de caso tem a vantagem de possuir a

capacidade de lidar com um grande número de fontes de informações, como por

exemplo: documentos, entrevistas e relatórios .

A escolha do Banco Central do Brasil foi facilitada pela oportunidade de desenvolver o

trabalho em concomitância com a adoção da metodologia pelo banco.

32

Para o desenvolvimento do trabalho, a autora teve acesso a qualquer tipo de informação

por parte do Banco Central do Brasil. Essa informação estava disponível em

documentos, relatórios e arquivos eletrônicos do Banco Central. Adicionalmente, boa

parte do processo de coleta de informações foi realizada por meio de entrevistas com a

alta gerência e funcionários do banco. Houve também a participação da autora em

reuniões para exposição do projeto aos chefes de unidades.

Foram realizadas quatro visitas ao Banco Central, especificamente ao Departamento de

Planejamento, em Brasília, para o acompanhamento de algumas etapas do processo de

desenvolvimento do sistema. O primeiro contato foi em junho de 2002, durante uma

semana, para a coleta de documentos que validassem o projeto e realização de

entrevistas com os membros da equipe. O segundo encontro foi em agosto do mesmo

ano, totalizando duas semanas, onde a autora pôde entrevistar alguns chefes de

unidades, além de acompanhar de perto o trabalho das equipes do Banco Central e da

consultoria externa. O terceiro encontro foi em outubro, de apenas três dias, onde

apenas houve a coleta de dados atualizados. A última visita foi em dezembro, com

duração de uma semana para atualização de informações. Concomitantemente aos

encontros, sempre houve o contato por correio eletrônico para o acompanhamento das

fases do projeto.

33

4. CASO BANCO CENTRAL DO BRASIL 4.1 Bancos Centrais

4.1.1 Histórico e Funções do Banco Central do Brasil

O Banco Central do Brasil, autarquia federal integrante do Sistema Financeiro Nacional,

foi criado em 31.12.64, com a promulgação da Lei nº 4.595.

A Constituição Federal de 1988 estabeleceu dispositivos para a atuação do Banco

Central, dentre os quais destacam-se o exercício exclusivo da competência da União

para emitir moeda e a exigência de aprovação prévia pelo Senado Federal, em votação

secreta, após argüição pública, dos nomes indicados pelo Presidente da República para

os cargos de presidente e diretores da instituição. Além disso, vedou ao Banco Central a

concessão direta ou indireta de empréstimos ao Tesouro Nacional.

4.1.2 Funções do Banco Central do Brasil

Conforme Cabral et al. (2001), as principias funções do BACEN são:

• Formulação, execução e acompanhamento da política monetária;

• Controle das operações de crédito em todas as suas formas;

• Formulação, execução e acompanhamento da política cambial e de relações

financeiras com o exterior;

• Organização, disciplinamento e fiscalização do Sistema Financeiro Nacional, do

Sistema de Pagamentos Brasileiro e do Sistema Nacional de Habitação e

ordenamento do mercado financeiro;

• Emissão de papel-moeda e de moeda metálica e execução dos serviços do meio

circulante.

34

Monopólio da Emissão:

O monopólio de emissão é exercido pelo Banco Central do Brasil nos termos do artigo

164, da Constituição da República Federativa do Brasil, e da Lei 4.595/64, que

estabeleceu competência privativa do Banco Central do Brasil para emitir papel-moeda

e moedas metálicas e executar os serviços do meio circulante.

“Art.164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente

pelo banco central.” (Constituição da República Federativa do Brasil)

Do ponto de vista operacional, o Banco Central do Brasil atende às necessidades de

numerário do sistema bancário, e, conseqüentemente, do público, por meio dos

mecanismos de emissão e recolhimento.

Banco dos bancos:

O Banco Central realiza operações com as instituições financeiras, tais como: manter

contas nas quais são depositadas as reservas do sistema bancário (voluntárias ou

compulsórias); fornecer crédito a instituições com necessidades transitórias de liquidez;

intervir, em casos de problemas maiores, como emprestador de última instância; e

viabilizar a liquidação financeira das transações.

Banqueiro do Governo:

O BACEN pode manter em sua carteira títulos públicos, com fins de política monetária,

não havendo limitações a essa carteira. O BACEN tem ainda como função

constitucional receber em depósito as disponibilidades de caixa da União.

Como banqueiro do governo, cabe ao BACEN atuar, em nome do Tesouro Nacional,

nos leilões de títulos públicos federais, administrar as reservas internacionais,

representar o país junto a organismos internacionais e receber as disponibilidades de

caixa da União.

35

Supervisão do Sistema Financeiro Nacional:

O BACEN atua no sentido do aperfeiçoamento das instituições financeiras, de modo a

zelar por sua liquidez e solvência, buscando a adequação dos instrumentos financeiros,

com vistas à crescente eficiência do Sistema Financeiro Nacional e demais entidades

por ele autorizadas a funcionar.

Executor da Política Monetária:

A política monetária é a função que define o sentido mais amplo de um Banco Central e

aquela que, em última instância, articula as demais. A principal função de um Banco

Central consiste em adequar o volume dos meios de pagamento à real capacidade da

economia absorver recursos sem causar desequilíbrios. Para isso, controla a expansão da

moeda e do crédito e a taxa de juros, de acordo com as necessidades do crescimento

econômico e da estabilidade dos preços.

Política cambial e de relações financeiras com o exterior:

A execução da política cambial cabe ao BACEN. Essa função vincula-se à de

monopolista da emissão monetária doméstica, na medida em que o objetivo da política

cambial é operar no sentido de manter a estabilidade do preço da moeda nacional em

relação às moedas estrangeiras.

Para isso, o BACEN mantém ativos em ouro, títulos e moedas estrangeiras para atuação

nos mercados de câmbio, de forma a contribuir para manter a paridade da moeda, e para

induzir desempenhos das transações internacionais do país, de acordo com as diretrizes

da política econômica.

Compete ao Banco Central garantir o funcionamento regular do mercado de câmbio, a

estabilidade relativa das taxas de câmbio e o equilíbrio do balanço de pagamentos.

36

4.1.3 Produtos

O conceito de produto quando analisado no contexto de uma empresa de serviços pode

ser facilmente entendido como os serviços que a empresa presta e que constituem a

razão da sua existência. Neste aspecto, as funções do Banco Central, acima

relacionadas, seriam os produtos que o banco oferece à sociedade.

O Banco Central foi constituído para executar estas funções e o faz por meio da sua

estrutura organizacional. Cada departamento desempenhará um conjunto de processos

que permitirão em conjunto com os outros processos de outros departamentos a

execução das suas funções.

Assim, os produtos do Banco Central são as suas principais funções, assim como se

pode identificar nos processos de trabalho desempenhados pelos departamentos do

banco outros possíveis produtos intermediários. Desta forma, quando da mensuração

dos custos dos produtos do banco, pode-se focar nas suas principais funções, como

sendo os seus produtos finais, como nos seus produtos intermediários, ou seja, seus

principais processos de trabalhos.

4.2 Estrutura

O BACEN é composto pela Presidência e por sete Diretorias. Os departamentos,

também tratados como unidades, subordinados às Diretorias possuem sua sede em

Brasília, com exceção do DEMAB – Departamento de Operações de Mercado Aberto e

do MECIR – Departamento do Meio Circulante, que possuem as suas sedes na regional

do Rio de Janeiro. Os demais departamentos possuem gerências técnicas nas regionais,

em algumas ou em todas conforme o departamento, que são técnica e

administrativamente subordinadas a eles e realizam atividades complementares ou

semelhantes à sede. Cada departamento ou unidade possui subunidades que representam

divisões do trabalho de uma unidade. Cada subunidade possui um chefe que se reporta

ao chefe da unidade a qual está subordinada. No total são 4.700 servidores. A seguir

será apresentado o Organograma do Banco Central:

37

Secretaria Executiva da Diretoria – SECRE: sob supervisão e responsabilidade

administrativa do Secretário Executivo, tem como função principal promover a

agilização do processo decisório e das informações sobre assuntos relevantes.

38

Procuradoria – Geral – DEJUR: tem como missão representar judicial e

extrajudicialmente o BACEN e executar as atividades de consultoria e assessoramento

jurídico para a Diretoria Colegiada e demais componentes administrativos.

Departamento de Auditoria Interna – DEAUD: tem como objetivo geral prestar

assessoramento à superior administração do BACEN, avaliando os controles internos e

orientando quanto ao cumprimento das normas, procedimentos e rotinas.

Diretoria de Administração – DIRAD: tem a missão de prover o BACEN de recursos

adequados ao cumprimento de sua missão institucional.

Gerências – Administrativas Regionais e Gerências – Técnicas Regionais

As Gerências Administrativas Regionais e as Gerências Técnicas Regionais são

responsáveis pelo desenvolvimento das atividades voltadas para o atendimento da

clientela do Banco Central do Brasil, por região. Existem gerências nas seguintes

cidades: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de

Janeiro, Salvador e São Paulo.

Departamento de Planejamento e Orçamento – DEPLA: tem a missão de promover

os processos de planejamento e de orçamento no BACEN, por meio da gestão direta e

da prestação de consultoria às unidades com vistas ao seu aprimoramento

organizacional.

Departamento de Gestão de Recursos Humanos e Organização – DEPES: tem a

missão de gerir o sistema de administração de recursos humanos.

Departamento de Administração de Recursos Materiais – DEMAP: tem a missão de

assegurar o provimento de recursos materiais necessários ao cumprimento da missão

institucional do BACEN.

Departamento de Administração Financeira – DEAFI: tem como missão a

administração financeira e a contabilidade do BACEN. O DEAFI é responsável pela

elaboração dos demonstrativos contábeis do BACEN.

Departamento de Informática – DEINF: tem como missão prover o BACEN dos

recursos de informática necessários ao cumprimento de sua missão institucional.

Departamento do Meio Circulante – MECIR: a missão do MECIR, sediado no Rio

de Janeiro, é ser o agente do Banco Central do Brasil na emissão de papel-moeda e na

gestão da qualidade do meio circulante.

39

Diretoria de Assuntos Internacionais – DIREX: a missão da DIREX é otimizar as

relações financeiras com o exterior, aperfeiçoar o funcionamento do mercado de

câmbio, contribuir para a inserção competitiva do país na economia internacional e

assegurar condições adequadas aos fluxos financeiros e de capitais com o exterior.

Departamento de Capitais Estrangeiros e Câmbio – DECEC: cabe ao DECEC

explicitar na regulamentação as disposições decorrentes das decisões do Conselho

Monetário Nacional e da Diretoria do BACEN.

Departamento da Dívida Externa e de Relações Internacionais – DERIN: tem a

missão de coordenar tecnicamente: o relacionamento com organismos internacionais,

credores e devedores externos e bancos centrais; as negociações e a operacionalização

de acordos e convênios internacionais; a administração do passivo externo do setor

público brasileiro; e o gerenciamento de informações correspondentes.

Diretoria de Liquidações e Desestatizações – DILID Departamento de Liquidações Extrajudiciais – DELIQ

Gerência Executiva de Desestatização – GEDES

Gerência Técnica do PROAGRO - GTPRO

Diretoria de Fiscalização – DIFIS: tem a missão de acompanhar e fiscalizar as

instituições subordinadas à área de atuação do BACEN.

Departamento de Supervisão Indireta – DESIN: a função do DESIN consiste no

exercício da supervisão indireta e continuada do sistema financeiro nacional e das

instituições autorizadas a operar pelo BACEN.

Departamento de Supervisão Direta – DESUP: função do DESUP consiste no

exercício da supervisão direta de instituições do sistema financeiro nacional e demais

entidades autorizadas a funcionar pelo BACEN. Entende-se como supervisão direta a

capacidade e a competência legal e regulamentar para requisitar, coletar e analisar

dados, informações, documentos e sistemas diretamente nas instituições e nas empresas

a elas ligadas, mantendo-se regular contato com os seus administradores e também com

as empresas de auditoria externa.

Departamento de Combate a Ilícitos Cambiais e Financeiros – DECIF: tem como

missão ajudar o Governo Federal no combate às atividades vinculadas ao crime

organizado.

Diretoria de Normas e Organização do Sistema Financeiro – DINOR: tem a

missão de promover o funcionamento ordenado, eficiente e regular do Sistema

40

Financeiro Nacional. Departamento de Normas do Sistema Financeiro – DENOR:

tem a missão de regular o Sistema Financeiro Nacional.

Departamento de Organização do Sistema Financeiro – DEORF: tem como missão

organizar e aperfeiçoar o Sistema Financeiro Nacional.

Departamento de Cadastro e Informações – DECAD: tem a missão de prover o

BACEN de dados e informações relativos às instituições subordinadas a sua área de

atuação.

Diretoria de Política Econômica – DIPEC: tem atribuições e competências voltadas

para a elaboração de proposições de ajustes na política econômica e seu

acompanhamento, de moda a assegurar o êxito dos objetivos do BACEN.

Departamento Econômico – DEPEC: tem a missão de ser a assessoria econômica do

banco. Tem como objetivo principal prestar assessoramento econômico à Diretoria

Colegiada, a órgãos públicos e também ao público em geral.

Departamento de Estudos e Pesquisas – DEPEP: cabe ao DEPEP o estudo

aprofundado de questões relacionadas aos instrumentos de política econômica afetos ao

banco, bem como de aspectos relacionados aos mercados financeiros.

Diretoria de Política Monetária – DIPOM: tem como missão propor a formulação e

promover a execução da política monetária.

Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos – DEBAN: é

missão do DEBAN assessorar a Diretoria na formulação da política monetária e no

estabelecimento de diretrizes para o Sistema de Pagamentos Brasileiro.

Departamento de Operações do Mercado Aberto – DEMAB: com sede no Rio de

Janeiro, a missão do DEMAB é manter organizado e ativo o mercado de títulos

públicos. Atua no mercado primário, onde os títulos públicos são lançados

primeiramente, e no mercado secundário, onde ocorrem as negociações com títulos já

emitidos. É a unidade do banco que gerencia e executa as operações do mercado aberto,

com vistas a adequar os agregados monetários e a taxa de juros às diretrizes e

disposições da política monetária. Sua atuação visa reacomodar, diariamente, a liquidez

entre os agentes financeiros superavitários e deficitários. Com base em estimativas

sobre o comportamento das operações cotidianas que afetam o nível das reservas

bancárias, por meio de operações de compra e venda de moeda no curtíssimo prazo.

41

O DEMAB é também o responsável pelo SELIC – Sistema Especial de Liquidação e

Custódia.

Departamento de Operações de Reservas Internacionais – DEPIN: BACEN é o

depositário legal das reservas oficiais de ouro, moeda estrangeira e Direitos Especiais de

Saque.

4.3 Estratégia

No encontro de Administração Estratégica realizado em 1991, que resultou na definição

da missão e objetivos da instituição, foram definidas as ações e medidas de continuidade

a serem implementadas, entre elas a realização do Planejamento Estratégico por área do

banco.

Em abril de 1998, o BACEN realizou novo encontro estratégico, e de maio a novembro,

todas as unidades do banco realizaram seus encontros táticos, tendo como premissas a

missão, macroprocessos, objetivos e diretrizes da organização (Almeida, 2001).

Em 2002, a Diretoria Colegiada, iniciando mais um ciclo do planejamento institucional,

formulou as orientações estratégicas para atuação do Banco Central do Brasil.

No Planejamento Institucional do Banco Central de 2002, têm-se:

Visão de Futuro:

O Banco Central do Brasil será, nos próximos cinco anos, reconhecido pela sociedade

brasileira e comunidade internacional por sua eficácia na manutenção da estabilidade do

poder de compra da moeda e da solidez do sistema financeiro nacional.

42

Macroprocessos:

1. Formulação e gestão das políticas monetária e cambial, compatíveis com as

diretrizes do Governo Federal.

2. Regulação e supervisão do sistema financeiro nacional.

3. Administração do sistema de pagamentos e do meio circulante.

Valores Organizacionais:

1. Ética

2. Excelência

3. Espírito empreendedor

4. Compromisso com a Instituição

5. Espírito de equipe

Macroobjetivos:

1. Consolidar as políticas monetária e cambial no sentido de assegurar a

estabilidade do poder de compra da moeda.

2. Assegurar que a regulação e a fiscalização do Sistema Financeiro observem

padrões e práticas internacionais.

3. Consolidar a implantação do novo Sistema de Pagamentos Brasileiro.

4. Concluir o processo de saneamento e reestruturação dos bancos oficiais.

5. Implantar modelo de administração gerencial para atuação do Banco Central.

Diretrizes:

Diretrizes do Governo Federal constantes do Plano Plurianual 2000/2003 – Lei nº 9.989,

de 21.7.2000, com ênfase para:

1. Prioridade para o cidadão: orientar toda a gestão para o atendimento ao cliente-

cidadão, isto é, subordinar os interesses internos ao interesse do usuário dos

serviços prestados.

43

2. Transparência: produzir, organizar, sistematizar e divulgar, de modo rotineiro,

os atos, o uso de recursos e os resultados das ações.

3. Responsabilização: criar mecanismos de avaliação e responsabilização por

resultados de acordo com padrões de eficiência, eficácia e efetividade.

4. Tecnologias da informação: avançar na assimilação das novas tecnologias da

informação para o atendimento ao público, melhorar o desempenho gerencial e

reduzir custos e tempo dos procedimentos.

5. Contabilidade gerencial: criar as condições para introduzir o conceito de centro

de custos por atividades, para fazer da redução de custos um dos critérios de

avaliação de desempenho.

6. Capacitação gerencial: estimular o aperfeiçoamento contínuo dos responsáveis

pelas diversas ações do Banco Central.

Conforme a diretriz de número 5, é clara a intenção do BACEN em ter suas atividades

custeadas com intuito da realização da avaliação de desempenho.

Objetivos Estratégicos:

O objetivo da apuração de custos está definido no objetivo 23 de Banco Central:

23 – Dotar o Banco Central dos instrumentos necessários à implantação do Modelo de

Administração Gerencial, com ênfase na gestão dos resultados, na definição de

indicadores de desempenho e na apuração de custos.

Esse objetivo ressalta a importância da adoção do Modelo de Administração Gerencial,

citando a apuração de custos como necessária à implantação do mesmo.

4.4 Sistemas de Custos no Banco Central do Brasil Em 1998, foi iniciada tentativa de desenvolvimento de um sistema de custos, com a

inclusão do projeto no Programa de Aperfeiçoamento dos Instrumentos de Atuação do

Banco Central do Brasil junto ao Sistema Financeiro Nacional – PROAT, resultando na

44

elaboração de um Termo de Referência para a contratação de empresa com a finalidade

de desenvolver o sistema. O Termo de Referência foi realizado por consultoria externa

contratada também no âmbito do PROAT.

A iniciativa não obteve sucesso, tendo sido reprovada pelos técnicos do BACEN e do

Banco Mundial, como consta em documento interno do chefe do DEAFI ao chefe da

SECRE:

“Após análise dos técnicos do Banco Central e do Banco Mundial sobre o Termo de

Referência, chegou-se à conclusão que caberia aperfeiçoá- lo, adicionando elementos

específicos que o tornasse mais condizente com as características do Órgão.”

Assim, o processo foi suspenso em virtude de entenderem necessário o aperfeiçoamento

do termo apresentado.

4.4.1 A Retomada

Em 2000, foi sancionada a Lei Complementar 101 – Lei de Responsabilidade Fiscal,

que representou o embasamento legal para a retomada do projeto de desenvolvimento e

implementação de um sistema de custos no Banco Central. A seguir, são apresentados

dois artigos da lei.

“Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada

ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos,

orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo

parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de

Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.

Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante incentivo à

participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de

elaboração e de discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos.”

45

“Art. 51, parágrafo 3º- A Administração Pública manterá sistema de custos que

permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e

patrimonial.”

O artigo 48 ressalta a importância da transparência para a Administração Pública,

embora não assinale a necessidade da manutenção de um sistema de custos. Isto é feito

no artigo 51, que defende claramente esta necessidade.

4.5 Desenvolvimento do Sistema de Custo

O início da implementação do Sistema de Custos e Informações Gerenciais do Banco

Central se deu com a criação de um grupo de trabalho, instituído pela Portaria

1243/2000, composto por funcionários do banco com o intuito de indicar o melhor

método de custos a ser utilizado pelo banco e subsidiar a elaboração do Termo de

Referência definitivo para a contratação de empresa que iria modelar, desenvolver e

implantar um sistema de custos e informações gerenciais.

“Baseada nos conceitos das teorias de administração que elucidam que a melhoria das

atividades, tanto do ponto de vista econômico como do ponto de vista de qualidade do

serviço final, passa pela avaliação dos custos inerentes aos mesmos, a Diretoria

Colegiada do Banco Central determinou a retomada do processo de implementação do

Sistema de Custos e Informações Gerenciais do Banco Central, a partir do junho de

2000.” (Voto da Diretoria - documento interno do Banco Central do Brasil)

O grupo iniciou os trabalhos em junho de 2000 e tinha prazo de noventa dias para

definir o sistema de custeio mais adequado para o BACEN. O grupo era composto pelo

chefe do Departamento de Administração Financeira, por uma analista do Departamento

de Administração Financeira, por um analista do Departamento de Planejamento, e dois

analistas da Gerência Técnica de Belo Horizonte.

Numa primeira fase do projeto, o grupo de trabalho estudou as metodologias de

apuração de custos existentes, bem como a análise da legislação referente à matéria,

46

incluindo a Lei de Responsabilidade Fiscal, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e o Plano

Plurianual de Governo.

A equipe apresentou estudos sobre as metodologias de custeio mais utilizadas e

elaborou uma revisão bibliográfica sobre o assunto. O grupo participou de seminários

sobre custos e realizou visitas a órgãos que já tivessem implantado a metodologia de

Custeio Baseado em Atividades, tais como: Bradesco, Banco do Estado de São Paulo –

BANESPA, Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos e Banco do Brasil. A equipe

também visitou empresas de consultoria com experiência comprovada na área como

KPMG, ESTRATEGE, ABCTECH, MBI Consulting, buscando verificar os resultados

alcançados e subsídios sobre as metodologias e softwares existentes.

Por fim, o grupo de trabalho elaborou um relatório técnico no qual indicava o Custeio

Baseado em Atividades como sendo mais apropriado para o Banco Central do Brasil por

possibilitar a alocação das despesas administrativas aos produtos e serviços e permitir a

mensuração dos custos que não agregam valor, possibilitando melhor análise dos

processos de trabalho, eliminando desperdícios e otimizando o uso dos recursos

orçamentários. Além disso, apontam o uso mundial da metodologia por empresas

prestadoras de serviço, indústrias e instituições públicas como fator relevante para a

adoção da metodologia.

O trabalho também indicava que o conhecimento dos custos das atividades é importante

na medida que facilita a compreensão da estrutura do banco, evidencia as inter-relações

entre unidades, favorece a análise e gestão de processos, beneficiando a tomada de

decisão e permitindo o processo de melhoria contínua.

O Banco Mundial concedeu então, no ano de 2000, um financiamento nos termos do

PROAT – Programa de Aperfeiçoamento dos Instrumentos de Atuação do Banco

Central junto ao Sistema Financeiro Nacional – para o projeto do sistema de custos.

Em setembro de 2000, foi contratada a empresa de consultoria Estratege para auxiliar no

levantamento das necessidades do banco e na elaboração do Termo de Referência que

47

seria a base para a elaboração de propostas para a contratação do desenvolvimento do

sistema de informações gerenciais do Banco Central. O grupo de trabalho contou

também com a consultoria externa de um professor com tese na área de custos na

administração pública.

4.5.1 Resultado obtido pela Consultoria Estratege

Em janeiro de 2001, a empresa realizou entrevistas em 31 unidades, sendo 27 na sede

em Brasília, 2 na regional de São Paulo e 2 na regional do Rio de Janeiro, para

levantamento dos processos de negócios. O levantamento deu origem a um relatório

que continha uma explanação sobre a estrutura organizacional e as principais funções de

cada unidade, apresentação das informações levantadas nas entrevistas e o

relacionamento dos processos levantados em cada unidade com os macroprocessos

definidos no Planejamento Estratégico do Banco.

De acordo com o Relatório Técnico elaborado pela empresa de consultoria Estratege,

processo de negócio é:

“um conjunto de atividades relacionadas e interdependentes ligadas pela produção que

permutam. É um arranjo ordenado de atividades executadas de acordo com

procedimentos para o alcance de um objetivo comum. Um evento específico inicia a

primeira atividade do processo, a qual irá disparar atividades subseqüentes. Da interação

de duas atividades temos um fluxo de produção ou informação.”

Os processos de negócios funcionais identificados nos levantamentos com os

departamentos foram analisados, formando os processos de negócio do banco. Esses

processos foram agrupados em macroatividades quando apresentavam uma finalidade

semelhante. Por fim, as macroatividades foram relacionadas aos três grandes processos

funcionais definidos pelo banco:

48

Macroprocessos:

• Formulação e gestão das políticas monetária e cambial;

• Regulamentação e supervisão do Sistema Financeiro Nacional;

• Prestação de serviços de suporte às transações financeiras e ao meio circulante.

Desta forma, o esquema criado era:

Processos de Negócio do Bacen è Macroatividades è Macroprocessos

A determinação dos objetos de custos privilegiou os macroprocessos do banco como

objetos de custos finalísticos, sendo que os processos de trabalho das unidades e as

macroatividades foram relacionados de forma a terem seus custos direcionados ao

macroprocessos.

Segundo o Relatório Técnico, dever-se-ia procurar conhecer quais seriam os recursos

disponíveis para a execução das atividades inerentes a cada macroprocesso. Isto porque,

como órgão público, o BACEN se submete à Lei de Diretrizes Orçamentárias e à Lei de

Responsabilidade Fiscal que contêm uma série de restrições quanto a disponibilização

dos recursos financeiros necessários para sua operação. Dito isso, as justificativas com

respeito à necessidade de recursos orçamentários são bastante importantes e a

compreensão das atividades, sua conexão e relacionamento com os macroprocessos e o

seu custo serão de grande valia na elaboração dos orçamentos futuros da instituição,

podendo facilitar a obtenção de verbas, ou pelo menos, esclarecendo e explicando a sua

aplicação, dando maior transparência e credibilidade ao processo.

Sendo assim, o que o trabalho realizado pela consultoria Estratege possibilitaria seria o

conhecimento dos custos das principais atividades ou processos de negócio de cada

departamento de forma a justificar no orçamento global da instituição os recursos

necessários para sua execução.

49

Um ponto relevante é o de que não foi objetivo da análise a aferição da rentabilidade de

produtos ou clientes:

“Quanto às perspectivas que se deseja analisar os custos, não será objetivo do sistema

do BACEN focalizar a medição de produtos ou clientes, pelo menos não sob o aspecto

da rentabilidade. Da mesma forma, as unidades não serão avaliadas pelo seu

desempenho como “geradoras de rentabilidade” para a instituição. Os custos dos

produtos (ou macroprocessos) oferecidos, dos clientes externos e internos e das

atividades dos departamentos poderão ser obtidos no sistema, mas não sua rentabilidade

ou margem de contribuição, uma vez que o BACEN não é uma instituição que visa o

lucro ou onde seja relevante este tipo de análise.”

A consultoria Estratege preparou sete relatórios críticos com sugestões e análises acerca

da adoção da metodologia ABC no Banco Central. Os relatórios continham detalhes

sobre como deveria ser desenvolvido o sistema de custo no Banco Central:

1- Relatório de Necessidades de Informações Gerenciais;

2- Relatório Crítico dos Sistemas de Outras Instituições;

3- Relatório Crítico da Metodologia ABC;

4- Sugestão de Solução Tecnológica;

5- Estratégias e Etapas de Implantação;

6- Previsão de Custos e Prazos para Implantação;

7- Produtos/Informações Disponibilizados pelo Sistema.

Não esteve no escopo desse trabalho a análise de todos os sete relatórios acima listados.

Somente foram utilizados nesse trabalho o Relatório de Necessidades de Informações

Gerenciais e o Relatório Crítico da Metodologia ABC.

Como exemplo do levantamento realizado pela consultoria Estratege, será apresentado o

mapeamento dos processos do DEMAB – Departamento de Operações de Mercado

Aberto, que consta no Relatório de Necessidades de Informações Gerenciais.

50

Quadro 2: Resultado Apresentado pela Consultoria Estratege para o DEMAB

PROCESSO: Formulação e gestão das políticas monetária e cambial

MACROATIVIDADE PROCESSO BACEN PROCESSO UNIDADE Política Monetária Operação com títulos Regulamentação das operações de

mercado aberto

Política Monetária Operação com títulos Seleção de dealer

Política Monetária Operação com títulos Oferta pública: mercado primário

Política Monetária Operação com títulos Operações de mercado aberto

Política Monetária Operação com títulos Emissão, registro e custódia de títulos

públicos federais

Política Monetária Operação com títulos Guarda e registro dos títulos e valores

mobiliários

Política Monetária Operação com títulos Administração das aplicações

financeiras não competitivas

Política Monetária Operação com títulos Tabela de preços de referência para

operações compromissadas

Política Monetária Operação com títulos Taxa de rentabilidade intrínseca dos

títulos públicos federais

Política Monetária Operação com títulos Taxa Selic

Política Monetária Divulgação Elaborar nota para a Imprensa

Como se pode observar, o foco do levantamento esteve nos processos das unidades e

não no levantamento de atividades. Os processos das unidades foram então relacionados

a grupos maiores que seriam os processos do banco, que por sua vez foram

consolidados em grupos ainda maiores, as macroatividades, que por fim, foram

consolidadas nos três macroprocessos do Banco Central. Os diversos processos da

unidade DEMAB se dividem em dois processos do BACEN: Operações com títulos e

Divulgação. Estes por sua vez, são relacionados à macroatividade Política Monetária,

que compõe o macroprocesso Formulação e gestão das Políticas Monetária e Cambial.

4.5.2 Termo de Referência

O término do levantamento das necessidades do BACEN e do Termo de Referência se

deu em abril de 2001. Em abril, houve o encerramento do grupo de trabalho em vista da

51

tramitação do Termo de Referência entre a Diretoria, a Secre- Secretaria Executiva da

Diretoria e o Banco Mundial.

O Termo de Referência elaborado ratificou o propósito do Banco Central possuir um

sistema de custos, como exposto abaixo:

“Tendo em vista as especificidades das atividades desenvolvidas pelo Banco Central,

que resultam em uma grande quantidade de informações dispersas por vários sistemas

corporativos e setoriais, e a não existência de um sistema que reúna todas as

informações necessárias ao cálculo e acompanhamento dos custos, o Banco Central

inseriu no âmbito do PROAT, a contratação de serviços visando a modelagem, o

desenvolvimento e a implantação de um sistema informatizado de custos e informações

gerenciais.

O correto acompanhamento deste processo de transformações dentro do ciclo

operacional só é possível quando se adota um bom sistema de custos e informações

gerenciais. Não basta, portanto, que esse sistema seja bem elaborado no seu aspecto

técnico, mas que seja apropriado à atividade econômica desenvolvida pelo Banco

Central do Brasil (política monetária, cambial e creditícia) e às suas condições

operacionais.” (Termo de Referência, 2001)

Constam no Termo de Referência os seguintes fatores nos quais o banco se baseou para

decidir implantar um sistema de custos:

“1) o esgotamento de um modelo de banco central provedor de recursos e as demandas

sociais crescentes e em níveis cada vez mais sofisticados, levando, inclusive, a uma

redefinição de seu papel;

2) globalização, enquanto fenômeno indutor da busca de alternativas para a redução de

custos de processos e atividades, na medida em que evidencia ineficiências e

desperdícios;

3) a estabilidade da moeda nacional, resgatando os conceitos de reserva de valor e

unidade de conta.”

52

Além disso, o Termo de Referência declara a consonância com os seguintes pontos

básicos da Lei de Responsabilidade Fiscal:

“a) melhorar a administração das contas públicas, impondo aos governantes

compromissos com a execução e controle do orçamento e das metas fiscais;

b) ditar princípios e fixar normas gerais das finanças públicas para os três níveis de

governo;

c) instituir uma gestão fiscal responsável, com ênfase controle do gasto e do

endividamento público;

d) aumentar a transparência na gestão do gasto público a partir da padronização de

contas e da ampliação do acesso da população, inclusive por meio eletrônico.”

Diante das necessidades legais de maior controle por parte da Administração Pública,

conclui:

“Fez-se então imprescindível a introdução de um sistema de custos, pois de pouco

adianta o

controle orçamentário voltado para o processo de responsabilização financeira sem o

estabelecimento de metas e medidas de desempenho que permitam identificar as

variáveis físicas e financeiras que dêem sentido e finalidade a uma efetiva

responsabilidade social.”

4.5.3 Benefícios Esperados

Constam no Termo de Referência, os seguintes objetivos da adoção da metodologia

ABC no Banco Central:

Ø identificar os custos dos bens e serviços oferecidos à sociedade;

Ø demonstrar a relação entre custo e benefício desses serviços e produtos;

Ø demonstrar aos cidadãos a correlação entre os custos, volume de atividades e

resultados alcançados;

Ø elaborar o orçamento considerando também os custos envolvidos;

53

Ø sistematizar os planejamentos estratégico, tático e operacional;

Ø acompanhar o desenvolvimento das atividades, possibilitando a comparação

entre o planejado, o orçado e o efetivamente realizado.

Em abril de 2002 foi concluída a concorrência internacional para a contratação da

empresa de consultoria responsável pelo desenvolvimento e implantação do sistema de

custos. A empresa vencedora foi a KPMG.

O início dos trabalhos da KPMG se deu em abril de 2002, com previsão de término para

novembro do mesmo ano, pois segundo a avaliação da empresa de consultoria esse

prazo seria o suficiente. Posteriormente, por problemas operacionais o término do

projeto teve que ser adiado para março de 2003. A coordenação e a supervisão dos

trabalhos da consultoria ficaram sob responsabilidade da equipe do DEPLA –

Departamento de Planejamento, contando com a participação de uma equipe do DEINF

– Departamento de Informática, designada para esse fim. No DEPLA foi criada a

COCIG – Consultoria do Sistema de Custos e Informações Gerenciais, para onde foram

designados seis servidores para dedicação integral ao projeto.

4.6 Desenvolvimento do Sistema de Custos pela Consultoria KPMG

O projeto de desenvolvimento do sistema de custos foi contratado para todas as

unidades do banco, abrangendo todas as operações relativas ao mesmo. A não adoção

de um projeto piloto foi sugerida no Relatório Técnico da consultoria Estratege:

“...a conclusão da Estratege é que o Banco Central deve desenvolver e implantar o

sistema de custos e informações gerenciais atendendo toda a instituição, sem a adoção

de um projeto piloto. As razões para esta proposta são que a dimensão e a complexidade

do projeto, apesar de envolverem toda a empresa e de adotar uma metodologia nova

para o Banco Central, não justificam o desenvolvimento de um projeto piloto, pois:

54

ü as necessidades de investimento em desenvolvimento de sistemas e

compra de ferramentas quase que independem do “tamanho” do projeto;

ü as interfaces com alguns sistemas corporativos devem ser desenvolvidas

mesmo para o projeto piloto;

ü os “produtos” e macro-processos definidos para o Banco Central são

bastante abrangentes;

ü a limitação do escopo para um projeto piloto poderia gerar resultados

não muito significativos para a instituição;

ü é necessário que o sistema apresente resultados para toda a corporação;

ü o investimento no desenvolvimento de um projeto piloto não é

significativamente menor do que o necessário para o desenvolvimento do

projeto principal, a não ser que sejam desprezadas as necessidades de

desenvolvimento de interfaces (estas sejam feitas de forma manual no

projeto piloto);

ü o tempo para a definição dos principais critérios não é significativamente

menor para o projeto piloto;

ü o desenvolvimento do projeto piloto consumiria um tempo relevante em

relação ao do projeto completo, podendo comprometer as expectativas de

prazo final para implantação do sistema;

ü o sistema pode ter o seu detalhamento gradativo a partir do modelo

completo implantado;

ü é mais importante a implantação de um sistema com respostas imediatas

para o Banco Central como um todo do que apenas para uma única área

inicialmente, seguida de uma implantação gradativa no restante da

instituição;

ü o sistema deve ter sua implantação rápida e sem traumas, com seu

detalhamento sendo gerado a partir de necessidades específicas de cada

gestor.”

O Termo de Referência elaborado pela consultoria Estratege descrevia que o projeto

deveria abranger a modelagem, customização, desenvolvimento e implantação de um

sistema informatizado de custos e informações gerenciais, que apoiasse e

55

instrumentalizasse o processo de gestão, fornecendo informações dos custos

administrativos e os custos das operações de autoridade monetária de todos os processos

do Banco Central e ainda, subsidiasse as áreas com as informações necessárias à

elaboração da proposta orçamentária e ao controle de eventuais revisões orçamentárias.

Conforme consta em apresentação realizada, em agosto de 2002, pela consultoria

KPMG aos chefes de unidade do banco, os objetivos do projeto foram:

• Mensurar e controlar os custos do Banco;

• Quantificar o valor dos bens e serviços oferecidos à sociedade: Administração

da Política Cambial, da Política Monetária, das Reservas Internacionais, de Fundos e

Programas, do Meio Circulante, do Passivo Externo do Governo Central, do Sistema

de Pagamentos Brasileiro, entre outros;

• Mensurar o grau de eficiência e eficácia no desempenho de suas funções;

• Subsidiar o planejamento da entidade e auxiliar no controle de sua execução;

• Atender às exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal;

O enfoque dos objetivos do sistema de custos ABC seria o conhecimento dos custos dos

seus produtos, que no caso são seus macroprocessos, macroatividades e processos.

4.6.1 Equipe do Projeto

A equipe para a modelagem, customização, desenvolvimento e implantação do Sistema

de Custos e Informações Gerenciais foi composta por consultores da KPMG (equipe de

conceitos e equipe de sistemas) juntamente com servidores do Banco Central que

auxiliaram na execução das tarefas.

56

Funções e Responsabilidades dos membros da equipe:

Patrocinador: chefe do DEPLA – Departamento de Planejamento

Responsabilidade: Autorizar a execução dos trabalhos; prover o acesso dos consultores

aos demais departamentos do Banco Central e aprovar os produtos entregues no

decorrer do projeto.

Coordenação Colegiada:

Coordenação Geral – KPMG

Responsabilidade: Será o grande responsável pela qualidade técnica do modelo

conceitual a ser desenvolvido para o BACEN. Sua atuação se dará através da fixação

das diretrizes para a equipe, acompanhamento do andamento do projeto e avaliação da

qualidade dos resultados.

Coordenador de Critérios

Responsabilidade: Orientação geral da equipe de conceitos e critérios, juntamente com

o coordenador geral. Estará à frente das decisões conceituais rotineiras.

Coordenador de Sistemas

Responsabilidade: Qualidade técnica dos servidores de tecnologia da informação

executados no projeto. Sua atuação se dará através do planejamento e acompanhamento

do andamento do projeto, fixação das diretrizes para a equipe de sistemas, gerência de

qualidade, transferência de tecnologia e gerência de mudanças.

Os coordenadores serão os responsáveis pela qualidade técnica do projeto.

Especialistas da equipe de critérios

Responsabilidade: Este grupo de profissionais atuará dando apoio aos demais

consultores do projeto nas questões relacionadas a sua área de especialização. Sua

atuação se dará através de necessidades pontuais demandadas pelos consultores da

equipe de conceitos e critérios.

57

Especialista da equipe de sistemas

Gerente técnico e administrativo da equipe de critérios

Gerente técnico da equipe de critérios

Gerente técnico e administrativo da equipe de sistemas

Consultores da equipe de critérios

Responsabilidade: Realização de trabalhos definidos como de conceito, que abrangem

os estudos para definição do sistema de custeio e de informações gerenciais a ser

utilizado pela organização. Suas tarefas incluem a análise das informações e aplicação

da metodologia de trabalho em campo, entrevistas com usuários e técnicos,

formalização do modelo conceitual final da metodologia, customização da ferramenta

OROS e implantação e testes do sistema.

Consultores da equipe de sistemas

Responsabilidade: Realização dos trabalhos definidos como de sistemas, que

abrangem todas as tarefas de análise, especificação, desenvolvimento, testes,

treinamento e implementação.

Coordenador Geral – BACEN: servidor do DEPLA

Responsabilidade: Coordenar a equipe de critérios e sistemas no apoio à equipe

KPMG para a realização das tarefas definidas em cronograma. Será responsável por

prover acesso às altas hierarquias do banco, quando demandado pela equipe técnica.

Coordenador de critérios – BACEN: servidor do DEPLA

Responsabilidade: Gerenciar a equipe de apoio e prover a infra-estrutura necessária à

equipe da KPMG. Revisará os produtos preparados, juntamente com os gerentes e

coordenadores das equipes de critérios, antes da entrega final para aprovação do

Patrocinador do Projeto.

Coordenador de Sistemas – BACEN: servidor do DEINF

Responsabilidade: Gerência da equipe de apoio e prover a infra-estrutura necessária à

equipe da KPMG. Revisará os produtos preparados, juntamente com os gerentes e

58

coordenadores das equipes de sistemas, antes da entrega final para a aprovação ao

Patrocinador do Projeto.

Equipe de apoio – Critérios: quatro servidores do DEPLA

Responsabilidade: Acompanharão e realizarão tarefas demandadas pela equipe de

critérios e pelo Coordenador de Critérios do banco.

Equipe de apoio – Sistemas: três servidores do DEINF

Responsabilidade: Acompanharão e realizarão tarefas demandadas pela equipe de

sistemas e pelo Coordenador de Sistemas do banco.

4.6.2 Fases de Implementação do Projeto

A seguir serão listados os cinco módulos para implantação do projeto definidos pela

empresa de consultoria KPMG, no início do projeto, ou seja, suscetível a alterações ao

longo do período.

1-Planejamento, Divulgação e Acompanhamento do Projeto

Este módulo foi definido em quatro áreas de atuação: Gerência de Projeto, Gerência de

Mudanças, Gerência de Conhecimento e Gerência de Qualidade, que contemplam todos

os aspectos relevantes para o perfeito gerenciamento do projeto, assegurando assim seu

desenvolvimento de acordo com os objetivos do BACEN.

O gerenciamento do projeto contemplava os aspectos de planejamento e gerência da

execução do projeto propriamente dito, considerando recursos físicos e financeiros.

O gerenciamento de mudanças contemplava os aspectos de impacto no curso normal do

projeto, efetuando gerenciamento de risco e análises de impacto.

59

O gerenciamento do conhecimento contemplava os aspectos de aquisição, manutenção e

disseminação de conhecimentos técnicos ou de negócio associados aos projetos;

2-Definição dos Critérios

O objetivo deste módulo era o de definir as premissas e conceitos que seriam

empregados no sistema de custeio por atividade do BACEN, bem como o conjunto de

indicadores que iriam compor o modelo de desempenho organizacional da entidade. As

atividades desse módulo eram: o levantamento e análise das atividades, levantamento e

análise dos recursos, custeio dos sistemas de processamento de dados, custeio das

atividades e objetos de custo, determinação dos indicadores de desempenho,

determinação do modelo de desempenho organizacional.

3-Desenvolvimento das Interfaces

O objetivo desse módulo era o de construir as interfaces entre os sistemas corporativos

da entidade para a obtenção automática dos dados necessários aos módulos de custo e

informações gerenc iais e as interfaces entre os demais programas utilizados no

desenvolvimento do projeto.

4-Desenvolvimento do Sistema

Este módulo tinha por objetivo projetar e construir todos os módulos necessários a

implantação do sistema de custos e informações gerenciais.

5-Implantação do Sistema

O objetivo deste módulo era o de colocar em produção todos os módulos desenvolvidos

e ferramentas adquiridas para o sistema e proceder ao treinamento final dos usuários.

Este trabalho contemplará apenas o módulo de definição de critérios.

60

4.6.3 Levantamento e Análise dos Recursos

A fase de levantamento e análise dos recursos aconteceu posteriormente ao

levantamento e análise das atividades das unidades, no entanto, por motivos didáticos, o

levantamento dos recursos será abordado primeiramente, já que são os recursos os

primeiros componentes do esquema ABC. De posse dos recursos, ter-se-á que

relacioná-los com as atividades que os consomem.

O Banco Central possui diversos sistemas que armazenam os dados referentes aos

vários eventos que ocorrem para a sua operação. Os mais relevantes são:

• SIARH – Sistema de Recursos Humanos.

• GEFIC – Sistema de Contratos

• ORCAM – Sistema de Orçamento

• REFORMAT – Sistema de Materiais de Consumo

• MOVTEN – Sistema de Móveis e Utensílios

• Viagens – Sistema de Viagens

• CONTÁBIL – Sistema onde são contabilizados todos os eventos contábeis

• Outros Sistemas de Plataforma Baixa

A identificação dos recursos se deu através da análise do plano de contas do banco,

identificando-se por unidade quais as contas contábeis utilizadas.

Reuniões com as unidades responsáveis por cada um dos sistemas acima relacionados

foram realizadas para que a equipe conhecesse os mecanismos de cada sistemas e a

forma como os dados eram nestes armazenados. O DEAFI – Departamento de

Administração Financeira, responsável pela elaboração do Balanço do Banco e pelo

sistema CONTÁBIL, foi consultado para explicar as possíveis diferenças que podem

ocorrer entre um sistema específico e o que foi contabilizado no CONTÁBIL.

61

4.6.3.1 Principais Premissas Utilizadas

A seguir, serão listadas as premissas utilizadas pelo projeto em relação ao tratamento de

alguns recursos.

1. Utilização do Salário específico do servidor na valoração das atividades e

objetos de custo, ao contrário da utilização da média dos salários;

2. Utilização, sempre que possível, do critério de competência para determinação

dos gastos e não o desembolso dos recursos;

3. Utilização do conceito de Projeto, que permite a Entidade identificar custos de

ações conjuntas, temporais e/ou que necessitam de medição específica;

4. Criação de um sistema de apontamentos do esforço da mão-de-obra para alocar

os recursos que não mantêm uma relação direta e exclusiva com as atividades e

objetos de custos;

5. Consumo de materiais e despesas de pequeno valor serão alocados às unidades

do banco e em seguida direcionados para as subunidades e atividades

proporcionalmente ao esforço da mão-de-obra para sua realização.

4.6.3.2 Critérios Utilizados

A seguir serão citados os critérios utilizados para os recursos mais representativos.

1. Depreciação de Bens Móveis

Os 20 itens mais representativos consomem 68% do total da depreciação mensal dos

cerca de 100.000 bens móveis do banco. Estão sendo adotados 3 critérios para alocação

da depreciação, a saber:

1) Equipamentos de uso coletivo (Informática: máquinas servidoras): os

custos serão distribuídos entre os recursos humanos do BACEN e

levados às atividades desenvolvidas pelo funcionário;

2) Equipamentos de uso individual (mesas, cadeiras, armários, micro-

computadores, impressoras, etc): os custos serão distribuídos pelos

62

recursos humanos alocados à respectiva unidade e levados às atividades

por eles desenvolvidas;

3) Equipamentos que tenham destinação específica e cuja depreciação

mensal seja relevante: serão tratados como recursos e com

direcionamento às atividades/objetos de custo a eles referentes.

2. Depreciação de Bens Imóveis

1) Áreas comuns de uso geral (hall de entrada, jardins, auditórios): tratadas

como recurso com alocação direta ao objeto de custo “Institucional”;

2) Áreas comuns de uso restrito (área de circulação, banheiros e etc. dos

andares): tratadas como recursos e distribuídas aos recursos humanos das

unidades presentes nestes locais, em função do espaço utilizado pela

unidade em relação ao espaço total em áreas próprias;

3) Áreas próprias de cada unidade (área de escritório): tratadas como

recursos e distribuídas aos recursos humanos das unidades presentes

nestes locais com base no espaço utilizado pela unidade em relação ao

espaço total;

4) Imóveis não utilizados nas atividades (apartamentos funcionais não

ocupados): alocação direta da depreciação e das despesas de manutenção

ao objeto de custo “Institucional”;

5) Imóveis alugados para uso do Banco: tratadas como recursos e

distribuídas aos recursos humanos das unidades ocupantes.

3. Recursos Humanos

O custo com os recursos humanos (ativos e aposentados) representam cerca de 80% dos

custos do banco. A alocação do custo total mensal (salário, férias, 13º salário,

contribuição previdenciária, auxílio alimentação, etc.) de cada funcionário será direta

nas atividades por ele desenvolvidas. As informações serão obtidas automaticamente do

sistema de folha de pagamentos.

Este custo total será levado às atividades desenvolvidas por cada funcionário.

63

4.6.3.3 Contas de Recursos

Estas contas de recursos consolidam elementos de custos, que são conjuntos de contas

contábeis do plano de contas do BACEN de mesma natureza. A lista com as contas de

recursos identificadas, consta no Anexo 2.

4.6.4 Levantamento e Análise das Atividades

Definição de atividade segundo a KPMG:

“É a combinação de diversos recursos para gerar um determinado serviço. As atividades

descrevem o que a empresa faz, a maneira como o tempo é gasto e os resultados do

processo.”

O levantamento das atividades das unidades foi realizado pela equipe da consultoria,

acompanhada dos servidores do banco das duas equipes de apoio. A equipe percorreu

todas as 170 subunidades do banco munida do trabalho previamente realizado pela

consultoria Estratege, onde os processos das unidades já haviam sido identificados.

Enquanto que o relatório da Estratege só continha os processos de trabalho das

unidades, os processos do BACEN, as macroatividades e os macroprocessos, nesta fase,

os chefes das subunidades foram entrevistados, com o intuito de se obter as atividades

das unidades. Aproximadamente 400 servidores foram entrevistados.

É importante ressaltar que antes das entrevistas foi pedido às áreas que apresentassem

no dia qualquer manual ou documento que contivesse a relação das suas atividades com

vistas a facilitar e agilizar o processo de coleta de informações.

As entrevistas foram conduzidas por dois especialistas da equipe de critérios da KPMG,

pelos servidores do banco das equipes de apoio de critérios e de sistemas. Os

especialistas da KPMG estavam munidos da lista dos processos do banco, previamente

levantados pela consultoria Estratege. Aos chefes das subunidades eram pedidas a

64

identificação e a descrição das atividades desempenhadas. As entrevistas objetivavam

também, identificar quais os processos das unidades, que seriam as principais funções

das unidades ou os objetos de custos das unidades, ou seja o processo ou processos que

a unidade desempenhasse e que gostaria de seus custos conhecidos.

As atividades relatadas foram analisadas pela equipe da KPMG, que realizou um

trabalho de compilação das informações levantadas, onde atividades foram agrupadas e

os relacionamentos das mesmas com os objetos de custos foram estudados. Alguns

processos das unidades, previamente levantados pela consultoria Estratege, foram

identificados como atividades pela consultoria KPMG. Nem todos os departamentos

identificaram processos da unidade que gostariam que fossem custeados, embora a

maioria dos departamentos o tenha feito. Nos casos onde não houve essa identificação,

entendeu-se que as atividades desempenhadas pela unidade seriam diretamente

relacionadas aos processos do Banco Central.

Novamente, tem-se o fluxo de custos do modelo:

Atividades => Processos => Processos => Macroatividades => Macroprocessos

Unidades BACEN

Após o trabalho de síntese de atividades, o relatório com as atividades, objetos de custos

e os relacionamentos existentes entre estes foi enviado às respectivas unidades para que

fosse validado pelas mesmas.

Ao final do levantamento, foram mapeadas 2.919 atividades, sendo que 954 atividades

únicas, isto é, que não ocorriam em mais de um departamento, sendo específicas de uma

determinada unidade. Temos, portanto, um total de 1.965 atividades, que existem em

mais de um departamento. Isto ocorre porque há atividades que foram criadas para

vários departamentos, ou seja, são atividades que existem em todos ou quase todos os

departamentos, como as atividades de apoio. Por exemplo, a atividade de Apoio

Logístico aparece em todos os departamentos do banco, pois se trata de uma atividade

relacionada com a organização do trabalho em um departamento.

65

Após o período de validação e ao longo do projeto foram sendo criadas mais atividades

em função de algumas unidades terem revisto suas funções e decidido que precisavam

de outras atividades. Desta forma, ao final do projeto, o total de atividades foi de 3.488,

sendo 890 atividades únicas e um total de 2.598 atividades, que é constituído por

atividades diferentes que se repetem em diversos departamentos.

Como uma das premissas do modelo era a de que todos os recursos deveriam passar por

atividades até serem levados aos objetos de custo, o projeto adotou o artifício de

considerar 67 contas de despesas como atividades. Estas contas de despesas não foram

relacionadas a nenhuma unidade ou subunidade específica, e foram classificadas como

atividades relacionadas ao funcionamento da instituição como um todo. A equipe do

projeto julgou inadequado, portanto, alocá-las a qualquer atividade pertencente a

alguma unidade. Assim, foram criadas atividades que receberam o mesmo nome do

recurso apenas para manter a premissa de que os recursos primeiramente são

apropriados às atividades para depois irem para os objetos de custos específicos. Estas

estão demonstradas no Anexo 1.

4.6.5 Definição dos Objetos de Custos

Definição segundo a KPMG:

“é tudo que a empresa deseja custear, como por exemplo: serviços, agrupamentos de

serviços, clientes, regiões de atuação, projetos, etc...”

Os produtos finais do Banco Central são seus macroprocessos. Esses macroprocessos

são os serviços prestados à sociedade e são de exclusiva competência do banco.

Conforme visto anteriormente, a execução das políticas monetária e cambial, a

regulação e supervisão do Sistema Financeiro Nacional e os serviços relacionados à

emissão de moeda representam as funções do Banco Central, são, portanto, os

produtos finais à sociedade e desta forma, foram identificados como objetos finais de

custos.

66

O custeio dos processos intermediários, que são desempenhados pelas unidades do

banco para a realização dos seus macroprocessos também representou uma demanda por

parte do Banco Central. Para isso, foi idealizado um modelo com quatro níveis de

objetos de custos. O nível quatro é consolidado no nível três e assim por diante, até

chegar no nível um, que caracteriza os objetos de custo da forma mais consolidada

(macroprocessos).

Após a compilação dos dados das entrevistas, foram identificados 651 objetos de custo,

que foram distribuídos pelos quatro níveis de objetos de custos.

Nível 4: Processos das Unidades;

Nível 3: Processos do Banco Central;

Nível 2: Macroatividades;

Nível 1: Macroprocessos do BACEN, definidos no Planejamento Estratégico de 2002:

• Formulação e gestão das políticas monetária e cambial;

• Regulamentação e supervisão do Sistema Financeiro Nacional;

• Prestação de serviços de suporte às transações financeiras e ao meio circulante.

Os processos de nível quatro são os objetos de custos mais próximos às unidades. Estes

são consolidados nos processos do nível 3, e assim por diante. Desta forma, foram

identificados 149 objetos de custo de nível 4, 484 de nível 3, sendo 444 repetidos 40

únicos, 13 de nível 2 e 7 de nível 1.

O nível 1 inclui, além dos macroprocessos, mais quatro componentes:

• Atendimento ao Tesouro Nacional;

• Administração de Fundos e Programas;

• Institucional;

• Aposentadoria;

• Afastados.

Essa adição foi necessária para que a instituição saiba o quanto é gasto com cada um

desses elementos. Ou seja, o Atendimento ao Tesouro Nacional é um conjunto de

processos específicos e desempenhados apenas com o fim de atender ao Tesouro

67

Nacional, assim como a Administração de Fundos e Programas, sendo portanto,

necessário para o banco conhecer o quanto o é o custo de desempenhar tais processos.

Da mesma forma, o custo que o banco incorre com os aposentados e afastados foi uma

demanda do projeto, pois estes incluem além do custo dos benefícios e encargos pagos

aos mesmos, o custo dos servidores do banco que trabalham para estes grupos. O

componente Institucional representa todos os gastos que as áreas de suporte do banco

realizam. Ou seja, os gastos das unidades que realizam atividades que estão

relacionadas à instituição como um todo, mas que não são relacionadas diretamente a

nenhum dos três macroprocessos definidos no planejamento estratégico de 2002 do

Banco Central.

Segundo a definição acima, as unidades pertencentes à área suporte do Banco Central, e

que possuirão seus custos direcionados ao objeto de custo de nível 1 Institucional, são

as seguintes:

SECRE-Secretaria Executiva

DEAUD- Departamento de Auditoria,

DEJUR-Departamento Jurídico

DEAFI- Departamento de Administração Financeira

DEINF- Departamento de Informática

DEMAP- Departamento de Materiais

DEPES- Departamento de Pessoal

DEPLA- Departamento de Planejamento

DEPEC- Departamento Econômico

DEPEP- Departamento de Pesquisa Econômica.

A proposta do projeto era a de que à medida que fossem criados os controles

necessários, os montantes direcionados para este objeto seriam distribuídos para os

objetos de custos das áreas fim da Instituição.

É importante salientar que todas as unidades da área fim do banco realizam também

atividades características de suporte, ou seja, trabalhos administrativos necessários ao

adequado funcionamento da unidade, mas os custos de tais atividades são apropriados

aos objetos de custos ligados ao principal objetivo da existência da unidade. O que

68

significa que todos os custos das unidades que trabalham para um dos três

macroprocessos principais do banco têm os custos das suas atividades direcionados para

o macroprocesso em questão.

O esquema abaixo mostra como se dará o relacionamento entre as atividades e os

objetos de custos.

Atividades Processos Processos Macroatividades Macroprocessos

Unidades BACEN

Nem todas as unidades possuem objeto de custo de nível 4, isto é, processos da unidade.

Isto porque, como já foi dito anteriormente, os processos das unidades representam

processos de trabalho que a unidade gostaria de ter custeado. Algumas unidades não

demonstraram interesse em ter seus processos de trabalho custeados, outras,

identificaram seus processos de trabalho com os processos do banco, preferindo

direcionar o custo das suas atividades diretamente aos processos do banco, sem passar

pelos processos da unidade. Assim, não houve padronização na modelagem dos objetos

de custos do nível 4, já que o que se pretendeu foi atender às demandas das unidades, e

quando não havia o interesse da unidade em ter seus processos custeados, estes não

eram listados. Além disso, quando do confronto das atividades relatadas pelas unidades

com os processos levantados pela consultoria Estratege, alguns processos de trabalho de

unidade foram melhor classificados como atividades.

3.488 sendo, 890 únicas

Objetos de Custo Nível 4 149

Objetos de Custo Nível 3 844, sendo 40 únicos

Objetos de Custo Nível 2 13

Objetos de Custo Nível 1 7

69

A seguir, será mostrado o relacionamento dos objetos de nível 3, processos do Banco

Central, com os objetos de custos de nível 2 e com os macroprocessos aos quais estes se

relacionam.

Quadro 3: Composição do Objeto de Custo: Formulação e gestão das políticas monetária e cambial

Objeto Custo Nível 3 Objeto Custo Nível 2 Objeto Custo Nível 1

Operação com Títulos

Controle da Política Monetária

Divulgação da Política Monetária

Administração da Política Monetária

Regulamentação da Política

Cambial

Controle da Política Cambial

Divulgação da Política Cambial

Administração da Política Cambial

Aplicação das Reservas

Internacionais

Divulgação das Reservas

Internacionais

Administração das Reservas Internacionais

Administração do Passivo Externo do Governo Central

Relações Internacionais

Formulação e gestão das políticas monetária e

cambial

Quadro 4: Composição do Objeto de Custo: Regulamentação e Supervisão do SFN

Objeto Custo Nível 3 Objeto Custo Nível 2 Objeto Custo Nível 1

Fundamentação

Regulamentação

Regulamentação

Supervisão

Processos Administrativos

Regime Especial

Supervisão

Reestruturação do Sistema Financeiro Estatal

Regulamentação e Supervisão do SFN

70

Quadro 5: Composição do Objeto de Custo: Administração do Sistema de Pagamentos Brasileiro e do Meio Circulante

Objeto Custo Nível 3 Objeto Custo Nível 2 Objeto Custo Nível 1

Estabelecimento de diretrizes para o SPB

Monitoramento e avaliação do

SPB

Administração do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)

Provimento da Demanda da Sociedade pelo Produto Cédula

Moeda

Saneamento do Meio Circulante

Regulamentação e Controle do Meio Circulante

Administração do Meio Circulante

Administração do Sistema de Pagamentos Brasileiro e

do Meio Circulante

Quadro 6: Composição do Objeto de Custo: Atendimento ao Tesouro Nacional e Administração de Fundos e Programas

Objeto Custo Nível 3 Objeto Custo Nível 2 Objeto Custo Nível 1

Emissão de Títulos da Dívida do Tesouro Nacional - TN

Acompanhamento das

Finanças Públicas

Acompanhamento do Endividamento do Setor

Público

Atendimento ao Tesouro Nacional

Administração do FGDLI

Administração dos Créditos da Recheque

Administração do

PROAGRO

Administração do Crédito Rural e Agroindustrial

Administração de Fundos e Programas

Atendimento ao Tesouro Nacional e Administração de Fundos e Programas

71

Quadro 7: Composição do Objeto de Custo: Atendimento ao Tesouro Nacional e Administração de Fundos e Programas

Objeto Custo Nível 3 Objeto Custo Nível 2 Objeto Custo Nível 1

Aposentados Centrus

Aposentados RJU

Aposentados

Quadro Especial

Quadro Suplementar

Afastados

Quadro 8: Composição do Objeto de Custo: Institucional

Objeto Custo Nível 3 Objeto Custo Nível 2 Objeto Custo Nível 1

Gestão Executiva Econômico Jurídico Infra-Estrutura Planejamento e Controle Administrativo Documentação Auditoria Interna Informática Pessoal Relações Públicas

Institucional

Os processos das unidades que estão relacionados ao objeto de custo Institucional foram

definidos tanto para diretorias, unidades, subunidades como para as Gerências

Administrativas das Regionais. Esses processos são relacionados às atividades de

suporte às operações das unidades, sendo encontrados tanto em unidades ligadas à área

meio quanto às unidades ligadas à área fim do banco. Esses processos, quando

encontrados nas unidades da área fim, tiveram seus custos direcionados ao

macroprocesso ou macroprocessos aos quais a unidade se relaciona e quando

encontrados nas unidades da área meio têm seus custos direcionados para o objeto de

custo de nível 1 Institucional.

A seguir esses processos serão caracterizados de acordo com suas finalidades.

Gestão Executiva – processos que correspondem às atividades de prestação de contas

do presidente ao Tribunal de Contas da União e à supervisão e controle das atividades

72

das Gerências Administrativas. Ainda, está relacionado às atividades de prestação de

consultoria e assessoramento ao Diretor e auxílio na supervisão das atividades da

diretoria.

Econômico – processo que corresponde às atividades de participação em eventos de

discussão de política econômica, de assessoramento econômico à diretoria colegiada, de

supervisão e controle das atividades da unidade –DEPEC, de elaboração de estatísticas

do Boletim Mensal do BACEN, de estudo sobre reinvestimento externo no país, de

elaboração de Notas Técnicas, de ministrar treinamento e de elaboração do texto do

Boletim Mensal do BACEN.

Jurídico – apoio à unidade em questões jurídicas.

Infra-estrutura – processo relacionado às atividades de administração de imóveis, de

apoio logístico, de compras de materiais por licitações, de gerenciamento de materiais,

de serviços de arquitetura, de serviços de engenharia, de serviços de manutenção de

instalações prediais, de serviços de telecomunicações, de supervisão e controle das

atividades da unidade, de gerenciamento do sistema de móveis e utensílios, de serviços

de segurança de pessoas, patrimônio e valores.

Planejamento e Controle – processo relacionado às atividades de elaboração e

acompanhamento do orçamento e de suporte à contabilidade.

Administrativo – processo relacionado às atividades de fiscalização de contratos de

serviços terceirizados, de comissões e de grupos especiais, de recebimentos e de

secretariado em geral.

Documentação – processo relacionado às atividades de controle sobre documentação-

protocolo, de controle do trânsito interno e de gerenciamento do sistema de documentos.

Auditoria Interna - processo relacionado às atividades de assessoria ao Departamento

de Auditoria-DEAUD, de prestações de contas do presidente ao Tribunal de Contas da

União e de acompanhamento das recomendações.

Informática – processo relacionado às atividades de administração de contratos de

acesso ao SISBACEN com instituições financeiras, de administração de senhas de

segurança, de administração do cadastramento de informações, de administração e

manutenção da rede de micros, de desenvolvimento e manutenção de programas –

softwares, de gerenciamento do SISBACEN, de manutenção de hardware, de

manutenção de senhas de master de instituições financeiras, de suporte à informática, de

73

suporte para transmissão de dados via internet, de suporte aos usuários finais e aos

desenvolvedores de sistemas.

Pessoal – processo relacionado às atividades de administração do convênio com o CIEE

de estagiários, de preparação de cursos para treinamento em informática, de processo de

admissão de servidores, de suporte ao RH, de organização e coordenação de

treinamento, de administração da folha de pagamentos e de atuação como facilitadores

em treinamento de informática.

Relações Públicas - processo relacionado às atividades comunicação social.

Objetos de Custos de Nível 4 – PROCESSOS DAS UNIDADES

A seguir, serão listados algumas unidades e seus processos.

DEPEC

Acompanhamento e análise contas do setor público

Coleta de informações não sistêmicas junto a agentes-Política Cambial

Coleta de informações não sistêmicas junto a agentes-Política Monetária.

Coleta de informações não sistêmicas junto a agentes-Reservas Internacionais

Coleta de informações não sistêmicas junto a agentes-Dívida Externa

Divulgação da dívida líquida e necessidade de financiamento do setor público

Editoração e distribuição de publicações

Estruturação e atualização permanente de indicadores antecipados para o nível de

atividade econômica.

Estruturação e atualização de metodologias para estimativa para itens de mensuração

indireta

Participação em eventos de discussão de política econômica.

Participação em eventos de discussão de política econômica-APM

DEBAN

Aperfeiçoamento de banco de dados e disponibilização de estatatísticas

Câmaras de compensação e de liquidação

Depósitos compulsórios

Estudos e pesquisas

Estudos e pesquisas relativas ao funcionamento microeconômico

74

Grupos técnicos do Sistema de Pagamentos Brasileiro

Instrumentos de pagamento

Operações de redesconto

Reservas bancárias

4.6.6 Geradores de Custos de Primeiro Estágio

Os geradores de primeiro estágio constituem o critério escolhido para direcionar os

custos de um recurso para diferentes atividades.

As informações de recursos estão disponíveis nos vários sistemas que o banco possui,

sendo encontrados de diferentes formas: por PRAÇA, por unidade, agregados. Assim,

os recursos encontrados por PRAÇA terão que ser apropriados às unidades e depois às

subunidades antes que sejam levados às atividades.

A seguir, estão listados os geradores de custos de recursos para outros recursos e os

geradores de custos de recursos para atividades, definidos como de primeiro estágio.

1. Metros quadrados por unidade, por praça e por edifício

Este gerador apropria os custos de contas de depreciação e outros gastos com o uso

de bens imóveis a cada uma das unidades do banco.

2. Horas Subunidades

Este gerador apropria os custos de uma conta de recursos às atividades,

proporcionalmente ao apontamento de horas, que será simplificado para o

apontamento do percentual do esforço realizado pelos funcionários de uma

subunidade. Utilizado para apropriação de recursos como: materiais, hardware,

depreciação de móveis e imóveis, estagiários, etc. a cada uma das atividades do

BACEN.

75

3. Horas Unidades

Este gerador apropria os custos de uma conta de recursos às atividades (destino),

proporcionalmente ao apontamento de horas, que será simplificado para o

apontamento do percentual do esforço realizado pelos funcionários de uma unidade.

Utilizado para apropriação de recursos como: despesas com mensageiros,

assessoramento técnico, etc. a cada uma das atividades do BACEN.

4. Horas ponderadas por subunidade

As horas são ponderadas pelo valor dos gastos com pessoal por subunidade. Este

driver é utilizado para apropriação de gastos com pessoal da conta: salários,

encargos e benefícios – subunidade às atividades realizadas por cada servidor.

Os servidores, geralmente, trabalham para mais de uma atividade ao longo do mês.

Assim, será criado um sistema de apontamento do percentual do esforço para

registrar o direcionamento dos recursos humanos que não mantém uma relação

direta e exclusiva com as atividades e objetos de custo.

Para isso, vale a classificação considerada pela consultoria KPMG:

Atividades rotineiras – o servidor executa as atividades com habitualidade e

freqüência constante;

Atividades não rotineiras – o tempo dedicado a elas sofre alteração significativa de

um mês para o outro.

A princípio as atividades rotineiras terão a freqüência do apontamento bimestral,

enquanto as atividades não rotineiras apresentarão apontamentos mensais. Os

apontamentos serão realizados por todos os servidores do banco, que receberão via

internet a lista com as atividades da sua subunidade, tendo apenas que indicar o

percentual do tempo que despenderam e em quais atividades.

76

5. Número de servidores por subunidade

Este gerador apropria os custos de uma conta de recursos a outras contas de

recursos, pela quantidade de servidores por subunidade. Utilizado para apropriação

de recursos, tais como: despesas com água e esgoto, depreciação de hardware,

materiais, etc. pelo número de servidores de cada uma das subunidades do BACEN.

6. Quantidade de estagiários e mensageiros por unidade

Este gerador apropria os custos de uma conta de recursos a outras contas de

recursos, com base na quantidade de estagiários existentes na unidade.

7. Apropriação direta

Apropriação do total dos custos de um recurso a uma atividade específica. A

apropriação direta de recursos ocorre pela existência das despesas específicas e de

alocação não definida, anteriormente mencionadas, e que são direcionadas

integralmente para objetos de custos específicos, passando antes pelas atividades

que recebem a mesma denominação.

8. Apropriação Igualmente Distribuída

Utilizado para direcionar recursos a dois ou mais recursos ou atividades pela mesma

proporção.

9. Apontamento do sistema Gefic – sistema de registro de contratos

Utilizado para o direcionamento dos recursos de contratos às diversas atividades do

BACEN. As unidades que utilizam o contrato relacionarão o contrato a uma ou

mais atividades utilizando o percentual de consumo dos recursos.

10. Apontamento do sistema Viagem

Utilizado para a apropriação dos recursos de viagens às atividades relacionadas. As

viagens ao serem registradas no sistema de viagens do banco, terão que ter

identificada a atividade ou atividades para a qual foram destinadas.

A seguir serão listados alguns exemplos de direcionamentos:

77

1. Metros quadrados por unidade

Recurso: Depreciação e gastos com o uso de imóveis a apropriar-Porto Alegre

Recursos:

Despesas com depreciação e gastos com uso de imóveis-área comum

Depreciação e gastos c/ uso de imóveis a apropriar.-área útil- Unidades de Porto Alegre

Estes recursos estão disponíveis nos sistemas por praça onde o BACEN tem

representação, e são apropriados às unidades pela área útil ocupada.

2.Horas Subunidade:

Recurso: Manutenção de equipamentos para atendimento da Rede Bancária-DITES-

MECIR

Atividades:

Seleção de numerário – DITES

Conferência de numerário - DITES

O recurso acima foi apropriado a duas atividades diferentes de uma mesma subunidade

de acordo com o total de horas que os servidores da subunidade despenderam em cada

uma das atividades.

3.Número de Servidores por Subunidade

Recurso: Depreciação e gastos com uso de imóveis a apropriar-área útil-SUREL-BSB

Recursos:

Depreciação e gastos com o uso de imóveis-área útil-Subunidades

Este recurso está disponível nos sistemas do banco para cada praça onde o BACEN

possui representação. Assim, primeiramente os valores de cada praça foram apropriados

para as suas unidades pela área em metros quadrados ocupada por cada unidade. Para a

78

identificação de quanto foi gasto em cada subunidade, utiliza-se o quantitativo de

servidores em cada uma das subunidades.

4. Quantidade de Mensageiros por unidade

Recurso: Contrato de prestação de serviços de mensageiros a apropriar

Recursos:

Contrato de prestação de serviços - Mensageiros-Unidades

Contrato de prestação de serviços - Mensageiros-Gerências Técnicas

Este recurso é disponibilizado nos sistemas pelo total gasto com mensageiros. Para a

apropriação do quanto cabe a cada unidade ou gerência do BACEN, utiliza-se da

quantidade de mensageiros por unidade ou gerência.

5. Apropriação Direta

Recurso: Despesas com serviços de garagem e condução de veículos

Atividade: Despesas com serviços de garagem e condução de veículos

Este caso ilustra as atividades criadas como artifício, pois estas despesas não são

identificadas com nenhuma unidade ou subunidades específicas.

6. Horas ponderadas pela subunidade

Recurso: Salário, encargos e benefícios - COCIG

Atividades:

Coordenação de ações para implementação do processo da controladoria

Estudos analíticos com foco em custos e desempenho institucional

Monitorar o sistema de custos e informações gerenciais do BACEN

Propor metodologias para gestão de custos e informações gerenciais do BACEN

Treinamento - Custos

79

7. Apontamento do percentual do esforço por atividade

Recurso: Manutenção de equipamentos atendimento Rede Bancária - GTSPA-MECIR

Atividades:

Seleção de numerário – GTSPA

Conferência de numerário – GTSPA

4.6.7 Geradores de Custos de Segundo Estágio

Definição de geradores de custo de segundo estágio pela KPMG:

“São medidores do consumo das atividades pelos objetos de custo.”

Nas entrevistas foram também identificados geradores de segundo estágio mais

adequados para cada atividade. Os geradores criados foram apenas para apropriar os

recursos das atividades para o primeiro objeto de custo ao qual a atividade se relaciona.

Com o objetivo de facilitar a manutenção do modelo e redução dos apontamentos, a

estrutura de atividades foi desenvolvida para que a maior parte das atividades se

relacionasse com um único objeto de custo. Utiliza-se com esse intuito, a apropriação

direta, que apropria a totalidade dos custos dessas atividades para os objetos de custos

relacionados.

1. Apropriação direta

Apropria de forma direta a totalidade dos custos de uma atividade a determinado

objeto de custo.

2. Apontamento de horas

Este gerador apropria os custos de uma conta de atividade a mais de um objeto de

custo conforme o apontamento percentual do esforço despendido, onde é

especificado para quais objetos de custos uma determinada atividade existiu.

80

3. Programa de Assistência Social do BACEN - PASBC

Utilizado para apropriação dos custos do PASBC aos objetos de custos específicos:

Pessoal-DEPES-Institucional, Aposentados CENTRUS e Aposentados pelo Regime

Jurídico Único. Esse gerador será calculado de acordo com o número de

beneficiários do programa classificado em cada uma dessas situações: ativo,

aposentado CENTRUS e aposentado Regime Jurídico Único.

4. Apropriação igualmente distribuída

Este gerador apropria igualmente o custo de uma atividade para os objetos de custos

por ela beneficiados.

Dos geradores de segundo estágio utilizados, a apropriação direta foi utilizada em 98%

das atividades, em seguida a apropriação igualmente distribuída, utilizada em 1,2% das

atividades e por último os apontamentos em 0,7% dos casos.

A seguir alguns exemplos dos geradores acima expostos:

1. Apropriação Direta:

Atividade:Aplicação de penalidades relativas à câmbio e a capitais estrangeiros

Objeto de Custo nível 4: Aplicação de penalidades relativas à área de atuação do

DECEC

Atividade: Elaborar relatórios de acompanhamento do regime especial

Objeto de Custo nível 3: Regime Especial

Atividade: Acompanhamento da execução dos resultados da política monetária

Objeto de Custo nível 2: Administração da Política Monetária

Atividade: Assessorar a diretoria no Comitê de Política Monetária e Cambial

Objeto de Custo nível 1: Formulação e Gestão das Políticas Monetária e Cambial

81

2. Apontamento de Horas:

Atividade: Desenvolver estudos/análises relacionadas às atividades do departamento

Objeto de Custo nível 4:

Monitoramento das operações dos mercados financeiro e de câmbio

Prevenção e combate os crimes de lavagem de dinheiro

Análise de processos administrativos

3. Programa de Assistência Social do BACEN – PASBC

Atividade: Despesas com Fundo de Assistência ao Pessoal – PASBC

Objeto de custo nível 3:

Outros Afastamentos

Pessoal-DEPES-Institucional

Aposentados pela Centrus

Aposentados pelo Regime Jurídico Único

Quadro especial de servidores

Quadro suplementar de servidores

4. Apropriação Igualmente Distribuída

Atividade : Supervisão e controle das atividades da Unidade – DEAUD

Objetos de Custos nível 3:

Planejamento e Controle – DEAUD

Auditoria Interna

Infra-estrutura DEAUD

Pessoal – DEAUD

Objeto de Custos nível 4:

Relacionamento com órgãos externos de controle

82

4.6.7.1 Geradores de Custos entre Objetos de Custos

O modelo criado estabeleceu quatro níveis de objetos de custos, assim se fez necessária

a definição de geradores de custos entre os objetos de custos. Os geradores de custos

estão listados a seguir.

1. Apropriação direta

Apropria de forma direta a totalidade dos custos de um objeto de custo a outro

determinado objeto de custo. Utilizado pela maioria dos objetos de custos.

2. Apropriação igualmente distribuída

Este gerador apropria igualmente o custo de um objeto de custo para dois ou mais

objetos de custos mais consolidados.

3. Número de Servidores por Subunidade

Este gerador distribui o custo de um determinado objeto de custo para outros objetos

de custos pelo número de servidores em cada subunidade.

4. Número de Servidores por Unidade

Este gerador distribui o custo de um determinado objeto de custo para outros objetos

de custos pelo número de servidores em cada unidade contemplada.

Os objetos de custos de nível 4 podem estar relacionados diretamente com qualquer um

dos três níveis abaixo. Os custos dos objetos de custos de nível 4 estão relacionados

com os outros objetos de custos por apropriação direta. A seguir serão listados

exemplos destes relacionamentos:

Apropriação Direta

Objeto de Custo Nível 4: Prevenção e combate os crimes de lavagem de dinheiro

Objeto de Custo Nível 3: Supervisão

83

Apropriação Direta

Objeto de Custo Nível 4: Treinamento-Fiscalização

Objeto de Custo Nível 2: Supervisão do SFN

Apropriação Direta

Objeto de Custo Nível 4: Atendimento a determinações oriundas do poder judiciário

Objeto de Custo Nível 1: Regulamentação e Supervisão do Sistema Financeiro

Nacional

Os objetos de custos de nível 3 podem estar relacionados a outros objetos de custos de

nível 3 e aos outros dois níveis abaixo. Os relacionamentos são por apropriação direta,

apropriação igualmente distribuída, número de servidores por unidade e por número de

servidores por subunidade.

O relacionamento de um objeto de custo de nível 3 com outro do mesmo nível é para

facilitar análises gerenciais, propiciando novos ordenamentos. Como por exemplo todos

os objetos de custos de nível 3 abaixo têm seus custos apropriados diretamente para o

objeto de custo Jurídico-DEJUR, que também está no nível 3. Este terá seus custos

levados por apropriação direta ao objeto de custo Institucional de nível 1. Este

procedimento é adotado pelo interesse das áreas em fazerem arranjos para conhecerem o

custo total de um processo.

Apropriação Direta

Origem: Objetos de custos de nível 3:

Planejamento e Controle-DEJUR

Pessoal-Gerências Técnicas-DEJUR

Pessoal-DEJUR

Infra-estrutura-Gerências Técnicas-DEJUR

Infra-estrutura-DEJUR

Informática-DEJUR

Destino: Objeto de custo de nível 3: Jurídico-DEJUR

84

Outro exemplo de apropriação de objeto de custo para o mesmo nível está no

desmembramento do objeto de custo de nível 3 Infra-estrutura-DEMAP, que apresenta

todo o custo de infra-estrutura gasto pelo DEMAP em Brasília, pelas unidades

beneficiadas. Este desmembramento se dá pela utilização do número de servidores por

unidade.

Número de Servidores por Unidade

Objeto de Custo Nível 3: Infra-estrutura-DEMAP-BSB

Objetos de Custos Nível 3

Infra-estrutura- Unidades

Infra-estrutura - Diretorias

Os demais exemplos são de direcionamentos para os níveis 2 e 1.

Igualmente Distribuída

Objeto de Custo Nível 3: Pessoal-GTRJA-DEBAN

Objetos de Custo Nível 2:

Administração da Política Monetária

Administração do SPB

Apropriação Direta

Objeto de Custo Nível 3: Administrativo-DEINF

Objeto de Custo Nível 1: Institucional

Por fim, os objetos de custos de nível 2 têm todos os seus custos apropriados

diretamente aos objetos de custos de nível 1.

85

Quadro 9: Relacionamento dos Objetos de Custos de Nível 2 com os de Nível 1

Objetos de Custos Nível 2 Objetos de Custos Nível 1

Supervisão do SFN

Reestruturação do sistema financeiro estatal

Regulamentação do SFN

Relações internacionais

Comunicação social

Atendimento ao tesouro nacional

Administração do passivo externo do governo central

Administração do SPB

Administração das Reservas Internacionais

Administração da Política Monetária

Administração da Política Cambial

Administração do meio circulante

Administração de fundos e programas

Regulamentação e Supervisão do Sistema Financeiro

Nacional

Regulamentação e Supervisão do Sistema Financeiro

Nacional

Regulamentação e Supervisão do Sistema Financeiro

Nacional

Formulação e Gestão das Políticas Monetária e

Cambial

Institucional

Atendimento ao TN e Adm. de Fundos e Programas

Formulação e Gestão das Políticas Monetária e

Cambial

Admin istração do SPB e do Meio Circulante

Formulação e Gestão das Políticas Monetária e

Cambial

Formulação e Gestão das Políticas Monetária e

Cambial

Formulação e Gestão das Políticas Monetária e

Cambial

Administração do SPB e do Meio Circulante

Atendimento ao Tesouro Nacional e Adm. de Fundos

e Programas

O esquema abaixo mostra os direcionamentos dos custos entre os quatro níveis de

objetos de custos. Os custos dos objetos de custo de nível 4 podem ser distribuídos para

qualquer um dos três níveis abaixo, enquanto que os custos dos objetos de custo de

nível 3 podem ser redistribuídos para outro objeto de nível 3 ou para qualquer um dos

outros dois níveis abaixo. Por fim, os objetos de custos de nível 2 só estão relacionados

com os de nível 1.

86

Exemplo Prático:

Por questão de viabilidade do estudo, esse trabalho descreverá apenas a modelagem do

Departamento de Operações de Mercado Aberto - DEMAB.

Tabela 1: Relação de Atividades, Geradores de Custos e Objetos de Custos do

DEMAB

Atividade Gerador Nível Objeto de Custo Apoio Jurídico-DEMAB ApropriaçãoDireta 3 Jurídico-DEMAB Apoio Logístico-DEMAB/DICEL ApropriaçãoDireta 3 Infra-estrutura-DEMAB Apoio Logístico-DEMAB/GTSPA ApropriaçãoDireta 3 Infra-estrutura-DEMAB Apoio Logístico-DEMAB/GABIN ApropriaçãoDireta 3 Infra-estrutura-DEMAB Atendimento ao Público em Solicitação Diversas Apontamento 1

Formulação e Gestão das Políticas Monetária e Cambial

Atendimento ao Público em Solicitação Diversas Apontamento 1

Atendimento ao Tesouro Nacional e Adm. deFundos e Programas

Atendimento ao Público em Solicitação Diversas Apontamento 1

Regulamentação e Supervisão do Sistema Financeiro Nacional

Consultoria ApropriaçãoDireta 2 Administração da Política Monetária

Elaboração/acompanhamento do Orçamento-DEMAB/COPLA ApropriaçãoDireta 3 Planejamento e Controle -DEMAB Elaboração/acompanhamento do Orçamento-DEMAB/GABIN ApropriaçãoDireta 3 Planejamento e Controle -DEMAB Monitorar Sistema Especial de Liquidação e de Custódia/DICEL ApropriaçãoDireta 3 Controle da Política Monetária Monitorar Sistema Especial de Liquidação e de Custódia/GTSPA ApropriaçãoDireta 3 Controle da Política Monetária Suporte à Contabilidade-DEMAB/COPLA ApropriaçãoDireta 3 Planejamento e Controle -DEMAB Suporte à Contabilidade-DEMAB/GABIN ApropriaçãoDireta 3 Planejamento e Controle -DEMAB Supervisão e controle das atividades da Unidade-DEMAB

Igualmente Distribuída 2

Administração da Política Monetária

Supervisão e controle das atividades da Unidade-DEMAB

Igualmente Distribuída 1

Formulação e Gestão das Políticas Monetária e Cambial

Supervisão e controle das atividades da Unidade-DEMAB

Igualmente Distribuída 3 Planejamento e Controle -DEMAB

OC nível 4

OC nível 3

OC nível 2

OC nível 1

87

Supervisão e controle das atividades da Unidade-DEMAB

Igualmente Distribuída 3 Pessoal-DEMAB

Supervisão e controle das atividades da Unidade-DEMAB

Igualmente Distribuída 3 Infra-estrutura-DEMAB

Supervisão e controle das atividades da Unidade-DEMAB

Igualmente Distribuída 3 Controle da Política Monetária

Supervisão e controle das atividades da Unidade-DEMAB

Igualmente Distribuída 3 Administrativo-DEMAB

Supervisão e controle das atividades da Unidade-DEMAB

Igualmente Distribuída 3 Informática-DEMAB

Supervisão e controle das atividades da Unidade-DEMAB

Igualmente Distribuída 1

Atendimento ao Tesouro Nacional e Adm. de Fundos e Programas

Supervisão e controle das atividades da Unidade-DEMAB

Igualmente Distribuída 3 Divulgação da Política Monetária

Supervisão e controle das atividades da Unidade-DEMAB

Igualmente Distribuída 3 Operações com Títulos

Supervisão e controle das atividades da Unidade-DEMAB

Igualmente Distribuída 3

Emissão de títulos da dívida do Tesouro Nacional - TN

Supervisão e controle das atividades da Unidade-DEMAB

Igualmente Distribuída 3 Acompanhamento das Finanças Públicas

Supervisão e controle das atividades da Unidade-DEMAB

Igualmente Distribuída 3 Jurídico-DEMAB

Supervisão e controle das atividades da Unidade-DEMAB

Igualmente Distribuída 1

Regulamentação e Supervisão do Sistema Financeiro Nacional

Secretariado-DEMAB/DICEL ApropriaçãoDireta 3 Administrativo-

DEMAB

Secretariado-DEMAB/GTSPA ApropriaçãoDireta 3 Administrativo-

DEMAB

Secretariado-DEMAB/GABIN ApropriaçãoDireta 3 Administrativo-

DEMAB Suporte à Informática-DEMAB/DICEL ApropriaçãoDireta 3 Informática-DEMAB Suporte à Informática-DEMAB/DIGER ApropriaçãoDireta 3 Informática-DEMAB Suporte à Informática-DEMAB/GABIN ApropriaçãoDireta 3 Informática-DEMAB Suporte ao RH-DEMAB/COPLA ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Suporte ao RH-DEMAB/DICEL ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Suporte ao RH-DEMAB/GTSPA ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Suporte ao RH-DEMAB/DIOPE ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Suporte ao RH-DEMAB/GABIN ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Treinamento-DEMAB ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Administração da liquidez do mercado e da taxa Selic ApropriaçãoDireta 3 Operações com Títulos

Análise de Bloqueio de Títulos Públicos ApropriaçãoDireta 2 Administração da Política

Monetária Apresentação para o COPOM e informativos gerenciais diários ApropriaçãoDireta 3 Controle da Política Monetária Avaliação da performance das IF's no mercado aberto ApropriaçãoDireta 3 Controle da Política Monetária Calcular Preço de Lastro dos Títulos Públicos ApropriaçãoDireta 3 Operações com Títulos

Cálculo da Taxa Referencial do Tesouro ApropriaçãoDireta 1 Atendimento ao Tesouro Nacional e Adm.

de Fundos e Programas Cálculo dos preços de títulos de ApropriaçãoDireta 3 Operações com Títulos

88

responsabilidade do Bacen Desenvolvimento da Intranet do Departamento Apontamento 3 Controle da Política Monetária Desenvolvimento da Intranet do Departamento Apontamento 1

Atendimento ao Tesouro Nacional e Adm. de Fundos e Programas

Desenvolvimento de Sistemas gerenciais Apontamento 3 Controle da Política Monetária

Desenvolvimento de Sistemas gerenciais Apontamento 1 Atendimento ao Tesouro Nacional e Adm.

de Fundos e Programas Elaboração da Previsão de Liquidez da Reserva Bancária ApropriaçãoDireta 3 Controle da Política Monetária

Elaboração de planos de contingência Apontamento 1 Atendimento ao Tesouro Nacional e Adm. de Fundos e Programas

Elaboração de planos de contingência Apontamento 3 Controle da Política Monetária Elaboração e Divulgação de Comunicados ApropriaçãoDireta 3 Divulgação da Política Monetária Estudo e Pesquisa para Desenvolvimento do Mercado ApropriaçãoDireta 2

Administração da Política Monetária

Execução dos Leilões no Mercado Aberto-Bacen ApropriaçãoDireta 3 Operações com Títulos Execução dos Leilões no Mercado Aberto-Tesouro ApropriaçãoDireta 3

Emissão de títulos da dívida do Tesouro Nacional - TN

Gerenciamento do banco de dados histórico do SELIC

Igualmente Distribuída 3 Controle da Política Monetária

Gerenciamento do banco de dados histórico do SELIC

Igualmente Distribuída 1

Atendimento ao Tesouro Nacional e Adm. de Fundos e Programas

Nota para Imprensa (mercado aberto) Apontamento 1 Atendimento ao Tesouro Nacional e Adm. de Fundos e Programas

Nota para Imprensa (mercado aberto) Apontamento 3 Divulgação da Política Monetária

Planejamento Estratégico da Unidade ApropriaçãoDireta 2 Administração da Política Monetária

Previsão de pagamento de resgates e juros da dívida pública federal Apontamento 3 Controle da Política Monetária Previsão de pag., de resgates e juros da dívida pública federal Apontamento 1

Atendimento ao Tesouro Nacional e Adm. de Fundos e Programas

Registro das Operações Efetuadas na SELIC-Bacen ApropriaçãoDireta 3 Controle da Política Monetária Registro das Operações Efetuadas na SELIC-Tesouro ApropriaçãoDireta 3 Acompanhamento das Finanças Públicas Registro de Aplicações e Resgates de Instituições ApropriaçãoDireta 3 Controle da Política Monetária Relacionamento com o tesouro nacional Apontamento 3 Controle da Política Monetária

Relacionamento com o tesouro nacional Apontamento 1 Atendimento ao Tesouro Nacional e Adm. de Fundos e Programas

Respostas às consultas dos 3 Poderes e Ministério Público ApropriaçãoDireta 3 Divulgação da Política Monetária Testes no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia ApropriaçãoDireta 3 Controle da Política Monetária Treinamento ministrado-CODEM ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Treinamento ministrado-COPLA ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Treinamento ministrado-DICEL ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Treinamento ministrado-DIGER ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Treinamento ministrado-DIOPE- ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB

89

DEMAB Treinamento ministrado-GABIN-DEMAB ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Treinamento ministrado-GTSPA-DEMAB ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-GTSPA-DEMAB Treinamento recebido-CODEM ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Treinamento recebido-COPLA ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Treinamento recebido-DICEL ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Treinamento recebido-DIGER ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Treinamento recebido-DIOPE-DEMAB ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Treinamento recebido-GABIN-DEMAB ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-DEMAB Treinamento recebido-GTSPA-DEMAB ApropriaçãoDireta 3 Pessoal-GTSPA-DEMAB Consultoria ao Depto e Mercado-Assuntos do Mercado Aberto ApropriaçãoDireta 3 Controle da Política Monetária Elaboração de Material de Apresentação para COPOM ApropriaçãoDireta 1

Formulação e Gestão das Políticas Monetária e Cambial

4.7 Modelo do Sistema de Custos

O modelo do sistema de custos ABC desenvolvido para o BACEN possui três módulos:

Módulo de Recursos, Módulo de Atividades e Módulo de Objetos de Custo.

Módulo de Recursos

O Módulo de Recursos vai receber as informações dos vários sistemas do banco. Este

módulo é composto por dois grandes grupos:

90

1-Despesas a apropriar aos recursos;

⇒ Despesas gerais a apropriar

⇒ Banco Central do Brasil – Despesas a apropriar

2-Banco Central do Brasil.

⇒ Despesas específicas e de alocação não definida

⇒ PRESI

⇒ DIFIS

⇒ DILID

⇒ DINOR

⇒ DIPEC

⇒ DIPOM

⇒ DIRAD

⇒ DIREX

⇒ SECRE

A estrutura de cada grupo é formada por contas que recebem um nome que caracteriza

as despesas que consolidam, e que são grupos de elementos de custos. Os elementos de

custos são grupos de contas contábeis pertencentes ao plano de contas do banco. As

contas existem para todas as unidades que utilizarem pelo menos um dos elementos de

custos que estas consolidam.

O grupo de Despesas a apropriar aos recursos é composto pelos subgrupos de Despesas

gerais a apropriar e Banco Central do Brasil – Despesas a apropriar. O subgrupo

Despesas gerais a apropriar recebe os recursos que são obtidos nos sistemas do banco no

nível de representação regional, necessitando serem destinados às unidades do banco ou

às subunidades para finalmente serem levados às atividades, no módulo de atividades. O

subgrupo Banco Central do Brasil - Despesas a apropriar é composto pelos recursos que

são obtidos no banco por unidade ou são provenientes do subgrupo anterior e que

necessitam ainda de uma apropriação para serem destinados às subunidades.

91

Como exemplo, tem-se a conta Depreciação e gastos com o uso de imóveis a apropriar,

que é encontrada nas dez representações regionais. Esta despesa vai ter seu custo

distribuído pelas unidades pertencentes a cada representação regional em função da

utilização da área útil (por metros quadrados) ocupada da unidade como medida de

alocação, sendo direcionada para o subgrupo Banco Central do Brasil – Despesas a

apropriar. Neste subgrupo, os recursos já distribuídos para todas as unidades do banco

vão ter seus custos distribuídos para as subunidades em função do número de servidores

por subunidade, sendo agora apropriados para o grupo Banco Central do Brasil, onde

terão seus custos distribuídos para as atividades no Módulo de Atividades.

Os esquemas a seguir demonstram o processo acima descrito para os recursos que serão

apropriados a outros recursos:

DG a apropriar – despesas gerais a apropriar;

BCB a apropriar – Banco Central do Brasil - despesas a apropriar;

BCB – Banco Central do Brasil.

DG a apropriar

BCB a apropriar

BCB

DG a apropriar

BCB

Neste caso, houve a apropriação de um recurso para outro recurso, só que os recursos

não vão precisar de outra apropriação, estando aptos a serem apropriados às atividades.

depreciação e gastos com o uso de imóveis a apropriar - BSB

depreciação e gastos com o uso de imóveis - DEPLA

depreciação e gastos com o uso de imóveis -COSIG

nº de servidores subunidade

m2 por unidade

Despesas com água e esgoto a apropriar - BSB

Despesas com água e esgoto – COSIG – DEPLA

nº servidores subunidade

92

DG a apropriar

BCB

Da mesma forma que ocorreu no caso anterior, esses recursos não precisarão de outra

apropriação, estando aptos a serem apropriados às atividades. A despesa com serviços

de mensageiros não é apropriada ao nível de subunidade, constituindo-se numa despesa

específica das unidades.

DG a apropriar

BCB

DG a apropriar

BCB a apropriar

BCB

Nesse caso novamente, houve a necessidade de duas apropriações. A despesa precisou

primeiramente ser apropriada ao nível de unidade para poder posteriormente ser

apropriada às unidades.

Contrato de prestação de serviços de mensageiros a apropriar

Contrato de prestação de serviços de mensageiros - DEPLA

Depreciação com móveis e utensílios – hardware a apropriar

Depreciação com móveis e utensílios–hardware COCIG-

nº servidores subunidade

Despesas com estagiários a apropriar

Despesas com estagiários a apropriar - DEPLA

nº estagiários unidade

Despesas com estagiários COSIG- DEPLA

nºservidores subunidade

nº mensageiros unidade

93

BCB a apropriar

BCB

BCB a apropriar

BCB

Portanto, o subgrupo Banco Central do Brasil – Despesas a apropriar contém os

recursos que são encontrados nos sistemas no nível de unidades, e que serão distribuídos

para as subunidades componentes das unidades, e os recursos oriundos do subgrupo

Despesas a apropriar aos recursos e que ainda podem ser direcionados às subunidades.

Feito isso, esses recursos são levados ao outro grupo Banco Central do Brasil, onde

estarão aptos a serem apropriados às atividades.

Como exemplo do subgrupo Banco Central do Brasil – Despesas a apropriar, estão os

recursos do DEMAB, que serão apropriados às subunidades do mesmo:

Conta: DEMAB-Despesas a apropriar;

Elementos de custos:

Despesas com materiais a apropriar exceto gráfica;

Despesas com depreciação de móveis e utensílios e demais itens a apropriar;

Depreciação e gastos com o uso de imóveis e apropriação-área útil;

Despesas com estagiários a apropriar;

gerador: nº de servidores na subunidade

Despesas com materiais a apropriar (exceto gráfica) - DEPLA

Despesas com materiais (exceto gráfica) COSIG - DEPLA

nº servidores subunidade

Despesas com móveis e utensílios–demais ítens a apropriar-DEPLA

Despesas com móveis e utensílios–demais ítens COSIG-DEPLA

nº servidores subunidade

94

Assim, cada recurso será apropriado às subunidades de acordo com o gerador mais

adequado. E assim ocorre para as demais unidades do banco.

A partir desta etapa, as contas do subgrupo Banco Central do Brasil – Despesas a

apropriar serão direcionadas ao grupo Banco Central do Brasil, onde cada unidade terá

seu grupo de contas de recursos, decomposto ao nível de subunidade, estando aptos a

serem direcionados ao módulo de atividades.

O grupo Banco Central do Brasil é composto pelo subgrupo Despesas específicas e de

alocação não definida e por todas as unidades do banco. O subgrupo Despesas

específicas e de alocação não definida é composto por recursos que não são

identificados com nenhuma unidade específica e serão apropriados a objetos de custos

específicos. Estas despesas constam no Anexo 1.

O grupo apresenta também uma conta para cada unidade do banco. Estas contas

consolidam os elementos de custos que cada unidade possui, representando os recursos

disponíveis nos sistemas do banco no nível de unidade e subunidade, e daqueles

provenientes do grupo anterior Banco Central do Brasil - Despesas

a apropriar.

Como exemplo do grupo Banco Central do Brasil, o DEMAB possui um grupo de

despesas específicas da unidade e as despesas específicas de cada uma de suas

subunidades:

DEMAB

Conta: Despesas específicas da Unidade – DEMAB

Serviços técnicos, científicos e de pesquisas

Despesas com viagem

Despesas com locação e outras despesas com equipamentos e serviço mecanizado

Despesas com serviços de comunicação

Despesas com serviços de informação econômico-financeira

Despesas com alimentação e pousada

95

Contrato de prestação de serviços – Mensageiros

Despesas com serviços especializados e de assessoramento técnico

Despesas com locação de veículos para uso funcional

Despesas com serviços, software e soluções de informática

Aquisição de jornais e revistas-DEMAB

Despesas da subunidade: DIOPE-DEMAB

Salários, encargos e benefícios-DIOPE

Despesas com materiais-DIOPE

Despesas com depreciação de móveis e utensílios-hardware-DIOPE

Despesas com depreciação de móveis e utensílios demais itens-DIOPE

Depreciação e gastos com o uso de imóveis-área-útil-DIOPE

Despesas com estagiários-DIOPE

Despesas com água e esgoto-DIOPE

Módulo de Atividades

O Módulo de Atividades possui dois subgrupos: Despesas específicas de objetos de

custos e Banco Central do Brasil.

As Despesas específicas de objetos de custos não são atividades por definição, mas

encontram-se neste módulo para respeitar a premissa do modelo de que os objetos de

custos só receberiam recursos de atividade. Estas são as despesas específicas e de

alocação não definida pertencentes ao grupo Banco Central do Brasil do módulo de

recursos e constam no Anexo 1.

O subgrupo Banco Central do Brasil possui as atividades respectivas de cada uma das

unidades do banco. Estas atividades recebem do módulo de recursos os valores

referentes a seus custos. Isto é obtido por meio dos geradores de primeiro estágio que

distribuem os recursos pelas atividades beneficiadas pelos mesmos. Em seqüência, as

atividades terão seus custos direcionados aos objetos de custos adequados. Estes podem

ser objetos de custos dos quatro níveis existentes.

96

Módulo de Objetos de Custos

No Módulo de Objetos de Custos estão os quatro níveis de objetos de custos. Cada nível

receberá os custos de objetos de custos dos níveis mais abrangentes e poderá receber

também os custos de atividades que são diretamente relacionadas a eles.

Os objetos de custos do nível quatro, que é o nível mais abrangente, recebem os seus

custos de atividades. Os de nível três podem receber os custos de objetos de nível quatro

e também de atividades a eles relacionadas, assim ocorrendo para os outros níveis até o

nível um de objetos de custos, que representa os macroprocessos do banco.

4.8 Sistemas Integrados

O programa comprado para consolidação dos dados na forma gerencial foi o OROS

ANALYTICS, o programa mais utilizado mundialmente em implantações de sistemas de

custo que utilizam a metodologia ABC. Só foi adquirida uma cópia do OROS que ficará

em responsabilidade da COCIG no DEPLA, que será a unidade responsável pela análise

das informações gerenciais desse sistema. A equipe da COCIG terá a função de analisar

e criticar os valores encontrados nas unidades, identificando incoerências e apontando

possíveis soluções.

Os apontamentos do percentual do esforço despendido nas atividades, que serão

realizados pelos servidores no Módulo de Captura e Consolidação de Informações, não

estarão disponíveis no OROS, sendo os custos das atividades calculados neste módulo

com base nestes apontamentos de horas e exportados para o OROS.

A seguir serão descritos os módulos propostos para a integração dos sistemas e geração

das informações no formato desejado, conforme consta em relatório do Banco Central

do Brasil:

97

1- Módulo de Captura e Consolidação de Informações:

As informações dos custos dos recursos virão automaticamente dos sistemas existentes

no banco, garantindo a consistência destas informações em relação aos demais controles

contábeis do Banco Central.

2-Módulo de Interfaces:

Este módulo será responsável pela extração e captura dos dados necessários para criar a

base de indicadores, atividades, recursos e custos. Ele é composto por um conjunto de

interfaces que interagem com o SISBACEN- Sistema Integrado de Informações do

Banco Central e seus submódulos, por um outro conjunto que interage com os sistemas

de captura de dados que não estão disponíveis em nenhum sistema existente e por um

conjunto de rotinas responsáveis pela transformação necessária dos dados de origem.

3-Módulos de Custos e Análise de Desempenho Operacional:

Estes dois módulos serão implementados no software de custo OROS, que será

customizado para implementar o modelo de custos definido no projeto.

A função principal do módulo de custos é efetuar o cálculo do custo conforme a

metodologia ABC. No entanto, ele também oferecerá uma série de consultas e será

utilizado pela COCIG para a análise de informações.

4-Módulo de Atividades:

Este módulo contempla o desenvolvimento de um sistema que tem o objetivo de

atualizar, de forma descentralizada, os dados relativos às atividades e depois poder

consolidar estes dados para posterior cálculo de custos.

98

O módulo será dividido em dois submódulos com usuários e objetivos distintos: o

primeiro será utilizado pelos usuários departamentais e terá o objetivo de captar dados;

o segundo será utilizado pelos usuários da COCIG e terá o objetivo de consolidar dados.

O módulo de interfaces será responsável pela atualização das bases de custos e recursos

necessários para o funcionamento deste módulo e o fato desta atua lização acontecer dos

sistemas de grande porte para o módulo de atividades garantirá que os produtos

resultantes do Sistema de Custo e Informações Gerenciais sejam consistentes com a

contabilidade e o orçamento.

5-Módulo de Controle de Acesso:

O objetivo deste módulo é controlar os acessos dos usuários ao Sistema de Custos e

Informações Gerenciais.

6-Módulo de Informações Gerenciais:

O objetivo deste módulo é atender às necessidades de informações dos diretores e

chefes de departamentos, relativas aos indicadores de desempenho financeiros e não

financeiros. Essas informações foram levantadas tanto do Relatório Técnico da

Consultoria Estratege, que já havia levantado preliminarmente alguns indicadores de

desempenho, quanto de reuniões com os diretores e chefes de unidade para que os

mesmos identificassem quais indicadores de desempenho seria importante ter em suas

áreas.

O módulo de interfaces será responsável pela atualização destes indicadores em

freqüência a ser definida no decorrer do projeto. Esta base de dados será responsável

pelo armazenamento das informações necessárias para o cálculo dos indicadores e

manterá séries históricas destes dados, com periodicidade configurável e que será

definida ao longo do projeto.

99

4.9 Indicadores de Desempenho

Estes indicadores de desempenho estarão disponíveis no Módulo de Informações

Gerenciais para consulta por parte dos diretores e chefes de unidades.

Conforme consta em relatório da KPMG (2003), os indicadores foram classificados em

três grupos:

1) Informações Gerenciais – dados extraídos do sistema OROS e/ou outros sistemas

do banco e que não necessitam de cálculos adicionais para serem utilizados;

2) Indicadores de Desempenho - dados extraídos do sistema OROS e/ou outros

sistemas do banco e que necessitam de cálculos adicionais para serem utilizados

(combinação, divisão, comparação, etc.);

3) Simulações – criação de cenários de custos com base nos dados extraídos do sistema

OROS e de premissas definidas pelos usuários. Estas simulações serão realizadas

somente pela COCIG.

A seguir serão elencadas as informações referentes à cada um dos três grupos acima:

1) Informações Gerenciais:

Ø Custos dos recursos – serão disponíveis por diretoria, unidade e subunidade.

Terá de atualização mensal.

Ø Custos das atividades - serão disponíveis por diretoria, unidade e subunidade.

Terá de atualização mensal.

Ø Custos dos objetos de custos – serão disponíveis para os quatro níveis. Terá

atualização mensal.

Ø Total do tempo apontado por atividade – por subunidade. Terá atualização

mensal.

Ø Número de estações de trabalho (micro computadores) por unidade – por

unidade. Terá atualização mensal.

Ø Valor total de gastos com viagens – por diretoria e unidade. Terá atualização

mensal.

100

Ø Total de bilhetes aéreos emitidos – por diretoria e unidade. Terá atualização

mensal.

Ø Total de bilhetes promocionais aéreos emitidos – por diretoria e unidade. Terá

atualização mensal.

2) Indicadores de desempenho:

Ø FTE (full time equivalent) - equivalente em homem-hora para executar uma

atividade será calculado somando-se o total de horas direcionadas à determinada

atividade, e chegando-se ao equivalente em número de servidores para executar

a atividade. Esse indicador poderá ser utilizado em comparações no caso de

atividades iguais ou semelhantes em diferentes unidades. Terá atualização

mensal.

Ø Custo médio FTE por atividade - o custo médio por homem-hora da atividade

será calculado pela ponderação das horas que determinado servidor dedicou à

atividade pelo seu salário real. Tal procedimento prosseguirá para todos os

servidores que trabalharam naquela atividade específica. Assim, chega-se ao

custo médio por homem-hora da atividade desejada. Terá atualização mensal.

Ø Representatividade percentual das subunidades nas respectivas unidades –

por subunidade. Custo subunidade dividido pelo custo da unidade. Terá

atualização mensal.

Ø Representatividade percentual das unidades nas respectivas diretorias – por

unidade. Custo da unidade dividido pelo custo da diretoria. Terá atualização

mensal.

Ø Representatividade percentual das diretorias pelo BACEN – por diretoria.

Custo da diretoria dividido pelo custo do BACEN. Terá atualização mensal.

Ø Representatividade percentual das unidades pelo BACEN – por unidade.

Custo da unidade dividido pelo custo do BACEN. Terá atualização mensal.

Ø Gasto médio de treinamento por servidor da unidade – custo da atividade

Treinamento da unidade divido pelo número de servidores.

Ø Gasto médio de despesas com viagens por servidor da unidade – custo do

recurso Despesas com viagens divido pelo número de servidores da unidade.

101

Ø Custo médio da atividade Suporte à Contabilidade por servidor da unidade

– custo da atividade Suporte à Contabilidade de uma unidade pelo número de

servidores da unidade.

Ø Custo médio da atividade Suporte de Informática por servidor da unidade –

custo da atividade Suporte de Informática de uma unidade dividido pelo número

de servidores da unidade.

Ø Custo médio da atividade Suporte de Recursos Humanos por servidor da

unidade – custo da atividade Suporte de Recursos Humanos de uma unidade

pelo número de servidores da unidade.

Ø Custo médio da atividade Elaboração/acompanhamento do Orçamento por

servidor da unidade - custo da atividade Elaboração/acompanhamento do

orçamento de uma unidade dividido pelo número de servidores da unidade.

e t o S C I G – B a n c o C e n t r Ø Custo médio da atividade Secretariado por servidor da unidade - custo da

atividade Secretariado de uma unidade dividido pelo número de servidores da

unidade.

Ø Custo médio da atividade Apoio jurídico por servidor da unidade - custo da

atividade Apoio Jurídico de uma unidade divido pelo número de servidores da

unidade.

Ø Custo médio da atividade Apoio logístico por servidor da unidade - custo da

atividade Apoio logístico de uma unidade dividido pelo número de servidores da

unidade.

Ø Custo médio de todas as atividades de apoio por servidor da unidade - custo

das atividades de apoio de uma unidade dividido pelo número de servidores da

unidade.

Ø Dias para a apresentação do Voto à Diretoria, após o final do mês -

quantidade de dias após o último dia do mês para que o Voto à Diretoria seja

apresentado.

Ø Acompanhamento mensal da evolução do orçamento operacional – por

unidade. Demonstração dos valores totais de Dotação Inicial; Reprogramações;

Realizado; e Saldo a Utilizar, em reais.

102

Ø Acompanhamento mensal da evolução do orçamento organizacional - por

unidade. Demonstração dos valores totais de Dotação Inicial; Reprogramações;

Realizado; e Saldo a Utilizar, em reais.

Ø Custo do milheiro de cédulas- Valor total pago à Casa da Moeda pela compra

de cédulas dividido pela quantidade de cédulas compradas.

Ø Custo do milheiro de moedas metálicas -Valor total pago à Casa da Moeda

pela compra de moedas não comemorativas dividido pela Quantidade de moedas

não comemorativas compradas.

Ø Custo do transporte do numerário MECIR por praça - valor total gasto com

transporte de numerários dividido pelo peso total transportado de cédulas e

moedas.

Ø Falsificações identificadas - Número de cédulas falsas registradas no

BACEN.as

Ø Processamento de numerário recebido - Cédulas processadas divididas pelas

cédulas recebidas da rede bancária a processar.

Ø Custo do atendimento (disponibilização de cédulas) à rede bancária pelo

Banco Central – por praça . Somatório dos objetos de custos Segurança de

Valores, Transporte e distribuição de valores, Depósitos de custódia (Banco do

Brasil) e Saques e reforço de custódia dividido pelo Milheiro de cédulas e

moedas movimentadas no mês (por praça).

Ø Custo do saneamento do meio circulante por praça BACEN - custo do objeto

de custo Saneamento do meio circulante dividido pelo milheiro de cédulas

destruídas (por praça).

Ø Custo unitário do processamento de cédulas - custo da atividade Conferência

de numerário dividido pela quantidade de cédulas processadas.

Ø Grau de utilização de bilhetes aéreos promocionais – por unidade.

Quantidade de bilhetes aéreos promocionais emitidos dividida pelo total de

bilhetes aéreos emitidos.

103

3) Simulações

As simulações serão realizadas no sistema OROS e poderão ser feitas apenas pela

COCIG, que será a subunidade que gerenciará este sistema. Toda a simulação deverá

ser requisitada à COCIG. As simulações consistirão em alterações, inclusões, exclusões

de recursos, atividades, objetos de custos e geradores de custos.

4.10 Divulgação e Treinamento

Primeiramente, foram realizadas apresentações destinadas às diretorias e chefes de

unidades, onde foram esclarecidos os objetivos do projeto e suas fases. As

apresentações foram conduzidas pelos profissionais da KPMG e do Banco Central. O

intuito era que os chefes de unidades se tornassem os patrocinadores do projeto em suas

áreas.

O Plano de Comunicação consistia em seminários realizados pela equipe da KPMG,

onde após o término de cada módulo, a equipe expunha os resultados do que já havia

sido feito. Essas apresentações eram destinadas aos chefes de unidades, diretores e à

equipe interna do projeto.

No decorrer do projeto, os servidores do banco recebiam informações sobre o

andamento do mesmo por meio de alguns mecanismos disponíveis no BACEN para

comunicar os seus servidores:

• “Linha Direta” - que é uma forma de correio eletrônicos, disponível no

SISBACEN, e destinado à comunicação formal do banco.

• “Comunicação Social”, que também está disponível no SISBACEN, e onde eram

divulgadas pequenas notas informativas sobre o projeto.

• Página do DEPLA na Intranet – informações do projeto tais como: cronograma,

produtos, apresentações realizadas, divulgação de casos.

104

Em outubro de 2002, a equipe de consultores da KPMG fez apresentações para todas as

regionais do BACEN, onde os servidores poderiam apresentar suas dúvidas em relação

ao novo sistema de custos e seus impactos. Esta apresentação continha além da

explicação detalhada de como seria o sistema de custos ABC no BACEN, as

informações sobre como seriam realizados os apontamentos pelos servidores do banco e

a importância da sua correta realização.

Em relação ao treinamento, os seis servidores do banco pertencentes à equipe do projeto

participaram de um treinamento de uma semana sobre sistemas de custos e metodologia

ABC fornecido pela Escola Nacional de Administração Pública – ENAP. Neste curso

foram revistos os principais sistemas de custos tradicionais e as vantagens do ABC.

A equipe de servidores do banco instituiu a “hora do saber”, onde semanalmente um

membro da equipe se encarregava de apresentar algum estudo em relação ao método

ABC. Como a equipe estava com todo o seu tempo alocado ao projeto, o permanente

estudo dos servidores era requerido como uma das funções.

Em relação ao treinamento para utilização do programa OROS, que será utilizado

apenas pelos funcionários da COCIG, foi realizado um curso de uma semana para dois

servidores do BACEN, que participavam da equipe do projeto no banco. Este curso

abrangeu os três módulos básicos do OROS, sendo ministrados pela KPMG.

Como forma de divulgação do sistema de custos e esclarecimento dos procedimentos

que seriam exigidos das unidades e subunidades em relação aos apontamentos dos

percentuais do esforço despendido, as unidades receberam em outubro, por meio

magnético, telas com as suas respectivas atividades para que cada servidor assinalasse

na tela para quais atividades trabalhou e quantas horas dedicou a cada uma das

atividades.

O treinamento do apontamento de horas foi realizado por meio de dois vídeos de

duração total de duas horas com informações detalhadas sobre o sistema de custos e a

105

forma de preenchimento das telas do apontamento. Os vídeos podiam ser acessados pela

intranet por qualquer servidor do banco.

Por fim, foi programado um treinamento, com duração de duas horas, para que os

chefes de unidade conhecessem a forma de operar o Módulo de Informações Gerenciais

para extração e análise de relatórios gerenciais.

Pelo fato deste trabalho terminar em março de 2003, treinamentos e planos de

comunicação realizados após esta data não serão aqui abordados.

106

5. ANÁLISE

O desenvolvimento e a implantação do sistema de custeio baseado em atividades - ABC

no Banco Central do Brasil representou um grande esforço para todos os envolvidos no

processo. O projeto é pioneiro na medida em que se trata do primeiro Banco Central do

mundo a adotar a metodologia ABC. Junte-se a isso, o fato de o Banco Central ser uma

grande empresa pública. As dificuldades surgem da imensa quantidade e diversidade de

processos de trabalho, além dos impedimentos de flexibilidade inerentes ao próprio

setor público.

O projeto representou a transição de uma instituição que não tinha a cultura de controle

de custos para um novo modelo, que não só os organiza de forma gerencial, mas que

também suscita discussões de possíveis melhorias advindas da análise dos processos de

trabalho das unidades. Assim, estarão disponíveis a forma de executar suas funções e os

custos inerentes às mesmas.

A análise do caso centrará a atenção nas decisões tomadas no caso Banco Central do

Brasil, adotando como referência os pontos sugeridos no Quadro 1, que consta no

capítulo 2 como relevantes para o sucesso da implantação da metodologia ABC nas

organizações.

1- Clareza do propósito do negócio

Em relação à clareza dos motivos da adoção do sistema de custos para a organização

como um todo, ficou claro nas entrevistas realizadas que os participantes do projeto

podiam descrever os objetivos do sistema de custos e a sua importância para o banco.

No entanto, não foi identificado um único e forte motivo para o projeto. Assim, a

dificuldade maior pareceu ser convencer os servidores do banco e os chefes de unidade

da relevância do sistema de custos, até porque não houve a definição de um motivo

claro e bem definido, já que o Banco Central não tem a flexibilidade necessária para

realizar cortes de custos e nem tem, pelo menos a curto prazo, como premiar áreas mais

eficientes.

107

Ao longo do projeto foram realizadas várias reuniões da equipe de servidores do banco

e da equipe da consultoria KPMG com os chefes de unidades com o propósito de

sensibilizá- los da necessidade de como as informações geradas poderiam ser úteis para

o gerenciamento das atividades das unidades. O apoio necessário dos chefes de unidade,

nas fases do projeto, foi, aparentemente, obtido. O nível real de adesão ao sistema de

custos só será conhecido quando da implementação do mesmo.

2- Reconhecimento claro da necessidade da adoção do ABC

A necessidade de mensurar os custos dos seus processos de trabalho e a geração de

indicadores de desempenho foram os principais motivos para a escolha da metodologia

ABC, conforme levantado nas entrevistas realizadas.

Em relação à metodologia utilizada, pareceu haver um maior consenso entre os

participantes da equipe de que o custeio baseado em atividades seria o mais apropriado

ao Banco Central, porque o método permitiria o conhecimento das atividades e

processos desempenhados pelo banco, assim como os seus custos. O modelo adotado

pelo banco identifica para cada departamento as atividades e processos desempenhados

pelo mesmo, assim, poder-se-á comparar o custo de atividades iguais em departamentos

diferentes. Além disso, segundo a equipe do projeto, o conhecimento do custo dos

principais processos e macroprocessos do banco possibilitaria a transparência do banco,

assim como poderia facilitar o processo orçamentário, já que as informações de custos

seriam facilmente acessadas no sistema de custos.

3- Comprometimento da alta gerência

O reconhecimento da importância do projeto foi evidenciado pela manifestação do

presidente em apresentação realizada ao corpo gerencial do banco, em maio de 2002,

quando afirmou: “Fazia muita falta ao Banco Central um mecanismo coerente e um

método de avaliação de custos”. Destacou ainda, como um dos pontos mais importantes

do sistema, a possibilidade de se criar referências de efetividade para as atividades do

108

BACEN: “Mobilizem as suas equipes e façam desse Sistema de Custos um poderoso

instrumento de gestão.”(Linha Direta nº 0018/2002, de 10.05.2002)

No início do projeto, houve por parte de alguns chefes de unidade um notório descrédito

sobre a importância do sistema de custos. Estes alegaram as inglórias experiências de

projetos semelhantes anteriores e também o fato de não conhecerem suficientemente a

metodologia e suas soluções. No entanto, a última reunião realizada pela COCIG para

exposição dos resultados finais do projeto, obteve, segundo o coordenador do projeto no

banco, boa receptividade por parte dos chefes de unidades.

Em relação à composição da equipe do projeto, os servidores eram todos do

Departamento de Planejamento, não havendo na equipe membros de outras áreas do

banco. Um fato que pode vir a dificultar o apoio ao sistema de custos por parte dos

gerentes pode ser a permanência do mesmo como se fosse um projeto apenas da área de

planejamento, não ratificando a sua importância na esfera organizacional.

4- Delegação do projeto a consultores

No que se refere ao desenvolvimento do sistema de custos, a formação de uma equipe

com seis servidores do banco dedicados em tempo integral ao acompanhamento do

desenvolvimento e implementação do sistema foi um ponto importante para consolidar

a participação do Banco Central em todas as fases do projeto, não ocorrendo assim, a

delegação integral do projeto a consultores.

5- Integração entre as equipes do banco e da consultoria

A equipe de servidores do banco alocados para o projeto ABC permanentemente

apresentou críticas ao projeto e participou de cada etapa de definição do modelo do

sistema de custos. O modelo foi desenvolvido em conjunto pela KPMG e pelo Banco

Central, na medida em que as etapas eram discutidas em reuniões periódicas entre as

duas equipes. Institui-se uma apresentação semanal na COCIG, onde eram estudados e

discutidos pontos relevantes da implantação do ABC, assim com alguns casos práticos.

109

Dessa forma, parece de fato ter havido uma parceria entre o Banco Central e a KPMG e

não uma delegação completa da responsabilidade do projeto à consultoria externa.

6- Qualidade do modelo do sistema de custos

O modelo adotado pelo banco, onde foram estabelecidos quatro níveis de objetos de

custos, foi assim idealizado para permitir o conhecimento dos custos dos processos de

trabalho das unidades, dos processos do banco, das macroatividades e dos

macroprocessos. A mensuração do custo das principais atividades ou processos de

negócio de cada unidade poderá justificar os recursos necessários para a sua execução

no orçamento global da instituição.

Outra análise que se deseja obter com o sistema de custos é o do custo das atividades

semelhantes entre as unidades, que permitirá a constante comparação da utilização dos

recursos pelas unidades. Por outro lado, suscita o questionamento sobre o custo de

atividades desempenhadas pelo banco, e se estas poderiam estar sendo contratadas

externamente por valores menores. No entanto, ainda não há parâmetros de comparação

para que melhorias nos processos possam ser viabilizadas.

Em relação às características do modelo desenvolvido, este apresentou algumas

simplificações. Cerca de 98% das atividades têm seus custos apropriados diretamente

aos objetos de custo, necessitando de menor esforço para a identificação de geradores de

segundo estágio. Com o término do projeto e o início dos testes de apontamento por

parte dos servidores, ficou evidente que muitas unidades necessitarão ter suas atividades

revisadas, pois algumas unidades não estão tendo as atividades no sistema de custos que

reflitam de forma fiel o trabalho realizado na unidade.

Quanto às informações de custos no Banco Central, estas estavam dispersas entre os

vários sistemas existentes. Assim, as informações de custos são disponíveis de várias

formas, umas por praça onde o banco tem representação, outras por unidades, outras por

subunidades, o que fez com que o modelo desenvolvido possuísse vários geradores de

primeiro estágio para que os recursos chegassem ao nível das subunidades e poderem

110

ser apropriados às atividades. O critério utilizado para apropriar o custo da maior parte

dos recursos às atividades foi o do percentual de esforço despendido pelos servidores

das unidades e subunidades nas atividades. Se o apontamento percentual do esforço for

realizado sem a adequada seriedade pelos servidores, o correto custeamento das

atividades e conseqüentemente dos objetos de custos, não será possível,

comprometendo-se todo o sistema de custos.

Muitos recursos e atividades da área meio tiveram seus custos direcionados para o

objeto de custo de nível 1 Institucional. Esse critério foi adotado devido ao pouco tempo

para se criar um controle adequado que direcionasse tais custos para as unidades

beneficiadas. A idéia é que com o sistema já implementado melhorias sejam realizadas,

e a redistribuição do custo do objeto de custo Institucional seja uma das prioridades.

Para isso, será necessária a visita às unidades que estão tendo seus custos levados a este

objeto de custo para que se identifique um critério adequado para redistribuir este custo

a outro objeto de custo mais apropriado. Esse trabalho de revisão do objeto de custo

Institucional foi previsto pela equipe do sistema de custos como um aperfeiçoamento

necessário.

Além disso, o modelo não prevê a identificação de ociosidade, pois os apontamentos do

percentual do esforço despendido pressupõem a identificação de 100% do tempo do

servidor com as atividades desempenhadas. Essa premissa impossibilita o

remanejamento de servidores não utilizados plenamente nas atividades atuais e dificulta

a identificação das áreas onde o controle de custos pode ser exercido de forma mais

efetiva.

É importante salientar também, que não foi abordada pelo projeto a questão da

interdependência entre as unidades. Ou seja, não houve a identificação dos possíveis

impactos que uma atividade de uma unidade específica teria nas outras atividades de

outras unidades. Se a execução de uma atividade de uma unidade gera a ocorrência de

outra atividade em uma unidade diferente, o custo desse impacto poderia ser mensurado.

111

Em termos operacionais, o Módulo de Sistemas foi dificultado pela multiplicidade de

tecnologias e plataformas existentes no banco, o que dificultou a implantação e

manutenção do sistema. Além disso, foi verificada a necessidade de realização de

alterações nos sistemas do Departamento de Informática para que os dados fossem

capturados da forma como foram definidos nos requisitos.

De acordo com a equipe de servidores do banco que participaram do projeto, o modelo

inicial será de fácil entendimento, o que poderá facilitar a sua ampla utilização e

entendimento pelo banco. A intenção da equipe, no entanto, é identificar melhores

geradores de custos, que possam gerar melhores análises. Esse processo demandará

mais tempo. Segundo o coordenador do projeto, a simplicidade do modelo facilitou a

implantação do sistema de custos. O DEPES e o DEMAP, que concentram quase a

totalidade dos recursos (recursos humanos, materiais e contratos), ajudaram bastante no

tratamento dos dados dos sistemas.

7- Uso satisfatório das novas informações

Ainda não está certo se será criada uma controladoria ou se a atual equipe de servidores

da COCIG permanecerá com a responsabilidade de administrar o sistema de custos. A

COCIG ou a controladoria seria responsável pela gestão do sistema OROS.

O papel da unidade gestora do sistema de custos será fundamental para o

prosseguimento efetivo do sistema, pois esta área deverá ser requisitada pelos gerentes

para a realização de simulações obtidas no sistema OROS. O sistema em questão

possibilita a geração de várias análises e pesquisas, pois é apto a fazer variadas

composições e simulações entre os três módulos criados.

Os chefes de unidade também deverão analisar as informações obtidas no Módulo de

Informações Gerenciais. No entanto, o perigo está na não utilização plena das

potencia lidades que o sistema permite. Isto porque, apesar de os chefes de unidade

terem acesso a várias possibilidades de relatórios extraídos do Módulo de Informações

Gerenciais, as questões relacionadas à existência das unidades tendem a serem

112

consideradas prio ridades, podendo como resultado, prejudicar o processo de análise e

crítica das informações concernentes a custos.

8-Resistência à mudança

Conforme registrado por Atkinson et al. (1997), não se deve desprezar o fator

resistência à mudança que existe em todas as organizações. Tal fator pode constituir

uma barreira significativa se não forem tomadas medidas preventivas. Particularmente,

no caso do banco, por ser um órgão público de mais de trinta anos, encontramos um

corpo de servidores já acostumados com a cultura antiga. Servidores públicos possuem

uma situação de segurança não encontrada em empresas do setor privado. Essa situação

os permite, muitas vezes, não seguir estritamente a qualquer ordem sem antes questioná-

la. Não é apenas através de um comunicado formal que se vai conseguir a colaboração,

é preciso um esforço de convencimento. Ninguém muda a forma de pensar e proceder,

sem que seja convencido a tal.

Até o momento, aparentemente, o corpo de servidores do banco tem colaborado com os

processos realizados do projeto. Da mesma forma, não houve manifestação pública de

crítica ao sistema de custos e aos seus propósitos. Assim, há, pelo menos, aparente, um

ambiente favorável à implementação do mesmo.

9- Amplo e justificado apoio pela organização

Não ficou claro se há o apoio da organização ao projeto no sentido mais amplo. Apesar

de ter havido a divulgação de informações relacionadas ao sistema de custos em alguns

informes institucionais, o nível de entendimento por parte dos servidores em relação aos

objetivos e ao modelo do sistema de custos é desconhecido. Há de fato, por parte da

maioria dos servidores do banco um certo descrédito por assuntos ligados a controle de

custos, justamente por ser o banco um prestador de serviços públicos. Não foi

identificado no entanto, neste trabalho se há a consciência por parte dos servidores da

necessidade do controle de custos. Por outro lado, também não foi identificada nenhuma

113

resistência por parte dos servidores em realizarem os apontamentos percentuais dos seus

esforços despendidos nas atividades desempenhadas.

10- Adequado treinamento para implantação

Os resultados do treinamento só serão conhecidos mais adiante, mas pode-se afirmar

que foi provido, pelo menos, um nível básico de treinamento para os gerentes que irão

ter acesso ao módulo de informações gerenciais. Em relação aos servidores, estes

tiveram acesso a informações sobre o sistema de custos por meio da intranet do banco,

onde foram disponibilizadas toda as apresentações realizadas sobre o sistema de custos

do banco.

O que pode ser questionado é se houve por parte da equipe do sistema de custos a

geração da motivação necessária para que os servidores acessassem na intranet as

informações sobre o sistema de custos. Este esforço de estimular os servidores a terem o

interesse por esse tipo de informação deve ser uma meta para a área de custos.

11- Disponibilidade de recursos

Pelo fato do projeto ter recebido um montante significativo como financiamento do

Banco Mundial, não houve o racionamento de recursos. O financiamento foi um aspecto

positivo do projeto, pois possibilitou a compra e contratação dos recursos necessários ao

prosseguimento do projeto.

114

6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE PESQUISAS FUTURAS

A grande curiosidade que envolveu este trabalho estava no fato da empresa escolhida

para o estudo de caso ser uma empresa de serviços do setor público e de caráter

monopolista. Na pesquisa bibliográfica, não se identificou experiências desse tipo de

organização com a metodologia ABC. Um objetivo importante deste trabalho foi o de

identificar os principais motivos que levaram uma empresa com este perfil a se

interessar em aferir os custos dos seus serviços, já que os mesmos não estariam

disponíveis para a venda e deveriam ser fornecidos à sociedade por previsão legal.

A análise do contexto ao qual a organização está inserida, qual seja, o surgimento de

práticas de gerenciamento que possibilitem uma maior agilidade no processo de tomada

de decisão, assim como a melhor avaliação de desempenho das atividades, permite

entender a preocupação dos gerentes do Banco Central do Brasil em possuírem

melhores informações gerenciais que levem à melhor administração de suas operações.

O fato que culminou na retomada do projeto de implementação de um sistema de custos

no banco em 2000, e que corrobora os motivos acima assinalados, foi o requisito legal

advindo da Lei de Responsabilidade Fiscal. Junte-se a isso, a expectativa de que o

conhecimento dos custos dos serviços que o banco presta de forma detalhada poderá

auxiliar na elaboração do orçamento. Ainda não está claro para a equipe de servidores

do banco, no entanto, como as informações do sistema de custos serão utilizadas no

processo orçamentário, mas a equipe acredita que o sistema de custos possibilite maior

credibilidade ao banco para requerer mais recursos junto ao Ministério do Orçamento e

Planejamento para execução das suas operações. Isto porque, estarão disponíveis os

custos de todos os processos do banco, o que pode gerar um maior poder de barganha

frente a outros órgãos.

Não foi identificado o enfoque de corte de custos no projeto no Banco Central, e sim, a

utilização mais racional dos recursos. A intenção exposta pelos idealizadores é fazer

mais com os recursos disponíveis. Isto porque, a suscetibilidade a cortes orçamentários

a que o banco está submetido faz com que o conhecimento dos custos das atividades,

115

processos e macroprocessos permita que os cortes de custos, quando necessários, sejam

realizados de forma coerente.

Em relação à metodologia adotada, o ABC é reconhecidamente o método mais adotado

por empresas de grande porte, porque envolve uma grande quantidade de trabalho e

demanda um grande volume de recursos. No entanto, o financiamento pelo Banco

Mundial propiciou a sua adoção pelo banco e constitui um facilitador do projeto,

possibilitando a obtenção dos recursos necessários ao mesmo.

O desenvolvimento do projeto permitiu aos servidores do banco envolvidos no

levantamento das atividades e processos das unidades e subunidades, terem um melhor

entendimento de suas funções. Esta análise pode facilitar a identificação das formas de

proceder de uma organização nas proporções do Banco Central que poderiam ser

desconhecidas até então. O levantamento das atividades pode possibilitar o surgimento

de uma cultura crítica e analítica, permitindo a otimização das funções desempenhadas

pelo Banco Central. O processo de levantamento e análise de atividades foi facilitado

pela existência do relatório com os processos de trabalho das unidades do banco, que

havia sido preparado alguns meses antes pela empresa de consultoria Estratege. No

entanto, há que se realizar a revisão da maior parte das atividades e processos

identificados pelas unidades, isto porque muitas unidades já estariam demandando

alterações no seu conjunto de atividades, pois o atual não refletiria adequadamente o

trabalho realizado por estas unidades. Essas alterações fazem com que enquanto não se

proceda a tal revisão a utilização do sistema de custos fique comprometida. Se os

servidores das unidades não identificarem no grupo de atividades disponíveis para a sua

unidade atividades que caracterizem o seu trabalho, não haverá um correto apontamento

e conseqüentemente, não se poderá confiar na informação gerencial provida pelo

sistema de custos.

No que se refere ao modelo de sistema de custos desenvolvido e implementado para o

banco, o mesmo parece atender aos principais objetivos do projeto, tais como, conseguir

aferir o custo dos processos e macroprocessos realizados no Banco Central, permitir o

conhecimento do custo das atividades das unidades, assim como a comparação de

116

atividades iguais em unidades diferentes, utilizar critérios objetivos no direcionamento

dos custos para as atividades e das atividades para os objetos de custos. Desta forma,

mesmo que ajustes e aperfeiçoamentos ainda devam ser realizados, a estrutura básica do

modelo parece ser de fácil entendimento e apta a oferecer informações gerenciais úteis

às unidades.

Um ponto que deve ser analisado é o do prazo do projeto, que por ter recebido

financiamento do Banco Mundial, teria que honrar o prazo até o fim do ano de 2002. O

curto prazo destinado a um projeto com este alcance pode ser considerado como

problemático, pois a quantidade de trabalho envolvida com o levantamento das

atividades e a definição dos geradores de custos e dos objetos de custo, pode ter

facilitado a ocorrência de simplificações e alguns possíveis erros. Assim, a preocupação

maior ficou com a estruturação do módulo básico, escolhendo-se um universo menor de

direcionadores. O prazo reduzido também teve reflexos na forma de trabalhar das duas

equipes da KPMG. A equipe de sistemas, que deveria esperar que a equipe de critérios

definisse os requisitos, teve que desenvolver o sistema quase que concomitantemente à

definição dos requisitos. De certa forma, essa solução beneficiou a integração das duas

equipes.

Em relação ao trabalho realizado pela consultoria KPMG, o grande montante de

trabalho necessário ao desenvolvimento do sistema de custos do banco, aliado ao prazo

determinado para o término do projeto, fez com que a equipe de consultores da KPMG

se mostrasse sobrecarregada na maior parte das etapas do projeto, o que pôde ter

culminado no atraso do cronograma. Talvez um maior número de consultores

destinados ao projeto pudesse ter permitido à consultoria trabalhar mais tranqüilamente

e oferecer relatórios mais detidamente conferidos, pois os mesmos geralmente

demandavam alterações por parte da equipe do banco.

Um possível entrave à utilização do sistema de custos pode ser a falta de incentivos para

a redução de custos no âmbito de uma instituição pública. A dificuldade de um projeto

de custos em uma organização pública está na impossibilidade de concessão de

benefícios monetários pela redução de custos, como ocorre no setor de empresas

117

privadas. Além disso, até o momento, não foi realizada nenhuma ligação do sistema de

custos com avaliação de desempenho, o que poderia vir a propiciar a motivação por

parte dos servidores em relação ao controle de custos.

Deve-se ressaltar, no entanto, que a equipe do projeto defende que com o conhecimento

dos custos inerentes às suas atividades e com a redução possível de custos, poder-se-á

conseguir mais recursos orçamentários pela maior eficiência frente a outros órgãos, e

com isso será possível premiar com um maior orçamento as áreas mais eficientes do

banco. Por enquanto, no entanto, o mais relevante seria desvincular a idéia de cortes de

recursos, substituindo-a pela de eficiência.

Outro possível entrave à adequada utilização do sistema de custos é o fato de não terem

sido definidas ainda as funções da área gestora do sistema de custos. Se não houver uma

área com a atribuição de gerar informações de custos, talvez não se consolide no banco

a utilização destas informações. A cultura de controle de custos inexiste no banco,

assim, para criá- la, deve-se deixar clara a sua importância. A unidade gestora do sistema

de custos deveria inicialmente prover análises e informações sobre custos, suscitando

comparações entre as diversas unidades do banco. Com isso, unidades que possuem um

custo elevado em determinadas atividades estariam preocupadas em conhecer os

motivos para terem apresentado este custo, e se interessariam em justificar este valor,

não só internamente, como também frente a outras unidades. Com o tempo, a

transparência advinda do conhecimento dos custos de todas as atividades do banco

passaria a representar um quesito indispensável à gestão do banco.

Finalmente, um fato que poderia representar um risco para a adoção do sistema, são as

mudanças de enfoque que surgem da transição de governo pela qual o país passou e

vem passando. Cada vez que um novo presidente se elege, o banco tem o seu presidente

substituído, podendo enfraquecer os projetos em andamento apoiados pelo antigo

presidente. No entanto, até março de 2003, não houve obstáculos à continuação do

projeto. Mesmo assim, deve-se reconhecer a fragilidade a que um sistema de custos

como esse está exposto, pois se não houver o reconhecimento por toda a organização da

sua importância e dos seus benefícios, não haverá a sua continuidade. E só haverá tal

118

reconhecimento com a qualidade das informações gerenciais que este sistema for capaz

de gerar.

O fato deste trabalho ter terminado antes do final do projeto, deixa questões

importantes para serem analisadas no futuro. A utilização eficaz do sistema pelos

gerentes, e as dificuldades na sua utilização só serão identificadas após o término do

processo de implantação do mesmo. Só após o início da utilização do sistema é que

poder-se-á saber se as informações gerenciais e indicadores de desempenho providos

serão úteis para o melhor gerenciamento das unidades. Assim, uma sugestão para

pesquisas futuras seria o estudo da utilização do sistema de custos após a

implementação plena do mesmo, confrontando os objetivos iniciais do sistema com o

resultado encontrado e analisando se os possíveis problemas identificados neste trabalho

se verificaram ao longo da sua utilização.

Por fim, deve-se destacar que uma dificuldade inerente ao projeto foi a ausência de

trabalhos nacionais e internacionais assemelhados. Ou seja, a pouca disponibilidade de

relatos de experiências semelhantes torna o projeto mais ambicioso e as soluções para

os problemas encontrados um desafio maior.

119

BIBLIOGRAFIA

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123

ANEXOS

Anexo 1. DESPESAS ESPECÍFICAS E DE ALOCAÇÃO NÃO DEFINIDA

Despesas com materiais,

Despesas específicas-SECRE,

Despesas com contribuições do Museu,

Despesas com o Fundo de Assistência ao Pessoal – PASBC,

Despesas com serviços de cobrança bancária,

Despesas com salários e encargos e benefícios – Quadro especial de servidores

públicos

Despesas com pessoal afastados,

Despesas com pessoal desligados

Despesas com pessoal em quarentena – Diretores

Despesas com serviços auxiliares, administrativos

Despesas com serviços de garagem e condução de veículos – BSB

Despesas com serviços de garagem e condução de veículos – SPA

Despesas com serviços de garagem e condução de veículos – RJA

Despesas com serviços de garagem e condução de veículos – BHO

Despesas com serviços de garagem e condução de veículos – SAL

Despesas com serviços de garagem e condução de veículos – CUR

Despesas com serviços de garagem e condução de veículos – REC

Despesas com serviços de garagem e condução de veículos – PAL

Despesas com serviços de garagem e condução de veículos – BEL

Despesas com serviços de garagem e condução de veículos – FOR

Despesas convênio com a Caixa Econômica Federal

Despesas com gráfica

Despesas com serviços de terceiros – diversos

Despesas com cópias e reprodução de documentos

Despesas com serviços de comunicação

Despesas com impressão e encadernação

Despesas com locação de imóveis residenciais

Despesas com Programa de Desligamento Voluntário – PDV,

Despesas com depreciação e gastos com o uso de imóveis-área comum

124

Despesas com contribuições internacionais

Despesas com contribuições Funcex

Despesas com contribuições Ssucesu

Despesas com contribuições Ciefas

Despesas com contribuições nacionais,

Despesas com sentenças judiciais – servidores ativos

Despesas com sentenças judiciais – aposentados

Despesas com sentenças judiciais – causas trabalhistas

Despesas com indenização de transporte

Despesas com PROAT – juros

Despesas com PROAT – comissão de compromisso

Despesas com festividades, homenagens e representação

Despesas com custas judiciais

Despesas com delegações brasileiras no exterior

Despesas com outros impostos e taxas

Despesas diversas de pequeno vulto

Despesas com o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PASEP

Despesas com encargos indiretos,

Despesas com precatórios alimentícios

Despesas com precatórios não alimentícios

Despesas com auxílio a herdeiros

Despesas com assistência e previdência social aos aposentados – RJU

Despesas com assistência e previdência social aos aposentados – CENTRUS

Despesas com remuneração de aulas ministradas

Despesas com assistência e previdência social: medicina preventiva e medicina do

trabalho

Despesas com assistência e previdência social – diversas

Despesas com recrutamento e seleção de pessoal

Despesas com participantes do programa de capacitação

Despesas com Treinamento e Capacitação

Despesas com INSS – pessoas físicas

125

Despesas com INSS – cooperativas de trabalho

Despesas com incentivo aos servidores

Despesas com treinamento

Despesas com refeições e lanches

Despesas com serviços médicos ambulatoriais

Despesas com auxílio transporte

Despesas com serviços de gás

Despesas com auxílio moradia

126

Anexo 2- CONTAS DE RECURSOS IDENTIFICADAS:

Despesas com contribuições do Museu

Despesas com contribuições internacionais

Despesas com contribuições-Ciefas

Despesas com contribuições-Funcex

Despesas com contribuições-Ssucesu

Despesas com campanhas comunitárias educativas-DIPAC

Despesas com divulgação de documentos e atos oficiais-SECRE/SUREL

Aquisição de jornais e revistas

Convênio com a Caixa Econômica Federal

Despesas com cópias e reproduções de documentos

Despesas com água e esgoto

Despesas com delegações brasileiras no exterior

Despesas com encargos diversos

Despesas com encargos indiretos

Despesas com festividades, homenagens e representação

Despesas com Gráfica

Despesas com locação de veículos para uso funcional

Despesas com materiais

Despesas com o uso de bens móveis

Despesas com ouro das reservas internacionais-DEPIN

Despesas com refeições e lanches

Despesas com seguros - diversos

Despesas com serviços de compensação de cheques-DISIP

Despesas com serviços de comunicação

Despesas com serviços de garagem e condução de veículos

Despesas com serviços de gás

Despesas com veículos-SECRE-PRESI

Despesas diversas

127

Despesas com impressão e encadernação-SECRE/SUREL

Indenizações de transporte

Recursos de alocação não definida

Depreciação e gastos com o uso de imóveis-área útil

Despesas com depreciação e gastos com uso de imóveis-área comum

Locação de imóveis

Locação de imóveis residenciais

Despesas com outros impostos e taxas

Despesas com custas judiciais

Despesas com precatórios - não alimentícios

Combustível para transporte de numerário

Condução e passagens

Despesa com aquisição de numerário-CONOR

Destruição de numerários

Diferenças na conferência de numerário por falha de equipamentos

Escolta

Fretamentos de aeronaves-DITES

Fretes e carretos

Guarda e manutenção da frota do MECIR/RJ-DITES-MECIR

Manutenção de central de incineração de cédulas-DITES-MECIR

Manutenção de equipamentos

Manutenção de equipamentos atendimento à rede bancária

Manutenção predial

Material para exame de legitimação de cédulas e moedas

Material de consumo – manutenção de veículos em transporte de numerários

Material de consumo-munição/coletes

Material para acondicionamento

Monitoramento eletrônico

Movimentação interna de numerários

128

Processamento automatizado de cédulas-DITES-MECIR

Recebimento, remessa e movimentação de numerário

Segurança predial

Sistema de alarmes

Depreciação de móveis e utensílios específicos

Despesas com depreciação móveis e utensílios demais ítens

Despesas com depreciação de móveis e utensílios-hardware

Assistência à previdência.social-EM-Médica preventiva e medicina do trabalho

Assistência e previdênc ia social aos aposentados

Assistência e previdência social-diversas

Auxílio a herdeiros

Auxílio transportes-GTPAL-SUREL

Despesas com Fundo de Assistência ao Pessoal - PASBC

Despesas com participantes do programa de capacitação

Despesas com pessoal - Afastados

Despesas com pessoal - Desligados

Despesas com precatórios - alimentícios

Despesas com Programa de Desligamento Voluntário - PDV

Despesas com sentenças judiciais - aposentados

Despesas com sentenças judiciais - causas trabalhistas

Despesas com sentenças judiciais - servidores ativos

Despesas com Treinamento

Honorários de dirigentes

Incentivo aos Servidores

INSS - Pessoas físicas

INSS-Cooperativas de trabalho

Programa de formação do patrimônio do Servidor Público - PASEP

Recrutamento e seleção de pessoal

Remuneração - aulas ministradas