curso de pós-graduação em direito civil. · pdf filecurso de...
TRANSCRIPT
1
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL.
Aula Ministrada pelo Prof. Fábio Cáceres (Aula 18/10/2017).
Obrigação de fazer e não fazer.
Para Maria Helena Diniz a diferença da obrigação de dar para a de fazer,
consiste na entrega de um objeto ao credor, sem que se tenha de fazê-lo
previamente, e, na de fazer, na realização de um ato ou confecção de uma
coisa, para depois entregá-la ao credor.
Requerer que o
próprio devedor
faça, sob pena de
multa diária + P.D
Na hipótese de
urgência requerer que
3º faça ou o próprio
credor, sem prejuízo
de obter o devido
ressarcimento do
devedor inadimplente
+ P.D
Prejuízo irreversível
indenização ampla
+ perdas e danos
2
Obrigação de Fazer.
Considerando que a obrigação de fazer, em tese, para ser concluída ensejará
na entrega do objeto confeccionado, o que pode gerar uma confusão
classificatória com a obrigação de entrega de coisa, faz-se necessário distingui-
las. Pode se afirmar que o grande diferencial da obrigação de fazer para a
obrigação de entrega da coisa é o fato de que na obrigação de fazer o devedor
fica encarregado de confeccionar o objeto a ser entregue, porquanto que na
obrigação de entrega o objeto já está pronto, ficando o encargo do devedor
restrito a entrega o bem no tempo, forma e lugar combinados.
Obrigação de fazer comum o credor contrata o devedor para que ele
confeccione uma determinada coisa, mas não especifica como dever ser feito e
nem por quem.
Obrigação de fazer personalíssima quando for convencionado que o
devedor cumpra pessoalmente a prestação, se torna personalíssima pelas
características de quem desenvolveu a obrigação de fazer.
3
Inadimplemento na obrigação de fazer comum.
Sem culpa extingue a obrigação.
Relativo: ainda tem interesse no objeto
contratado.
Com culpa
Absoluto: não há por parte do credor interesse
pela coisa.
Exemplos:
Absoluto entregar o vestido da noiva depois do casamento.
Relativo um mês antes do casamento vai provar o vestido, e este ainda
não está pronto, inadimplemento relativo: pode requerer que o próprio devedor
faça sob pena de multa diária mais perdas e danos se houver, para a aplicação
da multa requer uma ação judicial.
Na hipótese de urgência requer que a terceiro faça ou o próprio credor fazer,
sem prejuízo de obter o devido ressarcimento do devedor inadimplente além de
perdas e danos.
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será livre ao
credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou
mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor,
independentemente de autorização judicial, executar ou mandar
executar o fato, sendo depois ressarcido.
A diferença do inadimplemento relativo para absoluto está ligado ao interesse
do credor, no absoluto não tem mais interesse nenhum nem do credor e de
mais ninguém, cabe perdas e danos, pois, até o objeto obrigacional por ter um
prejuízo irreversível se converte em indenização, reparação de dano ampla.
4
Dica: termo de responsabilidade do cliente para com o advogado,
foi orientado pelo advogado que podia utilizar-se da via A com suas
consequências, ou da via B com suas consequências, o cliente decide pela via
A e assina dizendo que optou por ela. Prudente também um e-mail do cliente
contando a história.
“Astreintes” é a multa diária fixada pelo órgão julgador como sanção ao
réu por descumprimento de ordem judicial, encontra amparo no CPC:
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade
de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a
requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de
tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas
necessárias à satisfação do exequente.
§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar,
entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a
remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o
impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário,
requisitar o auxílio de força policial.
§ 2o O mandado de busca e apreensão de pessoas e coisas será
cumprido por 2 (dois) oficiais de justiça, observando-se o disposto
no art. 846, §§ 1o a 4o, se houver necessidade de arrombamento.
§ 3o O executado incidirá nas penas de litigância de má-fé quando
injustificadamente descumprir a ordem judicial, sem prejuízo de sua
responsabilização por crime de desobediência.
§ 4o No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de
obrigação de fazer ou de não fazer, aplica-se o art. 525, no que
couber.
§ 5o O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao
cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não
fazer de natureza não obrigacional. (Grifo nosso).
5
O artigo 412 do código civil prevê aplicação de multa, contudo, a multa prevista
está relacionada ao direito material, cláusula contratual, que não se confunde
com a multa imposta pelo juiz de direito, neste artigo diz que a multa não pode
ser maior que a obrigação principal.
Quando temos a sentença, o ideal é fazer dois cumprimentos de sentença
distintos, um da sentença do mérito e outro da multa, esta não transita em
julgado.
Existe um entendimento no tribunal de justiça de São Paulo, no sentido de que
a multa é exacerbada, pois extrapola todos os limites estabelecidos para o
cumprimento da obrigação, ela se divorcia da própria natureza da causa, e
mandam reduzir.
É pressuposto para se tocar na multa que o devedor tenha cumprido a
obrigação, o STJ entende que deve ter uma dosimetria da culpa, não cumpriu
porque foi desidioso ou teve motivos que foge da sua vontade, neste caso há
uma redução da multa.
Contudo, o novo código de processo civil no seu artigo 537, parágrafo 1º, deixa
claro que só pode ser modificar ou excluir a multa vincenda, que vai
vencer, as vencidas não podem ser modificadas.
Art. 537. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser
aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na
sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e
compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para
cumprimento do preceito.
§ 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a
periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que:
I - se tornou insuficiente ou excessiva;
II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da
obrigação ou justa causa para o descumprimento.
§ 2º O valor da multa será devido ao exequente.
6
§ 3º A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório,
devendo ser depositada em juízo, permitido o levantamento do valor
após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte.
§ 4º A multa será devida desde o dia em que se configurar o
descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for cumprida a
decisão que a tiver cominado.
§ 5º O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao
cumprimento de sentença que reconheça deveres de fazer e de não
fazer de natureza não obrigacional. (Grifo nosso).
Bons Estudos!!! Prof.ª. Adriana Aparecida Duarte.