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IGEPP Prof. Leo van Holthe 1 Curso de Direito Constitucional IGEPP Prof. Leo van Holthe AULAS 16 e 17 AULA 16 Pontos do edital enfrentados neste material: Processo legislativo (parte I): arts. 59, 61, 63, 65 a 67 da CF/88. 1. Introdução Seção VIII DO PROCESSO LEGISLATIVO Subseção I Disposição Geral Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I - emendas à Constituição; II - leis complementares; III - leis ordinárias; IV - leis delegadas; V - medidas provisórias; VI - decretos legislativos; VII - resoluções. Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. O processo legislativo consiste na sequência de atos que devem ser cumpridos para a devida formação das normas jurídicas indicadas no art. 59 da CF/88, a saber: emendas à Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Essas normas são chamadas pela doutrina de atos normativos primários, pois retiram o seu fundamento de validade jurídica diretamente da Constituição Federal, sem intermediários. Isso os diferencia dos chamados atos normativos secundários (a exemplo do decreto regulamentar), que são aqueles que retiram o seu fundamento de validade dos atos primários. Portanto, o processo legislativo previsto na CF/88 somente se refere à formação dos atos normativos primários previstos no art. 59 da CF/88. Quanto ao modo (mais demorado ou mais rápido) pelo qual os atos do processo legislativo se realizam: a) processo legislativo ordinário ou comum, que é o adotado para a elaboração das leis ordinárias. Podemos dividi-lo em três fases: 1.ª) A fase introdutória, que é a fase da iniciativa da lei, em que a autoridade competente apresentará o projeto de lei no Poder Legislativo. 2.ª) A fase constitutiva, que compreende uma deliberação parlamentar (quando o projeto será discutido e votado no Legislativo) e uma deliberação executiva (quando o projeto receberá uma sanção ou um veto do presidente da República). No caso de veto presidencial, teremos ainda, dentro da fase constitutiva, a apreciação do veto pelo Congresso Nacional (CF, art. 66, § 4.º). 3.ª) A fase complementar, que abrange a promulgação e a publicação da lei. b) processo legislativo sumário, que possui as mesmas regras do processo legislativo ordinário, mas com uma grande diferença: aqui existem prazos para que as Casas Legislativas deliberem sobre o projeto. O processo sumário também é conhecido como procedimento de urgência constitucional. Está previsto no art. 64, §§ 1.º ao 4.º, da CF/88 e será estudado em momento oportuno.

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IGEPP – Prof. Leo van Holthe

1

Curso de Direito Constitucional

IGEPP – Prof. Leo van Holthe

AULAS 16 e 17

AULA 16

Pontos do edital enfrentados neste material: Processo legislativo (parte I): arts. 59, 61, 63, 65 a 67

da CF/88.

1. Introdução

Seção VIII

DO PROCESSO LEGISLATIVO

Subseção I

Disposição Geral

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:

I - emendas à Constituição;

II - leis complementares;

III - leis ordinárias;

IV - leis delegadas;

V - medidas provisórias;

VI - decretos legislativos;

VII - resoluções.

Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e

consolidação das leis.

O processo legislativo consiste na sequência de atos que devem ser cumpridos para a

devida formação das normas jurídicas indicadas no art. 59 da CF/88, a saber: emendas à

Constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias,

decretos legislativos e resoluções.

Essas normas são chamadas pela doutrina de atos normativos primários, pois retiram

o seu fundamento de validade jurídica diretamente da Constituição Federal, sem

intermediários. Isso os diferencia dos chamados atos normativos secundários (a exemplo do

decreto regulamentar), que são aqueles que retiram o seu fundamento de validade dos atos

primários.

Portanto, o processo legislativo previsto na CF/88 somente se refere à formação dos

atos normativos primários previstos no art. 59 da CF/88.

Quanto ao modo (mais demorado ou mais rápido) pelo qual os atos do processo

legislativo se realizam:

a) processo legislativo ordinário ou comum, que é o adotado para a elaboração das

leis ordinárias. Podemos dividi-lo em três fases:

1.ª) A fase introdutória, que é a fase da iniciativa da lei, em que a autoridade

competente apresentará o projeto de lei no Poder Legislativo.

2.ª) A fase constitutiva, que compreende uma deliberação parlamentar (quando o

projeto será discutido e votado no Legislativo) e uma deliberação executiva (quando o projeto

receberá uma sanção ou um veto do presidente da República).

No caso de veto presidencial, teremos ainda, dentro da fase constitutiva, a apreciação

do veto pelo Congresso Nacional (CF, art. 66, § 4.º).

3.ª) A fase complementar, que abrange a promulgação e a publicação da lei.

b) processo legislativo sumário, que possui as mesmas regras do processo legislativo

ordinário, mas com uma grande diferença: aqui existem prazos para que as Casas Legislativas

deliberem sobre o projeto. O processo sumário também é conhecido como procedimento de

urgência constitucional. Está previsto no art. 64, §§ 1.º ao 4.º, da CF/88 e será estudado em

momento oportuno.

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c) processos legislativos especiais, destinados à elaboração das:

c.1) emendas à Constituição (CF, art. 60);

c.2) leis complementares (CF, art. 69);

c.3) leis delegadas (CF, art. 68);

c.4) leis orçamentárias (CF, art. 166);

c.5) resoluções e decretos legislativos; e

c.6) medidas provisórias (na realidade, leis ordinárias que resultam da conversão das

medidas provisórias – CF, art. 62).

2. Processo legislativo ordinário

O processo legislativo ordinário (ou comum) é aquele utilizado para a elaboração das

leis ordinárias.

Como dissemos antes, o processo legislativo ordinário pode ser dividido em três

fases: a introdutória, a constitutiva e a complementar. Vejamos separadamente cada uma

dessas fases do processo legislativo ordinário.

2.1. Fase introdutória: a iniciativa das leis

Subseção III

Das Leis

Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou

Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da

República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República

e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.

Iniciativa legislativa é a faculdade conferida a uma pessoa ou órgão de apresentar

projetos de lei ao Poder Legislativo. Nesse ponto, faz-se necessário esclarecer alguns

conceitos importantes sobre o tema da iniciativa das leis.

a) A iniciativa é dita concorrente (comum ou compartilhada) quando a Constituição

concede simultaneamente a mais de uma pessoa ou órgão a iniciativa das leis, a exemplo da

iniciativa das leis ordinárias e complementares federais cabe (CF, art. 61, caput):

a qualquer membro ou Comissão da CD, do SF ou do CN (ex.: Comissão Mista de

Orçamento – art. 166, § 1.º, da CF);

ao presidente da República;

ao Supremo Tribunal Federal;

aos tribunais superiores (STJ, TSE, TST e STM);

ao procurador-geral da República;

aos cidadãos, na forma e nos casos previstos na CF/88.

b) Pela iniciativa reservada (privativa ou exclusiva), o PL relativo a determinada

matéria somente pode ser proposto por uma pessoa ou órgão específico, com a exclusão de

todos os demais.

São exemplos constitucionais de iniciativa reservada:

b.1) a iniciativa do presidente da República para as matérias previstas no art. 61, § 1.º;

b.2) a iniciativa da CD e do SF para o PL que fixa a remuneração dos seus cargos,

funções e serviços (arts. 51, IV, e 52, XIII).

Jurisprudência

1) Em relação à iniciativa legislativa privativa, o STF pacificou o entendimento pelo

qual, regra geral, os demais Poderes não podem estipular um prazo para que outro Poder

exerça sua iniciativa legislativa reservada ou privativa.

Em homenagem ao princípio da separação dos poderes, o Supremo considera que o

Legislativo ou o Judiciário não pode, por exemplo, estipular um prazo para que o Executivo

exerça uma iniciativa legislativa a ele reservada pela CF/88, tendo em vista que a outorga

constitucional da iniciativa privativa abrange, implicitamente, o poder de decidir sobre o

momento oportuno de propor o PL (ADI 546/DF, ADI 2.393/AL-MC).

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2.1.1. Iniciativa legislativa privativa do presidente da República

Art. 61, § 1.º – São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:

I – fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;

II – disponham sobre:

a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica

ou aumento de sua remuneração;

b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos

e pessoal da administração dos Territórios;

c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos,

estabilidade e aposentadoria; (Redação dada pela EC n.º 18/98)

d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas

gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito

Federal e dos Territórios;

e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o

disposto no art. 84, VI; (Redação dada pela EC n.º 32/01)

f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções,

estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva. (Incluída pela EC n.º 18/98)

O art. 61, § 1.º, da CF/88 prevê hipóteses de iniciativa legislativa privativa ou

reservada do presidente da República. As matérias contidas nesses dispositivos possuem

nítida relação com as atribuições privativas do presidente da República (organização da

Administração Pública Direta e Indireta, efetivo das Forças Armadas, regime jurídico dos

servidores públicos, etc.), daí a iniciativa das leis que regulem tais assuntos ser reservada ao

chefe do Poder Executivo.

Resumimos da seguinte forma os temas contidos no art. 61, § 1.º:

a) Efetivo das Forças Armadas e regime jurídico dos militares (o que abrange a

remuneração, a reforma, as promoções dos militares, etc.).

b) Organização administrativa, judiciária, matéria tributária, orçamentária, serviços

públicos e pessoal da administração dos territórios federais.

Todas essas matérias relacionadas com os territórios federais são da iniciativa

privativa do presidente da República.

c) Servidores públicos da União e seu regime jurídico (inclusive provimento de

cargos, estabilidade e aposentadoria dos servidores).

Qualquer PL que trate do regime jurídico dos servidores públicos da União (hoje,

como sabemos, concentrado na Lei n.º 8.112/90) é de iniciativa privativa do PR;

d) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e

autárquica ou aumento de sua remuneração.

Registre-se que a criação de empregos públicos nas sociedades de economia mista,

nas empresas públicas e nas fundações de natureza privada mantidas pelo poder público não

necessita de um PL de iniciativa privativa do PR. Isso é porque a criação desses empregos

públicos não demanda a aprovação de um PL, mas simples decisão administrativa da própria

entidade, desde que a medida esteja respaldada no orçamento anual de investimento da

empresa governamental (CF, art. 165, § 5.º, II).

Portanto, somente a criação de cargos, empregos e funções públicos na administração

direta, nas autarquias e nas fundações públicas demanda um PL de iniciativa exclusiva do PR.

e) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União (MPU e

DPU), bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria

Pública dos Estados (MPEs e DPEs), do Distrito Federal e dos Territórios.

f) criação e extinção de ministérios e órgãos da Administração Pública, observado o

disposto no art. 84, VI.

Por essa regra, é da iniciativa legislativa privativa do PR a criação e a extinção de

ministérios e órgãos da Administração Pública federal direta e indireta.

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A exceção do art. 84, VI, diz respeito a hipóteses em que não precisamos falar em

iniciativa de PL, pois não haverá a necessidade de lei para dispor sobre o assunto, bastando

um decreto presidencial.

Jurisprudência 1. Por afrontar a iniciativa legislativa privativa do chefe do Executivo, o STF já declarou a

inconstitucionalidade de norma estadual de iniciativa parlamentar que:

a) criava atribuições para órgãos administrativos, ao exigir que o Poder Executivo organizasse

um sistema de avaliação de satisfação dos usuários de serviços públicos, em ofensa ao art. 61, § 1.º, II,

e, da CF (ADI 3.180/AP);

b) vedava o estabelecimento de limite máximo de idade para inscrição de candidatos nos

concursos públicos realizados por órgãos da Administração Direta e Indireta do Estado. Entendeu-se

que houve usurpação da iniciativa reservada ao Chefe do Poder Executivo para as leis em tema de

provimento de cargos de servidores públicos (CF, art. 61, § 1.º, II, c) (ADI 776/RS).

2. Criação de órgão e vício formal: Por entender usurpada a competência privativa do chefe do

Poder Executivo para iniciar projeto de lei que disponha sobre criação, estruturação e atribuições de

órgãos da Administração Pública (CF, art. 61, § 1.º, II, e), de observância obrigatória pelos estados-

membros, tendo em conta o princípio da simetria, o STF declarou a inconstitucionalidade de emenda à

constituição do estado que criava uma entidade da administração indireta (ADI 3.644/RJ).

2.1.2. Iniciativa popular de lei

Art. 61, § 2.º – A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos

Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional,

distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de

cada um deles.

O art. 61, § 2.º, acolhe a iniciativa legislativa geral dos cidadãos, mais conhecida

como iniciativa popular de lei, pela qual se permite que os cidadãos apresentem um projeto de

lei ordinária ou complementar sobre quaisquer matérias, ressalvadas aquelas de iniciativa

reservada a pessoas ou órgãos específicos (José Afonso da Silva).

2.2. Fase constitutiva

Analisada a fase introdutória do processo legislativo ordinário, nas diversas

modalidades de iniciativa legislativa, passemos ao estudo da fase constitutiva.

Essa fase abrange uma deliberação parlamentar (quando o projeto de lei será discutido

e votado no âmbito do Poder Legislativo) e uma deliberação executiva (quando o PL será

submetido à sanção ou ao veto do chefe do Poder Executivo). No caso de veto presidencial,

teremos ainda, dentro da fase constitutiva, a apreciação do veto pelo CN (CF, art. 66, § 4.º).

Comecemos com o estudo da primeira parte da fase constitutiva: a deliberação

parlamentar.

2.2.1. Deliberação parlamentar (discussão + votação)

Apresentado o projeto de lei no Congresso Nacional, ele passará a ser discutido e

votado nas duas Casas Legislativas sucessivamente, sempre na forma estabelecida nos

respectivos regimentos internos.

2.2.2. Casa Iniciadora e Casa Revisora

Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República,

do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.

Tendo o Legislativo federal brasileiro adotado o bicameralismo do tipo igual, o

projeto de lei deverá necessariamente tramitar pelas duas Casas do CN, sendo que a primeira

Casa em que o PL tramita recebe o nome de casa iniciadora e a segunda, de casa revisora.

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Nesse ponto, a primeira questão a ser resolvida diz respeito a quando a Câmara dos

Deputados e o Senado Federal funcionam como casa iniciadora ou revisora. De acordo com

os arts. 61, § 2º, e 64 da CF/88, a Câmara dos Deputados será obrigatoriamente a casa

iniciadora nos projetos apresentados:

a) por membro ou comissão da Câmara dos Deputados;

b) pelo presidente da República;

c) pelo STF ou pelos tribunais superiores;

d) pelos cidadãos (na iniciativa popular de lei).

2.2.3. O papel das Comissões

Em cada Casa Legislativa, o PL é submetido à apreciação das comissões, onde serão

analisados:

a) os seus aspectos formais (constitucionalidade, juridicidade, redação e técnica

legislativa, além da adequação financeiro-orçamentária do projeto), o que ocorre nas

Comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Finanças (ex.: Comissão de Finanças e

Tributação – CFT – da Câmara dos Deputados); e

b) o seu mérito, o que ocorre nas Comissões Temáticas (que pode ser a Comissão de Meio

Ambiente, a Comissão de Defesa do Consumidor, etc.).

Essas comissões são criadas para facilitar a tarefa legislativa na discussão de temas

relacionados a matérias específicas (meio ambiente, direito do consumidor, educação, cultura,

etc.).

Pois bem. Em cada uma dessas comissões, o PL é distribuído para um congressista (o

relator), o qual oferece um parecer pela aprovação ou pela rejeição da matéria. Oferecido o

parecer (que é também considerado como uma proposição legislativa – v. arts. 126 a 130 do

RICD e 211, V, do RISF), será ele (o parecer) discutido e votado em reunião da comissão.

Aprovados os pareceres das comissões, regra geral, será o projeto encaminhado para a

sua discussão e votação no Plenário da Casa Legislativa.

Ocorre que, segundo o art. 58, § 2.º, I, da CF/88, compete às comissões temáticas

“discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do regimento, a competência do

Plenário, salvo se houver recurso de um décimo dos membros da Casa”.

Preste muita atenção: esse dispositivo traz a possibilidade de determinados PLs serem

discutidos e votados nas próprias Comissões Temáticas, dispensando a deliberação do projeto

pelo Plenário da respectiva Casa.

Isso é o que a doutrina denomina de delegação interna corporis (a delegação externa

corporis ocorre no caso das leis delegadas, a serem posteriormente estudadas).

O RICD chama essa regra de “apreciação conclusiva”. Repare que cabe ao Regimento

Interno de cada Casa Legislativa estabelecer quais matérias poderão ter suas deliberações

(discussão e votação) delegadas às comissões temáticas, dispensando a apreciação do

Plenário. No RICD, a matéria está regulada nos arts. 24 e 58. No âmbito do RISF, esse

procedimento é denominado de “deliberação terminativa” das comissões (RISF, arts. 49 e

91).

Por fim, não esqueça que a própria Constituição traz uma exceção, determinando que,

nesses casos de delegação interna corporis, cabe recurso de um décimo dos membros da

respectiva Casa.

Ou seja, mesmo quando o regimento permite a delegação interna para as comissões,

cabe recurso assinado por, pelo menos, 1/10 dos membros da respectiva Casa, a fim de exigir

que determinado PL seja obrigatoriamente deliberado pelo Plenário.

2.2.4. Do poder de emenda

No âmbito da deliberação parlamentar, as casas legislativas podem modificar o texto

dos projetos de lei sob seu exame, mediante aprovação de emendas ao projeto original,

apresentadas por seus membros ou comissões parlamentares, nos limites da matéria

disciplinada na proposição inicial.

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O art. 118 do RICD conceitua a emenda como a proposição legislativa apresentada

como acessória de outra, considerada principal (ex.: emendas oferecidas a um projeto de lei

ordinária ou complementar).

Aprovados o projeto original e as emendas em uma casa legislativa, o projeto passa a

tramitar com esse novo texto normativo, a ser encaminhado para a sanção ou veto do chefe do

Poder Executivo (CF, art. 66) ou para a deliberação da outra casa, no caso dos legislativos

bicamerais.

2.2.5. Limites ao direito de emendar

Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:

I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da República, ressalvado o

disposto no art. 166, § 3º e § 4º;

II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos

Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Federais e do Ministério Público.

As emendas parlamentares:

a) podem ser apresentadas pelos membros da casa legislativa em que estiver

tramitando a proposição principal, seja esta de iniciativa de congressistas ou de legitimados

extraparlamentares. Por exemplo, enquanto o PL tramitar no Senado Federal, os senadores

podem oferecer emendas a PLs de iniciativa de outros senadores, de deputados, do PGR, etc.;

b) podem ser apresentadas tanto no âmbito das comissões, quanto em plenário, nos

prazos regimentais;

c) devem guardar pertinência com a matéria da proposição legislativa principal (arts.

125 do RICD e 230, I, do RISF). Por fim, resta-nos analisar os limites impostos pela CF/88 ao direito de emenda

parlamentar. Nesse ponto, o STF admite a apresentação de emenda parlamentar em projetos

de iniciativa legislativa privativa dos demais Poderes, bastando, para tanto que:

1.º) a emenda seja pertinente à matéria do PL. Exemplificando, a emenda não pode

tratar de contribuição de iluminação pública, se o projeto versa sobre o processo eleitoral.

2.º) a emenda não provoque aumento de despesa, nos termos do art. 63 da CF/88. De

acordo com esse artigo da CF, não será admitido aumento de despesa prevista:

a) nos projetos de iniciativa exclusiva do presidente da República, ressalvado o disposto

no art. 166, § 3.º e § 4.º;

Essa exceção se refere às leis orçamentárias e permite que haja emendas

parlamentares que aumentem as despesas na lei orçamentária anual (LOA), desde que

compatíveis com o plano plurianual (PPA) e com a lei de diretrizes orçamentárias (LDO); ou

na própria LDO, desde que compatíveis com o PPA.

b) nos projetos sobre organização dos serviços administrativos da Câmara dos

Deputados, do Senado Federal, dos tribunais Federais e do Ministério Público.

Respeitando o princípio da separação entre os poderes, os parlamentares não podem

aumentar as despesas previstas nos projetos que envolvem a organização dos serviços

administrativos do Poder Judiciário ou do MP.

A CF proibiu também que os deputados e senadores aumentem a despesa nos projetos

de resolução que tratem da organização dos serviços administrativos de suas próprias Casas

Legislativas.

2.2.6. Votação: aprovação ou arquivamento do PL

Após a fase de discussão, a proposição legislativa é submetida à votação. Tendo em

vista que um projeto de lei pode ser discutido e votado em caráter conclusivo ou terminativo

nas comissões parlamentares, registramos que a fase decisória pode ter lugar no Plenário ou

na própria comissão.

Com a votação, completa-se o turno regimental de discussão e votação (arts. 180 do

RICD e 271 do RISF). Esta só pode ocorrer depois de encerrada aquela, a partir do “princípio

da separação da discussão e votação”, pelo qual a fase de votar o projeto depende do

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encerramento da discussão e, finda esta, não se pode mais discutir a matéria no ato da

votação.

2.2.7. Resultado da votação: aprovação ou rejeição Basicamente, são três os resultados possíveis da votação:

1.º) aprovação do PL com emendas parlamentares;

2.º) aprovação integral do PL sem emendas;

3.º) rejeição do PL.

2.2.8. Rejeição e princípio da irrepetibilidade (CF, art. 67)

Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de

novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de

qualquer das Casas do Congresso Nacional.

Ao invés de ser aprovado com ou sem emendas, a proposição legislativa pode ser

rejeitada por alguma das Casas Legislativas do CN.

Assim, seja na Casa Iniciadora, seja na Revisora, se o projeto não alcança o voto

favorável da maioria simples (no caso de leis ordinárias), da maioria absoluta (no caso das

leis complementares) ou da maioria qualificada (no caso das emendas à CF/88 e de algumas

resoluções e decretos legislativos, a exemplo dos arts. 5.º, § 3.º; 51, I; e 52, parágrafo único,

todos da CF/88), a proposição é considerada rejeitada e será arquivada definitivamente.

Nesse caso, aplica-se o art. 67 da CF/88. Esse dispositivo abriga o princípio da

irrepetibilidade, o qual objetiva evitar que o Poder Legislativo receba, ao menos na mesma

sessão legislativa, projetos que há pouco foram considerados inviáveis pelo Parlamento,

obstaculizando, assim, a repetição inútil da deliberação parlamentar.

De acordo com o art. 57, caput, da CF/88, a sessão legislativa ordinária do CN

compreende os períodos de 02/02 a 17/07 e de 1.º/08 a 22/12. É nesse período que o PL

rejeitado não pode ser reapresentado.

A exceção fica por conta da possibilidade de a maioria absoluta dos membros de

qualquer das Casas do CN reapresentar, na mesma sessão legislativa, projeto idêntico ou com

a mesma matéria do PL rejeitado (na Câmara ou no Senado). A justificativa, conforme alerta

Manoel Gonçalves Ferreira Filho, reside na possibilidade de novos argumentos ou de novas

circunstâncias fáticas ou sociais superarem os obstáculos que justificaram a rejeição do PL,

tudo isso a partir de uma decisão da maioria absoluta dos deputados ou dos senadores.

2.2.9. A Casa Revisora

Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só turno de

discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado,

se o rejeitar.

Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa iniciadora.

Nos termos do art. 65 da CF/88, o PL aprovado por uma Casa do Congresso, será

revisto pela outra, em um só turno de discussão e votação.

A consequência disso é que na, Casa Iniciadora, o projeto de lei ordinária ou

complementar pode passar por um ou por dois turnos de discussão e votação (a título de

exemplo, nos termos do art. 148 do RICD, o projeto de lei complementar, na Câmara dos

Deputados, submete-se a dois turnos de discussão e votação). Já na Casa Revisora, por

expressa determinação do art. 65 da CF/88, o PL será revisto obrigatoriamente em um só

turno de discussão e votação.

Na Casa Revisora, o projeto de lei será novamente analisado pelas Comissões (de

Constituição e Justiça e Temáticas), discutido e votado, nos mesmos termos analisados nos

tópicos anteriores.

Nessa Casa Revisora, podem acontecer três situações:

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1.ª) O PL pode ser rejeitado, quando então será arquivado.

Neste caso, como vimos, o PL somente poderá constituir objeto de novo projeto, na

mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer

das Casas do Congresso Nacional (CF, art. 67).

2.ª) O PL pode ser aprovado sem emendas ou, pelo menos, sem nenhuma emenda que

altere substancialmente alguma de suas normas.

Nessas hipóteses, o PL não precisa voltar à Casa Iniciadora e deve ser encaminhado

ao presidente da República para o fim de sanção ou veto presidencial. Exemplificando, o PL

que receba emendas de redação não teve o conteúdo de suas normas alterado, já que essas

emendas apenas melhoram a sua redação ou técnica legislativa1.

3.ª) O PL pode ser aprovado com emenda que altere substancialmente alguma de suas

normas (a exemplo das emendas substitutivas e aditivas).

Nesse caso, o PL deve retornar para a Casa Iniciadora, a qual apreciará

exclusivamente as emendas da Casa Revisora.

É muito importante, caro leitor, que você preste atenção nesse ponto.

Alterado em sua substância na Casa Revisora, o PL retorna à Casa Iniciadora para

apreciação dessas emendas. E, veja bem, de acordo com a doutrina, a Casa Iniciadora aprecia

apenas as emendas da Casa Revisora.

A partir desse entendimento, a Casa Iniciadora poderá:

a) aprovar tais emendas, quando então o PL será enviado ao presidente da República

com as modificações propostas pela Casa Revisora; ou

b) rejeitá-las, sem a possibilidade de apresentação de subemendas às emendas da

Casa Revisora.

Nesse caso, caro aluno, veja que curioso: o PL será encaminhado ao presidente da

República com a redação dada pela Casa Iniciadora, já que as emendas da Casa Revisora

foram rejeitadas!

Observe que isso provoca uma nítida predominância da Casa Iniciadora sobre a

Revisora no âmbito do processo legislativo ordinário, pois, no caso de a Iniciadora rejeitar as

emendas apresentadas pela Revisora, aquela encaminhará o “seu texto” ao chefe do

Executivo, para fim de sanção ou veto.

Analisada a deliberação parlamentar, passemos ao exame da deliberação executiva

(sanção ou veto presidencial), para concluir o estudo do processo legislativo ordinário com a

fase complementar (promulgação e publicação da lei).

2.2.10. Deliberação executiva (sanção ou veto presidenciais)

Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto de lei ao Presidente

da República, que, aquiescendo, o sancionará.

§ 1.º – Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo ou em parte,

inconstitucional ou contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de

quinze dias úteis, contados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta e oito horas,

ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.

§ 2.º – O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou

de alínea.

§ 3.º – Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente da República importará

sanção.

§ 4.º – O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trinta dias a contar de seu

recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores

(Redação da Emenda à Constituição n. 76, de 2013).

§ 5.º – Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para promulgação, ao Presidente da

República.

1 Essa é a jurisprudência do STF, a saber: “LC 101/2000. Vício formal. Inexistência. O parágrafo único do art. 65

da CF só determina o retorno do projeto de lei à Casa iniciadora se a emenda parlamentar introduzida acarretar

modificação no sentido da proposição jurídica” (STF, ADI 2.238‑MC).

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§ 6.º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4.º, o veto será colocado na ordem

do dia da sessão imediata, sobrestadas as demais proposições, até sua votação final.

§ 7.º – Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito horas pelo Presidente da

República, nos casos dos § 3.º e § 5.º, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em

igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.

Ainda no âmbito da fase constitutiva do processo legislativo ordinário, temos a

deliberação executiva, que ocorre por meio da sanção ou do veto do presidente da República

(chefe do Poder Executivo federal).

Com efeito, após a aprovação em definitivo do PL pelo Congresso Nacional, a Casa

que por último apreciou o projeto o encaminha ao presidente da República (PR) em

“autógrafos” (que é o documento formal que reproduz o texto aprovado pelo Legislativo).

Recebido o PL, o presidente da República poderá, então, vetá-lo ou sancioná-lo, nos termos

do art. 66 da CF/88.

2.2.10.1. Sanção presidencial

A sanção é a concordância do PR com o texto do PL, o que se dá, em regra, pela mera

assinatura do presidente da República no projeto. Com ela, unem-se as duas vontades, a do

Legislativo e a do Executivo, necessárias à formação da lei. Inclusive, é a sanção (ou a

derrubada do veto – art. 66, § 4.º, da CF) que transforma o projeto de lei aprovado pelo Poder

Legislativo em lei, i.e., até a sanção, temos um projeto de lei; após a sanção (ou a derrubada

do veto), termina a fase constitutiva e já temos uma lei pronta para ser promulgada e

publicada. A fórmula consagrada para exprimir a sanção solene é: “O PRESIDENTE DA

REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei”.

Quais as autoridades públicas que podem sancionar uma proposição legislativa?

A sanção, no Brasil, é ato privativo dos chefes do Poder Executivo (PR, governadores

e prefeitos). Se ele a nega, a proposição até pode ser promulgada por outra autoridade (CF,

art. 66, § 7.º), mas não sancionada por quem não chefia o Poder Executivo.

No caso de um PL com vício de iniciativa legislativa ser sancionado pelo presidente

da República, essa sanção supre o vício de iniciativa do PL?

Não. De acordo com a jurisprudência consolidada do STF, a sanção do presidente da

República não supre eventual vício de iniciativa, ainda que o projeto de lei trate de matéria de

iniciativa exclusiva do próprio PR.

2.2.10.2.Veto presidencial

O veto, por sua vez, é um mecanismo de checks and balances, pelo qual o chefe do

Poder Executivo discorda total ou parcialmente do PL aprovado pelo Legislativo, no prazo de

quinze dias úteis contados do seu recebimento. Para José Afonso da Silva, o veto é a “sanção

negativa”, i.e., a face negativa da sanção.

2.3. Fase complementar: a promulgação e a publicação

A fase complementar do processo legislativo ordinário finaliza o processo de

elaboração das leis ordinárias e é formado por dois atos contínuos: a promulgação e a

publicação. Vejamos cada um deles.

2.3.1. Promulgação

No dicionário Houaiss da língua portuguesa, encontramos que promulgar significa

“tornar publicamente conhecido”, “dar a saber”. Na fase da promulgação, torna-se conhecido

o texto da lei que foi sancionado pelo PR ou que foi vetado e teve o veto derrubado pelo CN.

Em verdade, a promulgação não passa de um atestado de que uma nova lei acaba de

surgir no ordenamento jurídico (atestado de existência) e, portanto, deve ser obedecida por

todos (ordem para que a lei seja executada).

Registre-se, por fim, que a promulgação é uma imposição à autoridade por ela

responsável, uma vez finalizado o processo de formação da norma jurídica. Daí não ser este o

momento para verificar a sua regularidade ou sanar eventuais vícios do processo legislativo,

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tendo em vista que a promulgação não pode ser negada e deve ser levada a cabo, ainda que

paire qualquer dúvida sobre a constitucionalidade formal ou material da lei.

2.3.2. Publicação

No momento em que o texto da lei é promulgado, ordena-se a sua publicação, que

nada mais é do que a divulgação do texto promulgado no Diário Oficial. Inclusive, quem

promulga o PL é quem ordena a sua publicação.

A publicação é uma comunicação dirigida a todos, com o objetivo de tornar pública a

existência da lei e do seu conteúdo. Ela impede que se alegue a ignorância da lei e marca o

momento em que a legislação começa a vigorar e, consequentemente, obrigar a todos.

É por isso que toda lei possui, como último artigo, a chamada “cláusula de vigência”,

que geralmente determina: “Esta lei entra em vigor na data de sua publicação”, a evidenciar

que a publicação marca o momento da vigência da lei.

É possível que a lei estabeleça um período de vacância (vacatio legis), ao determinar

que a sua vigência ocorra apenas alguns dias após a sua publicação (ex.: esta lei entra em

vigor após decorridos dez dias de sua publicação oficial).

A vacatio legis, portanto, é o período que medeia entre a publicação e a vigência de

uma lei. Seu objetivo é proporcionar um intervalo de tempo razoável para que as pessoas

tomem efetivo conhecimento da norma, tendo em vista que a população não possui o costume

de ler o diário oficial no seu café da manhã!

QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES

1. (CESPE 2011 AL/CE Analista Legislativo Direito) Lei de criação de autarquia estadual pode ser

proposta e encaminhada por iniciativa de deputado estadual.

2. (CESPE 2011 AL/ES Técnico Legislativo- ADAPTADA) O processo legislativo ordinário destina-

se à elaboração de leis ordinárias, de leis complementares e de leis delegadas.

3. (CESPE.DPE-DF.Defensor Público.2013) O projeto de lei aprovado nas comissões para as quais

tenha sido enviado, na forma e prazo regimentalmente estabelecidos, deve, necessariamente, seguir

para votação no plenário da respectiva Casa legislativa, pois o modelo constitucional brasileiro não

admite a aprovação de leis por meio de órgãos fracionários da Câmara dos Deputados ou do Senado

Federal.

4. (CESPE.Juiz.TRF1.2009-Adaptada) Quando o veto presidencial abarcar todo o projeto de lei, o

Congresso Nacional não poderá promover a rejeição parcial desse veto.

5. (CESPE.Analista.MJ.2013) Se, por iniciativa de um deputado federal, o Congresso Nacional aprovar

lei ordinária que insira dispositivo legal no texto da Lei n.º 8.112/1990, para criar gratificação

destinada a remunerar todos os servidores públicos que exerçam atividade em região de fronteira, o

presidente da República deverá sancionar a referida lei ordinária, tornando-a vigente a partir da sua

publicação, já que ela se encontra em conformidade com a Constituição Federal.

6. (CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão de Polícia Civil) A casa legislativa que concluir a votação

enviará o projeto de lei ao presidente da República, que, aquiescendo, o sancionará. Decorridas 48

horas, o silêncio do presidente importará sanção.

7. (CESPE - 2010 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) – Juiz - Adaptada) A CF veda a iniciativa popular para

desencadear processo legislativo destinado à edição de lei complementar.

8. (CESPE.Juiz.TJCE.2011) A iniciativa de leis em matéria tributária, por ter repercussão direta no

orçamento do ente federado, é privativa do chefe do Poder Executivo.

9. (CESPE.Procurador.AGU.2010) Pelo voto da maioria absoluta dos deputados e senadores, o veto

presidencial a projeto de lei poderá ser rejeitado. Em tal hipótese não haverá mais a participação do

presidente da República no processo legislativo, já que a subsequente promulgação ficará a cargo do

presidente do Senado Federal.

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10. (CESPE.AGU.2012) A competência para votar os projetos de lei é, em regra, dos plenários da

Câmara dos Deputados e do Senado Federal, mas as mesas diretoras das respectivas casas podem,

mediante decreto legislativo, outorgar às comissões permanentes, em razão da matéria de sua

competência, a prerrogativa de discutir, votar e decidir as proposições legislativas.

11. (CESPE.Diplomata.IRB.2012) A iniciativa das leis complementares e ordinárias pode ser exercida

tanto por parlamentares quanto por comissões da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do

Congresso Nacional, pelo presidente da República, pelo STF e tribunais superiores, pelo procurador-

geral da República e por cidadãos, na forma e nos casos previstos na CF.

12. (CESPE.SERPRO.Analista-Advocacia.2013) Segundo entendimento do STF, se uma comissão da

Câmara dos Deputados obtiver a aprovação de projeto de lei no Congresso Nacional que seria de

iniciativa privativa do presidente da República, a sanção presidencial do referido projeto não sanará o

vício de iniciativa.

13. (CESPE.TRT10.Analista Jud. Área Jud.2013) Considerando, por mera hipótese, que um deputado

federal apresentasse projeto de lei ordinária dispondo sobre a organização da Defensoria Pública da

União (DPU) e que tal proposição, depois de aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado Federal,

fosse encaminhada à sanção do presidente da República, julgue os itens que se seguem.

As leis que disponham sobre a organização da DPU são de iniciativa privativa do presidente da

República, de modo que o projeto de lei em questão seria inconstitucional por vício formal subjetivo.

14. (CESPE.Juiz.TRF5.2011-Adaptada) Apesar de não admitir o veto presidencial tácito, a CF admite

o denominado veto sem motivação, resguardando ao presidente da República a prerrogativa de

simplesmente vetar, sem explicar os motivos de seu ato.

15. (CESPE.Juiz.TRF3.2011) A matéria constante de projeto de lei rejeitado poderá constituir objeto

de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de

qualquer das Casas do Congresso Nacional.

16. (CESPE.IRB.Diplomata.2014) Pertence privativamente ao presidente da República a iniciativa das

leis que disponham sobre a criação de cargos, funções ou empregos públicos, bem como sobre o

aumento de remuneração, na administração direta e nas autarquias.

17. (CESPE.Juiz.TJAC.2011) Não se admite, nos projetos que versam sobre a criação e extinção de

ministérios e órgãos da administração pública, emenda parlamentar que gere aumento da despesa

prevista.

18. (CESPE.Juiz.TJ.ES.2011-Adaptada) A CF veda, completamente, a apresentação de emendas

parlamentares que representem aumento das despesas a projetos de lei de iniciativa exclusiva do chefe

do Poder Executivo.

19. (CESPE.Juiz.TJ.ES.2011-Adaptada) A criação de cargos e funções na administração direta e

autárquica, assim como o aumento da sua remuneração, somente pode ocorrer mediante lei de

iniciativa do presidente da República ou do Congresso Nacional.

20. (CESPE.Analista.Processual.MPU.2010) Como decorrência do princípio da simetria e do princípio

da separação dos poderes, as hipóteses de iniciativa reservada ao presidente da República, previstas na

Constituição Federal, não podem ser estendidas aos governadores.

21. (CESPE.Analista.MJ.2013) O processo legislativo compreende a elaboração, entre outros atos

normativos, das leis delegadas, das resoluções e das medidas provisórias.

22. (CESPE.Analista.MPU.2013) Promulgação é ato que incide sobre projeto de lei, transformando-o

em lei e certificando a inovação do ordenamento jurídico.

23. (CESPE - 2012 - PC-CE - Inspetor de Polícia – Civil) Em função do sistema de distribuição de

competências legislativas criado pela CF, há nítida superioridade hierárquica das leis federais sobre as

estaduais.

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24. (CESPE - 2012 - Câmara dos Deputados - Analista - Técnico em Material e Patrimônio) O

processo legislativo compreende a elaboração de emendas à Constituição, leis complementares, leis

ordinárias, leis delegadas e medidas provisórias. Os decretos legislativos e as resoluções — que tratam

de matérias de competência privativa do Senado Federal e da Câmara dos Deputados — são

considerados atos internos do Poder Legislativo, que não necessitam de sanção presidencial e, portanto,

não compõem o processo legislativo.

25. (CESPE - 2012 - Câmara dos Deputados - Analista - Técnico em Material e Patrimônio) São de

iniciativa privativa do presidente da República as leis que disponham sobre normas gerais para a

organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos estados, do Distrito Federal e dos

territórios.

26. (CESPE. Analista.TJDFT.2013) A matéria constante de projeto de lei rejeitado no Congresso

Nacional só pode ser objeto de novo projeto, na mesma legislatura, mediante proposta assinada pela

maioria absoluta dos membros de qualquer uma das Casas.

27. (CESPE - 2008 – OAB) Havendo veto do presidente da República a um projeto de lei, este será

submetido a votação inicialmente na Câmara dos Deputados, e, se o veto for mantido, será então

enviado ao Senado Federal.

28. (CESPE.Juiz.TRF2.2013) Nos casos em que o presidente da República, transcorrido o prazo de

quinze dias úteis do recebimento de projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional, não se

manifestar expressamente no sentido de sancionar ou de vetar o projeto, ocorrerá a sanção tácita, que

terá como fase seguinte a promulgação da lei.

29. (CESPE.Agente.PC.AL.2012) O processo legislativo ordinário ou comum, caracterizado pela sua

maior extensão, é o que se destina à elaboração das leis ordinárias e das leis complementares.

30. (CESPE - 2007 - TJ-TO – Juiz) Com relação ao processo legislativo, na forma da jurisprudência do

STF, assinale a opção correta.

a) A sanção presidencial ao projeto de lei de iniciativa parlamentar sobre matéria que demanda

iniciativa privativa do presidente da República supre a inconstitucionalidade formal inicial desse

projeto.

b) A matéria restrita à iniciativa do Poder Executivo não pode ser regulada por emenda constitucional

de origem parlamentar.

c) Lei estadual que conceda isenção tributária é de iniciativa privativa do governador.

d) Observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, a remuneração dos

servidores públicos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário é matéria reservada à iniciativa

privativa do chefe do Poder Executivo.

31. (CESPE - 2011 - TRF - 1ª REGIÃO – Juiz) O processo legislativo envolve a elaboração de várias

espécies normativas, entre as quais se incluem as leis delegadas, as medidas provisórias, os decretos e

os regulamentos.

32. (CESPE.Analista.CD.2012) A matéria constante de projeto de lei rejeitado não pode constituir

objeto de novo projeto na mesma sessão legislativa.

33. (CESPE/Técnico.TCE.TO.2008) Não haverá vício formal em projeto de lei ordinária, de iniciativa

parlamentar, que vise disciplinar a aposentadoria dos servidores públicos.

34. (CESPE/OAB-SP exame n. 135/2008) São de iniciativa privativa do presidente da República as leis

que disponham sobre criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta.

35. (CEPE.TC-DF.Procurador.2013) Os projetos de lei de iniciativa reservada, como os que dispõem

sobre a organização dos serviços administrativos dos tribunais federais e do MP, não admitem a

apresentação de emenda parlamentar.

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36. (CESPE/OAB-SP exame no 135/2008) São de iniciativa privativa do presidente da República as

leis que disponham sobre normas gerais para a organização do Ministério Público e do Poder Judiciário

dos estados, do Distrito Federal e dos territórios.

37. (CESPE - 2011 - TJ-PB – Juiz) O veto que o presidente da República apõe a projeto de lei pode ser

total ou parcial, devendo, neste caso, abranger texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de

alínea.

38. (CESPE - 2005 - TRT-16R - Analista Judiciário - Área Judiciária) São de iniciativa privativa do

presidente da República as leis que disponham sobre a organização do Ministério Público e da

Defensoria Pública da União, bem como as normas gerais para a organização do Ministério Público e

da Defensoria Pública dos estados, do DF e dos territórios.

39. (CESPE - 2005 - TRT-16R - Analista Judiciário - Área Judiciária) Terão início no Senado Federal,

por ser considerada a Câmara Alta, as discussões e votações dos projetos de lei de iniciativa do

presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores.

40. (CESPE.Papiloscopista.PC.TO.2008) Se o veto for apreciado pelo Congresso Nacional no prazo de

quinze dias a contar de seu recebimento, ele só poderá ser rejeitado pelo voto de dois terços dos

deputados e senadores.

41. (CESPE - 2011 - PC-ES – Delegado) A iniciativa para elaboração de leis complementares e

ordinárias constitui exemplo da denominada iniciativa concorrente.

42. (CESPE - 2010 - DPU - Defensor Público) Considere que o chefe do Poder Executivo tenha

apresentado projeto de lei ordinária que dispõe sobre a remuneração de servidores públicos. Nesse

caso, não se admite emenda parlamentar ao projeto para aumento do valor da remuneração proposto.

(Texto para as questões 43 e 44) Considere-se que o presidente da República tenha vetado

integralmente um projeto de lei, que retornou ao Congresso Nacional, com as razões do veto. Nessa

situação, é correto dizer que,

43. (CESPE.Papiloscopista.PC.TO.2008) Se o veto não for mantido, o projeto de lei será enviado, para

promulgação, ao presidente da República, que, nesse caso, não poderá mais optar por sancioná-lo ou

novamente vetá-lo.

44. (CESPE.Papiloscopista.PC.TO.2008) Se o veto for mantido, o projeto de lei será arquivado, não

havendo possibilidade de esse mesmo veto ser reanalisado por parte do Poder Legislativo.

45. (CESPE - 2010 - AGU – Procurador) Nos projetos orçamentários de iniciativa exclusiva do

presidente da República são admitidas, em caráter excepcional, emendas parlamentares que impliquem

aumento de despesas.

46. (CESPE Analista Jud Área Adm TRE MT 2010) Decorrido o prazo de quinze dias para o exame do

projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional, o silêncio do presidente da República importará veto,

em razão da impossibilidade de ocorrer sanção tácita.

47. (CESPE.TCE/PB/2006) O Presidente da República vetou determinado projeto de lei ordinária de

iniciativa do Senado Federal, por entendê-lo contrário ao interesse público. Entretanto, o veto foi

rejeitado e a lei enviada ao Chefe do executivo federal que, se não promulgá-la dentro do prazo de

a) 5 (cinco) dias, o Presidente da Câmara dos Deputados a promulgará e, se este se omitir, caberá ao

Presidente do Senado fazê-lo no mesmo prazo.

b) 15 (quinze) dias, ocorrerá a promulgação tácita e com eficácia imediata.

c) até 30 (trinta) dias, caberá ao Vice-Presidente da República fazê-lo dentro de igual prazo.

d) 48 (quarenta e oito) horas, o Presidente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual

prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo.

e) 72 (setenta e duas) horas, será processado, perante o Congresso Nacional, por crime de

responsabilidade.

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48. (CESPE/Analista - TCE-TO/2008) A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à

Câmara dos Deputados de projeto de emenda à Constituição subscrito por, no mínimo, 1% do

eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de

cada um deles.

49. (CESPE/AGU/2009) Não há veto ou sanção presidencial na emenda à Constituição, em decretos

legislativos e em resoluções, nas leis delegadas, na lei resultante da conversão, sem alterações, de

medida provisória.

50. (CESPE - 2009 - TCE-AC - Analista de Controle Externo) Segundo a CF, emenda constitucional

disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.

51. (TRF2/2007- Adaptada) O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto pela outra, em um só

turno de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou

arquivado, se o rejeitar.

52. (CESPE.Analista.CD.2012) Via de regra, em cada Casa do Congresso Nacional, assim como nas

suas comissões, estando presente a maioria absoluta de seus membros, as deliberações serão tomadas

por maioria dos votos.

53. (CESPE.MJ.Todos os cargos.2013) Se, por iniciativa de um deputado federal, o Congresso

Nacional aprovar lei ordinária que insira dispositivo legal no texto da Lei n.º 8.112/1990, para criar

gratificação destinada a remunerar todos os servidores públicos que exerçam atividade em região de

fronteira, o presidente da República deverá sancionar a referida lei ordinária, tornando-a vigente a

partir da sua publicação, já que ela se encontra em conformidade com a Constituição Federal.

54. (CESPE.PF.Delegado.2013) A iniciativa das leis ordinárias cabe a qualquer membro ou comissão

da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, bem como ao presidente da

República, ao STF, aos tribunais superiores, ao procurador - geral da República e aos cidadãos. No que

tange às leis complementares, a CF não autoriza a iniciativa popular de lei.

55. (CESPE.DPE-DF.Defensor Público.2013) Como regra, compete ao Congresso Nacional dispor

sobre a criação, transformação ou extinção de cargos, empregos ou funções públicas, mesmo que a

iniciativa para sua proposição seja do Poder Judiciário ou do chefe do Poder Executivo.

56. (CESPE.TC-DF.Analista Adm.TI.2014) O veto do presidente da República a projeto de lei será

apreciado em sessão unicameral, somente podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos

congressistas.

57. (CESPE.PC-DF.Agente de Polícia.2013) Terá sempre início na Câmara dos Deputados a votação

dos projetos de lei de iniciativa popular, das medidas provisórias e dos projetos de lei de iniciativa do

presidente da República, do STF e dos tribunais superiores.

58. (CESPE.PC-DF.Agente de Polícia.2013) A iniciativa popular de lei pode ser exercida tanto no que

tange às leis complementares como às leis ordinárias.

59. (CESPE.SEGESP-AL.Papiloscopista.2013) Ainda que um veto tenha sido rejeitado pelo

Congresso Nacional, o presidente da República deverá promulgar a lei.

60. (CESPE.PC-DF.Escrivão.2013) Como regra, as deliberações de cada casa do Congresso Nacional e

de suas comissões serão tomadas por maioria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros.

Gabarito: 1-E 21-C 41-C

2-E 22-E 42-C

3-E 23-E 43-C

4-E 24-E 44-C

5-E 25-C 45-C

6-E 26-E 46-E

7-E 27-E 47-D

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8-E 28-C 48-E

9-E 29-E 49-C

10-E 30-B 50-E

11-C 31-E 51-C

12-C 32-E 52-C

13-C 33-E 53-E

14-E 34-C 54-E

15-C 35-E 55-C

16-C 36-E 56-E

17-C 37-C 57-C

18-E 38-C 58-C

19-E 39-E 59-C

20-E 40-E 60-C

Aula 11

Pontos do edital enfrentados neste material: Processo legislativo: arts. 60, 62, 64, 68 e 69 da CF/88.

1. Emendas à Constituição Federal (art. 60 da CF)

Subseção II

Da Emenda à Constituição

Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:

I – de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado

Federal;

II – do Presidente da República;

III – de mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação,

manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

§ 1.º – A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal,

de estado de defesa ou de estado de sítio.

§ 2.º – A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em

dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos

respectivos membros.

§ 3.º – A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos

Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

§ 4.º – Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:

I - a forma federativa de Estado;

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

III - a separação dos Poderes;

IV - os direitos e garantias individuais.

§ 5.º – A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por

prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa.

1.1. Introdução

As emendas à Constituição consistem em uma espécie de poder constituinte derivado

reformador e promovem alterações pontuais na CF/88, por meio de normas dotadas da mesma

hierarquia da Constituição originária.

Para melhor compreendermos as emendas constitucionais, precisamos estudar o

quadro do poder constituinte no Brasil, a fim de contextualizar o poder de reforma da

Constituição de 1988 e seus limites de atuação.

A principal manifestação da soberania de um povo reside na prerrogativa de ele

estabelecer, em uma constituição, as bases políticas, sociais e jurídicas fundamentais sob as

quais deseja viver. O poder de elaborar essas normas constitucionais é doutrinariamente

denominado de poder constituinte, o qual se divide em:

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a) poder constituinte originário (PCO), que é o poder de elaborar as normas de uma

nova constituição, a exemplo do que ocorreu na assembleia nacional constituinte de

1987/1988;

b) poder constituinte derivado (PCD), que é o poder de alterar (PCD reformador) ou

de complementar (PCD decorrente) uma constituição já existente.

O PCD decorrente associa-se à forma federativa de Estado e permite que os entes

federados elaborem as suas próprias constituições (no caso do DF, a LODF), a fim de

complementar a Carta Federal e de adequá-la às realidades regionais. No Brasil, o PCD

decorrente é o poder que os estados-membros e o DF possuem de estabelecer as suas próprias

organizações políticas e administrativas fundamentais em constituições estaduais e na Lei

Orgânica do DF (art. 25 da CF/88 e art. 11 do ADCT).

Já o PCD reformador consiste na possibilidade de se alterar o texto da Constituição

originária de 1988, no intuito de atualizar a sua obra e permitir que ela acompanhe a evolução

dos fatos sociais e se adapte aos novos anseios e aspirações populares, sem que, para tanto,

seja necessário recorrer à revolução e à elaboração de uma nova constituição pelo poder

constituinte originário.

1.2. Processo legislativo das emendas constitucionais

O art. 60 da CF/88 traz para as emendas à Constituição um processo legislativo

especial, solene e mais dificultoso do que o previsto para as leis ordinárias, revelando a

rigidez da Carta Política de 1988.

Não é demais lembrar que é essa rigidez que garante a superioridade e a supremacia

(jurídica ou formal) da CF/88, pois a maior dificuldade da aprovação de uma emenda à

Constituição em relação às leis infraconstitucionais (ordinárias, complementares, etc.) revela

a impossibilidade de as leis alterarem as normas da CF/88, o que abre espaço para a

realização de controle de constitucionalidade das leis e das emendas constitucionais que

violem as normas da CF/88 ou o procedimento solene de reforma constitucional.

Considerando a sua grande incidência nas provas dos concursos públicos, façamos

uma análise detida do processo de elaboração das emendas à CF/88.

1.3. Iniciativa legislativa

Nos termos do art. 60 da CF, a iniciativa legislativa da PEC é concorrente entre:

a) o presidente da República;

b) um terço, no mínimo, dos 513 deputados federais (171 deputados) ou dos 81

senadores (27 senadores);

c) mais da metade das assembleias legislativas das unidades da Federação,

manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.

Tendo em vista que o Estado Federativo brasileiro é formado atualmente por vinte e

sete unidades federadas, a apresentação da PEC, nesse caso, depende da iniciativa de quatorze

assembleias estaduais ou 13 delas mais a Câmara Legislativa do DF.

Essa hipótese funciona da seguinte forma: cada Legislativo estadual aprova um

decreto legislativo no âmbito de sua casa, em um turno de discussão e votação e pela maioria

simples dos seus membros, cujo objeto consiste na concordância da apresentação de uma

proposta de emenda constitucional (PEC) no Congresso Nacional. Com a aprovação de pelo

menos quatorze Legislativos estaduais, a PEC já pode ser protocolada nas Casas do

Congresso Nacional, devidamente instruída com os decretos legislativos estaduais ou do DF

autorizadores de sua apresentação. Como podemos constatar, os municípios não podem

propor alterações à CF/88.

1.4. Deliberação parlamentar A primeira questão a ser enfrentada refere-se à Casa Legislativa em que a PEC deve

ser protocolada pelos legitimados do art. 60, caput, da CF/88. Nesse ponto, não há dúvida de

que um terço dos deputados federais deve iniciar a sua PEC na Câmara dos Deputados e um

terço de senadores, no Senado Federal. Porém, a incerteza persiste em relação ao presidente

da República e à maioria das assembleias legislativas.

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Segundo o melhor entendimento, enquanto um terço de deputados ou de senadores

propõe as suas PECs nas respectivas Casas Legislativas, o presidente da República e a

maioria das assembleias legislativas podem propor a sua PEC no Senado Federal ou na

Câmara dos Deputados, indistintamente.

Superada essa questão, passamos à análise da discussão e da votação da proposta de

emenda à CF/88. Nos termos do art. 60, § 2.º, a PEC será discutida e votada, em cada Casa do

Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver três quintos dos

votos dos respectivos membros.

A existência de quatro votações (duas na Câmara e duas no Senado) e o quorum de

votação de três quintos são evidências da rigidez da CF/88.

1.5. Primeira e segunda Casas na tramitação da PEC

No processo legislativo da PEC, a doutrina não se refere a uma deliberação inicial ou

principal e outra acessória ou revisional, como acontece no processo legislativo das leis

ordinárias.

Quando estudamos o processo legislativo ordinário, vimos que, aprovado o PL com

emendas de mérito na Casa Revisora, ele volta à Casa Iniciadora para apreciação exclusiva

dessas emendas.

Rejeitadas as emendas da Casa Revisora, o PL será encaminhado ao presidente da

República com a redação dada ao projeto pela Casa Iniciadora, vez que as emendas aprovadas

na Revisora foram rejeitadas.

Em resumo, essa é a predominância da Casa Iniciadora sobre a Revisora no processo

legislativo ordinário: no caso de a Iniciadora rejeitar as emendas apresentadas pela Revisora,

aquela encaminhará o “seu texto” ao chefe do Executivo, para o fim de sanção ou veto, o que

evidencia que a deliberação revisional tem um papel menor em relação à deliberação inicial

ou principal no processo de elaboração das leis ordinárias.

Pois bem. No processo legislativo da PEC, a sistemática é diferente e não se fala em

Casa Iniciadora e Revisora (mas em primeira e segunda Casa), tampouco predominância

daquela sobre esta.

Na tramitação da PEC, se a segunda Casa aprova alterações de mérito ao texto da

primeira Casa, esta receberá o texto modificado como nova PEC, devendo apreciar toda a

proposição, e não apenas as emendas da segunda Casa. Esse sistema (denominado por alguns

de “sistema pingue-pongue”) exige que o mesmo texto seja aprovado pelas duas Casas

Legislativas do Congresso, para que a PEC seja considerada aprovada e venha a ser

posteriormente promulgada e publicada.

Daí a doutrina afirmar que, na tramitação da PEC, não existe Casa Revisora e

Iniciadora, uma vez que a segunda Casa a votar (quer a Câmara, quer o Senado) não atua

como simples revisora da anterior, mas recebe o texto aprovado na Casa anterior e o trata

como proposta nova, reiniciando o processo legislativo.

Com isso, ao receber emendas de mérito na segunda Casa, a PEC volta para ser

totalmente reapreciada na primeira. Realizadas novamente alterações de mérito nesta Casa, a

PEC retorna à segunda Casa (e assim segue indefinidamente), até que as duas Casas

concordem com o mesmo texto normativo, quando, então, a PEC estará pronta para a

promulgação.

Da mesma forma como registramos no processo legislativo ordinário, a

jurisprudência do STF entende que apenas as emendas de mérito, que são aquelas que

propõem a alteração substancial de alguma norma da proposição legislativa, provocam a

necessidade de que a PEC seja reapreciada pela outra Casa Legislativa (ADI 2.666/DF e ADC

3/DF). Se as emendas forem meramente de redação ou de algum modo não alterem o sentido

da norma, a PEC não precisa retornar à outra Casa e já pode passar à fase da promulgação,

caso tenha sido aprovada por três quintos dos respectivos parlamentares em ambas as Casas

do Congresso Nacional.

1.6. Promulgação

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Nos termos do art. 60, § 3.º, da CF/88, a PEC será promulgada pelas Mesas da

Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem.

A primeira observação a ser feita é que as emendas à CF/88 possuem uma numeração

própria e distinta daquelas previstas para as demais espécies normativas (lei ordinária,

complementar, delegada, etc.).

A segunda refere-se ao fato de que a PEC não se submete a sanção ou veto

presidencial, tampouco é promulgada pelo presidente da República.

Depois de sua aprovação no Congresso Nacional (em dois turnos e mediante o voto

de três quintos dos parlamentares), a PEC será promulgada diretamente pelas Mesas da

Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o seu respectivo número de ordem (ex.:

Emenda à Constituição n.º 77/14).

Partindo dessas informações, podemos concluir que o presidente da República não

sanciona ou promulga a PEC, mas participa do seu processo legislativo no momento da

iniciativa da proposta de emenda à Constituição (CF, art. 60, II).

1.7. Princípio da irrepetibilidade na PEC

A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não

pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (CF, art. 60, § 5.º).

Primeiramente, devemos esclarecer que a PEC é:

a) rejeitada, quando ela não consegue alcançar a votação favorável de três quintos dos

deputados ou dos senadores em qualquer um dos dois turnos de discussão e votação em cada

Casa Legislativa;

b) prejudicada, por exemplo, quando for idêntica a outra PEC que já tenha sido

aprovada ou rejeitada, na mesma sessão legislativa (art. 163, I, do RICD).

O art. 60, § 5.º, determina que a matéria constante de PEC rejeitada ou declarada

prejudicada não pode ser objeto de nova PEC na mesma sessão legislativa.

1.8. Limites circunstanciais dos estados de sítio e de defesa e da intervenção

federal

Ao analisarmos o procedimento legislativo rígido da PEC, previsto no art. 60, caput e

parágrafos 2.º, 3.º e 5.º, acabamos por estudar os limites procedimentais ou formais impostos

pelo poder constituinte originário ao poder constituinte derivado reformador de emenda

constitucional.

Ocorre que a Constituição originária de 1988 ainda previu limites materiais, que são

as denominadas cláusulas pétreas (CF, art. 60, § 4.º), objeto do tópico seguinte, e os limites

circunstanciais, previstos no art. 60, § 1.º.

Por este último, a CF/88 não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal

(CF, arts. 34 a 36), de estado de defesa (CF, art. 136) ou de estado de sítio (CF, art. 137).

Os limites circunstanciais, como o próprio nome indica, proíbem a reforma da CF/88

em circunstâncias excepcionais, tendo em vista que o estado de comoção nacional ou de

calamidade pública dificulta a livre deliberação parlamentar e pode levar à introdução de

normas descabidas na Carta da República.

Para a melhor doutrina (Luiz Alberto David Araújo), as decretações pelo presidente

da República do estado de sítio, do estado de defesa e da intervenção federal impedem não

apenas a votação da PEC, mas suspendem a sua própria tramitação.

Assim, na vigência de estado de sítio, estado de defesa ou de intervenção federal, é o

próprio processo legislativo da PEC que fica totalmente prejudicado (e não apenas a sua

votação), razão pela qual ficam suspensas as tramitações das propostas de emenda

constitucional enquanto perdurarem tais situações de anormalidade.

1.9. Cláusulas pétreas Partindo do pressuposto de que a reforma constitucional por meio da emenda ou da

revisão não pode romper com o sistema essencial de valores da Constituição originária é que

o PCO estabelece as cláusulas pétreas, cláusulas de eternidade, núcleo duro, intangível ou de

identidade da Constituição, as quais representam os valores fundamentais que não podem ser

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suprimidos pelo poder de reforma constitucional, sob pena de violação do núcleo essencial do

projeto da Constituição originária.

1.9.1. Amplitude da proteção das cláusulas pétreas Dispõe o art. 60, § 4.º, da CF/88 que “não será objeto de deliberação a proposta de

emenda tendente a abolir...”.

O primeiro aspecto a ser ressaltado é que a CF/88 proíbe não apenas a aprovação e a

publicação de emenda constitucional contrária às cláusulas pétreas, mas a própria deliberação

parlamentar sobre a PEC. A partir dessa realidade, o STF admite que o parlamentar impetre

mandado de segurança, a fim de assegurar o seu direito líquido e certo de não ser obrigado a

discutir e votar uma proposição legislativa contrária às cláusulas pétreas e, consequentemente,

o direito de impedir o seu trâmite legislativo. O segundo aspecto a ser ressaltado refere-se à expressão tendente a abolir as cláusulas

pétreas. Nesse ponto reside a principal questão acerca da abrangência e do alcance do núcleo

de identidade da CF/88.

Por um lado, observamos que não ofende as cláusulas pétreas apenas uma emenda à

CF/88 que determine a completa extinção do Estado federativo, do princípio da separação dos

Poderes, do voto ou dos direitos e garantias individuais, pois afronta o núcleo inegociável da

CF/88 qualquer emenda que tenda a abolir, que viole a essência de um desses postulados.

Por exemplo, uma PEC que transfira a competência tributária do IPTU dos

municípios para a União (ou que de alguma outra forma acentue a já centralizada Federação

brasileira) viola a cláusula pétrea do pacto federativo, por restringir indevidamente a

autonomia municipal, e deve ser declarada inconstitucional. O mesmo ocorre com uma PEC

que tenda a abolir a harmonia ou a independência entre os poderes, que atente contra o voto

direto, secreto, universal e periódico ou que restrinja indevidamente os direitos e garantias

individuais.

Por outro lado, registramos que as cláusulas pétreas não impedem que as normas

constitucionais sobre a Federação brasileira, sobre a separação dos Poderes ou sobre os

direitos individuais sejam modificadas por emendas constitucionais (ex.: as ECs n.º 5/95,

15/96 e 46/04 alteraram dispositivos da Federação brasileira). Na verdade, a expressão

“cláusulas pétreas” ou “cláusulas de eternidade” nos induz a erro, pois os artigos da CF/88

que tratam das matérias que fazem parte do núcleo duro da Constituição não são

imodificáveis, mas apenas não podem ser restringidos indevidamente para que não haja

alteração substancial da identidade da CF/88.

Em outras palavras, as cláusulas pétreas não exigem que determinados artigos da

CF/88 sejam imutáveis, mas apenas proíbem a alteração que os restrinja indevidamente, que

viole o núcleo essencial dos seus preceitos. Na lição de Noêmia Porto, “as denominadas

‘cláusulas pétreas’ não significam artigos específicos da Constituição que não podem ser

emendados, mas ‘ideias’ constitucionais que não podem ser vulneradas”.

Assim, deve o intérprete da Constituição analisar, em cada caso concreto, se a PEC

atinge a essência da separação de poderes, do pacto federativo, do voto direto, secreto,

universal e periódico ou dos direitos e garantias individuais previstos na CF/88, o que, na

maioria das vezes, revela ser uma tarefa das mais difíceis.

1.9.2. Cláusulas pétreas implícitas

Os limites materiais ao poder de reformar a CF/88 (como já visto, denominados de

cláusulas pétreas) são de duas ordens: expressos ou explícitos (CF, art. 60, § 4.º) e implícitos

ou inerentes. Trataremos aqui apenas das cláusulas pétreas implícitas, tendo em vista que as

cláusulas pétreas expressas encontram-se facilmente identificadas no art. 60, § 4º, da CF/88.

As cláusulas pétreas implícitas referem-se a conteúdos que, por razões lógicas, não

podem ser restringidos indevidamente pelo PCD reformador, sob pena de este atuar

indevidamente como PCO. São elas:

a) o titular do PCO (i.e., o povo), pois o PCD reformador não pode alterar a

titularidade do poder que criou o próprio poder de reforma constitucional;

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b) o titular do PCD reformador (o Congresso Nacional). Perceba, caro aluno, que os

limites materiais implícitos decorrem de alterações proibidas à emenda constitucional não por

expressa previsão da CF/88, mas pela lógica. Até agora, os limites implícitos vedam, por

exemplo, que uma PEC proponha a alteração da titularidade do PCO do povo para uma Junta

Militar ou da titularidade do PCD reformador do Congresso Nacional para o presidente da

República;

c) as normas que trazem os limites expressos (art. 60 da CF/88 e art. 3.º do ADCT). Já

afirmamos linhas atrás que é o PCO que estabelece os limites e os procedimentos pelos quais

uma constituição pode ser alterada, não podendo o PCD reformador subverter essas regras,

sob pena de atuar indevidamente como PCO. É por essa razão que a revisão constitucional

(art. 3.º do ADCT) não pode ser ressuscitada e a rigidez prevista no art. 60 da CF/88 não pode

ser abolida: esses procedimentos e limites foram estabelecidos pelo PCO e não podem ser

livremente dispostos pelo PCD reformador.

2. Regime de urgência constitucional (art. 64 da CF)

Art. 64 [...]

§ 1.º – O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de

projetos de sua iniciativa.

§ 2.º – Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal não se

manifestarem sobre a proposição, cada qual sucessivamente, em até quarenta e cinco dias,

sobrestar-se-ão todas as demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção

das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ultime a votação.

§ 3.º – A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara dos Deputados far-

se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao mais o disposto no parágrafo anterior.

§ 4.º – Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do Congresso

Nacional, nem se aplicam aos projetos de código.

A Constituição Federal, como regra, não estipulou prazos para que o Congresso

nacional delibere sobre as proposições legislativas. Desse modo, com a ressalva dos prazos

fixados nos regimentos internos de cada Casa Legislativa (ex.: prazo para a comissão

parlamentar proferir o seu parecer), a CF/88 não fixa limite de tempo para que um projeto de

lei tramite no Congresso Nacional. Não é raro, inclusive, que uma proposição demore anos, às

vezes, décadas até que seja definitivamente aprovada pelo Poder Legislativo (vide o atual

Código Civil brasileiro, aprovado em 2002 e cujo projeto original remonta a 1975).

Há, porém, uma exceção prevista nos parágrafos do art. 64 da CF/88, conhecida

como regime de urgência constitucional ou processo legislativo sumário (Alexandre de

Moraes).

O chefe do Poder Executivo, por óbvio, não é obrigado a encaminhar os seus projetos

de lei sob o regime de urgência constitucional, cuja incidência depende de expressa

solicitação do presidente da República. Na ausência de pedido, os projetos de lei de sua

iniciativa submetem-se ao trâmite normal.

Porém, havendo essa solicitação de urgência, a doutrina majoritária considera tal

pedido irrecusável, sendo desnecessária a sua deliberação pelos parlamentares, pois o regime

de urgência constitucional seria uma consequência automática da solicitação do chefe do

Poder Executivo.

Em regra, o pedido de urgência constitucional é feito na mensagem presidencial que

encaminha a proposição legislativa, mas nada impede ele seja solicitado em qualquer

momento da tramitação do projeto de lei na Câmara ou no Senado (v. art. 204, § 1.º, do

RICD). Nesse caso, os prazos de quarenta e cinco dias ou de dez dias, previstos nos

parágrafos do art. 64 da CF/88, começam a correr da data do recebimento do pedido de

urgência.

É possível, ainda, que o presidente da República cancele o pedido de urgência,

quando, então, cessam os seus efeitos procedimentais, entre eles, a contagem de prazos e o

trancamento da pauta do Plenário da Casa Legislativa em que estiver tramitando.

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Finalmente, registre-se que não devemos confundir a urgência constitucional com as

urgências previstas nos regimentos internos das Casas Legislativas (ex.: arts. 153 a 157 do

RICD), as quais possuem outros prazos e regimes de tramitação (ex.: a maioria deles resulta

de um requerimento parlamentar que depende de deliberação do Plenário), a exemplo da

chamada “urgência urgentíssima” ou procedimento legislativo sumariíssimo.

2.1. Peculiaridades da tramitação da urgência constitucional

O projeto de lei submetido ao regime de urgência constitucional apresenta as mesmas

regras do procedimento legislativo ordinário, ao menos sob a ótica constitucional (exs.:

limites ao oferecimento de emendas parlamentares, regras do sistema bicameral, sanção e

veto, promulgação, publicação, princípio da irrepetibilidade, previstos nos arts. 63 e 65 a 67

da CF/88), com a única diferença que existem prazos para que as Casas Legislativas

deliberem sobre o projeto.

Nesse sentido, a Câmara dos Deputados tem o prazo de quarenta e cinco dias para

votar definitivamente o PL submetido a regime de urgência constitucional, sob pena de

sobrestamento da pauta do Plenário da Câmara em relação a todas as demais deliberações

legislativas, com exceção das que tenham prazo constitucional determinado (CF, art. 64, §

2.º).

Tendo em vista que o veto presidencial possui prazo constitucional determinado, mas

é apreciado em sessão conjunta do Congresso Nacional, e não em sessão privativa de cada

Casa (CF, art. 66, § 4.º), entendemos que a única exceção a que se refere o art. 64, § 2.º, da

CF/88 é a da medida provisória (CF, art. 62).

Assim, ultrapassado o prazo de 45 dias sem que a Câmara dos Deputados tenha

ultimado a votação do PL submetido a esse regime de urgência, sobrestar-se-ão todas as

demais deliberações legislativas da Câmara, com exceção das medidas provisórias (as quais

poderão ser votadas antes do PL que esteja promovendo esse trancamento de pauta).

No Senado Federal, a realidade se repete com a contagem de novo prazo de quarenta

e cinco dias, sob pena de sobrestamento da pauta do Plenário do Senado, com a exceção das

MPs. Caso haja emendas apresentadas no Senado Federal, a Câmara dos Deputados terá o

prazo de 10 dias para apreciá-las, com a possibilidade de ocorrer o mesmo trancamento de

pauta acima mencionado.

Considerando a jurisprudência consolidada do STF no sentido de que apenas as

emendas de mérito, i.e., emendas que alterem o sentido, o conteúdo normativo da proposição

original, aprovadas pela Casa Revisora provocam a remessa do PL à Casa Iniciadora (STF,

ADI 2.238/DF-MC), registramos que a aprovação de simples emendas de redação pelo

Senado Federal não suscitam o retorno do PL à Câmara dos Deputados para análise dessas

emendas, por força do parágrafo único do art. 65 da CF/88, sendo possível a sua remessa

imediata ao presidente da República para sanção ou veto.

A urgência constitucional encontra-se regulada nos arts. 375 do RISF e 204 e 139, IV,

do RICD. Sem a pretensão de esgotar as observações regimentais da tramitação do PL sob

esse regime de urgência, salientamos, como aspectos mais relevantes, que o PL tramitará

simultaneamente nas comissões parlamentares, e não sucessivamente em cada comissão como

ocorre na tramitação comum.

Findo o prazo para que as comissões profiram o seu parecer, o presidente da Casa

determina a remessa do PL ao Plenário para inclusão na Ordem do Dia, ocorrendo o

trancamento da pauta do Plenário, salvo MPs, a partir do 46.º dia de sua tramitação na Casa.

Ainda, o art. 64, § 4.º, da Constituição Federal dispõe que:

a) o processo legislativo sumário não pode ser utilizado para projetos de código.

Com toda a razão, projetos de código (i.e., que tratam de um tema da maneira mais

ampla possível, abordando diversos aspectos de uma mesma matéria – exs.: Estatuto da

Criança e do Adolescente, Estatuto do Idoso, Código Civil) não podem submeter-se aos

prazos exíguos do processo legislativo sumário (v. art. 205, § 8.º, do RICD).

b) os prazos do regime de urgência constitucional não correm nos períodos de recesso

do Congresso Nacional, i.e., durante os períodos de 18 a 31/07 e de 23/12 a 1.º/02.

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Observe-se que, como regra geral, o procedimento legislativo sumário não poderá

ultrapassar os 100 dias (45 + 45 + 10). Porém, como esses prazos não contam nos períodos de

recesso parlamentar, é plenamente possível que o PL tramite no Congresso Nacional por mais

tempo, ainda que submetido ao referido regime de urgência.

Havendo convocação extraordinária do Congresso (CF, art. 57, § 6.º), o prazo só

volta a correr se, na pauta da convocação, estiver incluído o PL em regime de urgência. Caso

contrário, os prazos continuam suspensos. Finalizamos a explanação da urgência constitucional com um exemplo prático.

Imagine que um PL ingressa na Câmara dos Deputados em 1.º de novembro de determinado

ano, a partir da iniciativa do presidente da República, o qual solicita urgência em sua

apreciação.

A Câmara possui 45 dias para apreciação desse PL (prazo que finda em 16/12), sob

pena de sobrestamento de todas as deliberações normativas da Casa, salvo medidas

provisórias.

Considere que, em 1.º/12, a Câmara aprovou o PL e este chegou no Senado Federal

no dia 03/12. A partir daí, o Senado possui mais 45 dias para deliberar sobre o projeto, sob

pena do mesmo sobrestamento, salvo MPs.

Suponha que, no dia 22/12, último dia da sessão legislativa ordinária, o PL ainda não

havia sido votado no Senado. O prazo de 45 dias, então, é suspenso e apenas recomeça a fluir

no dia 02/02 do ano seguinte, quando ocorre a abertura da próxima sessão legislativa

ordinária.

Aprovado o PL no Senado Federal com emendas de mérito, o projeto volta à Câmara

para nova deliberação das emendas no prazo de 10 dias, sob pena de ocorrer o mesmo

sobrestamento supracitado. Deliberadas as emendas do Senado na Câmara, segue o PL para a

sanção ou veto do presidente da República, nos termos do art. 66 da CF/88.

Jurisprudência

1) A existência no Congresso Nacional de PL submetido à urgência do art. 64 da CF

não impede a edição de medida provisória sobre a mesma matéria: “Medida provisória: (...)

edição na pendência, em regime de urgência, de projeto de lei sobre matéria de iniciativa

presidencial. (...) A circunstância de a MP 296/1991 ter sido baixada no curso do processo

legislativo, em regime de urgência (...), sobre projeto de iniciativa presidencial abrangendo a

matéria por ela regulada, não ilide, por si só, a possibilidade constitucional da sua edição”

(ADI 525‑MC).

3. Leis delegadas (art. 68 da CF)

Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da República, que deverá

solicitar a delegação ao Congresso Nacional.

Prevista no art. 68 da Carta Federal, a lei delegada (LD) é um ato normativo primário

(e, portanto, no mesmo nível hierárquico da lei complementar e da lei ordinária) elaborado e

editado pelo presidente da República (PR), mediante delegação por ele solicitada ao

Congresso Nacional (CN) e entregue de modo parcial, temporário e condicionado.

Apesar de a regra no âmbito do princípio da separação dos Poderes ser a

indelegabilidade, i.e., um Poder não pode delegar as suas funções típicas a outro, a LD

representa uma exceção legítima a essa regra por ter sido concebida pelo constituinte

originário de 1988. Registramos, ainda, que a LD é instrumento típico do sistema

parlamentarista, pelo qual o parlamento delega ao governo o poder de editar regras jurídicas

novas.

Finalmente, observe-se que os estados-membros e os municípios podem adotar a LD

nas suas constituições estaduais e leis orgânicas municipais, desde que sigam o modelo

federal. Por exemplo, a Constituição do glorioso estado de Minas Gerais prevê a LD no seu

art. 72.

3.1. Limites materiais à edição de lei delegada

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§ 1.º – Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso

Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a

matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre:

I – organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus

membros;

II – nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;

III – planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

As leis delegadas assemelham-se às medidas provisórias pelo fato de ambas serem

instrumentos típicos do parlamentarismo e constituírem atos normativos primários elaborados

pelo Presidente da República.

Outro ponto em comum é que a CF/88 previu limitações materiais à edição desses

atos normativos, i.e., proibiu que a LD e a MP regulamentem determinados assuntos.

O art. 68, § 1.º, da CF prevê as matérias que não podem ser objeto de LD. São elas:

a) os atos de competência exclusiva do CN (art. 49), da Câmara dos Deputados (art.

51) ou do Senado Federal (art. 52 e art. 155, §§ 2.º e 6.º);

b) a matéria reservada à lei complementar;

c) a legislação sobre:

c.1) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia

de seus membros;

c.2) nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais;

c.3) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

Observe-se que essas limitações materiais à edição de LD são apenas semelhantes,

mas não coincidentes com as matérias que não podem ser objeto de MP, previstas no art. 62,

§ 1.º, da CF/88.

As diferenças entre as duas limitações materiais podem ser resumidas assim:

1.º) LD não pode versar sobre direitos individuais (que são os direitos do art. 5.º da

CF/88), impedimento que não existe para a MP;

2.º) toda a matéria orçamentária é vedada à LD, enquanto a MP não pode dispor sobre

orçamento, salvo créditos extraordinários (CF, art. 62, § 1.º, I, d);

3.º) direito penal, processual penal e processual civil, detenção ou sequestro de

poupança e demais ativos financeiros e matéria já disciplinada em projeto de lei aprovado

pelo CN e pendente de sanção ou veto do PR são temas vedados à MP (art. 62, § 1.º, I, b, II e

IV), mas não à LD;

4.º) apesar de os atos de competência exclusiva do CN, da Câmara e do Senado terem

sido excluídos de modo expresso apenas da alçada da LD, a doutrina entende implicitamente

que a MP também não pode regular esses assuntos, razão pela qual, nesse ponto, não há

diferença entre elas.

As semelhanças entre os limites materiais da LD e da MP podem ser associadas aos

casos de:

a) iniciativa legislativa reservada de determinados órgãos (ex.: se o projeto de lei é da

iniciativa privativa do MP ou do Judiciário não poderia o Legislativo delegar a elaboração

dessa lei ao chefe do Executivo);

b) caráter fundamental de alguns temas (nacionalidade, cidadania, direitos políticos e

eleitorais), com a ressalva dos direitos individuais (art. 5.º da CF/88), os quais podem ser

objeto de MP.

As diferenças entre os limites materiais dessas espécies normativas encontram

justificativa nas peculiaridades da MP, a exemplo de sua urgência e provisoriedade. Assim, a

nota da urgência possibilita a essa espécie normativa dispor sobre créditos orçamentários

extraordinários (CF, art. 167, § 3.º). Por outro lado, o seu caráter provisório impede que ela

cuide de temas como direito penal ou processual (ex.: imagine a situação esdrúxula de alguém

ser preso pelo cometimento de um crime previsto em MP posteriormente rejeitada pelo

Congresso Nacional).

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Por fim, destaque-se que, nos arts. 68, § 1.º, e 62, § 1.º, não consta a matéria direito

tributário, razão pela qual LD e MP podem instituir ou majorar tributos, desde que respeitado

o princípio da anterioridade tributária (CF, art. 150, III, b e c).

3.2. Processo legislativo da lei delegada

§ 2.º – A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso

Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício.

§ 3.º – Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, este a fará

em votação única, vedada qualquer emenda.

A rigor, a LD, assim como a MP, não se submetem a verdadeiro processo legislativo

(o qual pressupõe um embate dialético e plural das forças políticas representativas da

sociedade, a fim de produzir uma norma que capte os anseios da maioria com o respeito aos

direitos das minorias), mas a simples procedimento de elaboração.

A partir desse raciocínio, não devemos falar em atos de iniciativa, discussão e

votação parlamentar, sanção, veto ou promulgação, mas em simples edição da lei delegada ou

da MP pelo presidente da República.

Feito esse registro doutrinário e despindo-nos do rigor semântico, o processo

legislativo da lei delegada começa com a solicitação do PR ao CN para que este lhe delegue

poderes de editar uma LD sobre matéria não contida no art. 68, § 1.º, da CF/88.

A iniciativa de solicitar a delegação é privativa e discricionária do PR e é denominada

pela doutrina de iniciativa solicitadora (Alexandre de Moraes).

Para autorizar a delegação, o Poder Legislativo federal deve aprovar uma resolução

do CN. A resolução (esta, sim, submetida a verdadeiro processo legislativo) especificará o

conteúdo da LD a ser elaborada, bem como os termos do exercício da delegação, notadamente

o prazo e demais limitações formais e materiais (exs.: quantidade máxima de LDs, período de

vigência e respeito a determinados princípios).

O STF já decidiu que a delegação somente pode ser concedida ao PR pela resolução

do CN, a teor do art. 68 da Carta Federal, e não por força de uma lei ordinária ou

complementar (ADI 1.296/PE – vide jurisprudência abaixo).

A delegação legislativa promovida por lei ordinária e destinada ao Executivo

corresponderia a admitir, em nosso Direito, a figura dos regulamentos delegados ou

autorizados, por meio dos quais o legislador entrega um verdadeiro “cheque em branco” aos

órgãos administrativos, bem como delega de modo indevido a sua missão constitucional de

editar atos normativos inovadores da ordem jurídica. Tal prática não é aceita no Direito

brasileiro, em respeito ao art. 2.º da CF/88.

A delegação legislativa, portanto, somente pode ser outorgada ao chefe do Poder

Executivo (não a qualquer autoridade administrativa subalterna, ao Poder Judiciário ou ao

MP) por meio de resolução do CN, nos termos do art. 68 da CF/88.

Muito bem. Editada a resolução do Congresso Nacional, o chefe do Executivo

elaborará o texto legal e determinará a sua publicação no prazo que lhe foi concedido.

Ressalta-se que, se a Resolução do CN não exigir manifestação parlamentar posterior,

todo o restante do processo legislativo será realizado pelo presidente da República (o que é

chamado de delegação típica, própria ou incondicionada).

Ocorre que, nos termos do art. 68, § 3.º, da CF/88, a resolução pode determinar que o

CN aprecie o projeto de LD antes de ele ser publicado, o que resulta num controle

parlamentar prévio à lei delegada (essa é a chamada delegação atípica, imprópria ou

condicionada).

Neste caso, a deliberação do CN será feita em votação única, vedada qualquer

emenda parlamentar. Ou seja, o Congresso aprova ou rejeita o texto elaborado pelo PR, sem

possibilidade de propor qualquer emenda ao projeto (CF, art. 68, § 3.º).

Aprovado o texto, ainda que parcialmente, entende a doutrina que não há

possibilidade de aposição de veto ou necessidade de sanção presidencial, devendo a LD ser

encaminhada ao PR, a quem cabe apenas publicá-la.

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O art. 1.º, inciso IX, da Resolução n.º 1, de 1970-CN (regimento Interno do CN) nos

revela que a aprovação da resolução do CN autorizadora da delegação, assim como a

deliberação congressual posterior sobre o projeto de LD ocorrem em sessão conjunta do CN.

Por fim, com base nas lições da doutrina, destacamos que:

a) o CN pode disciplinar por meio de lei ordinária a mesma matéria objeto da

delegação, ainda que durante o prazo concedido ao PR. Isso é porque a delegação ao

Executivo não retira do Legislativo o seu poder de legislar sobre a matéria delegada;

b) o PR pode não editar qualquer LD no prazo que lhe foi concedido, uma vez que a

delegação não resulta na obrigação de produzir a referida norma;

c) para Manoel Gonçalves Ferreira Filho, é possível que o PR edite mais de uma LD

no prazo fixado na resolução do CN.

3.3. Controles judicial e parlamentar sobre a lei delegada

A LD que extrapola os limites da delegação legislativa pode sofrer 2 tipos de

controle:

a) um judicial, por todas as ações que realizam controle de constitucionalidade;

b) outro político ou parlamentar, o qual pode ocorrer de modo preventivo, como no

caso da delegação atípica (CF, art. 68, § 3.º), ou repressivo, consistente na possibilidade de o

CN sustar, mediante decreto legislativo, a LD que exorbitou dos limites da delegação

concedida (CF, art. 49, V).

Esse controle político posterior exercido sobre a LD, também conhecido como “veto

legislativo”, permite ao Congresso, por meio de decreto legislativo, sustar de forma não

retroativa (ex nunc) os efeitos da parte da LD que excedeu a delegação.

Jurisprudência

1. Inadmissibilidade, em nosso Direito, de delegação legislativa pela lei comum e do

regulamento autorizado ou delegado: “A nova Constituição da Republica revelou-se

extremamente fiel ao postulado da separação de poderes, disciplinando, mediante regime de

direito estrito, a possibilidade, sempre excepcional, de o Parlamento proceder a delegação

legislativa externa em favor do Poder Executivo. A delegação legislativa externa, nos casos

em que se apresente possível, só pode ser veiculada mediante resolução, que constitui o meio

formalmente idôneo para consubstanciar, em nosso sistema constitucional, o ato de outorga

parlamentar de funções normativas ao Poder Executivo. A resolução não pode ser

validamente substituída, em tema de delegação legislativa, por lei comum, cujo processo de

formação não se ajusta a disciplina ritual fixada pelo art. 68 da Constituição. [...]

O Executivo não pode, fundando-se em mera permissão legislativa constante de lei

comum, valer-se do regulamento delegado ou autorizado como sucedâneo da lei delegada

para o efeito de disciplinar, normativamente, temas sujeitos a reserva constitucional de lei.

[...]

Isso significa dizer que o legislador não pode abdicar de sua competência

institucional para permitir que outros órgãos do Estado – como o Poder Executivo –

produzam a norma que, por efeito de expressa reserva constitucional, só pode derivar de fonte

parlamentar.

O legislador, em consequência, não pode deslocar para a esfera institucional de

atuação do Poder Executivo – que constitui instância juridicamente inadequada – o exercício

do poder de regulação estatal incidente sobre determinadas categorias temáticas – (a) a

outorga de isenção fiscal, (b) a redução da base de cálculo tributária, (c) a concessão de

crédito presumido e (d) a prorrogação dos prazos de recolhimento dos tributos –, as quais se

acham necessariamente submetidas, em razão de sua própria natureza, ao postulado

constitucional da reserva absoluta de lei em sentido formal” (STF, ADI 1.296/PE-MC).

4. Leis complementares (art. 69 da CF)

Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria absoluta.

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Segundo a melhor doutrina (Alexandre de Moraes), as leis complementares existem

para regular certas matérias importantes, as quais não devem ser tratadas na Constituição (sob

pena de engessamento) tampouco em leis ordinárias (o que facilitaria a sua constante

alteração).

Para essas matérias, o legislador constituinte (aquele que elabora a Constituição)

expressamente exige tratamento por meio de lei complementar, a qual se diferencia da lei

ordinária em dois aspectos: o material e o formal.

A diferença material consiste no fato de que leis complementares e leis ordinárias

possuem campos de incidência distintos (ou seja, tratam de matérias diferentes). Assim, a

Constituição Federal estabelece taxativamente as matérias que somente podem ser reguladas

por meio de lei complementar (ex.: art. 7.º, I; art. 18, §§ 2.º e 3.º, etc.). As demais matérias

que não tenham essa exigência podem ser reguladas em lei ordinária (ex.: art. 5.º, incisos

XXIV e XXXII).

A diferença formal refere-se ao processo legislativo: enquanto o projeto de lei

ordinária é aprovado pela maioria simples ou relativa dos parlamentares de cada casa do CN

(CF, art. 47), o projeto de lei complementar somente é aprovado pelo voto da maioria

absoluta (CF, art. 69).

Entende-se como maioria absoluta o primeiro número inteiro subsequente à divisão

dos membros da Casa Legislativa por dois. Assim, maioria absoluta no Senado Federal atual

equivale invariavelmente a 41 senadores (81 ÷ 2 = 40,5), enquanto que, na Câmara dos

Deputados, corresponde a 257 parlamentares (513 ÷ 2 = 256,5).

4.1. Hierarquia entre lei ordinária e lei complementar

Apesar de doutrinadores de peso (Manoel Gonçalves Ferreira Filho, Pontes de

Miranda, Geraldo Ataliba, etc.) defenderem a existência de hierarquia entre essas normas, a

doutrina majoritária (Celso Bastos, Michel Temer, etc.) e o STF entendem que não existe

hierarquia jurídica entre lei ordinária e lei complementar, uma vez que ambas retiram seu

fundamento de validade da própria Constituição Federal, i.e., ambas são atos normativos

primários e estão no mesmo degrau da pirâmide do ordenamento jurídico brasileiro.

Para a corrente majoritária, a diferença entre as leis ordinárias e complementares não

passa por uma relação de hierarquia jurídica, mas simplesmente por uma questão de campos

materiais de incidência distintos (ou seja, elas tratam de matérias diversas), estabelecendo a

CF/88, de maneira taxativa, os campos de atuação reservados às leis complementares.

4.2. Conflito entre lei ordinária e lei complementar

Como vimos, a doutrina majoritária afirma não existir hierarquia entre lei ordinária e

lei complementar. Para além dessa afirmação, resta-nos esclarecer a dúvida se a lei ordinária

pode tratar de matéria reservada à lei complementar e vice-versa.

Respondemos essas questões da seguinte forma:

1) tendo em vista que é mais fácil aprovar uma lei ordinária (por maioria simples) do

que uma lei complementar (por maioria absoluta), em regra, a lei ordinária não pode tratar de

matéria reservada pela CF/88 à lei complementar.

A lei ordinária que invadir o campo de incidência reservado à lei complementar

conterá um vício de inconstitucionalidade formal e deverá ser declarada inconstitucional.

A única hipótese em que a lei ordinária pode tratar de matéria reservada

constitucionalmente à lei complementar refere-se ao caso de aquela ter sido elaborada numa

época em que a Constituição em vigor ainda não exigia esta última e norma constitucional

posterior recepcionar a lei ordinária “com força de lei complementar”.

Nesse caso, estaremos diante de uma lei formalmente ordinária, mas materialmente

complementar. É o que ocorre atualmente com o Código Eleitoral (Lei Ordinária n.º

4.737/65) e com o Código Tributário Nacional (Lei Ordinária n.º 5.172/66), em face do que

dispõem os arts. 121 e 146 da CF/88;

2) existem casos em que a lei ordinária pode revogar a lei complementar. São eles:

a) quando a lei complementar trata de matéria que a CF não a exige expressamente.

Nesse caso, a lei é formalmente complementar, mas materialmente ordinária (i.e., ela trata de

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assunto de lei ordinária). Aqui, lei ordinária posterior pode revogar essa lei, uma vez que a

CF/88 não exigiu lei complementar para tratar do assunto;

b) quando a matéria, no passado, era reservada à lei complementar, mas deixou de

ser, em virtude do surgimento de uma nova Constituição ou de emenda constitucional.

Por exemplo, imagine que a CF de 1967 exigia lei complementar para tratar de

determinado assunto e que, em 1970, ela foi editada. Considere, ainda, que a CF/88 deixou de

exigir a lei complementar para tratar do assunto. Da mesma forma que no caso anterior, a

referida lei passou a ser formalmente complementar e materialmente ordinária, abrindo

caminho para que uma lei ordinária a revogue;

3) no caminho inverso, não há impedimento que a lei complementar revogue uma lei

ordinária anterior.

Se a lei ordinária seria suficiente para tratar de determinado assunto e o Congresso

resolve aprovar uma lei complementar, não existe aí vício de inconstitucionalidade formal,

considerando que é mais difícil aprovar a lei complementar.

Apenas, essa lei complementar será formalmente complementar e materialmente

ordinária, razão pela qual ela pode ser revogada por lei ordinária posterior.

4.3. Hipóteses em que se exige lei complementar

É importante fixar que a CF/88 estabelece de maneira taxativa quais matérias estão

reservadas às leis complementares. Se a Constituição não a exige expressamente, podemos

concluir que aquele assunto pode ser regulado por meio de lei ordinária.

5. Leis ordinárias

As leis ordinárias são os atos normativos típicos produzidos pelo Poder Legislativo e

são caracterizadas, em regra, pela sua abstração e generalidade (quando, então, são

consideradas lei em sentido formal e material).

Ocorre que, por vezes, o Poder Público lança mão da elaboração de uma lei ordinária

destinada a um pequeno grupo de indivíduos, a fim de regular situações concretas (ex.: leis

que concedem anistia a um setor específico da sociedade). Nesses casos, a doutrina entende

tratar-se de lei apenas no sentido formal, mas não no material, o qual pressupõe a abstração e

a generalidade da norma jurídica.

O processo legislativo das leis ordinárias (processo legislativo ordinário) já foi

amplamente estudado nos tópicos anteriores em suas três fases: introdutória, constitutiva e

complementar.

Quanto ao âmbito de incidência, considera-se que as leis ordinárias poderão versar

sobre quaisquer matérias, desde que não reservadas à lei complementar, aos decretos

legislativos e às resoluções (arts. 49, 51 e 52 da CF/88).

6. Decretos legislativos

Os decretos legislativos são os atos normativos primários que regulam as matérias de

competência exclusiva do Congresso Nacional (CF, arts. 49 e 62, § 3.º). Eles não se

submetem à sanção presidencial e caracterizam-se pela produção de efeitos externos, tendo

em vista que tratam de assuntos que ultrapassam as relações jurídicas travadas no interior das

Casas Legislativas (ex.: autorizar o presidente da República a declarar a guerra e celebrar a

paz – art. 49, II, da CF/88).

Na clássica lição de Pontes de Miranda, o decreto legislativo é uma “lei sem sanção”,

ou seja, um ato do Congresso que tem a mesma estatura da lei, mas que se completa sem a

intervenção do presidente da República, manifestando uma competência exclusiva do

Congresso Nacional.

A CF/88 não regulou o processo de elaboração dos decretos legislativos. Essa matéria

encontra-se prevista nos regimentos internos das Casas Legislativas.

A iniciativa legislativa dessas normas, em regra, cabe a qualquer membro ou

comissão da Câmara, do Senado ou do Congresso Nacional, de onde podemos concluir que

não há iniciativa extraparlamentar quanto aos projetos de decreto legislativo.

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Por ser um ato privativo do Congresso, os decretos legislativos tramitam

necessariamente em suas duas Casas e devem ser promulgados e publicados pelo presidente

do Senado Federal, na qualidade de presidente do Congresso (art. 57, § 5.º, da CF e art. 48,

XXVIII, do RISF). Não é demais relembrar que essas normas não se submetem à sanção ou

ao veto do presidente da República.

O projeto de decreto legislativo é apreciado, em regra, em um turno de discussão e

votação em cada Casa do Congresso e aprovado pelo quorum de maioria simples (CF, art.

47), com pouquíssimas ressalvas (ex.: os decretos legislativos que apreciam os tratados

internacionais de direitos humanos (TIDHs) podem ser aprovados em dois turnos de

discussão e votação, por três quintos dos votos dos respectivos parlamentares, quando o

Congresso Nacional optar pelo rito previsto no art. 5.º, § 3.º, da CF/88. Quando essa opção

não for feita, os TIDHs submetem-se ao rito comum de um turno de discussão e votação e

aprovação por maioria simples – CF, art. 49, I).

Por fim, registre-se que os decretos legislativos somente podem regular as matérias de

competência privativa do Congresso Nacional (CF, arts. 49 e 62, 62, § 3.º), razão pela qual

não podem dispor sobre as matérias próprias da lei complementar, da lei ordinária ou de

resolução da Câmara dos Deputados (CF, art. 51) ou do Senado Federal (CF, art. 52).

6.1. Decretos Legislativos e Tratados e Atos Internacionais

Dos decretos legislativos que dispõem sobre as competências privativas do Congresso

Nacional, previstas nos arts. 49 e 62, § 3.º, da CF/88, destacamos aquele que aprecia um

tratado internacional (CF, art. 49, I), diante das diversas considerações doutrinárias e

jurisprudenciais existentes sobre o tema e da sua grande incidência nas provas dos concursos

públicos.

Tratado internacional é o acordo formal celebrado entre sujeitos de direito

internacional público (exs.: Estados independentes e organizações internacionais – ONU,

OIT, OMS, UNESCO, etc.) e destinado a produzir efeitos jurídicos (REZEK, 2008).

Conforme o seu conteúdo e objetivo, os tratados internacionais podem assumir diversas

denominações, a exemplo dos atos, convenções, protocolos, declarações, convênios, ajustes e

acordos. Um tratado internacional (TI) passa por quatro fases até ser incorporado ao

ordenamento jurídico brasileiro:

1.º) o presidente da República possui competência privativa para celebrar o TI, sujeito

a posterior referendo do Congresso Nacional (CF, art. 84, VIII). Nessa fase inicial, ocorrem

os atos de negociação, conclusão e assinatura do tratado;

2.º) o Congresso Nacional resolve definitivamente sobre os tratados, acordos ou atos

internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional

(CF, art. 49, I).

Inicialmente, registre-se que a redação do art. 49, I, da CF/88 peca por dois motivos.

Primeiro porque o Congresso Nacional não “resolve definitivamente” sobre o TI,

considerando que, aprovado o tratado pelo Legislativo federal, o presidente da República

pode não ratificá-lo e decidir por paralisar o seu processo de formação. Em verdade, o

Congresso apenas resolve definitivamente o TI quando o rejeita, pois aí o procedimento de

formação do tratado é encerrado de maneira definitiva.

Segundo porque, apesar de a redação do art. 49, I, nos levar a crer que apenas os

tratados internacionais “que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio

nacional” são apreciados pelo Congresso, a melhor doutrina entende que a deliberação do

Poder Legislativo é necessária para a incorporação ao Direito brasileiro da grande maioria dos

tratados internacionais, decorrendo sua formação, na verdade, de um ato complexo, derivado

da manifestação de vontade dos Poderes Executivo e Legislativo.

Para essa doutrina, apenas os tratados internacionais considerados como acordos

executivos não precisam da aprovação do Congresso Nacional, a exemplo daqueles que

simplesmente interpretam cláusulas de um tratado anterior ou que decorram lógica e

necessariamente de algum tratado vigente, funcionando como seu complemento.

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Portanto, o Congresso Nacional delibera sobre a grande maioria dos tratados

internacionais, por meio de um projeto de decreto legislativo (CF, art. 49, I). Para a aprovação

dessa proposição legislativa, exige-se apenas um turno de discussão e votação em cada Casa

do Congresso e o voto favorável da maioria simples dos parlamentares.

Esse é o quorum de aprovação exigido para a generalidade dos tratados

internacionais. Não obstante, a EC n.o 45/04 permitiu que os tratados internacionais sobre

direitos humanos (e apenas eles, apesar que de maneira facultativa) sejam aprovados, em cada

Casa do Congresso Nacional, por três quintos dos votos dos respectivos membros em dois

turnos de discussão e votação, quando, então, serão equivalentes às emendas constitucionais

(CF, art. 5.º, § 3.º);

3.º) o presidente da República ratifica o TI (i.e., confirma que o Brasil aderiu ao TI),

momento a partir do qual o tratado passa a obrigar o Brasil no âmbito internacional. Percebam

que não é o Congresso Nacional quem ratifica o tratado, mas o presidente da República, por

meio de um ato externo que comunica às autoridades estrangeiras a vontade do Brasil de

efetivamente aderir ao pacto. O ato de ratificação insere-se no contexto das relações

internacionais, cuja atribuição é do Chefe do Executivo, nos moldes do art. 84 da CF/88.

4.º) finalmente, o presidente da República expede um decreto, a fim de promulgar o

TI e fazer publicar o seu texto no diário oficial, momento a partir do qual o tratado passa a

vigorar no ordenamento jurídico interno.

Devemos atentar que, com a ratificação, o Brasil passa a vincular-se juridicamente ao

TI no âmbito do direito internacional. Todavia, para adquirir força obrigatória no

ordenamento jurídico interno, o tratado deve ser promulgado e publicado por decreto

executivo do presidente da República.

Jurisprudência

O STF decidiu que o Poder Judiciário, fundado na supremacia da Constituição, dispõe

de competência para, quer em sede de fiscalização abstrata, quer no âmbito do controle

difuso, efetuar o exame de constitucionalidade dos tratados ou convenções internacionais já

incorporados ao sistema do direito positivo interno. Para tanto, anula-se os atos normativos (a

saber: do decreto legislativo do Congresso Nacional e do decreto do presidente da República)

que incorporam esses tratados internacionais ao direito positivo interno do Brasil (ADI

1.480/DF-MC).

6.2. Força jurídica dos tratados internacionais no Direito brasileiro Aprovado pelo Congresso Nacional, ratificado pelo presidente da República no

âmbito internacional e promulgado e publicado no Diário Oficial da União pelo decreto

presidencial, resta saber com que força o TI ingressa no Direito pátrio.

Para bem entendermos esse tema tão palpitante, façamos uma pequena digressão

histórica. Conforme jurisprudência pacificada no STF desde meados de 1970, os tratados

internacionais, por serem aprovados no âmbito do Congresso por um decreto legislativo

decidido em um turno de discussão e votação e por maioria simples, são incorporados ao

Direito brasileiro com força de lei ordinária (daí o TI não poder versar sobre matéria

reservada à lei complementar), podendo, inclusive, ser revogado por legislação ordinária

posterior que verse sobre a mesma matéria (STF, RE 80.004/SE).

Apesar de a CF/88 ter perdido uma bela oportunidade de pacificar a questão, o seu

art. 5.º, § 2.º, asseverou que os direitos fundamentais da Constituição Cidadã não excluem

(i.e., incluem) aqueles previstos em tratados internacionais de que o Brasil seja parte. Diante

do caráter essencialmente constitucional dos direitos fundamentais (que são aqueles direitos

que concretizam a dignidade humana previstos na constituição de um país), a doutrina

brasileira em peso (Antônio Augusto Cançado Trindade, Fábio Konder Comparato, Flávia

Piovesan, Ingo Wolfgang Sarlet, Valério Mazuolli, etc.) defendia que, a partir da Carta de

1988, os tratados internacionais de direitos humanos (sendo que direitos humanos são os

mesmos direitos fundamentais que concretizam a dignidade humana – vida, liberdade,

intimidade, etc. –, mas previstos em um tratado internacional) possuem, por força do art. 5o, §

2.º, a mesma força da CF/88, i.e., força de norma constitucional.

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Ocorre que o STF manteve-se irredutível em sua jurisprudência consolidada,

alegando que, pelo fato de o TI submeter-se à deliberação do Congresso Nacional em um

turno de discussão e votação e à aprovação da maioria simples dos parlamentares, todos os

tratados ingressavam no Direito brasileiro com força de lei ordinária, dissessem ou não

respeito a direitos humanos, em razão de seu procedimento legislativo pouco rígido.

Esse raciocínio prevaleceu até a aprovação da EC n.º 45/04 (a “Reforma do Poder

Judiciário”), a qual introduziu um § 3.º no art. 5.º da CF/88, dispondo que os tratados e

convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do

Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros,

serão equivalentes às emendas constitucionais.

Com isso, os tratados internacionais sobre direitos humanos (TIDHs) aprovados no

Congresso Nacional por esse rito especial são considerados equivalentes às emendas

constitucionais (isto é, terão status constitucional). Os demais tratados (não relacionados com

direitos humanos e os de direitos humanos não submetidos ao rito especial) continuavam com

força de lei ordinária.

Percebe-se que o legislador da EC n.º 45/04 tentou conciliar a posição firme da

doutrina de prestigiar os TIDHs com a jurisprudência do STF que negava o status

constitucional a normas aprovadas em um turno de discussão e por maioria simples dos votos.

Nesse sentido, se o TIDH fosse aprovado com a mesma rigidez da emenda constitucional

(CF, art. 60, § 2.º), teria força de norma da CF/88.

Não é difícil entender o porquê de a solução encontrada pela EC n.º 45/04 ter sido

duramente criticada pela doutrina. Considerando que ela nitidamente previu um rito

legislativo de caráter facultativo, apenas aqueles TIDHs que sejam aprovados por esse rito

especial terão força constitucional. Os demais, incluindo aí os TIDHs anteriormente

aprovados pelo rito comum, continuavam com força de lei ordinária.

Posteriormente, em 03/12/2008, o STF modificou a sua jurisprudência consolidada e

passou a entender que os TIDHs que não forem aprovados pelo rito do art. 5.º, § 3.º, da CF/88

possuem status normativo supralegal, mas infraconstitucional (isto é, acima das leis, porém

abaixo da Constituição), tornando inaplicável a legislação infraconstitucional com eles

conflitante, seja ela anterior ou posterior a esses tratados.

Apesar de não haver previsão constitucional ou legal que expressamente embase tal

raciocínio, reconheceu a Alta Corte brasileira que a importância desses tratados de direitos

humanos confere-lhes posição intermediária no ordenamento jurídico brasileiro:

hierarquicamente superior a qualquer lei ordinária ou complementar, mas inferior ao texto

constitucional (HC 87.585/TO, vide Informativo n.º 531 do STF), tendo o STF, com essa

decisão, criado mais um degrau (ou um degrau intermediário) na pirâmide do ordenamento

jurídico brasileiro.

Diante de todo o exposto, podemos concluir que um TI ingressa no Direito interno

brasileiro com força:

a) de emenda constitucional, se um TIDH for aprovado pelo rito especial previsto no

art. 5.º, § 3.º, da CF/88 (ex.: Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com

Deficiência e seu Protocolo Facultativo, aprovado pelo Decreto Legislativo n.º 186/2008);

b) supralegal, porém infraconstitucional, no caso dos TIDHs aprovados pelo rito

comum (a exemplo de todos os incorporados anteriormente à EC n.º 45/04, inclusive o Pacto

de São José da Costa Rica – Convenção Americana de Direitos Humanos –, aprovado pelo

Decreto Legislativo n.º 27/1992);

c) de lei ordinária, no caso de todos os tratados internacionais que não versem sobre

direitos humanos (ex.: acordo comercial), os quais não podem, por esse motivo, tratar de

assuntos reservados pela CF/88 à lei complementar.

7. Resoluções

As resoluções são os atos normativos primários destinados a regular as matérias de

competência privativa da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (CF, arts. 51 e 52), bem

como algumas competências do Congresso Nacional (a saber: Regimento Comum do CN e

delegação legislativa prevista no art. 68, § 2.º, da CF/88).

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Assim, é por meio de resolução que o Senado Federal aprova, após arguição pública,

as nomeações das autoridades elencadas na Constituição (CF, art. 52, III e IV) e a Câmara dos

Deputados dispõe sobre sua organização, funcionamento e polícia (CF, art. 51, IV).

À semelhança dos decretos legislativos, a Constituição não definiu o processo de

elaboração das resoluções, razão pela qual cabe a cada Casa Legislativa e ao Congresso

Nacional estabelecê-lo por intermédio dos seus regimentos internos.

A iniciativa legislativa dessas normas, em regra, cabe a qualquer membro ou

comissão da Câmara, do Senado ou do Congresso Nacional, de onde podemos concluir que

não há iniciativa extraparlamentar quanto aos projetos de resolução.

As resoluções da Câmara e do Senado tramitam exclusivamente na sua respectiva

Casa e são promulgadas pelo seu presidente. Já a resolução do Congresso Nacional tramita

nas duas Casas Legislativas e é promulgada e publicada pelo presidente do Senado Federal,

na qualidade de presidente do Congresso (art. 57, § 5.º, da CF e art. 52, parágrafo único, do

RCCN). Não é demais lembrar que essas normas não se submetem à sanção ou ao veto do

presidente da República.

O projeto de resolução da Câmara, do Senado ou do Congresso é apreciado em um

turno de discussão e votação e aprovado pelo quorum de maioria simples (CF, art. 47), com

algumas ressalvas, elencadas abaixo a título exemplificativo:

a) a resolução da Câmara dos Deputados que autoriza a instauração de processo

contra o presidente e o vice-presidente da República e os ministros de Estado, aprovada por

dois terços (CF, art. 51, I);

b) a resolução do Senado Federal que condena determinadas autoridades públicas no

processo de impeachment, aprovada por dois terços (CF, art. 52, parágrafo único);

c) a resolução da Câmara ou do Senado que suspende as imunidades dos deputados

ou dos senadores, durante o estado de sítio, aprovada por dois terços (CF, art. 53, § 8.º);

d) a resolução do Senado Federal que aprova previamente a escolha dos membros do

STF, do STJ, do TST, do CNJ e do CNMP, aprovada por maioria absoluta (arts. 101,

parágrafo único, 104, parágrafo único, 111-A, 103-B, § 2.º, e 130-A);

e) a resolução do Senado Federal que aprova previamente a escolha do procurador-

geral da República ou a sua destituição antes do término do mandato, aprovada por maioria

absoluta (arts. 52, XI, e 128, § 1.º).

Por fim, ressaltamos que a doutrina assinala duas distinções entre o decreto

legislativo e a resolução:

1.ª) enquanto os decretos legislativos são privativos do Congresso Nacional, as

resoluções podem ser editadas pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal ou pelo

próprio Congresso Nacional;

2.ª) os decretos legislativos produzem, em regra, efeitos externos. Já as resoluções

costumam limitar-se a matérias de caráter interno do Poder Legislativo.

Esta última distinção, contudo, apresenta falhas, pois existem resoluções com nítidos

efeitos externos previstas na CF/88, a exemplo da resolução do Congresso Nacional que

possibilita a delegação legislativa (art. 68, § 2.º) e das resoluções do Senado Federal em

matéria financeira (art. 52, V a IX) e tributária (CF, art.155, § 2.º, IV e V).

8. Medidas provisórias

8.1. Breve Histórico

A Medida Provisória (MP) foi introduzida no Direito brasileiro pela Constituição de

1988, em substituição ao antigo decreto-lei previsto nas Constituições anteriores.

Os constituintes da CF/88 sentiram a necessidade de permitir ao presidente da

República (PR) a edição de medidas com força de lei, em um ato normativo excepcional e

célere, para atender a necessidades urgentes e relevantes, garantindo, porém, a participação

mais atuante do Poder Legislativo: eis a MP.

8.2. Conceito e EC 32/01

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A MP é ato privativo do presidente da República, com força de lei ordinária (ato

normativo primário, portanto), utilizada em casos de relevância e urgência e sujeita a

posterior aprovação do Poder Legislativo.

A MP é, ainda, mecanismo dos freios e contrapesos entre os Poderes Legislativo e

Executivo, sendo, nesse sentido, uma exceção à separação dos Poderes. Para José Afonso da

Silva, a MP é ato de governo do Poder Executivo que representa uma lei em sentido material,

a qual, após aprovação do Congresso Nacional (CN), transforma-se em lei em sentido formal.

A MP possui, ao menos, dois efeitos imediatos: o de inovar o ordenamento jurídico,

tendo em vista que possui força de lei desde a sua publicação no Diário Oficial da União; e o

de incitar o Poder Legislativo a deliberar sobre determinada matéria. De qualquer modo, a

MP não se confunde com um simples projeto de lei, pois:

a) já possui força de lei ordinária com a sua publicação; e

b) não pode ser retirada da apreciação do Congresso nacional, ao contrário do PL

(STF, ADI 2.984 MC/DF).

A Emenda Constitucional n.º 32, de 11 de setembro de 2001, alterou o art. 62 da

CF/88, o qual estabelece as regras para a conversão das MPs em lei.

Essas alterações buscaram limitar os abusos até então cometidos (notadamente, a

“enxurrada” de medidas provisórias desprovidas de relevância e urgência e a prática

inescrupulosa de reeditá-las infinitamente, perpetuando o que era para ser apenas

“provisório”)2. A EC 32/01, ainda, consolidou alguns entendimentos jurisprudenciais e

doutrinários sobre a MP. Vejamos como ficou a nova redação do art. 62 após a EC n.º 32/01:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá

adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao

Congresso Nacional.

§ 1.º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

I – relativa a:

a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito

eleitoral;

b) direito penal, processual penal e processual civil;

c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a

garantia de seus membros;

d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e

suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3.º;

II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer

outro ativo financeiro;

III – reservada a lei complementar;

IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e

pendente de sanção ou veto do Presidente da República.

§ 2.º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos,

exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no

exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia

daquele em que foi editada.

§ 3.º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e 12, perderão

eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de sessenta dias,

prorrogável, nos termos do § 7.º, uma vez por igual período, devendo o Congresso

Nacional disciplinar, por decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes.

§ 4.º O prazo a que se refere o § 3.º contar-se-á da publicação da medida

provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso do Congresso Nacional.

§ 5.º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito

das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus

pressupostos constitucionais.

2 Apesar de pesadas críticas da doutrina, essa prática de reeditar indefinidamente as medidas

provisórias recebeu o aval da jurisprudência do STF, como podemos perceber do enunciado n.o 651 de

sua Súmula: “A medida provisória não apreciada pelo Congresso Nacional podia, até a Emenda

Constitucional 32/2001, ser reeditada dentro do seu prazo de eficácia de trinta dias, mantidos os efeitos

de lei desde a primeira edição”.

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§ 6.º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias

contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em cada

uma das Casas do Congresso Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação,

todas as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando.

§ 7.º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida

provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua

votação encerrada nas duas Casas do Congresso Nacional.

§ 8.º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câmara dos

Deputados.

§ 9.º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas

provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão separada,

pelo plenário de cada uma das Casas do Congresso Nacional.

§ 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória

que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.

§ 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3.º até sessenta dias

após a rejeição ou perda de eficácia de medida provisória, as relações jurídicas

constituídas e decorrentes de atos praticados durante sua vigência conservar-se-ão por

ela regidas.

§ 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida

provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou

vetado o projeto.

8.3. Processo legislativo da medida provisória

O processo legislativo da MP começa com a sua edição pelo presidente da República

(PR) em casos de relevância e urgência.

Nesse momento, não há participação do Legislativo, pois a MP é elaborada

exclusivamente pelo Executivo, que a edita e a publica no diário oficial, momento a partir do

qual ela já começa a valer com força de lei.

Registre-se que o STF já decidiu que a existência no Congresso Nacional de projeto

de lei de iniciativa do PR, submetido à urgência constitucional (CF, art. 64), não impede a

edição de MP sobre a mesma matéria (ADI 525 MC/DF).

Pois bem. Uma vez editada, a MP deve ser encaminhada de imediato ao CN (i.e., no

mesmo dia de sua publicação no DOU). Lá chegando, será designada (para cada MP) uma

comissão mista de deputados e senadores, que examinará:

a) o seu aspecto constitucional (limites materiais da MP, requisitos de relevância e

urgência, etc.);

b) a adequação financeira e orçamentária da MP;

c) o mérito da MP (i.e., se há interesse público em sua aprovação).

Essa CM é formada por um número paritário de deputados e senadores, nos termos do

art. 2.º, §§ 2.º e 3.º, da Resolução n.º 1, de 2002-CN.

Nessa fase, a MP receberá um parecer da CM no sentido de sua conversão em lei

(inclusive com a possibilidade de apresentação de emendas ao texto original) ou de sua

rejeição. Ressalte-se que, no caso de MP que abra crédito extraordinário à lei orçamentária

anual (CF, arts. 62, § 1.º, I, d, e 167, § 3.º), o exame e o parecer serão realizados pela

Comissão Mista de Orçamento prevista no art. 166, § 1.º, da CF/88 (art. 2.º, § 6.º, da

Resolução n.º 1/02-CN).

Sobre a Comissão Mista, é muito importante observar que o STF, na ADI 4.029/AM,

decidiu que a emissão de parecer pela CM configura fase de observância obrigatória e

insuprimível no processo de conversão da MP em lei. Nesse sentido, é inválida a lei fruto da

conversão de uma MP, se, no referido processo legislativo, a CM não proferiu o parecer

previsto no art. 62, § 9º, da CF, não sendo suficiente que o relator da CM profira parecer oral

e monocrático em Plenário, sob pena de se instaurar um “império” do relator (razão pela qual

o art. 5º, “caput” e o art. 6º, “caput” e §§ 1.º e 2.º, da Resolução n. 1/02-CN tiveram a sua

inconstitucionalidade declarada pelo STF na referida ADI).

Da Comissão Mista, a MP passa a ser apreciada pelo Plenário das duas Casas do CN,

separadamente, iniciando-se a votação pela Câmara dos Deputados (CF, art. 62, § 8.º).

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Atenção! - Antes da EC n.º 32/01, o CN deliberava sobre a MP em sessão conjunta. Atualmente, essa

deliberação é feita separadamente pelo Plenário de cada Casa do CN, começando pelo

Plenário da Câmara dos Deputados (à semelhança de um PL de iniciativa do PR).

- Diferentemente do processo de elaboração das leis ordinárias, no processo legislativo da

MP, não há possibilidade de deliberação conclusiva no âmbito das comissões (delegação

interna corporis – art. 58, § 2.º, I, da CF).

Nos termos do art. 62, § 5.º, da CF/88, a deliberação sobre o mérito das MPs, em cada

Casa Legislativa, depende de juízo prévio sobre o atendimento dos seus pressupostos

constitucionais (materiais – art. 62, § 1º, e art. 246 da CF – e formais – de relevância e

urgência, adequação financeira e orçamentária, competência privativa do PR).

Isso significa que a votação em cada Casa Legislativa terá necessariamente dois

momentos:

a) no primeiro deles, o Plenário decide se a MP atende aos seus pressupostos

constitucionais formais e materiais;

b) no segundo, o Plenário vota sobre o mérito da MP, isto é, se há interesse público

em sua conversão em lei e se o seu conteúdo harmoniza-se com a CF/88.

Havendo a votação desfavorável à MP em qualquer desses momentos na Câmara ou

no Senado (em quorum de maioria simples), ela é considerada rejeitada.

8.4. Prazo para apreciação da MP

O prazo para apreciação da MP pelo Congresso Nacional é de 60 dias, prorrogável

automaticamente por mais 60 dias, se o prazo inicial não tiver sido suficiente para a conclusão

do processo legislativo nas duas Casas do Congresso, totalizando 120 dias (CF, art. 62, §

7.º)3.

Esse prazo será contado da publicação da MP, suspendendo-se durante os períodos de

recesso parlamentar (CF, art. 62, § 4.º).

Ou seja, o prazo de 120 dias não corre nos períodos de 23 de dezembro a 1.º de

fevereiro e de 18 a 31 de julho, quando o Congresso está de recesso (CF, art. 57). Inclusive,

se a MP é editada em janeiro de um ano, durante o recesso, o prazo de 120 dias só começa a

contar a partir de 02/02.

Atenção! - Antes da EC n.º 32/01, a situação era bem diferente! Se uma MP fosse editada no período de

recesso parlamentar, exigia-se a convocação extraordinária do CN para a deliberação da MP

no prazo de 5 dias.

- Pelo modelo atual, não há mais a obrigatoriedade de convocação extraordinária do

Congresso, uma vez que os prazos da MP ficam suspensos durante os períodos de recesso.

Ocorre que, havendo a convocação extraordinária do Congresso por um motivo

qualquer (CF, art. 57, § 6.º), o prazo da MP passa a correr, voltando a ficar suspenso quando a

convocação extraordinária acabar e for restabelecido o recesso parlamentar.

Essa é a interpretação que extraímos do art. 57, § 8.º, da CF, o qual determina que,

“havendo medidas provisórias em vigor na data de convocação extraordinária do Congresso

Nacional, serão elas automaticamente incluídas na pauta da convocação”.

Ora, se, nesses casos, o Congresso tem a possibilidade de deliberar sobre a MP, o

mais lógico é que o prazo de 120 dias (60 + 60) corra normalmente.

Duas últimas observações para concursos:

1.ª) Não havendo a deliberação do Congresso sobre a MP nos primeiros 60 dias, a

prorrogação por mais 60 dias é automática e independe de qualquer ato do presidente da

República.

3 Observe-se que o PR não participa do ato de prorrogação, a qual é automática e adotada pelo

presidente do CN. Nesse ato, tampouco pode haver alteração do conteúdo da MP.

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Haverá apenas um ato do presidente da Mesa do Congresso Nacional, comunicando

essa prorrogação automática (art. 10, § 1.º, da Resolução n.º 1, de 2002-CN).

2.ª) Como veremos em breve, se o prazo de deliberação do Congresso (120 dias)

esgotar-se sem a conclusão do processo legislativo, a medida provisória perderá a sua eficácia

desde a edição (ou seja, com efeitos retroativos, ex tunc), sendo esse fato considerado como

uma rejeição tácita da MP. Estudaremos em breve as consequências dessa situação.

8.5. Trancamento de pauta (regime de urgência constitucional para as MPs)

Dispõe o art. 62, § 6.º, da CF/88 que, se a MP não for apreciada em até quarenta e

cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de urgência, subsequentemente, em

cada uma das Casas do CN, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas as demais

deliberações legislativas da Casa em que estiver tramitando4.

Isso significa que, a partir do quadragésimo sexto dia após a sua publicação, a MP

passa a tramitar em regime de urgência, não importando a Casa legislativa em que se

encontre.

Assim, se a MP ainda estiver tramitando na Câmara dos Deputados após 45 dias de

sua publicação, no dia seguinte, a MP passa a trancar a pauta desta Casa até que ela seja

votada.

Concluída sua votação, a MP segue para o Senado Federal já trancando a pauta desta

Casa, uma vez que não é contado novo prazo de 45 dias no Senado Federal.

Ressalte-se que, de acordo com o atual entendimento do STF, o sobrestamento das

deliberações legislativas das Casas do Congresso Nacional pelas MPs – previsto no § 6.º do

art. 62 – somente se aplica aos projetos de lei ordinária, sobre cuja matéria a MP possa dispor

(CF, arts. 62, § 1.º, e 246).

Isso é porque, no julgamento do MS 27.931/DF, o STF deu interpretação conforme ao

art. 62, § 6º, da CF, para, sem redução de texto, restringir-lhe a interpretação, de modo que o

regime de urgência constitucional da MP apenas seja aplicado às leis ordinárias que

contenham matérias sobre as quais a MP possa dispor.

Nesse sentido, segundo o STF, apesar de a Constituição determinar o sobrestamento

de “todas as demais deliberações legislativas”, o trancamento de pauta da MP não atinge os

projetos de lei complementar, de decreto legislativo, de resolução, de propostas de emenda

constitucional ou de lei ordinária em matérias que a MP não pode dispor (ex.: direito penal)5.

8.6. Conversão em lei (com ou sem alterações) ou rejeição da MP No âmbito do Congresso Nacional, a medida provisória pode:

a) ser rejeitada expressamente pela Câmara ou pelo Senado;

b) não ser apreciada no prazo de 120 dias, o que provoca a perda de eficácia por decurso

de prazo (também chamada de “rejeição tácita”);

c) ser aprovada totalmente e convertida em lei sem emendas de mérito, o que se

denomina de “conversão integral”;

d) ser aprovada parcialmente e convertida em lei com emendas de mérito, que vem a ser

a “conversão parcial”.

Vejamos cada uma dessas situações.

4 O prazo de 45 dias começa a ser contado da publicação da MP. Apesar de a CF/88 não ter

mencionado, entendemos que esse prazo também se suspende em períodos de recesso parlamentar. 5 Veja-se trecho da decisão do STF: “Mais do que isso, a decisão em causa teria a virtude de devolver,

à Câmara dos Deputados, o poder de agenda, que representa prerrogativa institucional das mais

relevantes, capaz de permitir, a essa Casa do Parlamento brasileiro, o poder de selecionar e de apreciar,

de modo inteiramente autônomo, as matérias que considere revestidas de importância política, social,

cultural, econômica e jurídica para a vida do País, o que ensejará – na visão e na perspectiva do Poder

Legislativo (e não nas do presidente da República) – a formulação e a concretização, pela instância

parlamentar, de uma pauta temática própria, sem prejuízo da observância do bloqueio procedimental a

que se refere o § 6º do art. 62 da Constituição, considerada, quanto a essa obstrução ritual, a

interpretação que lhe deu o Sr. presidente da Câmara dos Deputados” (MS 27.931‑MC).

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8.6.1. Rejeição expressa ou tácita da MP

Ocorre a rejeição expressa da MP quando a Câmara ou o Senado votam

contrariamente a ela, seja porque a MP não atende aos seus requisitos formais (ex.: relevância

e urgência), seja porque não foi considerada meritória.

A perda de eficácia por decurso de prazo (rejeição tácita ou caducidade) ocorre

quando o prazo de 120 dias (60 + 60) esgota-se sem a conclusão do processo legislativo da

MP.

Considerando que a CF/88 aboliu a chamada aprovação de leis por decurso de prazo

(que vigorou na época da ditadura militar), se o CN não aprecia a MP no prazo de 120 dias, o

que ocorre com ela é a perda de eficácia por decurso de prazo, entendendo-se que houve uma

rejeição tácita da MP.

8.6.2. Conversão integral da MP

Caso a MP seja aprovada pelo Congresso Nacional sem emendas de mérito em

relação ao seu texto original, o art. 12 da Resolução n.º 1, de 2002-CN determina que ela será

promulgada pelo presidente da Mesa do Congresso Nacional e seguirá para publicação, como

lei, no Diário Oficial da União.

Ora, se a MP foi aprovada pelo Congresso sem emendas de mérito, não haveria

mesmo necessidade de ela retornar ao presidente da República (para sanção ou veto), pois

este presumidamente concorda com o texto da MP por ele mesmo proposto!

Apenas destaco que emendas formais, que não alteram o conteúdo das normas da MP

(ex.: emendas de redação, que simplesmente melhoram a redação ou a técnica legislativa),

não impedem a sua conversão integral e a consequente promulgação pelo Presidente do CN6.

8.6.3. Conversão parcial da MP Caso sejam aprovadas emendas de mérito ao texto original da MP, esta se transforma

em projeto de lei de conversão (PLC), o que significa que houve conversão parcial da MP.

Com efeito, a aprovação do projeto de lei de conversão significa que o CN concordou

apenas em parte com a MP e introduziu alterações de mérito em seu texto original.

Esse PLC, votado e aprovado nas duas Casas Legislativas, segue para a sanção ou

veto presidencial (encaminhado pela Casa que concluiu a votação), uma vez que o seu texto

difere do texto original da MP, o que justifica a deliberação do PR sobre o Projeto!

Ressalte-se que, a partir da transformação da MP em projeto de lei de conversão, este

segue o mesmo caminho do processo legislativo ordinário, incluindo a fase de sanção ou veto

(e derrubada do veto), promulgação e publicação pelo chefe do Executivo (CF, art. 66).

8.7. Art. 62, § 12

Dispõe o art. 62, § 12, que: “Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto

original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em vigor até que seja

sancionado ou vetado o projeto”.

Esse dispositivo trata da hipótese de conversão parcial da MP, quando ela recebe

emendas de mérito e se transforma em “projeto de lei de conversão”.

Como vimos, o projeto de lei de conversão submete-se a sanção ou veto (uma vez que

o seu texto normativo difere do texto original da MP), promulgação e publicação, nos

mesmos moldes do processo legislativo ordinário.

O que o art. 62, § 12, pretende é prolongar o prazo de 120 dias para os casos de

conversão parcial da MP da seguinte forma: tendo o projeto de lei de conversão sido

aprovado pelas duas Casas do Congresso no prazo de 120 dias, a fase subsequente de sanção

ou veto (cujo prazo é de 15 dias úteis - CF, art. 66, § 1.º) não interfere no pleno vigor da MP

original, a qual, nesse caso, continuará a produzir efeitos normalmente, apesar de já

ultrapassado o prazo de 120 dias.

6 Art. 12 da Resolução n. 1/02-CN: Aprovada Medida Provisória, sem alteração de mérito, será o seu

texto promulgado pelo Presidente da Mesa do Congresso Nacional para publicação, como lei, no Diário

Oficial da União.

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Resumindo:

a) no caso de conversão parcial da MP, basta que o projeto de lei de conversão seja

aprovado pelas duas Casas do Congresso no prazo de 120 dias;

b) a fase subsequente (de sanção ou veto) pode ocorrer depois de expirado o prazo

de 120 dias, sem que isso resulte na perda de eficácia da MP original

8.8. Possibilidade de reedição

Antes da EC n.º 32/01, não havia limites para a reedição das medidas provisórias. Em

passado recente, isso permitiu uma prática execrável de reedições infinitas de medidas

provisórias que não eram apreciadas pelo Congresso Nacional no prazo constitucionalmente

determinado (vide Súmula 651 do STF).

A EC 32/01 estabeleceu a impossibilidade de reedição, na mesma sessão legislativa,

de medida provisória que tenha sido rejeitada expressamente pelo Congresso Nacional ou que

tenha perdido a sua eficácia por decurso de prazo (rejeição tácita) (CF, art. 62, § 10).

Dessa forma, proíbe-se a reedição de MPs cujo texto reproduza os aspectos essenciais

das que foram rejeitadas expressa ou tacitamente na mesma sessão legislativa (02/02 a 17/07

e 01/08 a 22/12 – CF, art. 57). Em consequência, admite-se a reedição dessas MPs, em

sessões legislativas futuras (em relação àquela em que ocorreu a rejeição da MP). Exemplo:

MP editada em 20/12/2011 e rejeitada pelo Congresso em 03/03/2012, não pode ser reeditada

na sessão legislativa de 02/02/2012 a 17/07 e de 1.º/08 a 22/12.

8.9. Revogação O STF entende que o presidente da República pode editar uma MP para revogar outra

que ainda está sendo objeto de apreciação pelo Congresso Nacional (ADI 1659/DF-MC).

Nessa hipótese, suspende-se (ex nunc) a eficácia e a apreciação da MP revogada (MP

1) até que haja pronunciamento do Poder Legislativo sobre a MP revogadora (MP 2).

Inclusive, caso a MP 1 esteja trancando a pauta do CN (CF, art. 62, § 6º), a sua revogação

pela MP 2 provoca o destrancamento da pauta.

Se a MP 2 for convertida em lei (com ou sem emendas), torna-se definitiva a

revogação da MP 1. Se a MP 2 for rejeitada, a MP 1 retomará os seus efeitos e a sua

tramitação pelo período que ainda lhe restava para vigorar (ADI 1.665 MC/DF).

8.10. Retirada

O STF decidiu que o presidente da República não pode retirar a MP do Congresso

Nacional, depois que ela já foi remetida para o Legislativo, a fim de ser apreciada e

convertida ou não em lei (ADI 221/DF-MC).

Entendeu a Suprema Corte brasileira que, com a sua publicação no Diário Oficial da

União, a MP sai do poder de disposição do PR e ganha autonomia jurídica, razão pela qual

não pode ser retirada do Congresso por simples vontade presidencial.

O que o chefe do Executivo pode fazer, como vimos, é utilizar-se de uma MP para

revogar outra ainda em tramitação.

Por fim, o STF já decidiu que o PR não pode editar uma medida provisória com o

intuito de declarar a inconstitucionalidade de outra MP anterior. Isso é porque a declaração de

inconstitucionalidade das leis é tarefa entregue pela CF/88 ao Poder Judiciário, não cabendo

ao Poder Legislativo editar uma lei ou ao PR editar uma MP, com a finalidade de declarar a

inconstitucionalidade de outra lei ou MP (STF, ADI 221/DF).

Resumindo:

Prorrogação A MP será prorrogada automaticamente quando o prazo inicial de 60

dias não for suficiente para a conclusão do seu processo legislativo no

Congresso Nacional (CF, art.62, § 7.º).

Revogação Uma MP pode revogar outra que ainda esteja sendo apreciada pelo

Congresso Nacional.

Reedição É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de MP rejeitada

expressa ou tacitamente.

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Retirada O PR não pode retirar a MP já em tramitação no CN, tampouco editar

uma MP para declarar a inconstitucionalidade de MP anterior.

8.11. Controle dos requisitos de relevância e urgência da MP

A MP possui pressupostos formais e matérias para sua edição. Os materiais são

extraídos do art. 62, § 1.º, e do art. 246 da CF/88 (os quais serão estudados a seguir). Já os

formais são os requisitos de relevância e urgência e a competência do PR para editá-la.

Segundo a jurisprudência do STF, os requisitos de relevância e urgência para edição

de medida provisória (CF, art. 62) são primordialmente reservados à apreciação discricionária

(de oportunidade e de valor) do presidente da República e, posteriormente, do Congresso

Nacional quando delibera sobre a MP, não cabendo ao Poder Judiciário o seu exame, em

respeito ao princípio da separação dos Poderes.

Ocorre que, em casos de abuso do poder de legislar ou quando evidenciada

objetivamente a ausência de um desses requisitos de relevância ou urgência (não quando a

análise dependa de uma avaliação subjetiva, estritamente política, mediante critérios de

oportunidade e conveniência), o STF tem excepcionalmente admitido que o Judiciário declare

a inconstitucionalidade da MP por ausência de tais pressupostos (ADI 1.717 MC/DF).

8.12. Limites materiais à edição de medidas provisórias

A EC n.º 32/01 estabeleceu limites materiais à edição de medidas provisórias

(ressalte-se, semelhantes, mas não coincidentes com os previstos para as leis delegadas) no

art. 62, § 1.º, da CF, o qual dispõe: § 1.º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

I – relativa a:

a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito

eleitoral;

b) direito penal, processual penal e processual civil;

c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a

garantia de seus membros;

d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e

suplementares, ressalvado o previsto no art. 167, § 3.º;

II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer

outro ativo financeiro;

III – reservada a lei complementar;

IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e

pendente de sanção ou veto do Presidente da República.

§ 2.º Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos,

exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no

exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia

daquele em que foi editada.

Importante ter em mente que é inadmissível medida provisória relativa a direito

penal, processual penal e processual civil, direito eleitoral, cidadania (o que inclui ação

popular, referendo, plebiscito, voto e direito de petição) e matérias reservadas a lei

complementar.

Por outro lado, admite-se que medida provisória verse sobre direitos individuais

(salvo sobre nacionalidade, cidadania e direitos políticos), direito civil e direito tributário.

A doutrina (Gilmar Mendes) reconhece um limite material implícito às MPs em

relação às matérias que a CF/88 reserva à iniciativa legislativa exclusiva de outro Poder que

não o Executivo ou da competência exclusiva do Congresso e de suas Casas (ex.: arts. 49, 51,

52, 96 e 127, § 2o, da CF/88). Nesses temas, não cabe MP.

Em relação ao direito tributário, a própria EC n.º 32/01, seguindo a jurisprudência do

STF (ADI 1667/DF-MC), admitiu a edição de MPs para instituição ou majoração de

impostos, desde que respeitado o princípio da anterioridade, nos termos do art. 62, § 2.º.

Finalmente, outros dois dispositivos da CF/88 trazem limites materiais à edição de

medidas provisórias. São eles:

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1º) O art. 25, § 2.º, proíbe a edição de medida provisória estadual na regulamentação

dos serviços locais de gás canalizado.

2.º) O art. 246 veda a adoção de medida provisória na regulamentação de artigo da

Constituição cuja redação tenha sido alterada por meio de emenda promulgada entre 1.º de

janeiro de 1995 até a promulgação da EC n.º 32/01, inclusive. Segue um quadro comparativo entre os limites materiais da lei delegada e da MP.

MP não pode dispor sobre: Lei delegada não pode dispor sobre:

- atos de competência exclusiva do CN da CD ou

do SF (limitação implícita, segundo a doutrina);

- atos de competência exclusiva do Congresso, da

Câmara ou do Senado;

- matéria reservada à lei complementar; - matéria reservada à lei complementar;

- nacionalidade, cidadania, direitos políticos,

partidos políticos e direito eleitoral;

- nacionalidade, cidadania, direitos políticos e

eleitorais;

– x – x – x – - direitos individuais;

- organização do Judiciário e do MP, a carreira e a

garantia de seus membros;

- organização do Judiciário e do MP, a carreira e a

garantia de seus membros;

- PPA, LDO e orçamentos, salvo crédito

extraordinário (CF, art. 167, § 3.º);

- PPA, LDO e orçamentos;

- direito penal, processual penal e processual civil; – x – x – x –

- detenção ou sequestro de poupança e demais

ativos financeiros;

– x – x – x –

- matéria já disciplinada em PL aprovado pelo CN

e pendente de sanção ou veto do PR;

– x – x – x –

- Serviço de gás canalizado (CF, art. 25, § 2.º); – x – x – x –

- Regulamentação de artigo da CF/88 alterado por

EC promulgada entre 1.º/01/95 até 11/09/01 (i.e.,

das ECs 05/95 à 32/01) (CF, art. 246).

– x – x – x –

8.13. Medidas provisórias e controle de constitucionalidade

Apesar do caráter “provisório”, a MP é um ato normativo em pleno vigor desde a sua

publicação, razão pela qual se submete ao controle de constitucionalidade, tanto pelo modelo

difuso (realizado por qualquer juiz ou tribunal brasileiro nas mais diversas ações judiciais),

quanto pelo modelo concentrado (promovido pelo STF e pelos tribunais de justiça dos estados

e do DF nas ADIs, ADCs e ADPFs).

Como vimos, o controle será possível tanto em relação aos limites formais e

requisitos constitucionais de relevância e urgência, quanto em relação ao mérito da MP.

Registre-se que os vícios da MP original contaminam a respectiva lei de conversão,

não tendo essa conversão o condão de sanar os vícios (formais ou materiais) da MP, razão

pela qual a promulgação da lei de conversão não afasta a análise judicial da presença dos

requisitos constitucionais da MP (STF, ADI 3.100 MC/DF).

8.14. Medidas provisórias nos estados-membros e municípios

Conforme já dito, o STF considera as regras básicas de processo legislativo previstas

na CF/88 como modelos obrigatórios às constituições estaduais e leis orgânicas municipais.

Em relação às medidas provisórias, entendeu o Supremo que os estados-membros

podem adotar a MP, desde que prevista na constituição estadual e respeite o modelo básico

previsto na Carta Magna (ADI 812/TO-MC).

Tal entendimento pode ser estendido aos municípios, desde que haja previsão em sua

lei orgânica e na constituição do estado respectivo.

Com isso, entende-se que estados, o DF e municípios podem adotar a medida

provisória, desde que haja previsão na respectiva constituição estadual ou lei orgânica

municipal ou do DF, sendo obrigatória a observância do modelo básico previsto no art. 62 da

CF/88.

8.15. Medidas provisórias anteriores à EC n.º 32/01

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O art. 2.º da EC n.º 32/01 determina que: “As medidas provisórias editadas em data

anterior à da publicação desta emenda continuam em vigor até que medida provisória ulterior

as revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do Congresso Nacional”.

Por força desse dispositivo constitucional, as medidas provisórias editadas

anteriormente à publicação da EC n.º 32/01 adquiriram vigência por prazo indeterminado

(independentemente de qualquer ato do presidente da República ou do Congresso)!

Essas MPs anteriores à EC n.º 32/01, portanto, continuarão em vigor por prazo

indeterminado, até que MP posterior as revogue ou até sua deliberação definitiva pelo CN.

Ressalte-se que, caso o Congresso venha a deliberar sobre elas, deverá utilizar o

processo legislativo previsto para a MP antes da EC n.º 32/01, o qual incluía a votação da MP

em sessão conjunta do CN, e não separadamente pelo Plenário de cada Casa Legislativa.

QUESTÕES DE CONCURSOS ANTERIORES

1. (CESPE 2011 AL/CE Analista Legislativo Direito) A Constituição não pode ser emendada na

vigência de intervenção federal.

2. (CESPE - 2009 - TRF - 2ª REGIÃO – Juiz) Quanto à atuação do Poder Legislativo federal e às

espécies normativas, assinale a opção correta.

a) Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do presidente da República, autorizar, em terras

indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas

minerais.

b) É da competência exclusiva do Congresso Nacional permitir que forças estrangeiras transitem pelo

território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei

complementar.

c) Cabe ao Congresso Nacional disciplinar, em resolução, as relações jurídicas decorrentes de medidas

provisórias não convertidas em lei no prazo constitucional.

d) A edição de medida provisória acarreta a revogação de lei anterior que verse acerca do mesmo

assunto.

e) Caso o presidente da República extrapole os limites fixados na resolução concedente da delegação

legislativa, o Congresso Nacional, mediante decreto legislativo, pode sustar a lei delegada, com efeitos

ex nunc.

3. (CESPE - 2008 - DPE-CE - Defensor Público) Lei ordinária pode revogar lei complementar.

4. (CESPE.Juiz.TJCE.2011-ADAPTADA) Acerca do processo legislativo na ordem jurídica pátria,

assinale a opção correta.

A Celebrado tratado, convenção ou ato internacional pelo presidente da República, cabe ao Congresso

Nacional o correspondente referendo ou aprovação, mediante a edição de resolução específica.

B No processo legislativo da lei ordinária, o veto presidencial parcial pode abranger trecho, palavras ou

expressões constantes de artigo, parágrafo ou alínea.

C Lei ordinária posterior pode revogar lei formalmente complementar, desde que materialmente

ordinária.

D Segundo o STF, uma vez editada a medida provisória, não pode o presidente da República retirá-la

da apreciação do Congresso Nacional nem tampouco ab-rogá-la por meio de nova medida provisória.

5. (CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário - Execução de Mandados) A delegação, ao presidente da

República, para a elaboração de lei delegada tomará a forma de decreto legislativo a ser editado pelo

Congresso Nacional, que especificará o conteúdo da delegação e os termos de seu exercício.

6. (CESPE.Analista.Judiciário.STJ.2012) A constituição de um estado pode estabelecer norma que

condicione a reforma de seu texto à aprovação do projeto de reforma por quatro quintos da totalidade

dos membros integrantes da assembleia legislativa.

7. (CESPE.Procurador.AGU.2010) De acordo com a CF, uma vez aprovado projeto de lei de conversão

alterando o texto original da medida provisória, a eficácia dos dispositivos que sofreram alteração fica

suspensa até que seja sancionado ou vetado o projeto.

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8. (CESPE.Promotor.MPE/ES.2010-ADAPTADA) Acerca do processo legislativo na CF, assinale a

opção correta.

A É admitida a edição de medidas provisórias relativas a matéria de direito civil.

B A CF consagrou, em seu texto, a iniciativa popular, sem restrição de matérias, para promover

proposta de emenda constitucional.

C Projeto de lei de iniciativa do STF e dos demais tribunais superiores deverá ser iniciado, mediante o

respectivo depósito junto à mesa, no Senado Federal.

D A ausência de sanção pelo chefe do Poder Executivo no prazo constitucional de quinze dias em

projeto de lei encaminhado pelo Poder Legislativo faz caducar o projeto, por não existir forma silente

de sanção.

9. (CESPE.AGU.2012) A CF admite a edição de medida provisória que institua ou majore impostos,

desde que seja respeitado o princípio da anterioridade tributária.

10. (CESPE.Diplomata.IRB.2012) O Congresso Nacional aprova os tratados e convenções

internacionais mediante a edição de resolução, ato que dispensa sanção ou promulgação por parte do

presidente da República.

11. (CESPE.Diplomata.IRB.2012) Embora esteja previsto na CF que os tratados aprovados em cada

Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por dois terços dos votos dos respectivos membros,

equivalham às emendas constitucionais, não há, na atualidade, registro de ato ou convenção

internacional que tenham sido aprovados de acordo com esse trâmite.

12. (CESPE.Juiz.TJ.PI.2011) As medidas provisórias, cujo prazo de validade é de sessenta dias,

prorrogável por mais sessenta, devem ser votadas em sessão conjunta do Congresso Nacional.

13. (CESPE.Juiz.TJ.PI.2011) As leis delegadas, elaboradas pelo presidente da República em virtude de

autorização do Poder Legislativo, devem ser aprovadas por maioria absoluta.

14. (CESPE.SEGESP-AL.Papiloscopista.2013) Ainda que um veto tenha sido rejeitado pelo

Congresso Nacional, o presidente da República deverá promulgar a lei.

15. (CESPE.TRF1.Juiz Federal.2013-ADAPTADA) Assinale a opção correta no que se refere ao

processo legislativo brasileiro, de acordo com o disposto na CF e o entendimento do STF.

a) Durante a vigência do estado de defesa, a CF não pode ser alterada.

b) A iniciativa de lei para a convocação de plebiscito ou referendo é privativa do presidente da

República.

c) Sanção presidencial a projeto em que se observa desrespeito à competência privativa do presidente

sana o vício formal.

d) Por meio de emenda constitucional, pode-se afastar aplicação de direito adquirido, desde que

mediante fundamentação adequada.

16. (CESPE.Juiz.TRF3.2011) Somente por emenda constitucional admite-se a alteração da forma

federativa de Estado, para que o Brasil venha, eventualmente, a assumir a condição de Estado unitário.

17. (CESPE.Procurador.TCE.BA.2010) O presidente da República só pode solicitar urgência para

apreciação de projetos de sua iniciativa, seja privativa, seja concorrente.

18. (CESPE.Juiz.TJAC.2011) As leis delegadas serão elaboradas pelo presidente da República após a

edição pelo Congresso Nacional de decreto legislativo com a especificação do conteúdo e dos termos

de exercício da delegação.

19. (CESPE.Juiz.PA.2011) Com relação ao processo legislativo, assinale a opção correta.

A As medidas provisórias que perderem sua eficácia por decurso de prazo poderão ser reeditadas na

mesma sessão legislativa, mas as que forem expressamente rejeitadas, não.

B Por serem atos normativos interna corporis da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, as

resoluções não são aptas à produção de efeitos externos.

C Durante os períodos de recesso do Congresso Nacional, os prazos relativos ao processo legislativo

ficam suspensos, salvo no que se refere aos projetos de código.

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D Decreto legislativo é a espécie normativa destinada a regular assuntos de competência privativa da

Câmara dos Deputados e do Senado Federal, como, por exemplo, a aprovação de seus regimentos

internos.

E Para que o presidente da República edite lei delegada, é necessária autorização do Congresso

Nacional, por meio de resolução.

20. (CESPE.Gestor.Público.AM.2006 - ADAPTADA) É vedada a edição de medidas provisórias a

respeito de matéria relativa a orçamentos, planos plurianuais e diretrizes orçamentárias, excepcionada a

abertura de crédito extraordinário para atender a despesas imprevisíveis e urgentes, como as

decorrentes de guerra.

21. (CESPE.Promotor.MP.PI.2012) Medida provisória que seja rejeitada ou perca sua eficácia por

decurso de prazo não poderá ser reeditada na mesma legislatura.

22. (CESPE.Promotor.MP.RN.2009) No que diz respeito ao processo legislativo, assinale a opção

correta.

A A CF pode ser emendada por proposta de assembleia legislativa de uma ou mais unidades da

Federação, manifestando-se cada uma delas pela maioria relativa de seus membros.

B A iniciativa das leis delegadas cabe a qualquer membro ou comissão da Câmara dos Deputados ou

do Senado Federal, na forma e nos casos previstos na CF.

C O parlamentar dispõe de legitimação ativa para suscitar, por meio de mandado de segurança, o

controle incidental de constitucionalidade pertinente à observância, pelo Parlamento, dos requisitos que

condicionam a válida elaboração das proposições normativas, enquanto essas se acharem em curso na

casa legislativa a que pertença esse parlamentar; no entanto, se a proposta legislativa for transformada

em lei, haverá a perda do objeto da ação e a perda da legitimidade ativa do parlamentar.

D As emendas constitucionais não podem ser objeto de declaração de inconstitucionalidade, visto que

não existe, no sistema brasileiro, a possibilidade de normas constitucionais inconstitucionais.

E A proposta de emenda constitucional deve ser discutida e votada em cada casa do Congresso

Nacional em dois turnos, considerando-se aprovada, se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos

respectivos membros. A casa na qual tenha sido concluída a votação deve enviar o projeto de emenda

ao presidente da República, para que este, aquiescendo, o sancione.

23. (CESPE/Analista - TCE-TO/2008) O presidente da República pode editar medida provisória

dispondo acerca da fidelidade partidária.

24. (CESPE - 2010 - MPS - Agente Administrativo) Pode ser objeto de emenda constitucional a

proposta tendente a abolir o direito de petição aos poderes públicos ou a obtenção de certidões em

repartições públicas.

25. (CESPE/UNB-AGU.2004) Após a aprovação do projeto de lei de conversão pelo Congresso

Nacional e de seu envio à sanção presidencial, permanece em vigência a medida provisória (MP)

correspondente, apenas pelo período que lhe reste do prazo de 120 dias contados da data de sua

publicação; caso transcorra o período restante de vigência da MP antes da sanção do projeto de lei de

conversão, ela será considerada revogada, cabendo ao Congresso Nacional, por decreto legislativo,

disciplinar as relações jurídicas dela decorrentes.

26. (TRT19/2008) No que concerne às Medidas Provisórias, de acordo com a Constituição Federal de

1988, é INCORRETO afirmar:

a) Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta e cinco dias contados de sua publicação,

entrará em regime de urgência, subseqüentemente, em cada uma das Casas do Congresso Nacional.

b) Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto original da medida provisória, esta manter-

se-á integralmente em vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.

c) Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência de medida provisória que, no prazo de

sessenta dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do

Congresso Nacional.

d) Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores examinar as medidas provisórias e sobre elas

emitir parecer, antes de serem apreciadas, em sessão conjunta, pelo plenário do Congresso Nacional.

e) A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias

dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais.

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27. (TRF1/2006) Sobre Processo Legislativo, é INCORRETO afirmar que

a) a emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado

Federal, com o respectivo número de ordem.

b) é vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou

que tenha perdido sua eficácia por decurso de prazo.

c) a Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou

de estado de sítio.

d) as leis que disponham sobre servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico,

provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria, são de iniciativa privativa do Presidente da

República.

e) as leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente do Congresso Nacional, que deverá solicitar a

delegação ao Presidente da República.

28. (CESPE.ANTT.Todos os cargos.2013) Compete privativamente ao Congresso Nacional editar

medidas provisórias com força de lei, conforme preconiza a CF.

29. (CESPE.Papiloscopista.PC.TO.2008 e CESPE - 2009 - TRF - 5ª REGIÃO – Juiz) Uma proposta de

emenda constitucional que tenha sido rejeitada ou prejudicada somente pode ser reapresentada na

mesma sessão legislativa mediante a propositura da maioria absoluta dos membros de cada casa do

Congresso Nacional.

30. (CESPE - 2009 - TRF - 5ª REGIÃO – Juiz) O orçamento público rege-se pelo princípio da reserva

de lei. Assim, os orçamentos e os créditos adicionais e extraordinários somente podem ser aprovados

ou autorizados por meio de lei, não sendo admitida a edição de medida provisória.

31. (CESPE.Analista Judiciário.TRE.MT.2010 e Analista.TCE.AC.2009) A reedição, na mesma sessão

legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por decurso

de prazo será permitida apenas uma vez, por igual período.

32. (CESPE - 2008 - TJ-SE – Juiz) Determinada lei ordinária, sancionada em 1973, disciplina uma

dada matéria. Entretanto, a CF dispôs que a mesma matéria agora deverá ser disciplinada por lei

complementar. Diante dos fatos acima narrados, é correto afirmar que

a) há vício formal na lei de 1973 por incompatibilidade com a atual CF.

b) resolução do Senado Federal, promulgada em 2007, poderia revogar a lei de 1973.

c) a lei de 1973 foi recepcionada como lei complementar, mas pode ser alterada por lei ordinária.

d) a lei de 1973 foi recepcionada como lei ordinária, mas só pode ser alterada por lei complementar.

e) a lei de 1973 pode ser revogada por emenda constitucional.

33. (CESPE Analista TCE AC 08) A medida provisória:

A) pode tratar de matéria reservada a lei complementar.

B) pode tratar de matéria penal e processual.

C) deve ser votada primeiramente na Câmara dos Deputados.

D) tem eficácia por 45 dias, sendo prorrogável uma única vez.

E) depende de maioria absoluta para ser aprovada.

34. (CESPE - 2011 - TRF - 2ª REGIÃO – Juiz) É expressamente vedada a edição de medida provisória

sobre matéria relativa à organização do Poder Judiciário e do MP, à carreira e à garantia de seus

membros.

35. (CESPE - 2012 - Câmara dos Deputados - Analista - Técnico em Material e Patrimônio) Não

comporta exceções a seguinte regra constitucional, considerada autoaplicável: medida provisória que

institua ou majore imposto só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido

convertida em lei até o último dia do exercício em que foi editada.

36. (CESPE.Analista Jud.Área Adm.TST.2008 - ADAPTADA) Para que uma emenda à Constituição

Federal venha a ser aprovada, ela precisa obter, em cada casa do Congresso Nacional, a aprovação de,

no mínimo, 60% dos membros que a compõem.

37. (CESPE - 2008 - OAB-SP) O presidente da República pode adotar medidas provisórias, com força

de lei, sobre

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a) prazos processuais.

b) instituição e majoração de impostos.

c) definição de crime ou majoração de sanção penal.

d) prazos eleitorais.

38. (CESPE - 2011 - AL-ES – Procurador) A rejeição tácita da medida provisória impõe a imediata

aplicação de seus termos às relações firmadas durante o período de sua vigência.

39. (CESPE.MPU.Analista-Direito.2013) É expressamente vedada a edição de medidas provisórias que

versem sobre matérias de direito penal, processual penal e processual civil.

40. (CESPE.Analista Jud.Área Adm.TST.2008) Considere que, em uma sessão do Senado Federal, que

é composto por 81 membros, estivessem presentes 71 senadores e tenha havido exatos 36 votos pela

aprovação de determinado projeto de lei complementar. Nessa situação, é correto concluir que o

referido projeto foi rejeitado.

41. (CESPE - 2011 - AL-ES – Procurador) A CF atribui legitimação exclusiva ao presidente da

República para solicitar ao Congresso Nacional urgência na apreciação de projeto de lei de sua

iniciativa.

42. (CESPE - 2011 - AL-ES – Procurador) Nas leis delegadas, a resolução do Congresso Nacional que

efetivar a delegação poderá determinar a apreciação do projeto pelo Congresso Nacional, hipótese em

que será admitida a apresentação de emenda parlamentar.

43. (CESPE.Analista Administrativo e Financeiro.Direito.SEGER/ES.2007) Lei complementar pode

ser revogada por lei ordinária quando tratar de matéria específica desse tipo de lei.

44. (CESPE.Analista Administrativo e Financeiro.Direito.SEGER/ES.2007) No Brasil, a forma

federativa de Estado constitui cláusula pétrea insuscetível de abolição por meio de reforma

constitucional.

45. (CESPE - 2008 - SERPRO - Analista – Advocacia) No momento em que um projeto de lei é

encaminhado para sansão7, o presidente da República, se entender preenchidos os requisitos legais, em

vez de vetá-lo, pode editar uma medida provisória sobre a mesma matéria.

46. (STF/Analista/2008) A CF, conforme seu próprio texto, pode ser emendada por meio de iniciativa

popular, desde que o projeto seja subscrito, por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído por,

pelo menos, cinco estados, com não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles.

47. (CESPE - 2010 - TRT - 21ª Região (RN) - Analista Judiciário - Área Judiciária) Matéria referente a

nacionalidade e a cidadania pode ser objeto de lei delegada.

48. (CESPE - 2010 - TRT - 21ª Região (RN) - Analista) As matérias de competência exclusiva do

Congresso Nacional são reguladas por decretos legislativos.

49. (CESPE/TCE-AC/2009 e CESPE - 2010 – TRT - 21ª Região (RN) - Analista) As medidas

provisórias perdem a eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de trinta dias,

prorrogável uma vez, por igual período.

50. (CESPE - 2009 - PC-RN - Escrivão) Acerca do processo legislativo, assinale a opção correta à luz

da CF.

a) A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação, à Câmara dos Deputados, de projeto de lei

subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco estados, com

não menos de 0,3% dos eleitores de cada um deles.

b) Prorrogar-se-á uma única vez, por igual período, a vigência de medida provisória que, no prazo de

quarenta e cinco dias, contado de sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas do

Congresso Nacional.

7 Foi o CESPE/Unb que redigiu sansão com “s”!!!

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c) As leis delegadas serão elaboradas pelo presidente da República, que deverá solicitar a delegação ao

Congresso Nacional. Esta delegação confere plenos poderes ao presidente, pois a transferência de

competência é definitiva.

d) Após discussão e aprovação pelo Congresso Nacional, o presidente da República deve sancionar

proposta de emenda à CF, no prazo de quinze dias, sendo que seu silêncio importará sanção.

e) O projeto de lei ordinária aprovado por uma Casa do Congresso Nacional será revisto pela outra, em

dois turnos de discussão e votação, e enviado à sanção ou promulgação, se a casa revisora o aprovar,

ou arquivado, se a Casa o rejeitar.

51. (CESPE - 2005 - TRT-16R - Analista Judiciário) O presidente da República pode adotar medida

provisória, com força de lei, em caso de relevância e urgência, inclusive sobre matérias relativas a

aumento salarial de servidor público, previdência social, nacionalidade, planos plurianuais, diretrizes

orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares.

52. (CESPE - 2005 - TRE-MT - Analista Judiciário - Área Judiciária) Considere que o presidente da

República tenha apresentado projeto de lei dobrando a pena cominada a determinado crime eleitoral.

Em relação a essa situação, assinale a opção correta.

a) Para ser aprovado, o referido projeto precisaria do voto favorável da maioria absoluta dos deputados

federais e senadores da República.

b) Por ter sido apresentado pelo presidente da República, o referido projeto não precisaria ser

submetido à sanção presidencial, caso viesse a ser aprovado pelo Congresso Nacional.

c) Seria incompatível com a Constituição da República dispositivo do referido projeto de lei que

determinasse que ele entraria em vigor no primeiro dia do ano seguinte ao da sua publicação.

d) Violaria a Constituição da República a edição, pelo presidente da República, de medida provisória

acerca da matéria versada no referido projeto de lei.

e) Caso o referido projeto de lei tivesse sido aprovado e promulgado, seriam automaticamente dobradas

as penas das pessoas que, na data em que a respectiva lei entrasse em vigor, se encontrassem presas

pela prática do crime cuja pena seria majorada.

53. (CESPE - 2010 - ABIN – Oficial Técnico de Inteligência – Direito) Para aprovação de lei que

preveja indenização compensatória como meio de proteção contra a despedida arbitrária ou sem justa

causa, exige-se quórum de votação de maioria simples, conforme determina a CF.

54. (CESPE.TJ-MA.Juiz.2013) Considerando as disposições constitucionais e a jurisprudência acerca

do processo legislativo, assinale a opção correta.

a) A rejeição expressa de medida provisória opera efeitos ex nunc.

b) Os projetos de lei de iniciativa popular poderão iniciar-se tanto na Câmara dos Deputados quanto no

Senado Federal.

c) De acordo com entendimento do STF, a iniciativa de lei que verse sobre matéria tributária é

concorrente entre o chefe do Poder Executivo e os membros do Legislativo.

d) De acordo com o regime de tramitação do projeto de lei complementar, é dispensável a submissão

de seu conteúdo ao plenário da casa legislativa.

55. (CESPE.TRF2.Juiz Federal.2013) A respeito das disposições constitucionais sobre o processo

legislativo, assinale a opção correta.

a) O presidente da República não poderá reeditar, na mesma sessão legislativa, a medida provisória que

tenha sido expressamente rejeitada. Ele poderá fazê-lo, porém, se a medida provisória tiver sofrido

rejeição tácita ou implícita, que se caracteriza quando o Congresso Nacional não a examina dentro do

prazo de cento e vinte dias previsto no texto constitucional.

b) Compete às assembleias legislativas estaduais, por autoridade própria, dispor, mediante decretos

legislativos, sobre a iniciativa popular de lei no âmbito dos respectivos estados.

c) Nos casos em que o presidente da República, transcorrido o prazo de quinze dias úteis do

recebimento de projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional, não se manifestar expressamente no

sentido de sancionar ou de vetar o projeto, ocorrerá a sanção tácita, que terá como fase seguinte a

promulgação da lei.

d) As resoluções são atos normativos destinados a regular assunto de competência exclusiva do

Congresso Nacional, incumbindo- lhes, prioritariamente, referendar atos emanados do presidente da

República.

e) A iniciativa para apresentação de proposta de emenda à CF por deputado ou senador depende da

manifestação de dois terços, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

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56. (CESPE - 2008 - TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - Analista Judiciário - ADAPTADA) No que concerne ao

processo legislativo, assinale a opção correta.

a) As medidas provisórias não podem ser objeto de deliberação em convocação extraordinária do

Congresso Nacional proposta pelo presidente da República.

b) O Congresso Nacional pode delegar ao presidente da República a edição de lei acerca da

organização do Poder Judiciário, desde que o Poder Executivo tenha uma comissão de reforma do

Poder Judiciário.

c) Em regra, a tramitação de processo legislativo de proposta encaminhada pelo presidente da

República inicia-se no Senado Federal.

d) Lei complementar não é hierarquicamente superior às resoluções do Senado Federal.

57. (CESPE - 2009 - BACEN – Procurador) A respeito de espécies normativas, assinale a opção

correta.

a) A proposta de emenda constitucional deve ser discutida e votada em cada casa do Congresso

Nacional, em dois turnos, e será considerada aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos

respectivos membros e for promulgada após a respectiva sanção presidencial.

b) Segundo posicionamento do STF, não gera inconstitucionalidade formal a emenda parlamentar a

projeto de lei de iniciativa de tribunal de justiça estadual que importe aumento de despesa, já que

apenas em proposta de iniciativa do chefe do Poder Executivo a CF veda a apresentação de emenda

parlamentar que implique aumento de despesa.

c) A medida provisória aprovada pelo Congresso Nacional com alterações é transformada em projeto

de lei de conversão e deve ser promulgada pelo presidente do Senado, independentemente de sanção ou

veto do presidente da República.

d) O decreto legislativo é espécie normativa destinada a dispor acerca de matérias de competência

exclusiva do Congresso Nacional e deve ser, obrigatoriamente, instruído, discutido e votado em ambas

as casas legislativas, no sistema bicameral.

e) As resoluções constituem atos normativos secundários que dispõem acerca da regulação de

determinadas matérias do Congresso Nacional não inseridas no âmbito de incidência dos decretos

legislativos e da lei.

58. (CESPE/Analista administrativo - TRT 5a/2009) A CF veda expressamente a reedição, na mesma

sessão legislativa, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua eficácia por

decurso de prazo.

59. (CESPE - 2008 - PGE-CE - Procurador de Estado) A deliberação de cada uma das casas do

Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o

atendimento de seus pressupostos constitucionais.

60. (CESPE - 2010 - TRE-MT - Analista Judiciário - Área Administrativa) Assinale a opção correta

quanto ao processo legislativo devidamente estabelecido na CF.

a) No que se refere a leis delegadas, se a resolução determinar a apreciação do projeto de lei pelo

Congresso Nacional, este a fará em votação única, sendo vedada qualquer emenda.

b) A CF poderá ser emendada mediante proposta de um terço das assembleias legislativas das unidades

da Federação, mediante a maioria relativa de seus membros.

c) Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir a forma republicana de

governo.

d) É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria relativa a direito civil.

e) Decorrido o prazo de quinze dias para o exame do projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional,

o silêncio do presidente da República importará veto, em razão da impossibilidade de ocorrer sanção

tácita.

61. (CESPE/TJAA-STF/2008) O início da tramitação de proposta de emenda constitucional cabe tanto

ao Senado Federal quanto à Câmara dos Deputados, pois a CF confere a ambas as casas o poder de

iniciativa legislativa.

62. (CESPE/STF/Técnico/2008) Só cabe lei complementar, no sistema normativo brasileiro, quando

formalmente for necessária a sua edição por norma constitucional explícita.

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63. (CESPE - 2010 - BRB – Advogado) É admissível emenda à Constituição Federal de 1988 (CF)

mediante proposta de mais da metade das assembleias legislativas das unidades da Federação, desde

que haja manifestação, em cada uma delas, da maioria relativa de seus membros.

64. (CESPE/AGU/2009) As medidas provisórias não convertidas em lei no prazo constitucional

perdem a eficácia a partir do ato declaratório de encerramento do prazo de sua vigência.

65. (CESPE - 2007 - TCU - Analista de Controle Externo) É possível regular por MP matéria que a

Constituição reserva à iniciativa legislativa exclusiva dos Poderes Legislativo ou Judiciário ou mesmo

a outros órgãos como o Ministério Público e o tribunal de contas, pois não há, quanto a isso, vedação

constitucional explícita.

66. (CESPE - 2007 - TCU - Analista de Controle Externo) As MPs produzem, ao serem editadas, pelo

menos dois efeitos: o efeito inovador da ordem jurídica e o efeito provocador do Congresso Nacional

para que este delibere sobre o assunto.

67. (CESPE - 2007 - TCU - Analista de Controle Externo) O Poder Judiciário não detém competência

para exercer crítica sobre o juízo de existência dos pressupostos da MP, pois eles são discricionários.

68. (CESPE.TJ-DF.Analista Jud.Área Jud.2013) O presidente da República pode solicitar urgência para

a apreciação de projetos de sua iniciativa, hipótese em que a Câmara dos Deputados e o Senado Federal

terão, sucessivamente, quarenta e cinco dias para se manifestar sobre a proposição, sob pena de

trancamento da pauta, salvo no que diz respeito às deliberações com prazo constitucional determinado.

69. (CESPE/Procurador-BACEN/2009) As matérias de competência privativa do Senado Federal não

dependem de sanção presidencial e se materializam por meio de decreto legislativo.

70. (CESPE - 2008 - STF - Analista Judiciário) Governadores e prefeitos podem editar medidas

provisórias, desde que exista previsão na constituição estadual ou na lei orgânica municipal, sendo

obrigatória a observância do modelo básico adotado pela CF.

71. (CESPE.Analista Jud.Controle Interno.TJDFT.2008) Os direitos e garantias individuais são

arrolados como cláusula pétrea, de forma que não se admitirá proposta de emenda que possa, de

qualquer forma, limitar esses direitos.

72. (CESPE - 2009 – IRB – Diplomata) É vedada a edição de medidas provisórias em matéria eleitoral,

ainda que aprovadas antes do início do ano das eleições de que cuida a norma.

73. (CESPE - 2009 – IRB – Diplomata) A instituição ou majoração de impostos podem ser objeto de

edição de medida provisória.

74. (CESPE.Analista Jud.Área Adm.TRT 10ª REGIÃO.2004) A Constituição da República permite ao

presidente da República a edição de medidas provisórias sobre direito do trabalho.

75. (CESPE - 2009 – IRB – Diplomata) Os ativos financeiros, como, por exemplo, poupanças privadas,

podem ser objeto de medida provisória que determine detenção temporária ou sequestro de bens.

76. (CESPE - 2007 - TRE-PA - Analista - Área Administrativa - ADAPTADA) A aprovação de uma

medida provisória com “quorum” de maioria absoluta permite o trato de assuntos de lei complementar.

77. (TRT24/2006) No que concerne ao Processo Legislativo Brasileiro é correto afirmar:

a) É de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que disponham sobre normas gerais de

organização do Ministério Público e da Defensoria dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.

b) A proposta de emenda da Constituição Federal será votada em dois turnos em cada casa do

Congresso e será aprovada com a obtenção de voto de 2/3 de seus respectivos membros.

c) A edição de medida provisória, com força de lei, em caso de relevância e urgência, é de competência

privativa do Presidente da República e poderá versar sobre matéria reservada à Lei Complementar.

d) O veto do Presidente da República a projeto de lei deverá ser feito no prazo de 10 dias úteis,

contados da data do recebimento. O silêncio presidencial durante este prazo importará em sanção.

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e) A iniciativa popular pode ser exercida mediante a apresentação à Câmara dos Deputados de projeto

de lei subscrito por, no mínimo, dois por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco

Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.

78. (CESPE - 2006 - ANATEL - Especialista em Regulação – Direito) Seria hierarquicamente

equivalente a uma emenda constitucional um tratado internacional que, disciplinando direitos

individuais dos usuários de serviços públicos, fosse referendado pelo Congresso Nacional pelo mesmo

processo legislativo de aprovação de emendas à Constituição.

79. (CESPE.Téc Jud.Área Adm.STJ.2008) Caso, visando agilizar o cumprimento das condenações

criminais, um grupo de quarenta senadores da República proponha emenda à CF para suprimir o inciso

LVII do art. 5.º da Carta Magna, que estabelece que ninguém será considerado culpado até o trânsito

em julgado da sentença penal condenatória, a proposta não deverá ser objeto de deliberação, por se

tratar de cláusula pétrea, que só pode ser modificada pelo constituinte originário.

80. (CESPE.ANTAQ.Nível Superior.2014) A Constituição autoriza o presidente da República, o STF,

os tribunais superiores e o Procurador-Geral da República a solicitar, ao Congresso Nacional, regime

de urgência para apreciação de projetos de sua iniciativa.

81. (CESPE.SEGER-ES.Analista Executivo.Direito.2013) As resoluções elaboradas por órgãos

colegiados de autarquias integram o do processo legislativo.

82. (CESPE.TJ-CE.Analista Jud.ÁreaAdm.2014) Assinale a opção correta com base nas normas

constitucionais que disciplinam as medidas provisórias e na jurisprudência do STF relativa a essa

matéria.

a) Caso o texto original de uma medida provisória seja aprovado e convertido em lei, essa lei terá de

ser sancionada pelo presidente da República, em homenagem ao princípio da separação de poderes.

b) Em qualquer caso, poderá o STF analisar o preenchimento dos requisitos de relevância e urgência

estabelecidos constitucionalmente para as medidas provisórias, em homenagem ao princípio da

inafastabilidade da jurisdição.

c) Caso medida provisória tenha versado sobre matéria reservada a lei complementar, sua conversão

em lei, pelo Congresso Nacional, convalidará o vício inicial, desde que tal conversão seja aprovada por

maioria absoluta.

d) Apesar de o presidente da República, após a edição da medida provisória, não poder mais retirá-la

da apreciação do Congresso Nacional, ele pode ab-rogá-la por meio da edição de nova medida

provisória.

e) A competência constitucional do presidente da República para adotar medidas provisórias, em caso

de relevância e urgência, poderá ser delegada, mediante decreto, ao ministro de Estado da Justiça.

83. (CESPE.TC-DF.Procurador.2013) É vedada a edição de medida provisória em matéria penal,

processual penal e processual civil, salvo se em benefício do acusado, como, por exemplo, na criação

de hipótese de extinção de punibilidade.

84. (CESPE.TJ-DF.Titular de Serviços de Notas e de Registros.2014) Em nenhuma hipótese, a

matéria constante de projeto de lei rejeitado poderá constituir objeto de novo projeto na mesma

sessão legislativa.

85. (CESPE.TC-DF.Analista.2014) O veto do presidente da República a projeto de lei será

apreciado em sessão unicameral, somente podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos

congressistas.

86. (CESPE.Consultor.CD.2014) Se o presidente da República editar determinada medida provisória,

os requisitos constitucionais de relevância e urgência apenas em caráter excepcional submeter-se-ão ao

crivo do Poder Judiciário, por força do princípio da separação dos poderes.

87. (CEPE.TC-DF.Procurador.2013) Os projetos de lei de iniciativa reservada, como os que dispõem

sobre a organização dos serviços administrativos dos tribunais federais e do MP, não admitem a

apresentação de emenda parlamentar.

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88. (CESPE.MPU.Analista-Direito.2013) Promulgação é ato que incide sobre projeto de lei,

transformando-o em lei e certificando a inovação do ordenamento jurídico.

89. (CESPE.Consultor.CD.2014) Nem todos os assuntos podem ser objeto de lei delegada, como, por

exemplo, a matéria relativa à legislação sobre planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e

orçamentos.

90. (CESPE.Consultor.CD.2014) A CF admite que se modifiquem, por meio de emendas

parlamentares, projetos de lei elaborados pelo chefe do Poder Executivo no exercício de sua iniciativa

reservada, mas veda, por inteiro, as emendas que ensejem aumento de despesa pública.

91. (CESPE.Consultor.CD.2014) Caso um deputado federal apresente projeto de lei versando sobre

matéria tributária, ela será incompatível com a CF, pois a referida iniciativa, independentemente de seu

conteúdo, é privativa do chefe do Poder Executivo.

92. (CESPE.Consultor.CD.2014) Se o Congresso Nacional editar uma lei complementar (LC)

instituidora de certa obrigação tributária, posteriormente, uma lei ordinária poderá revogar dispositivos

dessa LC, desde que tais dispositivos sejam materialmente ordinários.

93. (CESPE.IRB.Diplomata.2014) Pertence privativamente ao presidente da República a iniciativa das

leis que disponham sobre a criação de cargos, funções ou empregos públicos, bem como sobre o

aumento de remuneração, na administração direta e nas autarquias.

94. (CESPE.IRB.Diplomata.2014) São disciplinados por decreto legislativo os assuntos de

competência exclusiva do Congresso Nacional, como, por exemplo, a aprovação de tratados, acordos

ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.

95. (CESPE.MPE-AC-Promotor de Justiça.2014) Não se admite a apresentação de emendas

parlamentares durante o processo legislativo referente a projeto de lei que, em tramitação na

Assembleia Legislativa, disponha sobre a organização dos serviços administrativos do MPE, dado o

caráter reservado de sua iniciativa.

96. (CESPE.CADE.Nível Superior.2014) O decreto legislativo é espécie legislativa criada sem a

exigência de sanção do presidente da República. Por outro lado, a lei ordinária exige, no processo de

sua elaboração, a manifestação do presidente da República por meio da sanção ou do veto.

97. (CESPE.PC-DF.Agente de Polícia.2013) A iniciativa popular de lei pode ser exercida tanto no que

tange às leis complementares como às leis ordinárias.

98. (CESPE.TJ-DF.Juiz.2014) Após a edição de determinada medida provisória, o presidente da

República poderá retirá-la da apreciação do Congresso Nacional.

99. (CESPE.TJ-DF.Juiz.2014) No projeto de lei orçamentária anual — de iniciativa exclusiva do

presidente da República —, não são admitidas emendas parlamentares que acarretem aumento de

despesas.

100. (CESPE.TCE-ES.Analista Adm.Direito.2013) Não podem ser objeto de lei delegada, entre

outros, os atos de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, assim como

a legislação sobre planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.

101. (CESPE.TCE-ES.Analista Adm.Direito.2013) As resoluções são leis, em sentido formal, que,

aprovadas pelo Congresso Nacional no exercício da competência exclusiva prevista no texto

constitucional, produzem efeitos interna corporis ao órgão legislativo.

102. (CESPE.TCE-ES.Analista Adm.Direito.2013) A medida provisória que ultrapassar o prazo de

sessenta dias da data de sua publicação sem ser apreciada entrará em regime de urgência e sobrestará o

andamento de qualquer projeto de lei no Congresso Nacional, até ser finalizada a sua apreciação.

103. (CESPE.PG-DF.Procurador.2013) A lei que disciplina a organização do Poder Judiciário do DF é

de iniciativa privativa do governador distrital.

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104. (CESPE.PG-DF.Procurador.2013) Os tratados internacionais se incorporam ao ordenamento

jurídico brasileiro com o status de emenda constitucional.

105. (CESPE.PG-DF.Procurador.2013) Os tratados sobre direitos humanos incorporados ao direito

pátrio e em conformidade com a CF revogam as leis ordinárias conflitantes.

106. (CESPE.PC-DF.Agente de Polícia.2013) Terá sempre início na Câmara dos Deputados a votação

dos projetos de lei de iniciativa popular, das medidas provisórias e dos projetos de lei de iniciativa do

presidente da República, do STF e dos tribunais superiores.

1-C 21-E 41-C 61-C 81-E 101-E

2-E 22-C 42-E 62-C 82-D 102-E

3-C 23-E 43-C 63-C 83-E 103-E

4-C 24-E 44-C 64-E 84-E 104-E

5-E 25-E 45-E 65-E 85-E 105-C

6-E 26-D 46-E 66-C 86-C 106-C

7-E 27-E 47-E 67-E 87-E

8-A 28-E 48-C 68-C 88-E

9-C 29-E 49-E 69-E 89-C

10-E 30-E 50-A 70-C 90-E

11-E 31-E 51-E 71-E 91-E

12-E 32-E 52-D 72-C 92-C

13-E 33-C 53-E 73-C 93-C

14-C 34-C 54-C 74-C 94-C

15-A 35-E 55-C 75-E 95-E

16-E 36-C 56-D 76-E 96-C

17-C 37-B 57-D 77-A 97-C

18-E 38-E 58-C 78-C 98-E

19-E 39-C 59-C 79-C 99-E

20-C 40-C 60-A 80-E 100-C