curso 6: atualização em transtornos mentais no trabalho · tinha tremor, sentia falta de ar e dor...

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Curso 6: Atualização em transtornos mentais no trabalho

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Curso 6: Atualização em transtornos

mentais no trabalho

• Objeto central de análise: interrelação entre

trabalho e os processos saúde/doença cuja

dinâmica se inscreve mais marcadamente nos

fenômenos mentais

• Campo marcado pela interdisciplinaridade:

disciplinas que estudam a saúde humana e

disciplinas que se ocupam direta ou

indiretamente do trabalho humano

• 3 principais correntes:

1. Psicodinâmica do trabalho

2. Estresse e trabalho

3. O modelo do desgaste mental

Condições de trabalho Síndrome Transtornos Físicos

Fatores Psicossociais Psiconeuroimuno- Transtornos Mentais

(Assédio Moral) endocrinológica Perda de produtividade

Perda de Desempenho

Absenteísmo

Rotatividade

Etc.

: aspectos relativos à personalidade, apoio social,

percepção de controle

• muitas diferentes definições de assédio moral no

trabalho: não há consenso

• Todo comportamento abusivo (através de gestos, palavras, modos e atitude) que diminui, pela sua repetição ou sistematização , a dignidade ou integridade psicológica ou física de um indivíduo, comprometendo, dessa forma, o emprego dele ou causando danos nas suas relações de trabalho (Hirigoyen, 2001: p. 13).

• = estressor intenso e duradouro: resposta de estresse ativada

constantemente

• No caso do assédio moral nem a resposta de luta e nem a de

fuga são adequadas

• Seriam necessárias mudanças organizacionais ou aprender

formas adequadas de comportamento em cada caso

• Baixa imunidade levando a resfriados, gripes, etc. frequentes especialmente nos dias de folga

• Dores no peito e angina • Hipertensão arterial • Ataques cardíacos • Derrames • Cefaleias e enxaquecas • Perda ou ganho de apetite • Síndrome do intestino irritável • Vômitos reativos depois ou antes de reuniões, um evento

desencadeador ou ir a um local especifico • Irritações e distúrbios de pele (ex.: psoriase, eczema, urticaria,

ulcerações) • Problemas hormonais (distúrbios do ciclo menstrual,

dismenorreia, perda da libido, impotência)

• Excessivamente desajeitado (não consegue segurar pequenos objetos, separar folhas de papel, derrubar coisas)

• Distúrbios do sono incluindo pesadelos e acordar muito cedo

• Distúrbios do equilíbrio

• Ataques de pânico, ansiedade, suor excessivo, tremor e palpitações

• Dores nas juntas e músculos sem causas aparentes

• Dores na coluna

• Ranger os dentes

• Tiques

• Coceira

• Entorpecimento dos dedos, lábios, etc.

• Distúrbios visuais, necessidade de prescrições de um dia para o outro

• Não suportar ruídos altos ou luzes brilhantes

• Desenvolvimento de novas alergias

• Surpresa, confusão, inabilidade de

entender o que está acontecendo e

por que aconteceu

• Grande senso de negação

• Choro fácil

• Irritabilidade patológica

• Hiperconsciência

• Flashbacks e revivescência, a

pessoa não consegue se desligar

• Hipervigilância que parece, mas não

é paranoia

• Vergonha, embaraço e culpa

• Medo exagerado

• Baixa autoestima e autoconfiança

• Profundo sentimento de não ter valor ou merecimento

• Indiferença emocional, anedonia, e inabilidade de sentir amor ou alegria

• Taciturnidade

• Desapego, esquiva de tudo o que lembra a experiência

• Paralisia fisica e mental diante de lembranças da

experiência

• da dependencia de drogas (cafeina, nicotina, alcool,

soniferos, tranquilizantes, anti-depressivos, etc.)

• Sentir conforto comprando e gastando

• Pensamentos suicidas e homicidas

2 origens do assédio moral no

trabalho • (Einarsen, 1999)

• Relacionado a disputa

Agressão em conflitos interpessoais intensos

Fingimento como uma tática

Ressentimento contra o oponente

• Predatório

Liderança abusiva

Clima hostil

Bodes expiatórios

Exteriorização de preconceito

Perícia psicológica

• regida pela Resolução CFP no 008/2010

• elaboração de documentos escritos é regida

pela Resolução CFP no 007/2003

• Não existem resoluções específicas do

Conselho Federal de Psicologia (CFP) para os

processos envolvendo casos de saúde do

trabalhador

O que perguntar e por que?

• Ege (2004) afirma que o assédio moral afeta o nível

biológico, os aspectos profissionais, econômicos, sociais, pessoais, familiares, etc.

• Toda a esfera existencial da pessoa pode ser prejudicada pelo assédio moral no trabalho

• Psicólogos do trabalho podem ser chamados pelos advogados e juízes como peritos em assédio moral no trabalho

• 2 tarefas:

1) certificar-se de que se trata de um caso de assédio moral no trabalho

2) especificar o dano sofrido pela pessoa em consequência do assédio moral

Protocolo Débora

• Protocolo = padronização de procedimentos

• SSO/HC/FMUSP

• Fluxo de atendimento

• 4 consultas coleta de dados, 1 consulta

devolutiva e correção e aconselhamento

• 2 instrumentos: coleta e relatório

• obtenção de informações qualitativas e processuais e quantitativas simultaneamente

• Questões abertas e fechadas

• 4 blocos de dados:

1. Sócio-demográficos

2. Saúde e saúde mental

3. Trabalho

4. Assédio Moral

• nome

• número do prontuário

• data,

• sexo

• idade

• cor

• estado civil

• religião, frequência ao local de culto

• escolaridade

• filhos (número e idades)

• naturalidade

• As informações quantitativas dessa primeira parte são obtidas através das variáveis de 1 a 15.

• Observação do paciente (roupas e acessórios, higiene e apresentação, atitudes globais, movimentos, posturas e gestos)

• Queixa livre, consulta a médicos e psicólogos, medicamentos em uso, internações psiquiátricas, tentativas de suicídio, brigas ou agressões exageradas e problemas legais ou com a polícia

• exploração sistemática dos sinais e sintomas psiquiátricos e psicológicos nas suas alterações quantitativas e qualitativas

• incluídos testes práticos para avaliação das várias áreas

• exploração de distúrbios psicossomáticos

• hábitos (consumo de drogas, incluindo álcool e tabaco)

• informações quantitativas dessa parte são obtidas através das variáveis de 16 a 37

• história ocupacional

• emprego atual: nome da empresa, ramo de atividade econômica, tipo de empresa, cargo/ função, descrição detalhada do trabalho desenvolvido, tempo na função, tempo de trabalho na empresa, organização do trabalho especificando os procedimentos de trabalho, horário de trabalho, carga horária semanal, turnos, horas extras, pausas e seu uso, ritmo de trabalho e controle sobre o mesmo, número de funcionários na área, características do trabalho, políticas de recursos humanos e avaliação subjetiva do paciente da sua adequação, relacionamentos interpessoais no trabalho, exigências do trabalho, condições de trabalho explicitando o tipo de agente e uma estimativa pessoal da exposição

• condições de vida (moradia e suas características, renda familiar e individual, transporte, etc)

• relacionamento familiar

• Percepção do trabalhador sobre a relação entre o trabalho e as repercussões na saúde

• Diagnóstico e relação com o trabalho

• informações quantitativas vão das variáveis 38 a 113

• representações sociais do trabalhador sobre o assédio moral (o que para você é assédio moral, você acha que sofreu assédio moral no trabalho)

• relato em ordem cronológica das situações de assédio moral, com exemplos, dados de frequência e duração

• consequências para a vida e a saúde

• comprovações quando houver

• formas de exteriorização do assédio moral

• evento desencadeador

• circunstâncias agravantes

• varáveis quantitativas vão de 114 a 138

• elaborado a partir das informações do instrumento de coleta

• organizado da seguinte forma:

• data

• nome e qualificação do autor

• interessado e sua qualificação: nome, idade, estado civil, filhos, naturalidade, escolaridade, residência e outros dados relevantes

• assunto\Finalidade

• procedimento

• análise: quadro clínico, história de trabalho e relações com o desenvolvimento do quadro clínico, exploração e caracterização do assédio moral no trabalho e suas consequências na vida e na saúde do trabalhador

• conclusão ( diagnóstico de acordo com CID 10 e discussão do nexo com o trabalho)

• Referências bibliográficas

• Perguntas básicas:

1. Quem assedia?

2. Diferença de poder entre assediado e assediador?

3. Como assedia?

4. Duração e frequência?

5. Danos à saúde?

6. Intencionalidade?

7. Processo em escalação?

8. Tipo de assedio?

9. Evento desencadeador?

Caso

Interessado e sua qualificação:

• JLC, 41 anos, casado, um filho (8 anos),

natural de São João do Paraiso - MG, com

ensino superior completo (Licenciatura em

Matemática e Ciências Contábeis),

Especialização em História da Matemática

Caso

• Quadro clínico: Na queixa livre o paciente referiu que tinha tremor, sentia falta de ar e dor no peito, ocorria adormecimento do lado esquerdo do rosto, aperto na cabeça, sonhava muito com escola, com o tumulto e agitação de alunos, acordava e não conseguia adormecer de novo, sentia latejamento do pescoço, tontura, sensação de desmaio, isolamento, não tinha prazer com nada, irritabilidade que impedia o contato com o filho, medo de ir ao local de trabalho. No percurso de uma escola para outra chorava muito, tinha pânico, sentia como se descesse um fogo na perna direita e de lá para cá sente dores em membro inferior direito. Tem dificuldade de acordar de manhã. Sente-se incomodado com tumulto, aglomerações de pessoas, túnel e elevador.

Caso Na exploração sistemática dos sintomas psíquicos apareceram:

• alterações na senso percepção: hipoestesia, já teve alucinações visuais (via vultos) e cinestésicas (sentia

contração das mãos e braço, “sentia como se o corpo tivesse saindo de mim, indo para uma direção

diferente da que precisava ir” (SIC);

• hipervigilância: acha que tem alguém o seguindo de moto, “tenho a sensação de que estão me olhando,

julgando o fato de eu estar mais ocioso no trabalho” (SIC);

• alterações de raciocínio: mostrou boa capacidade de discriminação, abstração e generalização nos testes

simplificados de raciocínio. Refere inibição do pensamento, fuga de ideias, desagregação do pensamento,

interceptação do pensamento e ideias prevalentes;

• alterações de memória: os testes simplificados de memória mostraram bom desempenho da memórias

visual de curto prazo e da memória verbal de curto prazo, o paciente refere hipomnésia, problemas com a

memória transitória, lacunas de memória e lembranças obsessivas;

• alterações da atenção: apresentou desempenho regular nos testes simplificados de atenção e refere

distraibilidade e hipoprosexia;

• alterações de consciência: insônia (“levo 20 minutos para adormecer, acordo 1 vez durante a noite, depois

adormeço” (SIC), sonolência, pesadelos (“sempre sonho com agitação, correria, coisas do trabalho que eu

não consigo resolver” (SIC), acorda com dor nos dentes e maxilares;

• alterações da afetividade: apatia, anedonia, pânico, medo, ansiedade, irritabilidade, tenacidade afetiva,

tristeza, angústia, fobias (túnel, elevadores, aglomerações);

• alterações da vontade e psicomotricidade: debilidade da vontade, potomania, automutilação (arranca pelos

e sobrancelhas), diminuição da libido, atos automáticos (conferir várias vezes se trancou a porta), agitação

psicomotora;

Caso • Preservados: conceitos, juízos, linguagem, crítica e orientação.

• Refere ainda, que o coração disparava quando estava na sala de aula,

distúrbio gastrintestinais (intestino preso, agravado no retorno ao trabalho),

dor musculoesquelética (dor no joelho e embaixo da axila quando está mais

tenso), alergias (quando estava em sala de aula ficava com um cascão na

sobrancelha), tonturas e cefaleia, distúrbios estes que podem estar

relacionados ao estresse e ter natureza psicossomática. O paciente teve

uma celulite na face na época do retorno ao trabalho.

• Ele refere que embora tente se controlar, em uma ocasião pegou no

pescoço de um aluno.

• O paciente relata ainda que ocorreu queda de desempenho e produtividade.

• Não consome drogas, incluindo bebidas alcoólicas e nunca fumou. O

paciente faz acompanhamento com psiquiatra desde setembro/2011. Passa

em psicóloga do Departamento de Saúde do Servidor 1 vez por mês, está

passando com psicóloga particular. Em uso de Paroxetina 60 mg,

Clomepramina 25mg.

Caso • Empregos anteriores como auxiliar de balcão, auxiliar de audiovisual,

trainer auditoria, auditor júnior e auditor contábil.

• Emprego atual na Prefeitura da Cidade de São Paulo , Secretaria Municipal

de Educação, escola EMEF X, empresa pública do ramo administração

pública, defesa e seguridade social, como professor de matemática, desde

2002 (11 anos).

• Planejava aulas, estimulava os alunos para pesquisas e atividades extras.

Trabalhava com alunos de 5ª a 8ª séries. Fazia avaliações, reuniões de pais,

reuniões semanais para discutir rendimento, faltas indisciplina dos alunos,

etc., fazia o acompanhamento das faltas dos alunos, apartava brigas, fazia a

conciliação entre alunos e lidava com os pais.

• Atualmente faz inventário de bens, cota preços de materiais escolares e

bens mobiliários. Cuida de um programa de saúde dos alunos. Cuida dos

prontuários e portfólio (do rendimento dos alunos a cada ano). As vice

diretoras e coordenadoras organizam o seu trabalho atual de acordo com as

necessidades.

Caso • O horário de trabalho é das 7h às 18h45m, com carga horária de 50 horas

semanais. O paciente não faz horas extras. Além da hora de almoço, o

paciente realiza uma pausa de 15 minutos para lanche e descanso.

• O paciente considera o ritmo de trabalho leve e que não tem controle sobre

ele. Considera o número de funcionários de sua área insuficiente.

Considera o treinamento técnico recebido insuficiente. De acordo com o

paciente, seu trabalho apresenta falta de variedade, falta de sentido, faz sub

uso de suas habilidades, apresenta subcarga, gerando um sentimento de

inutilidade.

• Há avaliação de desempenho 360o, cujos critérios são considerados

adequados. Ocorre feedback da avaliação de desempenho. Há um sistema

de premiação, que consiste em uma gratificação no final do ano se não

faltar, a cada falta perde 10% do bônus. Há plano de carreira, cujos

critérios considera adequados, pois evoluiu funcionalmente a cada 3 anos.

O paciente se sente reconhecido pela empresa pelo seu trabalho.

Caso • Ele relata que tem um bom relacionamento com a chefia e colegas, mas o

relacionamento com os alunos e seus pais é difícil. Não existe

relacionamento com subordinados ou fornecedores.

• Trabalha 70% do tempo sentado e 30% locomovendo-se pela escola. Não

há manipulação de peso e nem movimentos repetitivos. O paciente

considera que o seu trabalho não envolve esforço cognitivo e, nem

tampouco, envolvimento emocional.

• Considera a condição acústica do local de trabalho ruim, tanto é, que tem

usado protetor auricular, porque se sente incomodado pelo ruído. A

iluminação e temperatura são consideradas boas. Não há exposição a

riscos químicos, biológicos, ou vibração no local de trabalho.

• Seu posto de trabalho é composto de: mesa, cadeira (sem rodízios,

estofadas, sem regulagem de altura e encosto) e é considerado regular.

Considera o local de trabalho apertado. Seus instrumentos de trabalho são:

computador, telefone, clips, grampeador, pastas fichário, régua, borracha,

caneta. Considera a qualidade dos instrumentos de trabalho, as condições

de higiene e de segurança do local de trabalho boas.

Caso • O paciente mora em casa própria de alvenaria, com 7 cômodos, com a

esposa e o filho. Vai ao local de trabalho de carro levando 10 minutos no

percurso (distância de 4 km). O relacionamento com a esposa e filho é

considerado bom, e as suas condições de vida são consideradas boas.

• O paciente relata que desde 2007 começou a sentir dificuldades para chegar

ao trabalho, quanto mais se aproximava mais sentia tremores, vontade de

chorar, dores no peito, falta de ar e dor nas costas. Teve dias em que o

paciente teve de mudar a trajetória para chegar ao trabalho, em outros dias

desistiu de ir. “O primeiro obstáculo era chegar à escola, o segundo era

adentrar a sala de aula e depois conseguir trabalhar. A dor no peito, costas e

falta de ar eram tão intensas que eu não conseguia ficar em pé” (SIC).

Quando chegava precisava ligar o ventilador em frente do seu rosto para

conseguir respirar. Na hora do intervalo ia à rua para respirar.

Caso

• O paciente relutava em tirar as licenças. O paciente passou em psiquiatra e

acabou tirando licença médica. Em 2 oportunidades foi ao Pronto Socorro

devido a dores no peito e nas costas, mas nada era detectado. Atribui os

problemas de saúde à agressão física, verbal, arremesso de objetos, carro

danificado, apelidos, situações constrangedoras, cola líquida na cadeira. O

paciente chegou a fazer Boletim de Ocorrência Policial algumas vezes

(agressão física, carro danificado). “Entre os anos de 2006 e 2008 vivi uma

verdadeira tortura numa escola chamada Ibrahim Nobre. Foi lá que tudo

começou. Sofria com apelidos como astronauta, capacete, crânio e globo.

Tais apelidos referiam-se ao tamanho da minha cabeça. Eram comuns as

agressões verbais, humilhações, afrontamentos, cinismos, gestos obscenos

e de agressão, risos, deboche, cola na minha cadeira, entre outros (...)”

(SIC).

Caso

• Para o paciente o assédio moral no trabalho “É tudo o que desumaniza a

gente, corrompe, denigre, violência física e emocional. O agressor espera

que tais práticas perversas acarretem danos à integridade física e emocional

do agredido, a ponto de privá-lo das suas condições mínimas de trabalho.

Sempre fui exigente, cobrava bastante, não aceitava injustiça e

agressividade entre os alunos. Por exemplo, alguém com deficiência, os

alunos batiam gratuitamente. Então, isso incomodava os alunos que

passaram a retaliar: com apelidos, agressões, jogar objetos em mim,

danificar objetos do meu pertence”(SIC).

Caso • De acordo com o paciente sempre havia sobrecarga de trabalho e condições

deficitárias. O paciente relata que muitas vezes só ele e outra professora

iniciavam o período de trabalho e ele ficava em 3 classes simultaneamente.

• Em 2004, o paciente entrou na 5ª serie e dois alunos começaram a se

provocar, atrapalhando a aula. Um começou a correr atrás do outro na sala

de aula, derrubando a mesa e o paciente os colocou para fora da sala de

aula. Na saída da classe um dos alunos abriu violentamente a porta e deu

um soco no estomago do paciente. Outros alunos que estavam perto os

contiveram. A vice diretora tentou intervir, dizendo que ia chamar os pais e

um dos alunos disse que ia matar o paciente. No da seguinte a mãe do

aluno compareceu, pediu desculpas, mas quando o paciente disse que ia

fazer um BO, a mãe se desesperou e explicou que o pai batia no filho, até

deixa-lo desmaiado e pediu para o paciente não levar isso adiante, pois

temia que o ex-marido o matasse.

Caso

• O paciente refere que os anos de 2006 e 2008 foram os mais difíceis de sua

vida. O assédio por parte dos alunos ocorriam diariamente, várias vezes por

dia. O paciente relata que em certa ocasião foi tão “pirraçado” (SIC) por 3

alunos da 5a serie, que pegou um dos alunos pelo pescoço e começou a

apertar. A partir de então, passou a temer as suas reações. Em 2006 teve o

carro danificado, o aluno riscou o carro, quebrou o para-brisa, esvaziou o

pneu e escreveu trouxa na tampa do porta malas e ele desconfiava quem

tinha feito isso. Esse aluno posteriormente veio atrás do professor com

agressões, humilhações, desrespeito, disse que foi ele que fez o delito e que

o paciente era trouxa.

• O paciente sonhava com tumulto, correria, agitação no local de trabalho e

acordava assustado. O paciente era ameaçado por este e outros alunos, “que

iam trazer os manos para matá-lo” (SIC).

Caso

• Em 2008, em outra escola, o paciente tinha uma classe muito apática e

indisciplinada e o paciente tentou motivá-los, conscientizando-os a

respeito das dificuldades do mercado de trabalho. Contou a sua história de

vida, procurando passar a mensagem de que graças a um grande esforço

pessoal, conseguiu superar as dificuldades econômicas e conquistar uma

situação de vida confortável.

• Alguns dias depois foi recepcionado pela diretora e coordenadora

pedagógica que se dirigiram com ele à sala de aula, pois os alunos tinham

comentado com elas que o paciente tinha dito que tinha muitas posses e os

alunos poucas. O paciente falou para os alunos a respeito do perigo de

distorcer as coisas. O paciente ficou traumatizado pelas mentiras dos alunos

e pela postura da diretora e coordenadora porque não adiantaram o assunto

com o paciente antes de ir a sala de aula e nem perguntaram a sua versão,

pelo contrário, ficavam incitando os alunos. O paciente sentiu-se sem

apoio.

Caso • Em 2009 havia um aluno bem violento com os colegas, com quem o

paciente sempre brigava, cobrando dele outra postura. Na reunião de pais e

mestres, o pai do aluno disse que aquilo não era papel do professor, que o

paciente ficou duas aulas enrolando os alunos (porque deu desenhos para

consolidar conceitos de geometria). O pai veio na escola por duas vezes,

mas não deixava claro o que queria. Na 2ª vez ele anunciou que estava

pedindo a transferência do filho porque estava mudando para outro Estado.

• O paciente não sabe a razão, mas passou a ter medo, via vultos, sentia que

tinha alguém o perseguindo de moto, “armando contra mim” (SIC). O

paciente ficou com a impressão de que seria perseguido por este pai.

• Nessa escola há um estacionamento coberto, que dá acesso ao pátio. Dois

colegas avisaram o paciente que os carros foram riscados. O coordenador

disse que a escola não poderia ter estacionamento, pois todos os espaços

deveriam ser usados pelos alunos. Nenhuma providencia foi tomada para

tentar descobrir o autor. O paciente teve de arcar com os custos da

restauração.

Caso • Em 2010, existia uma 5ª serie em que havia um aluno que desde a 3ª serie

dava problemas (refino de drogas na classe). Este aluno ou dormia, ou

agredia os outros alunos. Certo dia o paciente entrou na classe e viu o vidro

da janela quebrado e o paciente informou ao coordenador.

• O paciente dirigiu-se ao estacionamento no intervalo. Ele ouviu gritos de

“filha da puta, desgraçado” (SIC) e o aluno veio em sua direção jogando

colher, prato com restos de comida no paciente. O paciente falou com o

coordenador. O aluno foi convocado devido a quebra do vidro. A mãe do

aluno que estava em uma sala próxima onde eram distribuídos uniformes

escolares, disse que não viu o filho agredindo o paciente. O paciente fez um

BO. Poucos dias depois a policia foi lá colher mais dados.

• Em 2010 o paciente estava em outra escola e começou a ser humilhado e

desrespeitado por vários alunos da 7ª serie, que o chamavam de Mongo. A

coordenadora foi a sala de aula explicando a origem da palavra

mongoloide. No pátio os alunos o xingavam também. O paciente vota nesta

escola e teve dificuldades para votar, tinha dores nas costas, no peito,

sentia-se acuado.

Caso

• Em meados de 2008 o paciente aceitou a licença da psiquiatra, o paciente

sentia dormência nas mãos, ânsia de vomito, tontura, sensação de desmaio,

começou a emagrecer muito, sonhava com o local de trabalho. Teve uma

crise muito forte. Teve 30 dias de licença, seguidos de mais 30 dias.

• Em 2009 voltou a trabalhar até setembro de 2012 e nesse período

continuou com os problemas acima, mais irritabilidade com o barulho. O

paciente se isolava. De manhã sentia que tinha que “juntar os seus pedaços

para conseguir ir trabalhar” (SIC), começou a conferir muito as coisas,

atrapalhando o horário de dormir.

• Em setembro de 2011 afastou-se novamente e em março de 2012 o

paciente foi readaptado. A psicóloga que o atendia na PMSP se colocou

contra esta readaptação precoce. O paciente foi colocado em uma sala bem

silenciosa.

Caso • Em Dezembro deste ano, o diretor disse que ele iria para a secretaria da

escola pois precisava da sala. O paciente ficou muito mal, chegavam alunos

ensanguentados por briga, professores agredidos por alunos, mães gritando,

etc. O diretor precisava avaliar a readaptação e o paciente disse que estava

passando mal na secretaria e o paciente acabou entrando de licença de

novo.

• Nas férias de 2012 o paciente teve de ir a escola durante o recesso para

levar um atestado e ficou muito mal. Voltou a trabalhar em 07/08, no dia

9/8 sentia uma espinha interna no nariz, teve febre alta, o rosto ficou

inchado, dirigiu-se ao PS. O medico detectou uma celulite facial. A

psicóloga achou que foi porque ele voltou ao trabalho.

• Diagnóstico de acordo com o CID 10?

• Houve assédio?

• Quem assediou?

• Evento desencadeador?

• Nexo com o trabalho?