cuidador de portador de alzheimer - sentimentos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENFERMAGEM DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM MÉDICO-CIRÚGICA DISCIPLINA ENF 1007 PESQUISA EM ENFERMAGEM Carolina Morandi de Mello Laura Fonseca Paulo Roberto Oliveira Ricardo da Silva Tassia Fernandes Hatada SENTIMENTOS DO CUIDADOR FAMILIAR DO PACIENTE QUE CONVIVE COM ALZHEIMER: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

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Page 1: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESCOLA DE ENFERMAGEM

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM MÉDICO-CIRÚGICA

DISCIPLINA ENF 1007

PESQUISA EM ENFERMAGEM

Carolina Morandi de Mello

Laura Fonseca

Paulo Roberto Oliveira

Ricardo da Silva

Tassia Fernandes Hatada

SENTIMENTOS DO CUIDADOR FAMILIAR DO PACIENTE QUE CONVIVE COM

ALZHEIMER: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Porto Alegre

2010

Page 2: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

Carolina Morandi de Mello

Laura Fonseca

Paulo Roberto Oliveira

Ricardo Silva

Tassia Fernandes Hatada

SENTIMENTOS DO CUIDADOR FAMILIAR DO PACIENTE QUE CONVIVE COM

ALZHEIMER: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

Trabalho de final de semestre apresentado como requisito

parcial para a aprovação na matéria de Pesquisa em

Enfermagem do terceiro semestre da Escola de Enfermagem

da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Orientador: Profª Drª Maria da Graça Oliveira Crossetti

Porto Alegre

2010

2

Page 3: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................4

2. OBJETIVO...................................................................................................................7

3. METODOLOGIA..........................................................................................................8

3.1 Tipo de Estudo......................................................................................................8

3.2 Questão Norteadora..............................................................................................8

3.3 Coleta dos dados..................................................................................................8

3.4 Avaliação dos dados.............................................................................................9

3.5 Análise e interpretação dos dados......................................................................9

3.6 Apresentação dos resultados..............................................................................9

4. ASPECTOS ÉTICOS..................................................................................................10

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS.....................................................................10

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................18

REFERÊNCIAS..............................................................................................................20

APÊNDICE A..................................................................................................................23

APÊNDICE B..................................................................................................................24

3

Page 4: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

1. INTRODUÇÃO

O crescimento da população idosa é um fenômeno mundial. Segundo os dados

preliminares do Censo 2010, com 80% da população já recenseada, a pirâmide etária

brasileira se alterou na ultima década. Em 2000 foram contabilizados 24,5 mil idosos

com mais de 100 anos. Agora, com o Censo ainda em andamento, já foram

contabilizados 17 mil. O percentual de crianças e adultos na última década caiu em

cerca de 5%¹. É visto que a tendência é o aumento da população idosa e esse fato traz

consigo os problemas a ele relacionados, como as síndromes geriátricas.

Dentre as síndromes geriátricas o tipo mais comum de demência encontrada

nesta fase é a doença de Alzheimer (DA), sendo um fato preocupante, já que atinge

cerca de 17 a 25 milhões de pessoas no mundo, considerando-se sua incidência em 1

a 1,5% das pessoas entre 60 e 65 anos, e em 45% após os 95 anos². Acomete homens

e mulheres, de todas as raças e de todas as classes sociais. É considerada uma

doença do envelhecimento por ter seu início, em geral, a partir dos 65 anos, havendo

algumas exceções. Sua evolução na maioria dos casos é lenta e progressiva, havendo

como principal sintoma as dificuldades de memória, no seu início, sendo mais afetada a

memória recente. Aos poucos pode ocorrer labilidade afetiva, diminuição da capacidade

intelectual, desorientação no tempo e no espaço, aparecimento de um quadro

depressivo. Na medida em que a doença avança, aparecem alterações na linguagem

(disfasia, afasia) e no comportamento (agressividade, alucinações auditivas e visuais,

idéias de perseguição, delírios). Em uma última fase, além de a memória ficar mais

comprometida, aparece apatia, incapacidade de controlar a bexiga e o intestino,

incapacidade de cuidar de si próprio, dificuldades para se alimentar, alterações

posturais. Sendo uma doença crônica, seu tempo de duração é variável, podendo o

paciente viver até 15 anos após o diagnóstico inicial³.

A Doença de Alzheimer tem como características a perturbação de múltiplas

funções cognitivas, incluindo memória, atenção e aprendizado, pensamento,

orientação, compreensão, cálculo, linguagem e julgamento. O portador de Alzheimer

torna-se totalmente dependente de um cuidador, familiar ou não³. Entre os familiares, a

4

Page 5: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

maioria dos cuidadores é do sexo feminino (89,7%), com idade média entre 48 e 58

anos, sendo 55,2% filhos e 27,6% cônjuges4. Entende-se por cuidador familiar a pessoa

que, por vínculos parentais, assume a responsabilidade, direta ou não, pelo cuidado de

um familiar doente e/ou dependente5.

No Brasil, há uma falta de instituições de saúde especializadas para idosos que

convivem com a Doença de Alzheimer, fato que torna os familiares responsáveis diretos

pela assistência ao paciente. Condição que exige destes familiares, que já

desempenham duas funções diárias, se ajustarem a fim de conseguirem cuidar de seu

ente3.

Diante da mudança da rotina e de um cotidiano atípico de seu familiar

determinado pela doença de Alzheimer, em que há uma regressão do intelecto e, mais

tarde, regressão física, o familiar torna-se frágil emocionalmente. Nesse contexto, é

comum encontrar-se casos em que os familiares são acometidos por inúmeros

sentimentos de ordem física e emocional, tais como a angústia, a depressão, a pena, a

sobrecarga e muitos outros6. Os parentes do familiar doente, por isso, precisam

contornar a situação e realizar uma reestruturação familiar a fim de adaptarem-se à

nova rotina familiar que deve, agora, compreender maiores cuidados para com o

enfermo. Como forma de auxílio aos familiares do paciente, existem os cuidadores não-

familiares, que se referem àquelas pessoas que não fazem parte da família e que,

mesmo assim, também assistem os pacientes de Alzheimer, já que trata-se de uma

tarefa árdua e que exige paciência, conhecimentos a respeito das atividades que o

paciente desempenha diariamente e habilidades especiais no seu tratamento. Esses

cuidadores que não têm vínculos familiares podem tanto ser contratados pela família,

como, por exemplo, acompanhantes, empregadas domésticas e auxiliares de

enfermagem; ou não contratados, como vizinhos, amigos, colegas de trabalho e

voluntários7.

Outro ponto relevante é a falta de referencial, ou seja o desconhecimento sobre a

doença, por parte dos familiares para entenderem as mudanças sofridas pelo doente,

que também é motivo de conflito. Embora lhes faltem elementos para esse

entendimento, eles percebem sua existência sinalizada com o agravamento dos sinais

5

Page 6: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

e sintomas no doente. Além disso, a dificuldade de aceitar o familiar como doente está

relacionada com o fato de que os primeiros sinais e sintomas da doença são cognitivos

e o que se visualiza é um corpo muitas vezes com aparência saudável. A verdade é

que todos esses conflitos e a dificuldade de interação com o doente podem

desencadear até mesmo o distanciamento entre ele e a família8.

Diante dessa problemática, para orientar a esta Revisão Integrada da Literatura

(COOPER, 1989), foi definida a seguinte questão norteadora: Quais são os sentimentos

do cuidador familiar ao paciente que possui a Doença de Alzheimer?

6

Page 7: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

2. OBJETIVO

Descrever os sentimentos que o cuidador familiar vivencia no cuidado ao

paciente que convive com a Doença de Alzheimer.

7

Page 8: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

3. METODOLOGIA

A seguir será descrita a metodologia.

3.1 – Tipo de estudo

Trata-se de uma revisão integrativa (COOPER, 1989), é um método que tem a

finalidade de sistematizar resultados obtidos em pesquisas sobre uma determinada

questão bem definida. Essa metodologia desenvolve-se em cinco etapas. 1 -

formulação do problema, 2 – coleta de dados, 3 – avaliação de dados, 4 – análise e

interpretação dos dados e 5 – apresentação dos resultados.

3.2 – Questão norteadora

Quais são os sentimentos vivenciados pelo cuidador familiar do paciente que

convive com a Doença de Alzheimer e qual o papel do profissional de enfermagem

nesse contexto?

3.3 – Coleta de dados

Para a coleta de dados foram realizadas buscas em três bases de dados

Literatura Latino-Americano e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), , SCIELO

(Scientific Eletronic Library Online) e BDEnf (Banco de Dados de Enfermagem) dentre

os fatores que influenciaram a escolha citamos o mais importante, que foi o fato de

serem uma base de dados que permite o acesso on-line gratuito e também por

apresentar artigos em português.

Definição dos descritores: cuidador, Alzheimer, enfermagem, orientação, família,

sentimentos.

8

Page 9: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

Critérios de inclusão: Como critérios de inclusão foram usados artigos com

publicações entre os anos de 2000 e 2010, artigos completos de acesso livre, artigos de

língua portuguesa, pesquisas quantitativas, qualitativas, revisões teóricas.

Critérios de exclusão: Como critérios excludentes, utilizamos o idioma, artigos

incompletos, sem autoria e também artigos que não estivessem disponíveis

gratuitamente.

3.4 – Avaliação dos dados

A avaliação dos dados foi realizada através de um instrumento (APÊNDICE A)

utilizado para a coleta das informações que devem respondem a questão norteadora.

Foi constituído de dados como o número do artigo, título, autores, ano, descritores,

objetivos, resultados e recomendações referentes às diferentes percepções e

sentimentos do cuidador familiar do doente de Alzheimer.

3.5 – Análise e interpretação dos dados

A análise dos dados foi realizada através da elaboração de um quadro sinóptico,

onde constaram os dados retirados dos instrumentos e foi feito um registro em forma de

síntese, analisado comparativamente. No quadro sinóptico constaram as seguintes

informações: número, título, autor, ano, periódico, descritores, objetivos, resultados e

recomendações.

3.6 – Apresentação dos resultados

Os resultados foram apresentados em forma de quadro que identificam os

autores com objetivos semelhantes e um quadro com as recomendações dos autores.

Há um gráfico em que compara os diferentes sentimentos citados pelos autores.

9

Page 10: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

4. ASPÉCTOS ÉTICOS

Nesta Revisão Integrativa foram respeitadas as idéias, conceitos e definições

dos autores, de modo que são autênticos e citados conforme norma de Vancouver.

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Essa etapa do trabalho busca apresentar a análise e discussão dos resultados

deste estudo, que tem por objetivo descrever os sentimentos que o cuidador familiar

vivencia no cuidado ao paciente que convive com a Doença de Alzheimer. Para a

análise e discussão das informações resultantes dos artigos científicos que constituíram

a amostra desse estudo, selecionou-se as que conferem variáveis de interesse do

estudo registradas no instrumento de coleta de dados (APÊNDICE A).

Os artigos que encontravam-se indexados no SCIELO (Scientific Eletronic

Library Online), LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde) e BDEnf

(Banco de Dados de Enfermagem) computaram um total de 98 artigos (100%), onde 14

(15%) não disponibilizavam o texto completo, 44 (45%) não abordavam a temática de

sentimentos do cuidador familiar, 8 (8%) não estavam disponíveis online, 14 (14%)

estavam em espanhol e 4 (4%) em inglês.

Assim a revisão integrativa resultou em 14 (14%) artigos que abordam a temática

proposta sobre sentimentos do cuidador familiar do paciente que convive com

Alzheimer.

Quadro 1 – Autores e tipos de estudo dos artigos analisados neste estudo.

Autores Tipos de estudoINOUYE, PEDRAZZANI e PAVARINI (2010), PINTO, et al (2009), PEREZ, SILVA e COUTO (2009), BICALHO, LACERDA e CATAFESTA (2008),

CRUZ e HAMDAN (2008), FONSECA e SOARES (2008), FREITAS, et al

Qualitativo

10

Page 11: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

(2008), SANTANA, ALMEIDA e SAVOLDI (2008), CELICH e

BARISTELLA (2007), CALDEIRA e RIBEIRO (2004), COELHO e ALVIM

(2004), LUZARDO e WALDMAN (2004).

FALCÃO e BUCHER-MALUSCHKE (2008), LEMOS, GAZZOLA e RAMOS

(2006).Quantitativo

Fonte: FONSECA, et al. 2010. Sentimentos do cuidador familiar do paciente que convive com Alzheimer: uma Revisão Integrativa.

A partir da análise do quadro 1, constata-se que doze (85,71%) autores,

utilizaram o tipo de estudo qualitativo, INOUYE, PEDRAZZANI e PAVARINI (2010),

PINTO, et al (2009), PEREZ, SILVA e COUTO (2009), BICALHO, LACERDA e

CATAFESTA (2008), CRUZ e HAMDAN (2008), FONSECA e SOARES (2008),

FREITAS, et al (2008), SANTANA, ALMEIDA e SAVOLDI (2008), CELICH e

BARISTELLA (2007), CALDEIRA e RIBEIRO (2004), COELHO e ALVIM (2004),

LUZARDO e WALDMAN (2004) e dois (14,29%) autores, desenvolveram estudos

quantitativos, FALCÃO e BUCHER-MALUSCHKE (2008), LEMOS, GAZZOLA e

RAMOS (2006).

Gráfico 1 – Distribuição dos tipos de estudos dos artigos

12

2

0

2

4

6

8

10

12

Qualitativo

Quantitativo

Fonte: FONSECA, et al. 2010. Sentimentos do cuidador familiar do paciente que convive com Alzheimer: uma Revisão Integrativa.

11

Page 12: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

No que se refere aos objetivos dos artigos que fizeram parte da amostra do

presente estudo, constata-se o descrito no quadro 2.

Quadro 2 – Autores e objetivos dos artigos analisados neste estudo.

AUTORES OBJETIVOS

CELICH e BARISTELLA (2007),

COELHO e, ALVIM (2004),

FONSECA e SOARES (2008),

FREITAS, et al (2008),

LUZARDO e WALDMAN (2004),

SANTANA, ALMEIDA e SAVOLDI (2008),

Descrever as vivências do cuidador do

portador de doença de Alzheimer.

BICALHO, LACERDA e CATAFESTA (2008),

CELICH e BARISTELLA (2007),

FALCÃO e BUCHER-MALUSCHKE (2008),

FONSECA e SOARES (2008),

LUZARDO e WALDMAN (2004),

PEREZ, SILVA e COUTO (2009).

Descrever os sentimentos.

CALDEIRA, RIBEIRO (2004)

CRUZ, HAMDAN (2008),

LEMOS, GAZZOLA, RAMOS (2006),

Análise do impacto da doença no

cuidador.

COELHO e ALVIM (2004)

INOUYE, PEDRAZZANI e PAVARINI (2010),

PINTO, et al (2009).

Percepção/Análise da qualidade de

vida.

BICALHO, LACERDA e CATAFESTA (2008) Caracterizar o cuidador.

Fonte: FONSECA, et al. 2010. Sentimentos do cuidador familiar do paciente que convive com

Alzheimer: uma Revisão Integrativa.

12

Page 13: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

Analisando o quadro 2, observa-se que seis (42,85%) autores descrevem as

vivências do cuidador portador de doença de Alzheimer ao que refere-se a

procedimentos de cuidado e convívio com o familiar doente, LUZARDO e WALDMAN

(2004), COELHO e, ALVIM (2004), CELICH e BARISTELLA (2007), FONSECA e

SOARES (2008), SANTANA, ALMEIDA e SAVOLDI (2008), FREITAS, et al (2008), seis

(42,85%) autores objetivaram descrever os sentimentos do cuidador do portador da

Doença de Alzheimer diante do diagnóstico e convivência com o familiar acometido

pela doença, FALCÃO e BUCHER-MALUSCHKE (2008), PEREZ, SILVA e COUTO

(2009), LUZARDO e WALDMAN (2004), CELICH e BARISTELLA (2007), FONSECA e

SOARES (2008), BICALHO, LACERDA e CATAFESTA (2008), três (21,42%) autores

determinaram como objetivo a análise do impacto da doença, a nível psicológico e

social, na vida do  cuidador, CRUZ, HAMDAN (2008), LEMOS, GAZZOLA, RAMOS

(2006), CALDEIRA, RIBEIRO (2004), três (21,42%) autores estabeleceram como

objetivo a análise da qualidade de vida do cuidador familiar do doente de Alzheimer no

que diz respeito a sua saúde física e psicológica, COELHO e ALVIM (2004), INOUYE,

PEDRAZZANI e PAVARINI (2010), PINTO, et al (2009), um (7,14%) autor tinha como

objetivo caracterizar esse cuidador em seu contexto domiciliar, enfatizando os conflitos

vivenciados e a necessidade de orientação sobre os cuidados a serem realizados,

BICALHO, LACERDA e CATAFESTA (2008).

Ao identificar os cuidadores quanto ao sexo, grau de parentesco e a amostra

presente nos estudos, contata-se o gráfico2..

13

Page 14: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

Gráfico 2 - Amostra de cuidadores identificados quanto ao sexo e grau de parentesco,

presente nesse estudo.

Gráfico de quantidadeNão

especificado; 38

Não especificado;

22

Maridos; 13

Filhos; 4

Não especificado;

75

Esposas; 22

Filhas; 96

Sexo feminino

Sexo masculino

Não especificado

Com a análise do gráfico 2 constata-se que o total da amostra dos estudos que

foi citado nos artigos foi de 232 cuidadores, a maioria mulheres (total de 193

cuidadoras), a minoria foi de homens cuidadores (apenas 39) e 38 cuidadores não

foram especificados o sexo nesses artigos estudados. Dessas a maioria eram filhas (96

cuidadoras), e apenas 22 eram esposas, devemos considerar o fato que dessas 193

mulheres cuidadoras, 75 não foram especificadas quanto ao grau de parentesco, então

não podemos fazer uma análise fidedigna dos números encontrados nesse estudo.

Dessa amostra também podemos perceber que neste estudo que eram no total 39

cuidadores homens, desses, 13 eram maridos de seus familiares portadores de DA e

apenas quatro eram filhos, devemos considerar também que 22 não foram

especificados. O fato da figura feminina aparecer em maior quantidade no papel de

cuidador se deve ao padrão cultural tradicionalmente reforçado pela nossa sociedadede

dependência de crias em relação àsmães o que empurra a mulher do núcleo familiar

14

Fonte: FONSECA, et al. 2010. Sentimentos do cuidador familiar do paciente que

convive com Alzheimer: uma Revisão Integrativa.

Page 15: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

para opapel de tutora quando um adulto dependente necessite de cuidados.

Quanto a identificar os sentimentos do cuidador familiar do paciente que convive

com Alzheimer, constata-se o descrito no quadro 3.

Quadro 3 – Autores e sentimentos do cuidador familiar do paciente que convive com

Alzheimer.

Autores Sentimentos

BICALHO, LACERDA e CATAFESTA (2008),

CALDEIRA e RIBEIRO (2004),

FREITAS, et al (2008),

PINTO, et al (2009),

LEMOS, GAZZOLA e RAMOS (2006), LUZARDO

e WALDMAN (2004),

SANTANA, ALMEIDA e SAVOLDI (2008).

Sobrecarga física

ARRUDA, ALVAREZ e GONÇALVES (2008),

CELICH e BATISTELLA (2007)

FALCÃO e BUCHER-MALUSCHKE (2008),

LEMOS, GAZZOLA e RAMOS (2006).

Exclusão e isolamento

BICALHO, LACERDA e CATAFESTA (2008),

CALDEIRA e RIBEIRO (2004),

CRUZ e HAMDAN (2008),

FONSECA e SOARES (2008),

FREITAS, et al (2008).

Abalo emocional

LEMOS, GAZZOLA e RAMOS (2006)

SANTANA, ALMEIDA e SAVOLDI (2008).Conflito familiar

PEREZ, SILVA e COUTO (2009)

PINTO, et al (2009), FREITAS, et al (2008).Depressão

LUZARDO e WALDMAN (2004),

SANTANA, ALMEIDA e SAVOLDI (2008).Dificuldades econômicas

15

Page 16: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

PEREZ, SILVA e COUTO (2009),

SANTANA, ALMEIDA e SAVOLDI (2008).Raiva

COELHO e ALVIM (2004)

LUZARDO e WALDMAN (2004).

Esperança e fé

Fonte: FONSECA, et al. 2010 Sentimentos do cuidador familiar do paciente que convive com

Alzheimer: uma Revisão Integrativa.

No quadro 3 podemos observar que, sete (50%) autores, representado pela

maioria, citam a sobrecarga física como um dos sentimentos do cuidador familiar devido

ao fato do grande acúmulo de trabalho às vezes não só do familiar mas também por ter

que cuidar das tarefas domésticas, PINTO, et al (2009), FREITAS, et al (2008),

LEMOS, GAZZOLA e RAMOS (2006), LUZARDO e WALDMAN (2004), CALDEIRA e

RIBEIRO (2004), SANTANA, ALMEIDA e SAVOLDI (2008), BICALHO, LACERDA e

CATAFESTA (2008). Quatro (28,5%), citam exclusão e isolamento pelo fato de se

dedicarem integralmente ao seu familiar portador de DA e não conseguirem conciliar

uma vida social, LEMOS, GAZZOLA e RAMOS (2006), FALCÃO e BUCHER-

MALUSCHKE (2008), ARRUDA, ALVAREZ e GONÇALVES (2008), CELICH e

BATISTELLA (2007). Três (21,4%), citam depressão que pode se desenvolver porque

desses cuidadores alguns possuem os conflitos familiares, a carga excessiva de

trabalho além de participarem menos de atividades sociais o que contribui para o

desenvolvimento de depressão, PINTO, et al (2009), FREITAS, et al (2008), PEREZ,

SILVA e COUTO (2009). Três (21,4%), mencionam conflito familiar, pois em algumas

ocasiões há conflitos pois é uma sobrecarga muito grande de responsabilidades e os

familiares acabam se distanciando para não obter essa responsabilidade, SANTANA,

ALMEIDA e SAVOLDI (2008), BICALHO, LACERDA e CATAFESTA (2008), LEMOS,

GAZZOLA e RAMOS (2006). Três (21,4), mencionam abalo emocional devido ao fato

de ver seu familiar doente e não poder fazer nada, CRUZ e HAMDAN (2008),

CALDEIRA e RIBEIRO (2004), FONSECA e SOARES (2008), FREITAS, et al (2008).

Dois (14,3%), falam das dificuldades econômicas, pois alguns cuidadores ao se dedicar

integralmente acabam largando o seu emprego, além dos gastos com o familiar

portador de DA (fraldas, medicamentos...), LUZARDO e WALDMAN (2004), SANTANA,

16

Page 17: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

ALMEIDA e SAVOLDI (2008). Dois (14,3%), citam raiva, pelo fato de não aceitarem o

fato de isto estar ocorrendo com o seu familiar, PEREZ, SILVA e COUTO (2009),

SANTANA, ALMEIDA e SAVOLDI (2008). Dois (14,3%), falam de esperança e fé,

necessidade do cuidador em manter a sua fé em alguma força superior capaz de

sustentar seu equilíbrio mental, bem como a esperança da melhora de seu familiar,

LUZARDO e WALDMAN (2004), COELHO e ALVIM (2004).

Observa-se no gráfico a ocorrência dos sentimentos do cuidador familiar do

paciente que convive com Alzheimer dentro da amostra desta revisão integrativa.

Gráfico 3 - Sentimentos do cuidador familiar do paciente que convive com Alzheimer

17

Fonte: FONSECA, et al. 2010 Sentimentos do cuidador familiar do paciente que convive com

Alzheimer: uma Revisão Integrativa.

Page 18: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao analisar os dados coletados durante esta revisão integrativa, foi possível

verificar e descrever alguns sentimentos do cuidador familiar do paciente que convive

com Alzheimer. Durante a pesquisa, os sentimentos que mais se destacaram foram a:

sobrecarga física, citado por sete (50%) autores devido ao fato da quantidade de

tarefas e responsabilidades que o cuidador assume além de no casos das mulheres

ainda terem que assumir o compromisso das tarefas domésticas; a exclusão e o

isolamento é outro sentimento citado por quatro (28,5%) autores o que pode ser

ocasionado por diversos motivos citados pelos autores, por exemplo: os familiares se

afastam para não precisar assumir essa responsabilidade junto com o cuidador, com a

sobrecarga de tarefas os cuidadores acabam se distanciando de sua vida social, ou os

amigos deixam de visitar o cuidador, pois o familiar portador de DA acaba não tendo

mais paciência, pois não consegue acompanhar os assuntos ficando agressivo e

causando constrangimentos.

No inicio desta revisão, tinha-se a impressão ou senso comum entre os autores

deste estudo de que um dos sentimentos que mais apareceriam no cuidador familiar do

paciente que convive com Alzheimer seria o sentimento de raiva. A priori, a raiva do

cuidador familiar para com o seu familiar demenciado se daria pelo fato do novo papel

que o cuidador deve assumir, seguidamente privando-se de sua vida em prol do

cuidado com o seu familiar. Mas, neste estudo constatou-se que este sentimento não

foi muito destacado especificamente pelos autores, contudo, não sendo eliminado dos

sentimentos que o cuidador familiar desenvolve quando se torna o cuidador do paciente

demenciado.

Outra observação que pode ser feita a partir desta revisão integrativa é que o

cuidador familiar característico do paciente com doença de Alzheimer são mulheres

filhas ou cônjuges desses pacientes, um dado que o grupo não tinha conhecimento

antes desta revisão integrativa. A condição de cuidador não é considerada por elas uma

profissão, algumas acreditam que cuidar é uma missão, algo que deve ser

desempenhado individualmente e acabam não compartilhando os cuidados, porém, a

18

Page 19: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

maioria relata que a família não colabora, o que culmina numa sobrecarga física e

psicológica.

O cuidar de pessoas em suas residências implica procedimentos complexos e

específicos. Assim, torna-se urgente à atenção a esses cuidadores que cuidam de seus

familiares, pois, se não se tratar a família de forma ímpar, teremos dois pacientes: o

idoso com Alzheimer e seu cuidador. Conviver com um familiar doente é obliterar de

muitos pontos em sua vida em prol do outro, o que leva a um risco substancial de

adoecimento pessoal e familiar, haja vista que conflitos são gerados nessa convivência.

Para isso é necessário que todos os cuidadores tenham um treinamento voltado à

realidade de cada caso, ou pelo menos passem por uma orientação fornecida pela

equipe de atendimento do doente.

Ressalta-se ainda, que os potencias de conhecimentos exigidos do cuidador não

são apenas para tratar, curar feridas, manter a vida e lutar contra a morte do portador,

mas suportar junto o inexorável, o irreversível.

Diante de tantas observações pensamos que identificar quem é ou será o

cuidador principal do doente é a primeira etapa que a enfermeira vivencia no

planejamento da orientação domiciliar. Este aspecto requer a sensibilidade do

profissional em prever que o cuidador e o paciente necessitam de orientações para esta

nova etapa de suas vidas, orientações específicas para cada caso e que diminuam a

ansiedade no convívio com a doença e suas necessidades de cuidado.

A enfermagem, como uma atividade essencialmente humanizada, deve cumprir

esse importante papel social e, assim, buscar aliviar o sofrimento vivenciado por essas

pessoas, nessa fase da vida.

“A melhor ajuda para o paciente é ajudar o cuidador” (fala de um cuidador, Burn

et al., 2003)”

19

Page 20: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

REFERÊNCIAS

(1) IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em:

<www.ibge.gov.br>. Acesso em outubro de 2010.

(2) ALMEIDA, Katiele Dos Santos; LEITE, Marinês Tambara; HILDEBRANDT, Leila

Mariza. Cuidadores familiares de pessoas portadoras de Doença de Alzheimer: revisão

da literatura. Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiânia, v. 11, n. 2, p.403-412,

2009.

(3) JESUS, Maria Augusta Martins de. A doença de Alzheimer: uma experiência de

reinclusão no universo familiar e social. Associação Brasileira de Psicologia Social,

Recife, n. 10, v. 12, p.1-8, 22 jul. 2006.

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21

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(20) LEMOS, Naira Dutra; GAZZOLA, Juliana Maria; RAMOS, Luiz Roberto. Cuidando

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São Paulo, v. 15, n. 3, p.170-179, 2006.

22

Page 23: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

APÊNDICE A

Instrumento de coleta de dados para identificação de quais são os

sentimentos do cuidador familiar dentro da assistência a um parente que possui a

Doença de Alzheimer.

Número

Título

Autores

Ano

Periódico

Descritores

Objetivo

Resultados

Recomendações

23

Page 24: Cuidador de Portador de Alzheimer - Sentimentos

APÊNDICE B

Quadro sinóptico de comparação dos sentimentos do cuidador familiar dentro da

assistência a um parente que possui a Doença de Alzheimer, encontrados nesta

revisão integrativa.

NumeraçãoTítulo do

artigoAutor

Ano de

publicação do

artigo

Objetivo Metodologia

Resultados

Sentimentos

do

cuidador

Conclusões Limitações

1

2

3

24