correntes de pensamento econômico

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Faculdades Kennedy – Curso de Direito Disciplina: Economia - 2º sem.\2015 Correntes de Pensamento Econômico Prof. Denis Medina Herbelha A História do Pensamento Econômico é um estudo da herança deixada pelos que escreveram sobre assuntos econômicos no transcurso de muitos anos. Antes da Renascença (séculos XV e XVI): era quase impossível a visualização da Economia como campo específico de estudo, pois tudo era contra: a dominação do Estado e da Igreja, a força dos costumes e as crenças religiosas e filosóficas, a natureza e a amplitude limitada da atividade econômica. No entanto, a atividade econômica para a satisfação de necessidades ocorreu em todas as épocas da história humana. Divisão do Estudo: História do Pensamento Econômico; Mercantilismo; Fisiocracia; Utilitarismo; Economia Clássica; Teoria Marxista; Teoria Keynesiana. Mercantilismo Mercantilismo é a teoria e prática econômica que defendiam, do século XVI a meados do XVII, o fortalecimento do estado por meio da posse de metais preciosos, do controle governamental da economia e da expansão comercial. Para a consecução dos objetivos mercantilistas, todos os outros interesses deviam ser deixados a segundo plano: a economia local tinha que se transformar em nacional e o lucro individual desaparecer quando assim conviesse ao fortalecimento do poder nacional. Alcançar a abundância de moeda era um dos objetivos básicos dos mercantilistas, já que, a força do estado dependia de suas reservas monetárias. Se uma nação não dispunha de minas, tinha de buscar o ouro necessário em suas colônias ou, adquiri-lo por meio do comércio, o que exigia um saldo favorável da balança comercial – ou seja, que o valor das exportações fosse superior ao das importações. Foi durante o mercantilismo que iniciou-se o emprego de sistemas de contabilidade e acompanhamento das contas de receitas e despesas do estado, a criação de uma fiscalização centralizada e a adoção de leis que desestimulassem a importação de bens improdutivos e de grande valor. Não tinham como finalidade o desenvolvimento da manufatura nacional, mas sim, a maior acumulação possível de metais nobres. O mercantilismo foi o instrumento que assegurou as condições econômicas e financeiras necessárias para garantir a expansão dos estados absolutistas europeus. Os principais promotores e representantes do mercantilismo foram: Jean-Baptiste Colbert da França – Ministro da Fazenda de Luís XIV; Jean Bodin da França; Antoine de Montchrestien da França; Thomas Mun da Grã-Bretanha; James Steuart da Grã- Bretanha; Josiah Child da Grã-Bretanha; Antonio Serra na Itália; Marquês de Pombal de Portugal. Fisiocracia A concepção natural de excedente. Conforme esta teoria, apenas efetua trocas o homem que dispõe de produtos “supérfluos” (excesso sobre a subsistência), por meio dos quais virá a obter o que melhor lhe convier. É sempre excesso de bens em relação à subsistência, que assume a forma derivada de rendimento e (indiretamente) de tributos. Os empresários viveriam de “rendas incertas” e os assalariados, de “renda certa”, estabelecida pelo custo de subsistência, ou por algo aproximado a preço de oferta da força de trabalho (abraçando o custo de reprodução da mão de obra e outros fatores). Para Quesnay, excedente é sempre excesso de produção sobre os custos diretos e indiretos de subsistência. Se subsistência é consumo de produtos agrícolas, o excedente é excesso de produção agrícola sobre insumos e subsistência. 1

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Page 1: Correntes de Pensamento Econômico

Faculdades Kennedy – Curso de Direito

Disciplina: Economia - 2º sem.\2015

Correntes de Pensamento EconômicoProf. Denis Medina Herbelha

A História do Pensamento Econômico é um estudo da herança deixada pelos queescreveram sobre assuntos econômicos no transcurso de muitos anos.

Antes da Renascença (séculos XV e XVI): era quase impossível a visualização daEconomia como campo específico de estudo, pois tudo era contra: a dominação do Estado eda Igreja, a força dos costumes e as crenças religiosas e filosóficas, a natureza e a amplitudelimitada da atividade econômica. No entanto, a atividade econômica para a satisfação denecessidades ocorreu em todas as épocas da história humana.Divisão do Estudo:História do Pensamento Econômico; Mercantilismo; Fisiocracia; Utilitarismo; EconomiaClássica; Teoria Marxista; Teoria Keynesiana.

MercantilismoMercantilismo é a teoria e prática econômica que defendiam, do século XVI a meados

do XVII, o fortalecimento do estado por meio da posse de metais preciosos, do controlegovernamental da economia e da expansão comercial.

Para a consecução dos objetivos mercantilistas, todos os outros interesses deviam serdeixados a segundo plano: a economia local tinha que se transformar em nacional e o lucroindividual desaparecer quando assim conviesse ao fortalecimento do poder nacional.

Alcançar a abundância de moeda era um dos objetivos básicos dos mercantilistas, jáque, a força do estado dependia de suas reservas monetárias. Se uma nação não dispunhade minas, tinha de buscar o ouro necessário em suas colônias ou, adquiri-lo por meio docomércio, o que exigia um saldo favorável da balança comercial – ou seja, que o valor dasexportações fosse superior ao das importações.

Foi durante o mercantilismo que iniciou-se o emprego de sistemas de contabilidade eacompanhamento das contas de receitas e despesas do estado, a criação de umafiscalização centralizada e a adoção de leis que desestimulassem a importação de bensimprodutivos e de grande valor.

Não tinham como finalidade o desenvolvimento da manufatura nacional, mas sim, amaior acumulação possível de metais nobres.

O mercantilismo foi o instrumento que assegurou as condições econômicas efinanceiras necessárias para garantir a expansão dos estados absolutistas europeus.Os principais promotores e representantes do mercantilismo foram:Jean-Baptiste Colbert da França – Ministro da Fazenda de Luís XIV; Jean Bodin da França;Antoine de Montchrestien da França; Thomas Mun da Grã-Bretanha; James Steuart da Grã-Bretanha; Josiah Child da Grã-Bretanha; Antonio Serra na Itália; Marquês de Pombal dePortugal.

FisiocraciaA concepção natural de excedente. Conforme esta teoria, apenas efetua trocas o

homem que dispõe de produtos “supérfluos” (excesso sobre a subsistência), por meio dosquais virá a obter o que melhor lhe convier. É sempre excesso de bens em relação àsubsistência, que assume a forma derivada de rendimento e (indiretamente) de tributos.

Os empresários viveriam de “rendas incertas” e os assalariados, de “renda certa”,estabelecida pelo custo de subsistência, ou por algo aproximado a preço de oferta da força detrabalho (abraçando o custo de reprodução da mão de obra e outros fatores).

Para Quesnay, excedente é sempre excesso de produção sobre os custos diretos eindiretos de subsistência. Se subsistência é consumo de produtos agrícolas, o excedente éexcesso de produção agrícola sobre insumos e subsistência.

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Finalmente, a teoria agrícola do excedente assenta-se na suposição de que apenas otrabalho agrícola é produtivo, no sentido de ser capaz de gerar excedente sobre os custos.

Trabalho não agrícola = Trabalho estéril.O objetivo do movimento fisiocrático é o livre comércio, admitindo-se que o preço de

mercado livre é o da ordem natural. E o preço natural será aquele determinado pelaconcorrência, evidenciando a interdependência entre as atividades econômicas. Porém aagricultura era considerada fecunda e a indústria não.

UtilitarismoNos fundamentos de sua estrutura, o utilitarismo encara um indivíduo como a

expressão da utilidade, da satisfação, do prazer, da felicidade ou do desejo de realização. Emsua essência, a utilidade se torna a medida da realização do nosso desejo, o denominadorcomum de tudo que queremos.

Contudo um grande problema se levanta. Como medir esta utilidade?

Economia Clássica

Adam SmithA primeira grande obra de economia política foi o livro “Riqueza das Nações” de Adam

Smith.Adam Smith adotava uma atitude liberal. Apoia o não intervencionismo, pois ele

acredita que o intervencionismo prejudica mais.A desigualdade é vista como um incentivo ao trabalho e ao enriquecimento

(logicamente os pobres querem ficar ricos e atingir o nível das classes ricas e maisbeneficiadas), sendo uma condição fundamental para que as pessoas se mexam e tentematingir níveis melhores de vida.

Como resolver este problema da justiça social e da equidade? Adam Smith aponta umcaminho – o Progresso Econômico.

A grande contribuição de Adam Smith para o Pensamento Econômico é exatamente achamada “Teoria da Mão Invisível”.

Para este autor todos aplicam o seu capital para que ele renda o mais possível. Apessoa ao fazer isto não tem em conta o interesse geral da comunidade, mas sim o seupróprio interesse – neste sentido é egoísta. O que Adam Smith defende é que ao promover ointeresse pessoal, a indivíduo acaba por ajudar na prossecução do Interesse Geral e coletivo.Dizia ele, que não pela benevolência do padeiro ou do açougueiro que nós temos o nossojantar, mas é pelo egoísmo deles, pois os homens agindo segundo seu próprio interesse éque se ajudam mutuamente. Neste caminho ele é conduzido e guiado por uma espécie deMão Invisível.

Adam Smith acredita então que ao conduzir e perseguir os seus interesses, o homemacaba por beneficiar a sociedade como um todo de uma maneira mais eficaz.

Graças à mão invisível não há necessidade de fixar o preço.Por exemplo, a Inflação é corrigida por um reequilíbrio entre a Oferta e a Procura,

reequilíbrio esse que seria atingido e conduzido pela Mão Invisível, é pois, o início daGlorificação do Mercado que Adam Smith preconiza.

Para Smith, Deus implantou no homem certos instintos, entre os quais, “trocar”. Esteinstinto, mas a tendência de ganhar dinheiro e de subir socialmente, conduzem o trabalhadora poupar, e produzir o que a sociedade precisa e a enriquecer a sociedade. Os homens são“naturalmente” assim – dizia Smith.

A especialização da força de trabalho, que acompanha o avanço econômico, e aalocação de força de trabalho entre várias linhas de emprego, é a principal explicação deAdam Smith para o desenvolvimento.

O Modelo Teórico de desenvolvimento econômico de Smith constituía parte integrantede sua política econômica: ao contestar o padrão mercantilista de regulamentação estatal ede controle, apoiava a suposição de que a concorrência maximiza o desenvolvimento

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econômico e de que os benefícios do desenvolvimento seriam partilhados por todos nasociedade.

Os principais discípulos de Adam Smith foram:

Thomas Robert Malthus (1766-1834)Dizia: “… a potência da população é infinitamente maior do que a potência da terra na

produção de subsistência para o homem. A população, quando não controlada, cresce a umataxa geométrica. A subsistência só cresce a taxa aritmética.

David Ricardo (1772-1823)Ricardo mostrou as interligações entre expansão econômica e distribuição da renda.

Tratou os problemas do comércio internacional e defendeu a flutuação livre do câmbio.

John Stuart Mill (1806-1873)Introduziu na economia preocupações de “justiça social” que lhe valeram o adjetivo de

“clássico da transição” entre a Escola Clássica e os pensamentos socialista.

Jean Baptiste Say (1768-1832)Tal como Smith, considera o “mercado” essencial. Segundo Say a produção realiza-se

através de 3 elementos:O Trabalho; O Capital; Agentes Naturais (por agentes naturais entenda-se os Recursos

Naturais).Deu atenção especial ao empresário e ao lucro.Subordinou o problema do equilíbrio das trocas diretamente à produção, tornando-se

conhecida sua concepção de que oferta cria a procura equivalente.

Teoria Marxista

Karl Marx (1818-1883) opôs-se aos processos analíticos dos clássicos e às suasconclusões, com base no que Lenin considerou a melhor criação da humanidade no séculoXIX: a filosofia alemã, economia e política inglesa e o socialismo francês.

Marx foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunistamoderna.

Marx afirmava que “o valor da força de trabalho é determinado, como no caso dequalquer outra mercadoria, pelo tempo de trabalho necessário à produção econsequentemente à reprodução, desse artigo especial.”

Por sua própria característica, o capitalismo tende a separar as classes sociais demodo sempre crescente: com o avanço tecnológico, um número cada vez maior detrabalhadores é rebaixado em suas técnicas, e passa a realizar operações de rotina e tarefasrepetitivas. Além disso, a substituição dos homens pelas máquinas faz aumentar o exército dereserva dos desempregados – consequência do modo de produção capitalista, que mantém aposição de poder dos capitalistas e permite abundante oferta de trabalho a salários desubsistência. Aliás, entre os próprios capitalistas a difusão do maquinismo e da dinâmica dosistema fazem desaparecer os pequenos empresários, ou os de menores recursos, quetambém se tornam dependentes dos proprietários dos meios de produção.

Teoria Keynesiana

John Maynard Keynes (1883-1946)A teoria keynesiana é o conjunto de ideias que propunham a intervenção estatal na

vida econômica com o objetivo de conduzir a um regime de pleno emprego.Keynes foi conselheiro de diversos governos da Inglaterra.As teorias de John Maynard Keynes tiveram enorme influência na renovação das

teorias clássicas e na reformulação da política de livre mercado. Acreditava que a economia

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seguiria o caminho do pleno emprego, sendo o desemprego uma situação temporária quedesapareceria graças às forças do mercado.

O objetivo do keynesianismo era manter o crescimento da demanda em paridade como aumento da capacidade produtiva da economia, de forma suficiente para garantir o plenoemprego, mas sem excesso, pois isto provocaria um aumento da inflação.

Terminada a Segunda Guerra Mundial, participou ativamente dos trabalhos de criaçãodo Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Internacional para a Reconstrução eDesenvolvimento (BIRD).

Dizia que o capitalismo não regulado mostrava-se incompatível com a manutenção dopleno emprego e da estabilidade econômica.

Na década de 1970 o keynesianismo sofreu severas críticas por parte de uma novadoutrina econômica: o monetarismo. Em quase todos os países industrializados o plenoemprego e o nível de vida crescente alcançados nos 25 anos posteriores à II Guerra Mundialforam seguidos pela inflação. Os keynesianos admitiram que seria difícil conciliar o plenoemprego e o controle da inflação, considerando, sobretudo, as negociações dos sindicatoscom os empresários por aumentos salariais.

Por esta razão, foram tomadas medidas que evitassem o crescimento dos salários epreços, mas a partir da década de 1960 os índices de inflação foram acelerados de formaalarmante.

A partir do final da década de 1970, os economistas têm adotado argumentosmonetaristas em detrimento daqueles propostos pela doutrina keynesiana; mas as recessões,em escala mundial, das décadas de 1980 e 1990 refletem os postulados da políticaeconômica de John Maynard Keynes.Ciência Econômica depois de Keynes

Na área da Ciência Econômica, até agora não surgiu nenhuma obra que provocasseimpacto semelhante a Keynes. Nem ideias que revolucionassem tão intensamente a maneirade considerar os problemas econômicos, políticos, sociais e culturais, tal como aconteceucom o keynesianismo. Nem mesmo no momento atual, quando o próprio keynesianismocomeça a refluir diante da escalada do neoliberalismo.

Há outra característica que talvez explique esse fenômeno: hoje, existe uma avalanchede contribuições científicas esparsas e, em geral, limitadas a determinados aspectos da teoriaeconômica e/ou de sua aplicação, deixando confusos os próprios economistas.

Soma-se a tudo isso o fato de a grande maioria dos economistas permaneceremfechados em pequenas comunidades de trabalho, como um determinado departamento deuma faculdade, ou um centro de pesquisa altamente especializado.

Entretanto, a Economia é a ciência que mais se destaca no conjunto de ciênciassociais., sobretudo por sua multiplicidade de aplicações práticas.

Com a implosão dos regimes comunistas no final da década de 80 e a generalizaçãodo sistema de economia de mercado, parecia que o liberalismo econômico seria o grandevitorioso do liminar do século XX. Mas a frustração a frustração chegou antes do novo séculoe milênio, com a dificuldade das atuais políticas econômicas em conseguir solucionar, nomínimo, problemas como o desemprego crescente e o aumento da pobreza e de exclusãosocial em todos os países, inclusive naqueles considerados ricos e altamente industrializados.

Dentre as múltiplas tendências do pensamento econômico depois de Keynes, destacoaquelas que considero as mais importantes:

A revolução matematizante da ciência econômica.A oposição econometrista “versus” economista institucionalistas.Grandes modelos macroeconômicos.O monetarismo.

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