controle de sistemas

177
Controle discreto e introdu¸ c˜ao ao controle ´ otimo e robusto . Controle discreto e introdu¸ c˜ao ao controle ´otimo e robusto Alberto Luiz Serpa 2006 Este material caracteriza as notas de aulas preparadas nos ´ ultimos anos quando ministrei a disciplina ES728 - Controle Avan¸ cado de Sistemas para alunos do curso de Engenharia de Controle Automa¸ c˜aodaUNICAMP. Esta vers˜ao ´ e a primeira editada em computador no sentido de permitir corre¸ c˜oes e atualiza¸ c˜oes com mais facilidade e permitir a disponibiliza¸ c˜aono ambiente de Ensino Aberto da UNICAMP. Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 1

Upload: nilson-roberto-inocente-junior

Post on 24-Sep-2015

287 views

Category:

Documents


36 download

DESCRIPTION

Apostila de Controle de Sistemas

TRANSCRIPT

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    .

    Controle discreto e introducao ao controle

    otimo e robusto

    Alberto Luiz Serpa

    2006

    Este material caracteriza as notas de aulas preparadas nos ultimos anosquando ministrei a disciplina ES728 - Controle Avancado de Sistemas paraalunos do curso de Engenharia de Controle Automacao da UNICAMP.

    Esta versao e a primeira editada em computador no sentido de permitircorrecoes e atualizacoes com mais facilidade e permitir a disponibilizacao noambiente de Ensino Aberto da UNICAMP.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 1

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Sumario

    1 Fundamentos dos sistemas discretos 51.1 Sinais discretos importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61.2 Algumas propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91.3 Filtros FIR e IIR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

    2 Equacao a diferencas de coeficientes constantes 132.1 Solucao de equacoes a diferencas (lineares, coeficientes cons-

    tantes) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152.1.1 Solucao homogenea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152.1.2 Solucao particular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182.1.3 Solucao completa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

    2.2 Comportamento da solucao homogenea . . . . . . . . . . . . . 192.3 Regioes de estabilidade no plano complexo . . . . . . . . . . . 22

    3 Transformada Z 223.1 Transformada Z de entradas padronizadas . . . . . . . . . . . 243.2 Principais propriedades da transformada Z . . . . . . . . . . . 263.3 Inversa da transformada Z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273.4 Transformada Z unilateral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

    3.4.1 Algumas propriedades da transformada Z unilateral . . 303.5 Solucao de equacao de diferencas . . . . . . . . . . . . . . . . 31

    4 Funcao de transferencia discreta 324.1 Polos e zeros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 334.2 Interpretacao da funcao de transferencia discreta . . . . . . . . 33

    5 Discretizacao de plantas analogicas 335.1 Modulacao com impulso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345.2 Segurador de ordem zero (ZOH) . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

    6 Mapeamento s z 386.1 Mapeamentos importantes para projeto . . . . . . . . . . . . . 396.2 Metodos de integracao numerica . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

    6.2.1 Transformacao Euler para tras . . . . . . . . . . . . . . 436.2.2 Transformacao Euler para a frente . . . . . . . . . . . . 446.2.3 Transformacao bilinear - Tustin . . . . . . . . . . . . . 466.2.4 Transformacao pelo metodo do impulso invariante . . . 49

    7 Analise de erro estacionario 52

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 2

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    8 Resposta em frequencia 568.1 Problemas com a discretizacao ZOH . . . . . . . . . . . . . . . 568.2 Warping . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 588.3 Pre-warping . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 608.4 Frequencia crtica de pre-warping . . . . . . . . . . . . . . . . 63

    9 Projeto no plano z 649.1 Controle PID - Metodo Ziegler-Nichols . . . . . . . . . . . . . 649.2 PID - projeto analtico com base no lugar das razes . . . . . . 699.3 Compensacao avanco-atraso - projeto analtico . . . . . . . . . 75

    10 Transformada w 8210.1 Projeto avanco-atraso analtico na frequencia . . . . . . . . . . 85

    11 Modelo de estado discreto 9211.1 Transformacao pelo metodo do degrau invariante . . . . . . . 92

    12 Diagrama de blocos 97

    13 Realimentacao de estados 10013.1 Controlabilidade e formula de Ackermann . . . . . . . . . . . 102

    14 Observador (estimador de estados) 10214.1 Estimador de ordem completa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10414.2 Observabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10514.3 Efeito do observador na malha fechada . . . . . . . . . . . . . 106

    15 Controle otimo 10715.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10715.2 Otimizacao de parametros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10815.3 Condicoes de otimalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11015.4 Equacoes de Euler Lagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11115.5 Condicoes de otimalidade e Euler-Lagrange . . . . . . . . . . . 11315.6 Controle linear quadratico - LQR . . . . . . . . . . . . . . . . 11715.7 Controle otimo multivariavel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120

    15.7.1 Matriz hamiltoniana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122

    16 Introducao ao controle robusto 12316.1 Caso SISO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12416.2 Resposta em frequencia multivariavel . . . . . . . . . . . . . . 12716.3 Modelagem da incerteza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13316.4 Estabilidade robusta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 3

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    17 Controle H 14617.1 Estabilidade segundo Lyapunov . . . . . . . . . . . . . . . . . 15317.2 H via Riccati . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 154

    18 Bibliografia 162

    19 Exerccios 16319.1 Lista 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16319.2 Lista 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16419.3 Lista 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16519.4 Lista 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16619.5 Lista 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16719.6 Lista 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16819.7 Lista 7 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16919.8 Lista 8 - Roteiro para MATLAB . . . . . . . . . . . . . . . . . 17219.9 Lista 9 - Roteiro para MATLAB . . . . . . . . . . . . . . . . . 17419.10Lista 10 - Roteiro para MATLAB . . . . . . . . . . . . . . . . 17519.11Lista 11 - Roteiro para MATLAB . . . . . . . . . . . . . . . . 17619.12Lista 12 - Roteiro para MATLAB . . . . . . . . . . . . . . . . 177

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 4

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    1 Fundamentos dos sistemas discretos

    Um sinal contnuo e uma funcao do tempo (um valor real para cada valor detempo), como mostrado na Figura 1.

    tt

    tt

    f(t)

    f(t) f(t)

    f(t)

    periodica transiente

    senoidal aleatoria

    Figura 1: Alguns sinais contnuos.

    Um sistema contnuo relaciona uma entrada contnua a uma sada contnua,conforme ilustrado na Figura 2.

    x(t) y(t)contnuacontnua

    entrada sadaSistemaContnuo

    Figura 2: Sistema contnuo.

    Um sinal e uma sequencia, ou uma funcao, definida para numeros inteiros,ou seja,

    x(n) = xR(n) + jxI(n),

    e quando xI(n) = 0, entao x(n) e uma sequencia real.Um sistema discreto e um mapeamento do conjunto discreto de entradas

    para o conjunto discreto de sada, conforme ilustrado na Figura 3.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 5

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    x(n) y(n)

    SistemaDiscreto

    Figura 3: Sistema discreto.

    Um sinal digital e um sinal discreto cujos valores pertencem a um conjuntofinito. Por exemplo, um sinal digital para valores de {3,2,1, 0, 1, 2, 3}e ilustrado na Figura 4.

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 102

    1.5

    1

    0.5

    0

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5

    3

    n

    y(n)

    Figura 4: Sinal digital.

    Um sistema digital e aquele que relaciona um sinal digital de entrada aum sinal digital de sada.

    1.1 Sinais discretos importantes

    Uma sequencia real e denotada como

    {x(n), n = , . . . ,1, 0, 1, . . . ,+}.Se um sinal contnuo x(t) e amostrado a cada T segundos, uma sequencia

    {x(nT )} resulta. Para simplificar a notacao sera usada apenas a simbologiax(n), i.e.,

    {x(nT )} x(n).

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 6

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Alguns sinais discretos importantes sao listados a seguir.

    1. O impulso unitario discreto, Figura 5, e definido como

    (n) =

    {1 se n = 0,0 se n 6= 0.

    3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 70

    0.1

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    1

    n

    (n)

    Figura 5: Impulso unitario.

    2. O degrau unitario discreto e definido como

    u(n) =

    {1 se n 0,0 se n < 0,

    e esta ilustrado na Figura 6.

    3. Uma sequencia exponencial real e dada por

    x(n) = an.

    4. Uma sequencia senoidal e dada por

    x(n) = Asen(w0n).

    Um sinal discreto periodico e aquele em que x(n) = x(n + P ) com Pinteiro. O menor valor de P que satisfaz a condicao de periodicidade eo perodo do sinal. A figura 7 mostra uma senoide discreta.

    A sequencia senoidal e periodica se w02

    e racional (razao de dois inteiros).Se w0

    2nao e racional, entao a sequencia nao e periodica.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 7

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 50

    0.1

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    1

    n

    u(n)

    Figura 6: Degrau unitario discreto.

    0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 201

    0.8

    0.6

    0.4

    0.2

    0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1

    n

    x(n)

    Figura 7: Senoide discreta, x(n) = sen(100n).

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 8

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    1.2 Algumas propriedades

    1. Energia. A energia de uma sequencia e definida como

    E =+

    n=x(n)x(n) =

    +n=

    |x(n)|2,

    onde x(n) e o complexo conjugado de x(n).

    Se x(n) = x(n), ou seja, x(n) e uma sequencia real, entao

    E =+

    n=x2(n).

    2. Sinal em funcao de impulsos. Um sinal discreto pode ser escrito como

    x(n) =

    k=x(k)(n k).

    Exemplo: O sinal da Figura 8 pode ser escrito como

    y(n) = y(2)(n+ 2) + y(0)(n) + y(1)(n 1) + y(4)(n 4).

    5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 50

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5

    3

    n

    y(n)

    Figura 8: y(n) = y(2)(n+ 2) + y(0)(n) + y(1)(n 1) + y(4)(n 4).

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 9

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    3. Linearidade. Um sistema discreto pode ser caracterizado por umatransformacao (ou operador) T que relaciona a sada y(n) a` entradax(n), ou seja,

    y(n) = T [x(n)].

    Um sistema discreto e linear quando se aplica o princpio da super-posicao, ou seja,

    T [a1x1(n) + a2x2(n)] = a1T [x1(n)] + a2T [x2(n)].

    4. Invariancia no tempo. Um sistema discreto e invariante no tempoquando seus coeficientes nao variam com o tempo, ou seja, se y(n) =T [x(n)] entao,

    T [x(n n0)] = y(n n0).5. Resposta de sistemas lineares em termos da resposta impulsiva. Seja a

    resposta do sistema T () ao um impulso aplicado no tempo k dada por

    hk(n) = T [(n k)].

    A resposta do sistema a uma entrada x(n) sera dada por

    y(n) = T [x(n)] = T

    k=

    x(k)(n k) =

    k=x(k)T [(nk)] =

    k=

    x(k)hk(n).

    Portanto, a resposta de um sistema discreto linear pode ser escritacomo uma soma ponderada de hk(n) pela entrada x().

    6. Convolucao. Se x(n) e a entrada de um sistema linear e invariantecaracterizado por T [], entao a sada y(n) e dada por

    y(n) =

    k=x(k)h(n k) =

    k=

    x(n k)h(k),

    onde h(n) = T [(n)] e a resposta ao impulso.

    Esta soma e conhecida como soma de convolucao e e denotada por

    y(n) = x(n) h(n) = h(n) x(n).

    Algumas propriedades da convolucao sao:

    (a) x(n) y(n) = y(n) x(n)

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 10

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    (b) x(n) (y(n) z(n)) = (x(n) y(n)) z(n)(c) x(n) (y(n) + z(n)) = x(n) y(n) + x(n) z(n)(d) x(n) (n) = (n) x(n) = x(n)(e) x(n) (n k) = x(n k)

    7. Estabilidade BIBO (bounded-input, bounded-output). A sequenciax(n) e limitada se existe um M finito tal que

    |x(n)| < M, para todo n.

    Um sistema discreto e BIBO estavel se toda sequencia limitada deentrada x(n) produz uma sada tambem limitada.

    Um sistema linear e invariante com resposta h(n) ao impulso e BIBOestavel se e somente se

    S =

    k=|h(k)|

    e finito (soma absoluta finita).

    Prova: suponha que a entrada x(n) e limitada, ou seja |x(n)| < M .A sada e do sistema e dada por

    y(n) =

    k=h(k)x(n k).

    Logo,

    |y(n)| =

    k=

    h(k)x(n k)

    k=

    |h(k)x(n k)|,

    |y(n)|

    k=|h(k)||x(n k)| n.Pode-se escrever que

    y(n) =n

    k=x(k)h(n k),

    de onde se verifica que a resposta y(n) so depende de valores passadosou do valor presente da entrada.

    1.3 Filtros FIR e IIR

    Um filtro FIR (finite impulse response) e um sistema linear e invariante quepossui uma resposta finita ao impulso, ou seja,

    h(n) =

    {valores nao nulos para n1 n n2,0 para os demais,

    onde h(n) e a resposta ao impulso.Um filtro IIR (infinite impulse response) e um sistema em que a resposta

    ao impulso unitario e de duracao infinita.Um sistema causal linear e invariante caracterizado por

    Nk=0

    aky(n k) =Mr=0

    brx(n r),

    sera FIR se a0 6= 0 e ak = 0 para k = 1, 2, . . . , N . Caso contrario podera serIIR ou FIR.

    Prova: Seja ak = 0, k = 1, 2, . . . , N . Logo,

    a0y(n 0) =Mr=0

    brx(n r),

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 12

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    y(n) =Mr=0

    (bra0

    ) h(r)

    x(n r),

    que representa uma convolucao.Portanto,

    h(n) =

    {bna0

    0 n M,0, caso contrario,

    que e de duracao finita.

    2 Equacao a diferencas de coeficientes cons-

    tantes

    O comportamento dinamico de sistemas contnuos e descrito por equacoesdiferenciais. O comportamento dinamico de sistemas discretos e descrito porequacoes a diferencas.

    Um sistema discreto linear e invariante no tempo e aquele em que aentrada x(n) e a sada y(n) satisfazem uma equacao a diferencas com coefi-cientes lineares e constantes do tipo

    Nk=0

    aky(n k) =Mm=0

    bmx(nm), a0 6= 0,

    ou tambem,

    y(n) = Nk=1

    aka0y(n k) +

    Mr=0

    bra0x(n r).

    Exemplo: Resolver e equacao y(n)ay(n1) = x(n), com y(n) = 0 paran < 0, e tendo como entrada x(n) = (n) um impulso unitario.

    Este problema pode ser resolvido diretamente, ou seja,

    n = 0 y(0) = ay(1) + x(0) = 0 + 1 = 1n = 1 y(1) = ay(0) + x(1) = a 1 + 0 = an = 2 y(2) = ay(1) + x(2) = a a+ 0 = a2

    ... y(n) = an.

    Como nao existe resposta para n < 0, escreve-se a solucao como

    y(n) = anu(n),

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 13

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    que representa a resposta ao impulso procurada. Usa-se o degrau unitario,u(n), para assegurar valores nulos para n < 0.

    Exemplo: Determinar o modelo para descrever uma colonia de bacteriasduplicando a populacao a cada 12h (T = 12h).

    E possvel escrever que

    y(n) = 2y(n 1), y(0) = c.Logo,

    y(1) = 2c, y(2) = 4c, y(3) = 8c, . . .

    que caracteriza um comportamento explosivo.

    Exemplo: Problema do banqueiro. Seja o intervalo T = 1 mes associadoa uma taxa de juros de i%.

    O modelo que descreve este problema e

    v(n) =(1 +

    i

    100

    )v(n 1),

    onde v(n) e o valor no mes n.

    Exemplo: Modelo de um integrador numerico pela regra dos trapezios.Seja o esquema da Figura 9.

    t

    f(t)

    tntn1

    fn

    fn1

    In1

    In

    Figura 9: Integracao pela regra dos trapesios.

    A area de um elemento trapezoidal e dada por

    A = tntn1

    f(t)dt T (fn + fn1)2

    ,

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 14

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    onde T = tn tn1 e a base do trapezio.Logo, a integral da curva pode ser aproximada por

    In = In1 +T (fn + fn1)

    2.

    2.1 Solucao de equacoes a diferencas (lineares, coefici-entes constantes)

    A solucao de equacoes a diferencas segue um procedimento semelhante ao dasolucao de equacoes diferenciais lineares e com coeficientes constantes.

    Seja uma equacao a diferencas denotada por

    Nk=0

    aky(n k) =Mk=0

    bkx(n k),

    ou tambem

    a0y(n) + a1y(n 1) + a2y(n 2) + . . .+ aNy(nN) =

    = b0x(n) + b1x(n 1) + . . .+ bMx(nM).

    2.1.1 Solucao homogenea

    A equacao homogenea (entrada nula) e dada por

    Nk=0

    aky(n k) = 0.

    Seja uma solucao do tipo y(n) = cn. Logo,

    Nk=0

    akcnk = 0,

    e entaoa0c

    n + a1cn1 + a2cn2 + . . .+ aNcnN = 0,

    (a0N + a1

    N1 + a2N2 + . . .+ aN)cnN = 0,

    a0N + a1

    N1 + a2N2 + . . .+ aN = 0,

    que e o polinomio caracterstico, cujas razes sao 1, 2, . . . , N .A solucao homogenea yh(n) sera funcao do tipo das razes, ou seja,

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 15

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    para razes distintas a solucao homogenea e

    yh(n) = c1n1 + c2

    n2 + . . .+ cN

    nN ,

    com c1, c2, . . ., cN determinados atraves das condicoes iniciais.

    para razes com multiplicidade, por exemplo 1 de multiplicidade l, asolucao homogenea e do tipo

    yh(n) = (c1n1 + c2n

    n1 + c3n

    2n1 + . . .+ clnl1n1 ) + d2

    n2 + . . .+ dN

    nN .

    para um par complexo conjugado, por exemplo 1,2 = a bj, tem-se

    1 = ej, 2 = e

    j,

    e a solucao e do tipo cn, ou seja,

    c1(ej)n + c2(e

    j)n = c1nejn + c2nejn = Cnsen(n+ ).

    Verifica-se que o comportamento muda em funcao do valor de comoilustrado nas Figuras 10 e 11.

    0 5 10 15 20 25 30 35 400.8

    0.6

    0.4

    0.2

    0

    0.2

    0.4

    0.6

    n

    y(n)

    Figura 10: Solucao Cnsen(n+ ) para < 1.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 16

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    0 5 10 15 20 25 30 35 4040

    30

    20

    10

    0

    10

    20

    30

    n

    y(n)

    Figura 11: Solucao Cnsen(n+ ) para > 1.

    Tabela 1: Solucoes particulares tpicas.entrada x(n) solucao particular yp(n)A (constante) K (constante)

    AMn KMn

    AnM K0nM +K1n

    M1 + . . .+KMAnnM An(K0n

    M +K1nM1 + . . .+KM){

    Acos(w0n)Asen(w0n)

    }K1cos(w0n) +K2sen(w0n)

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 17

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    2.1.2 Solucao particular

    A solucao particular da equacao a diferencas depende da forma da entrada,ou seja, e do mesmo tipo da entrada. Alguns exemplos sao ilustrados naTabela 1.

    2.1.3 Solucao completa

    A solucao completa da equacao a diferencas sera a soma da solucao particularcom a solucao homogenea, isto e,

    y(n) = yh(n) + yp(n).

    Exemplo: Toma-se emprestado em n = 0 o capital C0. Este capital deveser pago em N prestacoes mensais iguais e ser remunerado com uma taxa ide juros mensais. Calcular o valor da prestacao mensal como funcao de N , ie C0.

    Sejam d(n) a dvida no momento n e P o valor da prestacao. Pode-seescrever que

    d(n) = (1 + i)d(n 1) P d(n) (1 + i)d(n 1) = P,

    com d(0) = C0, ou seja, a dvida em n = 0 e o capital C0.A solucao homogenea e dada por dh(n) = c

    n que substituda na equacaoa diferencas leva a

    cn (1 + i)cn1 = 0 cn1[ (1 + i)] = 0,

    ou seja (1 + i) = 0 = 1 + i.

    Portanto, a solucao homogenea e

    dh(n) = cn = c(1 + i)n.

    A solucao particular e dada por

    dp(n) = A,

    que substituda na equacao a diferencas leva a

    A (1 + i)A = P A = Pi.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 18

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    A solucao completa e dada por

    d(n) = dh(n) + dp(n) = c(1 + i)n +

    P

    i.

    Aplicando a condicao inicial tem-se que

    d(0) = c(1 + i)0 +P

    i= C0 c = C0 P

    i,

    e consequentemente

    d(n) =(C0 P

    i

    )(1 + i)n +

    P

    i.

    Para pagar a dvida tem-se que d(N) = 0. Logo, o valor da prestacaosera dado por

    (C0 P

    i

    )(1 + i)N +

    P

    i= 0 P = iC0

    1 1(1+i)N

    .

    2.2 Comportamento da solucao homogenea

    Para razes distintas a solucao homogenea e composta de termos do tipo cn,e em funcao de os seguintes casos sao possveis.

    Para real tem-se os seguintes casos:1. > 1, situacao instavel como ilustrado na Figura 12.

    2. 0 < < 1, situacao estavel como ilustrado na Figura 13.

    3. 1 < < 0, situacao estavel oscilante como na Figura 14.4. < 1, situacao instavel oscilante como na Figura 15.

    Para complexo (pares conjugados) tem-se a solucao na forma

    Cnsen(n + ).

    Verifica-se que:

    1. Para 0 < < 1, tem-se situacao estavel;

    2. Para > 1, tem-se situacao instavel.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 19

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

    2

    4

    6

    8

    10

    12

    14

    n

    y(n)

    Figura 12: Situacao instavel, cn para > 1.

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

    0.1

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    1

    n

    y(n)

    Figura 13: Situacao estavel, cn para < 1.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 20

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100.8

    0.6

    0.4

    0.2

    0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1

    n

    y(n)

    Figura 14: Situacao estavel oscilante, cn para 1 < < 0.

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1015

    10

    5

    0

    5

    10

    15

    n

    y(n)

    Figura 15: Situacao instavel oscilante, cn para < 1.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 21

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    estavel

    estavel

    estavel

    instavel

    instavelinstavel

    oscilanteoscilante 11

    = 1

    Im[]

    Re[]

    Figura 16: Regioes de estabilidade e instabilidade.

    2.3 Regioes de estabilidade no plano complexo

    Com base na analise realizada na secao anterior nota-se que a estabilidadee assegurada se as razes estiverem dentro de um crculo unitario conformeilustrado na Figura 16.

    Salienta-se que mesmo no caso de razes multiplas, o termo exponencialpredomina e a estabilidade ocorre para razes dentro do crculo unitario.

    3 Transformada ZA transformada Z bilateral de uma sequencia x(n) e

    X(z) := Z[x(n)] :=+

    n=x(n)zn,

    onde z e uma variavel complexa.O conjunto dos valores de z para os quais X(z) converge (e finita) e

    chamado de Regiao de Convergencia (RC) e e dado por

    r0 |z| R0.

    Exemplo: Determinar a transformadaZ para a sequencia x(n) = {1, 2, 5, 7, 0, 1}.O numero sublinhado refere-se ao valor para n = 0.

    X(z) =3

    n=2x(n)zn = x(2)z2+x(1)z1+x(0)z0+x(1)z1+x(2)z2+x(3)z3 =

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 22

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    = z2 + 2z + 5z0 + 7z1 + 0 z2 + z3 = z2 + 2z + 5 + 7z1 + z3.A regiao de convergencia (RC), neste caso, e todo o plano complexo

    exceto z = 0 e z = .

    Exemplo: Determinar a transformada Z para x(n) =(12

    )nu(n) com u(n)

    um degrau unitario.

    x(n) =

    {1,1

    2,(1

    2

    )2, . . . ,

    (1

    2

    )n, . . .

    },

    X(z) = 1z0 +1

    2z1 +

    (1

    2

    )2z2 + . . .+

    (1

    2

    )nzn + . . . =

    =n=0

    (1

    2

    )nzn =

    n=0

    (1

    2z1

    )n.

    Nota: usou-se que

    1 + A+ A2 + A3 + . . . =1

    1 A,

    se |A| < 1 (soma de PG).Logo, para |1

    2z1| < 1, ou |z| > 1

    2, X(z) converge para X(z) = 1

    1 12z1

    , e

    a regiao de convergencia e |z| > 12.

    Exemplo: Transformada Z para a equacao do integrador trapezoidal, ouseja,

    y(n) = y(n 1) + T2[x(n) + x(n 1)] .

    Multiplicando-se por zn tem-se

    y(n)zn = y(n 1)zn + T2

    [x(n)zn + x(n 1)zn

    ],

    e fazendo o somatorio de todos os termos tem-se que

    +n=

    y(n)zn =+

    n=y(n1)zn+ T

    2

    [+

    n=x(n)zn +

    +n=

    x(n 1)zn],

    +n=

    y(n)zn = z1+

    n=y(n1)z(n1)+T

    2

    [+

    n=x(n)zn + z1

    +n=

    x(n 1)z(n1)].

    Seja k = n 1. Logo,

    n=y(n)zn = z1

    k=

    y(k)zk +T

    2

    n=

    x(n)zn + z1

    k=x(k)zk

    ,

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 23

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    e usando a definicao de transformada Z escreve-se que

    Y (z) = z1Y (z) +T

    2

    [X(z) + z1X(z)

    ],

    (1 z1)Y (z) = T2

    (1 + z1

    )X(z),

    que corresponde a` transformada Z da equacao a diferencas.A relacao entre a entrada e a sada pode ser escrita em termos de uma

    funcao de transferencia discreta H(z), ou seja,

    Y (z) =T

    2

    (1 + z1

    1 z1)

    H(z)

    X(z),

    e uma respresentacao usual esta mostrada na Figura 17.

    X(z) Y (z)

    H(z)

    Y (z) = H(z)X(z)

    Figura 17: Representacao de uma funcao de transferencia.

    3.1 Transformada Z de entradas padronizadas1. Degrau unitario. O degrau unitario e definido como

    u(n) =

    {1 se n 0,0 se n < 0.

    A transformada Z do degrau e dada por

    Z[u(n)] =

    n=u(n)zn =

    n=0

    u(n)zn =

    = 1z0 + 1z1 + 1z2 + . . . + 1zn + . . . =1

    1 z1 ,

    onde foi utilizada a formula da soma de uma PG de razao z1.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 24

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Portanto,

    U(z) =1

    1 z1 =z

    z 1 ,cuja regiao de convergencia e |z1| < 1.

    2. Rampa de inclinacao a. Uma rampa e definida como

    r(n) =

    {an se n 0,0 se n < 0.

    A transformada Z sera dada por

    Z[r(n)] =

    n=anzn =

    n=0

    anzn = 0z0 + az1 + 2az2 + . . . =

    = z1a[1 + 2z1 + 3z2 + . . .] =

    = az1[(1+z1+z2+. . .)+z1(1+z1+z2+. . .)+z2(1+z1+z2+. . .)+. . .] =

    = az1[(1 + z1 + z2 + . . .)(1 + z1 + z2 + . . . 1

    1z1

    )].

    Portanto,

    = Z[r(n)] = az1[

    1

    (1 z1)2]= az1

    1

    1 2z1 + z2 =

    =az

    z2 2z + 1 =az

    (z 1)2 ,

    cuja regiao de convergencia e |z1| < 1.3. Impulso unitario. A transformada Z do impulso unitario e dada por

    Z[(n)] =

    n=(n)zn = (0)z0 = 1 1 = 1.

    4. Exponencial. A exponencial discreta e dada por

    x(n) = nu(n) =

    {n se n 0,0 se n < 0.

    A transformada Z e dada por

    X(z) =

    n=nu(n)zn =

    n=0

    nzn =n=0

    (z1)n.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 25

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Se |z1| < 1, ou |z| > ||, esta serie converge para 11z1 . Portanto,

    X(z) =1

    1 z1 =z

    z ,

    com uma regiao de convergencia dada por |z| > .Nota: se = ea, entao x(n) = eanu(n). Logo, X(z) = z

    zea , o quepermite calcular Z[sen(wn)u(n)] e Z[cos(wn)u(n)].

    3.2 Principais propriedades da transformada Z1. Linearidade. Sejam Z[x1(n)] = X1(z) e Z[x2(n)] = X2(z), entao,

    Z[a1x1(n) + a2x2(n)] = a1X1(z) + a2X2(z),cuja regiao de convergencia esta contida em RCX1 RCX2 .

    2. Deslocamento em atraso. Se Z[x(n)] = X(z) com regiao de con-vergencia RCX , entao,

    Z[x(n k)] = zkX(z),com regiao de convergencia RCX

    3. Escalamento. Se Z[x(n)] = X(z), com RC: r1 < |z| < r2, entao,Z[anx(n)] = X[a1z],

    com RC: |a|r1 < |z| < |a|r2.4. Reversao de tempo. Se Z[x(n)] = X(z), com RC: r1 < |z| < r2, entao,

    Z[x(n)] = X(z1),com RC: 1

    r2< |z| < 1

    r1.

    5. Diferenciacao. Se Z[x(n)] = X(z) com RCX , entao,

    Z[nx(n)] = zdX(z)dz

    ,

    com RCX mantida.

    6. Convolucao. Sejam Z[x1(n)] = X1(z) com RCX1 , e Z[x2(n)] = X2(z)com RCX2 , entao,

    Z[x1(n) x2(n)] = X1(z)X2(z),com RC contida em RCX1 RCX2 .

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 26

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    7. Teorema do valor inicial. Se x(n) e causal, x(n) = 0 para n < 0, entao,

    x(0) = limzX(z).

    8. Teorema do valor final. Se limn x(n) existe (sequencia estavel, queconverge), entao,

    limnx(n) = limz1

    [(z 1)X(z)].

    3.3 Inversa da transformada ZA inversa da transformada Z e dada por

    x(n) = Z1[X(z)] = 1j2

    cX(z)zn1dz.

    Contudo, e pouco pratico calcular uma transformada inversa pela de-finicao anterior. Em geral, a transformada inversa e obtida atraves da ex-pansao em fracoes parciais quando X(z) e uma funcao racional (razao dedois polinomios).

    Observa-se que as transformadas em geral possuem z no seu numerador,de forma que um fator z pode ser fatorado primeiramente. Aplica-se entao omesmo procedimento da expansao em fracoes parciais usado na transformadade Laplace.

    Exemplo: Determinar a anti-transformada x(n) para

    X(z) =z

    (3z2 4z + 1) .

    Seja a expansao em fracoes parciais

    F (z) =X(z)

    z=

    1

    3z2 4z + 1 =1

    3(z2 43z + 1

    3)=

    =1

    3(z 1)(z 13)=

    A

    z 1 +B

    z 13

    .

    As constantes podem ser calculadas como

    A = F (z)(z 1)|z=1 =1

    3(z 13)

    z=1

    =1

    2,

    B = F (z)(z 13)z= 1

    3

    =1

    3(z 1)

    z= 1

    3

    = 12.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 27

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Logo,

    F (z) =X(z)

    z=

    12

    z 1 +1

    2

    z 13

    ,

    X(z) =12z

    z 1 +1

    2z

    z 13

    .

    Consultando uma tabela de transformada Z verifica-se que para |z| > 1 obtem-se

    x(n) = Z1[

    12z

    z 1

    ]+ Z1

    [ 12z

    z 13

    ],

    x(n) =1

    2u(n) 1

    2

    (1

    3

    )nu(n).

    para |z| < 13tem-se que

    x(n) = Z1[

    12z

    z 1

    ]+ Z1

    [ 12z

    z 13

    ],

    x(n) = 12u(n 1) 1

    2

    [(1

    3

    )nu(n 1)

    ].

    para 13< |z| < 1 tem-se que

    x(n) = Z1[

    12z

    z 1

    ]+ Z1

    [ 12z

    z 13

    ],

    x(n) = 12u(n 1) 1

    2

    (1

    3

    )nu(n).

    Verifica-se atraves do exemplo anterior a importancia da regiao de con-vergencia para assegurar a unicidade da anti-transformada Z.

    Exemplo: Determinar a anti-transformada Z para

    X(z) =z3

    (z + 1)(z 1)2 .

    Esta funcao possui uma das razes do denominador com multiplicidadedois. A expansao em fracoes parciais deve levar isso em conta, mantendo acaracterstica em termos desta multiplicidade, ou seja,

    X(z)

    z=

    z2

    (z + 1)(z 1)2 =A1z + 1

    +A2

    (z 1)2 +A3z 1 ,

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 28

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    A constante A1 da expansao pode ser obtida atraves de

    (z + 1)X(z)

    z= A1 + (z + 1)

    A2(z 1)2 + (z + 1)

    A3(z 1) ,

    fazendo-se z = 1, ou seja,

    A1 = (z + 1)X(z)

    z

    z=1

    =1

    4.

    A constante A2 pode ser obtida atraves de

    (z 1)2X(z)z

    = (z 1)2A1 + A2 + (z 1)2 A3(z 1) , (1)

    fazendo-se z = 1, ou seja,

    A2 = (z 1)2X(z)z

    z=1

    =1

    2

    Derivando (1) tem-se

    d

    dz

    [(z 1)2X(z)

    z

    ]=

    d

    dz

    [(z 1)2A1 + A2 + (z 1)A3

    ],

    d

    dz

    [(z 1)2X(z)

    z

    ]=

    d

    dz

    [(z 1)2A1

    ]+ A3,

    e fazendo z = 1, tem-se que,

    A3 =d

    dz

    [(z 1)2X(z)

    z

    ]z=1

    =3

    4.

    Note que:

    d

    dz

    [(z 1)2A1

    ]|z=1 = 2(z 1)A1|z=1 = 0.

    Logo,X(z)

    z=

    14

    z + 1+

    12

    (z 1)2 +34

    (z 1) ,

    e a transformada inversa pode ser calculada considerando as respectivasregioes de convergencia.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 29

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    3.4 Transformada Z unilateralA transformada Z unilateral e definida como

    X+(z) = Z+[x(n)] =n=0

    x(n)zn.

    Nota-se que a transformada unilateral nao requer que o sinal seja definidopara n < 0.

    Esta transformada e usada na solucao de equacoes a diferencas comcondicoes iniciais nao nulas, e e identica a` transformada bilateral do sinalx(n)u(n).

    Exemplo: Determinar a transformada Z unilateral para

    x1(n) = {1, 2, 5, 7, 0, 1}.

    A solucao eX+1 (z) = 5z

    0 + 7z1 + 0z2 + 1z3.

    Exemplo: Determinar a transformada Z unilateral para

    x2(n) = {2, 4, 5, 7, 0, 1}.

    A solucao eX+2 (z) = 5z

    0 + 7z1 + 0z2 + 1z3.

    Note que, nos dois ultimos exemplos, X+1 e X+2 sao iguais embora x1(n)

    e x2(n) sejam distintas, ou seja, a transformada unilateral nao e unica parasinais nao causais. Ela e unica apenas para sinais causais.

    3.4.1 Algumas propriedades da transformada Z unilateral1. Propriedade do atraso no tempo. Seja X+(z) = Z+[x(n)], entao,

    Z+[x(n k)] = zk(X+(z) +

    kn=1

    x(n)zn), k > 0.

    Se x(n) e causal, entao:

    Z+[x(n k)] = zkX+(z).

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 30

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    2. Propriedade do avanco no tempo. Seja X+(z) = Z+[x(n)], entao,

    Z+[x(n+ k)] = zk(X+(z)

    k1n=0

    x(n)zn), k > 0.

    3. Teorema do valor final. Seja X+(z) = Z+[x(n)], entao,limnx(n) = limz1

    [(z 1)X+(z)].

    3.5 Solucao de equacao de diferencas

    Exemplo: Seja a sequencia de Fibonacci {1, 1, 2, 3, 5, 8, . . .}. Qual suaformula?

    Esta sequencia pode ser gerada por

    y(n) = y(n 1) + y(n 2),com as seguintes condicoes iniciais,

    y(0) = y(1) + y(2) = 1,y(1) = y(0) + y(1) = 1,

    pelas quais se determina que y(1) = 0 e y(2) = 1.Aplicando a transformada Z unilateral e usando a propriedade do atraso

    tem-se

    Y +(z) = z1[Y +(z) +

    1n=1

    y(n)zn]+ z2

    [Y +(z) +

    2n=1

    y(n)zn]=

    = z1[Y +(z) + 0z1

    ]+ z2

    [Y +(z) + 0z1 + 1z2

    ]=

    = z1Y +(z) + z2Y +(z) + 1.

    Logo,

    Y +(z)(1 z1 z2) = 1 Y +(z) = 11 z1 z2 =

    z2

    z2 z 1 ,

    cujas razes do denominador sao p1 =1+5

    2= 1.618 e p2 =

    152

    = 0.618.Uma expansao em fracoes parciais e

    Y +(z)

    z=

    z

    z2 z 1 =A1

    (z p1) +A2

    (z p2) ,

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 31

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    de onde se obtem

    A1 =p15= 0.724, A2 = p2

    5= 0.276.

    Logo,

    Y +(z) =1 +

    5

    25

    zz (1+

    5

    2)

    + [(1

    5)]

    25

    zz (1

    5

    2)

    ,

    y(n) =

    [1 +

    5

    25

    (1 +

    5

    2

    )n 1

    5

    25

    (15

    2

    )n]u(n).

    4 Funcao de transferencia discreta

    Seja q o operador avanco unitario, i.e.,

    qx(n) = x(n+ 1),

    e q1 o operador atraso unitario, i.e.,

    q1x(n) = x(n 1).Aplicando a transformada Z nesta ultima equacao tem-se que

    Z[q1x(n)] = Z[x(n 1)] =

    n=x(n 1)zn =

    = z1

    n=x(n 1)z(n1) = z1X(z).

    Uma equacao a diferencas pode ser escrita como

    (a0+a1q1+a2q2+ . . . +anqn)y(n) = (b0+b1q1+b2q2+ . . . +bmqm)x(n).

    Aplicando a transformada Z na equacao a diferencas tem-se(a0+a1z

    1+a2z2+ . . .+anzn)Y (z) = (b0+b1z1+b2z2+ . . .+bmzm)X(z).

    A funcao de tranferencia dicreta (relacao entra a entrada e a sada) e

    H(z) =Y (z)

    X(z)=

    b0 + b1z1 + b2z2 + . . . + bmzm

    a0 + a1z1 + a2z2 + . . . + anzn.

    Nota: deve-se ter n m para sistema nao antecipativo.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 32

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    4.1 Polos e zeros

    Os zeros de X(z) sao os valores de z tais que X(z) = 0, ou seja, sao as razesdo numerador de X(z).

    Os polos de X(z) sao os valores de z tais que X(z) = , ou seja, asrazes do denominador de X(z) quando nao ocorrem cancelamentos entre onumerador e o denominador.

    4.2 Interpretacao da funcao de transferencia discreta

    Seja a relacao entre entrada e sada

    Y (z) = H(z)X(z).

    Se a entrada e um impulso unitario, X(z) = Z[(n)] = 1, entao Y (z) =H(z). Portanto, a funcao de transferencia H(z) representa a resposta dosistema ao impulso unitario. Ou ainda, se a resposta ao impulso unitario eh(n) entao

    Z[h(n)] = H(z),e a funcao de transferencia do sistema.

    5 Discretizacao de plantas analogicas

    A maioria dos controladores atuais faz uso de computadores digitais. AFigura 18 mostra um esquema generico de malha de controle usando umcontrolador digital.

    A/D D/A

    entrada sadaplanta

    computadordigital

    sensor

    controlador

    Figura 18: Esquema de controle digital.

    O controlador esta representado como na Figura 19 e seus principais ele-mentos sao:

    A/D: conversor analogico-digital; H(z): funcao de tranferencia discreta do controlador;

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 33

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    D/A: conversor digital-analogico.

    A/D D/AH(z)

    Figura 19: Elementos do controlador digital.

    E sabido que um controlador analogico (contnuo) e representado poruma funcao de tranferencia em s, ou ainda, uma equacao diferencial. Deforma semelhante, o controlador discreto e representado por uma funcao detranferencia em z, ou ainda, uma equacao a diferencas.

    5.1 Modulacao com impulso

    Uma funcao contnua x(t) pode ser amostrada usando um trem de impulsoscomo ilustrado na Figura 20, gerando-se a funcao x(t).

    modulador

    x(t)

    x(t)

    tt

    x(t)

    x(t)

    T (t)

    Figura 20: Modulacao com trem de impulsos.

    O trem de impulsos, ilustrado na Figura 21, pode ser escrito como

    T (t) =k=0

    (t kT ).

    A funcao amostrada x(t) e dada por

    x(t) = x(t)T (t) =k=0

    x(kT )(t kT ),

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 34

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    tempo

    impulsos

    0 1 2 3 4 . . .

    Figura 21: Trem de impulsos.

    x(t) x(t)

    T

    Figura 22: Ilustracao do processo de amostragem como chaveamentoperiodico.

    que pode ser representada atraves do processo de chaveamento ilustrado naFigura 22.

    Aplicando a transformada de Laplace a` funcao amostrada tem-se que

    X(s) = L[x(t)] = 0

    [ k=0

    x(kT )(t kT )]estdt =

    =k=0

    x(kT ) 0

    (t kT )estdt =k=0

    x(kT )eskT .

    Definindo z = esT pode-se escrever que

    X(s) =k=0

    x(kT )zk = X(z),

    que e a relacao entre a transformada de Laplace e transformada Z, ou seja,a transformada Z pode ser vista como a respectiva transformada de Laplacede um sinal discretizado.

    5.2 Segurador de ordem zero (ZOH)

    No processo de discretizacao e usual que seja feito alguma consideracao sobreo comportamento da funcao entre dois pontos de amostragem. A forma usuale manter o valor da funcao constante, caracterizando o que se conhece porsegurador de ordem zero (ZOH - zero order holder do ingles), como ilustradona Figura 23.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 35

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    ZOHT

    amostragem

    x(t)

    x(t)

    y(t)

    y(t)

    tt kT

    x(t)

    Figura 23: Ilustracao do segurador de ordem zero.

    Do ponto de vista matematico, o segurador de ordem zero recebe umimpulso e deve manter seu valor constante ate a chegada do proximo impulso.Isso esta ilustrado na Figura 24.

    ZOH

    T

    (t) = u(t) u(t T )

    (t)

    tt

    (t)

    (t)

    Figura 24: Operacao do segurador de ordem zero.

    Nota-se que a entrada e um impulso (t) e a sada corresponde a um pulsodado por (t) = u(t)u(tT ). Aplicando a transformada de Laplace tantona entrada como na sada tem-se a funcao de transferencia do segurador deordem zero dada por

    L[(t)] = H(s)L[(t)] H(s) = 1s(1 esT ).

    Seja uma planta sujeita a um sinal de entrada discretizado e precedidapor um ZOH conforme ilustrado na Figura 25.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 36

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    X(s)

    amostragem

    H(s) = 1s(1 esT ) G(s) Y (s)X

    (s)

    Figura 25: Efeito do ZOH sobre uma planta.

    A relacao entre Y (s) e X(s), incluindo o segurador de ordem zero, e

    Y (s) =1

    s(1 esT )G(s)

    GZOH(s)

    X(s) = GZOH(s)X(s).

    Verifica-se que

    Y (s) = [GZOH(s)X(s)] = GZOH(s)X(s),

    e aplicando a transformada Z tem-se queY (z) = GZOH(z)X(z).

    O calculo de GZOH(z) pode ser realizado como

    GZOH(z) = Z[GZOH(s)] = Z[G(s)

    s esT G(s)

    s

    ]=

    = Z[G(s)

    s

    ]Z

    [esT

    G(s)

    s

    ]= (1 z1)Z

    [G(s)

    s

    ],

    onde constatou-se que esT G(s)s

    representa um atraso de G(s)s

    de T , e portanto,associa-se um z1.

    Uma sequencia para encontrar a transformada Z de uma funcao de tran-ferencia P (s) e

    P (s)L1 p(t) p(nT ) Z P (z).

    Exemplo: Determinar a funcao de transferencia GZOH(z) para a planta

    G(s) =1

    s+ 1.

    Da definicao de GZOH(s) tem-se que

    GZOH(z) = (1 z1)Z[G(s)

    s

    ]= (1 z1)Z

    [1

    s(s+ 1)

    ].

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 37

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Calculando da anti-transformada de Laplace de G(s)s

    tem-se

    L1[

    1

    s(s+ 1)

    ]= (1 et)u(t).

    Discretizando o sinal e aplicando a transformada Z tem-se queZ[(1 enT )u(nT )

    ]= Z[u(nT )]Z[enTu(nT )] =

    =z

    z 1 z

    z eT =z(1 eT )

    (z 1)(z eT ) .Consequentemente,

    GZOH(z) = (1 z1) z(1 eT )

    (z 1)(z eT ) =1 eTz eT .

    Nota: o processo de amostragem somado ao efeito de um segurador deordem zero e chamado de transformacao do degrau invariante.

    6 Mapeamento s zDa relacao entre transformada de Laplace e transformada Z foi estabelecidoque

    z = esT .

    Esta relacao e usada para converter requisitos de desempenho do plano spara o plano z.

    Seja inicialmente o eixo imaginario no plano s, s = jw. Logo, z = ejwT

    que corresponde a um numero complexo de modulo unitario e angulo de fasewT . Nota-se que ao se variar w, percorre-se o crculo unitario.

    Seja agora uma subregiao do semi-plano esquerdo do plano s definidapelos pontos + jw, > 0, conforme ilustrado na Figura 26.

    Os valores de z correspondentes sao dados por

    z = e(+jw)T = eT ejwT ,

    de onde se verifica, como > 0, que

    |z| = eT < 1,ou seja, o mapeamento corresponde a um crculo de raio menor que um nointerior do crculo de raio unitario.

    Observa-se que pontos sobre o eixo real negativo no plano s correspondema pontos no intervalo de [0, 1] do plano z, ou seja,

    s = z = eT 0 < z < 1, ( > 1).

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 38

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    1

    ImIm

    ReRe

    plano s plano z

    (+ jw)

    Figura 26: Mapeamento de uma subregiao do plano s para o plano z.

    6.1 Mapeamentos importantes para projeto

    Sao importantes para projeto os mapeamentos para o tempo de estabilizacao(te), o fator de amortecimento () e a frequencia natural (wn), que sao des-critos a seguir.

    Tempo de estabilizacao, te. Seja um polo dominante dado por s = + jw. O tempo de estabilizacao a 2% pode ser aproximado porte2% =

    4. O mapeamento correspondente e

    z = e(+jw)T = eT ejwT = r ejwT .

    Verifica-se que quando r diminui, o tempo de estabilizacao te tambemdiminui. O mapeamento correspondente esta ilustrado na Figura 27.

    Fator de amortecimento, . Para um sistema de segunda ordem, ospolos sao dados por

    s = wn jwn1 2.

    Para uma faixa de fator de amortecimento > c, tem-se uma regiaosimetrica em relacao ao eixo real conforme mostrada na Figura 28 noplano s.

    Considerando apenas o polo s = wn+jwn1 2 devido a` simetria,

    tem-sez = e(wn+jwn

    12)T = ewnT ejwn

    12T ,

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 39

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    1

    rte

    ImIm

    ReRe

    plano s plano z

    Figura 27: Mapeamento em termos de tempo de estabilizacao.

    = cos

    > c

    Im

    Re

    plano s

    Figura 28: Regiao correspondente a uma faixa de fator de amortecimento.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 40

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    e entao e possvel escrever o modulo e a fase como

    |z| = ewnT , z = wn1 2T.

    Para um valor constante e se variando wn, a magnitude de z decresceexponencialmente e a fase varia de forma linear, gerando uma espirallogartmica conforme mostrada na Figura 29.

    1

    ImIm

    ReRe

    plano s plano z

    Figura 29: Mapeamento s z para constante.

    Frequencia natural, wn. Para wn constante o mapeamento e mais com-plicado. Embora a magnitude de z decresca exponencialmente, a fasenao depende linearmente de .

    Para = 0 entaoz = e0ejwnT = ejwnT ,

    que corresponde a um ponto sobre o crculo unitario e angulo wnT .

    Para = 1 entaoz = ewnT e0 = ewnT ,

    que corresponde a um ponto sobre o eixo real com magnitude ewnT .

    Graficamente, o mapeamento pode ser representado como na Figura30.

    Requisitos multiplos. Ao se impor mais de um requisito tem-se a ins-terseccao de regioes. Por exemplo, se for especificado um tempo deestabilizacao juntamente com um requisito de frequencia natural, tem-se uma regiao no plano z como a da Figura 31.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 41

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    wn

    ImIm

    ReRe

    plano s plano z

    Figura 30: Mapeamento s z para uma frequencia natural wn.

    r

    Im Im

    Re Re

    plano s plano z

    Figura 31: Regiao correspondente aos requisitos multiplos de frequencia na-tural e tempo de estabilizacao.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 42

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    6.2 Metodos de integracao numerica

    Na conversao de funcoes de transferencia analogicas para funcoes de trans-ferencia discretas, existe o interesse de preservar as caractersticas da respostano tempo e em frequencia. Contudo, na maioria das vezes nao e possvel aten-der a estes dois requisitos simultaneamente. Quando se preserva a respostano tempo, normalmente perde-se na resposta em frequencia, e vice-versa.

    As tecnicas usuais de transformacao sao: Euler para frente, Euler paratras e transformacao bilinear, que sao descritas brevemente a seguir.

    6.2.1 Transformacao Euler para tras

    Seja uma aproximacao para y(t) no tempo t = nT dada por

    y(nT ) y(nT ) y(nT T )T

    =y(n) y(n 1)

    T,

    e ilustrada na Figura 32.

    y

    n nn 1

    y(n)

    y(n 1) dydt yt

    Figura 32: Aproximacao para a regra de Euler para tras.

    Aplicando a transformada Z nesta equacao aproximada pode-se escreverque

    Z[y(nT )] = 1 z1

    TY (z).

    A transformada de Laplace no caso contnuo e

    L[y(t)] = sY (s).Comparando estes dois resultados, como ilustrado na Figura 33, e possvel

    estabelecer a seguinte relacao

    s =1 z1

    T s = z 1

    Tz,

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 43

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    y(n)

    y(t)s

    y(t) = dydt

    1z1T

    y(n)y(n1)T

    Figura 33: Paralelo entre o caso contnuo e discreto com a aproximacao deEuler para tras.

    que caracteriza a transformacao de Euler para tras para a discretizacao defuncoes de transferencia contnuas.

    As relacoes s = 1z1

    Te z = 1

    1sT correspondem a um mapeamento entreos planos s e z.

    Seja s = jw um ponto sobre o eixo imaginario. Logo,

    z =1

    1 jwT =1

    1 + w2T 2 x

    +jwT

    1 + w2T 2 y

    = x+ jy,

    o que permite verificar que x2 + y2 = x, ou ainda, (x 12)2 + y2 = 1

    4, que

    corresponde a uma equacao de um crculo com raio 12. Isso significa que

    pecorrer o eixo imaginario no plano s corresponde a percorrer um crculo decentro (1

    2, 0) e raio 1

    2no plano z.

    Verifica-se ainda que a transformacao s = 1z1

    Tleva pontos do semi-

    plano esquerdo no plano s para o interior deste crculo de raio 12, ou seja, um

    sistema contnuo estavel (polos no semi-plano esquerdo) tera seu correspon-dente discreto tambem estavel, pois este crculo esta contido no crculo deraio unitario. O mapeamento da regra de Euler para tras esta ilustrado naFigura 34.

    Contudo, com o uso de regra de Euler para tras, a resposta em frequenciano caso discreto, que corresponde aos pontos sobre o crculo unitario, naoconduzem a uma representacao compatvel no plano s, o que motiva o em-prego de outras transformacoes.

    6.2.2 Transformacao Euler para a frente

    Seja agora a aproximacao para y(t) no tempo t = (n 1)T dada por

    y(n 1) y(n) y(n 1)T

    .

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 44

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    1 12

    ImIm

    ReRe

    plano s plano z

    semi-planoesquerdo

    Figura 34: Mapeamento da regra de Euler para tras.

    Aplicando a transformada Z tem-se para esta aproximacao

    z1Z[y(n)] = 1 z1

    TZ[y(n)] Z[y(n)] = 1 z

    1

    Tz1Z[y(n)].

    E possvel estabelecer o seguinte paralelo entre z e s como mostrado naFigura 35.

    y(n)

    y(t)

    1z1Tz1

    sy(t)

    y(n)

    Figura 35: Paralelo entre z e s na transformacao de Euler para a frente.

    Portanto, escreve-se para a transformacao de Euler para a frente que

    s =1 z1Tz1

    =z 1T

    .

    A regra de Euler para a frente tem a desvantagem de nem sempre preser-var a estabilidade, o que demanda cuidado no seu uso.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 45

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    6.2.3 Transformacao bilinear - Tustin

    Seja um sistema de primeira ordem dado por

    a1y(t) + a0y(t) = b0x(t),

    cuja funcao de tranferencia e

    G(s) =b0

    a1s+ a0.

    E possvel escrever que

    y(t) = tt0y(t)dt+ y(t0).

    Seja um intervalo de tempo tal que t = nT e t0 = (n 1)T . Logo,

    y(nT ) = nT(n1)T

    y(t)dt+ y((n 1)T ).

    Esta integral pode ser aproximada pela regra dos trapesios, ou seja,

    nT(n1)T

    y(t)dt T2[y(nT ) + y((n 1)T )] ,

    como ilustrado na Figura 36.

    area do trapezio

    y(nT )

    y((n 1)T )

    (n 1)T nT

    Figura 36: Area do trapezio.

    Portanto, uma aproximacao valida e

    y(nT ) = y((n 1)T ) + T2[y(nT ) + y((n 1)T )] .

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 46

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Da equacao diferencial escreve-se que

    y(t) =a0a1

    y(t) +b0a1x(t),

    que pode ser usada para substituir os termos y(nT ) e y((n 1)T ), ou seja,

    y(nT ) = y((n1)T )+T2

    [a0a1

    y(nT ) +b0a1x(nT ) a0

    a1y((n 1)T ) + b0

    a0x((n 1)T )

    ],

    cuja transformada Z e

    Y (z) = z1Y (z) +T

    2

    [a0a1

    Y (z) +b0a1X(z) a0

    a1z1Y (z) +

    b0a1z1X(z)

    ],

    Y (z)(1 z1 + T

    2

    a0a1

    +T

    2

    a0a1z1

    )=

    T

    2

    (b0a1

    +b0a1z1

    )X(z),

    e portanto pode-se escrever que

    H(z) =Y (z)

    X(z)=

    b0

    a12T

    (1z11+z1

    )+ a0

    .

    Comparando H(z) com G(s) conclui-se que

    s =2

    T

    (1 z11 + z1

    )=

    2

    T

    (z 1z + 1

    ),

    ou ainda,

    z =1 + sT

    2

    1 sT2

    ,

    que caracteriza a transformacao bilinear ou transformacao de Tustin.O mapeamento s z obtido com a transformacao bilinear e mostrado na

    Figura 37. Verifica-se que a transformacao de Tustin mapeia o semi-planoesquerdo em s para o interior do crculo unitario no plano z.

    Uma verificacao pode ser feita fazendo s = jw (eixo imaginario) e obtendoa equacao correspondente em z, ou seja,

    z =1 + jw T

    2

    1 jw T2

    =

    (1 + jw T

    2

    1 jw T2

    )(1 + jw T

    2

    1 + jw T2

    )=

    1 + jwT w2 T 24

    1 + w2 T2

    4

    ,

    cujo modulo e

    |z| = 11 + w2 T

    2

    4

    (1 w2T 2

    4

    )2+ w2T 2

    1

    2

    = 1.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 47

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    e a fase de z e dada por

    tanz =wT

    1 w2 T 24

    = 2wT2

    1(wT2

    )2 .Portanto, quando w cresce, a fase varia e o modulo permanece constante

    e unitario, o que significa caminhar sobre o crculo unitario.

    1

    ImIm

    ReRe

    plano s plano z

    semi-planoesquerdo

    Figura 37: Mapeamento dado pela transformacao bilinear.

    Exemplo: Verificar a estabilidade da planta discretizada usando as trans-formacoes de Euler para tras, Euler para a frente e bilinear para a discre-tizacao da planta

    H(s) =1

    s+ 1.

    A planta contnua e estavel, pois seu polo e 1. Discretizacao pela regra de Euler para frente.

    H(z) = H(s)|s= z1T

    =1

    ( z1T) + 1

    =T

    z 1 + T ,

    cujo polo e dado por z 1+T = 0, ou seja, z = 1T . Se T > 2 entaoo polo esta fora do crculo unitario, e o sistema discreto sera instavel.

    Discretizacao pela regra de Euler para tras.

    H(z) = H(s)| z1Tz

    =1

    ( z1Tz

    ) + 1=

    Tz

    z 1 + Tz ,

    cujo polo e dado por z 1 + Tz = 0, ou seja, z = 11+T

    , o que permiteconcluir que para T > 0 a planta discretizada sera sempre estavel.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 48

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Discretizacao pela regra de Tustin.

    H(z) = H(s)| 2T (

    z1z+1)

    =1

    2T

    (z1z+1

    )+ 1

    =T (z + 1)

    2(z 1) + T (z + 1) ,

    cujo polo e dado por

    2(z 1) + T (z + 1) = 0 z = 2 T2 + T

    .

    Para T > 0 nota-se que o sistema discretizado sera sempre estavel.

    6.2.4 Transformacao pelo metodo do impulso invariante

    A ideia da discretizacao pelo metodo do impulso invariante e que o sistemadiscretizado deve apresentar a mesma resposta ao impulso que o sistemacontnuo.

    Seja um sistema contnuo como representado na Figura 38.

    (t)sistemaG(s)

    h(t)

    Figura 38: Sistema contnuo - entrada impulsiva.

    Seja agora um sistema discreto como representado na Figura 39.

    (n)sistemaG(z)

    h(n)

    Figura 39: Sistema discreto - entrada impulsiva.

    Para que a resposta ao impulso seja preservada, h(n) deve ser a versaoamostrada de h(t). Portanto,

    G(z) = Z[h(n)] = Z [h(t)|t=nT ] = Z[(L1[G(s)]

    )t=nT

    ].

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 49

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Exemplo: Encontrar a planta discretizada G(z) pelo metodo do impulsoinvariante para um intervalo de amostragem T , correspondente a` planta

    G(s) =A

    s+ .

    A resposta ao impulso do sistema contnuo e dada por

    h(t) = L1[G(s)] = Aetu(t).A versao amostrada de h(t) e

    h(nT ) = AenTu(nT ) = A(eT )nu(n) = h(n).

    Logo,

    G(z) = Z[h(n)] = Z[A(eT )nu(n)

    ]=

    Az

    z eT .

    Exemplo: Verificar as respostas impulsivas do sistema contnuo e do sis-tema discreto usando a transformacao do impulso invariante para

    G(s) =10

    s+ 5,

    com intervalo de amostragem de 0.1s.Usando a solucao do exemplo anterior, verifica-se que A = 10 e = 5, e

    a funcao de tranferencia discreta sera

    G(z) =Az

    z eT =10z

    z e5T .Como T = 0.1 tem-se que

    G(z) =10z

    z e0.5 =10z

    z 0.6065 .As respostas impulsivas podem ser calculadas com auxlio do aplicativo

    Matlab e sao mostradas na Figura 40.Um codigo Matlab que discretiza G(s) e calcula as respostas impulsivas

    e

    clear all; close all; clc;

    s=tf(s);

    gs=10/(s+1);

    ts=0.1;

    gz=c2d(gs,ts,imp)

    impulse(gs)

    hold on

    impulse(gz)

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 50

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    0 1 2 3 4 5 60

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    8

    9

    10Impulse Response

    Time (sec)

    Ampl

    itude

    Figura 40: Resposta ao impulso dos sistemas contnuo e discreto.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 51

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Note que a resposta impulsiva foi preservada. Contudo, a resposta aodegrau dos sistemas contnuo e discreto e muito diferente como mostrado naFigura 41.

    0 1 2 3 4 5 60

    20

    40

    60

    80

    100

    120Step Response

    Time (sec)

    Ampl

    itude

    Figura 41: Resposta ao degrau dos sistemas contnuo e discreto.

    7 Analise de erro estacionario

    O teorema do valor final estabelece que

    limn e(n) = limz1

    (z 1)E(z).

    Seja uma situacao de realimentacao unitaria conforme esquematizada naFigura 42.

    A transformada Z do erro pode ser escrita comoE(z) = R(z) Y (z) = R(z)G(z)E(z),

    E(z) =1

    1 +G(z)R(z).

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 52

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Y (z)G(z)

    E(z)R(z)

    Figura 42: Esquema de realimentacao unitaria.

    O erro estacionario para as entradas mais usuais pode ser determinadousando o teorema do valor final como a seguir.

    Para uma entrada na forma de degrau unitario, tem-se que

    E(z) =

    (1

    1 +G(z)

    )(z

    z 1).

    Logo,e() = lim

    z1[(z 1)E(z)] =

    = limz1

    [(z 1)

    (1

    1 +G(z)

    )(z

    z 1)]

    =1

    1 +G(1)

    Se G(1) e finito, o sistema de malha fechada vai apresentar um erroestacionario constante para a entrada degrau unitario. Este sistemae do tipo zero (0) e define-se a constante de erro de posicao comokpos = G(1) de forma que o erro estacionario e dado por

    e() = 11 + kpos

    .

    Para uma entrada na forma de rampa unitaria r(n) = nT tem-se que

    E(z) =

    (1

    1 +G(z)

    )[zT

    (z 1)2].

    Logo,e() = lim

    z1(z 1)E(z) =

    = limz1

    {(z 1)

    (1

    1 +G(z)

    )[zT

    (z 1)2]}

    =

    = limz1

    {(1

    1 +G(z)

    )[zT

    (z 1)

    ]}.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 53

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Seja o caso em que G(z) nao tem polos em z = 1, ou seja,

    G(z) =f(z)

    (z p1)(z p2) . . . ,

    com p1 6= 1, p2 6= 1, . . . . Neste caso, escreve-se que

    e() = limz1

    11 + f(z)

    (zp1)(zp2)...

    ( zT

    z 1) =

    = limz1

    {[(z p1)(z p2) . . .

    (z p1)(z p2) . . .+ f(z)

    ] (zT

    z 1)}

    =,

    pois, p1 6= 1, p2 6= 1, . . . . Note que o erro estacionario e infinito.Seja agora o caso em que G(z) tem um polo em z = 1, por exemplo,p1 = 1. Logo,

    e() = limz1

    {[(z p2) . . .

    (z p1)(z p2) . . .+ f(z)

    ]zT

    }=

    =T (z p2) . . .

    f(z)

    z=1

    =T

    (z 1)G(z)

    z=1

    ,

    que caracteriza um erro estacionario finito.

    Este sistema e do tipo 1 e se define a constante de erro de velocidadecomo

    kvel =(z 1T

    )G(z)

    z=1

    ,

    de forma que

    e() = 1kvel

    .

    Caso geral. Para um sistema discreto com realimentacao unitaria, otipo do sistema e igual ao numero de polos em z = 1.

    Para uma entrada de ordem elevada k dada por

    r(n) =(nT )k

    k!,

    escreve-se a constante de erro respectiva como

    kk =(z 1)k

    T kG(z)

    z=1

    ,

    e k e o tipo do sistema.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 54

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Nota: se G(s) e discretizada usando um ZOH entao G(s) e G(z) pos-suem a mesma constante de erro. Logo, a constante de erro pode ser obtidadiretamente no plano s.

    Exemplo: Seja G(s) = 10(s+2)(s+5)

    . Usando a conversao ZOH com T = 0.1s

    compare as respostas ao degrau unitario de G(s) e G(z).

    Resposta para G(s).

    Y (s) =

    [10

    (s+ 2)(s+ 5)

    ] (1

    s

    )=

    A

    s+

    B

    (s+ 2)+

    C

    (s+ 5).

    A =10

    (s+ 2)(s+ 5)

    s=0

    = 1,

    B =

    [10

    (s+ 5)

    ] (1

    s

    )s=2

    =10

    (2 + 5)(2) =53,

    C =10

    (s+ 2)s

    s=5

    =10

    (5 + 2)(5) =2

    3.

    Logo,

    Y (s) =1

    s 5

    3

    1

    (s+ 2)+

    2

    3

    1

    (s+ 5),

    e entao,

    y(t) = L1[Y (s)] =(1 5

    3e2t +

    2

    3e5t

    )u(t).

    Resposta discretizada para T = 0.1.

    y(nT ) =(1 5

    3e0.2n +

    2

    3e0.5n

    )u(nT ) = y(n).

    Calculo de GZOH(z).

    GZOH(z) = (1 z1)Z[G(s)

    s

    ]= (1 z1)Z

    [10

    (s+ 2)(s+ 5)s

    ],

    L1[

    10

    (s+ 2)(s+ 5)s

    ]=(1 5

    3e2t +

    2

    3e5t

    )u(t),

    Z[(1 5

    3e0.2n +

    2

    3e0.5n

    )u(nT )

    ]=

    z

    z 15

    3

    (z

    z e0.2)+2

    3

    (z

    z e0.5),

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 55

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    GZOH(z) = (1 z1)[

    z

    z 1 5

    3

    (z

    z e0.2)+

    2

    3

    (z

    z e0,5)]

    =

    =z 1z

    [z

    z 1 5

    3

    (z

    z 0.8187)+

    2

    3

    (z

    z 0.6065)]

    ,

    GZOH(z) = 1 53

    (z 1)(z 0.8187) +

    2

    3

    (z 1)(z 0.6065) =

    =(z 0.8187)(z 0.6065) 5

    3(z 1)(z 0.6065) + 2

    3(z 1)(z 0.8187)

    (z 0.8187)(z 0.6065) ,

    GZOH(z) =0.0398z + 0.0315

    z2 1.4253z + 0.4966 .

    A resposta ao degrau sera dada por

    y(n) = Z1[(

    0.0398z + 0.0315

    z2 1.4253z + 0.4966)(

    z

    z 1)]

    .

    8 Resposta em frequencia

    8.1 Problemas com a discretizacao ZOH

    Seja o seguinte exemplo.

    Exemplo: Comparar a resposta em frequencia da planta contnua

    G(s) =10

    s+ 1,

    com sua versao discretizada usando um ZOH para diferentes tempos de amos-tragem.

    A resposta em frequencia pode ser calculada com o aplicativo Matlab e emostrada na Figura 43.

    E possvel notar que:

    A diminuicao do intervalo de amostragem T , ou o aumento da frequenciade amostragem, leva a` uma aproximacao do caso contnuo.

    A frequencia de banda de passagem do sistema contnuo, ou seja, afrequencia em que a resposta cai em 3dB (ver Figura 44) e 1rad/s.De acordo com o teorema da amostragem, deve-se adotar pelo menoso dobro disso, ou seja, 2rad/s. Isso corresponde a um intervalo deamostragem maximo dado por Tmax = 2/2 = 3.14s.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 56

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    5

    0

    5

    10

    15

    20

    Mag

    nitu

    de (d

    B)

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10630

    540

    450

    360

    270

    180

    90

    0

    Phas

    e (de

    g)

    Bode Diagram

    Frequency (rad/sec)

    contnuoT = 1T = 0.5T = 0.1

    Figura 43: Respostas em frequencia para diferentes intervalos de amostra-gem.

    wb

    3dB w

    amplitude

    Figura 44: Largura de banda do filtro analogico, wb.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 57

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Nota-se no diagrama de Bode, que mesmo para um intervalo de amos-tragem T = 1s, as respostas em frequencia sao muito diferentes.

    Uma boa aproximacao somente foi conseguida para T = 0.1s, cerca de30 vezes menor que Tmax.

    Neste caso, verifica-se que a resposta em frequencia e significativamentemodificada com a discretizacao do tipo ZOH, que deve ser usada com muitocriterio na discretizacao de filtros.

    8.2 Warping

    A transformacao bilinear causa uma distorcao no eixo da frequencia conhe-cida como warping.

    A relacao entre o tempo e o respectivo ponto da sequencia gerada atravesda amostragem e dada por

    t = nT =n

    Fs,

    onde T e o intervalo de amostragem e Fs = 1/T e a frequencia de amostragem.Existe uma relacao entre a frequencia de um sinal contnuo (F ou ) e a

    frequencia do sinal discreto amostrado (f ou w). Considere o sinal analogicodado por

    xa(t) = A cos(2Ft+ ),

    e sua versao amostrada dada por

    xa(nt) = x(n) = A cos(2FnT + ) = A cos(2Fn

    Fs+

    )= A cos(2fn+ ),

    com f = FFs, ou ainda, = 2F e w = 2f . Logo,

    w = 2F

    Fs= 2

    2Fs=

    Fs= T.

    Sejam a frequencia no plano s e w a frequencia no plano z. Usando arelacao da transformacao bilinear e as relacoes s = j, z = esT e w = T ,tem-se

    j =2

    T

    (ejw 1ejw + 1

    )=

    2

    T

    2jsen

    (w2

    )2 cos

    (w2

    ) = j 2

    Ttan

    (w

    2

    ),

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 58

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    que permite escrever que

    =2

    Ttan

    (w

    2

    ),

    ou tambem

    w = 2 tan1(T

    2

    ).

    No sentido de trabalhar com frequencias equivalentes no tempo contnuo,e possvel reescrever as equacoes de warping como:

    s =2

    Ttan

    (zT

    2

    ),

    z =2

    Ttan1

    (sT

    2

    ).

    As equacoes anteriores caracterizam as formulas de warping e represen-tam como a transformacao bilinear distorce o eixo de frequencias no processode discretizacao.

    Seja o sistema contnuo de primeira ordem dado por

    H(s) =1

    sa+ 1

    ,

    que possui a largura de banda as.Para que a largura de banda az do filtro digital seja igual a` largura de

    banda as do filtro analogico escreve-se que

    as =2

    Ttan

    (azT

    2

    ).

    Nota-se que diminuindo o intervalo de amostragem T , entao tan(azT2

    )

    azT2, e consequentemente az as.

    Exemplo: Verificar a distorcao causada pela transformacao bilinear nadiscretizacao da planta

    H(s) =2

    s+ 2,

    para os intervalos de amostragem de 1s e 0.5s.A comparacao pode ser feita em termos da frequencia da largura de banda.

    O filtro contnuo possui largura de banda de 2rad/s.

    Para T = 1s, a lagura de banda do filtro discreto e

    az =2

    1tan1

    (2 12

    )= 1.5707

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 59

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Para T = 0.5s, a lagura de banda do filtro discreto e

    az =2

    0.5tan1

    (2 0.5

    2

    )= 1.8546

    Verifica-se a aproximacao dos sistemas contnuo e discretos com a dimi-nuicao do intervalo de amostragem T . A Figura 45 apresenta as curvas deamplitudes.

    0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 535

    30

    25

    20

    15

    10

    5

    0

    Mag

    nitu

    de (d

    B)

    Bode Diagram

    Frequency (rad/sec)

    contnuoT = 1T = 0.5

    Figura 45: Respostas em frequencia para diferentes intervalos de amostragemna discretizacao de Tustin.

    8.3 Pre-warping

    E possvel compensar o efeito da distorcao causada pelo warping no filtroanalogico antes da discretizacao deste.

    Seja novamente o caso de um filtro de primeira ordem dado por

    H(s) =1

    sa+ 1

    .

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 60

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    para o qual se sabe que a largura de banda e a.Este filtro analogico pode ser corrigido, escrevendo-se que

    Hpw(s) =1

    sa+ 1

    ,

    onde

    a =2

    Ttan

    (aT

    2

    ),

    e conhecida como a relacao de pre-warping.O filtro Hpw(s), ao ser discretizado pela transformacao bilinear, resultara

    em um filtro digital com a mesma largura de banda que o filtro analogicooriginal H(s).

    Seja agora o filtro

    H(s) =k

    s+ a Hpw(s) = k

    s+ a,

    que ao se aplicar a transformacao bilinear apresentara uma alteracao doganho estatico. Para evitar isto, divide-se inicialmente por a, colocando-se afuncao de transferencia em uma forma preparada, ou seja,

    H(s) =ka

    sa+ 1

    H(s) = ksa+ 1

    ,

    e entao aplica-se a correcao de pre-warping,

    Hpw(s) =k

    sa+ 1

    .

    O proximo exemplo ilustra a correcao com pre-warping.

    Exemplo: Usar a transformacao bilinear com pre-warping para discretizarH(s) com T = 0.5s,

    H(s) =10

    s+ 2.

    A forma preparada e

    H(s) =5

    s2+ 1

    .

    Para T = 0.5s, tem-se,

    a =2

    0.5tan

    (2 0.5

    2

    )= 2.1852

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 61

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    e entao,

    Hpw(s) =5

    s2.1852

    + 1.

    Aplicando a transformacao bilinear em Hpw(s) tem-se

    Hz(z) =5

    s2.1852

    + 1

    s= 2

    Tz1z+1

    = 1.7665z + 1

    z 0.2934 .

    A Figura 46 apresenta uma comparacao da resposta em frequencia paraeste exemplo usando alguns valores de intervalo de amostragem.

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 1060

    50

    40

    30

    20

    10

    0

    10

    20

    Mag

    nitu

    de (d

    B)

    Bode Diagram

    Frequency (rad/sec)

    contnuo

    T = 1T = 0.5

    Figura 46: Respostas em frequencia para diferentes intervalos de amostragemna discretizacao de Tustin com pre-warping.

    Note que as curvas sao proximas ate a frequencia de 2rad/s, que cor-responde a` largura de banda dos sistemas. Contudo, para outras faixas defrequencia as respostas sao muito diferentes.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 62

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Caso H(s) nao tivesse sido colocada na forma preparada, ter-se-ia que

    Hpw(s) =10

    s+ 2.1852=

    102.1852s

    2.1852+ 1

    ,

    que e diferente do resultado obtido com a forma preparada em termos doganho estatico, motivo pelo qual e importante trabalhar na forma preparada.

    O procedimento de pre-warping nao e imediato quando se trata de filtrosde maior ordem, surgindo duvidas, por exemplo, de qual polo considerarpara fazer a correcao de pre-warping. Uma alternativa e realizar o projetodiretamente no plano z.

    8.4 Frequencia crtica de pre-warping

    Este procedimento e empregado quando um controlador analogico deve sersubstitudo por um equivalente e deve preservar a resposta em frequenciapara um certo valor especfico de frequencia.

    Seja a transformacao bilinear, ou de Tustin, escrita como

    s = kz 1z + 1

    ,

    com k = 2Tna sua forma padrao.

    A questao que se coloca e se e possvel encontrar um outro valor dek tal que a resposta em frequencia seja exata para uma certa frequenciaespecificada c.

    A formula de pre-warping, considerando que se deseja as mesmas respos-tas analogica e discreta para c, pode ser escrita como

    c = k tan(cT

    2

    ),

    e consequentemnete e possvel obter o seguinte valor para k:

    k =c

    tan(cT2

    ) .Neste caso, os valores das respostas em frequencia de H(s) e H(z) serao

    identicos para a frequencia c.Note que quando T diminui, aproxima-se da transformacao de Tustin na

    sua forma padrao.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 63

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Exemplo: Seja um filtro notch dado por

    H(s) =s2 + 0.2s+ 100

    s2 + 10s+ 100.

    Determinar o filtro digital que preserve o notch para T = 0.1s.O notch ocorre para a frequencia de 10rad/s que sera a considerada a

    frequencia crtica. Logo,

    k =10

    tan(100.1

    2

    ) = 18.305,e consequentemente determina-se do filtro discretizado como

    H(z) = H(s)|s=18.305 z1z+1

    =0.7098z2 0.7606z + 0.6979

    z2 0.7606z + 0.4077 .

    A figura 47 mostra as respostas em frequencia correspodentes ao sistemacontnuo, ao sistema discretizado pela transformacao de Tustin e ao sistemadiscretizado com pre-warping.

    Verifica-se que o emprego do pre-warping preservou as caractersticas donotch.

    9 Projeto no plano z

    A conversao de um controlador contnuo para um controlador digital e feitausualmente atraves da regra de Tustin com ou sem pre-warping. Estastecnicas sao boas para altas frequencias de amostragem. Para baixas frequenciasde amostragem, este tipo de tecnica normalmente apresenta alguns inconve-nientes, pois a resposta do controlador digital e muito diferente da respostado controlador contnuo. Alternativamente, o projeto de forma direta noplano z permite incorporar o efeito da taxa de amostragem diretamente noprojeto.

    9.1 Controle PID - Metodo Ziegler-Nichols

    E sabido que:

    o efeito integral aumenta o tipo do sistema, o que reduz o erro esta-cionario;

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 64

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    6 7 8 9 10 11 12 13 1435

    30

    25

    20

    15

    10

    5

    0

    Mag

    nitu

    de (d

    B)

    Bode Diagram

    Frequency (rad/sec)

    contnuopre-warpingsem pre-warping

    Figura 47: Respostas em frequencia com e sem pre-warping.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 65

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    o efeito derivativo aumenta o amortecimento, e consequentemente aestabilidade do sistema.

    O controlador PID digital mais comum e dado por

    K(z) = kp + kdz 1zT

    + kizT

    z 1 ,

    onde foi usada a integracao de Euler para tras.O metodo de Ziegler-Nichols pode ser usado como ferramenta de projeto,

    e os seus principais passos sao:

    Fazer kd = ki = 0 e determinar o ganho proporcional km tal que o sis-tema comece a oscilar (polos de malha fechada sobre o crculo unitario).

    Calcularkp = 0.6km, kd =

    kp

    4wm, ki =

    kp wm

    ,

    onde wm e a frequencia correspondente ao ponto do ganho km.

    A determinacao de wm pode ser feita atraves de:

    = 0, e entao z = ejwmT . Logo, o angulo do polo z e = wmT , e entaotem-se wm =

    T;

    ou determinando a resposta ao degrau da malha fechada com kp = kme medindo a frequencia wm diretamente da resposta oscilatoria.

    Exemplo: Projetar um controlador PID pelo metodo de Ziegler-Nicholscom T = 0.25s para controlar a planta

    P (s) =10

    s(s+ 2).

    A planta deve ser discretizada com um ZOH, ou seja,

    P (z) =0.2663z + 0.2255

    z2 1.607z + 0.6065 .

    O lugar das razes de P (z) e mostrado na Figura 48, e determina-se, deforma aproximada, o ponto da estabilidade marginal sobre o crculo unitariode forma que o ganho correspondente e o polo sao

    km = 1.8503, z1 = 0.5569 + 0.8448j.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 66

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 0.5 12

    1.5

    1

    0.5

    0

    0.5

    1

    1.5

    2Root Locus

    Real Axis

    Imag

    inar

    y Ax

    is

    km

    Figura 48: Grafico do lugar da razes, projeto PID por Ziegler-Nichols.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 67

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    O angulo correspondente ao polo z1 e 0.9880, que permite determinar wmcomo

    wm =0.9880

    0.25= 3.9520.

    Portanto, as constantes do controlador PID K(z) sao

    kp = 1.1102, kd = 0.2206, ki = 1.3965.

    A malha aberta e

    G(z) = K(z)P (z) =0.1559z3 0.05941z2 0.1033z + 0.049750.25z4 0.6516z3 + 0.5533z2 0.1516z ,

    e a malha fechada e

    T (z) =0.1559z3 0.05941z2 0.1033z + 0.04975

    0.25z4 0.4957z3 + 0.4939z2 0.255z + 0.04975 .

    A resposta ao degrau da malha fechada e mostrada na Figura 49.

    0 1 2 3 4 5 6 7 8 90

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1

    1.2

    1.4

    1.6

    1.8

    2Step Response

    Time (sec)

    Ampl

    itude

    Figura 49: Resposta ao degrau da malha fechada, projeto PID por Ziegler-Nichols.

    Um codigo em Matlab para este projeto e

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 68

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    clear all; close all; clc;

    s=tf(s);

    ps=10/(s*(s+2));

    ts=0.25;

    pz=c2d(ps,ts)

    axis(square)

    rlocus(pz,k)

    [km,polo]=rlocfind(pz)

    wm=angle(polo(1))/ts

    kp=0.6*km;

    kd=kp*pi/(4*wm);

    ki=kp*wm/pi;

    z=tf(z,ts)

    kz=kp+kd*(z-1)/(z*ts)+ki*z*ts/(z-1);

    gz=kz*pz

    tz=feedback(gz,1)

    figure

    step(tz,k)

    damp(tz)

    9.2 PID - projeto analtico com base no lugar das razes

    Uma forma de um controlador PID discreto e

    K(z) = kp + kdz 1zT

    + kizT

    z 1 .

    O esquema de controle e mostrado na Figura 50.

    R YK(z) P (z)

    Figura 50: Esquema de malha fechada com realimentacao unitaria.

    A funcao de transferencia de malha fechada e

    Y

    R=

    K(z)P (z)

    1 +K(z)P (z).

    A equacao do lugar das razes e dada por

    1 +K(z)P (z) = 0,

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 69

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    e entao tem-se que

    (kp + kd

    z 1zT

    + kizT

    z 1)P (z) = 1.

    Seja ki conhecido ou obtido pelo requisito de erro estacionario, e seja z1um polo especificado de acordo com os requisitos de desempenho no tempo.Considerando ki e z1 conhecidos e possvel escrever que

    kp + kdz1 1z1T

    = 1P (z1)

    ki z1Tz1 1 , (2)

    que representa uma equacao complexa.Seja

    + j =z1 1z1T

    ,

    e a e b as partes real e imaginaria do membro direito de (2).Logo,

    kp + kd(+ j) = a+ jb,

    e consequentemente,

    kp + kd = a kp = a kd,

    kd = b kd = b,

    permitindo a obtencao das constantes do controlador PID.Exemplo: Projetar um controlador PID que satisfaca o seguintes requi-

    sitos para a malha fechada: fator de amortecimento = 0.707 e frequencianatural wn = 1.414rad/s. A planta e P (s) =

    10s(s+2)

    e deve acompanharuma rampa unitaria com erro estacionario nulo. Considerar o intervalo deamostragem T = 0.25s.

    O polo desejado no plano s e

    s1 = wn + jwn1 2 = 1 + j.

    A localizacao deste polo no plano z e

    z1 = es1T = e(1+j)0.25 = e0.25e0.25j = 0.7788e0.25j .

    Verifica-se, com o auxlio da Figura 51, que

    ej = cos + jsen,

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 70

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Im

    Re

    Figura 51: Representacao de ej.

    e0.25j = cos(0.25) + jsen(0.25) = 0.9689 + j0.2474.

    Portanto, o polo desejado no plano z, e

    z1 = 0.7788(0.9689 + j0.2474) = 0.7546 + j0.1927.

    Utiliza-se na discretizacao da planta um ZOH, o que permite analisar aconstante de erro diretamente no plano s. Como o sistema e do tipo 1, e oPID aumentara o tipo da malha aberta para 2, entao o erro estacionario a`rampa sera nulo. Isso fornece flexibilidade na escolha de ki.

    A planta discretizada com o ZOH e

    P (z) =0.2663z + 0.2255

    z2 1.607z + 0.6065 .

    E possvel determinar que

    P (z1) = 5.6177 + 0.7359j, = 0.9764, = 1.2707,

    e consequentemente

    kp = 0.9531, kd = 0.4074.

    A malha aberta e

    G(z) = K(z)P (z) =0.1886z3 0.1208z2 0.129z + 0.091880.25z4 0.6516z3 + 0.5533z2 0.1516z ,

    e a malha fechada e

    T (z) =0.1886z3 0.1208z2 0.129z + 0.09188

    0.25z4 0.463z3 + 0.4325z2 0.2806z + 0.09188 .

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 71

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    2.5 2 1.5 1 0.5 0 0.5 1 1.51.5

    1

    0.5

    0

    0.5

    1

    1.5Root Locus

    Real Axis

    Imag

    inar

    y Ax

    is

    Figura 52: Lugar da razes de G(z), projeto PID analtico.

    Tabela 2: Caractersticas dos polos de malha de fechada.polo amplitude amortecimento frequencia (rad/s)

    7.55E-01 + 1.93e-01j 7.79E-01 7.07E-01 1.41E+007.55E-01 - 1.93e-01j 7.79E-01 7.07E-01 1.41E+001.71E-01 + 7.59e-01j 7.78E-01 1.83E-01 5.49E+001.71E-01 - 7.59e-01j 7.78E-01 1.83E-01 5.49E+00

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 72

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    0 1 2 3 4 5 60

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1

    1.2

    1.4

    1.6

    1.8Step Response

    Time (sec)

    Ampl

    itude

    Figura 53: Resposta ao degrau de T (z), projeto PID analtico.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 73

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    As figuras 52 e 53 apresentam o diagrama do lugar das razes de G(z e aresposta ao degrau de T (z).

    Os polos da malha fechada e suas caractersticas em termos de amorteci-mento e frequencia natural sao dados na Tabela 2.

    A seguir tem-se um codigo MATLAB que calcula todas as etapas doprojeto.

    clear all; close all; clc;

    ki=1;

    s=tf(s);

    ps=10/(s*(s+2));

    ts=0.25;

    pz=c2d(ps,ts)

    s1=-1+j;

    z1=exp(s1*ts)

    pz1=freqresp(pz,z1)

    a=-real(1/pz1+ki*z1*ts/(z1-1))

    b=-imag(1/pz1+ki*z1*ts/(z1-1))

    alfa=real((z1-1)/(z1*ts))

    beta=imag((z1-1)/(z1*ts))

    kd=b/beta

    kp=a-alfa*kd

    z=tf(z,ts)

    kz=kp+kd*(z-1)/(z*ts)+ki*z*ts/(z-1)

    gz=kz*pz;

    rlocus(gz,k)

    tz=feedback(gz,1);

    figure

    step(tz,k)

    damp(tz)

    Algumas consideracoes sobre o projeto PID analtico sao:

    So e garantida a posicao de um dos polos do sistema z1. Nao ha controleda posicao dos outros polos.

    A escolha de ki depende do requisito de erro estacionario. Dependendodo problema, esta escolha pode ser arbitraria e afetar a estabilidade damalha fechada.

    No caso do exemplo anterior, note que as especificacoes em termos deamortecimento e frequencia natural foram atingidas. Contudo, existeum sobre-sinal alto devido a` falta de controle sobre os demais polos ezeros.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 74

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    9.3 Compensacao avanco-atraso - projeto analtico

    Seja um controlador com um polo e um zero do tipo

    K(z) = kcz + a

    z + b.

    E possvel escrever que

    K(z) = kc

    (a+1)(z+a)(a+1)

    (b+1)(z+b)(b+1)

    = kc(a+ 1)

    (b+ 1)

    ( z1+a+1a+1

    z1+b+1b+1

    ),

    K(z) = kc(a+ 1)

    (b+ 1)

    ( z1a+1

    + 1z1b+1

    + 1

    ).

    Definindo z = z 1, v = a+ 1, w = b+ 1, k = kc vw tem-se

    K(z) = k

    (zv+ 1

    zw+ 1

    ).

    Verifica-se que quando z = 1 entao z = 0, e a contribuicao do controladorpara o erro estacionario sera k.

    Atraves dos requisitos de projeto, determina-se o polo s1 de interesse.Calcula-se, entao, o polo discreto correspondente atraves de z1 = e

    s1T etambem z1 = z1 1.

    Para que z1 esteja sobre o lugar das razes tem-se que

    K(z1)P (z1) = 1 k(

    z1v+ 1

    z1w+ 1

    )P (z1) = 1,

    ou aindaz1v+ 1

    z1w+ 1

    =1

    kP (z1).

    E possvel isolar 1v, ou seja,

    z1v+ 1 =

    (z1w

    + 1)

    1

    kP (z1),

    z1v=

    (z1w

    + 1)

    1

    kP (z1) 1,

    1

    v=

    (z1w

    + 1)

    1

    kP (z1)z1 1z1,

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 75

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    1

    v= w

    1

    kP (z1) 1z1

    (1 +

    1

    kP (z1)

    ). (3)

    Tanto v como w devem ser reais, ou seja, as partes imaginarias de ambosdos lados de (3) devem ser nulas. Logo,

    Im(v1) = 0 Im[ w

    1

    kP (z1)

    ] Im

    [1

    z1

    (1 +

    1

    kP (z1)

    )]= 0,

    ou ainda,

    w1Im

    [ 1kP (z1)

    ]= Im

    [1

    z1

    (1 +

    1

    kP (z1)

    )],

    w1 =Im

    [1z1+ 1

    z1kP (z1)

    ]Im

    [1

    kP (z1)

    ] .Com w1 determinado, retorna-se a (3) e calcula-se v1,

    v1 = w1

    kP (z1) 1z1kP (z1)

    1z1.

    Com w1, v1 e k o controlador esta determinado.Exemplo: Projetar um controlador avanco-atraso para controlar a planta

    P (s) = 400s(s2+30s+200)

    e obter um erro estacionario a` rampa unitaria de 0.2, um

    fator de amortecimento = 0.5 e uma frequencia natural wn = 14rad/s. Ointervalo de amostragem e T = 0.05s.

    R(s) Y (s)K(s) P (s)

    E(s)

    Figura 54: Esquema da malha fechada.

    Para realimentacao unitaria, Figura 54, o erro pode ser escrito em funcaoda entrada R(s) e da sada Y (s) como

    E(s) = R(s)Y (s) = R(s)K(s)P (s)E(s) (1+K(s)P (s))E(s) = R(s),

    ou finalmente,

    E(s) =R(s)

    1 +K(s)P (s).

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 76

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Do teorema do valor final tem-se que

    limt e(t) = lims0

    sE(s) = 0.2.

    Logo, considerando que o controlador contribui para o erro estacionarioapenas atraves de k tem-se que

    lims0

    s

    [R(s)

    1 +K(s)G(s)

    ]= lim

    s0s

    1s21 + k 400

    s(s2+30s+200)

    =

    = lims0

    1

    s

    1s(s2+30s+200)+k400

    s(s2+30s+200)

    = lim

    s01

    s

    [s(s2 + 30s+ 200)

    s(s2 + 30s+ 200) + k400

    ]=

    200

    k400= 0.2,

    e consequentemente,

    k =200

    400 0.2 = 2.5Nota: no calculo anterior considerou-se que o erro estacionario sera com-

    pensado exclusivamente pelo ganho proporcional do controlador do tipo

    K(s) = ks+ 1

    s 1 ,

    ou equivalente discretizado com ZOH.O polo desejado no plano s e

    s1 = wn + jwn1 2 = 7.0000 + 12.1244j,

    e no plano z ez1 = e

    s1T = 0.5791 + 0.4015j.

    Consequentemente tem-se que

    P (z1) = 0.0329 + 0.1482j, w = 0.9561, v = 0.2390.

    O controlador e

    K(z) =10z 7.609z 0.04389 .

    As caractersticas dos polos sao mostradas na Tabela 3.O grafico do lugar das razes e mostrado na Figura 55, e as respostas ao

    degrau e a` rampa nas Figuras 56 e 57.Observa-se que se trata de uma resposta tpica de sistema de segunda

    ordem, pois o par complexo de polos nao e dominante.Um codigo Matlab para este projeto e apresentado a seguir.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 77

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    Tabela 3: Caractersticas dos polos de malha de fechada.polo amplitude amortecimento frequencia (rad/s)

    8.29E-01 8.29E-01 1.00E+00 3.75E+005.79E-01 + 4.02E-01j 7.05E-01 5.00E-01 1.40E+015.79E-01 - 4.02E-01j 7.05E-01 5.00E-01 1.40E+01

    -2.71E-02 2.71E-02 7.54E-01 9.57E+01

    7 6 5 4 3 2 1 0 14

    3

    2

    1

    0

    1

    2

    3

    4Root Locus

    Real Axis

    Imag

    inar

    y Ax

    is

    Figura 55: Grafico do lugar das razes de G(z), projeto avanco-atraso.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 78

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    0 0.5 1 1.50

    0.1

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    1Step Response

    Time (sec)

    Ampl

    itude

    Figura 56: Resposta ao degrau da malha fechada, projeto avanco-atraso.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 79

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 50

    0.5

    1

    1.5

    2

    2.5

    3

    3.5

    4

    4.5

    5Linear Simulation Results

    Time (sec)

    Ampl

    itude

    Figura 57: Resposta a` rampa da malha fechada, projeto avanco-atraso.

    Prof. Dr. Alberto Luiz Serpa - 2007 80

  • Controle discreto e introducao ao controle otimo e robusto

    clear all; close all; clc;

    s=tf(s);

    ps=400/(s*(s^2+30*s+200))

    ts=0.05;

    qsi=0.5;