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CONTRATO DE COMPRA E VENDA O contrato de compra e venda teve origem na organização das sociedades e do advento da moeda ou do dinheiro. Na medida em que cresceu a compra e venda reduziu-se a importância da troca. Modernamente, a economia baseia-se na compra e venda, que abarca desde as vendas de rua (vendedores ambulantes e estacionários) até os que têm por objeto patrimônios, além das relações impessoais com utilização de máquinas ou da Internet. A necessidade de defender o consumidor, introduziu no ordenamento jurídico pátrio, as cláusulas abusivas e das eficácias pré e pós-contratual, delimitando o campo de abrangência das normas comuns, estabelecidas no Código Civil, relativamente ao contrato de compra e venda, que passam a ter função supletiva. O contrato de compra e venda foi afetado pela massificação contratual, com a adoção das condições gerais dos contratos, que funcionam como regulação contratual privada predisposta pelo vendedor à totalidade dos compradores aderentes, com características de generalidade, uniformidade, abstração e inalterabilidade. As condições gerais dos contratos são fruto da fase pós-industrial, da passagem do sistema de economia da concorrência para o sistema de concentração de capital, do poder empresarial e da massificação das relações sociais. Quando a venda decorrer de um contrato de adesão e houver incompatibilidade entre as condições gerais nele predispostas e as normas de caráter dispositivo ou supletivo previstas nos artigos 481 a 532 do Código Civil, estas preferem àquelas. Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. Segundo Caio Mário da Silva: “a compra e venda é o contrato em que uma pessoa se obriga a transferir a outra o domínio de uma coisa corpórea ou incorpórea, mediante o pagamento de certo preço em dinheiro ou valor fiduciário correspondente.”

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Page 1: Contrato de Compra e Vend1

CONTRATO DE COMPRA E VENDA

O contrato de compra e venda teve origem na organização das sociedades e do advento da moeda ou do dinheiro.

Na medida em que cresceu a compra e venda reduziu-se a importância da troca.

Modernamente, a economia baseia-se na compra e venda, que abarca desde as vendas de rua (vendedores ambulantes e estacionários) até os que têm por objeto patrimônios, além das relações impessoais com utilização de máquinas ou da Internet.

A necessidade de defender o consumidor, introduziu no ordenamento jurídico pátrio, as cláusulas abusivas e das eficácias pré e pós-contratual, delimitando o campo de abrangência das normas comuns, estabelecidas no Código Civil, relativamente ao contrato de compra e venda, que passam a ter função supletiva.

O contrato de compra e venda foi afetado pela massificação contratual, com a adoção das condições gerais dos contratos, que funcionam como regulação contratual privada predisposta pelo vendedor à totalidade dos compradores aderentes, com características de generalidade, uniformidade, abstração e inalterabilidade.

As condições gerais dos contratos são fruto da fase pós-industrial, da passagem do sistema de economia da concorrência para o sistema de concentração de capital, do poder empresarial e da massificação das relações sociais.

Quando a venda decorrer de um contrato de adesão e houver incompatibilidade entre as condições gerais nele predispostas e as normas de caráter dispositivo ou supletivo previstas nos artigos 481 a 532 do Código Civil, estas preferem àquelas.

Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.Segundo Caio Mário da Silva: “a compra e venda é o contrato em que uma pessoa se obriga a transferir a outra o domínio de uma coisa corpórea ou incorpórea, mediante o pagamento de certo preço em dinheiro ou valor fiduciário correspondente.”

No que diz respeito à estrutura, a compra e venda é contrato oneroso, translativo, bilateral ou sinalagmático e geralmente comutativo, mediante o qual o vendedor assume a obrigação de transferir bem ou coisa alienável e de valor econômico ao comprador, que por sua vez assume a obrigação de pagar o preço determinado ou determinável em dinheiro.

CLASSIFICAÇÃO Bilateral Oneroso Comutativo ou aleatório Consensual ou solene Translativo de domínio por servir como titulus adquirendi.

No direito brasileiro, o contrato por si só não gera a transmissão do domínio do bem ou da coisa, mas o direito e o dever de realizá-la. O objeto da obrigação do vendedor é a prestação de dar a coisa e o do comprador a prestação de dar o preço. A coisa pode ser corpórea ou incorpórea.

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O contrato de compra e venda é meramente consensual, pois a transmissão do domínio ou da propriedade depende de modos específicos, dele decorrentes mas autônomos.

Registro do título, para os bens imóveis – artigo 1.245, do Código Civil;

Tradição, para os bens móveis – artigo 1.267, do Código Civil.

Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.

§ 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.§ 2º Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o

respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.

Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.

Na tradição brasileira (e portuguesa) a expressão utilizada é ampla, ou seja, "compra e venda", que vem do direito romano, ressaltando a bilateralidade obrigacional, diferentemente de outros países que restringem a denominação a contrato de venda (direito francês, direito italiano) ou a contrato de compra (direito alemão, direito inglês).

A Convenção de Viena (1980) adotou a denominação Contrato de Venda de Mercadorias.

A compra e venda pode corresponder a um contrato de execução instantânea, quando a prestação do comprador sucede à do vendedor, no mesmo instante, mas pode assumir características de contrato de execução duradoura (continuada ou diferida).

A EXECUÇÃO É CONTINUADA em contratos de fornecimento (água, luz, gaz), pois a prestação de dar o preço é correspondente ao consumo realizado em cada período medido.

É DIFERIDA quando o preço determinado é dividido em várias prestações.

O contrato de fornecimento pode ser aberto quanto ao objeto e, sobretudo, quanto à quantidade do que se vai fornecer. Considera-se devido o que seja necessário, no momento do consumo, em quantidade e qualidade. O preço é correspondente ao que efetivamente foi consumido pelo comprador e às alterações decorrentes de mudanças de qualidade, de aplicação de índices de atualização monetária ou de outras circunstâncias que tenham previsão no contrato.

Não se considera compra e venda os contratos de fornecimento de serviços.

Considera-se compra e venda de coisas genéricas o contrato de fornecimento de coisas fungíveis com prestações sucessivas ou periódicas.

O inadimplemento do contrato de compra e venda por parte do vendedor resolve-se por meio de ação pessoal para entrega de coisa. Mesmo não existindo direito real, o adquirente de coisas móveis ou imóveis pode acionar o vendedor para entregá-la. Pacta sunt servanda.

O inadimplemento do contrato de compra e venda não dá origem sistemática à indenização.

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ELEMENTOS DA COMPRA E VENDA

coisa preço consentimento

A COISAa) existência: a coisa para ser vendida deverá existir ou vir a existir no futuro, a exemplo de venda de safra futura. A compra e venda nem sempre tem por objeto coisas corpóreas, bens materiais, como casa, computador, pão, máquina, ainda que sejam os mais freqüentes.

Ela é suscetível de ter por objeto um bem imaterial, intangível. Ex: os direitos intelectuais, cujos contratos recebem regência de legislação especial, a exemplo da Lei n.

9.610, de 19 de fevereiro de 1998, que prevê para transferência dos direitos patrimoniais de autor os contratos de licenciamento, concessão e cessão, este muito próximo do contrato de compra e venda.

O Código Civil disciplina a cessão de créditos, nos artigos. 286 a 298, e a cessão de direitos hereditários, nos artigos. 1.793 a 1.795.

Os bens incorpóreos são transferidos a terceiros mediante contrapartida financeira, o que os aproximam da compra e venda, que deve ser o contrato utilizado toda a vez que outro análogo não seja definido expressamente em lei especial.

Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura.

Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a intenção das partes era de concluir contrato aleatório.

b) Individuação: a coisa deve ser determinada ou determinável no ato da execução do contrato, podendo ser incerta, desde que indique pelo menos o gênero e a quantidade. Admite-se também a venda de coisa alternativa

A coisa pode ser específica, quando se determina precisamente o objeto que se vende, ou genérica, quando se alude a quantidades ou gêneros de coisas sem precisar quais (ex.: 10 caixas de guaraná, sem dizer de que marca; 5 lotes de terreno, sem dizer qual deles). O artigo sob comento impõe que seja coisa "certa", o que se entende como determinada ou determinável. Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela quantidade.

Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. § 1.º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. § 2.º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. § 3.º No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. § 4.º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes. c) Disponibilidade: a coisa a ser vendida deve estar disponível, ou seja, livre de quaisquer condições de inalienabilidade. Assim, a coisa não pode encontrar-se na condição de insuscetíveis de apropriação, legalmente inalienáveis por qualquer motivo. Não podem ser objeto de alienação os valores e direitos da personalidade (CC, Art.11), os órgãos do corpo humano (CF, Art. 199, § 4º.).

Page 4: Contrato de Compra e Vend1

O PREÇOO preço é naturalmente elemento indispensável, seja ele definido previamente de forma objetiva ou

determinável através de critérios específicos estabelecidos pelas partes no contrato de compra e venda.

Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.

Art. 482. A compra e venda, quando pura, considerar-se-á obrigatória e perfeita, desde que as partes acordarem no objeto e no preço.

Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa.

Art. 486. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar.

Art. 487. É lícito às partes fixar o preço em função de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação.

Art. 488. Convencionada a venda sem fixação de preço ou de critérios para a sua determinação, se não houver tabelamento oficial, entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor. Parágrafo único. Na falta de acordo, por ter havido diversidade de preço, prevalecerá o termo médio.

Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.

O preço não poderá ser simbólico, vil ou fictício, devendo ser sério e real, sob pena do contrato ser considerado de doação. Não pode também ser excessivamente elevado de modo a ser caracterizado como erro ou lesão.

Quando o contrato de compra e venda resultar de relação de consumo, o preço não pode consistir em "prestações desproporcionais" ou em violação ao "justo equilíbrio entre direitos e obrigações das partes" (artigos 6º, V, e 51 do Código de Defesa do Consumidor), o que leva à modificação das cláusulas respectivas ou à nulidade por serem consideradas abusivas.

Os preços nos contratos de compra e venda podem estar eventualmente limitados ou fixados pelo Poder Público, reduzindo-se a autonomia dos particulares, não sendo totalmente de livre fixação. O consentimento das partes

Este ato deve ser livre e espontâneo, sob pena do negócio jurídico se tornar anulável.

O negócio pode também ser anulado se houver erro substancial em relação ao objeto da venda (CC, Art. 139, I).

Art. 139. O erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;

Para o consentimento é indispensável também a capacidade das partes. Em caso de incapacidade absoluta ou relativa (CC, Artigos 3º. e 4º.) poderão ser supridas pela representação e pela assistência e pela autorização do juiz.

Page 5: Contrato de Compra e Vend1

Consequências Jurídicas a obrigação do vendedor de entregar a coisa e do comprador de pagar o preço; obrigação de garantia, imposta ao vendedor, contras os vícios redibitórios e a evicção; responsabilidade pelos riscos e despesas: antes da tradição ou da transcrição, os riscos da coisa correrão por conta do vendedor, e os do preço, por conta do comprador.

Assim, se o bem vier a se perder ou a se deteriorar, por caso fortuito ou força maior, até o momento da tradição, o vendedor é que sofrerá as conseqüências, devendo restituir o preço, se já havia recebido ; se, porém, o fato se der após a tradição, sem culpa do vendedor, este terá direito ao preço, sendo que o comprador é que suportará as conseqüências. Igualmente, se o preço se perder ou se degradar, antes da tradição, o comprador é que sofrerá o risco ; mas, se isso ocorrer após o pagamento, o vendedor é que arcará com o prejuízo havido.

Considerar-se-á como tradição, acarretando ao comprador responsabilidade pelo risco, a circunstância de a coisa, que comumente se recebe, contando, medindo ou assinalando, ter sido colocada à sua disposição, mesmo que o caso fortuito ocorra no ato de contar, medir ou assinalar. O comprador suportará os riscos da coisa adquirida, se estiver em mora de receber, quando colocada a sua disposição no tempo, lugar e pelo modo ajustado.

responsabilidade do alienante por defeito oculto nas vendas de coisas conjuntas;

direito dos cômodos antes da tradição : artigo 868, do CC. - melhorias nas obrigações - ex.: se égua fica prenha antes da tradição o potro é do vendedor; se depois, do novo dono

direito do comprador de recusar a coisa vendida sob amostra por não ter sido entregue nas condições prometidas ; direito do adquirente de exigir, na venda ad mensuram, o complemento da área, ou de reclamar, se isso for impossível, a rescisão do negócio ou o abatimento do preço;

exoneração do adquirente de imóvel, que exibir certidão negativa de débito fiscal;

nulidade contratual no caso do artigo 53 da Lei 8078/90 - CDC.

Art. 53 - Nos contratos de compra e venda de móveis ou imóveis mediante pagamento em prestações, bem como nas alienações fiduciárias em garantia, consideram-se nulas de pleno direito as cláusulas que estabeleçam a perda total das prestações pagas em benefício do credor que, em razão do inadimplemento, pleitear a resolução do contrato e a retomada do produto alienado.

§ 1º - (Vetado).

§ 2º - Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas quitadas, na forma deste artigo, terá descontada, além da vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente ou inadimplente causar ao grupo.

§ 3º - Os contratos de que trata o caput deste artigo serão expressos em moeda corrente nacional.

Cláusulas especiais à compra e venda

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Em alguns contratos de compra e venda constam cláusulas especiais que embora não desfigurem a natureza contratual da compra e venda, dão ao contrato uma fisionomia específica, tornando o negócio condicional, por estarem subordinados a eventos futuros.

São elas: retrovenda, venda a contendo e venda sujeito à prova, preempção ou preferência, venda com reserva de domínio e venda sobre documentos.

RETROVENDA É a cláusula pela qual o vendedor se reserva o direito de reaver, em certo prazo, o imóvel alienado, restituindo ao comprador o preço, mais as despesas por ele realizadas, inclusive as empregadas em melhoramento do imóvel. É apenas admissível nas vendas de imóveis. Torna a propriedade resolúvel. O vendedor só poderá resgatar o imóvel alienado dentro de prazo improrrogável de três anos, ininterruptos e insuscetíveis de suspensão. O prazo de três anos é improrrogável e, chegando o termo final, extingue-se o direito, independentemente de interpelação. Conta-se o dies a quo (termo inicial do prazo) da data do contrato e não do registro.

O direito de resgate é intransmissível, não sendo suscetível de cessão por ato inter vivos, mas passa a seus herdeiros.

O vendedor de coisa imóvel pode reservar-se o direito de recobrá-la no prazo máximo de decadência de 3 (três) anos, restituindo o preço recebido e reembolsando as despesas do comprador, inclusive as que, durante o período de resgate, se efetuaram com a sua autorização escrita, ou para a realização de benfeitorias necessárias. (artigo 505 do Código Civil)

Recusando-se o comprador a receber as quantias a que faz jus, o vendedor, para exercer o direito de resgate, as depositará judicialmente.

Verificada a insuficiência do depósito judicial, não será o vendedor restituído no domínio da coisa, até e enquanto não for integralmente pago o comprador(artigo 506, CC).

Ressalte-se que o direito de retrato, que é cessível e transmissível a herdeiros e legatários, poderá ser exercido contra o terceiro adquirente.

O alienante conserva seu direito contra terceiros adquirentes da coisa retrovendida, ainda que terceiros adquirentes não conheçam a cláusula de retrovenda vinculada, pois adquiriram propriedade resolúvel.

VENDA A CONTENTO O contrato de compra e venda contendo cláusula de venda a contento e venda sujeito à prova é aplicado em geral, nas negociações envolvendo gêneros alimentícios e bebidas finas.

Com a presença desta cláusula o negócio é realizado sob condição suspensiva, mesmo que a coisa tenha sido entregue.

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Art. 509. A venda feita a contento do comprador entende-se realizada sob condição suspensiva, ainda que a coisa lhe tenha sido entregue; e não se reputará perfeita, enquanto o adquirente não manifestar seu agrado.

Art. 510. Também a venda sujeita a prova presume-se feita sob a condição suspensiva de que a coisa tenha as qualidades asseguradas pelo vendedor e seja idônea para o fim a que se destina.

Em ambos os casos, as obrigações do comprador, que recebeu, sob condição suspensiva, a coisa comprada, são as de mero comodatário, enquanto não manifeste aceitá-la.

A conclusão do contrato depende exclusivamente do arbítrio ou do gosto do comprador, não podendo o vendedor alegar que o comprador não aceitou por mera pirraça.

Esta cláusula constitui exceção ao disposto no artigo 122 do código civil, que proíbe as condições meramente potestativas.

Condição potestativa é a condição que torna a execução contratual dependente duma convenção que se acha subordinada à vontade ou ao arbítrio de uma ou outra das partes.

Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.

Assim, por ser exceção, para as cláusulas de venda a contento e venda sujeito à prova, não se aplica o artigo 122 do código.Se o comprador não se manifestar no prazo acordado, presume-se perfeita e definitiva a venda.

Art. 512. Não havendo prazo estipulado para a declaração do comprador, o vendedor terá direito de intimá-lo, judicial ou extrajudicialmente, para que o faça em prazo improrrogável.

Na venda sujeita à prova, o direito de manifestação do comprador é pessoal, não se transferindo a outras pessoas, quer por atos inter vivos ou causa motis.

Morrendo o comprador o direito é extinto, enquanto que com a morte do vendedor, o comprador poderá exercê-lo perante os herdeiros do vendedor.

PREEMPÇÃO OU PREFERÊNCIA

É a cláusula contratual que impõe ao comprador a obrigação de, antes de alienar a coisa comprada, oferecê-la ao vendedor de quem a obteve, tendo este, preço por preço, para que use do seu direito de preferência para readquiri-la, com exclusão dos outros interessados.

Há dois tipos de preempção: Legal: decorrente de disposição de lei Convencional ou contratual: expressa no acordo de vontade.

Ex: A preferência de condômino na aquisição de coisa indivisa e do inquilino ma compra de imóvel locado quando posto à venda. (legal)

Na preempção convencional, é necessária a explicitação desta cláusula no contrato.

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O direito de preferência só poderá ser exercido quando o comprador vier a vender a coisa, não podendo ser pressionado a alienar o objeto.

O prazo do exercício do direito de preempção poderá ser fixado em até cento e oitenta dias, em caso de coisas móveis, e de até dois anos, se bens imóveis.

Art. 513. A preempção, ou preferência, impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa que aquele vai vender, ou dar em pagamento, para que este use de seu direito de prelação na compra, tanto por tanto. Parágrafo único. O prazo para exercer o direito de preferência não poderá exceder a cento e oitenta dias, se a coisa for móvel, ou a dois anos, se imóvel.

Art. 516. Inexistindo prazo estipulado, o direito de preempção caducará, se a coisa for móvel, não se exercendo nos 3 (três) dias, e, se for imóvel, não se exercendo nos 60 (sessenta) dias subseqüentes à data em que o comprador tiver notificado o vendedor.

Art. 517. Quando o direito de preempção for estipulado a favor de dois ou mais indivíduos em comum, só pode ser exercido em relação à coisa no seu todo. Se alguma das pessoas, a quem ele toque, perder ou não exercer o seu direito, poderão as demais utilizá-lo na forma sobredita.

A iniciativa da manifestação da preferência pode ocorrer por parte do antigo vendedor, que ao tomar conhecimento que o comprador deseja vender a coisa ou dá-la em pagamento, pode o vendedor intimar o comprador do seu interesse em recomprar a coisa.

Art. 514. O vendedor pode também exercer o seu direito de prelação, intimando o comprador, quando lhe constar que este vai vender a coisa. Responsabilidade do preemptor - aquele que exerce o direito de preferência Preferindo o preemptor recomprar a coisa, exercendo assim a preempção, fica obrigado a pagar o preço nas mesmas condições eventualmente ajustadas com terceiro interessado.

Esta obrigação é da essência do instituto da preempção.

A preempção é um direito pessoal e não um direito real, não podendo ser cedido a terceiros e não se transfere aos herdeiros cabendo.

Art. 520. O direito de preferência não se pode ceder nem passa aos herdeiros.

Cabe ação de perdas e danos, em decorrência do impedimento de seu exercício.

Sendo assim, se o comprador não deu ciência ao preemptor poderá responder com a reparação do dano.

O terceiro (novo adquirente) poderá também responder solidariamente com o comprador se agiu de má-fé.

Art. 515. Aquele que exerce a preferência está, sob pena de a perder, obrigado a pagar, em condições iguais, o preço encontrado, ou o ajustado.

Art. 518. Responderá por perdas e danos o comprador, se alienar a coisa sem ter dado ao vendedor ciência do preço e das vantagens que por ela lhe oferecem. Responderá solidariamente o adquirente, se tiver procedido de má-fé.

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A preferência legal conhecida como retrocessão está prevista no artigo 519, para os casos de desapropriação por parte do poder público.

O expropriado tem direito de preferência na aquisição do bem pelo preço atual, caso o imóvel não venha ser utilizado pelo poder público.

VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO

É uma modalidade de negociação em que o vendedor de coisa móvel, tem a garantia da propriedade da coisa vendida a prazo, até que seja pago integralmente, momento em que será transferido o domínio da coisa ao comprador.

Não se veda a venda com reserva de domínio de bens imóveis, sendo rara a sua utilização nestes casos, haja vista que a simples promessa de compra e venda para imóveis é mais segura para o vendedor, que só transfere a propriedade com o registro, preferindo assim após a quitação do preço total.

Na venda de coisa móvel, o vendedor pode reservar para si a propriedade, até que o preço esteja integralmente pago.

A cláusula de reserva de domínio será estipulada por escrito e depende de registro no domicílio do comprador para valer contra terceiros.

Não pode ser objeto de venda com reserva de domínio a coisa insuscetível de caracterização perfeita, para diferenciá-la de outras do mesmo gênero.

Na dúvida, decide-se a favor do terceiro adquirente de boa-fé (CC, artigos 521 a 523).

Enquanto não forem pagas as prestações na sua totalidade, somente a posse da coisa é transferida.

Esta negociação tem caráter de venda sob condição suspensiva.

Elementos que caracterizam a compra e venda com reserva de domínio:a) compra e venda da coisa a crédito;

b) que recaia sobre objeto individualizado, infungível;

c) efetiva entrega desse objeto pelo vendedor ao comprador;

d) pagamento do preço convencionado nas condições estipuladas, normalmente em prestações;

e) obrigação do vendedor de transferir o domínio ao comprador, logo após a conclusão do pagamento do preço ajustado.

Poderá sofrer protestos ou interpelação judicial, o comprador que se tornar inadimplente, sendo a dívida passível de execução judicial, podendo ainda o vendedor recuperar a coisa vendida através de uma ação judicial de reintegração de posse.

A reserva de domínio é tratada pelo Código de Processo Civil nos artigos 1.070 e 1.071, regulando a cobrança pelo processo executório (podendo a penhora incidir sobre a coisa vendida) e a reintegração de posse (recuperação da coisa vendida).

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Art. 1.070. Nas vendas a crédito com reserva de domínio, quando as prestações estiverem representadas por título executivo, o credor poderá cobrá-las, observando-se o disposto no Livro II, Título II, Capítulo IV.§ 1º Efetuada a penhora da coisa vendida, é lícito a qualquer das partes, no curso do processo, requerer-lhe a alienação judicial em leilão.§ 2º O produto do leilão será depositado, sub-rogando-se nele a penhora.

Artigo 646, CPC - A execução por quantia certa tem por objeto expropriar bens do devedor, a fim de satisfazer o direito do credor (Art. 591).

Ainda que o comprador não tenha a propriedade da coisa adquirida com reserva de domínio, responde ele pelos riscos da coisa.

O artigo 524 do Código Civil determina que a transferência de propriedade ao comprador dá-se no momento em que o preço esteja integralmente pago.

Pelos riscos da coisa responde o comprador, a partir de quando lhe foi entregue.

Entretanto, o vendedor somente poderá executar a cláusula de reserva de domínio após constituir o comprador em mora, mediante protesto do título ou interpelação judicial.

A lei se refere apenas a coisas móveis, entretanto não existe qualquer proibição legal contra a venda com reserva de domínio de bens imóveis.

Existem alguns tipos de operações de compra e venda que, têm características específicas no que se refere ao procedimento para a sua efetivação o que a tornam especiais.

São elas: venda mediante amostra venda “ad corpus” (pelo corpo, venda conforme o todo) venda “ad mensuram” (por medida, venda conforme a medida).

Venda mediante amostraA amostra é uma porção, uma pequena parte ou unidade de uma mercadoria ou produto, natural ou fabricado, apresentado para demonstrar sua natureza, qualidade ou tipo. A amostra normalmente é destituída de valor comercial e é utilizada apenas com o objetivo de mostrar o que deverá ser a coisa a ser negociada.

Art. 484. Se a venda se realizar à vista de amostras, protótipos ou modelos, entender-se-á que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem. Parágrafo único. Prevalece a amostra, o protótipo ou o modelo, se houver contradição ou diferença com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato.

Não estando a mercadoria entregue dentro dos mesmos padrões da amostra, modelo ou protótipo, ocorrerá o inadimplemento contratual por parte do vendedor, devendo o comprador protestar imediatamente discordando das especificações da mercadoria, sob pena de considerar aceita definitiva a entrega da mercadoria.

Venda “ad corpus” e venda “ad mensuram”

Venda ad corpus (pelo corpo, venda conforme o todo)

Venda ad mensuram (por medida, venda conforme a medida).

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O código civil trata destas modalidades de venda somente para as negociações com imóveis.

Na venda ad corpus o negócio é feito considerando o conjunto como um todo, não sendo atrelado à medida ou em números proporcionais à unidade. Na venda ad mensuram é utilizada a unidade de medida, metro, hectare, etc. como medida de extensão ou de área, sendo fatores de estipulação do total da venda.

Na venda ad mensuram se não corresponder às dimensões contratadas o comprador tem o direito de reclamar o complemento da área, e na impossibilidade de complementação, pode ele, reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço da área efetivamente recebida.

Estas ações para complementação da área, resolução do contrato ou abatimento do preço, devem ser propostas no prazo de um ano (prazo decadencial), a contar da data do registro do título. A contagem deste prazo inicia-se da data da posse, cuja imissão tenha atrasado por culta do alienante.

Nas vendas ad corpus não poderá haver reclamação de complemento, nem devolução de excesso de área ou extensão, pois nesta modalidade as referências às dimensões são apenas enunciativas, não se levando em consideração o rigor das medidas, a exemplo da venda de uma chácara, em que o comprador está comprando este imóvel como um todo, terreno, casa e acessórios, no conjunto, sem a preocupação específica e rigorosa com as dimensões de cada parte.

Neste caso pressupõe-se que o comprador conhece o que está comprando.

Na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional ao preço(CC, Art. 500.).

Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não teria realizado o negócio.

Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso. Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada, tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda ad corpus.

Decai do direito de propor as ações previstas no artigo 500 citado, o vendedor ou o comprador que não o fizer no prazo de um ano, a contar do registro do título.

Se houver atraso na imissão de posse no imóvel, atribuível ao alienante, a partir dela fluirá o prazo de decadência(CC, art. 501).

CONTRATO DE DOAÇÃO Conceito: A doação é a transferência de bens ou vantagens, do patrimônio do doador para o do donatário.

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Para ficar caracterizada a doação é indispensável ocorrer o enriquecimento de um - o donatário - e a diminuição do patrimônio de outro - o doador.

Artigo 538 do CC: "considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere de seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra".

NATUREZA JURÍDICA DA DOAÇÃO

Contratual Contrato nominado Regulada pelos artigos 538/564 do CC. Efeitos jurídicos da doação São obrigacionais, e não reais, pois geram obrigações ao invés de direitos reais.

Obrigações das partesO outorgante se compromete a entregar o bem, pela tradição no tocante aos móveis e pela escritura pública, no caso de imóveis.

O doador não responde: Pelos vícios redibitórios (art. 552); Pela evicção (art. 441).Salvo: Doações remuneratórias ou modais; Quando expressamente assumir tais garantias. Não está sujeito à juros de mora. O doador responderá por dolo, ou por culpa grave que a ele equivale.

O donatário não se vincula efetivamente a nenhuma prestação, pois é contrato de caráter unilateral. Entretanto o donatário que não cumpre o encargo incorre em mora. Sua obrigação, uma vez aceito o benefício, é receber a coisa doada. Elementos característicos Contratualidade Animus donandi Transferência de bens ou direitos do patrimônio do doador para o patrimônio do donatário Aceitação do donatário

O contrato de doação é: gratuito consensual formal Gratuito por reduzir o patrimônio somente de uma pessoa; Consensual por tornar-se perfeito pelo simples acordo de vontades; Formal por ter forma estabelecida pela lei, não podendo ser celebrado de forma diversa. A doação é ato jurídico bilateral, mas contrato unilateral. A bilateralidade do ato jurídico provém da oferta de doação pelo doador e pela aceitação da promessa pelo donatário. A aceitação da doação pelo donatário é indispensável na formação do contrato de doação. Enquanto o donatário não aceita, a doação não passa de mera proposta. O doador oferta o bem e o donatário o aceita, está completo o ato jurídico bilateral. É contrato unilateral por criar obrigações somente para uma parte, o doador.

As aceitações podem ser:

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expressa tácita ficta

A aceitação expressa ocorre quando o donatário, por qualquer forma de manifestação da sua vontade, declara que aceita os bens ou vantagens oferecidos.

A aceitação tácita ocorre quando a vontade resulta do silêncio do donatário, que não externando o seu desinteresse sobre o bem objeto da doação no prazo imputado, seu silêncio será reputado em aceitação.

artigo 539 do CC

Esta idéia só valerá se o donatário tiver ciência do prazo fixado para o aceite.

Exemplo de aceitação tácita é a doação em contemplação de casamento futuro, onde a anuência é a celebração das núpcias, só podendo ser impugnada a doação pela não realização do matrimônio, conforme a inteligência do art. 546 do CC.

A aceitação ficta é aquela emitida por norma legal e não pelo próprio donatário, porque é impossível o mesmo externar a sua volição naquele momento. Artigo 542, CC.

Ex: A doação a nascituro, a louco, a menor e a pessoa indeterminada (como o filho eventual de nubentes).

Requisitos Requisito subjetivo Requisito objetivo Requisito formal

Requisito Subjetivo: É a capacidade ativa e passiva dos contratantes. Capacidade ativa Ou capacidade para doar:a) Os absoluta ou relativamente incapazes não poderão, em regra, doar, nem por meio de seus representantes legais. Artigos 1689, II e 1749, II.

b) Os cônjuges, sem a devida autorização exceto no regime de separação absoluta, estão impedidos de fazer doação, não sendo remuneratória, com os bens e rendimentos comuns, ou dos que possam integrar futura meação.

Artigo 1647, IV,CC. Não é proibido que um dos cônjuges, sem anuência do outro:

Doações remuneratórias de bens móveis, desde que objetivem pagar serviços recebidos (não constituindo liberalidades). Doações módicas ou de pequeno valor (por não prejudicarem o patrimônio da família).

Doações propter nuptias de bens feitas aos filhos e filhas por ocasião de seu casamento, ou para que possam estabelecer-se com economia própria (art. 1647, parágrafo único).

Doações de bens próprios exceto se imóveis, hipótese em que será indispensável o assentimento do outro consorte (art. 1647, I e IV e 1642, IV)

c) o cônjuge adúltero não pode fazer doação a seu cúmplice, sob pena de anulabilidade (artigos 550 e 1642,IV; Súmula 382/STF - a ser pleiteada pelo outro consorte, ou por seus herdeiros necessários, até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal).

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d) os consortes não poderão efetivar doação entre si se o regime matrimonial for o da comunhão universal, visto ser o acervo patrimonial comum a ambos; se outro for o regime, não havendo disposição em contrário, nada obsta a doação, importando aditamento do que lhes cabe por herança, já que são herdeiros necessários necessários.

(artigos 544, 2 parte, 1829, I a III, 1830, 1831, 1832, 1837 e 1838)

e) o mandatário do doador não poderá nomear donatário ad libitum, só poderá doar se o doador nomear no instrumento, o donatário, ou o libere para escolher um entre os que designar.

f) as entidades (órgãos públicos sem personalidade),sociedades não personificadas (986/996), grupos despersonificados (condomínio edilício, espólio, massa falida), pessoas jurídicas (41 e 44) podem doar e receber doações.

Entretanto, as de direito público se sujeitarão às restições de ordem administrativa e às de direito privado sofrerão limitação dos seus estatutos e atos constutitivos.

A doação a entidade futura caducará se não for constituída regularmente em dois anos, contados da efetivação da liberalidade (art. 554).

Sujeitar-se-á a esta condição suspensiva.

g) o falido ou insolvente não poderá doar porque não está na administração de seus bens e porque lesaria seus credores.

h) os ascendentes poderão fazer doações a seus filhos, que importarão em adiantamento da legítima (554, 1ª parte). Não poderão exceder a legítima sob pena de ser o excesso considerado inoficioso (2007 e 2008) e, portanto, nulo.

Capacidade PassivaOu capacidade para receber doação:Não há qualquer óbice nos casos de doação pura e simples por conta o caráter benéfico do ato.Os absolutamente incapazes podem receber doação sendo dispensada a aceitação (art. 543).Nascituros e pessoas jurídicas poderão receber doações por meio de seus representantes legais.Contemplação de casamento futuro.

Requisito Objetivo Para ter validade a doação precisa ter objeto coisa que esteja in commercio: bens móveis, imóveis, corpóreos ou incorpóreos, presentes ou futuros, direitos reais, vantagens patrimoniais de qualquer espécie. É admissível a doação de órgãos humanos para fins científicos e terapêuticos.

A doação pode, em princípio, ter por objeto mediato bens de qualquer natureza: móveis ou imóveis, coisas simples ou compostas, fungíveis ou não fungíveis, consumíveis ou não consumíveis, divisíveis ou indivisíveis. A doação de bens futuros é afastada por virtude da natureza especial do contrato de doação.

a) Não valerá a doação de todos os bens (doação universal) sem reserva de parte do patrimônio que possa ser transformada em renda pecuniária ou de outra renda originária de pensão, salário, direito autoral, aplicação financeira suficiente para a subsistência do doador (548). Nula será tal doação.

Entretanto, a vedação imposta pelo artigo 548 poderá ser elidida se o doador se reservar o usufruto dos bens.

b) se com a doação o doador ficar insolvente, os credores prejudicados poderão anulá-la, a não ser que o donatário, com o consentimento dos credores, assuma o passivo do doar (novação subjetiva/art. 360, II).

c) a doação inoficiosa é vedada por lei (parte excedente da legítima). Nula será a parte excedente da doação.

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O herdeiro lesado com a doação inoficiosa poderá ingressar imediatamente com a ação pleiteando a nulidade ou redução da doação na parte excedente.

d) a doação poderá ser periódica ou sucessiva, entratanto extingue-se com a morte do donatário.

e) a doação pode ser feita em comum a várias pessoas, de forma igual ou não.

f) a doção do cônjuge adúltero aos eu cúmplice poderá ser anulada pelo consorte enganado.

g) o doador não será obrigado a pagar juros moratórios por ser uma liberalidade, nem está sujeito à evicção ou à responsabilidade pelo vício redibitório, art. 552 (exceto nas doações remuneratórias e com encargo, art. 441)

h) o doador pode estipular que os bens doados voltem ao seu patrimônio se sobreviver ao donatário (547).

i) é inadmissível a doação de bens alheios (poderá ser ratificada se o doador adquirir o bem doado posteriormente).

Requisito FormalA doação é um contrato solene: deverá ser escrita (por instrumeno público ou particular). Artigo 451/CC.É admitida, em casos especiais, ser celebrada verbalmente.Poderá celebrar-se:

a) por escrito particular: se os móveis doados forem de valor considerável ou de imóveis (com valor inferior ao fixado/108.

b) por escritura pública: quando se tratar de imóvel, e, se o doador for casado, deverá obter o consentimento do outo cônjuge, exceto se for no regime de separação absoluta.

c) verbalmente, seguida de tradição se o objeto bem móvel e de pequeno valor (541, parágrafo único) relativamente à fortuna do doador Gorjetas e gratificações, presentes de aniversário, de núpcias, de natal, dentre outros, são considerados doações de menor porte, doações que não necessitam obedecer a forma expressa (escrita), podem ser verbais.

Ofertas consistentes em esmolas também configuram doações verbais. São dádivas que antes de tudo representam o cumprimento de um dever moral, religioso ou altruístico”.

Espécies de Doação Pura ou pura e simples Onerosa, modal, gravada ou com encargo (artigos 553 e 540) Remuneratória (art. 540) Condicional (ex: artigos 545, 546 e 547) A termo Conjuntiva De pais a filhos ou de um cônjuge a outro Pura e simples Doação pura segundo Caio Mário da Silva Pereira é “a doação celebrada sob a inspiração do ânimo liberal exclusivamente, isto é, que envolve a mutação do bem no propósito de favorecer o donatário, sem nada lhe ser exigido e sem subordinar-se a qualquer condição, ou motivação extraordinária”.

A doação contemplativa ou meritória feita em contemplação do merecimento do donatário, é uma doação pura e simples em que o doador manifesta o porquê de sua liberalidade.

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Onerosa, modal, gravada ou com encargo É aquela em que o doador impõe ao donatário uma incumbência em seu benefício, em proveito de terceiro ou do interesse geral.

Remuneratória É aquela em que, sob aparência de mera liberalidade, há firme propósito do doador de pagar serviços prestados pelo donatário ou alguma outra vantagem que haja recebido dele. Condicional É a que surte efeitos somente a partir de um determinado momento, ou seja, é a que depende de acontecimento futuro e incerto.

A termo Ocorre se tiver termo final ou inicial.

Doação conjuntiva É feita em comum a mais de uma pessoa, sendo distribuída por igual entre os diversos donatários, exceto se o contrato estipulou o contrário (551). De pais a filhos ou de um cônjuge a outro É aquela que importa em adiantamento da legítima, ou seja, daquilo que por morte do doador, o donatário receberia. Invalidades Invalidar-se-á a doação se ocorrerem casos de nulidade comuns aos contratos em geral, se se apresentarem os vícios que lhe são peculiares (como a doação universal), ou se houver a presença de vícios de consentimento, como o erro, o dolo, a coação, e de vícios sociais, como a simulação e a fraude contra credores, que a tornam anulável. Revogação A revogação de um direito é a possibilidade de que um direito subjetivo, em dadas circunstâncias, por força de uma causa contemporânea a sua aquisição, possa ou deva retornar ao seu precedente titular; o doador não poderá revogar unilateralmente, no todo ou em parte, se já houve aceitação pelo donatário, salvo se ocorrerem as hipóteses previstas na lei, tais como: Por ingratidão do donatário (artigos 555/560).

B) Por descumprimento do encargo (562).

Não se revogam por ingratidão: Artigo 564

O prazo decadencial para propositura da Ação de Revogação é de um ano, a contar de quando chegue ao conhecimento do doador o fato aurizatório da revogação (artigo 559)Consequências da sentença que decreta a revogação: Efeito ex nunc Artigo 563. A legitimidade para propor tal ação é do doador, unicamente. Não se transmite o direito a herdeiros do doador. Se o doador perdoar o donatário, desaparece o interesse de agir.Reversão por Premoriência do Donatário O doador pode estipular a reversão dos bens a seu patrimônio se sobreviver ao donatário.Artigo 547. Pode ocorrer a reversão em uma doação a termo.EMPREITADA

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É a locatio operis (locação de obra) dos romanos. Na empreitada contrata-se um profissional para executar uma obra, independentemente do tempo. A empreitada visa a um resultado, e o dono da obra paga por esse resultado, pois o empreiteiro se obriga a dar pronta a obra por um preço certo. Se o tempo é levado em consideração, teremos prestação de serviço. Empreitada é o contrato mediante o qual uma das partes (o empreiteiro) se obriga a realizar uma obra específica, pessoalmente ou por intermédio de terceiros, cobrando uma remuneração a ser paga pela outra parte (proprietário da obra), sem vínculo de subordinação. A direção do trabalho é do próprio empreiteiro, assumindo este, os riscos da obra. Neste tipo de contrato a remuneração não está vinculada ao tempo, mas à conclusão da obra.

Características O contrato de empreitada é bilateral, pois gera obrigação para ambas as partes; é consensual, pois se conclui com o acordo de vontade das partes; é comutativo, considerando que cada parte pode prevê as vantagens e os ônus; é oneroso, pois ambas as partes têm benefícios correspondentes aos respectivos sacrifícios; não solene, não havendo formalidades específicas na contratação.

Espéciesa) empreitada de lavor: o material é por conta do dono da obra, e o empreiteiro só fornece sua mão-de-obra e a de seus operários, tendo apenas obrigação de fazer (612);

b) empreitada mista: além do serviço, o material é por conta também do empreiteiro, que responde pela sua qualidade e pela sua correta aplicação na obra, sendo obrigação de dar (os materiais) e de fazer (o serviço, 610 e 611). O empreiteiro de uma obra pode contribuir para ela só com seu trabalho ou com ele e os materiais. A obrigação de fornecer os materiais não se presume; resulta da lei ou da vontade das partes. O contrato para elaboração de um projeto não implica a obrigação de executá-lo, ou de fiscalizar-lhe a execução.

Quando o empreiteiro fornece os materiais, correm por sua conta os riscos até o momento da entrega da obra, a contento de quem a encomendou, se este não estiver em mora de receber. Mas se estiver, por sua conta correrão os riscos. Se o empreiteiro só forneceu mão-de-obra, todos os riscos em que não tiver culpa correrão por conta do dono.

Sendo a empreitada unicamente de lavor, ou seja, somente de mão-de-obra, se a coisa perecer antes de entregue, sem mora do dono nem culpa do empreiteiro, este perderá a retribuição, se não provar que a perda resultou de defeito dos materiais e que em tempo reclamara contra a sua quantidade ou qualidade. A entrega da obra pode ser feita por partes, a medida que for sendo parcialmente concluída ou somente após a conclusão.

Se a obra constar de partes distintas, ou for de natureza das que se determinam por medida, o empreiteiro terá direito a que também se verifique por medida, ou segundo as partes em que se dividir, podendo exigir o pagamento na proporção da obra executada.

Tudo o que se pagou presume-se verificado.

O que se mediu presume-se verificado se, em 30 (trinta) dias, a contar da medição, não forem denunciados os vícios ou defeitos pelo dono da obra ou por quem estiver incumbido da sua fiscalização.

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Concluída a obra de acordo com o ajuste, ou o costume do lugar, o dono é obrigado a recebê-la, podendo rejeitá-la, se o empreiteiro não cumpriu as instruções recebidas e dos planos dados, ou das regras técnicas em trabalhos de tal natureza, ou ainda pode quem encomendou a obra, em vez de enjeitá-la, recebê-la com abatimento no preço. O empreiteiro é obrigado a pagar os materiais que recebeu, se por imperícia ou negligência os inutilizar.

Nos contratos de empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de 5 (cinco) anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo.

Decairá desse direito, porém, o dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos 180 (cento e oitenta) dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.

Se ocorrer diminuição no preço do material ou da mão-de-obra superior a um décimo do preço global convencionado, poderá este ser revisto, a pedido do dono da obra, para que se lhe assegure a diferença apurada.

Mesmo após iniciada a construção, pode o dono da obra suspendê-la, desde que pague ao empreiteiro as despesas e lucros relativos aos serviços já feitos, mais indenização razoável, calculada em função do que ele teria ganho, se concluída a obra.

Suspensa a execução da empreitada sem justa causa, responde o empreiteiro por perdas e danos.

Poderá o empreiteiro suspender a obra:I - por culpa do dono, ou por motivo de força maior;II - quando, no decorrer dos serviços, se manifestarem dificuldades imprevisíveis de execução, resultantes de

causas geológicas ou hídricas, ou outras semelhantes, de modo que torne a empreitada excessivamente onerosa, e o dono da obra se opuser ao reajuste

do preço inerente ao projeto por ele elaborado, observados os preços;III - se as modificações exigidas pelo dono da obra, por seu vulto e natureza, forem desproporcionais ao

projeto aprovado, ainda que o dono se disponha a arcar com oacréscimo de preço.

O contrato de empreitada se extingue pelo seu cumprimento e pode resolver-se se um dos contratantes não cumpre qualquer das cláusulas assumidas.

Não se extingue o contrato de empreitada pela morte de qualquer das partes, salvo se ajustado em consideração às qualidades pessoais do empreiteiro (Artigo 626 do CC). Garantias O empreiteiro responde pela solidez da obra pelo prazo de cinco anos (artigo 618 e § único do CC).

Também por danos causados a terceiros (Por exemplo: tijolos caindo na casa vizinha), pois seus operários é que estão trabalhando (932, III do CC).

Concluída a obra (615/ 616 do CC), o empreiteiro tem direito a receber o preço ajustado, podendo exercer o direito de retenção sobre a obra enquanto não for pago pelo dono-empreitante.

Ressalte-se:A construção sob administração é diferente da empreitada, na primeira o construtor se encarrega da execução

do projeto, sendo remunerado de forma fixa ou um percentual sobre o custo da obra. O proprietário da obra assume todos os encargos do empreendimento.

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No segundo caso (empreitada) o empreiteiro assume os gastos globais da obra contratada, sendo a remuneração total fechada previamente.

PRESTAÇÃO DE SERVIÇO A prestação de serviços é entendida como a realização de trabalho oferecido ou contratado por terceiros (comunidade ou empresa), incluindo assessorias, consultorias e cooperação interinstitucional. A prestação de serviços se caracteriza pela intangibilidade, inseparabilidade (produzido e utilizado ao mesmo tempo) e não resulta na posse de um bem. Quando a prestação de serviço for oferecida como curso ou projeto de extensão, ela é registrada como tal (cursos e projetos).

Segundo Caio Mário da Silva Pereira, a locação ou prestação de serviços é o contrato em que uma das partes (prestador) se obriga para com a outra (tomador) a fornecer-lhe a prestação de uma atividade, mediante remuneração.

É toda espécie de atividade ou trabalho lícito, material ou imaterial, contratada mediante retribuição (CC, art. 594). Devem ser excluídas as relações de emprego e outros serviços regulados por legislação específica.

Deixados de fora os serviços regulados pela legislação trabalhista, pelo código do consumidor ou outras leis especiais, todas as demais prestações de serviços serão reguladas pelo código civil.

Art. 593. A prestação de serviço, que não estiver sujeita às leis trabalhistas ou à lei especial, reger-se-á pelas disposições deste Capítulo.

Art. 594. Toda a espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou imaterial, pode ser contratada mediante retribuição.

Art. 595. No contrato de prestação de serviço, quando qualquer das partes não souber ler, nem escrever, o instrumento poderá ser assinado a rogo e subscrito por duas testemunhas.

Art. 596. Não se tendo estipulado, nem chegado a acordo as partes, fixar-se-á por arbitramento a retribuição, segundo o costume do lugar, o tempo de serviço e sua qualidade.

Art. 597. A retribuição pagar-se-á depois de prestado o serviço, se, por convenção, ou costumes, não houver de ser adiantada, ou paga em prestações.

São regulados por legislação própria, os serviços de natureza trabalhista, não sendo atividade vinculada ao código civil.

Quanto ao vínculo empregatício, no contrato individual de trabalho pressupõe-se a continuidade, a dependência econômica e a subordinação.

Consolidação das Leis Trabalhistas• Art. 2º Considera-se empregador a empresa individual ou coletiva, que, assumindo os riscos de atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços.§ 1º Equiparam-se ao empregador, para os direitos exclusivos da relação de emprego, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos, que admitirem trabalhadores como empregados.§ 2º Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade

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econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.

CLTArt. 3º Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.Parágrafo único. Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual.

No contrato de prestação de serviços regulado pelo Código Civil a remuneração é paga por quem contrata o serviço (normalmente o tomador).

Características do contrato de prestação de serviçosa) é bilateral, pois gera obrigação para ambos os contratantes;

b) oneroso, considerando que há benefício recíproco para as partes;

c) consensual, pois se aperfeiçoa com o simples acordo de vontade das partes, independente de qualquer fato ou materialidade subseqüente.

O prazo de contratação dos serviços não pode ser demasiadamente longo. Para os contratos firmados com prazo determinado, este não poderá ser superior a quatro anos. Quando não há prazo fixo, qualquer das partes unilateralmente, mediante aviso prévio, pode rescindir o contrato.

Artigo 599, parágrafo único, dar-se-á o aviso:I - com antecedência de 8 (oito) dias, se o salário se houver fixado por tempo de 1 (um) mês, ou mais;

II - com antecipação de 4 (quatro) dias, se o salário se tiver ajustado por semana, ou quinzena;

III - de véspera, quando se tenha contratado por menos de 7 (sete) dias.

Não se conta no prazo do contrato o tempo em que o prestador de serviço, por culpa sua, deixou de servir. (Artigos 598 a 600 do CC).

Resolução do contrato de prestação de serviços:a) com a morte de qualquer das partes;b) pelo escoamento do prazo;c) pela conclusão da obra;d) pela rescisão do contrato mediante aviso prévio;e) por inadimplemento de qualquer das partes, ou;f) pela impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força maior.

Não sendo o prestador de serviço contratado para certo e determinado trabalho, entender-se-á que se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com as suas forças e condições.

Artigo 601 e ss do CC.

O prestador de serviço contratado por tempo certo, ou por obra determinada, não se pode ausentar, ou despedir, sem justa causa, antes de preenchido o tempo, ou concluída a obra.

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Se se despedir sem justa causa, terá direito à retribuição vencida, mas responderá por perdas e danos. O mesmo dar-se-á, se despedido sem justa causa.

O prestador de serviço que for despedido sem justa causa, a outra parte será obrigada a pagar-lhe por inteiro a retribuição vencida, e por metade a que lhe tocaria de então ao termo legal do contrato.

findo o contrato, o prestador de serviço tem direito a exigir da outra parte a declaração de que o contrato está findo. Igual direito lhe cabe, se for despedido sem justa causa, ou se tiver havido motivo justo para deixar o serviço.

Na relação obrigacional, nem aquele a quem os serviços são prestados, poderá transferir a outrem o direito aos serviços ajustados, nem o prestador de serviços, sem aprazimento da outra parte, dar substituto que os preste.

Capacidade Se o trabalho for prestado por quem não possua título de habilitação, ou não satisfaça requisitos outros estabelecidos em lei, não poderá quem os prestou cobrar a retribuição normalmente correspondente ao trabalho executado. Mas se deste resultar benefício para a outra parte, o juiz atribuirá a quem o prestou uma compensação razoável, desde que tenha agido com boa-fé. Não se aplica a segunda parte deste artigo, quando a proibição da prestação de serviço resultar de lei de ordem pública.

Encerramento O contrato de prestação de serviço acaba com a morte de qualquer das partes. pelo escoamento do prazo, pela conclusão da obra, pela rescisão do contrato mediante aviso prévio, por inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade da continuação do contrato, motivada por força maior.

CONTRATO DE SEGURO Para Caio Mário da Silva Pereira “é o contrato por via do qual uma das partes (segurador) se obriga para com a outra (segurado), mediante o recebimento de um prêmio, a indenizá-la, ou a terceiros, de prejuízos resultantes de riscos futuros, previstos”

O vasto campo de abrangência dos seguros na sociedade e a constante evolução das necessidades sociais, fez com que o legislador deixasse para a legislação extravagante a disciplina das diversas subespécies de seguro. O Código o disciplinou, de forma geral, tendo um sistema unitário, mesmo sendo integrado por espécies diferentes.

É o contrato que divide entre várias pessoas o prejuízo imposto a alguém pelo acaso. Algumas pessoas pagam e apenas aquelas que sofrerem perdas, a depender do destino (=álea), receberão indenização. Os segurados são implicitamente solidários, pois cada um contribui para indenizar quem sofrer um acidente.

O contrato de seguro interessa também ao Direito Comercial (ex: seguro marítimo) e ao Direito Previdenciário (ex: seguros sociais, seguro desemprego, salário maternidade, acidente do trabalho, etc).

Há duas espécies de seguro tratadas no Código Civil Seguro de dano Seguro de PessoaSeguro de Dano

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É o contrato pelo qual uma empresa especializada obriga-se para com uma pessoa física ou jurídica, mediante prêmio por esta devida, a lhe pagar uma indenização se ocorrer um sinistro previsto no contrato ao patrimônio do segurado (757/CC). Só pode ser seguradora pessoa jurídica devidamente autorizada (§ único do 757/CC). A seguradora recebe o prêmio, assume o risco e paga a indenização se ocorrer o sinistro. O seguro de dano protege o patrimônio do segurado, qualquer que seja o bem de pessoa física ou jurídica, contra incêndio, abalroamento, roubo, acidente, etc. Se o sinistro ocorrido não estiver expressamente previsto no contrato não há indenização.

O segurado paga uma remuneração = prêmio, e terá direito à indenização se ocorrer o sinistro. A seguradora não pode dispensar o prêmio de um dos segurados. Qualquer bem pode subitamente sofrer um dano e perecer, é o risco, porém o sinistro é potencial. Quando o risco se materializa nós temos o sinistro, surgindo para a seguradora a obrigação de indenizar.Características: - é contrato bilateral: o segurado tem a obrigação de pagar o prêmio à seguradora pelo risco por ela assumido (763); tem também o dever de não agravar o risco (768,). A seguradora tem interesse na conservação do bem do segurado (771), e tem a obrigação de pagar a indenização se o sinistro ocorrer (776,772). - é contrato aleatório: a obrigação do segurado é certa, já a da seguradora é eventual. Se durante a vigência do contrato não ocorrer sinistro algum, a seguradora nada irá desembolsar, porém o prêmio não será devolvido (764). - é solene: prova-se por escrito mediante apólice com os detalhes do art. 760, mas admite-se seguro pelo consenso, antes da apólice (ex: se transmite à seguradora o fax da nota fiscal do carro 0 km adquirido numa loja. - é contrato de adesão: suas cláusulas previamente estabelecidas pelo Governo (Susep) e pela seguradora, surgindo o consenso com o “aceite” do consumidor. O consumidor é o “proponente” e a seguradora pode recusá-lo porque aumenta a potencialidade do risco, onerando o custo do seguro para os bons consumidores (por isso a proposta pode ser recusada). - é duradouro: o seguro pode durar dias, meses e anos. Quando a seguradora paga o prejuízo do segurado, terá ação regressiva contra o causador do dano (786/CC)Valor máximo da indenização O seguro de dano tem por limite o valor da coisa, afinal seguro não existe para enriquecer, apenas para evitar uma perda, não se podendo segurar uma coisa por mais do que ela valha (778). A seguradora visa ao lucro no seu negócio, mas o segurado não (781). Não se admite segurar um bem em mais de uma seguradora (782). O que se permite nos seguros de alto valor é que várias seguradoras dividam seus riscos (co-seguro do 761). O princípio da boa fé é aplicável a todos os contratos, mas é exigido com mais rigor nos contratos de seguro. O segurado não pode mentir e nem omitir nenhuma informação relevante à seguradora (765, ex: o carro dorme em garagem ou na rua? Quem guia mais o carro é um jovem ou um adulto?) A lei pune com a perda da indenização o segurado que viola a boa-fé, mesmo que o bem segurado tenha sido vistoriado pela seguradora (766, 784 e § único).Seguro de Pessoa Subdivide-se em: seguro de saúde seguro de vida

Pode ser feito seguro de pessoa em mais de uma seguradora (789). No seguro de saúde as indenizações serão divididas entre as seguradoras que o cliente tiver porque o objeto da indenização é a despesa comprovada. No seguro de vida (não tem preço), todas as apólices serão indenizadas. O seguro de saúde garante as condições médico-hospitalares em caso de enfermidades. O seguro de vida consiste no pagamento pela seguradora de um capital a um beneficiário do segurado, após sua morte ou invalidez permanente (792 e § único).

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O beneficiário pode ser indicado e substituído a qualquer tempo pelo segurado. O segurado paga um prêmio à seguradora que assume o risco da sua morte (796). O capital pago pela seguradora não é herança, pois não integra o patrimônio do segurado, por isso um estranho pode ser beneficiário, mesmo sem ser parente (794). O segurado não pode agravar o risco de morrer (ex: pular de pára-quedas, 768). Igualmente a seguradora não cobre acidente provocado intencionalmente pelo próprio segurado (762). Se o segurado se suicida, a seguradora pagará o capital ao beneficiário só após o prazo de carência do art. 798. Seguro de pessoas em grupo está previsto no art. 801 do CC e é usado por empresas para garantir saúde a seus funcionários.