"contrariedades" - análise do poema

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Contrariedad es Cesário Verde Trabalho realizado por: Ana Semedo, Nº 2 Catarina Afonso, Nº12 Joana Nunes, Nº21 Margarida Pereira,

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Análise do poema "Contrariedades" de Cesário Verde.

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Page 1: "Contrariedades" - Análise do poema

Contrariedades

Cesário Verde

Trabalho realizado por:Ana Semedo, Nº 2Catarina Afonso, Nº12Joana Nunes, Nº21Margarida Pereira, Nº27

Page 2: "Contrariedades" - Análise do poema

- - - - - - - - - - - - - - - -

José Joaquim Cesário Verde

Maria da Piedade dos Santos VerdeJosé Anastácio Verde

Linda-a-Pastora, Lisboa, Portugal

Lumiar, Portugal

25/02/1855 Morto - - - - - - - 19/07/1886

Page 3: "Contrariedades" - Análise do poema

Eu hoje estou cruel, frenético, exigente; Nem posso tolerar os livros mais bizarros. Incrível! Já fumei três maços de cigarros Consecutivamente. 

Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos: Tanta depravação nos usos, nos costumes! Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes E os ângulos agudos. 

Sentei-me à secretária. Ali defronte mora Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes; Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes E engoma para fora. 

Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas! Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica. Lidando sempre! E deve a conta na botica! Mal ganha para sopas... 

O obstáculo estimula, torna-nos perversos; Agora sinto-me eu cheio de raivas frias, Por causa dum jornal me rejeitar, há dias, Um folhetim de versos. 

Que mau humor! Rasguei uma epopeia morta No fundo da gaveta. O que produz o estudo? Mais duma redação, das que elogiam tudo, Me tem fechado a porta. 

A crítica segundo o método de Taine Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa Muitíssimos papéis inéditos. A imprensa Vale um desdém solene. 

Com raras exceções merece-me o epigrama. Deu meia-noite; e em paz pela calçada abaixo, Soluça um sol-e-dó. Chuvisca. O populacho Diverte-se na lama. 

Eu nunca dediquei poemas às fortunas, Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas. Independente! Só por isso os jornalistas Me negam as colunas. 

Page 4: "Contrariedades" - Análise do poema

Tema: Questão social, a humilhação e a

imagem feminina

Objetivo: Criticar a sociedade

portuguesa da segunda metade do séc. XIX

Assunto: Revolta de um poeta e vida de

uma engomadeira

Narrador: Focalização interna

Page 5: "Contrariedades" - Análise do poema

Eu/ ho/je es/tou/ cru/el,/ fre/né/ti/co, e/xi/gen/te; 12

Nem/ po/sso/ to/le/rar/ os/ li/vros/ mais/ bi/za/rros. 12In/crí/vel!/ Já/ fu/mei/ três/ ma/ços/ de/ ci/ga/rros 12 Con/se/cu/ti/va/men/te. 6

Estrutura externa - Composição

Composição: 17 quadras

Primeiros três versos: alexandrinos (12)

Último verso: hexassílabo (6)

Cesário

Verde

Page 6: "Contrariedades" - Análise do poema

Eu hoje estou cruel, frenético, exigente; ANem posso tolerar os livros mais bizarros. BIncrível! Já fumei três maços de cigarros  BConsecutivamente. A

Estrutura externa - Rima

Rima: Emparelhada: 2º e 3º versoInterpolada: 1º e 4º verso

Esquema: ABBA

Cesário

Verde

Page 7: "Contrariedades" - Análise do poema

Eu hoje estou cruel, frenético, exigente; 

Nem posso tolerar os livros mais bizarros. 

Incrível! Já fumei três maços de cigarros

Consecutivamente. 

Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos: 

Tanta depravação nos usos, nos costumes! 

Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes 

E os ângulos agudos.

Estrutura interna – 1º Parte

Primeira parte: estrofes 1 e 2Personagem predominante: sujeito poético

Assunto: Apresentação do mal estar do sujeito

Gumes: lado do fio dos objetos cortantes.

Page 8: "Contrariedades" - Análise do poema

Sentei-me à secretária. Ali defronte mora 

Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes; 

Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes 

E engoma para fora. 

Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!

Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica. 

Lidando sempre! E deve a conta na botica! 

Mal ganha para sopas... 

Estrutura interna – 2º Parte

Segunda parte: estrofes 3 e 4Personagem predominante: engomadeira

Assunto: situação da engomadeira

Botica: farmácia.

Page 9: "Contrariedades" - Análise do poema

O obstáculo estimula, torna-nos perversos; 

Agora sinto-me eu cheio de raivas frias, 

Por causa dum jornal me rejeitar, há dias, 

Um folhetim de versos. 

Que mau humor! Rasguei uma epopeia morta 

No fundo da gaveta. O que produz o estudo? 

Mais duma redação, das que elogiam tudo, 

Me tem fechado a porta. 

A crítica segundo o método de Taine 

Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa 

Muitíssimos papéis inéditos. A imprensa 

Vale um desdém solene.

Estrutura interna – 3º Parte

Terceira parte: estrofes 5 a 9*Personagem predominante: sujeito poéticoAssunto: relação entre imprensa e sujeito

Método de Taine: método de compreender o homem em três factores: raça, meio e momento.

Page 10: "Contrariedades" - Análise do poema

Com raras exceções merece-me o epigrama. 

Deu meia-noite; e em paz pela calçada abaixo, 

Soluça um sol-e-dó. Chuvisca. O populacho 

Diverte-se na lama. 

Eu nunca dediquei poemas às fortunas, 

Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas. 

Independente! Só por isso os jornalistas 

Me negam as colunas. 

Estrutura interna – 3º Parte

Terceira parte: estrofes 5 a 9*Personagem predominante: sujeito poéticoAssunto: relação entre imprensa e sujeito

Epigrama: poema que expressa apenas um pensamento principal.Deferência: consideração.

Page 11: "Contrariedades" - Análise do poema

Relação com o título

Contrariedades

Sujeito poético contrariado

Versos rejeitados

Page 12: "Contrariedades" - Análise do poema

Paralelismos – O Poeta

Trabalha curvado sobre a secretária

Fuma “três maços de cigarros consecutivamente”

A dor de cabeça, resultante dos cigarros e das “contrariedades”

Abafa “desesperos mudos”

Vê recusada a publicação dos seus versos.

Personagens: sujeito poético e engomadeira

Page 13: "Contrariedades" - Análise do poema

EstiloImpressionismo literário (apelo às

sensações visuais)

Expressão clara, objetiva e concreta

Utilização de vocabulário preciso e expressivo

Utilização frequente de recursos estilísticos

Beleza e perfeição formal (regularidade métrica, estrófica e

rimática)

Lírico realista

Transfiguração

Page 14: "Contrariedades" - Análise do poema

Recursos Estilísticos

AdjetivaçãoObjetivo: acentuar uma crítica;

melhorar perceção da realidade.Exemplo: “Eu hoje estou cruel,

frenético, exigente”

IroniaObjetivo: criticar de forma

habilidosa.Exemplo: “Mais duma redação, das

que elogiam tudo, Me tem fechado a porta.”

ExclamaçãoObjetivo: traduzir emoção.

Exemplo: “Tão lívida!”

Page 15: "Contrariedades" - Análise do poema

Recursos Estilísticos

InterrogaçãoObjetivo: reforçar a intenção

irónica.Exemplo: “O que produz o estudo?”

Advérbios expressivosExemplo: “Consecutivamente;

Insensatamente”

AliteraçãoExemplo: “Amo, insensatamente, os ácidos, os

gumesE os ângulos agudos.”

Page 16: "Contrariedades" - Análise do poema

FIM