análise do poema - não sei, ama, onde era (fernando pessoa)

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Fernando Pessoa Fernando Pessoa (Ortónimo) (Ortónimo) Manual Manual Antologia Antologia , , pág.103 pág.103

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Resumo, Análise Interna, Análise Externa deste poema de Fernando Pessoa (ortónimo).

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  • Fernando Pessoa (Ortnimo)

    Manual Antologia, pg.103

  • No sei, ama, onde era.Nunca o sabereiSei que era primaveraE o jardim do Rei(Filha quem o soubera!...).

    Que azul to azul tinhaAli o azul do cu!Se eu no era a rainha,Porque era tudo meu?(Filha, quem o adivinha?).

    E o jardim tinha floresDe que no me sei lembrarFlores de tantas coresPenso e fico a chorar(Filha, os sonhos so dores).Qualquer dia viriaQualquer coisa fazerToda aquela alegriaMais alegria nascer(Filha, o resto morrer).

    Conta-me contos, amaTodos os contos soEsse dia, e jardim e a damaQue eu fui nessa solido...

  • Poema constitudo por 5 estrofes: quatro quintilhas e uma quadra.

    Rima cruzada, excepo dos versos 19 e 20 nos quais a rima emparelhada, como se comprova pelo esquema rimtico:

    ababa cdcdc efefe ghghh ijij

    Mais alegria nascer(Filha, o resto morrer). (vv.19-20)

    Anlise externa

  • Verifica-se a existncia de rima rica em todo o poema excepto na terceira estrofe e nas rimas entre os verso 17 e 19, 19 e 20 e 21 e 23.

    Anlise externaQualquer dia viriaQualquer coisa fazerToda aquela alegriaMais alegria nascer(Filha, o resto morrer).

    Conta-me contos, amaTodos os contos soEsse dia, e jardim e a damaQue eu fui nessa solido...Classe gramatical: VerbosClasse gramatical: Nomes

  • Os versos so masculinos e femininos alternadamente, comeando cada estrofe sempre por um do tipo feminino, verificando-se apenas uma excepo a esta ordem nos ltimos dois versos da quarta estrofe.

    Anlise externaQualquer dia vi/ri/a (F)Qualquer coisa fa/zer (M)Toda aquela a/le/gri/a (F)Mais alegria nas/cer (M)(Filha, o resto mo/rrer). (M)

  • composto por hexasslabos nas quatro primeiras estrofes e, na ltima, de dois hexasslabos, um octosslabo e uma redondilha maior (heptasslabo).

    Anlise externaCon/ta/-me /con/tos, /a/maTo/dos/ os /con/tos/ soE/sse/ di/a, e /jar/dim/ e a /da/maQue eu/ fui/ ne/ssa/ so/li/do...

  • A aco do poema decorre sob a forma de um dilogo entre um sujeito potico feminino e a sua ama.A ama manifesta-se atravs de versos parentticos, que constituem o final de cada estrofe excepo da ltima.Podendo-se considerar em alternativa que o dilogo se d apenas na intimidade do eu lrico, que conversa interiormente com uma espcie de conscincia, a quem se abre e de quem gostaria de receber respostas desejadas.Anlise interna

  • O poema construdo base de sonhos: evoca-se o universo simblico dos contos infantis, dos reis e das princesas, como se comprova pelas seguintes passagens:E o jardim do rei . . . (v.4);Se eu no era a rainha(v.8); Esse dia, e jardim e a dama(v.23)

    Anlise internaExpressa-se a saudade de um tempo de felicidade (poca da infncia).

    Remete para uma das temticas da poesia de Fernando PessoaA nostalgia da infncia

  • Verifica-se ainda a presena de uma outra temtica de Fernando Pessoa neste poema:A dor de pensar, presente quer no discurso do sujeito potico quer no discurso parenttico da sua ama.Penso e fico a chorar(Filha, os sonhos so dores).(vv. 14-15)Encontra-se tambm, atravs do discurso da ama a referncia inevitabilidade da morte: (Filha, o resto morrer). (v.20)

    Anlise interna

  • Uma princesa, num Jardim de Primavera, olha o cu azul e sente que est tudo bem com o mundo (o uso do imperfeito do indicativo nestas referncias, jardim, cu e flores parece indicar um desejo de continuidade do passado no presente). A cena apresenta serenidade, como convm numa histria que se conta a uma criana. O jardim est cheio de flores e toda a cena faz o sujeito potico chorar apenas por a imaginar, porque uma cena ideal, que no pode ser real (sendo que isso mesmo que a ama lhe indica, que "os sonhos so dores"). Resumo do poema

  • Os contos que a ama lhe contava eram isso mesmo, cenas ideais, que se opem ao que era para ele ento a sua realidade presente. A interpelao final que ele faz ama, pedindo-lhe: "Conta-me contos, ama...", quase um pedido de ajuda, para ele conseguir fugir ao presente, para se refugiar nesse passado de criana, onde tudo era mais fcil, mais simples, onde ele se poderia imaginar nesse jardim abandonado, sem problemas, sem preocupaes.

    Resumo do poema

  • Claramente o poema pode resumir-se como sendo um dos poemas ortnimos que se insere no tema da nostalgia da infncia. A negatividade, o no acreditar no presente, a reflexo dura sobre esse mesmo presente e a colocao da infncia num plano mais elevado, so tudo marcas disso.Concluso

    *