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Posted on May 22, 2009

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Trem de ferro Anlise de poema Manuel BandeiraCurtir Conf 0 Tweet 5 Submit

Caf com po Caf com po Caf com po Virgem Maria que foi isto maquinista? Agora sim Caf com po Agora sim

http://www.literaturaemfoco.com/?p=135[01/04/2012 12:11:08]


Caf com po Voa, fumaa Corre, cerca Ai seu foguista Bota fogo Na fornalha Que eu preciso Muita fora Muita fora Muita fora O.. Foge, bicho Foge, povo Passa ponte Passa poste Passa pasto Passa boi Passa boiada Passa galho De ingazeira Debruada Que vontade De cantar! O Quando me prendero No canavi Cada p de cana Era um oficia o Menina bonita Do vestido verde Me d tua boca Pra mat minha sede o Vou mimbora voou mimbora No gosto daqui



Nasci no serto Sou de Ouricuri o Vou depressa Vou correndo Vou na toda Que s levo Pouca gente Pouca gente Pouca gente O tema de Manoel Bandeira Trem de Ferro, uma imitao sonora de um trem em movimento. Sua riqueza est entrada no ritmo e na sua musicalidade baseada na mtrica, na aliterao e na assonncia. Alm de incluir trs canes em seu interior (o, o, o). O ritmo do trem marcada pelo nmero de slabas poticas do verso, quando est indo veloz e h trisslabos, quando perde velocidade possui quatro ou cinco slabas poticas (caf/po). A influncia do modernismo j estava presente nesse poema; o rompimento com amarras poticas, ousadia de versos livres e menos rimados, o uso da ironia e o senso crtico. Busca a cultura popular, sobretudo a nordestina, fazendo citaes de cantigas antigas e elementos do folclore brasileiro como embolada, cordel, repente e cantiga de roda esto no centro deste poema. E como se fosse brincadeira de roda autor nos convida a retornar ao mundo ldico. Como mostra uma cantiga cujo o nome Trem de Ferro. O trem de ferro quando sai de Pernambuco vai fazendo vucovuco at chegar no cear Rebola pai, rebola me, rebola filha eu tambm sou da famlia tambm quero rebol Um poquim de coca cola, um poquim de guaran pra refresc Minha me me ps na escola pra aprende o b-a-ba A danada professora me ensinou a namora



Sete e sete so quatorze com mais sete vinte e um Tenho sete namorados mas no gosto de nenhum Cada vez que beijo um Do um tapa no bumbum A linguagem coloquial e interiorana no poema muito marcante como nos exemplos a seguir : prendero/ prenderam, canavi / canavial, ofici/ oficial, mat/matar, mimbora/ embora. As imagens fugidas que passam pela janela do trem e que so percebidas por um eu-lrico infantil e ingnuo aumenta mais a riqueza do poema. O livro Estrela da manh considerado por muitos autores um livro simples, lrico, emotivo, humilde, de versos surrealista, a melanclico e com a desiluso de viver.Algumas dessas caractersticas tambm podem ser atribudas a esse poema. A ligao que o poema tem com a realidade do pas naquela poca (1936) de suma importncia consider-la para se fazer uma interpretao mais profunda do texto. O autor pode ter sido influenciado a colocar o ttulo de Trem de Ferro, pois, na dcada de 30 o mesmo teve seu auge e tambm era o meio de transporte e de comunicao mais utilizado . A diverso dos lugarejos era ver o trem passar. Durante a Revoluo de 1932 uma multido se aglomerava na estao para ver os prisioneiros. Quando o trem parava as pessoas se aproximavam levando mantimento ou perguntando de algum amigo ou parente. O trem foi importante para re-insero no desenvolvimento econmico e social do pas. Desde 1532 quando foram plantadas as primeiras mudas de cana de acar no Brasil em Pernambuco, j encontrava condies favorveis para o plantio: clima, rios perenes, solo de massap. A produo de cana de acar foi muito forte no perodo de 1930-1950, pois com a crise de 29 a safra do caf caiu, e com isso houve um interesse pela cana de acar e o algodo, e



havia mo de obra em abundncia e barata. Atravs destes requisitos houve uma modernizao, pois os estados financiaram pesquisas. No final do sc. XVI, esse estado j possua mais de sessenta engenhos e em pouco tempo o acar brasileiro dominava o mercado europeu. O bom desempenho canavieiro pode ser observado ainda em 1936 poca do poema, e resulta num grande xodo para vrias cidades. A mo de obra era quase escrava, o trabalhador era submetido a uma extensa e cansativa jornada de trabalho, o pagamento muitas vezes, dava somente para pagar suas reifees. O trabalhador encontrava-se preso, sem esperana de retorno para sua cidade natal. Quando me prendero no canavi. Ironicamente anos antes o Brasil passou por uma srie de aprovao de leis trabalhista como regulamentao do trabalho feminino e infantil, descanso semanal remunerado, frias remuneradas e jornada de trabalho de oito horas dirias. O canavi no poema pode ser comparado a uma cadeia onde cada p de cana um ofici, reafirmando a idia de priso A linguagem simples, opaca chama ateno sobre si. A escolha das palavras, dos sons e das repeties possibilita ao leitor uma interpretao mais vvida do contedo. O autor marca com trs versos repetidos os tempos do poema seu incio com os versos : Caf com po/ Caf com Po/ Caf com po o meio da viagem se d com a seguinte repetio Muita fora/ Muita Fora/Muita Fora e o fim da viagem com Pouca gente/Pouca gente/Pouca Gente Quanto a pontuao, Manuel Bandeira no usa de nenhum ponto final, como se a viagem no parasse, o trem est sempre andando por isso a predominncia de reticncias que ao total so seis Na primeira estrofe no h nada no verso caf com po que



imediatamente direcione o pensamento a um trem, no h mesmo qualquer referncia direta. No entanto, a repetio desse verso produz uma seqncia de sons oclusivos explosivos, que em alternncia com sons fricativos se assemelha ao barulho proveniente do deslocamento de uma locomotiva sobre trilhos. De mesma forma, h em outros versos uma srie de sons consonantais (aliteraes) capazes de imprimir leitura uma cadncia que sugere a idia de deslocamento em diferentes velocidades. A repetio de muita fora, por exemplo, se d em um ritmo de leitura mais lento, como se representasse o deslocamento por um trajeto elevado, da a necessidade de mais fogo na fornalha. J as ocorrncias de passa ponte/ passa poste/ passa pasto, entre outros transmite a idia de um deslocamento mais veloz foi retomado e o trem passa ligeiramente pela paisagem. Ainda explorando o mbito da sonoridade, figura com certa freqncia no poema.a repetio de sons voclicos que parecem reproduzir, quase como onomatopias, um apito de vapor os versos o.. nos quais o prprio arredondamento dos lbios necessrio emisso do som, lembra um movimento de sono. Alm dos aspectos fonticos, existe toda uma seleo vocabular, sobretudo na 3 e 4 estrofes, que alm de conferir um aspecto de cantiga e folclore, capaz de transportar o pensamento a uma paisagem interiorana, rural na qual um trem costuma ser de grande valia. J na quinta estrofe quando deparamos com o verso que vontade de cantar traduz a vida simples do eu-lrico e a satisfao do regresso. Podemos observar a presena da personificao nos seguintes versos : Menina bonita do vestido verde/ me d tua boca /pra mat minha sede refere-se a prpria cana que era usada litralmente para matar a sede,de ingazeira / debruada ingazeira uma fruta e o autor coloca como se fosse uma



mulher. Em passa boi / passa boiada observamos a gradao. Existe tambm a metfora outra figura de linguagem: cada p de cana/ era um oficia. A onomatopia tambm est presente quando o autor coloca o o ele esta indicando a imitao do som do trem. Na ltima estrofe assim como trem de ferro, o eu lrico tambm tem pressa de chegar Vou depressa/Vou correndo/Vou na toda dando a idia de velocidade e continuidade cor - ren do. Porm, os ltimos versos pouca gente/ pouca gentenos remete a um sentimento de desiluso e decepo, a entonao enfraquece como se o trem fosse parar mas as reticncias nos levam acreditar que ainda existe continuidade. Que s levar pouca gente deduz-se que seja de um trem de carga. O trem foi cantado em prosa e verso. Pesquisando sobre este poema descobrimos que Tom Jobim o musicou em 1986 para o disco Antnio Brasileiro. E encontramos mais uma msica onde o trem foi motivo principal e sempre com a idia de ir e voltar um movimento constante nunca finalizado como a prpria vida e o poema de Manuel Bandeira. ENCONTROS E DESPEDIDAS (Milton Nascimento e Fernando Brant) Mande notcias do mundo de l diz quem fica Me d um abrao, venha me apertar t chegando Coisa que gosto poder partir sem ter planos Melhor ainda poder voltar quando quero Todos os dias um vai e vem a vida se repete na estao Tem gente que chega pra ficar Tem gente que vai pra nunca mais



Tem gente que vem e quer voltar Tem gente que vai e quer ficar Tem gente que veio s olhar Tem gente a sorrir e a chorar E assim chegar e partir so s dois lados da mesma viagem O trem que chega o mesmo trem da partida A hora do encontro tambm despedida A plataforma dessa estao a vida desse meu lugar a vida desse meu lugar a vida Leia tambm:

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11 THOUGHTS ON TREM DE FERRO ANLISE DE POEMA MANUEL BANDEIRA

NH on April 6, 2010 at 1:24 pm said:

Excelente site. Queria deixar tambm o link do meu site onde fao tambm anlises de poemas de Fernandohttp://www.literaturaemfoco.com/?p=135[01/04/2012 12:11:08]


Pessoa: http://umfernandopessoa.com/analisepoemas.htm Abrao, Nuno.

Alvaro Rexs on May 5, 2010 at 4:05 pm said:

Duas consideraes: 1 O nome correto Caatinga e no catinga. 2 A msica O Trem Maluco e no o Trem de Ferro e ele faz vuco-vuco ao invs de tchucotchuco. Canto essa msica desde de pirralho aqui em Recife! No mais, tudo ok! abraos!

literatura em foco on May 5, 2010 at 4:33 pm said:

Obrigado, lvaro, pelas correes. J fizemos as modificaes no texto que foram apontadas por voc. Obrigado pela visita! Abraos!

carolina victoria on May 12, 2010 at 12:23 pm said:

olha o trem de ferro legal



Lucas Feat on July 14, 2010 at 1:27 pm said:

Reza a lenda que Raul Seixas inspirou-se neste poema para compor O Trem Das 7, que trata da temtica da morte, vinda e sendo observada como um trem calmamente em movimento.

michele de almeida carneiro on July 26, 2011 at 8:44 pm said:

bom gostei muito do poema trabalhei com ele muito na escola esse e um poema muito enteresante gostei muito e queria mandar um beijo para todos os profesores e alunos da escola estadual prof esmeralda becker freire de carvalho

rene on August 29, 2011 at 7:08 pm said:

eu adorei tren do ferro

pamela on September 22, 2011 at 9:35 pm said:

oi gotei muito do texto

literatura em foco on September 23, 2011 at 5:14 pm said:

Obrigado!



Cafe POS on November 21, 2011 at 4:11 am said:

Im extremely inspired along with your writing abilities and also with the format to your weblog. Is that this a paid subject or did you customize it your self? Anyway keep up the nice quality writing, its rare to peer a great weblog like this one today..

Alexander Dias Feij on March 31, 2012 at 2:38 am said:

Muito pertinente a anlise, apenas gostaria de refernciar a msica Maria Fumaa, da dupla Gacha Kleiton e Kledir, bem como o contexto sociointeracional da cano e musicalidade contrastiva com a esttica do poema.Considerar ainda o contraste na intertextualidade e nos traos de historicidade, e da esttica (do ponto de vista sonoro), no que tange a paixo e a nostalgia, pelas linha ferreas do interior do RS, as quais passaram pelo mesmo apogeu e decadncia das linhas vislumbradas do NE de |Manoel Bandeira.

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