cesário verde - contrariedades

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Contraried ades Cesário Verde Lisboa, 25 de Fevereiro de 1855 — Lumiar, 19 de Julho de 1886 Escreveu para Jornais, destacando-se ‘’Branco e Negro’’ e ‘’O Occidente’’ Em 1877 começou a ter sintomas de tuberculose, doença com que tinham morrido os seus irmãos. Estas mortes levaram-no a escrever o poema ‘’Nós’’, poema mais longo de Cesário Verde, pois tem 128 estrofes. Não resistindo à Tuberculose, falece em 1986. Um ano depois, Silva Pinto (amigo que conheceu na

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Trabalho sobre o poema Contrariedades

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Page 1: Cesário Verde - Contrariedades

Contrariedades

Cesário Verde

• Lisboa, 25 de Fevereiro de 1855 — Lumiar, 19 de Julho de 1886

• Escreveu para Jornais, destacando-se ‘’Branco e Negro’’ e ‘’O Occidente’’

• Em 1877 começou a ter sintomas de tuberculose, doença com que tinham morrido os seus irmãos.

• Estas mortes levaram-no a escrever o poema ‘’Nós’’, poema mais longo de Cesário Verde, pois tem 128 estrofes.

• Não resistindo à Tuberculose, falece em 1986.

• Um ano depois, Silva Pinto (amigo que conheceu na faculdade) publica ‘’O livro de Cesário Verde’’, compilando nele todos os poemas de Cesário, sendo esta a única obra do escritor.

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Análise Formal:

•17 quadras

•Versos com 12 sílabas métricas excepto o último de cada quadra que é hexassilábico.

Análise Formal:

•Rima emparelhada no 2º e 3º verso. Interpolada no 1º e 4º.

•Esquema rimático:ABBA

Page 4: Cesário Verde - Contrariedades

O Poema:

Tema: A humilhação de que

o sujeito e a engomadeira são

vítimas.

O Poema:

Assunto: Crítica a uma sociedade

desumana, corrupta, injusta; que é alheia ao

que acontece em seu redor: os doentes são

abandonados e esquecidos, tal como os poetas (embora noutra

dimensão)

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Divisão do Poema:

•1ª Parte: 1ª e 2ª estrofes

•2º Parte: 3ª e 4ª estrofes

•3ª Parte: 5ª a 12ª estrofes

•4ª Parte: 13ª a 14ª estrofes

Divisão do Poema:

•5ª Parte: 15ª e 16ª estrofes

•6ª Parte: 17ª estrofe

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Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;Nem posso tolerar os livros mais bizarros.Incrível! Já fumei três maços de cigarrosConsecutivamente.

Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:Tanta depravação nos usos, nos costumes!Amo, insensatamente, os ácidos, os gumesE os ângulos agudos.

Primeira Parte: (estrofes 1 e 2)

Personagem predominante: Sujeito poético

Dá-nos a conhecer o mal estar do sujeito.

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Segunda Parte: (estrofes 3 e 4)

Personagem predominante: Engomadeira

Retrata a situação da engomadeira tuberculosa.

Sentei-me à secretária. Ali defronte moraUma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentesE engoma para fora.

Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.Lidando sempre! E deve conta à botica!Mal ganha para sopas...

Page 8: Cesário Verde - Contrariedades

Terceira Parte: (estrofes 5 a 12)

Personagem predominante: Sujeito poético

Relação tempestuosa entre a imprensa e o sujeito.

O obstáculo estimula, torna-nos perversos;Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,Um folhetim de versos.

Que mau humor! Rasguei uma epopeia mortaNo fundo da gaveta. O que produz o estudo?Mais uma redacção, das que elogiam tudo,Me tem fechado a porta.

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A crítica segundo o método de TaineIgnoram-na. Juntei numa fogueira imensaMuitíssimos papéis inéditos. A ImprensaVale um desdém solene.

Com raras excepções, merece-me o epigrama.Deu meia-noite; e a paz pela calçada abaixo,Um sol-e-dó. Chuvisca. O populachoDiverte-se na lama.

Eu nunca dediquei poemas às fortunas,Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas.Independente! Só por isso os jornalistasMe negam as colunas.

Receiam que o assinante ingénuo os abandone,Se forem publicar tais coisas, tais autores.Arte? Não lhes convém, visto que os seus leitoresDeliram por Zaccone.

Um prosador qualquer desfruta fama honrosa,Obtém dinheiro, arranja a sua "coterie";E a mim, não há questão que mais me contrarieDo que escrever em prosa.

A adulação repugna aos sentimento finos;Eu raramente falo aos nossos literatos,E apuro-me em lançar originais e exactos,Os meus alexandrinos...

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Quarta Parte: (estrofes 13 e 14)

Personagem predominante: Engomadeira

Descreve-nos o drama da engomadeira abandonada

E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso!Ignora que a asfixia a combustão das brasas,Não foge do estendal que lhe humedece as casas,E fina-se ao desprezo!

Mantém-se a chá e pão! Antes entrar na cova.Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente,Oiço-a cantarolar uma canção plangenteDuma opereta nova!

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Quinta Parte: (estrofes 15 a 16)

Personagem predominante: Sujeito poético

Assistimos a uma conformação irónica do sujeito.

Perfeitamente. Vou findar sem azedume.Quem sabe se depois, eu rico e noutros climas,Conseguirei reler essas antigas rimas,Impressas em volume?

Nas letras eu conheço um campo de manobras;Emprega-se a "réclame", a intriga, o anúncio, a "blague",E esta poesia pede um editor que pagueTodas as minhas obras...

Page 12: Cesário Verde - Contrariedades

Sexta Parte: (estrofe 17)

Personagem predominante:Sujeito poético e engomadeira

Estabelece um paralelismo entre a realidade de ambas as personagens.

E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?Vejo-lhe a luz no quarto. Inda trabalha. É feia...Que mundo! Coitadinha!

Page 13: Cesário Verde - Contrariedades

Recursos Estilísticos:

ADJETIVAÇÃO: (verso 1 e 2 da 1ª estrofe; verso 1 da 2ª estrofe; Verso 1 e 2 da 4ª estrofe).

IRONIA: (estrofe 6, versos 3 e 4; estrofe 10, versos 3 e 4; estrofe 17)

EXCLAMAÇÃO: (estrofe 2, verso 2; estrofe 4, versos 2 e 3; estrofe 14, versos 3 e 4; estrofe 17, verso 4 )

Recursos Estilísticos:

INTERROGAÇÃO: (estrofe 6 , verso 2; estrofe 10 verso 3; estrofe 13, verso 1; estrofe 17, versos 1 e 2)

ALITERAÇÃO: “Amo, insensatamente, os ácidos, os gumesE os ângulos agudos.”

SIMBOLISMO: (estrofe 4, versos 1 e 2; estrofe 8, versos 2, 3 e 4)

Page 14: Cesário Verde - Contrariedades

Beatriz Barbosa nº4

11ºB