análise poema the raven

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10 Análise de quatro traduções do poema The Raven de Edgar Allan Poe Adriano MAFRA Munique Helena SCHRULL Resumo A presente investigação propõe uma análise do poema The Raven (1845) do escritor norte-americano Edgar Allan Poe. Para fazê-lo, como ponto de partida, toma-se quatro traduções realizadas em língua portuguesa por Machado de Assis (1883), Fernando Pessoa (1924), José Lira (1995) e Vinícius Alves (1999). Privilegiou-se os pólos de chegada, evitando o confronto com o poema “original”, que não se objetiva eleger uma tradução como sendo a melhor, mas apontar características próprias a cada um dos novos poemas. Palavras-chave: The Raven, Tradução, Análise de tradução Résumé On propose, dans cette recherché, une analyse du poème The Raven (1845) d’Edgard Allan Poe (1809- 1849). Pour ce faire, on part de quatre traductions réalisées en portugais : Machado de Assis (1883), Fernando Pessoa (1924), José Lira (1995) e Vinícius Alves (1999) On a souligné les quatre textes d’arrivé de façon à éviter la confrontation avec le texte dit “original”, une fois que le but n’est pás d’élir une traduction comme étant la meilleur, mais tout simplement mettre en évidence quelques caractéristiques propres à chaque nouveau poème. Mots-cléfs : Le Corbeau, Traduction, Analyse de la traduction. INTRODUÇÃO Desde a sua primeira publicação, em 29 de janeiro de 1845, The Raven fomentava indagações tanto do público quanto da crítica literária em razão dos efeitos provocados pelo excesso de aliterações, pelo jogo de sons de lugares incomuns criados por Edgar Allan Poe (1809-1849) e que geravam uma aura de mistério, entre os quais as expressões que retratam o horror. O clima de perenidade amorosa, de angustiante saudade e de cruel fatalismo, traços que compõem o tema central do poema (BARROSO, 1998) logo atraíram novos olhares, tanto a partir da obra em sua língua original, quanto através de suas diversas recriações para várias línguas por meio de suas traduções. Trata-se de uma tarefa bastante complexa em se tratando das várias composições linguísticas e conceituais expressas no poema, marcado por seus jogos prosódicos, rítmicos, lexicais. The Raven, apesar de apresentar componentes de grande complexidade, serviu de fonte para recriações em vários estilos, tal como poderá ser visto nas páginas que seguem, rompendo inclusive as fronteiras do campo das relações interlinguísticas para ser transposto para outras modalidades semióticas, como por exemplo, o cinema (The Crow, 1994). Também foi fonte para a composição de histórias em quadrinhos e até mesmo abordado no seriado televisivo Os Simpsons (1990) sob forma de humorística. No que tange a sua recepção em outros idiomas, foi singularmente através das traduções que The Raven alcançou seu público, sua notoriedade e Edgar Allan Poe, reconhecimento. Os primeiros a terem contato com a obra de Poe foram os franceses, por meio das divulgações que Charles Baudelaire (1853) e Stéphane Mallarmé (1888) fizeram em língua francesa. A partir de suas traduções, The Raven lançou-se em voos por outros territórios, tendo em vista a hegemonia do francês naquele século. Em língua portuguesa, as primeiras traduções de Edgar Allan Poe evidentemente sofreram as influências das novas tendências literárias em voga na França daquele período. Baudelaire e Mallarmé inclusive registraram apreciações importantes sobre aspectos

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10 Anlise de quatro tradues do poema The Raven de Edgar Allan Poe Adriano MAFRA Munique Helena SCHRULL Resumo A presente investigao prope uma anlise do poema The Raven (1845) do escritor norte-americano Edgar Allan Poe. Para faz-lo, como ponto de partida, toma-se quatro tradues realizadas em lngua portuguesa por Machado de Assis (1883), Fernando Pessoa (1924), Jos Lira (1995) e Vincius Alves (1999).Privilegiou-seosplos dechegada,evitandoo confronto comopoemaoriginal, jqueno se objetivaeleger umatraduocomosendoa melhor,masapontarcaractersticasprpriasacadaum dos novos poemas. Palavras-chave: The Raven, Traduo, Anlise de traduo Rsum Onpropose,danscetterecherch,uneanalysedupomeTheRaven(1845)dEdgardAllanPoe(1809- 1849). Pour ce faire, on part de quatre traductions ralises en portugais :Machado de Assis (1883), Fernando Pessoa (1924), Jos Lira (1995) e Vincius Alves (1999) On a soulign les quatre textes darriv de faon viter la confrontation avec le texte dit original, une fois que le but nest ps dlir une traduction comme tant la meilleur, mais tout simplement mettre en vidence quelques caractristiques propres chaque nouveau pome. Mots-clfs : Le Corbeau, Traduction, Analyse de la traduction. INTRODUO Desde a sua primeira publicao, em 29 de janeiro de 1845, The Raven j fomentavaindagaestantodopblicoquantodacrticaliterriaemrazodosefeitos provocadospelo excesso dealiteraes,pelo jogo desonsdelugares incomuns criados por Edgar Allan Poe (1809-1849) e que geravam uma aura de mistrio, entre os quais as expresses que retratam o horror. O clima de perenidade amorosa, de angustiante saudade e de cruel fatalismo, traosque compemo temacentraldopoema(BARROSO, 1998)logoatraram novos olhares, tantoa partirdaobra em sualngua original, quanto atravs desuasdiversas recriaes para vrias lnguas por meio de suas tradues. Trata-se de uma tarefa bastante complexa em se tratando das vrias composies lingusticas e conceituais expressasno poema, marcado por seus jogosprosdicos,rtmicos,lexicais.The Raven, apesar de apresentar componentes de grande complexidade, serviu de fonte para recriaes em vrios estilos, tal como poder ser visto nas pginas que seguem, rompendo inclusive as fronteiras do campo das relaes interlingusticas para ser transposto para outras modalidades semiticas, como por exemplo, o cinema (The Crow, 1994). Tambm foi fonte para a composio de histrias em quadrinhos e at mesmo abordado no seriado televisivo Os Simpsons (1990) sob forma de humorstica. No que tange a sua recepo em outros idiomas, foi singularmente atravs das tradues que The Raven alcanou seu pblico, sua notoriedade e Edgar Allan Poe, reconhecimento.Osprimeirosateremcontatocomaobrade Poe foramosfranceses, pormeiodasdivulgaesque CharlesBaudelaire(1853)eStphaneMallarm(1888) fizeramem lngua francesa.Apartirdesuastradues,The Ravenlanou-se emvoos por outros territrios, tendo em vista a hegemonia do francs naquele sculo. Em lngua portuguesa, as primeiras tradues de Edgar Allan Poe evidentemente sofreram as influncias das novas tendncias literrias em voga na Frana daquele perodo. Baudelaire e Mallarm inclusive registraram apreciaes importantes sobre aspectos 11 especficos decorrentes da experincia de traduo do poema. Ambos verteram as linhas de Poe em prosa, uma vez que se julgavam incapazes de reproduzir, em lngua francesa, toda a profuso de cores, sons, rimas e efeitos gerados nas configuraes da obra original. Foiapartir datraduo deBaudelairequeTheRaven chegouaoBrasilem1883, comaversoproposta porMachadodeAssis, logo,provenienteemmaiormedidada verso francesa. Cludio Abramo, no seu ensaio intitulado Uma infelicidade Machadiana, discorre sobre as similaridades entre as produes deBaudelaire e Assis. De acordo com o autor, a verso francesa de Baudelaire contm uma grande quantidade deerrosquelogoforammultiplicadosedisseminadosemmuitasversesdopoema realizadas nas lnguas neolatinas. A traduo machadiana, portanto, soma-se a elas. Conclui Abramo (1999): Pois possvel afirmar-se, sem sombra de dvida, que a traduo doescritorbrasileiro muito maisda versofrancesa deBaudelairedoquedopoemaoriginal.Issonosedepreende de similaridades vagas, mas [...] das mesmas adies, das mesmas omisses e das mesmas palavras nos mesmssimos lugares das tradues de um e de outro. 1 Da primeira traduo em solo brasileiro aos dias atuais, muitosoutros corvos ganharam vida e grasnaram o seu fatdico nunca mais em noites agrestes, lgubres, auguraiseprofanas,propagandoemnossoidiomaoclimadehorrorrepresentadopor Edgar Allan Poe.EmPortugal,FernandoPessoa empreendeu a traduo dopoemaThe Raven em 1924. Sua verso, ao lado daquela produzida por Machado de Assis, j se consolidoucomo clssica entreostextos emlnguaportuguesa,sobretudoemrazoda notoriedade de ambos os escritores. Sete dcadas aps a traduo de Pessoa, o poeta paraibano Jos Lira lana uma proposta de traduo com caractersticas regionalistas, marcada por traos da literatura de cordel. Com a sua verso de O Corvo (1995), Lira pareceter centrado suas preocupaes, sobretudo, em tornar aobra acessvelao grande pblico,isto ,delineando-aatravsde composies expressas em nvelmenos formal. Surge ento O Corvo com uma nova roupagem: em sua verso cordelstica, concedendo nova proposta de sucesso e perpetuao do texto de Poe. Incio dos anos 2000, a vez de Vincius Alves, escritor catarinense, publicar a sua traduo do poema. Nesta investigao, sero explicitados alguns aspectos que se sobressaem em cada uma das recriaes do poema, de modo a propor reflexes sobre os diversos trajetos possveis que marcam os processos de composio. Para faz-lo, parte-se desta fonte que marcouvriasgeraeseque,acredita-se, continuarrompendobarreiras,outrora supostamente estanques. Os Tradutores Machado de Assis Teria sido fruto de deciso refletida o fato de Machado deAssis ter traduzido o poemaTheRavenem1883apartirdeumaversofrancesa.Umatraduoindiretado 1 Artigo publicado no DO Leitura (setembro de 1999), suplemento literrio do Dirio Oficial do Estado de So Paulo e disponvel on line em . 12 francs, confirmada, em razo de suas semelhanas com a traduo de Baudelaire (ABRAMO, 1999). Possivelmente, Machado deAssis traduz The Raven adaptando-o intencionalmenteaumnovocontexto,buscandobasesslidasparaaformaodeuma identidade literria nacional. Em oposio a postura servil do tradutor ao original, ainda preconizada por muitos em sua poca, Machado recria, traz tona novos elementos, incorporando em sua traduo as influncias de sua formao literria. Como bem aponta Cruz (2007), o original s passa a serassim definido a partir daexistncia de suas recriaes. Gledson (apud BARRETTO, 2007, p. 4) considera importante a empreitada de Machado de Assis em aplicar alteraes sobreo talhe do versooriginal,sobretudo para atingir mais liberdade em sua lngua. Em The Raven, Machado prope uma versificao nova,diferentedaquelaqueconsultou.Todavia, aindaatreladorigidezdeseutempo, conserva traos das prescries que pareciam ultrapass-lo sem que o percebesse. Ademais,consegueamanutenodeumritmonaturalesuficientementevariado.Para Srgio Bellei, citado por Cruz (2005), enquanto Poe escreve sobre um amante aflito pela perda da mulher amada e usa como emblema dessa situao a figura de um corvo, Machadopotencializa o quePoereduzaumapercepo mais limitada dador daperda no ser humano. Alm disso, Machado recria o poema situando o corvo como o centro da ateno, concedendo maior nfase mensagem secreta que ele teria a oferecer humanidade (BELLEI apud CRUZ, 2005). Com isso, ocorvo machadiano se abre de forma explcita s discusses psicanalticas acerca da prpria condio existencial do ser humano, suas angstias e suas inquietaes. Para Machado, traduzir corresponde a escrever (leia-se recriar). Naturalmente, parte daquilo que considera como referncia, mas exerce seu papel, mantendo sua autonomiaenquantotradutor-compositor(MASSA apudFERREIRA,p.129).EmThe Raven, por exemplo, Machado desvia-se de modo sistemtico do texto fonte, o que torna difcil aceitar que sua postura no teria sido proposital. Nas palavras de Cruz (2005), Machado deriva para o universal, logo seu projeto de traduo estaria em consonncia com as correntes atuais dos principais tericos dos estudos da traduo. Criativo, sua traduo esteve direcionada ao seu projeto de construo de uma literatura nacional. Nesta perspectiva, Machado recria, vislumbrando no horizonte o nacionalismo literrio que, segundo suas expectativas, refletiam as correntes em formao, em um Brasil marcadopor mudanas culturais. Ou ainda, comodefineFerreira(2004, p. 190), Machado de Assis, assumidamente transgressor, estaria situado na vanguarda para o entendimento ps-moderno da prtica tradutria, em que o tradutor assume suas responsabilidades e compe outro texto. O resultado conhecido: The Raven e O Corvo, textos distintos, cada um com a sua identidade prpria, sem diminuir a aceitao do pblico pela essncia conceitual e potica da obra de Poe. Fernando Pessoa Em 1924, Fernando Pessoa traduz The Raven. Segundo o prprio autor, o objetivo dessa traduo era preservar ao mximo os componentes rtmicos presentes no original. Com objetivos bem delimitados, Pessoa apresenta a sua traduo com o mesmo nmero de versos e estrofes do poema em ingls. Essa tirania da rima em ais garantida pela traduo literal do refro e que se perpetua na traduo de Pessoa no impediu ao corvo derevoarpelaslamriasdeumnarradorquechoraamortedamulheramada, aquito somentealudida: onome Lenorenem sequer pronunciado, mas asuarepresentaoe lembranas ainda minam o corao do narrador que sofre, sobretudo com a presena do corvo. 13 Para Sara Viola Rodrigues (2000), a maior virtude de Fernando Pessoa estaria em imprimir emseutexto uma cargapotica muitoprxima cargapotica dosrefres de Poe. Alm disso, a repetio de palavras e frases inteiras estabelece a cadncia do poema traduzido e se presta muito bem tarefa da construo do tom de lamento e melancolia. Oseki-Dpr (1999, p. 224) afirma que o poema, nas mos de Pessoa, ganha outro tom, alm de ser [...] completamente desdramatizado, torna-se mais geral, mais abstrato, maismoderno,pois osnomesprprios so excludosou modificados (Pallas torna-se Atena), no se atesta mais o romantismo negro e tenebroso2. Nesta traduo, algumas figuras poticas aparecem destoadas, porm nossa postura frente anlise das tradues evitar quaisquer julgamentos de valor, que seriam expressos em virtude de tendncias pessoais. Jos Lira JosLiratraduziuTheRavenem1996.Anunciaemsuatraduoqueoreferido poema a obra-prima de Poe, sendo este um dos poetas mais conhecidos no mundo literrioe noliterrio. Comrelao ao trabalho de Lira, importante sublinhar quese trata da primeira recriao em folhetos de cordel. Seu poema se destina inicialmente ao pblico leitor de cordel e por isso representa uma traduo extremamente popular, realizada, sobretudo, em dcimas de sete slabas com um vocabulrio enxuto e sem rebuscamentos.Termoseexpressesdopoemaeminglsganhamnestatraduouma nova roupagem e uma grande proximidade com a oralidade e, com isso, aproxima-se tambm da realidade vivenciada pelo leitor comum. Objetivando tornar a obra acessvel a um nmero elevado de pessoas comuns, sua traduo corrobora com a sua finalidade, ou seja, goza de ritmo gil e fcil que convida leitura e processamento das conceitualizaes do poema. Vincius Alves A experincia de Vincius Alves com o poema The Raven ocorreu, segundo ele, em certa noite tambm tempestuosa. Como um exerccio de passatempo, Alves ps-se a decifr-loe, emdoismeses,concluiusuarecriao.Emsuasmos,almdotextoem ingls,opoetacontavacomumasriedetraduesdopoema:deBaudelaireaMilton Amado.Oseu parcodomniodoingls eseusuperficialconhecimentodemetrificao possibilitaram o que Vinicius Alves chama de verso: Prefiro dizer, mais propriamente, que se trata de uma tradu-som. Mas j conhecedor da histria do poema,tomei-mede entusiasmo em tra(duz)ir (talvez fosse melhor usar o termo sonorizar) como um exerccio, este que , a meuver,umdospoemasmaissonorosdalnguainglesa(ALVES,2002,p. 43). Intencionalmente, Vinicius Alves lanou sobre The Raven um novo olhar. Buscando subsdios na Filosofia da Composio, Alves props aproximar a configurao sonora do original com sua recriao, preservando suas rimas em ore (Lenore,nevermore) atravs de selees lexicais que remetessem aeste mesmo som na 2[...] le pome change de ton sous la main de Pessoa: il est compltement ddramatis, devient plus general, plus abstrait, plus moderne, car les noms propres sont exclus ou modifis (Pallas devient Atena ), et il nest plus question de romantisme noir et tnbreux. Traduo nossa. 14 lnguaportuguesa:no meolvideidoouvido.Darimapobre emais,arrisquei-mea buscar, o mais prximo que pude, o som de Poe. Cheguei ao meu No agora [...]3. Algumas crticas apontam para a distncia que vai do j cristalizado nunca mais das tradues em lngua portuguesa para o seu vacilante no agora. Alves defende sua postura,ao afirmar queusouoseuno agora como mesmosentido queos donosde botequim utilizam o cartaz que diz fiado s amanh (leia-se fiado nunca). Neste sentido, o no agora obrigatoriamente ganha o mesmo sentido de nunca mais, j que o corvo repete somente esta expresso, impelindo assim qualquer possibilidade de o personagemterseusanseiosatendidos.Odilemadopersonagemnuncaserresolvido, ao menos, no agora. Anlises das tradues A primeira traduo (doravante T1) goza de certo prestgio por ser a primeira realizada em lngua portuguesa (1883) e tambm por ter sido lanada pelo escritor Machado de Assis; Asegundatraduo,deautoriadopoetaportugusFernandoPessoa(1924),j se tornou um clssico, muito provavelmente graas ao prestgio do escritor e poeta portugus (doravante T2); A terceira traduo escolhida (T3) de autoria do poeta Paraibano Jos Lira (1995), cujo objetivo parece consistir da busca em aproximar a obra do seu pblico leitor, propondo uma verso com caractersticas que se afinam com a cultura popular do nordeste brasileiro, mais especificamente com a Literatura de Cordel; Por fim, a ltima anlise recair sobrea traduo do poeta Catarinense Vincius Alves (doravante T4), traduzida em 1999 e publicada no ano seguinte pela Editora Bernncia em parceria com a Editora da UFSC. Ao iniciar nossas anlises, percebe-se claramente que os tradutores preferiram manter a mesma organizao da narrao conforme consta no texto-fonte: os textos partem donarrador, sonolento em meioa livros antigos, amargando a solido em seu quartoatqueouveum rudo vindodefora. Ocorvo foraaentrada pelaportaeem seguida pela janela.As lembranas damulher amada sefazem cada vez mais presentes at que o corvo, impelido pela noite fria e tempestuosa, busca abrigo sobre um busto de Palas.Loembateentreonarrador eaavenegraculminanorefroobsessivoquevai ecoar por todo o poema. Alis, em praticamente todas as tradues em lngua portuguesa,orefroNevermorefoitraduzidoliteralmentepor Nuncamais.Excetua-se, aqui, T4: T1: E o Corvo disse: Nunca mais. T2: Disse o Corvo, Nunca mais. T3: E a ave disse: Nunca mais. T4: E o Corvo disse: No agora. Noentanto,apossibilidadederecriaonemsemprefoi levadaadiante.Mesmo em trechos que permitiam uma aproximao com a cultura de chegada, a traduo 3 Idem, Ibidem, p. 46. 15 manteve-se presa aos ditames do original. Na segunda estrofe do poema, por exemplo, o poetareforaaexpectativaeolamento,julgando-seincapaz deencontrar alvioparaa dorprovocadapelamorte deLenore.Ofrioextremoemplenomsde dezembrosurge nos textos em lngua portuguesa: T1: Ah! bem me lembro! bem me lembro! Era no glacial dezembro; T2: Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro T4: Ah, perfeitamente eu lembro, foi no glido Dezembro Porm, T3 inova ao suprimir o adjetivo bleakque,de acordo com as acepes do Oxford Dictionary of English4 (desolado, sombrio, desanimador, cinzento e deprimente),nosocondizentescomoclimanomsdedezembronohemisfriosul. Vale lembrar que a literatura de cordel bastante difundida nos estados que compem a regio nordeste do pas e certamente tal adjetivo geraria estranhamento: T3: Ai, bem quisera esquecer, E no lembrar, como lembro: Era no ms de dezembro Importanteressaltarafigura femininaevocada no decorrerdo poema.Lenore,a jovem mulher morta, jaz em seu sepulcro, no entanto a sua forte presena ainda sentida naquele quarto sombrio, seja no temor causado pelo simples ressoar das cortinas ou mesmo no veludo macio da poltrona: T1: Cada brasa do lar sobre o cho refletia A sua ltima agonia. [...] Com a cabea no macio encosto, [...] Onde as tranas angelicais De outra cabea outrora ali se desparziam, T2: Naquele veludo onde ela, entre as sombras desiguais, Reclinar-se- nunca mais T3: No sof, de encosto feito Por certas mos divinais Ah! Que essas mos de veludo No tocaro no veludo T4: E a aterradora sombra prpura da cortina doentia Com suas formas a lembrar-me a fantasmal senhora [...] Ainda mais eu me reclino na poltrona que me ancora; E divago sob a luz violeta daquela que ainda me enamora, Aquela em que mais no toco, ah, No Agora! Lenore,emtrsdastraduesselecionadas,transforma-seemLenora.EmT2, o objetivodeclaradodotradutoremtraduziropoemaritmicamenteconforme ooriginal aboliu o nome da amadaem detrimento da rima. Apostando nasrimasem ais(nunca 4 (s.a). Dicionrio Oxford escolar para estudantes brasileiros de ingls. Ed. Oxford University Press, 2010. 16 mais), Pessoa desvirtua a figura potica de Lenore que sucumbe e apenas aludida. Tradutora contempornea de O Corvo, Isa Mara Lando (2003) comenta a postura daquele tradutor: Fernando Pessoa que curioso! deixa a donzela sempre "nameless" "sem nome aqui jamais. A ttulo de curiosidade, listamos os nomes mais recorrentes de Lenore em outras tradues em lngua portuguesa: Eleonora, Leonora, Lenais, Leonor e Eleonor. T1: Pela que ora nos cus anjos chamam Lenora, [...] T2: Pra esquecer (em vo!) a amada, hoje entre hostes celestiais Essa cujo nome sabem as hostes celestiais [...] Eu o disse o nome dela, e o eco disse os meus ais T3: Chamando, em vo, por Lenora, T4: A radiante presena a que os anjos chamam Lenora [...] Um dos pontos-chave do texto de Poe so as figuras poticas presentes em toda a narrativa. The Raven, com suas caractersticas de short story, apresenta uma gama bastante interessante de imagens poticas. A primeira delas, cuja representao fundamental para a obra, da ave negra que intitula o texto. O termo Raven designa uma espcie particular de corvos, a Corvus corax, conhecida por seu comportamento arisco, por sua inteligncia e agressividade. J o termo Crow designa indistintamente todas as aves desse gnero, sem particulariz-las. Da famlia dos Corvdeos, o gnero C. corax vive em reas extremas, desde o rtico at o norte da frica, passando por algumas ilhas do pacfico e certas regies do continente asitico, Amrica do Norte, Amrica Central e Europa. Apreferncia porregies isoladascomotundras,florestas conferas, alpes, montanhas e at mesmo desertos revela um fato importante para situar a ambientao do poema: a espcie no costuma se aproximar de reas residenciais, ficando a margem de cidades e zonas urbanas. Para Nuno Leito (2009), a ave em cada cultura ou situao flutuou entre a posio de venerada a insultada, de profeta a mgico, tendo por vezes o dom de se transformar em pessoas. Sua aparncia forte e seu domnio frente a outras aves motivaram as pessoas a utilizarem o corvo como mascote. As primeiras aluses registram-se no Antigo Testamento, onde a ave era tida como amiga e companheira dos primeiros santos Cristos. Por outro lado, o negror de suas plumas e os hbitos alimentares necrfagos da espcie fez com que a cultura popular acreditasse ser a ave portadora de maus pressgios, associando-a as foras do mal e a morte. Os desafios inerentes traduo poderiam iniciar aqui, visto que no temos em lngua portuguesa uma palavra que designe espcie to particular de corvo. Alm disso, apesar de sua ampla distribuio geogrfica, a espcie em questo no encontrada nas florestas tropicais que cobrem grande parte do Brasil. No entanto, o carter proftico legadoao corvo,suaastciaeonimosidadesofacilmente evidenciadosnas tradues. SegundoAbramo(1999),secapturadoaindafilhote,aavepodeaprenderareproduzir palavras, da a especulao do narrador do poema de que um antigo dono teria ensinado a dizer a palavra nevermore: T1: "Certamente, digo eu, essa toda a cincia Que ele trouxe da convivncia De algum mestre infeliz e acabrunhado T2: "Por certo", disse eu, "so estas suas vozes usuais. Aprendeu-as de algum dono, que a desgraa e o abandono 17 Seguiram at que o entorno da alma se quebrou em ais, T3: Supus que essa ave ensinada Foi por antigo patro. M sorte teve o seu dono: A ave o deixou no abandono, T4: "Um ventrloco", eu penso, "que repete a frase sonora Que aprendeu de um velho mestre num s nico semestre Como um refro a repete para ver se assim melhora Lanando um olhar mais atento ao poema The Raven, podemos pinar, em vrios momentos, um paralelismo entre os sofrimentos do narrador e aqueles momentos de horrorvividos porJeremias, impotente ante o castigo Divino aplicado cidade de Jerusalm,destrudaedesolada,eaopovodeIsrael,mercdosinvasoresdonortee condenados a um exlio de setenta anos na Babilnia. Suplica Jeremias (Jr 8:22): Porventurano hblsamo em Gileade?ou no se acha l mdico?Por que,pois, no serealizou acurada filha domeupovo?.EmTheRaven,o narrador lanaao corvoo seguinte questionamento: Is there is there balm in Gilead? tell me tell me, I implore!".Vejamos agora as splicas do narrador nas suas tradues. As referncias ao citado blsamo, como se percebe, so variadas: T1: Dize-me: "Existe acaso um blsamo no mundo?" T2: Se h um blsamo longnquo para esta alma a quem atrais!" T3: V que de bruos eu choro! D-me os ocultos sinais T4: "Existe existe o blsamo em Galaad dize-me dize-me" sem demora!" Alm do mais, a figura do busto que serve de abrigo ao corvo representa um dolo, smbolo causadorda ira do Altssimo que culmina com a expulso do povo de Israeleporextenso,dadordeJeremias(Jr.8:19):[...]Porquemeprovocaramira comassuasimagensdeescultura,comvaidadesestranhas?(grifosnossos).Ocorvo, aqui,representariaobasiliscoenviadoporDeus,mistodeave erptil,bestacapazde matar com um simples olhar: Pois eis que envio entre vs serpentes, basiliscos, contra os quais no h encantamento (Jr. 8:17). E o olhar do corvo paralisa, amedronta, causa pavor: T1:Sentia o olhar que me abrasava, T2: ave que na minha alma cravava os olhos fatais, T3:A ave de negro capuz Tem olhos da cor de fogo, T4:Tem o olhar de mil demnios que habitam os meus sonhos Ainda sobre a presena da deusa Palas, em uma das verses da mitologia grega, as deusas Palas eAtena eramamigas de infncia.Duranteumabrincadeiraemque ambas simulavam um combate, Atena acertou Palas acidentalmente, levando-a ao bito. A partirdestadata,Atena,arrependida,teriaincorporadoonomedaamigaaoseucomo forma de homenage-la, passando ento a se chamar Palas Atena (BOLEN, 1990). 18 Abramo (1999) acredita que esse fato possa ter influenciado a substituio em T2 de Palas por Atena. Em T3, a figura da deusa desaparece, conforme excertos abaixo: T1: Trepa, no alto da porta, em um busto de Palas; T2: Num alvo busto de Atena que h por sobre os meus umbrais, T3: Sobre o portal, vontade, Pousou,e ento, vontade, T4: Pousa e posa sem demora Sobre a esttua de Palas que embolora Finalizando as anlises, ressaltamos em tempo a postura de do tradutor de T1, que sevaledousodeparntesesparaadicionarinformaesaotexto.Importanteressaltar que este recurso inexistente no texto fonte. Coincidentemente, T2 lana mo do recurso no mesmo verso de T1, fazendo inclusive a adio do mesmo termo, o que sugere uma possvel consulta traduo de Machado de Assis: T1: Repouso (em vo!) dor esmagadora [...] (Disse) visita amiga e retardada T2: Pra esquecer (em vo!) a amada, hoje entre hostes celestiais Consideraes Finais Impossvel esgotar toda a riqueza presente no texto de Poe, recriado nos mais variadoserequintadssimosestilosem pocasdistintas. Cadanovatraduoperpetua a saga de um narradorque sofre porum amorque a mortej tomouem seus braos e, comosugereFres(1999),dialogainteremetatextualmentecomasoutrastraduese com o original. No entanto, os tradutores nem sempre colhem os louros por seu trabalho. Muito pelo contrrio, ficam a merc de constries externas que normalmente privilegiam autor e a obra original, quando no o organizador das edies. Informaes importantes sobre o mtodo de trabalho e a escolha do texto a ser traduzido no chegam at o leitor, o que possivelmente contribui para uma viso deturpada do que de fato seja a atividade tradutria. A esta situao, soma-se um nmero elevado de anlises prescritivas dastradues, reforando esteretipos e preconceitos acercado trabalhode quem se prope a traduzir. Almdomais,taisinformaessoessnciasparapodermosmapearaatividade de cada tradutor. Porm, quando no dispomos desse recurso, preciso recorrer ao texto traduzido para poder identificar alguma estratgia empregada. Comparar as tradues do poema torna-se ento importante no s para saber qual o resultado final que cada obra sustenta, mas tambm para delimitar o momento em que cada uma foi produzida, o perodo literrio onde estavam inseridas e a realidade de cada autor. Machado de Assis, tradutor de T1, prope sua traduo do poema em 1883, como jmencionadoanteriormente.Nesteperodo,TheRavenjhaviasidoalvodaateno de vrios tradutores, no entanto, no apresentava nenhuma verso em lngua portuguesa. Este fato, talvez, possa ter influenciado a escolha de Machado de Assispela obra em questo.Crtico,Machadodebatiaquestesqueaindahojegeramcalorosasdiscusses nareatradutolgica:aoriginalidadedatraduo,apostandonotradutorcomoautore creditando ao texto traduzido autenticidade e autonomia face ao original. Neste sentido, possvel afirmar que Machado de Assis, ao assumir tal postura enquanto tradutor, 19 insere-se na corrente contestadora da traduo, ou seja, considera a prtica como um ato interpretativo,produtordesentidosenosomenteum atodetransposiode sentidos equivalentes. Para Bellei (1987), citado por Barretto (2007), Machado estaria questionando a originalidade de um escritor e a formao de uma literatura nacional em um contexto em que inegvel a relao de dependncia com originais prvios representantesdeumatradioliterriaestrangeira.Ainda citandoBellei(1987),ano literalidade da traduo de Machado de Assistalvezno seja uma mera coincidncia. Paraoautor, hummtodo eumpropsitonaalteraofeitaporMachado nopoema original de Poe. Ele no estava traduzindo, mas sim criando outra coisa5. Possivelmente, essa no-submisso ao texto original, ao que estrangeiro estaria ligada aos interesses de consolidao de uma identidade nacional por parte daquele escritor. Sua inteno, portanto, era a apropriao da literatura estrangeira e no apenas uma mera reproduo de textos (BELLEI apud BARRETTO, 2007). J Fernando Pessoa, ao traduzir The Raven em 1924, opta por uma fidelidade ferrenha forma do original, o que altera o foco da primeira traduo em lngua portuguesa.Acredita-se queas escolhas estariam atreladas a ideiade traduo emvoga naquele perodo, poca em que os tericos, em geral escritores e intelectuais, primavam pela sacralizao do original. No incio do sculo XX, como bem aponta Lpes-Gay (2006), prevalece a ideia de que a traduo deve preservar o estrangeiro (ou o alheio) do original, consolidando uma viso totalmente elitista, j que as tradues seriam legveis somente aos leitores verdadeiramente cultos, com o mnimo de conhecimento da cultura-fonte. Neste sentido, Pessoa estaria dentre os representantes da teoria tradicional tradutria, uma vez que buscou em seu texto uma conformidade com o texto de Poe. Jos Lira, em sua traduo, mesmo resguardando elementos fundamentais presentesnotextodePoe,primoupelaculturadechegada.Substituiouprefereomitir muitas expresses, j que o seu objetivo principal consiste em alcanar o leitor comum, utilizando como meio de divulgao a literatura de cordel. Liberta-se da forma e cria novo esquema rimtico em sua traduo. Vincius Alves, tradutorde T4, define bem os objetivos de sua traduo.Tendo emmosaFilosofiadaComposio,buscaemsuarecriaootomnosom,conforme sugerePoe emseuensaio.Comisso,Alvesnoseprendeaequivalncia dolxico em seu texto, mas mantm rigorosamente o mesmo nmero de versos e recria em portugus o esquema rimtico do original. As figuras poticas e os intertextos so mantidos em T4 e um ponto importante desta traduo reside na alterao do refro (nunca mais/no agora), o qual Poe credita grande importncia na configurao do poema. Finalmente, lembramosque ao proporuma anlise dastraduesdo poema The Raven, eximiu-seaqui atarefa deelegera melhorou piortraduo,j queesta tarefa est intimamente ligada a gostos pessoais. Ao privilegiar os estudos descritivos da traduo e o modelo de anlise descritiva, a viso ultrapassa os limites dos textos, passando a enfatizar as culturas fonte e alvo e, por conseguinte, adquirindo maior relevncianoploreceptor.Evidentemente,apresentepesquisanopretendeencerrar toda a riqueza inerente ao produto mais famoso de Edgar Allan Poe, reescrito com habilidadepormuitostradutoresaolongodosanos.Modestamente,lanaram-senovos olhares para as tradues do poema, evidenciando as suas particularidades e abrindo caminho parafuturaspesquisas. Odeslocamentode pouco mais de um sculoe meio aliadoaopapeldesempenhadopeloleitor,fazcomqueOCorvoressurjacomnovas roupagens e componentes modernos a cada nova leitura. 5 There is a method and purpose in Machados desviation from Poes original. He is not translating, he is doing something else . Traduo nossa. 20 Referncias Bibliogrficas Estudos da Traduo BARRETO, Eleonora Frenkel. O original na traduo de Machado de Assis. In Scientia Traductionis.Nmero4Jun2007.Disponvelem< http://www.scientiatraductionis.ufsc.br/original.pdf> Acesso em 28 jun 2010. BATAILLE, Georges. Premiers crits - Histoire de l'il - L'Anus solaire, Vol. 11. Sacrifices Articles, 1940. CAMPOS, Haroldo de.Da transcriao: potica e semitica da operaotradutora. In OLIVEIRA, Ana Cludia de, SANTAELLA, Lcia (Org.). Semitica da literatura. So Paulo:EDUC, 1987. (Srie Cadernos PUC, 28 - p. 53-74). CRUZ, Ronald Taveira. A traduo como o segundo original. In Revista TransdisciplinardeLetras,EducaoeCulturadaUNIGRAN.Vol.1,N.2,jan-jun 2005. Disponvel em Acesso em 25 jul 2010. ECO,Umberto.Quasea mesma coisa: experincias detraduo.Trad. Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Editora Record, 2007 FERREIRA, Eliane Fernanda Cunha. 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Atua na rede municipal de ensino (SC).