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Depois de 35 anos de sólida experiência, oferecemos: Soluções legais e avançadas na sua vida comercial; Controle e racionalização da massa trabalhadora; Reacção rápida e eficiente em circunstâncias traumáticas - disputas matrimoniais, falecimento de ente queridos, acidentes de percurso, e ataques cerrados de Autoridades Reguladoras Cambridge Office Park, Cnr. Kirby and Oxford St. Bedfordview * Tel: +27 11 622 0960 * 072 881 3970 * 010 023 0824 Cell: +27 (0) 72 153 6760 * E-mail: [email protected] Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com * Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 14 DE SETEMBRO DE 2020 Suplemento Desportivo Moçambique CR7 continua a fazer história Selecção portuguesa soma e segue Helpo presta apoio a 16 102 pessoas no Norte de Moçambique páginas 9 ,10 e 11 página 4 página 4 Suplemento Desportivo “A vossa herança é parte integrante da herança colectiva sul-africana” - Paul Mashatile sobre a Comunidade Portuguesa

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Depois de 35 anos de sólida experiência, oferecemos:Soluções legais e avançadas na sua vida comercial;Controle e racionalização da massa trabalhadora;

Reacção rápida e eficiente em circunstâncias traumáticas - disputas matrimoniais, falecimento de ente queridos, acidentes

de percurso, e ataques cerrados de Autoridades ReguladorasCambridge Office Park, Cnr. Kirby and Oxford St. Bedfordview

* Tel: +27 11 622 0960 * 072 881 3970 * 010 023 0824Cell: +27 (0) 72 153 6760 * E-mail: [email protected]

Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com * Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 14 DE SETEMBRO DE 2020

SuplementoDesportivo

Moçambique

CR7 continua a fazer história

Selecção portuguesa soma e segue

Helpo presta apoio a 16 102 pessoas no Norte de Moçambiquepáginas 9 ,10 e 11

página 4

página 4Suplemento Desportivo

“A vossa herança é parteintegrante daherança colectiva sul-africana” - Paul Mashatile sobre a Comunidade Portuguesa

Page 2: Contactos: 011 496 1650/7 * seculo@oseculo.co.za * www ......2020/09/14  · A economia sul-africana, a mais desenvolvida de África, teve uma queda recorde de 51% entre Abril e Junho,

2 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 14 DE SETEMBRO DE 2020

Estou a parafrasear o Papa João PauloII – mais precisamente São João Paulo II– que afirmou “Deus dê Paz, Amor e Pãopara todos”. Era o que ele pedia para aHumanidade e sabe Deus o quanto nósprecisamos disso neste momento.

A iniciativa feita pelo Fórum Português,um banco alimentar contra a fome que an-gariou 400 toneladas de comida, é umaresposta a este mal que assola tantos mil-hares. A fome. A de não ter nenhum sus-tento, um trabalho para poder comprar umpão que seja para tentar calar o estômagodos filhos e o próprio à noite.

O antes de ir deitar e o estar na cama enão conseguir dormir por ter fome. Muitaspessoas – e ainda bem – não sabem oque isso é. Mas, o não saber quando éque será a próxima refeição nem de ondevirá, é algo que transtorna as pessoas eas leva a cometer crimes e actos dedesespero. A fome traz falta de energia,que não deixa o cérebro trabalhar emcondições logo não há concentração, nãohá energia, não há desenvolvimento.Ainda hoje, no século XXI, em Portugal –

e não é só em África – que há criançasque vão para as escolas públicas comfome. Sem tomar o pequeno-almoço esem ter dinheiro para conseguirem com-prar um bolo e um pacote de leite comchocolate que seja. Claro, a SegurançaSocial tem formas de ajuda a essas pes-soas, mas essa ajuda é magra e não con-segue suprir todas as necessidades.

Como é que se pode resolver o proble-ma? Bem, o escritor português AlmeidaGarrett escrever aos portugueses “ó ge-ração do vapor, plantai batatas!”. Isto por-que nas suas viagens por Inglaterra eleviu que a Revolução Industrial adveio daRevolução Agrícola. Claro, não é expropriar pessoas com ter-

ras cultivadas e a produzir que se vaichegar a alguma, veja-se o exemplo doZimbabwé. Mas, é sim a dar trabalho, aproduzir, a exportar bens de primeiranecessidade, criar gado de todas as espé-cies e a produzir em tal número que sus-tente o mercado interno e forneça partedo mercado externo.

É vital que a segurança e qualidade doabastecimento de água seja assegurada.Que haja electricidade em abundância eque o preço dos combustíveis sejaacessível a todos. Daqui, desta baseeconómica podemos partir para outrospatamares.

Porque o que é que adianta termos mi-nas e exportar minérios se a moeda nãovale nada, se a economia não desenvolvee se as pessoas não têm meios para com-prar comida? As revoluções nunca acon-tecem de barriga cheia!

Paz, pão e sustento para todos!

O Meu Aparo!

por Michael Gillbee

2450

Na terça-feira 8 de Setembro o governo sul-afri-cano divulgou dados que mostram que a econo-mia do país caiu 51% no segundo terço do ano,a quarta contracção seguida e maior de que háregisto, devido às fortes restrições do “lockdown”impostas no país para impedir o alastramento donovo coronavírus.

O país mais industrializado do continente africa-no foi fortemente abalado pela pandemia, com osétimo número mais alto de infecções no Mundo,apesar de ter muito menos mortes devido ao ví-rus do que outros países.

“É a primeira vez na História que a economiasul-africana contrai durante quatro terços segui-

dos”, Risenga Maluleke declarou a uma confe-rência de imprensa. O Rande caiu para o valormais baixo de sempre contra o dólar americano,para 1 dólar a dar 16, 93 randes.

Joe de Beer, membro director da StatisticsSouth Africa, afirmou que após o ajustamentopara a inflacção a economia está no mesmo vo-lume que no primeiro trimestre de 2007. A maio-ria dos sectores decaiu fortemente, exceptuandoo sector agricola, que cresceu 15,1% no segun-do terço de 2020 de Janeiro até Março, coadju-vado pela exportação de frutas e a uma precipi-tação acima da média no Inverno.

O sector mineiro decaiu 73.1%, o sector fabril74.9% e a construção 76.6%. O Produto InternoBruto (PIB) do país contraiu 17,15% face aomesmo período em 2019.

TEMPOS DIFÍCEIS

Jeff Schultz, economista no BNP Paribas, afir-mou que o impacto global da pandemia exacer-bado pelos cortes de electricidade, iriam inibir arecuperação económica. “Irá demorar muitotempo para chegarmos aos níveis pré-pan-demia”, afirmou Schultz. O governo espera que oPIB caia pelo menos 7% este ano, uma previsãopreocupante num país onde o desemprego esta-va na casa dos 30% antes do covid-19.

O conselheiro das Comunidades PortuguesasVasco Pinto de Abreu considerou que a queda de51% no PIB da economia sul-africana "é preocu-pante" para o futuro da comunidade no país.

"É preocupante até porque já havia graves pro-blemas sociais, problemas até a nível da juven-tude luso sul-africana com situações de empregono país e esta queda de 51% vai agravar aindamais a situação económica", disse à Lusa o con-selheiro português.

A economia sul-africana, a mais desenvolvidade África, teve uma queda recorde de 51% entreAbril e Junho, motivada sobretudo pela parali-sação devido à pandemia de covid-19, anuncioua agência de estatísticas do país (StatsSA).

O sector da construção civil, onde operam vá-rias firmas luso sul-africanas e portuguesas, foi omais afectado com um declínio acentuado deactividade na ordem dos 76,6%.Nove dos dez principais setores económicos do

país sofreram uma contração, de acordo com aStatsSA. A excepção positiva foi o sector agríco-la com 15,1%.

Neste sector, destaque para os agricultores Lu-so sul-africanos na província de Gauteng queabastecem 90% dos mercados municipais defrescos de Joanesburgo e Pretória (actualTshwane).

Vasco Pinto de Abreu, que é conselheiro pelaárea consular de Joanesburgo, sublinhou à Lusaque a actual situação económica agravou os pro-blemas económico-sociais e da criminalidade nopaís, nomeadamente de crimes violentos e daviolência do género, porque "as pessoas estãodesesperadas".

"É um problema grave que temos neste país ecom o isolamento a que estamos votados tam-bém com as fronteiras ainda fechadas, pior ain-da", declarou.

Questionado pela Lusa sobre a recente iniciati-va do partido de oposição Economic FreedomFighters (EFF), com assento no parlamento, emvandalizar 37 farmácias e alguns centros comer-ciais no país, na segunda-feira, devido a umanúncio de uma marca capilar estrangeira, VascoPinto de Abreu considerou que afectará o inves-timento externo no país."As companhias estrangeiras que acompanham

estes acontecimentos vão ponderar três vezesantes de investir um rande que seja na África doSul e, aliás, houve várias que cancelaram osseus investimentos no país", referiu à Lusa.

O conselheiro português sublinhou que "o EFFparece que tem roda livre para fazer o que quer",e que as manifestações do terceiro maior partidona oposição "não são controladas, a polícia nãointervém, o exército não intervém, parece quetêm carta branca para fazerem o que querem".

"O tal anúncio é de muito mau gosto, é racista,mas os fins não justificam os meios e estar a pre-judicar os trabalhadores do próprio Clicks e aempresa em si, que emprega milhares de pes-soas, não é solução para este problema", adian-tou.Na óptica de Vasco Pinto de Abreu, "a democra-

cia sul-africana está em grave risco", salientandoque "não me parece que haja uma linha de co-mando no Governo por causa dos problemasdentro do próprio Congresso Nacional Africano[no poder desde 1994] que gosta de se gladiardentro de si próprio e não olha para fora"."Para mim, é preocupante toda esta situação na

África do Sul", frisou.O conselheiro português disse ainda à Lusa que

o actual sentimento no seio da Comunidade Por-tuguesa na África do Sul, é de "partida e receiopelo futuro".

"Aquelas que podem já estão a fazer planospara se irem embora do país e os que querem fi-

car estão preocupados com toda esta situação,mas sei que há muitos que já estão a fazer pla-nos para, assim que o confinamento da covid-19termine e passe para o nível 1, se irem emborapara Portugal e outros países onde vão tentarnova vida", frisou Vasco Pinto de Abreu.Todavia, o conselheiro português disse também

que admira a solidariedade que os agricultoresportugueses, alguns já de quinta geração nopaís, demonstraram no penúltimo domingo aoentregar 400 toneladas de alimentos ao Governosul-africano para combater a fome na provínciade Gauteng."Entendo a iniciativa de solidariedade e até para

que o Governo entenda que os agricultores nãoestão contra o Governo, mas a política não mu-dou, a Lei de Expropriação de Terras está no par-lamento para ser aprovada", adiantou VascoPinto de Abreu.

No mandato de governação do Presidente CyrilRamaphosa, que substituiu Jacob Zuma em Fe-vereiro de 2018, afastado por alegada corrupção,a África do Sul entrou na segunda recessãoeconómica na segunda metade de 2019.

Situação preocupa emigrantes portugueses

Consequências do “lockdown”

Economia sul-africana caiu 51% até agora devido às restrições

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14 DE SETEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 3

PRETÓRIA

COMUNIDADE

Depois de no passado dia 29 de Agosto terinaugurado a extensão da sua lapa, de maneiraa torna-la mais moderna e funcional, e assim po-der vir a ser alugada para a realização de futurosconvívios, da nossa e outras comunidades, o seupresidente Tony Oliveira, apoiado pelos directo-res que o acompanham neste seu mandato, pro-cura por todos os meios e ao seu alcance, conse-guir receitas que lhe permitam superar as despe-sas, daí e com esse objectivo, sempre a pensarno melhor para a colectividade em rentabilidade,implementar outras medidas como as que passa-mos a descrever.Cedência no aluguer por considerado período à

“TAKEALOT” Shop Online, firma especializadacomo em termos de publicidade ali está assina-lado, em “free delivery to your door”, das instala-ções onde até há pouco funcionou a sede doSporting Clube de Pretória, que infelizmente pa-rece ter ficado pelo caminho, bem como e dadaa dimensão do seu negócio, necessitar tambémda sala contígua a essa representação leonina.

Precisamente aquela que no passado serviu deescola para aprendizagem do Português, tudoisto para um período de cinco anos renováveis,assim como com esse mesmo objectivo estar aproceder à renovação do seu pavilhão de des-portos, de maneira a poder vir a funcionar como“Multiusos” para a realização dos mais variadoseventos.

Recorda-se que este pavilhão, a quem foi dadoo nome de comendador António Braz, com a pri-meira fase inaugurada a 10 de Junho de 1998pelo então secretário de Estado de Desportos,Miranda Calha, e a segunda e última a 10 de Ju-nho de 2001, pelo secretário de Estado da Presi-dência do Conselho de Ministros, Vitalino Canase pelo embaixador de Portugal na África do Sul,Manuel Fernandes Pereira, conheceu ao longode todos estes anos, tardes e noites, para alémde emotivas disputas de torneios de futebol desalão, combates de pugilismo e de outrosgrandes eventos.

Foi no hóquei em patins que conheceu tardes enoites de glória, especialmente pelas equipas se-niores na conquista de títulos em série, chegan-do a própria selecção sul-africana da modalidadea ser formada à base dos hoquistas desta ACPP,em competições disputadas na África do Sul e noestrangeiro.

Hoje, com a chegada do “coronavírus”, o pavi-lhão, tal como outros existentes em clubes danossa comunidade, passaram receosos com osefeitos dessa pandemia a estar inactivos porcompleto, só que em Pretória, depois de ponde-rado poder vir a ser alugado para outros eventos,está com essa finalidade a proceder a algumasalterações, como a retirada de tabelas laterais eas altas redes atrás das balizas para protecçãoda assistência aos jogos de hóquei em patins, fi-

cando com isso mais amplo e airoso para festi-vais ou outras diferentes funções que ali venhama ser realizadas, já que as bancadas laterais comassentos individuais ficam intactas para acomo-dação do público.Se antes já vinha em certas alturas a ser aluga-

do para diferentes eventos sul-africanos, espera-se que depois das transformações em curso, ve-nha a ser mais pretendido para a realização deconvívios e festas sociais da mais variada or-dem, e até de importantes festivais, já que dispõepara isso de todas as comodidades inerentes,para além das descritas, de sanitários para mas-culinos e femininos, com balneários em ambosos lados e adequadas pendências para mudar deroupa, isto para além de adequadas dependên-cias preparadas para poderem funcionar de bar ecozinha.Nota-se no presidente e directores que o acom-

panham neste mandato, uma vontade férrea emultrapassar estes tempos difíceis impostos pelapandemia que desde Março último se instaloupor todo o mundo, forçando com isso encerra-mento de diferentes estabelecimentos e até devariadas empresas.

Algumas delas que provavelmente irão ficarpelo caminho, e com isso atirar para o desempre-go muitos dos empregados envolvidos nessesramos de actividade, com isso se ressentindo omeio associativo, a conhecer contrariedadesnunca pensadas, daí algumas das nossas colec-tividades e instituições, continuarem de portasfechadas e num beco sem saída se se recear opior.

Outra das dependências que continua em fun-cionamento na ACP de Pretória é o seu restau-rante, aberto diariamente para almoços, de se-gunda-feira a sábado, com dois pratos à esco-lha, um de peixe e outro de carne, e aos domin-gos com “buffet” de variada selecção da nossaboa comida, incluindo sobremesa, a par do seubar privativo.

Com pessoal competente para o poder servirem possíveis festas de aniversários e outros va-riados eventos, por aqui se vendo o empenho dequem dirige a colectividade, de por todos osmeios procurar sobreviver aos tempos gravíssi-mos causados pela pandemia, não se sabendopor quanto tempo e os efeitos devastadores quepoderão ser causados por esse gravíssimo vírusque assola todo o mundo, não se vislumbrandomelhorias em abrandamento de intensidade, daíse tornar preocupante enquanto não for desco-berta uma vacina ou outro medicamento eficazpara o poder combater.

O lema que por enquanto prevalece nos direc-tores da ACPP, é não baixar os braços, muitomenos perder a esperança, convictos que a seutempo melhores dias virão e tudo voltará à nor-malidade que se deseja, moral que lhes dá âni-mo e com esse espírito força para continuar a lu-tar.

Com a vida cada vez mais agitada, em que altu-ras há que para podermos resolver todos osmontões de problemas que as nossas activida-des nos impõem, muito especialmente paraaqueles que querem açambarcar o mundo e odia para eles em vez de vinte e quatro devia terquarenta e oito horas.

Mesmo assim talvez para alguns insuficiente,deviam em meditação chegar à lógica conclusão,que viver não passa de uma doença que o sonoalivia quem ainda consegue dormir as recomen-dadas oito horas, e em reflexão chegar à con-clusão que a nossa existência é apenas umapassagem pelo globo, e o único remédio ser amorte.

Tantas vezes pedida por pessoas gravementeenfermas, ou a contas com gravíssimos proble-mas que por mais que lutem não conseguemresolver, e o seu sofrimento os leva a desanimare perder o gosto de continuar neste mundo, daíalguns nessas circunstâncias, não aguentando apressão porem termo à vida.Vem isto a propósito dos difíceis e incertos tem-

pos que enfrentamos com a pandemia de “covid-19” que se instalou no universo a ceifar vidas emsérie, daí devermos estar em consciência prepa-rados para partir, em certos casos para algunsdos que cá ficam um alívio, especialmente paraaqueles que em vida tão mal trataram e até des-prezaram, mas para convencer quem os rodeiaalegam fingindo a sua desolação, caso para aoSanto Agostinho deixar estas palavras, “flores elágrimas são alívio dos vivos, mas não conso-lação para os que partiram”.Com o devido respeito pelo sentimento de cada

um, e sem com isto criticar a forma de cada qualexteriorizar as saudades pelos seus defuntos,julgo que em determinados casos, os exagerosflorais ou demonstrados sentimentos, não serão

para alguns, mais do que manifestações hipó-critas à intenção dos vivos.

Os mortos não falam, não sentem e não vêm, eé nestas ocasiões, perante os que assistem a es-sas lamentações, interpretá-las como injustas,falsas ou verdadeiras, e no primeiro caso, tentarcomo reabilitação fazer crer, aos que ficaram eos rodeiam, que a oferta de flores e choros pode-rão em certos casos ser interpretados comocompensação de tudo o que ingratamente e comremorsos lhes negaram em vida.

Quantos passaram meses, anos ou até a vidade costas voltadas, a odiar um seu familiar, se-melhante ou amigo? Que por qualquer coisamesquinha relegaram intencionalmente para oabandono, desprezo ou esquecimento, e depoisda morte, em funerais, perante outras pessoasque o rodeiam e lamentam o desaparecimento,ajudaram a classificar o extinto de pessoa hones-ta, respeitadora e amiga do seu amigo.

Quando essas classificações não passam dedesabafos balofos, descabidos e hipócritas, semqualquer espécie de sentimento, esquecendo-seque mediante os mandamentos da lei de Deus,se estão a condenar perlas suas próprias mãos,já que um dia terão de prestar contas a quem osjulgará.

Quem como nós vem homenageando anual-mente em dia de aniversário da sua morte, al-guém sepultado no cemitério de Zandfontein, ar-redores de Pretória, difícil de esquecer, depara,como certamente deve acontecer com tantasoutras campas deitadas ao abandono, completa-mente desprezadas, onde crescem em abundân-cia ervas daninhas e arbustos que com o andardos tempos até vão tapando os nomes de quemali repousa,.

Prova evidente de desprezo dos familiares quechoraram as suas mortes, mas que acabarampor cair no esquecimento, daí sempre que ali nosdeslocamos com essa finalidade encontramos aarmação do arranjo de flores que ali deixámos noano anterior, e prevenidos para cortar os ramosde árvores que crescem de uma vizinha, nos fa-zermos acompanhar para o efeito de tesoura depoda.

Será talvez por isso que no presente a maiorparte dos familiares que cá ficam, pensando comtoda a lógica não serem eternos, vão optandopela incineração dos seus ente queridos, guar-dando ou depositando em lugares próprios ascinzas, para com tristeza e respeito os irem re-cordando.

Com a pandemia de “covid-19” que se instalouentre nós, a gadanha da morte vai ceifando, alti-va, fria e indiferente, sem escolher ricos e po-bres, muito menos idades ou condições de vida,nem indicar o dia ou a hora que nos pode bater àporta, vai prosseguindo o seu caminho, e diantedela, ou se faz um acto de fé e se espera confi-ante na ressurreição, ou se carimba submisso oselo final de tudo, sujeitando-se sempre a conse-quências no “Além”.

Vicente Dias

ACP de Pretória procura sobreviver aos efeitos negativos provocados pelo coronavírus

Nem sempre se lamenta de boa-fé a tristeza de quem parte

Texto e fotos de Vicente Dias

ERA NESTAS INSTALAÇÕES AGORA OCUPADASPELO “TAKEALOT” QUE ANTES FUNCIONAVAA SEDE DO SPORTING CLUBE DE PRETÓRIA

ASPECTO QUE APRESENTA O PAVILHÃO DEDESPORTOS DA ACPP APÓS A REMODELAÇÃO

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4 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 14 DE SETEMBRO DE 2020

COMUNIDADE

A Comunidade portuguesa na província do Gau-teng, numa iniciativa encabeçada pelo FórumPortuguês, conseguiu angariar numa iniciativasolidária, cerca de 400 toneladas de bens ali-mentares para doar a bancos alimentares contraa fome. No Domingo 6 de Setembro, nos terre-nos da Christian Family Church na Atlas Road,Benoni juntaram-se algumas pessoas para darinício ao evento e ao movimento de angariaçãode comida. O “Food Drive” esteve disposto emforma de “U” em que por causa da pandemia deCovid-19, as pessoas poderiam vir de carro esem sair da viatura sequer, abrir as bagageiras eos voluntários das várias entidades de benefi-cência, retirar os bens e os doadores então se-guirem viagem.

As várias instituições de caridade estavam dis-postas em tendas, assinaladas com bandeiras eos nomes das respectivas entidades. O distanci-amento social foi estritamente respeitado, o usode máscaras obrigatório e as leituras das tem-peraturas corporais foram todas feitas à entradado recinto. A abrir o evento, os artistas da Portu-gal The Band entoaram os hinos nacionais dePortugal e da África do Sul.

Paul Mashatile, tesoureiro-geral do ANC estevepresente no evento e foi o convidado de honra.

“Em primeiro lugar quero agradecer ao MannyFerreirinha e à liderança do Fórum Português daÁfrica do Sul por nos terem convidado esta ma-nhã. Dá-me grande satisfação juntar-me a todosvós esta manhã ao nos juntarmos para dar umamão solidária na luta continuada contra a pobre-za, fome e necessidade no nosso país. Uma lutaagravada pela pandemia de Covid-19. Comotodos sabem, o covid-19 continua a destruir vi-das e sustento.

Está a causar a perda de empre-go a muitos,também contribuiu para o agravamento da po-breza e o alargar das desigualdades no nossopaís. Em resposta, temos de nos unir através deiniciativas como esta, para ajudar os mais vul-neráveis nas nossas comunidades que sofrerammais do que ninguém devido à pandemia. Umadas coisas que esta pandemia nos ensinou é quecomo Humanidade, estamos interligados e onosso destino está ligado e que sem os outros,estamos incompletos.

A pandemia mostrou a importância da solida-riedade humana e o significado dos valores de“ubuntu”, que nos ensinam que eu sou porque ooutro é.” Mashatile prosseguiu, “o nosso paíscontinua a combater esta pandemia, vimos vá-rios actos aleatórios de caridade por parte demuitos sul-africanos, que ajudaram os quemenos têm durante este período difícil.

O evento de hoje reflecte de várias maneirasquem somos como sul-africanos, um povo cari-doso, uma nação que se une em momentos dedificuldade e uma nação imersa nos valoreshumanitários de “ubuntu”. A essência de quemnós somos como nação, foi definida nas palavrasde Nelson Mandela que afirmou ‘a nossa com-paixão humana liga-nos, uns aos outros, não empena ou condescendência, mas como sereshumanos que aprenderam a voltar o sofrimento

de todos em esperança para o Futuro’. O Congresso Nacional Africano aprecia profun-

damente o papel essencial desempenhado pelaComunidade portuguesa da África do Sul, empromover desenvolvimento social e económicono nosso país. Durante este mês de Setembro,ao celebrarmos o mês da herança, recordamosque a sociedade sul-africana deve as suas ori-gens à fusão de muitas linhas de história e cul-turas que constituem aquilo que hoje carinhosa-mente referimos como “Nação Arco-Íris”, unidadentro da nossa diversidade. A Comunidade Portuguesa na África do Sul con-

tribuiu para a construção e constituição da Áfricado Sul moderna. De acordo com isso, a vossaherança é parte integrante da herança colectivasul-africana. Vós, enquanto Comunidade por-tuguesa, são tão sul-africanos como qualquer umde nós. A África do Sul também vos pertence. Neste dia,

quero agradecer em particular ao Fórum Portu-guês e todos os que contribuíram para esta ini-ciativa para apoiar os mais pobres e vulneráveis

dentro das nossas Comunidades durante estetempo difícil. Saudamos-vos pela vontade quetêm em fazer o que vos é possível para ajudaraqueles que continuam sem saber de onde virá apróxima refeição. Aplaudimos-vos por decidirem fazer a diferença

nas vidas dos pobres e dos vulneráveis. Agra-decemos-vos por abraçarem o espírito de “ubun-tu”. O voss, é um exemplo digno de repetição.Tomamos esta oportunidade para pedir a todosos sul-africanos para trabalharem em conjuntoem esforços para responder à pandemia decovid-19 e para lutar contra a fome, pobreza,necessidades e violência e descriminação degénero.

Precisamos de todos, como país, o nosso go-verno demonstrou que está preparado a fazer oque for preciso, sem poupar esforços, para sal-var vidas e meios de sustento. Actualmente, háesforços para revitalizar a nossa economia epara a colocar num caminho sustentável paracrescimento inclusivo. Estamos determinados aconstruir uma nova economia que não deixa nin-guém para trás, especialmente os mais pobres evulneráveis. Em conclusão, como sul-africanos jáprovámos em várias ocasiões que conseguimossuperar várias dificuldades, mais uma vez, juntosiremos emergir vitoriosos. Muito obrigado”, con-cluiu Paul Mashatile.Manuel Ferreirinha, presidente do Fórum Portu-

guês, no discurso que fez declarou que além dosdanos económicos derivados da pandemia, “osdanos sociais são muito mais graves e profun-dos. Neste país há pessoas a passarem fomesem necessidade e nós, portugueses da Áfricado Sul temos em conjunto com os nossosagricultores, lojas de frutas e vegetais, superme-rcados e outros meios à nossa disposição a pos-sibilidade de cada um, à sua medida, ajudarquem tem menos”. “Temos de pensar nas crianças e nas mulheres,

que estão a sofrer e se podermos fazer algumacoisa, assim faremos daí esta brilhante iniciati-va”, afirmou.

“Não posso deixar de agradecer aos nossosagricultores, que trabalham arduamente para nóspodermos viver, porque a nossa comida vem dealgum lado, da terra. A eles, o nosso eterno obri-

gado”, conclui Ferreirinha. Cidália Jordão Olivier,presidente da comissão de mulheres do FórumPortuguês também aludiu à necessidade dasmulheres falarem sobre o abuso sexual, violên-cia doméstica e repressão em termos de des-criminação de género, problemas também grave-mente infligidos nas crianças.Presentes estiveram o embaixador de Portugalna África do Sul, Manuel de Carvalho e o cônsul-geral de Portugal em Joanesburgo, Francisco-Xavier de Meireles. O comendador Gilberto Mar-tins também interveio na abertura do evento bemcomo Nomadlozi Nkosi, mmc da Saúde e doDesenvolvimento Social de Ekurhuleni.

No final dos discursos, Paul Mashatile, ManuelFerreirinha, a mmc da saúde e desenvolvimentosocial de Ekurhuleni, o embaixador e o cônsul-geral de Portugal e comendador Gilberto Martinse Cidália Jordão Olivier cortaram a fita simbólicapara os camiões poderem sair em distribuiçãodos bens alimentares em direcção a vários ban-cos alimentares. O evento durou o dia todo com actuações do DJ

Master KG, actuações de ranchos folclóricos por-tugueses e música dos artistas comunitários.

“A vossa herança é parteintegrante da herançacolectiva sul-africana”

“A Comunidade Portuguesa na África do Sul contribuiu para a construção e constituição da África do Sul moderna”- Paul Mashatile

Comunidade portuguesa doou 400 toneladas para bancos alimentares contra a fome

Texto de Michael Gillbee e fotos de Carlos Silva

PAUL MASHATILE

MANNY FERREIRINHA

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14 DE SETEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 5

COMUNIDADE

PORTUGUESES NO MUNDO

CIDADE DO CABO

Teve lugar em franco ambiente de confrater-nização o primeiro almoço da Academia do Ba-calhau da Cidade do Cabo, na quarta-feira, naAssociação Portuguesa, após um longo períodosem actividades devido às restrições causadaspelo coronavírus.

O almoço reuniu cerca de 70 convivas entre osquais o cônsul-geral de Portugal naquela cidade,José Carlos Arsénio. Estiveram também presen-tes o Padre Ivaldo, capelão da paróquia de StAgnes, Egídio Cardoso, conselheiro da Comuni-dade para a Madeira.

O menú constou de caldo verde, bacalhau cozi-do com grão e naatas do Céu, uma sobremesatipicamente caseira.

O tema foi dedicado à pandemia de covid19.O cônsul de Portugal usou da palavra evocan-

do as dificuldades com que a comunidade se de-bate, saudando os compadres infectados queentretanto recuperaram com sucesso. Em segui-da pediu um minuto de silêncio em homenagempóstuma pelos quatro portugueses que não re-sistiram à pandemia.

O almoço continuou em bom ambiente de soli-deriedade e nesse sentido, foram leiloados três

bacalhaus graúdos com licitação que ultrapas-saram todas as espectativas. Foram angariadosmais de 10 mil randes.A Academia do Bacalhau contribuiu com 50 ran-

des por entrada para a Associação Portuguesa,visando ajudar os custos de manutenção.

O próximo almoço está agendado para 18 deOutubro, que coincide com aniversário dos 52anos da sua existência.

Agradecimentos ao Carlos Aguiar que usou dasua classe esforço e solidariedade para o suces-so deste almoço.

Academia do Bacalhau do Cabo dedicou tema de convívio à pandemia de covid-19

Com a pandemia de covid-19 a dificultar o aces-so a serviços consulares nos Estados Unidos, lí-deres da comunidade portuguesa estão a pedirao Governo de Portugal que ajude a resolver pro-blemas exacerbados nos últimos meses.

O Conselho de Liderança Luso-Americano(PALCUS) enviou uma carta à secretária de Es-tado das Comunidades Portuguesas, Berta Nu-nes, em que expôs a situação e propôs soluções.

"Apesar de haver dificuldades com serviçosconsulares há muitos anos, no último ano vimosuma subida de pessoas a quererem obter na-cionalidade portuguesa, a quererem voltar paraPortugal ou a quererem investir numa proprie-dade ou negócio, e mais alunos a quererem estu-dar fora", disse à Lusa Angela Simões, presi-dente da PALCUS.A responsável falou de uma "tempestade perfei-

ta" criada pela acumulação de pedidos e as res-trições de viagens adicionais devido à covid-19."A situação tornou-se progressivamente pior e o

nosso conselho tem estado a discuti-la e a reco-lher dados há algum tempo", afirmou. "Este é umproblema nacional - e embora algumas áreassejam mais afetadas que outras, todas estão aregistar problemas contínuos que deviam ter sidoresolvidos muito antes da pandemia".

Na Califórnia, onde reside a maior comunidadeportuguesa do país, sobretudo açoriana, o fun-dador da associação comunitária de apoio BomSamaritano Foundation, Alcides Machado, disseà Lusa que estão contabilizadas pelo menos 580pessoas em espera, que não conseguem mar-cações no consulado-geral de São Franciscoantes do final de Junho de 2021.

"Estamos a ser completamente ignorados", dis-se Alcides Machado, que atua na zona de Hilmar,onde 45,2% da população é de origem portugue-sa (dados do City-Data). "O consulado em SãoFrancisco não atende o telefone e só por email éque os podemos contactar. As pessoas telefo-nam às organizações portuguesas a pedir auxí-lio", afirmou.

Os problemas motivaram o secretário regionaladjunto da presidência para as Relações Ex-ter-nas do governo da Região Autónoma dos Aço-res, Rui Bettencourt, a enviar uma carta à secre-tária de Estado Berta Nunes. Em causa estão pes-soas que precisam de serviços que não podemobter de outra forma, como a renovação de pas-saportes que lhes permitam viajar até Portugal.Fonte do gabinete de Berta Nunes disse à Lusa

que a carta mereceu "a melhor atenção" e que o

atendimento ao público foi retomado em Junhoem toda a rede consular, dando prioridade àsmarcações canceladas por causa da pandemia.

O consulado de São Francisco, que serve maisde uma dezena de estados, teve de reduzir acapacidade do número de pessoas que podemser atendidas no local após a reabertura, seguin-do as regras sanitárias em vigor na Califórnia.

"Era expectável que aparecessem listas de es-pera", considerou a cônsul-geral Maria João Lo-pes-Cardoso, frisando que "todas as urgênciassão atendidas e as pessoas que realmente ne-cessitam de um serviço não têm tido qualquerproblema em obtê-lo".

Disse ainda que, até Março "não existia qual-quer lista de espera no Consulado-Geral em SãoFrancisco, nem nas localidades onde são regu-larmente realizadas as permanências consulares(São José, Turlock, Tulare, Artesia e São Diego)".Estas permanências "serão retomadas logo que

seja segura a sua realização" e já foi delineado"um plano de ação" para as mesmas.

Alcides Machado, por seu lado, afirmou que"sempre houve um problema de lista de espera"e o cancelamento das permanências consularese as restrições de atendimento no consuladoagravaram a questão. "Não se deslocam a esteslugares e só podem receber umas quantas pes-soas por dia no consulado”.

Mas este problema não é de agora, é de hámuito tempo", considerou.

O líder comunitário apontou baterias ao Gover-no português, que considerou responsável pelasituação. "Há milhares de portugueses aqui foraque precisam de ser servidos".Pelo lado do consulado, a crença é de que "este

problema nos atrasos nas marcações poderáresolver-se em pouco tempo" quando for possí-vel atender mais pessoas e as permanênciasconsulares regressarem. De acordo com a côn-sul, no ano passado foram eliminadas "com algu-ma agilidade" as listas de espera que se tinhamcriado em 2018.

Noutras regiões do país, a fonte do gabinete dasecretária de Estado das Comunidades frisou oexemplo da Flórida, onde a rede foi reforçadacom permanências consulares regulares e alter-nadas entre Palm Coast e Miami. Disse tambémque, no consulado de Newark, onde se registaum grande aumento do volume de processosrecebidos por correio por causa do "Consuladoem Casa", "o atendimento presencial decorre deforma satisfatória".

A plataforma Learn European Portuguese On-line, criada pela luso-americana Sandra Cara-pinha, registou um aumento da procura desde oinício da pandemia de covid-19, numa altura emque o interesse por Portugal está a crescer.

"Acho que por haver menos coisas para fazer,as pessoas estão a tentar canalizar o seu tempoe dinheiro para coisas que provavelmente es-tavam na gaveta há algum tempo", disse à LusaSandra Carapinha. "Tenho inclusive alunos queestão a ter duas aulas por semana, pois comonão vão jantar fora têm mais dinheiro para gastara aprender português", acrescentou.Segundo a tutora, que trabalha a partir de Santa

Mónica, Los Angeles, o abalo económico provo-cado pela pandemia não teve impacto no negó-cio. "Mesmo em tempos de covid, em que aeconomia está complicada e as pessoas estão aperder empregos, eu basicamente estou no meulimite de alunos", afirmou. "Tenho muitas pes-soas a quererem aprender", reiterou.

Os alunos que procuram a tutoria e conteúdosda Learn European Portuguese Online têm perfisvariados, indo dos lusodescendentes que que-rem aprender a língua dos avós até aos norte-americanos que pretendem fazer negócios emPortugal ou emigrar.

"Não é só esse lado da comunidade portugue-sa, também há um crescente interesse por partedos americanos em Portugal, a quererem aderiraos vistos como o D7", revelou. "Há muitos ame-ricanos a quererem ir viver para Portugal e elesquerem chegar lá já sabendo um pouco da lín-gua". A tutora disse que alguns alunos começama aprender português dois anos antes de semudarem.

"Há um interesse em Portugal e isso reflete-sena aprendizagem da língua", explicou, referindoque o país "está na moda" e é uma situaçãomuito diferente da que se verificava há apenasalguns anos."Quando me mudei para aqui, em 2011, a maior

parte das pessoas não tinha uma opinião forma-da de Portugal ou sabia muito pouco", recordou."Agora, digo que sou de Portugal e as pessoasrespondem que estiveram há pouco tempo ouque vão no mês que vem", acrescentou. Háagora um conhecimento e apreço pelo país: "Derepente, Portugal começou a ser falado nosEstados Unidos, é um facto".Por ter nascido nos Estados Unidos da América

(EUA) e vivido em Portugal desde os nove anos,Sandra Carapinha é bilingue e isso ajuda no seu

trabalho. "Tento ensinar português de uma formacriativa. A minha formação em comunicaçãoajuda-me a ser uma professora diferente das out-ras", declarou.

Parte do trabalho consiste em vídeos explica-tivos com elementos visuais apelativos queCarapinha cria para o canal de YouTube, e quenos últimos meses começaram a receber maisvisualizações. "As bibliotecas aqui de Los An-geles só têm livros em português brasileiro. Porisso pensei em criar os meus próprios conteú-dos", referiu.As aulas são personalizadas para cada aluno e

incluem elementos sobre a cultura portuguesa,além da gramática.Além do pico de interesse em Portugal por parte

de norte-americanos que querem investir ouobter um visto, Sandra Carapinha também temnotado uma diferença geracional nos lusode-scendentes.

"Há muita vontade nesta nova comunidade por-tuguesa, seja segunda ou terceira geração, deaprender a língua, de se sentirem ligados aPortugal", frisou.

"Tenho alunos com ascendência portuguesaque não aprenderam a língua porque na altura,infelizmente, muitos pais achavam que os filhossó deviam falar inglês. Havia inclusive profes-sores que pediam aos pais para não ensinar",contou. "Nos últimos anos já se desmistificou obilinguismo, e agora há muitos pais que queremque os filhos comecem a aprender três ou quatrolínguas desde pequenos".

Por outro lado, o facto de Portugal estar emvoga dá uma perspetiva diferente aos lusode-scendentes. "Nota-se muito aqui nos EstadosUnidos que as pessoas falam muito sobrePortugal e há um orgulho em ser português queacaba por se mostrar no interesse em aprendera língua", apontou.

Até ao início da pandemia de covid-19, SandraCarapinha também dava aulas presenciais, maso grande crescimento da empresa tem sido‘online’. Isso permite-lhe, inclusive, ter alunos deoutras partes do mundo, como Índia e Canadá.

"O problema é que o português europeu, sendoum nicho, é difícil haver numa escola aqui emLos Angeles porque não há muitos portugueses",disse a tutora. "É muito mais fácil dar aulas‘online’, porque acabo por ter alunos do paísinteiro ou até de fora dos Estados Unidos", admi-tiu.

Líderes comunitários pedem resolução deproblemas nos serviços consulares nos EUA

Plataforma de Português 'online' regista aumento da procura durante pandemia nos Estados Unidos

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6 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 14 DE SETEMBRO DE 2020

ÁFRICA DO SUL

Isso aconteceu depois de o grupo farmacêuticoter sido atacado devido a um anúncio racialmen-te insensível publicado no seu site, nas redes so-ciais.

O anúncio, fornecido pela marca de shampooTRESemmé, incluía fotos de quatro mulheres -duas negras e duas brancas - e descrevia os ca-belos das duas negras como ‘secos e danifica-dos; 'crespo e sem brilho', enquanto as imagensque retratam o cabelo das mulheres brancas fo-ram descritas como 'cabelo fino e liso' e 'cabelonormal'.

Como resultado, o anúncio foi visto como umaameaça à dignidade racial e sugeria que “o cabe-lo dos negros é danificado e inferior ao dos bran-cos”.

Clicks respondeu prontamente à indignaçãocom as imagens retirando os anúncios das redessociais e pediu desculpas aos que se ofenderam.Posteriormente, a equipa responsável pela su-pervisão foi suspensa e o grupo prometeu apren-der com o incidente e efectuar a mudança.A TRESemmé South Africa e a Unilever também

pediram desculpas pelo anúncio.No entanto, num comunicado na noite de se-

gunda-feira (7 de Setembro), Ntshavheni disseque rejeita o pedido de desculpas dos gruposcomo "sem sentido".

“Clicks perde o ponto de que a ofensa não éapenas sobre as imagens que são insensíveis,mas o facto de que representa as opiniões deTRESemmé que são racistas e reflecte o contí-nuo enfraquecimento da beleza das mulheresafricanas e da violência que sofrem”.

“Portanto, retirar o anúncio e emitir um pedidopúblico de desculpas não pode eliminá-lo. Clicksdeve remover o produto TRESemmé das suasprateleiras como uma expressão de dissociaçãocom fornecedores que promovem marketingracista e insensível”.Ntshavheni disse que se a administração da ca-

deia leva a sério ser 'um orgulhoso cidadão cor-porativo sul-africano' e quer reparar seu 'erro',isso deve ser reflectido em medidas para colocarmais produtos para cabelo feitos por SMMEs sul-africanos para africanos nas suas prateleiras.

“A formação de diversidade e inclusão para aequipa é apenas uma gota no oceano na acçãocorrectiva e não pode ser suficiente. O Departa-mento de Desenvolvimento de Pequenos Negó-cios continua disponível para ajudar Clicks a lis-tar mais produtos para cabelos africanos feitospor SMMEs sul-africanos nas suas prateleiras. ”

‘A HORA DA CONVERSA FIADA ACABOU’

Ntshavheni disse que o tempo para a África doSul aceitar "desculpas da boca para fora sobreracismo e actos depreciativos acabou". Acres-centou que as desculpas devem ser apoiadaspor acções para construir uma sociedade não ra-cial e igualitária.

“Uma sociedade não racial e igualitária só podeser sustentada por uma economia inclusiva, querequer o empoderamento de negros, mulheres eempresas pertencentes a jovens.”

A ministra disse que o grupo Clicks deve lidarcom uma "acção correctiva tangível", promoven-do activa e visivelmente produtos para cabelosnegros que são fabricados por negros, mulherese pequenas empresas pertencentes a jovens nassuas prateleiras.

“Qualquer alegação de não racismo que sejadesprovida de acções de transformação econó-mica impactantes não pode ser aceitável.”

NÃO AO SAQUE

Numa declaração separada, o governo exortoutodos os sul-africanos a resistir à tentação de fa-zer justiça com as próprias mãos. Isso ocorre de-pois que danos significativos foram causados àslojas Clicks como parte de uma campanha doEconomic Freedom Fighters (EFF) para fechar oas lojas do grupo.Engajar-se em comportamento ilegal não é uma

forma responsável de resolver conflitos, disse.“Continuamos comprometidos com os valores

da democracia. Qualquer forma de discriminaçãoou violação dos direitos humanos por qualquermotivo não pode ser tolerada, pois prejudica oprogresso feito na construção de um país demo-crático unido”, disse o ministro na PresidênciaJackson Mthembu.

“Mesmo enfrentando a resistência de uma mi-noria, continuamos com os esforços para cons-truir uma África do Sul unida da qual todos pos-samos nos orgulhar. Ao lançarmos o Mês do Pa-trimónio hoje, somos lembrados das muitas cul-turas, tradições e idiomas que nos tornam quemsomos.

“No espírito de coesão social, vamos todos cui-dar e respeitar uns aos outros, independente-mente de cor, origem, sexo e religião.”

Em Abril de 2020, os dados do grupomostravam que tinha 881 lojas em todo o país,empregando 15.347 pessoas.

De acordo com a Reuters, 445 lojas foram fe-chadas na segunda-feira por temer actos de van-dalismo, enquanto sete foram danificadas emmanifestações lideradas pelo EFF.

EFF PREPARA-SE PARA FECHAR O GRUPO CLICKS NA ÁFRICA DO SUL

O Economic Freedom Fighters (EFF), organizouna segunda-feira 7 de Setembro, uma manifes-tação de protesto visando encerrar as lojas dogrupo farmacêutico Clicks em todo o país, es-tando contra o anúncio racialmente insensívelpublicado nas redes sociais.

O EFF disse que o anúncio abalou a dignidadedos negros sul-africanos e sugeriu que "o cabelodos negros está danificado e é inferior ao dosbrancos".

Fotos publicadas nas redes sociais mostrammembros do partido de Julius Malema a protes-tar dentro e fora das lojas em todo o país.

Outra série de imagens mostra também algu-

mas lojas fechadas e o pessoal montando segu-rança do lado de fora.

Relatórios não confirmados também indicamque os danos e a violência podem ter aumenta-do em algumas lojas.O EFF disse na segunda-feira que recebeu cor-

respondência legal de advogados que represen-tam Clicks, na qual o grupo também reconheceuo dano não intencional causado pelo anúncio.

Clicks avisou que o incitamento à violência epotencial de danos à equipa "não pode ser me-nosprezado" e instruiu o EFF a retirar a ideia defechar as lojas.

Em resposta, o Economic Freedom Fightersdis-se que não recuaria e informou aos advoga-dos que "seus clientes racistas, Clicks, podem irpara o inferno mais próximo".

Anúncio do Grupo Clicks provocadanos materiais em todo o paísPartido de Malema incentiva violência, quer ver as lojas fechadase diz que a cadeia farmacêutica pode ir para o inferno mais próximoA ministra do Desenvolvimento de Pequenas Empresas (Small Business Develop-

ment), Khumbudzo Ntshavheni, rejeitou o pedido de desculpas emitido pela adminis-tração do grupo Clicks e, em vez disso, delineou alternativas que a empresa deveriaseguir.

Os criminosos na África do Sul descobriramnovas formas após uma série de pedidos onlinedevido à covid-19.

De acordo com o mercado de Statista e os da-dos do consumidor, a indústria de comércio elec-trónico na África do Sul deve atingir aproximada-mente 62 milhões de randes em receita este anoe crescer 10% a cada ano.

E com um total projectado de 31,6 milhões deusuários locais até 2024, está claro que as com-pras online estão rapidamente a subir. Infeliz-mente, os criminosos identificaram as empresasde correio e os veículos como alvos fáceis.

“Notamos um aumento no roubo de veículostransportadores de correio. Em alguns dessescasos, os veículos foram recuperados, mas asmercadorias não. O facto de a maioria dessascarrinhas e outros veículos serem levados à for-ça ou em assaltos à mão armada e sequestros éuma grande preocupação”, disse Alex Terblan-che, chefe de Budget Business Insurance.

O roubo de veículos de correio em Gauteng ésignificativamente maior do que em qualqueroutra província e actualmente representa um ris-co significativo e crescente.

Os horários em que os veículos de entrega /correio são mais frequentemente roubados sãogeralmente os horários de tráfego "fora do pico",com 6% do total de roubos a ocorrer entre 3 e 4da manhã, 8% entre 10 e 11 da manhã e 6% en-tre 15 e 16 horas”, disse a empresa de serviçosfinanceiros.

A empresa de rastreamento Netstar tambémapontou um aumento nos números. A tendência,

é saquear o veículo e deixá-lo para trás na formade um atropelamento e fuga.Netstar disse que os criminosos geralmente ata-

cam antes do encerramento do negócio, já queos veículos que viajam à noite normalmente vol-tam ao parque de estacionamento e, na maioriados casos, estão vazios.

A zona vermelha é normalmente as primeirashoras do dia, quando os veículos são seguidosdesde o local de estacionamento. Os funcioná-rios devem estar mais vigilantes durante estetempo e as rotas devem ser variadas para quenão haja uma rota previsível, disse Terblanche,que oferece as seguintes dicas de segurançapara compradores online:

Saber qual empresa de correio fará a entrega equando o fará, apenas para garantir que estejatotalmente alerta e preparado.

Inclua instruções claras para a empresa quan-do chegar à sua casa para evitar que fiquem mui-to tempo fora da propriedade, tornando-os um al-vo fácil.Se alertas de segurança foram emitidos em sua

área, compartilhe-os com a empresa de correio.Escolha o local mais seguro disponível para a

colecta do pacote e assinatura do recibo de en-trega - de preferência um que não seja acessívelao público.

Ao recolher um pacote, esteja sempre atento aindivíduos ou veículos suspeitos. Alerte o mo-torista do correio e as autoridades se algo esti-ver errado e não abra o portão a menos que seja100% seguro fazê-lo.

Com compras online: Criminosos têm novo alvo

O Século de Joanesburgoinformação e actualidade

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14 DE SETEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 7

PORTUGAL

O Presidente da República, Marcelo Rebelo deSousa, entrou quarta-feira no último semestre doseu mandato de cinco anos e, nos termos daConstituição, perdeu o poder de dissolução daAssembleia da República.O artigo 172.º da Constituição determina que "a

Assembleia da República não pode ser dissolvi-da nos seis meses posteriores à sua eleição",que se realizou no dia 6 de Outubro de 2019,nem "no último semestre do mandato do Presi-dente da República", entre 9 de Setembro e 9 deMarço de 2021.

Há duas semanas, Marcelo Rebelo de Sousalembrou que em breve iria ficar impedido deexercer este poder, a propósito da aprovação doOrçamento do Estado para 2021, e pediu diálogoaos partidos, qualificando como "ficção" a possi-bilidade de nos próximos tempos haver "uma cri-se política ou a ameaça de crise política" que sesomasse à crise resultante da pandemia de co-vid-19.

"O Presidente da República não vai alinhar emcrises políticas, portanto, desenganem-se os quepensam que, se não houver um esforço de en-tendimento, vai haver dissolução do parlamentono curto espaço de tempo que o Presidente tempara isso, que é até ao dia 08 de setembro", avi-sou.

Nestas declarações aos jornalistas, na Feira doLivro de Lisboa, no dia 27 de Agosto, o chefe deEstado acrescentou: "Em cima da crise da saúdee da crise económica uma crise política era aaventura total. A alternativa seria uma crise aprazo, isto é, o Presidente empossado no dia 9de Março, seja ele quem for, estar a dissolverpara eleições em Junho". E concluiu: "Isto nãoexiste, isto é ficção"."O melhor é fazer-se o caminho que é razoável,

que é fazer-se as concessões, negociar o que épreciso para viabilizar um Orçamento, que não éo ideal e o ótimo para ninguém, mas que seja o

possível para o maior número", aconselhou.Eleito Presidente da República a 24 de Janeiro

de 2016, à primeira volta, com 52% dos votos,Marcelo Rebelo de Sousa remeteu "lá para No-vembro" deste ano o anúncio da sua decisãoquanto a uma eventual recandidatura nas presi-denciais de 2021, que manteve em aberto ao lon-go do seu mandato."E, obviamente, uma coisa é certa: qualquer de-

cisão que, enquanto cidadão, venha a tomar serásempre posterior à convocação das eleições",adiantou, em fevereiro passado.

Há cinco anos, após apresentar a sua candi-datura presidencial, o antigo presidente do PSDenunciou a sua leitura dos poderes constitucio-nais do chefe de Estado em matéria de disso-lução do parlamento e de formação de governosnum discurso na Voz do Operário, em Lisboa, a24 de Outubro de 2015.

Nessa intervenção, Marcelo Rebelo de Sousaprometeu que, se fosse eleito, tudo faria para"não onerar" o seu sucessor com "problemas evi-táveis relativamente aos poderes do Estado" econsiderou negativo para Portugal viver "seis,sete, oito meses sem Orçamento do Estado".

Na altura, Marcelo Rebelo de Sousa sustentouque "não há dissoluções do parlamento anunci-adas - isto é, a apreciação a ser feita deve ter lu-gar no momento em que se coloque a necessida-de ou não desse exercício, e não meses ou anosantes".

"O Presidente da República deve fazer tudo oque está ao seu alcance para obter governos viá-veis e duradouros, envolvendo os Orçamentosdo Estado", defendeu, nesse mesmo discurso.Assumindo-se como um moderado e um defen-

sor da estabilidade, nos seus primeiros três anose meio de mandato presidencial Marcelo Rebelode Sousa conviveu com um Governo minoritáriodo PS chefiado por António Costa suportado poracordos inéditos à esquerda no parlamento e viu

a legislatura chegar até ao fim.Nesta nova legislatura, o PS conseguiu votação

reforçada nas legislativas de 6 de Outubro de2019, mas novamente sem maioria absoluta, edesta vez formou um executivo não suportadopor quaisquer acordos escritos, uma condiçãoque o próprio Presidente da República consider-ou desnecessária.

Ao fim de um ano na chefia do Estado, em en-trevista ao Diário de Notícias, o Presidente mani-festou a vontade de nunca usar a chamada"bomba atómica", distinguindo-se assim dosseus antecessores eleitos em democracia, masenunciou as condições em que admitia um ce-nário de dissolução do parlamento e convocaçãode eleições legislativas antecipadas

"O primeiro requisito é que haja uma crise insti-tucional particularmente grave. O segundo é quenão seja possível encontrar um Governo no qua-dro da mesma composição parlamentar. E o ter-ceiro é que seja plausível, com os dados dispo-níveis naquele momento, que o resultado da elei-ção conduza ao desbloqueamento da situaçãoque gerou a dissolução", disse.Em Março de 2019, aditou outro factor que o po-

deria ter levado a exercer o poder de dissolução:a repetição de incêndios como os de 2017, queprovocaram mais de cem mortes em Portugal.

"Se no ano seguinte houvesse uma situaçãoidêntica, haveria dissolução do parlamento", afir-mou Marcelo Rebelo de Sousa, em entrevista àTVI.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo deSousa, afirmou que tinha a expectativa que Por-tugal registasse apenas 100 casos de covid-19,ou menos, por dia, no início de Setembro, masconsiderou a situação "controlada e estável".

"A minha expectativa, em Junho e Julho, não oescondo, era que chegássemos agora [no iníciode setembro] com 100 casos ou menos por dia",referiu, à margem de uma visita à vila de CastroMarim, no âmbito do ciclo de deslocações atodos os concelhos do Algarve.

O chefe de Estado considerou que "a situaçãoestá controlada e estável, no bom sentido do ter-mo, em matéria de internamentos e cuidados in-tensivos", mas que esperava "uma tendência de-crescente, tendendo para diminuir progressiva-mente" no número global de casos.

"Infelizmente, não foi o que aconteceu. Nós es-tamos, em alguns dias da semana, com altos ebaixos: aos fins de semana, [os números] sãobaixos - entre sábado e segunda -, e durante asemana são muito mais altos", acrescentou.Marcelo Rebelo de Sousa garantiu que não está

preocupado e ressalvou que o Governo "é quediz que está preocupado".

"Há várias declarações de membros do Gover-no que dizem que há qualquer coisa de preocu-pante ou que a situação é grave. Quando o Go-verno, com umas semanas de antecedência,admite passar a estado de contingência, não éporque está despreocupado, senão não anuncia-va o estado de contingência. Mais vale prevenirdo que remediar. Só atua assim quem acha quepode haver o risco de, é só isso", sustentou.

O Presidente da República recordou o retornodas reuniões sobre a evolução da covid-19, coma presença de todos os partidos políticos comassento parlamentar, que teve lugar no Porto.

"Esta sessão foi útil também para isso, paratodos os partidos políticos perceberem por que éque o Governo, com antecipação, preventiva-mente, disse que tinha a intenção de, daí a umassemanas, vir a recorrer ao estado de contingên-cia. A sessão, além de esclarecer os portuguesesna parte aberta, esclareceu os partidos políticoscom assento na Assembleia da República", subli-nhou.

Questionado sobre a presença de público nosestádios, uma pretensão reclamada pela LigaPortuguesa de Futebol Profissional nas últimassemanas, o chefe de Estado disse que está emcausa "a definição de regras e o acompanha-

mento da evolução da situação" e que a gestãoda pandemia passa por "um equilíbrio entre a de-fesa da vida e da saúde e o não matar a econo-mia ou a sociedade".

"Isto é um equilíbrio entre dramatizar muito edesdramatizar totalmente. A dramatização total ea desdramatização total. É um equilíbrio. Nesseequilíbrio, entra a definição das regras sanitárias.Quando se define uma regra sanitária, atende-seao risco que acarreta para a vida e para a saúde,mas também atende-se ao exemplo que se dá ecomo as pessoas leem isso. Pode a intenção sermuito boa e a leitura ser completamente difer-ente", assinalou.

Exemplificando com as regras diferentes entrea Feira do Livro, os espectáculos, as escolas enos estabelecimentos, Marcelo Rebelo de Sousasustentou que "a afinação é complicada" porquea opinião pública espera "regras iguais paratodas as situações".

"Essa ponderação é uma ponderação que temde ser feita pelos especialistas. Mas depois, epor isso é que ‘bati muito na tecla' do esclareci-mento, é preciso explicar para as pessoas perce-berem por que é que num caso é um metro, nou-tro são dois metros e noutro é oito metros. Senão há explicação, uma parte dos portuguesesdramatiza e outra parte desdramatiza completa-mente", concluiu.

O primeiro-ministro defendeu que o país nãopode a voltar a parar, tal como aconteceu nosmeses de Março e Abril, porque do ponto de vistasocial e económico não é sustentável.

“Nós temos de evitar a todo custo as soluçõesque tivemos de adoptar em Março e Abril porque,do ponto de vista social e económico, não sãoobviamente sustentáveis”, afirmou António Cos-ta.O chefe do Governo falava aos jornalistas à en-

trada da reunião sobre a evolução da covid-19em Portugal que juntou peritos, políticos e par-ceiros sociais e que decorreu no Porto, comtransmissão aberta das intervenções iniciais dostécnicos.

A reunião juntou novamente o Presidente daRepública, Marcelo Rebelo de Sousa, o primeiro-ministro, o presidente da Assembleia da Repúbli-

ca, Eduardo Ferro Rodrigues, líderes partidários,patronais e sindicais.“Não podemos voltar a pararmos todos, a voltar-

mos a uma paralisação global da economia por-que sabemos bem do impacto brutal que está ater no emprego, no rendimento das famílias e navidas das empresas”, vincou.

É fundamental não deixar de fazer tudo o que énecessário para conter a pandemia, mas nãofazer de mais que não seja necessário e sejauma perturbação excessiva na vida das pessoas,nas empresas, nas escolas e nas instituições,frisou.

Para o primeiro-ministro, as pessoas estão hojemais conscientes do que estavam nos meses deMarço e Abril, usando hoje mais a máscara doque na altura.

O primeiro-ministro alertou que o país vai entrar“numa fase crítica” devido à mudança de esta-ção, início do ano lectivo e recomeço de muitasactividades, apelando ao cumprimento das re-gras para controlar a pandemia.

“Vamos estar num momento crítico porque vaiaumentar o número de pessoas em actividade,depois do regresso das férias, vamos entrar nooutono e as aulas vão recomeçar, logo necessa-riamente o risco de contágio vai aumentar”, disseAntónio Costa.

O chefe do Governo falava aos jornalistas àentrada da reunião sobre a evolução da covid-19em Portugal que juntou peritos, políticos e par-ceiros sociais e que decorreu no Porto, comtransmissão aberta das intervenções iniciais dostécnicos.

“É um bom momento para relembrarmos atodas e a todos que, até haver uma vacina, apandemia não passou e é essencial mantertodos os cuidados, desde uso de máscara, higie-nização das mãos e distanciamento social”, refe-riu.

O primeiro-ministro lembrou que se todos cum-prirem as regras consegue-se controlar o aumen-to substancial da pandemia, o que é essencialpara que não haja uma sobrecarga excessivados serviços de saúde.

É fundamental manter a capacidade de respos-ta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), subli-nhando que o Governo tem vindo a reforçar essamesma resposta.

Marcelo perdeu poder de dissoluçãoda Assembleia da República

Costa diz que o país não pode voltara parar porque não é sustentável

Chefe de Estado esperava por 100 casos decovid-19 ou menos por dia no início de Setembro

Primeiro-ministroalerta que o paísvai entrar “numafase crítica”

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8 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 14 DE SETEMBRO DE 2020

PORTUGAL

O ministro das Finanças, João Leão, defendeuna quarta-feira que no próximo ano deve havermargem para aumentar "com significado" o salá-rio mínimo nacional, após uma negociação naConcertação Social."A nossa intenção é, no próximo ano prosseguir

com o diálogo que tem de ser feito na Concer-tação Social, com o aumento do salário mínimo eque haja um aumento com significado", afirmou oministro na Grande Entrevista, transmitida pelaRTP3.João Leão sublinhou que "houve sectores muito

afectados" pela crise da pandemia de covid-19 "eque há "muitos trabalhadores" a ganhar o saláriomínimo, atualmente de 635 euros, mas o Go-verno entende que "deve haver margem" paraaumentar a remuneração mínima.

Questionado sobre se o aumento em 2021 po-derá ser ao nível do que foi aplicado este ano, de35 euros, o ministro sublinhou, no entanto, que "omundo mudou" com a pandemia e que por issoserá necessário avaliar a situação das empre-sas.

Quanto aos salários da administração pública,João Leão afirmou que em 2021 haverá uma su-bida superior a 2% da massa salarial devido àsprogressões e à recuperação do tempo de ser-viço dos professores e das carreiras especiais.Sobre a evolução da economia, João Leão con-

siderou no terceiro trimestre "houve sinais derecuperação" acima do esperado, mas sublinhouque em relação ao nível de desemprego, "o piorainda não passou", estimando que este ano ataxa de desemprego fique próximo de "9 ou10%", sendo que as estimativas para 2021 sãoainda "incertas".

João Leão disse que sobretudo em Julho eAgosto registou-se uma recuperação "ligeira-mente acima do esperado", adiantando que a re-ceita do IRS de Agosto, após quedas acentuadasem meses anteriores, teve um aumento homólo-go de 7%, uma subida que corrigida de efeitosextraordinários foi de 1%.Apesar de sinais positivos no terceiro trimestre,

o ministro admitiu ser possível "que o quarto tri-mestre não seja tão bom" como previsto peloGoverno.

A economia portuguesa foi a quarta que maiscaiu na União Europeia no pico da pandemia.Entre Abril e Junho, Portugal afundou 16,3% faceao 2º trimestre do ano passado.

Espanha liderou as quedas, com a economia arecuar mais de 22%, à frente de França, Itália ePortugal.

Os dados do gabinete de estatísticas de Bruxe-las confirmaram que os países onde o turismotem mais peso foram os mais afetados por estacrise.

No conjunto da União Europeia a queda foi de13,9%, em relação ao 2º trimestre do ano passa-do.Portugal interrompeu um ciclo de três anos con-

secutivos com um melhor desempenho económi-co do que a média europeia.

O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno San-tos, disse que o Governo quer salvar a TAP, maslembrou que a companhia aérea "não pode sermaior do que as necessidades", para "ser econo-micamente viável".

"Nós queremos salvar a TAP, porque ela é im-portante para o país, [mas] não podemos ter umaTAP excessivamente maior do que as necessi-dades do que o país e economia podem compor-tar", defendeu.

Em declarações aos jornalistas, em Mondim deBasto (distrito de Vila Real), à margem da inau-guração de uma nova ligação rodoviária entreaquele concelho e o município vizinho de Celo-rico de Basto (Braga), o governante recordouque o país vive "um contexto de elevada incer-te-za", no qual "foi pedido um esforço a todos osportugueses para salvar a TAP".

Pedro Nuno Santos acentuou que não se pode"manter uma dimensão artificial, uma dimensãoque não é economicamente viável", frisando seresse o trabalho que o Governo está a fazer.

"O plano de reestruturação está a ser elabora-do. Toda a gente está a ser ouvida para nós con-seguirmos chegar a uma solução que nos ofer-eça viabilidade para uma companhia aérea quedá um contributo muito importante à economianacional, que nós não podíamos desperdiçar eexigiu um esforço do Estado e de todos os por-tugueses", disse, quando questionado sobre aredução do quadro de trabalhadores, no contex-to de reestruturação da empresa.O ministro insistiu que é preciso "uma dimensão

mínima óptima para que o modelo de negócio daTAP seja de facto viável"."Esse patamar mínimo, que está a ser trabalha-

do, determinará as necessidades. O que toda agente compreende é que nós estamos a viveruma situação de grande dificuldade para a eco-nomia como um todo, em particular para o setorda aviação", reforçou.

O ministro informou, por outro lado, que está adecorrer o processo de selecção da consultorainternacional à qual caberá a tarefa de escolhero futuro presidente executivo (CEO) da compa-nhia.

"A Parpública está a concluir um processo de

seleção da empresa e depois a empresa faráesse trabalho. De qualquer forma, até ao final domês, nós já temos um novo CEO que se chamaRamiro Sequeira, que é um grande quadro por-tuguês da TAP", realçou.

Em Julho, Pedro Nuno Santos tinha anunciadoque a TAP iria contratar uma consultora de recur-sos humanos para fazer a avaliação dos ges-tores da empresa, para "apoiar" o processo dereestruturação.

Questionado sobre se o antigo CEO da com-panhia, Antonoaldo Neves, ainda está na empre-sa, respondeu: "O antigo ainda se encontra lá,espero que não por muito mais tempo".

Governo quer salvar a TAP mas empresa"não pode ser maior que as necessidades"

Ministro das Finançasdefende aumento dosalário mínimo "comsignificado" em 2021

Economia nacionalcom uma das maiores quedas na Europa

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ENTREVISTA

MOÇAMBIQUE

Michael Gillbee: A situação é calamitosa emCabo Delgado. O que é que a Helpo tem feitopara ajudar em termos de apoio humanitário esocial?

Carlos Almeida: Bem, 2019 já tinha sido umano muito complicado aqui em Moçambique,principalmente na zona da Beira, mas tambémem Cabo Delgado por causa dos ciclones Idai eKeneth. Estas populações sofreram muito na al-tura, porque houve ali uma enorme faixa de ter-reno na ilha do Ibo, Macujo, Macomia que foramcompletamente devastadas. Nós nessa alturapodemos dar alguma ajuda, principalmente naárea da Educação, sobretudo, porque reconstrui-mos três escolas cuja cobertura tinha voado.

E agora, passado um ano com esta situaçãoque se tem vindo a agravar, de repente aquiloque nós notámos é que nas comunidades onde aHelpo trabalha já desde 2009 e tem projectos naárea da educação, começámos a sentir que ha-via uma grande pressão porque estavam a rece-ber estes deslocados internos. Isto, generica-mente, são pessoas que nem sequer estão a fu-gir como prevenção.

Ou seja, o que é que essas pessoas estão afazer? Fogem no momento dos ataques. Terrorpuro. Entram numa vila [os terro-ristas], durantea noite, ao anoitecer ou ao ama-nhecer, as pes-soas ouvem tiros e só têm tempo de apanhar ascrianças, alguns documentos – outros nem isso –e fugir para o meio do mato. E aquilo que nóstemos acompanhado, cada uma das históriassão dramáticas. Pessoas que passaram cinconoites escondidas no mato a passar fome, sede.Caminhar 100 quilómetros no meio do mato atentar chegar a algum lugar seguro.

E depois, grande parte das pessoas estão achegar à cidade de Pemba, mas outras estão aficar pelas aldeias, algumas porque já lá tem pes-soas conhecidas, outras porque simplesmenteche-gam ali – e isso aconteceu numa das aldeiasonde trabalhamos chamada Silva Macua – ondeas pessoas da comunidade estão a receber osdeslocados sem os conhecer, inclusive sem falara mesma língua! Naquela zona falam Macua, nazona sul da província de Cabo Delgado, a nortefalam Maconde, mas mesmo assim e falandopouco Português recebem essas pessoas e dão-lhes as boas-vindas.

Os números que falam neste momento são emmais de 250 mil deslocados internos, aquilo quea Helpo está a fazer é dentro de seis comu-nidades onde temos os projectos de Educação,cinco em Cabo Delgado e uma na província deNampula, porque também há pessoas que pas-saram mais a Sul e foram para Nampula, esta-mos a dar apoio a 16 102 pessoas.

MG: E que apoio é esse que estão a fazer?CA: Nós temos um projecto na área da nutrição,

por isso estamos a fazer rastreios nutricionais.

Dessas 16 102 pessoas que é o total de famíliasdescoladas a que estamos a socorrer, nós esta-mos só com o foco nas mulheres grávidas e lac-tantes e nas crianças até dois anos. A essas fa-zemos um rastreio nutricional com a nossa equi-pa de nutricionistas, quando detectámos proble-mas de desnutrição são encaminhados para ospostos de saúde para fazer um acompanhamen-to próprio e a essas famílias nós damos um kit desobrevivência, que é composto por 50 quilos decereal, 5 kg de feijão, 5 litros de óleo, 1 kg de sal,2 kg de açúcar, 1 kit de material para casa com

seis pratos, seis copos, um jarro, uma bacia e umbalde e duas barras de sabão para ajudar nahigiene.

Nós achamos que este kit permite às pessoasconsigam aguentar durante algum tempo. Écurioso que quase todas as pessoas que esta-mos a atender destas comunidades, disseram-nos que tinham recebido um kit por parte do Ins-tituto Nacional de Gestão de Calamidades. Umbocadinho mais pequeno, disseram que eram 50quilos de milho, 16 quilos de ervilha e 5 litros deóleo. Ou seja, é qualquer coisa. Estas pessoasestão numa situação de extrema fragilidade.

MG: Esses kits/cabazes que estão a dar,essas pessoas têm habitação? Porque o quetemos visto são tendas em campos de refu-giados.

CA: Exactamente, isso é nos arredoras dePemba mesmo, na zona de Metuge há um gran-de centro de refugiados. Mas nós não estamos aactuar ali! A nossa prioridade, porque tambémfazemos uma actuação à nossa dimensão, anossa prioridade é nas comunidades onde temosos projectos de Educação. Em Mahera fizemos38 rastreios, ou seja, só havia 38 crianças atéaos dois anos e mulheres grávidas. Em Silva Ma-cua eram 71. Em Impere foram 58. Em Ngomaeram duas e em Mieze eram 465, porque Miezejá fica muito perto de Nampula. Essa situação

dos campos de refugiados, essas pessoas aindaestão a sofrer um drama maior porque é um vo-lume muito maior de pessoas. Nestas aldeias, oque está a acontecer é que as pessoas estão aficar em casa de familiares, conhecidos ou sim-plesmente de estranhos onde ficam debaixo de

telheiros e ficam de qualquer maneira. E é curio-so que nessas aldeias eu já vi casas a seremconstruídas, ou seja, vê-se muita construçãoagora com material local, casas de pau a pique,estrutura de madeira, com matope e pedras, co-bertura de capim. As chamadas palhotas.Além deste drama inicial, há outro que há de vir

de seguida, porque destas mais de 250 mil pes-soas estima-se que metade sejam crianças emaior parte delas está em idade escolar. Elasvão ser integradas nas escolas destas aldeiasonde estão agora – digo isto nas comunidadesonde estamos a intervir. Porque nos campos derefugiados vai ser um drama ainda maior. Deze-nas de milhares de pessoas acumuladas todasna mesma zona, não vão poder ficar todas namesma escola! Estamos a falar de crianças quenão têm material escolar, não têm nada para re-começar o ano. E mesmo a escolas, que já vivemcom enormes dificuldades.

MG: A situação em Moçambique é diferentedaqui na África do Sul, mas qual é o ponto dasituação em relação ao coronavírus?

CA: O Ministério da Saúde tem uma aplicação

Helpo está a ajudar 16 102 pessoasno Norte de Moçambique

A organização não-governamental portuguesa de ajuda humanitária Helpo, está emMoçambique há vários anos, a actuar principalmente na área da Educação. Com agrave crise humanitária no Norte do país, o Século de Joanesburgo falou via Skypecom Carlos Almeida, responsável da organização em Moçambique, para termos outroponto de vista do conflito e das consequências que este provoca. Os números sãoassustadores: mais de 250 mil deslocados internos dos quais estimam-se que meta-de sejam crianças. São 16 102 pessoas que a Helpo está a ajudar. Carlos Almeida con-tou-nos detalhadamente o que viu e o que se está a passar...

“Moçambique é umexemplo da convivên-

cia pacífica”

“TODAS AS MÃES RASTREADAS RESPONDEM A UM QUESTIONÁRIO PARACARACTERIZARMOS OS BENEFICIÁRIOS”

MÃE À ESPERA DO RASTREIO NUTRICIONAL RASTREIO NUTRICIONAL NUTRICIONISTA A FAZER RASTREIO

NUTRICIONISTA E TÉCNICO PREPARAM ACTIVIDADE

Texto de Michael Gillbee e fotos de Carlos Almeida

(cont. na pag. seguinte)

“Destas mais de 250mil pessoas estima-se

que metade sejamcrianças e maior partedelas está em idade

escolar”

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que actualiza diariamente com os números. A úl-tima vez que soube havia 20 vítimas mortais e3590 infectados. Em relação a estes números,conheço bem a realidade de Moçambique e é ca-paz de ser parecida com a realidade da África doSul da zona rural. Neste momento com maiscasos é a cidade de Maputo, seguida de MaputoProvíncia que é a Matola e arredores. São nosmeios urbanos, porque nos meios rurais nós sa-bemos que se as pessoas tiverem tosse, irritaçãona garganta, se perderem o olfacto e o paladar –os principais sintomas da covid-19 – não hão deir ao hospital. Tanto mais que já houve aqui sítiose houve notícias que souberam de pessoas que

estavam infectadas e foram bater-lhes com pauspara saírem da comunidade. Há um estigmamuito grande. Até preferem, se tiverem sintomas,ficarem bem caladinhas e fazem a sua vida nor-mal para não haver suspeitas.

MG: Mas em relação aos campos de refugia-dos também é assim?

CA: Nó fizemos as distribuições e há poucoesqueci-me de dizer que no kit entregámos duasmáscaras comunitárias. Nós temos uma equipade alfaiates que normalmente são utilizados parafazer uniformes escolares e que nesta altura decovid-19, são utilizados para fazer as máscarasde protecção. E bem bonitas com os tecidos dascapulanas!

E acontece que houve aldeias onde fomos, que

todas as pessoas estavam com máscara e houveoutras praticamente ninguém estava. Eu tambémcreio que há locais e talvez as lideranças comu-nitárias obrigam as pessoas a estar de máscara.O distanciamento social é muito difícil! Eu estouagora na cidade de Maputo e mesmo dentro dacidade é muito difícil porque se é uma instituiçãopública e as pessoas estão à porta, as pessoasestão todas juntas.

No avião, vim de avião, as pessoas a sair doavião esquecem-se e ficam todas umas em cimadas outras, encostadas e por isso eu acho que aspessoas estão um bocadinho distantes do que sedeve fazer. Eu estive em Portugal recentementee aquilo que nós vemos lá é que as pessoas jáestão consciencializadas para isto: o uso damáscara, distanciamento social. Aqui, acho queainda temos um longo caminho a percorrer.

Quanto aos campos de refugiados, esta ques-tão é para esquecer porque está noutro nível depensamento. Os refugiados estão a pensar nasobrevivência, neste problema e mesmo que asorganizações, que estão a ter muito cuidado comas regras, tentem é muito difícil. Antes da fila, aspessoas estão todas ao monte, na fila tudo a doismetros e depois de receber a distribuição, estátudo ao molhe outra vez. Por isso, é um bocadin-ho formalismo não é [graceja e ri]. As pessoasesforçam-se por educar, mas é uma tarefa muitodifícil.

MG: Naquela zona dos ataques, ali em Mo-címboa da Praia e noutros locais, o que é quese sabe? São mesmo grupos terroristas islâ-micos? Estão a tomar conta no terreno, aocupar aldeias?

CA: É importante reforçar que não sou um es-pecialista nesta área, o que eu sei na vila de Mo-címboa da Praia um ataque no dia 5 de Agosto etomaram o porto. Sei que as foças de Defesa eSegurança estão a lutar para retomar esse es-paço e tanto quanto sei foi a única zona tomada,há zonas que não foram tomadas, mas o queaconteceu é que as aldeias foram atacadas e aspessoas fugiram. Por isso, há aldeias fantasmaonde não há pessoas.

Portanto, dizer que está tomado é talvez fugir

um bocadinho à questão correcta. Falei com pes-soas ligadas à segurança e aquilo que dizem éque realmente é verdade e que este problemacomeçou a 5 Outubro de 2017 quando pela pri-meira vez Mocímboa da Praia foi atacada du-rante três dias. As coisas realmente não só cres-ceram muito como foram mudando de forma,acho que inicialmente eram pessoas mal-arma-das com catanas com metralhadoras velhas rou-badas, com chinelos... e agora estão a falar depessoas fortemente armadas, planos de ata-que... esta última tomada de Mocímboa da Praiaacho que foi um plano já elaborado e envolveualguma logística. O que as pessoas dizem, é que que estão a ser

treinados no estrangeiro, moçambicanos a ir

para o estrangeiro receber treino e estrangeirosa vir para cá. Também me dizem que a questãode ser o “Estado Islâmico” ainda não está prova-do. É provável que haja alguma influência, por-que se fala muito nisso, mas também se real-mente fosse o “Estado Islâmico” como nós o co-nhecemos no auge da sua força, com vídeos pu-blicados e tudo, neste momento não está a acon-tecer nada disso. Ou seja, limitam-se a reivindi-car os ataques, mas isso também os ataques sãonoticiados na hora, através das redes sociais.

Na realidade muda um pouco aquilo que temsido o padrão dos ataques. Agora que estão aacontecer muitos ataques e que grande parte dapopulação está a sofrer são precisamente islâmi-cos. E Moçambique é um exemplo da convivên-cia pacífica, entre diversas religiões. Pemba éuma cidade maioritariamente islâmica e a religião

não é tema de discussão, as amizades não esco-lhem nem cor da pele, nem religião, nunca houvenenhum assunto desses aqui em Moçambique. Ede repente este problema está a fazer passaressa ideia que é uma questão religiosa.

Fala-se também das questões devido ao gásnatural, este ataque todo está ligado ao facto demuito perto de Mocímboa da Praia haver umadas maiores reservas de gás natural do Mundo.E depois fala-se nas empresas de segurança edos mercenários que vão fazer a protecção àfábrica de gás liquefeito. Há aqui muitos dadosque fazem disto um problema muito grave. Ago-ra, as notícias que nós temos é que o exercitomoçambicano está a responder e está a lutar,não há é muita informação sobre isso. A verdadeé essa. Mas sabe-se que terreno tomado, achoque é apenas Mocímboa da Praia e é uma parteda cidade na região do porto.

MG: A Helpo recebeu ajuda de bens Portu-gal. O que é que mais faz falta para ajudar ascrianças? É roupa? É alimentação?CA: Nós, recebemos muito material aquando do

ciclone Idai. Nós fizemos uma campanha quecorreu muito bem, foi a nossa primeira grandeexperiência na emergência, já tínhamos tido pe-quenas ajudas pontuais. Quando uma escola so-fria uma ventania e a escola ia abaixo nós dáva-mos uma ajuda. Mas eram coisas pontuais. Ago-ra, intervir em dois ciclones, primeiro no Idai edepois no Keneth, fizemos uma campanha quesuperou as nossas expectativas, quer em reco-lha de fundos quer em termos de recolha de ma-terial.Neste momento, a avaliação que fazemos é que

realmente quando as pessoas dão bens têm queter em conta uma coisa: os bens que são dados

agora, vão chegar a Moçambique passado doisou três meses. Os bens vêm de barco num con-tentor e muitas das coisas curiosamente que es-tamos a entregar agora – e estamos a entregarum kit de roupa de bebé – ainda foi roupa que re-cebemos o ano passado que ficou nos armazénse não conseguimos distribuir tudo.

Nós na Helpo preferimos distribuir quando hánecessidade do que estarmos a distribuir por dis-tribuir. Neste momento a campanha é apenas defundos que recolhemos agora e em meados des-te mês de Setembro, vamos abrir uma campa-nha com bens específicos. Sobretudo compoucos itens, mesmo isso as pessoas queremdar tudo o que têm em casa e [graceja e ri] àsvezes para fazer uma “limpeza” lá no sótão dãoo lixo que lá tem. Para nós, isso é uma grande di-ficuldade. Tem a ver agora sobretudo com roupa

de criança, esta que cá temos armazenada estáquase a terminar e é aquele foco que estamos adecidir em apostar. Receber as coisas de Portugal demora tempo e

tem custos, se recebemos o dinheiro – como te-mos estado a fazer – e compramos aqui em Mo-çambique não só estamos a desenvolver o co-mércio local, mas é muito mais rápido. Porque

também depois compramos produtos locais aosquais as pessoas estão habituadas. No cicloneIdai demos muitos enlatados e há muitos queaqui as pessoas não conhecem. Por exemplo,feijão, as pessoas comem feijão, mas dentro deuma lata é estranho para elas. Recebem bem,mas estranham e muitas vezes nem sabem co-zinhar porque estão habituadas ao feijão de umamaneira.

MG: E vocês estão a receber fundos em

“É uma das coisasque tem estado a

acontecer, têm estadoa raptar meninas”

Apoio da Helpo aos deslocados de Cabo Delgado(cont. da pag. anterior)

EM CIMA MICHAEL GILLBEE E EM BAIXOCARLOS ALMEIDA, DURANTE

A ENTREVISTA VIA SKYPE

MÃES LEVAM PRODUTOS DOADOS

EQUIPA DA HELPO DURANTE O TRABALHO DO RASTREIO

“O objectivo das pes-soas, que nós vimos,é onde estão agorasentem-se seguras,querem arranjar um

terreno para cultivar epronto, fazer as suas

vidas a partir dali”

(cont. na pag. seguinte)

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euros e estão a gastar em meticais o que dáum bocadinho mais de elasticidade aos fun-dos?

CA: [sorri] sim. E agora o metical está numaqueda abrupta e chegou a estar na casa dos 83face ao euro. Quando recentemente andava nos70. Há bem pouco tempo, andou na casa dos 40até 2015/2016 um euro dava 40 meticais. No últi-mo mês e meio caiu muito. Nós estamos a com-prar combustível a 58 meticais, é muito mau. MG: Há alguma mensagem que queira acres-

centar?CA: A única mensagem que diria é que estamos

a trabalhar arduamente para ajudar e aliviar a si-tuação. Eu conheço muito bem Mocímboa daPraia, nós tínhamos lá projectos e sabíamosbem. Enquanto estas coisas foram acontecendo,mesmo vivendo lá, não há nada como na pri-meira pessoa conversar com as pessoas e per-ceber aqueles dramas. Pequenas histórias queme contaram.

Um senhor fugiu de Mocímboa da Praia, rap-taram-lhe duas sobrinhas que viviam com ele, de18 e 20 anos – isso é uma das coisas que temestado a acontecer, têm estado a raptar meni-nas. Ele caminhou com a família 100 quilómetrosaté Mueda, depois conseguiu arranjar um amigo.Ele disse-me que tinha uma vida boa, tinha cartade condução, vivia numa casa boa. Chegaram láa casa dele e disseram-lhe “sai da casa que nósvamos queimar a tua casa”.

Ficaram com as meninas e ele saiu com umapistola apontada, andou até Mueda, teve umamigo que lhe conseguiu enviar dinheiro para eleconseguir arranjar um bilhete de autocarro, foiaté Namialo que já é na Província de Nampula equando eu lhe perguntei se as coisas acalmas-sem se ele voltaria para casa dele? Ele respon-

deu-me “eu Cabo Delgado nunca mais, CaboDelgado nunca mais!”. Perguntei-lhe “e se pu-desse ir para Pemba?” ele respondeu “não! CaboDelgado nunca mais!”

Estas pessoas passaram por coisas pesadíssi-mas, cada família tem uma história desgraçada eé algo que marca muito. Aquilo que nós sentimosé que esta ajuda é pouca, mas minimiza, se aspessoas não tiverem fome e pelos menos tive-rem condições mínimas que permite pelo menosaguentar. O objectivo das pessoas, que nós vi-mos, é onde estão agora sentem-se seguras,

querem arranjar um terreno para cultivar e pron-to, fazer as suas vidas a partir dali. Não encontrei ninguém que dissesse que quan-

do as coisas acalmassem voltaria para o sítio deorigem, que realmente dá-nos que pensar, nãoé? Nós pensamos sempre, a nossa casa é a nos-sa casa e isto vai melhorar. Não, estas pessoasnão querem saber. Acredito que tenha sido umaexperiência muito violenta. O nosso papel é este:são 16 102 pessoas que estamos a ajudar eacreditamos que podemos fazer uma pequenadiferença.

PRODUTOS DOADOS A SEREM CARREGADOS PELAS MÃES AJUDADAS PELA HELPO

(cont. da pag. anterior)

Situação é calamitosa em Cabo Delgado

MOÇAMBIQUE

No plano do acordo de paz entre o Governo deMoçambique e a Resistência Nacional Moçambi-cana (RENAMO), 140 guerrilheiras do braço ar-mado do maior partido da oposição foram des-mobilizadas no penúltimo sábado 5 de Setembronuma antiga base militar em Vunduzi, distrito deGorongosa, província de Sofala, Centro do país.Com estas guerrilheiras, o número total deabrangidos pelo processo de DDR passou para1.075. Na cerimónia, esteve também presente orepresentante do Secretário-Geral da ONU,Mirko Manzoni.

"Nós, os moçambicanos, mais uma vez esta-mos a provar ao Mundo inteiro que o papel damulher nos processos de desenvolvimento, soci-ais, políticos e económicos é fundamental", afir-mou o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, du-rante a cerimónia de Desarmamento, Desmobili-zação e Reintegração (DDR) daquele grupo.

Nyusi sublinhou ainda que o processo de paznão termina com a desmobilização, defendendoa necessidade de um diálogo permanente. "Apaz significa uma inclusão permanente no diálo-go e isso não pode parar", afirmou.

O líder da RENAMO, Ossufo Momade afirmouque as mulheres desempenharam um papel fun-damental para as vitórias alcançadas pelo par-tido, ao destacar-se na frente de combate militare política e no processo de desenvolvimento na-cional. Renovou também apelos para uma "des-mobilização condigna e humanizada", bem comopara "a abertura de um ambiente de coabitaçãopolítica pacífica, pressupostos de uma paz dura-doura e efectiva reconciliação nacional".

A base de Vunduzi foi o local onde decorreu oúltimo encontro entre o Presidente da República,Filipe Nyusi e o líder histórico da RENAMO Afon-so Dhlakama, falecido na Gorongosa em 2018devido a problemas de saúde.

PROGRESSOS

Depois de um arranque simbólico no ano pas-

sado, o DDR esteve parado durante váriosmeses e foi retomado a 4 de Junho. Este proces-so vai abranger 5.000 membros do braço daRENAMO.

Apesar de progressos registados no processo,que teve como principal marco a assinatura doAcordo de Paz e Reconciliação Nacional emAgosto de 2019, um grupo de dissidentes do par-tido que forma a autoproclamada Junta Militar daRENAMO é acusado pelas autoridades de pro-tagonizar ataques armados que já provocaram amorte a pelo menos 24 pessoas.

Liderada por Mariano Nhongo, antigo líder deguerrilha da RENAMO, a autoproclamada JuntaMilitar, contesta a liderança do partido e o acordode paz assinado em Agosto.

Guerrilheiras da RENAMO entregaram armas na Gorongosa

No âmbito do processo de DDR (Desarma-mento, Desmobilização e Reintegração), 140guerrilheiras do braço armado do maior par-tido da oposição moçambicana foram desmo-bilizadas numa antiga base militar em Vundu-zi. O total de abrangidos passou para 1.075

PRESIDENTE FILIPE NYUSI (2D) NA CERIMÓNIA OFICIAL DE DESARMAMENTO, DESMOBILIZAÇÃO E REINTEGRAÇÃO DAS GUERRILHEIRAS DA RENAMO NA GORONGOSA

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, de-cretou, por tempo indeterminado, a situação decalamidade pública, mantendo, no geral, restri-ções, mas definindo a retoma faseada das activi-dades económicas no país.

"A situação de calamidade pública teve o seuinício às 00:00 de segunda-feira dia 7 de Se-tem-bro, com duração indeterminada, enquanto exis-tir o risco da propagação da covid-19", declarouFilipe Nyusi, numa comunicação à nação a partirda presidência da República em Maputo.

A situação de calamidade pública, que começaapós o término do segundo estado de emergên-cia no país e que só foi possível após uma revi-são da legislação, mantém, no geral, as restri-ções que o país adotou nos últimos cinco meses,com destaque para o uso obrigatório de másca-ras.

"A máscara não dói. Pode até incomodar, masvamos habituar-nos", declarou o chefe de Estadomoçambicano, alertando para o aumento decasos de negligência quanto a esta medida deprevenção.

Além do uso obrigatório de máscaras, entre outras restrições, a situação de calamidade pú-

blica mantém ainda limitações quanto a ajunta-mentos e interdição de eventos em espaços dediversão, bem como a vigência da norma queestabelece que o funcionamento dos mercados épermitido entre as 06:00 e as 17:00.Segundo o Presidente moçambicano, permane-

cerá ainda interdita a realização das modalida-des desportivas com ou sem espectadores, em-bora seja permitida, a partir de 15 de Setembro,o reinício dos treinos dos clubes do principalcampeonato de futebol (Moçambola) e de atletasou equipas que tenham competições interna-cionais.

Embora mantenha as restrições nestes aspec-tos, a decisão do chefe de Estado moçambicanodefine o reinício da emissão de documentos pes-soais, incluindo vistos temporários e passapor-tes.

"Enquanto vigorar a situação de calamidadepública, são válidos os acordos de supressão devistos entre Moçambique e outros Estados, emregime de reciprocidade, e fica suspensa a con-tagem de tempo de permanência no territórionacional relativamente a técnicos estrangeirosnão residentes que prestam serviços nos projec-tos estruturantes do Estado", afirmou FilipeNyusi.

O Presidente declarou ainda que serão retoma-dos os voos internacionais, mas em regime dereciprocidade.

Por outro lado, as praias estarão abertas a par-tir de 15 de setembro, mas será proibida a práti-ca de desporto de grupo, espetáculos musicais evenda e consumo de bebidas alcoólicas.

"Aqui vamos ser intransigentes. Queremos vol-tar gradualmente ao normal, mas não queremosver pessoas aglomeradas e a consumir bebidasalcoólicas. Não. Aí os homens da lei e ordem vãotomar conta", declarou.

A retoma faseada das actividades económicas,dividida em três fases, começou a ser adoptadaa 18 de Agosto, com o reinício das aulas no ensi-no superior e técnico, nas academias das Forçasde Defesa e Segurança, e nas instituições de for-mação de professores e de pessoal de saúde.

Também na primeira fase foram permitidos cul-tos religiosos com um máximo de 50 pessoas,mas agora, na situação de calamidade pública,as confissões religiosas passam a poder contar,num culto, com 50% da capacidade do espaço,embora com limite máximo de 150 pessoas.

O número de participantes permitidos em ceri-mónias fúnebres continua em 50, excepto emcasos em que a causa do óbito é a covid-19, sen-do, nestas situações, permitida a participação de10 pessoas.

A segunda fase de retoma faseada das ativi-dades começou a 1 de Setembro, com a reaber-tura do cinema, teatros, casinos, ginásios e esco-las de condução, entre outras actividades con-sideradas de médio risco.A fase três de retoma das actividades económi-

cas, prevista iniciar a 1 de Outubro, abrange oinício das aulas da 12.ª classe, último ano doensino secundário em Moçambique.

Filipe Nyusi frisou que o reinicio das aulas nou-tras classes está dependente da autorização doMinistério da Educação e DesenvolvimentoHumano, em função do desenvolvimento da situ-ação da pandemia no país e em coordenaçãocom o Ministério da Saúde.

Desde o anúncio do primeiro caso, a 22 demarço, o país registou um total de 4.265 casos,26 óbitos e 2.511 pessoas são dadas como recu-peradas, segundo as últimas actualizações.

Covid-19: Chefe de Estado decretou calamidadepública por tempo indeterminado

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12 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 14 DE SETEMBRO DE 2020

ANGOLA

Depois de assumir a gestão do Grupo MediaNova, detentora da TV Zimbo, da Rádio Mais edo jornal O País, o Estado angolano está agora agerir também a Interactive Empreendimentos eMultimédia, empresa de comunicação que abar-ca a Palanca TV e a Rádio Global, que pertenciaao deputado Manuel Rebelais, antigo secretáriode imprensa da Presidência da República, notempo de José Eduardo dos Santos.A Palanca TV, Rádio Global e a Agência de pro-

dução de programas de audiovisual foram entre-gues ao Governo a 28 de Agosto. Dois dias de-pois foi retirado da grelha de programação daPalanca TV o “Angola Urgente”, um programa dedenúncias e críticas sociais. Esta é uma das me-didas que levantam polémica sobre o controlo doGoverno sobre as redacções que antes tinhamlinhas editoriais próprias.

OPOSIÇÃO ANGOLANA: PRESIDENTEESTÁ A ASFIXIAR A IMPRENSA

O secretário provincial da UNITA em Luanda,Nelito Ekuikui, afirma que o Governo de JoãoLourenço está a “asfixiar” a imprensa angolana enão duvida que as empresas confiscadas, por

terem sido criadas com dinheiro do Estado, vãoser usadas a favor do MPLA no período eleitoral.

“É uma grande ameaça à liberdade de impren-sa porque eles querem controlar tudo e todos.Tudo começa pela Unitel, que o Governo já estáa controlar, estamos a falar de telecomunica-ções, de uma ou outra forma vão interferir na di-fusão de conteúdos via internet no país. Às tan-tas vamos começar a ver a ‘internet’ lenta e nãovamos sequer conseguir usar as redes sociais,vamos depois para estes órgãos de Comunica-ção Social para depois jogar tudo a seu favor.Portanto, é um grande risco de limitação da infor-mação”, afirmou o político.

Nelito Ekuikui, que é também deputado, defen-de que se realizem concursos públicos para avenda dessas empresas. O Estado tem que su-portar custos desnecessários, “o peso financeiropara as contas do Estado”, segundo Ekuikui, “éenorme”. Por outro lado, o deputado apela à so-ciedade civil que force a saída do Governo doMPLA da gestão dos meios de ComunicaçãoSocial confiscados recentemente.

O deputado fala em providências cautelares,“isso qualquer cidadão pode fazer para acautelaro mal que isso pode fazer aos partidos políticos

que representam a cidadania de uma forma ge-ral. Quando falo de partidos políticos, falo inclu-sive do próprio MPLA que pretende beneficiardisso. Há também outras formas que a Constitui-ção prevê como as manifestações. O dinheiro éde todos nós e não é do MPLA".

Também o vice-presidente para os AssuntosPolíticos e Eleitorais da CASA-CE, a segundamaior força da oposição, Alexandre SebastiãoAndré, espera que o Governo não interfira nagestão editorial dos órgãos de Comunicação So-cial.

“Não pode haver interferência nos programasjustamente para não mutilar mais uma vez, aliberdade de imprensa, porque sabemos que An-gola está constantemente a flutuar, do ponto devista de liberdade de imprensa", alerta.

ASSOCIAÇÕES DE JORNALISTASALARMADAS

Numa declaração pública subscrita pelas asso-

ciações dos jornalistas, vários profissionais dosmeios de Comunicação Social chamam à aten-ção que a pluralidade editorial em Angola ficoumuito ameaçada com a recente transferência devários órgãos privados para o Estado.O Fórum de Mulheres Jornalistas, Misa-Angola,

Associação de Imprensa Desportiva (AIDA), As-sociação dos Comunicólogos de Angola (ACAN)e o Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA)apelam ao Executivo a respeitar as linhas edito-riais dos órgãos confiscados.

Segundo as associações, a hipótese de trans-formar a TV Zimbo e Palanca TV em canais pú-blicos especializados em notícias e desportos,agride a pluralidade de informação.

“Como garantia da independência editorial dosórgãos, as associações profissionais desafiam oExecutivo a designar cidadãos idóneos, vincula-dos às associações profissionais ou não-gover-namentais, para acompanharem o processo detransição destes órgãos para a esfera privada”,defendem os profissionais.

O registo de nascimento e o bilhete de iden-tidade serão atribuídos a milhares de cida-dãos angolanos, avançou o Governo. Segun-do as autoridades, é necessário redobrar asensibilização dos cidadãos.

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanosde Angola, Francisco Queiroz, anunciou que vairegistar nove milhões de cidadãos até 2022. Estainiciativa inclui o registo de nascimento e a atri-buição de seis milhões de bilhetes de identidade.

Citado pela agência de notícias noticiosa ango-lana Angop, o ministro fez o anúncio na sexta-feira 4 de Setembro durante a reunião alargadade balanço do Programa de Massificação de Re-gisto de Nascimento e Atribuição do Bilhete deIdentidade.

Francisco Queiroz afirmou que o programa sur-ge com base num estudo realizado pelo InstitutoNacional de Estatística (INE), que antes previa

mais de dez milhões de registos de nascimento e8,4 milhões de bilhetes de identidade até 2022.

Segundo o ministro, é necessário redobrar asensibilização e a mobilização dos cidadãos,bem como munir as brigadas com meios neces-sários para se atingir a meta desejada. O titularda pasta da Justiça e dos Direitos Humanosapontou entre vários benefícios a massificaçãodesses documentos e a facilidade que os cida-dãos terão para acederem aos bancos.

Entre Novembro de 2019 e Julho de 2020, esteprograma permitiu o registo de nascimento de810.566 cidadãos e a emissão de 489.041 bi-lhetes de identidade, entre os quais cinco cida-dãos com mais de 100 anos, nas províncias doBengo e Benguela, pela primeira vez registados.O programa conta com 203 brigadas, 1.020 pos-tos de recolha de dados e cerca de 1.200 técni-cos em todo o país.

Estado quer controlar toda a comunicação social Em Angola, teme-se que a passagem de em-presas privadas de Comunicação Social para a

gestão do Estado possa ameaçar a liberdade de imprensa. A UNITA desconfia que as empresasvão ser usadas a favor do MPLA no período eleitoral.

Nove milhões de cidadãos serão registados até 2022

O Presidente angolano anunciou na terça-feiraque o Governo vai abrir excepções para a entra-da no país de expatriados que trabalham em sec-tores-chave da economia de Angola, a exemplodo que acontece com o sector petrolífero.

João Lourenço discursava na abertura da reu-nião extraordinária do Conselho da República,que analisou a situação da covid-19 em Angola.

O chefe de Estado angolano frisou que, apesar

das restrições impostas pela pandemia do novocoronavírus, desde março passado, nomeada-mente a cerca sanitária nacional, que teve impli-cações nos voos de carreira internacionais, vãoser abertas excepções devidamente reguladas.“Para permitir que os expatriados que trabalhem

em Angola, nos sectores-chave da nossa econo-mia, nas empresas privadas e nos projetos públi-cos de infraestruturas que importa concluir pos-sam viajar, a exemplo do que já acontece no ra-

mo dos petróleos onde as entradas e saídas dosexpatriados nunca cessou”, justificou.Angola tem as suas fronteiras fechadas desde o

dia 20 de Março, para tentar conter a propagaçãoda pandemia, mas tem autorizado a realizaçãode voos de carga e de caráter humanitário paraos estrangeiros que desejem regressar aos seuspaíses de origem e repatriamento de cidadãosangolanos que se encontravam retidos no exte-rior.

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanosangolano considerou que a complexidade socialde fenómenos como a corrupção e a sofisticaçãodos meios usados apelam à cooperação interna-cional e contribuição de todos os aCtores sociaisnacionais.Francisco Queiroz procedeu à abertura do I cur-

so de graduação 'on-line' sobre o Regime Jurídi-co da Prevenção da Luta contra a Corrupção, oBranqueamento de Capitais e o Crime Organi-zado, promovido pela Faculdade de Direito JoséEduardo dos Santos, na província do Huambo, eo Instituto de Cooperação Jurídica da Faculdadede Direito da Universidade de Lisboa.

O governante angolano frisou que esta forma-ção, que se destina a 90 participantes, entre ma-gistrados judiciais, do Ministério Público, políciasde investigação criminal, técnicos dos bancoscentrais e das Unidades de Formação Financei-ra, realiza-se num momento em que decorre umamplo movimento de moralização da sociedadee a agenda política do executivo angolano tem ocombate à corrupção e à impunidade no topo dasprioridades.

Segundo Francisco Queiroz, a corrupção, obranqueamento de capitais e o crime organizado"são males sociais que geram prejuízos enormesà economia, com reflexos negativos, na quali-

dade de vida e no acesso aos bens essenciaispor parte da população, sobretudo da maiscarenciada e vulnerável".

"Infelizmente, muitos continuam a preferir essecaminho, contando, muitas vezes, com um certoestado de impunidade, alimentado pela fragili-dade das instituições de prevenção e repressãodessas condutas", disse.

A prevenção, prosseguiu o ministro, é a formamais sustentável de combater essas práticas eoutras associadas.

"A educação, quer a este nível de pós-gradu-ação quer a outros níveis, mostra-se a melhor viapara atingir esse fim", realçou.

Francisco Queiroz destacou o conjunto de le-gislação que o Estado angolano aprovou recen-temente para combater a corrupção, o branquea-mento de capitais, o financiamento ao terrorismo,o crime organizado e outras práticas, pelo que aformação hoje iniciada vai permitir aprofundar oconhecimento científico dessas leis, as causasdo fenómeno da corrupção, a dogmática do seuestudo e as visões doutrinárias até agora desen-volvidas pela academia."As matérias que vão ser leccionadas neste cur-

so, entre as quais a recuperação de activos combase na experiência de Angola, o combate ao cri-me organizado, incluindo o tráfico de estupefa-cientes, e a cooperação jurídica transnacional,bem como a aplicação de sanções no âmbito in-ternacional, em matéria penal, são muito valio-sas e vão, seguramente, municiar os operadoresde direito com instrumentos fundamentais para oexercício da sua atividade", disse.

A formação conta também com o apoio doPACED - Projecto de Apoio à Consolidação doEstado de Direito nos PALOP (Países de LínguaOficial Portuguesa) e em Timor-Leste, financiadopela União Europeia e cofinanciado e gerido peloCamões - Instituto da Cooperação e da Língua.

A formação vem responder à necessidade deformação especializada, com o objetivo de me-lhorar as capacidades dos profissionais que, nasdiferentes instituições, têm responsabilidades naprevenção e combate aos crimes de corrupção,branqueamento de capitais e criminalidade orga-nizada.

“Complexidade da corrupção e sofisticaçãode meios apelam à cooperação internacional”

- ministro da Justiça e dos Direitos Humanos

Executivo vai autorizar entrada de expatriados importantes para a economia

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14 DE SETEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 13

ANGOLA

Numa nota de condolências, lida pelo secretáriode Estado para a Saúde Pública de Angola, Fran-co Mufinda, as autoridades expressaram a sua"mais profunda consternação” pela morte deSílvio Dala, direCtor clínico do hospital materno-infantil de Ndalatando, “destacado em missão deformação no Hospital Pediátrico David Bernardi-no, em Luanda, na noite do dia 1 de Setembro,quando se encontrava sob custódia policial, emcircunstâncias ainda não completamente escla-recidas".Franco Mufinda disse que desde a primeira hora

o Ministério da Saúde solidarizou-se para prestartodo o apoio logístico, psicológico e moral à famí-lia."O Ministério da Saúde junta-se a outras institui-

ções do executivo, mormente a Procuradoria-Ge-ral da República e o Ministério do Interior, queinstauraram um processo-crime com vista a es-clarecer as circunstâncias reais em que ocorreu(…), assim como a respetiva responsabilizaçãode eventuais prevaricadores", referiu.

O governante angolano frisou que o ministério"reitera o seu firme compromisso para a com avida e integridade física, psicológica e moral dosmédicos e de todos os profissionais de saúde,especialmente neste tempo particularmente de-safiante, em que eles são de facto a linha dafrente no combate à covid-19", realçou.

"O Ministério da Saúde apela à comunidademédica e a todos os atores do sistema de saúdeà calma e serenidade e não desmotivar na nobremissão de salvar vidas, a qual estamos obriga-dos pelo juramento de Hipócrates", disse.Sobre o caso, o Ministério do Interior de Angola,

num comunicado, confirmou a morte do médico,que foi conduzido pela polícia a uma esquadra,em Luanda, por supostamente circular na viapública sem máscara facial, obrigatória, devido àcovid-19.

O documento refere que após dirigir-se à es-quadra dos Catotes, no Rocha Pinto, foi explica-do ao médico os moldes de pagamento da multae este, não tendo um terminal de multibanco nosarredores, telefonou a um familiar próximo paraproceder ao pagamento da coima.

A nota adianta que o médico "minutos depois,apresentou sinais de fadiga e começou a desfa-lecer, tendo uma queda aparatosa, o que provo-cou ferimentos ligeiros na região da cabeça".

"Devido ao seu estado grave, foi conduzidopara ser socorrido ao Hospital do Prenda mas notrajecto acabou por perecer", sublinha o docu-mento, frisando que o Serviço de InvestigaçãoCriminal interveio, removendo o corpo para amorgue do Hospital Josina Machel.De acordo com as autoridades, a família do mé-

polícia nacional, porquanto o ministro do Interiorhavia dito que não haveria de distribuir choco-lates e rebuçados para com os cidadãos”, disseSalvador Freire, presidente das Mãos Livres, ementrevista à Lusa.

O também advogado defende uma “sindicânciapara ser responsabilizada a estrutura da polícianacional”, admitindo mesmo avançar com umaqueixa ao tribunal contra a corporação policial.A não-utilização da máscara facial no interior de

uma viatura, mesmo estando sozinho, dá lugar amulta de 5.000 kwanzas, segundo o decretopresidencial sobre a situação de calamidade,que o país vive, desde 26 de Maio passado, paraconter a propagação da covid-19.

De acordo ainda com Salvador Freire, a deten-ção pela falta de uso da máscara “não colhe, porse tratar de uma transgressão administrativa enão de um crime”, porquanto, adiantou, “nessescasos o cidadão deve pagar a multa e não serdetido numa esquadra”.

“Essa atitude é incorrecta por parte da polícianacional que, mais do que nunca, deve rever asua forma de atuação”, concluiu.

O SINMEA agendou uma marcha de protestocontra a morte do médico Dala, que, em Angola,gerou uma onda de comoção e solidariedadepara com os profissionais de saúde.

No final de agosto, a Aministia Internacionaltinha já contabilizado sete mortos às mãos dasforças de segurança angolanas, por não usaremmáscara, entre Maio e Julho, admitindo que o nú-mero de vítimas possa ser superior.

ORDEM DOS MÉDICOS DE ANGOLAPEDE INVESTIGAÇÃO INDEPENDENTE

A Ordem dos Médicos de Angola (ORMED)solicitou uma nova investigação, independente,sobre as circunstâncias em torno da morte domédico Sílvio Dala.

Num comunicado de imprensa, assinado pelabastonária, Elisa Gaspar, a ORMED solicita "ime-diata revisão do decreto Presidencial, que obrigao uso de máscara a indivíduos que transitem so-zinhos em suas viaturas, uma vez que apesar dehaver alguma controvérsia sobre o assunto, nãoexistem evidências científicas suficientes parasustentar tal implementação massiva".A ordem lembra que aquela classe de profissio-

nais "perde mais um dos poucos médicos quetem e centenas de crianças perderam o seu mé-dico e a oportunidade de seguimento por um pro-fissional qualificado".

"A ORMED lamenta a profundamente a morteprematura deste profissional numa altura em queo país enfrenta uma pandemia que muito exigedos pouquíssimos profissionais no activo", lê-seno documento.

morreu! A discussão é só se foi morte acidentalou 'assistida'”, disse então.

No mesmo dia, a empresária Isabel dos Santosabordou a morte de Sílvio Dala, apelidando-a de“uma notícia triste e revoltante”.“Um jovem médico angolano foi preso pela polí-

cia “que não distribui chocolates” pois ia a con-duzir o seu carro e não estava a usar a máscara”,escreveu Isabel dos Santos, filha de JoséEduardo dos Santos.

“Quando acontece na América ou Europa atri-buímos ao racismo, mas aqui entre nós vamosdizer que é o quê? A nossa valorização comoafricanos começa entre nós. É muita falta deamor ao próximo”, escreveu, por sua vez, o músi-co angolano Anselmo Ralph na sua conta na pla-taforma Instagram.

ORGANIZAÇÕES DE DIREITOS HUMANOSCONDENAM MORTE DE MÉDICO

Organizações angolanas de direitos humanoscondenaram com “veemência” a morte do médi-co Sílvio Dala, considerando o caso como “refle-xo da extrema violência policial no país”.Para o director geral do Mosaiko – Instituto para

a Cidadania –, o frade dominicano Júlio Candeei-ro, que lamentou “profundamente” a morte domédico angolano de 35 anos, a situação é “atodos os níveis condenável” e reflete “aquilo quetem sido nos últimos tempos o escalar da violên-cia policial”.“Já há uns anos que denunciamos a brutalidade

policial, temos vários registos de violência policiale, em tempo da pandemia, esses casos apenasvieram à tona”, afirmou o director do Mosaiko -organização não-governamental angolana depromoção dos direitos humanos.

Segundo o diretor do Mosaiko, está-se diantede “mais um caso de violência policial” em que“faltou a lei da proporcionalidade, faltou raciona-lismo na abordagem da questão”.

“Se o cidadão conseguiu se explicar, se haviaalguma forma de passar a multa para o cidadãonão havia necessidade de o reter naquele espa-ço”, frisou.

Frei Júlio afirmou igualmente que as reacçõesdivergentes entre a polícia e os médicos mos-tram “algum desespero da corporação” e que asituação deveria ser resolvida com alguma peda-gogia, defendendo um inquérito “sério e indepen-dente”.

Repúdio e condenação à morte do médico Síl-vio Dala também surgem a nível da AssociaçãoMãos Livres, organização de defesa e proteçãodos direitos humanos, para quem os angolanos“não podem continuar a morrer gratuitamente”.

“Condenamos veementemente a atitude dapolícia nacional, sobretudo aquilo que tem sido e,pensamos que há ordens superiores por parte da

dico confirmou que este padecia de hipertensão,porém, por imperativos legais, será efectuadaautópsia ao cadáver para que se determine acausa da morte.

Entretanto, o Sindicato Nacional dos Médicosde Angola contraria a versão da polícia, adian-tando que depois da queda o médico foi alegada-mente mantido na cela e horas depois foi encon-trado morto.

"Só assim entenderam leva-lo para o Hospitaldo Prenda, na viatura da polícia, onde apenas foiconfirmada a morte. A sua paragem cardiorrespi-ratória irreversível", refere o sindicato.Um grupo de colegas do Hospital Pediátrico Da-

vid Bernardino, onde trabalhava a vítima, depoisde tomar conhecimento, deslocou-se à referidamorgue e surpreendentemente a gaveta estavacheia de sangue.

"O colega apresenta uma ferida incisiva, tipocorte na região occipital o que presumimos tersido submetido a agressões e duros golpes deque resultou naquela ferida e abundante sangra-mento", realça o sindicato.

Entretanto, fonte do Ministério do Interior avan-çou que a autópsia feita na presença da família ede um procurador, concluiu que o médico não foialvo de qualquer agressão.

PERSONALIDADES LAMENTAM MORTE DO COLEGA APÓS DETENÇÃO

Várias personalidades angolanas recorreram àsredes sociais para lamentar e criticar a morte domédico Sílvio Dala, em Luanda.

Welwitschea "Tchizé" dos Santos, filha do anti-go Presidente angolano José Eduardo dos San-tos, escreveu também uma mensagem na redeFacebook sobre “o brutal assassinato do médiconuma esquadra de polícia”.

“Claramente não era um cidadão armado ouque representasse perigo ao ponto de ser agre-dido até à morte”, escreveu "Tchizé" dos Santos,acrescentando que “Angola é um país onde há?uma gritante falta de profissionais de saúde”.

"Tchizé" dos Santos recordou uma intervençãoque fez em 2016 no Parlamento, enquanto depu-tada, sobre a morte “pelas tropas do exército deum rapaz de 14 anos que resistia à autoridadedurante uma acção de despejo de casas anár-quicas”.

“Há que lutar para que essa seja a única mortedesnecessária e arbitrária a ocorrer em Angola,depois do Rufino, em 2016, a Zungueira JulianaCafrique, em 2019, e tantos outros angolanosassassinados por quem os teria de proteger”,assinalando que “está na hora de corrigir o queestá mal a este nível”.

Através da plataforma Twitter, o músico e acti-vista luso-angolano Luaty Beirão convocou umaacção de protesto no Largo da Independência,em Luanda.

“A minha filha viu-me a preparar o meu cartaz epediu papelão para fazer o dela. A hora é esta. Agente vai para o simbolismo, mas o que vai lheslevar lá é sempre uma incógnita. A caminho doLargo da Independência”, escreveu Luaty Beirão,publicando uma foto de um cartaz onde se lia“Prender, matar, cumpra-se! #PEDEPARASAIR”.

Luaty Beirão partilhou também um apelo feitopelo activista Timóteo Miranda, que pediu a rea-lização, às 19:00 (mesma hora de Lisboa) de 11de Setembro, de um “panelaço e buzinão”.

“Quem estiver em casa bate as panelas e astampas, quem estiver no trânsito buzina forte.Não custa nada. Pelos nossos irmãos que são ví-timas o tempo todo”, escreveu Timóteo Miranda.

Luaty Beirão tinha reagido à morte de SílvioDala, escrevendo que este “violou a estupideztornada lei”.“Morreu um médico, como se os tivéssemos em

excesso. Estava no seu carro, sozinho, semmáscara. Violou a estupidez tornada lei. 'Vamospara a esquadra!'. Lá 'caiu', bateu com a cabeça,

Ministério da Saúde pede calma aos profissionaisdo ramo após morte de um médico numa esquadraO Ministério da Saúde de Angola apelou à calma a comunidade médica, depois da morte de ummédico numa esquadra policial, para onde foi levado por não estar a usar máscara facial, emcircunstâncias ainda por esclarecer.

PROFISSIONAIS DE SAÚDE CONTRA A MORTE DO MÉDICO SÍLVIO DALA

MÉDICO SÍLVIO DALA

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14 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 14 DE SETEMBRO DE 2020

LUSOFONIA

CABO VERDE

O primeiro-ministro cabo-verdiano afirmou que adecisão sobre a extradição do empresário co-lombiano Alex Saab, que os Estados Unidos con-sideram testa-de-ferro do Presidente venezuela-no, Nicolás Maduro, compete à Justiça, recusan-do participar na "novela" envolvendo o caso

“O Governo de Cabo Verde e os tribunais deCabo Verde não são pressionáveis”, começoupor afirmar o primeiro-ministro, Ulisses Correia eSilva, em entrevista à agência Lusa, questionadosobre os contornos deste processo, que coloca-ram Cabo Verde no centro de uma disputa inter-nacional entre os Estados Unidos e a Venezuela.

“Este caso está a ser transformado numa nove-la na comunicação social, com cartas, artigos,declarações, tentando levá-lo para o campo polí-tico ’tout court’ [simplesmente]. O Governo deCabo Verde faz questão de não entrar no elencoda novela”, acrescentou.

Alex Saab, 48 anos, foi detido a 12 de Junhopela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas,durante uma escala técnica no Aeroporto Inter-nacional Amílcar Cabral, na ilha do Sal, com ba-se num mandado de captura internacional emiti-do pelos Estados Unidos da América (EUA), queo consideram um testa-de-ferro do Presidente daVenezuela, Nicolás Maduro.

Entretanto, o Tribunal da Relação do Barlaven-to, na ilha de São Vicente, a quem competia adecisão de extradição formalmente requeridapelos Estados Unidos, aprovou esse pedido a 31de Julho, mas a defesa de Saab recorreu para oSupremo Tribunal do país.

Durante a fase administrativa do processo deextradição, antes de seguir para decisão judicial,o Governo cabo-verdiano, através do Ministérioda Justiça, autorizou esse pedido com base numparecer da Procuradoria-Geral da República.

Ulisses Correia e Silva garante que a posiçãodo Governo é inequívoca: “O caso está entregueà Justiça e é a Justiça que deve decidir em últi-ma instância”.

Os Estados Unidos acusam Alex Saab de terbranqueado 350 milhões de dólares para pagaratos de corrupção do Presidente venezuelano,Nicolás Maduro, através do sistema financeironorte-americano, enquanto a defesa do empre-sário colombiano, que inclui o escritório de advo-gados do ex-juiz espanhol Baltasar Garzón, afir-ma que este viajava com passaporte diplomático,enquanto “enviado especial” do Governo da Ve-nezuela e que por isso a detenção foi ilegal.

A defesa insiste ainda que Cabo Verde está aceder à pressão dos Estados Unidos neste pro-cesso.No início de Setembro, Alex Saab denunciou em

carta citada pelo El Mundo que “os Estados Uni-dos têm quatro empregados naturais de CaboVerde” que o estão a torturar na prisão onde estádetido, no arquipélago.

“Os Estados Unidos têm quatro empregadosque entram na minha cela todas as noites e meespancam para que faça declarações falsas con-tra [Nicolás] Maduro”, de acordo com a carta en-viada por Saab.

“Sou um enviado especial da Venezuela à Rús-sia e ao Irão, tenho imunidade diplomática e exijoa minha libertação”, insiste o empresário colom-biano.

Alex Saab afirma que “o objectivo destes crimi-nosos”, os alegados quatro homens que o tortu-ram, é que “assine a sua extradição voluntáriapara os Estados Unidos”, assim como que façadeclarações falsas contra Maduro.

Por outro lado, em Agosto foi noticiado nos Es-tados Unidos que dois responsáveis cabo-ver-dianos viajaram para Caracas como emissáriosdo Governo e reuniram-se com o Presidente Ni-colás Maduro, para abordar o processo de AlexSaab.

O Governo cabo-verdiano desmentiu esta ver-são, negando que tivesse enviado qualquer mis-são à Venezuela e dias depois afastou do cargode presidente do conselho de administração daempresa pública de medicamentos Emprofac,Fernando Gil Évora, um dos dois cabo-verdianosque viajaram para Caracas, alegando “violaçãodos deveres inerentes ao gestor público e desvioda finalidade das funções”, tendo a Procuradoriaaberto uma investigação a este caso.

O primeiro-ministro cabo-verdiano afirmouque a realização das eleições autárquicas nopróximo mês não está em causa com a pan-demia de covid-19 e garante que já em Outu-bro será obrigatório o uso de máscara na viapública.

Em entrevista à agência Lusa, questionado so-bre a ameaça da pandemia às eleições autár-quicas de 25 de Outubro face às dezenas decasos de covid-19 que diariamente são diagnos-ticados no arquipélago, o primeiro-ministro, Ulis-ses Correia e Silva, afirmou que a votação vaimesmo acontecer.

“Serão realizadas com as devidas precauções.Por outro lado, não é previsível que a epidemiase agrave ao ponto de ficar descontrolada. Antespelo contrário”, afirmou o primeiro-ministro.

Ulisses Correia e Silva acrescentou que “nor-mas sanitárias específicas” serão emitidas pelaComissão Nacional de Eleições (CNE), “com osuporte” da Direcção Nacional de Saúde, “paraas acções de campanha eleitoral e da organiza-ção do processo até ao dia da votação”.

“Não estão em causa. Têm data marcada e se-rão realizadas”, enfatizou.

O chefe do Governo acrescentou ainda que nopróximo mês passará a ser obrigatório o uso demáscara na via pública em Cabo Verde, confor-me legislação que está em preparação para oGoverno levar ao parlamento.

Assumiu, por isso, que essa medida, preventivaà transmissão da doença, é para avançar: “Sim.Em Outubro, com a retoma da actividade parla-mentar. Estamos a criar as condições para tal”.

A Lusa noticiou a 2 de setembro que a CNE deCabo Verde e a Direcção Nacional de Saúde vãodefinir um plano de contingência eleitoral para aseleições autárquicas de 25 de Outubro, mas o di-reito de voto antecipado para os doentes com

covid-19 em isolamento está garantido.A posição consta de uma deliberação aprovada

por maioria no plenário da CNE, que refere queas duas entidades “já deram início ao processode preparação de um Plano de ContingênciaEleitoral”.

O plano “tem em vista, no essencial, estabele-cer regras sanitárias para a fase de propagandae campanha eleitoral e a salvaguarda do direitodo voto antecipado por parte dos doentes inter-nados”, lê-se na deliberação.Segundo o calendário eleitoral para as Eleições

Gerais dos Titulares dos Órgãos Municipais de25 de Outubro, definido pela CNE, os partidospolíticos, coligações e grupos de cidadãos po-dem começar a campanha eleitoral a 8 de Outu-bro, no 17.º dia anterior ao designado para aseleições.

“Pela própria natureza do processo eleitoral, al-guns actos inseridos nesse processo são sus-ceptíveis de gerar aglomerações de pessoas”,acrescenta-se na deliberação, reconhecendoque “não é possível prever qual será a situaçãoepidemiológica do país na data marcada para arealização das eleições”.

Este ano, devido à pandemia do novo corona-vírus, a campanha para as eleições autárquicasvai decorrer sem acções porta a porta ou apertosde mãos, conforme disse em Junho o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva,como medida de prevenção da doença.

A campanha eleitoral para as autárquicasdecorre até às 24:00 do dia 23 de Outubro.As últimas autárquicas aconteceram a 4 de Se-

tembro de 2016. Nesta votação são escolhidosos autarcas dos 22 municípios de Cabo Verde.

Há quatro anos, o MpD venceu com os seuspróprios candidatos 18 das 22 câmaras munici-pais, mais cinco do que nas autárquicas de 2012,enquanto o PAICV ganhou duas e outras duasforam conquistadas por independentes.

As remessas enviadas pelos imigrantes emCabo Verde para os países de origem aumen-taram 5,2% no primeiro semestre do ano, facea 2019, chegando a 12,7 milhões de euros,segundo dados de um relatório estatístico dobanco central cabo-verdiano.

De acordo com o documento, tornado público,de Janeiro a Junho os imigrantes em Cabo Verdeenviaram remessas de mais de 1.404 milhões deescudos (12,7 milhões de euros), valor que com-para com os 1.334 milhões de escudos (12 mi-lhões de euros) do mesmo período de 2019.

As remessas enviadas pelos imigrantes quetraba-lham em Cabo Verde já tinham disparado50% no primeiro trimestre em termos homólogos,segundo dados anteriores do Banco de CaboVerde (BCV).

Os imigrantes portugueses foram os que maisre-messas enviaram para os países de origem,com 400,5 milhões de escudos (3,6 milhões deeuros) no primeiro semestre deste ano, uma que-bra face aos 445,5 milhões de escudos (quatromilhões de euros) nos primeiros seis meses de2019.Seguem-se os senegaleses, com 166,2 milhões

de escudos (1,5 milhão de euros), e os imigran-tes da Guiné-Bissau enviaram remessas de108,7 milhões de escudos (quase um milhão deeuros).

O director nacional de Saúde de Cabo Verde,Artur Correia, explicou que ao completar emJaneiro de 2021 três anos sem casos de maláriade transmissão local, as autoridades cabo-ver-dianas poderão “pedir a certificação” à OMS.

“Temos de continuar a nossa luta rumo à elimi-nação do paludismo [malária] em Cabo Verde(…) É esse o nosso desígnio”, afirmou Artur Cor-reia, durante a cerimónia de lançamento daprimeira fase da Campanha de Luta Antivectorial,na Praia, que prevê pulverização em áreas habi-tacionais como prevenção à malária.

Esta primeira fase arrancou dia 7 de Setembro

e vai decorrer até 10 de Novembro.“Vamos chegar a Janeiro de certeza sem ne-

nhum caso e prontos para pedir a certificação deeliminação de paludismo junto da OMS”, acres-centou o director nacional de Saúde.A certificação é atribuída pela OMS quando um

país prova que interrompeu a transmissão localda doença por pelo menos três anos consecuti-vos.

No caso de Cabo Verde, nos últimos mais dedois anos e meio foram apenas identificadas oitopessoas infetados com malária, todos prove-nientes de outros países, sem qualquer transmis-

são local da doença.A malária é transmitida entre humanos através

da picada de um mosquito infectado, sendo umadas principais causas de morte a nível global. Em2018, segundo a OMS, a doença atingiu 228 mi-lhões de pessoas e matou cerca de 405 mil, prin-cipalmente na África subsaariana.

“O nosso desafio é consolidar, garantir todos osganhos e fazer face aos desafios novos. A covid-19 é um deles, mas também o paludismo é outroe quando combatemos o paludismo aos mesmotempo combatemos o dengue, chikungunya, fe-bre amarela, zika e outras doenças veiculadaspor vectores [como o mosquito transmissor]”, as-segurou Artur Correia.

Pandemia não coloca em causaeleições autárquicas de Outubro

“Cabo Verde não entra na “novela” daextradição de alegado testa-de-ferrode Maduro” - diz primeiro-ministro

Remessas dos imigrantes sobemmais de 5%em seis meses

Governo espera pedir certificação de país livre de malária em JaneiroCabo Verde não regista casos de transmissão local de malária há mais de dois anos, cenárioque, mantendo-se até Janeiro, permitirá o pedido de certificação à Organização Mundial daSaúde (OMS) como país livre da doença, foi anunciado.

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14 DE SETEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 15

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TIMOR-LESTE

A Escola Portuguesa de Díli abre o ano lectivo a17 deste mês de Setembro, com apertadas re-gras de segurança sanitária, incluindo uso per-manente de máscaras e distanciamento social, eainda sem a chegada de todos os professores dePortugal."As primeiras semanas vão ser de consolidação

do material aprendido em ensino à distância,para questões mais comportamentais, de cidada-nia e de adaptação à nova realidade", explicouAcácio de Brito, diretor da Escola Portuguesa deDíli (EPD).

Condicionado pelas regras de prevenção dapandemia de covid-19, o ano lectivo começa comapenas 23 dos 66 docentes previstos, com osrestantes a viajarem de Lisboa apenas a 19 deSetembro.

Estes docentes, que incluem 20 novos profes-sores, vão aproveitar um voo que está a ser or-ganizado pela EuroAtlântico para contornar oisolamento em termos de ligações aéreas comque Timor-Leste vive desde Março.

À chegada a Díli, os professores terão ainda decumprir duas semanas de quarentena, podendotrabalhar apenas depois de testes negativos àcovid-19 realizados em Timor-Leste.

Acácio de Brito reconhece os desafios que onovo ano coloca, quando são esperados mais de1.100 alunos nos vários níveis de ensino, notan-do que a escola está "preparada para o pior, masansiando para que tudo corra bem".

A abertura do ano lectivo marca o retomar dasactividades com alunos, que foram suspensas a13 de Março, devido às cheias que danificaramsignificativamente a infraestrutura, entretanto re-cuperada e até, em alguns casos melhorada.A pandemia impediu que as actividades lectivas

presenciais fossem retomadas mesmo depoisdas obras concluídas, com o último ano lectivo aser concluído à distância, salvo no caso dos exa-mes do 12º ano.

O plano prevê pontos diferentes para entrada esaída da escola, com medição de temperatura,sendo que todos – alunos, professores, funcioná-rios, visitantes e encarregados de educação –têm de "obrigatoriamente utilizar máscara co-brindo a boca e o nariz durante toda a sua per-manência na escola".

Esta regra só não se aplica às crianças da edu-cação pré-escolar, do primeiro ciclo e do novoprojeto "Ano Zero", uma iniciativa que se estreiaeste ano para apoiar alunos que, à chegada àescola, tenham maiores dificuldades com o por-tuguês.

À entrada e saída das salas de aula ou dos es-paços de ensino e aprendizagem, todos os alu-nos e professores devem proceder à lavagemdas mãos com água e sabão ou com gel desin-fectante.

"Nas salas de aula, é obrigatório aos alunos edocentes o uso continuo da máscara de proteçãoe, dentro do possível, devem os alunos manteruma distância social adequada. Na sala de aulanão é permitida a partilha de material escolar",referem as novas diretrizes.

"No sentido da prevalência do distanciamento

social, nos corredores da escola não serão per-mitidos ajuntamentos de alunos sem o necessá-rio distanciamento social (1,5 metros)", acres-centam.

Acácio de Brito pede a colaboração de pais eencarregados de educação, tanto para o forneci-mento das máscaras para os alunos – hoje tor-naram-se comuns em Timor-Leste as máscarasreutilizáveis –, como no que toca a explicar e im-plementar as novas regras de segurança sani-tária.

Ainda que a recomendação da OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS) seja no sentido do usode máscara pelos alunos a partir dos seis anos,no caso da EPD essa regra aplica-se a partir dos10 anos, com "rigoroso" controlo de temperaturaà entrada e a desinfeção de mãos.

O refeitório vai abrir durante mais tempo paraacomodar uma redução de 50% na lotação.

Haverá ainda desinfecção reforçada de todosos espaços escolares.

Trinta e seis produtores de café do município deAileu, a sul de Díli, competiram na semana pas-sada em provas de qualidade, com os vencedo-res a seguirem depois para um concurso nacio-nal, num evento que comemora a colheita de2020.

A iniciativa é do projecto português Quinta dePortugal, financiado e implementado pelo Institu-to Camões, e que este ano cumpre 20 anos emTimor-Leste de trabalho em prol da melhoria daprodução do sector agrícola nacional.

Localizado na aldeia de Hularema (SeloiMalere), em Aileu, a 40 quilómetros a sul de Díli,o projecto da Quinta Portugal visa contribuir paraa melhoria da segurança alimentar nacional,através do aumento dos rendimentos das comu-nidades rurais.

O projecto aposta na diversificação das suasproduções agroflorestais e do fortalecimento dascadeias de mercado, estimulando a prática detécnicas de conservação e gestão sustentáveldos recursos naturais.

Nesse quadro, e em colaboração com a Asso-ciação Café Timor, a Quinta Portugal promoveuna quinta-feira uma competição com 36 produ-tores locais de café com a ronda final de classifi-cação, de onde sairam os três melhores.O lote de café vencedor será homenageado du-

rante uma curta cerimónia em Aileu, amanhã, dia15 de Setembro, e avançará para a competiçãonacional, que decorre em Novembro.Trata-se, segundo explica o projecto numa nota,

de promover “tecnologias de melhoramento dacolheita e processamento de café arábica com oobjectivo de elevar a qualidade do café pergami-nho produzido” e assim “poder atingir a classifi-cação de café especial”.Esta semana, em Aileu, serão dados a conhecer

os processos de trabalho realizados, as desco-bertas e os resultados alcançados por nove gru-pos de produtores de café arábica dos sucos deSeloi Malere (três grupos, 12 produtores) e Ma-

nucasa (seis grupos, 24 produtores).Com o apoio da Quinta de Portugal e do Centro

de Treinamento e Recursos de Aileu (CTRA), osgrupos de Manucasa iniciaram na safra desteano processo de “melhoria das técnicas de pro-cessamento de café pergaminho, com o objecti-vo de obter um produto de qualidade superiorque pudesse garantir um preço de venda supe-rior”.

Os apoios prestados pela equipa técnica doCamões incluíram disponibilização de máquinase outros equipamentos simples para processa-mento do café, treino e aconselhamento técnicosemanal.

A Associação Café Timor (ACT) juntou-se à ini-ciativa para avaliar a qualidade do café produzi-do e para estabelecer “ligações a potenciaiscompradores de café interessados em trabalharjuntamente com os produtores para a valoriza-ção e melhoria da qualidade do café produzidopor estes cafeicultores, motivando-os para quepossam continuar esse trabalho de elevação daqualidade do seu café”, explicou a Quinta Portu-

gal.“A actividade revelou-se bastante produtiva,

com a generalidade do café pergaminho produzi-do a apresentar melhorias significativas na suaqualidade e com um terço dos produtores a al-cançar níveis de qualidade elevada, o que é umbom indicativo do caminho a seguir por todos”,destacou.

A Associação Café Timor é uma organizaçãosem fins lucrativos constituída e gerida por umgrupo de pessoas e empresas apaixonadas porcafé.

Criada em 2016, a associação reúne nos seusmembros baristas, torradores, comerciantes, ex-portadores e cafeicultores.

O grupo tem como objectivo estreitar a sua re-lação com o Ministério da Agricultura e Pescas,criar novos canais para mercados de cafés espe-ciais e desenvolver uma marca competitiva decafé e profissionais de café, focando-se em a-ções de valorização e melhoria da qualidade docafé produzido.

O voo previsto entre Lisboa e Díli, adiado para19 de Setembro, vai transportar estudantes timo-renses que estão em vários países e queremregressar a casa, disse fonte do Ministério dosNegócios Estrangeiros de Timor-Leste.Juvêncio de Jesus Martins, director de Assuntos

Consulares e Protocolares, explicou à Lusa quequase 120 timorenses actualmente no Brasil, Cu-ba, Reino Unido, Itália e Portugal vão viajar paraLisboa para poderem apanhar o voo que vai seroperado pela EuroAtlântico.

"A lista final está a ser preparada pela Embai-xada de Timor-Leste em Portugal, que depois avai enviar para aqui, para que possamos coor-denar com a Saúde e a Imigração, inclusive nostemas de quarentena", referiu.

A inclusão de mais estudantes no voo forçou osegundo adiamento na data prevista de partidade Lisboa, que foi inicialmente marcada para 6de Setembro, adiada para 17 e agora para doisdias depois.

Uma das questões que está a suscitar algumapreocupação das famílias dos estudantes, quetêm de custear a viagem, é o preço dos bilhetes,de 1.980 euros só da ida para Timor-Leste.

"Algumas pessoas desistiram por causa disso",referiu.

A questão dos preços foi, aliás, levantada pordeputados no Parlamento Nacional, que debateu

a renovação do estado de emergência.Antonio Verdeal, do Kmanek Haburas Unidade

Nacional Timor Oan (KHUNTO), um dos partidosdo Governo, apontou o exemplo dos estudantesque têm de viajar de Cuba, para quem o custo daviagem até Díli pode atingir os 3.500 dólares(2.960 euros)."O Governo tem de dar atenção a esta questão.

As famílias estão a ter de andar a pedir dinheiropara os bilhetes. O Governo deve apoiar e reem-bolsar as famílias", afirmou.

O voo comercial, que tem por objectivo trans-portar professores e cidadãos portugueses e ti-morenses para Timor-Leste e retirar cidadãosportugueses e de outras nacionalidades daquelepaís, foi proposto pela própria EuroAtlantic, emresposta à preocupação com a falta de ligaçõescomerciais regulares, suspensas indefinidamen-te desde final de março.

O voo permitirá o regresso a Timor-Leste deprofessores da Escola Portuguesa de Díli e doprojecto CAFE (Centros de Aprendizagem e For-mação Escolar), que saíram no início de Abril eestão ainda sem poder regressar.Ainda que as listas finais estejam a ser concluí-

das, entre Lisboa e Díli devem viajar cerca demeia centena de professores dos CAFE e 58 pro-fessores e acompanhantes da Escola Portugue-sa (incluindo 10 docentes que vão estrear-se emDíli)Viajarão ainda entre Lisboa e Díli cerca de meia

centena de outros passageiros.No sentido inverso, no voo entre Díli e Lisboa,

previsto para 21 de Setembro, devem viajar cer-ca de 50 timorenses, a maioria estudantes quevão para Portugal e outros países, e dezenas deoutras pessoas, maioritariamente portugueses.

Este voo permite ultrapassar as restrições quecontinuam a existir em Timor-Leste, com as auto-ridades de aviação a manterem por tempo inde-finido a proibição da realização de voos comer-ciais regulares ou 'charters'.Actualmente, apenas operam voos da Austrália,

através de um acordo com a AirNorth – pratica-mente limitados a cidadãos australianos –, e umvoo quinzenal do Programa Alimentar Mundial(PAM) com acesso restrito a funcionários deembaixadas e missões internacionais, colabora-dores e membros das agências das Nações Uni-das. Uma situação que torna impossível a outroscidadãos, tanto timorenses como estrangeiros,entrar ou sair do país, praticamente isolado des-de Março.

Escola Portuguesa de Díli reabre este mês com regras de segurança sanitária

Voo entre Lisboa e Díli vai levar quase 120 estudantes timorenses para casa

Projecto Quinta de Portugal promove competição de produtores de café timorenses

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16 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 14 DE SETEMBRO DE 2020

LUSOFONIA

GUINÉ-BISSAU

Os chefes de Estado e de Governo da Comuni-dade Económica dos Estados da África Ociden-tal decidiram retirar a força de interposição, Eco-mib, da Guiné-Bissau, depois dos progressosrealizados no funcionamento das instituições

A decisão foi tomada na cimeira de chefes deEstado e de Governo da organização, que serealizou na segunda-feira, em Niamey, no Níger.

“No que diz respeito à Guiné-Bissau, a confe-rência congratula-se com os progressos realiza-dos no funcionamento das instituições, nomea-damente da Assembleia Nacional e do Governo.Consequentemente, decide retirar a Missão daCEDEAO da Guiné-Bissau”, refere-se no comu-nicado final da cimeira.

No comunicado, os chefes de Estado e de Go-verno agradecem também aos “países que con-tribuem com tropas e elementos da polícia pelosseus esforços a favor da estabilização” da Guiné-Bissau.

“Expressa também a sua gratidão à UniãoEuropeia pelo apoio multifacetado prestado àEcomib desde o seu destacamento, em Abril de2012”, pode ler-se no comunicado.Os chefes de Estado e de Governo reafirmam o

seu compromisso de apoio ao Governo da Gui-né-Bissau para a realização da revisão da Cons-tituição e da reforma do setor de segurança.

As forças de Ecomib foram acantonadas emMarço por decisão do Presidente guineense,

Umaro Sissoco Embaló.Um contingente do Togo, que reforçou a Ecomib

na altura das eleições presidenciais, abandonoua Guiné-Bissau no final de agosto.

A cerimónia oficial de saída da Ecomib do paísesteve marcada para a semana passada, mas foiadiada.

As forças da Ecomib estão na Guiné-Bissaudesde 2012 na sequência de um golpe de Estadomilitar e tinham como missão garantir a seguran-ça e protecção aos titulares de órgãos de sobera-nia guineenses.A Ecomib foi autorizada em 26 de Abril de 2012

pela CEDEAO.O objectivo da força de interposição era promo-

ver a paz e a estabilidade na Guiné-Bissau combase no direito internacional, na carta das Na-ções Unidas, do tratado da CEDEAO e no proto-colo sobre prevenção de conflitos daquela orga-nização.

Durante a cimeira, os chefes de Estado e deGoverno da CEDEAO abordaram vários temas,incluindo a pandemia provocada pelo novo coro-navírus, a introdução da moeda única na organi-zação, denominada Eco, e a situação política ede segurança na região.

Os chefes de Estado e de Governo elegeramtambém o Presidente do Gana, Nana Akufo-Addo, para assumir a presidência rotativa.

O Supremo Tribunal de Justiça da Guiné-Bissauconsiderou "improcedente" o recurso de conten-cioso eleitoral apresentado por Domingos Si-mões Pereira à segunda volta das eleições presi-denciais por alegadas irregularidades cometidas."Julga-se improcedente o recurso", refere-se no

despacho, divulgado à imprensa pelo SupremoTribunal de Justiça guineense.

Domingos Simões Pereira, candidato dadocomo derrotado na segunda volta das eleições

presidenciais da Guiné-Bissau pela ComissãoNacional de Eleições (CNE), apresentou um re-curso de contencioso eleitoral contra as decisõestomadas pela CNE por alegadas irregularidadescometidas.

No recurso, o candidato apoiado pelo PartidoAfricano para a Independência da Guiné e CaboVerde (PAIGC) pedia a recontagem dos votos emtodas as assembleias de voto ou a nulidade detodo o processo eleitoral.

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro SissocoEmbaló, disse que o primeiro-ministro português,António Costa, está preocupado com as movi-mentações de cidadãos da Guiné-Bissau pelaEuropa, devido à covid-19.Em declarações aos jornalistas no aeroporto de

Bissau, antes de viajar para o Níger, onde parti-cipou na segunda-feira numa cimeira de líderesda Comunidade Económica de Estados da ÁfricaOcidental (CEDEAO), Umaro Sissoco Embalódisse ser "uma vergonha" o comportamento de"alguns guineenses" na Europa."O primeiro-ministro português pediu-me que fa-

lasse com a nossa comunidade que está a im-portar o coronavírus. Estou triste com isso, por-que é uma vergonha. Não se pode estar numpaís e não se comportar bem", observou o chefede Estado.

Elementos da comunidade guineense na diás-pora, sobretudo os residentes na Europa, no-meadamente em Portugal, têm vindo a manifes-tar-se para chamar a atenção sobre a situaçãopolítica no país, decorrente das últimas eleiçõespresidenciais, realizadas em Dezembro passado.

A comunidade guineense tem realizado váriosprotestos em Lisboa e também junto ao parla-mento europeu, em Bruxelas, contra a situaçãopolítica no país.

Uma outra iniciativa semelhante terá lugar nopróximo dia 24, data em que se assinala o 47.ºaniversário da independência do país, em Gene-bra, na Suíça.

Sobre estas manifestações, Sissoco Embalóafirmou que disse a António Costa lamentar que"ainda haja alguns filhos da Guiné que só sabemfazer mal ao país".

No seu entender, "um bom filho não faz mal aoseu próprio país".

"Disse ao primeiro-ministro de Portugal que naGuiné-Bissau as pessoas têm noção da situaçãoprovocada pelo coronavírus, mas, às vezes, aspessoas agem pela sua inocência", defendeu oPresidente guineense.

Em Maio deste ano o presidente da Guiné-Bis-sau, Umaro Sissoco Embaló criou e deu posse auma comissão técnica para trabalhar a novaConstituição guineense, cujo projecto agora seencontra nas mãos do chefe de Estado. Embalójá garantiu que o documento "será o único a seraplicado”, numa alusão a uma comissão de revi-são constitucional rival criada pela AssembleiaNacional Popular.

Vários juristas guineenses consideram a inicia-tiva do Presidente anticonstitucional. Os partidospolíticos com assento parlamentar divergem namatéria. O Partido Africano da Independência daGuiné e Cabo Verde (PAIGC), que não reconhe-ce Umaro Sissoco Embaló como presidente daRepública, declarou que não vai participar no de-bate do projecto da nova Constituição.

PAIGC REJEITA INICIATIVA PRESIDENCIAL

O terceiro vice-presidente do PAIGV, Califa Sei-di justificou assim a posição, “é uma iniciativa dosenhor Umaro Sissoco Embaló, mas que não seenquadra de forma alguma naquilo que é a suacompetência, de acordo com a nossa Constitui-ção. Portanto, não tem cabimento mesmo enviarisso (o projecto da Constituição) para Assem-bleia Nacional Popular, a não ser que venha emforma de uma contribuição”, “como qualquercidadão”.

Para o parlamentar, a contribuição presidencialpoderia então ser tomada em consideração pelacomissão criada na Assembleia Nacional Popu-lar, "dentro do quadro legal e dos trabalhos dacomissão eventual da revisão constitucional”.

O Movimento para Alternância Democrática(MADEM G-15), partido que suportou a candi-datura de Sissoco, apoia a revisão da Constitui-ção proposta pelo presidente.

CEDEAO QUER REFORMA CONSTITICIONAL

A revisão constitucional foi várias vezes reco-mendada pela Comunidade Económica dos Es-tados da África Ocidental (CEDEAO), que temmediado a crise política na Guiné-Bissau. Mas osactores políticos guineenses nunca se entende-ram sobre a matéria, cuja iniciativa é reservadoaaos deputados segundo o artigo 127 da Consti-tuição.

A União para a Mudança (UM) é outro partidoque não reconhece o projecto da Constituiçãoelaborado pela comissão técnica nomeada pelopresidente da República.

O líder do partido, Agnelo Regala, frisou a pro-posta da criação do Tribunal Constitucional apre-sentada pelo projecto da nova Constituição paradefender a sua posição, "quando o autoprocla-mado presidente se arroga o direito de nomearos membros do Tribunal Constitucional, isso de-nota claramente as intenções ditatoriais do dito.Portanto, nós não entendemos como é que emdemocracia, alguém se pode arrogar o direito deser ele a nomear os juízes”.De acordo com o projecto da nova Constituição,

seria o presidente do Tribunal Constitucionalquem passa a investir o chefe de Estado. AConstituição em vigor outorga essa competênciaà assembleia nacional. Os juízes do órgão seri-am nomeados pelo Presidente da República, quetambém teria a competência de presidir à reu-nião do conselho de ministros.

Reforma constitucional divide partidos Os partidos divergem profundamente sobre a constitucionalidade do projecto instigado pelo

presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló.

CEDEAO anuncia retirada de força militar depois de progressos realizados

Supremo Tribunal considera "improcedente"recurso por irregularidades nas presidenciais

Presidente daRepúblia diz queprimeiro-ministro português está preocupado comcomportamentode guineenses na Europa

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14 DE SETEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 17

INTERNACIONAL

O advogado e activista dos direitos humanosGeorge Bizos morreu na quarta-feira aos 92anos, anunciou a Fundação Ahmed Kathrada.

George Bizos dedicou a sua carreira profissio-nal à luta pelos direitos humanos na África doSul, para onde imigrou em 1941 como refugiadoda Segunda Guerra Mundial com o seu pai.De origem helénica, Bizos destacou-se no auge

do 'apartheid' ao representar Walter Sisulu e Nel-son Mandela, fundadores do ex-movimento delibertação, Congresso Nacional Africano (ANC,na sigla em inglês), no julgamento de Rivonia.

Em 1996, na Comissão de Verdade e Reconci-liação (TRC) criada pelo Governo de UnidadeNacional do Presidente Mandela, Bizos repre-sentou várias famílias de dirigentes da luta de li-bertação, como Steve Biko e Chris Hani.

George Bizos, nasceu em 1928, na Grécia, ten-do sido ainda contemporâneo do fundador daFrente de Libertação de Moçambique (Frelimo),

Eduardo Mondlane, na Universidade de Witwa-tersrand, em Joanesburgo.

ALIANÇA HELÉNICA, ITALIANAE PORTUGUESA (HIP) ENVIACONDOLÊNCIAS À FAMÍLIA BIZOS

É com grande tristeza que recebemos a notíciado falecimento do Advogado George Bizos, SC,um sul-africano de origem helénica e um partici-pante activo nos programas e actividades da HIPAlliance.

Adv Bizos dedicou grande parte de sua vida àluta pelos Direitos Humanos, Igualdade e De-mocracia, algo que ele manteve de forma susten-tável até seus últimos dias.

Sempre nos lembraremos dele como um ho-mem corajoso que nunca se esquivava de en-frentar as adversidades mais intransponíveis. Ar-mado com integridade por um lado e com a Ver-dade por outro, ele conseguiu efectivamente em-

purrar para trás as fronteiras do preconceito e dainjustiça.Seremos eternamente gratos ao Adv. Bizos pelo

papel crítico que desempenhou na transição donosso país para a democracia e também por suacontribuição para a Constituição Provisória eDeclaração de Direitos da África do Sul.

Como muitos antes dele, o advogado Bizoschegou à África do Sul após uma tentativa de

fuga do fascismo que estava varrendo a Gréciana época e se envolveu na comunidade gregasul-africana. Nunca se sentindo confortávelvivendo sob o domínio nacionalista no apar-theidna África do Sul, uma vez que descreveu como oentão ministro Jimmy Kruger disse que gregos eoutras minorias eram tolerados sob sofrimento,isso o estimulou a um maior senso de justiça eigualdade.

Morreu George Bizosadvogado de MandelaAliança HIP envia condolências à Família

O Papa Francisco apareceu na quarta-feira, pelaprimeira vez desde o início da pandemia decovid-19, de máscara de protecção em público,enquanto se deslocava para uma audiênciageral.

Seis meses após as tradicionais audiências dequarta-feira gravadas ao vivo na sua bibliotecaprivada, o Papa retomou este encontro na pre-sença de 500 fiéis e ao ar livre.Francisco colocou a máscara de proteção quan-

do saiu do carro e usou-a durante o percurso atéà audiência geral.

Quando retirou a máscara, o Papa evitou aper-tar as mãos e beijar crianças, como fazia antesna Praça de São Pedro, no Vaticano.No entanto, aproximou-se dos fiéis que se aglo-

meravam ao longo da proteção instalada, em vezde permaneceram nas cadeiras espalhadas nolocal.

Alguns dos fiéis baixaram máscara para tentarcumprimentar o Papa, enquanto outros coloca-ram um presente nas suas mãos, como uma cai-xa com pastéis ou um boné branco.

Antes de iniciar a catequese e após apertar asmãos das autoridades religiosas que participa-ram na audiência, Francisco recomendou à mul-tidão que "cada um voltasse para sua cadeira"para "evitar o contágio".

O texto voltou a centrar-se nas consequênciassocioeconómicas de um vírus “sem barreiras” edefendeu uma sociedade mais unida ao denun-ciar aqueles que pretendem tirar “benefícioseconómicos ou políticos”.

A pandemia de covid-19 já provocou pelo me-nos 898.503 mortos e infetou mais de 27,6 mi-lhões de pessoas em 196 países e territórios,segundo um balanço feito pela agência francesaAFP.

Em Portugal, morreram 1.849 pessoas das61.541 confirmadas como infetadas, de acordocom o boletim mais recente da Direção-Geral daSaúde.A doença é transmitida por um novo coronavírus

detetado no final de dezembro, em Wuhan, umacidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China comocentro da pandemia em fevereiro, o continenteamericano é agora o que tem mais casos confir-mados e mais mortes.

PAPA DIZ QUE O RUMOR É UMA PRAGAMAIOR QUE A COVID NA IGREJA CATÓLICA

O Papa Francisco alertou que o rumor é uma"praga pior que a covid" que visa dividir a IgrejaCatólica.

O Papa desviou-se do texto que tinha prepara-

do para reforçar as suas queixas sobre os fre-quentes rumores dentro das comunidades daigreja e até mesmo dentro da burocracia do Vati-cano.

Francisco não adiantou pormenores sobre oassunto durante a sua bênção semanal, no Vati-cano, mas alertou que o diabo é o "maior intri-guista" que tenta dividir a igreja com as suasmentiras.

"Por favor, irmãos e irmãs, vamos tentar nãocriar mexericos", disse Francisco, observandoque "o rumor é uma praga pior do que a covid".

"Vamos fazer um grande esforço" nesse senti-do, acrescentou.

Estes comentários surgiram quando o papareferiu uma passagem do Evangelho sobre anecessidade de corrigir os outros, em particularquando eles fazem algo errado.

A hierarquia católica tem confiado nessa "cor-reção fraternal" entre padres e bispos para osredimir quando cometem erros e infrações semos divulgar publicamente.

Sobreviventes de abuso sexual no seio na Igre-ja Católica denunciaram que essa forma de repri-menda privada permitiu que o abuso infestasse aigreja, permitindo que padres predadores se-xuais e os superiores, que encobriram a situa-ção, escapassem da punição.

Papa aparece de máscara pela primeira vez

A União Europeia (UE) quer reunir-se urgente-mente com Londres para debater o projecto delei que o Governo britânico publicou na quarta-feira e que rectifica parte do acordo do ‘Brexit’,anunciou a Comissão Europeia.

“Vou pedir, assim que possível, uma reunião dacomissão mista extraordinária sobre o acordo desaída, de modo a que os nossos parceiros doReino Unido forneçam detalhes e respondam àsnossas sérias preocupações relativas ao projec-to de lei”, disse, em conferência de imprensa, ocomissário europeu para as Relações Interinsti-tucionais e Prospetiva, Maros Sefcovic.

O comissário, que integra a Comissão Mistapara discutir a aplicação do Acordo para o 'Bre-xit’, salientou que “os acordos devem ser respei-tados”.

O Governo britânico apresentou que uma pro-posta de lei para retificar parte do acordo de saí-da negociado entre o Reino Unido e a UE.

O texto diz respeito ao mercado interno britâni-co e modifica, nomeadamente, o protocolo queevita o regresso de uma fronteira física entre aIrlanda e a Irlanda do Norte no final do períodode transição pós-‘Brexit’, que termina no dia 31de dDezembro.O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, ar-

gumentou que a proposta de lei pretende prote-ger o país de "interpretações extremistas ou irra-cionais” do Acordo de Saída da União Europeia(UE).

"O meu trabalho é proteger a integridade doReino Unido, mas também proteger o processo

de paz da Irlanda do Norte. E para o fazer, temosde ter uma rede de segurança para proteger onosso país contra interpretações extremistas ouirracionais do Protocolo, que pode resultar numafronteira no Mar da Irlanda”, afirmou, durante odebate semanal na Câmara dos Comuns.

O Governo britânico admitiu na terça-feira queuma proposta de lei publicada para rectificar par-te do acordo de saída do Reino Unido da UniãoEuropeia (UE) pode representar uma violação dodireito internacional."Eu diria que sim, viola o direito internacional de

uma forma muito específica e limitada. Estamosa assumir o poder de não aplicar o conceito deefeito directo da legislação da UE exigido peloartigo 4 em certas circunstâncias bem definidas”,disse o ministro para a Irlanda do Norte, BrandonLewis, no parlamento.

O Acordo de Saída e o Protocolo da Irlanda doNorte foram redigidos com o objetivo de protegero processo de paz na Irlanda do Norte, evitandoa necessidade de uma fronteira física entre o ter-ritório britânico com a Irlanda, membro da UE,pelo que qualquer controlo aduaneiro teria de serfeito entre a Irlanda do Norte o resto do ReinoUnido, que estão separados pelo Mar da Irlanda.Estes desenvolvimentos coincidiram com a oita-

va ronda de negociações para um acordo decomércio pós-Brexit, que decorreu até quinta-feira em Londres. Os dois lados estão a negociar o formato das fu-

turas relações comerciais há seis meses, desdea saída formal do Reino Unido do bloco, a 31 deJaneiro, mas o progresso tem sido mínimo e a re-cente troca de acusações arrisca acabar em co-lapso nas próximas semanas.

União Europeia quer reunião urgente com Londres para debater nova legislação

ISAURA DO COUTO MAIA FERREIRA

Natural de SerzedoVila Nova de Gaia - Portugal

Nasceu a 27/10/1942 Faleceu a 8/9/2020

em Joanesburgo - África do Sul

Sua filha Arminda Vaz, neto Roberto Adão,neta Natasha Adão; seu genro Júlio Adão,sua filha Diana Ferreira, netos RicardoPires e Christopher Pires vêm por estemeio, com profunda mágoa, participar ofalecimento da sua querida mãe, sogra eavó.

Estará para sempre nos nossos coraçõescom muito amor e carinho.

Que a sua alma descanse em paz

2351

Page 18: Contactos: 011 496 1650/7 * seculo@oseculo.co.za * www ......2020/09/14  · A economia sul-africana, a mais desenvolvida de África, teve uma queda recorde de 51% entre Abril e Junho,

Na semana passada fiquei bastantechocado com uma notícia divulgadapela WWF (World Wide Fund for Natu-re) a dar conta do grande desperdíciode alimentos que resulta em custosambientais de 700 biliões de dólares edespesas sociais de 900 biliões, quan-do se sabe que mais de 820 milhõesde pessoas no mundo passam fomeou insegurança alimentar.Defende esta organização de conser-

vação da natureza, no seu relatório de2020, que reduzir o desperdício de ali-mentos representa uma oportunidadecrucial para aliviar a pressão ambien-tal no nosso planeta.

De acordo com o estudo da WWF,quase um quarto - 24% - de todas asemissões do sector alimentar vem dealimentos que são perdidos nas ca-deias de abastecimento ou desperdi-çados pelos consumidores.De facto, são dados que qualquer um

de nós poderá ter em conta e fazeruma breve análise. Gente há que deitafora alimentos quando há milhões noplaneta que não sabem o que é comerpão, o mais precioso e abençoado ali-mento que Deus nos criou para poder-mos “matar” a fome.

No continente africano, que enfrentamais dificuldades quando se tratadeste flagelo , a fome extrema atinge50 milhões, onde 11 países estão en-tre os principais pontos em que o riscode fome extrema foi agravado pelapandemia de covid-19, estimando-seque, só na região do Sahel, mais de50 milhões de pessoas entrem em cri-se alimentar.

Da lista constam a República Demo-crática do Congo (15,6 milhões depessoas), a Etiópia (8 milhões de pes-soas), o Sudão do Sul (7 milhões depessoas) e o Sudão (5,9 milhões depessoas). Da região ocidental do Sa-hel, que cobre o Burkina Faso, Mali,Mauritânia, Níger, Chade, Senegal eNigéria, com uma estimativa de 9,8milhões de pessoas em situação defome extrema.

Globalmente, os 11 países africanosconcentram 46,3 milhões de pessoasem crise alimentar, mas o estudo pro-jecta que só na região do Sahel, asmedidas tomadas para conter a propa-gação do novo coronavírus possamatirar mais 50 milhões de pessoaspara situações de insegurança nutri-cional e alimentar expondo-as a ummaior risco de fome extrema.

Só entre Março e Maio de 2020, esti-mava-se que cerca de 13,4 milhões depessoas necessitavam de assistênciaalimentar imediata em toda a região,empurradas para a fome devido a con-flitos, alterações climáticas e ao fra-casso dos governos em apoiar os pe-quenos produtores e distribuir igual-mente a riqueza.A violência forçou 4,3 milhões de pes-

soas a fugirem das suas casas e dei-xou 24 milhões a precisar de ajuda hu-manitária urgente, metade das quaiscrianças.A insegurança afecta também a capa-

cidade das pessoas para cultivaremas terras e manterem o gado, espe-cialmente no Chade, Burkina Faso enorte do Senegal. O que acelera a ca-rência

"As medidas para conter a pandemiaafectaram o acesso aos mercados, aprodução e os preços dos alimentos.O encerramento das fronteiras levou aaumentos acentuados no preço dosalimentos e dos produtos agrícolas im-portados em toda a região, com o Malia ver os preços aumentar em 10%, emmédia, e a Nigéria a registar aumentosde 30 por cento.

As medidas de encerramento im-postas em muitas cidades em respos-

ta à pandemia tiveram um impacto sig-nificativo nos produtores - muitos dosquais são mulheres - com produtos pe-recíveis como fruta, legumes e leite aficarem estragados devido ao encerra-mento dos mercados.

As restrições à circulação impediramtambém que milhões de pastores con-duzissem o gado para pastagens noSul, entre Março e Junho, ameaçandoa sobrevivência de rebanhos inteiros.

A Oxfam, uma organização não-go-vernamental que analisa os impactosda doença em países onde a situaçãoalimentar e nutricional das populaçõesera já extrema antes da pandemia,alerta que a pandemia poderá levarmais de 50 milhões de pessoas adi-cionais a uma crise alimentar e nutri-cional, numa altura em que foram mo-bilizados apenas 26% dos 2,8 biliõesde dólares (2,47 biliões de euros) ne-cessários para a resposta humanitáriasó no Sahel.É doloroso saber que milhões já estão

a lutar para conseguir comer uma vezpor dia. As mulheres, que muitas vezesficam sem comida para poderem ali-mentar os filhos, correm um risco par-ticular.

Há o risco de 67 mil crianças morre-rem, até ao final deste ano, na Áfricasubsariana, devido aos efeitos da fomeextrema. A análise prevê ainda que, em2030, haja um total de 433 milhões depessoas subnutridas neste continente.

A nossa África do Sul é apontadacomo uma "zona emergente" de fome,que antes da pandemia, 13,7 milhõesde pessoas não tinham acesso a ali-mentos suficientes devido aos eleva-dos níveis de desemprego, à falta deacesso a bens como terra ou licençasde pesca, e ao elevado e crescentepreço dos alimentos.

Além da África do Sul, também estãoquase todos os países da região aus-tral, que mesmo antes da pandemia jáenfrentaram graves problemas alimen-tares, pedindo socorro urgente paraminizar os efeitos junto das popula-ções.

Não são só os países africanos queenfrentam a crise alimentar extrema,14 milhões de latino-americanos depa-ram-se com uma insegurança alimen-tar aguda.

O Programa Mundial de Alimentos(PAM) pede aqui uma atenção urgentede governos e doadores para contersituação que afecta principalmente tra-balhadores da economia informal e dizque a pandemia pode lançar 10 mil-hões de latino-americanos e caribe-nhos na pobreza.

Segundo a agência da ONU, a covid-19 pode afectar mais gravemente 10milhões de cidadãos da região em 11países incluindo as pequenas ilhas ca-ribenhas. No ano passado, 3,4 milhõesde pessoas viviam com insegurançaalimentar sem meios para atender ne-cessidades básicas de comida.A Comissão Económica para América

Latina e Caribe, Cepal, espera umacontração da economia de 5,3% esteano. Uma previsão que afectará mi-lhões de pessoas que já vivem em con-dições precárias e que precisam do tra-balho para comer.

O PMA reconhece que para dar umaresposta rápida, muitos países terãode contar com o auxílio da comunidadeinternacional.

Vamos todos apoiar a quem precisa,evitar deitar fora a comida que sobra.Se o vizinho não tem e eu tenho umpouco, por que não lhe fazer uma ofer-ta sagrada. Aliás, foi assim que nóscristãos fomos ensinados. Experimenteque notará uma diferença social.

Eduardo Ouana

Desperdício alimentarEditorial

FUNDADO EM 1963PELO COMENDADOR ANTÓNIO BRAZ

14 DE SETEMBRO DE 2020ANO LVIII

DIRECTOR F. Eduardo Ouana ([email protected])

CHEFE DE REDACÇÃOMichael Gillbee ([email protected])

FOTOGRAFIACarlos Silva ([email protected])

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PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO COMENDADORA PAULA CAETANO

O luso-americano Carlos Pavão, professor da Escolade Saúde Pública da Universidade Estadual da Geórgia,está a investigar as disparidades na qualidade da saúdee acesso a cuidados da comunidade portuguesa nos Es-tados Unidos.

"Não há nenhuma pessoa ou grupo a tentar criar umportfólio de pesquisa sobre as disparidades de saúdedos luso-americanos", disse Carlos Pavão, que está atrabalhar no projecto há cerca de um ano.Durante uma sessão organizada pelo Conselho de Lide-

rança Luso-Americano (PALCUS), o professor assistenteclínico disse que há muito pouca literatura científica publicada com foco na saúde da comunidade portugue-sa nos Estados Unidos e isso é preocupante.

"Sem dados não há problemas", disse, explicando quea falta de informação impede a identificação de riscos nacomunidade, como prevalência da diabetes ou da Doen-ça de Machado-Joseph. "Os dados não existem porquenão estamos a tentar recolhê-los, como tal [o problema]não existe".

Especialista em saúde pública há quase 30 anos, Car-los Pavão emigrou para os Estados Unidos em criança ecomeçou a carreira em Fall River, Massachusetts. Aqui,"o abuso de substâncias, violência doméstica e consumode droga era algo com que lidávamos silenciosamentecomo comunidade", apontou.

Dos 30 artigos científicos que foram publicados a partirde 1978 e incluem a comunidade portuguesa, a maioriafoca-se na saúde mental. Os trabalhos mostram, porexemplo, que os pacientes com forte identidade étnicaficam mais satisfeitos com os resultados da psicoterapiae os portugueses de segunda geração têm atitudes maispositivas em relação a psicólogos.

Há ainda um desejo por profissionais de saúde que fa-lem português e em condições específicas como a PHDA(Perturbação de Hiperatividade/Défice de Atenção), osrecursos dirigidos aos pais portugueses são insuficien-

tes.O investigador disse que será importante desenvolver

intervenções à medida da comunidade, apontando asnuances que vão desde a língua portuguesa à cultura.

"No que toca a saúde mental, devemos perguntar-nossobre o que foi feito noutras áreas com outros gruposétnicos que pode ser culturalmente transferido e adapta-do para a nossa comunidade", afirmou.

Carlos Pavão notou ainda que nenhuma da literaturapublicada distinguiu características importantes em ter-mos de origem. "É preciso segmentar os estudos ememigrante, não emigrante, açoriano, madeirense, conti-nental, primeira e segunda geração, e tentar perceber oque está a acontecer e se é estatisticamente significati-vo", explicou.

Por exemplo, um emigrante que fale sobretudo portu-guês terá mais facilidade de acesso a serviços em comu-nidades portuguesas densas, como Fall River, que emzonas onde houve maior assimilação e dispersão, comona Califórnia.

"Se estamos a morrer e não sabemos porquê, como éque nos tornamos mais saudáveis? Como sabemos se oproblema é a dieta?" exemplificou Carlos Pavão.

"Quem é que está a escrever a nossa narrativa? Equem o está a fazer poderá estigmatizar-nos mais?",questionou.

Este trabalho faz parte de um projecto abrangente queinclui as comunidades brasileira e cabo-verdiana nosEstados Unidos. O resultado será publicado em livro nopróximo ano através da Tagus Press, o braço editorial doCentro de Estudos Portugueses e Cultura da Universi-dade de Massachusetts, Dartmouth.

O escritor Afonso Cruz foi o seleccionado para a quintaBolsa de Residência Literária, a decorrer em Berlim, poriniciativa da Embaixada de Portugal na Alemanha e doCamões – Centro Cultural Português, anunciou a repre-sentação nacional.

Na capital alemã, "Afonso Cruz propõe-se escrever oterceiro livro da sua colecção 'Geografias'", de acordocom o comunicado da embaixada portuguesa.

A obra deverá remontar à Berlim dividida pelo Muro econtar a história de um casal de namorados, separado nomomento da divisão da cidade.

O autor de "Paz Traz Paz", "A Boneca de Kokoschka" e"Jesus Cristo Bebia Cerveja" sucede aos escritores Pa-trícia Portela, Rui Cardoso Martins, Isabela Figueiredo eMiguel Cardoso que, desde 2016, beneficiaram destaResidência Literária.

Afonso Cruz é escritor, ilustrador, cineasta e músico dabanda The Soaked Lamb.

Nasceu em 1971, na Figueira da Foz, e estudou na Es-cola António Arroio, em Lisboa, na Escola Superior deBelas Artes de Lisboa, e no Instituto Superior de ArtesPlásticas da Madeira.

Desde 2008, publicou cerca de trinta livros, entre ro-mances, peças de teatro, livros de não-ficção, livrosinfantojuvenis e uma enciclopédia ficcional, "Enciclopé-dia da Estória Universal".

As obras de Afonso Cruz, traduzidas para mais de 20idiomas, receberam distinções como o Grande Prémiode Conto Camilo Castelo Branco 2010, o Prémio LiterárioMaria Rosa Colaço 2009, o Prémio Literário Europeu2012 e o Prémio Autores 2011 SPA/RTP.

Foi ainda distinguido com uma menção honrosa noPrémio Nacional de Ilustração 2011, finalista do GrandePrémio de Romance e Novela da Associação Portuguesade Escritores e entrou na Lista de Honra do InternacionalBoard on Books for Young People (IBBY, conselho inter-nacional para o livro infantil e juvenil).

Em 2019, Afonso Cruz fez parte da delegação de auto-res de língua portuguesa na Feira do Livro de Leipzig.Foi também um dos autores presentes na Feira Interna-cional do Livro de Guadalajara.

Entre títulos mais antigos do autor de "Para onde Vãoos Guarda-Chuvas", encontra-se "O Pintor Debaixo doLava-Loiças", baseado num episódio real passado comos seus avós (que acolheram refugiados durante a IIGuerra Mundial, em sua casa na Figueira da Foz), de umpintor eslovaco que, por causa do nazismo, teve de fugirpara o armário de uma cozinha.

Iniciada em 2016, a Bolsa de Residência Literária emBerlim, com a duração habitual de um mês, enquadra-seno programa de divulgação internacional estruturadopela Embaixada de Portugal e do Camões-Centro Cul-tural Português em Berlim, na área do livro, no âmbito doPlano Anual de Acção Cultural Externa, coordenado peloMinistério dos Negócios Estrangeiros de Portugal e o Mi-nistério da Cultura.

É uma das iniciativas criadas no âmbito do projecto“Portugal País convidado da Feira do Livro de Leipzig2021”.

Luso-americano investiga disparidades nasaúde da comunidade portuguesa nos EUA

Escritor Afonso Cruzvence quinta bolsade Residência Literária em Berlim

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Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 14 DE SETEMBRO DE 2020

Desportivo

Totoloto / Portugal

Lo

to /

Áfr

ica

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Su

l

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Liga das Nações:Ronaldo 'bisa' e Portugal vence na Suécia

CR7 a oito golosdo melhormarcadorinternacionalde sempre

Menina portuguesaajuda a desenharbola da Supertaçaeuropeia última

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2 O SÉCULO DESPORTIVO . 14 DE SETEMBRO DE 2020

DESPORTO

FC Porto

Equipa técnica: SérgioConceiç ão (treinador),Vítor Bruno, Dembelé,

Eduardo Oliveira eDiamantino Figueiredo

(adjuntos)Estágio: Olival

Benfica

SL BenficaEquipa técnica: Jorge

Jesus (treinador), João deDeus, Tiago Oliveira,

Mário Monteiro, MárcioSampaio, Gil Henriques

e Rodrigo Araújo(adjuntos)

Estágio: Seixal

SP. Braga

Equipa técnica: CarlosCarvalhal (treinador),João Mário, Sérgio

Ferreira, João Meireles,Orlando Silva e Eduardo

(adjuntos)Estágio: Braga

Sporting CP

Equipa técnica: RúbenAmorim (treinador),

Carlos Fernandes, AdélioCâ ndido, Emanuel

Ferro, Tiago Ferreira eGonç alo Álvaro

(adjuntos)Estágio: Por definir

Estágio: Lagos

Rio AveEquipa técnica: Mário

Silva (treinador),adjuntos por divulgar

Estágio: Vila do Conde

Famalicão

Equipa técnica: JoãoPedro Sousa (treinador),

Rifa, Manuel Santos,Hugo Vicente, Vítor

Alcino, Carlos Pacheco(adjuntos)

Estágio: Famalicão

Cláudio Ramos-GR (ex-Tondela), Carraça-DEF (ex-Boavista), Zaidu-DEF (ex-Santa Clara), Taremi-AVA

(ex-RioAve) e Evanilson-AVA (ex-

Fluminense/Brasil)

Helton Leite-GR (ex-Boavista), Gilberto-DEF (ex-

Fluminense/Brasil),Vertonghen-DEF (ex-Tottenham/Inglaterra),

Pedrinho-MED (ex-Corinthians/Brasil),Cebolinha-AVA (ex-

Grémio/Brasil), Waldschmidt-AVA (ex-Friburgo/Alemanha)

e Darwin Núñez-AVA (ex-Almería/Espanha)

Zé Carlos-DEF (ex-Leixões),Francisco Moura-DEF (ex-

Académica), Al Musrati-MED(ex-Rio Ave), André Castro--MED (ex-Goztepe/Turquia),

Iuri Medeiros-AVA (ex-Nuremberga/Alemanha),

Gaitán-AVA (ex-Lille/França),Murilo-AVA (ex-Sp.

Gijón/Espanha) e GuilhermeSchettine-AVA (ex-Santa

Clara)

Adán-GR (ex-AtléticoMadrid/Espanha), Pedro

Porro-DEF (ex-ManchesterCity/Inglaterra), Antunes-DEF

(ex-Getafe/Espanha), Feddal-DEF

(ex-Betis/Espanha), PedroGonçalves-AVA (ex-

Famalicão) e Nuno Santos-AVA (ex-Rio Ave)

Léo Vieira-GR (ex-AtléticoParanaense/Brasil), Nando

Pijnaker-DEF (ex-Grasshoppers/Suíça), IvoPinto-DEF (ex-Famalicão),

Francisco Geraldes-MED (ex-Sporting), Ryotaro Meshino-MED (ex-Hearts/Escócia),

Gabrielzinho-AVA (ex-Moreirense), Gelson Dala-AVA(ex-Sporting) e André Pereira-AVA (ex Saragoça/Espanha)

Zlobin-GR (ex-Benfica), Morer-DEF (ex-Barcelona B), Perovic-DEF (ex-FK Istra Danilovgrad/Montenegro), Babic-DEF (ex-

Estrela Vermelha/Sérvia), Calvin Verdonk-DEF

(ex-Twente/Holanda), H.Trevisan-DEF (ex-Ponte

Preta/Brasil), A. Penetra-DEF(ex-Benfica), Abdul-

DEF (ex-Chaves), F. Saldanha-MED (ex-Benfica), J. Pereyra-

MED (ex-RosarioCentral/Argentina), A. Lukovic-

MED (ex-Rakow/Polónia),B. Jordão-MED (ex-

Wolverhampton/Inglaterra), D.Batista-MED (ex-Benfica), F.Valenzuela-AVA(ex-Barracas

Central/Argentina)e J. Robert-AVA

(ex-Grémio/Brasil)

Defendi-GR (Farense),Vaná-GR (FC Porto),

Roderick-DEF(Wolverhampton/Inglaterra),

Ivo Pinto-DEF (DínamoZagreb/

Croácia), Álex Centelles-DEF (Valencia/Espanha),

Nehuén Pérez-DEF (Atléticode Madrid/Espanha), Cissé-

DEF(Châteauroux/França), Coly-DEF (Nice/França), Racic-MED (Valencia/Espanha),

Diogo Gonçalves-AVA(Benfica), Fábio

Martins-AVA (Sp. Braga)eSchiappacasse-AVA (Atlético

de Madrid/Espanha)

Paulo Vítor - GR (Chaves),Messias - DEF

(América Mineiro/Brasil),Diogo Figueiras

- DEF (Sp. Braga), AlMusrati - MED (Sp.

Braga) e Gelson Dala- AV (Sporting)

Mathieu (fim a carreira),Acuña - DEF

(Sevilha/Espanha),Battaglia - MÉD

(Alavés/Espanha),Francisco Geraldes -

MÉD (Rio Ave) e Eduardo- MÉD (Crotone/Itália)

Vítor Ferreira - MED(Wolverhampton/Inglaterra) e Fábio Silva - AVA

(Wolverhampton/Inglaterra)

Zlobin-GR (Famalicão)e Zivkovic-MED(PAOK/Grécia)

Mercado de Transferências - I Liga Portuguesa

Entradas Saídas

Equipas

Eduardo-GR (fim decarreira), Bruno

Wilson-DEF(Tenerife/Espanha),Diogo Viana-DEF,

Pedro Amador-DEF(Moreirense),Wallace-DEF

(Lazio/Itália), Palhinha-MED (Sporting),

Samuel Costa -MED(Almería/Espanha),

WilsonEduardo-AVA (Al-

Ain/Emirados ÁrabesUnidos) e Trincão-AVA(Barcelona/Espanha)

Leia, assineedivulgue

O Século de Joanesburgo

Vit. GuimarãesEquipa técnica: TiagoMendes (treinador),

Sánchez Vera, CarlosMenéndez, Ricardo

Leite, Gil Sousa, Morenoe Fernando Aguiar

(adjuntos)Estágio: Guimarães

MoreirenseEquipa técnica: Ricardo

Soares (treinador),Eduardo Moreira, Paulo

Lobo, Maurício Vaz,Leandro Mendes

(adjuntos)Estágio: Ofir,Esposende

Santa ClaraEquipa técnica: Daniel

Ramos (treinador),Renato Pontes, DaniloAccioly, Tiago Sousa,José Serrão, Pedro

Gonç alves e RodrigoQuaresma (adjuntos)

Estágio: Penafiel

Gil Vicente

Equipa técnica: RuiAlmeida (treinador),adjuntos por divulgarEstágio: Melgaço

MarítimoEquipa técnica: LitoVidigal (treinador),

Professor Neca, FidalgoAntunes, Bruno Miguel,Octávio Moreira e José

Manuel Neves (adjuntos)Estágio: Lousada

Boavista

Equipa técnica:Vasco

Seabra (treinador),Nuno

Diogo, CláudioMartins,

Bruno Pereira eJorge

Couto (adjuntos)Estágio: Melgaço

P. Ferreira

Equipa técnica: Pepa(treinador), Hugo Silva,Samuel Correia, PedroOliveira e João Ricardo

(adjuntos)Estágio: Paços de

Ferreira

Trmal-GR (ex-FC Slovácko/Rep.Checa), Bruno Varela-GR (ex-

Ajax/Holanda), Tié-GR (ex-Chelsea/Inglaterra), Jorge

Fernandes-DEF (ex--Kasimpasa/Turquia), Mumin-DEF

(ex-Nordsjaelland/Dinamarca),Bisseck-DEF (ex-Roda/Holanda),

Jonas Carls-DEF (ex-V.Köln/Alemanha),

Gideon Mensah-DEF (ex-Zulte/Bélgica), Sílvio-DEF (ex-V.

Setúbal), Jung-Min Kim-MED (ex-Admira Wacker/Áustria), Maddox-MED (ex-Southampton/Inglaterra),

Pepelu - MED (ex-Tondela),Quaresma - AVA (ex-

Kasimpasa/Turquia), Holm-AVA(ex-RB Leipzig/Alemanha),

Foster-AVA (ex-Cercle/Bélgica) eNelson da Luz - AVA (ex-1º

Agosto/Angola)

Kewin- GR (ex-Mirassol/Brasil),Miguel Oliveira- GR (ex-Leixões),

Ferraresi-DEF (ex-ManchesterCity/Inglaterra),

Matheus Silva-DEF (ex-Farense),Pedro Amador-DEF (ex-Sp.

Braga), Iddriss-MED (ex-Felgueiras), Gonçalo Franco-

MED (ex-Leixões), Yan-AVA (ex-Sport/Brasil), Felipe Pires-AVA (ex-

Rijeka/Croácia), Derik Lacerda-AVA (ex-Académica),

Lucas Rodrigues-AVA (ex- Mafra)e Malik-AVA (ex-Fafe)

Mansur-DEF (ex-SãoBento/Brasil), Mikel Villanueva-

DEF (ex-Málaga/Espanha),Júlio Romão-MED (ex-Athletico

Paranaense/Brasil), GustavoViera-AVA (ex-Liverpool

Montevideo/Uruguai), AndréMesquita-AVA (ex-MarítimoB), Jean Patric-AVA (ex-Ac.Viseu) e Moghanlou-AVA

(ex-Paykan/Irão)

Caio Secco-GR (ex-Feirense),Áfrico-DEF (ex-Estoril), Hermes-DEF (ex-Cruzeiro/Brasil), Winck-

DEF (ex-Vasco),Jean Cléber-MED(ex-CSA/Brasil), Rafik Guitane-

MED (ex-Rennes/França), DiegoGomes-MED (ex-Aimoré/Brasil),

Jean Irmer-MED (ex-Vitória/Brasil),Tamuzo-AVA (ex-Avenir

Béziers/França), Marcelinho-AVA(ex-Londrina/

Brasil) e Macedo-AVA (ex-Aves)

Léo Jardim-GR (ex-Lille/França), Hamache-DEF (ex-Red Star/França), R. Mangas-DEF(ex-Aves), Porozo-DEF (ex-San-tos/Brasil),A. Gómez-DEF (ex-Atlas/México), Nathan-DEF (ex-Vasco da Gama/Brasil), Adil Rami-DEF (ex-FK Sochi/Rús-sia),Chidozie-DEF

(ex-Leganés),R. Cannon-DEF (ex-FCDallas/Esta-dos Unidos), Angel Gomes-MED (ex-Lille/França), Javi García-MED

(ex-Betis/Espanha), Show-MED(ex-Belenenses SAD), Nuno Santos-MED(ex-Benfica), Seba Pérez-MED (ex-BocaJuniors/Argentina), Benguché-AVA (ex-

Olimpia/Hondu-ras), Alberth Elis- AVA (ex-Houston Dynamo/Estados Unidos) e JerielDe Santis-AVA (ex-Caracas FC/Venezuela)

Michael-GR (ex-AtléticoMineiro/Brasil), Jordi-GR (ex-Vasco/Brasil), David Sualehe-DEF (ex-Farense), Fernan-doFonseca-DEF (ex-Gil Vicente),

Martín Calderón-MED (ex-RealMadrid/Espanha), BrunoCosta-MED (ex-Portimonen-

se),Rosete-MED (ex-FC Portosub-19), Lucas Silva-AVA (ex-

Flamengo/Brasil), LutherSingh-AVA (ex-Moreirense)e João Pedro-AVA (ex-V.

Guimarães)

Helton Leite-GR (Benfica),Neris-DEF (Al Wasl/EmiradosÁrabes Unidos), Marlon-DEF(Fluminense/Brasil), Fabiano-

DEF (Palmeiras), RicardoCosta-DEF (fim de carreira),

Carraça-DEF (FC Porto),Lucas-DEF (Portimonense),

Idris-MED, Ackah-MED(Kayserispor/Turquia),

Obiora-MED, FernandoCardozo-AVA (Olímpia/Para-guai), Mateus-AVA (Penafiel),Heriberto-AVA (Brest/França),Cassiano-AVA e Stojiljkovic-

AVA (Farense)

Ricardo Ribeiro-GR, SimãoBertelli-GR (Operário

Ferroviário/Brasil), Bruno Santos-DEF (AEL Limassol/Chipre),AndréMicael-DEF (Varzim),

Bruno Teles-DEF (Académica),Pedrinho-MED (Riga FC/Letónia),

Vasco Rocha-MED, Denilson-AVA (Al Dhafra/Emirados ÁrabesUnidos), Murilo-AVA (Rio Ave),

Gonçalo Gregório-AVA (ZaglebieSosnowiec/Polónia)

e Welthon-AVA (V. Guimarães)

Vukovic-MED, FabrícioBaiano-MED

(Rizespor/Turquia),Bambock-MED, Xadas-

AVA (Sp. Braga) eErivaldo-AVA

(Beroe/Bulgária)

Bruno Diniz-GR(Vilafranquense), Welligton

Luís-GR, FernandoFonseca-DEF (P. Ferreira),

Arthur Henrique-DEF (Ferro-viária/Brasil), Banguera-DEF

(Sp. Covilhã), Alex Pinto-DEF (Farense), Kraev-MED

(Midtjyl-land/Dinamarca),Baraye-AVA (Parma/Itália),Naidji-AVA (Paradou/Argé-

lia), Rúben Ribeiro-AVA(Hatayspor/Turquia) e Sandro Lima-AVA(Tianjin Teda/China)

Miguel Silva-GR(APOEL/Chipre), Douglas-

GR (fim de carreira),Bondarenko-DEF

(Shakhtar/Ucrânia), PedroHenrique-DEF, Frederico

Venâncio-DEF, VictorGarcia-DEF, Florent-DEF(Paris FC/França), Lucas

Evangelista-MED (Nantes/França), Pêpê-MED

(Olympiacos/Grécia), JoãoC. Teixeira-MED

(Feyenoord/Holanda),Davidson-AVA (Alanyaspor/

Turquia), Ola John-AVA,Léo Bonatini-AVA (Wol-ver-hampton/Inglaterra) e João

Pedro-AVA (P. Ferreira

Nuno Macedo-GR(Estoril), Pedro Trigueira-

GR (Tondela), IagoSantos-DEF (Al

Taawon/Arábia Saudita),Halliche-DEF,

João Aurélio-DEF, BrunoSilva-DEF (Mafra), NunoSantos-MED (Boavista),Iddriss-MED (U. Leiria),

Gabrielzinho-AVA(Rio Ave), Luther Singh-AVA (Paços de Ferreira),Nenê-AVA, Texeira-AVA e

Malik-AVA (Cova daPiedade )

Mercado de Transferências I Liga Portugal

Entradas Saídas

Equipas

Mamadu Candé-DEF,César-DEF (Farense),Zaidu-DEF (FC Porto),

Francisco Ramos-MED (V. Guimarães),

Pablo--AVA, Zé Manuel-AVA

e GuilhermeSchettine-AVA (Sp.

Braga)

D. Fuzato-GR (ex-Roma/Itália), M. Lopes-DEF (ex-Leça), Souleymane Aw-DEF (ex-Avenir Béziers/França), Talocha-DEF (ex-

Riga FC/Letónia),T. Hall-DEF (ex-Karpaty/Ucrânia), J.

Pereira-DEF (ex-SpartakTrnava/Eslováquia), Mantuan-MED (ex-

Corinthians/Brasil), Fujimoto--MED (ex-Tokyo Verdy/Japão), Léautey-MED (ex-Chamois Niortais/França), J.

Villa-MED (ex-Fafe), Leandrinho-MED (ex-Botafogo/Brasil),

L. Mineiro-MED (ex-Cerezo Osaka/Japão),Miullen-AVA (ex-Londrina/Brasil) e Hanne-

AVA (ex-Wolverhampton/Inglaterra)

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14 DE SETEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DESPORTIVO 3

DESPORTO

Tondela

Equipa técnica: PakoAyestarán (treinador),

Joshe Viela, PedroTaborda e Ricardo Alves

(adjuntos)Estágio: Luso

Belenenses SAD

Equipa técnica: Petit(treinador), Filipe

Anunciaç ão, FranclimCarvalho, Tozé Cerdeira

e Fábio Ferreira(adjuntos)

Estágio: Lisboa

Portimonense

Equipa técnica: PauloSérgio (treinador), Bruno

Veríssimo, RicardoPessoa, Hélder Carvalho,

Pedro Silva e MarceloFroeder (adjuntos)Estágio: Portimão

Nacional

Equipa técnica: LuísFreire (treinador),

Joaquim Rodrigues,Nuno Silva, Tiago

Louzeiro e Carlos Braz(adjuntos)

Estágio: Guimarães

Farense

Equipa técnica: SérgioVieira (treinador), José

Ribeiro, Luís Matos,Ricardo Silva, Miguel

Rosa, André Afonso, RuiPedro Sousa e Ricardo

Reis (adjuntos)Estágio: Faro

Pedro Trigueira-GR (ex-Moreirense), Joel Sousa-GR(ex-Molelos), Manu Sánchez-DEF (ex-Rayo Majadahonda/Espanha), Naoufel Khacef-DEF (ex-Bordéus/França),

João Mendes-MED (ex-Académica), Jaume Grau-

MED(ex-Lugo/Espanha), Salvador

Agra-AVA (ex-LegiaVarsóvia/Polónia) e RafaelBarbosa-AVA (ex-Estoril)

Henrique - DEF (ex-Al IttihadKalba/Emirados), Afonso Taira -

MED (ex-Hermannstadt/Roménia), Bruno

Ramires- MED (ex-Feirense), Cauê -

MED (ex-AlbirexNiigata/Japão), Afonso Sousa -MED (ex-FC Porto B) e Miguel

Cardoso - AVA (ex-DínamoMoscovo/Rússia)

Aflalo-GR (ex-Aves), JúlioCésar-DEF (ex-

Botafogo/Brasil), Maurício-DEF(ex-Urawa Red

Diamonds/Japão), Lucas-DEF (ex-Boavista), WelintonJúnior-AVA (ex-Aves), Safawi

Rasid-AVA (ex-Johor/Malásia) eFabrício-AVA (ex-

-Urawa Red Diamonds/Japão)

Piscitelli-GR (ex-DínamoBucareste/Roménia), Lucas

Kal-DEF (ex-SãoPaulo/Brasil), Rúben Freitas-

DEF (ex-Mafra),Pedrão-DEF (ex-

Palmeiras/Brasil), Koziello-MED (ex-Paris FC/França),

Azouni-MED (ex-Kortrijk/Bélgica),

Vincent Thill-MED (ex-Metz/França), João Victor-AVA (ex-Caldense/Brasil) e

Bobál-AVA (ex-Zalaegerszeg/Hungria)

Ricardo Velho-GR (ex-Sp.Braga), Defendi-GR (ex-

Famalicão), Cláudio Falcão-DEF(ex-Aves), Alex Pinto-DEF (ex--Gil Vicente), César-DEF (ex-

Santa Clara), Mancha-DEF (ex-Machine Sazi/Irão), Abner

Felipe-DEF (ex-Água Santa/Brasil), Amine-MED (ex-

Leixões), Pedro Henrique-AVA(ex-Feirense), Mansilla-AVA (ex-

V. Setúbal), Stojiljkovic-AVA (ex-Boavista) e MadiQueta-AVA (ex-FC Porto)

Miguel Carvalho-GR,Daniel Fernandes-GR,

Rafael Vieira-DEF(Académica), Sávio

Maciel-DEF (VilaNova/Brasil),

Luís Rocha-DEF(Chaves), André Vieira-MED (Varzim), FabrícioSimões-AVA (Feirense) e Irobiso-AVA (Varzim)

Framelin-GR, Gauther-GR,Felipe Lopes-DEF, Diogo

Coelho-DEF(Vilafranquense), Mosevich-

DEF, João Vigário-DEF(Tondela), Sosa-DEF

(Mafra), Nuno Campos-DEF(Mafra), Lee-DEF

(Camacha), Vítor Gonçalves-MED, Everton Kaká-

-MED (Mafra), Borgnino-AVA, Evouna-AVA, Paulo

Vyctor-AVA (Floresta/Brasil)e João Fernandes-AVA

(Camacha)

Koffi-GR (Mouscron/Bélgica),Filipe Mendes-GR, RicardoFerreira-DEF, Nuno Coelho-DEF (Chaves), Show-MED(Boavista), André Santos-

MED (Grasshoppers/Suíça),Nuno Pina-MED (Grasshop-pers/Suíça), Licá-AVA, Marco

Matias-AVA, Kikas-AVA(DOXA/Chipre) e Keita-AVA

Mercado de Transferências - I Liga Portuguesa

Entradas SaídasEquipas

Rodrigo Freitas-DEF(São Paulo/Brasil),

Júnior Tavares-MED(São Paulo/Brasil) eMarlos Moreno-AVA

(ManchesterCity/Inglaterra)

O resultado líquido da Benfica SAD ascendeu a41,7 milhões de euros no exercício de 2019/20,uma subida homóloga de 48,7%, no melhor anode rendimentos de sempre, marcado pela venda‘milionária’ de João Félix, revelaram os ‘encarna-

dos’.O lucro obtido é o segundo maior da história da

sociedade gestora do futebol profissional doBenfica, apenas superado pelos 44,5 milhões deeuros registados em 2016/17, naquele que é osétimo ano consecutivo com resultados positi-vos.

Quanto ao resultado operacional, houve umamelhoria de 65,5%, para 54 milhões de euros,segundo os números disponibilizados na Comis-são do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

As receitas da Benfica SAD ascenderam a294,4 milhões de euros, um novo máximo, corre-spondente a um aumento de 20,5% face ao exer-cício anterior.

"É uma caminhada de afirmação crescente queculminou em 2019/20 num resultado líquido pos-itivo superior a 40 milhões de euros, o que, numcontexto fortemente condicionado pela pande-mia, traduz bem o trabalho realizado fora dasquatro linhas", salientou o presidente Luís Filipe

Vieira, na mensagem que acompanha o Relató-rio e Contas.O presidente acrescentou que "é o sétimo exer-

cício consecutivo da Benfica SAD com lucro, oque não pode deixar de ser enaltecido” e que“naturalmente este resultado não teria sido al-cançado sem a transferência do atleta João Fé-lix".

Nas contas apresentadas, além da venda deJoão Félix ao Atlético Madrid por 120 milhões deeuros no verão passado, também entram astransferências de Raúl Tomás, André Carrillo,Sálvio e Lisandro López.

O ativo atingiu 487,1 milhões de euros no finaldo exercício, um aumento de 0,7% face ao finaldo exercício anterior, tendo-se verificado umcrescimento constante do valor do ativo nos últi-mos cinco exercícios.

Por seu turno, o passivo baixou 10,6% para325,8 milhões de euros durante o exercício de2019/20, com as ‘águias’ a realçarem que se tra-ta do "recuo mais acentuado dos últimos exercí-cios, permitindo reforçar a tendência de diminui-ção progressiva que o passivo vinha a apresen-tar".

O capital próprio ascendeu a 161,1 milhões deeuros a 30 de Junho de 2020, o que representao valor mais elevado de sempre alcançado pelaSAD da Luz.

IMPACTO NEGATIVO DE 12 MILHÕESDE EUROS POR CAUSA DE COVID-19

O director-executivo da SAD do Benfica, Domin-gos Soares Oliveira, disse que as contas tiveramum impacto negativo superior a 12 milhões deeuros devido à pandemia de covid-19, que paroua I Liga de futebol durante três meses.

Em entrevista à BTV, o CEO da SAD 'encarna-da' referiu que a pademia teve "dois impactos",um desportivo, que não é possível de medir, por-que não se sabe como a equipa de futebol, queterminou o campeonato na segunda posição,teria concluído a prova sem interrupção e compúblico nas bancadas.

"Relativamente à componente muito mais eco-nómico-financeira, temos basicamente impactoem todas as vertentes – menos bilhética, comoeu disse, porque não fizemos jogos com bilhéti-ca. Apontamos, nestas contas, para que o im-pacto total da covid-19 no exercício 2019/20 sejaligeiramente superior a 12 milhões de euros.Sem covid-19, teríamos tido receitas provavel-mente – só da SAD – a ultrapassar os 300 mi-lhões de euros", afirmou.

A SAD do Sporting terminou a temporada2019/20 com um resultado líquido positivo decerca de 12,5 milhões de euros (ME), de acordocom o relatório e contas publicado na segunda-feira.

De acordo com o documento enviado à Comis-são do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM),a SAD 'leonina' terminou a última temporada comum resultado líquido de 12,521 ME, melhorandoem relação ao período homólogo, que tinha sidoum resultado negativo de 7,9.

Segundo os 'leões', este desempenho deve-sesobretudo aos rendimentos provenientes datransacção de jogadores, que atingiram 106,946ME, "um recorde absoluto da Sporting SAD.

Nesta rubrica, destaque para a venda de BrunoFernandes para o Manchester United, por 55 mi-lhões de euros, mais 25 em variáveis por obje-tivos (já foram pagos 3 ME), assim como as saí-das de Raphinha (21 ME) e Thierry Correia (12ME).

Outro dos fatores que levou à melhoria dosresultados foi a redução da massa salarial em12%, um decréscimo de cerca de 8,3 milhões deeuros, que, de acordo com a SAD do Sporting,poderia ter sido maior, não fossem os 7,119 MEpagos em indemnizações.

Ainda não registado estão os 16,5 ME que Ra-fael Leão foi obrigado a pagar pela resolução ilí-cita do contrato de trabalho, após a invasão daAcademia de Alcochete.

O volume de negócios dos 'leões' atingiu os175,5 ME (período homólogo tinham sido 151,6),enquanto o passivo foi reduzido em 26,2 ME(23,3 ME devido à amortização de dívida ban-cária), estando actualmente nos 298.624 ME.

Os 'leões' preveem ainda um impacto negativode 3,7 ME devido à pandemia de covid-19.

O plantel e estrutura do Belenenses SAD, da ILiga portuguesa de futebol, foram recebidos pelopresidente da Câmara Municipal de Grândola,local pretendido para a construção de um centrode estágio, com as negociações a decorrerem.

Durante a viagem até ao Algarve, onde os'azuis' foram disputar um jogo de pré-temporadacom o Portimonense, a comitiva almoçou emGrândola, após o presidente do BelenensesSAD, Rui Pedro Soares, ter confirmado, a 19 deAgosto, querer construir um centro de estágio“de excelência” e fixar-se no município.

Presente no almoço esteve o presidente daautarquia, António Figueira Mendes, que acolheue agraciou todos os elementos da comitiva, lide-rada pelo presidente, pelo treinador Petit e pelonovo ‘capitão’ de equipa, Silvestre Varela.O Belenenses SAD joga, desde o início da tem-

porada 2018/19, os encontros como visitado noEstádio Nacional, em Oeiras, após o fim do pro-tocolo de utilização do Estádio do Restelo pela

SAD, que está afastada do clube desde então emudou a equipa profissional para a ‘casa em-prestada’.

A Codecity, detida por Rui Pedro Soares, com-prou 51% da SAD do Belenenses em 2012, masas duas partes acabaram por entrar em litígio,seguindo-se várias ações em tribunal, com oclube a tentar impedir que a SAD usasse o seunome e símbolos.

A 19 de Agosto, Rui Pedro Soares revelou queforam identificadas na zona da Comporta, Car-valhal e Melides “condições para poder ter essecentro de estágio”, estando a Direcção a traba-lhar com a autarquia de Grândola no negócio que“agrada” ao município e que coloca uma “von-tade muito grande” do Belenenses SAD em con-cretizá-lo.

“O processo está a decorrer rapidamente e énosso interesse que tenha uma conclusão feliz erápida, mas, de facto, ainda não está concluídotodo este processo. Não vou colocar um ‘timing’,porque não depende apenas de nós. Comporta,Carvalhal e Melides são marcas turísticas impor-tantes para o nosso país e vão sê-lo cada vezmais. Vamos com certeza fazer algo que valorizetambém esta zona”, realçou, na altura.

Para a época que se inicia, com a visita do Be-lenenses SAD ao reduto do Vitória de Guima-rães, a 18 de Setembro, o Estádio Nacional con-tinua a ser “o plano A”, com o dirigente dos‘azuis’ a ter sublinhado a intenção de a SAD pos-suir uma infraestrutura que seja sua, ao invés detrabalhar, durante a época, “em cinco ou seiscampos de treino diferentes, que não são de uti-lização exclusiva e nem sempre estão nas me-lhores condições”.

Lucro da Benfica SAD cresce quase50% para 42 milhões de euros

Sporting terminaépoca com resultadospositivos de 12,5milhões de euros

Belenenses SAD recebido em Grândola pelo presidente do município

Cláudio Ramos-GR (FC Porto),Diogo Silva-GR (Fafe), FahdMoufi-DEF, João Vigário-DEF(Nacional), Marko Petkovic-

DEF, João Reis-DEF (Chaves),Philipe Sampaio-DEF

(Guingamp/França), Pepelu-MED (Levante/Espanha), Pité-

MED, Jonathan Toro-AVA(Huesca/Espanha), Ronan-AVA, Ricardo Valente-AVA,

Richard Rodrigues-AVA(Internacional/

Brasil) e Xavier-AVA(Panathinaikos/Grécia)

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4 O SÉCULO DESPORTIVO . 14 DE SETEMBRO DE 2020

CLASSIFICAÇÃO ACTUAL

LIGA DAS NAÇÕES

Jogo no Friends Arena, em Solna.Suécia – Portugal, 0-2.Ao intervalo: 0-1.Marcadores:0-1, Cristiano Ronaldo, 45 minutos.0-2, Cristiano Ronaldo, 72.

Equipas:

- Suécia: Robin Olsen, Emil Krafth, Filip Helan-der, Pontus Jansson, Ludwig Augustinsson, Kris-toffer Olsson, Gustav Svensson, Dejan Kuluse-vski (Albin Ekdal, 90), Emil Forsberg (MattiasSvanberg, 79), Alexander Isak (Robin Quaison,71) e Marcus Berg.

Suplentes: Karl-Johan Johnson, KristofferNordfeldt, Mikael Lustig, Sebastian Holmén, Pier-re Bengtsson, Albin Ekdal, Sebastian Larsson,Mattias Svanberg, Robin Quaison, Ken Sema,John Guidetti e Sebastian Andersson.Seleccionador: Jan Andersson.

- Portugal: Anthony Lopes, João Cancelo, Rú-ben Dias, Pepe, Raphaël Guerreiro, Danilo, JoãoMoutinho (Rúben Neves, 73), Bruno Fernandes,Bernardo Silva (Gonçalo Guedes, 22), CristianoRonaldo (Diogo Jota, 81) e João Félix

Suplentes: Rui Patrício, Rui Silva, Nélson Se-medo, José Fonte, Domingos Duarte, Mário Rui,Rúben Neves, Sérgio Oliveira, Francisco Trincão,Gonçalo Guedes, Diogo Jota e André Silva.

Seleccionador: Fernando Santos.

Árbitro: Danny Makkelie (Países Baixos).Acção disciplinar: Cartão amarelo para Gustav

Svensson (14 e 44), Raphaël Guerreiro (56) eJoão Félix (86). Cartão vermelho por acumulaçãode amarelos para Gustav Svensson (44). Cartãoamarelo para Jan Andersson (88).

Assistência: Jogo disputado à porta fechadadevido à pandemia de covid-19.

Um ‘bis’ de Cristiano Ronaldo, que ultrapassoua marca dos 100 golos, deu na terça-feira a Por-tugal nova vitória na Liga das Nações de futebol,desta vez por 2-0, na Suécia, na segunda jorna-da do Grupo 3.

Sete anos depois, Ronaldo regressou aoFriends Arena, em Solna, nos arredores de Esto-colmo, e voltou a ser decisivo no triunfo da selec-ção nacional, desta vez com dois ‘tiros’, aos 45minutos, de livre directo, e aos 72. Em 2013, nes-se mesmo estádio, o avançado já tinha assinadoum ‘hat-trick’, que na altura garantiu o apuramen-to para o Mundial2014.

No total, o avançado já marcou sete golos aossuecos, registo que só tem paralelo com osapontados à Lituânia.

Depois de ter falhado o duelo com a Croácia (4-1), devido a uma questão física, Ronaldo re-gressou em força na sua 165.ª internacionaliza-ção ‘AA’ e tornou-se apenas no segundo jogadorna história do futebol a ultrapassar a marca dacentena, passando a somar 101. O recordista éAli Daei, que fez 109 pelo Irão, entre 1993 e2006.

Ronaldo foi mais uma vez determinante, mas a

tarefa da equipa de Fernando Santos ficou me-nos difícil precisamente na falta que resultou noprimeiro golo do ‘capitão’ luso, com o médio Gus-tav Svensson a ver o segundo cartão amarelo,seguido do vermelho.Foi o lance que determinou a partida, num triun-

fo que deixa Portugal, detentor do título, no topodo Grupo 3, em igualdade pontual com a França(seis), com tudo a apontar que serão estas duasseleções a lutar pela passagem à fase final dacompetição.

Diogo Jota, que até tinha marcado frente àCroácia, acabou por ser o jogador sacrificadopelo selecionador Fernando Santos para a entra-da de Ronaldo, naquela que foi a única alteraçãono ‘onze’ em relação ao jogo do Estádio do Dra-gão. O guarda-redes Anthony Lopes, que está deregresso à seleção nacional depois de dois anosde ausência, devido a problemas pessoais, vol-tou a ‘atirar’ Rui Patrício para o banco de su-plentes.

Numa Friends Arena completamente despidade público, o 10.º encontro de Portugal em solosueco começou com o avançado Berg, o ‘capi-tão’ da equipa da casa, a desperdiçar uma gran-de oportunidade logo aos dois minutos, quandoatirou de cabeça ao lado, num lance em queapareceu totalmente solto na área.Foram uns primeiros 20 minutos difíceis para os

campeões europeus, com a Suécia a fechar bemas linhas de passe aos jogadores portugueses,que foram tendo muitas dificuldades em manter odomínio da bola.

Nesse período, a Suécia esteve claramente porcima, mas, além do tal lance de Berg, nunca obri-gou Anthony Lopes a ter de sujar o seu equipa-mento.

Praticamente na primeira vez que chegou à ba-liza de Olsen, Portugal ficou bem perto de mar-car, por Pepe, que falhou a bola na pequenaárea, quando só tinha de encostar.

Nesse lance, a seleção não marcou e acaboupor perder Bernardo Silva por lesão. O jogadorsentiu uma dor muscular quando fez o centropara Pepe e acabou rendido por GonçaloGuedes.Ultrapassada a ansiedade da fase inicial, Portu-

gal foi crescendo na partida e, por duas vezes, oguarda-redes Olsen impediu Ronaldo de chegarao tão desejado golo 100.Contudo, à terceira foi de vez. Ronaldo disparou

de livre direto, aos 45 minutos, e não deu hipóte-ses a Olsen, numa fase de ‘terror’ para os sue-cos.

Além do golo, Svensson viu o segundo amare-lo, por falta dura sobre Moutinho, e subitamentea Suécia ia para o intervalo a perder e commenos uma unidade.Como seria esperado, na segunda parte, a Sué-

cia entregou o controlo da bola a Portugalfechando-se lá atrás, sempre à espera de podersair rápido no contra-ataque.

Mesmo com o domínio da partida, a seleçãonacional foi sentindo dificuldades em ‘furar’ a teiadefensiva dos suecos, embora Bruno Fernandestenha feito a bola bater na barra, aos 60 minutos,com um remate de primeira a centro de Raphaël

Guerreiro.Com o passar dos minutos, e sem Portugal con-

seguir ‘matar’ a partida com o segundo golo, aSuécia foi ganhando alguma confiança e chegoua assustar Lopes, embora o guarda-redes Lyonnunca tenha sido chamado a intervir.

Contudo, aos 72 minutos, Ronaldo acabou devez com a esperança sueca, com novo ‘disparo’de fora da área, desta vez num lance corrido.

Até final, Fernando Santos ainda refrescou omeio campo com a entrada de Ruben Nevespara o lugar de João Moutinho e Ronaldo saiuesgotado, aos 81 minutos, dando lugar a DiogoJota.

DECLARAÇÕES DEPOIS DO JOGO

Fernando Santos (seleccionador de Portu-gal): "Acho que os primeiros 20 minutos foramde muita dificuldade. Não conseguimos acertarcom a forma de eles jogarem, aquele jogo longo,a aproximação dos médios à segunda bola, tive-mos dificuldades em controlar essas ações, ecom isso, ao ter bola perdíamo-la com algumafacilidade. Não foram melhores, mas tiveramoutro ‘élan'.

Depois, começámos a melhorar e a ter bola, aobrigar os suecos a não encontrar espaço, correratrás da bola. Eliminámos a possibilidade de jo-garem longo, e aí tivemos algum ascendente. Asaída do Bernardo Silva [por lesão] foi uma sub-stituição forçada, e percebi que teríamos maisdificuldades, também pelo cansaço. O futebol éisto.A expulsão [na Suécia] foi fundamental. Acredito

que Portugal venceria na mesma, mas a expul-são ajudou, por um lado, com a equipa melhor. Avitória é justa, não sendo uma exibição tão con-seguida quanto isto.

Faltou-nos alguma imprevisibilidade, de movi-mentação, de imaginação. Fomos sempre con-trolando o jogo deixando passar. Fizemos o se-gundo golo, e podíamos não ser tão rápidos, mascirculando a bola mais rápido no espaço entreli-nhas, e a virar o flanco, o resultado seria difer-ente.

[Sobre Cristiano Ronaldo] Todos sabem [que aequipa é melhor com o avançado]. É isso que éo Cristiano.

O que dizer mais do Cristiano Ronaldo. É o me-lhor do mundo. Digo o que disse ontem [segun-da-feira], nenhuma equipa fica melhor sem o me-lhor jogador do mundo.

[Sobre a França] Vamos jogar jogo a jogo. Nãoé um duelo a dois, porque a Croácia, em casa,vai querer mostrar a sua qualidade, e a Suécianão deixa de lutar, mas olhando de forma teóricapara o que acontece, perspectiva-se que seja umduelo a dois. Mas sem respeito por todos osadversários, não adianta esse confronto".“Foi uma vitória justa. Foi um jogo de altos e

baixos. Nos primeiros 15, 20 minutos tivemosalgumas dificuldades, mas depois controlámosna totalidade. A expulsão foi um momento impor-tante no jogo e o golo depois. A partir daí, as coi-

sas ficaram diferentes. Mesmo assim, faltou al-gum fulgor, por causa do cansaço.

Tirei o Bernardo Silva rápido porque um dos jo-gadores disse-me que ele tinha de sair. Foi umalesão muscular penso eu, uma rotura talvez. Foi-me transmitido que tinha de sair e fomos rápidosa fazer a substituição.”João Moutinho (jogador de Portugal): "Sabía-

mos que não ia ser um jogo fácil. A Suécia temuma excelente equipa e estava a jogar no seuestádio. Entrou bem, a pressionar, não con-seguimos impor o nosso jogo até uma certa fase.A partir dos 20 minutos, conseguimos pôr mais abola no chão, ter mais posse e criar oportu-nidades. A expulsão [na Suécia] trouxe maissupremacia nossa, procurámos circular a bola econseguimos dois golos com dois grandesremates do Cristiano Ronaldo.Sabemos que cada jogo é um jogo e não se po-

de facilitar, porque todas as selecções têm gran-des jogadores que fazem a diferença. Tentámosfazer o nosso jogo e dar o máximo, e saímoscom mais uma vitória, que ambicionávamos".

Danilo Pereira (jogador de Portugal): "Já es-perávamos um jogo equilibrado. Esta é umaequipa que, colectivamente é muito forte, comose viu nos primeiros minutos. Conseguimos equi-librar o jogo e ter mais bola, isso foi crucial. Con-seguimos o golo do Ronaldo de bola parada, e ojogo facilitou-se com a expulsão.

É importante ganhar fora. Estamos bem, noprimeiro lugar, e isso é que importa”.

Bruno Fernandes (jogador de Portugal): “ASuécia entrou forte no jogo. Demorámos um bo-cadinho a adaptar-nos ao jogo da Suécia, sabía-

mos que ia ser difícil, mas acabamos depois decontrolar o jogo.

São uma equipa intensa. Trocaram alguns jo-gadores que queriam demonstrar que têm quali-dade. São jogadores com boa recepção e bompasse. Os da frente estiveram muito fortes, masgerimos bem o jogo e soubemos aproveitar asoportunidades. Podíamos ter feito mais golos,mas vamos felizes daqui porque levamos o maisimportante, os três pontos.

“[Cristiano Ronaldo] Torna mais fácil o chegarao golo. É um jogador com faro de golo, que aqualquer momento resolve um jogo, e foi issoque aconteceu antes do intervalo, num livre. Fezuns seis ou sete iguais no treino e hoje conse-guiu. É muito bom ter o Cristiano na equipa, por-que qualquer formação fica mais forte".

Todos sabem do que o Cristiano Ronaldo é ca-paz. Com ele em campo, estamos mais próximosdo golo. Os números falam por si. Sou um gran-de admirador dele. É um privilégio ter o melhordo mundo e representar as nossas cores.”

- Janne Andersson (seleccionador da Sué-cia): “Nunca é bom perder um jogo. Ronaldo éum dos melhores jogadores do mundo. Foi eleque decidiu o jogo. Com menos um jogador, foidifícil para nós. O final da primeira parte foi deter-minante no destino deste jogo. Foi o lance chave.A expulsão e depois o livre de Ronaldo. Aindatentámos surpreender na segunda parte comdois avançados, mas não foi possível.”

Selecções J V E D GOLOS P

1. Portugal 2 2 0 0 6-1 62. França 2 2 0 0 5-2 63. Suécia 2 0 0 2 0-3 04. Croácia 2 0 0 2 3-8 0

Ronaldo 'bisa' e Portugal vence na Suécia

0-2

QUATRO JOGADORES DA SUÉCIA TENTANDO IMPEDIR O CAPITÃO DA SELECÇÃO PORTUGUESA,CRISTIANO RONALDO, DURANTE O ENCONTRO REALIZADO NA TERÇA-FEIRA EM SOLNA

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14 DE SETEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DESPORTIVO 5

Os 101 golos de CR7De cabeça: 24 golos

Onde marca:

Em casa: 46 golosCampo neutro: 21 golos

Fora: 34 golos

Como marca:

De bola corrida: 80 golos De penalti: 11 golos

De livre: 10 golos

Quando marca:

1ª parte do jogo (41 golos) 2ª parte do jogo (60 golos)

0-15 minutos de jogo: 10 golos15-30 minutos de jogo: 15 golos30-45 minutos de jogo: 16 golos45-60 minutos de jogo: 10 golos60-75 minutos de jogo: 22 golos75-90 minutos de jogo: 28 golos

Os 101 golos por ano:

2004 – 7 golos2005 – 2 golos2006 – 6 golos 2007 – 5 golos2008 – 1 golo2009 – 1 golo

2010 – 3 golos2011 – 7 golos 2012 – 5 golos

2013 – 10 golos2014 – 5 golos 2015 – 3 golos

2016 – 13 golos2017 – 11 golos 2018 – 6 golos

2019 – 14 golos2020 – 2 golos

De pé esquerdo: 21 golosDe pé direito: 56 golos

Selecções a quem marcou:

Lituânia – 7 golosSuécia – 7 golosArménia – 5 golosLetónia – 5 golosAndorra – 5 golosLuxemburgo – 5 golosHolanda – 4 golosEstónia – 4 golosHungria – 4 golosIlhas Faroé – 4 golosIrlanda do Norte – 3 golosDinamarca – 3 golosBélgica – 3 golosRússia – 3 golosEspanha – 3 golosSuíça – 3 golosArábia Saudita – 2 golosAzerbaijão – 2 golosCazaquistão – 2 golosChipre – 2 golosBósnia – 2 golosRepública Checa – 2 golos Camarões – 2 golos Egipto – 2 golosGrécia – 1 goloEslováquia – 1 goloIrão – 1 goloPolónia – 1 goloFinlândia – 1 goloCoreia do Norte – 1 goloIslândia – 1 goloArgentina – 1 goloPanamá – 1 goloEquador – 1 goloCroácia – 1 golo Sérvia – 1 goloGana – 1 goloPaís de Gales – 1 goloNova Zelândia – 1 goloMarrocos – 1 goloUcrânia – 1 golo

Confederações a quem marcou:

UEFA: 87 golosCAF: 6 golosAFC: 4 golosCONMEBOL: 2 golosCONCACAF 1 goloOFC: 1 golo

Por competição:

Particulares – marcou 17 golos em 47 jogos Mundial (qualificação) – marcou 30 golos em 39 jogosMundial (fases finais) – marcou 7 golos em 17 jogosEuropeu (qualificação) – marcou 31 golos em 34 jogosEuropeu (fases finais) – marcou 9 golos em 21 jogosLiga das Nações (fase final) – marcou 5 golos em 3 jogosTaça das Confederações – marcou 2 golos em 4 jogos

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6 O SÉCULO DESPORTIVO . 14 DE SETEMBRO DE 2020

CR7 continua a fazer históriaPor data:

1º - 12/6/2004 – Euro 2004 – Grécia – 1-2 (C)2º - 30/6/2004 – Euro 2004 – Holanda – 2-1 (C)3º - 4/9/2004 – Mundial (Qualif) – Letónia – 2-0 (F)4º - 8/9/2004 – Mundial (Qualif) – Estónia – 4-0 (C)5º, 6º - 13/10/2004 – Mundial (Qualif) – Rússia – 7-1 (C)7º - 17/11/2004 – Mundial (Qualif) – Luxemburgo – 5-0 (F)8º - 4/6/2005 – Mundial (Qualif) – Eslováquia – 2-0 (C)9º - 8/6/2005 – Mundial (Qualif) – Estónia – 1-0 (F)10º, 11º - 1/3/2006 – Particular – Arábia Saudita 3-0 (N)12º - 17/6/2006 – Mundial 2006 – Irão 2-0 (N)13º, 14º - 7/10/2006 – Europeu (Qualif) – Azerbaijão 3-0 (C)15º - 15/11/2006 – Europeu (Qualif) – Cazaquistão 3-0 (C)16º, 17º - 22/1/2007 - Europeu (Qualif) – Bélgica 4-0 (C)18º - 2/5/2007 - Europeu (Qualif) – Arménia 1-1 (F)19º - 8/9/2007 - Europeu (Qualif) – Polónia 2-2 (C)20º - 17/10/2007 - Europeu (Qualif) – Cazaquistão 3-0 (F)21º - 11/6/2008 - Euro 2008 – Rep. Checa 3-1 (N)22º - 11/2/2009 – Particular – Finlândia 1-0 (C)23º - 21/6/2010 – Mundial 2010 – Coreia do Norte 7-0 (N)24º - 8/10/2010 – Europeu (Qualif) – Dinamarca 3-1 (C)25º - 12/10/2010 - Europeu (Qualif) – Islândia 3-1 (F)26º - 9/2/2011 – Particular – Argentina 1-2 (N) 27º - 17/8/2011 – Particular – Luxemburgo 5-0 (C)28º, 29º - 2/9/2011 – Europeu (Qualif) – Chipre 4-0 (F)30º - 11/10/2011 - Europeu (Qualif) – Dinamarca 1-2 (F)31º,32º - 15/11/2011 - Europeu (Qualif) – Bósnia 3-1 (C)33º, 34º - 17/6/2012 – Euro 2012 – Holanda 2-1 (N)35º - 21/6/2012 – Euro 2012 – Rep. Checa 1-0 (N)36º - 15/8/2012 – Particular – Panamá 2-0 (C)37º - 7/9/2012 – Mundial (Qualif) – Luxemburgo 2-1 (F)38º - 6/2/2013 – Particular – Equadro 2-3 (C)39º - 10/6/2013 – Particular – Croácia 1-0 (N)40º - 14/8/2013 – Particular – Holanda 1-1 (C)41º,42º,43º - 6/9/2013 – Mundial (Qualif)

- Irlanda do Norte 4-2 (F)44º - 15/11/2013 – Mundial (Qualif)

- Suécia 1-0 (C)45º,46º,47º - 19/11/2013 – Mundial (Qualif)

- Suécia 3-2 (F)48º, 49º - 5/3/2014 – Particular – Camarões 5-1 (C)50º - 26/6/2014 – Mundial 2014 – Gana 2-1 (N)51º - 14/10/2014 – Europeu (Qualif) – Dinamarca 1-0 (F)52º - 14/11/2014 - Europeu (Qualif) – Arménia 1-0 (C)53º, 54º, 55º - 13/6/2015 - Europeu (Qualif)

- Arménia 3-2 (F) 56º - 29/3/2016 – Particular – Bélgica 2-1 (C)57º, 58º - 8/6/2016 – Particular – Estónia 7-0 (C)59º, 60º - 22/6/2016 – Euro 2016 – Hungria 3-3 (N)61º - 6/7/2016 – Euro 2016 – País de Gales 2-0 (N)62º, 63º, 64º, 65º - Mundial (Qualif) – Andorra 6-0 (C)66º - 10/10/2016 - Mundial (Qualif) – Ilhas Faroé 6-0 (F)67º, 68º - 13/11/2016 - Mundial (Qualif) – Letónia 4-1 (C)69º, 70º - 25/3/2017 - Mundial (Qualif) – Hungria 3-0 (C)71º - 28/3/2017 – Particular – Suécia 2-3 (C)72º, 73º - 9/6/2017 - Mundial (Qualif) – Letónia 3-0 (F)74º - 21/6/2017 – Taça das Confederações – Rússia 1-0 (N)75º - 24/6/2017 – Taça das Confederações

– Nova Zelândia 4-0 (N)76º, 77º, 78º - 31/8/2017 - Mundial (Qualif)

– Ilhas Faroé 5-1 (C) 79º - 7/10/2017 - Mundial (Qualif) – Andorra 2-0 (F)80º, 81º - 23/3/2018 – Particular – Egipto 2-1 (N)82º, 83º, 84º - 15/6/2018 – Mundial 2018 – Espanha 3-3 (N)85º - 20/6/2018 – Mundial 2018 – Marrocos 1-0 (N)86º, 87º, 88º - 5/6/2019 – Liga das Naçoes – Suíça 3-1 (C)89º - 7/9/2019 – Europeu (Qualif) – Sérvia 4-2 (F)90º, 91º, 92º, 93º - 10/9/2019 - Europeu (Qualif)

- Lituânia 5-1 (F)94º - 11/10/ 2019 - Europeu (Qualif) – Luxemburgo 3-0 (C)95º - 14/10/2019 - Europeu (Qualif) – Ucrânia 1-2 (F)96º, 97º, 98º - 14/11/2019 - Europeu (Qualif)

– Lituânia 6-0 (C)99º - 17/11/2019 - Europeu (Qualif) – Luxemburgo 2-0 (F)100º, 101º - 8/9/2020 – Liga das Nações – Suécia 2-0 (F)

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Desportivo

DESPORTO

A bola da Supertaça europeia de futebol serácoberta por desenhos de 18 crianças, entre osquais o da portuguesa Sara, que descreve o fute-bol como “amizade e união”.

“A minha actividade favorita é jogar futebol comas minhas amigas. Para mim, o futebol é ami-zade e união. Tentei demonstrar isso com o meudesenho. É um campo de futebol com coraçõese raparigas de mãos dadas”, disse Sara, em de-clarações à Federação Portuguesa de Futebol(FPF).

A menina foi uma das cerca de 200 crianças aresponder ao desafio lançado pela Fundaçãodas Crianças da UEFA, juntamente com organi-zações parceiras, de enviar desenhos que de-monstrassem o significado que o futebol tem nassuas vidas.

Sara integrou o programa Brincar de Rua daONG Ludotempo, que nasceu em Leiria e foi re-centemente premiado pela UEFA, por proporcio-nar às crianças a prática desportiva num ambi-ente seguro,

O antigo internacional português Luís Figoaplaudiu a iniciativa da UEFA.

"É uma iniciativa fantástica que permite que cri-anças tenham um impacto num dos mais impor-tantes jogos do calendário da UEFA", disse o an-tigo jogador, que é um dos apoiantes da organi-zação, que apoia mais de 250 projectos que aju-dam crianças em todo o planeta.

A bola com os 18 desenhos vai rolar a 24 deSetembro no estádio Puskas, em Budapeste, nojogo que oporá o Bayern de Munique, detentorda Liga dos Campeões, ao Sevilha, que conquis-tou a Liga Europa.

Bola da Supertaça europeia de futebol vai ter desenho de menina portuguesa

A árbitra Vanessa Gomes, que actua desde2007 no futebol feminino, foi assistente no EstorilPraia-Arouca de quinta-feira, de arranque da IILiga masculina, tornando-se a primeira mulher aarbitrar nos campeonatos profissionais portugue-

ses.Nascida em 1987, Vanessa Gomes foi a pri-mei-

ra árbitra assistente da história do futebol profis-sional masculino em Portugal, depois de 13 anoscomo árbitra, mantendo-se também no futebolfeminino, segundo a nomeação revelada pelaFederação Portuguesa de Futebol (FPF).

Filiada na Associação de Futebol de Lisboa, éinternacional e figura agora na categoria AAC2,que permite ser assistente na II Liga, ao lado deoutras duas mulheres, que poderão ser chama-das em 2020/21 para jogos: Cátia Tavares e OlgaAlmeida.

Na categoria C4 estão duas árbitras de campo,Catarina Campos e Sílvia Domingos, que pode-rão vir a arbitrar as competições masculinas doCampeonato de Portugal, terceiro escalão nacio-nal, e a Liga Revelação, principal prova nacionalsub-23.Vanessa Gomes integra a equipa de arbitragem

liderada por João Malheiro Pinto, que inclui aindaRicardo Luz (assistente) e o quarto árbitro AndréPereira.

A psicóloga de formação faz história em Portu-gal, cujos campeonatos profissionais masculinosseguem as ‘pisadas' de outros países, como aAlemanha, que desde há três anos nomeia Bibia-na Steinhaus para jogos da Bundesliga.

LIGA DE CLUBES LANÇA CAMPANHA“CAMISOLA 12” NO ARRANQUE DA II LIGA

A primeira jornada da nova época da II Liga defutebol foi marcada pela campanha "Camisola12", que permite que um adepto de cada equipaentre em campo transportando a bola da partida,anunciou a Liga de clubes.

"O momento pretende salientar a importânciadaqueles que são o ‘coração do futebol', osadeptos", salientou em comunicado a Liga Portu-guesa de Futebol Profissional (LPFP), especifi-cando que os fãs vão usar a camisola dos res-pectivos clubes com o número 12.

Esta iniciativa é explicada com a ausência hávários meses de público nas bancadas dos está-dios de futebol, face à pandemia de covid-19,uma situação que vai continuar ainda por tempoindeterminado.

"A selecção destes adeptos está a cargo dosrespectivos clubes, sendo que os elementos es-colhidos terão de estar testados, com resultadonegativo, à covid-19", destacou a entidade lide-rada por Pedro Proença, vincando que "sem osadeptos o futebol não existe".

Árbitra Vanessa Gomes vai ser a primeiramulher nos campeonatos profissionais

A MENINA SARA É UMA DAS DESENHADORAS DA BOLA DA SUPERTAÇA EUROPEIA DE FUTEBOL

O primeiro manual sobre a influência e a titulari-dade dos direitos económicos dos jogadores defutebol por terceiros em contratos foi publicadopela FIFA, com o objectivo de promover a trans-parência na área das transferências.A FIFA apontou para a "evolução do próprio sis-

tema de transferências e a crescente complexi-dade dos contratos de trabalho" para justificar olançamento desta publicação, que esclarece aspartes interessadas e o público sobre como aentidade interpreta a legislação nestes camposdo Regulamento do Estatuto e Transferência deJogadores (RETJ).O documento da FIFA, entidade que rege o fute-

bol mundial, inclui um estudo exaustivo doâmbito da aplicação, dentro do quadro regula-mentar, da sua jurisprudência e do Tribunal Arbi-tral de Desporto (TAS) no que diz respeito à in-fluência e titularidade dos direitos económicosdos jogadores de futebol por terceiros.

O manual inclui ainda uma análise estatística evários de seus capítulos também oferecem re-comendações práticas para as partes interessa-das (especialmente os clubes) ao negociar con-tratos de trabalho e acordos de transferência,para ajudar a cumprir o RETJ.

Os clubes europeus de futebol arriscam perdasde quatro biliões de euros em receitas por causado impacto da pandemia de covid-19, alertou aAssociação de Clubes Europeus (ECA, na siglainglesa).

"Muitos clubes arriscam a sua própria existên-cia", lançou Andrea Agnelli, presidente da Juven-tus e da ECA, durante uma assembleia geral vir-tual da organização, apontando para as conclu-sões de um estudo sobre o impacto económicoda pandemia sobre a indústria do futebol.

O trabalho incidiu sobre dez ligas europeias,mostrando que o impacto deve ser pior na épocade 2020/21 do que na temporada já terminada.

Sem contar com as receitas de transferências,as receitas dos clubes europeus dos países ana-lisados (onde estão as principais ligas) devembaixar 1,5 biliões de euros (2019/20) e 2,1 biliõesde euros na próxima época, num total de 3,6 bi-liões de euros.

Extrapolando os resultados para a totalidadedas ligas europeias, o impacto global nas recei-tas pode ascender a 4 biliões de euros.Andrea Agnelli acrescentou que, a este montan-

te, há que contar com uma quebra de "20 a 30%"do mercado de transferências.

Face à proibição da presença de público nosestádios, depois de um recuo estimado de 14%nas receitas provenientes da bilheteira na últimaépoca, a temporada de 2020/21, deve apresen-tar uma descida de 38,5%.

Isto, aliado à queda das receitas de publicidadee patrocínios, bem como dos direitos televisivos,que, em conjunto, também fazem subir o pesodos salários sobre as contas dos clubes, enfra-quecendo as estruturas mais frágeis.Ainda assim, Agnelli salientou que só no final da

época que agora começou é que será possívelfazer um retrato mais fiel do impacto económicoda pandemia.

O dirigente vincou que, dado o longo períodoem que se vai viver a "gestão da crise" na indús-tria, vai ser necessário discutir o formato dascompetições europeias após 2024. A Juventus,liderada por Agnelli, já se mostrou em diversasocasiões favorável a uma remodelação dasprovas da UEFA em favor dos grandes clubes.

Clubes europeuspodem perder 4 biliões de eurosem receitasdevido à covid-19

FIFA especifica normassobre titularidade dedireitos económicos de jogadores por terceiros

O desafio Espanha-Portugal, da última jornadado ‘Europe Championship’ de râguebi, suspensoem Março devido à pandemia de covid-19, vaiser disputado a 14 ou 15 de Novembro, confir-mou uma fonte da Federação (FPR).

O encontro do Europeu está agendado no Ca-lendário de Actividades 2020/21, actualizadopela FPR, que divulga, ainda, três compromissosparticulares dos ‘lobos’ durante a ‘janela’ de jo-gos internacionais, nomeadamente um Portugal-Holanda (7 ou 8 de Novembro), um Portugal-Ro-ménia (21 ou 22 de Novembro) e um Roménia-Portugal (28 ou 29 de Novembro).

Portugal ocupava o 2.º lugar do Europe Cham-pionship, também conhecido como torneio dasSeis Nações B, com nove pontos, os mesmosque a Espanha (3.º), quando os jogos da últimajornada foram suspensos, em Março, devido àpandemia de covid-19.A Geórgia, que já garantiu o título, tem em atra-

so a receção à Rússia (4.º), enquanto Roménia(6.º) e Bélgica (5.º) terão de discutir, em Buca-reste, os últimos lugares da competição.

Entretanto, o Calendário de Actividades2020/21 já inclui também das datas dos encon-tros do campeonato da 1.ª Divisão (segundo es-

calão competitivo nacional), que terá início em 10de Outubro.

Os clubes do segundo escalão reuniram com aFPR e aprovaram, por unanimidade, a intro-dução de uma fase regional no campeonato, àimagem do que vai acontecer na Divisão deHonra, de forma a evitar longas deslocações ereduzir o risco de contágio de covid-19 entre dife-rentes regiões do país.

A 2 de Setembro, quando os clubes da Divisãode Honra aprovaram as alterações ao principalescalão, o presidente da FPR referiu à Lusa queas competições dos escalões inferiores sóavançariam caso os clubes desses escalõesconseguissem "cumprir as mesmas regras".

A fase regional será disputada em dois gruposde cinco equipas, em apenas uma volta, sendoque Braga, Guimarães, Bairrada, Lousã e Caldasintegram o “Grupo A – Norte” e Évora, Elvas, Vilada Moita, Galiza e Santarém vão disputar o “Gru-po B – Sul”.

Os três primeiros classificados de cada grupoapuram-se para a fase de apuramento do cam-peão, que será disputada por seis equipas, emduas voltas, com meias-finais e final para encon-trar o campeão.

Espanha-Portugal do ‘Europe Championship’de râguebi marcado para Novembro