contactos: 011 496 1650/7 - o século de joanesburgo

30
África do Sul Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com * Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 7 DE DEZEMBRO DE 2020 Depois de 35 anos de sólida experiência, oferecemos: Soluções legais e avançadas na sua vida comercial; Controle e racionalização da massa trabalhadora; Reacção rápida e eficiente em circunstâncias traumáticas - disputas matrimoniais, falecimento de ente queridos, acidentes de percurso, e ataques cerrados de Autoridades Reguladoras Cambridge Office Park, Cnr. Kirby and Oxford St. Bedfordview * Tel: +27 11 622 0960 * 072 881 3970 * 010 023 0824 Cell: +27 (0) 72 153 6760 * E-mail: [email protected] Agora Grátis Magashule recebeu fiança e vai comparecer no Tribunal em Fevereiro de 2021 António Horta-Osório é o primeiro não suíço à frente da Credit Suisse Presidente Marcelo anuncia renovação do Estado de Emergência até 7 de Janeiro página 6 última página página 8 última página Reestruturação prevê despedimento de 500 pilotos e redução salarial página 10 Estado Nacional de Calamidade prorrogado até 15 de Janeiro

Upload: others

Post on 01-Dec-2021

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

África do Sul

Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com * Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 7 DE DEZEMBRO DE 2020

Depois de 35 anos de sólida experiência, oferecemos:Soluções legais e avançadas na sua vida comercial;Controle e racionalização da massa trabalhadora;

Reacção rápida e eficiente em circunstâncias traumáticas - disputas matrimoniais, falecimento de ente queridos, acidentes

de percurso, e ataques cerrados de Autoridades ReguladorasCambridge Office Park, Cnr. Kirby and Oxford St.

Bedfordview * Tel: +27 11 622 0960 * 072 881 3970 * 010 023 0824Cell: +27 (0) 72 153 6760 * E-mail: [email protected]

AgoraGrátis

Magashule recebeu fiançae vai comparecer

no Tribunal em Fevereiro de 2021

António Horta-Osórioé o primeiro não suíço à frente da

Credit Suisse

Presidente Marceloanuncia renovação do Estado de Emergênciaaté 7 de Janeiro

página 6

última página

página 8

última página

Reestruturação prevê despedimentode 500 pilotos e redução salarial

página 10

Estado Nacional de Calamidadeprorrogado até 15 de Janeiro

2 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 7 DE DEZEMBRO DE 2020

Este fim-de-semana foi um dos melho-res que tive em muitos, muitos meses. Omeu amigo Ricardo Caldeira teve umafesta de celebração para o bebé que vaiter daqui a uns meses e, como isso é umacoisa que tem a ver maioritariamente commulheres, os homens juntaram-se e fo-ram todos celebrar ao andar de kart parao kartódromo de Vanderbijlpark.

A adrenalina pura de conduzir a alta ve-locidade sentado a 50 milímetros do chãonuma coisa que é basicamente um corta-relvas, é fabuloso. A competição saudá-vel, a picardia e o ambiente descontraídoque se viveu foi muito bom mesmo.

Mas, o que me fascinou e surpreendeupela positiva, foi o facto de 90% do tempoque estivemos juntos, éramos nove por-tugueses, falarmos todos Português unscom os outros. E isso envaideceu-me edeixou-me extremamente feliz.

O Português não está morto, muito pelocontrário, está bem vivo. E em geraçõesjovens. Tínhamos quatro gerações, tínha-mos portugueses entre os 70 e 50 anos,nos 40, nos 30 e nos 20 anos de idade. Etodos, sem excepção falavam a língua deCamões. Falhas, muitas palavras em Inglês e Afri-

kaans metidas pelo meio, mas pouco im-porta, porque o grosso da conversa foiem Português. Falou-se de tudo e, emparticular, de Portugal. Todos sabiam oque se estava a passar por lá, principal-mente na Região Autónoma da Madeira,quer em termos sociais, quer em termospolíticos. E, no meio disto tudo, as outras pessoas

que estavam no recinto, olhavam paranós com um misto de maravilha e curiosi-dade. Atenção, não estou aqui de modonenhum a advogar o separatismo nemque a Comunidade se volte sobre simesma. Não! Até porque todos falamosvárias línguas e isso só mostra a inte-gração e parte fulcral do país. A África do Sul é tão nossa como Portu-

gal. Somos de duas pátrias. Mas, é de vi-tal importância quer para a Europa, Amé-rica do Sul e crucialmente aqui em África,falar-se Português. É uma ferramenta im-prescindível e é uma mais-valia que nãopára de nos presentear com oportunida-des.

Devemos, todos, cultivar o Português.Ler muito, ouvir muito a língua e não termedo de falar.

Falamos alto e efusivamente, pareceque estamos a discutir. Somos expres-sivos. Mas isso, é parte da nossa identi-dade e Cultura. As gerações mais jovenspodem até sentir uma certa vergonha danossa forma de ser, mas os outros olhampara nós com admiração. Temos o deverde manter e passar adiante o Português!

O prazer e a importância dese falar Português!

O Meu Aparo!

por Michael Gillbee

Jaime Nogueira Pinto

Tensão na RDC (Kinshasa)Na sexta-feira 27 de Novembro, em Gaborone,

no Botswana, numa reunião da SADC com a pre-sença dos presidentes da África do Sul, da Re-pública Democrática do Congo (RDC), do Malawie do Zimbabué (Angola e Moçambique estiveramrepresentados pelos ministros da Defesa), foidecidida uma acção coordenada da organizaçãopara combater o terrorismo jiadista no Norte deMoçambique. No comunicado da cimeira, fala-sena “finalização de uma resposta regional integra-da em apoio da República de Moçambique”.

Na mesma reunião, tratou-se da questão daUnited Nations Force Intervention Brigade (FIB),uma força militar multilateral presente na RDC,integrada na MONUSCO e que, por razões derestrição de financiamento, vai ser reduzida. OMalawi, a África do Sul e a Tanzânia têm tropasna FIB, que vai ser reduzida em efectivos.Na sua fala sobre a ameaça terrorista na região,

o presidente Masisi do Botswana sublinhou queos Estados da região não podem conter sozinhosataques terroristas, pelo que se impõe uma ac-ção colectiva. E esta quinta-feira, 3 de Dezem-bro, o Bispo de Pemba, Dom Luiz Fernando Lis-boa expôs, por videoconferência, ao ParlamentoEuropeu a gravidade da situação: mais de 2000mortos, 500 mil deslocados, raptos, decapita-ções, cidades superlotadas de refugiados docampo, uma pesada ameaça paira sobre a pro-víncia de Cabo Delgado.

UM CASAMENTO DE CONVENIÊNCIA

Ao mesmo tempo que, por razões financeiras,as Nações Unidas pretendem reduzir as forçasdestacadas da RDC, a situação política parece,no Congo – Kinshasa, estar a complicar-se commais uma crise a nível da coligação governativaconstituída por uma aliança entre o actual Pre-sidente da República, Felix Tshisekedi e o seuantecessor Joseph Kabila, que formaram umgoverno de coligação apoiado pelos respectivosmovimentos – o Front Commum pour le Congo(FCC) de Kabila e o Cap pour le Changement(CACH) de Tshisekedi.

A crise existiu desde o princípio mas intensifi-cou-se em Junho passado e é reforçada pelofacto de haver uma instabilidade institucional àpartida, já que Tshisekedi ganhou as eleiçõespresidenciais em Dezembro 2018, mas o partidode Kabila ganhou em Março de 2019 a maioriados lugares no Parlamento. Acresce a isto que,no passado, o partido de Tshisekedi (lideradopelo seu pai, Étiènne Tshisekedi) foi o opositorquer de Mobutu, quer dos dois Kabilas, LaurentDésiré e Joseph. Ao não ter quórum suficiente noParlamento, Tshisekedi teve de fazer um acordocom Kabila. Foi um “casamento de conveniên-cia”, mas altamente instável, em permanente dis-cussão e tensão entre os quase setenta ministrosescolhidos por um e outro partido.

As divisões atingiram e atingem aspectos es-senciais da vida político-administrativa: escolhade cargos governamentais e nas empresas públi-cas, orientações diplomáticas, magistrados. Jo-seph Kabila procurou continuar a mandar atravésde ministros e lugares-chave no Gabinete, alémda maioria parlamentar. Isto permitiu-lhe blo-quear e depois forçar decisões. Muitos dizemque o ex-Presidente quer seguir o esquema dePutin e voltar em força na próxima eleição.

Perante esta situação, não é estranho que oPresidente Tshisekedi esteja empenhado emconseguir apoios que lhe permitam ter uma maio-ria parlamentar e que, para isso, tenha neste mêsde Novembro recorrido a uma série de consultasa representantes das forças políticas e dasociedade civil. Embora haja consciência dastensões entre os dois parceiros da coligação –agravadas, diz-se, por eventos estranhos, comouma sucessão de mortes de colaboradores deTshisekedi nos últimos meses – os observadorespensam que a ruptura pode ser suicida para am-bos os parceiros.

É esta a opinião da representante especial doSecretário Geral e chefe de Missão das NaçõesUnidas para o Congo (MONUSCO), a argelinaLeila Zerrougui, que reafirmou os seus esforços

para pôr de acordo os dois vértices da coligação.Até porque há o perigo permanente das milíciasarmadas que continuam no país, sobretudo noLeste, na província de Kivu. A MONUSCO tem18.000 homens na RDC, a maior operação depeace-keeping das Nações Unidas, mas vai serreduzida por razões financeiras. A realidade é que, em virtude de um acordo en-

tre Tshisekedi e Kabila que, segundo o Le Mondecontinua confidencial, na partilha do poder paraviabilizar o governo da coligação – um governocom 67 ministros e cinco vice-Primeiros-Ministros– Kabila e a sua FCC ficaram com pastas-chavecomo o próprio Primeiro Ministro e os ministrosda Defesa e das Finanças, além da maioria par-lamentar e de posições importantes nos órgãosprovinciais, parte das forças militares e de segu-rança. Tshisekedi tem, entre outros, os ministros do In-

terior e da Justiça e parece querer agora preten-der refazer uma coligação de opositores perten-centes à antiga coligação Lamuka, que abando-nou para se entender com Kabila. Figuras comoMartin Fayulu, que continua a clamar contra a“fraude de Dezembro de 2018”, que lhe negou apresidência; mas também Moise Katumbi, o ex-governador do Katanga e Jean-Pierre Bemba,homem forte da província do Equador, o líder doMLC, Movimento de Libertação do Congo) quefoi julgado e condenado pelo Tribunal PenalInternacional por “crimes contra a Humanidade” a18 anos de cadeia. Mas Bemba acabou por serconsiderado não culpado e voltou ao Congo,onde, não lhe sendo permitido concorrer àpresidência, apoiou o candidato Martin Fayalu.Escalada controladaA crise parece estar em escalada neste momen-

to: a UDPS – Union pour la Democratie et leProgrés Social –, partido do Presidente, multipli-cou as manifestações de rua, enquanto, segundoacusações do FCC, poderia estar em curso um

movimento para “comprar” membros do Parla-mento partidários de Kabila, para passarem aapoiar Tshisekedi: as acusações são variadas,mas na segunda feira 30 de Novembro, os de-putados do FCC de Kabila, reuniram-se na sededo Parlamento, onde fizeram um juramento delealdade à presidente da Assembleia Nacional,Jeannine Mabunda, e manifestaram-se contraaqueles “actores políticos” que tentam mudar amaioria parlamentar.

Mas apesar desta escalada política e verbal, ede uma série de notícias alarmistas e alarmantesà volta de supostas intervenções dos vizinhos, amaioria dos analistas pensa que a situação, porenquanto, está controlada e que nenhum dosdois parceiros da entente se pode dar ao luxo dea quebrar.

Só que perante os desentendimentos e a con-frontação verbal há fortes críticas na sociedadecivil, como a da Conferência Episcopal, que nomês passado emitiu um claro comunicado, acu-sando os parceiros da coligação governamentalde, com os seus jogos e bloqueios, “deixaremagravar a já paupérrima situação económica,agora agravada pela pandemia”.

“Acordemos do nosso sono para uma partici-pação cívica”, foi o fundo da mensagem dosprelados, enquanto o cardeal Ambongo reconhe-cia criticamente que “o povo já não está no cen-tro das preocupações dos que governam”.

Na sequência desta mensagem, os bispos fo-ram recebidos, sucessivamente, a 9 e 11 de No-vembro, por Tshisekedi e Kabila.

Os países vizinhos, nomeadamente Angola e oRuanda, seguem atentamente os acontecimen-tos até porque, o mandato da MONUSCO apro-xima-se do seu termo e, de qualquer modo have-rá uma redução dos efectivos. Foi no sentido deesclarecer o seu vizinho angolano, o PresidenteJoão Lourenço, que Tshisekedi esteve em Luan-da em meados de Novembro.

2359

7 DE DEZEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 3

COMUNIDADE

Contando ao nosso Jornal sobre a sua aventu-ra de dar meia volta ao Mundo, Maria Saraivadisse:

“Em Janeiro de 2020 viajei até à Nova Zelândiapara realizar o desejo de fazer a travessia até àsilhas do Pacífico, mais especificamente à Poli-nésia Francesa. Enquanto Maio não chegava -época ideal para a travessia, devido ao final daépoca dos ciclones -, procurei ganhar alguma ex-periência a velejar, com uma família neozelan-desa, que carinhosamente chamamos de Kiwis eque tencionava também velejar até às Fiji, Tongae Vanuatu.

Em Março, enquanto viajávamos pela ilha doNorte da Nova Zelândia, fizemos uma paragemna marina em Tauranga. Foi aqui que me depareicom um veleiro diferente de todos aqueles quenormalmente vejo e me chamou a atenção pelassuas características únicas: robusto, inspirador ede confiança em passagens seguras e confortá-veis, construído especificamente para travessiasna Antártida. O meu sexto sentido anunciou quenão era a última vez que navegávamos as mes-mas águas.

Pelo meio, (3 meses e 7 semanas) meteu-seuma das medidas mais fortes contra um vírus:um ‘lockdown’ e o encerramento total do País edas fronteiras das ilhas do Pacífico. O risco denão vir a realizar o meu sonho e as incertezas eas consequências desta pandemia começaram apairar na minha cabeça como uma frente fria e oinstinto pedia-me para procurar alternativas.

Em Junho de 2020, atendendo ao facto queestas ilhas ainda não estavam abertas a turistas,a dificuldade de arranjar trabalho (a prioridade édada aos residentes), o aproximar da estaçãodos ciclones no Pacífico e o risco de ser apanha-da numa segunda vaga de COVID-19 em paísesde sistema de saúde precária, tomei uma deci-são radical.Perdido por 10, perdido por 18 mil léguas. Deci-

di tornar estas incertezas e notícias menos aus-piciosas em vento de popa: o sonho de velejaraté às ilhas do Pacífico era agora ‘para meninos’.Bom mesmo seria regressar a casa (Portugal) avelejar e atravessar meio mundo. Fiz então o quena altura me pareceu a forma mais fácil de fazereste sonho - muito improvável - acontecer: publi-quei um post numa página de Facebook "sailingworldwide " onde se procuram e oferecem via-gens em veleiros em torno do Mundo”.

BOLEIA ATÉ AOS AÇORES

“Questionei se alguém iria em breve para aEuropa, partindo da Nova Zelândia e que me pu-desse dar boleia até aos Açores.Em menos de um dia, fui contactada por um ca-

pitão norueguês, dono de um veleiro Bóreal de14m, que também desistiu do sonho de rumaraté à Antártida, para retornar à Suécia - exacta-mente o capitão do mesmo barco que quatro me-ses antes tinha visto em Tauranga.

Fiquei extasiada ao saber que o tiro no escuroatingiu o alvo, especialmente numa altura emque ninguém tem a coragem de se sujeitar agrandes aventuras. Um encontro para um cafépara me colocar a par de todos os detalhes eparagens (Opua (NZ), Darwin (Au), Le Port (Ilhada Reunião), Richard's Bay, Port Elizabeth e Ca-pe Town (SA), Ilha de Santa Helena, Lanzarote,Açores e finalmente Suécia) desta viagem foi osuficiente para me convencer a saltar a bordo ecair de amores pelo capitão viking dos olhosazuis.A despedida de terra foi bastante emocionante,

apenas nesse momento senti o choque da reali-dade. Dei-me conta da aventura que estava paraviver. Grande parte dos velejadores da marinaem Opua vieram despedir-se de nós e desejar-nos boa sorte. Foi uma sensação única ver todasaquelas famílias e velejadores ali para nos sau-

dar.A 1 de Julho de 2020, com quatro tripulantes (o

capitão, eu, um ex-pescador e skipper Kiwi euma backpacker francesa) o MilleMomenti foi oprimeiro barco a deixar a Nova Zelândia em tem-pos de COVID-19.As peripécias vividas pela tripulação internacio-

nal (um skipper e ex-pescador Kiwi, Pete, Mari-ne, uma backpacker francesa, eu e o capitãoNorueguês) tem sido uma constante. No segun-do dia fomos atingidos por uma pressão baixaque nos atirou ventos superiores a 50 nós-nãopodíamos ter melhor batismo de viagem.

A minha sorte foi que passei quase 48 horas adormir, depois de tomar medicação para o enjooque se instalou (forte e feio) 10 horas depois dedeixarmos a terra. O meu corpo demorou duassemanas para se adaptar ao novo ritmo e movi-mento do barco.

Na segunda semana, uma intoxicação alimen-tar apanhou o capitão e o skipper neozelandês ecolocou-me a mim e à Marine no comando daembarcação durante três dias, verdes que nemum pepino e sem sabermos de que lado sopravao vento, em pleno mar da Tasmânia (mar conhe-cido pela sua violência).Na chegada ao Mar de Coral e à Grande Barrei-

ra de Coral (Austrália) fomos presenteados como mais delicioso encontro com três baleias deBossa que nadavam debaixo do barco, vinham àsuperfície espreitar, e voltavam a mergulhar. Per-maneceram à nossa beira por cerca de uma ho-ra.

Enquanto cruzamos a Grande Barreira de Co-ral, vivia quase exclusivamente para ver o nascerdo sol, o pôr do sol, o céu mais estrelado e coma Via Láctea mais nítida que alguma vez vi, a serreflectida na água, dando a sensação que velejá-vamos no céu. Quase todas as noites a fosforescência da água

fazia-me sentir que vivia um momento mágico.Esta experiência foi elevada a algo transcenden-

te quando ao mesmo tempo que navegávamos aver as estrelas, um grupo de golfinhos nadavamjunto à proa, criando um rasto de luminescênciacom os seus movimentos.

Os nossos dias são passados a pescar, pensarno que vamos cozinhar para o almoço e jantar,apanhar sol, ler e responder aos emails que nos

chegavam via IRIDIUM (satélite), aprender aajustar as velas de acordo com a força e direçãodo vento e descansar muito, principalmente de-pois de 3h de "night watch", onde cada um ficaresponsável pela navegação enquanto os res-tantes membros repousam”

VIGIADOS PELA AUSTRALIANBORDER FORCE

“Todas as nossas tentativas de aprovisiona-mento foram em vão e todos os dias enquantonos di-rigimos em direcção a Darwin fomos con-tactados pela Australian Border Force, que envi-ava um avião para fazer a vigilância e acompa-nhamento do nosso percurso. Neste ponto, tí-nhamos duas opções: ou procurar outro portopara abastecermos ou seguimos directamentepara a Ilha da Reunião, atravessando todo oOceano Índico sem fruta fresca, vegetais e comcombustível apenas no limite para a chegada.

A solução surgiu no mesmo dia em que a Aus-trália negou definitivamente a nossa entrada na-quele País. Marina del Ray em Gili Guede, Lom-bok, Indonésia, abriu a fronteira para embarca-ções estrangeiras, depois de meses de encerra-mento devido ao COVID-19. Nesse mesmo dia,contactámos a marina que nos deu luz verde enos recebeu de bom grado. Devido à inexistên-cia de internet a bordo (só dispomos de um e-mail por satélite), toda a pesquisa e contactos te-lefónicos e obtenção de informações sobre a ma-rina só foi possível com a preciosa e vital ajudados nossos amigos em terra. Demoramos cercade uma semana a chegar a Lombok, desde Dar-win.

Chegámos 30 dias depois de termos partidopara a Nova Zelândia. Podem imaginar a felici-dade de voltar a pisar terra firme e contactar com

Portuguesa Maria João Saraiva percorremeio Mundo no veleiro Bóreal 44Deixou Cape Town há dias a caminho de Santa Helena

CIDADE DO CABO

A velejadora portuguesa Maria João Saraiva, de 32 anos e natural de Aveiro, deixou há dias Cape Town,África do Sul, depois de ter tido a mais calorosa recepção por parte de Vítor Medina e família, no Royal CapeYacht Club, Carlos Aguiar, Amigos Portugueses, cônsul-geral de Portugal no Cabo, José Arsénio e todos oselementos do Yacht Club, a bordo de um veleiro (Bóreal 44) com a bandeira norueguesa e a caminho deSanta Helena.

Texto de Vítor Medina

(cont. na pag. seguinte)

4 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 7 DE DEZEMBRO DE 2020

outros seres humanos, que a este ponto nos pa-reciam seres de outro planeta. Depois da visitados Agentes da Alfândega e dos Serviços deEmigração, realizámos o teste de COVID. Infeliz-mente não conseguimos usufruir da estadia tantoquanto gostaríamos, pois recebemos indicaçõesdos serviços de Saúde para nos resguardarmoso mais possível.

Em Marina Del Ray foi bastante relaxante: usá-mos o nosso dingui (um bote a motor) para visi-tarmos as outras ilhas Gili à nossa volta que,sem turistas, foram um verdadeiro paraíso sópara nós”.

O ROMANCE COM O CAPITÃO

“Num plano pessoal, Lombok foi o início da mi-nha história de amor com o capitão. EncontrarAmor em pleno oceano não é para todos, nemter a sorte de começar um romance como quemvive em Lua de mel 24h/7. Em termos de dinâmi-ca de tripulação, fomos desafiados pelo facto deencontrar um equilíbrio entre o tempo que pas-samos a dois e o tempo dedicado a manter aunião e espírito de equipa. Depois de uma sema-na de estadia em Gili Guede, aprovisionar-se dequase todos os frutos exóticos que possa imagi-

nar e alguns legumes, partimos para o próximodestino: Ilha da Reunião.

A travessia durou cerca de três semanas. Opeixe foi escasso durante toda a passagem e, natentativa de trazer a bordo Marlins e atuns debarbatana amarela de 150Kg, perdemos a pes-caria toda, o que comprometeu um pouco onosso estado de espírito. Eu, que comecei esta aventura como vegetaria-

na, era agora a primeira a transformar o peixeem filetes ou a cortar o atum para sashimi e pre-parar a refeição em três tempos. O grande golpeaconteceu uma semana depois de deixarmosLombok: o nosso hidrogerador avariou e o con-gelador ficou comprometido, pois não consegui-mos gerar electricidade suficiente para o manterligado. Tivemos de comer 4L de gelado em 2dias, entre refeições de waffles, batidos de gela-do, café com gelado, sumo de melancia com ge-lado...enfim. Entrámos num coma de açúcar nosdias seguintes.A chegada e estadia na Ilha da Reunião foi para

mim um dos momentos altos da viagem. Talvezpor termos sido autorizados em terra e, final-mente, um mês e meio depois de deixarmos aNova Zelândia, pudemos explorar devidamente ailha, fazendo trilhos deslumbrantes por entre sis-temas montanhosos que segundo o capitão e o

skipper, lhes fez lembrar Tahiti”.

ATAQUES DE TUBARÕES TOURO E TIGRE

“Em contraste, a visita ao principal vulcão ondeassistimos ao nascer do sol dá-nos a sensaçãode estarmos em Marte ou num outro planeta. Oúnico aspecto menos positivo da ilha é a grandeincidência de ataques de tubarões touro e tigre,que colocam a Ilha da Reunião entre os cimeirosnos ataques fatais por tubarões. Os banhos eactividades náuticas estão seriamente condicio-nadas, sendo permitidas em circunstâncias ópti-mas de visibilidade da água e bom tempo.Foi aqui que fomos confrontados e experiencia-

mos pela primeira vez o uso da máscara em lo-cais públicos, dado que na Nova Zelândia esteitem nunca foi obrigatório. Sentimo-nos gratos,por neste momento tão difícil vivermos num bar-co e cruzarmos oceanos, onde estamos resguar-dados de toda a loucura que acontece em terra”.

ATRAVESSAR A COSTA SUL AFRICANA FOIA PARTE MAIS DESAFIANTE DA VIAGEM

“Atravessar a costa sul africana foi a parte maisdesafiante desta viagem pelo facto de o vento

em direções oposta à corrente que provém doCanal de Moçambique poder provocar ondasque chegam até 30m que podem afundar qual-quer navio de carga. Todas as navegações tive-ram que ser meticulosamente planeadas e sosaimos em condicoes atmosfericas ideais.

Por outro lado, termos sido a primeira embarca-ção de recreio a chegar à África do Sul depois do‘lockdown’ fez com que fosse extremamente difí-cil carimbar os passaportes para podermos ir aterra. Tal só aconteceu 20 dias depois de termoschegado e teve o inconveniente de não poder-mos desembarcar até a situação estar legalizadapelas autoridades de saúde, imigração e alfânde-ga.Atravessar o Cabo da Boa Esperança e o Cape

Point deu-me um novo folgo para a próxima jor-nada. Cerca de 11 dias até Santa Helena e de-pois mais 3,5 semanas até às Ilhas Canárias. Onosso destino final - Suécia fica adiado até Abril,altura em que o Mar do Norte volta a oferecercondições mais favoráveis. Uma história de Amorno ar, um Oceano Atlântico pela frente e todo ummundo de novas oportunidades que se podemcolocar no nosso caminho e mudar, mais umavez, o rumo das nossas vidas”.

Aventura de uma velejadora portuguesa

COMUNIDADE

Nádia Rebelo, aspirante fadista de Goa, estápreparada para marcar presença num concursointernacional de fado que terá lugar em Portugal.

“O melhor de tudo isto é que sou a única goesae indiana a participar na competição e a única

não portuguesa. Isso me dá vontade de ganharainda mais a competição”, diz Nádia Rebelo.Ela canta a Ave Maria Fadista - uma canção que

evoca a bênção de Madre Maria sobre os fadis-tas e os músicos.

Começou a cantar aos 11 anos em pequenosconcursos em Goa, e desde então ganhou oamor pela música portuguesa e principalmentepelo fado.

“Desde então tenho cantado fado tanto quantopossível e em várias casas portuguesas, assimcomo lancei um CD com ‘covers’ de diversos fa-dos e tento alargar os meus horizontes. Fui in-centivada a participar neste concurso pelo meuprofessor Delfim Correia da Silva, que sempreme apoiou no meu percurso de artista”.

É acompanhada por Franz Schubert Cotta naguitarra portuguesa e Siddharth Cota na viola dofado. O vídeo do concurso foi filmado na sala deorações do Casarão Figueiredo, casa patrimóniode Loutulim.

BIOGRAFIA

Nádia Rebelo é natural de Goa (Índia), cantaem estilos que vão do pop ao jazz. Apaixonou-sepelo fado português e ganhou vários prémios emconcursos como o Vem Cantar (Concurso deCanção Portuguesa) e o Concurso do Fado.

Nádia apresenta-se na Noite de Fado que de-corre regularmente no Restaurante Alfama dacidade de Goa Beach Resort, bem como noutroslocais populares em Goa.

Foi convidada a actuar no Dia Mundial de Goano Porto em 2014, o que lhe deu a oportunidadede cantar em várias Casas de Fado em Portugal.Nádia também se apresentou ao lado do famosofadista português Marco Rodrigues no MonteMusic Festival em 2013.

Lançou o seu primeiro álbum intitulado ‘Fado

Português’ em Outubro de 2015 pelas mãos docônsul-geral de Portugal em Goa, Rui CarvalhoBaceira. Este álbum foi produzido por Vera Re-belo e a música inclui Guitarra Portuguesa, Violade Fado e Tambor tocada por Franz SchubertCotta.

Canta bem o hino nacional português. Actuouna embaixada de Portugal de Delhi durante a vi-sita do Presidente Marcelo Rebelo de Sousa àìndia, nos fins do ano passado.

Nasceu em Goa e canta Fado com classe

NÁDIA REBELO COM O PRESIDENTE MARCELO REBELO DE SOUSA

NÁDIA REBELO COM A COMENDADORAPAULA CAETANO

(cont. da pag. anterior)

7 DE DEZEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 5

COMUNIDADE

Terá rondado as três dezenas de presenças, oalmoço mensal de convívio organizado pela Aca-demia do Bacalhau de Pretória, realizado na tar-de da passada terça-feira, dia 1 de Dezembro, noPortugalo Restaurante, do centro comercial deBrooklyn, entre as quais o embaixador Ma-nuelde Carvalho e o seu adjunto Manuel do Val; co-mendadores Joe Quintal e Mário Ferreira; Ninade Caires, do Chield Welfare do Tshwane;Augusto Baptista Rosa, da Casa Social da Ma-deira; e o presidente da Casa do Benfica, nestacidade, José Brunido, este que ali desempenhouas funções de “carrasco”, além de outras conhe-cidas figuras da Comunidade.A abrir o convívio usou da palavra Tony Barbosa

para saudar e agradecer a presença de cada umali naquela tarde, com destaque para o nossoembaixador e seu adjunto, baseando as suas pa-lavras no que tem sido em actividades esta Aca-demia a que preside, como mais recente, o festi-val gastronómico realizado na Casa Social daMadeira, a deixar um lucro na ordem dos cem milrandes, divididos pelas cinco instituições que alicolaboraram.Com a parte pertencente a esta Academia a ser

cedida aos “Lusíadas”, assim como o auxílioprestado à família de Tony Gonçalves, que antesde se fixar em Cape Town residiu em Pretória, edado o infortúnio que lhe bateu à porta, a pedidodo Rui da Academia do Bacalhau da cidade doCabo, e não podendo deixar esta família na rua,a ele se ficando a dever este nosso envolvimen-to em ajuda, já que por vezes o trabalho é em si

superior ao dinheiro, daí lhe endossar os seusparabéns, continuando:

“Tivemos ultimamente um encontro onde umaartista portuguesa que hoje aqui temos connos-co, Ancar Leite, participou nesse almoço de em-presários, onde foram angariados vinte mil ran-des, para serem entregues na festa do “Natal daCriança” marcado para 6 do corrente mês deDezembro, numa organização anual, que peloseu significado se saúda, da Casa do Benfica,em Pretória”.

Continuando a sua intervenção disse que “aAcademia do Bacalhau de Pretória tem projecta-do um encontro intitulado de alegria e de festacom os idosos utentes do Lar S. Francisco de

Assis, com a actuação de alguns dos artistas danossa Comunidade que actuaram no dito festivalgastronómico realizado na Casa Social da Ma-deira, que além de não levarem dinheiro pela suaactuação ali nesse dia, se disponibilizaram a par-ticipar neste dito espectáculo que venha a serorganizado a favor desses nossos velhinhos, alevar a efeito oportunamente, proporcionando-lhes alegres momentos de convívio, tendentes aatenuar a sua solidão”.

Convidado a proferir algumas palavras, o em-baixador Manuel de Carvalho começando porsaudar a todos, manifestando a alegria que sen-tia em voltar a ver este grupo de amigos, numano que vai ficar na memória das nossas vidas,perante as restrições impostas, ao ponto de nãonos podermos abraçar no cumprimento a queestávamos habituados, e assim irá continuar,

não se sabendo até quando, a todos alertando ater cuidado com esse perigo, dadas as gravesconsequências que já tivemos na Comunidade, ea que todos infelizmente continuamos a estar su-jeitos.

“Na embaixada estivemos a funcionar na medi-da do possível, em relação aos portugueses queoptaram por deixar este país, em que por nãopodermos financiar as viagens, ajudamos pelomenos em documentação, e de uma maneira oude outra, mesmo confinados continuámos amanter em funcionamento os serviços em váriasáreas, esperando que o 2021 seja melhor”.Pedindo aos que o ouviam a ter todo o cuidado,

acreditando que a seu tempo melhores virão,para em relação à recente visita à África do Sulda Secretária de Estado das Comunidades, adi-antar a respeito de possíveis apoios a algumasdas nossas instituições:

“Foi ocasião de uma equipa da Santa Casa daMisericórdia de Lisboa, com quem há um ano co-

meçamos a trabalhar, dar continuidade a um pro-jecto de possíveis ajudas às nossas instituições,e se traduzem em planeamento de projectos comvista a melhorar o seu funcionamento e não te-rem dinheiro para os poderem executar, pode-rem ser ajudadas, mormente as quatro conside-

radas principais em beneficência, como nesseprisma se enquadram o lar de idosos S. Francis-co de Assis em Pretória, que já beneficiou de umnovo gerador como alternativa aos constantescortes de energia nessa sua área, assim como oLar Rainha Santa Isabel e o Lusito, em Joanes-burgo, e o lar de idosos de Benoni.

Essas representantes da Santa Casa da Mise-ricórdia de Lisboa que aqui se deslocaram, fica-ram muito impressionadas com o trabalho sérioque cada uma vem fazendo na sua área de actu-ação, daí se esperarem outras possíveis ajudasno futuro”.Ao felicitar a Academia do Bacalhau de Pretória,

por ser a organizadora do Congresso Mundialdas Academias em 2021, e certamente por sereste o último convívio deste ano prestes a chegarao fim, desejou aos presentes e suas famíliasumas boas festas de Natal, com votos para queo novo ano em que brevemente vamos entrar,seja melhor do que este que vai findar.

Texto de Vicente Dias e fotos de Carlos Silva

PRETÓRIA

Convívio mensal da Academia do Bacalhau de Pretória

PRESIDENTE DA ACADEMIA TONY BARBOSA FALANDO AOS COMPADRES

JORGE ARAÚJO (DE JOANESBURGO) ENTRE OS COMPADRES JOSÉ FERREIRA E MÁRIO FERREIRA

INTERVENÇÃO DE COMPADRE MANUEL DE CARVALHO

COMPADRE JOSÉ BRUNIDO

6 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 7 DE DEZEMBRO DE 2020

Magashule, um dos seis oficiais mais podero-sos do ANC, enfrenta acusações relacionadas aum contrato para auditar casas com telhados deamianto concedido quando ele era governadorda província de Free State.Ele não foi solicitado a pronunciar-se na sua pri-

meira audiência no tribunal, onde enfrenta 21acusações de corrupção e fraude, apesar de játer negado qualquer delito.

As acusações o colocaram em rota de colisãocom o presidente Cyril Ramaphosa, que prome-teu limpar a imagem do ANC com uma posturadura contra a corrupção, mas cujos detratores oacusam de usá-la para afastar seus oponentes.

O magistrado Amos Moos, do Tribunal de Ma-gistrados de Bloemfontein, definiu a fiança paraMagashule em 200.000 randes e ordenou quecomparecesse ao tribunal a 19 de Fevereiro dopróximo ano.

"Esperamos adicionar mais três acusados nafolha de acusação", disse o Ministério PúblicoNacional em comunicado.

CAÇA ÀS BRUXAS

Fora do tribunal, milhares de simpatizantes de-nunciaram o julgamento como uma caça às bru-xas, cantando, dançando e agitando faixas comos dizeres "Tire as mãos do camarada Maga-shule".

Depois de aparecer, Magashule, que se entre-gou à polícia no início do dia, saiu para se dirigirà multidão. "Só vou me afastar se for questiona-do pelos ramos que votaram em mim", disse, sobaplausos.

Alguns manifestantes tentaram derrubar umcordão de arame farpado ao redor do tribunal,enquanto outros queimaram camisetas amarelasdo ANC com o rosto de Ramaphosa, pedindo-lheque renunciasse.

"Se você prender Ace Magashule, prenderátodo o ANC", gritou um manifestante .Magashule é o político mais conhecido a ser jul-

gado desde o ex-presidente Jacob Zuma, cujoprocesso por acusações de corrupção estará emcena este Dezembro.

Magashule pertence a uma facção dentro dopartido do governo que impulsionou uma trans-formação económica radical e às vezes pareciaestar em desacordo com Ramaphosa desde quesubstituiu Zuma como Chefe de Estado em Fe-vereiro de 2018.

"Este é um teste de ‘stress’ para o ANC", disseo analista político independente Daniel Silke."Embora haja um retrocesso por parte dos impli-cados na corrupção ... (quem) tentará fraccionaro debate ..., o presidente tem força suficientedentro do ANC mais amplo para resistir a isso."Notavelmente, o ANC não pediu que Magashule

renunciasse por causa das alegações.Falando à emissora estatal SABC, a vice-secre-

tária-geral do ANC, Jessie Duarte, advertiu osapoiantes de Magashule, "embora estejamos aapoiá-lo, não devemos fazê-lo destruindo o pró-prio movimento de que queremos mudar estepaís".

O ANC CONCORDARÁ COM A ACÇÃO CONTRA MEMBROS IMPLICADOSCRIMINALMENTE?

O Comité de Trabalho Nacional (NWC) do Con-gresso Nacional Africano (ANC) deverá reunirnovamente enquanto luta para encontrar um ter-reno comum sobre se os membros implicadosem crimes devem renunciar.O NWC discutiu o assunto durante a reunião de

segunda-feira, no entanto, nenhuma proposta fi-nal foi alcançada. O encontro surgiu antes dareunião do Comité Executivo Nacional (NEC) doANC.

A capacidade do ANC de lidar com seus pró-prios camaradas implicados em crimes graveschegou mais uma vez a um impasse.Os membros do NWC não chegaram a um acor-

do sobre o caminho a seguir quando se tratou daresolução da conferência de 2017 de que os acu-sados criminalmente devem se retirar.

Fontes que participaram na reunião disseramque um grupo dito ser simpático ao secretário-geral do partido deseja que as opiniões jurídicassolicitadas sobre o assunto sejam divulgadas pri-meiro.

Mas outro grupo, pediu uma acção decisivacontra Magashule e outros que enfrentam acu-sações criminais. Alegou ter argumentado quenão havia necessidade de advogados, poisaqueles que se juntaram ao ANC sabiam que ti-nha sua própria constituição e regras, que de-vem ser cumpridas.

Um NWC especial está sendo planeado com aesperança de chegar a alguma conclusão queserá apresentada ao NEC.

O ministro dos Transportes, Fikile Mbalula, re-velou na terça-feira, na Assembleia Nacional, oseu plano para reduzir acidentes nas estradasdurante o período de férias.

Mbalula disse que as autoridades de trânsitoestarão atentas aos motoristas sob a influênciade drogas e álcool nesta época festiva.Oficiais encarregados de bloqueios de estradas

também verificarão a conformidade com os regu-lamentos de COVID-19.

Mbalula disse que não queria que o sector detransporte se tornasse um super propagador dovírus, já que as pessoas viajam para visitar ami-gos e familiares.

Usuários de drogas recreativas e bêbados queconduzem enfrentarão um escrutínio especialquando os turistas viajarem.

Mbalula disse que as estradas em Limpopo,Mpumalanga, KwaZulu-Natal e no Cabo Orientalcom uma elevada taxa de mortalidade tambémreceberiam atenção especial.“Vamos intensificar ainda mais as operações de

aplicação da lei em veículos particulares, trans-portes públicos e veículos pesados, com foco emfatores veiculares, como verificação de pneus,controlo de carga (sobrecarga de veículos decarga), direcção defeituosa, freios defeituosos,incluindo bicicletas sem traseira com sinais re-flectores”.Disse ainda que o número de mortes nas estra-

das durante a temporada festiva do ano passadocaiu 10% e que isso deveria ser melhorado.

“Isso foi conseguido por meio da implantaçãointeligente da capacidade de aplicação da lei, le-vando a um aumento do policiamento visível nasestradas, especialmente nos notórios pontos crí-ticos.”

Condenou novamente ataques a caminhões,dizendo que os perpetradores seriam acusadosde sabotagem económica.

“Não vamos tolerar uma situação em que nos-sas estradas se transformem em zonas de guer-ra”, concluiu o ministro

O ex-director de projecto da Usina Eléctrica Ku-sile de Eskom, Abram Masango, disse na terça-feira que foi seguido e um drone sobrevoou suacasa duas vezes após sua apresentação peranteo comité parlamentar de portfólio e ele se senteinseguro.

Masango disse também suspeitar que seusmovimentos ou ligações foram controlados.O defensor do líder de evidências, Pule Seleka,

perguntou: “Desde que testemunhou no comitéparlamentar, você foi ameaçado e sua segurançacomprometida?”Masango respondeu: Sim. Disse que denunciou

à polícia quando um drone sobrevoou a sua re-sidência, no entanto, não abriu nenhum proces-so, mas registou o incidente num livro de ocor-rências.

“Enquanto conversamos, ainda me sinto inse-guro, o problema do drone aconteceu duas ve-zes, e eu contei ao comissário provincial deMpumalanga, Mondli Zuma”.

Também disse à comissão que numa reuniãocom Matshela Koko e Salim Essa, o seu telefonefoi levado e devolvido após a reunião.

E depois disso, toda vez que ligava ou encon-trava outros executivos, Koko ligava para ele edizia “você está a falar - então ele suspeitava queos seus movimentos ou ligações estavam a sercontrolados.

ÁFRICA DO SUL

Ace Magashule recebeu fiança no caso de corrupção e vai comparecer perante Tribunal em Fevereiro de 2021Ace Magashule, secretário-geral do Congresso Nacional Africano (ANC), recebeu fiança no caso de corrupção que criou divisões dentro do par-

tido cujo domínio não foi contestado desde o fim do regime da minoria branca em 1994.

Motoristas bêbados no radar dos oficiaisde trânsito nesta Época Festiva

ACE MAGASHULE, SECRETÁRIO-GERAL DO ANC, ENVOLVIDO EM CORRUPÇÃO

MINISTRO DOS TRANSPORTES, FIKILE MBALULA

Ex-director da ESKOM disse à Comissão Zondo que sesente inseguro e perseguidoEle testemunhou na Comissão de Captura do Estado sobre a suspen-

são de executivos da ESKOM, um plano que foi traçado na residênciado ex-presidente Jacob Zuma em KwaZulu-Natal.

Leia e divulgue O Século

de Joanesburgo

7 DE DEZEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 7

O governo da província de Western Cape apre-sentou uma petição ao presidente Cyril Rama-phosa sobre a constitucionalidade de partes daSegunda Emenda da Divisão da Receita de2020.

O projecto de lei, que foi aprovado no Parla-mento na penúltima semana, vai infringir a ca-pacidade das províncias de cumprir suas actuaisobrigações contratuais e legais com todos osseus funcionários, disse o governo de WesternCape em comunicado, na segunda-feira, 30 deNovembro.Acrescentou que, se o projecto de lei for aprova-

do pelo Presidente, terá impacto nas alocaçõesde receitas provinciais de forma ilegal e inconsti-tucional.

“Essencialmente, o Tesouro Nacional transferiurisco significativo para as províncias, cortandopreventivamente nossos orçamentos”, disse ogoverno provincial.“Isso pressupõe que eles ganharão seu proces-

so judicial contra os sindicatos no acordo sala-rial, uma suposição que está longe de ser certa”.“Se o governo perder esse processo judicial, as

províncias, incluindo o Cabo Ocidental, enfrenta-rão uma redução significativa e imediata de li-quidez, pois teremos que implementar imediata-mente o acordo salarial, mas sem necessaria-mente ter fundos disponibilizados pelo governonacional.”O governo de Western Cape disse que também

se preocupa com a cifra alcançada pelo TesouroNacional de redução de 2,39 biliões de randesno seu orçamento.“Suspeitamos que os números foram errados e,

presumindo que um congelamento de salários semanterá, acreditamos que eles podem ter corta-do nosso orçamento em até 500 milhões de ran-des a mais.

“Nossas preocupações em relação ao projectode lei são materiais e urgentes e foram levanta-das com o ministro das Finanças, Tito Mboweni,e seus funcionários do Tesouro antes de o pro-jecto de lei ser apresentado ao parlamento, semsucesso, e apesar de nossas repetidas tentativasde engajamento com o Tesouro sobre as formasde resolver nossas preocupações, elas não fo-ram resolvidas antes do projecto de lei ser apre-sentado ao parlamento ”.

CASO DE TRIBUNAL

A chave para as preocupações de Western Ca-pe é a disputa salarial entre os sindicatos do ser-viço público e o governo, que deve ser ouvida naJustiça do Trabalho.

Embora Western Cape tenha destacado o im-pacto que o caso poderia ter sobre os orçamen-tos provinciais, o resultado poderia ter um impac-to muito mais amplo na economia do país.

A disputa gira em torno do último ano de umacordo de três anos que o governo celebrou comrelação a aumentos salariais dos servidores pú-blicos.O governo renegou o acordo no início deste ano

- negando aos funcionários públicos o aumentosalarial acordado para 2019/20 - com Mboweni air ainda mais longe no seu orçamento de Outu-bro, anunciando que o governo congelará os sa-lários do serviço público nos próximos três anos.

O Departamento de Administração de ServiçosPúblicos e o Tesouro Nacional argumentam queaumentar ainda mais os salários do sector públi-co seria ilegal e inexequível.

Em documentos judiciais, o ministro das Finan-ças, Tito Mboweni, também argumentou que umaumento salarial poderia precipitar uma crise fis-cal.

O ministro do Serviço Público e Administração,Senzo Mchunu, disse que o governo seria obri-gado a pedir empréstimo de mais de 78 biliõesde randes se o tribunal apoiar os sindicatos nasua luta para que o acordo salarial seja imple-mentado.As agências de classificação de crédito também

citaram o acordo como uma das principais ra-zões por trás do último rebaixamento da Áfricado Sul, indicando que o governo não tem capaci-dade de controlar totalmente os gastos públicos.

O atraso no interrogatório do ministro das Em-presas Públicas, Pravin Gordhan, chegou ao fimquando ele compareceu, a semana passada, àComissão Zondo. Os assuntos anteriores do Ga-binete de Gordhan o impediram de testemunharsobre sua relação tensa com o ex-comissário deSARS, Tom Moyane.

A dupla está envolvida em idas e vindas háanos, com contra-acusações de corrupção, men-tiras e negociações de captura do Estado. Mo-yane, no entanto, frustrou os procedimentos deconformidade tributária no SARS, deixando-o emum estado menos que saboroso. Seus laços estreitos com o ex-presidente Jacob

Zuma também o colocaram em uma posição pre-cária e acabou sendo demitido pelo presidenteCyril Ramaphosa.

O ministro de Empresas Públicas, Pravin Gor-dhan, disse à Comissão Zondo que o ex-comis-sário do Serviço de Receitas da África do Sul(SARS), Tom Moyane, participou activamentedas actividades de captura do Estado que garan-tiriam o compromisso do Tesouro Nacional.

Testemunhando remotamente, Gordhan disseque foi por conselho médico que não compare-ceu ao inquérito pessoalmente.Gordhan está sendo interrogado pelo advogado

Dali Mpofu, que é representante de Moyane. Ahostilidade entre os dois é palpável, já que o par-tido político de Mpofu, o EFF, não se esquiva defalar contra Gordhan, que o considera arrogante.

Moyane foi demitido pelo presidente Cyril Ra-maphosa por má gestão imprudente durante seumandato como comissário e por não cumpriruma comissão interna para estabelecer alega-ções de irregularidades.

No início de seu depoimento, Gordhan reiterouque acreditava que Moyane havia destruído acredibilidade e a reputação de SARS por meio de

suas decisões e acções. Gordhan diz que Mo-yane o difamou e queria destituí-lo do cargo deministro das Finanças para que pudesse captu-rar o Tesouro. Alega que Moyane abusou do pro-cesso legal e que seus objectivos pessoais in-cluíam o avanço do projecto de captura doEstado.

Profissionais com experiência deixaram SARS porque não queriam

ser associados a esse tipo dedesenvolvimento (captura de Estado).

Além disso, Gordhan disse que Moyane falhouem seus deveres como comissário, desfazendoa boa governança que levou anos para ser im-

plementada. O então ministro das Finanças afir-mou que se sentiu insultado com as acusaçõesfeitas contra ele por Moyane, que rejeitou sua su-pervisão como chefe do departamento e des-mantelou instituições que garantiam o cumpri-mento dos impostos.

“Portanto, o novo controlo de comando teria atarefa adicional de reconstruir a capacidade, porum lado, encorajando o cumprimento de impos-tos em comparação com quando Moyane estavalá. Isso tem sérias consequências no equilíbriodos livros. Consequências que são sentidaspelas pessoas comuns na África do Sul no dia adia”, disse Gordhan.

Mpofu então reclamou ao juiz Ray Zondo queGordhan havia emitido essa evidência em No-vembro de 2018, estava divagando e perdendo otempo da comissão por não ir directo ao ponto.

A Comissão Zondo também ouviu como Gor-dhan precisava de esclarecer sua posição nova-mente. Gordhan teve então a oportunidade dedeclarar com que sua evidência lidaria e deli-neou uma série de assuntos.

O Sindicato dos Trabalhadores da Comunica-ção ameaçou intensificar uma greve se a emis-sora pública não retirar as cartas de dispensa en-tregues aos funcionários.

O Sindicato dos Trabalhadores de Comunica-ção (CWU) disse que a South African Broadcas-ting Corporation (SABC) tinha até o meio-dia desegunda-feira para retirar as cartas de demissãoou enfrentaria novas reacções dos trabalhado-res.

O sindicato ameaçou intensificar uma greve sea emissora pública não retirar as cartas de de-missão entregues aos funcionários.

Trabalhadores de diferentes regiões do país

têm protestado, pedindo o atendimento de umasérie de demandas, incluindo o cancelamento doprocesso do artigo 189 da corporação.

Por pressão dos trabalhadores, a SABC deci-diu suspender o processo de contenção até ofinal de Dezembro.

No entanto, os sindicatos querem que a emis-sora pública termine o processo completamente.

O sindicato acusa a administração da SABC defazer dos funcionários bodes expiatórios paraseus fracassos e o secretário-geral Aubrey Tsha-balala diz que os problemas não vêm do pessoalgeral.

Tshabalala pediu intervenção do governo para

encontrar formas alternativas de revitalizar a cor-poração.

“Não podemos deixar o governo fora desta cri-se”, disse.Antes da suspensão temporária das demissões,

o sindicato havia ameaçado um apagão na emis-sora pública.

Tshabalala disse que a ameaça permanece namesa enquanto os sindicatos e a SABC conti-nuam as negociações.

OPOSIÇÃO DIZ QUE REESTRUTURAÇÃOE CORTE DE CUSTOS SÃO 'INEVITÁVEIS'

Membros da oposição do Parlamento (MPs)disseram na terça-feira que a reestruturação e asmedidas de corte de custos na SABC deveriamser permitidas.Disseram que anos de salvamento financeiro da

emissora pública não eram mais sustentáveis.Os partidos na Assembleia Nacional debateram

na terça-feira a crise crescente na SABC comouma questão de importância nacional.

O MP Zandile Majozi do Partido da LiberdadeInkatha (IFP) disse que o Parlamento deveria re-solver colectivamente o impasse na SABC.

Disse que a redução iminente do pessoal deveser tratada, mas a reestruturação deve continuar.“É preciso implementar medidas de reestrutura-

ção e corte de custos, isso é inevitável. É sim-plesmente uma questão de encontrar a melhormaneira de fazer isso”, disse Majozi.

Phumzile van Damme, da Aliança Democrática(DA), enfatizou que tinha empatia pelos traba-lhadores afectados, dizendo que as demissõesdeveriam ser feitas de maneira sensível.“O processo de contenção deve ser tratado com

compaixão, empatia e respeito pela dignidadedos funcionários da SABC, muitos dos quaistiveram que viver o terror do regime de HlaudiMotsoeneng e agora um processo de contençãoque se arrasta por dois anos gerando incerteza eainda mais sentimentos de mal-estar no traba-lho”, disse Van Damme.

ÁFRICA DO SUL

Atraso no interrogatório do ministro Pravin Gordhan chegou ao fim

Tensão entre SABC e Sindicato dos Trabalhadores pode intensificar

Polémico "aperto financeiro" preocupa Governos Provinciais

8 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 7 DE DEZEMBRO DE 2020

PORTUGAL

A Credit Suisse escolhei António Horta-Osóriocomo o próximo presidente, o primeiro não suíçode forma a seguir em frente após um dos perío-dos mais conturbados da história da instituiçãofinanceira suíça. O CEO de partida do LloydsBank, Horta-Osório, irá substituir Urs Rohnerapós este ter chegado ao limite de 12 anos deposto. Os accionistas irão votar na nomeaçãosobre o bancário português a 30 de Abril, quan-do decorrerá a Assembleia-Geral do banco.

A escolha de Horta-Osório marcará o fim deuma era na Credit Suisse. O novo dirigente irá

enfrentar enormes desafios como crescimentolento na banca privada e uma gestão de recursose investimentos que tem estado a braços comperdas em vários fundos de investimento. ComAntónio Horta-Osório, a Credit Suisse escolheum bancário veterano da banca de retalho, po-liglota e com experiencia internacional.

“António Horta-Osório dará uma enorme contri-buição para o Futuro de sucesso do nosso ban-co, como melhor gestor de bens com fortes ca-pacidades de investimentos globais”, afirmouRohner.

António Horta-Osório é o primeiro não suíço à frente da Credit Suisse

O bancário português é o primeiro estrangeiro a tomar conta do Credit Suisse.Assume funções no rescaldo do escândalo de espionagem

BANCÁRIO HORTA-OSÓRIO

O primeiro-ministro português, António Costa,disse na terça-feira não existir um plano B ao blo-queio na aprovação do orçamento da UniãoEuropeia (UE) e do novo Fundo de Recupera-ção, instando ao fim do braço de ferro da Hungriae Polónia.

“Não há plano B que não seja aprovar o próxi-mo Quadro Financeiro Plurianual e o Mecanismode Recuperação e Resiliência no próximo Con-selho Europeu de dia 10 e 11 de Dezembro”,declarou António Costa, falando em conferênciade imprensa, em Bruxelas.

Em declarações prestadas após um encontrocom o presidente do Conselho Europeu, CharlesMichel, no quadro dos encontros preparatóriosda presidência portuguesa da UE, o chefe doGoverno português mostrou-se, inclusive, “dis-ponível para ficar mais uns dias” em Bruxelas,em dezembro, para garantir esse acordo.

“Dure o que durar, tem de se concluir esse pro-cesso [nessa reunião presencial] porque a Euro-pa não pode esperar”, sublinhou António Costa.Avisando que “ninguém pode contar com a pos-

sibilidade de reabrir o que está acordado”, relati-vamente ao orçamento da UE e ao novo Fundode Recuperação pós-crise da covid-19, o pri-meiro-ministro exortou “todos os envolvidosneste braço de ferro” a retrocederem, nomeada-mente Hungria e Polónia.

O Mecanismo de Recuperação e Resiliênciaequivale a cerca de 90% do Fundo de Recu-per-ação para a crise da covid-19, cuja aprovaçãoestá bloqueada, juntamente com o orçamentocomunitário para 2021-2027, devido ao bloqueioda Hungria e da Polónia por se oporem a condi-cionar o acesso a verbas comunitárias aorespeito pelo Estado de Direito.

“Não há plano B porque não se trata só doplano de recuperação e resiliência, mas do orça-mento a longo prazo. E embora as regras da UEnão sejam tão dramáticas como as dos EstadosUnidos, em que há um total ‘shutdown’, poucomais permitem à Comissão fazer do que fazerpagamentos no primeiro pilar da PAC [PolíticaAgrícola Comum] e de despesas correntes dasinstituições”, reforçou António Costa.

E precisou: “Por exemplo, para a política deCoesão, implicaria corte radical das verbas pre-vistas para próximo ano”.

“Não há espaço para plano B, não há espaçopara deixar esta matéria para a próxima presi-dência porque esta matéria tem de ser resolvidaaté às 24:00 do dia 31 de Dezembro e não po-dem passar para as 00:00 do dia 1 de Janeiro”,insistiu, rejeitando um cenário de “bloqueio orça-mental, que a UE não poderia aceitar”.

Também falando à imprensa, o presidente doConselho Europeu, Charles Michel, garantiuestar, juntamente com a presidência alemã rota-tiva da UE, “muito motivado e envolvido numagrande mobilização com os homólogos europeuspara encontrar uma solução”.“Sim, é difícil, há que o assumir, mas não é por-

que é difícil que vamos baixar os braços, não,quando é difícil redobramos os esforços paraencontrar uma solução”, sustentou CharlesMichel.

O responsável disse, ainda, que “cada passoque se possa dar antes do Conselho Europeu dedezembro será um passo no bom sentido”, tendoem vista “pôr em prática” o acordo históricoalcançado em Julho passado entre os líderes daUE, após cinco dias de negociações.Em meados deste mês, a Hungria, apoiada pela

Polónia, concretizou a ameaça de bloquear todoo processo de relançamento da economia euro-peia – assente num orçamento para 2021-2027de 1,08 biliões de euros, associado a um Fundode Recuperação de 750 biliões – , por discordardessa condicionalidade no acesso aos fundoseuropeus.

Na altura, húngaros e polacos, sem força paravetar o mecanismo sobre o Estado de Direito jáque este elemento do pacote necessitava ape-nas de uma maioria qualificada para ser aprova-do, vetaram outra matéria sobre a qual não têmquaisquer reservas, a dos recursos próprios, poisesta sim precisava de unanimidade, bloqueandoentão todo o processo.

Este bloqueio cria uma nova crise política naUE.

ECONOMIA

O primeiro-ministro, António Costa, disse emBruxelas, que “ninguém tem legitimidade” paraquestionar o compromisso “inequívoco” de Por-tugal com os valores da União Europeia, quandoconfrontado com uma alegada oposição a ummecanismo sobre o Estado de Direito.Falando numa conferência de imprensa conjun-

ta com o presidente do Conselho Europeu,Charles Michel, depois de uma reunião consa-grada à presidência semestral portuguesa doConselho da UE, que arranca dentro de um mês,Costa reiterou que, para Portugal, “os valores daUE não são só condição de acesso aos fundos,são muito mais do que isso”, e defendeu que aquestão do mecanismo de condicionalidade noacesso aos fundos ao respeito pelo Estado deDireito nem deve ser reaberto, pois já foi acorda-do.A seu lado, Charles Michel também foi taxativo,

ao afirmar que “não há sombra de dúvida sobreo compromisso de Portugal e do primeiro-mi-nistro com os valores” da UE.

“Posso dizer-vos que, à volta da mesa do Con-selho Europeu, conhecemos todos a sinceridadee a força do compromisso de António Costa, quesistematicamente participa de maneira activasobre todos os temas, incluindo os difíceis”,apontou.

Defendendo que “ninguém tem legitimidadepara ter qualquer dúvida sobre a posição dePortugal sobre esta matéria, que foi sempremuitíssimo clara”, o primeiro-ministro portuguêsrecordou que “Portugal apoiou o acordo que aquifoi concluído em Julho passado [sobre o orça-mento da UE para 2021-2027 e o Fundo de Re-cuperação, que incluía já o mecanismo de condi-cionalidade ao respeito pelo Estado de direito] ePortugal apoia a presidência alemã no acordoque obteve com o Parlamento Europeu”.

“E, como temos dito, os valores da UE não sãosó condição de acesso aos fundos, são muito

mais do que isso. Os valores da UE são con-dições de adesão à UE, de permanência na UE.Quem não respeita estes valores não pode fazerparte da UE”, disse.

Costa evocou então o antigo primeiro-ministroMário Soares, recordando que, “quando, em1977, Portugal pediu a adesão à então Comuni-dade Económica Europeia [CEE], não pediuadesão a uma moeda única, que não existia,nem sequer a um mercado interno, que aindanão existia, aquilo que Portugal pediu [adesão]foi a uma união de valores, para consolidar a de-mocracia e a liberdade que tínhamos acabadode reconquistar”, apontando que “essa foi agrande visão de Mário Soares em 1977”.

“E, como tenho dito e repetido, a União Euro-peia, antes de uma união aduaneira, antes deuma moeda única, antes de um mercado interno,é uma união de valores. Isso é que é fundamen-tal, e essa é a posição inequívoca que Portugalmantém sobre esta matéria”, declarou.

Ambos os responsáveis sublinharam a impor-tância de o bloqueio de Hungria e Polónia a todoo plano de relançamento da Europa ser ultrapas-sado já no Conselho Europeu de 10 e 11 de De-zembro, tendo Costa advertido “todos aquelesque estão envolvidos num braço de ferro” que“não há espaço para um plano B”.

A reunião entre Costa e Charles Michel teve lu-gar no quadro dos encontros preparatórios dapresidência portuguesa da União Europeia, quearranca precisamente daqui a um mês, a 1 deJaneiro, tendo sido antecedida de um encontrodo primeiro-ministro com a presidente daComissão Europeia, Ursula von der Leyen.

António Costa regressou a Lisboa, onde parti-cipou, na quarta-feira, na “Conferência de Presi-dentes” virtual com os líderes políticos do Par-lamento Europeu, também consagrada às priori-dades da presidência portuguesa do Conselhoda UE no primeiro semestre de 2021.

“Não há plano B para bloqueiono Orçamento da UE” – diz Primeiro-ministro António Costa

Ninguém tem legitimidade para questionarposição de Portugal sobre valores da UE

Leia e divulgue O Século de Joanesburgo

7 DE DEZEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 9

PORTUGAL

Augusto Santos Silva representou Portugal nu-ma conferência virtual de apresentação do pri-meiro relatório da ONU sobre o Pacto Global dasMigrações Seguras, Ordenadas e Regulares, naqualidade de “país campeão”.

O ministro fez um balanço positivo sobre a im-plementação do Pacto em Portugal, dizendo quefoi uma “oportunidade única” de discussão inter-nacional e partilha de experiências sobre a inte-gração de migrantes com outros países.

Para Augusto Santos Silva, denota-se um "tompositivo" para o primeiro Fórum Internacional deRevisão da Migração, que deverá acontecer naprimeira metade de 2022, ainda sem data marca-da, e repetir-se a cada quatro anos, segundouma resolução da Assembleia-Geral da ONU.

Portugal foi um dos primeiros países a imple-mentar um Plano Nacional de Implementação doPacto Global das Migrações, em Agosto de2019, com 97 medidas iniciais.

Santos Silva defendeu hoje que os “migrantestêm um papel vital nas comunidades” e que “Por-tugal é um bom exemplo disso, sendo um paísde origem e de destino para as migrações”.

Portugal apoia o alargamento do Pacto Globaldas Migrações para novos Estados-membros,expansão que deve acontecer com a Rede dasNações Unidas para a Migração, disse o minis-tro.

“Estamos confiantes de que vamos crescer apartir dos exemplos positivos até à data, reforçara aprendizagem entre pares e impulsionar oPacto”, declarou Santos Silva.

O ministro de Estado e dos Negócios Estran-

geiros declarou que a pandemia de covid-19 nãoimpediu a implementação do Pacto Global dasMigrações em Portugal, porque o país “reiterouos compromissos e mobilizou-se para minimizaros impactos negativos da pandemia na vida dosmigrantes”.

Os migrantes fazem parte de todos os planosde resposta à pandemia do Governo, indicouSantos Silva, dando o exemplo da atribuiçãotemporária do direito de residência a migrantes,refugiados e requerentes de asilo, para quetodos possam usufruir dos benefícios da Segu-rança Social.

“Portugal sempre defendeu abordagens multi-laterais, baseadas em solidariedade e direitoshumanos, promoveu cooperação com países deorigem, de trânsito”, declarou o ministro portu-guês.O ministro recordou a participação ativa do país

na revisão a nível regional do Pacto Global dasMigrações: “Foi uma oportunidade única paraaprender da experiência de Estados-membro eoutras partes interessadas”.

O Pacto Global das Migrações, adotado emMarraquexe em 2018 por 150 Estados-membros,delineia dez princípios orientadores e 23 objec-tivos, baseados na Declaração Universal dos Di-reitos Humanos, Agenda 2030 para o Desen-volvimento Sustentável e direito internacional.

O secretário-geral da ONU, António Guterres,denunciou no primeiro relatório sobre o Pacto,apresentado hoje, que a pandemia de covid-19desencadeou crises de direitos humanos e o

aumento de ataques contra migrantes e refugia-dos em todo o mundo.Segundo a ONU, existem cerca de 272 milhões

de migrantes internacionais, o equivalente a3,5% da população mundial em 2019.

POLÍTICA

"Este é (...) o momento de nos prepararmostodos para aquela que é a grande prioridade dahumanidade no próximo ano e da Europa nopróximo semestre: conseguir garantir que temosdisponível uma vacina que tenha uma eficáciaefectiva para travar a covid[-19], e que nos per-mita chegar no mesmo dia a todos os países daEuropa e, a partir daí, assegurar uma vacinaçãojusta que assegure uma imunização global con-tra a covid", disse António Costa, em conferênciade imprensa.

O Presidente do Conselho Europeu, CharlesMichel, também sublinhou que a presidência por-tuguesa do Conselho da União Europeia (UE)terá lugar num “momento histórico”, porque de-verá liderar a “UE para uma era pós-covid”.

“A sua presidência chega num momento crucial

para a Europa, talvez até mesmo num momentohistórico, porque a sua presidência irá liderar aUnião Europeia (UE) rumo a uma era pós-covid”,sublinhou o presidente do Conselho Europeu.

COSTA REJEITA COLOCAR IDOSOS FORADO ACESSO PRIORITÁRIO ÀS VACINAS

O primeiro-ministro rejeitou a possibilidade detodos os maiores de 75 anos sem doenças gra-ves não terem acesso prioritário às vacinas con-tra a covid-19, alegando que "há critérios técni-cos que nunca poderão ser aceites pelos respon-sáveis políticos"."Não é admissível desistir de proteger a vida em

função da idade. As vidas não têm prazo de va-lidade", declarou António Costa à agência Lusa,

depois de questionado sobre a possibilidade,noticiada por alguns órgãos de comunicação so-cial, de todos os maiores de 75 anos sem comor-bilidades ficarem de fora do acesso prioritário àvacina contra o novo coronavírus.António Costa acrescentou que "há critérios téc-

nicos que nunca poderão ser aceites pelosresponsáveis políticos".

Segundo uma proposta de especialistas da Di-recção-Geral da Saúde, reproduzida nos jornais,as pessoas entre os 50 e os 75 anos com doen-ças graves, os funcionários e utentes de lares de

idosos e os profissionais de saúde envolvidos naprestação directa de cuidados deverão ser osprimeiros a ser vacinados contra a covid-19.

O Governo critou uma 'task-force' para coorde-nar todo o plano de vacinação contra a covid-19,desde a estratégia de vacinação à operação lo-gística de armazenamento, distribuição e admi-nistração das vacinas, tem um mês para definirtodo o processo.

Um despacho publicado em Diário da Repú-blica, assinado pelos ministros da Defesa Nacio-nal, Administração Interna e Saúde, esta task-force tem um mandato de seis meses, renovávelem função do progresso da operacionalização davacinação contra a covid-19.

A 'task-force' tem um núcleo de coordenação,liderado pelo ex-secretário de Estado FranciscoRamos e que inclui elementos da Direção-Geralda Saúde, Infarmed e dos ministérios da DefesaNacional e da Administração Interna e conta como apoio técnicos de diversas estruturas.

O Estado-Maior-General das Forças Armadas,a Autoridade Nacional de Emergência e ProteçãoCivil, a Administração Central do Sistema deSaúde (ACSS), o Instituto Nacional de SaúdeDoutor Ricardo Jorge, I. P. (INSA), os ServiçosPartilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e oServiço de Utilização Comum.

Vacinação será grande prioridadede presidência portuguesa da UEO primeiro-ministro português, António Costa, referiu que a vacinação

contra a covid-19 deverá ser uma das “grandes prioridades” da pre-sidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE), após umencontro com o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Portugal com expectativas positivas para FórumInternacional de Revisão da Migração em 2022O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros considerou na terça-feira, numa conferência da Org-

anização das Nações Unidas (ONU), que existe um “tom positivo” para o Fórum Internacional de Revisão daMigração de 2022.

MINISTRO AUGUSTOSANTOS SILVA

Há um ano, quando foi conhecida a votação dosemigrantes portugueses nas legislativas, o Pre-sidente da República deixou um apelo: “Esperoque no futuro os portugueses espalhados peloMundo votem mais.” O desejo já apontava paraas presidenciais de 2021: com o recenseamentoautomático dos portugueses residentes noestrangeiro, a expectativa era que fosse mais ex-pressiva a participação nas eleições de janeiro.Contudo, o contexto de pandemia — com confi-namentos e limitações de circulação em váriospaíses —constitui um obstáculo à votação damaioria dos cerca de 1,5 milhões dos emigrantesportugueses, uma vez que o voto nas presiden-ciais tem de ser presencial. A taxa de abstençãona corrida para Belém em 2016 foi de 95% entreos residentes no estrangeiro e agora poderá atin-gir um novo recorde (votaram apenas14.150 elei-tores num universo de 301 mil).“O voto via postal era a solução adequada neste

contexto e mesmo depois da pandemia. Recea-mos, por isso, que a participação seja muito re-sidual e que a abstenção atinja um novo re-corde”, disse ao Expresso Pedro Rupio, presi-dente do Conselho Regional da ComunidadePortuguesa na Europa (CRCPE) e do Conselhodas Comunidades Portuguesas (CCP). Enquan-to órgão consultivo do Governo para as políticasde emigração, Pedro Rupio refere que a CCPalertou várias vezes a Secretaria de Estado dasComunidades para a necessidade de se intro-duzir o voto por correspondência e para se apos-tar na diversidade geográfica das mesas de voto.Neste momento, os consulados portugueses no

estrangeiro aguardam as instruções para as pre-sidenciais, em Janeiro, que poderão passar pelodesdobramento das mesas de voto. Ainda assim,não deverá ser suficiente para responder aosproblemas no actual contexto. “Será difícil garan-tir-se todas as condições necessárias, nomeada-

mente do ponto de vista sanitário, para este actoeleitoral. Mesmo se houver mais mesas de votonos consulados e embaixadas será tudo muitopróximo e continuará a haver muitos portugue-ses que têm que percorrer centenas de quilóme-tros para poderem exercer o seu direito cívico”,alerta o Conselheiro das Comunidades eleito naBélgica.

O movimento “Também Somos Portugueses”apelou à aprovação do voto por correspondêncianas presidenciais, à semelhança do que aconte-ceu nas legislativas, de forma a fomentar a par-ticipação. Numa carta enviada aos grupos parla-mentares e ao Governo, este grupo de emi-grantes solicitou a aprovação com “carácter deurgência” da alteração à lei com vista a permitir,em Janeiro, o voto por via postal face às “con-dições excepcionais” da covid-19. “Temos cons-ciência de que nesta altura é complicado, mas sehouver vontade política acreditamos ainda serpossível. Neste momento, nem sequer sabemosse o Ministério dos Negócios Estrangeiros temcapacidade para organizar as eleições, porquenão são só os eleitores, mas os próprios funcio-nários dos consulados que têm dificuldades emdeslocar-se”, diz Paulo Costa, porta-voz do movi-mento.

A menos de dois meses das presidenciais, esem qualquer partido ter apresentado uma pro-posta para introduzir o voto por correspondênciano estrangeiro, esse cenário está comprometido.As alterações à lei eleitoral aprovadas recente-mente visaram apenas possibilitar o voto anteci-pado de doentes ou cidadãos em isolamento de-vido à pandemia. Desde a alteração legal apro-vada pelo Parlamento em 2018, que permitiu orecenseamento automático, aumentou de 300mil para 1,47 milhões o número de eleitores noestrangeiro.

Liliana Coelho/Jornal Expresso

Voto de emigrantes nas presidenciais

10 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 7 DE DEZEMBRO DE 2020

PORTUGAL

mais de 1800 postos de trabalho", segundo oSNPVAC.

Também o Sindicato Independente de Pilotosde Linhas Aéreas (SIPLA) refere que o planoapresentado pelo presidente executivo interino,Ramiro Sequeira, contempla "uma redução daretribuição em 25%, sendo que apesar da insis-tência da direção, nunca foi esclarecida de queforma será a sua aplicação"."Relativamente ao redimensionamento da frota,

em 2021 será de 88 aeronaves [face aos atuais105], estando previsto um ajuste até um máximode 101 aeronaves até 2025", acrescenta na notaaos seus associados.

Já o Sindicato dos Técnicos de Manutenção deAeronaves (SITEMA) recusou transmitir aos as-sociados "os números e cenários apresentados"na reunião: "São números que não acreditamos,e que não batem certo, mas que acima de tudonão podemos aceitar".

"Gostaríamos de vos divulgar os números, masvoltamos a insistir que neste momento os quenos foram apresentados não nos parecemcredíveis e servem para pintar o futuro de formamuito cinzenta", acrescenta a estrutura sindical,na comunicação aos seus associados.O SITEMA adianta que ba quinta-feira teve uma

reunião com o ministro da tutela - Pedro NunoSantos -, na qual, foi discutido mais em detalhe oplano para a TAP.

Na nota aos trabalhadores, o SNPVAC consi-dera ainda que os números que lhes foram apre-sentados "representam danos incalculáveis nasnossas famílias", tendo transmitido à adminis-tração da TAP que "existem soluções alternati-vas que permitem salvaguardar postos de traba-lho, minimizando assim o número total de des-pedimentos".

O plano de reestruturação da TAP tem que serapresentado à Comissão Europeia até 10 de De-zembro, sendo uma exigência da ComissãoEuropeia pela concessão de um empréstimo doEstado de até 1.200 milhões de euros, para fazerface às dificuldades da companhia, decorrentesdo impacto da pandemia de covid-19 no sectorda aviação.

REDUÇÃO DA OPERAÇÃO ENTRE 60% E 70% DURANTE O INVERNO

A companhia aérea TAP prevê a redução deoperação entre 60% a 70% no período de inver-no 2020/2021 face ao ano passado, de acordocom o comunicado dos resultados da TAP S.A.ora divulgados.

"A TAP estima que a redução da sua capacida-de operacional no período de inverno 2020/2021seja entre 60 e 70%, em comparação com oinverno anterior", pode ler-se no comunicado en-viado à Comissão do Mercado de Valores Mobi-liários (CMVM).

A companhia aérea TAP agravou os prejuízosnos primeiros nove meses do ano para 700,6 mi-

lhões de euros, depois de ter registado um pre-juízo de 110,8 milhões de euros no mesmo perío-do de 2019, foi comunicado ao mercado."Prevê-se que, nos próximos meses, a indústria

da aviação na Europa continue a enfrentar umperíodo de incerteza sem precedentes no quediz respeito à evolução da procura, pelo que aTAP estará pronta para fazer ainda mais cortesde capacidade, se necessário", garante ainda aempresa no comunicado hoje divulgado.

No entanto, a companhia considera "encoraja-doras" as notícias do surgimento de vacinas efi-cientes para a covid-19 e de um plano de vacina-ção, que "a par com a possibilidade de aceitaçãoe realização de testes pré-voo, podem indicar umcaminho de recuperação das viagens aéreas in-ternacionais".

No dia 23 de Novembro, a TAP anunciou queprevê operar cerca de 30% da sua capacidadeem novembro e dezembro e reforçou as rotascom maior procura no Natal e Ano Novo, salien-tando que a operação fica “muito aquém” daanterior à pandemia.

“Reforçámos as rotas com maior procura nestaépoca [Natal e Ano Novo], ficando a operação,ainda assim, muito aquém da que se registavaantes da pandemia”, referiu o presidente execu-tivo da companhia, Ramiro Sequeira, numa men-sagem enviada aos trabalhadores.

“É neste contexto que a TAP prevê operar, emDezembro deste ano, cerca de 30% da sua ca-pacidade, face a igual período do ano passado”,acrescentou o responsável.O presidente da transportadora adiantou, ainda,

que a operação do período de Natal e Ano Novo“está preparada para corresponder às necessi-dades” dos clientes que queiram passar o seuNatal em casa, apesar das restrições impostaspara conter a propagação do novo coronavílrus.

MENOS 729 TRABALHADORES A TERMO E CUSTOS COM PESSOAL CAEM 200 MILHÕES DE EUROS ATÉ SETEMBRO

Os custos com pessoal da TAP, S.A. diminuíram39,1% até Setembro face ao mesmo período de2019, correspondendo a 200 milhões de euros,tendo 729 trabalhadores com contratos a termosaído da empresa, segundo os resultados ora di-vulgados.Segundo a demonstração de resultados da TAP,

hcomunicados à Comissão do Mercado de Valo-res Mobiliários (CMVM), a companhia passou decustos de 511,7 milhões de euros nos três pri-meiros trimestres de 2019 para 311,7 milhões deeuros até setembro deste ano, uma descida de39,1%.Já nos números que apenas dizem respeito aos

meses de julho, agosto e setembro, "os custoscom pessoal foram reduzidos em 49% face aigual período de 2019", pode ler-se no comunica-do enviado pela TAP ao Mercado."Para esta redução contribui também a não ren-

ovação de contratos a termo. Até ao final deSetembro de 2020, 729 trabalhadores viram oscontratos atingir o seu termo e deixaram a TAP",pode ler-se no comunicado.Segundo os principais indicadores operacionais

divulgados pela companhia, no quadro de pes-soal activo, que não inclui pessoal sem coloca-ção e não activo, a TAP contava com 8.510 tra-balhadores em setembro deste ano, menos 429que os 8.937 no mesmo período de 2019.

"A TAP recorreu ao longo do terceiro trimestreao Apoio Extraordinário à Retoma Progressiva",com "um mecanismo de redução do horário detrabalho entre 70% e 5%", refere.A empresa explica que "este novo regime foi um

contributo muito importante, mas a natureza tem-porária deste enquadramento torna imperativa aadopção de soluções permanentes, a serem al-cançadas através das negociações com os sindi-catos representativos dos trabalhadores daTAP".

O ministro das Infraestruturas e da Habitação,Pedro Nuno Santos, anunciou no parlamento,em 04 de novembro, que "a primeira fase" doplano de reestruturação da TAP estava concluídae que as negociações com os sindicatos iamarrancar."A primeira fase do plano de reestruturação está

feita, o que nos permite iniciar a negociação comos sindicatos. Esse trabalho vai iniciar-se desdejá", disse Pedro Nuno Santos numa audição noparlamento, no âmbito da apreciação na espe-cialidade da proposta de Orçamento do Estadopara 2021 (OE2021).

"Temos uma companhia aérea que está sobre-dimensionada para a realidade actual e temos deconseguir um processo restruturação que garan-ta que a companhia aérea vai ser viável e sus-tentável", defendeu Pedro Nuno Santos.

A 5 de Outubro, Pedro Nuno Santos anunciouno parlamento que iriam sair 1.600 trabalhadoresdo grupo TAP até ao final do ano, tendo já saído1.200 colaboradores.

PREJUÍZOS EM 590 ME PARA 701 ME

A companhia aérea TAP agravou os prejuízosnos primeiros nove meses do ano para 700,6 mi-lhões de euros, depois do prejuízo de 110,8 mi-lhões de euros no mesmo período de 2019, foicomunicado ao mercado.Segundo a informação disponível no comunica-

do enviado à Comissão do Mercado de ValoresMobiliários (CMVM), referente às contas da TAPS.A., parte integrante do Grupo TAP, o resultadolíquido dos primeiros nove meses deste anocifrou-se em -700,6 milhões de euros.

O resultado significa um agravamento dos pre-juízos em 589,8 milhões de euros relativamenteao mesmo período do ano passado, para o qualcontribuíram os 118,7 milhões de euros de resul-tados negativos no terceiro trimestre deste ano.

Numa comunicação aos seus associados, aDirecção do SPAC diz que durante a reuniãocom a Administração da TAP foi apresentada aintenção de a empresa "reduzir vencimentos em25% e de despedir 500 pilotos TAP".Para 2021, segundo a mesma fonte, a Adminis-

tração pretende contratar 15 pilotos para a Portu-gália.

“Questionados o PCA [presidente do Conselhode Administração] e o CEO [presidente executi-vo] sobre os fundamentos para tal anúncio, emespecial os critérios para os despedimentos, aresposta não foi concretizada, com o argumentode que ainda é cedo para falar nisso”, lê-se nodocumento.Quanto a reformas antecipadas e pré-reformas,

refere o SPAC, foi dito pelos responsáveis “queaté ao momento não há abertura do Governopara ponderar essa solução”.

“Depois de muitas semanas em que manifesta-mos a nossa disponibilidade para colaborar nadefinição dos pressupostos técnicos, económi-cos e financeiros para as medidas de reestrutu-ração, a resposta surpreendente veio sob a for-ma de uma percentagem de cortes nos venci-mentos e de um número de pilotos da TAP a dis-pensar sem qualquer justificação ou critério”,lamenta a direção do sindicato.

A TAP integra actualmente um total de 1.468pilotos.“Entendemos que este projecto de plano consti-

tui uma flagrante violação dos princípios moraise éticos que devem nortear a actuação da admi-nistração e da gestão da TAP SA e enferma degraves ilegalidades face àquilo que a lei impõecomo consulta aos representantes dos traba-lhadores em situação de reestruturação”, sinali-za.

REDUÇÃO DE 25% DA MASSASALARIAL DO GRUPO

O plano de reestruturação da TAP prevê umaredução de 25% da massa salarial e da frotapara 88 aviões, segundo sindicatos que se reuni-ram com a administração do grupo.

Em comunicado aos associados, a Direcção doSindicato Nacional do Pessoal de Voo da Avia-ção Civil (SNPVAC) disse que saiu da reuniãoem que foram apresentadas as medidas laboraisque integram o plano de reestruturação "comgrande preocupação", por serem "absolutamentedramáticas", nomeadamente a "imposição deuma redução de 25% da massa salarial, medidatransversal e imposta a todo o grupo TAP".

Tendo em conta que a TAP pagava cerca de750 milhões de euros em salários aos cerca de10.600 trabalhadores, trata-se de uma reduçãoem cerca de 187,5 milhões de euros.

No caso dos tripulantes, está previsto o "des-pedimento de 750 tripulantes efetivos, para alémdos mais de 1.000 contratos a termo denuncia-dos, o que perfaz uma extinção permanente de

Plano de reestruturação da TAP prevê despedimento de 500 pilotos e redução de massa salarial

O plano de reestruturação da TAP prevê o despedimento de 500 pilotos e a redução em 25% dos seus salários, segundo a informação divulga-da pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) após reunião com a Administração.

7 DE DEZEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 11

CABO DELGADO

MOÇAMBIQUE

O Ministério da Justiça de Moçambique vai lan-çar uma campanha para dar novas certidões denascimento aos deslocados do conflito armadoem Cabo Delgado, Norte do país.

A campanha é voltada aos civis que perderamtudo, incluindo documentos, anunciou a ministrada Justiça, Helena Kida.

"Quando fizemos o levantamento, eram cercade 300 mil pessoas", afirmou a ministra à RádioMoçambique, ao reconhecer que esse é um va-lor "base" que "deverá aumentar". "Se não têmBI [bilhete de identidade], não podem aceder aoutros direitos", explicou a ministra.

Os últimos números do Governo apontam para500 mil deslocados, muitos dos quais fugiram daguerra deixando tudo para trás, incluindo docu-mentos de identificação. "Estamos a preparar-nos para mais pessoas", acrescentou HelenaKida.

ATRIBUIÇÃO DE TERRAS AOS DESLOCADOS

A campanha vai consistir na entrega de cer-tidões de nascimento. As vítimas do conflito vãopoder, então, obter novos bilhetes de identidadee outros documentos, nomeadamente o Direitodo Uso e Aproveitamento de Terra (DUAT).A atribuição do DUAT ganha especial relevância

com o avanço de atribuição de terras pelo Esta-do aos deslocados em locais onde possam reco-meçar as suas vidas.

A ministra da Justiça moçambicana referiu estarem curso um trabalho em colaboração com osparceiros de cooperação no sentido de enviarbrigadas móveis para realizar a campanha.

A violência armada em Cabo Delgado dura há

três anos e está a provocar uma crise human-itária. O Governo registou cerca de 2.000 mortese 500 mil pessoas deslocadas, sem habitação,nem alimentos, concentrando-se sobretudo nazona da capital provincial, Pemba.

A obra com título: "A Coragem e a Confiança emDeus: Luiz Fernando, Amor à Vida e à Missão"destaca a bravura e entrega do padre brasileiroà causa da defesa dos direitos humanos no con-flito que se arrasta há três anos na província deCabo Delgado, Norte de Moçambique.

O autor do livro, padre Latifo Fonseca, entendeque, perante o desenrolar dos acontecimentosem Cabo Delgado e a aparente aversão de sefalar sobre o fenômeno entre a maior parte dapopulação local, a postura de Dom Luiz Fernan-do Lisboa demonstra o que ele próprio sempredefendeu: a necessidade dos povos não se apri-sionarem devido ao medo.

"Aponto ali o medo como algo que nos podeescravizar. Aprendi com Fernando Lisboa que sedeve superar o medo para o bem de todos," afir-mou o autor.

ALVO DE ACUSAÇÕES

Entretanto, neste percurso de denúncia do sofri-mento vivido pelas populações, devido ao terror-ismo, o bispo de Pemba tem sido também alvode ataques à sua imagem – por indivíduos que otêm acusado de estar a menosprezar os esfor-ços do Governo moçambicano neste conflito –

ou de estar ao serviço de agendas externas in-confessáveis.

No livro com 136 páginas, o Pe Latifo Fonsecaaponta que tais acusações resultam da incom-preensão da luta de Dom Luiz Lisboa, tendo naapresentação da obra alertado o prelado brasi-leiro das consequências que essa incompreen-são por parte alguns sectores da sociedade po-deria resultar.

Entretanto, o autor enalteceu o bispo de Pem-ba: "Dom Luiz, muita gente vai jogar pedras, secalhar até querer matá-lo. Mas saiba que osmoçambicanos, estamos nos sentindo abençoa-dos pela sua presença e pela sua vida. Cora-gem, Deus está contigo e continue indo em fren-te porque esta luta não será em vão. Deus estáa olhar e vai lhe recompensar", declarou LatifoFonseca.

Comentando sobre o livro a si dedicado, DomLuiz Fernando Lisboa, insistiu na necessidade deos povos lutarem juntos para vencer o medoporque, de acordo com o prelado, este sentimen-to diminui a capacidade das pessoas de agiremem prol do que é para o seu bem."O medo é uma doença que paralisa, é também

uma doença que apequena as pessoas. O medoé um mau que tem cura. Quando nos unimos efalamos juntos, o medo pode ser vencido," de-fendeu.

DEFENDER OS DIREITOS HUMANOS

Dom Luiz Lisboa é o homem que, ao longo davida, esteve ligado à defesa dos direitos huma-nos. No Brasil, sua terra natal, esteve envolvidona fundação do Segundo Centro dos DireitosHumanos.

"A causa dos direitos humanos me provoca e

me ajuda a viver a minha vocação. Todos nóstemos um dever. E quando este dever não écumprido, temos sempre uma sanção. Imaginemos nossos direitos, que às vezes nem nós con-hecemos e nem cobramos, que eles sejam res-peitados. Então, é preciso criar na sociedade

essa consciência de direitos" argumentou.Dom Luiz Lisboa defendeu, durante o lança-

mento da obra em sua homenagem, a urgênciade se vencer a indiferença e o medo como ele-mentos que podem ajudar na edificação de umasociedade mais justa para todos.

"Quero incentivar a todos para que sejamospatriotas. Amemos África, amemos Moçambique,mas também assumamos a responsabilidade deconstruir uma sociedade melhor. Não fiquemosesperando que as transformações caiam do céuou que vão chegar por alguns iluminados quevão mudar tudo. Não! A construção vai ser con-junta e ela depende de todos nós", afirmou."Cobremos uns aos outros, aos nossos amigos,

às instituições, ao Governo, seja quem for quetem responsabilidade, porque nós queremos umMoçambique melhor," concluiu.O Pe Latifo Fonseca, autor da obra "A Coragem

e a Confiança em Deus: Luiz Fernando, Amor àVida e à Missão", é um padre católico, natural deChiúre em Cabo Delgado e mestrado em GestãoEducacional. Antes de Pemba, a obra teve o seuprimeiro lançamento no Brasil, onde também foieditada.

Campanha dará novas certidões de nascimento a deslocados

O Ministério da Justiça moçambicano anunciou uma campanha que vai garantir novas certidões de nasci-mento aos deslocados que perderam tudo devido ao conflito em Cabo Delgado. Pelo menos 300 mil civisserão beneficiados.

Trabalho do bispo de Pemba retratado em livroObra sobre a actuação de Dom Luiz Fernando Lisboa, bispo de Pemba que tem denunciado a situação humanitária que se vive no Norte de

Moçambique, foi lançada em Pemba.

DOM LUIZ FERNANDO LISBOA

O Século de Joanesburgo

Esquina da Northern

Parkway e Rouillard St.

Ormonde

Tel. 011 496 1650

E-mail: [email protected]

www.oseculoonline.com

12 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 7 DE DEZEMBRO DE 2020

CABO DELGADO

MOÇAMBIQUE

Durante a sessão, os eurodeputados trocaram"pontos de vista sobre a situação em Moçambi-que". O formato da sessão, feita a pedido doeurodeputado português do PSD, Paulo Rangel,"em avaliação", segundo a delegação social-de-mocrata no PE, mas serviu para avaliar a dete-rioração da situação em Moçambique.

O agendamento do debate na Comissão dosAssuntos Externos do PE surge após, há duassemanas, o Partido Popular Europeu (PPE), poriniciativa do eurodeputado do CDS-PP, NunoMelo, ter pedido o agendamento de um debatena sessão plenária sobre a mesma questão, queacabou por não acontecer.

Na altura, Paulo Rangel tinha referido, em en-trevista à Lusa, que organizar uma sessão naComissão dos Assuntos Externos do PE comaudições a pessoas no terreno seria "muito van-tajoso" porque poderia dar conta da situação de"urgência" e criar uma "consciência europeia".

"CRIAR UMA CONSCIÊNCIA EUROPEIA"

"A Comissão dos Assuntos Externos deveriafazer um debate com uma audição a pessoasque estão no terreno. Em primeiro lugar, ao bispode Pemba, eventualmente a alguma ajuda hu-manitária (...), ouvir três ou quatro especialistas.Tenho falado com esta gente várias vezes e osrelatos feitos por eles são lancinantes (...) e, por-tanto, nós achamos que seria bom para criaresta consciência europeia da urgência de umaintervenção humanitária", referiu na altura PauloRangel.

A província onde avança o maior investimentoprivado de África, para exploração de gás natu-ral, está desde há três anos sob ataque de insur-gentes e algumas das incursões passaram a serreivindicadas pelo grupo 'jihadista' EstadoIslâmico desde 2019.

Com este novo grupo, quase 1.500 guerri-lheiros do braço armado do maior partido daoposição moçambicana já foram abrangidos.Suécia promete doar 3 milhões de euros aMoçambique para apoiar o processo de paz.

Mais 170 guerrilheiros do braço armado da Re-sistência Nacional Moçambicana (RENAMO), omaior partido da oposição em Moçambique, co-meçaram a ser desmobilizados na segunda-feira30 de Novembro, na base de Mabote, Sul dopaís. Este grupo junta-se ao processo de desmil-itarização, desarmamento e reintegração (DDR),em curso no país, que já reintegrou 1.470 guer-rilheiros.

"Encoraja-nos saber que este processo vai deacordo com o planificado", referiu André Majibire,secretário-geral da RENAMO e membro dacomissão mista que acompanha o processo."Tudo está a correr como nós prevíamos e quer-

emos aproveitar este momento para apelar atodos os combatentes, mesmo a aqueles que sedesviaram deste rumo, para abraçarem este pro-cesso", acrescentou, numa alusão aos dissiden-tes que têm feito ataques armados contra civisno Centro do país.

O processo de desmobilização na base de Ma-

bote, situada na província de Inhambane, teveinício na sexta-feira 27 de Novembro. O encerra-mento surge no âmbito do acordo de paz cele-brado em 2019 entre o Governo e a RENAMO.

Depois de um arranque simbólico no ano pas-sado, o processo de DDR esteve paralisado du-rante vários meses, tendo sido retomado a 4 deJunho.

Os últimos dados do enviado pessoal do secre-tário-geral da ONU para Moçambique, MirkoManzoni, indicavam que até outubro 25% dos5.221 guerrilheiros da RENAMO tinham sidodesmobilizados, tendo sido encerradas váriasbases militares daquela formação no centro deMoçambique.

AJUDA INTERNACIONAL

A Suécia prometeu despender 30 milhões decoroas suecas (quase três milhões de euros)

para apoiar a implementação do Acordo de Paze Reconciliação em Moçambique. "Com esteapoio, esperamos contribuir para uma implemen-tação sustentável do Acordo de Paz e Reconci-liação Nacional de Maputo", referiu Mette Sun-nergren, embaixadora da Suécia em Moçambi-que, numa nota divulgada na segunda-feira 30de Novembro.A Suécia torna-se, assim, no décimo contribuin-

te ao fundo comum, depois da Suíça, UniãoEuropeia, Irlanda, Canadá, Noruega, Reino Uni-do, Holanda, Alemanha, Finlândia e Botswana.

O acordo de paz em Moçambique foi assinadoem Agosto de 2019 pelo chefe de Estado mo-çambicano, Filipe Nyusi e pelo presidente daRENAMO, Ossufo Momade.

Apesar de progressos registados, nomeada-mente a assinatura do Acordo de Paz e Recon-ciliação Nacional em agosto de 2019, um grupode dissidentes, a autoproclamada Junta Militar

da RENAMO, tem feito ataques armados que jáprovocaram a morte de 30 pessoas.

A Junta liderada por Mariano Nhongo, antigolíder de guerrilha, contesta a liderança do partidoe as condições para a desmobilização decor-rentes do acordo de paz.

Comissão do Parlamento Europeuagendou debate sobre a situaçãodos ataques armados

A Comissão dos Assuntos Externos do Parlamento Europeu (PE)organizou na semana passada um debate sobre a situação dos ataquesarmados em Cabo Delgado, no Norte de Moçambique.

Mais 170 guerrilheiros da RENAMO são desmobilizados

O antigo Presidente da República RamalhoEanes criticou a "imobilidade preocupante" dosPaíses Africanos de Língua Oficial Portuguesa(PALOP) relativamente à possível resposta daEuropa na ajuda aos ataques armados no Nortede Moçambique.

"Há uma imobilidade preocupante dos PALOP,que já deviam ter mobilizado a sua ação externapara tentar fazer com que a Europa ajudasse acombater o islamismo radical que ataca o nortede Moçambique", disse Ramalho Eanes duranteuma conferência virtual que decorre esta manhã,organizada pela consultora SAP sob o lema'Sustentar o Crescimento Económico no PróximoNormal'.

"Havia uma resposta fácil desde que houvesseforça e iniciativa e uma ação de mobilização daEuropa e das Nações Unidas, e é muito fácil, ha-vendo forças especializadas e drones, resolver asituação", acrescentou o antigo chefe de Estadoportuguês.A violência armada em Cabo Delgado, norte de

Moçambique, está a provocar uma crise humani-tária com cerca de duas mil mortes e 500 mil pes-soas deslocadas, sem habitação, nem alimentos,concentrando-se sobretudo na capital provincial,Pemba.

O Governo moçambicano alertou para o riscode os ataques armados em Cabo Delgado sealastrarem pela região, reforçando o pedido deapoio face à situação humanitária naquela pro-víncia do país.

"É urgente a sua contenção e erradicação donosso solo pátrio, antes de desenvolver o seupotencial e se alastrar para outras regiões", disseVerónica Macamo, ministra dos Negócios Estran-geiros e Cooperação, falando durante uma reu-nião com as agências das Nações Unidas emMoçambique, realizada em Maputo.A ministra defendeu que é "preciso cortar o mal

pela raiz" e, para isso, é também necessário quea comunidade internacional condene de "formacontundente" os ataques de grupos armados nonorte de Moçambique.

"A comunidade internacional deve estar con-nosco e ajudar-nos, porque é preciso [garantir]

que aqueles atos não se consolidem e afectemoutros países da nossa região e não só", referiuVerónica Macamo.Num outro encontro, também realizado hoje em

Maputo, a ministra pediu apoios adicionais parao combate aos ataques em Cabo Delgado, con-siderando a situação uma prioridade para o país.

Para Verónica Macamo, é importante a capaci-tação e criação de postos de emprego para osjovens na região norte de Moçambique, para evi-tar que sejam aliciados pelos grupos insur-gentes.

"Nos preocupa sobremaneira a emergência, aspessoas saem dos seus locais abandonandotodo o esforço de anos de vida e o seu sustentoe procuram deslocar-se para lugares considera-dos seguros", declarou Verónica Macamo, du-rante uma reunião com a princesa da Jordânia,Sarah Zeid.

Governo alerta para risco de alastramento da crise na Região

Ramalho Eanes critica imobilidade preocupante dos PALOP

7 DE DEZEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 13

MOÇAMBIQUE

A lei de recuperação de activos aprovada emNovembro pelo Parlamento moçambicano "sóserá eficaz com a aprovação de uma lei referenteao repatriamento de capitais advindos da práticade actos criminais", refere o Centro de Integrida-de Pública (CIP) numa nota de análise.A ONG defende que a aludida norma deve con-

ceder um "período de graça" para que pessoasque tiraram ilicitamente património de Moçambi-que possam devolver voluntariamente os bens.

"Posteriormente ao prazo concedido, se deter-minados bens forem identificados no exterior,devem ser sujeitos ao regime jurídico de infrac-ções financeiras em vigor e de natureza penal",lê-se no texto.

O CIP aponta o caso do Estado angolano, quetem em vigor a Lei de Repatriamento Voluntárioe a Lei de Repatriamento Compulsivo, conside-rando estes instrumentos legais avanços impor-tantes na consolidação do combate à corrupção.

"No caso moçambicano, o actual regime jurídi-co sobre a recuperação de activos abarca so-mente os casos criminais referentes a um passa-do recente [cinco anos] e para o futuro", explicaa análise.

O CIP questiona a estratégia de Moçambiqueem relação ao volume de bens e capitais ilicita-mente retirados para fora do país no períodoanterior aos cinco anos da aprovação da lei:

"Será que o Estado capitulou no que se refere aorepatriamento de capitais, ao não aprovar umalei nesse sentido?", interroga-se o CIP.A organização defende ainda um trabalho de le-

vantamento para que o país saiba se existem ounão activos financeiros, móveis e imóveis resul-tantes de práticas de corrupção em Moçambiquee colocados ilicitamente em jurisdições estran-geiras.

As mineradoras industriais Clean Tech MiningCompany e Gems Resources Limitada foramsuspensas de funções e multadas num valor su-perior a 100 salários mínimos, o equivalente a900 mil meticais (cerca de 10 mil euros), por se-rem reincidentes na poluição de águas fluviais,através da deposição de poluentes no curso dosrios.

Segundo o inspector-geral do Ministério dosRecursos Minerais, Obede Matine, os operado-res industriais e os mineradores artesanais sãoconhecedores das técnicas apropriadas, masnão as usam.

"Nós recebemos uma denúncia em ambos oscantos da poluição do rio Revué e a partir da de-núncia enviámos uma equipa dos ServiçosProvinciais de Infraestruturas", começa por expli-car Obede Matine. "De facto, a denúncia corre-spondia à verdade. Estavam a poluir os rios enão utilizavam as bacias de decantação daságuas tal como deve ser", acrescenta. "Suspen-demos e aplicámos multas em ambas as empre-sas", refere ainda.

PERIGOS PARA A AGRICULTURAE AMBIENTE

Segundo dados do Conselho Empresarial deManica, as más práticas associadas à mineraçãosão danosas para a agricultura e o ambiente.Muitos investidores do ramo agrário são forçadosa abandonar os seus investimentos devido aosefeitos negativos da mineração na agricultura,como a degradação e o empobrecimento dos so-los, a poluição dos rios e o aumento da erosãoterrestre.Romão Gemo, representante da Companhia de

Vanduzi, uma empresa que se dedica à pro-dução e exportação de hortícolas para a Europa,alerta que a situação está a retrair o investimen-to no sector agrário.

"Organizar o sector mineiro é necessário, masé um desafio enorme, pois tenho informações deque há indústrias agrícolas ou empresas agríco-las no Zimbabué que também foram fechadasdevido ao uso de mercúrio por esta actividadeilegal", adverte.

MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO

A governadora de Manica, Francisca Tomás,admite que a província possui riquezas aos ní-veis florestal, mineral e agrícola, mas frisa que éfundamental conjugar esforços para que a agri-

cultura não saia prejudicada, uma vez que ébase do desenvolvimento do país."Aqueles rios que nós aproveitamos para a pro-

dução agrícola já não são aproveitados, pois nãoservem para regar os campos agrícolas, nempara os animais beberem", alerta."É verdade que o sector mineiro é uma fonte de

rendimento para a nossa economia, mas estou aconcordar para que se mexa mais um pouco nalegislação, para que possamos ser mais firmesna fiscalização daquilo que está a acontecer nanossa província e nas outras que também têmrecursos minerais", sugere a governadora.

Centro de Integridade Pública pede Lei de repatriamento de activos

O Centro de Integridade Pública (CIP) defende a aprovação de uma leique assegure o ressarcimento do Estado em casos de corrupção.

Mineradoras suspensas por más práticas e poluição dos rios

Duas mineradoras que operavam em Manica, centro de Moçambique, foram suspensas por poluírem riosque servem de apoio à exploração agrícola e pecuária. Governadora sugere alterações da lei para travardanos ambientais.

"O efeito do aumento do desemprego e o per-sistente receio de contrair covid-19 entre os con-sumidores vai limitar a recuperação do consumoprivado no resto de 2020, a que se junta umcolapso do turismo e das exportações mineiras",

lê-se na mais recente análise sobre a economiade Moçambique.

O documento, enviado aos clientes, antevê"uma recuperação na procura interna que vai aju-dar o PIB [Produto Interno Bruto] real a crescer

3,6% em 2021, apesar de as exportações líqui-das continuarem a ser um obstáculo à actividadeeconómica".

O relatório da consultora Fitch Solutions, detidapelos mesmos donos da agência de notaçãofinanceira Fitch Ratings, nota que a economia jáse contraiu 1,1% no terceiro trimestre deste ano,que se segue a uma quebra de 3,3% no segun-do trimestre, depois de uma "modesta expansão"de 1,7% nos primeiros três meses deste ano.Com os dados do Instituto Nacional de Estatísti-

ca, divulgados esta semana, Moçambique entrouem recessão técnica ao registar dois trimestresconsecutivos de crescimento negativo, apesar deo terceiro trimestre ter revelado uma queda maissuave do que o segundo.

"Apesar de ainda acreditarmos que o segundotrimestre marcou o ponto mais baixo da atividadeeconómica este ano, os indicadores apontampara uma recuperação mais fraca no segundosemestre do que tínhamos previsto anteriormen-te", explicam os analistas.

Para o próximo ano, a Fitch Solutions prevê umcrescimento de 3,6%, "parcialmente sustentadopor uma recuperação do consumo privado, quedeverá expandir-se 4,9%" no total do ano.

Sobre a vacina contra a covid-19, os analistasestimam que devam ser aprovadas várias nofinal deste ano e princípio do próximo, mas sódeverão chegar aos mercados emergentes nosegundo trimestre de 2021 e a Moçambique nosegundo semestre do próximo ano.

Fitch revê em baixa economia nacionale prevê contração de 0,7% este anoA consultora Fitch Solutions reviu em baixa a previsão de evolução da economia de Moçambique, anteven-

do agora uma contração de 0,7%, quando antes previa um crescimento de 0,2% devido à pandemia de Co-vid-19.

14 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 7 DE DEZEMBRO DE 2020

ANGOLA

Aia-Eza da Silva respondia à preocupação colo-cada pela presidente da comissão de RelaçõesExteriores, Cooperação Internacional e Comuni-dades Angolanas da Assembleia Nacional, Jose-fina Diakité, na discussão na especialidade daproposta do Orçamento Geral do Estado (OGE)2021.Segundo a secretária de Estado para Orçamen-

to e Investimento Público, há cerca de dois anos,depois de o presidente angolano, João Louren-ço, assumir funções, um dos primeiros dossiersque o Ministério das Relações Exteriores apre-sentou foi a situação das dívidas das missõesdiplomáticas.

A questão das alterações do câmbio foi a justi-ficação apresentada pelos responsáveis dessasmissões, contou a secretária de Estado para oOrçamento e Investimento Público, salientandoque se queixavam também de que o Ministériodas Finanças fazia as transferências semprecom a mente em kwanzas, moeda angolana, que"transformados em dólares eram quase nada".

"A primeira solução que, na altura, nós, o Minis-tério das Finanças encontrámos foi que, tendoem conta que a situação não vai melhorar tãocedo, o melhor é redimensionar e esse processocomeçou", explicou.

AS MEDIDAS NA ALTURA

Houve redução de pessoal, algumas embai-xadas foram fechadas e "o processo foi avançan-do" sendo apurado um montante em dívida de,aproximadamente 33,4 milhões de euros", pros-seguiu.

De acordo com Aia-Eza da Silva, o Ministériodas Finanças defendeu, na altura, que "o impor-tante era pagar a dívida, sim, mas que fosse umadívida controlada".

Assim, foram constituídas equipas conjuntasentre o Ministério das Relações Exteriores e dasFinanças para certificar, verificar e pagar.

"Saíram equipas nossas pelas várias missões,o montante que foi apurado não foi o que foi pre-

viamente declarado, pagou-se o que havia porse pagar", afirmou.

Contudo, continuou, devido a pressões paraque se pagasse o restante:"Mesmo sem apuração completa - porque as dí-

vidas estavam aí e era a imagem de Angola etodos os embaixadores reclamavam junto do tit-ular do poder Executivo - o dinheiro foi atribuído,com o compromisso das missões 'a posteriori'justificarem os pagamentos que fizeram".

E A PRESTAÇÃO DE CONTAS?

A governante frisou que "muitas dessas mis-sões nunca chegaram a justificar na totalidade eo dinheiro foi enviado"."E qual não foi a nossa surpresa há um ano, no-

vamente o Ministério das Relações Exteriores le-vantou a situação de que havia ainda dívidas porpagar junto das missões. E qual o montante ain-da por se pagar? 48 milhões de dólares", referiu.Aia-Eza da Silva realçou que a imagem de Ango-la no exterior é uma grande preocupação paratodos."Fez-se outra vez esse levantamento de 48 mil-

hões de dólares, ainda não se tinha terminado dejustificar o dinheiro todo que foi dado", destacouAia-Eza da Silva, notando que o dinheiro é dispo-nibilizado agora em dólares para evitar o proble-ma cambial.

"Enviou-se o pagamento de dívidas, pela se-gunda vez, ainda não temos justificativos. Man-dámos uma carta ao ministro das Relações Exte-riores há cerca de 15 dias, a pedir que nos justi-fiquem o que é que aconteceu com o segundodinheiro que foi enviado", acrescentou.

Para a governante angolana, "é uma surpresagrande, a deputada Diakité ainda levantar oassunto de dívida, ou seja, como é que se faz?Já não temos mais respostas".

Governo angolano "surpreso" comdívidas das missões diplomáticasSecretária de Estado para Orçamento e Investimento Público manifestou-se surpresa com a questão da dívi-da das missões diplomáticas angolanas, quando foram já disponibilizados 40,1 milhões de euros para sualiquidação.

SECRETÁRIA DE ESTADO PARA ORÇAMENTO E INVESTIMENTO PÚBLICO, AIA-EZA DA SILVA

O Governo angolano está a avaliar os benefí-cios da adesão de Angola a várias organizaçõesinternacionais, com as quais gasta anualmente100 milhões de dólares (83,5 milhões de euros),sem grandes valias para o país, informaram hojeas autoridades.

A questão foi abordada pelo ministro das Rela-ções Exteriores de Angola, Téte António, e pelasecretária de Estado para o Orçamento e Inves-timento Público, Aia-Eza da Silva, em resposta aum deputado, durante a discussão na especiali-dade da proposta de Orçamento Geral do Estado(OGE) 2021, sobre as razões da não adesão deAngola à Corporação Financeira Africana (AFC,na sigla em inglês).

Segundo o ministro das Relações Exteriores,Angola ainda não faz parte da instituição, criadaem 2007, com um capital de cerca de 6,6 biliõesde dólares (5,5 biliões de euros), 55,3% prove-niente do setor privado e 44,7% do Governo daNigéria. “A adesão a instituições como esta, semelhante

ao Banco Africano de Desenvolvimento ou com oAfrican Eximbank, passa por um exercício deavaliação, e nós estamos a fazer esse exercíciocom o Ministério das Finanças, de avaliarmos aimportância da nossa adesão a muitas institui-ções internacionais”, referiu.

O chefe da diplomacia angolana sublinhou queo país adere a muitas organizações internacio-nais e quando se faz o balanço, do que realmen-te se foi buscar comparado com os custos, nemsempre chega a resultados positivos.

Por sua vez, a secretária de Estado para o Or-çamento e Investimento Público considerou queo Governo não é obrigado a aderir a mais umainstituição internacional, estando aptas para oefeito outras organizações nacionais e privadas. Aia-Eza da Silva salientou que “o dilema” é que

para participar nessas organizações a joia exigi-

da “é cara”.“E nós, como país, hoje já gastamos 100 mi-

lhões de dólares em participações em organiza-ções internacionais”, disse a governante angola-na, salientando que o assunto tem merecido umestudo das autoridades.

“Qual é o racional de participarmos em tantasorganizações internacionais, gastarmos essedinheiro por ano? É um dinheiro que podia nosservir para outras coisas. O que é que nós bus-camos dessas organizações, tirando três ou qua-tro onde conseguimos efetivamente financiamen-to e ganhos particulares, nós não temos outrasgrandes valias de participar em tantas organiza-ções”, frisou. Nesse sentido, prosseguiu a secretária de Esta-

do para o Orçamento e Investimento Público,agora são avaliados os custos-benefícios detodas as propostas de participação em maisorganizações internacionais.

“Se for de graça participamos, mas se tivermosque pagar - e hoje todas elas tem de se pagar -temos que ver [qual] o custo benefício em termosda participação”, sublinhou.

A AFC tem como membros a Nigéria, Benim,Cabo Verde, Chade, Costa do Marfim, Djibuti,Eritreia, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné-Bissau,Quénia, Libéria, Madagáscar, Maláui, Ilhas Mau-rícias, Ruanda, Serra Leoa, Togo, Uganda, Zâm-bia e Zimbabué.

O Presidente angolano autorizou um créditoadicional de 2.677 milhões de kwanzas (3,4 mi-lhões de euros) para o pagamento de despesasdo Sinse (Serviço de Informação e Segurança doEstado), refere um diploma publicado no Diárioda República.

O documento acrescentou que o crédito “deveser atribuído faseadamente, em função das ne-cessidades de pagamento e após esgotadastodas as verbas atribuídas inicialmente”.

Num outro diploma com a mesma data, 26 deNovembro, o Presidente João Lourenço, aprovoua implementação da Iniciativa de Suspensão doServiço da Dívida (DSSI), lançada pelo G20, eautorizou a ministra das Finanças, Vera Davesde Sousa, a negociar, aprovar e assinar os ter-mos e condições específicas de qualquer docu-mentação relacionada com esta iniciativa.

Há dias, a ministra participou num evento ‘onli-ne’ “Investir em África”, realizado pela agênciaBloomberg, indicando estarem ainda a ser nego-ciados os termos do acordo do pagamento dadívida aos principais credores.

“Em relação aos credores na China, beneficiá-mos da iniciativa DSSI com um dos credores nasmesmas condições que os outros bancos quefazem parte da iniciativa. Ao mesmo tempo esta-mos, também, a negociar com outros dois cre-dores com quem temos parcerias comerciais.Uma negociação que nos dê um alívio fiscal eque nos permita gastar com outras despesas,muito necessárias como a saúde”, referiu.

De acordo com Vera Daves de Sousa, o dese-jável seria um alívio fiscal para os próximos trêsanos, começando a contar em 2020, estimandoque desse negociação resultaria um alívio depoupança de quase 6 biliões de dólares (cincobiliões de euros) resultantes da negociação, oque se traduziria numa grande ajuda para ala-vancar a economia.

O Banco Nacional de Angola (BNA) definiu umconjunto de regras para a contratação de ope-rações de câmbio a prazo, entre as quais a fixa-ção de um prazo máximo de um ano.

Segundo o aviso do BNA, publicado em Diárioda República, as operações de câmbio a prazoestão sujeitas à formalização de um contrato pré-vio entre os bancos comerciais e os seus clien-tes.A contratação deverá incluir o montante, moeda,

prazo, taxa de câmbio, entre outros elementos,podendo as transações ser negociadas naplataforma de negociação de moeda estrangeira(FXGO) ou fora.

As operações de câmbio a prazo são negoci-

ações acordadas entre um banco comercial e umcliente para a compra (venda) de kwanzas evenda (compra) de uma moeda estrangeira, emdeterminados montantes, taxa de câmbio e datade vencimento.Podem ser contratadas entre a moeda angolana

(kwanza) e qualquer outra moeda estrangeiralivremente convertível, com um prazo máximo deum ano.

As operações de câmbio a prazo podem sercontratadas com pessoas coletivas, importado-res, exportadores, empresas petrolíferas, dia-mantíferas e entidades estatais para a coberturado risco cambial relacionado com operaçõesespecíficas e identificadas de importação ouexportação de mercadoria.

Banco central define regras para contratos de câmbio a prazo

Presidente daRepública aprovacrédito adicional de 3,4 milhões deeuros para "Secreta"

Governo gasta por ano 83,5 milhões de eurosde participação em instituições internacionais

O Século de JoanesburgoEsquina da Northern

Parkway e Rouillard St.Ormonde

Tel. 011 496 1650 E-mail: [email protected]

www.oseculoonline.com

7 DE DEZEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 15

ANGOLA

“A polícia, infelizmente, recebeu uma informa-ção da ex-bastonária para que viesse cá impedir”a imprensa de entrar e para que “não acompa-nhasse” a cerimónia, afirmou Adriano Manuel,presidente do Sinmea, acrescentando: “O quenós não compreendemos porque a comissão degestão escreveu para o comando geral e provin-cial da polícia”.

A comissão de gestão da Ordem dos Médicosde Angola (Ormed) anunciou que entrou em fun-ções a partir de quinta-feira, durante uma cerimó-nia de passagem de pastas, reconhecida como“atípica”, sem a presença da bastonária “destituí-da”, que decorreu no anfiteatro do órgão, emLuanda.Apenas alguns órgãos de comunicação tiveram

acesso à sala, onde decorreu a cerimónia, apósintervenção de alguns médicos face ao impedi-mento dos efetivos da polícia nacional no local.Outros órgãos não foram permitidos cobrir a ce-

rimónia, situação que, no final do encontro, gerou

algum mau estar, com troca de palavras entre apolícia e os médicos que se manifestaram in-dignados.

O presidente do Sinmea considerou que a pos-tura da polícia “terá sido fruto de uma desinfor-mação”, mas observou ser “um assunto quepode ser resolvido com o comando geral da polí-cia e com o comando provincial da polícia”.

“Queremos acreditar que das próximas vezes acomunicação vai fluir e que a polícia, de certezaabsoluta, terá um comportamento diferente”,frisou.

Em relação à posse da comissão de gestão daOrmed, que saiu da deliberação da assembleiageral extraordinária do órgão, realizado a 17 deOutubro, e aprovou a destituição da bastonária,Elisa Gaspar, o líder sindical reconheceu que foi“atípica”.

“Sim, isso foi uma passagem de pastas atípica,tendo em conta que a doutora Elisa Gaspar de-cidiu não aparecer para entregar as pastas, masde qualquer forma a comissão de gestão tem decomeçar a trabalhar”, afirmou.“[A comissão de gestão] vai começar a trabalhar

amanhã, viemos aqui em equipa de mais de 20médicos para apoiar a comissão de gestão epara mostrar à ex-bastonária que não são quatro

pessoas, como ela [a bastonária] vive dizendo”,realçou.Para o responsável sindical, a ausência de Elisa

Gaspar, na cerimónia, “foi propositada”, porque amesma “perdeu legitimidade”, sublinhando que acomissão de gestão deve reunir a qualquer mo-mento com os trabalhadores da Ordem.

Elisa Gaspar, há mais de um ano no cargo debastonária da Ormed, é acusada de "descami-nho de fundos e gestão danosa" da instituição,entre os quais um alegado desvio de 19 milhõesde kwanzas (256.000 euros), e de "outros gastosinjustificados".

A médica Elisa Gaspar nega todas as acusa-ções.

Elisa Gaspar disse ter encontrado uma dívidade 21 milhões de kwanzas naquele órgão, garan-tiu continuar no cargo e avançar com duasqueixas-crime contra o conselho regional norte,que promoveu a assembleia geral extraordinária,por “calúnias”.

A médica, que falava à imprensa em outubropassado, sobre as acusações de desvio de fun-dos e gestão danosa da Ormed, situação queconcorreu para a sua destituição aprovada peloconselho norte, voltou a negar as acusações afir-mando serem caluniosas.

O político angolano Abel Chivukuvuku disseque, enquanto liderava a CASA-CE, segundopartido da oposição angolana, propôs às outrasforças políticas opositoras que participassem naseleições autárquicas como um bloco e a ideia foiaceite.

Abel Chivukuvuku, que falava em conferênciade imprensa para dar a conhecer o ponto de si-tuação do processo de legalização do PRA-JAServir Angola, seu novo projecto político, garan-tiu que com ou sem partido, vai continuar a par-ticipar na vida política nacional, lembrando quepara se candidatar às eleições autárquicas pre-cisa apenas de ter 500 assinantes.A realização das primeiras eleições autárquicas

em Angola estava prevista para este ano, masnão aconteceram, segundo o Governo angolano,por falta de condições, entre as quais a não con-clusão do pacote legislativo autárquico e a pan-demia da covid-19.

Segundo Abel Chivukuvuku, em 2018 e 2019,quando se discutia a realização das primeiraseleições autárquicas, na altura ainda presidenteda Convergência Ampla de Salvação de Angola –Coligação Eleitoral (CASA-CE), propôs à UniãoNacional para a Independência Total de Angola(UNITA), Frente Nacional de Libertação de An-gola (FNLA) e Partido da Renovação Social(PRS), partidos da oposição com assento parla-mentar, que participassem como força única.

“E já tínhamos concordado que nas eleiçõesautárquicas não devíamos, dentro da oposição,competir entre uns e outros, para que houvessesó dois blocos, o bloco do partido no poder e obloco das oposições e a sociedade civil”, disse.

“Iríamos jogar com o fenómeno das vantagenscomparativas. Onde tivéssemos perceção quedeterminado partido tinha mais vantagens todosapoiávamos só aquele partido para reduzir ahegemonia, infelizmente, não tivemos eleiçõesautárquicas e o panorama político nacional dopaís mudou”, acrescentou.

O político defendeu que é preciso capacidadepara deixar sempre “as portas abertas para a ino-vação, para coisas novas e mediante a conju-gação de ideais, princípios e valores que podemsustentar qualquer tipo de projecto”.

Para Abel Chivukuvuku, a responsabilidade denão se realizar eleições autárquicas este ano,um imperativo constitucional, é exclusiva do Mo-vimento Popular de Libertação de Angola(MPLA), partido no poder, lembrando que por ini-ciativa do Presidente da República, João Lou-renço, o Conselho da República analisou um ho-rizonte temporal para a realização de eleiçõesautárquicas e concordou que as mesmas tives-sem lugar em 2020.

“Tivemos uma diferença profunda entre o par-tido no poder e todos os partidos na oposição, asociedade civil e as igrejas no que diz respeito aogradualismo na implementação das autarquias”,referiu, salientando que o gradualismo territorialdefendido pelo MPLA e a realização em simultâ-neo das eleições dividiu as partes.

“O meu entendimento é que o MPLA percebeuque com a realização das autárquicas em 2020iria objetivamente perder a hegemonia que temno exercício do poder político nacional”, subli-nhou.

Segundo o político, “tudo o que houve é medo,a ideia de que a Assembleia Nacional não con-cluiu o pacote legislativo é de responsabilidadedo MPLA, porque a mesa da Assembleia Na-cional é presidida por alguém do MPLA, a maio-ria parlamentar é do MPLA, se eles não quisereminstitucionalizar é porque têm receio das eleiçõesautárquicas, simplesmente isso”.

Os deputados angolanos aprovaram na gene-ralidade a proposta de Lei sobre o Regime Jurí-dico do Cadastro Predial que deve "reduzir osconflitos de titularidade" de prédios rústicos ouurbanos que "ainda persistem" em Angola.

A lei, de iniciativa do titular do poder executivo,foi aprovada com 161 votos a favor, nenhum votocontra e sete abstenções durante a segunda reu-nião plenária ordinária da quarta sessão legisla-tiva.

O Governo angolano diz, no preâmbulo destalei, ser sua preocupação a "insegurança jurídicaatualmente existente" em relação à "correta iden-tificação dos prédios, incluindo a sua localização,com reflexos diretos e imediatos no avolumar deconflitos relativos à titularidade".

O documento aprovado na generalidade, cujaapreciação deve acontecer posteriormente nascomissões de especialidade do parlamento, visaestabelecer a metodologia de base e as normaspara a execução, renovação e conservação docadastro.

Para o deputado do grupo parlamentar da Con-vergência Ampla de Salvação de Angola -Coligação Eleitoral (CASA-CE), Alexandre Se-bastião, a lei, ora aprovada, deve "solucionar osconflitos de titularidade" de propriedade que seregistam pelo país.

"Para nós, esta proposta de lei também temcomo fito fundamental o alargamento da base fis-cal", disse.

O deputado da UNITA, José Eduardo, afirmouna ocasião, que a proposta de lei constitui um"instrumento jurídico indispensável" para o de-senvolvimento da economia do país e que omesmo vai permitir ao cidadão "valorizar econo-micamente" o seu bem.Segundo o político da União Nacional para a In-

dependência Total de Angola (UNITA), na oposi-ção, o cadastro predial "vai desencorajar a espe-culação imobiliária, promove o desenvolvimento

das autarquias locais e a cobrança equitativa detaxa".

Já o deputado do Movimento Popular de Liber-tação de Angola (MPLA, no poder), Virgílio Tcho-va, considerou o cadastro predial como uma"medida de política estruturante" do governopara a "garantia da certeza e segurança jurídicado direito de propriedade".O deputado do MPLA acrescentou: "Parece-nos

inquestionável, até mesmo incontornável, a im-portância do cadastro dos prédios e, embora amedida peque por chegar tarde, mais vale tardedo que nunca e eis que a temos".A Lei sobre o Regime Jurídico do Cadastro Pre-

dial estabelece que cada prédio cadastrado sejaidentificado através de um código numérico, des-ignado Número de Identificação Predial (NIP).

"O NIP é atribuído pelo Serviço Central de Ca-dastro. A utilização é obrigatória em todos os do-cumentos públicos como forma de identificação

dos prédios cadastrados", lê-se no diploma legal.O ministro das Obras Públicas e Ordenamento

do Território, Manuel Tavares de Almeida, disseaos deputados que o cadastro vai fazer o "regis-to preciso da propriedade, sejam ela de terras,edifícios ou edificações".

"Registo preciso para evitar conflitos, dar segu-rança jurídica é o objecto desta lei", notou, argu-mentando que o conceito de prédio ou terrenorústico rural e urbano será definido pela Lei deTerras, em revisão.De acordo ainda com o governante, se a lei hoje

aprovada já tivesse em vigor "nós teríamos aobrigação de organizar melhor a propriedade,como ela está sendo apresentada agora teremosque encontrar formas de melhor organizar".A importância do NIP foi também assinalada por

Manuel Tavares de Almeida referindo que omesmo merecerá a "atualização constante", cujonúmero, explicou, "será inalterável".

Sindicato dosMédicos lamentapostura da Políciacontra jornalistasem LuandaO presidente do Sindicato Nacio-

nal dos Médicos de Angola (Sin-mea) lamentou na quarta-feira aatitude da polícia, que “impediu”alguns jornalistas de acederem aoanfiteatro da Ordem dos Médicosangolana para cobertura da posseda Comissão de Gestão.

PRESIDENTE DO SINDICATO NACIONAL DOS MÉDICOS DE ANGOLA (SINMEA), DRIANO MANUEL

Parlamento aprova nova legislação predial para reduzir conflitos

Chivukuvuku defendeparticipação única daoposição contra MPLAnas autárquicas

16 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 7 DE DEZEMBRO DE 2020

CABO VERDE

LUSOFONIA

O desejo foi manifestado na cidade da Praia,pelo ministro da Integração Regional de CaboVerde, Rui Figueiredo Soares, no balanço deuma visita de uma semana ao Senegal e à Ni-géria.

No caso do Senegal, o ministro cabo-verdianoafirmou que manteve encontro com a ministrados Negócios Estrangeiros, Aisata Tal Sal etransmitiu as condolências às autoridades sene-galesas pela morte de alguns dos imigrantesclandestinos.

O governante cabo-verdiano avançou aindaque tratou com a ministra senegalesa a necessi-dade de reforçar o trabalho conjunto para fazerface ao fenómeno da imigração ilegal, que é feitaem condições precárias.

"É preciso reforçar aqui a nossa cooperação aonível da segurança, ao nível das fronteiras, ao ní-vel deste atendimento deste fenómeno da imi-gração ilegal", sustentou Rui Figueiredo Soares.

Este explicou ainda que o dossier não foi anal-isado ao pormenor, tendo em que conta que tem

a ver com outros colegas e pastas do Governo,nomeadamente a Administração Interna e Ne-gócios Estrangeiros.

"Mas foi uma questão abordada no sentido detodos os estados deverem estar em uníssonopara combater esta forma de imigração que infe-lizmente existe e que é um problema detectadoagora também referenciado pela OrganizaçãoInternacional das Migrações (OIM)", afirmou.

BARCO COM DESTINO A ESPANHA

A embarcação deu à costa da ilha cabo-verdia-na do Sal em meados de Novembro, com 66 imi-grantes clandestinos a bordo e informaçõesavançadas em vários órgãos de ComunicaçãoSocial dão conta que foram cerca de 150 pes-soas que saíram do Senegal.

Na sequência, vários corpos também deram àcosta da ilha cabo-verdiana do Sal, presumindo-se que pertenciam à piroga, que tinha como des-tino Espanha. Tem sido frequente embarcações darem à costa

das ilhas cabo-verdianas e o caso mais recentetinha acontecido em Setembro, quando uma pi-roga com cinco cadáveres em "avançado estadode decomposição" foi encontrada ao largo dacosta também da ilha do Sal, não tendo sidoavançado na altura a sua origem.

O capitão dos Portos do Barlavento de CaboVerde, Aguinaldo Lima, lembra que são pessoasque se aventuram no mar à procura de uma vidamelhor e acabam por sofrer acidentes.

O instrumento de gestão foi aprovado com 35votos favoráveis do Movimento para a Democra-cia (MpD), partido que suporta o Governo, emvotação que decorreu no serão de sexta-feira 27de Novembro, após dois dias de debate.

Do total de 59 deputados que votaram, presen-cialmente e por videoconferência, 24 votaramcontra a proposta – sendo 23 do Partido Africanoda Independência de Cabo Verde (PAICV) e umda União Cabo-verdiana Independente e Demo-crática (UCID), os dois partidos da oposição.

Na justificação do voto contra, o deputado doPAICV Julião Varela denunciou um "completodesalinhamento" entre o cenário macroeconómi-co traçado pelo Governo e a proposta apresenta-da, considerando o orçamento "utópico e irrea-lista".

Para o porta-voz do grupo parlamentar doPAICV, o orçamento deveria apostar na melhoriada saúde, competitividade e rendimento e que odocumento aprovado não tem nada a ver com oque vai ser executado.

"É o próprio Governo que já admite um orça-mento ratificativo, para rever as previsões e cor-rigir as omissões", constatou Julião Varela, quepromete estar atendo à proposta na especiali-dade.

O deputado da UCID João Santos Luís justifi-cou o voto contra, explicando que o orçamento "éfortemente inquinado", tendo em vista as elei-ções legislativas que realizam dentro de quatro acinco meses.

O representante da terceira força política noparlamento cabo-verdiano, com três deputados,apontou outras razões que levaram a UCID avotar contra, como o facto de considerar que oGoverno falhou em duas principais promessasna legislatura, designadamente crescimento mé-dio de 7% ao ano e criação de 45 mil postos detrabalho dignos.

"Votamos contra o Orçamento de Estado para2021 porque trata-se de um orçamento eleitora-lista, despesista", constatou João Santos Luís.

A FAVOR DO ORÇAMENTO

Por sua vez, o deputado do MpD Armindo Luzexplicou o voto a favor do grupo parlamentar aoprincipal instrumento de gestão do país com ofacto de renovar as esperanças dos cabo-verdia-nos em contexto de pandemia, com mais saúde,mais competitividade e mais rendimento.

O porta-voz do grupo parlamentar do partidoque suporta o Governo disse que o orçamentocomporta medidas de políticas que viabilizam ocontrolo da pandemia e o desconfinamento daeconomia e recursos para proteger os rendimen-tos, empregos, famílias e empresas.

"Votamos a favor porque este é o orçamentoque combina e que ajusta aos desafios de CaboVerde no plano sanitário, social e económico.Estamos perante um Governo confiante, confiá-vel e responsável em todos os momentos", justi-ficou, entre muitos outros pontos, o sentido devoto.

Na sua última intervenção no debate durante atarde de sexta-feira, o primeiro-ministro, UlissesCorreia e Silva, disse que este é o orçamentoque Cabo Verde precisa, tendo em conta que vaireforçar as medidas de proteção que o momentode emergência impõe e a situação de muitasfamílias e empresas exigem, mas, ao mesmotempo, construir o 'pós-Covid'.

O vice-primeiro-ministro e ministro das Finan-ças, Olavo Correia, completou, dizendo que osorçamento para o próximo ano vai proteger asempresas e os empregos, aumentar o rendimen-to dos cabo-verdianos que vai continuar a inter-vir para que a saúde tenha os recursos neces-sários e preparar a retoma da economia cabo-verdiana após a Covid-19.

Este será o último documento orçamental daactual legislatura, que termina no primeiro tri-mestre do próximo ano com a prevista realizaçãode eleições legislativas.A proposta de Orçamento do Estado para 2021

ascende a 77.896 milhões de escudos (cerca de706,4 milhões de euros), o que corresponde aum aumento de 27,3 milhões de euros emrelação ao Orçamento retificativo que entrou em

vigor em Agosto, elaborado face às consequên-cias da crise económica e sanitária da pandemiade Covid-19.Depois de uma recessão histórica, entre 6,8% e

8,5% este ano, o ministro avançou que as pre-visões apontam para um crescimento económicono próximo ano de 4,5%, mas só se o país con-seguir controlar a pandemia e se verificar umdesconfinamento em todo o Mundo.

Para o próximo ano económico, o Governocabo-verdiano prevê ainda uma inflacção de1,2%, défice orçamental de 8,8% e uma taxa dedesemprego a reduzir de 19,2% para 17,2%.

Orçamento de Estado para 2021aprovado na generalidade

Orçamento de Estado de Cabo Verde para 2021 foi aprovado na gen-eralidade no Parlamento, com votos favoráveis do partido que suportao Governo (MpD) e votos contra dos dois partidos da oposição.

Cabo Verde e Senegal pedem trabalhoconjunto para combater imigração ilegal

Os dois países querem reforçar a cooperação e trabalhar em conjunto com outros estados africanos, diasapós uma embarcação com 66 imigrantes senegaleses dar à costa na ilha cabo-verdiana do Sal.

O presidente do Núcleo Operacional da Socie-dade de Informação (NOSi) cabo-verdiano disseque o ataque à Rede Tecnológica Privativa doEstado teve origem internacional e está a serinvestigado pela Procuradoria-Geral da Repúbli-ca e pela Interpol. “Estamos em sintonia com a Procuradoria-Geral

da República que activou as suas parcerias inter-nacionais, para fazer uma investigação forense”,deu conta, em conferência de imprensa na cida-de da Praia, Carlos Pina, indicando que umadessas entidades internacionais é a Interpol.

O presidente do NOSi falava cinco dias apósum ataque do ‘software’ malicioso ‘ransomware’,que obrigou a alguns serviços da Rede Tecno-lógica Privativa do Estado (RTPE) de Cabo Ver-de a estarem ainda temporariamente suspensos.

Carlos Pina afirmou que os responsáveis doNOSi constataram que esta “ameaça tem umaorigem identificada a nível internacional” e que,além de uma equipa de crise, foram convidadasduas entidades internacionais para trabalhar comCabo Verde.

“É uma rede criminosa internacional que temcélulas espalhadas por vários países e, não te-mos essa evidência, mas está em aberto a pos-sibilidade que poderemos, eventualmente, teralguma célula em Cabo Verde”, prosseguiu oresponsável institucional cabo-verdiano.

O presidente do NOSi referiu que a rede já foiidentificada, mas não avançou qual ou os paísesde origem, já que ainda vai ser feita uma audito-ria forense para apurar as causas efetivas doataque.

“Temos evidências que nos permitem aferir queeste ataque começou, sobretudo, por ataques de‘spam’ e ‘phishing’ que a RTPE já sentia há cercade um mês e meio e que temos estado a defen-der”, apontou.

Alguns serviços da rede tecnológica do Estadoforam desligados, mas o presidente garantiu queo problema será resolvida em breve, nomeada-mente os de autenticação e de ‘e-mail’. “Concluímos que o ataque bloqueou alguns ser-

vidores, nomeadamente a nossa estrutura deautenticação e alguns servidores que garantem

serviços ‘online’, mas o facto de termos tomadoa decisão rápida de desligar a rede garantiu-nosque aquilo que são os dados da soberania, osdados que garantem a governação digital, semantivessem intactos e sem nenhum tipo deameaça”, assegurou.

Quanto à necessidade de existir uma rede se-cundária, o presidente do NOSi reconheceu queesse é um problema que será resolvido com aentrada em funcionamento do Data Center doMindelo, na ilha de São Vicente.

“Com a implementação do Parque Tecnológicotemos mais duas infraestruturas, uma aqui aolado que vai aumentar a nossa capacidade eoutra em São Vicente que vai servir exatamentepara termos essa redundância que nos dará umamaior capacidade de resposta”, explicou.

Ataque à rede tecnológica privativado Estado chega à Interpol

7 DE DEZEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 17

GUINÉ-BISSAU

LUSOFONIA

O Governo em Bissau apresentou ao Parla-mento a proposta do Orçamento Geral do Estado(OGE) para 2021, fixada numa despesa de 253biliões de Francos CFA, cerca de 386 milhões deeuros, com um défice previsto de 104 biliões deFrancos CFA (159 milhões de euros).Para o economista Aliu Soares Cassamá, a pro-

posta que ainda deverá ser votada, não res-ponde às exigências do momento: "Este orça-mento não vai conseguir responder a todas asexigências impostas na função pública, que é aentrada desenfreada de alguns funcionários,tendo em conta as suas fragilidades em termosnuméricos", frisa.

"O Governo não fez uma previsão sobre as en-tradas que considero irracionais dos fun-cionários, sem concurso público e sem critérios",critica ainda.

DOADORES TAMBÉM ESTÃO EM MAUS LENÇÓIS

A pandemia da COVID-19 provocou um caosnas contas públicas da economia guineense.Segundo Aliu Soares Cassamá, o país terá difi-culdades em colmatar o défice orçamental, numaaltura em que os problemas sociais se avolu-mam.

"A primeira tem a ver com as ajudas externas,que serão pouco prováveis, porque os principaisdoadores da Guiné-Bissau têm as suas respeti-vas economias em dificuldades", recorda o ana-lista.

"A segunda forma de colmatar o défice tem aver com o endividamento público, o que não éviável neste momento, porque segundo os dadosrecentes que dispomos, o rácio da dívida públicajá está nos 80% do Produto Interno Bruto (PIB)",adverte Aliu Soares Cassamá.

"Ultrapassou a meta estipulada pelos critériosde convergência da União Económica Monetáriada África Ocidental (UEMOA), que diz que nen-hum país membro da união pode ter a dívidapública superior a 70% do produto interno bruto",acrescenta.

VICE-PRIMEIRO-MINISTRO?

Na abertura dos trabalhos na segunda-feira 30de Novembro, o presidente da Assembleia

Nacional Popular (ANP), Cipriano Cassamá, fezduras críticas à situação política guineense, comdestaque para a nomeação do vice-primeiro-mi-nistro, pelo Presidente da República, Umaro Sis-soco Embaló: "Afigura-se estranha a este pro-cesso a criação da figura de vice-primeiro-mi-nistro, uma figura completamente desconhecidapela nossa lei magna, que é a nossa Constitui-ção da República", sublinhou.

Em Maio, Umaro Sissoco Embaló, criou e deuposse a uma comissão para proceder à revisãoda Constituição da República. A decisão foi con-testada e considerada ilegal por vários juristasguineenses.

"É bom sublinhar que a revisão da Constituiçãoestá outorgada, exclusivamente, tanto na iniciati-va como no ato de legislar, apenas e só ao Par-lamento", lembra Cipriano Cassamá que se in-surgiu ainda contra os raptos e espancamentosde cidadãos nas últimas semanas em Bissau.

A sessão do Parlamento vai manter-se até 14de Janeiro e, até lá, serão debatidos e votadosainda o Estatuto Remuneratório da Polícia Ju-diciária (PJ), o Código de Trabalho e a Lei Orgâ-nica das Secretarias Judiciais e Privativas doMinistério Público.

Em Bissau, o Dia Mundial da Luta Contra aSIDA, que se assinalou na terça-feira, 1 de De-zembro, ficou marcado por uma marcha desporti-va, da rotunda do Aeroporto Osvaldo Vieira àPraça dos Heróis Nacionais, sob o lema "Prati-que Sexo Seguro."Na ocasião, a secretária Executiva de Luta con-

tra a SIDA da Guiné-Bissau, Fatoumata DiaryeDiallo, informou que "a taxa de prevalência deHIV/SIDA, da Guiné-Bissau é das mais altas daÁfrica Ocidental", acrescentando que "este é umdos maiores problemas de saúde pública, rodan-do os 5,3%, na faixa etária entre os 15 e os 49anos de idade."

De acordo com dados da ONU SIDA, há maisde 44 mil pessoas infectadas com HIV no país.As mulheres, sobretudo as grávidas, são as maisafectadas, estando a maioria delas a viver nazona leste, nas regiões de Bafatá e Gabú, se-guidas das regiões de Oio, Biombo (no Norte) enas ilhas de Bolama/Bijagós.

NÚMEROS DISPARAM COM PANDEMIA

Segundo o Secretariado Nacional de Luta Con-tra a Sida (SNLS), com o confinamento, por cau-sa da prevenção à Covid-19, houve um aumento

do número de infecções com HIV. Em Julho, oSNLS falava em cerca de seis infecções por dia,mas João Gomes Correia, presidente da "Sabu-nhima", uma das organizações de doentes comHIV/SIDA, teme que o número seja maior.

"Antes do confinamento, era mais de que isso.Imagine agora no confinamento. A relação sexu-al na Guiné-Bissau é desprotegida. Muitas pes-soas que vivem com HIV estão nas ruas a levara vida como podem."

O dirigente mostra-se igualmente preocupadocom o facto de muitos doentes mudarem con-stantemente de centro de tratamento. "Uma pes-soa muda de um centro para outro, porque talvezalguém possa conhecê-la e acha que tem que irao centro mais longe", lamenta.

ESTIGMA

Segundo João Gomes Correia, o estigma aindaé grande. Para ele, não há quaisquer motivospara celebrar neste Dia Mundial da Luta Contraa SIDA.

"Ainda há discriminação e estigmatização daspessoas e há milhares de mulheres que perdemcasamento porque o marido descobriu que é se-

ropositiva e vive com HIV", relata.As organizações que trabalham com doentes

com HIV/SIDA pedem ao Governo mais apoios.Segundo o SNLS, só estão garantidas 30% das

necessidades do plano de combate à doença naGuiné-Bissau. Esses recursos são disponibiliza-dos pelo Fundo Global de Luta contra a SIDA,Tuberculose e Malária.

Infecções com HIV aumentam em tempo de pandemiaEstima-se que todos os dias cerca de seis pessoas sejam infectadas com HIV na Guiné-Bissau. Organizações pedem mais envolvimento das

autoridades para combater a doença.

“Orçamento não vai responder a todas as exigências" - avisa analista

O Parlamento da Guiné-Bissau começou a discutir a proposta doOrçamento Geral do Estado para 2021, mas o economista Aliu Cassamáduvida das contas do Governo. Especialista alerta para a contracçãopública desenfreada.

O Alto Comissariado para a Covid-19 na Guiné-Bissau manifestou "muita preocupação" em rela-ção à forma como decorreram dois comícios rea-lizados pelo Presidente guineense no leste dopaís, que não respeitaram as recomendaçõesimpostas pelas autoridades.

Em comunicado divulgado à imprensa, a altacomissária para a Covid-19 da Guiné-Bissau,Magda Nery Robalo, salienta que foi com "muitapreocupação", que tomou conhecimento dos co-mícios realizados no sábado, em Gabu, e domin-go, em Bafatá.O Presidente guineense, Umaro Sissoco Emba-

ló, deslocou-se durante o fim de semana àquelasduas cidades no leste do país para agradecer oapoio dado à sua eleição como chefe de Estado.

Tanto em Gabu, como em Bafatá, milhares depessoas estiveram todas juntas sem respeitopelo cumprimento da regra de distanciamento esem utilizarem máscaras, apesar dos apelosfeitos pelo chefe de Estado."Estes eventos estiveram em contrassenso com

as recomendações do decreto-lei do Governo,

promulgado pelo Presidente da República, queinstituiu o estado de calamidade em virtude dapandemia de covid-19", salienta, no comunicado,Magda Robalo.

As autoridades guineenses declararam a situ-ação de calamidade e de emergência de saúdeem setembro, depois de vários meses em estadode emergência.

A situação de calamidade e de emergência desaúde vai estar em vigor até 8 de Dezembro.

Segundo Magda Robalo, os comícios foramrealizados numa altura em que se assista a umasegunda vaga da pandemia na Europa e "pos-sivelmente também em África".

A alta comissária para a Covid-19 adverte queeste tipo de acontecimentos põem em causa a"saúde pública" e "ameaçam reverter os ganhosconseguidos até agora na luta contra a pande-mia".

A Guiné-Bissau regista actualmente mais de2.440 casos de covid-19 no país, 64 dos quaispermanecem activos, e mais de 40 vítimas mor-tais.

Alto Comissariado manifesta preocupaçãocom comícios do Presidente no Leste do País

18 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 7 DE DEZEMBRO DE 2020

PORTUGUESES NO MUNDO

Uma exposição da autoria do fotógrafo de cele-bridades lusodescendente George Pimentel emToronto, no Canadá, “retrata o impacto da pan-demia na sociedade canadiana”.

São 35 fotografias de vários autores que se en-contram patentes na exposição ‘Retratos emépoca de Covid: Documentar uma Nação emMudança’, na sequência do projecto CanadaCovid Portrait, iniciada pelo lusodescendente,numa parceria com a associação comercial local.

“Já recebemos cerca de cinco mil fotografias etivemos de selecionar 35 para esta exposição.São fotos dos trabalhadores da linha da frente,pessoas com máscaras, fotos em que demon-stram como o pequeno comércio está a ser afec-tado, viagens nos transportes públicos, de ido-sos, e doutros exemplos desta pandemia”, afir-mou George Pimentel.

A exposição ao ar livre, em duas localizações,estás situada junto ao edifício principal da Har-bourfront Centre de Toronto, e junto à inter-secção da Queens Quay com a Rees Street.

O Projeto de Fotografia da Covid do Canadá(Canadá Covid Portrait, em inglês), de apoio àGaleria de Fotografia Canadiana, pretende docu-mentar em como a Covid-19 está a afetar nasvárias vertentes, o dia a dia e o novo normal doscanadianos.

Agora o lusodescendente pretende expandir aexposição a outras cidades canadianas comoOtava, Montreal e Vancouver, encorajando atodos que partilhem fotos nas redes sociais uti-lizando o #CanadaCovidPortrait, para aderiremao projecto.

“Estas fotos são muito importantes numa pers-pectiva histórica. Daqui a 100 anos as pessoastalvez as vejam como vi as fotos da GripeEspanhola. Espero que aprendam algo e fiquema saber como vivemos durante esta pandemia”,sublinhou.

Durante a gripe espanhola, no final da PrimeiraGuerra Mundial, em 1918, que matou mais de100 milhões de pessoas, a utilização da máscarachegou mesmo a ser considerada obrigatória.

A paixão de George Pimentel pela fotografiavem de laços familiares, uma atividade iniciadapelo seu avô “Laranjo” na vila de Rabo de Peixe,na década de 1940. O seu pai, José, ao imigrarpara o Canadá em 1966, deu continuidade aesse trajecto e desde 1971 que o seu ateliê defotografia, localizado no Little Portugal de To-ronto, continua de portas abertas.

“Todos os eventos que tinha previsto ir foramcancelados. Decidi começar a documentar emfotografias como a pandemia estava a afetartodos. Uma das primeiras fotos que tirei foi aomeu pai, ao visitá-lo, foi muito emocionante porele estava de quarentena e decidi registar essemomento num auto-retrato”, explicou.

George Pimentel já fotografou Robert de Niro,

Will Smith, Tom Cruise, Nicole Kidman, GwynethPaltrow, Al Pacino, Sean Pean, Lady Gaga, JuliaRoberts ou o músico Bruce Springsteen, entreoutras celebridades.

Desde 1993 que o lusodesdencente fotografano Festival Internacional de Cinema de Toronto(TIFF).

Portugal realizou na segunda-feira passada umnovo voo de repatriamento a partir da Venezuela,tendo regressado mais 195 portugueses que ti-nham ficado retidos no país da América Latina,devido à pandemia do novo coronavírus.

“Foram 252 pessoas a bordo do avião, 195 sãoportugueses e à volta de 90 foram para a Madei-ra”, explicou o cônsul-geral de Portugal em Cara-cas.Segundo Licínio Bingre do Amaral, os outros 57

passageiros são de diferentes nacionalidades,entre elas espanhóis, italianos, argentinos e hún-garos.

O diplomata frisou ainda que houve “total cola-boração” das autoridades venezuelanas para a

realização deste novo voo de repatriamento.O voo TP-9112 organizado pelo Consulado-

geral de Portugal em Caracas em conjunto comagências de viagens locais, partiu do aeroportointernacional Simón Bolívar de Maiquetía, pelas17:23 horas locais.

Com este novo voo de repatriamento, segundoas autoridades lusas locais, ascende a 1.200 onúmero de portugueses que foram repatriadosda Venezuela.Este foi o quinto voo de repatriamento organiza-

do por Portugal, os dois primeiros foram realiza-dos pela AirFly a 13 de Junho e 30 de Agosto. A7 de Outubro a TAP realizou o primeiro voo derepatriamento e um segundo voo a 3 de Novem-

Um romance que inclui personagens vicentinas,numa homenagem a Gil Vicente, é a proposta daprofessora Catarina Barreira de Sousa, residenteem Lausana, onde dá aulas de Língua e Culturaportuguesas.

"Há cerca de meia dúzia de anos, estava a es-crever uma tese sobre Gil Vicente e tive de ler as44 peças. No meio dessas peças, encontrei per-sonagens muito divertidas, que nos obrigam apensar sobre o sentido da vida, sobre as desi-gualdades sociais e tudo isto com muito humor àmistura", relata a autora explicando que foi nessaaltura que surgiu a ideia de escrever uma obradedicada ao pai do teatro português.

"Alice no país de Gil Vicente" é o primeiro ro-mance de Catarina Barreira de Sousa, que visahomenagear o teatro vicentino.

"De repente, imaginei o que seria poder juntaressas personagens todas, tão diferentes umasdas outras e criar uma história”, diz.

A autora explica que a ideia de escrever estaintriga surge no decorrer da sua tese de mestra-do, confrontada com o cansaço próprio da fasede pesquisa, que exige muita leitura e escrita.

"Sentia-me muito cansada. Estava esgotada daleitura, penso que a determinada altura o meuespírito precisava de sonhar e vaguear", confes-sa a escritora desvendando a história que deuorigem ao seu romance.

Inspirada pelas personagens que foi cruzandonas 44 peças que leu, do pai do teatro português,a autora imaginou uma intriga que pudesse jun-tar algumas das personagens mais divertidasque foi conhecendo.

"No decorrer das minhas leituras, senti-me ins-pirada pelo Parvo, uma personagem muito diver-tida, com o espírito livre e que vê para além dasaparências. Imaginei o que seria viajar com esseParvo ao mundo de Gil Vicente. E, assim, nasceuma das personagens principais da minha intri-ga".O romance conta a história de Alice, uma jovem

adolescente que está no 9.° ano de escolarida-de, que a determinada altura acorda, perdida,algures no cais do Auto da Barca do Inferno.

O lusodescendente republicano David Valadãovenceu a eleição contra o incumbente democra-ta TJ Cox e recuperou o seu lugar na Câmarados Representantes do congresso norte-ameri-cano, pelo 21.º distrito da Califórnia.

A vitória só foi assegurada 24 dias após a elei-ção, com David Valadão a ser dado como vence-dor com 50,5% dos votos, contra 49,5% do opo-nente democrata.

O lusodescendente tinha perdido o assento naCâmara dos Representantes nas eleições inter-calares de 2018, quando TJ Cox ganhou poruma margem pequena (862 votos).

Desta vez, a participação eleitoral ficou bas-tante acima da que foi verificada há dois anos,tendo sido contabilizados mais 55.376 votos nodistrito.

Em termos absolutos, David Valadão recebeumais 1.754 votos que o adversário: 85.373 votoscontra 83.619 de TJ Cox, de acordo com osdados reportados pelo New York Times.

A derrota de Valadão nas eleições intercalarestinha apanhado a comunidade luso-americanado vale central da Califórnia de surpresa, dadoque o lusodescendente ocupava aquele lugardesde 2013 e tinha a reputação de trabalhar deforma bipartidária.

Nos meses que antecederam as eleições de 3de Novembro, era visível o apoio ao candidatolusodescendente nas cidades que compõem odistrito, incluindo Tulare e Visalia.

O 21.º distrito abrange partes dos condados deFresno, Kern, Kings e Tulare e é uma região pre-dominantemente agrícola.

Há dois anos, Valadão fora dado como vence-dor na noite eleitoral mas acabou por perder oseu lugar quando todos os votos por corres-pondência foram contados, quase três semanasapós a eleição.David Valadão é assim o quarto luso-americano

a caminho do próximo congresso, juntando-seaos já reeleitos Jim Costa (16.º distrito da Califór-

nia), Devin Nunes (22.º distrito da Califórnia) eLori Loureiro Trahan (3.º distrito de Massachu-setts).

A vitória do lusodescendente enquadra-se numdesempenho positivo do Partido republicano aonível da Câmara dos Representantes nestaseleições, apesar da derrota do Presidente incum-bente Donald Trump.

Embora os democratas tenha conseguido man-ter o controlo da Câmara dos Representantes,com 222 lugares já assegurados, os republi-canos lograram recuperar vários assentos queperderam nas intercalares, incluindo o de Vala-dão.

O próximo congresso entra em sessão a 3 deJaneiro de 2021

1 - PORTUGUESE RESTAURANT FORSALE IN PRETORIA - 160 seater - Price

R900K Neg.2 - CHIROPEDIC BEDDING COMPANY

FOR SALE - Price 900K Neg.Ideal Business for Lady Owner

3 - SUPERMARKET + TAVERN FOR SALEMAPPLETON - Price 1,3 Mil. Neg.

4 - SUPERMARKET + B/STORE INC. BLDIN GERMISTON - Price R2,9Mil

5 - IMPORTER + DISTRIBUTION WHOLESALER

CATERING FOR FOOD INSDUSTRYFully Equiped Warehouse - JHB

1940

5

FOR SALEDO YOU WANT TO BUY OR SELLYOUR BUSINESS / PROPERTYCONTACT: VICTOR MATEUS

079 691 5278

CARLOS DA SILVAFotografia e Video

Cell 082 560 0744072 612 3017 * Fax (011) 616 2881E-mail: [email protected] * www.carlosfotos.com

Lusodescendente David Valadão vence e recupera lugar no Congresso norte-americano

LUSODESCENDENTE REPUBLICANO DAVID VALADÃO

Emigrante na Suíçaescreve romance quepromove teatro vicentino

Exposição de lusodescendente retrata impacto da pandemia na sociedade canadiana

Mais 195 portugueses foram repatriados da VenezuelaLUSODESCENDENTE GEORGE PIMENTEL

7 DE DEZEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 19

NECROLOGIA

O ensaísta Eduardo Lourenço, Prémio Camõese Prémio Pessoa, morreu na terça-feira, aos 97anos, deixando uma vasta obra de “grande origi-nalidade”, e a imagem do homem que permitia “aúnica reflexão inteligente sobre a política na-cional”.

Professor, filósofo, escritor, crítico literário, en-saísta, interventor cívico, várias vezes galardoa-do e distinguido, Eduardo Lourenço foi um dospensadores mais proeminentes da cultura por-tuguesa, sempre solicitado, mas que considera-va não justificado o interesse das pessoas porele: “Porque estou saindo. Eu nunca ocupei pal-co”, explicou, numa entrevista ao jornal Público,

em 2017.Saiu de cena, mas deixa a marca da “grande

originalidade” do seu pensamento – de acordocom a página a si dedicada, do Centro Nacionalde Cultura –, e a imagem do ensaísta que permi-tia “a única reflexão inteligente sobre a políticanacional”, como o definiu o poeta Herberto Hel-der, numa carta de 1978.

Outras definições o caracterizam, como a doensaísta Eduardo Prado Coelho, que o conside-rava alguém para quem “a aventura do conheci-mento e a aventura da vida se confundem per-manentemente”, ou a de Fernando Namora, que,em 1986, escreveu que Eduardo Lourenço era“um dos espíritos mais sagazes, de uma fulgu-rância estonteadora, que o ensaísmo portuguêsalguma vez produziu”.

Apaixonado pela literatura, referia-se aos livroscomo “filhos” e dizia que “estar-se sem livros é játer morrido”.

Mas foi sobretudo sobre a poesia, mais do quea prosa, que incidiram os seus ensaios, de Luísde Camões a Miguel Torga, passando por Fer-nando Pessoa.Eduardo Lourenço Faria nasceu em 23 de Maio

de 1923, em S. Pedro do Rio Seco, no concelhode Almeida, na Beira Baixa, mas só foi registadono dia 29 desse mês.

Esteve “seis dias sem tempo” e assim ficousempre, “fora do tempo”, afirmou numa entrevis-ta à revista Prelo.

O mais velho de sete irmãos, e filho de um mi-litar do exército, frequentou a escola primária daaldeia onde nasceu e matriculou-se, posterior-mente, no Colégio Militar, em Lisboa, onde con-cluiu o curso em 1940.

Inscreveu-se na Faculdade de Ciências da Uni-versidade de Coimbra, de que desistiu, paraprestar provas, mais tarde, em Ciências Histó-rico-Filosóficas, na Faculdade de Letras damesma instituição.Era um “dos melhores em Filosofia, não porque

repetisse as aulas como um papagaio, mas porter revelado um arguto espírito crítico e umaideia já autónoma”, segundo a descrição, à re-vista Prelo, que dele fez o escritor e pedagogoMário Braga, ex-editor da Vértice.

Eduardo Lourenço concluiu a licenciatura em1946, com uma tese sobre "O Sentido da dialéti-ca no idealismo absoluto".

No ano seguinte, passou a leccionar como as-sistente e colaborador do professor Joaquim deCarvalho e, em 1949, com apenas 26 anos, reu-niu parte da sua tese de licenciatura no primeiro

volume de uma obra intitulada “Heterodoxia”,“um dos mais nobres e perturbantes discursosensaísticos de toda a nossa história literária”,como a classificou o professor e ensaísta Eugé-nio Lisboa.Antes disso, em 1944, Eduardo Lourenço come-

çara a colaborar com a revista Vértice, publica-ção em que se estreou com o poema“Aceitação”, um prelúdio de “Heterodoxia”.

E foi com "Crónicas Heterodoxas" que colabo-rou também com o Diário de Coimbra, publi-cação histórica da cidade onde conviveu com oescritor Vergílio Ferreira e onde viria a ser asso-

ciado a uma determinada forma de existencialis-mo, influenciado por filósofos como Heidegger,Nietzsche, Husserl, Kierkegaard e Sartre, e pelaleitura de escritores como Dostoievsky, Kafka eCamus.

Homem de esquerda, mas com uma visão críti-ca dessa corrente, o ensaísta nunca se deixouenfeudar em qualquer escola de pensamento.Em 1949, partiu para França, a convite do reitor

da Faculdade de Letras da Universidade de Bor-déus, com uma bolsa de estágio da FundaçãoFulbright.

Em 1953, iniciou uma carreira académica, ten-do leccionado em diversas universidades euro-peias e americanas, designadamente, nas deHamburgo e Heidelberg, na Alemanha, Montpel-lier, Grenoble e Nice, em França, e na da Baía,no Brasil, entre outras.

Casou-se com Annie Salamon, em Dinard, em1954, e, a partir de 1960, passou a viver emFrança.

Cinco anos mais tarde, em 1965, fixou residên-cia em Vence, na região dos Alpes Marítimos, nosudeste francês, mas manteve sempre ligação

ao país de origem, refletindo sobre a sociedadeportuguesa.

“Como é que um homem nascido em S. Pedrodo Rio Seco pode ser outra coisa que não por-tuguês?”, disse o ensaísta, em 1986, ao Jornalde Letras, Artes e Ideias.Dois anos mais tarde, por ocasião da edição da

Assírio & Alvim, que reuniu os dois volumes de“Heterodoxia”, Eduardo Lourenço concedeu umaentrevista à revista do Expresso, na qual assu-miu – em resposta à pergunta “Qual é a sua cida-de?” – que S. Pedro do Rio Seco era a sua “Pa-ris-Texas”, numa alusão ao filme de Wim Wen-ders.

O tema da Europa, e do lugar de Portugal naEuropa, é recorrente na obra do autor, e “O La-birinto da Saudade”, de 1978, o seu trabalhomais celebrado, é o exemplo de “um discursocrítico sobre as imagens que de nós própriostemos forjado”, nas palavras do próprio autor.

Em 1988, o então professor jubilado da Univer-sidade de Nice recebeu o Prémio Europeu deEnsaio Charles Veillon, pelo conjunto da obra, e,um ano depois, assumiu o cargo de conselheirocultural junto da embaixada de Portugal em Ro-ma, onde permaneceu até 1991.

Vários prémios se sucederam, com destaquepara o Prémio Camões, em 1996, e o PrémioPessoa, em 2011.

Recebeu também os prémios António Sérgio(1992), D. Dinis (1996), Vergílio Ferreira (2001),Universidade de Lisboa (2012), Jacinto do PradoCoelho (em 1986 e em 2013) e Vasco GraçaMoura (2016), entre outros.

Em 1999, foi nomeado administrador não exec-utivo da Fundação Calouste Gulbenkian.

Além da filosofia, da literatura, da música e dapintura, áreas em que se aventurou, através deobras como "Tempo da Música, Música doTempo" (2012), e dos quadros de Vieira da Silva,nas artes plásticas, com “Espelho Imaginário”, de1981, a intervenção cívica também atraiu estepensador, que aderiu à União de Esquerda paraa Democracia Socialista (UEDS), em 1978, lider-ada por António Lopes Cardoso, que contou comnomes como os de César de Oliveira e FranciscoPessegueiro, e com o apoio de personalidadescomo Maria de Lourdes Pintasilgo.

Em 1980 Eduardo Lourenço apoiou a recandi-datura de Ramalho Eanes à Presidência da Re-pública e, em 1985, integrou a candidatura deMaria de Lurdes Pintasilgo, na primeira volta dasPresidenciais, e de Mário Soares, na segunda.

Em 1980/1981, o autor de "Os Militares e o Po-der" participou no filme "Gestos e Fragmentos",de Alberto Seixas Santos, ensaio sobre o papeldos militares no 25 de Abril de 1974, à luz dogolpe do 25 de Novembro de 1975.

Entre condecorações e distinções, EduardoLourenço recebeu as ordens de Grande Oficialde Santiago e Espada (1981), a Grã-Cruz da Or-dem do Infante D. Henrique (1992), a Grã-Cruzda Ordem de Santiago e Espada (2003) e a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (2014).

França distinguiu-o com a Ordem Nacional deMérito (1996), a Ordem das Artes e das Letras(2000) e a Legião de Honra (2002), e em 2008recebeu a medalha de Mérito Cultural do Go-verno Português e a Ordem de Mérito Civil deEspanha.

Doutorado Honoris Causa pelas Universidadesdo Rio de Janeiro, de Bolonha, de Coimbra epela Nova de Lisboa, tomou posse, a 7 de Abrilde 2016, como Conselheiro de Estado, designa-do pelo atual Presidente da República, MarceloRebelo de Sousa.

Nesse mesmo ano, venceu o Prémio EuropeuHelena Vaz da Silva para a Divulgação do Patri-mónio Cultural, ex-aequo com o cartoonista fran-cês Jean Plantureux, conhecido como Plantu.

Em 2018, foi protagonista e narrador da suaprópria história, num filme de Miguel GonçalvesMendes, que teve antestreia a 23 de Maio, diaem que Eduardo Lourenço completou 95 anos.

Intitulado “O Labirinto da Saudade”, o filmeadapta a obra homónima de Eduardo Lourenço etraça uma viagem através da cabeça do pensa-dor português, constituindo-se como uma "ho-menagem em vida" do realizador ao ensaísta.Nesse mesmo ano, a propósito da polémica em

torno de um possível “Museu das Descobertas"em Lisboa, devido sobretudo ao nome e ao pro-grama, que foram classificados como "neo-colo-niais", o ensaísta deixou bem clara a sua oposi-ção ao que chamou de "crucificação" do paíspelo seu passado colonizador, quando não hou-ve maldade na génese e o mal feito já não podiaser reparado.

"Acho extraordinário, num momento em que aEuropa é quase toda ela democrática, que, defacto, um país com menos problemas graves ede difícil resolução no mundo seja objecto destaespécie de penitência pública”, lamentou.

Exactamente um ano mais tarde, Eduardo Lou-renço cumpriu uma das suas derradeiras apari-ções públicas, numa homenagem em que o pri-meiro-ministro, António Costa, sublinhou a "sa-bedoria ilimitada" do ensaísta, e defendeu a cele-bração da data, "como um dia de festa da culturaportuguesa".

Marcelo Rebelo de Sousa celebrou igualmenteos 96 anos de Eduardo Lourenço, com umamensagem na página da Presidência, e a Uniãodas Cidades Capitais de Língua Portuguesainstalou uma estátua sua, em bronze, da autoriade Leonel Moura, nos jardins da sua sede emLisboa.

Nesse dia, o autor de "Fernando, Rei da NossaBaviera" falou sobre o papel de Portugal na his-tória, associando-o a uma "vontade de não abdi-car do sonho", uma "vontade um pouco louca".

"Portugal viajou uma viagem por conta própria,um sonho, e esse sonho não tem fim e não teráfim", disse Eduardo Lourenço. "Os portuguesesatreveram-se tanto quanto podiam, talvez, eesse atrevimento é aquele que ficará realmentena história de nós".Quando fez 95 anos, Eduardo Lourenço confes-

sou, em entrevista à Lusa, que era "dificil assu-mir" o aniversário, porque sabia que era "o prin-cípio do fim", mas que não o encarava "comouma coisa trágica", porque "todos estamos con-frontados com essa exigência"."A tragédia já é, em si, nós não podermos esca-

par àquilo que nos espera, seria uma injustiçapara todas as outras pessoas, que eram os nos-sos e que já morreram, que nós não fossemoscapazes de suportar aquilo que eles suportaramquando chegou o fim deles", afirmou. "É ir para amorte como se todos aqueles que nos conhece-ram e nós amámos estivessem connosco”.

Morreu Eduardo Lourenço: o pensador da Cultura portuguesa

O CAIXÃO DE EDUARDO LOURENÇO APÓS A MISSA DE CORPO PRESENTE COCELEBRADA PELO CARDEAL-PATRIARCA DE LISBOA, MANUELCLEMENTE, E PELO CARDEAL E BIBLIOTECÁRIO DA SANTA SÃO, TOLENTINO MENDONÇA, NO MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS, EM LISBOA,

QUARTA-FEIRA (Foto Rodrigo Antunes/Lusa)

20 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 7 DE DEZEMBRO DE 2020

NECROLOGIA

O cardeal José Tolentino Mendonça assinalouna quarta-feira, durante a missa de corpo pre-sente de Eduardo Lourenço, que o país deve aoensaísta o entendimento que tem de si, e afirmouque o seu caixão “tem a forma de Portugal”.

Teixeira de Pascoaes “quis ser enterrado numcaixão em forma de lira, o caixão de EduardoLourenço tem, qualquer que seja a sua forma, aforma de Portugal, do qual ele foi e será, paramuitas gerações futuras, um explorador e umcartógrafo, um detetive e um psicanalista do des-tino, um sismógrafo e um decifrador de signos,uma antena política e um investigador generosoe iluminado”, afirmou o cardeal, durante a suahomilia a Eduardo Lourenço, que morreu na ter-ça-feira, aos 97 anos.

“Depois dele, todos podemos dizer que nosentendemos melhor a nos próprios”, acrescentouo bibliotecário da Santa Sé, que concelebrou amissa de corpo presente, no Mosteiro dos Jeró-nimos, a que Eduardo Lourenço chamava “Jar-dim de pedra”, com o cardeal-patriarca de Lis-boa, Manuel Clemente.Tolentino Mendonça considerou que, a Eduardo

Lourenço, “devemos a lição de interrogar, não sóa vida, mas também a morte, com sabedoria, dis-tanciamento, serenidade e esperança, lutandopara conter a história nos limites do humana-mente aceitável, tarefa trabalhosa e inacabada,

mas também indeclinável, se quisermos que acivilização e o humanismo sejam mais do queuma abstração”.

“A Lourenço devemos, além disso, uma raracapacidade de cuidar da ideia de comunidade,reforçando sempre o nosso conjunto como na-ção elucidando a experiência do bem comumque é um país (…), mostrando-nos que todossomos habitantes da solidão de Pessoa, e doprofetismo de Antero ou de Agostinho da Silva,do levantamento do chão de Saramago, ou dapraia lisa que Sophia sonhou”, afirmou, peranteuma igreja meio cheia, e ainda com o espaço dodistanciamento social necessário entre as pes-soas.

Para sustentar as suas afirmações, TolentinoMendonça socorreu-se das “milhares de pági-nas” que Eduardo Lourenço escreveu e nasquais acredita que “talvez se veja que a ideia decomunidade” foi “aquela que afinal ele mais per-seguiu, e que esta ideia constituiu a sua paixãomaior”.

O cardeal e poeta, que começou a homilia afalar dos lutos com que Eduardo Lourenço viveu– da mulher e dos pais -, salientou depois que“há lutos que se vivem no domínio pessoal, poisdizem respeito à nossa pequena história, e hálutos que excedem esse domínio, pois configu-ram uma experiência de perda coletiva”, e nestecontexto incluiu o luto pela morte de Eduardo

Lourenço.“Quando morre um escritor, a literatura fica en-

lutada mas também acontece, raramente, é ver-dade, mas acontece que, com alguns escritores,a própria literatura ou ideia de literatura ou umainteira ética da literatura morra com eles, poisnaquele criador que partiu, os leitores de umageração, que até pode ser de uma geração futu-ra, reconhecem uma razão, uma sabedoria, umaverdade ou um fulgor, onde se encontraramrefletidos”, afirmou.

Por isso, considerou que, “com razão, todos te-memos morrer um pouco na morte deste homemque jaz diante de nós”.

O bibliotecário e arquivista do Vaticano afirmouque “quem conheceu Eduardo Lourenço e oouviu rir e sorrir muitas vezes, com os outros,consigo mesmo, com as histórias que contava,com as suas curiosidades, com as manhas decontador, com os seus deleites e, para sempre,esta associação entre alegria e sagacidade,entre aquela extrema inocência que nos sur-preende nos muito sábios e aquela inimitável iro-nia, que nele era um sinal de maturação esabedoria”.

Sobre a ideia de Deus, Tolentino Mendonça re-cordou um episódio em que perguntaram aEduardo Lourenço o que pensava de Deus, aoque ele respondeu, abrindo com essa respostaum “alçapão”: “Sabe, mais importante do quedizer o que eu penso de Deus é saber o queDeus pensa de mim”.

Quase a terminar a missa, o cardeal patriarcade Lisboa, Manuel Clemente lembrou queEduardo Lourenço foi sempre movido por uma“inquietação profunda” e afirmou que, “na raia docéu onde finalmente chegou, agora tem aresposta, já sabe o que Deus pensa dele”.

As cerimónias fúnebres que decorreram noMosteiro dos Jerónimos contaram com a pre-sença do Presidente da Republica, MarceloRebelo de Sousa, e do primeiro-ministro, AntónioCosta.

Entre as várias personalidades que foramprestar a última homenagem ao ensaísta, encon-travam-se os escritores Lídia Jorge, Gonçalo M.Tavares, Pedro Mexia e Nuno Júdice, o presi-dente da Câmara Municipal de Lisboa, FernandoMedina, e o ex-presidente da República CavacoSilva.

A cantora Sara Carreira, filha do músico TonyCarreira, morreu no sábado, vítima de um aciden-te de viação.

A colisão entre quatro veículos ligeiros ocorreuàs 19:00 locais de sábado na Autoestrada (A1),que esteve cortada ao trânsito até às 00:51 entreos nós de Santarém e do Cartaxo, disse fonte daGNR à agência Lusa.

O acidente causou a morte da jovem de 21anos, cujo óbito foi declarado no local, e três feri-dos, um dos quais com gravidade.

O ferido grave e os dois ligeiros foram transpor-tados para o Hospital de Santarém, disse à Lusafonte do Centro Distrital de Operações de Socor-ro de Santarém.

No local, estiveram 30 operacionais e 11 viatu-ras, entre os quais meios dos bombeiros de Per-nes e de Santarém, dos Sapadores de Santarém,a Viatura Médica de Emergência e Reanimaçãode Santarém e a ambulância de Suporte Imediato

de Vida de Torres Novas.O acidente ocorreu no sentido Norte/Sul da A1,

via que se encontra cortada ao trânsito entre osnós de Santarém e do Cartaxo.

PRESIDENTE DA REPÚBLICA APRESENTACONDOLÊNCIAS À FAMÍLIA CARREIRA

O Presidente da República apresentou domingo"sentidas e amigas condolências" à família dacantora Sara Carreira, de 21 anos, filha do músi-co Tony Carreira, que morreu no sábado vítima deum acidente de viação.

"Neste momento de dor, luto e choque, apresen-tei as minhas sentidas e amigas condolências àfamília Carreira pela terrível perda", escreveuMarcelo Rebelo de Sousa, numa nota publicadano portal da Presidência da República na Inter-net.

Morreu em acidente de viaçãoa cantora Sara Carreira

Eduardo Lourenço: Cardeal Tolentino Mendonça dizque caixão do ensaísta "tem a forma de Portugal"

O Presidente da República afirmou que Por-tugal está muito grato ao ensaísta EduardoLourenço, ao ter dedicado "praticamente umséculo de serviço" ao país."Portugal está-lhe muito, muito grato. Foi pra-

ticamente um século de serviço à nossa pá-tria", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, quefalava aos jornalistas no final das comemo-rações do 1.º de Dezembro, em Lisboa.O Presidente da República realçou a "coin-

cidência simbólica" de "o maior pensadorsobre Portugal vivo" ter morrido no dia daRestauração da Independência."Quase que parecia que teria que ser assim",

acrescentou.Marcelo Rebelo de Sousa frisou que Eduardo

Lourenço "pensou Portugal durante toda avida".

"Escreveu sempre sobre Portugal, sobre oque é Portugal, sobre a história de Portugal, oque é ser português, qual é a nossa identi-dade, o que significamos hoje e no futuro etoda a vida foi verdadeiramente dedicada apensar sobre Portugal", realçou.

Marcelo salienta “praticamenteum século de serviço à Pátria”

FUNDADO EM 1963PELO COMENDADOR ANTÓNIO BRAZ

7 DE DEZEMBRO DE 2020ANO LVIII

DIRECTOR F. Eduardo Ouana ([email protected])

CHEFE DE REDACÇÃOMichael Gillbee ([email protected])

FOTOGRAFIACarlos Silva ([email protected])

SERVIÇO NOTICIOSO: AGÊNCIA LUSA

REPRESENTAÇÕES:PRETÓRIA - J. VICENTE DIAS

Tel. 012 543-2228 * Fax (012) 567-4827 * Cel. 082 414 6780DURBAN - JOÃO DE GOUVEIA - 082 974 8294

Corner Northern Parkway & Rouillard StreetOrmonde - Johannesburg

Telefones: 011 496-1650 * 011 496-2544(011) 496-2546 - Telefax: 011 496-1810

P.O.Box 16136 - Doornfontein 2028

PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO COMENDADORA PAULA CAETANO

O Presidente da República enviou na quinta-feira parao Parlamento o projecto de decreto que renova o estadode emergência de 9 a 23 de Dezembro, mas anunciandojá nova renovação até 7 de Janeiro de 2021.

"Depois de ouvido o Governo, que se pronunciou namesma noite em sentido favorável, o Presidente da Re-pública acabou de enviar à Assembleia da República,para autorização desta, o projecto de diploma renovan-do, pelo período de 15 dias, até 23 de Dezembro, o esta-do de emergência para todo o território nacional", lê-senuma nota divulgada no portal da Presidência da Repú-blica na Internet.

De acordo com a mesma nota, o Chefe de Estado en-viou este decreto "anunciando nova renovação até 7 deJaneiro, permitindo ao Governo adotar medidas neces-sárias à contenção da propagação da doença covid-19 edesde já anunciar medidas previstas para os períodos deNatal e Ano Novo".

Na exposição de motivos do projeto de decreto que se-guiu para o Parlamento, Marcelo Rebelo de Sousa es-creve que "é previsível" que a renovação do estado deemergência agora proposta "se tenha de estender pelomenos por um período até 7 de Janeiro, permitindo des-de já ao Governo prever e anunciar as medidas a tomardurante os períodos de Natal e Ano Novo, tanto mais quea boa notícia da vacinação só começará a ter repercus-são generalizada ao longo do ano de 2021".

"Tal implicará novo decreto presidencial, precedido deparecer do Governo e de autorização da Assembleia daRepública, já dentro de alguns dias", acrescenta.

O Chefe de Estado defende que a pandemia de covid-19 provocou em Portugal uma "situação de calamidadepública" que exige que se mantenha em vigor o estadode emergência, "para consolidar a actual trajectória" decontenção da propagação desta doença.

Invocando as posições assumidas por peritos, o Presi-dente da República refere que "a manutenção das res-trições visa permitir níveis mais baixos de novos casosde covid-19, e, em consequência, também menos admis-sões hospitalares e menos falecimentos, mantendo acapacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde(SNS) e do sistema de saúde em geral".

Marcelo Rebelo de Sousa adverte que os números deinfetados e de mortes devido à covid-19 são "ainda muitoelevados" e que, "muito embora se verifique umaevolução da tendência de descida", existem "clarosriscos de agravamento em caso de diminuição das medi-das tomadas para lhe fazer face".

"Com efeito, as apresentações dos peritos na reuniãono Infarmed de 3 de Dezembro indicaram que cerca deduas semanas após a declaração do estado de emer-gência, a 9 de Novembro, se começou a verificar ummenor índice de risco de transmissão efetiva da doença(Rt) e da taxa média de novos casos, em consequênciada limitação dos contactos pessoais, resultantes direta eindiretamente das medidas tomadas", aponta.

Este é o sexto diploma do estado de emergência deMarcelo Rebelo de Sousa no atual contexto de pandemiade covid-19, para vigorar entre 09 e 23 de dezembro, eserá debatido e votado na sexta-feira na Assembleia daRepública.

Uma posterior renovação por mais 15 dias que abranjao período do Natal e a passagem de ano vigorará de 24de Dezembro até 7 de Janeiro.O actual período de estado de emergência, que nos ter-

mos da Constituição só pode vigorar por 15 dias, semprejuízo de eventuais renovações, começou no dia 24 deNovembro e termina às 23:59 de terça-feira, 8 de De-zembro.

O respectivo decreto presidencial foi aprovado no Par-lamento com votos a favor de PS e PSD, abstenções deBE, CDS-PP e PAN e votos contra de PCP, PEV, Chegae Iniciativa Liberal.

O Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, prorrogouo Estado Nacional de Calamidade até 15 de Janeiro de2021. No seu discurso à Nação, na noite de quinta-feira,3 de Dezembro, anunciou restrições visando conter adisseminação do Covid-19, particularmente na zona me-tropolitana de Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth,com entrada em vigor a partir da meia-noite do mesmodia.

O Presidente disse que três áreas do país são particu-larmente preocupantes: Nelson Mandela Bay, o distritode Sarah Baartman em Eastern Cape e a Garden Routeem Western Cape.

Acrescentou que muitos factores contribuíram para osurto da pandemia, incluindo viagens inter e intra-provin-ciais, o movimento de trabalhadores sazonais, reuniõessociais, culturais e religiosas, frequentadas por mais pes-soas do que o permitido pelas restrições do Nível 1.

Funerais e festas foram apontados como eventos depropagação do vírus.

O Presidente disse que o internamento por álcool emhospitais têm reduzido a capacidade hospitalar.Ramaphosa disse que a falta de uso de máscara, a falta

de observância do distanciamento social e das regras dehigiene são os principais factores que contribuem para oressurgimento do vírus.

“Nosso principal problema é que há partes do nossopaís onde as pessoas não cumprem as restrições actu-ais e as medidas básicas de prevenção não estão a serseguidas.

A tarefa mais urgente que temos pela frente agora éconter o aumento das infecções nos distritos afectadosno Cabo Oriental e no Cabo Ocidental, e garantir queuma situação semelhante não se desenvolva em outraspartes do país", disse o Chefe de Estado.

“Devemos mudar o nosso comportamento agora paraevitar o ressurgimento do vírus e controlar os surtos ondequer que ocorram”, disse. “Se pensarmos nesta pande-mia como um incêndio florestal, precisamos extinguir ra-pidamente as erupções antes que se transformem emum inferno”.

Para fazer frente ao aumento das infecções, o governoterá que disponibilizar mais capacidade em hospitais eclínicas, expandir as medidas de teste, rastreamento decontacto, isolamento e quarentena.

Medidas adicionais nas áreas identificadas como‘hotspots’ de coronavírus serão implementadas.

Dentro de Nelson Mandela Bay, o recolher obrigatóriodesde sexta-feira é das 22 às 4 horas.A venda de bebidas alcoólicas é restrita das 10 horas às

18 horas, de segunda a quinta-feira. O consumo de ál-cool em espaços públicos é proibido.

As reuniões religiosas são restritas a 100 pessoasquando realizadas em ambientes fechados e 250 pes-soas quando realizadas ao ar livre.

Reuniões pós-funeral são proibidas.Foi anunciado que o ministro da Saúde, Zweli Mkhize,

visitaria o distrito de Sarah Baartman e a Garden Routepara avaliar a situação e se envolver com várias partesinteressadas na província.

Presidente sul-africano prorrogouEstado Nacional de Calamidade até 15 de Janeiro de 2021Nelson Mandela Bay sofre novas restrições

Presidente Marceloanuncia renovação doEstado de Emergênciaaté 7 de Janeiro

A Presidência sul-africana divulgouo seu primeiro relatório de progressosobre a implementação do ‘estímulopresidencial ao emprego’, que visavacriar ou apoiar 800.000 empregosdurante o ano financeiro actual.

Anunciado como parte do plano derecuperação económica pós covid-19 no país em Outubro, o PresidenteCyril Ramaphosa disse que o estí-mulo foi criado para responder aoaumento do desemprego causadopela pandemia.

Ramaphosa disse que isso estásendo alcançado por meio de umaexpansão "sem precedentes" do em-prego público e social, bem como pormeio da protecção de postos de tra-balho existentes em sectores vulne-ráveis e do apoio para meios de sub-sistência e oportunidades empresa-riais.

“Onze departamentos nacionais etodas as nove províncias são res-ponsáveis pela implementação deprogramas apoiados pelo estímuloao emprego”, disse a Presidêncianum comunicado tornado público naterça-feira, 1 de Dezembro.Como mostra o relatório de progres-

so, mais de 400.000 oportunidadesjá foram apoiadas, com vários pro-gramas em fase de recrutamento ouidentificação de beneficiários.

Ramaphosa disse que os progra-mas restantes estão todos no cami-nho certo para cumprir suas metas.Os programas que começaram atéagora incluem:

O Departamento de Educação Bá-sica começou a empregar 300.000assistentes de ensino e escolasgerais por toda a África do Sul, for-necendo apoio crucial para os esta-belecimentos, bem como experiênciavaliosa para jovens desempregados;O National Arts Council e a National

Film and Video Foundation lançaramconvites à apresentação de propos-tas para apoiar o sector criativo eproteger os empregos em institu-ições culturais;

O Departamento de Comércio, In-dústria e Concorrência expandiu oincentivo da Global Business Servi-ces para permitir a criação de empre-gos para jovens no sector de tercei-rização de processos de negócios(BPO);O Departamento de Obras Públicas

e Infraestruturas expandiu os seusprogramas de emprego público emágua e eficiência energética, gestãode instalações, gestão de resíduos eo programa Pontes Rurais de Weli-sizwe;O Departamento de Meio Ambiente,

Florestas e Pesca expandiu progra-mas de empregos públicos em ges-tão de recursos naturais, protecçãoambiental e infraestrutura;

A velocidade e a escala com que oestímulo ao emprego presidencial foiimplementado demonstra o compro-misso do governo em agir com ur-gência para apoiar a recuperaçãoeconómica da África do Sul.

Falando em movimentos significati-vos para a força de trabalho nota-seque no terceiro trimestre de 2020ocorreram algumas movimentaçõessignificativas no mercado sul-africa-no.

É importante também saber quetaxa de emprego na África do Sul foiem média 42,96 por cento de 2000até 2020, atingindo um recorde his-tórico de 46,17 por cento no quartotrimestre de 2008 e uma baixa re-corde de 36,26 por cento no segundotrimestre de 2020.Sublinhar que o país perdeu mais de

600 mil empregos no sector formaldurante o ‘lockdown’.

De acordo com dados divulgadospela Statistics South Africa (StatsSA), o sector formal não agrícola cor-tou 648.000 empregos no segundotrimestre de 2020.

No seu grosso, a economia sul-afri-cana reduziu 2,2 milhões de empre-gos no segundo trimestre, de acordocom os resultados da Pesquisa Tri-mestral da Força de Trabalho.

Durante as duas semanas finais do‘lockdown’ do Nível 5, quase metadedas empresas que responderam àpesquisa de impacto indicaram quehaviam encerrado temporariamente.Durante o Nível 4, outros indicadoresmostravam um padrão semelhante àmedida que a economia voltava à ple-nitude.Segundo os números, mesmo com a

vontade que tem, não é fácil com-preender como o nosso Presidentevai poder criar tantos postos de tra-balho, já que a confiar na área estatalas coisas não serão fáceis.

Com tanta burocracia e corrupçãonos sectores públicos, os jovens, quesão o principal alvo, sempre terãooportunidades que não vão passar depromessas.

Neste país, com tanta juventude for-mada e desempregada, arranjar em-prego, para muitos, não passa de so-nho. É preciso ter um padrinho naempresa ou então mexer no bolsodos pais e subornar alguém para fa-cilitar.

800.000 postos de trabalho, que aténão é muito, já que contamos milhõesde desempregados, durante o ano fi-nanceiro actual, deve ser apenassujar o papel branco com tinta preta enão passar disso.

Aliás, não é a primeira vez que oPresidente Ramaphosa fala nestecapítulo de tantos postos de trabalho.Acompanhamos durante a sua cam-panha, nos seus discursos no Parla-mento na Cidade do Cabo e nos en-contros com empresários.Claro que o sector privado, que tam-

bém não anda satisfeito com a situa-ção socio-económica do país, poderáser importante nos planos presiden-ciais.

Com a divisão dentro do partido nopoder, a classe privada demonstra re-ceio e fica à distância a aguardar odia de amanhã, dos bons tempospara poder investir no país arco-íris eum colosso na economia africana.

Nós, que temos emprego em firmasprivadas, devemos agradecer ao Se-nhor que está no Céu e a coragemque os nossos patrões têm em man-ter as suas firmas em plena activida-de, permitindo que as nossas famíliastenham o pão em cima da mesa eque os nossos filhos tenham oportu-nidade de se sentar numa carteira eestudar.

Eduardo Ouana

Sujar papel branco com tinta preta

Editorial

Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 7 DE DEZEMBRO DE 2020

Desportivo

Totoloto / Portugal

Lo

to /

Áfr

ica

do

Su

l

20 26 40 45 9

14 20 42 46 6

22

9

17

13

17

36

46

21

15

27

25

24

27

33

35 43 24

42

26

34

9

38

31

26

45

44

33 48

34 39

27 34 37 38 48 19

7

6

9

11

6

7

12

2

Equipas portuguesas brilharamna EuropaFC Porto na ‘Champions’Benfica e Braga naLiga Europapassaram à fase seguinte

Sporting escorregou

FC Portoapanhou susto

Benficasofreu em casa

2-2

4-3 2-1

2 O SÉCULO DESPORTIVO . 7 DE DEZEMBRO DE 2020

DESPORTO NA COMUNIDADE

Embora organizado com pouca antecedência,praticamente em cima da hora, não só corres-pondeu à expectativa, como até surpreendeu,tanto em colaboração, como no número de par-ticipantes na prova, o torneio de golfe promovidopela ACPP, disputado na penúltima sexta-feira,27 de Novembro, no Pretoria Golf Club, nele par-

ticipando um número a ultrapassar a centena decompetidores de diversas nacionalidades e lo-cais do Gauteng.

Iniciado perlas onze horas da manhã, antecedi-do da oferta de camisolas, e de bifanas pela or-ganizadora a todos os golfistas, vindo a terminarao fim da tarde, para à noite e no decorrer doconvívio, serem entregues os prémios corres-pondentes às classificações individuais e colecti-vas apuradas no final da prova.

Por duplas triunfou a constituída por Koos Bier-

man/Pieter Taljaard, classificando-se em segun-do lugar a de C. Theron/Gomez, na terceira po-sição a formada por J.Truter/Tutello, em quartoKoos Bierman/Pieter v/d Merwe, e em quinto

Damião de Freitas/Dawie Theron, enquanto indi-vidualmente triunfaram, em closest to de pin Jor-ge Ramos, e em longest drive Travin.

Após o jantar tipo self-service, contando-se en-tre os presentes o embaixador Manuel de Carva-lho, o seu adjunto Manuel do Val, e a presidentedos Lusíadas, Paula de Castro, usou da palavrao presidente da ACPP, Tony Oliveira, que come-çando por saudar a todos e destacar quem con-feccionou a boa refeição e decorou o salão dorestaurante ode se convivia, com a oferta do pãocaseiro por Lino Faria, tendo sempre a seu ladopara o ajudar na descrição em inglês, o presiden-te da Assembleia-Geral da Colectividade, CarlosCalado, com reconhecimento especial aos patro-cinadores que tivera para este torneio de golfe, asaber:

Jack da Silva e Carlos Ferreira as camas parao primeiro prémio; a José Dias Roda a carnepara as bifanas da manhã e espetadas do jantar,a Takealot as camisolas e os prémios dos bura-cos um e 18, a Christian Maiorana a bebida; aManny Jardim as caixas de refrigeração; a Car-los Calado os vários prémios individuais, assimcomo outras colaborações, não esquecendonesse prisma as dos irmãos Fernando e RicardoMaia, Elídio Cardoso, Manny Ferreirinha, Pauloda Silva, da Novo Mundo e o restaurante Por-tugalo, o apoio que sempre tem tido de sua espo-sa Elizabeth e de suas filhas, no desempenhodeste cargo directivo na ACPP, assim como a detodos que de uma maneira ou de outra consigotêm colaborado no apoio à Colectividade.

Depois da entrega dos prémios, aos primeirosclassificados, pelo embaixador Manuel de Car-valho, aos segundos pelo seu adjunto Manuel doVal, e aos terceiros pela presidente dos Lusía-

das, Paula de Castro, foi ali feito um interessanteleilão, após o que por Tony Oliveira foi em nomeda ACPP entregue à Associação de Bem Fazer“Os Lusíadas”, na pessoa da presidente que há

12 anos vem dirigindo esta instituição de bene-ficência, o donativo de dez mil randes destinadosa poder continuar a ajudar, como há muitos anoso vem fazendo, às famílias mais necessitadas daComunidade, gesto esse sublinhado de fortes

aplausos.Reconhecida ao donativo, Paula de Castro

agradeceu essa generosidade, assim comotodos os apoios que ao longo dos anos tem tidoda Academia do Bacalhau de Pretória, para com

esses donativos poderem continuar a ser aju-dadas as trinta e nove carenciadas famílias daComunidade, assim como a administração do larde idosos S. Francisco de Assis.

Como habitual nesta altura do ano, com a pan-

demia do Coronavírus, nem sequer foi possívelpromover o jantar de gala anual dos Lusíadas,donde vinha alguma receita, daí cada vez maisapreciadas estas ofertas, esperando que outras,no individual ou colectivo venham a seguir este

Mais de uma centena de participantes no Torneio de Golfe da ACP de Pretória

PRESIDENTES DOS LUSÍADAS, PAULADE CASTRO, E DA ACPP, TONY OLIVEIRA

EMBAIXADOR MANUEL DE CARVALHO COM OS VENCEDORES DO TOENEIO

PRESIDENTES DE DIRECÇÃO, TONY OLIVEIRA E DA ASSEMBLEI-GERAL, CARLOS CALADO, COM O PESSOAL INCANSÁVEL QUE CONFECCIONOU A REFEIÇÃO

EMBAIXADOR MANUEL DE CARVALHO E ADJUNTO MANUEL DO VAL FORAM OFERECIDOS CAMISOLASALUSIVAS AO TORNEIO DE GOLFE DA ACPP

Texto de Vicente Dias e fotos de Carlos Silva

7 DE DEZEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DESPORTIVO 3

LIGA DOS CAMPEÕES

Jogo disputado no Estádio do Dragão, no Porto.Ao intervalo: 0-0.Equipas:

FC Porto: Marchesín, Manafá (Nanu, 72),Mbemba, Diogo Leite, Sarr, Zaidu, Sérgio Olivei-ra, Uribe, Corona (Luis Díaz, 63), Marega (Eva-nilson,72) e Otávio (Fábio Vieira, 87).

Suplentes: Diogo Costa, Cláudio Ramos, LuisDíaz, Taremi, Nakajima, Romário Baró, João Má-rio, Felipe Anderson, Toni Martínez, Evanilson,Nanu e Fábio Vieira.Treinador: Sérgio Conceição

Manchester City: Ederson, João Cancelo,Rúben Dias, Eric García, Zinchenko, Rodri, Fer-nandinho, Bernardo Silva, Phil Foden, Sterling eFerrán Torres (Gabriel Jesus, 72).

Suplentes: Steffen, Carson, Walker, Stones,Ake, Gundogan, Gabriel Jesus, Laporte, DeBruyne, Mendy, Mahrez e Doyle).Treinador: Pepe Guardiola.

Árbitro: Björn Kuipers (Holanda).ACção disciplinar: cartão amarelo para Rodri (51)e Marega (68).Assistência: Jogo realizado à porta fechada de-vido à pandemia da covid-19.

O FC Porto garantiu na terça-feira o apuramen-to para os oitavos de final da Liga dos Campeõesde futebol, depois de conseguir um empate, semgolos, frente ao Manchester City, em jogo daquinta jornada do grupo C da competição.

Os ‘dragões' só precisavam de um ponto parapassar, pela 12.ª na sua história, à fase a elimi-nar da prova, e apesar de terem sofrido, peranteo ascendente do conjunto inglês que dispôs devárias oportunidades para marcar, seguraramcom ‘unhas e dentes' o resultado, com o decisivocontributo do guarda-redes Marchesin.

Com este resultado, o FC está em segundo nogrupo C, com 10 pontos, a três do líder Man-chester City, que já estava qualificado para osoitavos, enquanto que Olympiacos e Marselha,seguem no terceiro e quarto lugar, respectiva-mente, depois de os franceses terem vencido por2-1.Apesar de virem de três vitórias consecutivas na

competição, os ‘azuis e brancos' entraram no de-safio com dificuldades para suster o maior ba-lanço ofensivo dos ingleses, que desde cedo seinstalaram no meio campo contrário, pressionadoo último reduto portista.Ainda assim, os ‘dragões', com uma linha defen-

siva reforçada com três centrais - Mbemba, Dio-go Leite e Sarr - iam conseguindo suster os ím-petos iniciais do ‘City', que apresentou um ‘onze'sem algumas das suas principais figuras, mascom os portugueses João Cancelo, Rúben Diase Bernardo Silva nas escolhas iniciais.

À insistência ofensiva da formação de Man-chester, o FC Porto tentava responder em con-tra-ataque, e já depois 17 minutos ter reclamadouma grande penalidade, após o guarda-redesEderson ter abalroado Otávio, causou um pri-meiro calafrio na sequência de lançamento late-ral, que Sarr quase emendou.

No entanto, o ‘sinal mais' do desafio pertenciaaos britânicos, que percebendo que em jogadascorridas tinham dificuldades em abrir brechas nacoesa defensiva portista, começaram a exploraro remate de longe, com Sterling, aos 37, a tentara sorte, mas com o lateral Zaidu a afastar a bolaem cima da linha de golo.

Com voluntarismo, e algum sofrimento, os ‘dra-gões' foram arrastando o nulo, mas ainda antesdo intervalo, conseguiram deixar um alerta, numremate Sérgio Oliveira de longe, que saiu umpouco por cima.

O lance terá galvanizado o FC Porto para o re-gresso do descanso, surgindo então mais

desinibido as explorar os contragolpes, e com omesmo Sérgio Oliveira a protagonizar, de novo,um remate de longe, logo aos 51, desta feita paradefesa de Ederson.

Apesar deste bom regresso dos ‘dragões', oManchester City voltou a recuperar o controlo dodesafio e a pautar-se, novamente, como o con-junto mais perigoso, mas apanhando pela frenteo guarda-redes Marchesin em noite de particularinspiração.À passagem da hora de jogo, o guardião argen-

tino do FC Porto começou a brilhar, primeiro aotravar uma investida de Sterling, e, depois, aos71 a protagonizar uma defesa por instinto numpontapé de bicicleta de Ferrán Torres.

Nesta fase final do desafio, os ‘dragões' sofri-am, e embora não cedendo na sua organizaçãodefensiva, mostravam dificuldades para respon-der em contra-ataque, centrando as atenções emtapar os caminhos para a sua baliza, perante aconstante pressão dos ingleses.

A equipa de Manchester, aos 80, ainda chegoua introduzir a bola na baliza portista, num cabe-ceamento do recém-entrado Gabriel Jesus, maso tento acabaria anulado, pelo VAR, por fora dejogo de Bernardo Silva que tinha feito a assistên-cia para o golo.A decisão deu algum alento para o conjunto por-

tuguês aguentar a pressão final dos britânicos,que por Eric Garcia ainda teve duas boas oportu-nidades para desfeitear Marchesin, mas semconseguir inverter o ‘saboroso' nulo para o FCPorto, que lhe abriu as portas dos oitavos de finalda competição.

DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição (treinador do FC Porto): "Onosso processo defensivo, tirando um ou outromomento, sobretudo na segunda parte, foi, nogeral, muito bom. Conseguimos condicionar ojogo interior do adversário.

Sabíamos que seria um jogo difícil, contra umaequipa muito poderosa, mas podíamos ter de-finido melhor na nossa saída para o ataque, em-bora eles tivessem uma melhor reação à perdada bola, em comparação com o jogo em Man-chester.

Valeu o ponto conquistado, para mais uma vezchegarmos à fase final da prova.

Financeiramente e desportivamente é um obje-tivo importante, num momento difícil que quasetodos os clubes atravessam. Tivemos vários jo-gadores que pela primeira vez pisaram, este ano,um palco da Liga dos Campeões.

Defrontámos a equipa mais cara desta com-petição, e é normal que se sintam frustrados pornão ganharem a um adversário que, talvez, te-nha 10 por cento do orçamento deles.

O Marchesin teve uma boa exibição, mas fez aparte dele na equipa, pois está cá para isso. Ocomportamento global foi bom, mesmo peranteum peso diferente na arbitragem, tal como nojogo da primeira volta.Estamos satisfeitos por já ter conseguido o apu-

ramento a uma jornada do fim, e podermos fazera gestão da equipa no último jogo [frente aoOlympiacos, na Grécia]".

Pep Guardiola (treinador Manchester City):

"Jogamos bem e atacámos muito perante umadas melhores equipas de Portugal. São muito rá-pidos, com o Corona, Otávio e Marega. Não con-seguimos marcar, mas acabamos o grupo no pri-meiro lugar, que era o objectivo.Estamos satisfeitos com isso, assim como acho

que o FC Porto está. Mostrámos personalidade ecoragem, e não foi fácil perante um adversárioque muitas vezes teve oito jogadores na área.

O FC Porto mostrou ser muito forte e que as vi-tórias nesta competição são muito difíceis deconseguir. O Marchesin [guarda-redes do FCPorto] esteve excepcional, como já o tinha esta-do no jogo em Manchester".

0-0

FC Porto voluntarioso impôs nulo ao City e segue para os oitavos da ‘Champions’

4 O SÉCULO DESPORTIVO . 7 DE DEZEMBRO DE 2020

4-0

I LIGA PORTUGUESA

Jogo realizado no Estádio da Luz, em Lisboa.Ao intervalo: 1-0.Marcadores:1-0, Vertonghen, 36 minutos.2-0, Darwin, 57.3-0, Pizzi, 58.4-0, Weigl, 89.

Equipas:

- Benfica: Vlachodimos, Gilberto, Otamendi,Vertonghen, Grimaldo, Gabriel, Chiquinho (Weigl,60), Rafa (Cervi, 77), Everton (Pedrinho, 70),Pizzi (Waldschmidt, 60) e Darwin (Seferovic, 60).

Suplentes: Helton Leite, João Ferreira, Jardel,Ferro, Nuno Tavares, Weigl, Diogo Gonçalves,Pedrinho, Cervi, Waldschmidt, Gonçalo Ramos eSeferovic.Treinador: Jorge Jesus.

- Lech Poznan: Filip Bednarek, Bogdan Butko,Lubomir Satka, Tomasz Dejewski, TymoteuszPuchacz, Karlo Muhar, Filip Marchwinski (JakubModer, 82), Michal Skoras (Alan Czerwinski, 63),Jan Sykora (Vasyl Kravets, 63), MuhamadAwwad (Dani Ramírez, 63) e Nika Kacharava(Mikael Ishak, 42).

Suplentes: Marko Malenica, Alan Czerwinski,Thomas Rogne, Vasyl Kravets, Jakub Moder,Dani Ramírez, Jakub Kaminski e Mikael Ishak.Treinador: Dariusz Zuraw.

Árbitro: Srdjan Jovanovic (Sérvia).Acção disciplinar: Cartão amarelo para NikaKacharava (02) e Filip Marchwinski (72).Assistência: Jogo realizado à porta fechada de-vido à pandemia de covid-19.

Golos de Vertonghen, Darwin, Pizzi e Weigl co-locaram quinta-feira o Benfica nos 16 avos definal da Liga Europa de futebol na recepção vito-riosa (4-0) aos polacos do Lech Poznan, em jogoda quinta jornada do grupo D.O triunfo ‘encarnado’ começou a ser desenhado

no primeiro tempo, com Vertonghen a inauguraro marcador, aos 36 minutos, tendo depois, nasegunda parte, Darwin Núñez, aos 57, e Pizzi, 58dilatado a contagem para, aos 89, Weigl assinara conquista dos três pontos.

Com este resultado, o Benfica soma agora 11pontos, tantos quanto os escoceses do Rangers,que venceram os belgas do Standard de Liège(3-2) e que também seguem em frente na LigaEuropa.

Na próxima jornada, agendada para 10 de De-

zembro às 17:55, ‘encarnados’ e escoceses ‘tro-cam’ de adversários, jogando ambos fora decasa.Em relação ao último jogo com o Marítimo (vitó-

ria, por 2-1), Jorge Jesus mexeu apenas no ata-que. Colocou em campo Chiquinho e Darwin,que recuperou da infeção pelo novo coronavírus,para os lugares de Waldschmidt e Seferovic.

Beneficiando das alterações profundas dos po-lacos, que, em relação ao triunfo frente ao LechiaGdansk (1-0), deixaram sete jogadores de forad a

equipa titular, entre os quais o português PedroTiba, o Benfica entrou melhor no encontro, a ocu-par bem os espaços e a ter o domínio de bola.Contudo foi necessário esperar 21 minutos para

ver a primeira oportunidade de golo, quandoPizzi surgiu em frente ao guarda-redes, mas per-mitiu a defesa de Bednarek e na recarga Darwinrematou por cima.

O golo acabaria por surgir, aos 36 minutos,quando Vertonghen surgiu nas costas de Satkae, de cabeça, fez o 1-0 na sequência de umcanto cobrado por Pizzi, na direita.

Sem alterações ao intervalo nas duas equipas,o Benfica continuou a carregar, com uma circu-lação de bola mais rápida, e Pizzi, aos 48, tentoua sorte com um remate de fora da área, mas abola acabaria por sair ao lado do poste esquerdoda baliza polaca.Numa má reposição do guarda-redes Bednarek,

Gabriel ganhou a bola no meio campo, passoupara Darwin, que triangulou com Pizzi, e na gran-de área, de pé direito, fez o 2-0, aos 57 minutos.

Ainda os polacos não tinham digerido o segun-

do golo sofrido e Pizzi, aos 58 minutos, fazia o 3-0, depois de Chiquinho ter recuperado a bola eservido Rafa, que abriu na direita para o capitãodos ‘encarnados’, com um remate cruzado, baterBednarek.

Com o triunfo na mão, o treinador Jorge Jesuscomeçou a gerir a equipa a pensar no jogo como Paços de Ferreira (domingo na Luz às 20:00,para a nona jornada da I Liga) e, entre os 59 e 77minutos, mudou toda o setor ofensivo - Pizzi,Darwin, Chiquinho, Everton e Rafa - e chamou

ao jogo, Waldschmidt, Seferovic, Weigl, Pedrinhoe Cervi, respetivamente.Ao cair do pano, Weigl pegou na bola, subiu no

terreno de jogo, deixou um polaco pelo caminhoe rematou sem hipóteses para Bednarek, com abola ainda a bater no poste antes de entrar.

Antes do apito final Dani Ramirez esteve pertode fazer o tento de honra, aos 90+3, mas viu oposte da baliza a cargo de Vlachodimos negar-lhe o golo.

DECLARAÇÕES

Jorge Jesus (treinador do Benfica): “O objec-tivo foi atingido, que era fechar o apuramento.Fizemos por isso, tornámos o jogo fácil. Podía-mos ter feito mais um ou outro golo. Tivemosperíodos de qualidade técnica na zona de de-cisão, que é a zona mais difícil de se jogar.Quando as minhas equipas têm estes momen-tos, são sinais que me dão de que estão muitoconfiantes.

Não sofremos golos, é verdade que este adver-

sário não criou muitas dificuldades. Passámos amaior parte do jogo no meio campo adversário, aatacar ou a defender. Assumimos essa respon-sabilidade, queremos defender com poucosjogadores e não com muitos e, se possível, ata-car com muitos. É uma ideia que queremos incu-tir e a ideia está a crescer.A Liga Europa já não é tão fácil como era há uns

anos. Quem chegar aos ‘quartos’ e ‘meias’, vaiser uma ‘Champions’. Vai ser difícil, mas acredi-tamos no nosso potencial e, quando chegarem

esses momentos, estaremos muito mais fortesdo que hoje (quinta-feira).

[Sobre o último jogo no reduto do Standard Liè-ge] Com mais uma vitória, tens a percentagemdo ‘ranking’ da UEFA, que é muito importante.Estamos a chegar perto da França e a distancia-rmo-nos da Rússia. Temos um jogo a seguir parao campeonato e, como já fechámos o apuramen-to, vou rodar a equipa. Quantos mais jogadoresestiverem em competição, melhor para o grupo.Ser primeiro ou segundo tem influência nosorteio, mas não se pode ter tudo ao mesmotempo e temos de fazer escolhas.

Começámos a trabalhar com o grupo todo nosúltimos três dias, com os que estavam com prob-lemas de covid-19 e aqueles com lesão muscu-lar. O ambiente da equipa ficou mais feliz. Estesjogos dão mais competitividade a alguns joga-dores que não têm jogado tanto, para podermosmodificar nos próximos jogos e não sentir quealguns não têm o andamento necessário paraesses mesmos jogos.O Julian [Weigl] não dava para jogar muito mais

tempo, está a treinar há quatro dias e acho que,neste espaço, jogou dentro do nível que ele sabejogar. A grande qualidade do Julian é ofensiva-mente, tem uma qualidade de passe extra-ordinária e joga numa posição que exige umaintensidade muito forte defensivamente. É umjogador, dentro daqueles que o Benfica tem noseu plantel, que vai ter de lutar pelo seu lugar. Aconcorrência de uma grande equipa é assim.”

Dariusz Zuraw (treinador do Lech Poznan):“A primeira parte não foi tão má da nossa parte,foi uma pena sofrermos o golo. Na segundaparte, tivemos dois grandes erros na saída debola. O Benfica começou realmente a lançar-se,a jogarem mais livres e não conseguimos chegara esse nível de jogo que o Benfica apresentou.Ganhou a melhor equipa e o Benfica teve umavitória merecida.

Não queremos estar apenas na defesa para nãosofrer golos, queremos jogar e, às vezes, paga-mos caro. Contra uma tão boa equipa como oBenfica, os nossos erros custaram muito.

Esta equipa do Benfica podia jogar na Liga dosCampeões. É difícil para nós um adversáriodeste calibre. Somos uma equipa mais pequenaaqui na Liga Europa e estamos a jogar contrauma equipa de topo.”

Benfica goleou Lech Poznan

7 DE DEZEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DESPORTIVO 5

LIGA EUROPA

Estádio Olímpico de Atenas.Ao intervalo: 1-3.Marcadores:0-1, Tormena, 7 minutos.0-2, Esgaio, 9.1-2, Nélson Oliveira, 31.1-3, Ricardo Horta, 45.1-4, Galeno, 83.2-4, Stavros Vasilantonopoulos, 89.

Equipas:

- AEK Atenas: Panagiotis Tsintotas, MichalisBakakis (Stavros Vasilantonopoulos, 46), NassimHnid, Inout Nedelcearu, Emanuel Insua, CostasGalanopoulos, André Simões, Petros Mantalos(Levi Garcia, 74), Christos Albanis (Muamer Tan-kovic, 60), Marko Livaja e Nélson Oliveira (KarimAnsarifard, 60).

Suplentes: Giorgos Athanasiadis, GeorgiosTheocharis, Levi Garcia, Karim Ansarifard, ZigaLaci, Muamer Tankovic, Stratos Svarnas, MarioMitaj, Anel Sabanadzovic, Theodosios Machai-ras, Ionnis Foivos Botos, Stavros Vasilantono-poulos.Treinador: Massimo Carrera.

- Sporting de Braga: Matheus, Esgaio, Torme-na, Bruno Viana (David Carmo, 46), Sequeira,Castro (João Novais, 78), Al Musrati (Fransérgio,57), Iuri Medeiros (André Horta, 57), Galeno,Ricardo Horta e Paulinho (Schettine, 71).

Suplentes: Tiago Sá, Rogério Santos, Zé Car-los, David Carmo, Raul Silva, João Novais, Fran-sérgio, André Horta, Hernâni, Schettine e AbelRuiz).Treinador: Carlos Carvalhal.

Árbitro: Georgi Kabakov (Bulgária).Acção disciplinar: cartão amarelo para BrunoViana (30), Al Musrati (50), Stavros Vasilantono-poulos (58), Emanuel Insua (70), Esgaio (74),Castro (74) e Petros Mantalos (74).Assistência: Jogo realizado à porta fechada de-vido à pandemia de covid-19.

O Sporting de Braga venceu na quinta-feira,fora, o AEK Atenas por 4-2 e garantiu o apura-mento para os 16 avos de final da Liga Europade futebol, num jogo em que foi quase sempremuito superior.

Com esta vitória, e a derrota do Leicester emcasa do Zorya (1-0), o Sporting de Braga podeainda almejar o primeiro lugar no grupo, pre-cisando para isso de fazer mais pontos que osingleses na última ronda do grupo, na próximaquinta-feira (Sporting de Braga recebe o Zorya eo Leicester o AEK Atenas).Tormena (sete minutos), Esgaio (nove), Ricardo

Horta (45) e Galeno (83) marcaram para os bra-carenses, tendo Nélson Oliveira (31) e Vasilan-tonopoulos (89) reduzido para os gregos.

O Sporting de Braga voltou a mostrar 'estofo'europeu e, com muita naturalidade e autoridade,impôs-se na Grécia, virando agora 'agulhas' paraa I Liga, na qual é segundo classificado.Carlos Carvalhal fez apenas duas alterações re-

lativamente ao último ‘onze', dando a titularidadea Tormena e Al Musrati, enquanto o treinador ita-liano da equipa grega, Massimo Carrera, cumpriuo que dissera na véspera e, tendo em vista ojogo do campeonato de domingo, o dérbi com oPanathinaikos, mudou seis jogadores, mais demeia equipa.

Consequência ou não disso, a verdade é que oSporting de Braga entrou muito forte, a ‘asfixiar'o AEK Atenas, e antes ainda dos 10 minutos, jáestava a ganhar por 2-0.Após um cruzamento ‘açucarado' de Iuri Medei-

ros, na sequência de um canto curto, Tormena,sem oposição, fez o primeiro e, logo a seguir,Esgaio apenas empurrou para o fundo da balizaa assistência de Galeno, que tinha fugido pelaesquerda.

O AEK Atenas reagiu: Nélson Oliveira falhou deforma incrível o 1-2 (19) e Livaja, de cabeça,ficou muito perto do golo, mas Matheus, com

uma grande defesa impediu-o (22).O Sporting de Braga parecia ‘adormecido' à

sombra da vantagem madrugadora no jogo e aequipa da casa marcou mesmo aproveitando umerro grosseiro de Tormena.

O central brasileiro fez um mau atraso paraMatheus, permitindo a interceção ao internacio-nal português Nélson Oliveira, que marcou de-pois de ladear o guarda-redes bracarense.

Só depois do golo grego é que o Sporting deBraga voltou a tomar as rédeas do jogo e Gale-no, que fez uma grande exibição com ação dire-ta em três golos (duas assistências e um golo),voltou a acelerar pela sua ala e serviu RicardoHorta que fez o seu 12.º golo europeu pelos‘arsenalistas', igualando Paulinho na liderançados melhores marcadores bracarenses nas com-petições europeias.

O ritmo baixou na segunda parte, com os min-hotos a controlarem a partida e Carlos Carvalhala ir refrescando a equipa, tendo em vista o cam-peonato.

Aos 82 minutos, Ricardo Horta falhou o quartogolo dos minhotos, mas um minuto depois,Galeno rematou de fora da área, um grande golodo extremo/avançado brasileiro.

Até ao final, Ricardo Horta voltaria a falhar nacara do guardião Tsintotas e, aos 89 minutos,Vasilantonopoulos rematou cruzado, a bola ba-teu em Sequeira traindo Matheus e sentenciandoo resultado final.

DECLARAÇÕES

Carlos Carvalhal (treinador do Sporting deBraga), em declarações à Sportv): "Parabénsaos meus jogadores, têm sido uns bravos, unscampeões, num ciclo de jogos muito exigente aresposta tem sido muitíssimo boa.

Foi um jogo muito bem conseguido da nossaparte, ganhámos, marcámos quatro golos, játemos 12 golos nesta competição, é a UEFA[Liga Europa], não é propriamente o campeona-to distrital de Braga, com grandes equipas, comoo Leicester, o AEK, o Zorya também é umaequipa complicada.

Foi um jogo em que vencemos bem, fizemos o2-0, explorámos as debilidades do adversárioque, sabíamos que, assim como tem dificuldadesatrás, é muito perigoso na frente, e conseguimosuma vitória, boa, justa, por números ajustados.(Primeiro lugar do grupo ainda é possível) Neste

momento, vou seguir a nossa linha que é prepa-rar o jogo de domingo com o Belenenses SAD, ojogo mais importante da nossa vida porque é opróximo, o foco está todo aí. Depois, teremosmais um jogo da Liga Europa e, como em todos,vamos abordá-lo para conseguir os três pontos.

(Qualificação dá confiança à equipa em buscade títulos?) No dia em que o Sporting de Bragativer um terço do impacto nos media daquele queem, Portugal, se denomina os ‘grandes', aí nóspodemos começar a aproximar o Braga dessasequipas. Até lá, é só retórica. Temos uma cultura

e vivemos sobre o impacto de tudo o que dizrespeito a três equipas [Benfica, FC Porto eSporting], os investimentos estão todos lá, recor-do que o Sporting de Braga, ao invés de milhõesde investimento, gastou 100 mil euros, foi esse ovalor que o Sporting de Braga investiu até aomomento, temos vindo a aproveitar jovens danossa formação e, acima de tudo, estamosempenhados em fazer o nosso melhor jogo ajogo, com muita humildade e capacidade dosnossos jogadores, e não se fala mais nada doque isso".

Ricardo Horta (jogador do Sporting de Bragaà Sportv): "É uma passagem mais do que mere-cida, era um nosso objetivo e foi alcançado.Entrámos muito bem no jogo, fizemos dois golose depois ficámos um bocado apáticos. Mas,depois, reagimos e acabámos com uma vitóriafolgada.

Não creio que seja cansaço, as pessoas nãoviam pela televisão, mas o terreno estava quaseimpraticável, um campo muito mau para umacompetição destas, mas na segunda parte jávoltámos ao jogo como queríamos.

Primeiro lugar do grupo? O nosso objectivo erao apuramento e isso está conseguido, se con-seguirmos ficar em primeiro lugar, era a cereja notopo do bolo".

Ricardo Horta igualou o companheiro de equi-pa Paulinho como melhor marcador do Spor-ting de Braga nas taças europeias de futebol,com 12 golos, ao apontar o terceiro dos ‘arse-nalistas’ no campo do AEK Atenas (4-2).No encontro da quinta jornada do Grupo G da

Liga Europa que valeu aos bracarenses umlugar nos 16 avos de final, o avançado lusofaturou aos 45 minutos, num jogo em que Pau-linho, também titular, ficou em ‘branco’, sendosubstituído aos 71.

Ricardo Horta somou um golo em 2016/17,um em 2017/18, dois em 2018/19, seis em2019/20 e tem agora dois em 2020/21, umavez que também havia marcado na receçãoaos gregos (3-0).

Por seu lado, Paulinho, que recentemente seestreou como internacional ‘AA’ com um ‘bis’,apontou três em 2017/18, a sua época de es-treia pelos minhotos, ficou em ‘branco’ em

2018/19, chegou aos seis na temporada transatae leva três em 2020/21.Com os tentos apontados na presente edição da

Liga Europa, Ricardo Horta e Paulinho deixarampara trás o brasileiro Alan, que, entre 2008/09 e2015/16, marcou 11 golos, seis na Liga dosCampeões, um na Taça UEFA e quatro na LigaEuropa, o último num triunfo em Marselha, por 3-2, em 22 de outubro de 2015.

- ‘Ranking’ dos melhores marcadores doSporting de Braga nas taças europeias defutebol:

1. Paulinho 12 golos (2018/21)Ricardo Horta 12 (2016/21)3. Alan, Bra 11 (2008/16)4. Lima, Bra 9 (2010/12)5. Roland Linz, Aut 8 (2007/09)Matheus, Bra 8 (2008/11)

Sporting de Braga garantiu apuramento em Atenas

2-4

Ricardo Horta iguala Paulinho como 'rei' dos marcadores do Braga na Europa

I LIGA PORTUGUESA

6 O SÉCULO DESPORTIVO . 7 DE DEZEMBRO DE 2020

2-2Jogo disputado no Estádio Municipal de Fa-malicão.Ao intervalo: 1-2.Marcadores:0-1, Pedro Gonçalves, 37 minutos.1-1, Gustavo Assunção, 43.1-2, Pedro Porro, 45+4.2-2, Jhonata Robert, 89.

Equipas:

- Famalicão: Luiz Júnior, Edwin Herrera, Babic,

Riccieli (Jhonata Robert, 82), Gil Dias, GustavoAssunção, Joaquín Pereyra (Iván Jaime, 60),Bruno Jordão (Patrick William, 82), Valenzuela,Leonardo Campana (Trotta, 60) e Ruben Lamei-ras (Neto, 60).

Suplentes: Zlobin, Morer, Trevisan, JhonataRobert, Iván Jaime, Neto, Trotta, Jorge Ferreira ePatrick William.Treinadores: João Pedro Sousa.

- Sporting: Adán, Pedro Porro, Neto, Coates,Feddal, Antunes (Borja, 82), Palhinha, João Mário(Matheus Nunes, 82), Pedro Gonçalves, NunoSantos (Tabata, 72) e Sporar (Tiago Tomás, 63).Suplentes: Maximiano, Tabata, Matheus Nunes,

Tiago Tomás, Borja, Pedro Marques, GonçaloInácio, Daniel Bragança e Eduardo Quaresma).Treinador: Rúben Amorim.

Árbitro: Luís Godinho (AF Évora)Acção disciplinar: cartão amarelo para LeonardoCampana (9), Pedro Gonçalves (23 e 80), Joa-quín Pereyra (45+3), Nuno Santos (45), Riccieli(45), Gustavo Assunção (68), Babic (74), JhonataRobert (83), Palhinha (88). Cartão vermelho poracumulação de amarelos para Pedro Gonçalves(80). Cartão vermelho direto para Rúben Amorim(90+3).

Assistência: Jogo realizado à porta fechada de-vido à pandemia de covid-19.

Famalicão e o líder Sporting empataram sábado2-2, num jogo da nona jornada da I Liga portugue-sa de futebol, no qual a equipa da casa garantiuum ponto já perto do final do encontro.

O Sporting, que falhou uma grande penalidade,sofreu um golo devido a um erro do guarda-re-des, conseguiu estar sempre na frente, atémesmo na qualidade apresentada dentro do cam-po. No entanto, nos minutos finais deixou escapara vitória. O Famalicão empatou, mas os ‘leões’responderam com um golo que acabou por seranulado por Luís Godinho, com ajuda do videoár-bitro.

O líder entrou melhor na partida e convicto emresolver cedo o encontro, encontrando pela frenteum Famalicão fragilizado pela derrota, por 2-0,em Paços de Ferreira, na última jornada. A equipacomandada por João Pedro Sousa apresentou-se

frágil, nervosa e com uma dificuldade evidenteem avançar em termos ofensivos.Ainda assim, e face à supremacia leonina, valeu

uma boa exibição de Luiz Júnior para que oFamalicão não sofresse mais cedo o golo.Logo aos 21 minutos, depois de uma falta impru-

dente de Riccieli sobre Nuno Santos, o árbitronão hesitou em assinalar o castigo máximo paraa formação da casa. O avançado foi chamado amarcar, mas o guardião famalicense adivinhou olado e defendeu.

Luiz Júnior voltou a estar em destaque aos 32minutos, ao voltar a negar o golo após um rematedo meio da rua de Palhinha.

Mas a pressão do Sporting intensificou-se cadavez mais e o golo acabou por surgir aos 37 minu-tos. Pedro Gonçalves, que no início da época setransferiu do Famalicão para a equipa ‘leonina,inaugurou o marcador com um remate colocado àentrada da área. O jogador, que somou o 10.ºgolo no campeonato, não festejou.Ainda assim, contra a tendência do jogo, e ainda

sem ter criado qualquer perigo, o Famalicão re-pôs a igualdade já perto do intervalo por intermé-dio de Gustavo Assunção. Aos 43 minutos, após

um livre na esquerda, o guarda-redes sportinguis-ta saiu em falso e Assunção aproveitou e marcoude cabeça.

O Sporting inconformado não descansou en-quanto não regressou à liderança do encontro e,em tempo de compensação, Pedro Porro fez osegundo. Na marcação de um livre, a bola saiucolocado ao ângulo superior esquerdo, sem darqualquer hipótese de defesa a Júnior.

A segunda parte começou com mais um bomapontamento do guardião famalicense que de-fendeu mais um remate perigo de Pedro Gonçal-ves.No entanto, neste período, o jogo aqueceu, com

o Famalicão a fazer alterações e a conseguiralterar a dinâmica, trazendo mais equilíbrio. E, defacto, os minutos finais do encontro foram re-cheados de emoção.

A juntar ao acordar do Famalicão, o Sporting fi-cou reduzido a 10 jogadores quando Pedro Gon-çalves viu o segundo amarelo e foi expulso dapartida.

A partir desse momento, a equipa da casa con-seguiu criar mais situações de golo e o empatenão tardou em acontecer. A um minuto dos 90,Jhonata, que havia entrado para substituir Ric-cieli, na marcação de um livre direto não deu hi-pótese a Adán e repôs a igualdade.

Na resposta, o Sporting ainda voltou a marcar,por intermédio de Coates, mas o árbitro, depoisde consultar o VAR, anulou o golo. Uma decisãoque deixou Rúben Amorim agastado, acabandopor ser expulso por palavras dirigidas ao árbitro.

Ainda antes do final, em tempo de compensa-ção, Valenzuela teve oportunidade de colocar oFamalicão na frente, mas Adán negou essa hi-pótese.

O jogo acabou com os ânimos exaltados nasduas equipas e a confusão prolongou-se até aosbalneários.

Com este empate o Sporting soma 23 pontos econtinua no primeiro lugar da I Liga. Por sua vez,o Famalicão é nono classificado.

DECLARAÇÕES

- João Pedro Sousa (treinador do Famalicão):"Foi um jogo muito exigente e complicado.Jogámos com uma equipa com uma riqueza táti-ca muito grande e que dominou o jogo. Na pri-meira parte não permitimos ao Sporting criaroportunidades. Estivemos muito bem nesseaspeto. No entanto fomos para o intervalo a per-der 2-1.

Na segunda parte, tentando, mas não conse-guindo, chegar com mais homens à área do Spor-ting, fomos permitindo mais espaço ao adversárioe isso podia fazer com que aumentassem a van-tagem.

Fomos acreditando que podíamos entrar nova-mente no jogo. Chegamos ao 2-2 e tivemos umaoportunidade de chegar à vitoria já no minutofinal, mas se acontecesse esse golo seria injusto.

Penso que foi um resultado justo. O Sporting foisuperior.

Temos a consciência que as coisas não aconte-cem de um dia para o outro. O que aconteceu deestranho e anormal foi no ano passado. Este anoestão a acontecer normalmente. Precisamos detrabalhar, sabemos os problemas que temos. Ascoisas não se vão resolver numa semana nemduas. Temos uma equipa muito jovem. Tenho umorgulho muito grande na minha equipa, jogadorescom muita qualidade e que vão ser reconhecidos.

Pagam-nos para trabalhar e ganhar os jogos. Éisso que tentamos fazer. Mas também temos aconsciência que é difícil conseguir nos jogostodos. O empate com o Sporting foi um resultadopositivo.

Sobre o fim do jogo, quando dizem que este tipode situações são normais no futebol eu não con-cordo. A educação das pessoas tem de ser sem-pre a mesma, seja no futebol ou noutra atividadequalquer. Os jogadores têm de ter juízo, os treina-dores têm de ter muito juízo e os dirigentes têmde ter muito, muito juízo. Eu, como estou na in-dústria, sinto vergonha do que se passou. Achoque se queremos vender um produto como o fute-bol, temos de vender às famílias, às televisões,ao estrangeiro. Não podemos fazer coisas comoa que fizemos hoje. Peço desculpa às pessoasporque de facto é lamentável e sinto-me enver-gonhado por aquilo que aconteceu".

- Rúben Amorim (treinador do Sporting): "Foiextremamente injusto pelo que fizemos, dominá-mos completamente. O Famalicão teve duasbolas paradas, nós falhámos o penálti e não con-seguimos. Foi muito injusto. Merecíamos a vitó-ria, jogámos muito melhor. O Famalicão quasenão fez nada, limitou-se a tentar sair e nem issoconseguiu fazer. Foram dois pontos perdidos.

Ainda não vi o lance do golo anulado. No jogopareceu claramente limpo, em situação com joga-dores no ar. Não sei se não se tocam, pareceulimpo, mas não contou.

A expulsão pesou, claramente. Estávamos porcima do jogo. Houve a expulsão e complicou-setudo. Houve o livre, deu em golo, ainda marcá-mos, mas não chegou. Teve peso no jogo, sim.São menos dois pontos. Ganhámos um ponto, é

essa a consequência[Expulsão no final e confusão no túnel] Situação

normal, estamos a viver o jogo 80 e tal minutos...Nem sei o que disse. Festejei o golo e depois sãosituações do jogo. No túnel foi mais do mesmo,tive de ir buscá-los lá fora. Esta equipa se é paraser com um, vamos todos, mas não se passounada de mais".

Famalicão garantiu empate nos minutos finais frente ao Sporting

Leia e divulgue O Século de Joanesburgo

7 DE DEZEMBRO DE 2020 . O SÉCULO DESPORTIVO 7

I LIGA PORTUGUESA

4-3Jogo no Estádio do Dragão, no Porto.FC Porto - Tondela, 4-3.Ao intervalo: 2-2.Marcadores:1-0, Zaidu, 04 minutos.1-1, Mario González, 20.1-2, Rafael Barbosa, 33.2-2, Marega, 36.3-2, Marega, 48.4-2, Taremi, 56.4-3, Mario González, 74.

Equipas:

- FC Porto: Marchesín, Wilson Manafá, Mbem-ba, Sarr, Zaidu, Otávio (Corona, 83), Sérgio Oli-veira (Fábio Vieira, 66), Uribe, Luis Díaz (Nakaji-ma, 66), Marega (Marko Grujic, 83) e Taremi(Evanilson, 66).

Suplentes: Diogo Costa, Nanu, Diogo Leite,Marko Grujic, Fábio Vieira, Corona, Evanilson,Nakajima e Toni Martínez.Treinador: Sérgio Conceição.

- Tondela: Niasse, Tiago Almeida (Bebeto, 72),Abdel Medioub, Yohan Tavares, Enzo Martínez,Filipe Ferreira (Khacef, 85), João Pedro (JoãoMendes, 72), Jaume Grau, Pedro Augusto, MarioGonzález e Rafael Barbosa (Souley, 85).

Suplentes: Pedro Trigueira, Bebeto, Jota Gon-çalves, Khacef, Jaquité, João Mendes, Jhon Mu-rillo, Tomislav Strkalj e Souley.Treinador: Pako Ayestarán.

Árbitro: Tiago Martins (AF Lisboa).Acção disciplinar: cartão amarelo a Abdel Me-dioub (39), Uribe (40 e 90+3), Pedro Augusto(62), Evanilson (79), João Mendes (79), JaumeGrau (83) e Enzo Martínez (90+1). Cartão ver-melho por acumulação de amarelos para Uribe(90+2).Assistência: Jogo realizado à porta fechada dev-ido à pandemia de covid-19.

O FC Porto venceu, no sábado o Tondela, por 4-3, em partida da nona jornada da I Liga por-tuguesa de futebol, em que os ‘dragões’ aindapassaram por alguns sustos perante o eficazcontra-ataque dos beirões, que chegaram a lide-rar o marcador.

Zaidu, logo aos quatro minutos, Marega (36 e48) e Taremi (56) apontaram os golos do triunfodo FC Porto, mas, pelo meio, o Tondela foireagindo com os tentos de Mário González (20 e74) e Rafael Barbosa (33), que na primeira parteaté permitiram uma reviravolta no marcador.

Com este resultado, o FC Porto soma 23 pon-tos, encurtando a desvantagem para o líderSporting, que depois do empate com o Famali-cão, tem mais quatro.

Já o Tondela, que somou a segunda derrotaconsecutiva, mantém-se em 14.º com oito pon-

tos, mais um que as equipas que estão nos luga-res de despromoção.

O mote para uma primeira parte que se viria arevelar frenética foi dado logo aos quatro minu-tos, por Zaidu, que ainda com o jogo ‘a frio’, inau-gurou marcador, numa finalização oportuna,após contra-ataque trabalhado por Taremi eOtávio.Apesar da madrugadora desvantagem, o Tonde-

la manteve a defesa reforçada com três centrais,que foi dando conta das subsequentes vagas doataque portista, onde Marega e Taremi, atacan-tes que pela primeira vez a jogarem juntos de iní-cio, foram desperdiçando oportunidades.Apesar mais acometidos à sua área, os beirões

acabaram por ser cirúrgicos na primeira vez queconseguiram armar um contra-ataque, aos 20minutos, na sequência de uma perda de bola deSérgio Oliveira, com Rafael Barbosa e conduzir ejogada e Mário González finalizá-la, com frieza,no empate.

O FC Porto, que não sofria golos há quatrojogos consecutivos, acusou o atrevimento doTondela e mostrou-se muito trapalhão na tentati-va de recuperar a dianteira, apesar da insistênciade Otávio e Uribe, num par de lances.

Do outro lado, o Tondela mantinha-se em alertaàs brechas que os ‘dragões’ concediam quandose balanceavam no ataque, algo que viria acon-tecer, já aos 33 minutos, quando, em mais umcontra-ataque, João Pedro assistiu Rafael Bar-bosa, que junto à baliza desviou para a reviravol-ta no marcador, ludibriando Marschesin, queainda tocou na bola.Os ‘dragões’ ainda conseguiram reagir ao eficaz

pragmatismo do adversário durante esta etapainicial, minimizando os ‘estragos’ com um golo deMarega, na sequência de um canto, que estab-

eleceu o 2-2 com que se chegou a tempo de des-canso.

O tento e o resgatar da igualdade terá galva-nizado os ‘azuis e brancos’, e particularmenteavançado maliano, durante o intervalo, pois noregresso ao jogo, e com apenas três minutos doreatamento, Marega numa iniciativa possante,assinou o ‘bis' no desafio, após solicitação deOtávio, recolocando o FC Porto na frente.Esta reentrada de rompante dos portistas desta-

bilizou o Tondela, que então perdeu alguma dafrieza defensiva demonstrada, acabando por per-mitir o ascendente contrário, materializado noquarto golo do FC Porto, logo aos 56, por Taremi,após grande jogada de Uribe que rompeu adefensiva do Tondela e assistiu o iraniano.

O 4-2 causou, por momentos, o desnorte nacoesão defensiva dos tondelenses, com o FCPorto a ameaçar, nos momentos seguintes, a go-leada, em duas perdidas de Taremi e Sérgio Oli-veira.

No entanto, logo que conseguiram estabilizar-se, os visitantes voltaram a seu registo perigososempre que conseguiam esboçar os contra-ataques, e na terceira vez que o fizeram coer-entemente revelaram-se letais, reduzindo para 4-3, aos 74, com um ‘bis' do espanhol Mário Gon-zález, desviando de cabeça uma assistência dePedro Augusto.

Esse tento terá galvanizado os beirões para umesforço final, perante um FC Porto que foi per-dendo tração com as substituições feitas, e jásem Uribe nos derradeiros instantes, por expul-são, levou o maior ‘susto’ do desafio, já aos 90+4,quando Khacef atirou, com estrondo à barra, equase alterava o 4-3 final.

DECLARAÇÕES- Sérgio Conceição (treinador FC Porto): "[Foi

um] Jogo estranho porque o tornámos estranho.Quando a concentração competitiva não está nomáximo, arriscamo-nos a momentos como aque-le que nos aconteceu no primeiro golo [do Ton-dela]. Em termos ofensivos, foi dos jogos em queproduzimos mais, mas não fomos eficazes, edefensivamente houve momentos que não meagradaram nada.

Parabéns ao Tondela, que veio cá desinibido efez três golos. Para o adepto é interessante, maspara os treinadores, e para mim em concreto,não é nada interessante. Podíamos ter ganhadopor vários golos e no fim podia ter surgido umdissabor e, se calhar, sofríamos o empate.A concentração tem de estar sempre no máximo

e, quando achamos que com a camisola e o sím-bolo podemos defender bem, estamos bem en-ganados. Temos de analisar, porque a equipacampeã, normalmente, é a que sofre menosgolos.

[O Pepe] Está melhor, o que é um bom indi-cador, mas apto para a competição ainda tere-mos de esperar mais um pouco."

- Pako Ayestarán (treinador do Tondela):"Não estou contente com o resultado, mas estousatisfeito com o rendimento da equipa. Prepa-rámos muito bem o jogo frente a uma equipamuito boa, com largura e capacidade de cruza-mento, mas os jogadores acreditaram e estive-mos muito perto de conseguir pontos.

Se fizermos as coisas bem, temos possibilida-des, e esse é sempre o nosso pensamento. Ma-rcar três golos no Dragão é bom, mas temos decorrigir os erros que cometemos nos golos do FCPorto."

FC Porto apanhou susto no Dragão diante do Tondela

I LIGA PORTUGUESA

2-1Jogo realizado no Estádio da Luz, em Lisboa.Ao intervalo: 0-1.0-1, Oleg, 24 minutos.1-1, Rafa, 58.2-1, Waldschmidt, 90+4.

Equipas:

- Benfica: Vlachodimos, Gilberto, Otamendi,Vertonghen, Nuno Tavares, Rafa (Pedrinho, 78),Weigl (Seferovic, 46), Taarabt (Chiquinho, 78),Everton (Waldschmidt, 59), Pizzi (Gabriel, 46) eDarwin.

Suplentes: Helton Leite, Gabriel, Waldschmidt,Seferovic, Chiquinho, Jardel, Pedrinho, João Fer-reira, e Gonçalo Ramos).Treinador: Jorge Jesus.

- Paços de Ferreira: Jordi, Fernando Fonseca,Marcelo, Maracás (Marco Baixinho, 74), Oleg,Stephen Eustáquio, Diaby (Luiz Carlos, 64),Hélder Ferreira (Zé Uilton, 64), Bruno Costa,Luther Singh (João Amaral 74) e Douglas Tanque(João Pedro, 85).Suplentes: Zé Oliveira, Marco Baixinho, Martín,

Zé Uilton, Adriano Castanheira, Luiz Carlos,Lucas Silva, João Pedro e João Amaral.Treinador: Pepa.

Árbitro: Rui Costa (AF Porto).Acção disciplinar: cartão amarelo para StephenEustáquio (66), Jordi (72), Otamendi (74) e ZéUilton (78).Assistência: jogo realizado à porta fechada devi-do à pandemia da covid-19.

O Benfica venceu ontem, domingo, o Paços de

Ferreira, por 2-1, em jogo da nona jornada da ILiga portuguesa de futebol, depois de ter estadoem desvantagem e ter carimbado a reviravolta jános últimos segundos da partida.

A equipa de Pepa foi a primeira a marcar naLuz, por Oleg (24), e o Benfica conseguiu o em-pate já na segunda parte, num lance protagoni-zado e concluído por Rafa Silva (58). A fechar ojogo, Waldschmidt (90+4) marcou o golo da vitó-ria ‘encarnada’ e isolou o Benfica no segundo lu-gar.

Com este triunfo, o Benfica soma 21 pontos eaproxima-se do Sporting, com 23, que empatouem Famalicão (2-2), mas continua líder. Já o Pa-ços de Ferreira, que totaliza 14 pontos, perde oquinto posto para o Vitória de Guimarães (16).

Tal como Pepa tinha prometido, o Paços entrouna Luz descomplexado e dividiu o protagonismoe oportunidades de golo com as ‘águias' nos pri-meiros minutos.A primeira oportunidade do jogo foi para o Ben-

fica, com Darwin a atirar para defesa de Jordi, eo Paços respondeu à passagem do minuto 14,com Vlachodimos a brilhar entre os postes comuma grande defesa a um cabeceamento àqueima roupa de Tanque.

Aos 19, Pizzi teve nova oportunidade, num re-mate a rasar o poste, mas foi mesmo o Paços deFerreira a ter o primeiro momento de festa naLuz, num ‘foguete' de Oleg na sequência de umpontapé de canto.Vlachodimos conseguiu sacudir a bola a punhos

na primeira fase da jogada, mas o remate domoldavo que se seguiu levava o fundo das redescomo destino e colocou os ‘castores' na lider-ança do marcador.

No minuto seguinte, o Paços ameaçou o 2-0 naLuz e só o desacerto de Douglas Tanque impediunova festa da equipa de Pepa, depois de umtoque de calcanhar de Luther que deixou o pontade lança da capital do móvel na cara deVlachodimos.

Recomposto do susto, mas não da desvanta-gem, o Benfica pegou na batuta e até final daprimeira parte procurou por todos os meios oempate, com Rafa em destaque.

O extremo esteve perto do golo ao minuto 42,num remate na passada que esbarrou em Jordi,e marcou no minuto seguinte, mas a jogada aca-bou invalidada por ter tocado a bola com a mão.

Ainda antes do apito de Rui Costa para encer-rar a primeira parte, o internacional portuguêsteve mais uma arrancada que colocou a bola nos

pés de Taarabt, mas o remate do marroquino,uma vez mais, teve como destino a linha final.

O Paços voltou a entrar melhor no reatamentoda partida, instalou-se durante alguns minutos nomeio campo do Benfica, e a equipa de Jesusteimava em soltar-se para o ataque.

Mas, tal como no primeiro tempo, coube a Rafaassumir o comando e, ao minuto 58, ‘tirou da car-tola' um coelho que deu o empate: recebeuencostado à linha, deixou no tapete Eustáquiocom um túnel, abriu à direita em Gilberto e foibuscar mais à frente, com o passe do ex-Flumi-nense a sair na altura certa e o português a re-matar para o empate, desta feita sem hipótesede defesa para Jordi.

Aos 70, Seferovic deixou todos de mão na ca-beça. Depois de mais uma subida e assistênciade Gilberto pelo flanco direito, o suíço escolheu opior pé, o direito, e rematou ao lado com a balizaà sua mercê.

No minuto seguinte, Darwin teve mais pontariaque o parceiro de ataque, mas foi até demasia-da, com um remate potentíssimo de fora da áreaque embateu com estrondo na trave da balizapacense.Com o tempo no relógio a esgotar-se, o Benfica

apostou as fichas todas para conseguir oempate, fez entrar Waldschmidt, Pedrinho eChiquinho, e a recompensa chegou já quatrominutos depois dos 90, com o internacionalalemão a carimbar a reviravolta.

Gabriel cruzou de chuveirinho para a área e oalemão apareceu nas costas do defesa do Paçospara bater Jordi e levar a festa, sem público, paraa bandeirola de canto.

DECLARAÇÕES

Jorge Jesus (Treinador do Benfica): “Foi umavitória difícil, não só pela marcha do resultado,mas também porque o nosso opositor criou-nosimensas dificuldades. Houve alguma falta demobilidade e velocidade por parte da equipa doBenfica. Todas as equipas que jogaram hoje eque tiveram provas europeias poucas ganharam.O adversário obrigou-nos a correr mais. Nos pri-meiros 30 minutos tivemos várias oportunidadesde golo. O Paços de Ferreira começou a dividir ojogo.

Saímos a perder, mas temos confiança no quefazemos. Virámos o resultado com um bom pas-se de Gabriel e um bom golo de Waldschmidt.Fomos uns justos vencedores.

Quando Grimaldo foi para o aquecimento já

tinha algumas dúvidas e no aquecimento mudá-mos para o Nuno Tavares.

O Benfica vai ter de crescer mais, como todasas equipas vão ter de crescer. Estamos na nonajornada do campeonato. A equipa do Benfica temestado dentro de um patamar, que eu considero,bom em termos ofensivos. Já são três ou quatrojogos em que virámos o resultado.

Sentimos que tivemos vários jogadores queestiveram fora dela. O Everton foi um deles, oDarwin também e até o próprio Rafa. Tivemosvários jogadores que estiveram bem.O Sporting está tranquilo porque joga semana a

semana. Nós e o FC Porto não.O que vai na minha cabeça é apenas o facto de

termos ganho hoje. Os nossos rivais estãodependentes da competitividade do campeonatoportuguês. Nem sei em que posição estamos.Vou olhar apenas nas últimas jornadas. Não jo-gamos a pensar nos outros, mas naquilo quesomos capazes de fazer.

Não tivemos qualidade por mérito do Paços deFerreira, que não veio para cá com antijogo oucom jogadores a atirarem-se para o chão.

No final do jogo estava a dizer ao árbitro quesão importantes no desenvolvimento do futebolem Portugal. O árbitro esteve bem hoje. Hoje nãoaconteceu, mas há jogos em que os jogadoresse metem à frente da bola antes da reposição, oguarda-redes perde tempo antes de marcar opontapé de baliza. Os árbitros não podem pactu-ar com estas situações.

No golo do Paços de Ferreira, o que vi pelasimagens é que o jogador tem interferência navisão de Vlachodimos e é uma situação que a leinão permite. Mas não estou para arranjar descul-pas. Quanto ao VAR, não sei se ainda há asreuniões onde convidam treinadores em Nyon,tem de mudar. Não deve intervir quando houveuma falta um minuto antes do golo ser marcado.Se formos analisar as jogadas onde se toca como dedo ou com a unha e anula-se o golo. Se forassim mais vale acabar com o VAR. No futebolpode haver contacto, normal no jogo, e o VARnão sabe diferenciar isso. O VAR tem de mudare intervir apenas no último lance antes do golo. Odia em que voltarem a dar voz aos treinadoresem Nyon de certeza que estas situações vãomudar.Quando se joga de dois em dois dias ou três em

três dias. No dia após o jogo os jogadores não sesentem cansados. No terceiro dia é quando sesentem cansados. Combate-se isso com recu-perações funcionais e ter um plantel onde sepode mexer. Tenho jogadores que posso trocaronde não se nota a diferença de valor.

1-0

2-1

0-01-3

CLASSIFICAÇÃO GERAL DA I LIGA

10.ª JORNADA

MELHORES MARCADORES

- Sexta-feira, 18 Dez:Portimonense – Famalicão, 22:30

- Sábado, 19 Dez:Tondela – Moreirense, 20:00Sporting – Farense, 22:30

- Domingo, 20 Dez:Paços de Ferreira – Boavista, 17:00

Gil Vicente – Benfica, 19:30FC Porto – Nacional, 22:00

- Segunda-feira, 21 Dez:Marítimo - Belenenses SAD, 20:45

Santa Clara - Vitória de Guimarães, 22:00- Terça-feira, 22 dez:

Sporting de Braga - Rio Ave, 22:15

- 10 Golos:PEDRO GONÇALVES (Sporting)

- 7 Golos:THIAGO SANTANA (Santa Clara)

- 6 Golos:Haris SEFEROVIC (Benfica), RODRIGOPINHO (Marítimo)

- 5 Golos:Luca WALDSCHMIDT (Benfica)

- 4 Golos:RÚBEN LAMEIRAS (Famalicão), MoussaMAREGA (FC Porto), SÉRGIO OLIVEIRA (FCPorto)

- 3 Golos:ANGEL GOMES (Boavista), SAMUEL LINO(Gil Vicente), Brayan RIASCOS (Nacional),NUNO SANTOS (Sporting), MARIO GONZÁ-LEZ (Tondela), ANDRÉ ANDRÉ (Vitória deGuimarães).

QUADRO DE RESULTADOS

1-1

Waldschmidt ofereceu vitória suadaao Benfica ao ‘cair do pano’

8 O SÉCULO DESPORTIVO . 7 DE DEZEMBRO DE 2020

Desportivo

DESPORTO

Ficou definido na terça-feira 1 de Dezembro oquadro de jogos da Taça da Liga, com os seis pri-meiros classificados da I Liga (Sporting, SC Bra-ga, Benfica, FC Porto, Paços de Ferreira e Vitó-

ria de Guimarães) e os dois primeiros da Liga 2(Estoril e Mafra).Eis o quadro de jogos (entre 15 e 17 deDezembro):

O português Cristiano Ronaldo conquistou naterça-feira 1 de Dezembro o prémio Golden Foot2020, um galardão que vai na 18.ª edição e édestinado a futebolistas com mais de 28 anos,que o podem vencer por uma só vez.

"Adeptos de todo o Mundo escolheram o me-lhor jogador de futebol de 2020, entregando o18.º Prémio Golden Foot a Cristiano Ronaldo. Aestrela da Juventus e da Selecção de Portugalobteve o maior número de votos entre os 10 can-didatos seleccionados este ano", refere a organi-zação.

Aos 35 anos, o campeão italiano pela Juventus,que sucede ao médio croata Luka Modric, comquem jogou no Real Madrid, conquista mais umprémio, este inédito na sua carreira.

CR7 superiorizou-se a outras estrelas, como oargentino Lionel Messi (Barcelona), o polaco Ro-bert Lewandowski (Bayern Munique), ao italianoGiorgio Chiellini (Juventus), ao argentino SergioAguero (Manchester City), ao brasileiro Neymar(Paris Saint-Germain), ao espanhol Sergio Ra-mos (Real Madrid), ao egípcio Mohamed Salah

(Liverpool), ao espanhol Gerard Piqué (Barcelo-na) e ao chileno Arturo Vidal (Inter Milão).

Os 10 finalistas que são escolhidos para irem àvotação do público foram designados por umpainel de jornalistas internacionais.Pela primeira vez, foi atribuído o prémio Golden

Foot Prestige, homenageando o italiano Andrea

Agnelli, presidente da Juventus, que ganhou no-ve campeonatos italianos seguidos e conquistou17 troféus em 10 anos.

A organização do Golden Foot recorda que nãorealizou a habitual gala, no Mónaco, devido àpandemia de covid-19.

Cristiano Ronaldo vence prémio Golden Foot 2020O internacional português foi eleito pelos adeptos e sucede ao croata Luka Modric

Quadro de jogos da Taça da Liga

Os vencedores apuram-se para a «final four», a realizar-se em Leiria, entre 16 e 23 de Janeiro.Os jogos realizam-se às 16 horas de Portugal, 18 horas na África do Sul.

O português Carlos Queiroz já não é o treinadorda Colômbia, anunciou a Federação Colombianade Futebol (FCF), após as derrotas contra Uru-guai e Equador na qualificação para o Cam-peonato do Mundo de 2022.A FCF "e o director técnico Carlos Queiroz con-

cordaram com a não continuidade do treinador àfrente da seleção", pode ler-se no comunicadodatado de terça-feira

"Para a FCF foi um orgulho tê-lo durante quasedois anos, nos quais nos brindou com toda a suacapacidade de trabalho, conhecimento e expe-riência", salienta a federação na nota.

"A contribuição que nos deixa servirá para con-tinuar o desenvolvimento dos projectos queestão a ser levados a cabo com todas as selec-ções do nosso país", acrescenta.

Queiroz, de 67 anos, antigo treinador de 67anos do Real Madrid e da selecção nacional por-tuguesa, que assumiu o cargo em fevereiro de2019, sai após duas pesadas derrotas contra oUruguai (0-3) em casa e depois no Equador (6-1), a pior derrota em quatro décadas para aColômbia.Além do Real Madrid (2003-2004) e da selecção

portuguesa (1991-1993 e 2008-2010), Queiroz

foi adjunto de Alex Ferguson no Manchester Uni-ted (2002-2003 e 2004-2008) e também treinou oSporting (1993-1996), os Emiratos Árabes Uni-dos (1997-1999) e a África do Sul (2000-2002).

A Colômbia ainda não anunciou o sucessor deCarlos Queiroz.

QUEIROZ DESPEDE-SE COM “GRATIDÃO”

O técnico português Carlos Queiroz, que deixouo cargo de seleccionador da Colômbia, despe-diu-se de forma emotiva dos jogadores e diri-gentes que orientava através de uma mensagemna rede social Instagram.

"Quando dizer adeus não é fácil, significa quesó temos motivos para expressar com orgulho anossa enorme gratidão", escreveu Queiroz, agra-decendo a "oportunidade e honra" que lhe foramdadas pela Federação Colombiana de Futebol epelo seu presidente.O treinador luso, de 67 anos, elogiou o grupo de

trabalho "cheio de talento" que encontrou na Co-lômbia, louvando "todos os esforços e sacrifícios"dos jogadores e equipa técnica dos ‘cafeteros'em prol da seleção que liderava."Vou-me embora com humildade, com a certeza

que todo o trabalho e o legado técnico positivodesenvolvido por todos na equipa vai traduzir-seno êxito que todos os adeptos do futebol colom-biano sonham e merecem", rematou.

Queiroz deixa os ‘cafeteros', que comandavadesde Fevereiro de 2019, após 18 jogos, novevitórias, cinco empates e quatro derrotas, sendoas mais recentes, em novembro, as que maiscontribuíram para este desfecho, frente aoUruguai (3-0) e Equador (6-1), esta última a mais

pesada da selecção colombiana desde 6 deMarço de 1977, quando foram goleados peloBrasil por 6-0, no Maracanã.

Os egípcios do Al-Ahly, treinados pelo técnicosul-africano, Pitso Mosimane, reforçaram oestatuto de ‘reis’ africanos do futebol, ao con-quistarem pela nona vez a Liga dos Campeões

do continente, com um triunfo por 2-1 face aoscompatriotas do Zamalek, treinados por JaimePacheco.A histórica final da 56.ª edição, a primeira entre

dois clubes do mesmo país e à porta fechada,culpa da pandemia da covid-19, foi decidida comtentos de Amr Al Sulaya, aos cinco minutos, eMohamed Magdy Kafsha, aos 86, contra um deShikabala, aos 31.

O Al-Ahly já tinha arrebatado a prova em oitoocasiões, em 1982, 1987, 2001, 2005, 2006,2008, 2012 e 2013, as quatro primeiras do sécu-lo XXI sob o comando do treinador portuguêsManuel José. O Zamalek e o TP Mazembe so-mam cinco ceptros.

Federação Colombiana de Futebol anunciasaída do treinador Carlos Queiroz

Al-Ahly de Pitso Mosimaneconquista 'Champions'africana pela nona vez