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Depois de 35 anos de sólida experiência, oferecemos: Soluções legais e avançadas na sua vida comercial; Controle e racionalização da massa trabalhadora; Reacção rápida e eficiente em circunstâncias traumáticas - disputas matrimoniais, falecimento de ente queridos, acidentes de percurso, e ataques cerrados de Autoridades Reguladoras Cambridge Office Park, Cnr. Kirby and Oxford St. Bedfordview * Tel: +27 11 622 0960 * 072 881 3970 * 010 023 0824 Cell: +27 (0) 72 153 6760 * E-mail: [email protected] Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com * Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO DE 2020 Comunidade Suplemento Desportivo Seleccionador de Moçambique fala ao Século de Joanesburgo Portuguesa ocupa cargo de topo na rede de restaurantes Spur Instituto Camões ofereceu computadores aos melhores alunos de Português da Escola Secundária de Protea Glen no Soweto página 3 página 3 última página África do Sul coloca Portugal na lista de países de "alto risco" TAP quer melhorar "rapidamente" serviço e retomar ligações à África do Sul

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Page 1: Contactos: 011 496 1650/7 * seculo@oseculo.co.za * www ... · cantor mais popular da África do Sul. Em três das suas vinte e sete gravações alcan-çou o estatuto de disco de ouro

Depois de 35 anos de sólida experiência, oferecemos:Soluções legais e avançadas na sua vida comercial;Controle e racionalização da massa trabalhadora;

Reacção rápida e eficiente em circunstâncias traumáticas - disputas matrimoniais, falecimento de ente queridos, acidentes

de percurso, e ataques cerrados de Autoridades ReguladorasCambridge Office Park, Cnr. Kirby and Oxford St.

Bedfordview * Tel: +27 11 622 0960 * 072 881 3970 * 010 023 0824Cell: +27 (0) 72 153 6760 * E-mail: [email protected]

Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com * Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO DE 2020

Comunidade

Suplemento DesportivoSeleccionador de Moçambiquefala ao Século de Joanesburgo

Portuguesa ocupa cargo de topo na rede de restaurantes Spur

Instituto Camõesofereceu

computadores aos melhores

alunos dePortuguês da

Escola Secundáriade Protea Glen

no Sowetopágina 3

página 3

última página

África do Sul coloca Portugal na lista de países de "alto risco"

TAP quer melhorar "rapidamente"serviço e retomar ligações à África do Sul

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2 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 5 DE OUTUBRO DE 2020

COMUNIDADE

A nossa Comunidade enfrenta, infelizmen-te, uma época muito dura nos meses quefaltam para concluir este ano maldito e em2021. Esta pandemia veio paralisar o Mun-do e destruir economias e vidas, não só asmortes provocadas pelo próprio vírus, masas consequências socioeconómicas quedecorrem. As instituições vivem de pessoas,da afluência de gente e da realização deeventos.

Os modelos financeiros das várias institu-ições portuguesas não são sustentáveis enão são, infelizmente, autossuficientes. Acaridade, a subsídio dependência resolvemalguns problemas a curto prazo, mas nãosão solução para um modelo ma-cro-económico a longo prazo. E daí que, sur-geo título da missiva desta semana. O quefazer? A dependência do fluxo de pessoas contin-

uará, embora agora com mais limitações. Odistanciamento social, o uso de máscaras,leituras de temperaturas corporais, desin-fecção de mãos e um número limitado depresenças condicionam o retomar das acti-vidades e da recuperação.

Bem, estive a pensar e talvez a criação deuma lotaria Comunitária funcionasse. Criarum sistema de cautelas ou uma tombola denúmeros como o Euromilhões seria algoque poderia financiar as instituições da Co-munidade a partir dela própria. É preciso uminvestimento inicial avultado, é! Mas a cria-ção de um sistema informático para calibrare monitorar a emissão das cautelas e umacomissão de auditoria para vistoriar o pro-cesso semanalmente ou mesmo mensal-mente.

Em Portugal temos todas as ferramentaspara podermos replicar um modelo susten-tável de “Santa Casa da Misericórdia” e dejogos de azar. Pontos de venda não faltam,tudo o que é clube, associação, restauranteou instituição portuguesa poderia aderir edaí tiraria benefícios.

O sorteio dos números não tinha que nec-essariamente ser feito em directo na tele-visão, mas poderia ser feito em directo onli-ne, através das redes sociais e do sítio daInternet YouTube. Seria uma forma justa eautossuficiente de gerar fundos de formasustentável e que iria beneficiar as institu-ições.

Já existe a Sociedade Portuguesa de Be-neficência, que poderia tutelar a tal lotaria.Temos tantos criativos que logotipos, no-mes, processos fácil e rapidamente seriamestabelecidos. Mais tarde, os benefícios se-riam colhidos por todos. Todos os sorteiosteriam um vencedor e, caso não, o jackpotacumularia.

Esses fundos, rendem juros na banca queservem para financiar o sistema e parte dasvendas seria para um pote de fundo demaneio para ajudar a Comunida-de. Não éfácil e é um trabalho moroso, mas não é im-possível. Isto, para uma solução a longo-prazo. Basta querer!

No imediato, qual é a solução? É com asmagras finanças de cada um, tentarmos àmedida que o país se desconfina, fazereventos e tentar gerir as dificuldades um diade cada vez.

Como é que nosreinventamos?

Dia 7 anda à roda!

O Meu Aparo!

por Michael Gillbee

Filho de gente modesta, daí ao que nos referiu,o agregado familiar nunca ter até essa altura umsimples carro, todas as deslocações familiaresserem feitas de autocarro ou boleia de algunsamigos, Manuel Escórcio começou por frequen-tar neste país a instrução primária na HeidelbergPrimary School.

Foi nessa localidade, algum tempo depois, queao cantarolar na tarde de certo dia, quando toma-va banho no chuveiro, o preceptor do dormitórioao escutar no corredor do complexo a sua voz,em querer imitar o consagrado Mário Lanza, lheter convidado a ir ao edifício de música da re-gião, para avaliação da voz e respectivo grau decompetência, dando com o resultado animadorapurado, que a partir daí não mais parasse decantar.

Mais tarde e com aulas de canto na Faculdadede Música da Universidade de Stellembosh, con-cluir ali em 1979 o mestrado nessa especialida-de, apenas lhe faltando o doutoramento, que nãoconcluiu por na altura a ópera lhe telefonar aoferecer o dobro do salário que então auferia,isto para começar. O que lhe fez a agarrar comunhas e dentes essa oportunidade, em boa horao fazendo, já que não demorou a ganhar o pré-mio nacional de ópera, e com isso a abrirem-seboas perspectivas quanto ao futuro na sua car-reira.

Ao aperceber-se a partir de certa altura que aópera neste país provavelmente não iria muitolonge, começou a optar pela música ligeira, daíem espectáculos da especialidade e respectivavenda de “CDs”, a sua vida financeira dispararestrondosamente rumo a um sucesso inacre-ditável, tendo o seu recorde em espectáculosatingido um número superior a quinhentos e cin-quenta, entre as que especificou de vinte e trêsviagens à América, catorze à Austrália, três aoCanadá, três ao Brasil e duas ao México, cantan-do ainda por duas vezes no Alasca.

ELEITO NA ÁFRICA DO SUL COMO PRINCIPAL “TENOR DE ÓPERA”

Eleito na África do Sul como principal “tenor deópera”, cantou em mais de quarenta locais, des-de interpretações de flauta mágica de Monzart,ao barbeiro de Sevilha de Donizett, e o estudantePrincípe de Lehar, sendo pelos inúmeros fãsseus devotos, escolhido entre 1986 e 1990 comocantor mais popular da África do Sul.

Em três das suas vinte e sete gravações alcan-çou o estatuto de disco de ouro e um de platina,a par do intitulado “compacto sinfonia de louvor”com distinção, como melhor “CD” evangélico em1996.

Graduado em 1972 no Heidelberg College como diploma de teologia, e embora tivesse planea-do trabalhar como pastor, o seu talento musical odesviou desse alvo, para a emoção da execuçãomusical em público, estudando com professoresde mérito na África do Sul e na Inglaterra, estegrande “tenor” da comunidade portuguesaacabou com todo o mérito por ser condecoradopelo governo português com a comenda daordem do Infante Dom Henrique.

Depois de em 1992 enfrentar o sentimento deum vazio pessoal, Manuel Escórcio volveu àssuas raízes religiosas algo mais positivo, do queapresentações centradas no “eu”, mas servir aDeus plenamente, e como astro da ópera nãoestar ali apenas para fazer estardalhaço, masque para as pessoas o vissem não apenas comoo “ tal”, mas com toda a experiência vocal e exibi-ções que podia fazer.“Não estava nisso para cantar mais alto ou mais

baixo do que fulano ou sicrano a meu lado, masem música se poder tornar um instrumento para(Ele) de voz imbuída com o Espírito Santo, nofundo o melhor para que musicalmente nuncame tivesse sentido mais feliz.

Estava cansado de um mundo vazio e cheio deorgulho da ópera, lugar como muito solitáriohaver sempre uma dúzia de cantores esperandopelo momento em que a sua voz poderia falhar,e ninguém estar para o ajudar.

Em termos comparativos da ópera poder sertambém classificada de mundo desequilibrado ecom tendência para a superficialidade, daí quecom todo o dinheiro, fama e louvor, era mesmoassim infeliz, levando-me a descobrir que a me-lhor maneira de falar com Deus, era seguir umavida sã e honesta, daí procurar conservar-mesempre em boa forma, com alimentação demodo a manter-me sadio e bom nível de energia.Ando normalmente sozinho a apreciar o encan-

to da natureza, ouço boa música, leio bons livrose deito-me no amor de Deus, para assim poderser um pequeno instrumento na rota da vida quevem do Altíssimo, e como Pai nos mostrar quenunca devemos pôr de lado nossos preconceitose fazer música que atraia as crianças a Cristo, enunca abandonar Jesus pelo que outra pessoanos possa dizer, ter feito ou dito, porque ser es-pecial significa ser diferente interiormente emboas atitudes e decisões”.

Nesta actuação a que nos referimos, ManuelEscórcio não obstante a sua alta craveira artísti-ca, diremos mesmo mundialmente conhecida,mostrou-se pela maneira simples, franca e aber-ta como com todos conviveu, nunca se pondo embicos de pés, bem pelo contrário, comunicativocom todas as pessoas, e com essa postura desimpatia mostrar como em modéstia e sem ar-rogância se deve levar a vida, e o bom humor seressencial para prolongar os dias que por cá

andamos. Cantando com alma na voz, este nosso compa-

triota encantou sempre nas suas alegres inter-pretações quem o ouvia, e com isso contagiarquem o escutava, deixando a quem pessoal-mente não o conhecia, uma grande admiraçãoquanto à sua personalidade, e como tal, con-tribuir para o conceito positivo, de quem porven-tura antes o fizesse negativo da nossa comu-nidade.

Recorda-se a propósito que Manuel Escórcio,de palmaré musical impressionante, não obstan-te a elevada classe conseguida no meio artístico,já ter cantado em modestas colectividades e ins-tituições lusas, entre as quais em Pretória, naACPP e na Casa do Porto, sendo por outro ladocomo convidado de honra, a actuar na chegadaem 1988 a Mossel Bay, da Caravela BartolomeuDias, a repetir os quinhentos anos da viagemdesse grande navegador português, a originar aedificação em Arcádia Park, da capital sul-afri-cana, a expensas do comendador António Braz,do monumento evocativo ao ilustre navegadordessa época, e no dia da sua inauguração o ofe-recer à Câmara Municipal de Pretória, edilidadeali representada no evento, pelo então Mayordesta cidade jacarandá, dr. Jacobs.

Manuel Escórcio: orgulho artístico português na África do Sul

No pequeno diálogo que travamos com o artista Manuel Escórcio no penúltimosábado, 19 de Setembro, nas proximidades de Bela-Bela, na propriedade residencialdo empresário e bem conhecido em termos positivos na nossa comunidade, o sul-africano Danny, onde por sinal foi comemorado na ocasião o seu aniversário natalí-cio, daí na festa de arromba com jantar servido a mais de meia centena de pessoas,ficarmos a saber que esse credenciado “tenor” português, nascido em Moçambique,viera de tenra idade, isto em Setembro de 1966, com seus pais para a África do Sul,no intuito do agregado familiar aqui passar a viver.

Texto e fotos de Vicente Dias

MANUEL ESCÓRCIO CANTOU VÁRIAS VEZESEM COLECTIVIDADES LUSAS DE PRETÓRIA

O “TENOR” PORTUGUÊS DEMONSTRANDONUMA DAS SUAS ACTUAÇÕES TODA A SUA

CLASSE ARTÍSTICA

CARLOS DA SILVAFotografia e Video

Cell 082 560 0744072 612 3017 * Fax (011) 616 2881E-mail: [email protected] * www.carlosfotos.com

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5 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 3

COMUNIDADE

Vinte e cinco computadores laptops foram doa-dos na segunda-feira, 28 de Setembro, à EscolaSecundária de Protea Glen, no Soweto, Joanes-burgo, pelo Camões - Instituto da Cooperação eda Língua, I.P.

Com licenças “Português mais Perto”, os com-putadores foram entregues pelo embaixador dePortugal na África do Sul, Manuel Carvalho, napresença da ministra sul-africana do Ensino Bá-sico, Angie Motshekga.

Beneficiaram da doação os alunos daquela es-cola com melhor aproveitamento na disciplina dePortuguêsO acto foi condignamente apreciado pela minis-

tra, pela Direcção da Escola e pelos alunos, tra-tando-se de um momento particularmente signi-ficativo devido ao reconhecimento pelas autori-dades sul-africanas da importância estratégicada língua portuguesa, especialmente na sub-re-gião da África Austral.

A ministra Angie Motshekga recomendou aosalunos que perseverassem na aprendizagem doPortuguês, para além das línguas oficiais sul-afri-canas, por ser um importante idioma adicionalpara os sul-africanos. Por outro lado, a responsável pela pasta do En-

sino Báscico valorizou também a existência deimportantes comunidades luso-falantes na África

do Sul.Foram ainda entregues 1000 máscaras com a

bandeira portuguesa ao Departamento do EnsinoBásico e Secundário. Outras 1000 máscarasidênticas serão entregues em breve ao Departa-mento do Ensino da Província de Gauteng.

A ministra e o embaixador inseriram este even-to no contexto de uma cooperação estratégicacada vez mais estreita entre o Departamento doEnsino Básico e Secundário do Governo sul-africano e a Embaixada de Portugal em Pretóriasobre a língua portuguesa, cooperação essa queirá continuar, conforme foi confirmado.

O bispo Jake Mooki Mabasa abençoou a ceri-mónia, que contou ainda com a presença do mi-nistro conselheiro junto da União Europeia, Ber-nard Rey; do director da escola, T. Sokhela; di-rector da Biblioteca Nelson Mandela, SepadiChoeu; comendador e advogado José Nasci-mento, um amigo de longa data da Protea GlenSecondary School e o coordenador de ensino dePortuguês na África do Sul, Carlos Gomes daSilva.

O Camões - Instituto da Cooperação e da Lín-gua, I.P. é um instituto público tutelado pelo Mi-nistério dos Negócios Estrangeiros que tem pormissão propor e executar a política de coope-ração portuguesa e a política de ensino e divul-

gação da língua e cultura portuguesas no estran-geiro.Importa referir que já em Abril de 2015 o Estado

Português fez uma doação de 100 livros deLíngua Portuguesa. Esta doação marcou o iníciodo ensino do Português nesta escola com efeitoimediato, como uma disciplina curricular.

APOIO DO GRUPO SÉCULO

O Grupo Século, presidido pela comendadoraPaula Caetano, que sempre apostou na divulga-ção da língua portuguesa na África do Sul, atra-vés do seu semanário O Século de Joanesbur-go, tem dado contributo à escola, apoiando emmoldes financeiros, que já vão em quase meiomilhão de randes, para a melhoria das infraes-truturas da escola, como compra de carteiras.

A afirmação foi confirmada pelo comendador eadvogado José Nascimento, em declarações aocorrespondente do Diário da Madeira na Áfricado Sul, José Luís da Silva.

José Nascimento, considerado pela Direcçãodaquele estabelecimento de ensino secundáriocomo “patrono”, está associado à escola, queconta com 1.612 alunos matriculados, há 11anos.

Instituto Camões ofereceu computadores aos melhores alunos de Português da Escola Secundária de Protea Glen

A África do Sul não vai autorizar a entrada deturistas oriundos de Portugal com a reaberturadas suas fronteiras na quinta-feira, por ser um"país de alto risco" de covid-19, anunciouo mi-nistro do Interior sul-africano.

O ministro Aaron Motsoaledi disse, em confe-rência de imprensa conjunta com outros mem-bros do executivo sul-africano, que a restriçãose aplica somente a "viagens de turismo", es-tando autorizadas viagens de negócios.

"Visitantes em turismo provenientes do Brasilnão serão também permitidos a entrar no país",referiu Motsoaledi.

O ministro do Interior sul-africano sublinhouque os vistos que expiraram durante o confina-mento da covid-19 serão considerados válidosaté 31 de Janeiro de 2021.As medidas de restrição serão revistas a cada

duas semanas, foi anunciado.Na lista de 40 países enumerados como sen-

do de "alto risco" por Pretória contam-se tambéma Rússia, Suíça, Reino Unido, Holanda, Qatar,Estados Unidos da América, França, Ín-dia,Israel e Venezuela.

As autoridades sul-africanas consideraram aChina como país de "baixo risco" devido ao"declínio do número de infecções" de covid-19.

Anteriormente, a ministra dos Negócios Es-trangeiros e Cooperação, Naledi Pandor, refe-riuque os turistas de países de alto risco - defi-nidoscomo sendo aqueles com taxas de infec-ção oumortalidade mais altas do que a África do Sul -seriam proibidos de entrar no país.

"À chegada ao país, os visitantes devem apre-sentar um teste ‘PCR' de covid-19, certificado poruma autoridade médica do país de embarquecom menos de 72 horas", salientou.A governante sul-africana disse ainda que "será

também obrigatório apresentar um seguro de via-gem que salvaguarde a realização do teste de

covid-19 à chegada, assim como os custos dequarentena, caso necessário".

A chefe da diplomacia sul-africana precisouque "todos os visitantes do continente africanoserão autorizados a entrar na África do Sul,desde que apresentem um teste de covid-19negativo".Apenas turistas de países considerados pelas

autoridades sul-africanas como sendo de ‘mé-dio risco' e ‘baixo risco' de covid-19 serãoautorizados a entrar na África do Sul, foi anun-ciado. Todavia, as autoridades não divulgarama lista desses países.

Três aeroportos internacionais – OR Tambo,em Joanesburgo, King Shaka International,em Durban, e Cape Town International, Cidadedo Cabo –, foram identificados como sendo"os únicos portos de entrada autorizados" nopaís para visitantes estrangeiros.

África do Sul coloca Portugal na lista de países de "alto risco"

A portuguesa Cristina Teixeira foi nomeada di-rectora financeira e executiva (CFO) da rede derestaurantes Spur, para a África do Sul, comefeitos a partir de 1 de Fevereiro de 2021.

Cristina substituirá o actual director Phillip Mat-thee, que solicitou a renúncia desta posição paraocupar um cargo sénior no departamento finan-ceiro, ou seja, a função de executivo de contabili-dade comercial do grupoCristina Teixeira, de 47 anos, tem 12 anos de ex-

periência como CFO em grendes empresas e foieleita a Mulher de Negócios do Ano (categoriacorporativa) pela Businesswomen's Associationof SA em 2013.

Após qualificar-se como revisora oficial de con-tas, ingressou no Grupo5 e foi nomeada directo-ra financeira em 2008. Ingressou no Consolida-ted Infrastructure Group com o mesmo cargo em2019. Liderou equipas de finanças que têm sidoconsistentemente reconhecidas com prémiosanuais da Investment Analysts Society para Re-latórios e Divulgação e do Institute of CharteredSecretaries / JSE.

OUTRA MULHER NO CARGO DE RELEVO

Outra mulher que vai ocupar uma posição detopo no grupo Spur é Val Nichas, de 58 anos, quefoi nomeada CEO, funções que vai desempenhara partir de 1 de Janeiro de 2021. Ela sucederáPierre van Tonder, que se aposentará a 31 de De-zembro próximo, após 38 anos de serviço.Val é uma estrategista com vasta experiência no

sector de restaurantes e anteriormente foi direc-tora executiva da Quick Service Restaurants(QSR) Brands at Famous Brands, responsávelpor um portfólio de marcas franqueadas commais de 600 restaurantes em Steers, Fishawayse Giramundo .

Iniciou a sua carreira em marketing e publicida-de, foi directora de marketing da Edgars entre1994 e 1998, vice-presidente sénior de uma gran-de empresa internacional de alimentos, Rich Pro-ducts Corporation e directora administrativa daTequila Advertising. Ela também prestou consul-toria à Nando’s Chickenland e foi uma das líderesda equipa de contas de publicidade do Nando’senquanto estava na Tequila \ TBWA.Val ingressou na Famous Brands em 1999 como

directora de Marketing da Debonairs Pizza e maistarde trabalhou como executiva da Wimpy (na al-tura com uma cadeia de 506 restaurantes) eSteers (492 restaurantes) antes da sua nomea-ção como chefe da QSR Brands. Val administrou o seu próprio negócio de consul-

toria nos últimos oito anos, com especializaçãoem estratégia e planeamento de negócios. Seusclientes de consultoria incluem empresas de vá-rios sectores, bem como restaurantes e alimen-tos.

Texto e fotos de Carlos Silva

Portuguesaocupa cargo de topo na rede de restaurantes Spur

CRISTINA TEIXEIRA

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4 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 5 DE OUTUBRO DE 2020

ÁFRICA DO SUL

A Federação Sul-Africana de Sindicatos(SAFTU) reiterou os apelos para a introdução deuma concessão de renda básica como uma ex-tensão de longo prazo do apoio financeiro dacovid-19, actualmente oferecido aos sul-africa-nos.

Durante uma apresentação, o secretário-geralda organização, Zwelinzima Vavi, disse que assubvenções sociais actualmente oferecidas aoscidadãos eram "simbolicamente baixas".“As ameaças para acabar com esses aumentos

em Outubro devem ser retiradas. O Esquema deAuxílio ao Empregador / Empregador Temporário(TERS) de 350 randes por mês deve ser transfor-mado numa bolsa de renda básica de pelo me-nos 1.500 randes, de modo a impulsionar a de-manda efectiva para todos os sul-africanos.

“Um aumento nas taxas de tributação progres-siva permitiria uma recuperação de todo o finan-ciamento”, disse Vavi.

Em Julho, o ministro do Desenvolvimento So-cial, Lindiwe Zulu, disse que a África do Sul apre-sentará um subsídio de renda básica universalcomo parte de uma série de pacotes para ajudaros desempregados do país.

Zulu não forneceu detalhes de como o subsídioseria financiado ou seu valor, mas disse numaconferência de imprensa virtual que seria pago"após Outubro".Esta notícia surge depois de uma instrução par-

lamentar na qual o Departamento de Desenvolvi-mento Social observou que a demanda por apoioà renda irá além do período de seis meses cober-to pelo subsídio de 350 randes no âmbito doplano ‘Covid-19 Social Relief of Distress (SRD)’.

A pandemia levou o presidente Cyril Ramapho-sa a anunciar um aumento temporário dessasbolsas até R300, incluindo uma bolsa-desem-prego de R350, no final de Março.

O ANC, partido no poder, disse anteriormenteque também examinará a viabilidade de introdu-zir uma concessão de renda básica como partede uma série de resultados decididos pelo seuComité Executivo Nacional (NEC).

De acordo com um documento analisado pelaagência Bloomberg, o ANC propõe que o paga-mento de uma bolsa mensal de 500 randes paraindivíduos com idade entre 19 e 59 anos que nor-malmente não são elegíveis para outros auxílioscustaria ao Estado 197,8 biliões de randes porano.

Entre 50% e 60% do dinheiro poderia ser recu-perado com a cobrança de impostos extras sobrequem tem empregos, diz o relatório.

CUSTO

O analista da Intellidex, Peter Attard Montalto,disse que o debate em torno de uma concessãode renda básica está em andamento há cerca de20 anos e foi até mesmo objecto de pesquisasanteriores, que descobriram que poderia reduzira pobreza no país em até 75%.

No entanto, o grande problema é a acessibili-dade.

De acordo com as propostas actuais, uma con-cessão de renda básica seguiria os seguintes cri-térios:

Seria pago a qualquer pessoa com idade entre18-59, no entanto, a começar entre 18-24 e 50-

59.Seria de 500 randes por mês.Não seria baseado no desemprego, mas estaria

disponível para qualquer pessoa que não rece-besse nenhum outro benefício, incluindo o apoioUIF.

Seria administrado pela SASSA que paga asbolsas actuais por meio de um sistema baseadoem cartão pré-pago.

Assumindo que a concessão foi de 500 randespor mês, conforme proposto pelos formuladoresde políticas do ANC, o custo máximo seria decerca de R210 biliões por ano para a faixa etáriacompleta, ou começando em 77 biliões para oconjunto mais restrito de idades.

Enquanto a África do Sul se prepara para re-ceber convidados internacionais o país deveconcentrar-se tanto nos viajantes internacionaiscomo nos domésticos, disse a ministra de Turis-mo, Mmamoloko Kubayi-Ngubane.A ministra notou na segunda-feira, 28 de Setem-

bro, que a postura do governo em relação aomercado doméstico e internacional não deve serpreferencial de um sobre o outro.

“É por esta razão que pensamos que o sectordeve considerar seriamente a introdução de umsistema de dois níveis que assegure que tanto osviajantes internacionais como os domésticos,obtenham um bom valor em pacotes que ambospodem pagar”, disse ela.

Kubayi-Ngubane disse que a história de discri-minação racial e distribuição distorcida de recur-

sos da África do Sul ainda é vista em quem temacesso a produtos turísticos.

“Vou repetir o apelo que fiz sobre preços. Esta-mos apelar para o mercado do sector de turismopara introduzir incentivos como tarifas acessí-veis, descontos, actualizações e pacotes atraen-tes, para que mais sul-africanos possam ter aoportunidade de explorar o país de seu nasci-mento, dando-lhes assim um senso de sentimen-to adequado.

“Estou novamente a convocar todos os actoresdo sector privado para colaborar connosco nacriação de um ambiente propício para atrair ossul-africanos a viajarem dentro do seu país”, dis-se.

Kubayi-Ngubane apontou que desde que o go-verno abriu as viagens interprovinciais no nível 2de ‘lockdown’, ela tem viajado por várias provín-cias, visitando estabelecimentos e reunir comviajantes e proprietários locais.“Fico feliz em informar que muitos dos estabele-

cimentos estão prontos para reabrir, caso aindanão tenham sido inaugurados, e os sul-africanosestão muito ansiosos para viajar para o seu pró-prio país”, disse há dias.“Em todo o país, os sul-africanos estão a enviar

mensagens e fotos de suas experiências turísti-cas. Os sul-africanos estão levando suas famí-lias e amigos para aventuras, safaris, caminha-das e outros tipos de experiências turísticas me-moráveis que o nosso país oferece.

“Após seis meses de bloqueio, os sul-africanosestão a fazer de tudo para redescobrir o seu pró-prio país.”

Apontou que a ‘vibração’ do turismo nacionalestá em linha com o plano de recuperação do go-verno que vai acontecer por fases.

“Nesse sentido, previmos que a recuperaçãocomeçará com o turismo doméstico, depois comos mercados terrestres e aéreos regionais e, porúltimo, com a retomada das viagens internacio-nais em todo o mundo”, disse a responsável deturismo.

Ministra aconselha tarifas acessíveisno turismo para ter mais visitantes

A cidade de eThekwini assinou um memorandode acordo para criar uma nova área de desen-volvimento maciço no norte de Durban, com umaárea de aproximadamente 350 hectares e compotencial de investimento de capital de 10 biliõesde randes.“Estima-se que 23.000 empregos na construção

e 13.500 permanentes podem ser criados. A In-vestec Property comprometeu-se a garantir quetodos os empreiteiros, durante a fase de cons-trução, deverão criar oportunidades para os lo-cais sempre que possível.

Isso para garantir que o desenvolvimento dazona contribua significativamente para a criação de postos de trabalho e transformaçãosocio-económica

Como parte da estratégia da cidade para criarum ambiente propício para o investimento, acâmara diz que vai oferecer um desconto subs-tancial nas taxas para os investidores e entida-des envolvidas no desenvolvimento do projecto.Isso faz parte da Política de Incentivo ao Desen-

volvimento Económico (EDIP) da cidade, queauxilia a actividade que contribui para a criaçãode empregos, disse.

“O EDIP pretende posicionar o eThekwini comodestino preferencial de investimento e aposta noapoio a novas áreas com base no seu potenciale contribuição futura para o crescimento econó-mico, regeneração espacial e criação de empre-go no Município, de acordo com os objectivos es-tratégicos da câmara.

“A fim de incentivar o projecto e realizar os be-nefícios socio-económicos esperados, resultan-tes do desenvolvimento, incluindo o aumento dastaxas de receita para a cidade, uma vez que oempreendimento seja realizado, um descontonas taxas é proposto por cinco anos para cadauma das três fases do trabalho completo”.A Investec Property sublinhou que pretende de-

senvolver o local em três fases de cerca de 30hectares de terras urbanas em cada fase.

O desenvolvimento proposto exigirá um investi-mento de mais de 1 bilião de infraestrutura, quelevará mais de 15 anos para ser levado a cabo.

Isso resultará em risco significativo para o em-preendedor no que diz respeito a aumentos detaxas potenciais nas fases não desenvolvidas doprojecto, enquanto for realizada a primeira fase.

“Em parceria com a Corobrik, que por mais de100 anos forneceu à eThekwini tijolos para cons-truir alguns dos edifícios mais emblemáticos dacidade, pudemos identificar esta oportunidadeúnica de desenvolvimento”, disse David Rosma-rin, presidente-executivo adjunto da InvestecProperty.Rosmarin disse que eThekwini desempenha um

papel fundamental na economia da África do Sul,servindo como o centro de logística e principalporta de entrada no país.“O Desenvolvimento do projecto Brickworks De-

velopment fortalecerá e aprimorará ainda maisesse papel, ao mesmo tempo que estimula odesenvolvimento económico regional. A InvestecProperty está orgulhosa de fazer parte deste em-preendimento único e agradecemos às autorida-des municipais que contribuíram para a sua con-cretização”, disse

MINISTRA MMAMOLOKO KUBAYI-NGUBANE

Nova área de desenvolvimento maciço no Norte de Durban

Sindicato reitera apelos para a introdução de uma concessão de renda básica de 1.500 randes

Leia, assine e divulgue O Século de Joanesburgo

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5 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 5

ÁFRICA DO SUL

A Stats SA publicou a sua última pesquisa tri-mestral da força de trabalho para os três mesesaté Junho de 2020, revelando que o número depessoas empregadas diminuiu 2,2 milhões para14,1 milhões no 2º trimestre deste ano em com-paração com 1º trimestre.

Esta mudança sem precedentes é a maior que-da de um a um quarto desde o início da pesquisaem 2008, disse o órgão de estatísticas num co-municado divulgado na terça-feira, 29 de Se-tembro.As maiores reduções de empregos foram obser-

vadas no sector formal (1,2 milhão), seguido pelosector informal (640.000), famílias privadas(311.000) e o sector agrícola (66.000).Em comparação com o ano anterior, o emprego

total diminuiu 2,2 milhões, o número de desocu-pados diminuiu 35,5% (2,4 milhões) e o númerode pessoas não economicamente activas

África do Sul estabeleceu na semana passadaum recorde mundial indesejável, com o anúncioda agência de estatísticas Bloomberg sobre asubida do desemprego para um recorde de34,8% no segundo trimestre, o maior dos 83 paí-ses analisados pela agência.Ayanda Mbatha foi um dos infelizes que se jun-

tou às fileiras dos desempregados no mesmo pe-ríodo.Vestido de camisa com gravata, o graduado em

engenharia mecânica, de 26 anos, passou qua-tro semanas nos subúrbios de Hyde Park eSandton, em Joanesburgo, anunciando suas ha-bilidades através de cartaz em volta do pescoçoe com cópias do seu currículo na mão, na espe-rança de que um motorista pudesse ajudar comuma oferta de emprego.

“Às vezes pensava: não tenho um emprego, fuidemitido, o que vou fazer? Não há mais salário aentrar”, disse numa entrevista.

Mbatha é uma das estimadas três milhões depessoas que perderam seus empregos porcausa das restrições para conter a pandemia decoronavírus, que provocaram o encerramento demuitos serviços essenciais na economia maisindustrializada da África.

A maioria das empresas foi fechada por cincosemanas a partir de 27 de Março e algumas re-duziram o quadro de funcionários ou fecharampermanentemente por causa do ‘lockdown’. Umestudo realizado por um grupo de 30 académicose pesquisadores mostra que mais 1,5 milhão depessoas foram dispensadas.

Para o hábil Mbatha, bater na calçada valeu apena. Uma foto dele no cruzamento foi ampla-mente compartilhada e chegou a um director deuma empresa de automação em busca de umengenheiro de projecto.

Ele começou a trabalhar em Setembro, depoisde quatro meses sem emprego, e agora está ausar a rede de recrutadores e especialistas decarreira que o ajudaram a orientar outras pes-soas.

O QUE DIZ O ECONOMISTA DA BLOOMBERG

Muitas das perdas de empregos no segundo tri-mestre devem ser revertidas assim que a econo-mia se abrir, mas a questão é quanto e quando?Acreditamos que a recuperação será prolongadadevido às fracas perspectivas de crescimento.Esperamos também um ligeiro aumento na taxa

de desemprego estrutural, uma vez que algunsdos que foram demitidos durante a crise conti-nuam desempregados.

A África do Sul enfrentou uma crise de desem-prego antes mesmo do vírus. A taxa de desem-prego está acima de 20% há pelo menos duasdécadas, embora a economia tenha se expandi-do 5% ou mais ao ano no início dos anos 2000.

Os analistas citam um sistema educacional quenão fornece habilidades adequadas e leis labo-rais rígidas, que tornam a contratação e demis-são onerosa e o planeamento espacial da era doapartheid difíceis para quem procura emprego,entrar e permanecer na força de trabalho formal,como parte do problema.O presidente Cyril Ramaphosa prometeu impul-

sionar o crescimento económico para 5% até2023 e priorizar o emprego durante a sua cam-panha presidencial, há três anos.Desde que se tornou presidente do país, sediou

uma cúpula de empregos que visava criar275.000 vagas por ano e lançou um programapara criar oportunidades de emprego para jo-vens.

Os resultados têm sido irregulares e a falta deurgência na implementação de políticas para im-pulsionar o crescimento e convencer as empre-sas a investir está a impediro o progresso.

“Grande parte do descompasso que vemos en-

tre as soluções governamentais e os problemasque temos é porque o governo está a fazer políti-cas para uma economia que não existe”, disseSithembile Mbete, professor sénior de estudospolíticos na Universidade de Pretória.

A CRISE PODE PIORAR

Apenas manter a taxa de emprego inalteradaexigiria que a economia - presa em sua maiorrecessão em 28 anos - crescesse de 1,5% a2,25% ao ano para corresponder a um aumentoanual de 1,5% na população em idade activa, deacordo com Elna Moolman, economista doStandard Bank Group Ltd.

As estimativas populacionais mostram que há59,6 milhões de pessoas na África do Sul, dasquais quase 30% entrarão no mercado de traba-lho na próxima década.

“Com base nos cenários para a recuperaçãoeconómica pós-2020, pode levar de três a seteanos antes que o emprego retorne aos níveis de2019”, disse Christie Viljoen, economista da PwCna Cidade do Cabo.

aumentou 33,1% (5,1 milhões).“Ao contrário do que se poderia esperar diante

de uma queda tão grande no emprego, o desem-prego também diminuiu substancialmente - di-minuiu 2,8 milhões para 4,3 milhões em compa-ração com o primeiro trimestre de 2020, resultan-do numa diminuição de 5,0 milhões (queda de21,4 %) no número de pessoas na força de tra-balho”, disse o grupo.

O número de desempregados, diminuiu em447.000, e o número de pessoas que não erameconomicamente activas por outras razõesaumentou em 5,6 milhões entre os dois tri-mestres, resultando num aumento líquido de 5,2milhões na população não economicamente acti-va.Por causa da remoção de mais de 5 milhões de

pessoas da força de trabalho, a Stats SA diz quea taxa de desemprego "oficial" na verdade dimi-

nuiu para 23,3%. No entanto, a definição maisampla de desemprego coloca a taxa mais altaem 42%.

Os dados também marcam o ponto em que osinactivos economicamente (20,6 milhões) super-am a força de trabalho (18,4 milhões).

A empresa chinesa Hisense planeia abrir umanova fábrica em Atlantis, norte da Cidade do Ca-bo, que deverá empregar mais de 200 pessoas eproduzir máquinas de lavar.

A companhia garantiu que planeia abrir a novafábrica até 2021. Esta segue à inauguração deuma outra de 350 milhões de randes na mesmaárea em 2013, que fabrica TVs de tela plana egeleiras domésticas.

“Desde o lançamento de máquinas de lavar nopaís, há três anos, a Hisense conquistou 12% departicipação de mercado nesse segmento”, disseo grupo.

“Actualmente, a Hisense emprega mais de 800pessoas e realiza projectos de capacitação e pro-moção social, contribuindo para o bem-estar decerca de 3.000 pessoas na comunidade.”

O grupo disse que actualmente distribui paramais de 3.000 cadeias de lojas e 500 estabeleci-mentos de electrodomésticos em toda a África doSul.“Em 2019, uma em cada quatro TVs ou geleiras

vendidas na África do Sul era do grupo Hisense,enquanto durante o ano, a marca fabricou maisde 530 mil TVs e 331 mil geleiras.

“A Hisense também fez avanços significativosna África, com produtos também a serem expor-tados para outros 13 países africanos, incluindoNamíbia, Moçambique, Zimbabué, Malawi, Zâm-bia, Botswana e Lesoto”.

“País com recorde mundial indesejáveldo desempregro” - Agência Bloomberg

2,2 milhões de sul-africanos perderamemprego durante o confinamento

Nova fábrica daHisense na Cidade do Cabo criará mais de 200postos de trabalho

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6 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 5 DE OUTUBRO DE 2020

PORTUGAL

A lendária Princesa Peralta emerge dos séculosem iniciativas diversas nos concelhos ligados àSerra da Lousã, onde perdura um imaginário defantasia com força para impulsionar uma rotaturístico-cultural em torno dessa figura.

Associativismo, revivalismo histórico, artes, do-çaria e turismo são áreas que têm vindo a recla-mar-se herdeiras da lenda que tem o Rei Aruncee sua filha como protagonistas.

“Esta lenda tem a capacidade de atrair pes-soas”, afirma à agência Lusa o investigador AiresHenriques, dono da unidade de turismo rural VillaIsaura, numa aldeia do município de PedrógãoGrande.

Em Troviscais, o promotor ergueu a Torre daPrincesa Peralta, construção neomedieval ondeacolhe raras coleções do Museu da República eda Maçonaria.Descrita em 1629 por Miguel Leitão de Andrada,

na obra “Miscelânea do Sítio de Nossa Senhorada Luz do Pedrógão Grande”, a Princesa “temmais importância do que parece”, sublinha, en-quanto mostra um quadro do pintor João Viola,

seu conterrâneo, com Peralta montada num ca-valo junto ao Castelo da Lousã.

A lenda “é um factor possível de apoio ao de-senvolvimento” de um grupo de concelhos dosdistritos de Coimbra, Leiria e Castelo Branco, oque nesta década levou Aires Henriques a de-fender a criação da Rota da Princesa Peralta, du-

rante uma ceia medieval organizada pela Co-operativa Arte-Via, da Lousã, junto àquele monu-mento nacional.

Leitão de Andrade, oriundo de PedrógãoGrande, “não imaginou decerto que as suas des-crições, por vezes fantasiosas, pudessem reve-lar-se fonte de inspiração para quantos vivem outêm origens na Serra da Lousã e imediações”,salienta.

Na sua opinião, “a expressão porventura maiordessa inspiração” encontra-se numa tela do pin-tor Carlos Reis (1863-1940) que decora o salãonobre da Câmara da Lousã, onde surge “a belaprincesa embrenhando-se na floresta a cavalo”ao lado do pai.“Propomos uma Rota da Princesa Peralta como

elemento aglutinador de vontades e factor dedesenvolvimento turístico”, refere.

O economista entende que o percurso deveriaintegrar os concelhos de Condeixa-a-Nova (ondeestá situada a cidade romana de Conímbriga),Miranda do Corvo, Lousã (cujo castelo o povoassocia ao Rei Arunce), Castanheira de Pera,

Pedrógão Grande e Sertã, abrangendo dife-rentes monumentos e sítios.

A proposta de Aires Henriques está incluída namonografia “Pedrógão Grande e o Cabril deEncantos Mil”, concebida por ele e Nuno Soares,editada pela Câmara local em 2018.

Em 1964, no âmbito do cinquentenário do mu-

nicípio da Castanheira de Pera, Kalidás Barreto,que viria a estar na fundação da CGTP, montouuma peça de teatro baseada no texto de Leitãode Andrada.

Uma filha do sindicalista, Ana Kalidás, nuncaesqueceu essa iniciativa do pai, autor da mono-grafia local em que reserva espaço à lenda.

Em 2007, a partir de uma receita da avó mater-na, confecionou para a feira do mel do Coentraluns bolinhos de castanha e ovos a que chamou"Beijos de Peralta".“Tem tudo a ver com a nossa terra”, realça, para

indicar que a presença da castanha nos ingredi-entes faz jus ao nome do concelho.

A guloseima teve sucesso e Ana começoudepois a satisfazer as encomendas de amigos.Agrada-lhe a “brilhante ideia” de criar uma Rota

da Princesa “para divulgar” os valores culturais eturísticos da Serra da Lousã e do Vale do Zêzere.

A sugestão é também acolhida por Vítor MaiaCosta, técnico da Câmara da Lousã há mais de30 anos, tanto mais que “a Serra da Lousã já éunificadora”.

Arunce e Peralta simbolizam “um passado lon-gínquo que vai além das divisões administrativase que só engrandece o território”, enfatiza.

Um grupo de mulheres constituiu a AssociaçãoCultural Princesa Peralta, parceira da Academiade Bailado da Lousã (ABL), dirigida por JoanaRuas.

Em 2014, nesta vila, esteve em palco um baila-do inspirado na Princesa com texto de Filipa

Rosa e da coreógrafa da ABL. “Foi um sucesso”,segundo Joana Ruas.

A associação nasceu para “espalhar a culturade forma gratuita” em localidades da área daSerra da Lousã.

“Queríamos uma imagem feminina a que o pú-blico infantil tivesse ligação”, recorda, para argu-mentar que “fazia todo o sentido” dar à colectivi-dade um nome que “é muito poético”.E a filha do Rei Arunce é igualmente figura tute-

lar da presença da escola de dança nas Marchasde São João da Lousã, com contributo do pia-nista Hélder Bruno Martins na letra e na com-posição.

Ainda na Lousã, no Talasnal, a empresa Natur-xisto gere a Casa Princesa Peralta e a CasaLausus, com capacidade para 15 hóspedes.

Turistas que demandam esse lugar da redeAldeias do Xisto chegam a perguntar ao dono,Paulo Peralta, se é familiar da Princesa.

O operador concorda com a ideia de promoveruma Rota da Princesa Peralta: “tudo o que possachamar turistas ao interior é positivo”.Pela mão de novos pretendentes do século XXI,

a jovem cavaleira que o pintor Carlos Reis con-sagrou, há 80 anos, ressurge agora das brumasda Serra da Lousã como proposta de desenvolvi-mento intermunicipal.

Lenda da Princesa Peralta pode impulsionar rota turística ligada à Serra da Lousã

A SERRA DA LOUSÃ E O CASTELO DA LOUSÃ SÃO O PALCO DA LENDA DA PRINCESA PERALTA, QUE UNE VÁRIOS CONCELHOS EM TORNO DA SERRA.

UMA CRIANÇA DANÇA DURANTE UMA AULA NAASSOCIAÇÃO CULTURAL PRINCESA PERALTA,CRIADA POR UM GRUPO DE MULHERES PARAESPALHAR A CULTURA EM LOCALIDADES DA

ÁREA DA SERRA DA LOUSÃ

A TORRE DA PRINCESA PERALTA, CONSTRUÍDA PELO INVESTIGADOR AIRES HENRIQUES,EM TROVISCAIS, PEDRÓGÃO GRANDE.

O INVESTIGADOR AIRES HENRIQUES MOSTRA UMA PINTURA COM O CASTELO DA LOUSÃ EA PRINCESA PERALTA JUNTO QUE CONSTRUIU EM TROVISCAIS, PEDRÓGÃO GRANDE

E A QUE DEU O NOME DA PRINCESA.

Casimiro Simões (texto) e Paulo Novais (fotos),

da agência Lusa

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5 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 7

PORTUGAL

Ursula von der Leyen elogiou Portugal “não sópor encontrar uma saída para a crise” do corona-vírus “com trabalho duro, boas ideias e discipli-na”, mas também por “saber definir um rumopara o futuro”.

A presidente da Comissão Europeia apontoucomo exemplos Portugal ter “mudado eficaz-mente o seu ‘mix’ de energia para um resultadomais sustentável” e ser, “particularmente Lisboa,uma referência no mundo digital”.Von der Leyen considerou por isso que o Fundo

de Recuperação pós-pandemia é “feito à medidade Portugal” e manifestou-se convicta de que eleservirá para “estimular” a economia, protegendoas empresas e os empregos.

A presidente do executivo de Bruxelas disse quea Comissão e o Governo português estão “emcontacto estreito” sobre “o desenvolvimento doplano” estratégico de recuperação e resiliência,frisando que ele está “afinado com as prioridades

da UE” ao nível ambiental e digital.Von der Leyen destacou o trabalho feito pela

Comissão para dar uma resposta à crise, quepermitiu um acordo a 27 mobilizando recursos“de uma magnitude sem precedentes”, e apontouPortugal como “parceiro chave” nesse trabalho.

Assegurou que a Comissão, enquanto interme-diário, o Conselho e o Parlamento Europeu estão“a trabalhar duramente” para avançar nas “difí-ceis negociações” do orçamento para 2021-2027e o fundo de recuperação que lhe está associa-do, e que todos “sabem o que está em jogo”:“que a pandemia não acabou, que vamos ter deviver com o vírus e que isto terá um impactomuito forte nas nossas economias”.

Quando houver um acordo final e for terminadoo subsequente processo de ratificação pelos par-lamentos nacionais, “a Comissão irá buscar o di-nheiro aos mercados”.

“Cabe-nos agora investi-lo de forma acertada eresponsável”, disse.

O primeiro-ministro, António Costa, e a presi-dente da Comissão Europeia, Ursula von derLeyen, apresentaram na trerça-feira em Lisboaas prioridades dos planos de recuperação e resi-liência europeu e português, numa sessão naFundação Champalimaud, em Lisboa.

Para a sessão de apresentação do Plano deRecuperação e Resiliência, por António Costa, edo Plano de Recuperação da União Europeia,por Ursula von der Leyen, foram convidados re-presentantes das 27 comunidades intermunici-pais, das áreas metropolitanas de Lisboa e doPorto, da Associação Nacional dos MunicípiosPortugueses e da Associação Nacional de Fre-guesias.

Nesta sessão, segundo o executivo, estiveram

o também representantes das regiões autóno-mas dos Açores e da Madeira, do Conselho dosInstitutos Superiores Politécnicos, do Conselhode Reitores da Universidade Portuguesa, par-ceiros sociais e associações empresariais.

O plano português, cujas linhas gerais foramapresentadas no passado dia 21 de Setembroaos partidos e debatidas no parlamento, mere-ceu críticas da esquerda à direita, com as forçaspolíticas a mostrarem-se contudo disponíveispara dar contributos.

Em entrevista à Lusa, Ursula von der Leyensustentou que o «NextGenerationEU», o fundode recuperação proposto pelo seu executivo eacordado pelos líderes europeus numa longa ci-meira em Julho passado, dá à Europa "a oportu-

nidade não só de reparar os danos e recuperarda situação actual, mas de moldar um melhormodo de vida" e destacou que "Portugal será umimportante beneficiário".

De acordo com o compromisso alcançado emJulho passado, Portugal receberá 15,3 biliões deeuros em subvenções (a fundo perdido), incluin-do 13,2 biliões de euros, até 2023, através doMecanismo de Recuperação e Resiliência, oprincipal instrumento do Fundo de Recuperação.

Segundo a presidente da Comissão, o apoioque Portugal receberá "vai proporcionar osmeios para impulsionar a recuperação da econo-mia portuguesa, assente na dupla transição eco-lógica e digital, e assegurando ao mesmo tempoque ninguém é deixado para trás".

O primeiro-ministro afirmou na segunda-feiraque Ursula von der Leyen tem sido "exemplar" noexercício do seu mandato de presidente da Co-missão Europeia e adiantou que a presidênciaportuguesa do Conselho dará prioridade ao de-senvolvimento do pilar social.

António Costa assumiu estas posições numaconferência de imprensa conjunta com a presi-dente da Comissão Europeia, que iniciava umavisita de dois dias a Portugal.

"Ursula von der Leyen tem conduzido a UniãoEuropeia de forma exemplar num momento tãodifícil no atual quadro de pandemia que tematingido duramente a Europa. Sob o impulso daComissão, a forma como a União Europeia temenfrentado esta crise é um exemplo de como aunião faz a força e reforça a capacidade de todosde podermos estar à altura desta crise", susten-tou o primeiro-ministro.

Antes desta conferência de imprensa, AntónioCosta e Ursula von der Leyen tiveram uma brevereunião de 40 minutos. Depois, ainda na mesmanoite, tiveram em São Bento um jantar de traba-

lho.Nas suas primeiras palavras perante os jorna-

listas, o líder do executivo português referiu quea crise sanitária "tornou-se rapidamente uma cri-se económica e social"."A forma como a Comissão dinamizou a respos-

ta europeia foi a todos os títulos exemplar. Creioque todos os europeus estão reconhecidos à li-derança de Ursula von der Leyen", insistiu Antó-nio Costa, antes de elogiar igualmente o executi-vo de Bruxelas por ter "organizado o esforço detodos os Estados-membros no apoio ao desen-volvimento da vacina e para a aquisição conjun-ta da vacina" contra a covid-19.

"Essa é uma condição fundamental para poder-mos superar esta crise", frisou o primeiro-minis-tro.

Tendo ao seu lado a responsável germânica,António Costa falou também sobre as priorida-des da presidência portuguesa do Conselho apartir do primeiro semestre de 2021.

"A presidência portuguesa elegeu como priori-dade o desenvolvimento do pilar social da UniãoEuropeia, porque é uma condição fundamentalpara reforçar a nossa capacidade nas áreas dasaúde e apoio aos mais idosos e aos mais jo-vens. Queremos ainda criar as condições para oreforço das qualificações, tendo em vista os de-safios das transições do digital e do clima. É pre-ciso reforçar a inovação para que as empresaspossam ser mais competitivas na nova era climá-tica e digital e reforçar a proteção social para quetodos sintam confiança para enfrentar os desa-fios", declarou António Costa.

O primeiro-ministro afirmou que Portugal querser um dos primeiros países a acordar com a Co-missão Europeia o seu Plano de Recuperação eResiliência, dizendo que o país "tem de estar nalinha da frente".

António Costa assumiu este objectivo numaconferência que decorreu na Fundação Champa-limaud, em Lisboa, depois de a presidente daComissão Europeia, Ursula von der Leyen, terapresentado o Plano de Recuperação da UniãoEuropeia perante uma plateia com muitos minis-tros e secretários de Estado, autarcas, represen-tantes dos governos regionais, parceiros sociaise responsáveis de instituições académicas portu-guesas.

Numa intervenção com cerca de 40 minutos, oprimeiro-ministro disse que o calendário do seuGoverno é o de aprovar o Programa de Recupe-ração e Resiliência do país a 14 de Outubro, en-tregando no dia seguinte, a 15, o primeiro "draft"à Comissão Europeia.

"Queremos ser dos primeiros países a fechar oacordo com a Comissão Europeia. Queremos fa-zê-lo porque queremos estar na linha da frenteneste trabalho pela resiliência e pela recupera-ção da Europa", justificou.Para António Costa, é essencial que Portugal se

coloque "na linha da frente", porque a recupera-ção do país também tem de ser a primeira priori-dade.

"Ao mesmo tempo que temos de controlar apandemia, temos de ser capazes de recuperar anossa economia, proteger os empregos, recupe-rar os empregos perdidos e recuperar rendimen-tos que estão a ser perdidos. Temos de recupe-rar a trajectória de convergência que tínhamos

com a União Europeia", sustentou António Costano seu discurso que encerrou uma sessão deuma hora e meia e que tinha sido aberta pelapresidente da Fundação Champalimaud, LeonorBeleza.

No seu discurso, o primeiro-ministro acentuouque Portugal está perante "um desafio crucial"para o seu futuro.

"Temos de enfrentar este desafio com a con-vicção de que recuperar não significa voltar ondeestávamos. A nossa ambição não pode ser a dechegarmos ao fim e estarmos onde estávamosem Fevereiro deste ano. Temos de sair desta cri-

se mais fortes, mais resilientes dos pontos devista social, do potencial produtivo e da competi-tividade territorial", sustentou.De acordo com o líder do executivo, se Portugal

acelerar os processos de transição climática edigital, "será um país mais prósperos, com me-lhores condições para a nova geração".

"E é para a nova geração que este plano daUnião Europeia foi concebido", acrescentou,num discurso em que também repetiu os elogiosque fizera na véspera ao mandato da germânicaUrsula von der Leyen na presidência da Comis-são Europeia.

Presidente da Comissão Europeia elogia Portugal como modelo na definição do rumo para o futuro

A PRESIDENTE DA COMISSÃO EUROPEIA, URSULA VON DER LEYEN, E O PRIMEIRO-MINIS-TRO PORTUGUÊS, ANTÓNIO COSTA, DURANTE UMA REUNIÃO NO PALÁCIO DE S. BENTO

TROCA DE IMPRESSÕES ENTRE URSULA VON DER LEYEN E O PRESIDENTE MARCELO

Portugal quer ser dos primeiros a fecharplano de recuperação na União Europeia

“Ursula von der Leyen tem conduzido de formaexemplar a União Europeia” - António Costa

Costa e Von der Leyen juntos na apresentação dos planos de recuperação e resiliência

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de Joanesburgo

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8 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 5 DE OUTUBRO DE 2020

PORTUGAL

PLANO 2020/2030

Governo aponta abertura a contributos para o Plano de Recuperação

O primeiro-ministro considerou "absurdas" a crí-ticas dos partidos à direita do PS de que o Go-verno vai privilegiar o Estado na aplicação dosfundos europeus, contrapondo que as empresasprecisam de uma administração pública eficiente.

Não se caia nesse debate absurdo sobre seeste Plano de Recuperação e Resiliência deveinvestir no Estado ou nas empresas. Este planotem de investir nas pessoas e nas empresas. Epara servir melhor as pessoas e as empresasprecisamos de um Estado mais robusto e efi-ciente", sustentou António Costa na abertura das"jornadas de trabalho" do Grupo Parlamentar doPS, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Na segunda-feira, na sequência das reuniõescom os partidos com representação parlamentarem São Bento, a Iniciativa Liberal e o CDS criti-caram abertamente a fatia de investimentos queo Governo tenciona fazer na administração públi-ca. E também o presidente do PSD, Rui Rio,admitiu que o Governo vai investir nas empresas"provavelmente menos" do que se desejaria.

"Dá-me ideia que não há um objectivo claro deprivilegiar o apoio às empresas privadas viradaspara a exportação, mas não digo que está es-quecido", declarou o presidente do PSD.Na sua intervenção, com cerca de 45 minutos e

totalmente dedicada ao Plano de Recuperação eResiliência, o secretário-geral do PS classificoucomo essenciais os investimentos na moderniza-ção da saúde, da justiça e da segurança social, erecusou o dualismo entre Estado e setor privado.

"Este investimento gera externalidades positi-vas para o conjunto da sociedade, seja para oscidadãos ou para as empresas. Não estamosperante um investimento autofágico na alimen-tação da administração pública", disse.

Neste ponto, António Costa acentuou que se opaís "quer uma administração pública do séculoXXI, se quer uma administração pública maisqualificada e com recursos humanos mais moti-vados, tem de ter uma administração pública di-

gital"."Uma administração pública que não é digital é

uma administração pública que não é do séculoXXI. E se houve algo que ficou claro nesta criseé que a presença do Estado é absolutamenteindispensável nas respostas nos momentos críti-cos à sociedade. O desenvolvimento das políti-cas públicas são um factor essencial para o de-senvolvimento económico e social e são ferra-mentas indispensáveis para as empresas", argu-mentou.António Costa defendeu mesmo que "basta falar

com empresários para saber que eles dizem quemais do que subsídios do que precisam é de umsistema de justiça mais eficaz e de uma adminis-tração pública que seja eficiente".

"E mais do que subsídios do que precisam éque se diminuam os custos de contexto para fa-cilitar o investimento", acrescentou o primeiro-mi-nistro.

O primeiro-ministro advertiu que Portugal estáperante "uma gigantesca responsabilidade" e"não pode perder tempo" com hesitações na exe-cução dos fundos europeus nos próximos seisanos, tendo de conciliar "máxima transparência emínimo de burocracia".

Esta mensagem sobre o alcance estratégico doPlano de Recuperação e Resiliência foi deixadapor António Costa na sessão de abertura da "jor-nada de trabalho" do Grupo Parlamentar do PS,no Centro Cultural de Belém, em Lisboa."Estamos perante uma gigantesca responsabili-

dade para com a União Europeia, mas, sobretu-do, para com o país e as novas gerações. Daquia seis anos estarão cá a pedir-nos contas do que

fizemos com estes recursos extraordinários queforam postas à nossa disposição", disse.O único objectivo possível, de acordo com o pri-

meiro-ministro, é daqui a seis anos chegar-se àEuropa ou encarar-se os jovens e cada um dosportugueses e concluir-se que se "cumpriu e oque o país é diferente".

Perante os deputados socialistas, António Cos-ta defendeu que o Plano de Recuperação e Re-siliência é um programa com uma natureza exce-cional", razão pela qual "tem de haver absolutaconfiança naquilo que se vai fazer".

"A pior coisa que nos podia acontecer é iniciar-se este ciclo numa situação tão crítica como aatual e podermos dar-nos ao luxo de ao longo dedez anos passarmos o tempo a hesitar, a ter dú-vidas e a voltar ao princípio, reabrindo as deci-sões que sucessivos governos vão tomando. Se,nos próximos dez anos, fizemos aquilo que foifeito nos últimos 50 anos a propósito do aeropor-to de Lisboa, então daqui a 10 chegaremos aofim com muito dinheiro gasto em estudos, massem se fazer nada de efectivamente concretoque altere a realidade do país", advertiu.

Neste ponto, António Costa resolver mesmodramatizar a situação actual dos pontos de vistaeconómico e social: "Não podemos perder tem-po, porque a crise está aí, são milhares de em-presas que estão ameaçadas de poder fechar,são milhares de postos de trabalho que já foramperdidos ou que estão ameaçados e assiste-se auma perda de rendimentos no conjunto a so-ciedade que pode vir a atingir as famílias"."Portanto, não podemos perder tempo. É funda-

mental que a União Europeia aprove definitiva-mente este plano, aprove definitivamente estesregulamentos, mas que o país tenha capacidadede o pôr rapidamente no terreno", salientou oprimeiro-ministro.

O ministro do Planeamento, Nelson de Souza,manifestou a abertura do Governo, “sem restri-ção”, a contributos das forças políticas e outrasentidades para construir a versão final do Planode Recuperação e Resiliência.

“Ouvimos várias opiniões, tivemos em conside-ração aquilo que nos foi dito”, afirmou o gover-nante, que falava aos jornalistas depois de terestado reunido com representantes da IniciativaLiberal, do PEV, PCP e PAN, juntamente com oprimeiro-ministro, António Costa, o ministro daEconomia, Pedro Siza Vieira, e o secretário deEstado dos Assuntos Parlamentares, DuarteCordeiro.De acordo com o ministro, o objetivo destas reu-

niões convocadas pelo primeiro-ministro, e quedecorreram na residência oficial, em São Bento(Lisboa), “era mesmo esse”, o Governo ouvir as“sugestões, propostas” dos partidos quanto aoesboço do Plano de Recuperação e Resiliência,que lhes foi apresentado.Depois dos encontros com as forças políticas, o

Governo ouviu também o Conselho Económico eSocial e o Conselho de Concertação Territorial,na Assembleia da República, um debate sobre avisão estratégica para o plano de recuperaçãoeconómica de Portugal 2020-2030, adiantou Nel-son de Souza, num balanço das primeiras reu-niões.

Com estes contributos, o executivo quer enri-quecer a proposta actualmente em cima da mesae permitir que ela “reflicta as reais necessidades

de recuperação da economia” no seguimento dapandemia de covid-19 e os seus efeitos.

Questionado sobre essa abertura a contributos,o ministro do Planeamento indicou que “a abertu-ra neste momento é sem restrição” e destacouque as linhas gerais apresentadas não traduzemuma proposta definitiva, mas sim um “esboço detrabalho”.Nelson de Souza salientou igualmente que exe-

cutar este plano é “um desafio enorme paratodos”, não só para o Governo.

“É em conjunto que queremos trabalhar, comtodos aqueles que tiverem disposição para o fa-zer”, frisou o ministro, apontando que encontrou“essa disponibilidade, de forma genérica”.

Apesar de terem manifestado algumas dúvidase críticas quanto a este esboço do Plano de Re-cuperação e Resiliência, a maioria dos partidosmanifestou intenção de apresentar contributos.

O esboço do Plano de Recuperação e Resiliên-cia prevê um investimento de 12,9 biliões deeuros em resiliência e transição climática e digi-tal, sendo a maior fatia, 3.200 milhões de euros,destinada a saúde e habitação.

O primeiro-ministro, António Costa, reuni-se emSão Bento (Lisboa) com os partidos com repre-sentação parlamentar, a quem apresentou as li-nhas gerais deste plano, dividido em três gran-des áreas: resiliência, transição climática e tran-sição digital.Para a resiliência, que junta as vulnerabilidades

sociais, o potencial produtivo e a competitividade

e coesão territorial, o Governo prevê um investi-mento de sete biliões de euros, mais de metadedo total, sendo que a maior parcela, 3.200 mi-lhões, será aplicado no Serviço Nacional de Saú-de, na habitação e em respostas sociais.

Para o potencial produtivo, que agrega o inves-timento e inovação com qualificações profissio-nais, estão destinados 2.500 milhões de euros,segundo o documento distribuído aos jornalistasem São Bento.

Já para a competitividade e coesão territorialsão previstos 1.500 milhões de euros.

Para a transição climática, o plano prevê um in-vestimento de 2.700 milhões de euros e para atransição digital estão alocados três biliões, divi-didos entre as escolas, as empresas e a admi-nistração pública.

A primeira versão deste plano, que é um dosinstrumentos desenhados a partir da visão estra-tégica de Costa e Silva, vai ser apresentado a 14de Outubro no parlamento, e no dia seguinte se-rá apresentado à Comissão Europeia.

O Plano de Recuperação e Resiliência enqua-dra-se no Plano de Recuperação Europeu.

Costa considera “absurdo” dualismo entre fundos para empresas ou Estado Primeiro-ministro avisa que não há

tempo a perder e país enfrenta “gigantesca responsabilidade”

O MINISTRO DO PLANEAMENTO, NELSON DE SOUZA, MANIFESTOU A ABERTURA DO GOVERNO, “SEM RESTRIÇÃO”,A CONTRIBUTOS DAS FORÇAS POLÍTICAS E OUTRAS ENTIDADES PARA CONSTRUIR A VERSÃO FINAL

DO PLANO DE RECUPERAÇÃO E RESILIÊNCIA

O PRIMEIRO-MINISTRO, ANTÓNIO COSTA, DURANTE AUDÊNCIAS AOS PARTIDOS COM ASSENTO PARLA-MENTAR NO ÂMBITO DA PREPARAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO E RESILIÊNCIA, NA RESIDÊNCIA OFI-

CIAL EM SÃO BENTO, EM LISBOA (Foto António Cotrim/Lusa)

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5 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 9

PORTUGAL

O Ministério dos Negócios Estrangeiros vai re-forçar a embaixada e secção consular na Guiné-Bissau com mais três funcionários, disse à Lusa

o chefe da diplomacia, Augusto Santos Silvas.Segundo o ministro, a embaixada e a secção

consular vão ser reforçadas com três pessoas noâmbito de um processo que prevê contratar 99pessoas para os serviços periféricos externos.

Questionado sobre as queixas relativas à faltade celeridade no processo de atribuição de vis-tos, o ministro explicou que o número de pedidosdisparou nos últimos anos.

"No sentido positivo, quanto mais melhor, sóprova quão próximos estão os dois países", afir-mou.

Augusto Santos Silva salientou também que,por causa da pandemia provocada pelo novocoronavírus, a secção consular e a embaixadade Portugal "só agora estão a retomar a norma-lidade".

Em relação aos vistos de estudo, consideradosos mais urgentes, Augusto Santos Silva disseque o "processamento será mais rápido" quanto"melhor as pessoas preencherem os impressos".

"É impossível processar vistos de estudo quan-do as pessoas não indicam qual é a escola emPortugal onde vão estudar ou e qual é o aloja-mento, ou a morada, onde vão viver, porqueessas duas condições são mínimas", afirmou.

Segundo Augusto Santos Silva, há muito pedi-dos que estão incompletos e isso tem dois efei-tos negativos, o primeiro é que não é atribuídovisto e o segundo é que "entopem" os serviços enão deixam os que preencheram correctamenteter os vistos processados com rapidez.

"Nós assumimos a nossa responsabilidade ecomo disse a secção consular vai ser reforçadacom mais gente, por um lado, e por outro ladoquanto melhor forem apresentados os documen-tos e os impressos que são simples, mais rápidaé a análise de processamento do visto", afirmou.

Na entrevista à Lusa, Augusto Santos Silva dis-se também que o novo embaixador de Portugalna Guiné-Bissau chegou no penúltimo sábado aopaís.

O novo embaixador, José Rui Caroço, foi subs-tituir no cargo António Alves de Carvalho, que foidestacado para o Qatar.

O ministro dos Negócios Estrangeiros portu-guês, Augusto Santos Silva, disse que a relaçãocom a Guiné-Bissau é "excelente" e que Portugalacompanha o país, "mas sem intromissão".

"Entre os dois países as relações são excelen-tes. Portugal tem acompanhado a evolução naGuiné-Bissau com a atenção que um amigo me-rece, mas sem a intromissão", afirmou AugustoSantos Silva."A evolução interna da Guiné-Bissau aos guine-

enses pertence. Nós seguimos com atenção,mas sem nenhuma intromissão", insistiu o chefeda diplomacia.

Sobre o processo político e eleitoral - a Guiné-Bissau realizou eleições legislativas e presidenci-ais em 2019 -, Augusto Santos Silva disse que aúnica participação de Portugal foi "muito indire-ta", a pedido das autoridades guineenses, com aimpressão dos boletins de voto.

"Também participámos nas observações eleito-rais feitas por organizações multilaterais, incluin-do na CPLP (Comunidade dos Países de LínguaPortuguesa), que aliás em ambos os casos teste-munharam a transparência das eleições e a ade-

são massiva", disse."A partir daí o Presidente foi eleito, o Supremo

Tribunal finalizou o processo de análise de pen-dências que ainda tinha, e quanto ao Governoformou-se, designado pelo Presidente, e viu oseu programa aprovado na Assembleia Nacio-nal", afirmou.

Para Augusto Santos Silva, "todos os requisitosconstitucionais estão cumpridos".

"A partir daí nós trabalhamos com as autorida-des que os guineenses livremente escolham,qualquer que seja o Presidente, qualquer queseja o Governo, nós sempre dizemos que sejaum Presidente ou Governo de um país de línguaportuguesa são nossos amigos", afirmou.

A Guiné-Bissau viveu um momento de grandetensão política no início do ano, depois de o can-didato que disputou a segunda volta das eleiçõespresidenciais com o actual Presidente ter apre-sentado um recurso de contencioso eleitoral.

O Supremo Tribunal de Justiça considerou queo recurso apresentado era extemporâneo, confir-mando assim os resultados anunciados pela Co-missão Nacional de Eleições.

O vestido todo feito à mão pela Associação deTeivas, tem oito metros e um centímetro de altu-ra, um perímetro de cintura de 5,32 metros e comas cores verde, vermelho e dourado é candidatoao livro dos records do Guinness como o maiorvestido do Mundo. As medidas foram apresenta-das no dia de ferido municipal de Viseu, pela em-presa responsável da medição. Uma peça quelevou vários meses a ser preparada por três cos-tureiras, 20 voluntários e milhares de horas demão de obra, 300 metros de tecido e mais dequatro mil missangas.

O vestido representa a dança da Morgadinha efoi confeccionado pela Associação que todos osanos promove as Cavalhadas de Teivas. Alexan-dra Sá, presidente da Associação de Teivas, afir-mou que “não há razões para que a peça nãoseja oficializada pelo o Guinness Book of Re-cords”.

A decisão final do Comité deve ser conhecidadentro de duas a três semanas. O maior vestidodo Mundo esteve no Rossio, na cidade de Viseu,até ao dia 27 de Setembro e depois seguiu parao Palácio do Gelo.

Num esforço para adaptar a tradição aos tem-pos de Covid-19, a Associação Cultural, Recrea-tiva e Social de Teivas trocou o cortejo anual dasCavalhadas pela vontade de bater um recorde in-ternacional: a confecção do maior vestido domundo, utilizando como modelo a indumentáriada “morgadinha de Teivas”.

O ministro de Estado e dos Negócios Estran-geiros, Augusto Santos Silva, disse que os con-tactos ao "mais alto nível" entre Portugal e a Gui-né-Bissau significam levar a cooperação entre osdois países para um novo patamar.

"Estes contactos ao mais alto nível significamque nós não vamos começar a cooperar, porquecooperamos há muitos anos, mas vamos chegara um novo nível, a um novo patamar da cooper-ação, da cooperação propriamente dita, mastambém da cooperação entre as economias dos

dois países", afirmou Santos Silva.O chefe da diplomacia portuguesa falava no

Palácio da Presidência, em Bissau, após um en-contro com o Presidente guineense, Umaro Sis-soco Embaló.

"Um ponto que foi especialmente importantenesta audiência é aquele relativo à maneiracomo Portugal olha para a África Ocidental e aÁfrica Ocidental olha para a Europa, e como aGuiné-Bissau tem sido um elemento muito impor-

tante para favorecer a relação entre a África Oci-dental e a Europa na África, e Portugal tem sidoum elemento muito importante para favorecer arelação entre a Europa e a África Ocidental naEuropa", disse o ministro.No final do encontro, e antes de prestar declara-

ções à comunicação social, Augusto Santos Sil-va, o embaixador de Portugal, António Alves deCarvalho, e a ministra dos Negócios Estrangei-ros, Susy Barbosa, bem como vários funcio-ná-

rios da Presidência guineense, cantaram os pa-rabéns a Umaro Sissoco Embaló, que comema-va o seu aniversário.

"É uma maneira muito expressiva e simbólica,porque é a melhor maneira de mostrar a grandeamizade que une os povos guineense e por-tuguês, os dois países e as mais altas figuras doEstado", declarou Augusto Santos Silva, quandoquestionado sobre a forma como terminou o en-contro.

Santos Silva diz que Portugal e Guiné-Bissaulevam cooperação para novo patamar

Relações entre Lisboa e Bissau sãoexcelentes "mas sem intromissão"

MNE reforça embaixada e secção consular em Bissau

Viseu bateu o recorde de maior vestido do Mundo

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10 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 5 DE OUTUBRO DE 2020

MADEIRA/AÇORES

O presidente do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, de-fendeu que os municípios da região autónomadevem ter "acesso directo" aos fundos comunitá-

rios no âmbito dos programas de recuperaçãoeconómica e social da crise provocada pela pan-demia de covid-19.

"Por desenvolvimento regional entende-se tam-bém o desenvolvimento local, pelo que os mu-nicípios têm de ter acesso a estas verbas parapoderem dar a resposta necessária", afirmou o lí-der socialista, em conferência de imprensa naPonta do Sol, zona oeste da Madeira.

Paulo Cafôfo disse que a região vai ter acessoa fundos comunitários que serão "determinantes"para a recuperação da crise pandémica e criticouo executivo madeirense, de coligação PSD/CDS-PP, de ser autonomista apenas "do Funchal paraLisboa".

"Tem de existir também uma autonomia relativa-mente aos municípios, porque aquilo que sepassa é que este Governo Regional é altamentecentralista e o acesso aos fundos comunitáriostem de ser garantido, para que as câmaras mu-nicipais possam desenvolver projetos em prol dapopulação", afirmou.O presidente do PS/Madeira disse que "não po-

dem existir interesses partidários" na definiçãodos "eixos estruturantes" para a aplicação dasverbas comunitárias, vincando que os "conce-lhos amigos" do executivo madeirense não po-dem ser os "únicos favorecidos".

"A equidade na distribuição dos fundos é muitoimportante, bem como a transparência, porquese queremos um desenvolvimento integral detoda a região, os municípios não podem ser colo-cados à margem e têm de ter acesso direto aestes fundos, pois só assim é que conseguire-mos dar a volta a esta situação menos positivaque estamos a viver", declarou Paulo Cafôfo.

Os Governos Regionais dos Açores e da Madei-ra alertaram para o facto de a proposta de lei quepretende “simplificar e “desburocratizar” os pro-cessos de contração pública poder pôr em causaa transparência dos concursos.

A secretária regional dos Transportes e dasObras Públicas dos Açores, Ana Cunha, e o se-cretário regional dos Equipamentos e das Infra-estruturas da Madeira, Pedro Fino, foram ouvi-dos no parlamento sobre esta proposta de leipela Comissão de Economia, Inovação, ObrasPúblicas e Habitação.Em causa está uma proposta de lei que estabe-

lece medidas especiais de contratação pública ealtera o Código dos Contratos Públicos, com oobjectivo de os simplificar e desburocratizar,aumentando a eficiência da despesa pública.Assim, são agilizados os procedimentos “para a

celebração de contratos nas áreas da habitaçãopública ou de custos controlados, para a aqui-sição de bens e serviços no âmbito das tecnolo-gias de informação e conhecimento, para con-

O deputado do CDS-PP no parlamento da Ma-deira António Lopes da Fonseca disse que a re-gião ainda não recebeu o aval da República parao empréstimo de 458 milhões de euros, com oqual poderia poupar 84 milhões de euros.

"Estamos em Outubro, o Governo Regional vaicontrair um empréstimo urgente, para fazer faceà crise pandémica e, até hoje, ainda não houveluz 'verde' por parte do Governo da República re-lativamente ao aval", afirmou o deputado, duran-te uma declaração política na sessão plenária naAssembleia Legislativa da Madeira, no Funchal.O Governo Regional já anunciou que, ao abrigo

de uma autorização excepcional de endivida-mento fixada em 10% sobre o PIB de 2018, vaicontrair um empréstimo de 458 milhões de eurosa pagar em 14 anos para mitigar as consequên-cias provocadas pela pandemia da covid-19.

O executivo disse que o aval do Estado permi-tirá à região poupar seis milhões de euros/ano e84 milhões de euros até ao final da vigência doempréstimo.O consórcio de quatro bancos que está disponí-

vel para realizar o empréstimo apresenta taxasde juros que oscilam entre 0,3% (com o aval doEstado) e de 1,3% (sem o aval do Estado). Osseis milhões de euros a mais que os madeiren-ses e porto-santenses poderão vir a pagar de-vem-se a esse 1% a mais na taxa de juros, casoa República não avalize o empréstimo.O também presidente do Grupo Parlamentar do

CDS-PP, partido integra o Governo Regional, co-ligado com o PSD, sublinhou que "o custo para aregião, caso este aval não seja dado, serão 84milhões de euros, ou seja, seis milhões por ano,durante 14 anos".

"Porque razão António Costa [primeiro-ministro]foi tão célere a dar um aval à companhia aéreaSATA, através de um auxílio do Estado, no valorde 163 milhões de euros, enquanto para a Ma-deira se vislumbra uma recusa em nos dar umsimples aval?", perguntou o deputado centrista.

Lopes da Fonseca recordou que o deputado epresidente do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, "foi re-centemente a Lisboa, tendo o próprio dito entãoque estava garantido o aval do Estado ao em-préstimo que a região iria contrair", facto aprovei-tado pelo centrista para lançar a pergunta: "Ondepara o aval?".

"A recusa de António Costa e do seu ministrodas Finanças, João Leão, serão uma vingançapelo facto de os madeirenses e porto-santensesterem recusado dar uma vitória a Paulo Cafôfo eao PS no dia 22 de Setembro de 2019 [nas elei-ções legislativas regionais]?", perguntou.

tratos que tenham como objecto a execução deprojectos cofinanciados por fundos europeus epara contratos que executem medidas de exe-cução do Programa de Estabilização Económicae Social (PEES)”.

Prevê, igualmente, a alteração do Código deProcesso nos Tribunais Administrativos, tendoem vista “descongestionar os tribunais, designa-damente na vertente do contencioso pré-contra-tual” ao promover “a redução do número de pro-cedimentos pré-contratuais suspensos por im-pugnação da decisão de adjudicação”.

Na sua intervenção, a representante do Gover-no dos Açores começou por apontar alguns dosaspetos menos positivos desta alteração, apon-tando para o facto de a simplificação de procedi-mentos menos concorrenciais poder pôr emcausa questões como a igualdade de tratamento,não discriminação, transparência e proporcionali-dade”.

No entanto, Ana Cunha ressalvou que o Gover-no dos Açores vê “com agrado e bons olhos” as

alterações preconizadas em relação ao códigonos tribunais administrativos, uma vez que acre-dita que irá diminuir os prazos de tratamento deprocessos judiciais.Por seu turno, o secretário regional dos Equipa-

mentos e das Infraestruturas da Madeira ressal-vou que, apesar das alterações trazerem “enor-mes vantagens” no objectivo de acelerar a con-cretização dos projectos, pode suscitar dúvidasrelativamente à sua compatibilização com o prin-cípio da concorrência, o princípio da economia, eo princípio da boa gestão e a estratégia de com-bate à corrupção.Ainda a este propósito, Pedro Fino apontou para

o facto de o atraso na concretização dos projetosnão se dever apenas à burocratização da contra-tação pública, mas também à morosidade relac-tivamente ao cumprimento da legislação em ma-téria de despesa pública, nomeadamente a lei deenquadramento orçamental, a lei dos compro-missos e a necessidade de submissão a fiscali-zação prévia do Tribunal de Contas.

A última crítica apontada foi à obrigatoriedadedos ajustes directos simplificados, ao abrigo des-tas medidas especiais, terem de tramitar numaplataforma eletrónica, facto que o Governo daMadeira considera “um passo atrás na desburo-cratização dos processos”, uma vez que actual-mente este procedimento “dispensa formalida-des”.

“Não obstante, a região considera que a ade-quada utilização das medidas especiais, previs-tas neste projecto lei, podem efetivamente con-tribuir para minimizar a morosidade e asseguraruma maior taxa de concretização dos projectoscofinanciados, representando uma janela deoportunidade para a região autónoma, bemcomo alavancar as pequenas e medias empre-sas no contexto de crise pandémica”, atestou.

Nesta audição participaram também a Associa-ção Nacional de Municípios Portugueses(ANMP), a Associação Nacional de Freguesias(ANAFRE), a Ordem dos Arquitectos e a Ordemdos Engenheiros.

O presidente do PSD/Madeira e chefe do exe-cutivo regional, Miguel Albuquerque, disse que opartido não vai promover alterações aos estatu-tos para integrar novas estruturas, contrariandoafirmações da deputada e vice-presidente doparlamento madeirense Rubina Leal.Em declarações ao Diário de Notícias da Madei-

ra, divulgadas na edição impressa, Rubina Lealanunciou a criação para breve do núcleo das Mu-lheres Social-Democratas da Madeira (MSD/M),indicando que o projecto começou a ser conce-bido em 2019 e conta com o apoio do presidentedo partido.

O PSD/Madeira emitiu, no entanto, um comuni-cado, assinado por Miguel Albuquerque, no qualrejeita a integração daquele núcleo na sua estru-tura.

"Não serão promovidas quaisquer alteraçõesaos estatutos do partido no sentido de integrarnovas estruturas, nomeadamente a das Mulhe-res Social-Democratas", refere.

Miguel Albuquerque sublinha, por outro lado,que as "escolhas" para as eleições autárquicasde 2021 serão avaliadas "no momento próprio",pelo presidente e órgãos do partido e depois de"ouvir as estruturas locais".

O Mapa Ilustrado de Santa Cruz, concelho dazona leste da Madeira, foi apresentado na sexta-feira, 2 de Outubro, revelou a câmara municipal,indicando que estará disponível em português,inglês e alemão.

"Santa Cruz é o segundo concelho com maiornúmero de empreendimentos turísticos da Re-gião Autónoma da Madeira, com aproximada-mente 12,5% do total de camas (cerca de 4.500),facto que levou à necessidade da criação de ummapa ilustrativo que promovesse os principaispontos de interesse", refere a autarquia em co-municado.

O mapa é um projecto da câmara municipal, li-

derada pelo JPP, e foi desenvolvido pela artistaplástica Cristiana de Sousa (Andorinha), naturalda freguesia da Camacha, concelho de SantaCruz, com a coordenação do Gabinete de Turis-mo e apoio científico do Gabinete de Cultura daautarquia.

"Tendo em conta o elevado número de turistasprovenientes das mais variadas origens, comdestaque evidente para os de nacionalidade in-glesa, alemã e portuguesa, surgiu a ideia de secriar um mapa destinado à divulgação dos princi-pais pontos turísticos do concelho", refere ocomunicado.

Governos Regionais temem que diploma para simplificar contratos públicos ponha em causa transparência

CDS-PP/Madeira lembraque República ainda nãodeu aval a empréstimo de 458 milhões de euros

PS/Madeira quer “acesso directo” dos municípios aos fundos comunitários

PSD/Madeira não vai integrar núcleo de MulheresSocial-Democratasna estrutura do partido

Município madeirense de Santa Cruz apresenta mapa ilustrado do Concelho

SECRETÁRIA REGIONAL DOS TRANSPORTES E DAS OBRAS PÚBLICAS DOS AÇORES, ANA CUNHA,À ESQUERDA, INTERVINDO NUMA DAS SESSÕES DE TRABALHO

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5 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 11

MOÇAMBIQUE

O ministro da Economia e Finanças de Moçam-bique admitiu em Maputo que o conflito armadona província de Cabo Delgado, vai obrigar o Go-verno a uma "reorientação de recursos" visandosuportar "o esforço da guerra".

"Um dos problemas que temos é reorientar ospoucos recursos para o esforço de guerra", afir-mou Adriano Maleiane, em declarações à mar-gem de um encontro com os deputados da Co-missão do Plano e Orçamento (CPO) da Assem-bleia da República.

Maleiane assinalou que o executivo deve "in-ventar" para encontrar uma margem de financia-mento das Forças de Defesa e Segurança numcontexto de escassez de meios."Já os poucos recursos que estamos a dar para

as áreas sociais não chegam e temos de inven-tar, que é o termo, mais recursos para a guerra.De facto, isso é muito mau", salientou o ministroda Economia e Finanças.A guerra em Cabo Delgado, prosseguiu Adriano

Maleiane, está a provocar danos para a econo-mia do país e para as famílias.

"É mau em todos os aspectos [que Cabo Delga-do esteja em guerra], não há guerra nenhumaque faça bem à economia", destacou AdrianoMaleiane.

Várias confissões religiosas apelaram ao fimda violência no Centro de Moçambique, quan-do se intensificam os ataques na região, apósameaças de Mariano Nhongo, líder da auto-proclamada Junta Militar da RENAMO.

Mariano Nhongo ameaçou destruir camiões eparalisar a fábrica de açúcar no posto administra-tivo de Mafambisse, em resposta a uma alegadaperseguição à sua família pelas tropas governa-mentais. Quase duas semanas depois dasameaças, houve novos ataques na região. Duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas

num ataque armado no posto administrativo deDombe, no domingo à tarde. A polícia desconfiaque a autoria seja do grupo de Mariano Nhongo.

"Um grupo de homens armados que se presu-me ser da autoproclamada Junta Militar da REN-AMO atacou quatro viaturas, tendo resultado emdois óbitos locais e cinco feridos graves", afirmouMateus Mindú, porta-voz da polícia na provínciade Manica.

POPULAÇÃO PEDE SOLUÇÃO DEFINITIVA

No centro de Moçambique, a população pedeque se chegue a uma solução definitiva para tra-var a "Junta Militar" de uma vez por todas. JoãoBaptista Jane, líder da comunidade cristã emMafambisse, é uma das várias pessoas que p-ede o fim da violência. "A comunidade cristã deMafambisse está a repudiar os ataques protago-nizados. Nós não queremos ataques", sublinhou.João Baptista alertou ainda para as consequên-

cias terríveis caso a fábrica de açúcar de Mafam-bisse seja atacada, como Mariano Nhongoameaçou. "Mafambisse é a fábrica. Quando sedestruir a fábrica é porque Mafambisse acabou.Nós repudiamos isso."

Várias confissões religiosas marcharam na se-gunda-feira 27 de Setembro em Mafambissepara pedir a cessação das hostilidades.O padre Jorge, da Igreja Católica em Mafambis-

se, apela às várias partes que entrem em diálo-go para ultrapassar as diferenças. "Nós acredita-mos que cabe às pessoas, aos homens, realizaro sonho de Deus de um Mundo de paz", afirmou.

NHONGO REJEITA QUALQUER MEDIAÇÃO

Mariano Nhongo parece não escutar os apelosao diálogo. O líder da autoproclamada "Junta Mi-litar" da RENAMO rejeita o actual presidente domaior partido da oposição e continua a contestaro acordo de paz que Ossufo Momade assinoucom o presidente moçambicano, Filipe Nyusi, emAgosto de 2019.

Em Fevereiro, Nhongo rejeitou uma oferta demediação do Conselho Cristão de Moçambiquee, mais recentemente, em Agosto, também recu-sou a mediação das Nações Unidas.O líder da "Junta Militar" continua a fazer amea-

ças. "O mal que está é que o próprio povo carre-ga homens da FIR [Força de Intervenção Rá-pida]. Quando os homens da FIR querem procu-rar o Nhongo, são carregados pelo povo. Qual éa paciência que eu vou ter agora?", perguntou.

Mariano Nhongo deixou também um aviso aquem "carregar" esses militares: "Então balea-mos esse carro. […] não vai escapar, mesmo seestá cheio de outras pessoas, nós abatemos por-que o nosso interesse é dessas pessoas que nãoquerem entender o que é a democracia."

Estima-se que, desde Agosto do ano passado,pelo menos 25 pessoas morreram em ataquesatribuídos à "Junta Militar".

O antigo Presidente moçambicano JoaquimChissano pediu às Forças Armadas "grande mo-tivação" no combate ao "terrorismo" no norte dopaís, assinalando que a acção de grupos arma-dos tem alvos indiscriminados e está a provocardestruição.Joaquim Chissano falava aos jornalistas, à mar-

gem das cerimónias centrais de comemoraçãodo Dia das Forças Armadas de Defesa de Mo-

çambique (FADM), que foi assinalado no país."Os actuais jovens das FADM devem ter a sua

própria motivação [depois de ultrapassada a mo-tivação da luta pela independência nacional], agrande motivação deve ser a luta contra o terro-rismo", referiu Chissano.

O ex-chefe de Estado (1986-2005) observouque o terrorismo actua de forma indiscriminada,destrói bens e atrasa o desenvolvimento social e

económico."Os jovens moçambicanos que estão na frente

do combate contra o terrorismo não estão a com-bater a favor de um chefe de Estado, ministro oucomandante militar, estão a combater em prol dasua própria vida e do sossego do seu povo, in-cluindo da sua família", sublinhou Joaquim Chis-sano.

Cabo Delgado é a província costeira mais anorte de Moçambique, local dos megaprojetos deexploração de gás natural e que enfrenta umacrise humanitária com mais de mil mortos e

300.000 deslocados internos - resultado de trêsanos de conflito armado entre as forças moçam-bicanas e rebeldes, cujos ataques já foram rei-vindicados pelo grupo `jihadista` Estado Islâmi-co, mas cuja origem continua por esclarecer.

O dia das FADM homenageia os então jovenscombatentes da Frente de Libertação de Moçam-bique (FRELIMO), actual partido no poder, que a25 de Setembro de 1964 lançaram a guerra delibertação nacional.

A guerra durou dez anos até à proclamação daindependência nacional a 25 de Junho de 1975.

ATAQUES NO CENTRO E NORTE DO PAIS

Joaquim Chissano diz que Forças Armadas devem ter grande motivação contra "terroristas"

Apelos ao fim da violência no Centro após novas ameaças de Nhongo

“Guerra obriga a reorientação de recursos”- ministro da Economia

MINISTRO DA ECONOMIA E FINANÇAS, ADRIANO MALEIANE

ANTIGO PRESIDENTE MOÇAMBICANO JOAQUIM CHISSANO

O enviado pessoal do secretário-geral das Na-ções Unidas a Moçambique apontou o "financia-mento e reintegração social" dos antigos guerri-lheiros da Resistência Nacional Moçambicana

(RENAMO) como desafios para o processo dedesarmamento, desmobilização e reintegração(DDR).

“Ao longo do processo pudemos constatar queo primeiro problema dos combatentes não é so-mente o dinheiro, mas é a integração social, fa-zer parte de um grupo, de uma família, porqueestar no mato por 20 anos é complicado”, decla-rou Mirko Manzoni.

O responsável falava durante uma palestra de-nominada “Desmilitarização, Integração e Re-conciliação”, promovida pela Universidade Peda-gógica de Maputo.

Para Mirko Manzoni, a reintegração dos guerri-lheiros da RENAMO (principal partido da oposi-ção) vai ser o processo “mais longo”, afirmandoque há alguns casos “dramáticos” de combaten-tes que regressaram às suas comunidades e fo-ram atacados.

“Temos alguns casos que foram dramáticos.São poucos, mas alguns graves. Estamos a in-vestigar”, disse.

Na palestra, Manzoni afirmou ainda, sem avan-çar números, que apesar das “respostas positi-vas” por parte dos doadores, o financiamento étambém um dos desafios para o processo deDDR em Moçambique.

“Reintegrar com dignidade os combatentes éum processo que pode ser difícil, mas é ne-cessário para a reconciliação do país”, subli-nhou.

Em relação ao grupo de dissidentes daRENAMO, a autoproclamada Junta Militar, aquem as autoridades moçambicanas atribuem aautoria de ataques a civis em contestação aoacordo de paz de 2019, o enviado de Guterresreiterou que “há abertura para o diálogo”, subli-nhando que o uso da guerra e do conflito paraimpor uma visão é “bárbaro”.

“Precisamos de um sinal do lado de Mariano[Nhongo, líder do grupo] para dialogar, matar nãoé uma solução”, afirmou.

“Financiamento e reintegração são desafiospara o desarmamento” - aponta a ONU

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12 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 5 DE OUTUBRO DE 2020

MOÇAMBIQUE

O pedido de apoio para combater os ataquesarmados no Norte de Moçambique, em CaboDelgado, foi feito pelo secretário adjunto dosEUA para Assuntos Africanos, Tibor Nagy, ao mi-nistro das Relações Exteriores do Zimbabué, Si-busiso Moyo, na última semana.

Durante a conversa, segundo fontes não identi-ficadas citadas pela agência financeira Bloom-berg, Moyo pediu que os Estados Unidos retiremprimeiro as sanções impostas contra as autori-dades zimbabueanas.

Moyo desempenhou um papel fundamental en-quanto general no golpe em que o presidente doZimbabwe Robert Mugabe foi deposto em 2017,pelo que não pode surgir a cooperar com os EUAa menos que as sanções sejam canceladas, se-gundo as mesmas fontes.

Apesar do Zimbabué passar por um colapsoeconómico, o país mantém um exército na Repú-blica Democrática do Congo, bem como no apoioa operações dos EUA em Angola e na Somália,além de ter um histórico de envolvimento em Mo-çambique ao lado da Frente de Libertação deMoçambique (FRELIMO, partido no poder), notaa Bloomberg.

PORTO ESTRATÉGICO DA BEIRA

Por outro lado, as relações entre as duas na-ções vizinhas confluem no porto moçambicanoda Beira, um ponto chave para o comércio exter-no do Zimbabué, uma importante porta de entra-da das importações do país.

O ministro das Relações Exteriores do Zimba-bué declarou a Nagy que o presidente do Zimba-bué, Emmerson Mnangagwa, partilha das pre-ocupações dos EUA em relação a Cabo Delgadoe a outros processos, mas as sanções são umobstáculo, acrescentaram.

Um porta-voz do departamento de Estadonorte-americano negou à Bloomberg que os diri-gentes tenham discutido "o alívio de sanções emresposta à assistência contra o terrorismo".

EUA INVESTEM EM GÁS

A província costeira mais a Norte de Moçam-bique, que faz fronteira com a Tanzânia, enfrentauma crise humanitária com mais de mil mortos e300.000 deslocados internos após três anos deconflito armado entre as forças moçambicanas erebeldes, cujos ataques já foram reivindicadospelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, mas cujaorigem continua por esclarecer.

A região deverá acolher nos próximos anosinvestimentos da ordem dos 50 biliões de dólares

(42,6 biliões de euros) em gás natural, lideradospelas petrolíferas norte-americana Exxon Mobil efrancesa Total (que já tem obras no terreno), comapoio de bancos e agências de apoio ao comér-cio externo de vários países, entre os quais osEUA.

MOÇAMBIQUE NÃO VAI PEDIR AJUDAÀ ONU PARA COMBATER INSURGENTES

O Governo moçambicano não pondera solicitaràs Nações Unidas envio de uma força para aju-dar a combater os insurgentes em Cabo Del-gado. "Proactivismo" que situação exige não éde uma força de manutenção de paz, diz analis-ta.A ministra dos Negócios Estrangeiros e Coope-

ração, Verónica Macamo, afirmou na terça-feira29 de Setembro que Moçambique não equacionasolicitar, neste momento, o envio de uma forçada ONU para ajudar o país a combater os alega-dos grupos jihadistas, no norte do país."Não sei, nem sei se de facto seria a melhor prá-

tica agora, neste momento, trazer uma força dasNações Unidas. Eu creio que os nossos jovens,que se encontram no terreno de operações estãoa trabalhar", afirmou Verónica Macamo, citadapela Rádio Moçambique.

A responsável da diplomacia moçambicana re-conheceu, no entanto, que a situação em CaboDelgado é complexa. "O terrorismo é uma coisamuito complicada, sobretudo estamos a falar deCabo Delgado com aquele relevo, com aquelamata densa", declarou."Não nos parece que haja problemas de falta de

força ou de capacidade da parte dos nossos jo-vens militares ou polícias. Nos parece que, efec-tivamente, é a complexidade do terreno, mas queeles vão ganhando terreno, vão se esforçando e

sentimos que os resultados estão aí", concluiu aministra.

ONU NÃO TEM PAPEL OFENSIVO

As Nações Unidas habitualmente não têm qual-quer papel ofensivo, são forças de manutençãode paz. E não é este o actual cenário no teatro deoperações.

Há uma situação que exige um 'proactivismo'das forças no teatro de operações, que não podeser a presença de uma força de manutenção depaz.

O Governo tem tido uma atitude muito contidaem relação aos pedidos de apoios que faz inter-nacionalmente, nomeadamente junto da Comu-nidade de Desenvolvimento da África Austral(SADC) e mais recentemente da União Europeia

(UE), em termos de questões logísticas.A perspectiva do Governo de Moçambique é

contar sobretudo com as capacidades locais,não obstante não desprezar apoio material doexterior, significa meios financeiros ou meios lo-gísticos para combater a violência em Cabo Del-gado.

COMBATER O TERRORISMO SEM AJUDA EXTERNA?

Mas será que as Forças de Defesa e Segurança(FDS) moçambicanas estariam capacitadas paracombater o terrorismo em Cabo Delgado semajuda externa?

"A resposta não pode ser sim ou não", afirmouo analista Fernando Lima, porque "ainda esteano a reacção das Forças Armadas às ofensivasdos seus inimigos foi muito desastrada e foi con-substanciada na destruição e ocupação de algu-mas vilas de Cabo Delgado".

Contudo, mais recentemente, recorda aindaFernando Lima, a resposta, quer das Forças Ar-madas de Moçambique, quer dos seus aliadosexternos, nomeadamente a força mercenária,parece demonstrar "mais equilíbrio nos comba-tes que se têm desenrolado em Cabo Delgado,sobretudo a partir do princípio de maio desteano."

Há cerca de duas semanas, Moçambique solic-itou apoio logístico à UE para ajudar a combateros alegados jihadistas em Cabo Delgado. O em-baixador da UE, António Sanchéz Benedito Gas-par, declarou aos jornalistas que o bloco não vaideixar Moçambique de lado - pelo contrário, "énos momentos difíceis que os amigos ainda sãomais precisos", afirmou.

"Temos que criar mais condições de segurançano Norte de Moçambique, mas também mais

condições de crescimento económico equitativosustentável de apoio a população. Nós estamosdisponíveis para apoiar Moçambique a combatero terrorismo. Vamos ver quais são os pedidos emconcreto de Moçambique", anunciou o diploma-ta.

"APELAMOS PARA O COMBATE ÀS ACÇÕESMACABRAS DE TERRORISMO EM CABO DELGADO"

Foi o apelo do presidente da República são-to-mense, Evaristo Carvalho, no debate geral daAssembleia Geral da ONU. Na mesma quinta-feira, o Presidente guineense, Umaro Sissoco,também discursou e afirmou que "fará o melhor"para virar página de conflitos.

"Manifestamos a nossa apreensão e inquieta-ção em relação à recrudescência da violência naprovíncia moçambicana do Cabo Delgado e ape-lamos para um maior envolvimento da comunida-de internacional no combate às acções maca-bras de terrorismo nessa parcela do território mo-çambicano", afirmou o presidente de São Tomé ePríncipe, Evaristo Carvalho, no discurso gravadoque enviou para o debate geral da 75.ª Assem-bleia Geral da ONU, a primeira a decorrer emmodo virtual.

O chefe de Estado são-tomense lamentou tam-bém os focos de tensão "com repercussões hu-manitárias de grandes dimensões um pouco portodo o planeta", referindo-se, nesse contexto, à"persistência" do conflito político-militar na Repú-blica Centro-Africana, República Democrática doCongo, Sudão Sul e na Líbia. Também condenouas acções de grupos terroristas no Sahel, dogrupo extremista al-Shabab na África Ocidental edo Boko Haram na África Central e Ocidental.Multilateralismo

O Presidente são-tomense defendeu o multila-teralismo como "via" para "vencer os grandesdesafios com que o Mundo se confronta", toman-do como exemplo a pandemia de Covid-19. "Énossa convicção que o multilateralismo é a viamais adequada para que, numa conjugação deesforços, possamos todos juntos debelar osefeitos da situação económica e financeira im-posta pala pandemia de Covid-19", expôs o che-fe de Estado são-tomense.

Evaristo Carvalho referiu que o multilateralismo"provou que, graças a conjugação de esforços esolidariedade a nível internacional, tem sido pos-sível debelar os efeitos nefastos dela decorrenteà escala internacional".O chefe de Estado apelou à ONU para "não per-

der de vista" a luta contra a pobreza, que classi-ficou como o "maior flagelo da Humanidade". Apobreza é a "principal causa da fome, da degra-dação dos solos, da exploração desenfreada dosrecursos naturais, dos conflitos armados, dasdeslocações das populações e dos fluxos mi-gratórios que continuam a ceifar vidas", reforçouCarvalho.

Para o governante, o apoio da comunidadeinternacional ao combate à pandemia de Covid-19

Estados Unidos pedem ao Zimbabué para apoiar combate em Cabo DelgadoEstados Unidos pediram ao Zimbabué para ajudar a combater os ataques armados

em Cabo Delgado, onde os norte-americanos têm investimentos de gás natural. Emtroca, o Zimbabué pede retirada das sanções dos EUA a autoridades do país.

(cont. na pag. seguinte)

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5 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 13

"afastou a hipótese de uma eventual heca-tombe". Evaristo Carvalho recordou os "efeitosdevastadores" da pandemia nas economias dospaíses frágeis e particularmente de São Tomé ePríncipe como pequeno Estado insular, tendoapelado os parceiros para continuarem a "obser-var o espírito de solidariedade e apoio ao proces-so de recuperação económica pós-covid-19, quese anuncia deveras difícil".

APELO À AJUDA INTERNACIONAL

Por seu turno, o presidente da Guiné-Bissau,Umaro Sissoco Embaló, durante a sua interven-ção através de um vídeo transmitido no debategeral da Assembleia Geral da ONU, pediu a con-tinuação da assistência internacional para as re-formas e desenvolvimento no país.

"Com a aproximação do fim do mandato daMissão das Nações Unidas no país (UNIOGBIS)(...) a assistência contínua e inequívoca da co-munidade internacional, através da articulação ecoordenação com as autoridades do país, é es-sencial para podermos concluir as reformas ne-cessárias e seguir o nosso caminho de desenvol-vimento", declarou Umaro Sissoco Embaló.

A missão das Nações Unidas na Guiné-Bissau,UNIOGBIS, que termina o mandato no final desteano, está em processo de transferência de capa-cidades para o escritório da ONU no país e reti-rada completa até Fevereiro 2021.

"VIRAR A PÁGINA DA CRISE"

O presidente que tomou posse a 27 de Feve-reiro unilateralmente, numa altura sem consensosobre os resultados das eleições, prometeu "virara página da crise" na Guiné-Bissau, dando maisoportunidades às mulheres, aos jovens e às ge-rações futuras para "um futuro brilhante".

"Gostaria de aproveitar esta nobre tribuna parareafirmar ao meu povo que sob a minha presi-

dência, farei o meu melhor para virar esta tristepágina de crises e conflitos da nossa história etrabalhar de mãos dadas com todos os guineen-ses para a construção de uma nova Guiné-Bis-sau", transmitiu o presidente, destacando o diada independencia, celebrado no mesmo dia dasua intervenção no debate das Nações Unidas."Nestes 47 anos da nossa história, o nosso paístem vivido momentos difíceis em busca do cam-inho da estabilidade e desenvolvimento susten-tável para o bem-estar dos seus filhos", declarouUmaro Sissoco Embaló, expressando profundagratidão ao secretário-geral da ONU, AntónioGuterres e aos parceiros internacionais.

DESAFIOS

O presidente da Guiné-Bissau assumiu que oano de 2020 trouxe muitos desafios principal-mente para os países mais frágeis, "como a Gui-né-Bissau, um país com extrema vulnerabilidadepor ser um país africano emergente de conflitos,um dos países menos desenvolvidos e umpequeno estado insular em desenvolvimento,com enormes riscos resultantes das mudançasclimáticas".

O antigo primeiro-ministro (de 2016 a 2018) su-blinhou também a importância da cooperaçãomultilateral com a comunidade científica, na me-lhoria dos sistemas de saúde e também no de-senvolvimento e distribuição equitativa de trata-mentos e vacinas.

Por outro lado, Sissoco Embaló congratulou-secom a participação "notória" das mulheres emtodas as áreas sociais: "as mulheres estiveramsempre lado a lado com os homens nas decisõespolíticas", defendeu.

"As mulheres guineenses são os motores damudança positiva. Elas são as melhores medi-adoras de conflitos, promotoras de diálogo epacificadoras", afirmou Umaro Sissoco Embaló,defendendo um "papel prioritário" para as mul-heres no multilateralismo.

(cont. da pag. anterior)

Ataques em Cabo Delgado

MOÇAMBIQUE

O potencial de Moçambique é enorme, se-gundo o presidente da República. Filipe Nyusipretende que 20% da produção energética nopaís seja assegurada por energias renováveisnos próximos 20 anos. UE quer ajudar.

Filipe Nyusi enfatizou na quarta-feira 30 de Se-tembro, o compromisso do seu Executivo com odesenvolvimento de infraestruturas de produçãode energias renováveis quando discursava noacto de lançamento do primeiro leilão de projec-tos de geração de energias limpas no país.

"Pretendemos o incremento da diversificaçãoda localização das novas centrais de energiasrenováveis e o aumento do contributo das ener-gias renováveis para 20% na matriz energéticanacional, nos próximos 20 anos", declarou o che-fe de Estado moçambicano.O Executivo, prosseguiu, conta com a abundân-

cia das fontes solar e eólica para acompanhar ocrescimento da procura de energia eléctrica emMoçambique.

"As projecções indicam para 8% de procuramédia anual de energia eléctrica nos próximos25 anos. Estamos a trabalhar para garantir oaumento da energia eléctrica, promovendo oinvestimento público e privado", destacou FilipeNyusi.

DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL

A mobilização das diversas fontes energéticasdisponíveis em Moçambique, prosseguiu, vaipermitir que mais de 10 milhões de moçambica-nos tenham acesso à energia eléctrica até 2024.A aposta nas energias renováveis poderá asse-

gurar a transformação e desenvolvimento indus-trial, agro-processamento, aquacultura e aumen-to do acesso energético a mais famílias."Está claramente identificado que o sol é a fonte

de energia mais abundante no país e foram iden-tificados 16 locais com elevado potencial eólicono Centro e Sul do país", salientou Filipe Nyusi.

Tendo em conta este enorme potencial, o Go-verno atribui especial atenção ao desenvolvi-mento de energias alternativas, acrescentou.Leilões de projectos

Sobre o lançamento na quarta-feira dos leilõesde projectos de energias renováveis, Filipe Nyusiavançou que a acção traduz o compromisso coma transparência no desenvolvimento de projectosno sector de energia e a aposta nas parcerias pú-blico-privadas.Os leilões anunciados enquadram-se no âmbito

de um concurso público internacional para aadjudicação de quatro projectos de energias ren-ováveis com investimentos esperados de 200 mi-lhões de euros.

Nesse sentido, serão "leiloados" três sistemassolares nos distritos de Dondo, província deSofala e Manje, província de Tete, ambas noCentro de Moçambique, distrito de Lichinga, pro-víncia de Niassa, Norte e uma central eólica naprovíncia de Inhambane, Sul.

Os quatro projectos terão capacidade para aprodução de 40 megawatts cada.

O projecto conta com uma ajuda financeira de37 milhões de euros da União Europeia em par-ceria com a Agência Francesa de Desenvolvi-mento.A iniciativa pretende a promoção de fontes alter-

nativas de energia de qualidade e de baixo custo,assegurando uma maior contribuição das ener-gias renováveis na transição energética e naelectrificação de todo o país.

MILHÕES DA UE

A União Europeia (UE) afirmou que espera mo-bilizar mais de biliões de euros para o sectorenergético em Moçambique, incluindo para ener-gias renováveis, visando a melhoria da "segu-rança energética", ou seja, com maior autonomiae qualidade.

"A União Europeia contribui com mais de 180milhões de euros neste sector e estima-se queirá alavancar fundos públicos e privados quepoderão totalizar mais de biliões de euros", afir-

mou o embaixador da UE em Moçambique, Antó-nio Sánchez-Benedito Gaspar.

O diplomata adiantou que a UE vai brevementeanunciar "contribuições financeiras significativas"para apoiar o acesso das famílias moçambi-canas à rede eléctrica. As ajudas serão tambémcanalizadas às pequenas e médias empresasfornecedoras de serviços energéticos fora darede pública, em resposta ao impacto da Covid-19, acrescentou.

O apoio vai igualmente ser destinado a um pro-grama de redução de perdas técnicas e comerci-ais na rede da empresa pública Eletricidade deMoçambique (EDM).

"Todas estas iniciativas deverão contribuir paraa melhoria da segurança energética em Moçam-bique", declarou António Sánchez-Benedito Gas-par.

Nyusi quer 20% de energiasrenováveis até 2040

O ministro dos Negócios Estrangeiros portu-guês, Augusto Santos Silva, disse, em entrevistaà Lusa, estar seguro de que será positiva a res-posta da União Europeia a Moçambique, que pe-diu apoio para formação das suas forças no com-bate ao terrorismo.

"Nós recebemos na União Europeia a cartaenviada pela ministra dos Negócios Estrangeirose Cooperação de Moçambique, é uma carta,aliás, muito clara. Moçambique é muito claro naidentificação das áreas em que a cooperaçãoeuropeia os pode apoiar, designadamente naluta contra o terrorismo em Cabo Delgado e euestou seguro de que a União Europeia vai daruma resposta positiva", disse Augusto SantosSilva.

O chefe da diplomacia portuguesa afirmou tam-bém que Portugal, como membro da União Euro-peia, vai colaborar "ativamente para que a repos-ta seja positiva".Augusto Santos Silva recordou que há uma tra-

dição de cooperação muito forte entre a UniãoEuropeia e Moçambique e o assunto já foi discu-tido no Parlamento Europeu, fórum onde oseurodeputados disseram que a Europa tinhaobrigação de ajudar as forças de Maputo.

"Em terceiro lugar, [a UE vai ajudar] porque, nacondição de ministro dos Negócios Estrangeirosdo país que vai ocupar a presidência do conse-

lho da União Europeia a partir de janeiro, já tiveuma oportunidade de ter uma reunião formal como alto representante Josep Borrel e um dos te-mas foi o norte de Moçambique, o apoio a Mo-çambique", salientou Santos Silva, que está emBissau, a convite do Presidente guineense paraas cerimónias de independência do país.

"Com base em todas estas informações estouseguro de que a resposta da União Europeia nãotardará, será positiva, e naturalmente Portugalcontribuirá para ela seja rápida e positiva", afir-mou.

O Governo moçambicano pediu o apoio da UEna logística e no treino especializado das suasforças para travar as incursões armadas de gru-pos classificados como terroristas em Cabo Del-gado, no norte do país.

A província de Cabo Delgado é palco há trêsanos de ataques armados desencadeados porforças classificadas como terroristas.A violência provocou uma crise humanitária com

mais de mil mortos e cerca de 365.000 desloca-dos internos.

Portugal confiante que União Europeia daráresposta positiva a Maputo aos ataques

O PRESIDENTE FILIPE NYUSI, DISCURSANDO QUARTA-FEIRA NA CERIMÓNIA DE LANÇAMENTO DO PRIMEIRO LEILÃO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS EM MAPUTO (FOTO RICARDO FRANCO/LUSA)

MINISTRO DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS PORTUGUÊS, AUGUSTO SANTOS SILVA

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14 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 5 DE OUTUBRO DE 2020

ANGOLA

I A empresária angolana Isabel dos Santos e omarido, Sindika Dokolo, foram alvo de dois rela-tórios sobre actividades suspeitas em 2013 nosEstados Unidos, noticia o Expresso, no âmbitode uma investigação do Consórcio Internacionalde Jornalistas.

Esta notícia surge no âmbito de mais de 2.000documentos bancários confidenciais ('FinCENFiles') obtidos pelo BuzzFeed News e partilhadoscom o Consórcio Internacional de Jornalistas deInvestigação (ICIJ), da qual o Expresso, do grupoImpresa, é parceiro, e que revelam como algunsdos maiores bancos mundiais, entre os quais oHSBC, foram usados em processos de fraude.

De acordo com o Expresso, a filha do ex-presi-dente de Angola José Eduardo dos Santos "foialvo de dois relatórios sobre actividades sus-peitas em 2013 nos Estados Unidos, um do JPMorgan e outro do Standard Chartered" devido a"transferências ligadas à Unitel e ao negócio dosdiamantes em que Sindika Dokolo foi sócio doEstado angolano".

Segundo o Expresso, o relatório tem dezenasde páginas e foi concluído em 16 de Outubro de2013: "É um dos dois documentos incluídos nosFinCEN Files que estão relacionados com Isabeldos Santos. Uma funcionária do departamentode 'compliance' do JP Morgan Chase Bank, nos

Estados Unidos, enviou-o no dia seguinte para aFinCEN, a agência federal responsável por pro-ces-sar e reencaminhar suspeitas sobre potenci-ais esquemas de lavagem de dinheiro para even-tual investigação pelas autoridades policiais".Apesar de Isabel dos Santos, nem o seu pai ser-

em clientes, "o relatório enviado à FinCEN mos-tra como o JP Morgan tinha estado envolvido in-directamente, como banco correspondente, emtransferências relacionadas com a família e como Estado angolano" e "houve uma transferência,em particular, que chamou a atenção do 'compli-ance' da instituição: Sindika Dokolo, o marido deIsabel dos Santos, tinha enviado a 2 de Março de2012 quatro milhões de dólares para uma contade uma empresa holandesa, a Melbourne Invest-ments BV, que passaram por uma conta cor-respondente do JP Morgan".

Ora, como o banco "foi incapaz de identificarqualquer outra transferência relacionada com aMelbourne Investments BV nem qualquer perfilpúblico sobre ela, isso reforçou a possibilidadede se tratar de uma empresa de fachada sem ne-nhum propósito comercial", lê-se no relatório, ci-tado pelo Expresso.No âmbito do Luanda Leaks, outra investigação

do ICIJ, já havia detalhes sobre aquele montantee sobre a Melbourne.

"Esse dinheiro foi usado por Sindika Dokolopara se tornar sócio da empresa estatal angola-na Sodiam numa companhia de diamantes deluxo na Suíça, a De Grisogono. Durante essa in-vestigação, aliás, todos os dados recolhidos indi-caram que os quatro milhões de dólares teriamsido o único dinheiro colocado pelo marido nessenegócio, em contraste com os 147 milhões colo-cados pelo Estado angolano (apesar de Dokoloargumentar que investiu um total de 115 mi-lhões), sendo que entretanto a De Grisogonoabriu falência e a Sodiam ficou com uma dívidaao banco que Isabel dos Santos controlava emAngola, o BIC", refere o Expresso.Tanto Isabel dos Santos como o marido têm ne-

gado, desde a investigação Luanda Leaks, qual-quer irregularidade.

"Seja como for, a total ausência de informaçãoà volta da Melbourne Investments levou o 'com-pliance' do JP Morgan a reunir no outono de2013 tudo o que conseguia sobre o casal", acres-centa.

O relatório inclui uma lista de 26 entidades epessoas - onde constam Isabel dos Santos, Sin-dika e José Eduardo dos Santos - que pudessemser partes relacionadas, englobando a Galp emPortugal, onde a empresária tinha uma partici-

pação acionista indireta."Ao todo, o banco identificou um total de 829

milhões de dólares em transferências ocorridasentre 2005 e 2013 relacionadas com o universodessas entidades, mas pôs de lado a esmagado-ra maioria delas e concentrou-se em rever ape-nas algumas dezenas de milhões", refere o Ex-presso.

Foram identificados movimentos efectuadosentre 3 de Julho de 2006 e 2 de Março de 2012de contas controladas por Sinkika Dokolo quepassaram por contas correspondentes de ban-cos estrangeiros no JP Morgan.

"Além dos bancos EuroBIC, BPI, DeutscheBank, em Portugal, e do BAI, do Banco Totta e doBESA, em Angola, o marido de Isabel dos Santostinha nessa altura contas em Chipre (FMBEBank), no Luxemburgo (Banque Pictet), em Fran-ça (Credit du Nord) e no Congo (Banque Inter-nationale pour L’Afrique au Congo, BIAC)",acrescenta.

"De acordo com o relatório encontrado nosFinCEN Files, foram detetadas entradas e saídasde 10 milhões de dólares nas contas de Dokolodurante esses seis anos, sendo que sete milhõescorresponderam a saídas, a maioria delas a par-tir do EuroBIC, em Portugal, e do FBME, em Chi-pre", refere o Expresso.A responsável pelo 'compliance' [que visa que a

instituição cumpra as regras] "notou a existênciade transferências regulares de 100 mil euros doFBME para o Banque Pictet no Luxemburgo, co-mentando que 'a frequência, o volume e o valorrepetitivo, juntamente com as diferentes localiza-ções dos bancos, indicam possivelmente umatentativa de fragmentar o movimento de fundospara esconder a materialidade geral dos fluxosde dinheiro e evitar que isso seja alvo de relató-rios'".

Segundo o documento, a maior parte das en-tradas de dinheiro do marido de Isabel dos San-tos foram canalizadas para o BESA em Angola epara o BIAC no Congo."Uma vez que estas transferências parecem ser

proporcionais ao movimento de fundos que saí-ram de Angola para paraísos bancários com re-curso a métodos não transparentes, a totalidadedos fluxos acima descritos são reportados comosuspeitos", lê-se no documento.

O Expresso adianta que o JP Morgan tambémreportou com potencial de risco um conjunto detransferências de cinco milhões de dólares entre2005 e 2011 com origem no BAI em Angola,tendo como titular a Clínica Sagrada Família, dogrupo da Endiama, estatal angolana de pros-pecção e exploração de diamantes, para umaconta do já extinto BES titulada por uma empre-sa em Portugal."A suspeita era, de qualquer forma, inconsisten-

te porque a hipótese que a funcionária do 'com-pliance' levantou era de que a destinatária dosfundos, uma companhia contendo no nome Pres-tação de Serviços, SA, poderia eventualmenteser a Santoro Finance, Prestação de Serviços,SA, uma das empresas do casal Isabel dos San-tos e de Sindika em Lisboa", sendo que "o moti-vo estava no facto de ambas as empresas coin-cidirem parcialmente no nome".O Expresso contactou Sindika Dokolo e os seus

advogados, mas nenhum esteve disponível paracomentar.

Entretanto, há ainda um outro relatório - de 18de Outubro de 2013 - enviado pela StandardChartered, em Nova Iorque, para a FinCEN, que,embora não mencione a empresária angolana,refere "uma transferência de 18,7 milhões de dó-lares ocorrida sete anos antes, a 13 de Outubrode 2006, tendo como origem a Unitel, a empresade telecomunicações em Angola" da qual Isabeldos Santos é acionista e foi presidente, e quetinha como destino o BPI em Lisboa, numa contaem nome da empresa Vidatel Limited, e quetinha passado por outra conta em Nova Iorque.

"O relatório do banco é, de resto, um pouco con-fuso porque agrega um conjunto de transferên-cias originadas em contas de múltiplas compa-nhias com o nome Unitel, numa série de países,sendo que um delas é de facto a empresa detelecomunicações com sede em Angola de queIsabel Santos é acionista", refere.

"A Vidatel é uma companhia offshore registadanas Ilhas Virgens Britânicas que tem como ben-eficiária Isabel dos Santos e, através da qual, eladetém 25% da Unitel em Angola".

O banco BIC Cabo Verde (BIC-CV), participadomaioritariamente pela empresária angolana Isa-bel dos Santos, apresentou lucros de seis mi-lhões de euros em 2019, um aumento de 14,8%face ao ano anterior, com apenas 11 trabalhado-res.No relatório e contas de 2019 do banco, é referi-

do que o lucro do BIC-CV, com um resultado lí-quido do exercício de 6,021 milhões de euros(5,245 milhões de euros em 2018), “aumentouessencialmente” devido aos “resultados em oper-ações financeiras, em razão das unidades departicipação dos fundos de investimento em car-teira”.

O conselho de administração propôs a aplica-ção integral dos lucros nos resultados transita-dos para 2020, sem distribuição de dividendos,prática adoptada por todos os sete bancos cabo-verdianos que operam com clientes residentes,como medida preventiva das consequênciaseconómicas da pandemia de covid-19.

O BIC-CV é um dos quatro bancos que operamem Cabo Verde com autorização restrita, apenaspara clientes não residentes e considerados porisso ‘offshore’, regime que, por força da alteraçãolegal aprovado pelo parlamento cabo-verdianotermina no final deste ano.

Em 2018, o banco detido por Isabel dos Santosem Cabo Verde tinha apenas 12 trabalhadores,número que caiu para 11 no ano passado, alémde dois dirigentes na mesa da assembleia-geral,cinco elementos do conselho de administração

(liderado pelo luso-angolano Fernando Teles),três no conselho executivo e três efetivos no con-selho fiscal.

O BIC-CV encontra-se licenciado ao abrigo doRegime das Instituições Financeiras Internacio-nais, “tendo por objecto principal a realização deoperações financeiras internacionais com não re-sidentes neste Estado, em moeda estrangeira”,segundo informação da própria instituição.O Banco de Cabo Verde (BCV) anunciou em Ja-

neiro deste ano que vai retirar “as devidas conse-quências” da inspeção ao banco BIC-CV, apósinformação veiculada no âmbito da investigaçãodo Consórcio Internacional de Jornalismo de In-vestigação (ICIJ), processo conhecido como‘Luanda Leaks’, que aponta que aquele bancoseria alegadamente utilizado pela empresária emcontratos de proveniência duvidosa.

No relatório e contas de 2019, enquanto “factosrelevantes ocorridos após o termo do exercício”,a instituição recorda que a 19 de Janeiro de 2020“foi tornada pública uma investigação realizadapor um consórcio internacional de jornalistas aosnegócios da senhora engenheira Isabel dosSantos, acionista do banco BIC-CV”.“Na sequência das notícias publicadas, o Banco

de Cabo Verde realizou, entre 29 de janeiro e 12de março de 2020, uma ação de inspeção aobanco. Até à data de aprovação das contas refe-rentes ao exercício de 2019, o banco não foi noti-ficado dos resultados”, lê-se no relatório.

No comunicado divulgado após ter sido conhe-

cida a investigação jornalística, o BCV acrescen-tava que “em função do desfecho do processo”,retiraria “as devidas consequências, nomeada-mente em matéria prudencial e contraordena-cional”.

“O BCV continuará atento às informações rela-cionadas com o Banco BIC Cabo Verde, ICAR[Instituição de Crédito de Autorização Restrita],visando tomar, em tempo, eventuais medidasque se revelarem necessárias”, referia o comuni-cado.

O BIC-CV funciona desde 2013, quando, atra-vés da portaria 37/2013, de 24 de Julho, o Minis-tério das Finanças autorizou, “a título excecio-nal”, recorda o BCV, a aquisição, por um grupode investidores privados, da totalidade do capitalsocial do BPN – Banco Português de Negócios,IFI. “Em consequência, alterou-se a denomi-nação de BPN, IFI para Banco BIC Cabo Verde,IFI, atualmente, Banco BIC Cabo Verde, ICAR”,recordou o banco central.Segundo informação do BCV, Isabel dos Santos

detém, indiretamente, através da Santoro Finan-cial Holdings, SGPS, SA e da Finisantoro HoldingLimited, 42,5% do capital social do Banco BICCabo Verde, embora “não exercendo qualquerfunção nos órgãos sociais da instituição”.

O Consórcio Internacional de Jornalismo de In-vestigação (ICIJ) revelou em Janeiro mais de715 mil ficheiros, sob o nome de ‘Luanda Leaks’,que detalham esquemas financeiros de Isabeldos Santos e do marido, Sindika Dokolo.

Isabel do Santos e marido foram alvo de relatóriossobre actividades suspeitas em 2013 nos EUA

Banco de Isabel dos Santos em Cabo Verdelucrou 6 milhões de euros em 2019

SINDIKA DOKOLO E ISABEL DOS SANTOS

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5 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 15

ANGOLA

Centenas de angolanos saíram à rua para mos-trar a sua insatisfação com o governo e exigirmais empregos, uma das promessas eleitoraisde João Lourenço que assinalou três anos comoPresidente de Angola.

Convocada por vários grupos de activistas e dasociedade civil em 12 províncias de Angola e al-guns países da diáspora angolana, a marcha dodesemprego juntou sobretudo jovens e estudan-tes que saíram do cemitério de Santana, apósnegociarem com a polícia o trajecto a percorrer,em direcção ao Largo da Independência (1.º deMaio).

Entoando palavras de ordem como “LiberdadeJustiça, Emprego, Educação”, muitos dos jovensexibiam cartazes caseiros com mensagens derevolta e rejeição do partido do poder, o MPLA:“Angola é um país governando por assassinos”,

lia-se num deles. “Promessa não se come”, criti-cava outro. “MPLA: assassino de sonhos”, acu-sava outro cartaz, enquanto os 500 mil empregosprometidos pelo presidente eram a mensagemescrita noutro cartaz.Alguns dos jovens vestiam t-shirts brancas com

os dizeres “O desemprego marginaliza” e invo-cando o art.º 76 da Constituição angolana.“O emprego é um direito consagrado na Consti-

tuição da República”, reivindicava Laurindo Man-de, estudante de Direito na Universidade JeanPiaget.Em declarações à Lusa, o jovem de 22 anos sa-

lientou que, além de não ter sido criado emprego,“houve um agravamento da vida financeira esocial da juventude” e considerou que o governodevia investir mais no empresariado.

Donito Carlos, da Plataforma de Intervenção do

Kilamba Kiaxi, acusou João Lourenço de não tercriado “nem 10% do emprego que prometeu” efez um balanço negativo da governação:

“Regrediu nas liberdades individuais, não cum-priu as promessas, o combate à corrupção é umpaliativo em que escolheu pessoas da sua con-veniência. Em suma, é um desastre. Os angola-nos sabem que nada mudou, o regime é omesmo, apenas mudaram as figuras”.O desfile foi engrossando ao longo do percurso,

quando se juntaram aos jovens dezenas de “zun-gueiras”, as animadas vendedoras ambulantessempre presentes no quotidiano de Luanda, tam-bém elas insatisfeitas com as condições de vida.

“Zungueira é nossa mãe, não batam nas zun-gueiras”, cantaram em dada altura.À medida que a marcha avançava, as vozes tor-

naram-se também mais altas e revoltadas gritan-do “João Lourenço se prepara” e “2022, vais gos-tar”, numa alusão às eleições gerais marcadaspara esse ano.

Muitos iam-se juntando aos manifestantes nopercurso, fazendo vídeos em directo com os tele-móveis e partilhando nas redes sociais, numamarcha que seguiu sempre em passo ritmado.

Os manifestantes chegaram ao Largo da Inde-pendência, local combinado para o término e on-de eram esperados pela polícia montada, briga-das caninas e polícias de choque, com a missãode conterem o protesto e , apesar das provoca-ções, não reagiram.

Enquanto alguns exaltados tentavam furar abarreira policial, elementos da organização damarcha tentavam controlar os ânimos, apelandoao cumprimento das orientações policiais.Osvaldo Caholo, o único militar dos “15 + 2”, re-

lativo ao caso dos 17 activistas angolanos con-denados em 2016 por "actos preparatórios de re-belião", garantia à Lusa: “vamos fazer o máximopara que não haja enfrentamentos com a polí-cia”.Sobre os três anos de governo de João Louren-

ço, o activista afirmou que “houve apenas uma

mudança de moscas, o poder é como se fosseum esterco”.

“Enquanto Angola for refém dessas máfias nãotenho esperança. O problema de Angola não éJosé Eduardo dos Santos (ex-presidente) nemJoão Lourenço é a máfia do MPLA”, realçou.

Para Osvaldo Caholo, “o MPLA finge que é de-mocrático, a UNITA [principal partido da oposi-ção] finge que é democrática, a única verdade éo sofrimento do povo angolano”.

Magui António, zungueira de 28 anos, tambémse juntou a marcha: “estamos a sofrer”, lamen-tou, merecendo a concordância das colegas dezunga que rapidamente se juntam a sua voltanum coro de queixas: falta emprego, faltam esco-las, faltam hospitais, faltam mercados, dizem asvendedoras, queixando-se dos fiscais que lhes“roubam o negócio” (produtos para venda).

Já no Largo das Heroínas, para onde os mani-

festantes seguiram e se concentraram entretan-to, para pernoitar e fazer uma vigia, FernandoSakuela Gomes desabafa: “em tempo de covid, oimportante é ter pão na mesa e não PIIM [progra-ma de investimento em infraestruturas nos mu-nicípios] na estrada”.

“A nossa intenção é efectivamente a democra-cia. Queremos erguer a república dos cidadãos enão a república dos militantes”, referiu à Lusa ojovem activista do Projeto Agir Cacuaco.A manifestação terminou de forma algo abrupta

quando um grupo de jovens iniciaram um tumul-to e arremessaram pedras, obrigando a interven-ção policial e ao lançamento de gás lacrimogé-neo para conter os distúrbios e dispersar os maisagitados.A polícia confirmou que alguns jovens foram le-

vados para a esquadra e identificados, sendodepois postos em liberdade.

ONG FALA DE AGRESSÕES E POLÍCIADIZ QUE HOUVE APENAS 13 ‘RETIDOS’

A Organização Não Governamental (ONG)Friends of Angola afirmou ter recebido denúnciasde detenções e agressões na marcha do desem-prego em Luanda, o que a polícia nega, afirman-do terem sido “retidas” 13 pessoas que ficaramem liberdade.Segundo a Friends of Angola (FoA), vários cida-

dãos que aderiram à manifestação em Luandaalegam ter sido agredidos por supostos agentesda Polícia Nacional incluindo um elemento daorganização, que terá sido “submetido a uma tor-tura física” e ficado com o telemóvel apreendido.

Contactado pela Lusa, o porta-voz do comandoprovincial de Luanda, Nestor Goubel, negouquaisquer actos de violência por parte da polícia,confirmando, no entanto, terem sido levadospara a esquadra 13 manifestantes.

“Não foram detidos, foram retidos. Foram leva-dos por que impediram o trânsito, fizeram barrei-ras e arremessaram objectos”, afirmou, garantin-

do que ninguém foi agredido nem houve feridosentre manifestantes ou polícias.“A manifestação é um direito de cidadania e nós

respeitamos, nós fizemos o nosso trabalho e foium belo exemplo de democracia. As pessoas fo-ram levadas à esquadra, tivemos uma conversapedagógica e foram libertadas”, acrescentou oresponsável.

No comunicado , a FoA apela ao Governo deAngola e comando provincial de Luanda da Polí-cia Nacional para que “oriente os seus efectivosa terem em conta o respeito pelos direitos dos ci-dadãos envolvidos” e pedem a devolução do te-lemóvel.Exigem ainda às autoridades angolanas a aber-

tura de uma investigação que visa responsabili-zar judicialmente os autores e mandantes dasagressões.

O Presidente angolano nomeou seis novosmembros para integrarem o recentemente criadoConselho Económico e Social, com os quaiscompleta o seu quadro, totalizando 46 pessoas.De acordo com uma nota da Presidência da Re-

pública, João Lourenço nomeou por despachoArnaldo Lago de Carvalho, Filipe Zau, Raul Ma-teus, Isaías Domingos da Cunha Mateus, Pieda-de Valentim de Fátima Pena e Delma Monteiro.O “novo espaço de diálogo com a sociedade” ti-

nha sido anunciado pelo Presidente da Repúbli-ca em Maio, num encontro em Luanda, com rep-resentantes da sociedade civil para avaliação doimpacto da covid-19 nas empresas e nas famí-lias.

O espaço tem como objectivo permitir que JoãoLourenço receba “contribuições da comunidadeempresarial, das cooperativas, da comunidadecientífica académica, das associações que seocupam do desenvolvimento socioeconómico damulher e dos jovens, assegurando assim uma

participação mais ativa destes nos aspetos deprogramação e de execução das tarefas do de-senvolvimento nacional”.

Os novos membros, nomeados, vão juntar-se a40 outros designados segunda-feira, entre osquais os economistas Carlos Rosado de Carva-lho, Precioso Domingos, Yuri Quixina e ManuelAlves da Rocha, empresários de vários ramoscomo Pedro Godinho Domingos, José Severino,Manuel Sumbula e Domingos Vunge, ambienta-listas, como Vladimir Russo.

Num outro despacho, o chefe de Estado ango-lano exonerou o secretário de Estado para osTransportes Terrestres, Guido Cristóvão, no-meando em sua substituição Jorge Bengue Ca-lumbo.

Também no mesmo dia, o Presidente da Repú-blica exonerou, a seu pedido, Rosa Jorge, docargo de administradora executiva para a áreaadministrativa e recursos humanos da ImprensaNacional, Empresa Pública, nomeando para o lu-gar, Graciano Francisco Domingos.

Descontentamento e protestos em Luanda marcamtrês anos de Governo de João Lourenço

Presidente da República completaConselho Económico e Socialcom mais seis membros

O Século de Joanesburgoestá situado na esquina

da Northern Parkway e Rouillard St. Ormonde

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16 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 5 DE OUTUBRO DE 2020

ANGOLA

As Autoridades angolanas afirmam que "nin-guém está excluído dos cultos", após a comu-nidade muçulmana ter reclamado do impedimen-to de cultos às sextas-feiras, o que classificoucomo "um falso problema".Em causa está uma reivindicação da comunida-

de muçulmana em Angola relativa ao DecretoPresidencial nº 229/20, de 8 de Setembro, sobrea Situação de Calamidade Pública, que autorizaa retoma de cultos, mas apenas aos sábados edomingos, no âmbito das medidas de prevençãoe combate à Covid-19.

Citado pelo Novo Jornal, o secretário-geral daComunidade Islâmica de Angola (COIA), DavidJá, afirmou que a medida é discriminatória e anti-constitucional, pois privilegia apenas as confis-sões religiosas cristãs, em detrimento de outrasque escolhem a sexta-feira para os seus cultos.

Em declarações à agência Lusa, o director doInstituto Nacional para os Assuntos Religiosos(INAR), Francisco Castro Maria, considerou queeste é "um falso problema", salientando que arealização de actividades religiosas às sextas-feiras não é apenas problema dos muçulmanos."Eu não vejo deste ponto de vista de exclusão,ninguém está excluído", afirmou Francisco Cas-tro Maria, acrescentando que este é um proble-ma que foi igualmente apresentado por católicose evangélicos.

"O arcebispo de Luanda também apresentouuma reclamação a respeito", destacou.

AUTORIZAÇÃO APENAS PARA RELIGIÕESLEGALMENTE RECONHECIDAS

Francisco Castro Maria recorreu ao ponto 4 do

artigo 25.º do Decreto Presidencial, para esclare-cer que a autorização para a reabertura dos tem-plos, sobretudo em Luanda, para a realizaçãodos cultos aos sábados e aos domingos "é ape-nas concedida às confissões religiosas legal-mente reconhecidas em Angola".

"E se este é o caso, ainda que fosse concedidaà sexta-feira, os muçulmanos não poderiam fa-zer os seus cultos, por isso é que eu disse que areclamação deles é um falso problema", frisou.

Para Francisco Castro Maria, a reclamação de-veria ser no sentido de, na próxima revisão doDecreto Presidencial, "as confissões religiosasnão reconhecidas, mas que estão inscritas noINAR para o processo de reconhecimento, fos-sem levadas em consideração".

"RECLAMAÇÃO NÃO TEM RAZÃO DE SER À LUZ DO DECRETO PRESIDENCIAL"

O responsável adiantou que, na qualidade dedirector do INAR, não recebeu nenhuma recla-mação da comunidade muçulmana, mas a títulopessoal já disse a alguns membros da comu-nidade islâmica "que a reclamação deles nãotem razão de ser à luz do Decreto Presidencial".Castro Maria reiterou que ainda que o Executivoangolano tivesse liberalizado outros dias da sem-ana para a realização de cultos, os muçulmanos"não podiam realizar" devido à sua condiçãolegal.A religião muçulmana que, segundo estimativas,

é professada por 800 mil pessoas em Angola,ainda não é reconhecida pelas autoridades an-golanas.

"Estimular a produção interna de bens e de ser-viços, contando com o investimento privado na-cional e estrangeiros na agricultura, nas pescas,na indústria, no turismo, na imobiliária e outrosramos da economia nacional", afirmou João Lou-renço.

O presidente de Angola, que falava no PalácioPresidencial, em Luanda, na cerimónia de possedos membros do Conselho Económico e Social,sublinhou que o estímulo da produção internadeve concorrer para o "aumento da oferta deemprego", sobretudo para os jovens.

Pelo menos 46 pessoas, entre economistas,académicos, ambientalistas, analistas e demaisactores da sociedade civil angolana compõem o

actual Conselho Económico e Social, criado re-centemente e empossado na terça-feira.

João Lourenço expôs contar com o saber e aexperiência das personalidades que integram oConselho.

"Para juntos encontrarmos as melhores saídasdesta situação difícil em que nos encontramos",afirmou, sublinhando: "Mas que será ultrapassa-da se trabalharmos unidos e com optimismo eesperança em dias melhores".

BONANÇA APÓS TEMPESTADE

"A tempestade passará, mas a bonança só vemcom o trabalho organizado e abnegado dos me-

lhores filhos da pátria, daqueles que procuramfazer bem o que sabem fazer, colocando essesaber em prol do desenvolvimento económico esocial do país", notou Lourenço.

O Presidente angolano manifestou tambémconfiança aos membros do Conselho Económicoe Social, referindo: "Juntos descobriremos asoportunidades que se escondem por detrás doque aparenta só serem dificuldades".

"Descobriremos juntos as formas de criar rique-za e acabar com a pobreza", observou.

Num olhar às dificuldades mundiais, agravadaspela baixa de preço do petróleo e pela Covid-19,com reflexos negativos igualmente para a con-dição socioeconómica de Angola, referiu que asituação "obriga a ser cada mais engenhosos ecriativos".

Salientando que todos pretendem "o melhor"para Angola, "independentemente de quem te-nha o mandato do povo para governar", realçouque ao longo dos três anos de mandato à frentedo poder em Angola, o Executivo tem procurado"sempre trabalhar com a sociedade civil organi-zada".

"Com as ONG, igrejas, associações profission-ais e empresariais que nos têm ajudado a encon-trar os melhores caminhos na solução dos pro-blemas económicos e sociais que enfrentamos",apontou.

Os economistas Alves da Rocha, Carlos Ro-sado de Carvalho, José Severino e PreciosoDomingos, o ambientalista Vladimir Russo e aactivista e defensora dos direitos da mulher Del-ma Monteiro são algumas das personalidadesque integram o Conselho Económico e Social.

João Lourenço: “Produção interna é única saída da crise económica”

O presidente angolano considera que, perante o "mar de dificuldades" decorrentesdo baixo preço do petróleo e da Covid-19, resta a Angola "produzir internamente tudoo que as potencialidades do país permitirem".

Governo diz que exclusão de cultos dosmuçulmanos é "um falso problema"

PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO

O Presidente angolano, João Lourenço, autori-zou a despesa e formalizou a abertura do proce-dimento de contratação simplificada para a aqui-sição de serviços de transporte aéreo de estu-dantes bolseiros em formação no exterior, sobre-tudo no Brasil e Cuba.

Em despacho presidencial nº131/20, o Presi-dente angolano refere que a transportação dosestudantes bolseiros do Instituto Nacional deGestão de Bolsas de Estudo (INAGBE) será as-segurada pela transportadora aérea TAAG.A medida, observa-se no diploma legal, visa tor-

nar mais célere o transporte dos estudantes bol-seiros angolanos “atendendo a urgência”, a par-tir do território angolano, com voos charter para orepatriamento no contexto da pandemia.

“E pelo facto de a TAAG ser a única companhiaaérea que, a partir de Angola, a ter rotas interna-cionais diretas com destino ou origem às cidadesde São Paulo (Brasil) e Havana (Cuba)”, lê-se nodocumento.

Segundo o despacho, esse procedimento decontratação simplificada, “pelo critério material”,para assegurar a provisão dos serviços de trans-portação dos bolseiros do INAGBE “deverá com-preender os serviços especializados de reserva,emissão, marcação e cancelamento de passa-gens aéreas, incluindo a locação de aeronave”.À ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnolo-

gia e Inovação, adianta-se no despacho presi-dencial, são delegadas competências para aaprovação do procedimento de contratação sim-plificada, verificação da validade e legalidade detodos os actos praticados no âmbito deste processo.

O Ministério das Finanças (Minfin) de An-gola apelou aos funcionários públicos quereceberam salário a dobrar, devido a falhasinformáticas, que não façam uso dos mon-tantes transferidos indevidamente e infor-mou que está a fazer uma auditoria aos sis-temas.

Numa nota divulgada através do seu por-tal, o Minfin refere que as falhas provocaram“irregularidades com duplicação no paga-mento dos salários de um número significa-tivo de funcionários públicos, referentes aomês de Setembro”.

O ministério apelou aos funcionários paranão usarem esses montantes, adianta que oServiço de Tecnologias de Informação e Co-municação das Finanças Públicas e as insti-

tuições bancá-rias já iniciaram os procedi-mentos para o estorno das operações e ocrédito dos valores em favor do Tesouro Na-cional.

“Quem tenha utilizado, inadvertidamenteou não, os valores que resultaram desta fa-lha informática será objeto dos correspon-dentes procedimentos administrativos ebancários, que pode passar pelo não paga-mento, parcial ou total, da prestação salari-al do período seguinte”, acrescenta o minis-tério.

“Face à gravidade e às consequências detal situação”, o Minfin decidiu também audi-tar os seus sistemas e apurar as correspon-dentes responsabilidades.

Governo pede a funcionários que receberama dobrar para não usarem o dinheiro

Presidente angolanoautoriza despesa para transporte de estudantes bolseiros do Brasil e Cuba

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5 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 17

TIMOR-LESTE

LUSOFONIA

A responsável do PNUD em Timor-Leste con-siderou que os investimentos que o Governo ti-morense tem feito não têm dado prioridade aocombate à pobreza, que afeta quase metade dapopulação, sendo essencial concretizar as políti-cas anunciadas.

“Timor-Leste tem apenas 1,3 milhões de habi-tantes e quando vemos o tipo de investimentoque tem sido gasto, pensaríamos que as pes-soas deveriam estar em condições mais confor-táveis. Mas isso ainda não ocorreu”, disse à Lusaa responsável do Programa das Nações Unidaspara o Desenvolvimento (PNUD) em Timor-Les-te, Munkhtuya Altangerel.

“Precisamos, comunidade internacional e Go-verno, de ter uma conversa honesta, e não ape-nas contornar o assunto. Isso requer confiançaentre a comunidade internacional e com o Go-verno”, considerou.

Em entrevista à Lusa, Munkhtuya Altangerelanalisou o contexto do desenvolvimento de Ti-mor-Leste, numa altura em que apesar de umamplo investimento público nas últimas duasdécadas o país continua a manter indicadores depobreza elevados.

“Sim, é preciso investimento. Quando olhamospara a forma como o orçamento do Estado estáalocado, não vemos que este tipo de investimen-to esteja a ter prioridade”, referiu.

“Na política económica que o Governo desen-volveu, vemos que o dinheiro e recursos devemser direccionados para as pessoas. Isso é um

bom compromisso, mas em termos de garantirque esse compromisso se traduza em dinheiro eacções concretas, muito mais tem de ser feito”,sustentou.Altangerel considera que “depois de 20 anos de

trabalho” é “inaceitável” que Timor-Leste conti-nue a ter 46% da sua população a viver em po-breza multidimensional, o valor mais elevado dosudeste asiático.

“Neste sentido seria muito importante que nospróximos 5 a 10 anos se recuperasse melhor,mas recuperar com uma cara humana. O planode recuperação deve centrar-se nas pessoasque precisam de ser tiradas da pobreza. Uma re-cuperação verde, com empregos verdes e sus-tentáveis”, afirmou.

Como exemplo destaca a necessidade de in-vestir nos jovens, a ampla maioria da populaçãotimorense, com iniciativas que estimulem micro-empresas e ajudem a futura geração a alcançaro seu potencial.

“Em Timor-Leste só 38% do potencial dos jo-vens está a ser alcançado. E o resto? Timor-Les-te não quer ser o país que usa apenas 38% doseu capital humano. Por isso é fundamental in-vestir nos jovens e garantir que têm oportunida-des de trabalho digno”, enfatizou.

A responsável do PNU considera que “a redu-ção da pobreza deve ser o maior objectivo”,apostando em sectores como o desenvolvimentoagrícola e rural”, algo crucial para avançar na“soberania alimentar do país”.

“Não sabemos o que vai acontecer com a redede fornecimento alimentar. Com alterações cli-máticas temos de olhar para os sistemas de for-necimento interno. Isto é urgente”, disse.

Melhorar o sistema de água, para que a popu-lação tenha acesso a água, o saneamento e aresiliência e adaptação climática são outras prio-ridades, a par da consolidação dos processosdemocráticos e da estabilidade governativa.“O tempo para actuar foi ontem. A cada ano que

passa estamos a perder oportunidades de criaresses alicerces, essas bases”, afirmou.

“A excessiva politização de tudo é muito má noatual ambiente, porque TL tem de se posicionarvis a vis a comunidade internacional e vizinhos,decidir se quer ser farol de luz ou um país decaos”, afirmou.

Com o “colchão” do Fundo Petrolífero ainda aalimentar a nação, frisou, o país deve aproveitaras oportunidades disponíveis e o “Governo e osparceiros têm de dar prioridade a algumas árease depois manter esse curso, em vez de fazer 10mil coisas”.

Altangerel dá como exemplo as cada vez maisregulares cheias ou outros impactos climáticoscom elevados custos em termos de infraestrutu-ras públicas e nas vidas de milhares de famílias,como ocorreu nas cheias em Díli em março.

Situações, nota, em que os esforços e dinheirogasto na recuperação e emergência, “poderiamter sido gastos e aplicados antes, com medidasde adaptação e resiliência climática”, uma das demaior intervenção do PNUD.

“Isso exige planeamento e esforço nos mesessecos. Mas vemos que isso não ocorre de formaestruturada e por isso temos cheias e muitasinfraestruturas danificadas e famílias afetadas”,notou.Neste âmbito, Altangerel destaca o recentemen-

te assinado projecto apoiado pelo Green ClimateFund – com uma contribuição de 22 milhões dedólares do PNUD e de 36 milhões de dólares doGoverno – para melhorar a resiliência ambientalno país.O projecto, explicou, centra-se em iniciativas de

melhoria da capacidade de resposta em 130comunidades em seis municípios vulneráveis aalterações climáticas, recorrendo a bioengenha-ria para melhor proteger infraestruturas públicase bens privados.

“Trata-se de identificar activos comunitários,água, saneamento, equipamentos sociais, estra-das e pontes e realizar uma acção de melhoriaspara o clima, com soluções de bioengenharia”,explicou.

“Reforçamos a infraestrutura existente ou cons-truímos infraestruturas para garantir que as

comunidades são protegidas de eventos climáti-cos regulares”, sublinhou.

Altangerel defende que, neste processo, é es-sencial garantir que os projetos são implementa-dos usando programas e estruturas existentes, oque passa igualmente pelo processo de descen-tralização.“Temos que nos perguntar porque estamos a in-

vestir milhões em recuperação quando esse din-heiro pode ser gasto em prevenção”, notou.

“Para um país como Timor-Leste, a adaptaçãoe resiliência ao clima deve ser a principal tarefa.Sem isso as vidas ficarão em risco, podemos termais doenças e é difícil garantir o funcionamentodo resto, saúde, educação”, referiu.

A responsável do PNUD considera ainda que,neste assunto, se começa a notar menos com-placência do Governo, com vontade de corrigiresta questão o que, explicou, passa por fortale-cer as instituições locais.

“Há regiões que estão cansadas de pedir res-postas de emergência e querem atuar. Conse-guir a descentralização fiscal para permitir aosgovernos ter orçamentos locais”, disse.

Textos de António Sampaio, da Agência Lusa

O uso da rede de aprovisionamento do PNUDfoi essencial para Timor-Leste conseguir ir aomercado internacional comprar equipamento emedicamentos de resposta à covid-19, numa al-tura de grandes dificuldades de fornecimento,segundo a responsável desta agência.

“Foi um grande risco e um grande desafio paranós, até porque vários Governos, incluindo depaíses de grande dimensão, como a Nigéria, ti-nham feito a mesma solicitação”, disse, em en-trevista à Lusa, a responsável do Programa dasNações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)em Timor-Leste, Munkhtuya Altangerel.

“Cinco meses depois vemos que valeu a penaesse risco e conseguimos já comprar medica-mentos, equipamento médico e material de pro-teção pessoal no valor de 4,4 milhões de dólares[3,7 milhões de euors]. Falta apenas entregar aTimor-Leste cinco itens de uma longa lista”, expli-cou.

Recorrendo a equipas do sector farmacêuticoem Copenhaga e Genebra e a escritórios na Chi-na e em Bancoque, o PNUD organizou um amploprocesso de aprovisionamento, numa altura deinterrupções na rede de distribuição internacionale de complexas dificuldades logísticas e detransporte.

A longa lista de material comprado em nome deTimor-Leste – três lotes foram já entregues, o pri-meiro deles um mês depois do contrato ser assi-nado – inclui 15 tipos de medicamento essen-

ciais, ventiladores, “o equipamento mais difícil deencontrar”, testes para a covid-19, laringoscó-pios, máscaras e outro material de proteção pes-soal.

“Assinamos o contrato em Abril e no final deMaio conseguimos trazer o primeiro carregamen-to. Actuámos de uma forma flexível e rápida. Foiquase um milagre ter conseguido isto, dadas ascondições dos mercados”, explicou.

Presente em todo o mundo – é a agência dasNações Unidas com maior presença internacio-nal – e com um mandato abrangente (actuandoem desenvolvimento humano, saúde, ambiente,condições de vida da população e governação,entre outras), o PNUD já atua no sector do apro-visionamento há algum tempo.

Uma rede que permite a Governos, especial-mente de países mais pequenos, aceder às “am-plas redes do PNUD em casos de emergência”,que se mostraram vitais no caso da resposta àpandemia da covid-19.

No caso de Timor-Leste, e logo no início da pan-demia, o Governo acordou com o PNUD umprocesso de aprovisionamento para o setor dasaúde, no valor de 5,7 milhões de dólares, paraadquirir equipamento médico, material de pro-teção pessoal e medicamentos.

Essencial em todo o processo, explicou Altan-gerel, foi garantir a qualidade do material, comnovos fornecedores a aparecerem no mercado,mas onde “a qualidade não estava garantida”.

O facto de estar a agir em nome de vários paí-ses, deu igualmente dimensão às compras, per-mitindo conseguir preços competitivos.

Altangerel admite que depois da experiência, oPNUD está já a analisar com o Governo a possi-bilidade de, no futuro, recorrer a este sistema deaprovisionamento para compras de material emedicamentos não relacionados com a pande-mia.Ainda que os custos de transporte sejam eleva-

dos, dado o relativo isolamento de Timor-Leste, o

sistema, explica a responsável, garante quali-dade, especialmente em medicamentos e mate-rial mais especializado.Crucial é também, sublinha, garantir que o equi-

pamento que vem se pode aplicar no país, o queexige adaptação mas também um extenso pro-cesso de formação de quadros técnicos.

Como exemplo dá o caso de ventiladores que,no caso de Timor-Leste, tiveram que ser adapta-dos de sistemas de fornecimento central de oxi-génio com adaptadores para poderem ser usadopara fornecimento individual de oxigénio.O passo seguinte foi, em colaboração com a Or-

ganização Mundial de Saúde (OMS) e o Minis-tério da Saúde, organizar a formação de técni-cos, tanto presenciais como virtuais, com um es-pecialista no terreno a formar vários profissio-nais.

A nível dos medicamentos, Altangerel nota queé igualmente crucial garantir que chegam ondesão necessários, especialmente estruturar os ca-nais de fornecimento para os armazéns de me-dicamentos nos municípios.

“É preciso garantir a adequada gestão de stocke a entrega regular de medicamentos para as vá-rias regiões do país e as zonas remotas”, frisou.

“Queremos apoiar a reforçar a capacidade doSAMES [Serviço Autónomo de Medicamentos eEquipamentos de Saúde], para que a rede de for-necimento funcione. Temos de garantir que osmedicamentos chegam às pessoas”, frisou.

“Investimentos em Timor-Leste não têm priorizadocombate à pobreza” - responsável do PNUD

Rede de aprovisionamento do PNUD foi essencial para o país ir ao mercado

RESPONSÁVEL DO PROGRAMA DAS NAÇÕESUNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO (PNUD) EM TIMOR-LESTE, MUNKHTUYA ALTANGEREL

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18 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 5 DE OUTUBRO DE 2020

LUSOFONIA

A companhia aérea Air Macau disse que esperavir a ter o dobro de passageiros em Outubro, emcomparação com o mês anterior, ainda assim umnúmero muito longe do habitual em anos anterio-res.A pandemia da covid-19 chegou ao território em

finais de Janeiro, o que fez com que a empresade aviação tivesse registado entre o mês seguin-te e Agosto uma quebra de 91% no número devoos e uma diminuição de 98% do número depassageiros.Agora, com a reabertura dos vistos individuais e

de grupo da China continental para o território nodia 23 de Setembro, suspensos desde o início dapandemia, juntamente com o facto de a primeirasemana de outubro ser tradicionalmente umaépoca em que os turistas chineses viajam muito,por causa das celebrações em torno do Dia Na-cional da China (a chamada "Semana Dourada"),a Air Macau antecipa vir a ter o dobro do númerode passageiros.

Ainda assim, o número deverá rondar os10.000, um valor muito reduzido quando compa-rado com os cerca de 305 mil passageiros emmédia que a Air Macau transportou por mês em2019, num território que nesse ano recebeu qua-

se 40 milhões de visitantes.Numa conferência de imprensa sobre o estado

da covid-19 em Macau, na quinta-feira, o Gover-no não se comprometeu com uma previsão donúmero de turistas que poderão chegar nos pró-ximos dias, mas assegurou que as autoridadesreforçaram o pessoal nas fronteiras, precavendo-se para o aumento de visitantes nos próximosdias.

A Air Macau acrescentou ainda que o númerode voos em Outubro deverá aumentar em 168%em relação ao mês anterior.Macau olha assim para o mês de Outubro como

um teste à capacidade de, por um lado, recebervisitantes, e por outro, evitar novos casos dadoença no território, com uma economia alta-mente dependente dos visitantes chineses epraticamente paralisada desde finais de janeiro.

O Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro se-mestre 'encolheu' 58,2%, em comparação com operíodo homólogo de 2019, e a diminuição nosegundo trimestre foi de 67,8%, também em ter-mos anuais.

Macau foi dos primeiros territórios a ser atingi-do pela pandemia, tendo registado 46 casos.Actualmente, não tem nenhum caso atcivo.

O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandettaafirmou numa entrevista exibida de madrugadaque alertou o Presidente do Brasil, Jair Bolsona-ro, que se não fossem tomadas medidas duras opaís teria 180 mil mortes provocadas pela covid-19.

"Eu nunca falei em público que eu trabalhavacom 180 mil óbitos se nós não interviéssemos,mas para ele [Bolsonaro] eu mostrei, entregueipor escrito, para que ele pudesse saber da res-ponsabilidade dos caminhos que ele fosseoptar", declarou Mandetta, durante o programa“Conversa com Bial", da Rede Globo.

O ex-ministro também afirmou que Bolsonaroteve uma atitude negacionista ao ser alertadodos problemas de saúde pública causados pelapandemia.

"Foi realmente uma reacção bem negacionistae bem raivosa (...) Eu simbolizava a notícia e ele[Bolsonaro] ficou com raiva do 'carteiro', ficoucom raiva do Ministério da Saúde”, declarou.

O antigo ministro lançou o livro "Um pacientechamado Brasil", no qual relata bastidores da cri-se que levou à sua saída do Governo, em Abrilpassado.

Mandetta foi demitido por apoiar medidas deisolamento social, contrariando as orientaçõesde Bolsonaro que sempre minimizou a pandemiade covid-19, que chegou a chamar de “gripezi-nha”, e também porque não autorizou o uso dacloroquina em pacientes com a doença, outraexigência do Presidente brasileiro.

Até hoje não há comprovação científica de quea cloroquina, substância usada no tratamento demalária e lúpus, tenha eficácia contra o novo cor-navírus.Além de negar a gravidade do problema, ao lon-

go da pandemia, o chefe de Estado brasileiroparticipou de protestos em apoio ao seu Gover-no, visitou lugares públicos provocando aglome-rações e desrespeitou várias vezes decretos so-bre o uso de máscaras, saindo e interagindo comapoiantes sem o equipamento de proteção.

O Presidente brasileiro reiterou suas críticas aoisolamento social para evitar a proliferação donovo coronavirus, ao declarar que ficar em casadurante a pandemia é para “fracos”.

Num evento realizado no estado de Mato Gros-so, Bolsonaro deu os parabéns a um grupo deagricultores por "não terem entrado na conversi-nha mole" do isolamento social.

"Vocês não pararam durante a pandemia. Vocêsnão entraram na conversinha mole de ficar emcasa. Isso é para os fracos", disse o chefe de Es-tado a produtores rurais e apoiantes.

Bolsonaro acabou contaminado em Julho e re-cuperou da doença aparentemente sem proble-mas maiores.

O maior angariador do mundo de grandes apos-tadores, com mais de 40% do mercado dasapostas VIP em Macau, disse que não existecongelamento de levantamento de fundos, apósqueixas de supostos clientes.

“Não há casos em que os clientes sejam impe-didos de efectuar levantamentos devido ao con-gelamento de fundos”, indicou à Lusa a Suncity.

Nas últimas semanas têm surgido vários quei-xosos que denunciam, em páginas da internet ede forma anónima, que estão a ser impedidos deretirar os fundos que investiram no grupo, com17 salas VIP no território e que está presente emtodos os grandes operadores na capital mundialdo jogo, Melco, MGM, Sociedade de Jogos deMacau (SJM), Galaxy e Wynn.

Numa página da internet, que junta 20 queixo-sos e que se autodenominam “Aliança dos Direi-tos do Cliente SunCity”, promete-se que vão to-mar as devidas medidas legais para recuperarum soma até biliões de dólares de Hong Kong(110 milhões de euros) ao grupo que, para alémde Macau, tem ainda salas de jogo VIP nas Filipi-nas, Camboja, Coreia do Sul e acabou a constru-ção de um ‘mega resort’ no Vietname.

“O Grupo reitera que os falsos rumores prejudi-caram seriamente os interesses e a reputação doGrupo. O Grupo condena veementemente quais-quer indivíduos que espalhem os rumores comintenção maliciosa, e reserva-se todos os direitosde intentar ações legais contra tais indivíduos”,respondeu a Suncity.

A empresa garante ainda que fornece “aosclientes um serviço de depósito/retirada de fichasde jogo para fins de entretenimento”.

Vários órgãos de comunicação têm noticiadoque os operadores de jogo de Macau têm sofridouma significativa saída de capitais durante esteverão, o que tem perturbado os fluxos de capitalem caixa.

Vários clientes terão levantado os seus fundos,após a China ter começado uma luta contra obranqueamento de capitais, o jogo ‘online’ ilegale contra a saída de capitais do país.

“O negócio VIP do Grupo Suncity é financeira-mente sólido”, garantiu a empresa à Lusa, ne-gando assim as acusações de falta de dinheiroem caixa.

A Lusa questionou a Direcção de Inspecção eCoordenação de Jogos (DICJ) de Macau sobrese tinha recebido queixas contra a Suncity e seexiste suficiente dinheiro em caixa nos casinos.

A DICJ respondeu apenas que vai continuar “amonitorizar o funcionamento dos casinos e inter-mediários de jogos de fortuna e azar em Macaue “acompanhar de perto a situação para assegu-

rar o desenvolvimento saudável da indústria dojogo em Macau.

Quanto aos branqueamentos de capital, a enti-dade responsável pelo jogo na capital mundialdos casinos apontou que “os licenciados e inter-mediários de jogo têm vindo “a implementar me-didas de acordo com a política do Governo deMacau contra o branqueamento de capitais”.

Em finais de Agosto, Pequim anunciou criaçãode uma ‘lista negra’ de destinos turísticos de jogoem casinos por perturbarem a “ordem comercialdo mercado de turismo estrangeiro da China" jáque “algumas cidades estrangeiras abriram casi-nos para atrair turistas chineses a jogar".

Para as autoridades chinesas, tais tambémpõem "em perigo a segurança pessoal e patrimo-nial dos cidadãos chineses”.A China prometeu impor “medidas restritivas de

viagem contra cidadãos chineses que viajampara cidades estrangeiras e locais".

Desde que a Suncity anunciou, em entrevista àLusa em Maio de 2019, que pretendia concorreràs novas licenças de jogo em Macau em 2022,tem sido assolado por vários casos tendo sidoacusado de promover "jogo online", "apostas porprocuração" e até de ser investigado por partedas autoridades chinesas por dar apoio aos ma-nifestantes pró-democracia em Hong Kong.

GRUPO NEGOU SEMPRE ACUSAÇÕES

“O Suncity Group coopera sempre plenamentecom o Governo chinês e com o Governo de Ma-cau para evitar que Macau se torne um centro debranqueamento de capitais, permitindo que a in-dústria do jogo se desenvolva de forma saudá-vel”, frisou a empresa.

Já em Julho deste ano, o grupo salientou a suarobustez financeira, negando ainda rumores deque a alegada investigação de Pequim tivesselevado a uma corrida dos clientes para levanta-rem o dinheiro depositado.Em Julho, Alviu Chau afirmou que o Suncity VIP

Club tinha uma reserva fiscal de 10,58 biliões dedólares de Hong Kong (1,21 biliões de euros) eque o total de ativos compensava os depósitosdos clientes, perdas previsíveis e dívidas inco-bráveis.

Macau, capital mundial do jogo, é o único localem toda a China onde o jogo em casino é legal eobteve em 2019 receitas de 292,4 biliões de pa-tacas (cerca de 31,1 biliões de euros).

Este ano, devido à pandemia da covid-19 asempresas de jogo de Macau têm registado váriosmilhões de euros de perdas nas receitas devidoàs restrições fronteiriças no território que em2019 recebeu quase 40 milhões de visitantes.

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Maior angariador de jogo VIP mundial nega congelar levantamentos dos clientes

Air Macau antecipa o dobro de passageiros em Outubro

Ex-ministro da Saúde diz que alertou Bolsonaro sobre 180 milmortes no Brasil devido à covid-19

EX-MINISTRO BRASILEIRO DA SAÚDE, LUIZ HENRIQUE MANDETTA

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5 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 19

CABO VERDE

LUSOFONIA

O ministro dos Negócios Estrangeiros de CaboVerde, país que detém a presidência rotativa daCPLP, disse que a pandemia de covid-19 não vaiatrasar a mobilidade na comunidade lusófona,salientando que o processo já está consensua-lizado.

“Já não vai atrasar [a mobilidade] porque o do-cumento já está consensualizado, o que é maisimportante”, disse Luís Filipe Tavares, em decla-rações à imprensa, a partir da cidade da Praia,depois de uma reunião informal do Conselho deMinistros da Comunidade de Países de Língua

Portuguesa (CPLP), por videoconferência.O ministro cabo-verdiano, enquanto presidente

em exercício do Conselho de Ministros da CPLP,disse que em Dezembro vai ser realizada outrareunião extraordinária dos chefes da diplomaciados países lusófonos para aprovação do projetode mobilidade dos cidadãos, apresentado porCabo Verde.

A reunião deverá ser realizada em Cabo Verdee Luís Filipe Tavares disse que o “maior desejo”do país é que seja presencial, mas se não forpossível por causa da covid-19, será realizada

em modo virtual.Depois disso, o documento vai ser depois apre-

ciado e ratificado na cimeira de Luanda, em Ju-lho de 2021, pelos chefes de Estado e de Gover-no da comunidade.

“Esperemos que até lá a situação da covid-19estará resolvida, com vacinas ou uma vacinapelo menos global, para todos os países, mas háuma certeza: temos consenso na CPLP emmatéria de mobilidade”, prosseguiu Luís FilipeTavares.Cabo Verde prolongou até 2021 a sua presidên-

cia rotativa da CPLP, após proposta de Angola,país que deveria assumir a liderança da organi-zação lusófona em julho último.

A reunião virtual dos chefes da diplomacia daCPLP foi realizada à margem da 75.ª SessãoOrdinária da Assembleia Geral da Organizaçãodas Nações Unidas (ONU), que este ano tam-bém decorreu em formato de teleconferência de-vido à pandemia da covid-19.

Anualmente, os chefes da diplomacia da CPLPaproveitam a Assembleia Geral da ONU, em No-va Iorque, para se reunirem informalmente e dis-cutirem vários assuntos relativos à comunidadelusófona.Durante a reunião, Luís Filipe Tavares disse que

foram abordados questões como as agendasdos respetivos países, a situação da covid-19 emtodos os Estados-membros, do projeto de mobil-idade de Cabo Verde, questões de segurança eluta contra a criminalidade organizada nos paí-ses.Sobre a situação da covid-19 nos nove Estados-

membros da CPLP, o ministro cabo-verdiano dis-se que ficaram acordadas várias questões impor-tantes para minimizar os efeitos e combater apandemia, desde logo a partilha de informações.

“Decidimos ter uma articulação muito forte emrelação à pandemia da covid-19, as melhorespráticas nos respetivos países, aquilo que cadaum faz. É um desafio global, e para desafios glo-bais, temos que ter uma resposta global ou res-postas globais”, salientou.

Luís Filipe Tavares recordou que os ministros daDefesa, da Administração Interna e da Saúde jádebateram a questão da criação de mecanismospara fazer face às catástrofes naturais e pande-mia e disse que a reflexão vai continuar.

“A articulação é muito importante, tem havidouma grande solidariedade entre os Estados-membros da CPLP. Estamos a trabalhar entrenós e articularmos as medidas de política e infor-marmos uns aos outros sobre aquilo que de me-lhor cada um está a fazer”, prosseguiu o presi-dente em exercício do Conselho de Ministros daCPLP.

O ‘stock’ da dívida pública cabo-verdianaaumentou 1,5% de Abril a Junho, ultrapassandoos 2.236 milhões de euros, equivalente a umnovo máximo histórico de quase 135% do Produ-to Interno Bruto (PIB) cabo-verdiano, segundodados oficiais.

De acordo com dados do recente Boletim Esta-tístico da Dívida Pública de Cabo Verde relativoao segundo trimestre, em apenas três meses, adívida pública cresceu, em montante, 3.884 mi-lhões de escudos (35 milhões de euros).

Neste período, em que o arquipélago chegou adeclarar estado de emergência para conter atransmissão da pandemia de covid-19, o Gover-no aplicou várias medidas de apoio social, no-meadamente com subsídios, e de apoio às em-presas afectadas.

No final de Março de 2020, a dívida pública deCabo Verde já tinha atingido o máximo históricode 243.918 milhões de escudos (2.200 milhõesde euros), equivalente então a 131,3% do PIBestimado à data e um aumento de 6,6% numano.

No segundo trimestre, a dívida pública de CaboVerde fechou nos 247.802 milhões de escudos(2.236,6 milhões de euros) e com um peso equi-valente a 134,9% do PIB.

Deste total, mais de 177.105 milhões de escu-dos (1.599 milhões de euros) correspondem aendividamento externo e os restantes 70.696 mil-hões de escudos (638 milhões de euros) a endi-vidamento contraído internamente.

Ainda no segundo trimestre de 2020, CaboVerde realizou desembolsos de dívida no valorde 12.305 milhões de escudos (111 milhões deeuros).O Governo cabo-verdiano prevê fechar o ano de

2020 com um ‘stock’ da dívida pública equiva-lente a 148% do PIB, que poderá subir no anoseguinte para 150%, segundo a previsão queconsta do Orçamento do Estado Rectificativo,aprovado devido à pandemia de covid-19.Cabo Verde vive já uma crise económica provo-

cada pela pandemia, com o sector do turismo,que garante 25% do PIB, parado desde Março.Para colmatar a falta de receitas fiscais e face aoaumento das despesas com prestações sociais ecuidados de saúde, o Governo negociou comcredores internacionais moratórias para o paga-mento da dívida do país, até ao final de 2020.

Portugal detém mais de 30% da dívida públicacabo-verdiana, pela via bilateral, mas tambématravés de linhas de financiamento de bancoscomerciais.Entretanto, o Governo português concedeu uma

moratória sobre os empréstimos directos conce-didos a Cabo Verde e a São Tomé e Príncipe, “nasequência dos pedidos apresentados por estespaíses", anunciaram em Agosto, em comunicadoconjunto, os ministérios dos Negócios Estrangei-ros e das Finanças de Portugal.

O ano lectivo em Cabo Verde arrancou na quin-ta-feira com cerca de 132 mil alunos, marcadopela pandemia da covid-19, com aulas presen-ciais em todo o país, excepto na capital, devidoao aumento dos casos, segundo fonte oficial.

Segundo a directora nacional da Educação,Eleonora Sousa, no rearranjo do novo ano lecti-vo, o Ministério da Educação decidiu dividir asturmas com número superior a 20 alunos, emque metade terá aulas durante um período, cominterrupções de 30 minutos, para a entrada daoutra metade.As aulas serão de 25 minutos, com intervalos de

5 minutos, em que os alunos não mudam desala, mas sim os professores, para diminuir a cir-culação dentro das escolas, disse ainda a res-ponsável educativa, avançando que até ao 4.ºano de escolaridade os alunos terão cerca deduas horas de aulas presenciais por dia, ou seja,quatro aulas.

Para o segundo nível de ensino básico e se-cundário (5.º ano ao 12.º ano), os alunos vão termais horas, mas metade da turma vai estar naescola às s-utra metade vai ter aulas às terças,quintas e sábados, ainda segundo Eleonora Sou-sa.

A directora disse, no entanto, que as orienta-ções deixam em aberto a possibilidade de cadaconcelho adequar os horários às suas especifici-dades, com um “grande número de escolas” quepoderão funcionar normalmente.

“Porque ficam em localidades onde o númerode alunos é reduzido e as salas permitam o fun-cionamento normal”, salientou a diretora, referin-do que, como complemento das aulas presen-ciais, haverá aulas à distância, transmitidas pelarádio, televisão e internet.

“São estas as alternativas, os cenários que nósanalisámos e encontrámos e pensamos ter dadoas orientações que julgamos ser as melhores”,prosseguiu a mesma fonte, para quem todo estetrabalho está a ser feito em articulação com o Mi-nistério da Saúde e as delegações do Ministérioda Educação.

O ano lectivo arrancou com cerca de 132 milalunos nos diferentes níveis de ensino, pratica-mente o mesmo número do ano anterior, comcerca de 20 mil alunos no pré-escolar, 80 mil noensino básico (1.º ao 8.º ano) e os restantes noensino secundário (9.º ao 12.º ano), auxiliadospor perto de seis mil professores.

A directora disse que estava tudo preparadopara o início das aulas e que o Ministério da Edu-cação está em estreita articulação com o Ministé-rio da Saúde, tendo sido tomadas todas as me-didas em termos de higienização, distanciamen-to e utilização obrigatória das máscaras nas es-colas.

Relativamente ao uso de máscaras, a directoranacional da Educação informou que os alunosque têm o apoio da Fundação Cabo-verdiana deAcção Social Escolar (FICASE) vão receber es-ses equipamentos nos kits escolares.Também adiantou que as famílias mais vulnerá-

veis foram identificadas, para que aos seus alu-nos sejam disponibilizadas máscaras de pro-tecção individual.

“Mas é um esforço que terá que ser feito com ospais, mães e encarregados de educação, quepodem comprar máscaras para os seus educan-dos, devem também colaborar”, disse EleonoraSousa, pedindo igualmente a colaboração detoda a sociedade cabo-verdiana.

O distanciamento é para ser garantido dentrodas salas de aula, segundo a directora, adiantan-do que será disponibilizado desinfectante e umpano aos alunos, para limparem os seus mate-riais e a carteira que vão utilizar, sempre queacharem necessário.

Nos períodos de 30 minutos para troca de tur-mas, os espaços serão higienizados pelo pes-soal de limpeza, disse ainda a porta-voz do Mi-nistério da Saúde.

A directora da Educação reconheceu o cons-trangimento que a redução de horário e as novasregras poderão criar nos pais e encarregados deeducação - que têm na escola um espaço paradeixar os filhos para depois irem trabalhar - masconsiderou que só o Ministério da Educação nãopoderá dar essa resposta, dizendo que deveráser um trabalho articulado entre a tutela, as enti-dades empregadoras e os pais.

A directora disse também ter constatado a pre-ocupação e receio de pais em mandar os seus fi-lhos para a escola por causa da pandemia, ga-rantindo que estão a ser criadas todas as con-dições, por considerar que o regresso dos alunosàs escolas é fundamental para a sua saúde men-tal e psicológica, uma vez que estão em casadesde o mês de Março.

Segundo a responsável, o Governo está aindaa equacionar criar um regulamento ou portariapara o ensino doméstico.No Conselho de Ministros, o Governo cabo-ver-

diano decidiu adiar o início das aulas presenciaisna capital, Praia, para “depois de 31 de Outubro”devido à evolução da pandemia de covid-19,optando pelas aulas à distância.

“Pandemia não atrasa mobilidade na CPLP”- diz ministro dos Negócios Estrangeiros Dívida pública

nacional cresceu1,5% em três meses

Aulas de 25 minutos e divisão de turmas no novo ano lectivo

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20 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 5 DE OUTUBRO DE 2020

LUSOFONIA

Decisão das autoridades de atribuir os no-mes dos presidentes do Senegal e da Nigériaa duas avenidas da capital guineense causoucontrovérsia. Ruas foram baptizadas a 24 deSetembro. Sociedade civil criticou a iniciati-va.

As críticas sucedem-se desde que as duas ave-nidas foram inauguradas com os nomes dos pre-sidentes do Senegal, Macky Sall, e da Nigéria,Muhammadu Buhari, no dia 24 de Setembro, porocasião das celebrações do 47º aniversário daindependência da Guiné-Bissau. Vários cidadãos, figuras públicas e analistas po-

líticos questionaram como é que se pode ter no-meado duas avenidas em homenagem a pes-soas que não têm uma ligação histórica com aGuiné-Bissau.

O analista político Rui Landim critica particular-mente que se tenha atribuído a uma avenida onome de Macky Sall, uma vez que, a seu ver, opresidente do Senegal terá contribuído para ainstabilidade recente no país.

"Não há avenida Luís Cabral, Umaro Djaló,Constantino Teixeira, Nino Vieira [todos comba-tentes da liberdade da pátria] e tantos outros",lembra o analista, que tece duras críticas a quemtrouxe "alguém que tem tudo contra a Guiné-Bis-sau e é pago para ter conspirado e instigado ogolpe de Estado no país." O que Macky Sallquer", conclui Rui Landim, é a "dominação daGuiné-Bissau pelo Senegal."

SISSOCO EMBALÓ RESPONDE ÀS CRÍTICAS

No dia 25 de Setembro, o Presidente guineense,Umaro Sissoco Embaló, apresentou os seus ar-gumentos perante as críticas da sociedade.

"O presidente Macky Sall, depois de inaugurara sua avenida, mandou alcatroá-la de imediato.Perguntou à empresa Arezki quanto é, disseram-lhe e mandou iniciar os trabalhos. Mas será queo presidente Macky Sall, os seus filhos ou os se-negaleses é que vão andar lá? Não somosnós?", perguntou o chefe de Estado.

"As pessoas têm de ser inteligentes. E se você[jornalista] quer agora uma avenida, garante-me

que vai alcatroá-la, vou atribuir-lhe o seu nome",prometeu Umaro Sissoco Embaló.

ACTO DO PRESIDENTE REVELA"ILEGALIDADE E INCAPACIDADE"

Mas o presidente do Movimento dos CidadãosConscientes e Inconformados (MCCI), SanaCanté, reprovou os argumentos apresentadospelo chefe de Estado.

"Revela uma dupla combinação entre a ilegali-dade e a incapacidade. Ilegalidade por ser auto-proclamado e golpista presidente da Repúblicada Guiné-Bissau. O mais chocante é ver que sebaseou em quem dá mais, quem tiver dinheiropara investir no país, fica com o país e quem tiverdinheiro para investir na estrada, fica com estra-da", critica Sana Canté.

Apesar do tema merecer debate nos órgãos deComunicação Social, nem o Governo, nem a As-sembleia Nacional Popular (ANP) reagiram àpolémica.

Em silêncio estão também os partidos políticosguineenses.

Cabo Verde realiza eleições autárquicas pelaoitava vez no dia 25 de Outubro. Regras espe-ciais introduzidas devido à Covid-19 e "votoacessível" para pessoas com deficiência serãonovidades para os 320 mil eleitores.

As autárquicas de 25 de Outubro inauguram onovo ciclo eleitoral em Cabo Verde que prosse-gue em 2021 com as eleições legislativas e pre-sidenciais.

Na corrida vão estar mais de 60 candidatospara às câmaras municipais e igual número paraas assembleias municipais que concorrem com oapoio dos partidos Movimento para a Democra-cia (MpD), Partido Africano para a Independênciade Cabo Verde (PAICV), União Cabo-VerdianaIndependente e Democrática (UCID), PartidoPopular (PP) e alguns independentes.

A Comissão Nacional de Eleições e a DirecçãoNacional da Saúde estão a trabalhar num planosanitário para o escrutínio.

O director Nacional da Saúde, Artur Correia,afirma que o plano prevê o esforço para evitar aomáximo espaços fechados, aglomerações e con-tactos próximos entre os eleitores e colabora-dores no pleito. A intenção continua a ser, segun-do Correira, respeitar o distanciamento social eespacial associado ao uso obrigatório de más-caras e a higienização das mãos.

Numa altura em que o país regista mais de 5,4mil casos de Covid-19, as autoridades desdo-

bram-se em recomendações para reduzir oaumento das infecções a nível comunitário. "Oaconselhamento que fazemos é que os partidospedagogicamente colaborem nesse processo derespeitar essas normas básicas", sugere Correia.Apesar de ainda não estar claro, tudo indica que

vai ser proibida a realização de comícios quepossam juntar centenas ou milhares de pessoas,bem como desfiles e passeatas. "Para preservartanto os candidatos como os eleitores. Com umnúmero de participantes limitado que garanta odistanciamento mínimo de um metro entre cadaum dos participantes", diz o Presidente da Co-missão Nacional de Eleições (CNE), Maria doRosário Pereira.Para reduzir o risco de contaminação, o número

máximo de 300 eleitores será permitido em cadamesa das assembleias. "Aos eleitores serão dis-ponibilizados à entrada de cada mesa da assem-bleia de voto álcool em gel para a higienizaçãodas mãos, devendo os mesmos observar o dis-tanciamento social de 1,5 metro nas filas junto àsmesas", informou a porta-voz da CNE, CristinaLeite.

NOVIDADES NA ACESSIBILIDADE

O acesso ao voto das pessoas com Covid-19 éum dos aspectos que está a ser avaliado.

Uma atenção especial será dada aos membrosdas assembleias de voto.

"Serão disponibilizados a todos os membrosequipamentos de proteção individual constituí-dos por máscaras cirúrgicas, viseiras e luvas,sendo obrigatório o uso durante todo o acto elei-toral", salienta Leite.Por causa da Covid-19, as assembleias de voto

vão funcionar das 7 horas às 18 horas locais –ocorrendo o alargamento do horário de funciona-mento em mais uma hora.

"Em consequência, os membros das assem-bleias de voto devem estar presentes no local defuncionamento uma hora antes da hora marcadapara o início das operações eleitorais".

A grande novidade das próximas eleiçõesautárquicas vai ser a introdução do voto acessí-vel para as pessoas com deficiência. A CNE querdisponibilizar nas assembleias de voto biombosadaptáveis para possibilitar ao eleitor com mobi-lidade reduzida o exercício do seu direito de votoem condições de segurança.

"Serão garantidas rampas de acesso e matriztáctil para o eleitor invisual possibilitando aomesmo o exercício do seu voto sem estar acom-panhado. Será dada prioridade aos eleitores comdeficiência nas assembleias de voto. Paralela-mente, a CNE vai assegurar que todas as suascomunicações sobre o processo eleitoral sejamtraduzidas em língua gestual, em suporte deáudio e, sempre que possível, em braile", infor-mou Leite.

Liga Guineense dos Direitos Humanos(LGDH) registou 49 mortes, nos últimos doisanos, de indivíduos acusados de prática defeitiçaria. Sociedade civil apela à intervençãodo Estado para sensibilizar as comunidades.Segundo a denúncia da Liga Guineense dos Di-

reitos Humanos, o último caso aconteceu a 11 deSetembro deste ano: uma cidadã de mais de 50anos de idade foi "brutalmente assassinada" porum grupo de populares, no sul da Guiné-Bissau,acusada de prática de feitiçaria. O corpo da víti-ma, de acordo a denúncia da Liga, foi "profana-do" e alguns órgãos "amputados".Este está longe de ser o primeiro caso do géne-

ro. O fenómeno é antigo e, apesar das denúnciasdas organizações de direitos humanos, a situa-ção continua. "Nessas aldeias não há segurança para as pes-

soas, francamente não há", lamenta Justo Brai-ma Camará, presidente do Movimento da So-ciedade Civil da Região de Quínara, no sul dopaís, que considera a situação preocupante."Estamos a pedir às autoridades locais para que

multipliquem os elementos de segurança, parapoder garantir segurança às populações quevivem nessas aldeias", apela.

RESPONSABILIZAÇÃO E SENSIBILIZAÇÃO

Em comunicado, a Liga Guineense dos DireitosHumanos lamenta que os actores materiais emorais da "esmagadora maioria" dos casos deassassinatos de cidadãos acusados de práticade feitiçaria, continuam impunes, "devido ao nãofuncionamento das instituições judiciárias".

Avenidas Macky Sall e Muhammadu Buhari geram polémica em Bissau

INAUGURAÇÃO DA AVENIDA MACKY SALL, UMA DAS CONTESTADAS NO PAÍS

Estado chamado a acabar com violência no contextode feitiçaria na Guiné-Bissau Cabo Verde terá plano sanitário para eleições autárquicas

O Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundodas Nações Unidas para a Infância (UNICEF)vão apoiar mais de 1.500 famílias na Guiné-Bis-sau com uma transferência monetária mensalpara diminuir o impacto socioeconómico da pan-demia provocada pelo novo coronavírus.

"O PAM e a UNICEF estão determinados aaliviar as dificuldades daqueles que não têmmedidas para se defender, com foco em famíliascom múltiplas vulnerabilidades, na sua maioriachefiadas por mulheres, com crianças, idosos,pessoas com desnutrição, deficiência, doençascrónicas e em situação de desemprego", disseKiyomi Kawaguchi, a representante do PAM naGuiné-Bissau.

Em comunicado, as duas agências das NaçõesUnidas salientam que o programa vai ajudar11.000 pessoas "através de transferências mon-etárias mensais via telemóvel".

"Cada família receberá 40.000 francos cfa [cer-ca de 60 euros] durante três meses com o obje-tivo de ajudar a mitigar o impacto socioeconómi-co da crise causada pela pandemia do corona-vírus", refere o comunicado.O programa deverá abranger os setores do país

com maior prevalência de insegurança alimentar,incluindo 100 famílias do Setor Autónomo de

Bissau, onde há registo de maior casos positivospara a covid-19.O PAM e a UNICEF referem que a covid-19 "co-

locou enorme pressão sobre as famílias nasáreas rurais devido à limitação das atividadeseconómicas", incluindo a campanha de caju,principal produto de exportação do país e do qualdependem direta ou indiretamente cerca de 80%da população guineense.

"A situação actual exige o desenvolvimento deum programa de assistência social contextual,adaptado às restrições impostas pela crise docoronavírus acompanhada de uma comunicaçãoeficaz e efectiva para diminuir riscos às famíliase crianças", afirmou Nadine Perrault, represen-tante da UNICEF na Guiné-Bissau.

Além das transferências monetárias mensais,as duas agências das Nações Unidas vão fazeruma monitorização remota do programa atravésde contactos telefónicos regulares com os ben-eficiários.

O programa, que contou com a colaboração doMinistério da Mulher, Família e Solidariedade So-cial, é financiado pelo Fundo Fiduciário Multipar-ceiros para Resposta e Recuperação da Covid-19 da ONU e da Agência Italiana para o Desen-volvimento e Cooperação.

ONU apoia mais de 1.500 famílias comtransferências monetárias mensais

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FUNDADO EM 1963PELO COMENDADOR ANTÓNIO BRAZ

5 DE OUTUBRO DE 2020ANO LVIII

DIRECTOR F. Eduardo Ouana ([email protected])

CHEFE DE REDACÇÃOMichael Gillbee ([email protected])

FOTOGRAFIACarlos Silva ([email protected])

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PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO COMENDADORA PAULA CAETANO

A administração da TAP assegurou, numa reunião comdeputados socialistas da comissão parlamentar de Ne-gócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, queirá melhorar "rapidamente" o serviço de apoio aos clien-tes e retomar ligações com a África do Sul.

Segundo os deputados socialistas, numa nota enviadaà Lusa, um dos temas abordados na reunião de quarta-feira foi o serviço ao cliente e a gestão dos processos dereclamações, "que têm suscitado muitas queixas devidoà anulação e alteração de voos e falta de resposta aos‘emails’ e telefonemas dos passageiros prejudicados", oque "foi reconhecido" pela companhia aérea como sendoum problema que é "absolutamente essencial que sejarapidamente resolvido".

Os deputados Paulo Pisco, Carlos Pereira, Lara Marti-nho, Paulo Porto e Rosário Gamboa reuniram-se em Lis-boa, com o presidente do conselho de administração daTAP, Miguel Frasquilho, e o administrador Bernardo Trin-dade, para trocar impressões sobre problemas sentidospelos passageiros das comunidades portuguesas naEuropa e fora da Europa, da Madeira e dos Açores e doPorto e região norte.

Do encontro, os deputados socialistas tiveram a garan-tia por parte da TAP de que irá retomar as ligações coma África do Sul, "mas sem um horizonte temporal", referiuo deputado Paulo Pisco em declarações à Lusa, após areunião.

A companhia aérea reafirmou ainda que a partir de 15de Dezembro, tal como já tinha sido anunciado, passaráa fazer dois voos semanais entre Lisboa e Caracas,"muitos importante para a comunidade portuguesa, mastambém para todos quantos poderão vir a utilizar essarota para depois irem para outros destinos", acrescentouPaulo Pisco.

Apesar do encontro, o deputado sublinhou que os par-lamentares vão continuar à espera de uma resposta àsquestões colocadas no requerimento de 21 de Julho apedir esclarecimentos ao Governo e à TAP sobre a anu-lação de voos que estavam a gerar “muitas queixas” deemigrantes portugueses já com viagens marcadas parapassarem as habituais férias de verão em Portugal, talcomo a Lusa noticiou na altura.

Numa nota, os deputados consideram que o contextoactual é muito difícil, devido à redução drástica da procu-ra causada pela pandemia de covid-19, à necessidadede lidar com a situação de grandes prejuízos e com in-certeza de não se saber ainda quando será possível re-cuperar a confiança dos passageiros para voltarem a via-jar de avião.

Neste contexto, a TAP tem em curso um plano de re-estruturação que vai procurar ajustar a sua organizaçãoe operações em função da conjuntura e dos contextosem que desenvolve a sua atividade, referem.

Tendo em conta estes fatores, os deputados dizem quena reunião com a administração da companhia aérea"expuseram as questões que mais tocam às comu-nidades portuguesas na Europa e fora da Europa, comorotas, preços e horários dos voos e também de e para aMadeira e Açores e destes aeroportos para outros desti-nos, designadamente para a Venezuela, Estados Unidose África do Sul".

Assim, foram abordadas as rotas para o Luxemburgo,Paris, Genebra, Londres e aeroportos do Brasil, entreoutras, "como fundamentais para as comunidades portu-guesas", adiantam.

Quanto ao Porto e região norte de Portugal, "merece-ram uma atenção particular", pela necessidade de haverligações regulares, face à importância da actividade eco-nómica e da emigração, que é em boa parte oriunda donorte e centro do país.

A TAP mostrou-se "sensível" relativamente aos assun-tos, mas não saiu do encontro uma resposta concreta re-lativamente a estes assuntos, confirmou o deputadoPaulo Pisco.

No requerimento de Julho, enviado ao presidente daAssembleia da República, Ferro Rodrigues, com pergun-tas dirigidas ao ministro das Infraestruturas e Habitação,os deputados socialistas referiam que "muitos" emi-grantes têm exprimido "a sua enorme frustração por nãoterem condições para voar na TAP, seja pela redução donúmero de voos e de opções, seja pela política de preçosaltos praticada em algumas rotas, seja ainda pela insta-bilidade causada pelos cancelamentos e anulação devoos".

Os deputados perguntavam à administração da TAP,através do ministério, se a empresa "está consciente detodas as perturbações que está a causar aos clientesque querem ir de férias a Portugal, muito particularmenteaos portugueses residentes no estrangeiro, por causa docancelamento e anulação de voos".E pretendiam saber ainda "qual a dimensão da redução

dos voos da TAP para os aeroportos de França, Luxem-burgo, Suíça e Alemanha e quantos voos semanais ago-ra existem para estes países e se a companhia aérea en-cara a possibilidade de aumentar o número de voos demodo a garantir as férias de verão aos portugueses resi-dentes no estrangeiro e outros cidadãos", que a procu-ram.

TAP quer melhorar "rapidamente"serviço e retomar ligações à África do Sul

Um gesto de louvar foi registado nasegunda-feira passada, 28 de Setem-bro, com a entrega de 25 computado-res à Escola secundária sul-africanade Protea Glen, no Soweto, uma ofer-ta do Camões - Instituto da Coopera-ção e da Língua, I.P..

A entrega, foi feita pelo embaixadorde Portugal neste país, Manuel Car-valho, na presença da ministra sul-africana do Ensino Básico, Angie Mot-shekga, que agradeceu repetidamen-te a doação, como reconhecimento dogoverno de Pretória da importância dalíngua portuguesa na África Austral.A ideia insere na promoção da língua

de Camões junto de alunos sul-africa-nos, já que a língua poderá ser umaarma secreta para o seu futuro nospaíses vizinhos, como Moçambique,que tem muitos projectos sul-africa-nos no terreno.

Foi giro ver a escola secundária deProtea Glen, com mais de 1600 matri-culados, incluir a disciplina de Portu-guês no seu currículo académico em2015 e pelo que a gente sabe, tem si-do uma matéria bem apreciada pelosalunos.

Também em 2015, o Estado Portu-guês doou à escola cerca de 100 li-vros de Língua Portuguesa, com o in-tuito de enriquecer a Biblioteca Nel-son Mandela, e enriquecer o nossoidioma naquele estebelecimento deensino.

Interessante ser apenas Moçambi-que, o único país de língua portugue-sa que faz fronteira com a África doSul, sendo os restantes de expressãoinglesa, Botswana, Lesoto, Namíbia,Essuatíni e Zimbabué.

Não tardará muito ver estes paísestodos a dizer bom dia, boa tarde e boanoite, sem ter que morder a língua,como já acontece com muitos sul-afri-canos que trabalham em grandescompanhias com acções sul-africa-nas, como Mozal, na Matola.

O Camões - Instituto da Cooperaçãoe da Língua, I.P. tem desempenhadoum papel fundamental nesta matéria.Já há maswatis que falam português eaté confundidos com os vizinhos mo-çambicanos.

Também a Namíbia, país que temigualmente uma fronteira comum comAngola, onde cerca de 5% dos seushabitantes são falantes de portuguêsa língua portuguesa está em expan-são, ensinada nas escolas. O país,desde 2014, é observador associadoda CPLPPortuguês é a "quarta língua mais fa-

lada no mundo, a mais falada no he-misfério sul, a quinta com maior nú-mero de utilizadores na Internet e alíngua oficial e de trabalho em 32 or-ganizações internacionais.O Português é falado por mais de 260milhões de pessoas nos cinco conti-nentes, ou seja, 3,7% da populaçãomundial. Estimativas apontam paraque o Português atinja 380 milhões defalantes em 2050 e no final do séculoquase 500 milhões.

A língua portuguesa no continenteafricano é falada em vários países e éa língua oficial de Angola, Cabo Ver-de, Guiné-Bissau, Moçambique e SãoTomé e Príncipe e — mais recente-mente — a Guiné Equatorial. Existemtambém grandes comunidades de lín-gua portuguesa na maioria dos paísesda África Austral, compostas de por-tugueses, angolanos e moçambica-nos.

Dados oficiais indicam que existemcerca de 15 milhões de falantes nati-

vos de português e incluindo os falan-tes de português como segunda lín-gua. Nessa soma, esse número chegaa 41,5 milhões em toda África.

Assim como o francês e o inglês, oportuguês tornou-se uma língua pós-colonial em África e uma das línguasoficiais da União Africana, da Comuni-dade para o Desenvolvimento da Áfri-ca Austral, da Comunidade Económicados Estados da África Ocidental, daComunidade Económica dos Estadosda África Central, do Mercado Comumda África Oriental e Austral e da Co-munidade dos Estados do Sahel-Sara.

O Português coexiste na Guiné-Bis-sau, em Cabo Verde e São Tomé ePríncipe com vários crioulos de baseportuguesa (crioulos da Alta Guiné edo Golfo da Guiné), e em Angola, Mo-çambique e Guiné-Bissau com línguasafricanas autóctones (principalmenteda família nigero-congolesa).Além das instituições de língua portu-

guesa, Cabo Verde, Guiné-Bissau eSão Tomé e Príncipe são tambémmembros da Organização Internacio-nal da Francofonia e Moçambique émembro da Comunidade das Naçõese tem o estatuto de observador naFrancofonia.

Por outro lado, a Guiné Equatorialanunciou em 2011 a sua decisão deintroduzir o português como terceiralíngua oficial, além do espanhol e dofrancês, e entrou como membro depleno direito da Comunidade dos Paí-ses de Língua Portuguesa (CPLP) em2014. Maurícia, Namíbia e Senegaltambém aderiram à CPLP como mem-bros observadores associados.

Não fosse o Português a comunica-ção entre os cidadãos das diferentesorigens etno-linguística não seria pos-sível, daí que serve para a administra-ção, educação, direito, política e meiosde comunicação.

Além disso, o português une os Paí-ses Africanos de Língua Oficial Portu-guesa uns aos outros e também comPortugal, Brasil, Timor-Leste e Macau,eles próprios são ex-colónias portu-guesas.

A própria música é uma maneira emque os perfis linguísticos dos PaísesAfricanos de Língua Oficial Portugue-sa aumentaram. Muitos artistas, alémde cantar nas suas línguas maternas,também interpretam em portuguêspara um grau ou outro. O sucesso des-ses artistas na indústria da músicamundial aumenta a consciência inter-nacional da língua de Camões comolíngua africana.

Autores como José Luandino Vieira,Mia Couto, Pepetela, Lopito Feijóo,Luís Kandjimbo, Manuel Rui ou Ond-jaki deram valiosas contribuições paraa literatura lusófona, levando um tomafricano e ideias para a língua e cria-ção de um lugar para a língua portu-guesa no imaginário africano.

Não é só a África do Sul, um país delíngua inglesa que demonstra preocu-pação com a nossa língua, na Zâmbiaexiste uma grande comunidade de fa-lantes da língua portuguesa e o paísintroduziu o Português no seu sistemade ensino primário, em parte devido àpresença de uma grande populaçãoangolana.

Nós, como órgão de comunicação,não ficamos atrás, O Português é a lín-gua do jornalismo, que serve como umveículo para a sua divulgação. O Sé-culo de Joanesburgo já cumpre essepapel desde a sua fundação em 1963e sempre o fará com todo gosto.

Eduardo Ouana

Gesto de louvar do Instituto Camões

Editorial

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Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO DE 2020

Desportivo

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Vit. Guimarães vai ter maioria

da SAD após acordo com

Mário Ferreira

SCP e Rio Aveestão fora da prova

FC Porto perdeu em casa frente ao Marítimo por 3-2

Entrevista

Seleccionadordos“Mambas”fala sobreapuramentodo CAN eMundial 2022

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2 O SÉCULO DESPORTIVO . 5 DE OUTUBRO DE 2020

ENTREVISTA

Michael Gillbee: Dê-nos um pouco do seuhistorial, do seu percurso profissional.

Luís Gonçalves: Foi no quarto ano da faculda-de que tinha decidido ser treinador. Jogava a ní-vel amador e tinha consciência que enquanto jo-gador não iria chegar muito longe. Estive doisanos na Torre, em Cascais e tive um convite parair para o Estoril-Praia, nas camadas infantis. Em1999, surge a oportunidade de integrar a estrutu-ra do Sporting Clube de Portugal. Onde estavamjogadores com Ricardo Quaresma, Hugo Viana,entre outros. Entrei para adjunto da equipa B. Fizali três anos como adjunto, houve muitos joga-dores durante três anos que ajudei a formar. Aprimeira equipa B do Sporting, na altura disputá-vamos a Segunda Divisão B, era uma equipa on-de inclusivamente chegou a estar o Cristiano Ro-naldo durante algum tempo. O László Bölöni jáqueria o Ronaldo para a equipa A. Com a inau-guração da Academia em Alcochete, deram-me aresponsabilidade de dirigir a pré-formação, que édos sub-15 para baixo. Treinador dos iniciadosdurante muitos anos e da pré-formação até 2011.

MG: Essa coordenação da pré-formação oque é que envolve? É ensinar a jogar futebol?

LG: A coordenação da pré-formação, eu coor-denava uma equipa de trabalho. Havia um pro-grama definido, toda a formação. Ganhámosquatro campeonatos nacionais, foi uma experiên-cia muito interessante e por mim passaram mui-tos jogadores que alcançaram um nível interna-cional elevadíssimo. Outros, também muito bons,que não alcançaram esses níveis. Esta Selecçãonacional portuguesa, 50% dos jogadores tiveoportunidade de os treinar. Eu costumo dizer queforam os anos dourados da formação do Spor-ting. Aquele período logo à Academia ter sidoinaugurada, houve uma produção muito boa dejogadores. Produziu muitos talentos.

MG: A escola do Sporting, durante muitosanos, foi considerada a melhor da Europa, senão mesmo do Mundo. Ver produtos comoQuaresma, Ronaldo, Nani hoje na senda inter-nacional é algo que lhe dá certamente muitoorgulho.

LG: Certamente. É preciso dizer que mesmoantes desses nomes, o Sporting produzia talen-tos: Paulo Futre, Simão Sabrosa, entre váriosoutros. Portanto, não é pelo facto de ter depois

ter aparecido a Academia que tudo mudou, não!A Academia veio melhorar e colmatar falhas. Euquando entrei para o Sporting em 1999, nós tra-balhávamos nos dois campos de treino para aequipa principal, treinávamos uma vez por sema-na nesses campos e depois nos campos à volta.No Sporting da Torre, o Águias da Musgueira, en-tre outros eram campos onde treinávamos equando fomos para a Academia de Alcochete,tive o privilégio de inaugurar a Academia, o saltoqualitativo foi enorme! Mas atenção, não é ape-nas a infraestrutura que faz a qualidade, o corpotécnico tinha uma ligação muito próxima emtodos os escalões etários.Eu tive o privilégio de criar um plano de jogo, um

plano de desenvolvimento do jogador toda a gen-te comungava das mesmas ideias. Imaginemos:é muito mais fácil um jogador que vai dos sub-14para os sub-15 naturalmente o treinador é difer-ente, tem o seu estilo e autonomia, mas o progra-ma é aquele e está muito balizado, não há gran-des diferenças. A linguagem e os conceitos sãocomuns e isso para um jovem que está em de-senvolvimento é fundamental. Na minha opinião,das piores coisas é o jogador ter um treinadorque diz uma coisa e depois logo a seguir tem um

que diz outra.MG: Os treinadores dos vários escalões até

à equipa sénior comungam todos das mes-mas ideias e conceitos.

LG: Exactamente. E é fundamental respeitar aidentidade de cada treinador dentro daquelesprincípios gerais. Isso também é rico do ponto devista da formação para o jogador.

Depois, saí do Sporting em 2011 e tive uma ex-periência muito rica do ponto de vista humano,fui treinar uma equipa nos Açores, que é o Gra-ciosa. Em que eu era a única pessoa profissio-nal, ou seja, os jogadores eram todos amadorese foi um desafio muito interessante e uma expe-riência muito especial do ponto de vista pessoal.

Do ponto de vista de carreira nem tanto, até tivepessoas a perguntarem-me “então agora vaistreinar o Graciosa?”. Fui, aprendi e gostei muito.Entretanto, apareceu um convite para ir treinarna Arábia Saudita, para ir treinar na formação doAl-Ahli na cidade de Jeddah. Esse convite tam-bém surgiu, porque esse clube tinha um protoco-lo com o Sporting. E o director técnico da altura,Paulo Leitão, convidou-me para participar nesseprojecto. Então, estive uma época na ArábiaSaudita – uma experiência interessantíssima –porque do ponto de vista cultural é muito diferen-te de Portugal. E também perceber e conhecer ofutebol saudita.MG: A cultura futebolista lá é muito diferente

da europeia?LG: A recordação que tenho nós costumáva-

mos, entre nós treinadores portugueses, nóscostumávamos dizer que eles jogavam a umavelocidade. Ou seja, aquela questão de tempo-rizar o jogo, de pautar o jogo para eles não exis-te. É sempre a correr, sempre a correr, sempre acorrer. Havia jogadores bastante habilidosos ebastante rápidos, a questão é o conhecimento eo entendimento do jogo. Aí é que sentimos mui-tas lacunas. No fundo, os treinadores portugue-ses evoluíram muito, em táctica sobretudo. Issofoi uma mais valia, também na China a treinar aselecção de sub-16. Outra cultura, outra realida-de. Quando começamos a ensinar o jogo, atra-vés de jogadas, através da descoberta guiada,posicionamento, privilegiar a tomada de decisãodo jogador, começamos a ver as coisas a acon-tecer. Ás vezes mais lento, outras mais rapida-mente.

MG: Acha que isso aconteceu com o CarlosQueiroz no Irão?

LG: Por aquilo que eu vi – e só vi os jogos –aquilo que me parece é que foi que além de terintroduzido ali muita organização também intro-duziu um espírito competitivo muito grande. Nãoquer dizer que eles não o tivessem, mas foi maisforte.

MG: O ano passado esteve na China...LG: [sorri] Sim, eu entretanto dei aqui um salto

no percurso... eu estava na Arábia Saudita, en-tretanto regressei a Portugal em 2013 e concluí aminha formação, com o UEFA Pro, a licença maiselevada que existe para treinadores. E aí surgiuum convite, inicialmente para colaborar com umcolega que é o Bruno Baltazar, no Atlético Clubede Portugal, que não durou muito tempo porquestões de clube. E entretanto, na mesma épo-ca 2013/2014, surge a oportunidade de ir traba-lhar com o treinador Marco Paulo para o Bele-nenses. No Belenenses estive até ao final daépoca, saiu o Marco Paulo e entrou o Lito Vidigal,conseguimos que não descesse de divisão naúltima jornada, foi realmente uma época muitointeressante, uma aprendizagem fortíssima tam-bém. E aparace, em 2014/2015 o convite do Fu-tebol Clube do Porto, também para treinar a for-mação. Eu aí ponderei bastante, não por ser oFC Porto, mas porque era um regresso à for-mação quando já estava no escalão maior na ILiga. Embora como treinador adjunto. Depois devárias reuniões e de me terem apresentado oprojecto, o Luís Castro grande responsável poreu ter aceite esse desafio, responsável por todaa formação do FC Porto e é um treinador de topoa nível mundial. Estive uma época no Porto, aliástreinei estes miúdos que começam agora a apa-recer, o Fábio Vieira, o Romário Baró, Victor Fer-reira, estão a aparecer na equipa principal doPorto. Estamos a falar de jogadores que nasce-ram no ano 2000. Portanto, mais uma experiên-cia muito interessante.

Apareceu uma oportunidade novamente paratrabalhar na I Liga em Portugal, quando o meuamigo Rui Bento me convida para ir com ele parao Tondela. Não terminámos a época, porque osresultados são o barómetro que dita a saída oupermanência dos treinadores, não é?! Em Feve-reiro 2016, sou convidado para vir para Moçam-bique – país onde nasci.

MG: O Luís é moçambicano?LG: Sou. Eu nasci em Moçambique em 1972. Em 1975 fui para Portugal, tinha três anos de

idade. E nunca mais tinha voltado, embora aolongo da vida sempre pensei “um dia hei de vol-tar”. Acompanhava à distância, mesmo a nível dofutebol moçambicano pensei trabalhar. E o AbelXavier convida-me para vir e vim como adjunto.E estive desde Fevereiro 2016 até Março 2018,

porque nessa altura decidi seguir outro caminhoe fui para a China. Lá estava na Federação Chi-nesa, selecção de sub-16 e estava a prepararuma equipa nova para as competições asiáticas.Quando me telefonam em Junho do ano passa-do e me convidam para regressar a Moçambi-que, desta vez para assumir a Selecção nacio-nal. E aceitei obviamente com todo o gosto.

MG: Que idade é que tem?LG: [sorri]Tenho 48 anos de idade.MG: Voltou à terra-natal. E agora, quais é que

são os objectivos?LG: A curto-prazo é a qualificação para o CAN.

Os objectivos competitivos, no dia da minhaapresentação falei neles e até utilizei uma ex-pressão não é minha, que é “vamos sonhar coma qualificação”. Porque não é só a qualificaçãopara o CAN, mas também para o Mundial 2022.Infelizmente veio esta pandemia, mas nós co-meçámos a nossa qualificação para o Mundiallogo em Setembro de 2019 em que tivemos umapré-eliminatória com as Ilhas Maurícias. E Mo-çambique já há algum tempo que não entrava nafase de grupos de apuramento para o Mundial.Vencemos os dois jogos, fora 0-1 e em casa 2-0.Passámos para a fase de grupos. Em Outubrotivemos um particular com o Quénia, vencemos0-1 lá. A ideia que me transmitiram é que Moçam-bique há muito tempo que não vencia no Quénia,portanto assim foi uma boa conquista. Entretan-to, em Novembro tivemos os dois primeiros jogosde qualificação para o CAN em que recebemos oRuanda que vencemos 2-0 e fomos a Cabo

Verde e fomos empatar 2-2. Temos quatro pon-tos, estamos com o mesmo número de pontos doque o país organizador, os Camarões. Que se-riam os nossos adversários em Março passado,com a pandemia foi tudo interrompido. Estamosa retomar, em Novembro vamos ter estes doisjogos com os Camarões, muito importantes nãodecisivos e vamos ver. Queremos o apuramentopara o CAN. A equipa dos Camarões, sendo opaís organizador, já está apurada. No nosso gru-po há um lugar em disputa. É mais difícil, porquetemos de terminar à frente do Ruanda e de CaboVerde. No grupo de apuramento para o Mundialtem Camarões novamente, Costa do Marfim eMalawi. E esse apuramento para o Mundial sócomeça em Junho de 2021, foi tudo adiado.Neste momento está tudo em aberto.

MG: Sabemos da riqueza do país e dos re-cursos. Mas os clubes não têm grandesmeios. Como seleccionador quais é que sãoas suas maiores dificuldades para reunir jo-gadores? Como é que observa-os?

DESPORTO

Seleccionador de Moçambique fala do passado,de projectos futuros e ambições para “Os Mambas”Luís Gonçalves é o seleccionador nacional de futebol de Moçambique. Voltou

à terra-natal e o timoneiro dos “Mambas” falou ao Século de Joanesburgosobre o percurso profissional e as ambições que tem para a Selecção de Mo-çambique. Desde a formação no Sporting Clube de Portugal onde cultivou ta-lentos como Ricardo Quaresma, Nani, Hugo Viana e Cristiano Ronaldo até àpassagem pelo clube amador Graciosa nos Açores, passagens pela ArábiaSaudita, China, Futebol Clube do Porto e agora “Os Mambas”, está intima-mente ligado à formação, Luís Gonçalves é um perito em futebol. Da formaçãoe agora aos comandos de uma selecção, conhece todos os pormenores téc-nicos e tácticos do desporto-rei. Ao Século, em Maputo através do Skype,falou sobre isto e muito mais. Isto foi o que nos contou...

Texto de Michael Gillbee

(cont na pag. seguinte)

“Há qualidade e talentoe acho que o jogador moçambicano deveria ser mais valorizado”

“Uma das pessoas responsáveis por eu ter

querido ser treinador foi o Carlos Queiroz”

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5 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DESPORTIVO 3

LG: Portugal, França, Cazaquistão, Azerbaijão,África do Sul. O “scouting” para qualquer selec-cionador é fundamental! E depois colocam-sequestões como recursos tecnológicos. Na maio-ria das vezes não podemos viajar pelo Mundo,como outros colegas meus, a ver jogadores “inloco”. Vamos supor num cenário normal, sempandemia.MG: A pandemia foi uma coisa anormal. Mas

pondo a pandemia de parte, o Fernando San-tos mete-se num avião e vai ver o Nani nosEstados Unidos. LG: O Tony Conceição, é seleccionador dos Ca-

marões. Muito recentemente, antes da pande-mia, fez um périplo pela Europa onde estavam osjogadores camaroneses para os observar. O se-leccionador de Moçambique para fazer is-so...[suspira e pausa] não significa que não pos-sa acontecer, mas é muito difícil.

MG: Então, como é que dá a volta ao texto?LG: A volta ao texto é muita observação de ví-

deo. E lá está, as ferramentas tecnológicas. Éassim que fazemos a tentar acompanhar o maispossível. Já agora, devo dizer o seguinte: a equi-pa técnica é composta por seis elementos, comi-go estão Tiago Capaz, além de adjunto tambémacompanha dia-a-dia os jogadores. Depois tenhoo João Pereia, outro adjunto também analista.Nelinho, primeiro adjunto. Preparador físico, Flo-

rêncio Tembe. E o treinador de guarda-redes,Manuel Baloi. Estes dois últimos não estão atempo inteiro na Selecção, quando há estágiosestão, quando não há estão no Ferroviário deMaputo. Esta é uma equipa técnica de seis ele-mentos, tive a oportunidade de escolher as pes-soas e temos esta diversidade e multidisciplina-ridade que é muito importante. E agora, os recur-sos?

Nós vamos, com a Federação, fazendo um es-forço muito grande. Quer a Direcção cessantequer a nova, faz um esforço para nos dar as con-dições necessárias para fazermos o nosso tra-balho. É claro, se compararmos com uma Áfricado Sul, de certeza que tem outros meios, Portu-gal tem outros meios. Fazemos o que é possívelcom os recursos que temos. MG: E como é que faz o acompanhamento de

jogadores? LG: Várias formas. Contacto os jogadores, na-

turalmente, mas também tenho o cuidado decontactar os treinadores. E uma das coisas queeu tenho muito cuidado é não interferir no traba-lho dos clubes e dos treinadores dos respectivosclubes. Por vezes é necessário mais a nível insti-tucional, a Federação pedir ao clube o relatóriomédico. O contacto é fácil e as pessoas sãoacessíveis e estão disponíveis para colaborar.Neste Mundo todos nós sabemos, no fundo pre-cisamos todos uns dos outros e é importante co-laborarmos. E eu tenho sentido, desde que che-guei a Moçambique senti que os clubes perce-bem o papel da Selecção nacional e que tambémpercebem que é importante o jogador ir repre-sentar a Selecção porque isso dá outra visibili-dade, não só ao jogador, mas como ao clube.

MG: As Selecções são no fundo as montrasdos países.

LG: Exactamente. Noutras entrevistas já mecolocaram estas questões, mais as Selecçõesafricanas e em Portugal nota-se também cadavez mais, muitos jogadores e cada vez mais a jo-garem fora do seu próprio país. Nos últimos 11’stínhamos três jogadores a actuar em Moçambi-que. Numa convocatória de 23, convoco entresete a oito jogadores a actuar em Moçambique.É claro, isto é tudo muito relativo. Continuam asair jogadores para o estrangeiro. O Luís Miqui-son, está na Tanzânia a jogar. Moçambique con-tinua a exportar jogadores. Há qualidade e talen-to e acho que o jogador moçambicano deveriaser mais valorizado.

MG: Falando em talento, quando é quevamos ver o próximo Eusébio? O próximoMatateu? Mário Wilson? Mário Coluna?

LG: Primeiro que tudo, esses são grandesnomes da história mundial. Eram outros tempos,a realidade é diferente hoje. Agora, nós temosjogadores muito bons. O que é falta? Falta acimade tudo condições, dos clubes na formação, dev-eriam ter mais condições, mais infraestruturas.Treinadores mais qualificados. Há um problemagrave – e delicado de falar – mas a questão dasubnutrição que tem muito influencia. Mesmoassim, no meio disto tudo, existem vários jogado-res com qualidade e talento. Se verificarmos por-que é que na Selecção A são chamados mais jo-gadores que estão fora? Porque se calhar estãoenquadrados noutro contexto de treino e de com-petição. E mesmo a nível social. Reconheço quehá clubes a tentar remar contra a maré e a tentarfazer qualquer coisa diferente. Há um clube queé a Associação Black Bull, que está a contruiruma academia. Não sei porquê o nome, masestão em Maputo e está a construir uma acade-mia de raiz na Matola, subiu o ano passado aoMoçambola. Aposta muito na formação e está ainvestir com capitais próprios e a investir seri-amente.

MG: Isso deriva de capitais privados, não é?LG: Certo. Aliado a infraestruturas a serem con-

struídas, existe um projecto de formação comtécnicos qualificados, existem as duas coisas aomesmo tempo.

MG: E para o resto do futebol moçambicanofalta o Governo ajudar? Abrir mais as mentesa privados para investirem?

LG: Não consigo responder com muita exac-tidão a essa questão. O que vejo e acompanho,é que o Governo está muito entusiasmado emincentivar não só o futebol, mas todo o desporto.O novo secretário de Estado do Desporto, Dr.Gilberto Mendes, tem tido uma postura muitoactiva. Tem “espicaçado” o associativismo emMoçambique no desporto em geral, no futebolem particular. Mas depois os clubes, têm gran-des dificuldades. Vai aparecendo sempre al-guém, com um projecto que tenta fazer algomais, mas depois talvez há uma serie de outrascoisas que não consigo identificar. Contudo, te-mos clubes como o Costa do Sol, actual cam-peão, também aposta na formação. Tem as suasinstalações que no cenário moçambicano sãoaceitáveis. O Ferroviário de Maputo, um clubecom grande história e que joga no Estádio daMachava, histórico e que também tem capaci-dade. O União Desportiva do Sogo até por umdesafio lançado pelo presidente da Federaçãode Futebol, está a investir numa academia noSongo. Isso são passos que começam a ser da-dos. Isso tudo, claro, demora o seu tempo!

MG: É tudo numa fase muito embrionária,para haver resultados será só daqui a 10anos?

LG: Certo, mas depois há dificuldades. Os clu-bes to Moçambola reclama porque querem maisdinheiro da FIFA por causa da pandemia e paraa retoma. Estas dificuldades todas que aconte-cem, atrasam os processos todos. Eu pensava

que em Agosto o Maçambola já corria – sem co-locar a a população em risco de saúde publica –mas como seleccionador já gostava que hou-vesse competição. Há sempre qualquer coisa...mas as pessoas estão a fazer o seu melhor.

MG: Em termos de treinadores, quem é quesão as suas referências, passadas e presen-tes? LG: Posso dizer sem problemas nenhuns, ainda

há pouco falámos nessa pessoa. Uma das pes-soas responsáveis por eu ter querido ser treina-dor foi o Carlos Queiroz. Por tudo aquilo que fezem Portugal, quando falamos de Carlos Queirozfalamos de um treinador – na minha opinião –muito competente e que tem uma visão muitomais abrangente das coisas e que fez história emPortugal. E eu, quando era mais jovem e come-cei a pensar em ser treinador, é uma pessoa queadmiro e foi sempre uma referência. Mas depoistemos de falar em Pepe Guardiola que inovouem todos os níveis no futebol moderno. JoséMourinho, pelo seu caracter, pela sua forma deestar, por aquilo que representa, para os treina-dores portugueses e a forma como ele “furou” osistema e se impôs pela sua qualidade, pela suaenormíssima competência. E actualmente gostomuito do Jurgen Klopp, que é um treinador difer-ente não só pela sua qualidade, mas como assuas equipas jogam mas a sua postura, atitude

que tem perante o futebol para mim é uma lufa-da de ar fresco no futebol. Mas gostaria de falarnuma pessoa – se me permite – com a qualaprendi muito que é o Jean-Paul Castro. Poucagente conhece, é português foi a pessoa comquem trabalhei muito tempo no Sporting. Eratreinador da Equipa B e foi o director técnico daformação e para mim é uma pessoa que conhece

o futebol como ninguém. Pouca gente ouve falardele, ele até actual está a trabalhar no Benfica.

MG: Em termos de portugueses, quais sãoos treinadores portugueses que o chamam aatenção? Paulo Sousa, Paulo Fonseca, Leo-nardo Jardim, Nuno Espírito Santo? CarlosCarvalhal, Jorge Jesus? Entre vários outros.

LG: Em primeiro lugar, respeito todos os cole-gas de profissão e claro – todos temos – há pes-soas com quem nos identificamos mais ou me-nos. Indo ao encontro do que disse anteriormen-te, cada um tem o seu estilo, a sua forma de pen-sar e forma de trabalhar. Que eu também tenho.Não procuro copiar ninguém, procuro acima detudo às vezes beber algo de uns e de outros,mas depois adaptar à minha forma de treinar eas minhas ideias é que prevalecem.

Há um treinador na I Liga que eu, como é quehei-de dizer? Auguro grande Futuro! João Hen-riques!

Treinou o Santa Clara, estranhamente estanova época não está com nenhum emblema da I Liga, mas é excelente.

Carlos Carvalhal pela forma e pela sua ideia dejogo.

MG: O Luís augura no Futuro um regresso àEuropa, a Portugal? Se lhe fizerem propostana I Liga, vai? Rescinde contrato?

LG: Essa é uma pergunta que faz todo o senti-do, mas que ao mesmo tempo é muito difícil deresponder. Mas respondo da seguinte forma: euestava na China num projecto muito interessante

e estava a gostar muito do que estava a fazer etinha contrato, quando fui convidado para vir serseleccionador de Moçambique. Felizmente, a Fe-deração chinesa compreendeu a minha posiçãoe libertou-me. Porque eu tinha contrato! Eu comotreinador profissional eu não posso nunca, nun-ca, nunca deixar de ouvir qualquer proposta queaparecer seja onde for. Mais cedo ou mais tardevai ter que acontecer, não me tira o sono essaquestão. Se conseguirmos o apuramento para oCAN é excelente a todos os níveis, não só parao Luís Gonçalves treinador mas também paraMoçambique. Se por acaso conseguirmos fazerum brilharete para o apuramento do Mundial mel-hor ainda. Terei que sempre analisar qualquerproposta.

MG: É casado? Tem filhos?LG: Sim, muito feliz e bem casado. Tenho dois

filhos que não estão comigo. Estão todos emPortugal. Tenho um rapaz, o João que fará 20anos em Setembro, vai para o segundo ano deuma Licenciatura chamada videojogos. Tenho omais novo, o Jorge, que vai fazer 15 anos emNovembro e quer tirar o curso de técnico dedesporto. A família não está comigo, mas prontoé a parte mais dura da profissão. Temos porvezes essa possibilidade de ter a família ao péde nós, mas por vezes não. MG: E como é que gere a saudade? A distân-

cia?LG: [suspira] Bem, não é fácil. Na China ainda

era mais complicado com a distância. É claro queas plataformas digitais não substituem, masatenuam a saudade.

MG: Ficou preso em Moçambique?LG: Não, não. Eu estava em Portugal. Regres-

sei recentemente. Uma situação muito estranhafoi estar em Portugal a 21 de Março e voltei aMoçambique há pouco tempo e estive cinco me-ses em casa que nos últimos ano, é uma situa-ção rara.

MG: O que é que diria a quem quer ser trei-nador?

LG: Posso dizer várias coisas. Em primeirolugar e mais importante que tudo, é pensar pelasua cabeça. Mas, é muito importante estudarmuito, estar sempre actualizado, ouvir muito edepois como disse pensar pela sua cabeça. Ago-ra, quem quer ser treinador tem que ter noçãoque é uma vida difícil e nós normalmente temosos modelos de certos treinadores, mas a maioriade treinadores têm que lutar muito, muito, muitopara chegar ao sucesso. É muito importante pen-sar por si próprio, tentar estar o mais actualizadopossível e ser muito resiliente, que é uma coisaque se aprende com o tempo. Porque nunca nospodemos esquecer de uma coisa: o futebol é umjogo.

Luís Gonçalves é tipicamente português.Quer na fisionomia, quer na forma de ser eestar. De sorriso posto, sempre muito afávelfala apaixonadamente da profissão e não ligaa títulos ou a posições passadas ou presen-tes. De tom de voz calmo, Luís Gonçalves ésereno na forma de estar e de falar. Por detrás do sorriso aberto e da simpatia, está umaprofunda paixão e sabedoria sobre futebol eem particular o treino e formação de jogado-res.

Quer a nível de formação, I Liga de Portugalou Selecções, Luís Gonçalves é um nomecada vez mais conhecido e muito respeitadono mundo futebolístico.

Luís Gonçalves voltou à terra-natal como timoneiro dos “Mambas” (cont. da pag. seguinte)

“Temos de falar em PepeGuardiola que inovou emtodos os níveis no futebolmoderno. José Mourinho,

pelo seu carácter, pela suaforma de estar, por aquilo

que representa”

“E actualmente gosto muitodo Jurgen Klopp, que é um

treinador diferente”

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4 O SÉCULO DESPORTIVO . 5 DE OUTUBRO DE 2020

LIGA EUROPA: FASE DE QUALIFICAÇÃO

Jogo no Estádio do Rio Ave FC, em Vila do Conde.Ao intervalo: 0-0.No final do tempo regulamentar: 1-1.No final da primeira parte do prolongamento: 2-1.Marcadores:0-1, Alexis Saelemaekers, 51 minutos.1-1, Francisco Geraldes, 72.2-1, Gelson Dala, 91.2-2, Hakan Calhanoglu, 120+2.Marcadores no desempate por grandes penali-dades:0-1, Ismael Bennacer.1-1, Francisco Geraldes.1-2, Simon Kjaer.2-2, Aderllan Santos.2-3, Theo Hernández.3-3, Nikola Jambor.3-4, Brahim Díaz.4-4, Lucas Piazón.4-5, Hakan Çalhanoglu.5-5, Filipe Augusto.5-6, Davide Calabria.6-6, Gelson Dala.6-7, Sandro Tonali.7-7, Gabrielzinho.7-7, Lorenzo Colombo (por cima).7-7, Nélson Monte (poste esquerdo)7-8, Rafael Leão.8-8, Ivo Pinto.8-8, Gianluigi Donnarumma (por cima).8-8, Pawel Kieszek (por cima).8-8, Ismael Bennacer (defesa do guarda-redes).8-8, Francisco Geraldes (ao poste direito)8-9, Simon Kjaer.8-9, Aderllan Santos (defesa do guarda-redes).

Equipas:

- Rio Ave: Pawel Kieszek, Ivo Pinto, NélsonMonte, Aderllan Santos, Toni Borevkovic, CarlosMané (Gabrielzinho, 109), Tarantini (Nikola Jam-bor, 75), Filipe Augusto, Lucas Piazón, Diego Lo-pes (Francisco Geraldes, 66) e Bruno Moreira(Gelson Dala, 85).

Suplentes: Léo Vieira, Gelson Dala, FranciscoGeraldes, Nikola Jambor, Pedro Amaral, Gabriel-zinho e André Pereira.Treinador: Mário Silva.

- AC Milan: Gianluigi Donnarumma, Davide Ca-labria, Simon Kjaer, Matteo Gabbia, Theo Her-

nández, Ismael Bennacer, Franck Kessié (San-dro Tonali, 106), Samu Castillejo (Brahim Díaz,46), Hakan Calhanoglu, Alexis Saelemaekers(Lorenzo Colombo, 95) e Daniel Maldini (RafaelLeão, 67).

Suplentes: Ciprian Tatarusanu, Sandro Tonali,Rafael Leão, Brahim Díaz, Lorenzo Colombo,Rade Krunic e Diego Laxalt.Treinador: Stefano Pioli.

Árbitro: Jesús Gil Manzano (Espanha).Acção disciplinar: Cartão amarelo para ToniBorevkovic (15 e 120+1), Bruno Moreira (41),Aderllan Santos (47), Theo Hernández (61),Tarantini (68), Rafael Leão (98) e Simon Kjaer(113). Cartão vermelho por acumulação deamarelos para Toni Borevkovic (120+1).

Assistência: Jogo realizado à porta fechadadevido à pandemia de covid-19.

O Rio Ave falhou na quinta-feira o regresso àfase de grupos da Liga Europa de futebol, aoperder nos penáltis diante do ‘colosso’ italianoAC Milan (9-8), após um dramático empate 2-2no prolongamento.

Numa noite chuvosa em Vila do Conde, osnortenhos sofreram o golo do empate aos 120+2minutos, quando o castigo máximo convertidopor Çalhanoglu levou o jogo do ‘play-off’ para odesempate na marca dos onze metros, ondeAderllan Santos permitiu a defesa a Donnarum-ma à 24.ª cobrança e desperdiçou um apuramen-to histórico.Antes, o Rio Ave já tinha colocado em sentido o

emblema heptacampeão europeu e tetracam-peão mundial, sem a experiência e o carisma deoutros tempos e sedento da superestrela ZlatanIbrahimovic, ao inverter o golo de Alexis Saele-maekers (51 minutos), com tentos dos suplentesutilizados Francisco Geraldes (72) e Gelson Dala(91).Apostando num trio de centrais na primeira fase

de construção, ladeado pelos alas Ivo Pinto eCarlos Mané, que formavam um quinteto defen-sivo sem bola, a formação de Mário Silva mos-trou-se agressiva no arranque do desafio e atéchegou a equilibrar a luta territorial, embora semespaços livres e decisões lestas para acionarcontra-ataques.

Sem concederem remates, os pupilos de Stefa-no Pioli procuraram rasgos criativos através dosenérgicos Samu Castillejo e Saelemaekers, masa produção ofensiva durante a meia hora inicialredundou nos livres desenquadrados de TheoHernández, aos 12, e de Hakan Çalhanoglu,quatro minutos depois, sem incómodos paraKieszek.Em função das cautelas redobradas do Rio Ave,

que condicionaram as movimentações do ACMilan em posse, as duas equipas envolveram-se

uma na outra, arrastando o encontro numa toadalenta, previsível e pouco emotiva até ao interva-lo, que Carlos Mané tentou destoar aos 41 minu-tos, num pontapé à figura do guarda-redes Don-narumma.

Os italianos reapareceram com Brahim Díaz nolugar de Samu Castillejo e o médio emprestadopelo Real Madrid conquistou um canto aos 51minutos, em que Aderllan Santos limpou a solici-tação de Hakan Çalhanoglu, mas deixou a bolanos pés de Alexis Saelemaekers, liberto de mar-cação à entrada da área para bater PawelKieszek.Empurrados pelo vento a favor, os vila-condens-

es ripostaram num cabeceamento torto de Ta-rantini, aos 57 minutos, após canto de FilipeAugusto, e resgataram o empate aos 72, num re-mate potente do recém-entrado Francisco Geral-des, que coroou a melhor jogada ‘verde e bran-ca’ na partida, iniciada pelo trabalho entre Manée Piazón na esquerda.O golo deixou o Rio Ave mais confortável e desi-

O Benfica vai enfrentar os belgas do StandardLiège, os escoceses do Rangers e os polacosdo Lech Poznan no Grupo D da Liga Europa defutebol, ditou na sexta-feira o sorteio realizadoem Nyon, na Suíça.

A fase de grupos realiza-se a 22 de Outubro(primeira jornada), 29 de Outubro (segunda), 5de Novembro (terceira), 26 de Novembro(quarta), 3 de Dezembro (quinta) e 10 de

Dezembro (sexta e última). Por seu turno, o Sporting de Braga vai defron-

tar os ingleses do Leicester, os gregos do AEKAtenas e os ucranianos do Zorya no Grupo Gda Liga Europa em futebol, ditou o sorteio.

O Leicester tem no seu plantel o portuguêsRicardo Pereira, enquanto no AEK jogam Hél-der Lopes, Paulinho, André Simões e NelsonOliveira.

nibido, até porque o AC Milan, com o portuguêsRafael Leão em campo a partir dos 67 minutos,acusou os efeitos de um golpe inesperado e vi-veu das investidas de longe de Çalhanoglu e Ca-labria até aos descontos, quando Aderllan San-tos ameaçou a reviravolta e o jogo seguiu paraprolongamento.

Se essa façanha já se revestia de surpresa,Gelson Dala tratou de vincar a noite histórica dosnortenhos aos 91 minutos, ao aproveitar umressalto em Kessié para galgar metros em pro-fundidade e assinar um remate cruzado sob aesquerda, deixando Donnarumma sem reação eas hostes rioavistas em êxtase.A reacção do AC Milan resumiu-se aos ‘tiros’ de

Bennacer (105+1 minutos) e Theo (115), ambostravados pelas intervenções decisivas de Kies-zek, traído no último suspiro pela mão de Borev-kovic na área e pela frieza no castigo máximo deÇalhanoglu, que antecipou os quatro pontapésfalhados pelo Rio Ave numa épica maratona depenáltis.

2-2

Noite inglória nos momentos-chave finaliza sonho europeu do Rio Ave

(8-9 GP)

Benfica enfrenta Standard Liège, Rangers e LechPoznan no Grupo D e Sporting de Braga com Leicester, AEK Atenas e Zorya no Grupo G

FASE ANIMADA DO ENCONTRO ENTRE RIO AVE E O AC MILAN DISPUTADO EM VILA DO CONDE

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5 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DESPORTIVO 5

LIGA EUROPA: FASE DE QUALIFICAÇÃO

Peter Michorl (65) e Andreas Gruber (68), os últi-mos dois numa altura em que os ‘leões’ já actu-avam com menos um elemento, devido à expul-são de Coates, aos 63.

O Sporting, com este resultado, ficou afastadodas provas europeias e falhou o primeiro grandeobjetivo da temporada, numa fase ainda 'embri-onária'.

Com o treinador Rúben Amorim de regresso aobanco, após recuperar da infeção de covid-19, oSporting alinhou com Nuno Santos no lugar dolesionado Jovane Cabral, jogando no mesmoesquema tático que o adversário, em 3x4x3.

O LASK Linz, com muita luta e pressão a meio-campo, conseguiu anular a estratégia dos spor-tinguistas, que apresentaram dificuldades emsair a jogar ao longo da primeira meia hora dapartida.Foi através de um pontapé de canto que os aus-

tríacos inauguraram o marcador, aos 14 minutos,pelo ‘capitão’ Gernot Trauner, que, solto napequena área, numa falha de marcação de NunoMendes, cabeceou sem hipótese de reação paraAdán.

Os ‘leões’ iam tentando ‘romper’ as linhas doadversário e Vietto, aos 27, teve nos pés umasoberana oportunidade, que o guarda-redes Ale-xander Schlager levou a melhor. Pouco depois,aos 39, foi a vez de Nuno Santos receber umbom passe de Wendel, mas, isolado numa in-cursão pela direita, procurou assistir um colega,acabando o lance por ser intercetado.

À terceira tentativa, Tiago Tomás deu a melhorresposta ao cruzamento de Nuno Santos peladireita, com um cabeceamento que apanhouSchlager em contra-pé, e restabeleceu a igualda-de no marcador aos 42, mas o descanso nãochegou sem antes Trauner voltar a ameaçar ogolo, num ‘disparo’ por cima.Na segunda parte, a formação portuguesa ‘des-

moronou’ por completo e o LASK Linz voltou àvantagem, aos 58, por intermédio de Marko Ra-guz. Pedro Porro falhou o cabeceamento e dei-xou o avançado à mercê do golo, que não des-perdiçou.

Se era expectável uma reacção imediata doSporting, essa não surgiu e a expulsão de Coa-tes, aos 63, deitou tudo a perder, com o uruguaioa deixar os lisboetas reduzidos a dez unidades,após derrubar Husein Balic quando este seguiaisolado. No livre directo, uma execução exímiade Peter Michorl aumentou a vantagem do LASKLinz.Surpresa total em Alvalade, mas a formação ori-

entada por Dominik Thalhammer não esmoreceue a goleada atingiu contornos ainda mais ines-perados, quando, aos 69, Andreas Gruber, bene-ficiando da completa inércia da defesa sportin-guista, ‘picou’ a bola por cima de Adán, numgesto de enorme classe.

O Sporting não teve arte, nem engenho, para

contrariar o que estava a acontecer, limitando-sea remates de Wendel à figura de Schlager (70)ou de Sporar, muito frouxo (86), sendo o LASKLinz quem esteve mais perto do quinto tento, queAdán negou a Balic (72) e Patrick Plojer des-perdiçou de forma escandalosa, atirando ao lado(83).

Jogo realizado do Estádio José Alvalade, em Lis-boa.Ao intervalo: 1-1.Marcadores:0-1, Trauner, 14 minutos.1-1, Tiago Tomás, 42.1-2, Raguz, 58.1-3, Michorl, 65.1-4, Gruber, 68.

Equipas:

- Sporting: Adán, Neto, Coates, Feddal, Porro,Wendel, Matheus Nunes (Sporar, 72), NunoMendes, Nuno Santos (Antunes, 78), Vietto (Pe-dro Gonçalves, 67) e Tiago Tomás.

Suplentes: Maximiano, Sporar, Pedro Gonçal-ves, Gonçalo Inácio, Antunes, Daniel Bragança eEduardo Quaresma).Treinador: Rúben Amorim.

- LASK Linz: Schlager, Filipovic (Andrade, 77),Trauner, Wiesinger, Ranftl, Holland, Michorl (Gri-gic, 87), Renner, Gruber (Plojer, 74), Raguz e Ba-lic.

Suplentes: Gebauer, Reiter, Ramsebner, Plo-jer, Andrade, Grigic e Sabitzer).Treinador: Dominik Thalhammer.

Árbitro: Aleksei Kulbakov (Bulgária).Acção disciplinar: cartão amarelo para Michorl(20), Neto (25), Porro (36) e Pedro Gonçalves(90+3). Cartão vermelho directo para Coates(63).Assistência: jogo realizado à porta fechada devi-do à pandemia da covid-19.

O Sporting falhou o acesso à fase de grupos daLiga Europa de futebol, devido a uma segundaparte completamente desastrosa, com três golossofridos e uma expulsão, culminando na vitória4-1 dos austríacos do LASK Linz.

Gernot Trauner, aos 14 minutos, colocou oLASK Linz em vantagem, que foi anulada porTiago Tomás ainda no primeiro tempo (42). A se-gunda parte trouxe contornos de goleada aoresultado, com os golos de Marko Raguz (58),

O FC Porto vai defrontar os ingleses doManchester City, os gregos do Olympiacose os franceses do Marselha no Grupo C daLiga dos Campeões em futebol, ditou o sor-teio realizado em Genebra, na Suíça.

A formação inglesa conta no seu plantelcom João Cancelo, Rúben Dias e BernardoSilva, os gregos são treinados por PedroMartins, que comanda os compatriotas JoséSá, Rúben Semedo, Pêpê e Cafu, e os gau-leses têm como técnico o ex-portista AndréVillas-Boas.A fase de grupos realiza-se em 20 e 21 de

Outubro (primeira jornada), 27 e 28 deOutubro (segunda), 3 e 4 de Novembro (ter-

Sporting ‘arredado’ da Liga Europa com segunda parte completamente desastrosa

1-4

PEDRO PORRO, DO SPORTING, EM LUTA COM PETAR FILIPOVIC, DO LASK LINZ DURANTE OJOGO DE QUALIFICAÇÃO DA LIGA EUROPA, NO ESTÁDIO ALVALADE, EM LISBOA

“LEÃO” LUCIANO VIETTO TENTANDO O SEU MELHOR PERANTE O JOGADOR DO LASK LINZGERNOT TRAUNER (Fotos Tiago Petinga/Lusa)

FC Porto com Man. City, Olympiacos e Marselhano Grupo C da “Champions”

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6 O SÉCULO DESPORTIVO . 5 DE OUTUBRO DE 2020

I LIGA PORTUGUESA

2-3Jogo no Estádio do Dragão, no Estádio doDragão.Ao intervalo: 1-1.Marcadores:0-1, Rodrigo Pinho, 24 minutos.1-1, Pepe, 42.1-2, Rodrigo Pinho, 52.1-3, Nanu, 90+4.2-3, Otávio, 90+9.

Equipas:

- FC Porto: Diogo Costa, Manafá (João Mário,86), Mbemba (Zé Luís, 81), Pepe, Alex Telles,Otávio, Danilo, Sérgio Oliveira (Fábio Vieira, 81),Corona, Marega e Luis Díaz (Taremi, 54).Suplentes: Cláudio Ramos, Diogo Leite, Zaidu,

Matheus Uribe, Romário Baró, Fábio Vieira, JoãoMário, Zé Luís e Taremi.Treinador: Sérgio Conceição.

- Marítimo: Amir, Cláudio Winck, Lucas Áfrico,Zainadine, Marcelo Hermes, René Santos (Mil-son, 76), Jean Irmer, Nanu, Correa (Edgar Costa,62), Getterson e Rodrigo Pinho (Kibe, 69).

Suplentes: Charles, Edgar Costa, Kerkez, JeanCléber, Milson, Bambock, Kibe, Pelágio e Joel.Treinador: Lito Vidigal.

Árbitro: Rui Costa (AF Porto).Acção disciplinar: cartão amarelo para RodrigoPinho (45+2), Mbemba (51), Kibe (73), LitoVidigal (74 e 89), Pepe (82) e Edgar Costa (87).Cartão vermelho por acumulação de amarelospara Lito Vidigal (89).Assistência: Jogo à porta fechada devido à pan-demia de covid-19.

O Marítimo impôs a primeira derrota ao cam-peão FC Porto na edição 2020/21 da I Liga defutebol, em pleno Dragão, por 3-2, num jogo daterceira jornada em que Alex Teles desperdiçouuma grande penalidade.

A formação insular esteve sempre em vanta-gem, conseguindo o que nunca fizera nas 40 vis-itas anteriores aos portistas para o campeonato,graças aos tentos de Rodrigo Pinho, uma das fi-guras do encontro, com um ‘bis', aos 24 e 52minutos, e de Nanú, já nos descontos, aos 90+4.Os golos do FC Porto foram anotados por Pepee Otávio, aos 42 e 90+9 minutos, respectiva-mente.

Com este resultado, o Marítimo igualou os seispontos do FC Porto.

Sérgio Conceição deu a titularidade a DiogoCosta, em substituição do lesionado Marchesín,e, numa aposta mais ofensiva, trocou o médioUribe pelo extremo colombiano Luis Díaz, paraajudar a desbloquear uma reforçada defesa doMarítimo, novamente alargada a cinco elemen-

tos.Lito Vidigal acrescentou o central Lucas Áfrico,

em vez de Jean Cléber, num ‘onze' que tambémincluiu o lateral Marcelo Hermes, no lugar do cas-tigado Fábio China, e o extremo Correa, maisrápido que a anterior opção Edgar Costa, numaconstrução com duas linhas muito próximas, for-mando um bloco compacto a defender, retirandoespaço aos portistas, sem nunca deixar de pen-sar no contragolpe, com Rodrigo Pinho como ele-mento de referência ofensiva apoiado por Nanu,Correa e, não raras vezes, Hermes.Como se esperava, o FC Porto assumiu as des-

pesas do jogo, mas sentiu dificuldades para tro-car e ter a bola no último terço, uma dificuldadeacrescida pelo ritmo moderado, por vezes pre-visível, com que o fazia, facilitando a missão dosinsulares, que alternavam na vigilância sempremais apertada a Marega e, também, nos corre-dores, conseguindo reorganizar-se na frente,explorando o adiantamento de Hermes naesquerda.Nos primeiros 10 minutos, só por uma vez o FC

Porto, por Díaz, conseguiu quebrar a barreiradefensiva do Marítimo, mas o colombiano demor-ou tempo a rematar, perdendo a oportunidadeque os insulares espreitaram quase na resposta,aos 12 minutos, mas Correa, que chegou a intro-duzir a bola na baliza de Diogo Costa, estava emposição irregular, como confirmou o videoárbitro,numa ameaça que os pupilos de Lito Vidigal viri-am a concretizar em golo aos 24.

Com espaço nas costas dos médios portistas,

pouco agressivos no primeiro tempo, Nanú des-marcou Rodrigo Pinho e o avançado brasileiro doMarítimo, com algum conforto, tirou um defesada frente e rematou para o fundo da baliza, inau-gurando o marcador.

Os campeões nacionais podiam ter empatadopraticamente na resposta, num remate de Co-rona travado por Amir, dando início à reacçãoportista, também facilitada pelo recuo incons-ciente ou estratégico do Marítimo para as imedi-ações da sua área. Mesmo sem levar perigo àbaliza insular, ‘disparavam' as probabilidades deisso acontecer.O que o FC Porto não conseguiu em lances cor-

ridos, alcançou de bola parada, aos 42 minutos,num canto cobrado por Alex Telles da esquerda eo cabeceamento certeiro de Pepe, a empatar nojogo 150 com a camisola portista.A formação ‘azul e branca’ regressou do interva-

lo aparentando outra disposição, a trocar a bolade forma mais rápida e mais agressiva sem bola,Díaz, logo no reatamento e numa das últimas in-tervenções no jogo, desperdiçou um ressalto àentrada da área dos madeirenses, que voltariama marcar na primeira subida à área contrária, aos52 minutos.Getterson marcou um livre frontal e, pela segun-

da jornada seguida, Rodrigo Pinho ‘bisou', agorade cabeça, em bola devolvida pelo ‘ferro', sur-preendendo o guarda-redes e a defesa portista.Novamente em vantagem, os insulares recuaramainda mais as linhas e foram defendendo comopuderam, recorrendo por vezes ao antijogo.

O FC Porto tentou, quase sempre mais com ocoração do que a cabeça, criou diversas oportu-nidades de golo, com destaque para um remateao ‘ferro' de Corona, aos 70, mas não foi feliz nafinalização, contando ainda com anoite inspiradade Amir, decisivo a defender remates de Maregae Otávio (83 e 85), mas, sobretudo, a negar acobrança de uma grande penalidade a Alex Tel-les (87), a castigar uma pretensa carga a Maregana área maritimista.

Sérgio Conceição arriscou tudo, colocando ele-mentos frescos no meio-campo e ataque, masdestapou a defesa, por onde, num golpe tambémde alguma felicidade, Nanú, em velocidade des-de a zona defensiva, voltou a marcar para o Ma-rítimo, já nos descontos, com um remate porten-toso à entrada da área da formação portista, queainda iria conseguir amenizar a derrota, com otento de Otávio, aos 90+9, numa das últimasjogadas do jogo.

Marítimo vence na visita ao “Dragão” e impõe primeira derrota aos campeões

LUTA PELA POSSE DA BOLA ENTRE MBEMBA (FC PORTO) E KIBE (MARÍTIMO)

PEPE TENTANDO IMPEDIR O MARITIMISTA NANU (Fotos Manuel Fernando Araujo/Lusa)

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5 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DESPORTIVO 7

I LIGA PORTUGUESA

3-2Jogo no Estádio da Luz, em Lisboa:Ao intervalo: 1-0.Marcadores:1-0, Pizzi, 15 minutos.1-1, Lucca, 54.2-1, Seferovic, 79.3-1, Seferovic, 87.3-2, Patrick, 90+4.

Equipas:

- Benfica: Vlachodimos, André Almeida, Ota-mendi, Jardel (Ferro, 74), Grimaldo, Rafa (Pedri-nho, 55), Gabriel (Weigl, 55), Pizzi, Éverton,Waldschmidt (Seferovic, 55) e Darwin (Chiqui-nho, 88).

Suplentes: Helton Leite, Gilberto, Seferovic,Chiquinho, Weigl, Pedrinho, Nuno Tavares, Gon-çalo Ramos e Ferro.Treinador: Jorge Jesus.

- Farense: Rafael Defendi, Alex Pinto (PedroHenrique, 90+3), César Martins, Cássio Scheid

(Bura, 90+3), Fábio Nunes, Cláudio Falcão (Man-silla, 67), Amine, Fabrício Isidoro (Hugo Seco,81), Ryan Gauld, Lucca e Stojiljkovic (Patrick,81).

Suplentes: Hugo, Filipe Melo, Hugo Seco,Mansilla, Bura, Miguel Bandarra, Patrick, Al-var-inho e Pedro Henrique).Treinador: Sérgio Vieira.

Árbitro: Tiago Martins (AF Lisboa).Acção disciplinar: cartão amarelo para Fábio

Nunes (34), Gabriel (50), Otamendi (52), César(63), André Almeida (71) e Cássio Scheid (89).

Assistência: jogo realizado à porta fechada.

O Benfica venceu ontem, domingo, o Farensepor 3-2 e isolou-se na liderança da I Liga portu-guesa de futebol, após um jogo da terceira jorna-da em que os algarvios mereciam mais e denun-ciaram a debilidade defensiva das ‘águias'.

O Benfica chegou à vantagem por Pizzi, no seuprimeiro golo da temporada, e o Farense empa-tou já na segunda parte, por Lucca, na sequên-cia de um canto.Depois de muitos sobressaltos na sua defesa, o

Benfica partiu para o triunfo com dois golos deSeferovic, que, primeiro de cabeça e depois depé esquerdo, garantiu mais três pontos à equipaorientada por Jorge Jesus. Já perto do final, Pa-trick reduziu para 3-2 e fez o resultado final.

Com este resultado, o Benfica isola-se na lide-rança da I Liga, com nove pontos, aproveitandoo desaire caseiro do FC Porto frente ao Marítimo(3-2) e o empate do Santa Clara com o Gil Vicen-te (0-0), sendo agora a única equipa da provaque soma por vitórias todos os jogos realizados.Já o Farense somou a terceira derrota na I Ligae continua sem pontuar.

Arrancou melhor o Farense e logo aos quatrominutos provocou os primeiros calafrios a Vla-chodimos. Um livre na esquerda do ataque levoua bola até à pequena área ‘encarnada' e por trêsvezes, sem que ninguém conseguisse o alívio,esteve à vista o golo dos visitantes.

Pouco depois, Everton começou a ‘abrir o livro',deixou um adversário pregado ao relvado comum túnel, abriu em Waldschmidt e o alemão cru-zou para Darwin, com Defendi a parar o remateà ‘queima-roupa’ do uruguaio.

O Benfica começava a tomar conta do jogo e,aos 14, Pizzi, com um remate a rasar o poste,deixou novo aviso, depois de mais uma assistên-cia de Everton. No minuto seguinte o médio acer-tou mesmo com o alvo e colocou o Benfica emvantagem: Cássio fez um mau passe na saída debola e Rafa foi mais lesto, antecipou-se, caval-gou para a área e assistiu Pizzi, que rematoupara o 1-0 na Luz, com a bola ainda a sofrer um

ressalto num defesa algarvio.Sempre com vertigem no ataque, o Benfica es-

teve perto de aumentar a vantagem por mais doque uma vez, com Everton, Waldschmidt eWaldschmidt em constantes movimentações e adeixarem os defesas do Farense com a ‘cabeçaem água'.

Na defesa o Benfica estava menos robusto esaltou à vista a falta de entendimento entre oestreante Otamendi e Jardel. Num desses lancespodia o Farense ter feito o empate, mas Stojil-jkovic permitiu a defesa a Vlachodimos.

Sempre de olhos na baliza adversária, o Faren-se entrou para segunda parte balanceado noataque e num lance dentro da grande área das‘águias' conseguiu que Otamendi ‘borrasse' apintura na estreia de vermelho e branco.

O defesa pisou Stojiljkovic e, embora Fábio Ve-ríssimo só tenha marcado a grande penalidademomentos mais tarde, depois de consultar o vi-deoárbitro, o lance acabou mesmo por dar o em-pate aos algarvios.

Ryan Gauld tentou a conversão, Vlachodimosdefendeu e o escocês marcou na recarga, mas olance teria de ser repetido e, em novo duelo, oguarda-redes das ‘águias’ levou a melhor, de-fendendo para canto. Deste lance, Lucca, aos54, de cabeça, fez mesmo o empate ao subirmais alto do que toda a defesa das ‘águias'.

Depois de um lance em que Gauld introduziu a

bola na baliza lisboeta, em posição irregular, ojogo ‘acalmou’ e Jorge Jesus mexeu para darmaior estabilidade ao meio-campo e novo fôlegoao ataque, ao colocar em campo, de uma assen-tada, Pedrinho, Seferovic e Weigl.A estratégia do técnico deu resultado e o Benfi-

ca reassumiu o controlo do jogo. Nos últimos 15minutos o Benfica voltou a encostar o Farenseatrás e Seferovic, aos 79, descansou os ‘encar-nados': o suíço iniciou a jogada do 2-1 com umarecuperação de bola atrás, a jogada desen-volveu-se e o cruzamento de Grimaldo ao segun-do poste voltou a encontrar o avançado, que comtranquilidade finalizou de cabeça, sem hipótesepara Defendi.

Aos 87, o suíço que saiu do banco fechou ascontas na Luz. Numa jogada de entendimentocom Darwin, o uruguaio somou mas uma assis-tência de vermelho e branco, livrou-se da defesado Farense e assistiu o 14 das ‘águias', que, semoposição, rematou para o lado mais distante deDefendi.

O encontro parecia resolvido, mas até final adefesa do Benfica voltou a comprometer, comOtamendi a confirmar um estreia infeliz. O ar-gentino, que já tinha cometido um penálti, deuuma ‘prenda’ a Patrick e o cabo-verdiano agrade-ceu e fez o 3-2 perante o desamparado Vla-chodimos.

DECLARAÇÕES

- Jorge Jesus (Treinador do Benfica): “Oobjectivo era a vitória. Estamos na liderança. Éimportante porque ganhámos três jogos e issofaz com que o Benfica esteja em primeiro.

Quero dar os parabéns à equipa do Farense.Foi uma equipa que dificultou o nosso jogo e aideia do nosso jogo. Chegámos ao intervalo avencer. Na segunda parte, depois do golo doFarense, a equipa teve um desequilíbrio emo-cional durante alguns minutos. As alteraçõesequilibraram a equipa. Chegámos ao 3-1 pela efi-cácia. Sofremos o segundo golo. Foi um sinalque mostra o nível em que está neste momentoOtamendi. Ele ainda não tem o andamento dosoutros jogadores, apesar de vir do ManchesterCity.

Hoje foi um jogo muito competitivo. Estamoshabituados a jogar por cima do adversário, hojeisso não aconteceu. O treinador do Farense nãopermitiu isso. Foi um jogo interessante do pontode vista tático. O Benfica hoje não esteve tãoforte. Mérito à equipa do Benfica. Hoje a equipaesteve bem na organização defensiva e nas saí-das. Vamos agora prepararmo-nos para o quartojogo.

Tenho a esperança de ter mais um central. Nãosei se vai ser possível. Tem de ser um jogadorque tenha as exigências do Benfica. Se não tivernão vale a pena. Desde o primeiro dia que entreinesta casa disse que queria dois centrais e doispontas de lança. Não vamos contratar por con-tratar. Não é o jogo de hoje que nos vai dar indi-cadores em relação a esta questão.

São os dois setores importantes. Não tendo apossibilidade de contratar os jogadores quetenho na minha cabeça, nestes dois últimos doisdias, também não me interessam outros.

Os responsáveis do Olympiacos estão a jogarcom os argumentos que têm. Neste momento émuito difícil contratar Rúben Semedo. O clubenão está interessado em vendê-lo. Quando as-

sim é tem de ser por verbas altíssimas, mas oBenfica não vai fazer isso. Conheço bem RúbenSemedo. Estando de fora não sei se será possí-vel contratar outro jogador.

Uma grande equipa constrói-se com o tempo ecom o tempo temos vencido os jogos para ocampeonato. Os jogadores dão-nos a garantiade que o Benfica vai construir uma belíssimaequipa. O Benfica não vai sempre arrasar. A pa-lavra arrasar vem com o significado de poder, deconquista. Não é de ganhar com cinco ou seisgolos. Os quatro jogadores da frente são todosnovos. Alguns jogadores estão longe de jogar aonível das suas capacidades. Como é o caso doÉverton.

Quando estás num clube em que estás sempreobrigado a ganhar e com uma pressão intensa. Aequipa do Benfica entrou um pouco ansiosa, semjustificação. O adversário fez uma pressão muitoalta. O Farense teve muito mérito para que aequipa do Benfica estivesse muito nervosadurante o jogo e isso contribuiu para que osjogadores não estivessem tão confortáveis naposse de bola. É verdade que tivemos algunsjogadores, nomeadamente os quatro atacantes,que não estiveram ao nível dos outros jogos.

Dá-me conforto saber que tenho uma boa op-ção. Sei as características de jogo de Seferovic,Darwin e do Gonçalo Ramos. Aquilo que queria éum jogador com características diferentes doSeferovic e do Gonçalo Ramos, que é umjogador que vai ser importante no Benfica. A ideiaque tenho vem de jogadores que tenho na minhacabeça. Não sendo possível, vamos ficar com osque temos”.

- Sérgio Vieira (Treinador do Farense): “Saí-mos com muita frustração porque, embora que oBenfica tivesse mais posse de bola, fomos emvários momentos superiores. A primeira oportu-nidade de golo é nossa e conseguimos anular oBenfica na primeira fase de construção.

Resta-nos agarrar em tudo o que foi de positivoneste jogo, continuar a trabalhar e manter esteespírito em todos os jogos para começar a con-quistar pontos. Esta equipa permite isso.Ainda não tive a oportunidade de ver a imagens

do golo anulado. Não queria falar da arbitragem.Há lances que têm de ir ao videoárbitro e noutrosnão. Da mesma forma que nós analisamos osnossos erros, todos os outros profissionais tam-bém o façam para que haja evolução.

Estou muito orgulhoso dos jogadores. O clubeestá a crescer estruturalmente. Viajámos todosos dias no mínimo uma hora para ir treinar. Issocausa-nos um desgaste muito grande. Estamosmuito gratos ao nosso presidente pelo trabalhoque está a desenvolver. Não jogamos no SãoLuís, não temos a nossa casa. Não podemostreinar lá. Temos um desgaste muito grande diari-amente. Estou extremamente orgulhoso dosmeus jogadores. Temos cinco ou seis que aindanão estão em condições de dar o contributo àequipa. Perante tudo isto, aquilo que fizemosdiante do Moreirense, do Nacional e hoje foi mui-to semelhante. Chegámos aqui com uma postu-ra muito competente, com os jogadores a jogarcom coragem e audácia. Isso é o ADN doFarense.

Acredito que Jorge Jesus esteja satisfeito nãosó pelo resultado, mas pela intensidade e com-petitividade que o jogo teve”.

Farense assusta mas Seferovic dá a liderança ao Benfica

RAFA EM ACÇÃO DURANTE O JOGO CONTRA O FARENSE NA LUZ

CEBOLINHA ENTRE QUATRO ADVERSÁRIOS DO FARENSE (Fotos José Sena Goulão/Lusa)

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8 O SÉCULO DESPORTIVO . 5 DE OUTUBRO DE 2020

4.ª JORNADA - 18 OUT

MELHORES MARCADORES

QUADRO DE RESULTADOS

Gil Vicente - TondelaPaços de Ferreira - Santa ClaraBelenenses SAD - Moreirense

Boavista - Vitória de GuimarãesSporting de Braga - Nacional

Marítimo - PortimonenseFarense - Famalicão

Rio Ave - BenficaSporting - FC Porto

- 4 Golos:

RODRIGO PINHO (Marítimo)

- 3 Golos:Haris SEFEROVIC (Benfica), THIAGOSANTANA (Santa Clara)

- 2 Golos:Luca WALDSCHMIDT (Benfica), Gustavo“SAUER” Saubeck (Boavista), ALEXTELLES (FC Porto), Moussa MAREGA(FC Porto), SÉRGIO OLIVEIRA (FCPorto), FÁBIO ABREU (Moreirense),Brayan RIASCOS (Nacional)Colômbia, Welderson GALENO (Sportingde Braga)

1-1

1-0

0-0

0-2

0-0

1-1

CLASSIFICAÇÃO GERAL DA I LIGA

RENTAL (PTY) LTD

Jogo no Estádio Municipal de Portimão.Ao intervalo: 0-2.Marcadores:0-1, Nuno Mendes, 04 minutos.0-2, Nuno Santos, 11.

Equipas:

- Portimonense: Samuel, Maurício, Willyan,Lucas Tagliapietra (Welinton Jr., 20), Koki Anzai,Dener, Lucas Fernandes, Fali Candé (Henrique,77), Aylton Boa Morte (Anderson Oliveira, 62),Fabrício e Beto (Ricardo Vaz Tê, 62).

Suplentes: Gonda, Anderson Oliveira, RicardoVaz Tê, Júlio César, Fahd Moufi, Henrique, PedroSá, Welinton Jr. e Fernando.Treinador: Paulo Sérgio.

- Sporting: Antonio Adán, Neto, Coates, Feddal(Gonçalo Inácio, 62), Porro, Matheus Nunes,Pedro Gonçalves, Nuno Mendes (Antunes, 71),Tiago Tomás (Bruno Tabata, 71), Nuno Santos(Daniel Bragança, 56) e Vietto (Gonzalo Plata,71).Suplentes: Luís Maximiano, Bruno Tabata, Gon-

zalo Plata, Gonçalo Inácio, Antunes, Daniel Bra-gança, Eduardo Quaresma, Rodrigo Fernandese Joelson).Treinador: Rúben Amorim.Árbitro: Manuel Oliveira (AF Porto).Acção disciplinar: Cartão amarelo para LucasFernandes (40), Coates (46) e Pedro Sá (após ofim do jogo).Assistência: Jogo realizado à porta fechada dev-ido à pandemia de covid-19.

O Sporting ‘vingou-se' hoje da desilusão euro-peia de quinta-feira com um triunfo fácil no ter-reno do Portimonense, por 2-0, decidido logo naprimeira parte da partida de fecho da terceira jor-nada da I Liga de futebol.

0-4

Com uma entrada em jogo bastante agressiva,o Sporting marcou dois golos no espaço de seteminutos - Nuno Mendes, aos quatro, e NunoSantos, aos 11 - e desperdiçou outras jogadas deperigo na primeira parte, mas o resultado man-teve-se inalterado até final.

O Sporting, que tem um jogo em atraso, ocupao quarto lugar, com seis pontos - igualou o FCPorto, adversário na próxima jornada -, enquan-to o Portimonense segue em 16.º, com apenasum ponto.

Em relação ao descalabro caseiro de quinta-feira frente ao LASK Linz (4-1), que resultou no‘adeus' à Liga Europa, Rúben Amorim operouapenas uma alteração, no meio-campo, com aentrada de Pedro Gonçalves para o lugar deWendel, que deverá ser transferido para os rus-sos do Zenit São Petersburgo.

No Portimonense, Paulo Sérgio fez quatro mu-danças face à derrota da jornada anterior emBarcelos, com o Gil Vicente (1-0), chamandopara o ‘onze' os defesas Koki Anzai e LucasTagliapietra e os avançados Aylton Boa Morte eBeto.

Além das alterações na equipa, o técnico dosalgarvios avisou, na antevisão da partida, queera hora de os seus jogadores acordarem, mas aentrada dos dois conjuntos revelou um Sporting‘a todo o gás' e um Portimonense com o desper-tador avariado.

Agressivos e dinâmicos a procurar os espaçosnas costas do trio de centrais do Portimonense,os ‘leões', dispostos a deixar outra imagem, vis-aram a baliza de Samuel logo aos 24 segundos,com um remate do lateral Pedro Porro a passarperto do poste.

O golo inaugural do Sporting surgiu aos quatrominutos, numa jogada individual brilhante deNuno Mendes: o jovem lateral esquerdo roubou abola a Koki Anzai, ultrapassou os centrais Mau-rício e Willyan e, à saída de Samuel, atirou a con-tar.

A equipa de Rúben Amorim manteve ‘o pé noacelerador' nos minutos seguintes e não demor-ou muito a aumentar a vantagem, com umacabeçada fulminante de Nuno Santos ao pri-meiro poste (11 minutos), na sequência de umcruzamento da direita de Vietto.

Com um Portimonense apático e a dar muitosespaços no setor defensivo, o Sporting esteveperto do 3-0 aos 19 minutos, em lances des-

perdiçados por Vietto e Coates, antes de PauloSérgio mexer na sua equipa, colocando WelintonJr.

O extremo brasileiro teve nos pés, aos 28 min-utos, a melhor ocasião dos algarvios na primeirameia hora mas, em boa posição para rematar àbaliza, preferiu passar, surgindo Nuno Mendes acortar.

Com os ‘leões' a diminuírem o ritmo e o jogo aentrarem numa toada de menor intensidade, oPortimonense terminou o primeiro tempo aameaçar, num remate de Beto à figura aos 45, einiciou o segundo tempo com a mesma dis-posição: Feddal cortou na ‘hora h' quando Aylton

Boa Morte já tinha a baliza na mira (48).Observando a sua equipa a apagar-se, Rúben

Amorim mexeu, reforçando o meio-campo comDaniel Bragança e, mais tarde, esgotando assubstituições - Bruno Tabata estreou-se pelos‘leões' perante a sua antiga equipa - para voltara ter o controlo da partida.

À excepção de um ‘tiro' de Ricardo Vaz Té paradefesa de Antonio Adán, nos descontos (90+4), oPortimonense raramente incomodou o espanholao apito final, enquanto Tabata, isolado, des-perdiçou o 0-3 (86), ‘oferecendo' a bola ao guar-dião Samuel.

Sporting esquece desilusão europeiacom vitória fácil em Portimão

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Desportivo

DESPORTO

Ruben Semedo, William Carvalho, Daniel Po-dence e Rafa Silva regressaram aos convocadosda selecão portuguesa de futebol, para o parti-cular com Espanha e os jogos com França eSuécia, da Liga das Nações.

Em relação aos jogos com a Croácia (4-1) e aSuécia (2-0), em Setembro, o seleccionador por-tuguês, Fernando Santos, fez regressar o defesaRuben Semedo (Olympiacos), o médio William

Carvalho (Bétis) e os avançados Daniel Podence(Wolverhampton) e Rafa Silva (Benfica).De fora, ficaram, por opção, o defesa Domingos

Duarte (Granada), o médio André Gomes (Ever-ton) e o avançado Gonçalo Guedes (Valência).

Portugal defronta a Espanha na quarta-feira,num particular no Estádio José Alvalade, em Lis-boa, visitando depois a França (a11 de Outubro)e recebendo a Suécia (no dia 14), novamente norecinto do Sporting.

Com dois encontros disputado no Grupo 3 daLiga A da Liga das Nações, Portugal e França li-deram com seis pontos, enquanto Suécia eCroácia ainda não pontuaram.

LISTA DOS 26 CONVOCADOS

- Guarda-redes: Anthony Lopes (Lyon, Fra),Rui Patrício Wolverhampton, Ing) e Rui Silva(Granada, Esp).

- Defesas: João Cancelo (Manchester City,Ing), Nélson Semedo (Wolverhampton, Ing),José Fonte (Lille, Fra), Pepe (FC Porto), RúbenDias (Manchester City, Ing), Ruben Semedo(Olympiacos, Gre), Mário Rui (Nápoles, Ita) e Ra-phael Guerreiro (Borussia Dortmund, Ale).

- Médios: Danilo Pereira (FC Porto), RúbenNeves (Wolverhampton, Ing), William Carvalho(Bétis, Esp), Bruno Fernandes (ManchesterUnited, Ing), Renato Sanches (Lille, Fra), JoãoMoutinho (Wolverhampton, Ing) e Sérgio Oliveira(FC Porto).

- Avançados: Daniel Podence (Wolverhamp-ton, Ing), Rafa Silva (Benfica), André Silva (Ein-tracht Frankfurt, Ale), Bernardo Silva (Manches-ter City, Ing), Diogo Jota (Liverpool, Ing), Cris-tiano Ronaldo (Juventus, Ita), Trincão (FC Barce-lona, Esp), e João Félix (Atlético de Madrid, Esp).

O Vitória de Guimarães anunciou que vai ter96,4% do capital social da SAD responsável pelaequipa da I Liga portuguesa de futebol, ao garan-tir a compra das acções de Mário Ferreira, accio-nista maioritário, até 2022.

Num comunicado publicado no sítio oficial, oclube minhoto refere que "formalizou um contra-to com a Mário Andrade Ferreira, S.A." para"adquirir, de modo faseado", até 31 de Março de2022, a "totalidade das ações representativas docapital social da Vitória Sport Clube - FutebolSAD", por um preço total de 6,5 milhões deeuros.

"Em resultado do acordo referido, em 31 deMarço de 2022, o Vitória Sport Clube passará adeter 96,40% do capital social da Vitória SportClube - Futebol, SAD, sendo que a transmissãodas acções e dos direitos e ela associados seráefectuada de modo gradual, na medida e propor-ção do pagamento das quantias acordadas parao efeito", lê-se no comunicado.O Vitória vai ser pela primeira vez maioritário na

SAD constituída em 10 de abril de 2013, comMário Ferreira na posse de mais de 50% dasacções, após um investimento de cerca de 800mil euros, e o clube com 40% do capital, emboracom alguns direitos especiais, como o de veto aalterações aos estatutos da SAD.

O presidente do clube e do conselho de admi-nistração da SAD, Miguel Pinto Lisboa, vai assimconcretizar um dos objectivos que estabeleceudurante a campanha que levou à sua eleição em20 de Julho de 2019, com 50,6% dos votos dosassociados.

Quando assumiu a presidência da SAD, em 30de Julho de 2019, Pinto Lisboa disse estar dis-ponível para colaborar com Mário Ferreira, de-tentor de 56,40% das acções, mas só se o em-presário português radicado na África do Sulconcordasse com o modelo de gestão que pre-

tendia implementar.Caso não houvesse acordo quanto ao investi-

mento no futebol, o dirigente prometeu adquirir atotalidade do capital social da SAD, que ascendeaos 4,5 milhões de euros, na sequência do maisrecente aumento de capital, aprovado na assem-bleia geral de acionistas de 18 de junho de 2016- Mário Ferreira detinha uma percentagem equi-valente a pouco mais de 2,5 milhões.

O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, afir-mou que fará o seu último mandato à frente doclube 'encarnado', caso vença o acto eleitoralprevisto para o final do presente mês de Outubro."Tenho 71 anos, tenho a quarta classe, não falo

inglês. Estou aqui para anunciar que me recan-didato à presidência do Benfica e também paradizer que este será o meu último mandato", afir-mou Luís Filipe Vieira, durante a cerimónia deapresentação da sua candidatura à presidênciado Benfica, que decorreu numa unidade hoteleirade Lisboa.As eleições do Benfica ainda não têm data mar-

cada, mas deverão acontecer "entre 24 e 31 deOutubro", de acordo com os estatutos do clube.

Além do actual presidente 'encarnado' e do jáanunciado candidato João Noronha Lopes, tam-bém Bruno Costa Carvalho e Rui Gomes da Silvajá manifestaram a intenção de se candidatarem.

JOÃO NORONHA LOPES RECUSOU CONVITE DE VIEIRA PARA SER ‘VICE’

O anunciado candidato à liderança do BenficaJoão Noronha Lopes disse ter recusado um con-vite de Luís Filipe Vieira, actual presidente e tam-bém candidato, para ser vice-presidente do clubepela sua lista.Referindo-se a um "almoço com Luís Filipe Viei-

ra antes de anunciada" a candidatura, NoronhaLopes confirmou esta abordagem, "para ser vicepresidente da sua Direcção", primeiro por telefo-ne e depois num encontro "olhos nos olhos"."Tive a oportunidade de dizer a Luís Filipe Vieira

porque nunca o apoiaria e porque nunca fariaparte da sua lista. As razões que levaram à recu-sa são as mesmas que levaram a candidatar-me:chegámos ao fim de um ciclo e precisamos de vi-rar a página", atirou o candidato, num vídeo pu-blicado na rede social Twitter.

Segundo o empresário, este convite terá sidofeito "talvez esperando que a estratégia que re-

sultou no passado para anular alguns opositores"resultasse também com ele, mas "não resulta".

"Estou nestas eleições para ganhar, para lutarpelos superiores interesses do clube. Desafio ocandidato Luís Filipe Vieira: não se esconda, ve-nha debater com todos os candidatos, não porrespeito a eles, mas por respeito aos sócios", de-clarou.

AG DA SAD DO BENFICA APROVA RESULTA-DO POSITIVO DE 41,7 MILHÕES DE EUROS

A Assembleia-Geral da SAD do Benfica aprovouo Relatório e Contas do exercício 2019/20, queapresentou um resultado positivo de 41,7 mi-lhões de euros.

“Este resultado fica próximo do melhor de sem-pre da Sociedade, correspondendo a uma me-lhoria de 48,7% face ao período homólogo e tra-tando-se do sétimo exercício consecutivo emque a Benfica SAD termina o ano com lucro”,indicou o Benfica no seu sítio na internet.As contas referem-se ao período compreendido

entre 1 de Julho de 2019 e 30 de Junho de 2020,no qual foi apurado, em base individual, “um re-sultado líquido positivo de 41.705.364 euros”.

“Tivemos o segundo melhor resultado de sem-pre com 41,7 milhões de euros. Tivemos uma re-dução do passivo e ainda um ligeiro crescimentodo ativo. Temos hoje capitais próprios acima de160 milhões de euros. Do ponto de vista estrita-mente económico-financeiro, foi um ano de gran-de sucesso", analisou Domingos Soares de Oli-veira, CEO do Benfica, em declarações à BTV.

De igual modo, foi aprovada a proposta de apli-cação de resultados, com transferência do mon-tante de 2.085.268 euros (correspondente a 5%dos lucros apurados neste exercício) para refor-ço da reserva legal e uma transferência de39.620.096 euros para resultados acumulados.

Na AG foi também aprovado um voto de con-fiança ao Conselho de Administração e ao Con-

selho Fiscal, bem como aos respectivos mem-bros e ainda ao Revisor Oficial de Contas, peloexercício dos seus cargos durante o períodocompreendido entre 1 de Julho de 2019 e 30 deJunho de 2020.“Foi uma Assembleia muito interessante. Temos

hoje uma realidade positiva praticamente emtodos os níveis do ponto de vista de resultados.Foi a melhor de sempre da SAD em termos dereceitas, quase 300 milhões de euros (294 mi-lhões de euros)”, completou Domingos SoaresOliveira.

Vieira diz que este será último mandato como presidente do Benfica se for eleito

O PRESIDENTE DO SPORT LISBOA E BENFICA (SLB), LUIS FILIPE VIEIRA (2-E), ACOMPANHADO PORANDRÉ LIMA (E), TELMA MONTEIRO E SIMÃO SABROSA (D), DURANTE A CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

ONDE ANUNCIOU A SUA RECANDIDATURA À PRESIDÊNCIA DO CLUBE, QUE DEVERÁ DECORRER A 30 DE OUTUBRO, EM LISBOA (FOTO LUSA)

Quatro regressos na selecção parajogos com Espanha, França e Suécia

FERNANDO SANTOS CONVOCOU DE NOVORUBEN SEMEDO, WILLIAM CARVALHO,

DANIEL PODENCE E RAFA SILVA

Vitória de Guimarães vai ter maioria da SAD após acordo com Mário Ferreira

COMENDADOR MÁRIO FERREIRA