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nº 80 - ano VIII março/2014 AVICULTURA PROTEGIDA Simpósio Brasil Sul de Avicultura 2014 Ex-presidentes do Nucleovet falam sobre os 15 anos do evento Mito dos hormônios A nova mensagem que pode ser usada nas embalagens de frango Cursos da Facta sobre sistema imune e salmonelas auxiliam o setor avícola na prevenção e monitoramento de doenças

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  • nº 80 - ano VIIImarço/2014

    AVICULTURA PROTEGIDA

    Simpósio Brasil Sul de Avicultura 2014Ex-presidentes do Nucleovet falam

    sobre os 15 anos do evento

    Mito dos hormôniosA nova mensagem que pode ser usada nas embalagens de frango

    Cursos da Facta sobre sistema imune e salmonelas auxiliam o setor avícola

    na prevenção e monitoramentode doenças

    Prod

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    4

  • 2 Produção Animal Avicultura2TRADIÇÃO EM INOVAR

    WWW.MERIAL.COM.BR

    *COINF / SINDAN

    Única doseAplicação in ovo ou subcutânea

    Favorece a uniformidade do loteMelhor conversão alimentar

    Integridade imunológica a longo prazo

    INOVAÇÃO QUE SE MEDEEM RESULTADO

    O sucesso de VAXXITEK® HVT+IBD se comprova no campo e nos números, como líder no combate à Marek e Gumboro no Brasil desde 2010*.

  • 3Produção Animal Avicultura 3

    Sumário

    Matéria de Capa

    Mito dos Hormônios

    Evento

    Sistema imune e salmonelas: Cursos da Facta auxiliam avicultura a se proteger

    Será que foi uma boa solução? Setor avícola adota caminho diferente para dizer que não usa hormônios

    32 24

    Artigo Gerenciamento da umidade na incubação

    Informe Empresarial

    ABase: Monitoria pelo ELISA

    Ilender: Mananospolissacarídeos e a indigestão

    Ab Vista: Usando diferentes enzimas

    Merial: Como diagnosticar fatores imunossupressores

    ICC: Parede celular de levedura para a biossegurança

    ArtigoRedução de fósforo para frangos de corte jovens

    Reportagem EmpresarialHubbard aparece como alternativa para a genética avícola no Brasil

    CatálogoGuia oficia de produtos do SBSA 2014

    Ponto FinalIrenilza NääsAmbiência na era dos climas extremos

    Notícias CurtasWAPA apresenta soluções e tecnologias

    AviGuiaAbase e BioChek selam parceria

    10

    80

    52Eventos

    Painel do Leitor

    Portfólio AviGuia

    Produção e mercado em resumo

    Pintos de corte

    Produção de carne de frango

    Exportação de carne de frango

    Oferta Interna

    Desempenho do frango vivo em fevereiro

    Matérias-primas

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    Estatísticas e preços

    60

    Simpósio Brasil Sul de Avicultura completa 15 anos

    30

    20

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    4858

    42

  • Editorial

    Produção Animal Avicultura4

    Uma edição quente. Este é o termo usado entre os jornalistas para definir

    um conteúdo atual em uma publicação. E é assim que definimos a Revista do

    AviSite neste mês. Estão aqui os temas mais recentes, aqueles que estiveram

    na pauta de reuniões, encontros e conversas e na boca daqueles envolvidos

    com o setor avícola. Uma grande quantidade de técnicos, empresários, acadê-

    micos e representantes do setor foi ouvida nas reportagens preparadas, entre

    eles, os maiores nomes, aqueles que fazem andar a locomotiva da avicultura

    brasileira. Para exemplificar: Mario Penz, Irenilza Nääs, Luiz Felipe Caron e He-

    lio Montassier são exemplos acadêmicos. Roberto Kaefer e Erico Pozzer repre-

    sentam os empresários.

    Um dos temas aqui abordados versam sobre a prevenção e controle da

    samonela, assunto sempre atual para a avicultura. Outro tópico: As discussões

    em torno da nova mensagem que pode ser usada nas embalagens de frango

    (“sem hormônios, como define a legislação brasileira”). Afinal, será que foi

    uma boa solução? De toda forma, não se trata de inquirir se foi ou não uma

    boa solução. A coisa agora é ponderar e avaliar como vai funcionar (descubra

    mais a partir da página 24).

    Também não deixe de ler os textos publicados na seção notícias curtas

    (página 10), onde abordamos questões tão importantes quanto as já citadas,

    mas em espaço menores, como o primeiro embarque brasileiro de ovos férteis

    para o México e as ondas de calor registradas verão, que acabaram provocan-

    do problemas em algumas granjas. O assunto e suas soluções foram aborda-

    dos no evento sobre ambiência realizado na Faculdade de Engenharia Agríco-

    la (Feagri) da Unicamp, sob a coordenação da Professora Daniella Moura e

    também é tema da coluna ponto final (página 80).

    Também em notícias curtas, estão informações sobre o alojamento de ma-

    trizes de corte em 2013. Na seção estatísticas estão posicionados outros da-

    dos e números referentes à produção avícola no ano que passou.

    Essa edição é especial porque tem tiragem extra e circula como Mídia Ofi-

    cial do Simpósio Brasil Sul de Avicultura, que completa 15 anos (leia mais na

    página 60). Buscamos sempre levar aos nossos leitores o que há de mais atual

    na avicultura.

    O resultado deste trabalho está refletido na boa quantidade de parcerias

    com as empresas avícolas nesta edição. Também é grande a quantidade de

    empresas que nos enviaram material para ser publicado, identificados como

    informes empresariais.

    Boa leitura!

    Conteúdo completo

    PublisherPaulo Godoy

    [email protected]

    Redação Érica Barros (MTB 49.030)

    Mariana Almeida (MTB 62.855) [email protected]

    Comercial Karla Bordin

    [email protected]

    Diagramação e arteMundo Agro e

    Innovativa [email protected]

    InternetGustavo Cotrim

    [email protected]

    Administrativo e circulaçãoCaroline Esmi

    [email protected]

    ExPEDIENTE

    Mundo Agro Editora Ltda.Rua Erasmo Braga, 1153

    13070-147 - Campinas, SP

    ISSN 1983-0017 nº 80 | Ano VIII | Março/2014

    Os informes técnico-empresariais publicados nas

    páginas da Revista do AviSite são de responsabilidade das

    empresas e dos autores que os assinam. Este conteúdo não reflete a opinião da Mundo

    Agro Editora.

    Para facilitar o acesso às matérias que estão na internet,

    disponibilzamos QrCodes. Utilize o leitor de seu computador,

    smartphone ou tablet

    Revista do AviSite, trabalhando pela

    avicultura de corte e de postura.

  • 5Produção Animal Avicultura

    Editorial

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    Eventos

    Produção Animal Avicultura

    Março25 a 27XII Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos Local: Ribeirão Preto, SPRealização: APA e FunepContato: (11) 3832-1422 ou (16) 3209-1300 – Ramal 1326Email: [email protected] ou [email protected].

    26 a 28II Simpósio de Avicultura do Nordeste (SANE) Local: Hotel Ouro Branco, João Pessoa, PBRealização: Grupo de Estudos em Tecnologias Avícolas (GETA), Universidade Federal da ParaíbaE-mail: [email protected]ções: www.getaufpb.org.br

    Abril8 a 10XV Simpósio Brasil Sul de Avicultura e VI Poultry Fair Local: Centro de Eventos Plínio Arlindo de Nês, Chapecó, SCRealização: Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet)Email: [email protected]ções: www.nucleovet.com.br

    24 a 25Workshop de Ambiência na Avicultura de Inverno Local: Auditório da Embrapa Informática na Agricultura – Unicamp, Campinas, SPRealização: Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) - UnicampContato: (19) 3521-1085 Email: [email protected]ções: aviculturaworkshop.wix.com/ambiencia

    24 a 25III Workshop sobre Influenza Aviária Local: Hotel Vitória, Campinas, SPRealização: Facta e Ubabef Informações: www.facta.org.br/influenza

    Julho18 a 2055º Festa do Ovo de Bastos Local: Recinto de Exposições Kisuke Watanabe, Bastos, SPRealização: Sindicato Rural e Prefeitura de BastosContato: (14) 3478-9800Informações: www.bastos.sp.gov.br

    Agosto18 a 20Conferência Facta 2014 Local: Tauá Hotel & Convention, Atibaia, SPRealização: FactaInformações: www.facta.org.br

    Setembro16 a 1810º Simpósio Técnico de Incubação, Matrizes de Corte e NutriçãoLocal: Balneário Camboriú, SCRealização: Associação Catarinense de Avicultura (Acav) Contato: (48) 3222-8734E- mail: [email protected]ções: www.acavsc.org.br

    Workshop sobre Influenza Aviária foca prevenção em ano de Copa

    A realização da Copa do Mundo Fifa Brasil 2014 deverá trazer para o país mais

    de 500 mil estrangeiros, segundo dados da EMBRATUR. Com o objetivo de preparar a

    avicultura brasileira para este cenário, em um ano com diversas ocorrências de Influenza Aviária no mundo, a União Brasileira de Avicultura (UBABEF) e a Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas (FACTA) promovem, nos dias 24 e 25 de abril, o III Workshop sobre Influenza Aviária, em Campinas, SP.

    O encontro é voltado para profissionais da cadeia produtiva, como médicos veterinários e zootecnistas de agroindústrias pro-dutoras e exportadoras, produtores e representantes da defesa agropecuária.

    Em pauta estarão questões relevantes à prevenção contra o vírus, como diagnóstico da doença, características de patogenici-dade do vírus, a experiência europeia na vigilância da avicultura industrial e familiar, análise de risco, entre outros.

    O workshop deve ser um encontro para tratar de pontos teóricos e práticos sobre a prevenção da Influenza Aviária. Será também uma oportunidade para avaliar as experiências, a prática de erradicação e iniciativas implantadas ou em consolidação, como o Programa de Compartimentação da Avicultura Brasileira.

    O III Workshop sobre Influenza Aviária acontecerá no Hotel Vitória (Av. José de Souza Campos, 425 – Nova Campinas). As vagas são limitadas (300 ao todo). Mais informações pelo site www.facta.org.br/influenza.

  • 7Produção Animal Avicultura

    Minerais orgânicos não são todos iguais.Os minerais da linha MINTREX® apresentam benefícios que vão além de uma simples fonte de mineral. Possuem

    estrutura totalmente de�nida, altamente resistente ao baixo pH e atuam como fonte de metionina por conter

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    Dos criadores de

  • Produção Animal Avicultura8

    Painel do LeitorEnvie seus comentários e sugestões para o email [email protected], com nome completo, profissão e cidade, ou ainda participe de nossas redes sociais

    O leitor Rafael Piovezan, médico veterinário, enviou ao AviSite a imagem abaixo. Ele é supervisor de abate de uma empresa que abate 340 mil aves por dia 6 dias por semana. A granja da foto é um investimento próprio. Ele pro-duz, junto com um sócio, aves, suínos e eucalipto em Moreira Sales, PR.

    @AviSite

    /avisite.portaldaavicultura

    Fale com a genteFale com a redação, peça números antigos, faça sua assinatura e anuncie na Revista do AviSite. Entre em contato pelo telefone 19-3241-9292, de 2ª a 6ª feira, das 8h às 17h30.

    As cinco notícias mais lidas no AviSite em

    Na primeira quinzena de fevereiro, ovo obteve o oitavo reajuste do mês e alcançou valorização de 42% em apenas onze dias de negócios. Já o frango vivo encerrou a mesma quinzena ope-rando com a pior remu-neração dos últimos seis meses

    Frango vivo dá primeiros sinais de

    reversão

    novembro

    1Retornando a um desempenho consi-derado normal no setor, o volume produzido no segun-do semestre do ano voltou a apresentar evolução positiva em relação ao mesmo período do ano anterior.

    Produção: menor volume dos últimos

    4 anos

    2A CONAB está preven-do que a produção de carne de frango do corrente exercício ficará próxima, mas ainda aquém dos 12,7 milhões de toneladas, isto indicando que o recorde de produção atingido em 2011 tende a ser mantido.

    Produção de frango de 2014 não chega aos 12,7 milhões/t

    3O AviSite, antigo parceiro do Nucleovet e também mídia oficial do SBSA, vai organizar uma cobertura online para divulgar de hora em hora todas as informações referentes ao encontro: www.avisi-te.com.br/SimposioBrasilSuldeAvi-cultura2014.

    XV SBSA terá cobertura online

    4As indústrias Bachoco, afirmou que o quarto trimestre de 2013 come-çou com “um cenário de preços fracos em nossas principais linhas de negócio, principal-mente nas vendas de frango, devido às condi-ções de excesso de oferta”.

    Produtora México divulga relatório

    5

    Campinas, 29 de Setembro de 2004 – Por conta da im-petuosidade de seus jornalistas, a TV Globo transformou-se em motivo de ira da avicultura.

    O caso em pauta ocorreu no “Bom Dia Brasil”, jornalísti-co matinal da Globo. No programa, uma reportagem feita em Minas Gerais, trouxe à tona a expansão das criações de aves caipiras que – segundo o jornalista mineiro responsável – deixam os criadores em um terrível dilema: optar pela tradição e ficar com as aves caipiras, de retorno mais demo-

    rado, ou adotar a tecnologia, de retorno mais rápido?Nada contra a reportagem, não fossem os jocosos co-

    mentários do “casal âncora” do informativo. Ela, procurando corroborar a observação de uma dona-de-casa entrevistada (“são mais saborosas”), afirmou que as aves caipiras “tam-bém não têm hormônio”. E ele acrescentou que o sabor diferenciado se deve ao fato da ave não ser alimentada “com aquela ração de espinha de peixe que a galinha de granja come”.

    Há 10 anos no AviSitewww.avisite.com.br

    TV Globo: aleivosias contra o frango

    nº 79 - ano VIIdezembro/2013

    - As projeções do USDA

    - As tendências, segundo o Rabobank

    - O que dizem as lideranças brasileiras e as entidades regionais

    - As previsões da Fiesp para o agronegócio brasileiro até 2023

    - O mercado de matérias-primas para o setor avícola

    A AVICULTURA

    EM 2014

    Artigo Impacto da saúde intestinal das aves no processamento

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    Acesse nosso site

    www.avisite.com.br

  • 9Produção Animal Avicultura

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    Notícias Curtas | Avicultura

    Produção Animal Avicultura

    Durante dois dias a Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp, Campinas, SP, foi palco do Workshop de Ambiência na Avicultura (WAPA). Nos dias 17 e 18 de fevereiro, profissionais das empresas de equipamentos para ambiência e acadêmicos discorreram sobre as ferra-mentas disponíveis para o controle da temperatura e con-sequente bem-estar e aumento da produtividade das aves de corte e postura.

    Segundo a coordenadora do evento, Daniella Moura, o saldo do workshop foi muito positivo e reforçou a im-portância do envolvimento de todos os elos da cadeia produtiva avícola. “Nosso objetivo é congregar a acade-mia, o meio empresarial e os produtores. É importante que as empresas saibam dos anseios dos profissionais de campo assim como as pesquisas que estão sendo desen-volvidas”, conta a professora, reiterando que esse contato também é essencial para estabelecer parcerias entre os grupos de pesquisa e as empresas.

    Nos dias 24 e 25 de abril, a Feagri abre as portas no-vamente para sediar o V WAPA de preparação para o in-verno, que terá apresentações de empresas com equipa-mentos e soluções, ofertas especiais para as empresas juniores além de mais apresentações práticas.

    Ambiência

    WAPA apresenta soluções e tecnologias

    A Embrapa Suínos e Aves concluiu o seu Laboratório NB3 de alta segurança. A expectativa é que o laboratório apoie o desenvolvimento e validação de técnicas de diagnóstico, bem como o isolamento, caracterização, controle e prevenção de microrganismos infecciosos de interesse das cadeias suinícola e avícola.

    O laboratório NB3 da Embrapa viabili-za, por exemplo, a realização de estudos ligados à Doença de Newcastle (DNC) e outros agentes infecciosos, como os vírus da Peste Suína Africana (PSA); da Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos (PRRS); da Diarreia Epidêmica Porcina (PEDV); da Influenza Suína (H1N1p); da Influenza Aviária (H7N9), presente na Ásia, com potencial de infec-ção e transmissão para humanos; e do H7N3, que causou grandes prejuízos à avicultura mexicana.

    Embrapa Suínos e Aves Novo laboratório de alta segurança para pesquisa em sanidade animal

    Daniela Moura: Nosso objetivo é

    congregar a academia, o meio

    empresarial e os produtores

    Laboratório NB3: Estudos ligados à Doença de Newcastle e Influenza Aviária, entre outros

  • 11Produção Animal Avicultura

    A base adotada pelo AviSite para de-monstrar o encarecimento do milho e do fare-lo de soja é um “pacote” contendo 3 kg de milho e 1 kg de farelo de soja, aproximada-mente a mesma proporção (3:1) observada em uma ração para frangos.

    Pois bem: um ano atrás, em fevereiro de 2013, com os preços do milho e do farelo já em queda em relação a 2012, esse “pacote” custou, em valores arredondados, R$2,57. Já em fevereiro deste ano tem um valor 10,37% maior porque, principalmente, o farelo de soja aumentou quase 30% (o milho, embora com aumento mensal significativo, registra no momento incremento de menos de 1% em re-lação à média de fevereiro de 2013).

    Além disso, frangos e ovos, vêm obtendo remuneração menor que a de fevereiro do ano passado.

    O efeito é que o poder de compra do pro-dutor de frangos em relação ao “pacote” de milho e farelo de soja é, atualmente, 25,81% menor que o de um ano atrás. Já para o pro-dutor de ovos (embora seu “pacote” real te-nha proporções diferentes) a queda no poder aquisitivo chega a 27,64%.

    Poder aquisitivo

    Milho e farelo de soja mais caro que há um ano

    Linha SIncubadoras de estágio único para o máximo retorno econômicoProjetadas para maximizar o lucro pela vida inteira

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  • 12 Produção Animal Avicultura

    Notícias Curtas

    A UBABEF transmitiu, em janeiro, a informação de que o alojamento de matrizes de corte de 2013 somou 46,142 mi-lhões de cabeças.

    O volume alojado foi ligeiramente menor que o registra-do em 2012 - resultado que, em primeira instância, significa que a capacidade de produção de carne de frango do cor-rente exercício é inferior à do ano passado.

    Embora o índice de queda tenha sido mínimo, a redução registrada ocorre pelo segundo ano consecutivo, o que, aparentemente, é inédito no setor.

    A principal constatação é a de que o volume alojado em 2013 se coloca como o segundo menor dos últimos seis anos.

    Como, na prática, o alojamento de um exercício define a capacidade de produção de carne de frango do exercício seguinte, o potencial instalado em 2014 é inferior ao de cin-co anos atrás.

    Matrizes de corte

    Em 2013, o segundo menor volume em seis anos

    Analisados os últimos quatro anos, 2010 a 2013, constata-se que a produção média de carne de frango de cada exercício variou desde um mínimo de 1,026 milhão de toneladas mensais até um máximo de 1,072 milhão de toneladas mensais. O que corresponde a uma diferença próxima de 4,5% entre a produção mínima e a máxima.

    É um panorama bem diferente do observado uma década atrás em idêntico quadriênio, isto é, entre os anos 2000 e 2003. Pois, en-tão, a diferença entre a produção mínima e a máxima foi de pratica-mente 28%. Além disso, a evolução foi contínua, sem retrocessos de um ano para outro, ao contrário do que ocorre atualmente.

    Aliás, contrapondo-se os números de ambos os períodos chega--se a outros resultados senão surpreendentes, ao menos interessan-tes. Um exemplo: em janeiro de 2010 a produção brasileira de carne de frango chegava ao milhão de toneladas, apresentando evolução de 100% em relação a janeiro de 2000.

    Dobrar o volume produzido em apenas uma década foi, sem dú-vida, um resultado alvissareiro. Mas, parece, o setor acreditou que podia manter o mesmo ritmo de expansão de dez anos antes: conti-nuou aumentando a produção, ignorando até que o mundo se en-contrava envolvido em profunda crise econômica.

    Tal expansão durou até o início de 2012, ocasião em que um novo obstáculo foi adicionado à crise econômica: explosão dos cus-tos das matérias-primas utilizadas pela avicultura. Resultado: 48 me-ses depois de ter-se chegado ao milhão de toneladas, o volume pro-duzido continua, praticamente, o mesmo – 1,041 milhão de toneladas em dezembro de 2013.

    Não há dúvida de que o travamento recente do setor foi desen-cadeado pelos problemas enfrentados com o abastecimento de matérias-primas.

    Mas, dadas as atuais condições de mercado da carne de frango e o fato de a produção permanecer estagnada nos mesmos níveis do início de 2010, parece que os problemas enfrentados ocorreriam de qualquer maneira.

    E qual é a lição que fica desse quadriênio perdido? A de que ex-pansões como as registradas há pouco mais de 10 anos ficaram defi-nitivamente para trás. Nas circunstâncias atuais, uma expansão igual ou pouco superior ao crescimento vegetativo da população já pode ser considerada “de bom tamanho”. Mesmo porque até agora o se-tor só tem feito retroceder, já que encerrou 2013 com volume inferior até ao de 2010.

    2010/2013

    Um quadriênio perdido para a avicultura de corte?

  • 13Produção Animal Avicultura

    Receita do frango

    Participação das cooperativas aumentou 15% em 2013Atrás apenas dos produtos do complexo soja

    e do açúcar, a carne de frango foi o terceiro principal produto exportado pelas cooperativas em 2013.

    A receita cambial por elas obtida com o pro-duto chegou a US$878 milhões, entre os itens exportados está também a carne de frango salgada.

    Esta gerou receita de US$116 milhões, pro-porcionando retorno superior ao dos industriali-zados (US$46,3 milhões) ou, mesmo, do frango inteiro (US$24,2 milhões) – que, aliás, ficou em quarto lugar na pauta avícola das cooperativas.

    O fato é que em 2013 esse segmento da agropecuária aumentou os embarques de carne de frango em mais de 15%, obtendo com isso receita cambial quase 20% maior que a de 2012.

    Com tais resultados, as cooperativas respon-deram por pouco mais de 11% da receita cam-bial brasileira da carne de frango, registrando um aumento de participação superior a 15% em relação a 2012 (9,52% do total).

    COOPERATIVASVolume e receita cambial da CARNE DE FRANGO - 2013

    ITEM EXPORTADO

    VOLUME RECEITA PARTICIPAÇÃO

    MIL/TVAR.

    ANUALUS$ MI LHÕES

    VAR.ANUAL

    NA RECEITA

    DAS COOP.

    NA RECEITA

    DO FRANGO

    Cortes de

    frango358,4 18,01% 691,7 23,01% 11,39% 8,68%

    Carne salgada

    37,8 13,02% 116,2 15,22% 1,91% 1,46%

    Indus-tria-liza-

    dos12,5 0,29% 46,3 8,00% 0,76% 0,58%

    Frango inteiro

    13,6 -17,47% 24,2 -11,97% 0,40% 0,30%

    TOTAL 422,3 15,36% 878,4 19,75% 14,46% 11,03%

    Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC - Elaboração e análises: AVISITE

  • 14

    Notícias Curtas | Avicultura

    Produção Animal Avicultura

    Os resultados (em alguns casos preliminares) de 2013 mostram que, cinco anos depois da crise econômica deflagrada em 2008 (e que até hoje não foi superada), grandes produtores mundiais de carne de frango como Brasil e China mantiveram a mesma partici-pação original na produção mundial.

    O mesmo, porem, não pode ser dito do país líder, os EUA, cuja participação recuou de 22% para 20% do total mundial. Ou da União Europeia, onde a participação caiu de 12% para 11% do total.

    É interessante notar, entretanto, que o quinto principal “player” de 2008, o México, foi substituído por um novo país, a Índia. Que nesses cinco anos aumentou sua produção em mais de 35%, con-tra, por exemplo, pouco mais de 10% da expansão brasileira.

    Outro aspecto a ressaltar é o relativo à expansão dos países produtores colocados após a quinta posição. Em 2008 eles respon-diam, em conjunto, por 31% da produção mundial. Em 2013 pas-saram a representar mais de um terço do total, registrando expan-são da ordem de 34%.

    Países exportadoresA participação brasileira no rol dos países exportadores sofreu

    sensível declínio: de 43% em 2008 para pouco mais de 37% cinco anos depois. Isto, a despeito de o volume exportado ter aumenta-do perto de 7% no período.

    A questão maior, aqui, é que o comércio mundial de carne de frango se expandiu em índices bem superiores, registrando incre-mento próximo de 23%. E as exportações brasileiras não acompanharam.

    À primeira vista, o que ocorreu foi que muitos países (alguns deles importadores) se tornaram exportadores, seja porque au-mentaram a produção ou porque o consumo interno não acompa-nhou o aumento de produção.

    Isso pode ser observado, por exemplo, no bloco de países que compõem a União Europeia. Ali, a produção entre 2008 e 2013 aumentou 13%, mas o incremento do consumo interno não pas-sou dos 8%. O efeito disso recaiu sobre as exportações, que au-mentaram quase 48%.

    Há, também, novos players no mercado. Por exemplo, a Turquia.

    O crescimento mais marcante, porém, é o dos demais exporta-dores. Em 2008, esses “demais exportadores” respondiam por 3% da carne de frango negociada internacionalmente. Em 2013 subi-ram para 11%.

    É por isso, sem dúvida, que cada vez mais sobra menos espaço para o produto de grandes exportadores como Brasil e EUA.

    Panorama mundial

    O frango após a crise econômica de 2008

    Grandes produtores mundiais mantiveram a mesma

    participação original na produção mundial

  • 15Produção Animal Avicultura

  • 16

    Notícias Curtas | Avicultura

    Produção Animal Avicultura

    Por diferença relativamente pequena (1,67% a mais), em 2013 o Paraná assumiu a liderança das exportações de carne de frango tam-bém no tocante à receita cambial. Desde 2012 o Estado liderava o volu-me embarcado.

    Entre os estados do Sul o Paraná também foi o único a registrar in-cremento tanto na receita cambial como no volume. Mas isso não im-pediu que a Região encerrasse o exercício com queda (cerca de 3%) no volume embarcado e aumento de apenas 1,5% na receita.

    Em outras palavras, quem contribuiu efetivamente para que a recei-ta cambial brasileira da carne de frango aumentasse 3,42% em 2013 foi a Região Centro-Oeste, que registrou incremento de cerca de 13% no volume e de quase 14% na receita, neutralizando as quedas registradas no Sudeste e na Região Norte.

    Ranking UFs exportadoras de carne de frango em 2013

    CARNE DE FRANGOUnidades federativas exportadoras

    2013

    UFRECEITA CAMBIAL VOLUME

    US$ MI VAR. MIL/T VAR.

    PR 2.184,992 6,83% 1.142,235 1,44%

    SC 2.149,068 -2,53% 936,849 -8,45%

    RS 1.393,612 0,33% 711,318 -2,06%

    GO 479,234 13,38% 217,220 5,81%

    SP 462,360 -7,89% 246,159 -11,08%

    MT 452,137 16,58% 214,552 22,40%

    MG 339,090 7,63% 185,849 2,43%

    MS 339,037 19,33% 149,050 19,35%

    DF 142,611 -2,90% 73,132 -1,37%

    BA 20,662 - 12,394 -

    RO 1,778 -40,97% 0,958 -45,41%

    PE 1,612 9,86% 1,602 3,26%

    ES 0,264 -34,55% 0,373 -18,67%

    PA 0,069 -63,88% 0,023 -61,29%

    S 5.727,672 1,57% 2.790,403 -2,97%

    CO 1.413,020 13,81% 653,954 12,83%

    SE 801,715 -1,92% 432,381 -5,74%

    NE 22,274 - 13,996 -

    N 1,847 -42,34% 0,981 -45,92%

    BR 7.966,526 3,42% 3.891,715 -0,66%

    Fonte dos dados básicos: SECEX/MDIC - Elaboração e análises: AVISITE

    As 3 regiõescom maiorreceitacambial

    De acordo com os dados finais de 2013 do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), as ex-portações norte-americanas de carne de frango do ano que pas-sou somaram 3,340 milhões de toneladas, aumentando 1,23% em relação a 2012.

    Apesar do novo recorde de 2013, ao longo do tempo as ex-portações de carne de frango dos EUA mantêm uma estabilidade não muito diferente daquela ob-servada no Brasil.

    EUA Exportações de carne de frango atingiram novo recorde em 2013

  • 17Produção Animal Avicultura

    Notícias Curtas | Agroindústria

    A Seara, marca da JBS Foods, anunciou o lançamento de suas novas ações de marketing. Criada pela WMcCann, a cam-panha teve sua estreia dia 23 de fevereiro, em rede nacional e traz pela primeira vez a jornalista Fátima Bernardes ao mer-cado publicitário encorajando os consumidores à mudança.

    A conversa que Fátima estabelece com o espectador trans-corre em uma bela cozinha, na qual a apresentadora tem, diante de si, uma bancada com diversos produtos do portfólio da Seara. Ao final da mensagem, o filme convida os consumi-dores a se surpreenderem com a qualidade e variedade dos produtos Seara.

    “A campanha é a primeira ação publicitária feita pela Fátima Bernardes e a ocasião não poderia ser mais adequada. A ideia é justamente estabelecer o paralelo entre a mudança de carreira feita por ela, o que deu muito certo, e o convite para que o consumidor se abra para o novo, deixando-se sur-preender pela qualidade dos produtos Seara”, enfatiza Eduardo Bernstein, Diretor de Marketing da JBS Foods. “Estamos prontos para a grande virada. Nos últimos meses, investimos na qualidade de toda a cadeia de produção, com-posta por cerca de 260 itens”, conclui Bernstein.

    A campanha é composta por filmes, anúncios para mídia impressa, ações de internet e mídia exterior e rádio.

    Em horário nobre

    Seara apresenta nova comunicação

    A Coopercentral Aurora Alimentos reuniu autoridades e profissionais de im-prensa para apresentar os resultados das atividades.

    Em um dos melhores resultados de seus 45 anos, a Cooperativa Central Aurora Alimentos obteve, em 2013, uma receita operacional bruta de R$ 5,7 bilhões, com 23,6% de crescimento em relação ao ano anterior. As sobras do exercício foram de 302 milhões de reais (66% de incremento) e tiveram a seguinte destinação: 150 mi-lhões para Fundos de Reservas, 104 mi-lhões capitalizados às 12 cooperativas filia-das e 44 milhões distribuídos às filiadas.

    Em assembleia

    Aurora expõe resultados

    Em 2013, receita bruta de R$ 5,7 bilhões e

    23,6% de crescimento

  • Notícias Curtas | Agroindústria

    Produção Animal Avicultura180

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    AnuncioJOX-2014

    quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014 09:28:12

    A Cooperativa Agroindustrial Lar comemorou 50 anos em fevereiro com uma marca em evolução e que aparece entre as quatro maiores do Paraná. A Lar registrou em 2013 um salto de 19,39% em seu faturamento bruto anual (cerca de R$ 2,7 bilhões).

    Considerando todas as áreas em que atua, a Lar obteve no ano passado o maior cresci-mento de sua história, reforçando o sonho de um grupo de 55 produtores rurais que no dia 19 de março de 1964, na cidade de Missal, criou a Cooperativa Mista Agrícola Sipal Ltda, sob inspiração direta da Igreja Católica.

    A cooperativa conta hoje com 9.199 associados e 6.461 funcionários, atuando nos esta-dos do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, bem como no Paraguai. A produção de sementes de soja passou de 163.202 sacas em 2012 para 210.325 em 2013 e a de milho saltou de 70 milhões para quase 100 milhões no mesmo período.

    Um completo relatório e balanço dos resultados obtidos foram apresentados pela dire-toria da empresa em assembleia geral no dia 31 de janeiro. “O melhor desempenho da his-tória é um presente para todos aqueles que não desistiram porque queriam um futuro me-lhor para os seus familiares”, ressaltou na oportunidade o diretor-presidente da Lar, Irineo da Costa Rodrigues.

    Crescimento

    Cooperativa Lar completa 50 anos

    Única empresa brasileira produtora de ovos férteis habilitada a exportar o produto para o México, a Globoaves, líder do país na produção independente de pintos de um dia e de ovos férteis, realizou nesta semana o primeiro embarque brasileiro do gênero para o mercado mexicano.

    Na primeira remessa, efetuada por via aérea através do aeroporto de Viracopos, foram embarcados 270 mil ovos, volume que deve se repetir semanalmente neste e nos próximos meses.

    Prospectando sempre novos mercados, Roberto Kaefer, diretor-presidente da Globoaves, diz que não para por aí. Esteve recentemente em Moscou onde iniciou conversações visando à exportação de ovos férteis para a avicultura russa. Primeiros embarques do produto devem acontecer ainda no primeiro semestre de 2014.

    O primeiro

    Globoaves faz embarque de ovos férteis para o México

    Assembleia da Cooperativa Lar: Faturamento de R$ 2,7 bilhões em 2013

  • 19Produção Animal Avicultura

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  • 20 Produção Animal Avicultura

    Informe Técnico-Empresarial

    Contra fatos não há argumentos, já diz o ve-lho ditado. O fato é que a vida no incuba-tório tem sido cada vez mais difícil, pois a cada ano temos expectativas piores nos re-

    sultados de incubação. A genética funciona assim: imagine uma pizza bastante apetitosa contendo vá-rios pedaços que podemos chamar, por exemplo, de conversão alimentar, ganho de peso, produção de ovos, fertilidade, composição esquelética, cor das penas, tamanho do ovo e eclodibilidade. Diferente-mente de uma pizza normal de 8 pedaços idênticos, nessa pizza genética o mercado dita o tamanho de cada pedaço com o qual o geneticista trabalhará.

    Consequentemente, se um pedaço da pizza for gran-de, algum outro, obrigatoriamente, será menor. Isso de fato ocorre e vemos que a eclodibilidade não tem sido objeto de grandes trabalhos genéticos.

    Analisando-se linhagens diversas, percebemos através do “padrão” almejado pelas casas genéticas, em nível mundial, que os resultados esperados só fazem piorar. Temos visto que há uma média anual negativa de 0,1% nos resultados gerais de eclosão dos últimos dez anos.

    Felizmente, temos visto no Brasil novas plantas com tecnologia de ponta, com controles adequados de climatização e bons manejadores. A consolida-ção dos sistemas de estágio único no Brasil é a maior evidência disso. Hoje contamos com melhores ma-nejos implementados e o “modo ajuste fino” já está “on” nas plantas de alta performance.

    Muito se fala em ambiência e controles de tem-peraturas, que, sem dúvida alguma, são parâmetros--chave para qualquer processo de incubação eficien-te. Temos colocado na berlinda agora o tema umida-de como alvo de ajuste fino nos nossos manejos.

    A fisiologia hídrica dos embriões está sendo co-nhecida cada vez mais e há bons artigos e capítulos de livros sobre o tema. O que propagamos nos incu-batórios, atualmente, é que, para termos adequada fisiologia da água no interior do ovo, nos comparti-

    Manejo de umidade na incubação

    Autor: Thomas Calil Médico Veterinário, Diretor Geral da Pas Reform do Brasil

    Ambiência e controle de temperatura são parâmetros-chave. Mas o tema umidade também começa a aparecer como alvo de ajuste fino

    cor das penas

  • 21Produção Animal Avicultura

    mentos embrionários e no fluxo de minerais e vita-minas essenciais à diferenciação celular embrioná-ria, temos que entender como oferecer os gradientes de umidade adequados para cada fase do desenvol-vimento.

    Para isso, o primeiro ponto é o entendimento de umidade relativa e umidade absoluta no ambiente onde a máquina está. Controlando-se o volume de água entrante na máquina em cada momento da in-cubação, poderemos, de forma segura, determinar o padrão de perda de umidade dos ovos e embriões. Definido esse padrão (linear ou quão não linear), o ambiente da sala deverá ser manejado adequada-mente.

    O volume de água que entra na máquina deter-minará o gradiente de umidade (pressão de vapor de H2O) entre os dois ambientes (interior do ovo versus exterior do ovo) e é nesse ponto onde o entendi-mento de umidade relativa e umidade absoluta tem sua importância.

    A umidade relativa leva esse nome porque está relacionada com a temperatura em que certa massa de água está dispersa na forma de vapor a uma de-terminada altitude. Em uma incubadora, num dado momento fixo, a temperatura não é alterada. Por isso, a umidade relativa da incubadora não sofrerá influência da umidade relativa da sala, mas, sim, unicamente de sua umidade absoluta (considerando influências externas apenas).

    O entendimento de umidade absoluta e relativa esclarecerá quaisquer dúvidas nesse sentido. Uma mesma umidade absoluta poderá fornecer valores de umidade relativa bastante distintos, dependendo da temperatura em que o ar esteja num dado mo-mento. Ou seja, para citar um exemplo de uma planta no nível do mar, com a umidade absoluta de 9,88g/kg, o ar terá 50% de umidade relativa a 25°C. Já a 30°C, a umidade relativa, com essa mesma mas-sa de água no ar, passará para 37%. No caso de tem-peraturas mais baixas, por exemplo, 20°C, essa mes-ma quantidade de vapor de água do ambiente forne-cerá uma leitura de 68% de umidade relativa. Dessa forma, vemos que de 37% a 68% de umidade relati-va, a máquina poderá estar recebendo a mesma quantidade de água.

    Portanto, a máquina reagirá apenas pela umida-de absoluta entrando, não pela relativa. A água ab-soluta entrante na máquina se somará à água saindo dos ovos para compor sua umidade relativa. Em de-terminado momento, para sistemas estágio único, o período de incubação determinará então a umidade relativa que será lida pelo sistema, pois, de acordo com o período de incubação, a temperatura apre-sentará valores diferentes. Para estágio múltiplo, o período de incubação não terá influência na umida-de relativa.

    Portanto, cabe aos incubadores entender o fun-cionamento da umidade absoluta e relativa, contar com o apoio de um serviço pós venda eficiente, mantendo e melhorando continuamente os resulta-dos de eclodibilidade/ qualidade.

    Pizza da genética Genética funciona como uma pizza apetitosa

    contendo vários pedaços

    Figura 1. O fluxo de água do ovo para o meio externo é fortemente influenciado pelas condições de umidade da incubadora (gradiente) que, por sua vez, depende das condições de umidade absoluta da sala de incubação

    conversão alimentar

    ganhode peso

    produção de ovos

    fertilidade

    composição esquelética

    cor das penas

    tamanho do ovo

    eclodibilidade

  • 22

    Informe Técnico-Empresarial

    Produção Animal Avicultura

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  • 23Produção Animal Avicultura

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  • 24 Produção Animal Avicultura

    Mito dos hormônios

    Será que foi uma boa solução?Após décadas de esclarecimentos técnicos e trabalhos científicos para explicar que a avicultura não usa e não precisa de hormônios, setor adota caminho diferente

  • 25Produção Animal Avicultura

    Entre perplexa e contrariada, desde o início do ano a avicultura centra suas discussões em torno da nova estratégia adotada para contornar o mito do uso de hormônios na

    produção de carne de frango. A partir de uma solici-tação feita ao Ministério da Agricultura, o setor aví-cola recebeu aprovação para acrescentar às embala-gens de frango a reiterada informação de que são produzidos sem a utilização de hormônios. O pró-prio Ministério estabeleceu a frase a ser utilizada: “sem uso de hormônio, como estabelece a legislação brasileira”.

    O AviSite acompanhou intimamente o assunto desde que ele caiu, à primeira vista desavisadamen-te, sobre as cabeças dos empresários avícolas. Fez mais: abriu um fórum especial para saber o que pensam os diferentes integrantes do setor (www.avisite.com.br/forum/index.php?forum=38). Afi-nal, foram muitos (e continuam sendo) os questio-namentos surgidos a partir do instante em que o consumidor brasileiro viu aparecer na televisão, em um comercial de carne de frango, a citação “sem hormônios”. Porque, principalmente, o uso da ex-pressão “sem isto ou aquilo” – ultimamente um mo-dismo na indústria de alimentos - adquiriu conota-ção que sugere a retirada de algo antes adicionado ao produto. E quem conhece um mínimo de avicul-tura sabe: o frango – nunca, em nenhum lugar do mundo – precisou de ou recebeu hormônios em sua criação.

    Agora, depois da publicação oficial da autoriza-ção por parte do Departamento de Inspeção de Pro-dutos de Origem Animal do Ministério da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento, assinada pelo dire-tor substituto, Leandro Feijó, não se trata mais de inquirir se foi ou não uma boa solução. A coisa ago-ra é ponderar e avaliar como vai funcionar.

    O fato é que a avicultura vinha trabalhando há tempos (décadas) para desfazer esse mito. Muitos fo-ram os esclarecimentos técnicos, trabalhos científi-cos e diversas outras ações adotadas para combater as manifestações equivocadas em torno do alto ren-dimento do frango e demonstrar (por A+B) que ele nunca necessitou de hormônios para chegar ao de-sempenho atual. A preocupação agora é justamente não fazer ir por água abaixo todo esse trabalho de conscientização.

    Pois a autorização dada pelo Dipoa foi capitali-zada de imediato. Em rede nacional, a maior produ-tora de frango no Brasil trabalha uma nova campa-nha de marketing em que ressalta que sua produção está livre de hormônios. E o enfoque dado à campa-nha deixa ao consumidor a impressão não só de que “o resto” contém hormônios, mas também que o produto anunciado pode ter tido hormônios. Pois, como indaga um consumidor questionado pela equipe do AviSite, “se não tinha, porque não disse-ram isso antes?”

    Erico Pozzer: Discussão gerada é apenas parte do processo

    Ministério da Agricultura

    estabeleceu a frase a ser utilizada: “sem

    uso de hormônio, como estabelece a

    legislação brasileira’’

  • 26

    Mito dos hormônios

    Produção Animal Avicultura

    O mito dos hormônios não é exclusividade bra-sileira: no mundo inteiro a avicultura atua perma-nentemente no intuito de neutralizá-lo. E, no Brasil, a avicultura sempre usou bons argumentos para combatê-lo.

    O Professor Antônio Mario Penz, da Universida-de Federal do Rio Grande do Sul, foi um dos primei-ros a se dedicar ao tema e a demonstrar – de forma técnica, com argumentos indiscutíveis – que a pro-dução de frangos não precisa (como nunca preci-sou) de hormônios. Mario Penz pode ser identifica-do como a locomotiva técnico-cientifica em torno da dispensabilidade absoluta do uso de hormônios. Justificável, pois, que se revele contrariado com a solução encontrada (vide, a propósito, suas posições à página 27).

    Contrariada, também, está a maioria do empre-sariado produtor de carne de frango. Que, consulta-do, prefere não se manifestar sobre a questão, pois – é a afirmação mais comum – “resta aguardar o de-senrolar dos fatos”. Há ainda quem apenas sugira “ler o manifesto da minha entidade estadual”.

    Mas há também quem não se negue a expor sua opinião. Como Roberto Kaefer, da Globoaves, que lamenta, “após décadas trabalhando para desmitifi-car o uso de hormônio”, a avicultura enveredar “por um caminho que pode ser perigoso”. Kaefer tam-bém observa que mesmo a utilização da frase auto-rizada pelo Ministério da Agricultura é arriscada, pois ela está sujeita a uma dupla interpretação:

    “Ao afirmar, na embalagem do meu produto, que não uso hormônios como determina a legisla-ção [de 2004], deixo subentendido que antes dela utilizava e que se não fosse a lei poderia estar usan-do. É uma atitude constrangedora para a avicultura, pois não representa a verdade”.

    Igualmente constrangedora, para Kaefer, é a for-ma como a questão foi colocada nos comerciais de televisão - apenas com a expressão “sem hormô-nios” e nenhuma alusão à legislação. “Sou contra esse tipo de ação, inclusive porque insinua que os demais, possivelmente, usem hormônios. É algo contra o qual entidades representativas da classe e mesmo o governo (que baixou a legislação) deve-riam agir”.

    Já Erico Pozzer, Presidente da Associação Paulis-ta de Avicultura, vê sem reservas o caminho adota-do. Para ele, a discussão gerada é apenas parte do processo: “em pouco tempo estará superada e a avi-cultura vai sair ganhando”.

    No entender de Pozzer, a utilização por todos da frase ‘sem uso de hormônio, como estabelece a le-gislação brasileira’ vai inibir declarações inverídi-cas: “Na mídia há muitos comentários e entrevistas de gente que deveria saber que não há hormônio no frango, mas ignora essa realidade. Agora vamos dei-xar explicito que não tem. Acredito que dentro de um ano não teremos pessoas sem informações cien-tíficas falando bobagem nos canais de comunicação e vamos enterrar o assunto”.

    De toda forma, Erico Pozzer deixa uma ressalva: “A permissão para uso da frase tem de valer pra todo mundo. Deve valer para quem tenha inspeção fede-ral ou estadual”.

    Entre os participantes do fórum aberto no AviSi-te, surgiu essa mesma questão. Um leitor postou: “É

    Professor Mario Penz foi um dos primeiros a se dedicar ao tema e a demonstrar que a produção de frangos não precisa de hormônios

    Exemplo de embalagem da Sanderson Farms dos EUA, onde é possível ler “USDA proíbe o uso de hormônios e esteróides no frango”

  • 27Produção Animal Avicultura

    Durante bom tempo, quando apenas iniciava o arranque que, anos depois, a guindaria às posições de terceira maior produtora mundial de carne de frango e líder mundial na exportação do produto, a avicultura de corte brasileira “bateu cabeça” para posicionar-se e tentar responder às primeiras menções de uso de hormônios na criação do frango.

    Foi então que surgiu o grande subsídio que deu à atividade a oportunidade de demonstrar a falsidade da afirmação: um estudo técnico elaborado por um jovem professor de Nutrição Animal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Antônio Mário Penz Jr.

    Esse estudo “caiu no colo” da avicultura perto de um quarto de século atrás. Mas até hoje se mantém atual. E, com certeza, corresponde à matéria mais reproduzida no setor em todos os tempos. Fez mais: forçou Mário Penz a transformar-se em verdadeiro catedrático do não-uso de hormônios na avicultura, pois, a partir da divulgação do estudo, passou a ser solicitado a participar de congressos e eventos da classe para abordar a questão.

    Com isso prestou (e ainda presta) à avicultura brasileira um serviço cuja valia é incomensurável. Mas que, desde o princípio de 2014, se encontra na berlinda, porque o setor decidiu adotar caminho que põe em dúvida tudo o que o Professor da UFRGS vem expondo e defendendo há mais de duas décadas. Daí sua contrariedade, como revelam os posicionamentos a seguir:

    Decisão equivocadaConsidero uma decisão indevida. Por várias razões, mas

    principalmente porque, ao permitir que as embalagens tragam tais informações (“sem uso de hormônio, como estabelece a legislação brasileira”), você leva o consumidor a entender que no passado havia hormônios na alimentação dos frangos. Fica subentendido que usavam e agora deixaram de usar [como determina a legislação]. Isso acaba com o trabalho de todos os pesquisadores do mundo inteiro, que vêm provando, através de estudos, que a produção industrial não utiliza hormônios na alimentação do frango.

    Sob esse aspecto é importante destacar que o correto é dizer que não há utilização de hormônio na alimentação do frango e não simplesmente dizer que a produção não tem hormônio. Nunca aconteceu o uso de hormônios na alimentação dos frangos em nenhuma circunstância na produção industrial. Ressaltando: a informação correta a ser divulgada é que não existe hormônio na alimentação das aves.

    E quem não tem acesso aos meios de comunicação?

    Nem todas as empresas avícolas brasileiras terão acesso aos meios de comunicação devidos para informar seus clientes de que nunca usaram e não usam hormônio na alimentação do

    frango. E isto causa uma discriminação natural, na medida em que gera uma propaganda enganosa.

    Da mesma forma, a simples rotulagem nas embalagens dizendo que os frangos não usam hormônio - e isso é um direito apenas de quem tem SIF - não vai tirar a dúvida do cliente, porque talvez ele nem veja isso na embalagem e porque é um conflito com a lei, que já diz que não se pode usar.

    O mito está presente no mundo inteiroOutra questão importante: Esse expediente já foi

    empregado nos EUA e os americanos continuam com a mesma dúvida que os brasileiros e os consumidores de frango no mundo todo. Continuam com essa crença. A permissão para uso de mensagem similar nos Estado Unidos aconteceu há seis ou sete anos. Fiz a fotografia de uma embalagem em um supermercado dos EUA com essa informação.

    Não foi o melhor caminhoConcluo dizendo que essa decisão traz mais confusão do

    que entendimento ao consumidor. A Sadia se vale de uma oportunidade mercadológica. Com

    sua força e penetração nacional consegue estabelecer esse tipo de informação. Mas como ficam os demais produtores? Que também não utilizam hormônio, mas não conseguirão chegar com a mesma força de marketing a todos os seus consumidores. Essa é a questão central. Vai fazer com que todos tenham que fazer o mesmo que fez a Sadia.

    Pra mim, essa solução não cabe porque é uma justificativa indevida. Não vamos ficar protegidos.

    Temos que defender a indústria avícola nacional como um todo

    Desde o primeiro texto que divulguei, o primeiro trabalho que publiquei, há mais ou menos 22 anos, sempre defendi que se usassem os meios de comunicação - os mesmos que estão sendo usados agora pelas grandes empresas - para explicar para a população em geral a maneira como se produz frango - sem o uso de hormônio na alimentação. O que está sendo feito agora é um beneficio para poucos.

    Como pesquisadores, técnicos e empresários, temos que defender a indústria avícola brasileira como um todo.

    Seria melhor retroceder. Não é nenhum demérito!

    Voltar atrás em decisões indevidas não é um demérito. A Ubabef e as autoridades preferiram seguir um caminho que poderia simplificar esta polêmica. Entretanto, não acredito que atingiram o objetivo central da proposta e, para tal, quem sabe faltou promover uma discussão mais ampla, envolvendo mais pessoas.

    Mário Penz: a opinião de um “catedrático” na questão

  • Mito dos hormônios

    28 Produção Animal Avicultura

    preciso se dizer que nenhum abatedouro de frangos, seja ele com inspeção federal ou não, faz uso de hor-mônios. Como fica esta situação?”

    O esclarecimento a respeito é prestado por Lean-dro Feijó, Fiscal Federal Agropecuário, Diretor do DIPOA Substituto. Ele ressalta:

    “Considerando a legislação federal vigente, são estabelecidos três níveis de inspeção: federal, esta-dual e municipal, não podendo existir dupla fiscali-zação. Assim, a autorização fornecida pelo Mapa pode somente atingir os estabelecimentos de carne de aves registrados no Serviço de Inspeção Federal - SIF, não tendo poder legal para os demais níveis de inspeção. A utilização desta frase por estabeleci-mentos registrados no SIE e SIM depende exclusiva-mente de autorização por parte daquelas autorida-des sanitárias”.

    Sobre os questionamentos que podem surgir no consumidor em virtude do uso da mensagem sobre o não uso de hormônios, Feijó diz: “Acompanho esta questão no MAPA por mais de 10 anos e posso afirmar que nunca foram detectados resíduos de anabolizantes em carne de frango no Brasil. É natu-ral e previsível que neste primeiro momento alguns consumidores tenham este tipo de reação e colo-quem em dúvida esta verdade, pois muitos cresce-ram ouvindo na mídia e até mesmo dentro de casa

    A afirmação e a pergunta acima são título de um trabalho publicado pelo Serviço de Extensão da Universidade Estadual do Mississippi (MSU, EUA) em 2013. Um trabalho, aliás, que serve para demonstrar que o mito dos hormônios em frango não é exclusividade brasileira – ecoa também nos EUA e, na verdade, no resto do mundo.

    Tentando explicar a origem desse mito, os extensionistas da MSU a relacionam ao fato de, nos EUA, a administração de hormônios ser perfeitamente legal na pecuária de corte – o que pode ter levado a opinião pública a entender que isso se estende também à avicultura de corte.

    Não é bem assim, pois na avicultura o uso de hormônios é proibido. Mas nem precisava proibir. Porque – é explicado – hormônios de crescimento são proteínas que funcionam similarmente à insulina, usada no tratamento da diabetes: se fosse administrada por via oral, seria decomposta no trato digestivo, como ocorre com todas as proteínas.

    Em outras palavras, para estimularem o desenvolvimento dos frangos, os hormônios deveriam ser administrados por via injetável. Mesmo assim, para alcançarem a eficiência desejada, precisariam ser aplicados em várias doses diárias. Algo logisticamente impensável, sabendo-se que mensalmente são criadas e abatidas, mundialmente, alguns bilhões de cabeças de frango.

    Então, como agir para desfazer o mito? O trabalho dos extensionistas da Mississippi University ressalta que a avicultura precisa dar o melhor de si para poder transmitir ao consumidor informações factuais capazes de combater a confusão, os mitos e as falsas afirmações em torno do uso de hormônios na produção de frangos.

    Abaixo, o texto final da publicação, concluída com um chamamento à avicultura:

    “A única verdade é que nenhum hormônio é utilizado na produção avícola. Mas se quiser ser ouvida, a avicultura precisa gritar. Ainda que a verdade fale por si só”.

    Frangos não recebem hormônios de crescimento. Então, porque tanta confusão?

    Roberto Kaefer: Após décadas trabalhando para desmitificar o uso de hormônio, a avicultura enveredou por um caminho perigoso

  • 29Produção Animal Avicultura

    sobre este mito. O importante é que a verdade foi colocada oficialmente pelo MAPA, à luz de dados oficiais e embasados na melhor ciência disponível, para que os consumidores passem a entender o pro-cesso e ter garantias oficiais, e não baseadas em mi-tos, de que a carne de frango produzida no Brasil é segura”.

    O Diretor do Dipoa também avalia que agora cabe às agroindústrias e associações representativas do setor iniciar uma campanha publicitária em to-dos os meios de comunicação de massa para dar continuidade ao aporte de informações claras e ob-jetivas ao consumidor, a fim de que o mesmo possa vir a ter ou ampliar sua confiança nesta questão. “A desconstrução de um mito que perpetuou por tão longo tempo na vida das pessoas não é uma tarefa fácil, mas era necessário dar o primeiro passo”, fina-liza.

    Sobre os aspectos técnicos, vale dizer que o uso da mensagem que aqui se discute é facultativo e deve estar presente no painel secundário dos rótu-los de produtos de carne de aves das empresas regis-tradas sob a égide do Serviço de Inspeção Federal - SIF, mediante o atendimento de legislação específi-ca que rege esta questão (Instrução Normativa n. 22/2005, item 2.18.3).

    A UBABEF esclarece que antes de efetuar qual-quer consulta ao Ministério da Agricultura realizou uma pesquisa que revelou que 72% dos brasileiros acreditam que são utilizados hormônios na criação de frangos. “Em um contexto assim, informar no rótulo o não uso de hormônios deixou de ser um simples esclarecimento, se transformando em ne-cessidade real para a manutenção dos níveis de con-sumo de carne de frango no futuro. Informar e ser transparente com o consumidor é uma obrigação das empresas, mas também é uma questão de sobre-vivência”, afirma Francisco Turra, presidente da en-tidade. Turra também conta que a escolha da frase foi planejada e feita com cautela. “A mensagem é simples e equilibrada, valoriza de forma homogênea

    todas as agroindústrias avícolas – afinal, todas são obrigadas a cumprir a lei. Ao mesmo tempo, lembra que há um órgão regulador acima das próprias em-presas zelando pela qualidade do produto”.

    Para finalizar, ele completa: “Muitos abandona-ram alimentos com glúten e gordura trans por conta deste maior interesse pelo rótulo. Neste contexto, informar pelo rótulo – em uma mensagem direta ao consumidor – que a carne de frango não utilizou hormônios para ser produzida é absolutamente ade-quado”.

    Entre todos os profissionais ouvidos para esta re-portagem impera a opinião de que é preciso investir em marketing para falar diretamente ao consumi-dor da carne de frango. Erico Pozzer fala em uma campanha de nível nacional. A própria UBABEF acredita que o mito dos hormônios se criou pelo fato de o setor nunca ter realizado uma campanha ampla e agressiva para esclarecer de forma incisiva que a ideia de uso de hormônios na criação é abso-lutamente equivocada.

    Registre-se que a avicultura investe sim em ma-rketing e em ações de esclarecimentos. A entidade que representa os produtores e exportadores brasi-leiros de frango e as associações estaduais têm atua-do neste sentido.

    O importante é que as campanhas de marketing possam trabalhar pelo bem comum da avicultura, e não pelo ganho imediato de uma só empresa, que pode colocar em cheque a credibilidade de todo o setor.

    Mito dos hormônios não é exclusividade brasileira: no mundo inteiro a avicultura atua permanentemente no intuito de neutralizá-lo

    Leandro Feijó: É natural e previsível que neste primeiro momento alguns consumidores coloquem em dúvida a não utilização de hormônios

  • 30

    Informe Técnico-Empresarial

    Produção Animal Avicultura

    O uso da metodologia de ELISA para o manejo sanitário de aves tem sido amplamente aceito como importan-te ferramenta na monitoria da res-posta imune vacinal.

    Devido à falta de guias de interpretação de resul-tados de ELISA em monitorias sorológicas pós-vaci-nação, questões práticas como “qual título e qual coeficiente de variação posso esperar após a vacina-ção?”, “Consigo diferenciar um bom protocolo vaci-nal de um ruim utilizando o ELISA?”, “Quais títulos conferem de fato a proteção do animal pós vacina-ção?”, são frequentemente deixadas sem resposta.

    Sabe-se que doenças podem ocorrer mesmo em aves vacinadas. A questão é saber se isso é ou não devido à qualidade da vacina. Pode ser que sim, mas o que ocorre mais frequentemente são surtos devi-do ao precário manuseio do animal e/ou da vacina durante a aplicação, principalmente quando lida-mos com vacinas vivas como as contra bronquite (IBV) e Newcastle (NDV) e também em protocolos de vacinação em massa (água de bebida ou spray), nos quais o sucesso da vacinação nem sempre é imi-nente, uma vez que é muito difícil garantir que 100% das aves receberam a dose efetiva. Nessas si-tuações a avaliação do sucesso na vacinação é muito importante.

    Além disso, a monitoria da resposta vacinal é um mecanismo de controle de qualidade, pois nos ajuda a detectar e diagnosticar falhas vacinais e, conse-quentemente, a tomar as devidas medidas corretivas. Isso é o que nos permitirá melhorar, otimizar e man-ter a eficiência do programa vacinal adotado pela granja.

    Para se garantir uma interpretação bem sucedida dos resultados de ELISA de uma monitoria sorológica algumas condições devem ser seguidas:

    Controles de referência externos devem ser utili-zados pelo laboratório de forma a garantir a repro-dutibilidade e precisão dos resultados e, por con-sequência, a correta interpretação dos mesmos. Sem soros controle de referência não é possível sa-ber se títulos anormais foram resultado de erro de técnica ou se foram o reflexo do estado imunoló-gico das aves a campo;Deve-se saber previamente qual resultado esperar do teste, neste caso é importante manter históri-cos de vacinações bem sucedidas e interpretar os resultados através da comparação dos títulos re-gistrados nestes históricos;Deve-se saber qual medida tomar caso os resulta-dos não sejam o esperado.

    A interpretação dos resultados de vacinações tem sido feita, atualmente, através da avaliação de três componentes principais da resposta de anticorpos pós-vacinais, que são:

    Intensidade da resposta, indicada pelo título mé-dio do lote. As aves desenvolveram títulos dentro do que se espera da vacina utilizada? Daí a impor-tância de se manter histórico dos títulos obtidos em protocolos de vacinação bem sucedidos e, uma vez que esses históricos podem variar de acordo com o tipo de aves, idade, tipo de vacina, protocolo de vacinação, etc., cada aviário deve de-senvolver seu próprio banco de dados dos títulos obtidos em vacinações anteriores;Uniformidade da resposta, indicado pelo coefi-ciente de variação (CV). A vacina atingiu todos os animais ou não? O CV está dentro do esperado ou

    Como a monitoria pelo ELISA pode melhorar seus resultados vacinais?

    Autor: Bart van Leerdam, BioChek BV, The Netherlands

    Tabela 1: CV esperado após a vacinação

  • 31Produção Animal Avicultura

    há espaço para melhora? A tabela 1 mostra, no ge-ral, qual o CV esperado após a vacinação. É im-portante ter em mente que vacinas vivas contra IBV e NDV costumam apresentar maior variação, neste caso o CV obtido em uma boa vacinação é entre 40 e 70% e não

  • Produção Animal Avicultura32

    Saúde Animal

    Sistema imune e

    salmonelasCom temas em

    paralelo, cursos da Facta auxiliam o setor avícola a se proteger

  • 33Produção Animal Avicultura

    Entender o sistema imune proporciona

    compreender a patogenia das doenças,

    buscando as melhores formas de tratamento,

    controle e prevenção

    A o ser eleito Presidente da Diretoria Exe-cutiva da Fundação Apinco de Ciência e Tecnologia Avícolas (FACTA) ao lado de outros dois catedráticos - a Professora Dra. Irenilza de Alencar Naas no cargo de Diretora de Publicações; e o Profes-

    sor Dr. José Fernando Machado Menten no cargo de Diretor Executivo – o Professor Dr. Marcos Macari afir-mou, em entrevista à Revista do AviSite, que uma das metas para 2013 seria organizar mais cursos e simpó-sios, seja por demanda ou iniciativa da própria funda-ção.

    No ano de 2013, a entidade ofereceu dois cursos para a comunidade acadêmica: Sistema imune das aves – entender para proteger e Impacto da salmonella na avicultura. Temas que não poderiam ser mais atuais, vide os recentes surtos de salmonelas enfrentados pela avicultura brasileira (leia sobre o curso Impacto da salmo-nela na página XX).

    No encontro sobre sistema imune, realizado em ou-tubro de 2013, em Campinas, SP, os participantes tive-ram a oportunidade de compreender os mecanismos básicos de defesa imunológica das aves e ter contato

  • 34

    Saúde Animal

    Produção Animal Avicultura

    com temas mais avançados e específicos. Segundo o palestrante Wanderley Quinteiro,

    do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, a ideia de todo o curso de imunologia foi “mostrar para os profissionais que militam na avicultura que compreender o sistema imune pode ser mais importante do que realmente vem sendo sugerido”.

    Para ele, entender o sistema imune proporciona compreender a patogenia das doenças, buscando as melhores formas de tratamento, controle e preven-ção. “O sistema imune é extremamente complexo e

    dinâmico. Compreender suas bases é essencial para o desenvolvimento de uma avicultura

    moderna e competitiva”, ressalta. Helio José Montassier, da Faculda-

    de de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista, também fala sobre a importância dos estudos acerca do sistema imu-ne das aves: “Taxas de crescimento acelerado têm submetido as aves a várias pressões, entre elas a necessi-dade de derivarem a maior parte da

    energia proveniente da alimentação para o crescimento, o que traz dificul-

    dades adicionais ao funcionamento nor-mal de vários sistemas biológicos impor-

    tantes, inclusive o sistema de defesa contra os

    agentes infecciosos. Além disso, sabe-se que as do-enças infecciosas exercem na avicultura um im-pacto significativo acarretando perdas econômicas severas no mundo todo”.

    Ele completa: “Portanto, o conhecimento dos componentes estruturais moleculares e celulares e dos principais mecanismos de funcionamento da imunidade inata e da adaptativa são cruciais para a definição e desenvolvimento de compostos imuno--moduladores (como os prébióticos, probióticos, fi-toterápico e outros.) e também de vacinas e esque-mas de vacinação mais efetivos”.

    A Revista do AviSite entrou em contato com cada um dos palestrantes que participaram do curso so-bre sistema imune e solicitou um resumo de suas apresentações. Parte deste material está aqui pre-sente. A íntegra dos textos está disponível através do link www.avisite.com.br/revista/materias/siste-maimune.html.

    Em tempo: Para 2014 a Facta programou três diferentes cursos: de Nutrigenômica, marcado para os dias 27 e 28 de maio; sobre Integridade Intesti-nal, nos dias 21 e 22 de outubro; e, fechando o ano, um Curso de Vacinologia, a ser realizado entre os dias 10 e 11 de novembro (leia mais na seção de eventos, página 6).

    Entremeando esses três cursos, a Facta realiza outros dois eventos de alto nível técnico. Em abril próximo (dias 24 e 25 de abril, Hotel Vitória, Cam-pinas, SP), Workshop sobre Influenza Aviária, o terceiro da série iniciada em 2002. E no mês de agosto (18 a 20, Tauá Resort, Atibaia, SP), a Confe-rência Facta 2014 de Ciência e Tecnologia Avícolas.

    Luiz Felipe: Tudo aquilo que inicia bem, tem potencial para crescer e terminar bem

    Palestrantes de peso presentes nos encontros organizados pela Facta: Luiz Felipe Caron, Antônio Piantino e Helio Montassier

  • 35Produção Animal Avicultura

    Sistema imuneLuiz Felipe Caron A resposta imune inataProfessor adjunto da Universidade Federal do Paraná

    Os resultados e o desempenho dos animais es-tão associados a um equilíbrio muito fino entre componentes que vão de detalhes moleculares ex-plorados até a competência do indivíduo envolvi-do no manejo diário.

    Deve-se ter a consciência de que tudo aquilo que inicia bem, tem potencial para crescer e terminar bem. Começar bem quando se trata de sanidade ou da saúde do indivíduo, e consequentemente da po-pulação, pode significar a primeira estratégia ou momento para reconhecer e controlar as agressões de vírus, bactérias e protozoários, por exemplo.

    Este momento ou estes componentes caracteri-zam o sistema imunológico inato, quando o ani-mal reage de forma “mais” inespecífica contra as agressões rapidamente, afinal as defesas precoces garantem os menores custos no futuro. O desen-volvimento do embrião é garantido pela qualidade e esterilidade do ovo, o que é alcançado com as barreiras físicas, como a casca e as químicas.

    Helio MontassierCélulas e tecidos do sistema imunológicoProfessor da FCAV /Unesp

    Na organização do sistema imune e para que se expresse a sua plena capacidade de fazer a defesa de um organismo vertebrado superior, há a necessida-de da existência de elementos celulares e molecula-res especiais.

    Dentre os componentes celulares destacam-se as células fagocíticas, células indutoras de respos-tas inflamatórias, células citotóxicas, células apre-sentadoras de antígenos (células dendríticas e ma-crófagos) e principalmente as células imunocom-petentes do sistema imune adaptativo, isto é, os linfócitos T e B.

    Respostas Imunológicas à Vacina Viral – Modelo BIG

    A principal porta de entrada da infecção pelo vírus da bronquite infecciosa (VBI) é a mucosa do trato respiratório superior, em especial a mucosa da traqueia, o que destaca a grande relevância em

    Helio Montassier: BIG pode ser eficazmente prevenida pela administração de vacinas vivas atenuadas

  • 36 Produção Animal Avicultura

    Saúde Animal

    se procurar entender os mecanismos essenciais de proteção contra a infecção do trato respiratório por esse vírus em galinhas, os quais têm sido definidos como a habilidade de o sistema imune conferir re-sistência à traquéia contra a infecção por este ví-rus, impedindo, assim, que ocorra a replicação vi-ral e as consequentes lesões histológicas severas na traqueia, bem como a completa ciliostase no epité-lio desse mesmo órgão.

    Um aspecto interessante a destacar é que a bronquite infecciosa das galinhas (BIG) pode ser eficazmente prevenida pela administração de vaci-nas vivas atenuadas, através da aplicação por dife-rentes vias mucosas, mas não quando são utiliza-das apenas vacinas inativadas administradas por via parenteral, isto é, sistemicamente. Isso reforça a tese de que a imunidade no compartimento das mucosas é essencial para conferir proteção eficaz contra esse vírus.

    Outro aspecto de grande interesse, no que con-cerne ao aprimoramento das vacinas contra o VBI, é levar em consideração a possibilidade de serem

    desenvolvidas vacinas capazes de conferir um maior espectro de proteção contra as estirpes

    variantes desse vírus que constantemente es-tão surgindo em decorrência das elevadas ta-xas de mutação e recombinação.

    Alessandro Farias Imunologia de mucosa em avesDepartamento de Genética, Evolução e Bioa-

    gentes, Instituto de Biologia da UNICAMP

    A camada superficial que reveste os apare-lhos digestório, respiratório e reprodutivo é com-

    Ativa participação do público viabilizou a troca de experiências entre os profissionais da área de diversas empresas e entidades de pesquisa

  • 37Produção Animal Avicultura

    posta pelo epitélio que é suportado por um tecido de lâmina própria.

    A combinação desses dois tecidos forma a mu-cosa. A combinação das superfícies das mucosas do intestino do trato respiratório e reprodutivo repre-sentam, de longe, a maior superfície de contato com o ambiente externo. A combinação dessas mu-cosas pode ser considerado o maior órgão do siste-ma dos vertebrados. Além da barreira física promo-vida pelo epitélio é importante considerar as bar-reiras químicas, como é o caso do muco produzido pelas mucosas. O muco apresenta característica visco-elástica e tem importantes funções imunoló-gicas.

    Wanderley QuinteiroResposta Imunológica de Linfócitos B: Ativação e produção de anticorposFaculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP

    A história da imunologia aviária é fascinante; porém, os imunologistas consideram que os estu-dos aplicados às aves estão em seus estágios ini-ciais. O desenvolvimento de novas vacinas e estra-tégias de controle da doença através de terapias que utilizam substâncias ou organismos imuno-moduladores, somado a importância de se manter a saúde e o bem-estar de aves, mostram a necessi-dade da melhor compreensão dos mecanismos imunológicos de aves.

    Um dos marcos na imunologia aviária deve-se às descobertas no desenvolvimento e atividade de linfócitos B, célula chave para o desfecho da imu-nidade contra patógenos, à produção de anticor-pos. De maneira geral, a palestra ministrada no

    curso de imunologia da FACTA teve como objetivo principal trazer as bases da imunidade humoral, estudando os processos de diferenciação e prolife-ração dos linfócitos B, seguindo pelas etapas de ati-vação e maturação dos linfócitos B até a produção de anticorpos.

    Ramon Kaneno: Células NK atuam como a primeira linha de defesa contra patógenos que exigem o desenvolvimento de resposta imune celular

  • 38

    Saúde Animal

    Produção Animal Avicultura

    Ramon KanenoParticipação de células dendríticas e células natural killer na resposta imuneDepartamento de Microbiologia e Imunologia – Insti-tuto de Biociências de Botucatu – UNESP

    Nesta palestra foram abordadas as característi-cas morfológicas e funcionais de dois tipos celula-res da imunidade inata das células natural killer (NK), que participam das barreiras primárias de defesa, e as células dendríticas (DC), fundamentais para iniciação de uma resposta imune adaptativa.

    As células NK foram originalmente descritas em camundongos em 1973, sendo caracterizadas como uma população de células com atividade ci-totóxica natural contra células tumorais com as quais os animais jamais haviam tido contato. As-sim, essa atividade citotóxica não exigia sensibili-zação prévia do hospedeiro por exposição à célula alvo.

    Nas aves, a atividade citotóxica dessas células assemelha-se ao que se observa nos mamíferos e tem sido reportado que a atividade NK é dirigida a células infectadas por vírus, como no caso de célu-

    las linfoides transformadas pelo vírus da doença de Marek (MDV) ou o sarcoma induzido pelo vírus de Rous (RSV). Assim, as NK atuam como a primei-ra linha de defesa contra patógenos que exigem o desenvolvimento de resposta imune celular.

    Claudete Serrano Astolfi FerreiraApresentação de antígenos a linfócitos TFaculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP

    Na ave, existem três populações de linfócitos T (LT), que dependem do timo para sua diferencia-ção: o LTCD4+ (auxiliar ou helper), o LTCD8+ (ci-totóxico) e o linfócito T intra epitelial.

    Os linfócitos TCD4+ e LTCD8+ não se ligam a uma proteína na sua conformação natural, por isso dependem da presença de células apresentadoras de antígeno (macrófagos, células dendríticas), que apresentam peptídeos ligados a moléculas do com-plexo principal de histocompatibilidade (MHC) em sua superfície celular.

    Também é necessária a presença de moléculas acessórias: o complexo CD3, o dímero zeta (ζζ), a molécula CD4 ou CD8, que . O peptídeo ligado ao MHC poderá ativar linfócitos T ou induzir ao fenô-meno de tolerância.

    Maturação e diversidade de linfócitosLinfócitos são células importantes na resposta

    imunológica adaptativa da ave. A sua maturação envolve diferentes microambientes e moléculas (fatores de crescimento, fatores transcricionais, quimiocinas, citocinas, receptores) no seu desen-volvimento embrionário.

    Na palestra, a formação da região intra aórtica e da região para aórtica do embrião foi abordada, assim como, a importância da região para aórtica no desenvolvimento de célula hematopoiéticas para a colonização de diversos órgãos hematopoié-ticos rudimentares.

    SalmonelasO Curso de atualização sobre salmonelas reali-

    zado em novembro, também em Campinas, SP, contou com a presença de 230 seletos participan-tes que acompanharam uma programação escolhi-da a dedo para debater os principais temas referen-tes às salmoneloses. Tópicos sobre monitoria, diagnóstico, controle e prevenção do patógeno fo-ram abordados em palestras e debates por especia-listas provenientes da indústria avícola, universi-dades e serviço oficial. O curso foi amplamente aprovado pelo público gabaritado e foi considera-do um dos melhores promovidos pela Facta.

    Claudete Ferreira: Ave conta com três populações de linfócitos T, que dependem do timo para sua diferenciação

  • 39Produção Animal Avicultura

  • 40

    Saúde Animal

    Produção Animal Avicultura

    Para Lenise de Souza, da Pas Reform, que parti-cipou do curso como palestrante, o encontro en-globou vários aspectos de toda a cadeia produtiva avícola. “Situações reais e atuais foram levantadas e discutidas de uma forma clara e objetiva por pro-fissionais que realmente têm conhecimento de causa”.

    Ela completa dizendo que a ativa participação do público de alto gabarito também contribui para o sucesso do evento, já que, desta forma, se viabi-lizou a troca de experiências entre os profissionais da área de diversas empresas e entidades de pes-quisa.

    “Situações críticas pela qual a avicultura tem passado foram levantadas e suas ações debatidas de uma forma aberta. Acredito que tudo o que foi ex-posto provocou grandes reflexões a respeito do ce-nário da sanidade avícola nacional. Reflexão que se fez necessária no momento em que se constatou que conceitos básicos sanitários andaram sendo minimizados e até mesmo esquecidos”, declara.

    Melina Bonato, Coordenadora de P&D da ICC, explica que a contaminação por Salmonella é uma realidade no campo e a maior preocupação dos produtores e da indústria é a transmissão deste pa-tógeno ao consumidor, via carcaça contaminada. Assim, o controle de Salmonella para garantir a biossegurança alimentar é imprescindível (leia mais na página 42).

    Dois painéis complementaram os temas discu-tidos por especialistas provenientes da indústria avícola, do meio acadêmico e do serviço oficial. O primeiro painel trouxe Paulo Lourenço, professor da Universidade Federal de Uberlândia, para falar sobre o controle das salmonellas da produção ao processamento na matriz reprodutora. O acadêmi-co conta que a salmonela continua sendo uma das principais causas de doenças transmitidas por ali-mentos (DTA) por apresentar riscos à saúde pública e animal. “Embora seja subnotificada em muitos países, a associação entre infecções por salmonelas e as aves têm uma longa história”. Segundo ele, há cinco décadas a pulorose e o tifo aviário (salmone-las hospedeiro-específica) eram causas comuns de mortalidade em galinhas e perus e o desenvolvi-mento da indústria foi adiado até que estas doen-ças fossem controladas. “Posteriormente, surgiram problemas diferentes com o crescente isolamento de salmonelas hospedeiros não específicos em pro-dutos avícolas envolvidos com casos de salmonelo-se humana”.

    Paulo Lourenço também declara que, nos últi-mos anos, tem sido bem reconhecido que as infec-ções por salmonelas constituem-se em séria amea-ça para a produção avícola em todo o mundo. Me-didas adequadas de controle são necessárias para minimizar a transmissão de salmonelas de uma ge-ração para outra, em reprodutoras pesadas e leves e em perus”.

    Ele conclui dizendo que este controle começa com um rigoroso monitoramento das salmonelas em reprodutores primários, vinculado à monitoria intensiva e testes em aves e o seu ambiente de cria-ção. “De igual forma, também é necessário um controle rigoroso na fabricação da ração, e adequa-do programa de higienização (limpeza + desinfec-ção) das instalações e equipamentos e controle de pragas”, afirma.

    Lenise de Souza e Antônio Piantino, da Facul-dade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Uni-versidade de São Paulo, foram outros nomes que complementaram a mesa. Os especialistas mostra-ram as ferramentas de controle na produção de ma-trizes, no incubatório e no desenvolvimento do pintinho até o frango, respectivamente. Já a con-sultora Simone Hermann falou sobre a etapa final, do abate ao processamento.

    A pesquisadora do Instituto Biológico de Bas-tos, Nilce Maria Soares, apresentou o tema controle da Salmonela na produção de ovos comerciais. A profissional conta que o controle da infecção das aves por Salmonella sp. continua sendo imprescin-dível para que a indústria de produção de ovos atinja e mantenha seu objetivo de aumento do consumo pela população brasileira. “Atualmente,

    Para a obtenção de sucesso no programa de controle de salmonela, a identificação de fatores de risco é de extrema importância

  • 41Produção Animal Avicultura

    além de controlar a enfermidade clínica que está acometendo as aves, se tem de forma mais intensa a preocupação de impedir a presença de salmone-las nos lotes de galinhas, para resguardar a saúde das aves e evitar a contaminação dos ovos”.

    Nilce avisa que a ineficiência do controle e da prevenção da salmonelose pode ser verificada prin-cipalmente nas regiões tradicionais de produção de ovos, onde o crescimento da avicultura é bastante intenso e dinâmico. “A ocorrência da doença é comprovada pelo crescente número de casos rela-tados no Brasil, principalmente nos últimos dois anos”.

    Ela logo ressalta: “Para a obtenção de sucesso no programa de controle de salmonela, a identifi-cação de fatores de risco é de extrema importância. Estes podem ser relativos ao comportamento do mercado, às aves (de todas as idades), ao manejo re-alizado e às instalações”.

    Alberto Back, do Mercolab, conta que o controle de salmonela exige comprometimento continuado de todos os segmentos envolvidos: produtor, indús-tria, técnicos e governo. Ele faz um alerta: “Recente-mente, enfrentamos vários surtos de salmonelose tífica e paratífica. E nestes episódios constataram-se

    casos de desatenção, falta de experiência e princi-palmente monitoramento insuficiente. Aliados a es-tas falhas, nem sempre foram usados os materiais mais adequados para diagnóstico e monitoria”.

    Para finalizar o curso da Facta sobre salmone-las, especialistas de algumas das empresas de bioló-gicos fornecedoras de vacinas mostraram as opções existentes e seus portfólios para a prevenção da en-fermidade nos plantéis. As empresas que apresen-taram suas soluções foram: Biovet, Ceva, Hipra, MSD, Lohmann, Merial, Zoetis e Biocamp.

    A Revista do AviSite também entrou em contato com os palestrantes que participaram do curso so-bre sistema imune. O resumo das apresentações está disponível em www.avisite.com.br/revista/materias/salmonellas.html.

  • Saúde Animal

    42 Produção Animal Avicultura

    Parede celular de levedura como ferramenta de

    biossegurança alimentar

    Há alguns anos diversas alternativas ao uso de antibióticos vêm sendo testadas e utilizadas comercialmente na avicul-tura. No entanto, devemos considerar um conjunto de fatores do metabolis-mo animal para atingir o melhor cus-

    to/benefício. Dentre estas alternativas, destacam-se as paredes celulares que são derivadas de levedura (Sac-

    charomyces cerevisiae) e são compostas de beta-gluca-nas e mananoligossacarídeos (MOS).

    Os beta-glucanas são conhecidos por modularem a resposta imunológica dos animais, e o MOS por sua ca-pacidade de aglutinação de patógenos. Vale lembrar que, para ter sua plena funcionalidade, as paredes celu-lares devem ter uma baixa digestibilidade no intestino, ou seja, seus carboidratos estruturais não serem degra-dados por enzimas.

    As aves, como os mamíferos, possuem o sistema imune inato e o adaptativo, sendo o primeiro respon-sável pelas respostas primárias, onde a resposta é rápi-

    da, n�