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Depois de 35 anos de sólida experiência, oferecemos: Soluções legais e avançadas na sua vida comercial; Controle e racionalização da massa trabalhadora; Reacção rápida e eficiente em circunstâncias traumáticas - disputas matrimoniais, falecimento de ente queridos, acidentes de percurso, e ataques cerrados de Autoridades Reguladoras Cambridge Office Park, Cnr. Kirby and Oxford St. Bedfordview * Tel: +27 11 622 0960 * 072 881 3970 * 010 023 0824 Cell: +27 (0) 72 153 6760 * E-mail: [email protected] Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com * Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2020 Suplemento Desportivo Entrevistas exclusivas ao Século - Futura CFO do Spur fala do trabalho, dedicação, excelência Candidato à Presidência do Sport Lisboa e Benfica traça planos do seu mandato Incêndios florestais devastam culturas no Estado Livre e Cabo Setentrional Hamilton vence em Portimão SLB recebe Belenenses SAD em dérbi lisboeta páginas 4, 5 e 6 páginas 8 Suplemento Desportivo PS perdeu maioria absoluta nos Açores página 11

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Depois de 35 anos de sólida experiência, oferecemos:Soluções legais e avançadas na sua vida comercial;Controle e racionalização da massa trabalhadora;

Reacção rápida e eficiente em circunstâncias traumáticas - disputas matrimoniais, falecimento de ente queridos, acidentes

de percurso, e ataques cerrados de Autoridades ReguladorasCambridge Office Park, Cnr. Kirby and Oxford St.

Bedfordview * Tel: +27 11 622 0960 * 072 881 3970 * 010 023 0824Cell: +27 (0) 72 153 6760 * E-mail: [email protected]

Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com * Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2020

Suplemento Desportivo

Entrevistas exclusivas ao Século

- FuturaCFOdo Spurfaladotrabalho, dedicação, excelência

Candidato à Presidência do Sport Lisboa

e Benficatraça planos

do seu mandato

Incêndios florestaisdevastam culturasno Estado Livre e Cabo Setentrional

Hamilton vence em PortimãoSLB recebe Belenenses SADem dérbi lisboeta

páginas 4, 5 e 6

páginas 8

Suplemento Desportivo

PS perdeu maioriaabsoluta

nos Açores página 11

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2 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 26 DE OUTUBRO DE 2020

Este fim-de-semana não consegui lar-gar a televisão. A transmissão integral detodos os aspectos do GP de Portugal deFórmula 1 foi brutal. Ver Portimão, a Praiada Rocha e toda a envolvência da serra edas colinas em torno do circuito, os so-breiros, as oliveiras, o céu e as cores dePortugal, na televisão, foram lindas. E,claro, a pista em si é brutal! Sobe, desce,é extremamente rápida e todos os pilotos,engenheiros e técnicos das dez equipasde F1 simplesmente apaixonaram-se porPortimão.

Portugal é único e maravilhoso e nãopensem que seja eu apenas a dizer, mastoda a gente, de várias partes do Mundoapaixonam-se pelo nosso país. Os pilotose equipa da Red Bull postaram na redesocial Twitter a frase “é um cliché, mas éum cliché tão saboroso! E quem somosnós para quebrar com a tradição?” comolegenda de uma fotografia dos pilotos AlexAlbon e Max Verstappen a comerem umpastel-de-nata.

Todos falaram em Cristiano Ronaldo,Eusébio, Amália Rodrigues e no Fado, vi-nho, peixe, muito peixe e a melhor gastro-nomia do planeta. E quem não se arrepi-ou e derramou uma lágrima de emoçãoao ver e ouvir “A Portuguesa” com aque-las guitarras portuguesas e a voz da CucaRoseta, que já cá esteve recentemente naÁfrica do Sul, a cantar, não tem pinga desangue! É que foi um momento único emágico. Com os comentadores televisivosda F1 a dizerem, “é simplesmente lindo earrepiante!”.

Temos tudo, mas é que temos tudomesmo para atrair, organizar e ter os mel-hores eventos do Mundo.

Em tempos normais, fora pandemias, oCampeonato do Mundo de Fórmula 1 tem,em média, cerca de 380 milhões de tele-spectadores por prova. No circuito em si,a média de espectadores ronda os 120mil espectadores. Já pensaram, os nos-sos governantes, no impacto positivo queisso terá para a economia do país? Écaro, sim! São precisos cerca de 15 a 20milhões de dólares por ano para obteruma prova no calendário de F1, mas oretorno é muito maior e mais duradouro.

E o Algarve é a região portuguesa idealpara o Grande Prémio de Fórmula 1. Temo aeroporto internacional do Algarve emFaro, Portimão é logo ali “ao virar da es-quina”. Praias, gastronomia, cultura e Por-tugal, segundo sabemos e foi mostradona televisão ontem, é oficialmente o paísmais antigo da Europa! E depois do fim-de-semana de prova, ficar em Portugal éum prazer.

Madeira, Açores, Norte de Portugal con-tinental, Centro, Alentejo, Lisboa, Porto,Coimbra... já percebeu, não percebeu oquero dizer ?

Portugal acelerouem todos

os aspectos!

O Meu Aparo!

por Michael Gillbee

CARLOS DA SILVAFotografia e Video

Cell 082 560 0744072 612 3017 * Fax (011) 616 2881E-mail: [email protected] * www.carlosfotos.com

O governo sul-africano através do Ministério daAdministração Interna (Department of Home Af-fairs) publicou na segunda-feira 19 de Outubroao final do dia, a revisão da lista de países inter-ditados de entrar na África do Sul. Portugal fez parte da lista de países interditados

de entrar na África do Sul, quando o país reabriuas fronteiras internacionais a partir do dia 1 deOutubro 2020, com o fim do confinamento paracombater o coronavírus.

A lista era composta por 57 países de todo oMundo devido ao número de casos activos deCovid-19. A lista é composta agora por 22 na-ções.

Num comunicado, o Home Affairs informou que“continuamos a ter consciência de que a pande-mia de Covid-19 continua connosco e necessita-mos de tomar todas as precauções para a com-bater. Na última reunião entre o ministro da Saú-de, Home Affairs e do Turismo reviram a lista depaíses interditados e foi feita de forma a equili-brar a necessidade de salvar vidas e salvar sus-tentos”, lê-se no comunicado.

O departamento também afirmou que nada sealtera no que respeita aos viajantes do continen-te africano. “Pessoas que podem entrar na Áfricado Sul são empresários, pessoas com visto dehabilidades e conhecimentos necessários para opaís, investidores e de pessoas com missões in-ternacionais no desporto, cultura, artes e ciên-cia”, adianta o comunicado.

“A isso, adicionamos o facto de haver pessoasque vêm à África do Sul por três meses passar oVerão enquanto o Inverno europeu”, acrescenta-se. Todos os viajantes são obrigados a mostrarum exame negativo à Covid-19. A lista de 22 países interditos de entrar na África

do Sul: Argentina, Alemanha, Peru, Bangladesh, India,

Filipinas, Bélgica, Indonésia, Rússia, Brasil, Irão,Espanha, Canadá, Iraque, Reino Unido, Chile,Itália, Estados Unidos da América, Colômbia,México, França e Holanda.

Portugal sai da lista de interditados de entrar na África do Sul

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26 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 3

COMUNIDADE

AGENDA DA COMUNIDADE

O Conselho Regional das ComunidadesPortuguesas na Europa (CRCPE) alertou para a"importância" de assegurar "a diversidade geo-gráfica da abertura das mesas de voto" nas pró-ximas eleições presidenciais, "sob pena de seobservar novamente uma elevada abstenção".

O CRCPE lembra num ofício enviado à secre-tária de Estado das Comunidades Portuguesas,Berta Nunes, com cópia para o Presidente daRepública, que "votar presencialmente no es-trangeiro é muitas vezes sinónimo de desloca-ções de várias dezenas ou mesmo de centenasde quilómetros", pelo que reitera as "recomen-dações à pluralidade de modos de votação, não

somente por correspondência, mas igualmenteatravés do voto electrónico descentralizado" naspresidenciais de Janeiro de 2021.

O Conselho recomenda ainda a que a publica-ção dos editais, com a informação sobre as me-sas de voto e os horários, "seja feita com a máxi-ma antecedência possível, de forma a evitar asdificuldades logísticas que ocorreram no estran-geiro aquando das últimas eleições europeias demaio de 2019", segundo o texto assinado porPedro Rupio, presidente do CRCPE.

O organismo representante dos emigrantes naEuropa regista a publicação na comunicação so-cial de "várias medidas" que permitem "fomentar

a participação cívica dos cidadãos portugueses",sobretudo no contexto da pandemia do Covid-19,nomeadamente com o desdobramento de locaisde voto ou ainda com o voto "porta a porta".

Uma das medidas saudadas no texto é, ainda,a das "as alterações às leis eleitorais, que irãopermitir a desmaterialização dos cadernos eleito-rais, o que irá facilitar consideravelmente a orga-nização do processo eleitoral em Portugal e nospostos consulares".

"Nas últimas eleições legislativas, constatámosque as Comunidades Portuguesas votam massi-vamente quando existem condições para tal:com a implementação do recenseamento auto-mático, o número de votantes nessas eleiçõespassou de 28.354 votantes em 2015 para158.252 votantes em 2019", aponta o CRCPE.O conselho prevê, no entanto, que "muito dificil-

mente" se venha a atingir níveis de participaçãosemelhantes nas próximas eleições presiden-ciais, para as quais cerca de 1,5 milhões de por-tugueses residentes no estrangeiro irão podervotar de forma presencial nos consulados e em-baixadas dos países de residência.

"Continuam a existir obstáculos estruturais queimpedem uma digna participação da diásporanas ditas eleições", considerando sobretudo queo voto por correspondência não está previsto naseleições presidenciais e que o único modo devotação atualmente aplicável no estrangeiro paraessas eleições é o voto presencial.

José Ivo Gouveia de Sousa e Maria TeresaAgrela de Sousa, que a 18 de Outubro de 1970haviam contraído matrimónio na igreja de NossaSenhora de Fátima, em Benoni, comemoraramas suas bodas de ouro matrimoniais na tarde dopenúltimo domingo, 18 de Outubro, na Igreja deSanta Maria dos Portugueses, em Pretória West,na missa em acção de graças, celebrada peloFrei Gilberto Teixeira, acompanhado ao altarpelos padres Severino e Patrick, ambos da igre-ja de Pretória North, com os cânticos musicais aoórgão entoados por Idalina Alves.

Com o privilégio de terem a seu lado neste diatão especial das sua vidas, seus filhos Ricardo eSérgio, suas noras Anabela e Jackie, e netos, Mi-chael, Blaese, Pascal e Sheila, além de vários fa-miliares e pessoas amigas, entre as quais seusobrinho Filipe Caldeira, por quem têm um cari-nho muito especial e até consideram como filho,este acompanhado da esposa Jenny.

Apenas faltou o filho mais velho Paulo, ausên-cia plenamente justificada, dado viver há vários

anos com a esposa Teresa, nos Estados Unidosda América do Norte, e como é sabido esta pan-demia do “Covid-19” veio dificultar a deslocaçãodas pessoas em viagens aéreas entre os paí-ses.

Acabou por ser um dia abençoado, vivido commuita alegria pelo casal nestes seus cinquentaanos de vida conjugal, paralelamente difícil deesquecer por quem ali naquele dia testemunhoua sua felicidade.

Após o acto religioso, foram proferidas em púl-pito pelo filho Sérgio de Sousa e sobrinho FilipeCaldeira, palavras de muito apreço e regozijopelo dia tão especial e abençoado que ali eravivido por seus pais e tios respectivamente.

Juntou-se José Contente, para como actualpresidente da União Portuguesa de Joanesbur-go, testemunhar o muito que Ivo de Sousa temfeito pelo associativismo, classificando-o comoexemplo a seguir.Dirigindo-se ali por último Ivo de Sousa, para se

mostrar reconhecido ao Frei Gilberto Teixeira e

sacerdotes que o acompanharam na eucaristia,bem como a Idalina Alves os cânticos e ao órgão,a Maria Inês Balanco a bela decoração floristajunto ao altar, não esquecendo por outro lado asajudas de Oleganda e Amélia.

No fundo a sua simpatia por todos quantos alimarcavam presença naquela tarde, incluindo co-municação social, agradecendo a Deus a bênçãode ter chegado a este dia e poder celebrar comsua esposa, familiares e pessoas amigas tão sig-nificativa efeméride matrimonial.

Seguidamente rumaram ao salão de festas daparóquia, sacerdotes e todas as setenta presen-ças na efeméride para participarem na recepçãooferecida pelo casal aniversariante de algunspetiscos da nossa gastronomia, onde entre asdiferentes delícias não faltou o bom sortido dedoçaria, a par da variada bebida, sendo por últi-mo cortado o bolo alusivo a esta efeméride, edele dado a provar por todos quantos ali convi-viam. Como casal fervoroso católico, daí Ivo de Sousa

ter desempenhado cabalmente no passado asfunções de presidente do Conselho Paroquial naIgreja de Santa Maria, a ele praticamente se de-vendo em iniciativa e comparticipação, a cons-trução do salão paroquial onde decorreu o con-vívio destinado a assinalar o 50º aniversário dasua vida conjugal, e a esposa Teresa catequista,na educação de fé cristã de crianças, rumo auma vida digna aos olhos de Deus, e ultima-mente como componente do grupo coral nasmissas dominicais que ali são celebradas.Ambos oriundos da Ilha da Madeira, Ivo natural

da Lombada dos Marinheiros, freguesia de Fajãda Ovelha, e Teresa, dos Prazeres, pessoas quecomo tantos outros compatriotas, iniciaram nestepaís, com fé e muito trabalho, uma actividade a

partir de certa altura, por conta própria, conse-guindo guindar-se a uma posição que os tornamdignos, e pelas funções que vêm desempenhan-do serem apontados como exemplo e motivo deorgulho na comunidade lusa, e senão vejamosem relação a Ivo de Sousa como cabeça de ca-sal:

Foi conselheiro das comunidades por Pretória;presidente da Casa Social da Madeira; presi-dente do Sporting Clube de Pretória; presidentedo Conselho Paroquial da igreja de Santa Maria;presidente da Associação de Bem-Fazer “OsLusíadas”; presidente da Academia do Bacalhaude Pretoria; presidiu à “West Deanary Churches”,que abrange as igrejas católicas da área de Pre-tória; foi por quatro vezes coordenador do Dia dePortugal em Pretória; foi em certa altura coorde-nador nesta mesma cidade, do “Dia da RegiãoAutónoma da Madeira”; foi mandatário em Pre-tória do PSD/Partido Social Democrático, e presi-dente do Conselho Fiscal do Folclore Portuguêsna África do Sul, sendo por sua iniciativa e cola-boração monetária, que o rancho folclórico daCasa Social da Madeira se deslocou em Agostode 2005 à América do Norte.

Depois de distinguido com a “Medalha de Méritode Ouro” das Comunidades Portuguesas, e maistarde reconhecido pelo governo português com acomenda da Ordem de Mérito, Ivo de Sou-sacomo pessoa muito querida e estimada na suaterra natal, dando continuidade a uma velha aspi-ração dos seus conterrâneos, mandou cons-truira expensas suas, na localidade que o viu nascer,a capela que inaugurada a 8 de Agosto de 1988,tem como padroeira Nossa Senhora daAparecida, imagem que por sinal fora oferecida asua mãe Maria Gonçalves Jardim, aquando davisita que fizera a seu filho Eleutério Gonçalvesde Sousa, radicado no Brasil há muitos anos, eque benzida na ocasião por bispo do país-irmão,trouxera consigo para a Madeira, já com a finali-dade daquela Santa vir a ser a padroeira da ca-pela que porventura um dia ali viesse a ser edifi-cada

Assembleia-GeralDia 14 de Novembro 2020

(Sábado) - 14h30Agenda:

Discutir assuntos relacionados como futuro da Colectividade.

Apelamos toda a ComunidadePortuguesa a participar nestareunião de grande interesse

para todos.Presidente da Direcção

Guida de Freitas

46 GOODWOOD ROAD, NEW MARKETHOLDINGS - ALBERTON

Bodas de Ouro do casal Ivo e Teresa de Sousa

OS ANIVERSARIANTES COM OS FAMILIARES PRESENTES NA EFEMÉRIDE CONJUGAL.

IVO E TERESA TROCANDO ALIANÇAS NA PRE-SENÇA DO FREI GILBERTO TEIXEIRA

CORTE DO BOLO ALUSIVO ÀS BODASDE OURO MATRIMONIAIS

Conselho das Comunidades quer mais mesas de voto nas presidenciais

Texto e fotos de Vicente Dias

UNIÃO PORTUGUESA - ASSEMBLEIA-GE-RAL - Dia 27 de de Outubro, pelas 19 horas, naSede do Clube, N.º 4 Eastwood Street, Turffon-tein.

Da agenda consta a proposta de nomeaçãodo Pavilhão Desportivo em honra do falecidoSócio Francisco Gonçalves (Chico)

ASSEMBLEIA-GERAL DA SOCIEDADE POR-TUGUESA DE BENEFICÊNCIA - 21 de No-vembro de 2020, pelas 15.00 horas, no Lar Rai-nha Santa Isabel, 219-3rd Street, Albertskroon,Joanesburgo, com diversos pontos na agenda.Medidas de precaução de Covid-19 serãoobservadas.

CASA DA MADEIRA DE JOANESBURGO (46Goodwood Road, New Market Holdings,Alberton) - ASSEMBLEIA-GERAL - Dia 14 deNovembro, 14H30, para discutir assuntos rela-cionados com o futuro da Colectividade.

SANTO E PECADORES - Almoço semanaltodas as terças-feiras, pelas 13 horas, na Ade-gada de Bedfordview, sob a presidência de JoséSantos.

CASA SOCIAL DA MADEIRA DE PRETÓRIA(34 Boschkop Drive, Pretoria East) - “Portu-guese Charity Drive”, no dia 31 de Outubro, cominício às 8 horas até tarde.

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4 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 26 DE OUTUBRO DE 2020

ENTREVISTA

COMUNIDADE

Michael Gillbee: Comecemos do início. Dê-nos um pouco do seu historial, onde é quenasceu? Onde é que estudou?Cristina Teixeira: [suspira e sorri] Suponho que

a minha história seja como muitas outras rapari-gas nascidas na África do Sul descendentes deportugueses. Cresci no West Rand, nasci naárea de Florida. Sou filha de emigrantes portu-gueses, os meus pais chegaram à África do Sulquando tinham 25 e 26 anos respectivamente etinha um irmão – que infelizmente já faleceu – euma irmã que é a minha melhor amiga! Cres-cemos no West Rand, frequentei uma excelenteescola dominicana, St Catherine’s Covent, sópara meninas. Foi absolutamente fundamentalna minha criação e foi fabulosa e juntou muitoaos valores de família que eu tinha em casa. Fiza escolaridade toda na St Catherine’s e tenhoamizades muito fortes dessa altura. Inclusivecom a reitora da escola. Não tínhamos muitosportugueses naquela zona, portanto os meusamigos não eram portugueses – não por vonta-de, mas por circunstância.

MG: Na zona de Florida?CT: Sim, Florida, Florida Glen, essa área da ci-

dade. E a escola era uma escola multirracial – oque para a altura era muito diferente – e fui ex-posta a diferentes culturas e religiões. Até o as-pecto dos motins no SOWETO, foi nos dito paraficarmos dentro de portas porque havia muitosque não estavam satisfeitos por a nossa escola

ser multirracial. Mas, os meus pais eram muitoprogressistas nesse sentido. Os meus pais po-dem ser descritos da melhor forma como conser-vadores, mas não tradicionais. Portanto, se-guiam tudo aquilo que se esperava de uma fa-mília portuguesa e muito conservadores em tudoaquilo o que eu podia e não podia fazer. No en-tanto, muito progressistas em termos de encora-jar-me no que eu queria fazer e ser na Vida.

MG: Abriram-lhe os horizontes?CT: Sim, muito! Ambos os meus pais. Há muita

gente que me pergunta “o que é que diria às mu-lheres?” Penso que da minha perspectiva, eununca tive na minha vida uma ideia estanque doque um homem pode fazer, do que uma mulherpode fazer. Não foi inculcado em mim, era ape-nas “o que é que TU queres fazer?”. Por essa ra-zão, nunca tive barreiras. Penso que se come-çarmos a partir do ponto de “meninas fazemisto”, “rapazes fazem aquilo”, então torna-se in-culcado na pessoa e limita muito a forma de pen-sar. Tanto a minha mãe como o meu pai ensina-ram-nos que nós devíamos fazer o que quería-mos e o nosso coração mandava. Encorajaram-me a estudar, a progredir.

MG: Quando as pessoas falam nos “telha-dos de vidro” e limitações para as mulheres,nunca teve isso? Nunca sentiu isso?

CT: Não! Nunca fui balizada no que respeita aisso da parte dos meus pais. Da parte da minhaescola também. Suponho que o facto de ser umaescola exclusivamente feminina, eramos encora-jadas a trabalhar arduamente. Era uma escolamuito pequena. Portanto, tínhamos uma fortecompetição quando competíamos desportiva-mente, academicamente e em qualquer aspectocontra escolas muito maiores. E isso, ensinou-me a ser uma lutadora. Os portugueses são luta-dores apaixonados por natureza. Trabalhamos

arduamente e a minha escola fomentou muitoisso. Frequentar uma escola exclusivamente fe-minina e pequena, combinou perfeitamente coma minha personalidade.

Depois disso fui para o “Grande Mundo Mau”[Big Bad World] e foi uma experiência, ao início,intimidadora. De repente, a turma onde se estátem mais alunos do que a escola de onde sevem... é um “susto” inicial. Eu lembro-me que osmeus pais estavam muito preocupados que a“menina vai se perder e pôr os livros de lado”,“com quem é que ela vai fazer amizades?”. Maso sistema de valores que temos, que nos ensina-ram em casa – e na escola – fica connosco. E apessoa que somos por natureza, sem grande es-forço encontramos pessoas que pensam comonós e têm o mesmo conjunto de valores e refe-rências. E, aliás, foi assim que conheci o meumarido. Conhecemo-nos nos corredores da Wits,ele estava a estudar para ser Chartered Accou-tant tal como eu e conhecemo-nos através de umamigo em comum. E foi uma tranjectória diferen-

te, terminámos os estudos juntos. Ele foi para aKPMG, eu fui para a Coopers & Lybrand. Eu pos-so dizer que não era a pessoa mais inteligente daminha turma, mas o meu trabalho árduo, dedica-ção e perseverança suplantam qualquer “facilida-de académica” e certifiquei-me que faria o neces-sário e tornei-me numa chartered accountant.

Tenho sido muito abençoada, não sei se é Fé,se é oração mas tenho sido muito abençoada.Trabalhei na Coopers & Lybrand, trabalhei sobuma liderança de excelência e trabalhei nocomércio sul-africano, comércio internacional eele ensinou-me tudo o que sei.

MG: Portanto, foi um mentor!CT: Sim, sem dúvida foi um mentor. Foi um “ir-

mão mais velho”, um mentor e ele ensinou-me epreparou-me para poder considerar uma posiçãocomo CFO no Group Five. Quando ele saiu em2007, o Conselho de Administração ofereceu-meo posto. Eu disse que não, não estava interessa-da e não me sentia preparada. Acho que é umacoisa um pouco portuguesa e de mulheres, sen-timos que temos que ter sempre a certeza abso-luta e estar prontos a dar o melhor. É o que “de-vemos” à sociedade.

E portanto, não-oficial, ocupei o posto por umano porque não tinham encontrado um substitu-to. O CEO foi muito hábil na altura, apresentou-me aos possíveis substitutos do antigo CFO. Pe-diu-me para entrevista-los e quando o fiz pensei“não quero trabalhar para estas pessoas, consi-go fazer o trabalho muito melhor”. E finalmenteacabei por dizer que ocupava o posto. Foi umaexperiência muito proveitosa e tornei-me a mu-lher mais jovem na Administração – que meapoiou em tudo.

E essas é a minha tranjectória: de um começohumilde de uma família humilde de emigrantesmadeirenses que me ensinaram a trabalhar ar-duamente e a manter o foco no objectivo, estive

numa escola que fomentou esses valores, entrarna Wits, conhecer o meu marido, começar a tra-balhar na Coopers & Lybrand, PWC, Group Five,CIG – tudo infraestrutura - e agora a caminho doSpur. Que é completamente diferente, sectorcompletamente diferente, novos desafios e umaaltura para aprendizagem e crescimento.

MG: Os seus pais vieram de Portugal. Foi atípica história de Fish & Chips, mercearia? CT: [pondera] pergunta muito interessante! Não,

de todo. O meu pai nunca tivera um negócio pró-prio. Nem a minha mãe, como muitos portugue-ses tiveram e ainda possuem hoje.

O meu pai esteve sempre no transporte. Quan-do ele estava na Madeira era taxista e quandoveio para a África do Sul, começou por ser ca-mionista de longa distância. Transportava produ-tos agrícolas de Tzaneen para Joanesburgo.Mais tarde começou a trabalhar para a Rand Mix,empresa como a Afrisam. Conduzia aqueles ca-miões de cimento. E mais tarde tornou-se condu-

tor de autocarros – e para mim é uma história lin-da – conduzia para a empresa de estradas deJoanesburgo, departamento de autocarros etransportava crianças de escola.

E a minha mãe era costureira. Quando chega-ram à África do Sul trabalhou numa fábrica. Elaconta sempre a história de que quando chegou,com ambos a não falarem Inglês, as oportunida-des eram limitadas. E no trabalho, foi-lhe sempredito que não poderia progredir porque não falavaInglês. E ela estava determinada a certificar-seque iria progredir. Não importava o quão fraco ouforte o seu Inglês era, trabalhou muito para evo-luir. Só deixou a fábrica porque estava grávidacomigo e decidiu ficar em casa com as crianças.Muito independente, conduz, faz tudo. Está com82 anos de idade. Tem mais energia do que

Trabalho, dedicação, excelência. Os pilares de sucesso da Comunidade- Cristina Maria Freitas Teixeira futura CFO do Spur

Estes são os pilares de Cristina Maria Freitas Teixeira a aliar aos lemas de vida de transparência, honestidade e integridade. Nas-cida na África do Sul, filha de pais emigrantes oriundos da Madeira, estudou na Universidade da Wits e formou-se em Contabi-lidade. Cedo começou a fazer sucesso no mundo empresarial e forjou um lugar ao sol pela excelência, dedicação e ética de tra-balho únicas inerentes aos portugueses. Extremamente orgulhosa das suas raízes, Cristina Teixeira fala Português e tem imensavaidade no nome. A língua abriu-lhe portas em África e no Brasil por ser uma mais-valia que poucos possuem. À medida que umcapítulo se encerra na carreira, Cristina Teixeira enceta outro desafio: o de ser Chief Financial Officer (CFO) da cadeia de restau-rantes Spur. Foi recomendada para o posto e as suas credencias falam por si.

O Século de Joanesburgo foi saber junto de Cristina Teixeira como é que surgiu a oportunidade, os desafios e os objectivos quereserva para a cadeia Spur. Quisemos também saber o que a motiva, no seu escritório em Melrose Arch, isto foi o que nos contou...

“Ter o talento, ter ocurso, passar o exame é o ponto de partida.

É aquilo que nos colocana mesma posição queos outros todos. O que

nos diferencia é o traba-lho árduo e a paixão”

“Tudo o que fazemos,fazemos com paixão”

Texto de Michael Gillbee e fotos de Carlos Silva

“E isso é algo que devemos sentir muito orgulho”

(cont. na pag. seguinte)

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26 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 5

eu geralmente fico exausta quando passo o diacom ela [solta uma gargalhada].

A minha mãe depois começou um negócio decostura a partir de casa. Os meus pais nunca ti-veram uma loja.

MG: Acha que nós portugueses, a criaçãoque temos, os valores de família, a dedicação,esse ADN que é tão nosso... faz de nós capa-zes de mais?

CT: Não podia concordar mais com o CristianoRonaldo em que ele diz que “talento não é nadasem o trabalho!”. Ter o talento, ter o curso, pas-sar o exame é o ponto de partida. É aquilo quenos coloca na mesma posição que os outrostodos. O que nos diferencia é o trabalho árduo ea paixão.

E como disse, não tive as melhores notas naUniversidade, trabalhei muito duro para chegaronde estou mas o que me diferencia agora é a

minha paixão absoluta. É um problema por ve-zes, como portugueses trabalhamos muito duroe não deixamos o trabalho no trabalho, levamospara casa, pensamos no trabalho e não conse-guimos desligar. E isso, muitas vezes, faz asnossas famílias sofrerem. Mas a nossa Comuni-dade é linda, é apaixonada e apaixonante. Tudoo que fazemos, fazemos com paixão. Seja traba-lho, seja celebrar, seja comer, tudo tem paixão. Eisso é algo que devemos sentir muito orgulho.

Penso que muitas vezes as crianças pensam“não gosto desta parte da minha Cultura” ou “osmeus pais deveriam ser diferentes”, mas quandose reflecte e se compara e vemos uma Comuni-dade que se ama, que se apoia, uma Comunida-

de de indivíduos que trabalham duro. Lembro-medos meus pais, tios e tias me dizerem “trabalhaduro, apresenta resultados ao teu patrão e serásreconhecida” e se combinarmos isso com paixão,porque é isso que falta na Sociedade hoje. Sejao Cristiano Ronaldo em campo, ou seja eu aqui atentar implementar uma mudança, são as pes-soas com paixão, dedicação, entrega que faz osucesso.Lembro-me quando deixei a Group Five, um dia

estava a presidir a uma reunião de recursoshumanos, era a minha última reunião à qual pre-sidia, encerrei a reunião e passei a palavra aovice-presidente. Ele, no fim, chamou-me à partenoutra sala de reunião ao lado de onde estáva-mos e ele estava a chorar. Ele disse que ia sen-tir saudades da paixão que eu tinha. Há peque-nas coisas, pormenores que outras pessoas re-param sem nós nos apercebermos, faz toda adiferença. Foi a minha preocupação pelos outros, tentar estabelecer um ambiente de traba-lho sustentável tudo com a ideia de poder ir paracasa e deitar a cabeça no travesseiro e pensar

“hoje acrescentei valor”. Portanto, o Cristiano Ro-naldo tem razão, o talento pode levar-nos a certoponto, mas a paixão, o trabalho duro vai levar-nos a toda a parte!

E as coisas não nos são dadas. Eu não pensoque sou a melhor do Mundo como ele é, não po-demos acordar e pensar “ah hoje não me apete-ce. Tento amanhã”. Temos que acordar todos osdias e fazer o nosso melhor sempre. E acho queestá inculcado em nós, enquanto portugueses, otrabalhar arduamente.

MG: O sair de Portugal com os valores, aformação e a capacidade que temos, conse-guimos ser os melhores do Mundo.TC: Sim, reconheço isso e concordo. Penso que

a minha geração – ao crescer – pensávamos queos nossos pais por terem a loja de esquina o“corner caffe”, o “fish & chips”, o “bottlestore” enão sermos o filho ou filha do CEO, que de algu-ma forma isso nos fazia mais fracos e menos rel-evantes. E notei muito isso quando comecei na

Coopers & Lybrand, que estava rodeada de “cri-anças” que tiveram sempre muito e pessoas quesabia operar e mover-se no mundo empresarial.Percebia a etiqueta social de como comporta-rem-se e eu não. Eu não tinha essas oportu-nidades. Mas, logo que nos permitimos percebere aceitar isso, que aliás os que os nossos paisconseguiram por nós e nos deram é muito mais,vale muito mais por causa daquele salto quanti-tativo de sair de uma pequena ilha com oportu-nidades limitadas na altura e tomar a decisãomuito corajosa de ir para outro país, onde não sefala a língua e estabelecer-se e providenciar aosfilhos oportunidades onde os filhos são os pri-meiros a frequentar o liceu, por exemplo, já paranão dizer a Universidade, isso é um salto qualita-tivo. E eu digo sempre ao meu marido, seremoscapazes de fazer pelos nossos filhos o que osnossos pais fizeram por nós?

Quando pensamos nesses termos, os meuspais e todos os provenientes da primeira geraçãode emigrantes, precisamos de saber e reconhe-cer que os nossos pais eram melhores que mui-tos, muito mais corajosos e conseguiram [com amão gesticula], proporcionalmente, muito maisque muitos.

Lembro-me de ter sido entrevistada para fazeros meus “articles”, o meu estágio, a pessoa sóme perguntava o que é que o meu pai fazia? Oque é que a minha fazia? E a entrevista era maissobre a proveniência dos meus pais e o que fazi-am como profissões do que acerca da minhapessoa. E essa pessoa ficou fascinada em saberque o meu pai era um condutor de autocarros.Acho que estava à espera que eu dissesse queele era um CEO ou tinha uma função empresari-al. E lembro-me dizer a essa pessoa o orgulhoque tinha em o meu pai ser um condutor de auto-carros por tudo o que ele conseguiu. Ao ter-meconseguido dar a oportunidade de ir para a Uni-versidade apesar dele não ter qualquer conse-guido ir. É o que diferencia os portugueses. Tra-balhamos duro, temos valores de família. A únicacoisa que digo às crianças lusodescendentesagora é: não se esqueçam disso! A nova geraçãopode não ter experienciado o que a minha pas-sou – é importante reflectir sobre isso – mas se

nos apercebermos do quanto fizeram por nós asgerações anteriores, não percam esses valoresde outra forma perdemos a paixão que temos,perdemos a ambição. Olhem os portugueses quefizeram os Descobrimentos, os exploradores.Tudo isso envolveu muita coragem, precisamosde manter isso se vamos continuar a ser umaComunidade que prima pela excelência.

MG: O que é que a levou a ser contabilista(Chartered Accountant)? Com a sua mãecomo costureira e com a estilista Fátima Lo-pes também madeirense, não quis ser estilis-ta? Médica? Engenheira? É algo em si quegosta dos números, da Matemática?

CT: É uma excelente pergunta! Sou uma pes-soa muita analítica! Tenho a personalidade dedeem-me um problema, quero resolve-lo! Quan-do chegamos ao fim de saber qual é o problema,eu quero uma solução [ri]! Seja em que ambientefor. Eu vejo os procedimentos e isso dá-me gozo.Porquê uma Chartered Accoutant? Eu gosto denúmeros, sou analítica, gosto de controlo, gostode procedimentos. Gosto imenso de mudança,adoro entrar num lugar e dizer “aquele procedi-mento não funciona, podemos melhora-lo, pode-mos ser mais rápidos, melhores, mais eficazes”.Adoro a mudança e sei que há imensas pessoasque não gostam da mudança, mas eu gosto.Aquilo onde sou menos boa é na gestão de mu-dança de certas pessoas. Fico frustrada quandovejo que os mercados mudaram, vejo que as ne-cessidades dos nossos clientes mudaram, aquiloque podemos dar em relação ao que mudou... etenho dificuldades quando eu consigo ver e nãoconsigo fazer ver aos outros as mudanças. Mas,ponham-me numa sala com estagiários, com ju-niores com vontade de aprender e gostam damudança e depois passa a ser um retorno numinvestimento de tempo dedicado aos recursoshumanos. Adoro criar mais com aquilo que me édado. Ser uma Chartered Accountant permitiu-me ser isso mesmo e fazer isso mesmo, ter umaoportunidade de matematicamente poder lidarcom a contabilidade – que eu adoro, era o meutópico preferido – mas também gosto muito deser capaz de estar numa posição de liderança ementorado no mundo empresarial. E isso ultra-passa a contabilidade. Não vejo o meu papelcomo “contadora de feijões”, não entro numaempresa a pensar assim. Preciso de fazer partede uma parceria, parte de uma equipa que iráefectuar mudança. E ser Chartered Accountantdeu-me a possibilidade de entrar em qualquersector e providenciar essa estrutura de suporte auma organização que é critica.

MG: A Cristina e o seu marido são duas fa-ces da mesma moeda?

CT: Sim. Ele também é um Chartered Accoun-tant mas brincamos porque eu digo sempre queele é terrível. Porque eu sou muito precisa, tudotem que estar correcto e fazer sentido e só estácerto quando estiver certo. Transparência, hon-estidade e integridade são os meus lemas devida. E se houver algum erro, começo tudo doínicio até estar bem. O meu marido, o Ricardo,ele não é como eu. Ele não queria ser CFO deuma empresa, ele é mais empreendedor, quergerir empresas e é mais do sector das pequenas,médias empresas. Ele é mais criativo, eu soumais analítica. MG: Sente que todo o treino a que são sujei-

tos, os Chartered Accountants sul-africanossão os melhores? O que é que sente que ostorna tão desejados em todo o Mundo?CT: Na generalidade: a nossa ética de trabalho.

Mas também, porque – e isto aplica-se à Medi-cina tanto como à Contabilidade – há uma gran-de falta e procura neste país. E o número de pes-soas com as capacidades técnicas ainda é muitolimitado. Portanto, olhando para a minha exper-iência e a minha carreira, na África do Sul quan-to mais se levanta a mão, mais se recebe! Aca-ba-se por ser-se exposto e aprender muito maise mais de pressa do que noutras partes do Mun-do.

MG: O que é que quer dizer com o “levantara mão”?

CT: É no sentido de por exemplo, está-se a fa-zer uma auditoria de procedimentos e é de A,B aC. A pessoa ao nosso lado faz D, E e F. Se for dotipo de pessoa que diz “acabei com o meu trabal-ho, mas posso ajudar o gerente com o que for”,na África do Sul somos encorajados a crescer, aaprender. Há poucas limitações à nossa expo-sição. Posso dar um exemplo, há um senhor queé Director Financeiro de uma empresa cotadaem bolsa, que era o nosso técnico informático,que me disse “quero fazer parte do programatops” – que é para treinar Chartered Accountants

– e eu disse “não, não. És demasiado jovem...” eele insistiu tanto que coloquei-o no programa ecertificou-se como Chartered Accountant ao tra-balhar comigo e agora está no posto que está. Eisso só acontece quando as pessoas põe a mãosno ar e trabalham. E na África do Sul há essasoportunidades. Alguns países ainda são muitobalizados em termos de tem que se cumprir o“tempo” de estágio e depois passar por certosníveis, ao passo que cá é diferente. Se a pessoaquer crescer, cresce!MG: Sente que a África do Sul, como país de

destino de emigração com os portugueses,gregos, italianos, libaneses com as pessoas aquererem um Futuro melhor para si e para osseus filhos, sente que esse desejo de melho-ra, de evolução a ajudaram na carreira?

CT: [exclama] absolutamente. Sem dúvida ne-nhuma que sim! Um filho de uma emigrante quepossui esses valores, vão sempre fazer sucessona Vida. Porque os pais vieram para este paíscom a mentalidade “temos que fazer isto dar cer-to”. Penso que nunca encontrei ninguém portu-

guês que fosse preguiçoso ou incapaz. Eu brincosempre e digo que se alguém nos der um Curri-culum com um nome português, podem contrataressa pessoa. Podem confiar nessa pessoa.

MG: Disse-nos que é casada e tem filhos.Que idade é que têm?CT: Tenho dois filhos, um menino de 10 anos de

idade e uma menina de cinco anos de idade.MG: Está a incutir nos filhos a ética de tra-

balho que possui?CT: Sim, sem dúvida. Eu sou o “polícia mau” por

assim dizer. Mas o meu menino é a minha per-sonalidade – as coisas boas e más. Ele tem umtempo limitado, não tem PlayStation, mas tem otempo limitado para jogos no telemóvel e não secompram oportunidades no jogo, ganham-se,conquistam-se oportunidades (níveis) no jogo. Ea satisfação na cara dele quando ele conquistouum nível. Ao passo que ele me diz muitas vezes“mas o meu amigo comprou com V-bucks and fizisto...” e de repente ele chega a esse nível, pormérito próprio e consigo ver que ele está aevoluir, a aprender que as coisas se conquistamnão podem ser compradas.

Portanto, tenho a esperança que o bom que osmeus pais me deram esteja nele e que eu consi-ga passar tudo da mesma forma como me foiensinado a mim.

MG: Cresceu na África do Sul, mas tem mui-to orgulho de ser portuguesa. Alguma vezsentiu alguma descriminação ou sentiu quefoi tratada de forma diferente por causa doseu nome, por causa da sua Cultura?

CT: Eu diria que não. Mas isso é por ter uma“pele grossa”, portanto não notei nada. Eu seique os nossos pais foram sujeitados a isso. Eisso foi muito real e doloroso e não posso des-contar isso ou dizer que não foi nada. Os meuspais nunca me expuseram ao ostracismo, à des-criminação racial e portanto nunca foi exposta aisso. Posso dizer que fui “protegida” disso ao

Os desafios da futura CFO da Cadeia de Restaurantes Spur

(cont. na pag. seguinte)

(cont. da pag. anterior)

“A ideia de poder ir paracasa e deitar a cabeça

no travesseiro e pensar“hoje acrescentei valor”

“É importante continuara Cultura, é preciso per-tencer a alguma coisa”

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6 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 26 DE OUTUBRO DE 2020

crescer. Às vezes perguntam-me, “é duro traba-lhar na construção como mulher?” Eu digo sem-pre que “não. Falo o que penso e se não sei nãofalo.” Mas venho de uma geração diferente.Quanto ao meu nome e ao ser portuguesa, achoque aliás me tem ajudado mais do que ser moti-vo de descriminação.

MG: De que forma?CT: Tenho participado em tantas reuniões aqui

na África do Sul em que por exemplo a equipa vi-sitante é do Brasil, que quer formar uma parceriaconnosco e vê o meu nome, podemos nos malentender, mas há uma ligação imediata.

Por exemplo, fui a Madrid numa viagem de tra-balho. Senti que era a “casamenteira empresa-rial” porque havia alemãs na reunião e o meuAfrikaans serviu-me de ponte cultural para osnórdicos e germânicos. Estava eu e havia um se-nhor espanhol de Madrid. Eu percebi a Culturadele por eu ser portuguesa. E via-se que os ale-mães e o espanhol não se estavam a dar nem ti-nham empatia. Coisas pequeninas em que o es-panhol chegava ao escritório às 9horas e osalemães diriam “oh, estamos a trabalhar só meiodia”. E o espanhol sentia-se insultado. E eu com-preendia ambos os lados da situação.

Portanto, tem-me ajudado muito. Quando par-ticipei na INSEAD em França, havia 70 e muitaspessoas e havia muitas culturas diferentes. Foifascinante porque havia alguns portugueses eeles não socializavam muito com os anglo-sa-xões. Se calhar uma barreira cultural, linguística.E era fantástico quando ia sair e me convidavame eu era a única de fora do grupo deles porqueeu era vista como sul-africana. Podia socializarcom os europeus, com os sul-africanos, aus-tralianos, neozelandeses.

MG: Basicamente o que está a dizer é quenós somos camaleões em cima de uma caixade Smarties?CT: [solta uma gargalhada] Absolutamente! E foi

maravilhoso, para mim em particular, ser bem-vinda entre os portugueses. Os brasileiros naINSEAD eram introvertidos e reservados e aminha personalidade permitiu-me ligar com elestambém. Adorei a experiência por causa disso.

MG: Diria que ser portuguesa e falar bemPortuguês é uma vantagem? Insiste em pas-sar isso aos seus filhos?CT: Sim. Diria que sim grande vantagem. E sim,

quero passar isso aos meus filhos. O meu filho frequenta aulas de Português, não

quero obriga-los a fazer algo que não querem ouque não sentem uma ligação afectiva. Dito isso,é importante continuar a Cultura, é preciso per-tencer a alguma coisa. Precisamos de ter algoque chamamos de nosso!

Eu nunca senti a necessidade de me afastar daminha Cultura portuguesa. Quando estava acrescer, no West Rand, não tendo muitos portu-gueses como amigos além da família, a melhoramiga da minha mãe é escocesa. Mas issoadvém das circunstâncias. Eu e os meus irmãosnão vivemos a típica maneira de outras famíliasportuguesas, ir aos clubes todos os fins-de-se-mana, ir a festas. Íamos de vez em quando, masnão era um foco. Como eu cresci, eu tinha o nar-iz dentro dum livro porque adoro ler, não estavanuma festa a dançar. Mas o meu pai também ti-nha um trabalho muito exigente, em que ele tinhaque estar no posto dele às 4h30 da manhã. Pen-so que muitos dos portugueses que tinham epossuem um negócio próprio, o tempo livre erauma tarde de Domingo ao passo que connosco,era tempo de estar em casa porque o meu paitinha que começar cedo à segunda-feira.

MG: No que respeita à sua carreira, algumahouve atracção à banca?

CT: Não muito. Gosto muito de infraestrutura egosto de ver coisas a serem construídas, gostode ver mudanças positivas que beneficiem aspessoas. Nós trabalhamos na construção de es-tradas onde não havia estradas, construímos es-tações de produção eléctrica. Não me atrai essesector de todo, o sector de serviços financeiros.Gosto de ver mudanças, melhorias. Agora, aomudar para o Spur tem mais a ver com o consu-midor, relação cliente-empresa. Celebrar com asfamílias sul-africanas à medidas que elas cres-cem e evoluem.MG: Este é o ponto de viragem na sua carrei-

ra. Primeiro, como é que surgiu a oportunida-de? E quais são as suas perspectivas e pla-nos para o Futuro com o Spur?

CT: Certo. É interessante quando diz “como éque surgiu a oportunidade?” A minha personali-dade, como a maioria dos portugueses, muito

leal, muito dedicada. Se uma empresa de recru-tamento me telefona, ignoro a chamada. Se meperguntam se estou interessada na posição,ignoro a chamada. Porque estou aqui para cum-prir e ajudar a mudar para melhor. E o que acon-teceu é que recebi uma mensagem de um mem-bro da Administração com quem costumava tra-balhar e ela disse-me “estou a recomendar-tepara um cargo, por favor aceita a chamada quan-do o CEO te telefonar”. Quando atendi a chama-da ele disse-me “gostaria muito que se juntasseà família Spur” e à medida que ele descrevia asoportunidades e o cargo, mais me aliciou estenovo desafio. Há um novo CEO e pensei que se-ria interessante voltar a trabalhar para uma mul-her depois de 25 anos. Uma senhora grega comuma portuguesa a liderar as coisas no Spur, serámuito interessante!

É para mim um novo desafio, uma nova etapana minha carreira. Gosto muito de analises, masnão consigo influenciar um design, não posso mesentar à mesa e dizer aos engenheiros “façamassim”. Eu gostaria de pensar que conseguireiinfluenciar mais no Spur no tipo de trabalho emmãos. Portanto, chegou a altura de uma mudan-ça porque estive no sector de infraestrutura todaa minha carreira e senti uma necessidade demudança.

MG: Começa quando?CT: Começo em Fevereiro 2021. Quando entre-

guei a minha carta de demissão tinha lágrimasnos olhos tal como tinha o meu CEO. E dei trêsmeses de notificação e falei com a CEO do Spure disse que só poderia começar no dia 1 de Fe-vereiro 2021. Porque não posso deixar a empre-sa onde estou assim no final do ano sem ajudara concluir tudo e passar a pasta para a pessoaseguinte em condições. Seria errado da minhaparte fazer isso, uma Chartered Accountant nãofaz isso, não se sai sem rematar as coisas e pas-sar as coisas em condições para a pessoa se-guinte. Ninguém é insubstituível, não se trata dis-so. Trata-se é de fazer o trabalho bem feito. So-mos pessoas de arregaçar as mangas e fazer otrabalho. Cumprir a tarefa em mãos e não deixarnada por fazer!

MG: No que toca à Cultura, costuma ir comfrequência a Portugal?

CT: Não que chegue. O irmão do meu maridoemigrou para Portugal em 2010, está em Lagosno Algarve. A última vez que fui à Madeira foi háalguns anos. O meu marido e eu levámos os nos-sos melhores amigos à Madeira, fomos a Itália ea outros lugares da Europa e perguntei aos nos-sos amigos, “o que é que gostaram mais?” E elessem pensarem disseram: “Madeira!” Podiam terdito o Coliseu em Roma, o Vaticano mas esco-lheram a Madeira.MG: É algo que com o seu marido querem le-

var os seus filhos a Portugal? Já foram aPortugal?

CT: Não, os nossos filhos ainda não foram. Aminha menina tem só cinco anos, mas queremosmuito. Mas eu e o meu marido já nos apresentá-mos a todas as respectivas famílias.

MG: São ambos da Madeira?CT: Sim. Os pais do meu marido são do Estreito

da Calheta e o meu pai nasceu no Funchal mascresceu em Santa Cruz e a minha mãe é de San-ta Cruz. E os meus tios moram no Machico. János apresentámos a todos na Madeira e foi muitobom. Conto uma história muito interessante e to-cante. O meu marido não domina muito bem alíngua e tinha uma lista de coisas a dizer [gesti-cula uma lista]: o meu nome é Ricardo Teixeira.O meu pai é ... E o meu tio deixou-nos no sopéde uma montanha e subimos a montanha em di-recção à casa de familiares do meu marido. Ba-temos à porta e abriram a porta e o meu maridodebitou a lista dele e ela olha para ele e excla-mou “entra. Bem-vindo!” Acordou os filhos e re-cebeu-nos ali como se sempre tivéssemos sidoparte da casa. Eu disse ao meu marido “se fossena África do Sul isto não acontecia!” Mostra queo calor humano, o espírito comunitário, esta sen-hora nem nos conhecia bem. Apenas ouviu a“lista” de frases do meu marido e disse “entrem,vocês são um de nós”. E isso aquece o coraçãoe ser aceite tão facilmente é muito especial.

MG: Obviamente está com boas perspecti-vas desta nova etapa no Spur. Acha que étempo do Spur se internacionalizar no Dubai,Londres, Nova Iorque, Sidney?

CT: Sim, acredito que sim. O Mundo pós-Covidrequer algum reajustamento e mesmo antes dis-so, o Futuro da restauração ia mudar. Há outrasnecessidades e expectativas de uma nova ger-ação. Penso que é importante perceber quaissão as necessidades e qual é a estratégia em-

presarial do Spur. Será internacionalização? Se-rá um foco profundo em certas marcas? Mas cer-tamente se olhar para o mercado da marca, temtido um grande, enorme sucesso. Qualquer mar-ca boa terá sucesso, mas será importante estab-elecer o que é o Spur é na próxima etapa. Paraonde vai? A liderança, a gestão passada fez umtrabalho tremendo, excelente em estabelecer amarca e desenvolver um mercado e agora ésaber qual é o Futuro? O que é que querem?Como querem? Onde querem?

MG: Como é que vê o percurso da África doSul? Pondo de parte a pandemia? Ponderaemigrar?

CT: Como eu vejo as coisas, penso que as fa-mílias na África do Sul e principalmente aquelasque podem têm essa conversa a dada altura.Sair, não sair, para onde ir? Temos um númerode amigos e familiares que já emigraram. Nósainda não tomámos a decisão de ir porque acre-

ditamos que a África do Sul é um país de oportu-nidade. Tem os seus desafios, tem mais desafiosque muitos países e tem menos problemas edesafios que outros países. E se olharmos aospaíses da Europa, estão em dificuldades. Hámuita pressão, seja sociedade civil em termos devicissitudes socioeconómicas, políticas, sejameconómicas. A nossa estratégia, como família éanalisar tudo com cabeça e coração e depoisseguir com o sexto sentido. E todos três têm queconjugar e o meu sexto sentido nunca medesiludiu. Seja em que campo for da Vida. Estamos aqui, estamos estabelecidos aqui.Planeamos o Futuro mas estamos aqui.Abordamos onde é que as nossas crianças irãopara a Universidade e se eu serei a mãehelicóptero que as seguirá para onde quer quevão? [ri]. A África do Sul é excelente para aqueles quequerem trabalhar arduamente, sim há muitas lim-itações mas há através da adversidade, oportu-nidades. Se olharmos a muitos empreende-dores/empresários de sucesso, não mudariam aÁfrica do Sul por outro país qualquer!Devo dizer que gostei muito de ver a forma comoo nosso presidente Ramaphosa tem lidado edirigido o problema da pandemia, porque não éclaro para ninguém como fazê-lo. Penso quenoutros países estão com muito mais dificul-dades do que nós. E aqui, sendo um país deoportunidades, é correr atrás das oportunidades. MG: Sendo mulher e com uma filha pequena,sendo mentora a outras jovens profissionais, queconselhos é que pode dar àqueles que começamneste ramo de trabalho? Em particular às mulhe-

res.CT: Suponho que o que é importante é sermos anossa própria marca. Não alinhem com o “saborda semana”. Movimentos de MeToo e outros.Compreendam quem são, quais os valores quetem e sejam a vossa própria marca. Á medidaque progridem no mundo empresarial em várioscargos, não são necessariamente associados aorganizações ou aquilo que diz. É-se associadoa quem se é, à identidade própria, ao caracter.Isso torna-se a referência. Fala-se da pessoa enão necessariamente da pessoa associada àempresa. Resumindo, tenham consciência dequem são, sejam a vossa própria marca e nãotenho medo nem vergonha de mostrar e partilharisso. Especificamente mulheres. As mulheresnão falam e não se fazem ouvir. Já estive váriasvezes em salas de reuniões e a mulher diz qual-quer coisa e é ignorado. Porque ela não se fezouvir. Um homem, ao lado diz exactamente a

mesma coisa e é ouvido. Os portugueses sãopessoas trabalhadoras, dedicas e verdadeiras.Sejam fiéis a esses valores e à verdade. O meulema de vida é “veritas”, ou seja, verdade. Irá aju-dar sempre na Vida! As raparigas que se façamouvir, podem chorar não tem mal nenhum. Todaa gente chora. Ás vezes ser forte de mais tam-bém é um ponto negativo. Como mulher, não selimitem, não deem ouvidos a quem impõe limi-tações sobre vocês e sejam confiantes, claros,façam-se ouvir e mantenham os valores quetemos enquanto portugueses.

Cristina Maria Freitas Teixeira é um dos exem-plos claros da mulher portuguesa. De estatu-ra média, muito elegante, possui um cabelocomprido de cor castanho e olhos amendoa-dos. A paixão pelo que faz é evidente no olharquando fala da carreira profissional, mas otom de voz é suave ao mesmo tempo que éfirme. Cristina denota imensa força e não pre-cisa de se exaltar para fazer valer o seu pontode vista ou autoridade. A força interior, a de-dicação e vontade de perfeição movem-na atéa tarefa estar completa da melhor maneirapossível e Cristina não desiste, nem temmedo de recomeçar do zero se a tarefa nãoestiver bem feita. Essa paixão é evidentequando fala da família e das raízes portugue-sas, que agora passa em conjunto com omarido aos dois filhos. A cadeia Spur contratou uma das melhoresprofissionais na gestão empresarial e con-tabilidade do país e Cristina Teixeira terá porcerto um impacto extremamente positivo eduradouro.

Cristina Teixeira em entrevista ao Século de Joanesburgo(cont. na pag. anterior)

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26 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 7

COMUNIDADE

Santo e Pecadores

Biketober Fest

A Academia do Bacalhau da Namíbia realizouno passado dia 10 de Outubro, o primeiro almoçoapós a interrupção das actividades, em Março,por causa da pandemia de covid-19. O convívioteve lugar no Restaurante Fisher de Windhoek,no qual participaram 23 compadres.

Durante o evento, o presidente Manuel Coelhoapresentou aos compadres vários problemasque afectam a Comunidade portuguesa na Na-míbia, que foram longamente debatidos e apro-vados pelos presentes.

Informou ter reunido recentemente em Portugalcom o responsável da Direcção Geral de AssuntoConsulares e Comunidades Portuguesas(DGACCP), o embaixador Júlio Vilela

Coelho manifestou-se descontente com o factode as Academias não receberem qualquer subsí-dio do Governo, que só olha para os clubes e as-sociação.

O presidente honorário das Academias do Ba-calhau fez também questão de informar que as

Na sexta-feira, 23 de Outubro, a festa de despe-dida do cônsul-geral de Portugal em Joanesbur-go, Francisco-Xavier de Meireles, na Embaixadaem Pretória, ficou marcada com a apresentaçãode funcionários que irão desempenhar novasfunções junto da Embaixada e Consulado emJoanesburgo.São eles, por parte da Embaixada, Manuel Grai-

nha do Vale, conselheiro, chefe de Missão adun-to e encarregado da Secção Consular e Guilher-Lopes, conselheiro económico e comercial.

O primeiro esteve em missão diplomática naGuiné-Equatorial enquanto o segundo vem daAICEP do Porto, além de ter trabalhado emvários países africanos.

Do lado do Consulado-Geral de Portugal,Adalberta Coimbra, foi promovida a chanceler,uma missão bastante importante na área con-sular.

As apresentações dos novos funcionários daEmbaixada e do Consulado, foram feitas pelo

embaixador Manuel Carvalho e cônsul-geralFrancisco-Xavier de Meireles, respectivamente,durante os seus discursos aos membros da Co-munidade presentes na festa, quase todosprovenientes de Joanesburgo.

Na sua intervenção, o embaixador ManuelCarvalho sublinhou que esta se tratava da pri-meira festa oficial deste ano na embaixada, jáque nenhum evento social tinha sido realizadodevido à covid-19. Por outras palavras, era ocomeço do ano de 2020, sendo assim um diaespecial.O diplomata recordou os quatro anos de missão

do cônsul-geral De Meireles na África do Sul,lamentando a partida de um amigo e colega.“Felizmente a vida tem destas coisas e na nossacarreira temos que contar com isto”, sublinhou odiplomata.

Por sua vez, o cônsul-geral de Portugal emJoanesburgo, na breve intervenção, disse estarorgulhoso pelo trabalho desenvolvido durante a

sua missão, especificando as obras de moder-nização que foram feitas.

“Os portugueses que se deslocam ao Consula-do de certeza que se têm sentido orgulhosospela forma como está agora a nossa represen-tação consular e pela dedicação das nossas fun-cionárias”, sublinhou.

Já no fim, o embaixador Manuel Carvalho fezquestão de ler uma mensagem do comendadorSilvério Silva, ausente em Portugal, devido àsrestrições de covid-19, dirigida ao cônsul-geralde Portugal em Joanesburgo.

Uma mensagem de elogio e de agradecimentoao trabalho desenvolvido pelo cônsul junto daComunidade portuguesa de Joanesburgo.

Na festa de despedida na Embaixada de Portu-gal em Pretória, estiveram cerca de 50 convida-dos, entre comendadores, dirigentes associati-vos e alguns membros da comunicação social.

Texto e fotos de Carlos Silva

Academias do Bacalhau estão totalmente direc-cionadas para a filantropia e solidariedade, paraalém da preservação da cultura e tradições por-tuguesas

Disse que irá apresentar em nome de todas asAcademias do Bacalhau, muito brevemente, umdocumento à secretária de Estado das Comuni-dades Portuguesas, dra. Berta Nunes, para queas mesmas tenham direito aos subsídios deapoio aos portugueses necessitados em tempode pandemia .

“Penso que os anteriores secretários de Esta-dos das Comunidades Portuguesas têm noçãodo papel e do esforço que as Academias do Ba-calhau desempenham em prol do bem estar dasnossas comunidades”, disse Manuel Coelho.

“Há que dar valor real e material a essas inicia-tivas e obras realizadas pelas Acade-mias emtodo o Mundo, pois estamos enquadrados com arealidade das necessidades das nossas comu-nidades”, disse a terminar.

DEZ “PECADORES” MARCARAM PRESENÇA NO CONVÍVIO SEMANAL DE “SANTO EPECADORES” NA ÚLTIMA TERÇA-FEIRA, 20 DE OUTUBRO, NA ADEGA DE BEDFORDVIEW,

TENDO SIDO CONVIDADO O CÔNSUL-GERAL DE PORTUGAL, FRANCISCO-XAVIER DE MEIRELES

CERCA DE 400 MOTARDES JUNTARAM-SE NO “SANDELANI” PARA O HABITUALENCONTRO ANUAL (BIKETOBER 2020). NA FOTO DE BAIXO, O ORGANIZADOR

DO “ONE FOR THE ROAD MOTORCYCLE CLUB”, CHARLIE DA MOTA

Embaixada organizou festa de despedida ao cônsul-geral de Portugal em Joanesburgo

Manuel Coelho preocupado com falta de apoio do Governo português às Academia do Bacalhau

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8 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 26 DE OUTUBRO DE 2020

ÁFRICA DO SUL

A Associação da Indústria Agrícola Sul-Africana(AgriSA) disse que os agricultores do EstadoLivre e no Cabo Setentrional precisam de ajudaurgente devido aos incêndios florestais queassolam estas regiões.

O Departamento de Agricultura no Parlamentopediu ao governo que declarasse as regiões nasduas províncias como áreas de desastre.

Acrescentou que muitas fazendas em áreascomo Hertzogville, Hoopstad e Bultfontein foramdestruídas pelos incêndiosChristo van der Rheede, da AgriSA, afirmou que

apoiava os apelos para que as regiões afectadas

pelos incêndios florestais fossem declaradasáreas de desastre:

“Os incêndios foram absolutamente devastado-res. Os agricultores perderam gado e outros ani-mais, além das suas propriedades”.

Van der Rheede aconselhou um apoio financei-ro: “A AgriSA já disponibilizou fundos na ordemde R300.000 e chamamos o público interno paraapoiar a campanha da organização aos agricul-tores necessitados”.

Milhares de hectares de terras agrícolas foramdestruídos, continuando o fogo em várias fren-tes.

O Comité Permanente da Contabilidade Pública(SCOPA, em sigla inglesa) tornou públicas maisdetalhes da Unidade de Investigação Especial(SIU), Autoridade Nacional de Acusação (NPA) eHawks, Unidade de Investigação de Crimes Prio-ritários da África do Sul, sobre suspeitas rela-cionados com os contratos de covid-19, afirman-do que o Município de Tshwane é apontadocomo o mais envolvido com 533 milhões de ran-des.

Depois de Tshwane está a Cidade Metropolita-na do Cabo com 459 milhões e eThekwini com457 milhões.

SCOPA disse em comunicado, que a SIU estáinvestigar despesas fraudulentas no total de 10.5biliões de randes em todo o país.

“O Comité aplaudiu o esforço de colaboraçãoentre as unidades de investigação na luta contraa corrupção.

A Comissão identificou a Declaração de MédioPrazo da Política Orçamental (REOMT) como ummecanismo que pode permitir recursos adicio-nais a serem alocados para a luta contra a fraude

e a corrupção”.Aponta que quer ver os implicados em qualquer

atitude errada processados.Gauteng tem contratos de 4.3 biliões em equi-

pamentos de protecção individual (PPE) sob in-vestigação, seguidos pelo Cabo Oriental com 1.9bilião.

A companhia área Emirates firmou um acordocom a companhia regional Airlink como plano deexpandir a sua rede de operação na África doSul.

O acordo da Emirates com a Airlink forneceráaos passageiros serviços via Joanesburgo e Ci-dade do Cabo para mais de 25 destinos domés-ticos na África do Sul e mais de 20 regionais naÁfrica Austral.A Emirates e a Airlink oferecerão passagem úni-

ca e check-in de bagagem aos passageiros quese deslocam de Joanesburgo e Cidade do Cabopara pontos domésticos, incluindo Bloemfontein,George, Upington, Nelspruit, Hoedspruit e PortElizabeth, bem como na região austral, Gaboro-ne, Kasane, Vilanculos, Maun, Victoria Falls, Ma-puto, Windhoek, Harare, Lusaka, Ndola, Bulawa-yo, Livingstone, entre muitos outros.

Os passageiros podem reservar as suas via-gens em online na Emirates, por meio de agên-cias de viagens ou agentes de viagens locais.

“A Emirates tem o prazer de fazer parceria coma Airlink que nos ajudará a fortalecer a nossa pre-sença e dar aos clientes mais opções, flexibili-dade e conexões aperfeiçoadas em 45 cidadesna África Austral.

Estamos comprometidos com as nossas opera-ções na África do Sul, à medida que continuamosem busca de maneiras para axpandir a nossa re-de aos clientes e ajudá-los com diversas opçõesde viagens”, disse Tim Clark, presidente da Emi-rates Airline.

“O acordo que entrou em vigor com a Airlink éapenas o início de uma nova colaboração e esta-mos ansiosos para explorar mais oportunidadese ampliar a nossa parceria no futuro”.A Emirates retomou as suas operações em Joa-

nesburgo e Cidade do Cabo a 1 de Outubro e

Durban a 8 do mesmo mês, com medidas de se-gurança em vigor em todos os seus pontos decontacto a bordo e em terra.

A companhia aérea disse que continua aaumentar a demanda do mercado por meio daconexão de clientes via Dubai, de cerca de 100destinos, bem como de mais oportunidades deconexão na África do Sul por meio de parceriascom companhias aéreas como a Airlink.

O Economic Freedom Fighters (EFF) deu naquarta-feira ao Tesouro Nacional sete dias paraafastar a ex-jornalista Ranjeni Munusamy como‘secretária política’ do ministro das Finanças, TitoMboweni, por não concordar com a sua nomea-ção no Teouro Nacional.

O EFF divulgou um comunicado na quarta-feiraem resposta à notícia de que Munusamy foi con-tratado pelo Tesouro, para um cargo próximo deMboweni".O Tesouro disse que a sua nomeação está den-

tro das regalias do Ministério das Finanças, se-gundo as prescrições do Manual Ministerial,tendo sido confirmado que ela foi contratadacomo oficial para lidar com as comunidades.“Ranjeni Munusamy é uma ex-jornalista, ex-fun-

cionária dos Amigos de Jacob Zuma Trust", disseacrescentando que as instituições do Estadoestão a ser infiltradas por uma conspiração de in-divíduos altamente comprometidos".

O EFF também listou "provas incontestáveis" deuma testemunha da Comissão de Inquérito deCaptura do Estado, que afirmou que Munusamyconstava na folha de pagamento de um fundoalheio da Unidade de Inteligência contra o Crime,como motivo para o seu afastamento.

Na altura, Munusamy pediu permissão para in-terrogar a testemunha e mais tarde disse quenão o faria, e as provas não foram contestadas.Para o EFF isso contribuiu para a obscuridadeem torno da ética da sua nomeação para um car-go governamental.

"Munusamy confirmou depois que realmente ti-nha recebido dinheiro inexplicável, não contabi-lizado e ilegal, mas sem entrar em pormenores.Para um ministro das Finanças empregar um serhumano tão desacreditado e comprometido parauma responsabilidade tão séria, não é apenas ir-responsável, mas também é imprudente, perigo-so e totalmente irracional", diz o comunicado doEFF.

"O partido está ciente de que há tantos indiví-duos desacreditados no Tesouro Nacional, mas anomeação de Ranjeni Munusamy é mais compli-cada. Exigimos que o ministro das Finançascorte imediatamente qualquer relação contratuale de trabalho com Ranjeni Munusamy", acres-centou o partido de Julius Malema.

A organização nota ainda que o ministro Mbo-weni tem uma posição influente na política eco-nómica do país e tem influência na “orientaçãodas entidades" do Tesouro.

CONTROVÉRSIA EM TORNO DA MUNUSAMY

Munusamy foi implicada pelo oficial sénior dosHawks, Kobus Roelofse, na Comissão de Captu-ra do Estado em 2019, afirmando que a ex-jor-nalista tinha recebido dinheiro de um fundo

alheio da Unidade de Inteligência contra o Crimepara pagar o saldo devedor de um carro.

Uma quantia de 143 621,78 foi supostamentetransferida para uma conta do Wesbank para li-quidar um veículo que foi registado em nome deMunusamy em 2008. Na altura apresentou-se àComissão Zondo para interrogar Roelofse e maistarde desistiu de o fazer.

AMIGA DE JACOB ZUMA?

Em 2007, a ex-jornalista foi responsável de umapágina chamada Friends of Jacob Zuma, ondeafirmou que a comunicação social estava contrao ex-presidente.

Emirates quer expandir plano de operação por meio da Airlink

Partido de Malema exige afastamentoRanjeni Munusamy do Tesouro Nacional

RANJENI MUNUSAMY

Município de Tshwane no topodas investigações sobre fraudes

Incêndios florestais: Agricultores do Estado Livree Cabo Setentrional precisam de apoio urgente

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26 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 9

PORTUGAL

Maria João Lopo de Carvalho chegou a umamão cheia de histórias, com o lançamento nopassado dia 10 de Outubro, de uma obra que lheé muito querida: a história da família Lopo deCarvalho que se chama “O Bisavô. A escritora escolheu para o lançamento do livro

o Jardim do Príncipe Real, oficialmente designa-do Jardim França Borges, em Lisboa, com umtraçado romântico e debaixo de um Cedro-do-Buçaco, com mais de 20 metros de diâmetro,uma das árvores classificada como sendo de in-teresse público.

O Bisavô é a história de Manoel Caroça, bisa-vô da autora. É ele o elo que une três geraçõesde uma família poderosa, que a partir da Guardaconquistou Portugal. O percurso do milionárioconfunde-se com o de um país em convulsão,abalado pela queda da monarquia, a eclosão daGrande Guerra, a tuberculose e a pneumónica, agrande depressão. E, numa época quem que sefizeram e desfizeram grandes impérios finan-ceiros, vemos como os antepassados da autoramarcaram os rumos do país.

Falando do lançamento do livro, a autora refe-riu: “O mais difícil é ter a ideia, depois é trabalho,dedicação e determinação. É um livro muito es-pecial, porque se trata de um legado que deixa-mos às próximas gerações para que não se es-queçam de onde viemos e o que é que os meusbisavós fizeram para chegarmos a este ponto.Todas as famílias têm uma boa história, que nãodeve morrer inédita. Foi isso que eu quis, que anossa história não morresse inédita”, revela aescritora, de 58 anos.

A autora aproveitou o recolhimento dos últimosmeses para rever a sua história familiar: “É pre-ciso resolver inúmeros problemas, porque tro-peçamos em incongruências e anacronismos atoda a hora. Depois, é aprimorar o estilo e contar

uma história como se fosse para nós próprios. Segostarmos da história que estamos a contar, oleitor também vai certamente gostar de a ler”.

Talvez por culpa da mãe, Cândida Patrício, ojovem Manoel Caroça fez-se um sonhador. Apesada e granítica cidade da Guarda já não lhebastava, nem o vale rochoso onde o pai impera-va. Ambicionava mais do que aquela terra e osseus frutos, queria conhecer o mundo. E o mun-do era Lisboa, era Paris, eram as Colónias ondeenriqueciam os portugueses…

Da sobrevivência ao esplendor, da espionagemà intriga nos palácios da família, dos amores im-prováveis aos casamentos contrariados, do risoàs lágrimas, esta é a saga inédita de um espíritorebelde - rigorosamente reconstruída graças àsmemórias, ainda vívidas de uma descendênciavasta, bem como às cartas e documentos desen-terrados dos baús de família.

Ironicamente, ao escrever a sua obra mais ínti-ma e pessoal até à data, a autora de Marquesade Alorna oferece ao leitor o seu mais consegui-do fresco do país - esta família é o retrato de Por-tugal.

BIOGRAFIA

Licenciada em Línguas e Literaturas Modernaspela Universidade Nova de Lisboa, em 1985, foiprofessora, publicitária e responsável de projec-tos de apoio social. Leccionou português e inglêsdo ensino publico e privado, entre 1985 e 1989 e,novamente, de 1992 a 1995.

Em 1988 fundou a Know How, dedicada exclu-sivamente à edição de livros e ao ensino de In-glês extra-curricular a crianças dos 4-12 anos,entre outras actividades para escolas públicas eprivadas, em regime extra-curricular. Foi tambémcopywriter na agência de publicidade McCann

Erickson, de 1999 a 2001, assessora noGabinete de Vereação da Educação Social doMunicípio de Lisboa, de 2002 a 2005, e respon-sável pelos programas de solidariedade daSwatch, em 2004 e 2005 (Ajuda de Berço,Fundação do Gil, entre outros). Em 2008 foi co-fundadora da Know How Angola

e da IPSS Know How - Aprende a Brincar, dedi-cada à acção social. Foi ainda responsável peloGuia da Criança, directório exaustivo de todas asactividades para crianças na cidade de Lisboa,em 1994 e 1995.

Maria João Lopo de Carvalho dedicou-se, des-de a década de 2000, à escrita de romances elivros infantis, depois de ter uma colaboraçãocomo cronista na revista Pais & Filhos (1994) ena Xis (2000), esta última editada com o jornalPúblico. Os seus romances Virada do avesso(2000) e Acidentes de percurso (2001), ambos‘best-sellers’, inscreveram o seu nome na litera-tura pop.

Seguiu-se Adopta-me (2004), onde aborda a

pobreza infantil nos subúrbios de Lisboa. Es-treou-se no romance histórico em 2011 com o‘best-seller’ Marquesa de Alorna, seguido em2013 por Padeira de Aljubarrota. Em 2015,prosseguindo no género historiográfico, publicouOs Primeiros 100 Anos, por ocasião do centená-rio do Grupo de Forcados Amadores de Santa-rém.

Para o público infantil, assinou O herói sou eu(2007), Que bicho te mordeu (2007) e A minhamãe é a melhor do Mundo (2005).

Foi ainda cronista das revistas GQ (2000-2001)e Vidas (2004) e nos jornais Expresso (2002) eDiário de Notícias (2004). Assina desde 2010 arubrica «Na 1ª pessoa - sugestões de leitura».Filha do escritor neo-realista Fausto Lopo Caro-

ça de Carvalho (2 de Setembro de 1923 - 21 deJaneiro de 1994) e de sua segunda mulher MariaJoão Sarmento Mendonça, e neta do médicoFausto Lopo de Carvalho.

Maria João Lopo de Carvalholança novo livro “O Bisavô”

2000 - Virada do Avesso (Oficina do Livro)2001 - Acidentes de Percurso (Oficina do Livro)2004 - Adopta-me (Oficina do Livro)2005 - Palavra de Mulher (Oficina do Livro)2006 - A Minha Mãe é a Melhor do Mundo (Oficina do Livro)2006 - Bons Garfos, Más Línguas (Oficina do Livro)2007 - Que bicho te mordeu? (Oficina do Livro)2007 - A Princesa que Eu Sou (fnac)2007 - Eu tenho Super Poderes (fnac)2007 - O dia dos meus anos (fnac)2007 - Sou um campeão (fnac)2007 - O melhor Natal do Mundo (fnac)2009 - Bebé XXS (A favor da Associação de Apoio aos Bebés Prematuros)2009 - Animais à Solta (Porto Editora)2009 - Um Menino Diferente (A favor da Ajuda de Berço) (Porto Editora)2009 - Salpicos I, II, III e IV: Manuais de Aprendizagem de Português

para crianças estrangeiras (3 aos 12 anos) (Instituto Camões/Lidel)2009 - Mariazinha - A Contadora de Histórias (A Favor da Associação Entre

Numa Vaquinha De Sonho e Ajude a Construir uma Casa de Verdade)2009 - Colecção 7 Irmãos (em parceria com Margarida Fonseca Santos):

Maria - Os Segredos da Irmã Mais Velha (Oficina do Livro)2009 - Colecção 7 Irmãos (em parceria com Margarida Fonseca Santos):

Miguel Nunca Desiste (Oficina do Livro)2009 - Colecção 7 Irmãos (em parceria com Margarida Fonseca Santos):

Mónica - A Maria Rapaz (Oficina do Livro)2010 - English is Fun I, II e III - Manuais escolares de inglês para o Ministério

da Educação de Timor (Lidel)2010 - Colecção 7 Irmãos (em parceria com Margarida Fonseca Santos):

Maria Atravessa o Atlântico (Oficina do Livro)2010 - Colecção 7 Irmãos (em parceria com Margarida Fonseca Santos):

Mariana e Manuel - Gémeos em Sarilhos (Oficina do Livro)2011 - Colecção 7 Irmãos (em parceria com Margarida Fonseca Santos):

Miguel Contra-Ataca (Oficina do Livro)

2011 - Colecção 7 Irmãos (em parceria com Margarida Fonseca Santos): Os Gémeos Numa Curva do Caminho (Oficina do Livro)

2011 - Marquesa de Alorna (Oficina do Livro)2011 - Picante - Histórias que Ardem na Boca (em parceria com Alice Vieira, Catarina Fonseca,

Leonor Xavier, Maria do Rosário Pedreira e Rita Ferro) (Leya/Casa das Letras)2012 - Colecção 7 Irmãos (em parceria com Margarida Fonseca Santos):

Margarida Muda de Escola (Oficina do Livro)2012 - Colecção 7 Irmãos (em parceria com Margarida Fonseca Santos):

Uma Família Fantástica (Oficina do Livro)2012 - Colecção 7 Irmãos (em parceria com Margarida Fonseca Santos):

E agora Rafa? (Oficina do Livro)2012 - Colecção 7 Irmãos (em parceria com Margarida Fonseca Santos):

Sozinhos em Casa (Oficina do Livro)2012 - As Cinco Quinas: A Grande Revelação (book.it)2012 - As Cinco Quinas: O Segredo do Conde da Faia (book.it)2012 - As Cinco Quinas: Metidos em Sarilhos (book.it)2012 - As Cinco Quinas: O Mistério da Casa nº5 (book.it)2012 - As Cinco Quinas: Uma Amizade Suspeita (book.it)2012 - As Cinco Quinas: Um Colégio Novo (book.it)2012 - As Cinco Quinas: BFF Wow! Que Espetáculo (book.it)

2013 - Colecção 7 Irmãos (em parceria com Margarida Fonseca Santos): A Madalena e Eu (Oficina do Livro)

2013 - Colecção 7 Irmãos (em parceria com Margarida Fonseca Santos): Mónica e Mariana - Irmãs e Rivais (Oficina do Livro)

2013 - Padeira de Aljubarrota (Oficina do Livro)2016 - Colecção 7 Irmãos (em parceria com Margarida Fonseca Santos):

Miguel contra-ataca (Oficina do Livro)2016 - Colecção 7 Irmãos (em parceria com Margarida Fonseca Santos):

Mónica, uma montanha de emoções (Oficina do Livro)2016 - Até que o amor me mate (Oficina do Livro)2018 - O Fado da Severa (Oficina do Livro)2020 - O Bisavô (Oficina do Livro)

Texto de Paula Caetano em Lisboa

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10 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 26 DE OUTUBRO DE 2020

PORTUGAL

No seu discurso a dirigentes empresariais emembros do ICPT, a ministra lembrou aos pre-sentes que embora se fale do turismo e do imo-biliário como os principais motores da economiaportuguesa, é na verdade a agricultura que tam-bém é responsável por grande parte das expor-tações económicas de Portugal, com crescimen-to nos últimos anos em um sector que continua-va forte e bem-sucedido.

A ministra aproveitou a oportunidade para tra-çar um ambicioso programa para a agriculturapara os próximos dez anos, Terra Futura, que

visa digitalizar, modernizar e inovar o sector agrí-cola português, ao mesmo tempo que produzbens e produtos de qualidade que vão ao encon-tro das preocupações cada vez mais exigentescom a saúde, especialmente no que diz respeitoao uso de pesticidas e fertilizantes naturais.

Segundo a ministra, a despesa total do Progra-ma Orçamental do Governo para a Agriculturaem 2021 terá aumentado 31,6% em relação a2020, um crescimento real de 29,8%, no quedisse ser um sector exportador que, para alémdo imobiliário, tornou-se um dos principais moto-

res da economia portuguesa.“Este orçamento está focado em práticas agrí-

colas sustentáveis, inovadoras e de qualidade,com um investimento que nos permitirá enfrentaros desafios de uma agricultura sustentável e ino-vadora, salvaguardando a qualidade e seguran-ça dos alimentos na produção agroalimentar egarantindo o planeamento, coordenação, gestãoe controlo na aplicação de fundos nacionais e co-munitários a favor da agricultura nacional no âm-bito de uma política de desenvolvimento ruralbem pensada”, afirmou Maria do Céu Antunes.

Destacou ainda que o Governo continuará a le-var a cabo o Programa de Desenvolvimento Ru-ral - PDR2020, que é “um instrumento fundamen-tal para o desenvolvimento da agricultura portu-guesa”.

Durante a sua intervenção, a ministra alardea-va ainda um sucesso chave para o Governo nanegociação da exportação de leite e outros pro-dutos lácteos dos Açores para o Brasil, tambémassegurada com a ajuda do secretário de Estadoda Internacionalização, Eurico Brilhante Diaspara o mercado, que é extremamente importantepara os Açores, muitas vezes visto como o Lacti-cínio de Portugal.

Na verdade, foi um dos temas quentes discuti-dos em Brasília em Abril do ano passado e abriucaminho para encontrar uma solução para a opo-sição proteccionista já que o Brasil é um dosmaiores produtores de leite do mundo.

O Governo Português está empenhado no de-senvolvimento e promoção de explorações agrí-colas e empresas de produtos agrícolas aliadasno exterior e na consolidação, dinamização domercado exportador global e na abertura denovos mercados para as empresas do sector epara os produtos portugueses.

Maria do Céu Antunes falou ainda sobre a im-plementação da Agenda de Inovação para a Agri-cultura 20/30 - Terra Futura - “que tem comoobjectivo impulsionar o crescimento do sectoragrícola, passando-o para a próxima geração deuma forma que não deixa ninguém para trás”.

Este foi o primeiro evento do International Clubof Portugal em ambiente de Covid-19, que con-tou com o apoio do Jornal Económico.

BIOGRAFIA DA MINISTRA DA AGRICULTURADO XXII GOVERNO CONSTITUCIONAL

A actual ministra da Agricultura do XXII GovernoConstitucional, Maria do Céu Antunes, nasceuem 1970 em Abrantes.

É Licenciada em Bioquímica pela Faculdade deCiências e Tecnologia da Universidade de Coim-bra e pós-graduada em Gestão da Qualidade eSegurança Alimentar pelo Instituto Superior deCiências da Saúde Egas Moniz.

Foi secretária de Estado do DesenvolvimentoRegional de Fevereiro a Outubro de 2019.

Presidente da Câmara Municipal de Abrantesdurante 9 anos e desde 2013 presidiu ao Conse-lho Intermunicipal da Comunidade Intermunicipaldo Médio Tejo.

Membro do Conselho Económico e Social e doConselho das Comunidades e Regiões da Euro-pa na Comissão Permanente para a Igualdadedas Mulheres e dos Homens na Vida Local.

É membro do Comité de Acompanhamento doPrograma Operacional Regional do Centro -Centro 2020, e da Comissão Executiva da En-tidade Regional do Turismo Centro de Portugal,presidindo também à Direcção da TecParques –Associação Portuguesa de Parques de Ciência eTecnologia.

Recebeu as distinções «Autarquia +Familiar-mente Responsável», «Prémio Municipal Viverem Igualdade», Prémio «The Tesla SustainableLeadership Award» categoria Liderança, «Pré-mio Women of the Decad in Public Life»,Galardão da All Ladies League.

ORIGEM DO INTERNATIONALCLUB OF PORTUGAL

O International Club of Portugal nasceu com oobjectivo de se tornar um espaço de comunica-ção e partilha de informação, conhecimento, ex-periências, interesses e ideais, de quem está oupassa por Lisboa, por Portugal.

“É no mundo das diferenças e das opiniões di-vergentes que o International Club of Portugal vi-ve e desenvolve as suas actividades, recusandoespartilhos ideológicos, políticos, religiosos ououtros, mas aceitando que a diversidade deideias e de experiências são parte fundamentaldo edifício humano e, como tal, devem ser assu-midas, compreendidas e acolhidas, independen-temente da sua orientação”.

Pretende ser um espaço onde cidadãos estran-geiros e nacionais possam interagir e estabele-cer relações pessoais e profissionais, fomentan-do a integração e fortalecendo a rede social eanalisar e interpretar a dinâmica da sociedadeem todos os seus quadrantes e assumir-se comofigura de proa na construção de uma sociedadeaberta e com potencial de progresso.

A ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes,salientou que o acordo alcançado na quarta-feirasobre a Política Agrícola Comum (PAC) pós-2021é “muito positivo” para Portugal por garantir, no-meadamente, os rendimentos dos agricultores.

“Portugal alcançou, nestas difíceis negocia-ções, resultados muito positivos face à propostainicial da Comissão [Europeia] apresentada em2018, permitindo condições para uma transiçãojusta, transição ecológica e ambiental que nãodeixe ninguém para trás e que garanta o rendi-mento dos agricultores e um preço justo para oagricultor”, disse a ministra, em comunicado,após uma maratona negocial que terminou demadrugada, no Luxemburgo.

O acordo a que chegaram os ministros da Agri-

cultura dos 27 vai permitir, sublinhou ainda Mariado Céu Antunes, que os agricultores continuem“a apostar na modernização e na inovação dasua actividade permitindo que a agricultura seconstitua uma opção atrativa para os jovens ecapaz de promover a revitalização dos territóriosrurais”.O novo modelo da PAC, que vigorará de 2021 a

2027, tem como base a elaboração por cada umdos Estados-membros, de um plano estratégicopara a área da agricultura, englobando o primeiropilar (pagamentos diretos) e o segundo (desen-volvimento rural).

Os planos devem ser orientados para práticasmais ambientalistas, estando estabelecidos “limi-tes mínimos de afectação de 20% para os regi-mes ecológicos assegurando flexibilidade sufi-ciente para evitar subutilização de fundos do pri-meiro pilar”.

As regras permitem ainda a “elegibilidade dosinvestimentos em infraestruturas de regadio sus-tentável” e mantém “a excepção, existente paraPortugal, de um maior nível de apoios ligados àprodução permitindo a competitividade e a viabi-lidade de sectores específicos”.

Depois de o Parlamento Europeu (PE) votar asua posição sobre a PAC, na sexta-feira, estive-ram abertas as condições para o início das nego-ciações do trílogo - Conselho da União Europeia

(UE) Comissão Europeia e PE - que dominarão aagenda da presidência portuguesa do Conselhoda UE, no primeiro semestre de 2021.

A posição do Conselho foi tomada após doisanos de negociações, que ocuparam cinco presi-dências, e estão também previstas medidas pro-visórias para 2021 e 2022, antes de a PAC entrarem vigor.

Ministra Maria do Céu Antunes debate “Alimentação e Saúde – a Outra Face da Agricultura” no International Club of Portugal

“Acordo da nova Política Agrícola Comum é muito positivo" para Portugal - diz ministra

O Século deJoanesburgo

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A política agrícola de Portugal para o futuro foi traçada em Lisboa pelaministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, durante o almoço-de-bate organizado pelo International Club of Portugal (ICPT) intitulado“Alimentação e Saúde – a Outra Face da Agricultura” que decorreu noHotel Sheraton, em Lisboa, no passado dia 14 de Outubro.

MINISTRA DA AGRICULTURA, MARIA DO CÉU ANTUNES E PRESIDENTE DO INTERNATIONAL CLUB OF PORTUGAL, MANUEL RAMALHO

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26 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 11

Cidade do Cabo

PORTUGAL

Os açorianos foram, ontem domingo 25 deOutubro, às urnas para decidirem a distribuiçãode 57 assentos da Assembleia Legislativa Regio-nal. Desta resultará o próximo governo da Re-gião Autónoma.

No saldo das eleições, o PS ficou com 39,1%dos votos, o PSD com 33,7% e o CDS-PP man-tém-se como terceira força com 5,5%. De segui-da, o Chega, estreante, conseguiu chegar aos5% e o Bloco de Esquerda alcançou 3,8% dosvotos. O PPM contabilizou 2,3% dos votos, oPAN 1,9%, o Iniciativa Liberal exactamente amesma percentagem, a CDU 1,6% e o Aliança0,4%. Finalizando, o Livre atingiu 0,3% e o MPTe o PCTP/MRPP 0,1%.

Na pandemia de coronavírus, a abstenção situ-ou-se nos 54,58%, a segunda maior de sempre.De acordo com a Direcção Regional de Organi-zação e Administração Pública (DROAP), até aoencerramento das urnas, às 19h (20h em Lisboa)haviam votado 124.993 eleitores.

Segundo a mesma instituição, nestas eleiçõesregionais, encontravam-se inscritos 228.999eleitores.

OS RESULTADOS NOS DEZCÍRCULOS ELEITORAIS

Na maior ilha dos Açores, São Miguel, o PS teve

38,9% dos votos e garantiu nove mandatos. OPSD averbou um resultado de 36,6% e tambémnove mandatos.

Com 5,5% o Chega ganhou em São Miguel umdos seus dois assentos. Também o BE, com4,3%, assegurou um mandato em São Miguel.

Já no círculo de compensação (que contabilizaos votos que não serviram para eleger nos res-tantes círculos), os cinco lugares disponíveis fo-ram atribuídos ao Bloco de Esquerda, CDS, Che-ga, Iniciativa Liberal e PAN.O primeiro círculo a fechar foi o da ilha mais pe-

quena do arquipélago, o Corvo, onde a coligaçãoPPM-CDS obteve 40% dos votos, o PS 35,1%, oPSD 22,3% e a CDU 0,7%. Este círculo elegedois assentos parlamentares: um foi para a coli-gação, outro para o PS.

No Faial o PSD recolheu 41% dos votos e doismandatos. O PS teve 30,3% e elegeu tambémdois deputados. Na terceira posição, a CDU teve8,7% dos votos, o CDS 5,9%, o BE 3,6%, oChega 2,9%, o PPM 2,6%, o PAN 1,5.

Na Graciosa, o PS garantiu dois lugares na As-sembleia Legislativa com 47,4% dos votos, oPSD teve 41,6% e elegeu um deputado.

No Pico o PS alcançou os 44,8% (2 mandatos),enquanto o PSD teve 36,4% (dois mandatos).

Em Santa Maria o PS garantiu dois dos trêsmandatos, com 43,9%. O PSD fica com um, com

23,2% dos votos.Em São Jorge, o PS foi o partido mais votado,

com 32% dos votos, seguido de perto pelo CDS,com 31,6%. Já o PSD recolheu 18,4% dos votos.Cada um destes partidos elegeu um deputado àAssembleia Legislativa.

Nas Flores, o PS teve 30% dos votos e elegeuum lugar. O PSD teve 28,2 e obteve um manda-to. O PPM elegeu um dos seus representante na

Assembleia Legislativa regional, por este círculocom 18,2% dos votos. Nota mais saliente da vo-tação neste círculo: a CDU perdeu aquele queera o seu único deputado, que há quatro anos foieleito precisamente pelas Flores.

Na Terceira, que elege dez lugares, o PS ficoucom cinco, com 41,2% dos votos. O PSD obtémquatro lugares, com 28,4% e o CDS um, com9,4% votos.

Foi realizado no sábado do dia 17 de Outubro,a regata Portugal Bay Race, que foi adiada porcausa do Covid-19 e que estava inserida nas co-memorações do Dia 10 de Junho.

Como sempre, o evento foi apoiado pelo Minis-tério dos Negócios Estrangeiros e pela primeiravez contou com o apoio do Nandos e da Pas-te-laria Bica.A regata deu volta à ilha Robben Island, um per-

curso de 15 milhas náuticas.Concorreram 54 veleiros com tripulação total de

340.Foi um dia espectacular com ventos do Sudoes-

te de 15 nos sem perturbações marítimas.A frota foi dividida em quatro classes e os ven-

cedores foram os seguintes:

Classe C FAR MED Vitor Medina

Classe B AL Jimmy eMaria JackaClasse A Vulcan Hylton Hale e John CullumCruising Derbigum Alan Haefale

A regata começou às 12.00 e os primeiros bar-cos cortaram a meta por volta das 15.00 horas.

Foram respeitadas todas as regras das restri-ções, como o distanciamento social. Seguiu-se aentrega de prémios e todos os tripulantes parti-ciparam no convívio, com o frango do Nandos adominar, pastéis de nata da Bica, não faltando acatembe da ordem.

Foi esta a primeira regata desde o começo de‘lockdown’ e mais uma vez ouviu-se dizer queeste continua a ser o melhor evento anual doRoyal Cape Yacht Club.

PS perdeu maioria absoluta nos Açores Direita tem mais mandatos do que a Esquerda

O Partido Socialista perdeu cinco deputados e falha a maioria absolu-ta. Partido do Chega tem dois mandatos e é a quarta força política. CDUperdeu o único assento no parlamento regional. No conjunto, a Direitatem mais mandatos do que a Esquerda e o PSD não fecha a porta a umacoligação de governo alargada.

PRESIDENTE DO PS/AÇORES, VASCO CORDEIRO

Regata Portugal Bay Race

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12 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 26 DE OUTUBRO DE 2020

PORTUGAL

O Presidente da República, Marcelo Rebelo deSousa, realçou que o uso de máscara no espaçopúblico é obrigatório em vários países democráti-cos e referiu que não tem visto ser questionada aconstitucionalidade desta medida.

O chefe de Estado, que falava no Museu daElectricidade, em Lisboa, a propósito da propos-ta de lei do Governo que determina a obrigatorie-dade do uso de máscara para o acesso ou per-manência nos espaços e vias públicas, assinalouque pessoalmente já adotou "há meses" essaregra, sobretudo com a preocupação de "prote-ger os outros".

"Quanto a passar à obrigatoriedade, eu vou es-perar a deliberação do parlamento. Não vi sersuscitada a questão da inconstitucionalidade.Aliás, vários países democráticos com constitui-ções tão democráticas quanto a nossa têm vivi-do essa obrigatoriedade de uso de máscara",declarou Marcelo Rebelo de Sousa.

Em resposta aos jornalistas, o Presidente daRepública salientou que está em causa uma obri-gatoriedade de uso de máscara no espaço públi-co "quando haja o risco de o distanciamento nãoser respeitado" e disse que nesta matéria temouvido duas posições opostas por parte de espe-cialistas."Tenho ouvido especialistas dizerem o seguinte:

que faz sentido a recomendação e se isto seagravar fará sentido depois avançar para a obri-gatoriedade. E de vez em dou comigo com umespecialista a perguntar-me: e por que não pen-sar ao contrário, que é avançar para a obrigato-riedade, porque recomendação já existe há mui-

to tempo?", relatou.Dando voz a esta segunda posição, Marcelo

Rebelo de Sousa completou: "Talvez seja a al-tura de não esperarmos por três mil ou por qua-tro mil [novos casos de infeção diários] para naaltura estarmos a discutir novamente se deve seruma recomendação ou uma obrigatoriedade".

O chefe de Estado criticou aqueles que "pedemmedidas mais rigorosas" e que depois quandoestas surgem vêm "invocar o problema que exis-te para a economia e para a sociedade" e apeloua que se atue e debata "com serenidade".

"A Assembleia entende que faz sentido passara recomendação de máscara a obrigatória noespaço público para obrigação? Que decida. Eupor mim decidi há muito tempo fazê-lo", afirmou.

Marcelo Rebelo de Sousa acrescentou queadoptou esta regra "por uma evidência", tendoem conta que "há uma transmissão por umadeterminada via oral" do novo coronavírus queprovoca a doença covid-19, e porque "mal nãofará"."Eu decidi proteger os outros com os quais con-

vivo em número elevado daquilo que pode ser orisco de eu, sem saber, assintomático, poderestar infetado", explicou.

O Presidente da República falou durante maisde vinte minutos sobre este assunto, em respos-ta aos jornalistas, e fez um enquadramento docrescimento de novos casos de infeção com onovo coronavírus em Portugal.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, os focosmais significativos situam-se na Área Metropoli-tana de Lisboa e na região Norte e estão asso-

ciados a "agrupamentos de pessoas, quer a nívelde contactos familiares, de vizinhança ou de ami-zade, quer a nível de celebrações de conjunto".

"E daí algumas medidas restritivas", observou,numa alusão às proibições determinadas peloGoverno de ajuntamentos de mais de cinco pes-soas na via pública e de casamentos ou baptiza-dos com mais de 50 pessoas.

Por outro lado, de acordo com o chefe de Esta-do, "contra o que parecia uma evidência, não hánúmeros muito significativos de prova de conta-minação em transportes colectivos" e "há umanova frente que se colocou nos últimos dias, queé a abertura do ensino superior, naquela parteque tem uma componente presencial".Marcelo Rebelo de Sousa mencionou que entre

a creche e o ensino secundário "o número conta-bilizado de de infectados recenseados é mínimo

em termos comparados com o ensino superior".No seu entender, "portanto, as medidas restriti-

vas vão-se ajustando àquilo que parecem ser emcada momento as novas frentes que se colo-cam", sendo certo que "não há soluções perfei-tas".Em relação à celebração do Natal, o Presidente

da República disse ter feito um apelo para que aspessoas minimizem os riscos, com encontros fa-miliares mais reduzidos.

"Talvez eu tenha de admitir que quando fiz oapelo ainda íamos apenas em mil e tal casos,não íamos em dois mil e tal casos [de infecçãocom o novo coronavírus] e, portanto, terei erradona oportunidade, porque devia ter esperado maisuma semana ou duas ou três. Mas eu acho quemais vale prevenir do que remediar", considerou.

O Presidente da República revelou a existênciade contactos para a colaboração do setor priva-do com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) como objectivo de libertar camas de cuidados inten-sivos para doentes com covid-19.

"Sabemos que, se houver um agravamento dasituação, já há contactos que permitem a colab-oração de outros sectores, nomeadamente priva-do e social, mas privado em particular, com oSNS em termos de internamento e de cuidadosintensivos, quer quanto a doentes covid querquanto a doentes não covid, libertando portantocamas e estruturas de cuidados intensivos paradoentes covid", afirmou Marcelo Rebelo de Sou-sa.

O chefe de Estado falava em resposta aos jor-nalistas, no final de uma iniciativa no Museu daEletricidade em Lisboa, a propósito das medidasmais recentes anunciadas pelo Governo paracombater a propagação da covid-19, ao abrigoda situação de calamidade declarada em todo o

território nacional.Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a subida do

número de infectados com o novo coronavírusprovocou "pressão nos internados" e "pressãonos cuidados intensivos" nos hospitais públicos,mas neste momento ainda não se verifica uma"situação de stresse que permita antever umarutura no SNS e no sistema de saúde em geral".

"Percebo a atitude do senhor bastonário da Or-dem dos Médicos e de alguns antigos bastoná-rios preocupados com aquilo que eu entendo queé fundamental que os portugueses tenham acerteza de que existe, que é a capacidade deresposta do SNS e do sistema nacional de saúdeem geral", disse.

Mais à frente, a este propósito, acrescentou: "Oque me foi dito é que há condições para alargaros recursos disponíveis no quadro do SNS oucom o contributo nomeadamente do setor priva-do no quadro do sistema nacional de saúde emgeral, que existem e que serão utilizados e dispo-

nibilizados à medida das necessidades".Ainda no que respeita à capacidade do SNS, o

Presidente da República considerou que o de-bate da proposta de Orçamento do Estado para2021 que o Governo entregou no parlamento "éuma boa ocasião para se de-bater o orçamentopara o ano que vem também no domínio da saú-de.

"É uma boa ocasião, faz sentido. Faz aindamais sentido porque está nas mãos dos sen-hores deputados decidir sobre uma matéria queé sensível para um ano no qual pelo menos al-guns meses serão meses ainda de pandemia",reforçou.

Quanto a um possível ainda maior agravamen-to da epidemia de covid-19 em Portugal, o Presi-dente da República referiu que "a situação de ca-lamidade permite ir mais longe em medidas res-tritivas", como já aconteceu "em Lisboa, quanto aalgumas freguesias".

O secretário de Estado da Saúde admitiu recor-rer “em caso de necessidade” no combate à pan-demia de covid-19 aos sectores privado e social,mas sublinhou que “a prioridade” é o reforço doServiço Nacional de Saúde (SNS).

O Presidente da República, Marcelo Rebelo deSousa, revelou a existência de contactos para acolaboração do sector privado com o SNS com oobjectivo de libertar camas de cuidados intensi-vos para doentes com covid-19.

Questionado sobre as declarações do chefe deEstado na conferência de imprensa sobre a co-vid-19, o secretário de Estado da Saúde, DiogoSerra Lopes, afirmou que “o SNS tem uma rela-ção já longa e profícua com o setor privado e osetor social que, aliás, implica contactos diários".

“Como tal, é óbvio, que estamos sempre emcontacto e caso seja necessário e caso seja essaconsiderada a melhor opção, recorreremos a so-luções desse âmbito. De qualquer forma, a prio-ridade, que já tem alguns anos, é o reforço doSNS e da sua capacidade”, salientou o gover-nante.Diogo Serra Lopes frisou que a pandemia covid-

19 “demonstrou cabalmente a importância de umSNS robusto que seja capaz de responder a todoo tipo de situações”, tendo para isso sido realiza-dos “vários reforços orçamentais” para que “pos-sa responder melhor”.

Questionado sobre se há hospitais com situa-ções idênticas às que aconteceram nos hospitaisAmadora-Sintra e no Beatriz Ângelo, em Loures,que tiveram de pedir ao INEM que não lhes en-caminhasse os doentes urgentes de madrugadadevido à sobrecarga dos serviços de urgência, ogovernante disse que são “casos pontuais” e que”não são específicos nem novos da pandemia”.“Já aconteceram noutras situações. E, portanto,

há situações em que um determinado hospitalnão está a conseguir dar a resposta necessária epor isso mesmo é que o SNS é gerido em rede”,adiantou Diogo Serra Lopes.

Quando uma resposta não é adequada num sí-tio por excesso de procura há sempre capacida-de de outros locais em lidarem com essa procu-ra e faz parte da gestão do dia a dia, sustentou.

Quanto à aplicação de rastreio 'StayAway Co-vid', o governante avançou apenas que já houveum 1.683.000 ‘downloads’ da aplicação e umtotal de 179 códigos inseridos até ao momento.

Presidente Marcelo realça que uso de máscara é obrigatório em vários países democráticos

Chefe de Estado revela contactos para colaboração do sector privado com SNS para libertação de camas

Governo admite recorrer aos sectores privado e socialmas prioridade é o SNS

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26 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 13

PORTUGAL

O Presidente da República, Marcelo Rebelo deSousa, vacinou-se na segunda-feira contra a gri-pe, na Unidade de Saúde Familiar (USF) Des-cobertas, em Lisboa, para "dar o exemplo" e in-centivar os portugueses a fazerem o mesmo.

"Aqui fica o meu exemplo. Espero que aquelespoucos que não tivessem já a intenção de o fazervenham o mais rápido que possam, de acordocom as suas disponibilidades e as disponibili-dades do sistema, vacinar-se até ao fim da pri-meira semana dezembro", declarou o chefe deEstado aos jornalistas, na sala de espera destaUSF, já depois de se ter vacinado.

Marcelo Rebelo de Sousa, que esteve acompa-

nhado pela ministra da Saúde, Marta Temido,disse ter-lhe perguntado se "haverá vacinas emnúmero suficiente para todos aqueles que quei-ram vacinar-se, e estarão disponíveis em tempoútil", referindo que essa "é uma preocupação demuitos portugueses".

"E aquilo que me foi dito e a senhora ministraacaba de confirmar é que até à primeira semanade dezembro, a partir deste momento, de poucomais de meados de outubro, e durante o mês denovembro, progressivamente, todos os que quei-ram vacinar-se irão vacinar-se - ou em estruturascomo esta, ou nas juntas de freguesia, ou em far-mácias comunitárias", acrescentou.

O Presidente da República disse, no Algarve,não descartar uma subida do défice, em caso denecessidade de reforço de pessoal na área dasaúde para combater a pandemia.

“Se se chegar à conclusão de que é preciso re-forçar o orçamento da saúde, não estou a ver ne-nhum partido a dizer que não, por muito que issocuste sacrificar uma ou outra área ou, neste anoque é muito especial, em termos de subida dodéfice”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

No final de uma visita ao município de Vila doBispo, Marcelo recorreu-se das palavras do ex-Presidente Jorge Sampaio para reafirmar “que avida nem começa nem acaba no défice”.

“O défice é muito importante, mas se for prova-do que, efectivamente, é preciso mais uns tantoszero vírgula qualquer por cento pela urgência dereforço do orçamento da saúde e os partidosentenderem que assim deve ser, pois assim deveser”, sublinhou.

Marcelo defendeu que, numa altura em que oorçamento para 2021 “está em cima da mesa” eque a pandemia "ainda vai sobrar para o ano quevem”, é preciso responder à questão concreta se

“há profissionais em número suficiente, sim ounão”.

O Presidente da República considerou impor-tante saber se “nos termos” em que os concursossão abertos “permitem a progressão de carreira”,que "haja novo pessoal a entrar em funções" ouse “é preciso mais pessoal”.“Este é um debate e uma discussão que tem de

ser feita serenamente”, adiantou.Questionado pelos jornalistas no final daquela

que foi a sua última vista a todos os municípiosalgarvios após o impacto da covid-19 no turismoda região, Marcelo Rebelo de Sousa realçoutambém que “não basta haver ventiladores, épreciso haver equipas que assegurem os cuida-dos intensivos com esses ventiladores”.

Deixando uma palavra de apoio e reconheci-mento aos profissionais da saúde que estão,“muitos deles, cansados e esgotados”, o Presi-dente da República destacou que estão “nisto hámuitos meses e sabem que vão continuar nistomuitos meses também”.

Marcelo Rebelo de Sousa vai iniciar uma con-sulta a várias personalidades da área da saúde,começando pela ministra da tutela, Marta Te-mido, mas recebendo também o actual e os ex-bastonários da Ordem dos Médicos, outros bas-tonários das áreas ligadas à saúde, ex-ministrosda saúde, sindicatos e confederações sindicais epatronais, no que serão “duas ou três semanasmuito importantes”, adiantou.

O Presidente da República revelou que no finaldessas consultas gostaria de encontrar um “con-senso de pontos de vista”, quer “quanto à evolu-ção da pandemia e das medidas para a enfren-tar”, mas também de que “há um equilíbrio entrea preocupação com a vida e a saúde e a não par-agem radical da economia e da sociedade por-tuguesa.

Por isso, vai também ouvir o “sector económicoe social”, concluiu.

O primeiro-ministro pediu ao parlamento para"desagendar" a apreciação do diploma que conti-nha a obrigatoriedade do uso da aplicação "Stay-away Covid", ficando apenas a proposta "con-sensual" do PSD sobre a imposição do uso damáscara.

Em entrevista à TVI, António Costa disse quesolicitou mesmo ao presidente da Assembleia daRepública, Ferro Rodrigues, que retirasse oagendamento do diploma do Governo, cuja apre-ciação estava prevista para sexta-feira, que "de-termina a obrigatoriedade do uso de máscarapara o acesso ou permanência nos espaços evias públicas", assim como "a obrigatoriedade dautilização da aplicação" informática.

"Entretanto, o PSD apresentou um diploma sósobre a obrigatoriedade do uso das máscarasnos espaços públicos. Portanto, se essa matériasobre as máscaras é consensual, então legisle-

mos já sobre as máscaras", justificou o líder doexecutivo.Segundo António Costa, das duas propostas fei-

tas pelo Governo para reforçar as medidas deprecaução contra a covid-19, verificou-se quehouve uma que foi razoavelmente consensual -estranhamente para si - referente à obrigatorie-dade do uso da máscara na via pública, e outraem que houve muitas dúvidas e críticas.

"Sobre a aplicação, é útil que a Assembleia daRepública faça todas as audições que o PS pro-pôs para se reflectir sobre esse tema. Acho quenada melhor do que um grande debate e umadecisão sobre essa matéria. Mas o Governo nãoseria responsável se, perante a evolução que es-tamos a ter da pandemia, não colocasse à As-sembleia da República essa questão" da apli-cação informática "stayawaycovid", alegou o pri-meiro-ministro.

Marcelo vacina-se contra a gripe para "dar o exemplo"

O Presidente da República prometeu enviarpara o Tribunal Constitucional (TC) para fiscaliza-ção preventiva a lei que obriga à utilização daaplicação para telemóveis Stayaway Covid, seesta for aprovada pelo parlamento e persistiremdúvidas de constitucionalidade."Num caso em que haja eventualmente dúvidas,

não esclarecidas cabalmente, no momento dodebate parlamentar e a propósito do debate par-lamentar, eu aí prefiro mil vezes pedir ao TribunalConstitucional que esclareça uma vez por todas,a avançar-se com uma decisão que arrasta umapolémica que vai durar meses e em que podehaver decisões diferentes, quer administrativas,quer de vários tribunais", afirmou Marcelo Rebelode Sousa.

O chefe de Estado, que falava em resposta aquestões dos jornalistas, no Museu da Electrici-dade, em Lisboa, escusou-se a esclarecer seconsidera ou não que a obrigatoriedade de uti-lização desta aplicação, proposta pelo Governo,levanta dúvidas de constitucionalidade, alegandoque dar a sua opinião pessoal "seria uma formade pressionar o parlamento".

"O parlamento tem, como diz o povo, a faca e oqueijo na mão para esclarecer e para decidir so-bre as dúvidas. Se porventura ainda permane-cerem dúvidas a seguir à deliberação parlamen-tar, qualquer que seja, positiva, negativa, maisampla, mais restrita, eu entendo que mais valeesclarecer as dúvidas à partida", acrescentou,defendendo que nesse caso a fiscalização pre-ventiva da constitucionalidade permitirá evitar"uma telenovela de dúvidas num tema sério demais".

Questionado sobre a polémica em torno da pro-posta de lei do Governo para tornar "obrigatória,no contexto laboral ou equiparado, escolar e aca-démico, a utilização da aplicação Stayaway Co-vid pelos possuidores de equipamento que a per-mita", Marcelo Rebelo de Sousa começou por re-ferir que a instalou voluntariamente no seu tele-móvel logo que foi possível.

"Eu respeito os debates que a Assembleia iráfazer. E é muito simples: a Assembleia é livre deaprovar ou não aprovar e, no caso de nesse de-bate se suscitarem dúvidas de constitucionalida-de, que é preciso clarificar à partida, pois o Pre-sidente não terá problema nenhum em tirar a ini-ciava de suscitar a questão perante o TribunalConstitucional para que ele rapidamente possaclarificar aquilo que permite para o futuro dar acerteza, qualquer que seja a sua decisão", afir-mou, em seguida.

Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que, "sehouver dúvidas insuperáveis em relação a umdecreto que chega às mãos do Presidente, natu-ralmente o bom senso impõe que seja clarificadoesse conjunto de dúvidas, à partida, para não serdepois objeto de decisões diferentes da Admi-nistração Pública ou dos tribunais", e deixou cla-ro que estava a falar de "fiscalização preventiva,obviamente".

"Veremos o que é que a Assembleia decide ecomo decide e as dúvidas que se suscitam ounão", sugeriu.

Interrogado se, ao condicionar um envio para oTC a "dúvidas eventualmente surgidas" em de-bate parlamentar, estava a dar a entender que nasua opinião não existem para já essas dúvidas, o

Presidente da República rejeitou essa leitura:"Eu não dou a entender coisa nenhuma".

"Eu verifico que o próprio partido do Governoquer ouvir especialistas por causa das dúvidasque existem", realçou.

Segundo o chefe de Estado, primeiro, "a As-sembleia que decida se quer ou não a aplicaçãoobrigatória", depois, se "há dúvidas de constitu-cionalidade", então "que se apure se há ou nãoconstitucionalidade", para não se perder "mesesa discutir essa matéria".

Costa pediu para suspender diploma sobre obrigatoriedade da aplicação “Stayaway Covid”

Presidente da República enviará para o TC Lei que obriga a utilizarStayaway Covid se persistirem dúvidas de constitucionalidade

Marcelo não descarta subida do déficepara reforçar pessoal no sector da Saúde

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, MARCELO REBELO DE SOUSA, VACINANDO CONTRAA GRIPE NA UNIDADE DE SAÚDE FAMILIAR (USF) DESCOBERTAS, EM LISBOA

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14 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 26 DE OUTUBRO DE 2020

MADEIRA

O PSD/Madeira sublinhou, no Parlamento re-gional, que o Governo da República "deixou cair"e "não faz qualquer menção" ao processo da li-nha marítima entre a região e o continente no Or-çamento do Estado para 2021.

"O primeiro-ministro fez uma promessa, inscre-veu-a no Orçamento do Estado 2020 (artigos95.º a 97.º), não a cumpriu e nesta proposta reti-ra qualquer menção a esta matéria", declarou odeputado regional Carlos Rodrigues, referindo-se à linha de ferry.O parlamentar falava no plenário da Assembleia

Legislativa, durante o debate de um projecto deresolução da autoria do JPP que recomenda aoGoverno da Madeira a criação de uma comissãode acompanhamento para o estudo de mercadoda ligação marítima entre a Madeira e o conti-nente.

"Não temos ferry porque o PS não quer", afir-mou Carlos Rodrigues, recordando que o pri-meiro-ministro, António Costa, aquando de umadeslocação à Madeira em período de campanhaeleitoral, prometeu esta ligação e, mais tarde,após uma reunião com o presidente do executivomadeirense, acordou a realização de um estudosobre este assunto.

O deputado rejeitou as críticas dos partidos daoposição de que exista "falta de vontade política"do Governo Regional (PSD/CDS-PP) para reali-zar esta pretensão dos madeirenses.

"A responsabilidade é do Governo da Repúbli-ca, é um princípio constitucional que tem de sersalvaguardado. O primeiro-ministro prometeuque ia fazer e até pôs no Orçamento do Estado",indicou.

Carlos Rodrigues questionou a utilidade deconstituição de uma "comissão para encontrar ogrupo de trabalho que ninguém sabe onde está".

Élvio Sousa, do JPP, assegurou que o partido"não deixará ficar o processo do ferry em docaseca".

O deputado recordou que a promessa foi feita,com a conivência dos governos nacional e re-gional, sendo o objectivo desta iniciativa "consti-tuir um organismo para pressionar" a sua concre-tização.

Élvio Sousa referiu que "quem prometeu sabiaque tinha responsabilidades, que a viabilidadeexistia e este engonhanço de fazer um estudo demercado e não concretizar deve merecer repú-dio".

Quanto ao PS, o deputado Victor Freitas recor-dou que o presidente e o vice-presidente do Go-verno da Madeira asseguraram que a região iriater ferry custasse o que custasse.

O socialista admitiu que esta é "uma justa rei-vindicação e da responsabilidade do Estado", de-fendendo que o "Governo Regional deve tomardiligências para encontrar uma resposta paraeste problema".

O líder parlamentar do CDS, António Lopes daFonseca, insistiu que esta ligação marítima éuma promessa feita por vários responsáveis na-cionais e regionais do PS que não foi cumprida.

Para o deputado centrista, há "desenquadra-mento na proposta do JPP, porque não háintenção de fazer o estudo e esta comissão nãoteria funções".

Na opinião do deputado único do PCP, RicardoLume, a ligação marítima "é uma aspiração anti-ga que fez parte do programa eleitoral de todos

os partidos, teve unanimidade e é problema quejá devia estar resolvido há muito", sendo uma"responsabilidade também da República".Esta ligação, disse, "teria viabilidade económica

se os agentes económicos o quisessem" e se o"Governo Regional não estivesse subjugado aosinteresses económicos" do arquipélago.O comunista recordou que, em 2018, foi assina-

do um contrato de três anos para a realizaçãodesta linha entre a Madeira e o continente nosmeses do verão, "quem ganhou foi o grupo Sou-sa, mas o 'senhor dos mares da região' rescindiuunilateralmente o acordo e o Governo Regionalnão esteve preocupado em pedir a correspon-dente indemnização compensatória".

Apesar de o princípio da continuidade territorialser constitucionalmente da responsabilidade doEstado, a ligação por ferry entre a Madeira e ocontinente (Portimão, no distrito de Faro) funcio-nou nos últimos dois anos de forma sazonal (noverão) a expensas do Orçamento Regional,tendo o executivo madeirense despendido jácom seis milhões de euros com esta ligação (trêsmilhões em cada ano).

Face aos prejuízos da linha, o armador anun-ciou que este ano não faria a ligação. O contratoassinado previa o serviço por três anos.

Em comunicado, o PSD/Madeira destaca aindaa omissão na proposta de OE2021 da regula-mentação do subsídio social de mobilidade, con-siderando que se trata de um “retrocesso inad-missível”.

Em declarações à Lusa, a deputada Sara Ma-druga da Costa lembrou que, há dois anos, aAssembleia da República aprovou uma revisãodo regime jurídico do subsídio de mobilidadepara que os passageiros que são residentes naMadeira possam pagar apenas o subsídio de 86euros no ato da compra das passagens aéreas edeixem de ter de adiantar o valor total do bilhetese só mais tarde receberem o reembolso.“Está em falta essa regulamentação”, salientou,

acrescentando que, por proposta dos deputadosdo PSD/Madeira foi incluído no OE2020 uma al-teração para que essa regulamentação ocor-resse durante este ano.

Contudo, não só isso não foi cumprido, comonão há qualquer referência a essa questão naproposta de OE2021, referiu Sara Madruga daCosta, prometendo que os deputados doPSD/Madeira voltarão a apresentar propostas dealteração ao documento que o Governo entregouno Parlamento, nomeadamente sobre estaquestão.

O PS/Madeira defendeu que o Governo Regio-nal deve utilizar as potencialidades da Universi-dade da Madeira para efetuar um estudo científi-co sobre a introdução de ferramentas de ensino,como o ‘tablet’, nas escolas do arquipélago.

“O grupo parlamentar do PS/Madeira consideraque é chegada a hora de o Governo Regionalolhar para a Universidade da Madeira (UMa) comuma visão completamente diferente”, declarou odeputado socialista na Assembleia Legislativaregional Rui Caetano.

Em conferência de imprensa, Rui Caetano des-tacou “as potencialidades imensas no desenvol-vimento da região” que a academia madeirensetem e sustentou ser necessário que o executivomadeirense faça um investimento “de forma sériae com substância, para que na verdade se possadesenvolver todas essas condições”.

“Dou um exemplo muito concreto: neste mo-mento, a Secretaria Regional [da Educação] estáa introduzir nas escolas da região o ‘tablet’ e ma-nuais escolares, medida que neste momentoabrange os 5.º e 6.º anos e, nalguns casos, o 7.º,graças a protocolos com as câmaras municipais”,referiu o parlamentar.

Rui Caetano realçou “o impacto que esta novaforma de trazer novas ferramentas para dentrodas escolas - ‘tablets’ e manuais escolares - tevedo ponto de vista das aprendizagens e da aqui-sição dos conhecimentos.

Por isso, sustentou ser “urgente o Governo Re-gional desenvolver um estudo científico do pontode vista de acompanhamento e avaliação detodo o processo”, para fazer uma avaliação se“essa nova forma de trabalhar nas escolas está aser feita de maneira sustentada e que tenhafuturo para a Região e desenvolvimento de outraescola na região”.Na opinião de Rui Caetano, “o executivo da Ma-

deira deveria assinar um protocolo com a univer-sidade, com os diversos departamentos, de di-versas áreas, para que seja a UMa a analisar,com fundamento científico, pedagógico e da saú-de.

“Porque sabemos que são muitas horas que ascrianças estão à frente de um computador ou deum ‘tablet’”, explicou.

O deputado socialista disse ainda ser necessá-rio “perceber o que está a correr bem e menosbem, e tentar implementar algumas alteraçõesou readaptações de todo o processo que está aser desenvolvido na Região”.

O Governo da Madeira não vai autorizar a reali-zação de algumas festas no período do Natal,mas avança com as iluminações e o espectácu-lo pirotécnico no fim do ano nos moldes habi-tuais, indicou o chefe do executivo.

"Vamos concretizar as iluminações, o fogo dofim do ano vai acontecer. Algumas festividadespúblicas, com consumo de álcool na rua, que ge-ram concentração de pessoas, umas em cimadas outras, essas não vamos promover nemautorizar", disse Miguel Albuquerque, no Fun-chal.

O presidente do Governo Regional, que falavana apresentação do Plano da Saúde para oOutono - Inverno 2020/2021, referiu-se, em es-pecial, às designadas "noites do mercado", queocorrem um pouco por toda a região durante aquadra natalícia, mas sobretudo no Funchal.

"São convívios com milhares de pessoas e issonão é conveniente nem favorável às medidas [decontenção da covid-19]", sublinhou, indicando,no entanto, que a situação pandémica na Madei-ra "não é comparável" à do resto do país e daEuropa, pois estão registados 108 casos activosno arquipélago, dos quais 101 foram identifica-dos no contexto das actividades de vigilância im-plementadas nos aeroportos e apenas sete sãode transmissão local.

Miguel Albuquerque realçou que a região temagora "três grandes desafios" pela frente, no-meadamente prolongar no tempo a atitude deresponsabilidade e de prevenção da população,reforçar o Serviço Regional de Saúde face aoprovável aumento de doenças respiratórias nosmeses de inverno, e manter a prioridade na sal-vaguarda da saúde e da vida dos cidadãos.

"O principal ativo é a confiança e vai ser manti-do", disse, reforçando: "Para isso contamos comprofissionais de excelência e com planeamento,prevenção e previsão."

Miguel Albuquerque destacou a importância doPlano da Saúde para o Outono - Inverno2020/2021, considerando a necessidade deeventualmente se enfrentar em simultâneo váriostipos de doenças respiratórias, como a gripe e acovid-19.

"É evidente que não há planos fixos, inamo-víveis. Este é um plano que tem linhas estratégi-

cas muito importantes, mas pode ser adaptadoem função da evolução das doenças e do nú-mero de contágios", declarou.

O Plano da Saúde para o Outono - Inverno2020/2021 foi elaborado pelo Grupo Coordena-dor do Programa de Prevenção e Controlo deInfeção e de Resistência aos Antimicrobianos doServiço Regional de Saúde e tem por objectivopreparar e dar resposta a um eventual cresci-mento pandémico da covid-19, bem como a"todas as necessidades" em saúde da populaçãoda Madeira e Porto Santo.

PSD critica falta de menção à ligação marítima entre Madeirae Continente no Orçamento Geral do Estado para 2021

Governo Regional proíbe algumas festas públicas no período de Natal

PS/Madeira quer Universidade a fazer estudo sobre impacto do 'tablet' nas escolas

Leia e divulgue O Século

de Joanesburgo O PRESIDENTE DO GOVERNO REGIONAL DA MADEIRA, DURANTE A APRESENTAÇÃO DO PLANO DA SAÚDE PARA O OUTONO - INVERNO 2020/2021

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26 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 15

MOÇAMBIQUE

ATAQUES NO CENTRO E NORTE

“Nas últimas semanas, aldeias do litoral do dis-trito de Macomia foram alvo de ataques terroris-tas, com o saldo a apontar para pelo menos 20pessoas assassinadas, dezenas de casas quei-madas e vários produtos roubados”, refere-se nodocumento datado de domingo.

Segundo o CDD, de 30 de Setembro a 8 deOutubro, “um grupo de terroristas ocupou o postoadministrativo de Mucojo [na costa de Cabo Del-

gado] e a partir deste ponto fez várias incursõesnas aldeias de Naunde, Darumba, Manica,Rueia, Goludo, Pangane, Nambo, Messano, Ru-nho, Muituiro e na Ilha Mais”.

Entre as vítimas mortais há pelo menos doismembros das Forças de Defesa e Segurança(FDS) moçambicanas, abatidos em Pangane, umdos pontos de comércio daquela zona costeira,acrescenta-se.

“Em Pangane, roubaram também barcos amotor, motores de embarcações e queimarammuitas casas. Os ‘al-Shabab’ [nome que lhes édado na região] usaram cinco barcos a motorpara transportar os bens roubados e seguiramem direcção a Mocímboa da Praia”, contou umsobrevivente.

Mocímboa da Praia é outra vila costeira quedesde Agosto está sob controlo dos insurgentese fica a cerca de 60 quilómetros do local de im-plantação dos projectos de exploração de gásnatural da região, o maior investimento privadoem África.

Após a ocupação da vila, os rebeldes têm tam-bém lançado ataques às ilhas vizinhas, no vastoarquipélago das Quirimbas, que se estende aolongo de toda a costa de Cabo Delgado.

A assistência humanitária na região não chegapara as necessidades, notou o CDD, registando-se fome e eclosão de doenças diarreicas que jácausaram a morte de pelo menos 10 pessoas emMatemo, uma das ilhas do arquipélago.Ainda de acordo com a ONG, os mais recentes

ataques provocaram uma nova vaga de desloca-dos que procuram segurança em distritos eprovíncias vizinhas, nomeadamente em Pemba,capital provincial, a sul da insurgência.

À praia de Paquite, naquela cidade, chegaram“cerca de 20 embarcações, transportando cente-nas de deslocados que fugiram dos ataques emMucojo, no distrito de Macomia”, notou o CDD,que cita estimativas de que o número de deslo-cados, só em Pemba, pode chegar a 80.000.

Ao todo, o Governo moçambicano e as organi-zações de socorro, nomeadamente as agênciasdas Nações Unidas, apontam para um total de300.000 deslocados devido ao conflito armadode Cabo Delgado.

FORÇAS DE DEFESA E SEGURANÇAOCUPAM POSIÇÕES DE REBELDES

As forças de defesa e segurança (FDS) moçam-bicanas e veteranos da luta de libertação toma-ram posições de rebeldes em Cabo Delgadonuma ofensiva realizada durante o fim-de-sema-na, anuncia o portal Notícias da Defesa na Inter-net.

O portal tem actuado como órgão não oficialdas forças moçambicanas.

Os relatos de uma investida sobre insurgentesnas matas de Auasse, no distrito de Mocímboada Praia, são referidos por outras fontes, sendoque o portal Notícias da Defesa anuncia que 270rebeldes terão sido abatidos.

Auasse fica a cerca de 40 quilómetros de Mo-címboa da Praia, vila costeira que em meados deAgosto foi ocupada por insurgentes, sendodesde então disputada a informação sobre quemcontrola a localidade e o seu cais.

Mais 1.074 deslocados devido a violência arma-da no norte de Moçambique chegaram nos últi-mos dias ao bairro de Paquitequete, na periferiada capital provincial de Cabo Delgado, anunciouo secretário de Estado da província.

"Os deslocados chegaram em 21 embarcaçõese, no grupo, algumas pessoas estão doentes. Éuma viagem penosa que leva três ou quatro diasno mar, em embarcações normalmente a vela esem condições", disse Armindo Ngunga, falandona terça-feira durante uma conferência de im-prensa em Cabo Delgado.O bairro Paquitequete, situado na zona costeira

de Pemba, alberga muitos deslocados das zonasafetadas pela violência armada, além de ser aresidência de vários pescadores que frequentama costa dos distritos que têm registado ataquesarmados no Norte de Cabo Delgado.

De acordo com o secretário de Estado de CaboDelgado, do grupo que chegou nos últimos dias,pelo menos 22 pessoas estão doentes e houve oregisto de quatro mulheres que tiveram os filhosdentro das embarcações durante a viagem,tendo um dos bebés falecido.

Segundo o secretário de Estado de Cabo Del-gado, o movimento de deslocados em Pembaactualmente é diário e o Governo procura, atra-vés do plano de gestão de deslocados e do apoiode parceiros, criar condições para receber aspessoas.

"Os números variam todos os dias e por issoestamos muito preocupados com a situação dosdeslocados", declarou Armindo Ngunga.

A alimentação e o abrigo estão entre as princi-pais necessidades, mas o Governo procura tam-bém atribuir novos espaços (terras) aos desloca-dos para que recomecem as suas vidas.

A capital provincial tem sido o principal refúgiopara as pessoas que procuram abrigo e seguran-ça em Cabo Delgado, mas há quem prefira fugirpara outros distritos e até províncias da região,com destaque para Nampula.

Os 60 deputados da bancada da RENAMO noParlamento moçambicano vão descontar um diade salário, cada, para um fundo destinado às víti-mas da violência em Cabo Delgado, anunciou naquinta-feira o principal partido da oposição."Solidarizámo-nos com as vítimas da guerra em

Cabo Delgado e é por isso que vamos descontarum dia de salário", afirmou o porta-voz e deputa-do da Resistência Nacional Moçambicana(RENAMO), principal partido da oposição, Arnal-do Chalaua.

O deputado fez o anúncio durante o seu discur-so após a informação anual do Provedor de Jus-tiça.

O porta-voz da RENAMO avançou que o sofri-mento infligido à população de Cabo Delgado émais uma prova de que a justiça está a ser nega-da à maioria da população moçambicana."De que justiça se fala, quando milhares de pes-

soas são obrigadas a fugir das suas casas porcausa da violência armada em Cabo Delgado",questionou Arnaldo Chalaua.

O porta-voz da RENAMO não especificou o va-lor da doação dos deputados da Renamo às víti-mas de violência em Cabo Delgado, mantendoessa postura mesmo perante os pedidos dos jor-nalistas no final do seu discurso.

O salário mensal mais baixo de um deputado

em Moçambique é de 65 mil meticais (752 euros)e o mais alto ultrapassa 100 mil meticais (1.157euros).

Em Outubro, os 184 deputados da Frente deLibertação de Moçambique (FRELIMO), partidono poder, descontaram dois dias de salário,cada, e ofereceram 10 toneladas de produtos di-versos para as vítimas da violência armada emCabo Delgado.

Além da FRELIMO, com 184 assentos, e daRENAMO, com 60 deputados, tem assento naAR o Movimento Democrático de Moçambique(MDM), terceira bancada, com seis deputados.

Mais 20 mortos em zona costeiradurante os recentes ataques

Pelo menos 20 pessoas morreram durante os mais recentes ataquesde rebeldes em Cabo Delgado, norte de Moçambique, segundo um le-vantamento do Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD),organização não-governamental (ONG) moçambicana

Governo confirma1.074 deslocadosna capital de Cabo Delgado

A Frelimo, partido no poder em Moçambique,considerou que as Forças de Defesa e Seguran-ça (FDS) estão a travar um "duro combate" con-tra "terroristas" em Cabo Delgado, reconhecendoa gravidade do conflito.

A Frente de Libertação de Moçambique(FRELIMO) falou sobre a violência armada naprovíncia de Cabo Delgado, durante o discursode abertura da sessão ordinária da Assembleiada República (AR)."As Forças de Defesa e Segurança, sob coman-

do firme de Filipe Jacinto Nyusi, Presidente daRepública e comandante em chefe das Forçasde Defesa e Segurança, têm vindo a travar umduro combate contra os terroristas", afirmou ochefe da bancada da FRELIMO, Sérgio Pantie.

Sérgio Pantie apelou às FDS para prossegui-rem a luta contra os grupos armados que prota-gonizam ataques em Cabo Delgado, "sem tré-guas".

"Aos jovens integrados nas Forças de Defesa eSegurança, pela tenacidade, heroísmo e desem-penho excepcional e patriótico vai a nossa vé-nia", declarou Pantie, numa altura em que diver-sas organizações têm pedido uma investigaçãoindependente a alegadas violações de direitoshumanos pelos militares, mas o chefe da banca-da do partido no poder não fez referência às sus-peitas no seu discurso de abertura.

Mais tarde, defendeu que a primeira comissãoda AR (de Assuntos Constitucionais, Direitos Hu-manos e de Legalidade) deverá averiguar a si-tuação, quando a oposição propôs a criação deuma comissão de inquérito específica.O líder da bancada parlamentar da Frelimo con-

siderou uma agressão à soberania e à integri-dade territorial a ação dos grupos armados queatuam em Cabo Delgado, validando os númerosque têm sido divulgados por organizações desocorro: o conflito já provocou a morte a mais demil pessoas e a fuga de mais de 300 mil pes-soas.

O grupo 'jihadista' Estado Islâmico tem reivindi-cado alguns ataques desde 2019, mas a origemda insurgência continua em debate.

Este ano, os combates entre rebeldes e as for-ças armadas moçambicanas intensificaram-senaquela região onde está a ser construído omaior investimento privado em África - da ordemdos 50 biliões de dólares (42,6 biliões de euros)- para extração de gás natural, liderado pelas pe-trolíferas norte-americana Exxon Mobil e france-sa Total (que já tem obras no terreno).

FRELIMO reconhece"duro combatecontra terroristas"

Deputados da RENAMO vão descontar umdia de salário para as vítimas de violência

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16 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 26 DE OUTUBRO DE 2020

MOÇAMBIQUE

Ao mesmo tempo, a PGR redigiu pedidos de ex-tradição, validados pelo Tribunal Supremo mo-çambicano na penúltima sexta-feira - apesar dejá terem sido enviados a 3 de Junho para osEUA.O objectivo é julgar em Moçambique os ex-ban-

queiros Andrew James Pearse, Detelina Sub-veva e Surjan Singh, bem como Jean Boustani,representante da empresa de construção naval.

Os EUA promoveram em 2019 um julgamentodo caso das dívidas ocultas pelo facto de o es-quema financeiro ter passado pelo país e Bous-tani acabou ilibado.Os três ex-banqueiros deram-se como culpados

de conspirar para a lavagem de dinheiro eaguardam pelo veredito do juiz.

As dívidas ocultas estão relacionadas com em-préstimos no valor de 2,2 biliões de dólares(cerca de dois biliões de euros) contraídos entre2013 e 2014 junto das filiais britânicas dos ban-cos de investimentos Credit Suisse e VTB pelasempresas estatais moçambicanas Proindicus,Ematum e MAM.

Os empréstimos foram secretamente avaliza-dos pelo Governo da Frente de Libertação deMoçambique (Frelimo, partido no poder desde aindependência), liderado por Armando Guebuza,sem o conhecimento do parlamento e do TribunalAdministrativo.

Há 19 arguidos (18 dos quais detidos) no pro-cesso principal em Moçambique, entre os quaissobressaem figuras do círculo próximo do ex-Presidente, tais como um dos filhos, NdambiGuebuza, e a sua secretária pessoal, Inês Moai-ne.O Ministério Público moçambicano acusa os ar-

guidos de associação criminosa, chantagem,corrupção passiva, peculato, abuso de cargo oufunção, violação de regras de gestão e falsifi-cação de documentos, ainda sem julgamentomarcado.Os quatro estrangeiros que a PGR quer em Mo-

çambique são arguidos num processo autónomo.

TRIBUNAL MOÇAMBICANO CONDENADOIS ARGUIDOS A 11 E 10 ANOSPOR DESVIO DE 1,8 ME DO ESTADO

O Tribunal Judicial de Maputo condenou dois ar-guidos a 11 anos e 10 anos de prisão, cada, peloenvolvimento no desvio de pouco mais de 155milhões de meticais (1,8 milhões de euros) daConta Única do Tesouro.

O colectivo de juízes considerou por "unanimi-dade" que Gama Nhampele e Liliana Ferreira co-meteram os crimes de furto informático de moe-das e valores, falsificação de documentos autên-ticos ou que fazem prova plena, associação paradelinquir e branqueamento de capitais.

O tribunal considerou provado que GamaNhampele, um técnico informático do Centro deDesenvolvimento do Sistema Financeiro(Cedsif), instituição tutelada pelo Ministério daEconomia e Finanças, entrou no sistema infor-mático da instituição e do Sistema de Administra-ção Financeira do Estado (Sistafe) e conseguiufraudulentamente que o Banco de Moçambiqueautorizasse pagamentos da Conta Única doTesouro (CUT), entre 2016 e 2020.O dinheiro do saque ultrapassou pouco mais de

155 milhões de meticais (1,8 milhão de euros).A operação contou com a ajuda de Liliana Fer-

reira, uma pessoa sem nenhum vínculo com oEstado, mas que aceitou abrir uma empresa de"fachada" e contas bancárias usadas para a dre-nagem dos fundos do saque.

Além de Liliana Ferreira, o esquema teve o en-volvimento de três outras pessoas, que disponi-bilizaram as suas empresas e contas bancáriaspara as transacções fraudulentas.As três pessoas encontram-se foragidas e pen-

dem sobre elas mandados de captura interna-cional.

Além da sentença à prisão, o tribunal condenouGama Nhampele ao pagamento de uma indem-nização no valor de 93,5 milhões de meticais(1,08 milhão de euros) ao Estado por danos cau-sados com a burla e Liliana Ferreira ao paga-mento de uma indemnização no valor de 60,2milhões de meticais (701 mil euros).A juíza da causa, Ivandra Uamusse, considerou

os dois arguidos "delinquentes económicos" cujaação é igual ou pior que os autores de crimescomuns, como o homicídio, devido aos danosque provoca na sociedade.

"É este tipo de crimes [económicos] que fazcom que faltem medicamentos nos hospitais ecomida nas famílias e em tempo de covid-19 vê-se o impacto negativo desse tipo de comporta-mentos", afirmou.Os dois réus negaram em julgamento a sua par-

ticipação na fraude bem como todos os crimesque lhe são imputados.

O advogado de Liliana Ferreira disse aos jorna-listas, no final da leitura da sentença, que vairecorrer da decisão, porque "a convicção do tri-bunal não corresponde aos factos ocorridos nemdemonstrados em julgamento".

"Não temos outra opção, se não contestar estadecisão em recurso", declarou Mirko Paulo.

"Eu não tenho esse drama. A minha posição re-lativamente à dívida é que, primeiro, temos queter capacidade de pagar, se não temos capaci-dade de pagar, não vamos [contrair]", declarouAdriano Maleiane.

Maleiane respondia a perguntas dos jornalistassobre uma posição que o Centro de IntegridadePública (CIP), organização da sociedade civilmoçambicana, divulgou considerando a dívidade Moçambique à China "assustadora" e incapazde permitir que Moçambique aloque recursos nocombate à covid-19.

O ministro da Economia e Finanças moçambi-cano considerou normal o serviço da dívida coma China, assinalando que a prioridade de Maputotem sido recorrer a empréstimos concessionais."Não sei se [a dívida com a China] é assustado-

ra, a dívida que temos com a China é no quadroda dívida que temos com o Banco Mundial. Aúnica diferença é que, de facto, as condições quetêm cada financiador são diferentes", declarouAdriano Maleiane.Maleiane avançou que o executivo está preocu-

pado com a sustentabilidade da dívida pública esó recorre ao apoio externo porque ainda nãoproduz excedentes capazes de ajudar a financiarprojetos de infraestruturas.

"Porque o país não quer estar fora dos limitesde sustentabilidade da dívida, vai buscar finan-ciamentos e a China é um dos parceiros na cons-trução de infraestruturas", destacou.

O governante desdramatizou o cepticismo dealguns quadrantes da sociedade moçambicanasobre a viabilidade económica de infraestruturasconstruídas com financiamento chinês, defen-dendo que a utilidade económica dos empreendi-mentos será notada no futuro.

Na terça-feira, o ministro da Economia e Finan-ças moçambicano estimou a dívida total de Mo-çambique à China em 1,3 biliões de dólares (1,1biliões de euros), adiantando que o país lusófonopediu um alívio no pagamento de prestações,aguardando por uma resposta.

Moçambique tem "dois tipos de empréstimoscom a China", a dívida com o Governo e outraperante o sistema bancário, num total de 1,3 bi-liões de dólares (1,1 biliões de euros), detalhouna terça-feira num debate na Internet no âmbitodos encontros anuais do Banco Mundial."Também lhes escrevemos", referiu, tal como foi

pedido alívio aos restantes credores bilaterais

para o país poder responder à covid-19, aguar-dando-se uma resposta.

Maleiane foi orador numa troca de ideias emque o papel da China esteve em discussão, no-meadamente sobre se estará alinhada com aSuspensão do Serviço da Dívida (DSSI) do Clu-be de Paris e G20 - 19 maiores economias domundo mais a União Europeia (UE) - anunciadaem Abril para vigorar até final do ano e cujaextensão para 2021 está em aberto.

As dívidas de África à China têm motivado di-versas análisss a propósito dos encargos com acovid-19.O CIP considera a dívida de Moçambique ao gi-

gante asiático "assustadora" e pouco transparen-te, pedindo que o Governo moçambicano expli-que como vai gerir o encargo, num contexto emque está sufocado pela covid-19.A organização da sociedade civil moçambicana

fez um estudo divulgado pela Lusa na terça-feira,estimando que o país devia à China cerca de

dois biliões de dólares (1,7 biliões de euros) atéao final de 2019 - números superiores aos divul-gados pelo ministro da Economia e Finanças.

O CIP critica o facto de os relatórios da dívidapública do Estado moçambicano não incluíreminformações sobre juros e amortizações na dívi-da com a China.

Aquela organização assinala que o Estadomoçambicano vem contraindo empréstimos àChina desde antes de 2010, mas o endividamen-to entrou num ritmo acelerado em 2016, princi-palmente com o China Export-Import Bank(CEIB).

Num comentário à Lusa, Agostinho Machava,economista do Centro para a Democracia e De-senvolvimento (CDD), organização da sociedadecivil moçambicana, considerou que os contratosde dívida com a China têm sido caracterizadospela "opacidade e sem informação pública sobreos termos e condições em que as dívidas devemser amortizadas".

Por outro lado, algumas infraestruturas finan-ciadas com o dinheiro chinês são de retornoeconómico duvidoso, porque não tem havido adiligência de realizar estudos de viabilidade con-sistentes.

Dívidas ocultas: Procuradoria-Geral da Repúblicaemite mandados de captura internacional

A Procuradoria-Geral da República (PGR) de Moçambique emitiumandados de captura internacional contra os três ex-banqueiros doCredit Suisse e de um representante do estaleiro Privinvest envolvidosno caso das dívidas ocultas, anunciou o jornal Notícias.

Governo rejeita “drama” na dívida à ChinaO ministro da Economia e Finanças de Moçambique, Adriano Maleia-

ne, disse em Maputo não ver com "drama" a dívida do país à China,apesar de ser considerada "assustadora" por organizações da socieda-de civil moçambicana.

MINISTRO DA ECONOMIA E FINANÇAS DE MOÇAMBIQUE, ADRIANO MALEIANE

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26 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 17

MOÇAMBIQUE

ATAQUES NO CENTRO E NORTE

O embaixador da União Europeia em Moçambi-que defendeu, em entrevista à Lusa, que não háespaço para renegociações no acordo de paz de2019, como exige um grupo dissidente da Rena-mo acusado de protagonizar ataques armadosno centro do país.

“O acordo de paz não pode ser aberto ou rene-gociado, estamos bastante claros sobre isso”,disse António Sanchez-Benedito.

Em causa estão os ataques, no centro, atribuí-dos à autoproclamada Junta Militar da Resistên-cia Nacional Moçambicana (Renamo), lideradapor Mariano Nhongo, antigo dirigente de guerri-lha, que exige a renegociação do acordo e a de-missão do atual presidente do partido, OssufoMomade.

Nhongo acusa-o de ter desvirtuado o processonegocial em relação aos ideais do seu anteces-sor, Afonso Dhlakama, líder histórico da Renamoque morreu em Naio de 2018.

Para António Sanchez-Benedito, a Renamocomprometeu-se com a paz no acordo assinadocom o Governo e não pode ser refém das exigên-cias de um “grupo minoritário”.

“Estamos todos cientes de que em alguns pon-tos do país os indicadores macroeconómicosainda são muito baixos, mas a maneira de avan-çar não é com recurso a violência”, disse.

O acordo de paz em Moçambique foi assinadoem Agosto de 2019 pelo chefe de Estado mo-çambicano, Filipe Nyusi, e pelo presidente daRenamo, prevendo, entre outros aspectos, o De-

sarmamento, Desmobilização e Reintegração(DDR) do braço armado do principal partido deoposição.

Num momento em que decorre o processo deDDR, no quadro dos entendimentos, o embaixa-dor da UE em Moçambique entende que MarianoNhongo devia aproveitar a oportunidade para lar-gar as armas.

“Há uma janela que ainda está aberta, maspode estar fechada daqui a algum tempo”, aler-tou.

Apesar dos desafios impostos pelo grupo deNhongo, segundo António Sanchez-Benedito,que visitou recentemente o centro para avaliar oprocesso do DDR, as coisas estão a tomar umbom rumo.A União Europeia disponibilizou até agora cerca

de 62 milhões de euros para o DDR, que está nasua terceira fase, com 1.075 ex-guerrilheiros daRenamo já abrangidos de um total de 5.000 quese espera que entreguem as armas.

Os ataques armados atribuídos ao grupo dissi-dente da Renamo no centro de Moçambique têmafetado as províncias de Manica e Sofala e jáprovocaram a morte de, pelo menos, 30 pessoasdesde Agosto do ano passado, em estradas epovoações locais.

A Organização Internacional das Migrações(OIM) estima que existam 7.780 deslocados nocentro de Moçambique, em fuga de ataques ar-mados em zonas por onde vagueia o grupo dis-sidente da Renamo.

"Durante a conversa [telefónica], os governan-tes trocaram informações sobre a situação dasegurança prevalecente na região, com realcepara a questão do terrorismo e outras ameaças,tendo o Presidente Nyusi atualizado o Presidentesul-africano sobre a situação de segurança emMoçambique", escreve a Presidência moçambi-cana em comunicado, sem, no entanto, avançarmais detalhes sobre a conversa.A província de Cabo Delgado, norte de Moçam-

bique, é palco há três anos de ataques armadosdesencadeados por forças classificadas comoterroristas.Além da situação de insegurança em Moçam-

bique, Ramaphosa, que é presidente em exercí-

cio da União Africana (UA), e Filipe Nyusi, que épresidente em exercício da Comunidade de De-senvolvimento da África Austral (SADC), "troca-ram informações sobre a evolução da covid-19na região, as lições aprendidas e o seu impactosocioeconómico", acrescenta o comunicado.

Em África, há mais de 40 mil mortos confirma-dos em mais de 1,6 milhões de infectados em 55países, segundo as estatísticas mais recentessobre a pandemia no continente.

A África do Sul é o país mais afectado do conti-nente, com mais de 700 mil. Moçambique é,entre os países lusófonos em África, o que regis-ta maior número de casos: mais de 10.392.

“A UE tem acompanhado de forma bastantepróxima a onda de violência no norte de Moçam-bique, reconhecendo as severas consequênciasa nível humanitário e no aumento das tensões naregião”, declarou a porta-voz da Comissão Euro-peia sobre assuntos externos e política de segu-rança, Nabila Massrali.

Questionada sobre a situação em Cabo Delga-do durante a conferência de imprensa diária dainstituição, em Bruxelas, Nabila Massrali recor-dou que “o Governo de Moçambique e a UE en-cetaram uma política de diálogo focada nasquestões humanitárias e de segurança”.

“E estamos dispostos a apoiar o governo deMoçambique. Vamos discutir opções concretasnos próximos diálogos políticos”, concluiu a por-ta-voz.As declarações surgem depois de, na penúltima

quinta-feira, um porta-voz do corpo diplomáticoeuropeu ter dito à agência Lusa que a UE defen-de uma abordagem alargada aos problemas deviolência armada no norte de Moçambique, no-tando que um dos programas já em marcha visadesencorajar a radicalização e recrutamento.

Contactado nessa altura, o Serviço Europeu deAcção Externa apontou que o Alto-Representan-te, Josep Borrell, respondeu no início deste mêsao pedido de assistência que lhe foi dirigido emSetembro pelas autoridades moçambicanas,dando conta da intenção da UE de “encorajar eapoiar o desenvolvimento de uma abordagem in-tegrada para lidar com a violência armada emCabo Delgado”.

Essa abordagem, precisou o porta-voz, terá emconta os aspectos humanitário, de desenvolvi-mento e de segurança, a chamada "abordagemde três elos", e sempre “respeitando os padrõesinternacionais de direitos humanos e o Estado de

Direito”.Lembrando que UE e Moçambique já abriram

um diálogo político focado nessas três vertentes,que proporcionará “a oportunidade de discutiropções concretas de assistência”, o mesmo por-ta-voz sublinhou que já está em marcha assis-tência humanitária e a nível de cooperação aodesenvolvimento para a região de Cabo Delga-do, com programas em curso que constituem“pilares importantes da resposta da União Euro-peia”.

“Entre as acções concretas em curso, há umprograma com o objectivo de desencorajar o re-crutamento e a radicalização, e que visa fomen-tar a coesão social”, apontou, acrescentando que“o apoio da UE também inclui projectos para ajuventude e sociedade civil, para o reforço de ca-pacidades e para a criação de emprego”.

A mesma fonte referiu ainda que “está tambéma ser preparado, com companhias de gás euro-peias, um projecto de educação e formação vo-cacional, para garantir que a população local be-neficie do desenvolvimento do sector”.A 9 de Outubro, o embaixador da UE em Mapu-

to, Antonio Sánchez-Benedito Gaspar, entregouà ministra dos Negócios Estrangeiros e Coopera-ção moçambicana, Verónica Macamo, a carta deresposta do chefe da diplomacia europeia ao pe-dido de assistência de Moçambique, na qual Jo-sep Borrell confirmou que o bloco europeu vaiajudar o país para fazer face à crise na região deCabo Delgado.

Antonio Sánchez-Benedito Gaspar explicou naocasião que a ideia é fortalecer as capacidadesde resposta de Moçambique, esclarecendo, noentanto, que "não está na agenda a vinda de mili-tares europeus ao país".

Nyusi e Ramaphosa discutem segurança na RegiãoO Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o seu homólogo da África

do Sul, Cyril Ramaphosa, trocaram informações sobre a situação dasegurança na região, com destaque para o "terrorismo" em Cabo Del-gado, informou um comunicado oficial.

À ESQUERDA O PRESIDENTE SUL-AFRICANO, CYRIL RAMAPHOSA, E À DIREITA O DE MOÇAMBIQUE, FILIPE NYUSI

UE elege “opções concretas” de ajuda em próximos diálogos

A diplomacia da União Europeia (UE) garantiu na quarta-feira “acompanhar de forma próxi-ma” a onda de violência no norte de Moçambique, em Cabo Delgado, indicando que elegeráem “próximos diálogos políticos” com o Governo moçambicano a ajuda a disponibilizar.

NABILAMASSRALI

ANTÓNIO SANCHEZ-BENEDITO

Acordo de paz em Moçambique"não pode ser renegociado” – UE

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18 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 26 DE OUTUBRO DE 2020

ANGOLA

Os deputados da Comissão de Mandatos, Éticae Decoro Parlamentar da Assembleia Nacionalde Angola vão reuniram-se na sexta-feira paraavaliar a suspensão de mandato e retirada deimunidades ao antigo ministro da ComunicaçãoSocial e deputado, Manuel Rabelais.

Segundo a convocatória, a reunião conjuntateve lugar na sala multiuso, e teve como pontoúnico na ordem de trabalhos a suspensão demandato e retirada de imunidades a Manuel Ra-belais.

O ex-ministro da Comunicação Social e porta-voz de José Eduardo dos Santos, actualmentedeputado à Assembleia Nacional pelo MovimentoPopular de Libertação de Angola (MPLA), partidono poder, foi constituído arguido em Setembro de2019 por haver indícios de factos que constituem"atos de gestão danosa de bens públicos, prati-cados enquanto director do Gabinete de Revita-lização da Comunicação Institucional e marke-ting (GRECIMA)", entre 2012 e 2017.

O despacho de acusação refere que Rabelais

terá usado os seus poderes enquanto director doGRECIMA, para adquirir junto do Banco Nacio-nal de Angola (BNA) divisas que eram posterior-mente canalizadas para o BCI (Banco de Co-mércio e Indústria) para efectivar operaçõescambiais de compra e transferência de divisas,alegando "compromissos do Estado angolano".

Manuel Rabelais é acusado dos crimes de pe-culato, violação das normas orçamentais, recebi-mento indevido de vantagens e branqueamentode capitais.

Em Junho deste ano, Manuel Rabelais, aponta-do como sócio maioritário da Palanca TV entre-gou voluntariamente a estação ao Estado ango-lano, alegando problemas financeiros para man-ter o projecto e o pagamento de salários, segun-do fonte da Procuradoria-Geral da República(PGR).Integrado no grupo de comunicação Publipress,

a Palanca TV é um canal generalista, que iniciouas suas emissões no dia 16 de Dezembro de2015.

O Governo angolano criou a Autoridade Nacio-nal de Inspecção Económica e Segurança Ali-mentar (ANIESA) que resulta da fusão dos ser-viços inspectivos da indústria, comércio, turismo,ambiente, transportes, saúde, agricultura e pes-cas, segundo um decreto presidencial.

O diploma publicado no Diário da República re-fere a necessidade de criar uma entidade únicapara o exercício da atividade inspectiva, visandoa melhoria do ambiente de negócios e evitando“embaraços administrativos sobre os agenteseconómicos”.

Os funcionários vinculados às já existentes

inspecções sectoriais são transferidos para aANIESA, que será superentendida, transitoria-mente, durante um ano, por um conselho coorde-nado pelo ministro de Estado e Chefe da CasaCivil do Presidente da República.

O âmbito de atuação da ANIESA, que será uminstituto público dotado de autonomia administra-tiva e financeira, incide sobre os bens e produtoscolocados no circuito comercial, com atribuiçõesno domínio da fiscalização e inspeção das activi-dades económicas e na segurança alimentar.

O organismo é tutelado pelo titular do departa-mento ministerial do Comércio.

Em declarações à imprensa, o deputado daConvergência Ampla de Salvação de Angola –Coligação Eleitoral (CASA-CE) Manuel Fernan-des sublinhou que o seu grupo parlamentar nãoficou satisfeito com o discurso do Presidente,porque queriam dados concretos sobre asautárquicas.“O Presidente da República pura e simplesmen-

te justificou, e defendeu-se, que a sua não con-cretização não é da responsabilidade dele, masacha que deve haver uma envoltura mais abran-gente”, disse.

Relativamente ao relato sobre o Estado da Na-ção, Manuel Fernandes considerou que o discur-so foi generalista, que devia ter sido muito maisincisivo nas questões apresentadas, sobretudono que diz respeito à questão das autárquicas.

“O ideal seria ver o Presidente apontar um cro-nograma que visasse a realização das eleiçõesautárquicas pelo menos no próximo ano”, referiu.

Sobre o combate à corrupção, o deputado daCASA-CE frisou que João Lourenço deixou es-peranças e garantias de que à medida que se vaicombatendo e descobrindo o desfalque feito se-rão anunciados os resultados, acrescentandoque o importante é que “se consiga devolver aoEstado aquilo que foi surripiado”.Na mesma linha, o deputado da União Nacional

para a Independência Total de Angola (UNITA)Raul Danda disse que o Presidente angolano“passou muito a leste daquilo que são as princi-pais questões”, nomeadamente as ligadas àsautárquicas.

“O Presidente continua a ser bastante omissorelativamente a datas para a realização das elei-ções autárquicas e voltou a dar o dito pelo nãodito, infelizmente”, frisou.

Para Raul Danda, o chefe de Estado angolanopassou igualmente muito a leste de questões lig-adas à pobreza, juventude, desemprego, “que éterrível, galopante”, sobretudo no que diz respei-to às soluções.O parlamentar considerou “muito fraquinhos” os

argumentos sobre o combate à corrupção e à im-punidade, por não haver informações sobre o va-lor real e o estado em que se encontram as em-presas que estão a ser entregues ao Estado,como aconteceu na quarta-feira com os generaisHélder Vieira Dias “Kopelipa” e Leopoldino “Dino”do Nascimento.

Por seu turno, o deputado do Movimento Popu-lar de Libertação de Angola (MPLA, no poder)João Pinto considerou “realista e com muito su-co” o discurso, felicitando o Presidente pela inter-

venção “substantiva” e “serena”.Sobre a insatisfação dos seus colegas da oposi-

ção por não haver ainda um horizonte temporalpara se realizar as primeiras eleições autárqui-cas, João Pinto realçou que “faz parte do jogodemocrático”, apelando a que mantenham esper-ança, porque o momento é de dificuldades.

Quanto ao combate à corrupção, João Pintoafirmou que os dados apresentados mostramseriedade, pois havia dúvidas sobre se era pos-sível recuperar bens de figuras que tinham “umaligação com o partido no poder ou com o poder,de forma muito consolidada”.

O líder da bancada parlamentar do Partido deRenovação Social (PRS), Benedito Daniel, disseque a sua expetativa era que o Presidente avan-

çasse uma data para as eleições autárquicas,“porque isso ia ajudar os partidos políticos a fa-zerem o seu calendário e a prepararem-se”.

Por sua vez, Lucas Ngonda, da representaçãoda Frente Nacional de Libertação de Angola(FNLA), lamentou que João Lourenço não tenhareferido se as eleições autárquicas se vão rea-lizar “amanhã ou depois”, rebatendo a falta decondições para a realização do sufrágio.

“O Presidente da República devia dar um hori-zonte, dizer que este ano não, mas talvez nãotenha querido mais assumir esse risco, porque jáo tinha assumido, portanto, é compreensível”,disse Lucas Ngonda, para quem o resto do dis-curso foi de balanço.

João Lourenço, que discursou sobre o Estadoda Nação na abertura do ano parlamentar, desta-cou que o mercado de trabalho “foi fortementeabalado” devido à pandemia de covid-19, nãoobstante 19 mil trabalhadores terem encontradoemprego no primeiro semestre através de cen-tros de emprego ou no contacto com empresas.

Foram registados, no mesmo período, sete mildespedimentos e mais de 14 mil suspensões dosvínculos laborais em especial no sector dos ser-viços, comércio e indústria, educação e constru-ção civil, acrescentou.

Segundo o chefe do executivo angolano, maisde 61 mil jovens foram capacitados no ano pas-sado em escolas de formação profissional e, noprimeiro semestre deste ano, estavam matricula-dos mais de 27 mil jovens nestas instituições.

As elevadas taxas de desemprego têm sidouma das principais fragilidades do Governo deJoão Lourenço e já levaram à rua centenas dejovens reivindicando o cumprimento das promes-sas eleitorais de criar 500 mil empregos.A última marcha do desemprego, a quinta, acon-

teceu no dia 25 de Setembro e juntou centenasde jovens manifestantes em Luanda.

O Presidente angolano destacou também osavanços do Plano Integrado de Intervenção nosMunicípios (PIIM) que contempla 1.749 projec-tos, dos quais 1.200 estão em construção 12 ter-minados e 537 processos em fase de tramitação,sendo a execução financeira superior a 67 biliõesde kwanzas (89 milhões de euros).

Quanto ao programa de privatizações, adiantouque dos 195 ativos, 40 estão em fase de concur-so público e 14 já foram privatizados, represen-tando um encaixe de mais de 31 biliões de kwan-zas (41 milhões de euros).

Oposição angolana desapontada com discursosobre o Estado da Nação

Os partidos da oposição angolana com assentoparlamentar manifestaram o seu desapontamen-to com o discurso sobre o Estado da Nação, no-meadamente porque o Presidente angolano nãoapontou datas para a realização das eleiçõesautárquicas em Angola.

João Lourenço disse, na Assembleia Nacional,que as eleições autárquicas previstas para esteano, “não foram adiadas, porque nunca foramconvocadas”, salientando que seria “irrealista eirresponsável” realizar o sufrágio este ano.

“País criou 19 mil empregos, mas registou sete mildespedimentos no primeiro semestre”

- Presidente da República no discurso sobre o Estado da NaçãoAngola criou 19 mil empregos no primeiro semestre de 2020, altura

em que foram também registados 7 mil despedimentos e 14 mil sus-pensões de contratos de trabalho, anunciou o Presidente da Repúblicaangolano.

PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO DURANTE O DISCURSO SOBRE O ESTADO DA NAÇÃO

Criada Autoridade Nacional de Inspecção Económicae Segurança Alimentar

Parlamento angolano analisa retirada de imunidades de Manuel Rabelais

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26 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 19

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ANGOLA

O Ministério das Finanças de Angola anuncioua prorrogação do prazo para a entrega de candi-daturas ao concurso internacional para a con-cessão exclusiva de exploração dos jogos so-ciais até ao final do dia 27 de Novembro.

Na adenda ao programa de concurso, conduzi-do pelo Instituto de Supervisão de Jogos (ISJ), oministério angolano refere que o prazo para aentrega das candidaturas e da apresentação dospedidos de esclarecimento é “prorrogado para opróximo dia 27 de Novembro de 2020, pelas23:59:59”.

No comunicado, o ministério acrescenta quetambém que as peças do procedimento concur-sal se encontram disponíveis para consulta públi-ca, “mediante solicitação por escrito, livre de en-cargos, no ISJ, ficando apenas as entidades inte-ressadas em submeter candidaturas sujeitas aopagamento de uma taxa” no valor de 50 milhõesde kwanzas (64,5 mil euros).

Segundo o documento, esta prorrogação pre-tende “assegurar a flexibilização de algunsaspectos constantes das peças do procedimen-to, com a finalidade de vir a ser celebrado o con-trato de concessão para a exploração dos jogossociais com o candidato que apresente as me-lhores condições técnicas”.

O procedimento concursal será conduzido peloInstituto de Supervisão de Jogos e as receitasgeradas pela atividade servirão “para o financia-mento de políticas sociais públicas, projectoscomunitários, investimentos na conservação delocais históricos, entre outros”, anunciou o depar-tamento governamental em setembro.

“O concurso para a concessão exclusiva deexploração dos jogos sociais visa restabelecer oespírito de confiança aos utentes dos jogos soci-ais no país, garantir a equidade, proteger osapostadores, sensibilizá-los para a prática dejogo responsável, bem como cumprir com a final-idade social do Instituto de Supervisão deJogos”, sublinha o ministério.

O governo angolano aprovou nova legislaçãopara o sector dos petróleos que prevê menos re-curso a estrangeiros e uma crescente “angolani-zação” da mão-de-obra e da aquisição de bens eserviços.

O preâmbulo da lei assinala que o diploma res-ponde à necessidade de promover e incentivar aparticipação no setor petrolífero de sociedadescomerciais tituladas por angolanos, bem comoaquisição de bens e serviços nacionais e pro-moção do empresariado e trabalhadores locais.

O decreto presidencial 271/20, que estabeleceo regime jurídico para a promoção e desenvolvi-mento da atividade do conteúdo local do sectordos petróleos, foi publicado em Diário da Repú-blica e aplica-se às associadas da concessio-nária nacional e às sociedades comerciais an-golanas e de direito angolano que prestem ser-viço e fornecem bens ao setor dos petróleos.A lei refere que estas entidades devem contratar

trabalhadores de nacionalidade angolana “paragarantir a necessária formação profissional e aprestação de condições salariais e sociais com-patíveis com a sua qualificação”, bem comoatrair investimentos em pesquisa, desenvolvi-mento, transferência de tecnologia e capacitaçãoda força de trabalho angolana.

As entidades devem comprar matéria-prima,bens e equipamentos fabricados em Angola esempre que concorrerem a um mesmo serviço,devem ser privilegiadas as sociedades comerci-ais angolanas.O diploma determina ainda que devem contratar

bens e serviços nacionais incluídos na lista debens e serviços em regime de exclusividade pre-viamente definida pela concessionária nacional(Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocom-bustíveis), ouvida a Autoridade Reguladora daConcorrência.

As sociedades comerciais do sector podem re-correr ao mercado internacional sempre que ospreços dos produtos nacionais não correspon-dam as exigências da lei das actvidades petrolí-feras e poderão importá-los “mediante a apre-sentação de comprovativo que ateste a dificul-dade ou impossibilidade de adquiri-los emAngola”.

Devem ainda elaborar um plano anual de con-teúdo local para submeter à concessionarianacional.

A nível dos recursos humanos, as sociedadescomerciais do sector dos petróleos deverão cele-brar, com o respectivo departamento ministerial,um contrato-programa contendo a definição deconhecimentos da tecnologia de petróleos e ex-periência de gestão a transferir pata o pessoalangolano e descrição da previsão da força de tra-balho, entre outras exigências.

A não-aquisição de materiais nacionais, não-celebração de contrato programa ou não-in-clusão de cláusula de conteúdo local nos contra-tos de bens e serviços é punível com multasentre os 50 mil e os 300 mil dólares (42 mil a 253mil euros), podendo a atividade ser interditadapor um a dois anos.

A justiça suíça condenou um ex-administradorde uma empresa holandesa, que reside em Por-tugal, por corrupção de vários quadros da pe-trolífera estatal angolana Sonangol, num total de5,8 milhões de euros entre 2005 e 2008.

Segundo o despacho, as verbas foram pagaspelo administrador francês Didiet Keller quandoera CEO da SBM Offshore, que foi condenado auma pena suspensa de prisão de dois anos, aque o arguido não se opôs.

Em causa estão várias transferências daquelaempresa, “especializada em conceção, fabrico ecomercialização de sistemas e equipamentosmarítimos para a indústria do petróleo e do gás”,para quadros da petrolífera no valor total de6.836.400 dólares, contabilizadas pela justiçasuíça, após uma denúncia em setembro de 2016.

O presidente do conselho de administração daSonangol à data, Manuel Vicente, que foi depoisvice-presidente de Angola, entre 2012 e 2017,não é citado como tendo recebido essas verbas,mas vários colaboradores próximos terão rece-bido transferências e ele próprio teria conheci-mento dessas operações, segundo as autorida-des suíças.

“Na sequência de uma reunião agendada (peloarguido) para assegurar que as ‘comissões’ exi-gidas por Baptista Muhongo Sumbe (braço-dire-ito do presidente do conselho de administração)beneficiariam a Sonangol, Didier Keller foi critica-do por Manuel Vicente (…) por não confiar nosseus relatórios diretos, sem mais explicações”,refere o despacho suíço.

As transferências foram para contas particula-res e para empresas ‘offshore’ desses quadrossuperiores da petrolífera, que já havia estado lig-ada a outros casos de corrupção da empresaholandesa.

Em Novembro de 2014, a SBM Offshore acor-dou pagar, junto das autoridades holandesas,uma multa de 240 milhões de dólares (205 mi-lhões de euros) por “atos de suborno de funcio-nários públicos estrangeiros cometido entre 2007e 2011, particularmente em Angola”.

Três anos depois, a SBM Offshore e uma suasubsidiária norte-americana acordaram pagar238 milhões de dólares (203 milhões de euros)pelos mesmos crimes, entre 1996 e 2011, à jus-tiça dos EUA.

“Os actos de corrupção de que Didier Keller éculpado são graves”, referem os juízes suíços,salientando que esses pagamentos tinham como“único objetivo” assegurar “a celebração e exe-cução de contratos por parte da SBM GROUPem Angola”.

“Através das suas repetidas acções culposas,Didier Keller minou a objetividade e imparciali-dade do processo decisório do Estado em An-gola”, depois de ter percebido que “este Estado énotoriamente afetado pela corrupção endémicaque tem repercussões económicas e sociais de-

sastrosas”.O arguido “reconheceu os factos alegados con-

tra si no contexto do presente processo” e “for-neceu explicações detalhadas para as suas pró-prias acções”, permitindo “ajudar no avanço e noinício de outras investigações relacionadas”.

O arguido foi também condenado a indemniza-ções e multas no valor total de meio milhão deeuros.

Luanda aprova nova Lei dos petróleos que prevê “angolanização” do sector

Suíça condena empresário por corrupção de quadros da petrolífera Sonangol

Ministério Finançasprolonga concurso para concessão exclusiva de jogos sociais

A consultora Fitch Solutions prevê que o BancoNacional de Angola mantenha a taxa de juro dereferência nos 15,5% até final do ano para con-trolar a inflação, que deverá ficar nos 21,9% esteano.

"Nós antevemos que o Banco Nacional de An-gola mantenha a taxa de juro de referência nos15,5% até final deste ano, num contexto em quetenta controlar as pressões inflacionistas numcontexto de recessão da economia de Angola",lê-se numa nota de análise sobre a economiaangolana.

Na nota, enviada aos investidores, os analistasdesta consultora detida pelos mesmos donos daagência de notação financeira Fitch Ratings es-crevem que "a média da inflação deverá aumen-tar de 17,1%, em 2019, para 21,9% este ano,abrandando depois para 18% em 2021, reflectin-do parcialmente a erosão dos efeitos da entradaem vigor do IVA, em outubro do ano passado".

Com a "ligeira recuperação" esperada para o

próximo ano na produção interna de petróleo enos preços do petróleo, a pressão sobre o kwan-za vai diminuir, estimam os analistas, dandoespaço para um corte de 50 pontos base na taxade juro de referência durante o primeiro semes-tre de 2021.

Com o aumento da procura global de petróleono próximo ano, as reservas em moeda externavão aumentar e o ritmo da depreciação do kwan-za vai abrandar, abrandando a pressão sobre ainflação, concluem os analistas.

Na semana passada, a ministra das Finançasde Angola afirmou que uma das razões para oelevado nível de dívida pública, que o FundoMonetário Internacional prevê que ultrapasse os120% do PIB este ano, é precisamente a desva-lorização do kwanza nos últimos meses.

Na conversa que manteve, no âmbito dos En-contros Anuais, com o director do departamentoafricano do FMI, que recentemente aprovou odesembolso de biliões de dólares [850 milhões

de euros] ao abrigo da terceira revisão do progra-ma de ajustamento financeiro, que foi aumenta-do para um total de 4,5 biliões de dólares [3,8 bil-iões de euros], Vera Daves relativizou a subidado rácio da dívida face ao PIB."O stress no Tesouro é significativo devido à de-

preciação do kwanza, foi isso que fez subir muitosignificativamente o rácio da dívida face ao PIB",em 120,3% este ano e descendo até cerca de70% nos próximos cinco anos, disse.

Angola mantém juros de 15,5% e inflação sobe para 21,9%

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20 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 26 DE OUTUBRO DE 2020

COVID-19

ANGOLA

O Ministério da Educação de Angola manifestou“surpresa e desagrado” face à decisão tomadapela Escola Portuguesa de Luanda (EPL) de sus-pender o regresso presencial dos alunos àquelainstituição, onde foi detectada uma infecção pelonovo coronavírus.

Num comunicado de imprensa, o Ministério daEducação angolano refere que a decisão tomadapela instituição portuguesa não vincula o órgãogovernamental angolano, que atestou o cumpri-mento dos requisitos pedagógicos e de biosse-gurança na escola.

A Escola Portuguesa de Luanda anunciou numcomunicado, através da sua página da Internet,que na primeira semana de regresso às aulaspresenciais “um elevado número de alunos nãocompareceu”, revelando “insegurança por parteexpressiva dos pais”, apesar de terem sido ado-tadas todas as medidas de segurança e pre-venção, pelo que decidiu re-gressar ao regimenão-presencial.

Além disso, foi registado um caso positivo deuma aluna da escola.

A Direcção pedagógica da EPL referiu ainda nodocumento que a evolução da situação epidemi-ológica no país, com um progressivo aumento donúmero de casos, bem como a debilidade de

resposta em termos de assistência médica,foram fatores que pesaram na decisão.

Sobre esta observação, o Ministério da Educa-ção de Angola entende que, “em primeiro lugar,não cabe à EPL emitir juízos de valor sobre oSistema Nacional de Saúde”.“Adicionalmente, em termos comparativos, a ní-

vel da CPLP (Comunidade de Países de LínguaPortuguesa), os dados oficiais indicam queAngola (com 7.622 casos), está em 5.º lugar emnúmero de casos, abaixo do Brasil (5.224.362),Portugal (99.911), Moçambique (10.866) e CaboVerde (7.752), um número que revela os es-forços do executivo em lidar de forma responsá-vel com a pandemia, bem como o controlo quese tem sobre a mesma, especialmente se tiver-mos em conta o rácio da população vs númerode casos nos vários países”, sublinha o docu-mento.

Angola é entre os países africanos lusófonos oque regista maior número de óbitos (mais de200), seguindo-se Cabo Verde, Guiné Equatorial,Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé ePríncipe.

Na opinião do Ministério da Educação, o regis-to de um caso positivo de covid-19 em uma aluna“não é elemento bastante para decidir suspendero regime misto, porquanto o protocolo do Gover-

no português, e por extensão da EPL, não prevêencerramento de escolas à base de ter sido diag-nosticado um caso ou dois de covid-19”.Segundo “o documento português que define as

regras para a educação, o fecho de uma escolasó deve ser ponderado em situações de elevadorisco no estabelecimento de ensino”, refere aindao comunicado, que apela à EPL e todas as esco-las estrangeiras no país a pautarem pelo diálogo

com o Ministério da Educação “na base das boaspráticas e respeito pelas regras vigentes, numespírito de responsabilidade”

O Ministério da Educação de Angola exortaainda a EPL a “estabelecer uma relação de con-fiança com os pais e encarregados de educação,permitindo que sintam mais confortáveis com aideia de enviarem os seus educandos para asaulas presenciais”.

“A Comissão Multissetorial de Prevenção eCombate à covid-19 tem acompanhado com bas-tante preocupação a prática de atos e a realiza-ção de atividades que não só desobedecem aodisposto no Decreto Presidencial n.º 256/20, de 8de Outubro, que define as medidas em vigor no

âmbito da Situação de Calamidade Pública,como, sobretudo, põem em causa a saúde indi-vidual e em grande risco a saúde colectiva”, criti-cou este organismo, através de um comunicado.

A Comissão condenou “veementemente taisactos e actividades” e relembrou que as praiascontinuam interditas, estão proibidas festas forade casa e limitadas a 15 pessoas no domicílio, osespetáculos culturais não podem ser dançantese exigem lugares sentados, os restaurantes sópodem funcionar até às 22:00 com lotação limita-da a 50% e na via pública os ajuntamentos nãopodem exceder dez pessoas.

Em declarações à Rádio Luanda, o inspector-chefe Nestor Goubel, porta-voz do comando pro-vincial de Luanda da Polícia Nacional, afirmouque nos últimos dias se assistiu a uma maiordesobediência das regras.“Estamos a ver que muita gente de forma quase

que dolosa, irresponsável (…), está a encarar acoisa como se nada fosse acontecer. Como setrata de um vírus invisível, mesmo com os relatosdo MINSA [Ministério da Saúde], estamos a assi-stir a pessoas, com famílias, pessoas adultas,pessoas até bastante avisadas, com um certonível, nas praias, nos retiros, famílias e pessoasadultas em restaurantes e bares”, declarou oresponsável.

Nestor Goubel disse que “as pessoas vão aosrestaurantes e não cumprem à risca com as me-didas de biossegurança” e culpou também osproprietários de restaurantes e discotecas.

“Há restaurantes que fecham a parte de frentee abrem na parte de trás”, criticou, lembrandoque o decreto presidencial só prevê o funciona-mento dos restaurantes até às 22:00.“A polícia tem estado a fiscalizar e a tomar posi-

ções extremamente duras. Desde Março quandocomeçou a pandemia temos estado a levar acabo um conjunto de ações, desde a sensibiliza-ção da pandemia”, indicou, acrescentando que apolícia já aconselhou o encerramento de algunsrestaurantes, incluindo na ilha de Luanda.

“Estamos a falar de uma transgressão adminis-trativa e a polícia tem limites de ordem legal, ouseja, chega uma altura em que não pode atuarporque existem órgãos que devem intervir. Porexemplo, o MINSA, para as inspecções, oINADEC (Instituto do Consumidor), o Ministériodo Ambiente, devem fiscalizar e não no períododiurno, é à noite como faz a polícia, porque é ànoite onde acontece de tudo e mais alguma coi-sa. Temos de trabalhar todos juntos”, concluiu.

Vladimir Tararov falava à Televisão Pública deAngola na recepção de 18,5 toneladas de produ-tos hospitalares, entre os quais mais de 5.000doses de testes RT-PCR para a covid-19, doa-dos pela Rússia, que chegaram ao país.

Segundo o embaixador russo, a proposta subli-nha igualmente a disponibilidade para o envio devacinas ao país, com abertura para a construçãode uma fábrica para a produção de vacinas, in-clusive contra a covid-19.

“Mas isso depende mesmo só do desejo e dadisponibilidade, antes de tudo, do Governo deAngola”, disse Vladimir Tararov, sublinhando queos produtos doados são “uma ajuda do povo rus-so para o povo angolano”.

De acordo com o diplomata russo, este é umacto simbólico de ajuda humanitária e demons-tração das ligações históricas entre os dois país-es, “porque os amigos não podem deixar os ami-gos numa situação de calamidade”.Por sua vez, o secretário de Estado para a Saú-

de Pública de Angola, Franco Mufinda, disse queforam recebidas cerca de um 1,5 milhões demáscaras cirúrgicas e cerca de 13.000 fatos debiossegurança, viseiras e álcool para higieniza-ção dos profissionais.

Relativamente à evolução da situação epidemi-ológica do país, Franco Mufinda afirmou que, “seas coisas piorarem, não há outra alternativasenão fazer a revisão do processo actual”, como

fazem os outros países.“Devemos apelar, uma vez mais, à nossa popu-

lação a evitar esse tipo de comportamento (des-respeito das regras de prevenção e combate àcovid-19), para não levar o executivo a tomaruma medida que já tivemos aqui, que é o Estadode emergência”, disse.

Governo “desagradado” com suspensão de aulas presenciais na Escola Portuguesa de Luanda

FACHADA PRINCIPAL DA ESCOLA PORTUGUESA DE LUANDA

Autoridades preocupadas com desrespeito pelas regras de prevençãoAs autoridades angolanas manifestaram-se preocupadas com o desre-

speito pelas regras de prevenção e combate à covid-19, alertando paraos riscos de determinados comportamentos para a saúde individual ecolectiva.

Rússia propõe a Angola construção de fábrica para produção de vacinas

O Governo da Rússia submeteu ao Governo angolano uma propostapara a construção de um laboratório para o fabrico de vacinas, anun-ciou, em Luanda, o embaixador daquele país europeu em Angola.

Uma pessoa morreu, pelo menos três ficaramferidas e 50 foram detidas na sequência de umtumulto registado no Sequele, município deCacuaco, nos arredores de Luanda, dissefonte policial.

Segundo o porta-voz do comando provincialde Luanda da Polícia Nacional, inspector-che-fe Nestor Goubel, tudo começou quando aadministração de Cacuaco ordenou uma fis-

calização para demolir casebres erguidos emterrenos naquela zona sem a devida autoriza-ção.

Nestor Goubel referiu que os alegados inva-sores de terrenos reagiram com actos de van-dalismo à medida tomada pela administraçãolocal, com o arremesso de pedras contra viatu-ras particulares, da polícia, que foi chamada aintervir, e dos bombeiros.

Um morto, três feridos e 50 detidos em tumultos

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26 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 21

PORTUGUESES NO MUNDO

A portuguesa Ana Alves, protagonista do projec-to a solo anrimeal, vai lançar oficialmente no pró-ximo mês o álbum de estreia “Could Divine”, cujo‘single’ “Marching Parades” já passou na rádioBBC3.O trabalho é o resultado de três anos de compo-

sições e experiências caseiras em Londres, paraonde se mudou para estudar composição musi-cal em 2016.

Com a excepção de algumas contribuições deamigos, “Could Divine” foi escrito, interpretado eproduzido pela portuense de 25 anos.“Sempre tive interesse num projecto a solo, por-

que é mais rápido e não tenho de depender deninguém nem explicar o que quero a outras pes-soas. Isto era importante porque este é o primei-ro trabalho”, disse à agência Lusa.

Inicialmente formada em música clássica, mas

admiradora de sons tão díspares como KanyeWest, música folk de coros búlgaros, Béla Bártokou Fernando Lopes-Graça, encontrou inspiraçãona artista pós-minimalista Eva Hesse e invoca te-mas como a natureza, misticismo e feminidade.

O resultado é descrito como 'computer folk’,uma música que “explora o uso de textura, limi-tação e repetição”, onde mistura a própria vozcom instrumentos como guitarra e violino e outros sons, como o canto de pássaros.

A inclusão no fim de Setembro no programa“Late Junction” da rádio BBC3, reconheceu, “éum passo super importante, especialmente eminício de carreira, porque a rádio britânica é tãodifícil de se permear".Além de estar disponível nas principais platafor-

mas de ’streaming’ a partir de 20 de Novembro, oálbum vai ter uma edição especial de 300 cópias

em vinil amarelo, algumas das quais com umacassete como bónus.

“Muita gente, principalmente os mais novos,dão bastante valor ao objecto, como o vinil e cas-sete, por causa do grafismo e das letras, mesmosem terem o equipamento para ouvir”, explicou aportuense de 25 anos.

O nome do projecto, anrimeal, é um acrónimodo nome completo que o pai criou para o ende-reço electrónico há muitos anos, mas com o qualpassou a identificar-se porque é mais curto.

Ana Alves reconhece que, especialmente emLondres, o percurso normal de um músico é pri-meiro dar concertos ao vivo e gravar depois, masa pandemia de covid-19 complicou os planos.

Mesmo assim, o confinamento foi o catalisadorpara lançar as músicas que tinha na gaveta hácerca de um ano e também proporcionou a “es-treia” com público, quando deu o primeiro con-certo, através da Internet.

“Dar concertos era um óptimo desafio, mas eunão sou uma intérprete, gosto mais de estar emestúdio a experimentar com microfones e sinteti-zadores”, confessou.

Historiadores, linguistas, políticos e jornalistasjuntaram-se, na terça-feira, em Lisboa, para dis-cutir o termo "diáspora", numa iniciativa da Asso-ciação Internacional dos Lusodescendentes(AILD), que quer banir o seu uso quando asso-ciado às comunidades portuguesas.

De acordo com a organização, "os lusodescen-dentes não gostam do termo 'diáspora' aplicadoàs comunidades portuguesas" e por isso, o coló-quio “Pare de dizer Diáspora!”, propôs-se expli-car o porquê e apresentar alternativas.

"É comum ouvir a palavra 'diáspora' da boca depolíticos, jornalistas e académicos. No entanto,essa palavra tem uma conotação claramente ne-gativa aos ouvidos dos próprios lusodescenden-tes", sublinhou a organização.A AILD disse, por isso, que o colóquio "serviu de

ponto de partida para boas e frutíferas discus-sões sobre os portugueses no mundo".

“Se o termo e conceito em si mesmo já trans-portavam uma conotação negativa à nossa emi-gração, hoje, com o fenómeno da globalização eda crescente mobilidade das pessoas, ainda fazmenos sentido o uso deste vocábulo para nosreferirmos aos nossos emigrantes e lusodescen-dentes. Se queremos defender a portugalidade,temos de abandonar o termo 'diáspora' no nossodiscurso, é um contrassenso", defende PhilippeFernandes, presidente da AILD.

O colóquio foi organizado em colaboração como departamento de Línguas, Literaturas e Cultu-ras da Faculdade de Ciências Sociais e Huma-nas da Universidade Nova de Lisboa.

Para Marco Neves, professor deste departa-mento, “além da história da palavra ‘diáspora’, ocolóquio permitiu dar a conhecer alternativas edebater o discurso sobre os lusodescendentesno seio da comunidade nacional".

O colóquio contou com a presença de especia-listas em história, terminologia, linguística, tradu-ção, cultura e política, destacando-se a partici-pação da secretária de Estado das ComunidadesPortuguesas, Berta Fernandes, e do ministro daEducação, Tiago Brandão Rodrigues.

Devido às medidas relacionadas com a pan-demia, o evento teve um número reduzido depresenças na plateia.

A Embaixada de Portugal no Senegal recomen-da aos portugueses na Costa do Marfim que semantenham contactáveis e actualizem a inscri-ção no consulado, numa altura em que cresce atensão política no país devido às eleições presi-denciais.

"Recomendamos que todos os portugueses naCosta do Marfim realizem ou actualizem a suainscrição consular. Este passo é fundamentalpara melhor, e atempadamente, garantir a ade-quada protecção consular", refere a missão di-plomática numa mensagem divulgada "online".

O apelo surge numa altura em que a Costa doMarfim vive um período de campanha eleitoralpara as presidenciais de 31 de Outubro e quan-do crescem os receios de confrontos violentosentre apoiantes e opositores da controversa can-didatura a um terceiro mandato do chefe de Esta-do cessante, Alassane Ouattara.

A Embaixada de Portugal em Dacar asseguraainda que "está a acompanhar – atentamente eem concertação com a delegação da UniãoEuropeia e as embaixadas da UE em Abidjan – o

evoluir da situação no país"."Reiteramos, igualmente, o apelo que para que

permaneçam sempre em contacto com a vossaembaixada via Facebook e website oficiais",acrescenta a mensagem.

Portugal não tem representação diplomática naCosta do Marfim, pertencendo o país à jurisdiçãoda Embaixada de Portugal em Dacar, no Sene-gal, que cobre também a Libéria, Gâmbia, SerraLeoa, Burquina Faso e Guiné-Conacri.

Nestes seis países da África Ocidental vivemcerca de 400 portugueses, segundo dadosavançados pela embaixada portuguesa.

Em Setembro, a Embaixada de Portugal no Se-negal inaugurou o atendimento consular por vi-deochamada para estes países, uma iniciativainspirada na digitalização que tem marcado apandemia de covid-19 e que servirá tambémpara acompanhar eventuais emergências envol-vendo portugueses.

No país existem também representantes espe-ciais que fazem a ligação entre a comunidade ea representação diplomática.

O Governo português anunciou a criação de umconsulado honorário em Malaca, Malásia, ondeexiste um legado patrimonial e imaterial desde achegada de Afonso de Albuquerque, em 1511.O anunciou foi feito em Diário da República, em

que se detalha que “é criado o Consulado Ho-norário de Portugal em Malaca, dependente daSecção Consular da Embaixada de Portugal emBanguecoque e com jurisdição sobre o estado deMalaca”.

Há pouco mais de um ano, em Junho de 2019,à margem da 2.ª Conferência das ComunidadesPortuguesas na Ásia, o então secretário de Esta-do das Comunidades Portuguesas, José LuísCarneiro, afirmara que o Governo português pre-tendia abrir um consulado honorário na cidadeque tem um bairro português, onde se calculaque vivam cerca de mil a dois mil lusodescen-dentes em mais de 110 casas.

A relação de Portugal com Malaca remonta a1509 quando Diogo Lopes Sequeira, enviado doRei D. Manuel, aportou em Malaca para estab-elecer relações com o soberano local e dois anosmais tarde Afonso de Albuquerque desembarcouem Malaca, demoliu a Grande Mesquita, e levan-tou no local uma fortaleza que seria um impor-tante entreposto comercial.Na mesma altura, surge o crioulo de matriz por-

tuguesa kristang, uma língua agora ameaçadade extinção, que emprega a maior parte do seuvocabulário do português, mas a sua estruturagramatical é semelhante ao malaio e extrai assuas influências dos dialetos chinês e indiano.Depois de 100 anos de domínio português, a ci-

dade foi tomada pelos holandeses, depois pelosingleses, até à independência da Malásia, em1957.

Governo recomenda a portuguesesna Costa do Marfim que se mantenham contactáveis

Portuguesa Ana Alves lança projecto musicala solo anrimeal a partir de Londres

Lusodescendentes querem quePortugal pare de dizer "diáspora"

Portugal anuncia criação de ConsuladoHonorário em Malaca

O Utopia, Festival de Cinema Português no Rei-no Unido, abriu uma competição de curtas-me-tragens para jovens realizadores lusófonos e vaitentar aproveitar o facto de este ano se realizar‘online’, para conquistar novos públicos.

A competição internacional destina-se a "estu-dantes de imagem em movimento" em qualquerdos países de língua portuguesa que tenhamrealizado filmes até 15 minutos entre 2017 e2020, sendo o vencedor premiado com 350euros.

"Acreditamos que o prémio contribuirá para acriação de um diálogo entre os países de expres-são oficial portuguesa, divulgando o trabalho dosestudantes, dos estabelecimentos de ensino,ajudando uns e outros a uma tomada de con-sciência em relação ao que se faz”, disse a direc-tora, Érica Rodrigues.Os dez finalistas seleccionadas por um júri inter-

nacional serão exibidas durante o festival. O prémio tem o nome de Noémia Delgado, em

homenagem à realizadora de cinema e televisãoe artista plástica, "com um trabalho importante,que precisa de ser resgatado para a nossa me-mória colectiva".

"Pertenceu à primeira leva de mulheres pionei-

ras na realização, que desenvolveu o seu traba-lho logo a seguir à revolução de Abril. No entan-to, o seu legado encontra-se esquecido por mui-tos”, lamentou a responsável.

Nome associado ao Cinema Novo português,nos anos de 1960/1970, Noémia Delgado foirealizadora de documentários como "Máscaras",obra pioneira na abordagem etnográfica, emPortugal, e "Quem Foste, Alvarez", sobre o artis-ta Dominguez Alvarez, tendo também trabalhadocom cineastas como Paulo Rocha, Manoel deOliveira e Thomas Harlan. No início dos anos de1970, trabalhou em Paris como assistente dorealizador e etnólogo Jean Rouch, nome de refe-rência do chamado 'cinema verdade'.

A 11.ª edição do Festival de Cinema Portuguêsno Reino Unido vai realizar-se entre 21 e 28 deNovembro, com sessões transmitidas exclusiva-mente pela Internet devido às restrições em vigorno Reino Unido, por causa da pandemia covid-19.

Porém, a organização acredita que este forma-to poderá possibilitar uma expansão do público,porque pode chegar a pessoas em qualquer par-te do mundo.

Festival de Cinema Português no Reino Unido lança competição para jovens realizadores lusófonos

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Há dias, tive curiosidade de ler na Lu-sa, uma notícia que achei interessante:Pais passaram várias horas por dia aapoiar os filhos durante a quarentena.Algo de elogiar, já que em dias normaisa maior parte dos pais tem dedicadopoucas horas aos filhos, justificandocom o trabalho que aperta ou jogos defutebol do Benfica, Sporting, Porto...

Embora sendo invulgar e bem irritanteestar em isolamento, os filhos ficaram aganhar com esta acção. Além de ajudaque tiveram quando se tratasse dosTPCs, passaram momentos de diversãojunto de quem gostam. De acordo com o estudo, a maioria dos

pais considerou os filhos autónomos naescola, mas admitiu ter dedicado váriashoras por dia a apoiá-los durante o iso-lamento, abdicando muitas vezes detempo de descanso.

Em Portugal, mais de 23 mil encarre-gados de educação de todo o país res-ponderam a um inquérito que mostracomo os pais descobriram lacunas nosfilhos durante a pandemia, em especialdurante o período em que a escola e oemprego se transferiram para dentro decasa.

A maioria dos pais considerou o filhoautónomo: alguns disseram que é "total-mente autónomo" (12%), outros viramos filhos como “muito autónomo” (23%)e há quem os tenha classificado como“moderadamente autónomo” (39%), in-dicou o estudo feito entre Junho e Julhodeste ano.

No total, 74% dos encarregados deeducação indicaram que a palavra“autónomo” se adaptava ao filho.

No entanto, a maioria dos pais admitiuter apoiado os filhos nos estudos du-rante a pandemia: 40% disseram dedi-car uma a duas horas do dia e outros26% mais horas.

Quase metade dos pais (45%) disseque os educandos precisavam "fre-quentemente da presença de um adul-to" para a realização de tarefas e outros31% disseram que os filhos conseguiamrealizar as tarefas sozinhas, mas fica-vam sempre a aguardar pela “supervi-são final de um adulto”. Apenas 24%realizavam as tarefas sozinhos.

Estes são resultados médios. Numaanálise por idades percebe-se que o 6.ºano é o ponto de viragem: até aquelenível de ensino, as crianças precisam deajuda e dali para a frente vão ficandocada vez mais independentes.

A maior parte do trabalho voltou a re-cair sobre as mães. Os estudos indica-ram que as mulheres trabalham, em mé-dia, 98 horas por semana e que os filhossão o segundo trabalho.

Durante a quarentena, muitos pais le-varam o trabalho para casa, mas foitambém ali que passou a estar reunidatoda a família, 24 horas por dia. O “tra-balho de pais” passou a ser a tempo in-teiro e muitas vezes teve de ser profes-sor, explicador e até gestor de conflitos.

Os pais andavam mais preocupadoscom os filhos, tendo muito mais trabalhoe muito menos tempo para si. Mais de80% dos pais reconheceram que, no pe-ríodo de confinamento, tiveram menordisponibilidade de tempo para si. Emmédia, os pais sentiram-se, de formamuito significativa, menos satisfeitoscom a sua vida.

Apoiar as tarefas escolares, acompa-nhar as crianças na telescola, ocupá-lase gerir os conflitos familiares em tornodelas foram identificadas como as maio-res dificuldades.

Para conseguir responder a todas astarefas do dia-a-dia, acabaram por sac-rificar o tempo que dispunham para sipróprios.No entanto, apesar de todos os proble-

mas identificados, os pais continuarama dizer que as tarefas que lhes dão maisprazer, tanto antes como depois da qua-rentena, são brincar e ensinar os filhos.Podemos considerar este momento até

de satisfação para os país babados,uma vez que o regresso às aulas criouuma grande preocupação e de insegu-rança, pois nunca se sabe o que os fil-hos pode-rão contrair ao sair de casa.

Apesar de um controlo rigoroso no

cum-primento das restrições, quantasescolas tiveram que mandar os alunospara casa ou colocados em isolamentoprofilático após a detecção de infeçõespor covid-19?

Embora difícil, não só para os filhos,como para os pais ou encarregados deeducação, o regresso às aulas presen-ciais tiram-nos sono. Exemplos são tan-tos que quebram a nossa memória.

Há dias, a Escola Portuguesa de Luan-da - só estava reaberta uma semana -anunciou a suspensão das aulas presen-ciais, face à insegurança dos pais quan-to ao regresso dos estudantes e após tertido conhecimento de uma aluna infecta-da pelo novo coronavírus.

Num comunicado divulgado através dasua página da Internet, a instituiçãoanunciou a decisão de regressar ao re-gime não presencial, e para todos osgraus de ensino, depois de ter retomadoas aulas presenciais, em regime misto,no ensino secundário, no dia 12 de Outu-bro.

A escola revela que durante esta pri-meira semana “um elevado número dealunos não compareceu às aulas pre-senciais”, revelando “insegurança porparte expressiva dos pais”, apesar deterem sido adoptadas todas as medidasde prevenção.

A escola admite que também pesaramnesta decisão a evolução da situaçãoepidemiológica, com um progressivoaumento do número de casos, bemcomo a debilidade de resposta em ter-mos de assistência médica.

Na África do Sul, apesar do ensino termenos interrupções devido à covid-19, ataxa de retorno dos alunos à escola ain-da continua a ser uma pedra no sapato.

Quando o retorno gradual dos alunos àescola começou em Junho, os surtos decasos de coronavírus representaramuma dor de cabeça para o sector educa-cional.No final de Junho, 700 funcionários e 88

alunos já haviam testado positivo só nu-ma única província, o Cabo Ocidental.No entanto, parece que os surtos dimi-nuíram, graças às medidas implementa-das nas escolas.

A ministra da Educação Básica, AngieMotshekga, disse que houve um declíniosignificativo nos casos de Covid-19, nãose notando encerrramentos ou interrup-ções [como] antes, e isso pode ser atri-buído à adesão aos procedimentos ope-racionais adaptados.

A entrada do país ao nível1 viu a maio-ria dos regulamentos atenuados e a acti-vidade económica a retornar à normali-dade.

A maioria das escolas sul-africanasadoptaram um sistema alternativo deaulas, dividindo as classes em dois gru-pos. Um a assistir as aulas presenciaisàs segundas, quartas e sextas-feiras, eoutro às terças e quintas, alternadamen-te, para evitar a superlotação e garantir odistanciamento social.No entanto, a ministra disse que os mé-

todos de rotatividade aumentam os ris-cos dos alunos perderem o interessepela escola e esquecerem “tópicos cur-riculares já abordados”.

Sabe-se que até hoje, por receio, mui-tos alunos ainda não regressaram aosestabelecimentos de ensino. O Departa-mento de Ensino nacional diz que namaioria das escolas que visitou, a taxade retorno ficou entre 80% a 90%, dadosmeramente preocupantes.

Durante uma recente apresentação aoComité de Educação Básica do Parla-mento, o Departamento fez saber taxasde abandono surpreendentes entre alu-nos de 7.ª classe e 12.ª

No Cabo Oriental, 3.350 alunos da 7ª e1.195 de Matric eram dados como tendoabandonado a escola. Em Gauteng, onúmero ficou em 1.066 para a 7ª e 1.087para a Matric. KwaZulu-Natal teve amaior projecção de abandono: 38.541para a 7ª classe e 18.708 para Matric.

A maior parte dos pais sul-africanos,aponta 2020 como sendo um ano parariscar no calendário, reflectir sobre ospróximos planos e não colocar em riscoa saúde dos filhos.

Eduardo Ouana

Quarentena aproximoupais aos filhos

Editorial

FUNDADO EM 1963PELO COMENDADOR ANTÓNIO BRAZ

26 DE OUTUBRO DE 2020ANO LVIII

DIRECTOR F. Eduardo Ouana ([email protected])

CHEFE DE REDACÇÃOMichael Gillbee ([email protected])

FOTOGRAFIACarlos Silva ([email protected])

SERVIÇO NOTICIOSO: AGÊNCIA LUSA

REPRESENTAÇÕES:PRETÓRIA - J. VICENTE DIAS

Tel. 012 543-2228 * Fax (012) 567-4827 * Cel. 082 414 6780DURBAN - JOÃO DE GOUVEIA - 082 974 8294

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Telefones: 011 496-1650 * 011 496-2544(011) 496-2546 - Telefax: 011 496-1810

P.O.Box 16136 - Doornfontein 2028

PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO COMENDADORA PAULA CAETANO

Os relógios atrasaram 60 minutos na madrugada deontem, domingo, em Portugal para dar início ao horáriode inverno, segundo o Observatório Astronómico deLisboa.

Em Portugal Continental e na Região Autónoma daMadeira, os relógios foram atrasados uma hora quan-do eram 02:00 de domingo, passando a ser 01:00.Na Região Autónoma dos Açores, a mudança foi feita

à 01:00, passando para a 00:00.A hora legal voltará depois a mudar a 28 de Março

2021, para o regime de verão.O actual regime de mudança da hora é regulado por

uma directiva (lei comunitária) de 2000, que prevê quetodos os anos os relógios sejam, respectivamente, adi-antados e atrasados uma hora no último domingo deMarço e no último domingo de Outubro, marcando oinício e o fim da hora de verão.

Mudou a hora em Portugal

A viagem do navio-escola Sagres no âmbito das come-morações do V Centenário da Circum-Navegação porFernão Magalhães "será retomada" assim que a pan-demia da covid-19 o permitir, disse na quarta-feira o mi-

nistro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.“A viagem do navio-escola Sagres será retomada logo

que a evolução da pandemia o permita”, garantiu o minis-tro, precisamente no dia em que há 500 anos, no ex-tremo sul da Argentina, Fernão Magalhães virou o Cabodas Onze Mil Virgens, como o navegador português ha-veria de baptizá-lo, em homenagem ao dia de Santa Úr-sula e às onze mil virgens, e que hoje tem o seu nome.

“O nosso plano é utilizar a viagem da Sagres de formaa que, em cada porto a que acostar, haver atividades cul-turais e comemorativas da viagem de circum-navegaçãoe foi o facto de isso se ter tornado impossível que ditou asuspensão da viagem”, explicou o governante, numaconferência de imprensa que se seguiu à terceira reuniãoda Comissão Nacional para as Comemorações do VCentenário da Circum-navegação, em que estiveramigualmente presentes o ministro do Mar, Ricardo SerrãoSantos, e José Manuel Marques, presidente da Estruturade Missão do V Centenário da 1.ª Circum-Navegação.

“Continua a ser nossa intenção recriar a viagem de cir-cum-navegação, estamos articulados com o Governo deEspanha, que também tem o compromisso de recriar aviagem de circum-navegação com o seu próprio navio-escola”, sublinhou Santos Silva, e a prova disso, refor-çou, é que na proposta do Orçamento do Estado para2021 “está lá prevista a verba financeira necessária”.A pandemia causou impactos substanciais no programa

das comemorações, mas a circunstância de estar repar-tido por três anos, “dá alguma margem de manobra aoprojecto”, disse, por seu lado, Serrão Santos.

“O facto de estas comemorações terem sido planifica-das para durar três anos está-nos a dar oportunidade deadaptar as comemorações às circunstâncias deste im-pacto inesperado da covid-19, que, ao contrário da via-gem de Magalhães, deu a volta ao mundo em muito pou-co tempo”, disse o ministro do Mar.

“Mas uma coisa que quero realçar, que esteve patentena terceira reunião da comissão que tivemos, é que ne-nhum dos barcos abandonou a frota”, acrescentou o go-vernante.

O programa destas comemorações, reforçou SerrãoSantos, “está focado no percurso de exploração” feitopelo navegador português, que “foi orientado pelo co-mércio das especiarias e que permitiu, não só provar quetodos os oceanos estão unidos, como é possível circum-navegar a terra. Começou aí a globalização”, disse.É, portanto, “um projecto que comemora uma expedição

que demorou três anos. Está focado na partida, tambémno evento único e fantástico que hoje se assinala, que éa passagem do Estreito das Onze Mil Virgens, que écomo Fernão de Magalhães lhe chamou; não está foca-do na chegada”, disse ainda o ministro do Mar.

O presidente da Estrutura de Missão do V Centenárioda 1.ª Circum-Navegação reconheceu também que, se arecriação da viagem de Magalhães iniciada com a parti-da de Lisboa em janeiro do navio-escola Sagres, era “oprojeto bandeira” das comemorações, “a suspensão daviagem comprometeu todo o conjunto de iniciativas queestavam previstas”.Nesta fase, a estrutura de missão está empenhada num

“processo de reprogramação” junto com as instituições eparceiros associados às comemorações em todos os ter-ritórios onde o navio deverá passar quando a viagem forretomada.

Não obstante o desafio colocado pela pandemia, o ba-lanço das comemorações foi considerado como positivopelo responsável. “Apesar de todos os condicionalismosem que nos vimos envolvidos, a verdade é que nos con-seguimos reajustar” e “mais de 200 iniciativas tiveramlugar este ano”, sublinhou José Manuel Marques.

“Sagres retomará logo que possívelviagem que Fernão Magalhães fezhá 500 anos”- ministro Augusto Santos Silva

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Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 26 DE OUTUBRO DE 2020

Desportivo

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Lewis Hamilton estabeleceuem Portimão novo recordemundial de vitórias

Hoje às 22 horas(horas locais)Benfica vai tentarrestabelecer vantagemde cinco pontos

vs

Grande entrevista ao Século do candidato Rui Gomes da Silva

às presidenciais do Benfica

GP de Portugal

última

páginas 2 e 3

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2 O SÉCULO DESPORTIVO . 26 DE OUTUBRO DE 2020

Século de Joanesburgo (SJ): Quem é RuiGomes da Silva (seu perfil)?

Rui Gomes da Suila (RGS): Tenho 62 anos devida, tantos quanto de sócio do Sport Lisboa eBenfica. Nascido no Porto, o amor ao Benfica foidos primeiros ensinamentos que recebi do meupai, um benfiquista convicto e fiel ao clube deque me fez sócio com horas de vida, quandoenviou uma carta para o Sport Lisboa e Benficacom a minha inscrição como sócio do clube (por

coincidência, há dias encontrei entre a corres-pondência do meu pai, que faleceu em 1986, acarta que escreveu, um mês depois de eu nas-cer, aos serviços do Clube a questionar por queainda não havia recebido resposta à inscrição dofilho enquanto sócio).

Este mesmo sentido de pertença passei-o paraos meus três filhos, com os quais sou espectadorassíduo no Estádio da Luz, nos nossos lugarescativos (mesmo que, durante anos, enquanto vi-ce-presidente, tenha tido lugar na tribuna, nuncadeixei de pagar os nossos lugares).

Quando me mudei para Lisboa para a Faculda-de de Direito da Universidade Clássica de Lis-boa, prossegui com a prática de Hóquei em Pa-tins, mas então para o meu Clube de sempre, oSport Lisboa e Benfica, com o qual cheguei a sercampeão nacional.

Embora a minha profissão de sempre seja a deadvogado, fui deputado durante cinco legislatu-ras em Portugal e ministro adjunto do primeiro-

ministro e ministro dos Assuntos Parlamentaresno XVI Governo Constitucional.

Sempre segui o Benfica pelo país e em com-petições internacionais, designadamente nas fi-nais das Taças dos Campeões de 1988 e 1990.Em 1997 fui candidato a VP para o Futebol na lis-ta de Luís Tadeu, derrotada por João Vale e Aze-vedo.

Em 2009 fiz parte da Direcção de Luís FilipeVieira, na qual fui administrador da SAD (entre

2009 e 2012) e vice-presidente, durante seteanos e três meses, até que, por incompatibili-dade com a estratégia da restante Direcção, saípelo meu próprio pé dos órgãos sociais, masnunca me afastando do Clube. A defesa intransigente que faço do Sport Lisboa

e Benfica levou-me também ao comentário tele-visivo.

SJ: Principais motivos da candidatura? RGS: Acima de tudo, o futuro do Sport Lisboa e

Benfica. Um futuro que está em risco perantejogos de interesses financeiros, que nada têm aver com o interesse do Clube. Veja-se que antesde eu manifestar a minha intenção de me candi-datar a presidente da Direcção, nas eleiçõesdeste ano, não havia uma voz contra Luís FilipeVieira.

Folgo em saber que incentivei outros a apare-cerem para defrontarem o actual presidente, ain-da que tragam atrás de si empresas, empresá-rios e interesses financeiros que devem ser man-tidos longe do clube pelos sócios nestas elei-ções.

Seguramente que comigo enquanto presidenteessa amálgama de interesses financeiros extra-Benfica ficará muito longe do Estádio da Luz. Eisso é algo que os assusta muito, porque nãolhes permitirei tomar o Benfica de assalto.

SJ: Quais os desafios que traçou para estasua candidatura?

RGS: O primeiro é, no prazo máximo que mepermitirei ser presidente (oito anos, assim os só-cios me apoiem com o seu voto), que o Benficaseja campeão europeu. Mas na Liga dos Cam-peões, não da segunda divisão europeia, como aactual Direcção parece admitir.

Em 1991 escrevi um artigo no jornal O Benficaque já continha os três princípios inalienáveisque trago para a minha candidatura: formação deatletas de futebol (que só mais de uma décadadepois se iniciou no Seixal); Benfica campeãoeuropeu, projectado para ser sempre candidato àvitória na Liga dos Campeões; e ecletismo.

Agora juntei várias pessoas que não são notá-veis naquele sentido de empresários e gestoresque só vão aos jogos quando os convidam paraos camarotes e podem intervalar o jogo com umarefeição oferecida pelo Benfica. São notáveis nosentido de serem sócios do Sport Lisboa eBenfica. Com estas pessoas, vamos acabar com as sus-

peições e casos judiciais, e voltaremos a levar oBenfica à hegemonia que começou a ser cons-truída quando eu estive na vice-presidência doclube - de 2009 a 2016 – e que foi desbaratadanos últimos quatro anos, quando se desinvestiuna equipa de futebol que devia ter sido penta-campeã nacional.

Há dias, o professor e historiador do Benfica,Alberto Miguéns, num texto em que manifestou oseu apoio à minha candidatura, fez uma resenhados títulos conquistados pelo Benfica antes, du-rante e após a minha presença na Direcção. Éinequívoco: foi o período em que o Benfica maistítulos ganhou no futebol, desde há mais de trêsdécadas.

SJ: Tendo sido vice-presidente e com expe-riência dentro do Clube, o que vai trazer denovo para o bem do SLB?

RGS: Fazer traduzir essa experiência em favordo Benfica. Aparecendo com a dignidade a que oBenfica obriga, enfrentando os interesses que sequerem apoderar do Clube, não ter medo de en-frentar os que, à frente de outros Clubes, têmcomo grande preocupação combater a nossagrandeza. Sou o único candidato que os outros clubes por-

tugueses que se julgam da dimensão do Benfica(mas não são) não querem ver eleito. Como sepercebe pelos comentários televisivos dos seusrepresentantes. Como não querem os que sem-pre foram inimigos do Benfica, que não se pou-pam a esforços para tentar dar a ideia que a mi-nha candidatura não tem apoio entre os Sócios.E nada mais falso … como eles sabem bem.

SJ: Qual vai ser a sua ‘arma’ entre os oposi-tores na eleição, em particular o Luis FilipeVieira, líder com mais presidências?RGS: Sou o único dos candidatos – como disse

– que sempre falou na necessidade do Benficaeuropeu, na formação e no ecletismo. Veja-se a

diferença no conceito de democracia: em 1991, oBenfica permitia que um opositor do então presi-dente fizesse artigos de opinião no jornal doClube. Hoje, os órgãos de comunicação do Clu-be estão tão manietados pela Direcção que nemcumprem uma obrigação básica, que é acompa-nhar esta campanha.

Ecletismo, formação e Benfica europeu são pi-lares de um projecto que tenho há muito para oBenfica. Luís Filipe Vieira é o incumbente, com odinheiro que gasta pelo Benfica a permitir-lhe

fazer campanha, mas sei que muitos sócios jáperceberam que o Benfica tem de ser libertadodos interesses que ele deixou que tomassemconta de si próprio e do Benfica.

Quanto ao resto, folgo em ver que, talvez pornunca terem aparecido em público a defender oClube e de não se conhecer uma ideia sua ante-rior a Julho de 2020, gostaram tanto do meu pro-grama que o copiaram.

SJ: O que pensa do futuro da equipa, olhan-do para os resultados que tem alcançado nosúltimos anos a nível europeu?RGS: Estou muitíssimo preocupado com o futu-

ro do Benfica no seu todo, não só do futebol, mastambém, e muito, das modalidades e das Casasdo Benfica, que têm menor exposição mediática,e por isso ficam mais desprotegidas, já que a Di-recção concentra as medidas eleitorais no fute-bol.

Mas sobre o futebol em específico, preocupam-me as consequências do desprestígio que o Ben-fica tem acumulado nos últimos quatro anos, de-signadamente uma fase de grupos da Liga dosCampeões em que obtivemos zero pontos, fo-mos a pior equipa entre as 80 que participaramem 2017 na Liga dos Campeões e Liga Europa,e ainda passámos pela humilhante derrota de 5-0 contra o Basileia – relembrando-nos aqueles7-0 contra o Celta de Vigo há 21 anos, quando oBenfica tinha outro presidente com grande ten-

“Ao Benfica de hoje falta cul-tura de vitória!!!

Resumidamente: falta deambição desportiva, falta de

foco da Direcção no objectivodesportivo, concentração em

negociatas e excesso dedependência face a

empresáriose outros interesses”

DESPORTO

ENTREVISTA

Candidato à Presidência do Sport Lisboa e Benfica, Rui Gomes da Silvafala ao Século de Joanesburgo sobre os projectos dos “encarnados”

Um dos grandes objectivos é o Benfica ser campeão europeu na Liga dos Campeões e não na Segunda Divisão europeia

As eleições para os órgãos sociais do Sport Lisboa e Benfica parao quadriénio 2020-2024 vão ser realizadas depois de amanhã, quar-ta-feira 28 de Outubro. Na corrida estão além do actual presidenteLuís Filipe Vieira, no cargo desde 2003, mais três candidatos. OSéculo de Joanesburgo viajou ‘virtualmente’ até Lisboa para umaentrevista detalhada com o potencial canditato Rui Gomes da Silva,que foi vice do actual líder dos encarnados.

“integrar elementos comhistória de conquistas

no Benfica e que saibamexplicar aos mais novos

o que é o Benfica”

Texto de Eduardo Ouana

(cont. na pag. seguinte)

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26 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DESPORTIVO 3

DESPORTO

dência para a propaganda, Vale e Azevedo, con-tra quem me tinha batido nas eleições de 1997,na lista do professor Luís Tadeu.

SJ: Se for eleito, pensa que poderá vir amexer na estrutura do Clube?

RGS: O meu programa de candidatura, apre-sentado a 30 de Julho, e usado por outros candi-datos como base para o programa que apresen-taram em Setembro, é claro em diversos aspec-tos. Para não ser exaustivo (até porque o progra-ma está publicado desde há quase 3 meses epode ser consultado), digo apenas que o Benfi-quismo será critério.

Ao contrário do que acontece hoje, não neces-sitaremos de recrutar gente de outros clubespara a estrutura dirigente. E as equipas técnicas,desde a principal no futebol, até às das camadas

jovens nas várias modalidades, têm de integrarelementos com história de conquistas no Benficae que saibam explicar aos mais novos o que é oBenfica, como em tempos, há 42 anos, aconte-ceu comigo mesmo.

Recordo muitas vezes um Benfica-Sporting dejuniores em Hóquei em Patins, em que nós, atle-tas, levámos uma lição de Benfiquismo dadapelo treinador, José Casimiro, que durante o in-tervalo não nos deu uma palavra sobre táctica,posicionamento, nada sobre hóquei, mas sim so-bre o que significa representar o Benfica emcampo, algo que tive a honra de fazer e o orgu-lho de poder dizer que fui campeão nacional deHóquei em Patins pelo Benfica.

SJ: Qual tem sido o ponto fraco do clube?Perdeu o Campeonato, depois de muitos pon-tos de avanço sobre o segundo (FC Porto),perdeu a Taça de Portugal e agora foi elimina-do no primeiro jogo da Liga dos Campeões.

RGS: Ao Benfica de hoje falta cultura de vitó-ria!!! Resumidamente: falta de ambição desporti-va, falta de foco da Direcção no objectivo despor-tivo, concentração em negociatas e excesso dedependência face a empresários e outros inte-resses. O foco da actual Direcção tem sido o ne-gócio. E como eu já disse inúmeras vezes, oBenfica não é um negócio, é um Clube desporti-vo.

Por mais que Luís Filipe Vieira me ande a criti-car pelas Casas do Benfica e sempre com a im-prensa atrás, por eu dizer isto, eu insisto: o Ben-fica não é negócio. Tem de saber negociar,desde uma bola até ao passe de um atleta. Masé um Clube desportivo que tem de entrar em jogosempre para ganhar, em qualquer modalidade.

Quanto às derrotas que menciona, são resulta-do de tudo isto e de um desnorte que certamentenão passa ao lado dos atletas: no espaço de doismeses e às vezes até de dias, passa-se do trei-

nador que nunca sairá para o despedimento des-se treinador; do treinador que nunca voltará aoClube, para a contratação desse treinador; dosatletas da formação que serão campeões euro-peus, para a venda e empréstimos desses, a fa-vor de jogadores que vêm de fora ganhar muitomais que os que evoluíram no Seixal. Alguns dosque vêm tirar o lugar aos que são do Benfica játêm mais de 30 anos de idade e histórico ligadoa clubes rivais. SJ: O Benfica fez esta época um dos maiores

investimentos da sua história (desde treina-dor aos jogadores). Pensa que valeu a penaessa aposta financeira?

RGS: Podemos dizer que a equipa do Benficacomeçou a época de forma reforçada, sobretudocom Everton Cebolinha e Vertonghen. Mas foiprecisamente do centro da defesa, para ondechegou o belga, que a Direcção retirou o princi-pal elemento, Rúben Dias. É impossível dizerque a aposta financeira milionária de 100 mi-lhões de euros funcionou, desde logo pela derro-ta contra o PAOK que impediu a luta pela fase degrupos da Liga dos Campeões. Por outro lado, e como eu comecei a alertar ain-

da em Julho, estamos em ano de enorme incer-teza, com a maior crise económica de que hámemória, devido à pandemia da Covid. As ven-das foram disso reflexo: caíram de 176 milhõesde euros há um ano para 76 milhões.

Mas apesar de tudo isto, o Benfica gasta mais55% em jogadores do que há um ano, quandonos cinco maiores campeonatos da Europahouve um corte de 60%! Não admira assim quea actual Direcção acabe a emprestar as grandespromessas do Seixal em busca de alguns parcosmilhões, que tenha ido levantar 28 milhões deeuros ao Novo Banco, e depois de antecipardezenas de milhões de euros das receitas televi-sivas da NOS, ainda tenha ido levantar 50 mi-lhões no empréstimo obrigacionista de Junho.

E no fim ainda acabam com uma venda deses-perada de Rúben Dias, fazendo o Benfica ver-gar-se perante o empresário Jorge Mendes, comquem Luís Filipe Vieira decidiu fazer uma parce-ria estratégica há alguns anos – uma das razõespor que eu saí em 2016 foi precisamente essaparceria, além do facto de não haver a ambiçãode um Benfica europeu, mas apenas de realizarnegócios e ir vencendo no campeonato portu-guês.

Já agora, sobre Rúben Dias, diga-se que foitransferido para o Manchester City por metadedo valor da cláusula de rescisão – aos 68 mi-lhões de euros anunciados há que tirar os 5 mi-lhões de euros para o parceiro estratégico, Jorge

Mendes, e ainda a maior parte dos 15 milhões deeuros de Otamendi, um jogador de 32 anos queem momento algum vale tanto.

Basta pensar que os dois centrais que Jorge Je-sus pediu ao presidente, Rúben Semedo e LucasVeríssimo, custavam metade de Otamendi, queJesus disse claramente que seria suplente deRúben Semedo. SJ: Como pensa recuperar esses milhões de

euros que o Clube despendeu?

As receitas do Benfica têm de advir das vitóriasnas competições europeias, dos direitos televisi-vos e do merchandising. Mas acima de tudo dasvitórias, porque serão elas a recuperar o estatu-to de grande da Europa e mundial como foi notempo do meu pai e depois no final da década de1980, quando fomos a duas finais da Taça dosCampeões. Com o rumo dos últimos quatro anos e que este

ano se repetiu na derrota frente a uma equipacom um décimo do orçamento do Benfica (oPAOK), o Benfica corre o risco de se tornar irre-levante na Europa, como o Steua de Bucaresteou o Estrela Vermelha de Belgrado, por exemplo,que chegaram a ser campeões europeus e agorasão uma sombra desse passado.

Com um Benfica de novo forte contra os maisfortes da Europa, conseguiremos potenciar omerchandising e a linha de vestuário que preten-demos lançar em parceria com alguns dos gran-des fabricantes portugueses. Essa é uma dasvias. Depois, temos de ter o estádio semprecheio a cada jogo em casa – naturalmente, emcondições normais, pós-pandemia.

Naturalmente que a venda do passe de jogado-res de futebol também contribuirá, mas nuncacomo fim em si, mas sim quando estes jogadoresnão forem essenciais para a estratégia do treina-dor (princípio contrariado na venda de RúbenDias, substituído por um atleta de 32 anos deidade que custou 15 ‘milhões de anos’ e já nãotem qualquer evolução como jogador).

Outra forma é a poupança que faremos ao re-duzirmos substancialmente o número de atletasde futebol que o Benfica tem nos quadros, e sãomais de uma centena. E, ponto de honra, quan-do o Benfica não quiser vender o passe de umatleta, mas alguém bater a cláusula de rescisão,não iremos alimentar empresários de futebol com

comissões, como sucedeu no caso de João Fé-lix. Se o Benfica não queria vender, como dizia opresidente, por que razão pagou uma comissãopor um negócio que não pretendia?

SJ: No seu lema de campanha diz que “OBenfica é nosso. Dos sócios. Dos Benfiquis-tas”. O que pensa dos sócios no estrangeiro,

já que algumas Casas do Benfica estão nestemomento com portas fechadas. Exemplo con-creto, na África do Sul.

RGS: Ser sócio do Benfica é uma honra e tam-bém uma responsabilidade. Em qualquer partedo Mundo onde se esteja. E para mim todos ossócios têm de ser tratados de igual forma. Ofacto de estarem no estrangeiro e continuarem apagar as suas quotas merece uma nota especialde dedicação, mas nenhum sócio está acima deoutro.

Da mesma forma, as Casas do Benfica mere-cerão da minha parte, enquanto Presidente, igualrespeito e intenção de apoio. Há dias apresenteiuma parceria com a fintech portuguesa Pagaquipara a implementação de uma solução que aju-dará a financiar as modalidades e as Casas doBenfica. A nossa expectativa é que, em velocida-de cruzeiro, esse cartão permita encaixar cercade 5 milhões de euros por ano.

Advogado de profissão, Rui Gomes da Silvafoi deputado durante cinco legislaturas emPortugal e ministro adjunto do primeiro-mi-nistro e ministro dos Assuntos Parlamentaresno XVI Governo Constitucional. Nas eleiçõesde quarta-feira vai enfrentar, além de Luís Fili-pe Vieira, João Noronha Lopes e Bruno CostaCarvalho.

Ex-vice-presidente do SLB em entrevista ao Século de Joanesburgo(cont. da pag. anterior)

“Alguns dos que vêmtirar o lugar aos que sãodo Benfica já têm mais

de 30 anos de idade e histórico ligado a Clubes rivais”

“As Casas do Benfica merecerão da minha

parte, enquantoPresidente, igual respeito

e intenção de apoio”

“Ser sócio do Benfica é uma honra e tambémuma responsabilidade.Em qualquer parte do

Mundo onde se esteja”

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4 O SÉCULO DESPORTIVO . 26 DE OUTUBRO DE 2020

3-1

LIGA DOS CAMPEÕES

Jogo no Estádio Etihad, em Manchester.Ao intervalo: 1-1.Marcadores:0-1, Luis Díaz, 14 minutos.1-1, Agüero, 20 (grande penalidade).2-1, Gündogan, 65.3-1, Ferrán Torres, 73.

Equipas:

- Manchester City: Ederson, Kyle Walker, Rú-ben Dias, Eric Garcia, João Cancelo, Rodri (Fer-nandinho, 85, Stones, 90+4), Gündogan (Foden,68), Bernardo Silva, Mahrez, Sterling e Agüero(Ferrán Torres, 68).

Suplentes: Steffen, Carson, Stones, Harwood-Bellis, Zinchenko, Fernandinho, Palmer,Nmecha, Adrián Bernabé, Doyle, Foden e FerránTorres.Treinador: Pep Guardiola.

- FC Porto: Marchesín, Corona (Nanu, 77), Sarr(Evanilson, 80), Mbemba, Pepe, Zaidu (Naka-jima, 76), Sérgio Oliveira, Uribe, Fábio Vieira (Ta-remi, 77), Luis Díaz (Manafá, 55) e Marega.

Suplentes: Diogo Costa, Nanu, Manafá, DiogoLeite, Loum, Grujic, Romário Baró, Nakajima,Felipe Anderson, Evanilson, Taremi e Toni Mar-tínez.Treinador: Sérgio Conceição.

Árbitro: Andris Treimanis (Letónia).Acção disciplinar: Cartão amarelo para KyleWalker (28), Bernardo Silva (34), João Cancelo(36), Eric Garcia (67), Pepe (84) e Fernandinho(90).Assistência: Jogo à porta fechada devido à pan-demia de covid-19.

O FC Porto fez quarta-feira uma primeira partede grande nível no Etihad, mas ‘desapareceu’ nasegunda e perdeu por 3-1 com o ManchesterCity, na estreia no Grupo C da Liga dos Cam-peões em futebol.

Os ‘dragões’, sem vitórias e só com três empa-tes nas anteriores 20 visitas a Inglaterra, estive-ram a ganhar, com um grande golo do colombia-no Luis Díaz, aos 14 minutos, mas, logo aos 20,os ingleses empataram, num penálti do argentino

Agüero, cometido sem necessidade por Pepe, sóque após ‘pisão’ de Gündogan a Marchesín.

A igualdade não afectou, porém, os ‘dragões’,que, no seu 400.º jogo nas taças europeias, con-tinuaram muito bem até ao intervalo, para mu-darem para muito pior na segunda parte, na qual,simplesmente, não existiram ofensivamente.O alemão Gündogan, de livre directo, aos 65 mi-

nutos, depois de perda de bola e falta de FábioVieira, e o suplente espanhol Ferrán Torres, aos

73, 'selaram' o 3-1 do City, que, na parte final, po-deria mesmo ter chegado à goleada, perante umFC Porto ‘descontrolado’.

Desta forma, os portistas continuam sem ga-nhar em Inglaterra e são últimos do Grupo C,tendo já pela frente, esta semana, um encontroimportante, no Dragão, perante o Olympiacos, dePedro Martins, que bateu o Marselha, de AndréVillas-Boas, por 1-0.

O FC Porto entrou com três centrais (MbemBa,Pepe e o estreante Sarr), à frente de Marchesín,Corona e Zaidu nas laterais, Sérgio Oliveira eUribe como médios centrais e um trio na frente,com Fábio Vieira na direita, Luis Díaz na esquer-da e Marega ao meio.

Perante um City em ‘4-3-3’, os portistas ‘cede-ram’ a bola ao adversário, mas, personalizados,mostraram-se sempre preparados para contra-

atacar e adiantaram-se no marcador, aos 14 mi-nutos, na primeira jogada perigosa do encontro.

Uribe intercetou, a meio-campo, um mau passede Rúben Dias e lançou Luis Díaz, que, emgrande velocidade, levou a bola da esquerdapara a direita e, já na área, rematou cruzado depé direito, fora do alcance de Ederson.

A vantagem dos portistas não durou, porém,muito tempo, já que, aos 17 minutos, Pepe car-regou, escusadamente, Sterling na área, depois

de uma arrancada de Gündogan, que, antes deatirar ao poste direito, pisou Marchesín. O árbitroe o VAR nada assinalaram e, aos 20, Agüeromarcou o penálti, que o compatriota quaseparou.

O empate não incomodou os ‘dragões’, quequase voltaram ao comando dois minutos volvi-dos, num erro de Ederson, a jogar com os pés,mal aproveitado por Uribe, que atirou para as‘nuvens’.

Até ao intervalo, o City ‘encheu-se’ de cartões(Walker, Bernardo e Cancelo) e assustou numlance de Mahrez, aos 39 minutos, mas não tantocomo o FC Porto, aos 43: Corona isolou Marega,Rúben Dias cortou para a própria baliza e Walkersalvou.O City entrou melhor para a segunda parte, com

Gündogan a obrigar Marchesín a grande defesa,

logo aos 49 minutos, e Rodri a cabecear muitopor cima, após um livre, aos 58, três minutosapós a entrada de Manafá para o lugar de LuisDíaz.Perante um FC Porto, agora, incapaz de se che-

gar à área adversária, os ingleses acabaram porchegar ao segundo golo aos 65 minutos, num li-vre directo superiormente apontado por Gün-dogan, depois de perda de bola e falta de FábioVieira sobre o alemão.

Quase de imediato, aos 68 minutos, Guardiolatrocou Gündogan e Agüero por Foden e FerránTorres, e os dois jogadores combinaram, aos 73,para o terceiro dos locais: o espanhol passou aoinglês, desmarcou-se, recebeu a bola, passoupor Pepe e atirou, de pé direito, fora do alcancede Marchesín.

Conceição lançou, depois, Nakajima, Nanu, Ta-remi e o estreante Evanilson, mas o FC Portocontinuou errático e quase sofreu o quarto, val-endo Marchesín, perante Mahrez (82 minutos), eo poste direito, a travar um remate de Rodri (83).

Destaque ainda para um momento de descon-trolo de Pepe, que foi para ‘cima’ de Sterling acu-sando-o de se atirar para o chão, quando pareceque o carregou em falta, e arriscou a expulsão.Felizmente para o campeão luso, o jogo terminoupouco depois.

FC Porto 'desapareceu' na segunda parte e deu vitória ao City na estreia do Grupo C

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26 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DESPORTIVO 5

2-4

LIGA EUROPA

Jogo no estádio Municipal de Poznan.Ao intervalo: 1-2.Marcadores:0-1, Pizzi, 9 minutos (grande penalidade).1-1, Ishak, 15.1-2, Darwin Núñez, 42.2-2, Ishak, 48.2-3, Darwin Núñez, 60.2-4, Darwin Núñez, 90+3.

Equipas:

- Lech Poznan: Bednarek, Czerwiƒski, Deje-wski, Crnomarkovic, Puchacz (Kravets, 74), Sko-ras (Awaed, 90+1) Pedro Tiba, Moder, Kaminski(Marchwinski, 67) Ramirez (Muhar, 67) e Ishak(Katcharava, 74).

Suplentes: Malenica, Kravets, Rogne, Muhar,Marchwinski, Katcharava, Szymczak, Awaed,Klups e NiewiadomskiTreinador: Dariusz Zuraw

- Benfica: Vlachodimos, Gilberto, Otamendi,Vertonghen, Grimaldo (Nuno Tavares, 67), Ga-briel, Taarabt (Weigl, 61), Pizzi (Rafa, 46), Ever-ton (Jardel, 87), Waldschmidt (Pedrinho, 61) eDarwin Nunez.

Suplentes: Helton Leite, Cervi, Seferovic, DiogoGonçalves, Chiquinho, Rafa, Weigl, Jardel, Pedri-nho, Nuno Tavares, Gonçalo Ramos e Ferro.Treinador: Jorge Jesus.

Árbitro: Nikola Dabanovic (Montenegro).Acção disciplinar: cartão amarelo para Crnomar-kovic (17).Assistência: Jogo à porta fechada devido à pan-demia de covid-19.

O Benfica venceu na quinta-feira o Lech Poznanpor 4-2, na Polónia, na primeira jornada do grupoD da Liga Europa de futebol, na qual se destacouDarwin Núñez, que se estreou a marcar e logocom um ‘hat-trick'.

O avançado uruguaio ainda não tinha assinadoqualquer golo pelos ‘encarnados' e marcou logotrês, num jogo em que o Benfica mostrou ser cla-ramente superior à equipa polaca a nível dassuas individualidades, mas no qual revelou algu-mas debilidades defensivas que mantiveram aincerteza no resultado quase até ao fim.A equipa de Jorge Jesus teve uma entrada forte

no jogo, já esperada, com a equipa a pressionaralto, mas o adversário não cometeu os erros doRio Ave na última jornada da I Liga, ao tentar saira jogar com a bola.Se o Benfica chegou cedo ao golo, logo aos no-

ve minutos, fê-lo numa rápida transição ofensivaapós um lance de ataque do Lech Poznan, queapanhou a equipa adversária desequilibrada nasua organização defensiva e forçada a cometerum penálti que Pizzi concretizou.

As ‘águias’ continuaram a pressionar forte logono último terço dos polacos e só não chegaramao segundo golo porque faltou sempre a defini-ção dos lances, seja o último passe, o cruzamen-to, a tabela, e o Lech Poznan chegou ao empateà passagem do quarto de hora a explorar muitobem as costas de Grimaldo.

Já nessa altura se tinha percebido que os pola-cos iam procurar tirar partido do adiantamento deGrimaldo e da sua dificuldade em recuperar, comIshak a empurrar a bola para o fundo das redesde Vlachodimos, após um lançamento logo paraas costas do lateral esquerdo ‘encarnado’.A equipa ‘encarnada’ acusou o golo, claramente,

perdeu intensidade na sua dinâmica ofensiva eos polacos tiveram uma excelente oportunidadepara se adiantar no marcador, na sequência deum pontapé de canto cobrado por Ramirez aoqual Moder correspondeu com um remate àbarra.

No entanto, o Benfica gradualmente foi reassu-mindo o controlo do jogo e criando lances peri-

gosos junto à área polaca, que não se traduziramem golos porque, mais uma vez, faltou qualidadena definição, seja por precipitação, seja por sedar um toque a mais na bola ou o último passenão entrar.

Qualidade que surgiu aos 42 minutos, quer nocruzamento de Gilberto, quer na finalização decabeça de Darwin Núñez, sem hipóteses para oguarda-redes polaco, o que não surpreendequando se tem individualidades como as que oBenfica possui.

A segunda parte começou praticamente com osegundo golo do Lech Poznan, de novo porIshak, aos 48 minutos, num lance em que a defe-sa ‘encarnada' voltou a ‘meter água', desta vezpelo flanco de Gilberto, que esteve bem no planoofensivo, mas revelou grande permeabilidade navertente defensiva.

Numa fase crucial do jogo emergiu o avançadouruguaio do Benfica, aos 60 minutos, a levar amelhor num lance de um contra um, a dar à equi-pa aquilo que não tinha conseguido antes, a final-ização dos lances ofensivos.

Seguiu-se uma reacção do Lech Poznan queforçou o clube da Luz a passar por uma fase difí-cil, de algum sofrimento, com Vlachodimos emdestaque com algumas boas intervenções, numaaltura em que Jorge Jesus já trocara Grimaldo,Pizzi (os dois que tiveram menor rendimento naprimeira parte) e Taarabt por Nuno Tavares, Rafae Weigl, respectivamente.

Sem nada a perder, o Lech Poznan arriscoutudo por tudo, o seu treinador refrescou a equipano ataque e obrigou o Benfica a cerrar fileiraspara segurar a vantagem, mas ao mesmo tempoabriu muitos espaços nas costas da sua defesaque proporcionaram aos ‘encarnados' lances degolo, sobretudo nos últimos minutos, quando aequipa já estava literalmente ‘partida', um dosquais resultou no quarto do Benfica, mais umavez por Darwin Núñez, a consumar o ‘hat-trick', jáem período de compensações.

O Benfica lidera o grupo D com três pontos, osmesmos que os escoceses do Rangers, quevenceram na deslocação ao Standard Liège por2-0, com a equipa belga a somar zero pontos, talcomo os polacos.

DECLARAÇÕES

Jorge Jesus (treinador do Benfica): "A cami-nhada nesta competição é jogo a jogo. Foi umavitória categórica do Benfica. Estivemos semprepor cima do jogo. É um adversário atrevido e, porisso, fez-nos dois golos, mas também pagou caropelo seu atrevimento. Fizemos quatro golos, maspoderíamos ter feito mais.Além dos quatro golos, foi importante o menino,

o Darwin [Núñez], marcar, porque tem estado ademonstrar qualidade, com assistências para oscolegas. Temos a certeza que contratámos umgrande jogador, um ‘big' jogador, um jogador quevai de ‘top'.

O nosso objectivo é esse [chegar à final], mastemos de ir jogo a jogo. Depois da fase de gru-pos, entram equipas da Liga dos Campeões. OBenfica também é uma equipa de ‘Champions'.Esta equipa do Lech Poznan é mais forte do queo PAOK, mas o Benfica agora tem mais tempo detrabalho e está muito forte.

Tivemos alguns momentos complicados nojogo, mas sentia-se que o Benfica poderia fazergolo a qualquer momento. Tivemos mais proble-

mas defensivos do que temos tido em Portugal,porque esta equipa aparecia com muitos jogado-res em cima da nossa última linha. Gostei muitoda nossa equipa, mas também gostei muito donosso adversário.

Quando cheguei ao Benfica, os ‘capitães' já es-tavam atribuídos. Eram cinco. Saíram dois, o An-dré [Almeida, lesionado] e o Rúben [Dias]. Quan-do chego a um clube, não me diz nada haver játrês ou quatro ‘capitães' escolhidos, com base notempo que têm de clube. Eu é que escolho os‘capitães’ e tenho por hábito incluir no lote de‘capitães’ um jogador que seja novo no clube.Dos que chegaram, pela experiência, só pode-riam ser dois: o Otamendi e o Vertonghen. Sóque o Vertonghen não sabe falar português e oOtamendi fala. Vai continuar a ser um dos cincocapitães de equipa."

Otamendi (jogador do Benfica): "Estou muitoagradecido por me confiarem a braçadeira de‘capitão’. Os companheiros de equipa têm meapoiado desde o primeiro dia e é um privilégio uti-lizar a braçadeira. Como disse quando cheguei,vou defender a camisola do Benfica até à morte.

É sempre difícil o início de uma competiçãoeuropeia. Há coisas a melhorar. Temos uma equi-pa nova, que continua a crescer e esperamosmelhorar jogo a jogo. Esta equipa tem muita von-tade de crescer e, com vitórias, a confiançaaumenta.

Vem aí uma série de muitos jogos e temos derecuperar da melhor forma, para disputarmoscada jogo como se fosse uma final."Darwin Núñez (jogador do Benfica): "[Três go-

los marcados] Significa muito para mim. É umaforma de ajudar a equipa. Se não marco, assistoos meus companheiros e tento ajudar a equipade outras formas.

Os meus companheiros de equipa deram-meconfiança desde o primeiro momento. Em cincojogos ainda não tinha conseguido marcar, mashoje saíram os golos. Acreditava que hoje me iriaestrear a marcar, mas não esperava marcar trêsgolos."

Everton (jogador do Benfica): "Durante a se-mana temos trabalhado bem e temos colocadoisso em prática durante os jogos. Encontrámosuma equipa bem organizada, que nos causoudificuldades em alguns momentos, mas pudemosmostrar o nosso poder ofensivo.

Quando estávamos na frente do marcador, secalhar relaxámos um pouco. Os adversários naLiga Europa são fortes e ficou provado que po-demos sofrer se facilitarmos. No campeonato, te-mos conseguido controlar melhor os jogos, masfoi um grande jogo e são três pontos muito impor-tantes."

Darwin Núñez estreou-se a marcar com 'hat-trick' e Benfica passou no 'exame' polaco

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6 O SÉCULO DESPORTIVO . 26 DE OUTUBRO DE 2020

LIGA EUROPA

Jogo noEstádio Municipal de Braga.Sporting de Braga - AEK Atenas, 3-0.Ao intervalo: 1-0.Marcadores:1-0, Galeno, 44 minutos.2-0, Paulinho, 78.3-0, Ricardo Horta, 88.

Equipas:

- Sporting de Braga: Matheus, Esgaio, DavidCarmo, Bruno Viana, Sequeira, Castro (Schet-tine, 90+2), Fransérgio (Moura, 84), Iuri Medeiros(André Horta, 60), Galeno (Al Musrati, 85), Ri-cardo Horta (João Novais, 90+2) e Paulinho.Suplentes: Tiago Sá, Zé Carlos, Tormena, Raúl

Silva, Rolando, Moura, Al Musrati, João Novais,André Horta, Gaitán, Abel Ruiz e Schettine.Treinador: Carlos Carvalhal.

- AEK Atenas: Panagiotis Tsintotas, StratosSvarnas, Ionut Nedelcearu, Dmytro Chygrynskiy(Marco Livaja, 62) (Theodosis Machairas, 89),Yevhen Shakhov, Hélder Lopes, Nenad Krsticic,Stavros Vasilantonopoulos, Petros Mantalos,Nélson Oliveira e Karim Ansarifard (Muamer

Tankovic, 62).Suplentes: Giorgos Athanasiadis, Georgios

Theocharis, Ziga Laci, Nassim Hnid, Mário Mitaj,Emanuel Insúa, Muamer Tankovic, Anel Saba-nadzovic, Ioannis Botos, Marco Livaja, EfthymiosChsitopoulos e Theodosis Machairas).Treinador: Massimo Carrera.

Árbitro: Ruddy Buquet (França).Ação disciplinar: cartão amarelo para PetrosMantalos (20), Ionut Nedelcearu (34), Sequeira(55), David Carmo (56), Nélson Oliveira (67) eEsgaio (69).Assistência: 2.196 espectadores.

O Sporting de Braga começou quinta-feira damelhor forma o grupo G da Liga Europa de fute-bol, ao vencer folgadamente o AEK Atenas por 3-0, em jogo que marcou o regresso de públicoao recinto bracarense.

Na primeira partida com espectadores, no Está-dio Municipal de Braga (2.196), após a interrup-ção das competições, em Março, por causa dapandemia de covid-19, e 54 anos depois da es-treia nas competições europeias precisamentediante do AEK Atenas, o Sporting de Braga ven-ceu com inteira justiça por 3-0, com golos deGaleno (44 minutos), Paulinho (78) e RicardoHorta (88), e lidera, com o Leicester (que bateu oZorya também por 3-0), o grupo G.Os ‘arsenalistas' entraram muito dominantes e a

pressão da equipa orientada por Carlos Carva-lhal chegou a ser asfixiante, para o que con-tribuía, também, uma gritante falta de capacidadetécnica do AEK na primeira fase de construção.

Contudo, apesar do domínio, a turma bracaren-se não tinha arte, nem engenho para criar gran-des ocasiões de golo, com excepção de um lanceaos 38 minutos em que, após grande cruzamen-to de Paulinho da esquerda, Fransérgio cabe-ceou ao lado.

O internacional português da equipa grega Nél-son Oliveira respondeu com a melhor oportuni-dade dos helénicos neste período (42), mas logo

a seguir surgiu o primeiro golo dos minhotos, comGaleno, de cabeça, a antecipar-se a um defesado AEK e a responder da melhor maneira a umbom cruzamento da direita de Esgaio (44).

O AEK entrou melhor na segunda parte e, aos50 minutos, após um livre e em excelenteposição, o central ucraniano Chygrynskiy rema-tou fraco e Matheus defendeu com facilidade.Aos 57 minutos, um ‘tiro' de Sequeira de fora da

área obrigou o guardião grego a uma boa defesae, quatro minutos depois, foi Fransérgio a rema-tar: Tsintotas defendeu e Galeno, na recarga,atirou ao lado.

O AEK era agora mais perigoso e, aos 63 minu-tos, o recém-entrado Tankovic ladeou Matheus,mas foi Nélson Oliveira que rematou, já de ângu-lo apertado, às malhas laterais.

Depois só ‘deu' Braga e, aos 72 minutos, Ricar-do Horta desperdiçou flagrante ocasião. O goloque ‘matou' a partida surgiu aos 78 minutos, comum remate cruzado de Paulinho após uma gran-de jogada de Galeno.

O extremo brasileiro intercetou uma bola aindano meio campo defensivo bracarense, tabeloucom Ricardo Horta, foi galgando terreno e deixoumais dois adversários pelo caminho antes deassistir o ponta-de-lança.

A vantagem permitiu a Carlos Carvalhal gerir aequipa com vista ao ‘clássico' minhoto de domin-

go, em casa do Vitória de Guimarães, e, aos 88minutos, Ricardo Horta fez o último dos ‘arsena-listas' a passe de Paulinho.

DECLARAÇÕES

Carlos Carvalhal (treinador do Sporting deBraga): "Creio que sim [o resultado é justo]. Ofacto de termos ganhado 3-0 não quer dizer queo jogo tenha sido fácil. Poderíamos ter atingidoestes números mais cedo. A cadência de oportu-nidades foi grande para aquilo que têm sido osjogos do AEK. Já tiveram bastantes ‘cleansheets' [jogos sem sofrer golos]. É uma equipaque defende com muitos jogadores e não permitetransições. Antecipámos que vinham com uma li-nha de cinco [defesas]. Para a forma como elesjogam, tivemos muitíssimas oportunidades. Ti-vemos as suficientes para conseguir o resultadomais cedo. Fizemos uma exibição de grandepoder.

A grande virtude da nossa equipa, além da pa-ciência na circulação de bola, foi a forma comoanulou os canais de saída para o contra-ataque.Isso cansou o adversário. Na segunda parte, tive-ram de se abrir um pouco mais. Quando o adver-sário mudou de sistema e passou a defendercom uma linha [de quatro jogadores], tivemosuns momentos de indecisão, mas foi fácil retificarcom a entrada do André Horta [para o lugar deIuri Medeiros].

Fomos postos à prova num nível altíssimo. Anossa equipa joga no limite do risco, mas semprenum risco controlado. A equipa controlou semprea perda de bola.

Era uma questão de tempo até o Ricardo Hortae o Paulinho começarem a marcar. De resto, hácoisas para melhorar. A equipa ainda tem mar-gem de progressão.A equipa tem identidade. Gosta de ter bola e tem

criado oportunidades. As equipas que têm boladesgastam-se menos do que as que não têm. Es-tamos preparados para o que aí vem. O que de-terminámos aqui é que o próximo jogo é sempreo mais importante. E o mais importante é o próxi-

mo.O prazer da equipa jogar deixa-me satisfeito e

reforça que estamos no bom caminho. Nuncaperdemos o bom caminho, mesmo após [as der-rotas] com o FC Porto e o Santa Clara.

Temos os pés bem assentes no chão [relativa-mente ao futuro]. Se há um ponto que me satis-faz na equipa é a sua humildade. Isso expressa-se na forma como abordou o jogo, mesmo com o3-0. Eu estava a gritar que era importante nãosofrer golos. Conseguimos manter a equipa a‘zero'. Não há deslumbramento nesta equipa.

Relativamente aos adeptos [que puderam ocu-par 7,5% da lotação], vivemos num período degrande dificuldade. Dentro das regras, sempreque possível, é importante as pessoas lib-ertarem-se um pouco e terem acesso a este tipode espetáculos. Uma das principais funções dodesporto é servir de catarse às pessoas. É umescape. Temos de viver dentro das regras, masas pessoas precisam de acesso a estas coisas,porque senão vai haver mais pessoas com pro-blemas psiquiátricos e até suicídios.

Estavam 2.200 pessoas ao ar livre num estádiocom 30.000 pessoas. Não sou especialista emepidemiologia. Sou apenas uma opinião como ci-dadão de uma sociedade que precisa de conti-nuar a viver".

Castro (jogador do Sporting de Braga): "Foiuma grande noite para nós. Esta exibição já vemde trás. [Estou] feliz por termos o apoio do públi-co. É uma diferença enorme para nós. Semadeptos, o futebol não é a mesma coisa. Foi bomtermos contado com eles. Foram extraordinários.

Estivemos focados neste jogo. Agora é relaxare descansar. Depois, o ‘mister' vai-nos prepararpara o próximo jogo.

Massimo Carrera (treinador do AEK Atenas):"Tivemos um jogo muito difícil contra o Braga. Foiuma partida em que sofremos muito. Tivemos asnossas ocasiões, mas o Braga fez três golosnotáveis e tirou proveito disso".

Ricardo Horta igualou o brasileiro Alan comomelhor marcador do Sporting de Braga nas ta-ças europeia de futebol, ao apontar o terceirogolo no triunfo caseiro por 3-0 face ao AEKAtenas.Em encontro da primeira jornada do Grupo G

da Liga Europa, o avançado ‘arsenalista’ fe-chou a contagem, aos 88 minutos, depois de,aos 78, ter sido alcançado na tabela por Pau-linho, que conseguiu o seu 10.º tento europeupelos minhotos.Ricardo Horta somou um golo em 2016/17,

um em 2017/18, dois em 2018/19, seis em2019/20 e tem agora um em 2020/21, todosalcançados na segunda competição da UEFA,sendo que o de hoje permitiu-lhe igualar Alan.Entre 2008/09 e 2015/16, o brasileiro marcou

seis golos na Liga dos Campeões, um naTaça UEFA e quatro na Liga Europa, o último

num triunfo em Marselha, por 3-2, a 22 deOutubro de 2015.

No terceiro lugar do ‘ranking’ segue agoraPaulinho, com 10 golos – já tinha marcadotrês em 2017/18 e seis em 2019/20 -, contranove do brasileiro Lima, que saiu do pódio.Com oito, seguem o austríaco Roland Linz e otambém ‘canarinho’ Matheus.

- ‘Ranking’ dos melhores marcadores do Sporting de Braga na Europa:

1. Alan, Bra 11 golos (2008/16)2. Ricardo Horta 11 (2016/21)3. Paulinho 10 (2018/21)4. Lima, Bra 9 (2010/12)5. Roland Linz, Aut 8 (2007/09)

Matheus, Bra 8 (2008/11)

Sporting de Braga deu vitória folgada aos 2.196 adeptos diante do AEK

3-0

Ricardo Horta iguala recorde de 11golos europeus de Alan pelo Braga

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26 DE OUTUBRO DE 2020 . O SÉCULO DESPORTIVO 7

1-0

I LIGA PORTUGUESA

Jogo disputado no Estádio do Dragão, no Porto.Ao intervalo: 1-0.Marcador:1-0, Evanilson, 41 minutos.

Equipas:

- FC Porto: Marchesín, Mbemba, Pepe, Zaidu,Corona (Marega, 90+2), Manafá, Uribe, Nakajima(Sarr, 78), Fábio Vieira (Sérgio Oliveira, 83), ToniMartinez (Romário Baró, 46) e Evanilson (Taremi,78).

Suplentes: Diogo Costa, Marega, Taremi, Gru-jic, Romário Baró, João Mário, Sérgio Oliveira,Felipe Anderson e Sarr.Treinador: Sérgio Conceição.

- Gil Vicente: Denis, Joel (Kanya, 85), Rodrigo,João Afonso, Talocha, Samuel Lino, Lourency(Baraye, 62), Gonçalves (Renan, 69), Ruben Fer-nandes, Leautey (Lucas Mineiro, 69) e Nogueira.

Suplentes: Daniel Fuzato, Souley, Renan,Kanya, Vítor Carvalho, Baraye, Lucas Mineiro,Leandrinho e Ahmed.Treinador: Rui Almeida.

Árbitro: Hélder Malheiro (AF Lisboa).Acção disciplinar: cartão amarelo para Zaidu (27e 74), Uribe (30), Nogueira (58), Nakajima (74),Pepe (74), João Afonso (85).Cartão vermelho por acumulação de amarelospara Zaidu (74).Assistência: jogo disputado à porta fechada de-vido à pandemia de covid-19.

O FC Porto interrompeu sábado uma série detrês jogos consecutivos sem vencer, batendo oGil Vicente, por 1-0, em partida da quinta jornadada I Liga portuguesa de futebol, decidida com umgolo solitário de Evanilson.

O avançado brasileiro, que se estreou como tit-ular e a marcar pela equipa, colocou os ‘dragões'na frente do marcador, aos 41 minutos, desequi-librando um jogo em que os ‘azuis e brancos’acabaram reduzidos a 10 unidades, com a expul-são de Zaidu, aos 74 minutos.

Com este triunfo, o FC Porto mantém o segun-do lugar, com 10 pontos.

Já o Gil Vicente, que também tem menos umjogo, e sofreu a primeira derrota no campeonato,segue no 12.º posto , com cinco pontos.Os ‘dragões' apresentaram-se para este desafio

com quatro alterações no ‘onze' em relação aoúltimo desafio, da Liga dos Campeões, na derro-ta frente ao Manchester City, com Manafá, Naka-jima, Toni Martínez e Evanilson a renderem Sarr,Sérgio Oliveira, Marega e Luis Díaz.

Apesar da pequena 'revolução' na equipa, os‘azuis e brancos' cedo impuseram um ascenden-te, instalando-se no meio-campo contrário, em-bora num domínio praticamente inconsequentedurante a meia hora inicial, na qual as dificul-dades no último passe não propiciaram um únicoremate à baliza barcelense.

Do outro lado, o Gil Vicente fazia da coesão de-fensiva o seu maior trunfo, mas sempre que po-dia tentava explorar o contra-ataque, acabandomesmo por criar a primeira grande oportunidadedo desafio, numa arrancada de Samuel Lino, quepecou na altura da finalização, sendo anuladopela defesa ‘portista’.

O lance acabou por servir de alerta para o FCPorto, que aos 30 minutos desenhou o seu pri-meiro lance digno de registo, num excelente tra-balho de Corona no flanco, deixando três adver-sários pelo caminho, e cruzando para Toni Mar-tínez, que cabeceou para defesa atenta do guar-

da-redes gilista.Mais galvanizados, os ‘azuis e brancos' man-

tiveram o embalo, e, dois minutos depois, foi Eva-nilson, também em estreia como titular, a levarnovo perigo à baliza barcelense, desviando decabeça um pontapé de canto, que acabou por serdevolvido pela trave.

Os minhotos, apesar destes dois calafrios, nãomudaram a estratégia, continuaram e espreitaros contra-golpes, e aos 34 Samuel Lino voltou aser protagonista, com um remate de longe, quesaiu um pouco por cima da baliza de Marchesín.

No entanto, este novo atrevimento dos ‘galos'não fez o FC Porto abdicar da pressão alta, aca-bando por corporizar o ascendente em golo, jáaos 41, num desvio certeiro de Evanilson, apósassistência de Nakajima, que fixou o 1-0 ao inter-valo.

No regresso do descanso, o técnico dos dra-

gões deixou o pouco produtivo Toni Martínez nosbalneários, lançando Romário Baró no jogo edesfazendo um pouco usual esquema com trêsdefesas utilizado na etapa inicial.

A aposta no jovem médio deu frutos aos 57 mi-nutos, quando Baró tentou o remate à entrada daárea, com a bola a desviar no braço de Ygor No-gueira, num lance para grande penalidade, apósrecurso às imagens do videoárbitro.

No entanto, na marcação do castigo, já aos 59,Uribe desperdiçou a benesse, rematando denun-ciado para defesa do guardião gilista Denis.

O desaproveitamento do médio colombiano nãoafetou a equipa da casa, que 10 minutos depoisteve, num só lance, três soberanas oportunida-des para ampliar vantagem, com Evanilson e re-matar à barra, e Nakajima e Fábio Vieira, emdupla recarga, a não conseguiram superar adefesa adversária.

Aos 74, contrariedade para o FC Porto, comexpulsão de Zaidu, por acumulação de amarelos,levando a um novo acreditar do Gil Vicente, quenos momentos seguintes subiu no terreno, e, porintermédio do recém-entrado Lucas Mineiro, ain-da ameaçou o empate.

Apesar do susto, e de mais uma ou outra insis-tência dos minhotos, embora já sem grande coe-rência, os ‘dragões' foram mantendo a vantagemcontrolada, e segurando o triunfo e já pensandono próximo compromisso, na terça-feira, frenteao Olympiacos, para a Liga dos Campeões.

DECLARAÇÕES

Sérgio Conceição (treinador do FC Porto)"Chegámos de Manchester na quinta-feira, às6:00 da manhã, sexta recuperámos, e hoje já foio jogo. Tinha de encontrar gente fresca para en-frentar um adversário que sabíamos que vinhadefender num bloco mais baixo, e que nos com-petia desmontar essa organização defensiva.

Jogámos com três defesas e sete jogadores nafrente. Mais ousado era impossível, mas não nosadaptamos a nenhum adversário. Sabíamos quetoda a despesa do jogo era nossa, não do GilVicente.

A forma com entrámos no jogo não foi a melhor,e até aos 25 minutos não criámos perigo, mas,depois, além do golo, tivemos mais duas situa-ções em que podíamos ter aumentado a van-tagem.

O Gil Vicente também criou algum perigo, masna segunda parte retificamos e tivemos cincoocasiões claras, incluindo o penálti, para marcar.Não conseguimos fazer, e depois da expulsão é

normal que o adversário ganhe alguns metros, etente meter bolas de forma mais direta. Mas nãome lembra uma situação de perigo.

(sobre o esquema com três defesas) Todos ostreinadores têm esquemas alternativos, depen-dendo se queremos ser mais ou menos ofen-sivos. Temos trabalhado o que viram hoje.

(sobre Evanilson) É um jovem, tal como ToniMartínez, que chegam com ambição e vontadede apreender. Tem de se dar algum tempo,mesmo não o tendo, porque temos jogos de trêsem três dias. Vamos dando minutos e fazendocom que tenham uma evolução natural".

Rui Almeida (treinador Gil Vicente): "Mesmocom quatro jogos oficiais disputados, ficou claroque chegámos a casa do campeão nacional enão mudámos o nosso processo, a nossa formade jogar, e conseguimos, em certos momentos,impor-nos e estar por cima do jogo.

Na primeira parte, houve oportunidades paraambas as equipas, mas a ineficácia custou-noscaro. Entrámos bem no jogo, e mesmo nos mo-mentos em que o FC Porto nos obrigou a baixar,estivemos coesos. Tivemos boas ocasiões, mastemos de ter mais eficácia para matar o jogo nomomento certo.

Não estou contente, porque perdi o jogo, massendo apenas a quarta partida que fazemos,penso que demos respostas para vários proble-mas que o adversário nos criou, o que me deixaorgulhoso.No golo sofrido, foi uma questão de maturidade.

Devíamos ter parado a jogada do Corona. Massei que os jogadores vão perceber que são ospequenos detalhes que muitas vezes fazem adiferença".

Golo solitário de Evanilson recoloca FC Porto na rota das vitórias

Leia e divulgue O Século de Joanesburgo

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8 O SÉCULO DESPORTIVO . 26 DE OUTUBRO DE 2020

I LIGA PORTUGUESA

QUADRO DE RESULTADOS

1-0

1-1

0-1

2-1

2-2

0-1

CLASSIFICAÇÃO GERAL DA I LIGA

6.ª JORNADA

MELHORES MARCADORES

- Sexta-feira, 30 Out:Paços de Ferreira - FC Porto, 22:30

- Sábado, 31 Out:Belenenses SAD – Farense, 17:30

Rio Ave – Moreirense, 20:00Marítimo – Nacional, 22:30

- Domingo, 1 Nov:Portimonense - Santa Clara, 17:00

Gil Vicente - Vitória de Guimarães, 19:30Sporting – Tondela, 22:00- Segunda-feira, 2 Nov:

Sporting de Braga – Famalicão, 20:45Boavista – Benfica, 23:00

5.ª- Segunda-feira, 26 Out:Benfica - Belenenses SAD, 21:15

- 5 Golos:RODRIGO PINHO (Marítimo), THIAGO SAN-TANA (Santa Clara)

- 4 Golos:

Luca WALDSCHMIDT (Benfica), RÚBEN LA-MEIRAS (Famalicão)

- 3 Golos:

Haris SEFEROVIC (Benfica), Brayan RIAS-COS (Nacional)

- 2 Golos:Gustavo “SAUER” Saubeck (Boavista),ALEX TELLES (FC Porto), Jesús CORONA(FC Porto), Moussa MAREGA (FC Porto),SÉRGIO OLIVEIRA (FC Porto), SAMUEL LINO(Gil Vicente), FÁBIO ABREU (Moreirense),PEDRO NUNO Ferreira (Moreirense), Wel-der-son GALENO (Sporting de Braga),NUNO SAN-TOS (Sporting), PEDRO GONÇALVES (Spor-ting)

Jogo no estádio de São Miguel, Ponta Delgada,AçoresAo intervalo: 1-1Marcadores:0-1, Pedro Gonçalves, 20 minutos1-1, Thiago Santana, 421-2, Pedro Gonçalves, 81

Equipas:

- Santa Clara: Marco, Fábio Cardoso, JoãoAfonso, Tassano (Shahriya, 86), Sagna (Ramos,74), Mansur, Anderson Carvalho (Nené, 69), Lin-coln, Carlos Júnior (Jean Patric, 86), Costinha(Osama Rashid, 69) e Thiago Santana

Suplentes: André Ferreira, Ramos, OsamaRashid, Lucas, Ukra, Romão, Nené, Jean Patrice Shahriya)Treinador: Daniel Ramos

- Sporting: Adán, Zouhair Feddal, SebastiánCoates, Nuno Mendes, João Palhinha, MatheusNunes (João Mário), Nuno Santos (GonçaloInácio, 86), Neto (Tiago Tomás, 57), Pedro Porro,Pedro Gonçalves e Jovane (Soprar, 57)

Suplentes: Maximiano, Soprar, João Mário,Tiago Tomás, Gonzalo Plata, Cristián Borja, Gon-çalo Inácio, Daniel Bragança e Joelson)Treinador: Rúben Amorim

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)Acção disciplinar: cartão amarelo para Tassano(17), Sagna (45), Anderson Carvalho (62)Assistência: 932 espectadores

O Sporting venceu sábado o Santa Clara, nosAçores, por 2-1, com um ‘bis’ de Pedro Gon-çalves, num jogo da quinta jornada da I Liga defutebol nem sempre bem jogado, mas em que os‘leões’ foram superiores.

O triunfo da equipa de Rúben Amorim foi con-

seguido graças a dois golos de Pedro Gonçalves,homem do jogo, que marcou aos 20 e aos 81,num jogo desinspirado de parte a parte.

Com a vitória, o Sporting, que antes do jogoestava em igualdade pontual com o Santa Clara(sete pontos), descola provisoriamente para osegundo lugar da classificação com 10 pontos.

O Sporting começou melhor o encontro e, logoaos dois minutos, Nuno Santos deixou o aviso:um remate fortíssimo que passou por cima dabaliza de Marco.Com o passar do tempo, o Santa Clara procurou

reorganizar-se e subir no terreno, mas apenasaté ao golo ‘leonino’. Aos 20 minutos, bola longade Jovane e Pedro Gonçalves aproveitou a fra-gilidade da defesa açoriana para inaugurar omarcador, rematando, quase sem ângulo, entre oposte e o guarda-redes.Com o golo marcado, o Sporting ficou melhor no

encontro e, com mais posse de bola, a equipa deRúben Amorim foi controlando todas as instân-cias do encontro.

Mas nem sempre o domínio no campo é equi-valente a vantagem no marcador e, a três minu-tos do final da primeira parte, Coates falhou olance, Lincoln aproveitou para isolar Santana e oavançado brasileiro, com calma, driblou Adán ecolocou a bola no fundo das redes, para o 1-1 aointervalo.

Na segunda parte, a intensidade do jogo dimi-nuiu e as oportunidades de golo foram escassas.O Sporting assumiu o controlo da posse de bolae instalou-se no meio campo do Santa Clara,mas, sem criatividade e sem acertar no últimopasse, os leões foram inofensivos.

Aos 73 minutos, o Sporting esteve muito pertode passar para a frente do marcador, quando,depois de um ressalto na área açoriana, Porrocruzou e Sporar cabeceou com a bola a rasar abaliza de Marco, na melhor oportunidade dos‘leões’ no segundo tempo.

Com o jogo a caminhar para o fim, o Sportinginstalou-se no meio campo adversário e come-çou a criar vários lances de perigo. Num desseslances, aos 81, após uma saída infeliz de Marco,Pedro Gonçalves aproveitou a ‘fífia’ do guarda-redes do Santa Clara e colocou o Sporting nafrente do marcador.

DECLARAÇÕES

Rúben Amorim (treinador do Sporting):“Realçar a presença do público, que esteve muito

bem sentado, respeitou muito bem as regras edeu um grande exemplo, quando temos fotogra-fias de outros desportos a não haver respeitopelo distanciamento.

Em relação ao jogo, penso que foi jogo de sen-tido único. Estivemos muito bem na primeiraparte, com uma boa dinâmica, com muitas opor-tunidades para fazer golo e depois, mais uma vezno fim de uma parte, como foi contra o FC Porto,quando o jogo está completamente controlado,sofremos o golo.Penso que os jogadores que entraram, entraram

bem. Deram muito força à equipa e penso que osjogadores estão todos de parabénsO segredo foi tudo. Fomos muito fortes nas tran-

sições. O facto de o Santa Clara querer sair enão conseguir sair. Depois, o Mateus fez umagrande primeira parte, o Palhinha era um jogadorque nos faltava, notava-se, e depois o João [Má-rio] com a sua qualidade.

O segredo esteve mais uma vez na união dogrupo na forma como eles encararam cada lance,da maneira que eles se respeitam um ao outro erespeitam o clube que representam.

Faz parte do momento em que vivemos. Pensoque o Vietto não é oficial, mas, se se concretizar,foi uma proposta incrível para o jogador e quan-do assim é temos todos de conversar e chegar aum termo”.

Daniel Ramos (treinador do Santa Clara): “Serepararem quantas iniciativas de pressão alta oSanta Clara teve na primeira parte, foram muitas.

Muitas tentativas de pressionar alto. É certo quenão nos demos muito bem, errámos muito pas-ses.

Se olharmos a segunda parte do Sporting, emtermos de oportunidades, muito pouco. Bola sim,mas poucas oportunidades de golo. Não tivemosdomínio, mas tivemos controlo. São coisas difer-entes. Demos o domínio ao Sporting, mas con-trolámos bem o jogo.

Os detalhes fazem a diferença no aproveitar.Acabamos por sofrer de forma ingrata um goloque nos colocou numa situação que nãoqueríamos. Tentámos ainda até ao final, mas,com pouco tempo e com mérito do Sporting, jánão conseguimos.

Os erros fazem parte do jogo e há que saberlidar com eles sem problema algum, estamosaqui para isso também. Por isso, mesmo desa-gradados como é obvio com o resultado, a equi-pa trabalhou, fez por tentar merecer outro resul-tado. Não sei se é resultado justo ou não, sei queface aquilo que estávamos a fazer na segundaparte, perspetivávamos outro resultadoOutro aspeto que nos faz repensar o nosso fute-

bol. Que tipo de abordagem devo dizer aos meusjogadores. No campeonato, devia haver uniformi-dade de critérios [na arbitragem] e percebemosque, mais ou menos um bocadinho, vamos teruma ideia de campeonato, onde percebemos quetipo de arbitragem vamos ter pela frente. Eu nãodevo estar sujeito ao dia”.

1-2

'Bis' de Pedro Gonçalves resolve jogopara o Sporting nos Açores

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Desportivo

No fim-de-semana de 23, 24 e 25 de Outubro, opiloto hexacampeão do Mundo de Formula 1,Lewis Hamilton superou o record de MichaelSchumacher que tinha igualado no GP de Eifelem Nurburgring na Alemanha há duas semanas.O piloto britânico fixou agora a marca em 92vitórias em GPs de Formula 1. O pódio foi com-pletado pelo companheiro de equipa ValtteriBottas e pelo holandês Max Versatappen daAston Martin Red Bull Racing.

No sábado houve drama que chegasse com otetra campeão do Mundo de Formula 1 Sebas-tian Vettel, na terceira sessão de treinos livres daparte da manhã, a passar por cima de uma grel-ha de escoamento de água e a força de sucçãodo monolugar do alemão levantou a dita grelha.Os comissários de pista do Circuito Internacio-nal do Algarve rapidamente resolveram o proble-ma e vistoriaram o restante traçado algarvio.

Isto atrasou a qualificação em meia-hora masquando a acção começou sem paragens foiLewis Hamilton que conquistou a pole position efoi do primeiro lugar da grelha que partiu o bri-tânico. Mas, a corrida de Hamilton não começouda melhor maneira com uma primeira volta reple-ta de tensão e ultrupassagens.

De notar uma primeira volta de mestre do cam-peão do Mundo de 2007, o finlandês Kimi Raik-

konen, que partiu da 16ª posição e numa só voltasubiu a sexto. O espanhol Carlos Sainz emMcLaren-Renault dominou durante as primeirasseis voltas do GP de Portugal, mas após ospneus de Bottas terem atingido a temperatura deoperação ideal, o finlandês da Mercedes rapida-mente recuperou terreno e ultrupassou o espan-hol da McLaren. O mesmo se passou com o mo-nolugar de Hamilton que com os pneus na tem-peratura ideal, conseguiu ultrupassar Sainz edepois o companheiro de equipa, Bottas.

O GP de Portugal foi replete de drama e logo naprimeira volta o piloto sensação do “circo” da F1,Max Versatappen da Red Bull Racing colidiu como mexicano Sergio Perez da Racing Point, o queobrigou o mexicano a uma primeira paragemlogo na segundo volta, que condicionou a provade Perez. Mas, o piloto mexicano da RacingPoint mostrou todo o seu valor e conseguiuascender ao sétimo posto da classificação finalda prova.

O monegasco Charles Leclerc atingiu o mesmoposto que conseguiu na qualificação da corrida,o quarto lugar. O Ferrari, muito condicionado emtermos de performance de motor esta época,andou nos lugares cimeiros durante as primeiras20 voltas, mas após a primeira ronda de para-gens nas boxes para troca de pneus, Leclerccaiu para a segunda metade da tabela.

Foi através de muita luta que o monegasco daScuderia Ferrari conseguiu recuperar o quartoposto. Já o companheiro de equipa, o alemãoSebastian Vettel, não foi além do décimo posto.

De notar um momento dramático da corrida, foiquando o canadiano da Racing Point, LanceStroll, colidiu com o britânico Lando Norris daMcLaren. Numa tentativa de ultrupassagem aoinglês da McLaren, Norris tentou por fora passarna primeira curva, mas não conseguiu controlar o

carro e colidiu com Norris danificando ambos osmonolugares. Isto valeu a Stroll uma penalidadede cinco segundos.

COMO TUDO ACONTECEU

Os 20 pilotos alinharam na grelha de partida noCircuito Internacional do Algarve em Portimãopara a segunda prova de estreia no Mundial2020 de F1. Nuvens cinzentas ameaçaram chu-va e durante as 66 voltas ao traçado português

algumas gotas cairam mesmo, mas sem influen-ciar a corrida.

Com algumas gotas de chuva a cairem no ar-ranque, os Mercedes de Bottas e Hamilton comos pneus médios, tiveram dificuldades na partidae do lado sujo da pista com Vertappen logo aconseguir um melhor arranque e a colocar-seatrás de Hamilton. Atrás dos quatro primeiros,largadas fortíssimas de Kimi Raikkonen, SergioPerez e Carlos Sainz.

Bottas conseguiu conter “abrir” os cotovelos eforçou Verstappen para for a da pista na curva 3e recuperou o segundo posto. O holandês voltouà pista mas ao fazê-lo colidiu com Sergio Pereze fez com que o mexicano fizesse um peão. Ha-milton não conseguia aquecer os pneus devida-mente e perdeu a liderança para o companheirode equipa. Sainz ultrupassou Hamilton e seguiupara ultrupassar Bottas.

Lando Norris também sentiu dificuldades paraobter andamento no seu McLaren e na volta 18,à medida que o britânico estava a entrar no ritmoda prova, o canadiano Stroll colidou com Norris,que mais tarde obrigou Stroll a parar o carro den-tro da garagem com danos no seu Racing Point.Com a corrida a chegar à metade, 35 voltas de66, Hamilton tinha uma vantagem de oito segun-dos sobre o companheiro Bottas e 40 segundosà frente do terceiro classificado Verstappen.

Leclerc tinha parado para mudra de pneus eestava no quarto posto diante de Perez que tinhalutado com o ex-companheiro de equipa, ofrancês Esteban Ocon da Renault para conseguir

o quinto posto. Hamilton foi chamado às boxes para trocar de

pneus na volta 40, com os pneus duros e odomínio da Mercedes foi tal, que apesar da longalinha de boxes, Hamilton conseguiu parar e sairem segundo lugar 20 segundos à frente de Vers-tappen. Quando Bottas parou na volta seguinte,Hamilton retomou a liderança para não mais a

largar.Sergio Perez, em quinto, acabou por perder nas

últimas duas voltas, dois lugares para PierreGasly e Carlos Sainz e quedou-se com o sétimolugar.

GP de Portugal de Fórmula 1

Hamilton supera recorde de Schumachercom 92 vitórias

ALBON E VERSTAPPEN SABOREANDO PASTÉIS DE NATA

CAPACETE ALUSIVO AO GP DE PORTUGALDO BRITÂNICO LANDO NORRIS

LEWIS HAMILTON NO MOMENTO EM QUE CRUZAVA A LINHA DE META

MOMENTO DE CHOQUE EM QUE LANCE STROLLEMBATEU EM NORRIS

VISTA AÉREA DO CIRCUITO INTERNACIONAL DO ALGARVE NO DOMINGO