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Depois de 35 anos de sólida experiência, oferecemos: Soluções legais e avançadas na sua vida comercial; Controle e racionalização da massa trabalhadora; Reacção rápida e eficiente em circunstâncias traumáticas - disputas matrimoniais, falecimento de ente queridos, acidentes de percurso, e ataques cerrados de Autoridades Reguladoras Cambridge Office Park, Cnr. Kirby and Oxford St. Bedfordview * Tel: +27 11 622 0960 * 072 881 3970 * 010 023 0824 Cell: +27 (0) 72 153 6760 * E-mail: [email protected] Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com * Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 10 DE AGOSTO DE 2020 Suplemento Desportivo FC Porto e Benfica disputam a Supertaça a 23 de Dezembro Explosões em Beirute registaram 158 mortos, 6.000 feridos e 300.000 desalojados Nenhum português entre vítimas mortais Carga tinha como destino Moçambique e foi substituída por outra encomenda página 7

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Depois de 35 anos de sólida experiência, oferecemos:Soluções legais e avançadas na sua vida comercial;Controle e racionalização da massa trabalhadora;

Reacção rápida e eficiente em circunstâncias traumáticas - disputas matrimoniais, falecimento de ente queridos, acidentes

de percurso, e ataques cerrados de Autoridades ReguladorasCambridge Office Park, Cnr. Kirby and Oxford St.

Bedfordview * Tel: +27 11 622 0960 * 072 881 3970 * 010 023 0824Cell: +27 (0) 72 153 6760 * E-mail: [email protected]

Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com * Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 10 DE AGOSTO DE 2020

Suplemento Desportivo

FC Porto e Benfica disputam a Supertaça a 23 de Dezembro

Explosões em Beirute registaram 158 mortos, 6.000 feridos e 300.000 desalojados

Nenhum português entre vítimas mortais

Carga tinha como destinoMoçambique e foi substituída por outraencomenda

página 7

Page 2: Contactos: 011 496 1650/7 * seculo@oseculo.co.za * www ... · Book of Records”. O jarrão decorado com motivos egípcios, tinha 5,36 metros de altura, pesava cerca de 700 qui-

2 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 10 DE AGOSTO DE 2020

É assim: somos perto de cinco milhões –quase seis – de emigrantes e lusodescen-dentes. E com 11 milhões de população emPortugal dá, em contas arredondadas, cercade 16 milhões de lusos. E, se olharmos fria-mente para os números, não são grande es-pingarda. Há países na Europa muito maispequenos e que têm mais população. A Holanda, por exemplo, tem 17 milhões de

habitantes. Mas, onde os holandeses (já ago-ra continuo com o exemplo) não se com-param connosco, é que o português está nosquatro cantos do Mundo. E isso, para Portu-gal representa um potencial económico tre-mendo. Em várias frentes.

Para já a produção nacional pode beneficiartremendamente porque o português ondeestá, está perfeitamente inserido nessassociedades. Tem vários amigos e conhecidosde outras nacionalidades e do país ondeestá.

Assim, ao falar por exemplo, na Água dasPedras, os outros que pensam que água comgás é coisa dispensável, não sabem que épor exemplo uma água mineral natural gaso-carbónica. Ou seja, brota da terra assim, jácom gás. E que é medicinal e que já nos tem-pos do Império Romano, era procurada pelassuas propriedades.

Que a assinatura da Declaração de Inde-pendência dos E.U.A foi celebrada com vinhoMadeira. Que o vinho do Porto é não só umnéctar divino, mas sim uma obra prima. Osqueijos e enchidos e o fumeiro português sãoincomparáveis. Que Portugal tem o melhorazeite do Mundo e produtos como sabãoazul-e-branco. Que óleo de cedro para osmóveis ou descalcificador para as máquinassão produtos especiais. Depois, a outra frente é o turismo. A porta de

entrada na Europa, pelo Atlântico, é mágica.Temos dois arquipélagos, um subtropical(Madeira) e outro tropical (Açores). Depois,em pouco mais de 91 mil quilómetros quadra-dos há montanhas com neve no Inverno epraias fluviais inacreditáveis no Verão. Háuma linha costeira com 900 quilómetros queoferecem praias desertas e pontilhada comvilas piscatórias que são retiros para retem-perar a mente e a alma ao mesmo tempo queo corpo recupera. Portugal oferece planíciese planaltos, montes e vales, parques naturaise um acesso ininterrupto à Natureza.

Portugal tem um pouco de tudo para todose todos os gostos, incluindo a bela arte denão fazer absolutamente nada. Com um povohospitaleiro, Portugal é agora procuradopelas celebridades e publicitado nas redessociais precisamente por estas e centenas deoutras razões que elenquei.

O problema é que os sucessivos governosnão olham para a Diáspora como montra dopaís, mas sim apenas como recurso para aentrada de divisas. Com 877 anos “oficiais”,mas com uma História que remonta a mais demil anos, Portugal tem soluções tecnológicas,industriais e de recursos humanos pararesolver muitos problemas no Mundo.

É preciso é que os governos deixem de nosver como uma inconveniência e vejam simcomo recurso precioso!

O potencial daDiáspora pode

alavancaro Futuro!

O Meu Aparo!

por Michael Gillbee

A arte de bem moldar o barro em peça cujas di-mensões constituem recorde mundial, levou nadécada 90, uma empresa cerâmica portuguesada África do Sul – a Faiarte Cerâmics – a candi-datar-se à inscrição do seu nome no “GuinnessBook of Records”.

O jarrão decorado com motivos egípcios, tinha5,36 metros de altura, pesava cerca de 700 qui-los, levou dez dias a moldar, cinco dias a gravar,quatro dias a pintar, 37 horas a cozer em fornoespecial, e três dias a arrefecer.

A ideia da construção desta valiosa peça nas-ceu, segundo na altura revelou António Faustino,da visita feita por um seu amigo à China, e lheenviou uma fotografia do museu que ali visitara,segundo a legenda, ao lado da maior peça de ce-râmica do mundo, com a altura de 2,55 metros,deixando então António Faustino, que para a artede moldar o barro nascera em Alcobaça, vila ba-nhada pelos rios Alcoa e Baça, daí derivar o no-me da localidade, como é sabido uma terra fértile de grandes tradições em cerâmica, a pensar asério em bater esse recorde.

Com esse objectivo, foram iniciados de imedia-to contactos com os editores do “Guinness Bookof Records” que sem perca de tempo informa-ram, haver uma peça nos Estados Unidos, com aaltura máxima de 2,79 metros, levando entãoeste industrial português a afirmar que isso paraa sua cerâmica eram “peanuts”.

Entretanto e devido ao grande fabrico diário depeças para abastecer o mercado local, só passa-do um ano voltou a Faiarte a contactar o “Gui-ness”, recebendo como resposta ter o recordesubido para uma outra peça de 3, 40 metros naDinamarca, formada por duas secções – um potecom tampa -, desconhecendo-se a medida decada uma delas.

Foi então que se começou a desenhar esta pe-ça com 5,36 metros, tomando em conta o equi-líbrio do barro, de forma a que durante a cozedu-ra não sofresse deformações, optando-se assimpor um modelo de tipo oval, de garganta alonga-da, com o propósito de conferir resistência aessa peça, projecto esse da autoria de AntónioFaustino, com a colaboração do oleiro brasileiro

João Morais, a trabalhar na Faiarte, que viria atrabalhar o barro, pensando-se também na largu-ra máxima da peça, uma vez que ao excederem-se determinados limites, o barro se torna difícilde trabalhar, para mais para uma peça com di-mensões faraónicas, em que só os faraós é quetinham projectos destes, com motivos egípciosque todo o mundo conhece e aprecia esses esti-los, justificava António Faustino.

Antes de gravados no jarrão os motivos neleaplicados, foram desenhados em papel por Antó-nio Faustino e pelo ceramista brasileiro PedroNoriata, este que depois procedeu às respecti-vas incisões no barro, ficando a coloração dapeça a cargo de Lucília Faustino, mulher do in-dustrial e pintora de reconhecido mérito nestaactividade, em que decidido pela equipa de tra-balho as cores a aplicar, o fundo da peça em tomparecido com a do papiro, e as restantes não fu-gir às pinturas egípcias, daí o jarrão apresentartons de castanho, amarelos, pretos e azuis, comum fundo envelhecido.

Segundo António Faustino, - que para a apre-sentação desse jarrão convidara o então Mayorde Rustenburg, o presidente da Associação deCerâmicas na África do Sul, e a recente eleita naocasião Miss South África, Suzette van derMerwe - os gastos aplicados no fabrico desta pe-ça de cerâmica, nessa altura mais alta do mun-do, foram estimados em mais de trinta mil ran-des, sendo sua intenção motivar uma empresade leilões a proceder à venda dessa gigantescapeça, e a receita reverter a favor de instituiçõesde beneficência, desconhecendo-se se tudo issoviria a acontecer, por entretanto António Fausti-no, com quem perdemos o contacto, ter decididopouco depois deste feito regressar definitiva-mente à sua terra natal, ao que parece para alise dedicar a esta mesma actividade.

Com mais esta fabulosa produção artística de

grande valor, ficou demonstrada a capacidade deimaginação e produção portuguesa em olaria,uma indústria dedicada ao fabrico de louça parauso doméstico, mesa e cozinha, assim como nosmais diversos artigos decorativos provado, nãoficarmos nada atrás dos mais credenciados pro-dutores mundiais neste sector, a par do nome daÁfrica do Sul, país onde foi fabricado este enor-me jarrão, ficar como prestigiante também regis-tado no “Guinness Book of Records”, uma em-presa que tem por missão classificar qualquerrecorde mundial.

A este feito fica ligado o nome do industrial An-tónio Faustino, que natural de Alcobaça, paraonde consta ter voltado depois dos anos em queresidiu na África do Sul, originada pela descoloni-zação, em que se viu como tantos outros a aban-donar Angola.

Como António Faustino, muitos outros optarampelo mesmo motivo, dado serem abandonados àsua sorte, a deixar Angola, tal como muitos outros seus compatriotas, pelas mesmas cir-cunstâncias a sair por essa altura de Moçambi-que, a maior parte com maior ou menor dificul-dade, consoante as suas aptidões aqui singran-do, alguns até a quem a vida mais lhe sorriu aalegar ter esse mal acabar por vir por bem. Com a debandada em massa das pessoas des-

sas ex-províncias ultramarinas, acabou por tran-quilizar o espírito de quem aqui se radicou peloclima de paz que aqui encontrou, beneficiandocom isso a África do Sul pelo contributo dos queaqui se fixaram, no desenvolvimento do país, sóque com a chegada agora do “CODVI-19”, a des-truir assustadoramente por todo o mundo as eco-nomias de cada país, não se sabendo com pre-ocupação o que será o fim de tudo isto.

Vicente Dias

Cerâmica portuguesa de Rustenburg chegoua fabricar na época o jarrão mais alto do Mundo

O ENORME JARRÃO CONSTRUÍDO NO PASSADONA FAIARTE CERÂMICS DE RUSTENBURG

Grupos de defesa dos direitos humanos do Zim-babué estão a acusar os militares e a polícia dopaís de prenderem dezenas de membros daoposição e da sociedade civil.

Segundo a organização Advogados do Zimba-bué para os Direitos Humanos, que está a acom-panhar judicialmente as detenções, mais de 60pessoas foram detidas até agora.A escritora Tsitsi Dangaremba foi presa durante

um protesto pacífico, passando a noite numa es-quadra antes de ser libertada sob fiança.O principal partido da oposição zimbabueano, o

Movimento para a Mudança Democrática (MDC,na sigla em inglês), diz que dezenas dos seusfuncionários foram detidos ou esconderam-se.

Citado pela Associated Press, o porta-voz daoposição, Tendai Biti, referiu que quando osagentes estatais não encontram a pessoa queprocuram, vandalizam as suas casas e assediamos seus familiares.A oposição acusa a administração do Presiden-

te do país, Emmerson Mnangagwa, de reprimiros protestos recorrendo a medidas de conten-ção destinadas ao combate à covid-19.

Polícia e funcionários do Governo negaram re-petidamente as alegadas violações dos direitoshumanos no Zimbabué, considerando que os de-tidos ou eram procurados pela polícia, ou es-ta-vam a incitar a realização de uma revolta contrao executivo de Mnangagwa.

Um juiz adiou uma audiência sobre a fiança dojornalista de investigação Hopewell Chin’ono.

Detido no dia 20 de Julho, o jornalista viu o pri-meiro pedido de fiança negado no dia 24 domesmo mês.Hopewell Chin’ono considera que está a ser jul-

gado por expor a corrupção, incluindo contra-tosdestinados à compra de medicamentos e materi-al de protecção contra a covid-19, num escânda-lo que levou à detenção e demissão do ministroda Saúde zimbabueano.

“O jornalismo foi criminalizado. A luta contra a

corrupção deve continuar, as pessoas não de-vem parar”, disse Chin’ono no dia 24 de Julho,após ter sido presente a tribunal.

Mdudzuzi Mathuthu, um outro jornalista de in-vestigação que recentemente denunciou a alega-da corrupção ligada à aquisição de materiais des-tinados ao combate à covid-19, está escondido.

“Estou escondido como um rato no meu própriopaís por não fazer mais do que o meu trabalho”,afirmou Mathuthu, citado pela AP.

O director da Human Rights Watch (HRW) paraa África Austral, Dewa Mavhinga, apontou que asdetenções “são preocupantes”, dizendo quehouve casos de estudantes detidos por cami-nharem com a bandeira zimbabueana ou por es-creverem nas redes sociais sobre os problemaseconómicos e políticos do Zimbabué.

“A contínua repressão pelas forças de seguran-ça mostra que nada mudou desde os dias re-pressivos de Robert Mugabe”, vincou Mavhinga,referindo-se ao antigo Presidente do país, quegovernou o Zimbabué durante 37 anos.

Seu sucessor, Mnangagwa prometeu “um flo-rescimento da democracia” aquando da suatomada de posse, em 2017.

No início dos anos 2000, a expulsão de agricul-tores brancos resultou numa crise que levou àqueda da moeda, à hiperinflação e a uma taxa dedesemprego superior a 90%, condições de que oZimbabué nunca conseguiu recuperar plena-mente.

Oposição do Zimbabué diz que autoridades continuam detenções arbitrárias

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O Século de Joanesburgo

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10 DE AGOSTO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 3

ÁFRICA DO SUL

Um esforço do presidente Cyril Ramaphosa eseus apoiantes para que o ANC desencoraje di-rigentes do partido de permitir que seus familia-res façam negócios com o Estado caiu em ouvi-dos surdos na reunião do comité executivo na-cional (NEC).

Ramaphosa, durante a reunião virtual do NEC,lembrou aos dirigentes do partido no poder queo povo esperava mais do seu desempenho eque a liderança vem de um sacrifício.

Membros do NEC, disseram ao News24, queRamaphosa teve o cuidado de apresentar umasugestão para fortalecer a política e chamaratenção aos familiares que fazem negócios rela-cionados com concursos de trabalho com o Es-tado, já que esse argumento foi abafado por al-guns políticos que se opuseram.A reunião virtual não quis comprometer os líde-res provinciais a fazer uma lista dos implicadosem actos ilícitos nas suas províncias, deliberan-do sobre o que deve acontecer.

A propósito, os defensores do secretário-geraldo ANC, Ace Magashule, criticaram qualquerafirmação de que seus filhos teriam beneficiadode certos negócios do Estado.

O mesmo foi dito sobre a ex-ministra de As-suntos Ambientais, Nomvula Mokonyane, cujafilha teria recebido contratos da província deGauteng.

"Dissemos que Ace não é portador de um es-critório. Se ele também quer fazer negócios como Estado, ele pode fazê-lo. Não há nenhuma leique o proibe", disse um membro do NEC, fiel aMagashule.

Dois outros membros do comité executivo dopartido disseram que constava que o Estado erao maior fornecedor de bens e serviços, e era in-justo pedir aos familiares de políticos que nãonegociassem com ele.

Ramaphosa tentou invocar a liderança ética,mas enfrentou resistência.

"Afirmaram que Nomvula não estava no cargo,por isso, se a filha receber uma proposta, nãoconstitui crime. Não é o mesmo que acontececom a porta-voz do presidente (Khusela Diko).Ela está no cargo e há um conflito de interes-ses". Disse a fonte, que é um conhecido rival deRamaphosa, .

Isso em referência a Khusela Diko, porta-vozde Ramaphosa, depois de uma empresa do ma-rido ter conseguido um concurso escandalosojunto do departamento de Saúde de Gauteng.

O mesmo membro do NEC acrescentou que ofilho de Ramaphosa, Andile, é também acusadode ter beneficiado de negócios do Estado

Acrescentou que os esforços de Ramaphosapara mudar a política sobre quem recebe pro-postas do Estado, para evitar qualquer percep-ção de conflito, foram um "exercício nulo".

No seu boletim semanal, Ramaphosa disseque se os funcionários públicos e aqueles comcargos políticos levam a sério a restauração daconfiança pública, que foi severamente corroídapela corrupção, eles devem evitar até a percep-ção de um conflito de interesses.

"Se, como funcionários públicos e titulares decargos políticos, realmente nos preocupamoscom o público cujos interesses pretendemos re-presentar, devemos permitir que membros co-muns que tenham interesse em fazer negócioscom o governo, tenham uma conjuntura justa deconcorrer a essas ocasiões de negócios, em vezde transmitir informações privilegiadas sobreoportunidades aos famílias e amigos", disse Ra-maphosa.

O presidente sublinhou que regulamentos,como a divulgação financeira anual, que desen-coraja os funcionários públicos que fazem negó-cios com o Estado, não são suficientes.

"Enquanto todos na África do Sul têm o direitode se envolver em actividades comerciais, en-frentamos o problema real de famílias e amigosde cargos políticos ou funcionários públicos querecebem contratos do Estado.

"Nem toda a conduta desse tipo é necessaria-mente criminosa, mas contribui para uma per-cepção e uma cultura de nepotismo, favoritismoe abuso.

"E isso prejudica a confiança do público na in-tegridade das nossas instituições e processos",disse o chefe de Estado sul-africano.

Escândalos de corrupção à volta de covid-19agitam Governo e partido no poder

A festa dos 40 anos da ex-ministra NomvulaMokonyane foi realizada na Victorian Guest Hou-se em 2003, de acordo com seu proprietário,Frederik Hendrik Coetzee, utilizando o dinheirodo erário público.

O semanário City Press divulgou que Coetzeeterá apresentado uma declaração com base noinquérito de captura do estado, presidido pelo vi-ce-chefe de justiça Raymond Zondo, a 22 deJulho, a confirmar que o estabelecimento terá si-do palco do evento.A comissão pediu a Coetzee que fornecesse in-

formações depois de o ex-chefe da Bosasa, An-gelo Agrizzi, ter feito declarações surpreendentesde que Bosasa teria pago pela festa de 50 anosde Mokonyane - com o tema Break a Leg - nacasa de hóspedes de Coetzee em Krugersdorp.

Na verdade, foi seu aniversário de 40 anos quefoi comemorado lá - uma correcção confirmadapor Agrizzi ao City Press.

Enquanto testemunhava na comissão Zondo,Mokonyane negou as alegações de que umafesta de aniversário já havia sido organizadapara ela na Victorian Guest House.

No entanto, Coetzee não apenas confirmou asalegações, mas também afirmou que a festahavia custado perto de R50.000.

Supostamente acrescentou que a festa deveriainicialmente receber 80 convidados, mas essenúmero aumentou para 174, acrescentando queAgrizzi servia de ponto de contacto para o even-to.Após as revelações de que novas evidências fo-

ram contrárias ao testemunho dado por Moko-nyane, Coetzee recusou a comentar o assuntoao jornal City Press.

Numa carta à comissão, o advogado de Moko-nyane, Gugulethu Madlanga, também confrontouo City Press sobre os comentários feitos sobre oassunto. “É evidente que a alegada declaraçãodo proprietário da Victorian Guest House consti-tui esse documento que não pode ser publicadosem a permissão por escrito do presidente da co-missão.

Madlanga havia dito que a ex-ministra estavaprofundamente preocupada com a publicação deinformações na comunicação social, contrarian-do os regulamentos da comissão, e que não se-ria do interesse da mesma comentar ou respon-der às perguntas de City Press.

Madlanga notou que Mokonyane estava proibi-da, segundo o regulamento, de divulgar qualquerdocumento enviado à comissão por qualquerpessoa relacionada ao inquérito ou publicar o

conteúdo de qualquer alínea desse documento.“Como você deve saber, a 21 de Janeiro de

2019 ou aproximadamente, o presidente da co-missão abordou totalmente esse aspecto comum aviso severo à comunicação social sobre [tal]conduta, e é preocupante que não esteja a agirde forma consistente com a regra da comissão,desprezando a decisão do presidente.“Nossa cliente comprometeu-se a cooperar com

a comissão e a defender o estado de direito, oque o impõe a respeitar e cumprir as regras e re-gulamentos da comissão. A publicação pretendi-da constitui uma ofensa nos termos da lei e nãopretende fazer parte de tal acto de criminalidade.Reiteramos o que indicamos anteriormente quenossa cliente novamente não responderá àssuas perguntas e o fará apenas em qualquerevidência apresentada na comissão”, disse Ma-dlanga.

O semanário entende que Coetzee afirmou noseu depoimento que havia negociado com Agriz-zi quando a festa estava a ser reservada e paga.

Coetzee também disse que o aumento do nú-mero de convidados causou algum pânico, jáque atenderam apenas 120 pessoas das 174que acabaram por participar. Felizmente para osorganizadores, os discursos levaram cerca detrês horas, o que deu aos funcionários da pousa-da tempo para preparar mais comida.

Toda a cerveja, licor e refrigerantes do eventoforam supostamente patrocinados e fornecidospor uma loja de bebidas na Albertina SisuluRoad, em Joanesburgo.

Coetzee teria dito que especificamente se lem-brava disso, pois a festa era o único evento emque a pousada havia permitido que as bebidasfossem fornecidas pela cliente.A quantidade de bebida que foi fornecida supos-

tamente encheu uma garagem inteira na pousa-da, forçando Coetzee a remover um dos veículose estacioná-lo do lado de fora. Lembrou que olicor fornecido consistia em caixas de conhaqueKWV e Johnnie Walker red, black label, além deoutras bebidas alcoólicas caríssimas.

Também teria dito que a sua casa de hóspedeshavia fornecido bebidas à chegada dos convida-dos, além de vinho tinto, branco e espumantepara as entradas.

O City Press escreveu que Agrizzi deverá com-parecer perante a comissão à luz da declaraçãode Coetzee, que o pode implicar em actos decorrupção, suborno, fraude, lavagem de dinheiroe fuga ao fisco, em que poderá estar envolvido.

Ex-ministra Nomvula Mokonyane realizou festade aniversário com dinheiro do erário público

O secretário-geral do Congresso Nacional Afri-cano (ANC), no poder, Ace Magashule, terá con-vencido Andile Lungisa a renunciar ao cargo devereador da Câmara Metropolitana de NelsonMandela Bay, no Cabo Oriental.

Lungisa disse ter falado com Magashule antesde enviar a sua carta de demissão, crescentandoque continuaria a trabalhar no terreno enquantoo partido se prepara para as eleições de 2021.

Lungisa está no centro da controvérsia desdeque assumiu a posição de vereador da câmara.Foi convidado pela primeira vez a renunciar aocargo de membro do comité de infraestrutura edesenvolvimento em 2017, após sua condena-

ção por agressão agravada contra um membrodo DA.

Dizia-se que sua influência e proximidade coma Casa Luthuli lhe deram uma vantagem contraseus detractores no executivo provincial.

Lungisa disse que falou com Magashule, que oinstruiu a atender ao pedido de demissão.

"Tive uma conversa telefónica com o SG [Ma-gashule] e ele explicou os processos do partido,como devemos ser capazes de gerir os proces-sos como membros disciplinados do ANC. Então,atendi à chamada da organização".

Acrescentou que continuará como conselheirocomum e a trabalhar no terreno com estruturaspartidárias para o ANC obter apoio à medida queo país se prepara para as eleições locais de2021. Lungisa será susbtituido por ex-premierMongameli Bobani, ligado ao United DemocraticMovement (UDM).

Ace Magashule convenceu vereador deNelson Mandela Bay a deixar o cargo

DIÁLOGO ENTRE PRESIDENTE E O SECRETÁRIO-GERAL DO CONGRESSO NACIONAL AFRICANO,CYRIL RAMAPHOSA E ACE MAGASHULE

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de Joanesburgo

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4 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 10 DE AGOSTO DE 2020

Portugueses no Mundo

do Estado para alterar o nome".O responsável pelos museus de Malaca justifi-

cou esta pretensão com o facto de, segundo opróprio, Bukit Melaka ser o nome da colina antesda época colonial, "desde a era do Sultanato deMelaka", por volta do século XIV, dissolvido em1511 quando Afonso de Albuquerque, o 2.º Go-vernador da Índia Portuguesa, desembarcou ali,demoliu a Grande Mesquita e levantou no localuma fortaleza.

A relação de Portugal com Malaca remonta a1509, quando Diogo Lopes Sequeira, enviado doRei D. Manuel, aportou àquela localidade malaiapara estabelecer relações com o soberano local.

Após a chegada dos portugueses a Malaca, acolina foi batizada Nossa Senhora do Oiteiro e nocimo foi construída uma igreja com o mesmonome, pelo capitão e fidalgo português DuarteCoelho, em agradecimento à Virgem Maria porlhe ter salvo a vida durante uma tempestade nomar.

Em 1590, uma torre de campanários foi acres-centada à frente da igreja, rebatizada Igreja deMadre de Deus.

"Nessa colina histórica está também o túmulode São Francisco Xavier, que foi enterrado na co-lina e mais tarde exumado e enviado para Goa,

na Índia", recordou Joseph Santa Maria, subli-nhando que o missionário católico visitou Malacaseis vezes e pregou várias vezes na colina.Uma estátua em mármore de São Francisco Xa-

vier, construída em 1953, encontra-se no cimo dacolina, e foi erguida em homenagem ao missio-nário mais conhecido da Malásia. Contam aslendas que quando o português ia ser canoniza-do em 1614, o Vaticano exigiu o braço direito, omesmo braço que São Francisco Xavier utilizavapara abençoar os convertidos.A estátua, sem o braço direito, encontra-se ain-

da hoje no topo da colina, assim como ruínas dearquitetura portuguesa, holandesa e inglesa.

Depois de cerca de 100 anos de domínio por-tuguês, a cidade foi tomada pelos holandeses,em 1941. O complexo ficou parcialmente destruí-do, tendo sido mais tarde reparado e renomeadoIgreja de São Paulo, designação que permaneceaté aos dias de hoje, assim como a colina, comigual denominação mesmo durante a adminis-tração inglesa, até 1957, data da independênciada Malásia.

De acordo com vários historiadores, defendeuJoseph Santa Maria, a Colina de São Paulo erareferida como "Monte dos Animais ou Monte Deli-maria".

"O director do Museu de Malaca deve fazermais investigação e justificar as suas afirmaçõesde que a Colina de São Paulo era originalmenteconhecida como Bukit Melaka, sem se tornar [emmotivo] de riso para historiadores e para o mun-do, incluindo a UNESCO", afirmou o luso-malaio.

"Espero que tenhamos historiadores qualifica-dos para realizar o estudo necessário", acres-centou.

Nas declarações à Lusa, o director geral daCorporação dos Museus de Malaca assegurouque o que está em causa não é apagar a Históriade Malaca, mas sim repor a designação original.

"O seu local histórico será preservado comohabitualmente pela agência responsável", pro-meteu.

Lusodescendentes em Malaca, antiga colóniaportuguesa na Malásia, criticaram a possível al-teração do nome de uma colina que alberga ruí-nas de uma muralha e igreja construídas pelosportugueses e ainda a estátua de São FranciscoXavier.

"As autoridades devem pensar seriamente so-bre a ideia de se alterar o nome da Colina de SãoPaulo para Bukit Melaka", disse à Lusa o repre-sentante da minoria luso-malaia perante o esta-do de Malaca, Joseph Santa Maria.

Joseph Santa Maria foi um dos lusodescenden-tes, a maioria a residir no bairro português emMalaca, onde vivem cerca de mil a dois mil des-cendentes de portugueses em mais de 110casas, que se juntaram nas redes sociais paracriticar as pretensões do director geral da Cor-poração dos Museus de Malaca.

"Gosto do que temos hoje, da diversidade nacultura. Unidade na diversidade", afirmou à Lusao ex-conselheiro da cidade Ronald Gan.Os dois lembram que Malaca foi em 2007 consi-

derada Património Mundial da UNESCO precisa-mente devido à sua história e singularidade.

Em resposta à Lusa, o director geral da Corpo-ração dos Museus de Malaca, Mohd Nasruddinbin Rahman, confirmou que a mudança deveráavançar: "Estamos em vias de obter a permissão

A Rádio Portuguesa UK começou como uma“brincadeira” durante o confinamento da pande-mia de covid-19 com o objectivo inicial de infor-mar a comunidade no Reino Unido, mas já ambi-ciona chegar à diáspora em todo o mundo. As emissões arrancaram simbolicamente no Dia

de Portugal, a 10 de Junho, e nas seis semanasde funcionamento acumularam uma audiência de20 mil pessoas.

“Isto começou tudo como uma brincadeira, tinhaduas salas disponíveis e já tinha o ‘bichinho’ demontar uma rádio há algum tempo porque tive al-guma experiência em Bragança”, contou à agên-cia Lusa o director-geral, Pedro Xavier, proprietá-rio de um escritório de consultoria e serviços emLondres.

Membro activo da comunidade portuguesa,sentia falta de um “projecto sólido” que informas-se e mobilizasse os portugueses residentes noReino Unido, que se estima rondarem os 400 mil.

O confinamento decretado no país em marçopara tentar travar a pandemia de covid-19 tornouesta causa ainda mais importante, já que muitaspessoas passaram a estar mais tempo em casa,com necessidade de apoio e divertimento.

De uma conversa com o sócio João Carlos Fa-neca, o projecto acelerou e em poucas semanasfoi criada uma página na Internet e iniciada a for-mação de uma equipa, que já conta com 15 pes-soas. Entre os colaboradores estão o antigo futebolis-

ta Idalécio Rosa, a fadista Margarida Arcanjo eanimadores com sotaque brasileiro e angolano,Carolina Bianchini e Waldemar Gourgel, numatentativa de alargar a audiência.

O alinhamento da Rádio Portuguesa UK incluiprogramas de entretenimento, com humor e mú-sica, debates sobre temas actuais e política, fó-runs de aconselhamento sobre questões médi-cas e jurídicas e análises da actualidade futebo-lística ou das ‘fofocas’ das revistas ‘cor-de-rosa'.

“A variedade de programas é muito boa e estáa correr muito bem”, afirmou à Lusa João Fane-ca, que trabalhou como relações públicas e pro-dução de eventos e já tinha criado um canal detelevisão na rede social Facebook chamado ILove Portugal UK, onde anima as ‘Conversas deQuarentena’.

Na sua opinião, “a comunidade precisava disto,um meio para divulgar os problemas, chegar àspessoas com os eventos e para ficarmos maisperto"."Queremos unir a comunidade, não só no Reino

Unido, mas espalhada pelo mundo”, comentou. Na antena já passaram o embaixador de Portu-

gal, Manuel Lobo Antunes, a cônsul-geral emLondres, Cristina Pucarinho, e personalidadescomo Lili Caneças, Ágata, Fátima Lopes e QuimBarreiros.

A emissão pode escutar-se através da páginada Internet e das aplicações próprias para tele-móvel e está presente nas redes sociais, masestão a ser feitos esforços para obter uma licen-ça para transmitir em FM.

Consciente de que “as pessoas estão maisagarradas aos telefones e redes sociais e usammenos os rádios”, Pedro Xavier vinca que algu-mas emissões são transmitidas ao vivo no Face-book, o que "permite interagir com os ouvintes ecoloca a rádio no século XXI".

Rádio Portuguesa UK arranca na Internetpara chegar à Comunidade no Reino Unido

O deputado pró-democracia Sulu Sou criticouna terça-feira uma proposta para substituir "osnomes colonialistas" das ruas de Macau, consi-derando-a "satírica e rídicula" e alertando para operigo de destruir um “património único" no mun-do.

Na origem da intervenção do deputado estáuma proposta de um vogal do Conselho Consul-tivo do Instituto para os Assuntos Municipais(IAM), feita em 15 de Julho, defendendo que osnomes das ruas do território deveriam ser sub-metidos a consulta pública, uma sugestão feita àmargem da ordem do dia, que não mereceu nes-sa altura comentários àquele órgão, de acordocom a imprensa local.Aquele membro do Conselho Consultivo do IAM

propôs que os nomes das ruas de Macau, comgrafia em português e chinês, fossem alterados,"porque carregam a história da humilhação dopovo chinês".O funcionário apontou como exemplo a rua com

o nome do ex-governador Ferreira do Amaral(séc. XIX), "um conquistador" e "autor de muitosactos malignos", acusou então, citado pelo jornallocal Ponto Final. "Por isso, e de forma a garan-tir a Lei de Segurança Nacional, devemos consi-derar esta alteração", defendeu.

"Estas palavras descolonizadoras foram inten-samente criticadas na sociedade", recordou SuluSou.

De acordo com o mais novo deputado da As-sembleia Legislativa de Macau, o IAM esclare-ceu que "não está a ser equacionada a mudançados nomes das ruas", precisando que "muitos[...] são produto da História, usam-se há muitotempo e são familiares para os residentes".

Apesar disso, o deputado pró-democracia criti-cou a proposta, considerando que pode ameaçara preservação do património de Macau."Até ser colocada esta questão, muitas pessoas

nunca tinham pensado se eram pró-colonialismoou patrióticas", disse, defendendo que "todas ascoisas, tijolos e telhas, nomes e apelidos, boasou más, tristes ou felizes, são sempre compo-nentes indispensáveis e inalienáveis da cidade".

"Nós, gentes de Macau, éramos, somos e sere-mos até ao último fôlego guardiões desta memó-ria única do mundo", acrescentou.

A concretizar-se "este tipo de pensamento ex-tremista, a mudança do nome das ruas é só oaperitivo, e o centro histórico deve ser o primeiroa sacrificar", advertiu o deputado, comparando aproposta com ações na China de Mao Zedongpara destruir a antiga sociedade.

"Se assim for, repete-se o que os Guardas Ver-melhos [grupo de estudantes durante a Revolu-ção Cultural na China] fizeram no movimento de'danificação de quatro coisas velhas'", apontou,levando a "destruir a fortaleza, as muralhas, asigrejas, os faróis e as praças, pois todos têmmarcas do colonialismo", criticou o deputado.

Sulu Lou recordou ainda que aqueles monu-mentos deixados pelos portugueses fazem partedo Património da Humanidade da Organizaçãodas Nações Unidas para a Educação, Ciência eCultura (UNESCO), e que o território assinalouem 15 de Julho o 15.º aniversário dessa atri-buição, criticando a acção do Governo na protec-ção desse legado.

Para o deputado, "o Governo tem tirado grandeproveito da celebração desse aniversário, masnão se pode esquecer que a lei do patrimóniocultural [...] só entrou em vigor ao fim de noveanos da referida inclusão".

Sulu Sou criticou ainda o facto de o executivocontinuar sem aprovar um plano de salvaguardado centro histórico, previsto na legislação de2013, denunciando igualmente a degradação dealguns monumentos, como o Farol da Guia, "cer-cado por edifícios altos", que "está a emitir um si-nal de socorro".

O deputado acusou o Governo de actuar "deforma caótica na concessão de terrenos" e "nasrestrições das cotas altimétricas", deixando as-sim surgir "edifícios altíssimos atrás das Ruínasde São Paulo e da Igreja da Penha" e permitindoa destruição da "paisagem cultural de Macau"."De cada vez que as pessoas passam por lá,ficam tristes e chocadas", lamentou.

Para Sulu Sou, "a preservação e o desenvolvi-

mento não devem [...] ser contraditórios", instan-do o Governo a agir para preservar o património,permitindo à sociedade civil controlar "a cobiça ea corrupção praticadas em nome do alegado'desenvolvimento'"."Amar Macau não deve ser apenas um ‘slogan’,

deve ser concretizado por ações", afirmou.A visibilidade do Farol da Guia, protegido pela

UNESCO, está ameaçada pelos planos de cons-truir um edifício de 90 metros, um caso que levoua Associação Nova Macau a apresentar queixaao Comissariado contra a Corrupção, em 23 deJulho.

No dia do 15.º aniversário de Macau como Pa-trimónio Mundial, o Grupo para a Salvaguarda doFarol da Guia também alertou para a necessi-dade de proteger "a integridade" do monumento,uma preocupação que já um mês antes levara aassociação a queixar-se à UNESCO.

Em 2017, o Comité do Património Mundial daUNESCO criticou o Governo de Macau pelo"possível impacto de empreendimentos de gran-de altura nas paisagens do Farol da Guia e daColina da Penha", alertando que a falta do Planode Salvaguarda e Gestão pode ter consequên-cias para o estatuto do centro histórico.

Deputado critica proposta de substituir "nomescolonialistas" de ruas portuguesas em Macau

NOMES DAS RUAS DE MACAU COM GRAFIA EM PORTUGUÊS E CHINÊS

Lusodescendentes de Malaca criticam proposta de mudar nome de colina com legado português

VISTA DA MALACA

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10 DE AGOSTO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 5

PORTUGAL

O Governo português concedeu uma moratóriasobre os empréstimos directos concedidos aCabo Verde e a São Tomé e Príncipe, informouum comunicado conjunto dos Ministérios dos Ne-gócios Estrangeiros e das Finanças."O Governo português concedeu uma moratória

aos pagamentos vincendos, até 31 de Dezembrode 2020, relativos aos empréstimos directos con-cedidos à República de Cabo Verde e à Repú-blica de São Tomé e Príncipe, na sequência dospedidos apresentados por estes países", lê-senuma nota.Segundo o executivo, “a adopção desta medida

de suspensão do pagamento de capital e jurosvai determinar uma negociação, até Setembropróximo, de acordos de moratória" com os doispaíses africanos de língua oficial portuguesa atéSetembro e o "estabelecimento de novo plano econdições de empréstimos".

A moratória concedida a Cabo Verde e a SãoTomé e Príncipe, uma “autorização extraordináriado Governo português”, integra o "quadro de me-didas de mitigação dos impactos económicos,sociais e sanitários provocados pela pandemiade covid-19", refere ainda a nota.

A medida do executivo liderado por AntónioCosta responde ao repto lançado pelo Clube deParis, entidade criada informalmente em 1956para apoiar países em dificuldades económicas,e pelo G20, grupo das 20 maiores economias domundo, “a todos os credores bilaterais oficiais eprivados, para uma mobilização mundial noapoio aos países menos desenvolvidos, atravésda ‘Iniciativa de suspensão do serviço de dívi-da’”, acrescenta a nota.

A pandemia de covid-19 custou 3.773,9 milhõesde euros (ME) ao Estado até Junho, devido auma redução de receita de 2.423 ME e aumentoda despesa de 1350,9 ME, divulgou a DGO.

"Até junho, a execução das medidas adotadasno âmbito do combate e da prevenção da covid-19, bem como aquelas que têm por objectivo re-por a normalidade, conduziu a uma redução dareceita de 2.423 milhões de euros e a um aumen-to da despesa em 1.350,9 milhões de euros", po-de ler-se na Síntese da Execução Orçamentaldivulgada pela Direcção-Geral do Orçamento(DGO).

De acordo com a Direção tutelada peloMinistério das Finanças, na receita "destaca-se oalargamento do prazo de autoliquidação do mod-elo 22 [IRC] (1.544,6 milhões de euros) e as pror-rogações de pagamento de impostos, a pagar apartir do 2.º semestre, por um período de até seismeses (567 milhões de euros para o IVA e 170,8milhões de euros para as retenções na fonte deIRS e IRC).

Na tabela com as medidas discriminadas, nadespesa são ainda quantificadas com um im-pacto de 72,1 milhões de euros a suspensão dopagamento de planos prestacionais e processosde execução contributiva, e com 68,5 milhões deeuros a suspensão de execuções fiscais da Re-ceita Fiscal, numa estimativa.

Ainda na receita, não se encontram determina-dos valores para a prorrogação das contribui-ções para a Segurança Social, e o adiamento,redução ou isenção de rendas de imóveis é con-tabilizado com uma perda de zero euros.

"Do lado da despesa, o 'lay-off' foi a medidacom maior impacto (629 milhões de euros), se-guida das despesas associadas à Saúde (219,8milhões de euros), nomeadamente os Equipa-mentos de Proteção Individual (EPI) e medica-mentos. A despesa com o apoio extraordinário àredução da atividade económica totalizou 110,9milhões de euros", pode também ler-se na Sín-tese da Execução Orçamental até junho.As restantes medidas com impacto na despesa

que a DGO contabilizou foram 69,9 milhões deeuros para o apoio excecional à família, 50 mi-lhões de euros para a aquisição de ventiladorespara o Serviço Nacional de Saúde, 31,4 milhõesde euros para a prorrogação do subsídio de de-semprego, ou 30,3 para "outros serviços" asso-ciados a equipamentos de proteção individual.

Foram ainda contabilizados 29,9 milhões deeuros para pagar o isolamento profilático, 24,4milhões de euros para reforço de recursoshumanos (contratações e horas extra), 24,2 mi-lhões de euros de apoios a empresas no âmbitodo programa Adaptar, 21,1 milhões de euros deapoios sociais às famílias e ainda 13,6 milhõesde euros para apoios ao emprego, incluindocomplementos ao 'lay-off'.

Nas despesas abaixo de 10 milhões de eurosestão incluídos 1,6 ME para subsídios de doençapor infeção do novo coronavírus SARS-CoV-2,700 mil euros para a proteção de trabalhadoresindependentes e informais, e ainda 3,5 do Ren-dimento Social de Inserção covid.

Foram ainda destinados 7,5 milhões de eurosao Fundo de Emergência para Apoio Social e

outros, 2,9 milhões de euros para ações de pro-moção do turismo, 7,1 de "apoios diversos" e àSanta Casa da Misericórdia de Lisboa, 2,2 mi-lhões de euros de apoios a empresas, 8,2 deapoio ao teletrabalho, 6,8 para "outros equipa-mentos" e 4,0 para a Linha Invest da RegiãoAutónoma da Madeira.

Nos activos financeiros, há ainda a despesacom a linha de apoio ao turismo para microem-presas, no montante de 40,7 milhões de euros.O défice das contas públicas portuguesas agra-

vou-se em 6.122 milhões de euros no primeirosemestre de 2019, atingindo os 6.776 milhõesdevido aos efeitos da pandemia de covid-19,divulgou o Ministério das Finanças em comunica-do.

Pandemia custou 3.774 milhõesde euros ao Estado até Junho

O ministro da Administração Interna e o seu ho-mólogo marroquino manifestaram acordo sobre anecessidade de reforçar a cooperação entre osdois países no combate à migração ilegal.

Em comunicado, o Ministério da AdministraçãoInterna (MAI) afirma que durante a reunião quejuntou por videoconferência os dois governantes,Eduardo Cabrita e Abdelouafi Laftit discutiram achegada de migrantes marroquinos ao Algarvenos últimos meses.

Segundo o MAI, os ministros sublinharam a ne-cessidade de manter e intensificar a cooperação,entre os dois países e no quadro das relaçõesentre Marrocos e a União Europeia, no que res-peita ao “domínio da prevenção e combate à mi-gração irregular e ao tráfico de seres humanos”.

Portugal vai apresentar um relatório da situaçãoepidemiológica com base nos critérios usadospelo Reino Unido para tentar alterar as restriçõesde viagem para aquele país causadas pelacovid-19, anunciou o ministro dos Negócios Es-trangeiros português.

“Nós tínhamos solicitado formalmente que oReino Unido apresentasse o relatório sobre oqual diz basear a sua decisão e recebemos res-posta a esse pedido”, afirmou Augusto SantosSilva.As autoridades portuguesas irão agora apresen-

tar “informação relativa à evolução da situaçãoepidemiológica portuguesa exatamente segundoos parâmetros e indicadores que o Reino Unidonos diz estar a utilizar”, explicou.Com esta adopção dos indicadores britânicos, o

Governo espera que a próxima revisão da listade países obrigados a quarentena pelo ReinoUnido já não inclua Portugal.

“Espero que uma próxima revisão da parte dasautoridades britânicas signifique finalmente o re-conhecimento dos factos, porque, na minha opi-nião, não há nenhum facto em Portugal que jus-tifique que passageiros oriundos de Portugal se-jam sujeitos a quarentena em Inglaterra”, afir-mou.A 24 de Julho, o Reino Unido manteve Portugal

fora do corredor aéreo que dispensa quarentenano regresso ao país devido à pandemia de covid-19, reiterando as restrições que tinha impostopela primeira vez no início do mês.

O Reino Unido tem “procedido a revisões nosentido mais restritivo, porque incluiu, na listadesses países sujeitos a quarentena, outros quepreviamente não estavam”, lembrou o ministrodos Negócios Estrangeiros.A próxima revisão da lista feita pelo Reino Unido

só deverá ser publicada no final do mês, mas aalteração das restrições a Portugal pode aconte-cer antes.

“O que as autoridades britânicas têm dito é que

procedem regularmente a essa revisão, mas quea qualquer momento podem fazer isso”, o que “éverdade já que impuseram quarentena a Espa-nha dois dias depois de terem publicado a novalista”, lembrou Santos Silva.

Na terça-feira, o jornal em língua inglesa commaior circulação em Portugal lançou uma petiçãopela Internet a pedir ao Governo britânico parareconsiderar e incluir Portugal no corredor aéreocom o Reino Unido, já assinada por mais de 28mil pessoas.

O The Portugal News pede ao Governo britâni-co, liderado pelo primeiro-ministro Boris John-son, para alterar a sua posição e “abrir uma pon-te aérea” entre os dois países, apontando a pos-sibilidade de os turistas britânicos contornarem aimposição de quarentena, viajando para Portugalatravés de um terceiro país não sujeito a essarestrição.

Governo vai apresentarrelatório epidemiológico com critérios do Reino Unido

Portugal e Marrocos de acordosobre necessidade de reforçarcombate à migração ilegal

Lisboa concedemoratória a Cabo Verdee a São Tomé sobreempréstimos directos

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O Século

de Joanesburgo

A MINISTRA DA SAÚDE, MARTA TEMIDO, DURANTE UMA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA REAL-IZADA NO MINISTÉRIO DA SAÚDE, EM LISBOA (Foto Manuel de Almeida/Lusa)

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6 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 10 DE AGOSTO DE 2020

MADEIRA

A direcção da Associação Comercial e Industrialdo Funchal considerou que a resolução que obri-ga ao uso de máscaras na Madeira foi comunica-da de forma “desastrosa”, provocando prejuízosturísticos superiores a 100 mil euros em cancela-mento de reservas.

“Esta medida já teve consequências e, mesmoadmitindo ser entendida como preventiva, a for-ma como foi comunicada foi desastrosa”, disse àagência Lusa o vice-presidente da Direcção da

Associação do Comércio e Indústria da Madeira(ACIF), António Maria Jardim Fernandes.O responsável dessa associação que represen-

ta vários setores económicos da região, entre osquais o turismo, a hotelaria e similares, sublinhouque, “no fundo comunicou-se uma medida quetem um âmbito muito grande e é muito restritiva,sem comunicar de imediato as exceções quehaveriam e poderiam mitigar o efeito” prejudicialque teve no setor.

Pronunciando-se sobre a resolução do executi-vo madeirense que prorroga o estado de calami-dade na região e determina o uso obrigatório demáscaras em espaços públicos, Jardim Fernan-des opinou que esta medida é “um pouco des-proporcional e também surge num 'timing' quenão é oportuno”.

Sobre as consequências da má comunicaçãodesta medida no exterior para o setor do turismodo arquipélago, o responsável informou que aACIF lançou um questionário junto dos seus as-sociados, “que ainda não está concluído e cujostotais, não são uma amostra conclusiva das em-presas”.

“Do que já nos chegou, estamos a falar de pre-juízos de mais de 100 mil euros de reservas can-celadas”, sublinhou.

Jardim Fernandes mencionou que as medidasadoptadas na Madeira asseguram o “rigor decontrolo de entrada” dos visitantes nos aeropor-tos da região e a “grande capacidade de monitor-ização depois das pessoas no território, em ter-mos de identificação dos casos e isolamento”,indicam “à partida que a situação da pandemiaestá perfeitamente controlada na Madeira, nestemomento”.

Por isso, frisou, “não haveria a necessidade deavançar com um medida tão restritiva como

esta”.“Mas, agora, o mal já está feito” e “o problema

é que a mensagem passou de uma forma erradapara fora, provocou cancelamentos e algunsoperadores manifestaram o seu desagrado”, afir-mou.

O responsável apontou que esta situação “eraperfeitamente desnecessária numa altura emque a região está num tempo em que a retomafoi muito mais fraca em Julho do que era espera-do”, afirmou.

Complementou que tudo “estava a correr bempara, em Agosto, ser dado mais um passo emfrente” no sector do turismo, posicionando-se aMadeira como “um destino seguro, resiliente”,mas com esta situação "acabou por dar um sinalum pouco contrário dessa perspectiva”, uma si-tuação que preocupa a ACIF e “cria sérias reser-vas dos associados”.

Jardim Fernandes indicou que depois de seremconhecidos os contornos da resolução, a qualdetermina várias exceções ao uso obrigatório egeneralizado de máscaras nos espaços públicos,como nas atividades turísticas de natureza, ospasseios nos percursos pedestres, desde quehaja distanciamento social, “o turismo vai acabarpor acomodar”.

Contudo, “o problema é que a mensagem quepassou para todo o lado foi simplesmente: ‘Ma-deira obriga a máscara no exterior’ e quem rece-be esta informação pensa que a situação da pan-demia “deve ter piorado muito na região para to-marem uma medida destas”.

O movimento no Aeroporto da Madeira vaiaumentar de 60 frequências semanais efectua-das em Julho para 140 em Agosto corrente, entrepartidas e chegadas, evidenciando que “a reto-ma está a acontecer”, disse o secretário do Turis-mo do arquipélago.

“O movimento aeroportuário satisfaz e há pers-pectiva para um mês de Agosto de crescimentoacentuado. De Julho para Agosto vamos passarde 60 frequências semanais para 140”, afirmouEduardo Jesus à agência Lusa.

Para o governante madeirense, a situação evi-dencia que “a retoma se está a fazer lenta, masde uma forma consolidada”, sendo este “o gran-de objectivo” do executivo, coligação PSD/CDS,liderado pelo social-democrata Miguel Albuquer-que.

“Sim, a retoma já aconteceu, está a acontecer”,sublinhou.

Em termos da nacionalidade dos visitante, há“portugueses e muitos estrangeiros, acima detudo oriundos de vários países europeus, apesarde terem chegado à Madeira cidadãos dos Esta-dos Unidos”.

As companhias aéreas retomaram a linha daMadeira, numa primeira fase, com um númeromenor de frequências, mas há perspectivas decrescimento das ligações já para o corrente mêsde Agosto, com a TAP, a easyjet, a Transavia, aBinter, a Sata, a Edelweiss Air, a Jet Air Fly, a TuiFly, a Jet.2 - que “é grande novidade” -, aSmartwings, a Lufthansa ou a Bristish Airways.

“É uma variedade bastante grande de compa-nhias que já conhecem o destino e que nos unema países e origens importantes”, realçou.

O governante destacou, nesta retoma, as liga-ções da Madeira com Lisboa e Porto, Paris,Amesterdão, Ponta Delgada - que faz a ligaçãotambém com os Estados Unidos -, Canárias,Bruxelas, Zurique, Frankfurt, Dusseldorf, Lon-dres, Praga e vários áreas britânicas, como Man-chester, Glasgow, Leeds, Edimburgo e East Mi-dlands.

Esta programação, acrescentou, visa “retomarligações, a retomar frequências, a continuar comparcerias antiga, no sentido de manter essascompanhias, apoiá-las e fazer com que esta re-toma vá ganhando cada vez mais fôlego”.O objectivo é que a operação se possa “traduzir

num maior número de pessoas a visitar a RegiãoAutónoma da Madeira”.

Eduardo Jesus destacou “as diligências que fo-ram feitas e negociações em curso para fomen-tar a vinda de turistas com os operadores turísti-cos”, através da Associação de Promoção daMadeira (APM), num “papel muito activo comreuniões e encontros permanentes com opera-dores, companhias aéreas”.

“A APM tem estado perto de todas as oportu-nidades que se perspectivam para a Madeira,

onde também se fechou uma grande operaçãopara o Porto Santo com os quatro maiores opera-dores nacionais”, referiu.Nesta ilha, a 20 de Julho teve início “uma opera-

ção importante” que envolve os operadores na-cionais (a Abreu, a Sonhando, a Solferias e aSoltropicos) e dura até 21 de Setembro, envol-vendo cerca de 3.300 passageiros.

“Além de outras operações que estamos aapoiar e cativar para o Porto Santo, esta é gran-de operação que se conseguiu fechar numa ba-talha continuada no tempo, que mostrou empen-ho e vontade de todos”, afirmou.

A reabertura da Madeira ao turismo em Julho“superou as expectativas”, com a passagem de46 mil viajantes, perspectivando-se uma ofertahoteleira de 84% até final de Agosto, disse o se-cretário madeirense que tutela o setor.

“Podemos afirmar que o mês de Julho corres-pondeu e superou as expectativas que nós tínha-mos no momento de reabertura, após todo esteencerramento causado pela pandemia da covid”,afirmou Eduardo Jesus à agência Lusa.O governante apontou que a região registou um

“bom movimento”, “com mais de 46 mil passagei-ros entrados e saídos e com um saldo positivoacentuado daqueles que [lá] ficaram”.Ao nível do sector hoteleiro do arquipélago, ain-

da “há algumas unidades que se preparam paraabrir, outras que têm já o compromisso assumidode abrir no mês de agosto”, mas “72% de toda aoferta regional de hotelaria e turismo em espaçorural está a funcionar”.

Segundo Eduardo Jesus, perspectiva-se que“outros 12% devem abrir este mês, o que signifi-

ca que, até final de Agosto, se terá 84% da ofer-ta da Madeira aberta e a funcionar”.

O governante complementou que se “prevê aabertura em Setembro e em Outubro” de outrosestabelecimento hoteleiros, apontando que “cer-ca de 10 não têm data prevista para abrir porqueoptaram por fazer obras ou outras decisões quenão têm diretamente a ver com o reinicio da acti-vidade”.

A Madeira, considerou o secretário regional, foi“fortemente penalizada” pelo facto de os destinosde origem olharem para “dados nacionais, deforma integrada, e não terem feito as distinçõesdas regiões do país”.

“Como a situação nacional não é comparávelcom a regional, essa assunção da informaçãopenalizou-nos bastante e nós fomos limitados noque diz respeito à vinda de turistas de boas ori-gens que habitualmente nos dão um fluxo bas-tante grande”, argumentou.

Para minimizar este efeito, foram promovidaspela Madeira mais de 80 diligências junto dosgovernos dos mercados emissores, “através dadiplomacia, para esclarecer e informar qual a si-tuação epidemiológica de facto da Região Autó-noma da Madeira”.

Eduardo Jesus realçou que o objectivo é “pas-sar a imagem de que a Madeira é um destino se-guro e tem tomado medidas para garantir que es-sa segurança seja vivida, seja oferecida a quemvisita e seja uma importante motivação paraaqueles que trabalham na região, ganhando con-fiança com toda esta reabertura”.

O governante considerou ainda que “o grandedesafio foi vencer necessariamente as dificulda-des que se colocam ao medo que se instalou naspessoas - de viajar - e restaurar a confiança foi ogrande desígnio”.

No seu entender, “a Madeira fez um grande tra-balho, não só com a imagem forte que tem hojedo controlo da pandemia, sendo a única regiãoportuguesa que não regista qualquer óbito”.

Numa primeira fase, antes da reabertura, o ar-quipélago “tinha 90 casos registados e apenasum ou dois casos activos”. Após a normalizaçãodo aeroporto, “apenas soma mais 10 casos posi-tivos”, o que revela bem que as medidas imple-mentadas estão a surtir efeito”.

Aeroporto da Madeira passade 60 para 140 frequências

Reabertura do turismo em Julho"superou as expectativas"

Uso de máscaras provocou prejuízos de 100 mil euros no turismo da Região

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de Joanesburgo

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10 DE AGOSTO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 7

INTERNACIONAL

O Presidente da República, Marcelo Rebelo deSousa, destacou o apoio de Portugal aos esfor-ços das Nações Unidas para a paz no Líbano epara a pacificação daquela região do mediterrâ-neo.

“Portugal tem estado sempre atento à situaçãono Líbano, tem apoiado os esforços do secre-tário-geral das Nações Unidas, porque entendeque é fundamental para a paz na região e glo-bal”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente da República falava na quarta-feira aos jornalistas à margem de uma visita aoZoo de Lagos, Algarve, após instado a pronun-ciar-se sobre a situação no Líbano, cuja capitalsofreu na terça-feira, violentas explosões queprovocaram mortos e feridos.Marcelo Rebelo de Sousa adiantou que foi infor-

mado ao começo da tarde pelo ministro de Esta-do e dos Negócios Estrangeiros, Augusto SantosSilva, que lhe disse que não havia “nenhum casode gravidade com um português”, havendo o re-lato de “um ferido ligeiro”.

O chefe de Estado defendeu que é importante

Após uma solicitação do Estado libanês, omecanismo europeu de protecção civil foiaccionado.

O Governo português expressou solidariedadecom o Líbano e o seu povo, na sequência dasexplosões em Beirute e vai participar no plano deapoio da União Europeia.

que não haja, no Líbano e naquela região, "umaperturbação, mesmo que não seja possível des-de já saber qual a perturbação ou as causasrespectivas”.“A pacificação naquela região é muito importan-

te e Portugal há muito que defende uma atençãoespecial relativamente ao mediterrâneo e ao pró-ximo e médio oriente, porque são áreas vizinhasda Europa e portanto particularmente sensíveispara Portugal”, sublinhou.

Já de manhã, Marcelo Rebelo de Sousa enviouuma mensagem de condolências ao seu homó-logo libanês, Michel Aoun, em virtude das ex-plosões verificadas, expressando “condolênciasaos familiares das vítimas mortais e desejos derápidas melhoras a todos os feridos, bem como asua solidariedade a todo o povo libanês”.

Entretanto a secretária de Estado da Saúde Ja-mila Madeira, adiantou que o mecanismo euro-peu de protecção civil informou Portugal “ sobrequem e quantos serão os operacionais da saúdee das outras áreas de intervenção aseguir para oLíbano”.

O Governo português não tem indicações deque haja cidadãos nacionais entre as vítimasmortais das explosões que sacudiram Beirute,capital do Líbano, diss a secretária de Estadodas Comunidades Portuguesas, Berta Nunes.“Até ao momento, não temos nenhuma informa-

ção sobre qualquer português que tenha falecidoou que esteja gravemente ferido”, disse BertaNunes numa chamada telefónica com a Lusa,acrescentando: “Também não temos reporte deferidos ligeiros, apenas de danos materiais”.A secretária de Estado das Comunidades apon-

tou que a Embaixada de Portugal em Nicósia, noChipre, “está a contactar todos os portuguesesinscritos no consulado e que têm contacto” eque, “de uma forma geral, nas mensagens rece-bidas, estão todos bem”.

Berta Nunes assinalou que entre os portugue-ses no território libanês “alguns estão de férias”.A secretária de Estado das Comunidades Portu-

guesas abordou que, apesar de haver um con-tacto com as autoridades do Líbano, não foi pos-sível contactar o cônsul honorário, uma vez que,“como vivia na zona onde houve a explosão,pode estar impedido ou “não ter comunicações”.

“Vamos continuar a acompanhar a situaçãoatravés da nossa embaixada, através da dele-gação europeia no Líbano, contactando tambémas autoridades locais e estaremos a acompanharpermanentemente, tentando saber se há portu-gueses que necessitem de ajuda ou se há por-tugueses com algum tipo de problema”, concluiuBerta Nunes.

A Fábrica de Explosivos de Moçambique (FEM)confirmou que encomendou as 2,7 toneladas denitrato de amónio que estiveram na origem dasexplosões em Beirute, salientando que a cargaapreendida pelas autoridades libanesas foi subs-tituída por outra remessa.

A encomenda foi feita pela FEM, em 2013, àempresa Savaro, da Geórgia, e o local de des-carga previsto era o porto da Beira, em Moçam-bique, disse fonte oficial da firma moçambicana.

No entanto, aquela carga "nunca foi entregue",uma vez que o navio ficou retido em Beirute, porordem das autoridades locais.

A carga ficou armazenada no porto da capitallibanesa e terá estado na origem das explosõesregistadas na terça-feira, que devastaram bairrosinteiros e causaram 158 mortos e mais de 6.000feridos.Até hoje, as autoridades de Moçambique nunca

confirmaram que o país era o destino do nitratode amónio. Na quinta-feira, a empresa gestorado porto da Beira disse desconhecer essa en-comenda e no dia anterior, o Ministério dosTransportes e Comunicações moçambicano refe-riu que desconhecia este material explosivo.

A FEM é detida pela empresa Moura, Silva &Filhos, com sede na Póvoa de Lanhoso, distritode Braga.

Segundo fonte da empresa, aquela foi uma"encomenda normal", de uma matéria utilizadana sua atividade comercial, "cumprindo semprede forma escrupulosa todos os requisitos legais emelhores práticas internacionais".A FEM "não tem qualquer relação com armado-

res ou transitários, dado que a sua relação comos fornecedores se cinge às encomendas quefaz. Aliás, é esse o caso com todos os importa-dores, seja de frigoríficos, automóveis, tratoresou ar condicionados", acrescentou a mesma fon-te, sublinhando que a empresa "não tem qual-

Os doadores internacionais assumiram, durantea conferência organizada pela França e pelasNações Unidas, compromissos de cerca de 300milhões de dólares (cerca de 253 milhões deeuros) de ajuda de emergência ao Líbano, foianunciado.

De acordo com a Presidência francesa, estemontante inclui 30 milhões de euros da França.

Os doadores prometeram prestar ajuda deemergência, centrando-se no apoio médico eaos hospitais, escolas, alimentação e habitação.

Os países reunidos ontem, domingo, em video-conferência para discutir uma ajuda de emergên-cia ao Líbano após a explosão que devastouBeirute anunciaram que o apoio será dado“directamente” à população e com “transparên-cia”.“Os participantes concordaram que a sua assis-

tência deve (…) ser coordenada sob a égide dasNações Unidas e fornecida directamente à popu-lação libanesa, com o máximo de eficácia etransparência”, declararam os representantes deperto de 30 países, bem como da União Euro-peia, da Liga Árabe, do Banco Mundial e do Fun-do Monetário Internacional, num comunicadodivulgado no final da reunião.Os participantes, entre os quais se encontravam

os presidentes francês, Emmanuel Macron, edos Estados Unidos, Donald Trump, insistiram nanecessidade de uma “investigação imparcial,credível e independente” sobre as circunstânciasda catástrofe, que causou 158 mortos, mais de6.000 feridos e até 300.000 desalojados.

O Presidente libanês, Michel Aoun, excluiu nasexta-feira um inquérito internacional ao sucedi-do, que admitiu poder dever-se a negligência oua um míssil.

As autoridades libanesas têm atribuído a ca-tástrofe a um incêndio num depósito no portoonde se encontravam armazenadas cerca de2.750 toneladas de nitrato de amónio, substânciaquímica perigosa, "sem medidas de precaução".

Além da ajuda de emergência, que segundo aPresidência francesa é oferecida sem condições,os participantes na conferência declararam-sepreparados para apoiar a posterior recuperaçãoeconómica e financeira do país, que insistiramexige que as autoridades do Líbano se compro-metam a realizar as reformas solicitadas pelasua população.A explosão alimentou a raiva de uma população

já mobilizada desde o outono de 2019 contra oslíderes libaneses, acusados de corrupção eineficácia, e levou às ruas milhares de pessoas,

As violentas explosões que abalaram Beirute naterça-feira provocaram pelo menos 158 mortos,6.000 feridos e 300 mil desalojados, disse o mi-nistro da Saúde libanês, Hamad Hassan.O ministro adiantou que os trabalhos continuam

a decorrer na tentativa de encontrar sobrevi-ventes entre os escombros, acrescentando queestão a ser feitos contactos com países árabes eeuropeus para garantir a chegada de assistênciamédica ao país.

As autoridades libanesas estão já a determinaras necessidades imediatas e a instalar hospitaisde campanha.

Por outro lado, um responsável libanês indicouque o Conselho de Ministros realizado na quarta-feira mostrou que o Líbano quer realmente res-ponsabilizar os culpados pelas explosões, tendodecidido impor prisão domiciliária aos acusados,além de declarar estado de emergência emBeirute.

Na terça-feira, uma explosão no porto de Beiru-te seguiu-se a um incêndio suspeito de estar li-gado a uma segunda explosão por motivos aindanão determinados. A explosão levou à deflagra-ção de 2.750 toneladas de nitrato de amónio queestavam no porto de Beirute, segundo o Gover-no.

A explosão gerou uma grande onda de choqueque afectou milhares de casas e prédios, destru-indo janelas e paredes, deixando grande parteda população daquela zona da cidade desaloja-da.

As autoridades de Beirute informaram que osdanos podem atingir um valor entre os 2,5 e os4,5 milhões de euros e acrescentou que ainda há

mais de 100 pessoas desaparecidas.O país determinou luto oficial de três dias, a par-

tir de quarta-feira, e a capital libanesa está sobsupervisão das Forças Armadas, encarregadasde manter a ordem.

Entretanto, o presidente francês, EmmanuelMácron, partiu quinta-feira para o Líbano, parase encontrar com vários responsáveis políticoslibaneses e apresentar o apoio da França, se-gundo explicou a presidência francesa.

Macron foi directamente para o porto, local dasexplosões, tendo se encontrado, durante o dia,com os principais responsáveis libaneses, políti-cos e “representantes dos movimentos civis”,realizando uma conferência de imprensa.

Explosões em Beirute fazem 158 mortos,6.000 feridos e 300 mil desalojados

“Nenhumportuguêsentre vítimasmortais”- Secretária de Estado

das Comunidades

Marcelo destaca apoio de Portugal à paz na Região

Doadores assumem compromissos de quase 253 milhões de euros

Carga tinha comodestino Moçambiquee foi substituída poroutra encomenda

(cont. na pag, seguinte)

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8 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 10 DE AGOSTO DE 2020

O chefe do comando norte-americano de Ope-rações Especiais em África disse que os ataquesno norte de Moçambique têm "impressão digitaldo Estado Islâmico", manifestando preocupaçãocom o acelerar da ameaça terrorista na região."Estamos preocupados. Acreditamos que há um

problema local que está a ser aproveitado peloEstado Islâmico. Nos últimos 12 a 18 meses de-senvolveram as suas capacidades, tornaram-semais agressivos e usaram técnicas e procedi-mentos comuns em outras partes, nomeada-mente no Médio Oriente, associados ao EstadoIslâmico", disse o major-general Dagvin Ander-

son.O comandante do Comando de Operações Es-

peciais dos Estados Unidos em África, com sedeem Kelley Barracks em Estugarda, na Alemanha,falava hoje, durante uma conferência de impren-sa para abordar os esforços dos Estados Unidosno combate ao terrorismo em África durante apandemia de covid-19.

Dagvin Anderson apontou o facto de o próprioEstado Islâmico ter reivindicado essa ligação,mas considerou, sobretudo, determinantes os si-nais da organização terrorista nas comunica-ções.

"Vimos publicações e comunicações nos médiamuito bem feitas e que têm a impressão digital etodas as marcas do Estado Islâmico", disse."Por isso, acreditamos que há uma ligação mais

profunda, que o Estado Islâmico está envolvidocom a fação no norte de Moçambique e que têminfluência", acrescentou.O responsável admitiu, no entanto, que a exten-

são dessa influência não é ainda totalmente co-nhecida."Estamos a trabalhar com a nossa embaixada e

com o Governo de Moçambique para ter umaideia melhor, perceber como essa ameaça seestá a desenvolver e o que é que isso significapara a região", afirmou.

Para o major-general Dagvin Anderson não hádúvidas de que "há atores externos que estão ainfluenciar o conflito e a torná-lo mais virulento eperigoso"."Já não se trata apenas de um conflito local que

possa ser resolvido apenas pelas autoridadeslocais. Foi inflamado pelo Estado Islâmico, quefornece treino, formação e recursos", considerou.Dagvin Anderson sublinhou a preocupação pela

forma como a relação entre o movimento rebeldelocal e o Estado Islâmico se está a desenvolver,considerando que a resposta terá de ser lideradapor Moçambique, mas envolvendo outros paísese a comunidade internacional.

"Moçambique tem de tomar a liderança, mas épreciso envolver vários países na região. Tan-zânia, Malaui e outros países terão de ajudarporque o terrorismo vai atravessar fronteiras eprocurar refúgio onde puder para continuar adestabilizar a região", disse.Por outro lado, defendeu, a abordagem à amea-

ça não deve passar apenas por uma respostamilitar, devendo incluir outras questões como oreforço da segurança, resolução dos problemasna origem da contestação e promoção do desen-volvimento económico e de oportunidades paraas populações."Estas são áreas em que o Governo norte-ame-

ricano tem estado envolvido dando apoio a Mo-

çambique", disse, indicando como exemplo aajuda norte-americana ao país na sequência dadestruição causada pelos ciclones de 2019.

"Se não dermos essa ajuda, se a comunidadeinternacional não se juntar para encontrar umasolução após estas crises, os extremistas violen-tos irão explorar isso e procurar afastar as popu-lações dos governos, criando narrativas e reali-dades alternativas. Todas estas abordagens têmde ser combinadas para promover o contraterror-ismo", disse.

Questionado pela agência Lusa sobre a possi-bilidade de uma resposta de apoio militar dos Es-tados Unidos ao conflito, Dagvin Anderson sus-tentou que essa seria uma "solução de último re-curso".

"Se chegar até nós, como militares, significaque as coisas ficaram muito más. Gostaríamosde manter as forças militares fora desta questãoo máximo possível", disse, adiantando que o en-volvimento militar norte-americano, "sempre emúltimo recurso", passará pela assistência e apoioàs forças locais.

"Mesmo com o envolvimento da Al-Qaida ou doEstado Islâmico são sempre problemas localiza-dos que precisam do conhecimento das forçaslocais. Nós podemos ajudar a reforçar as suascapacidades, através de formação, equipamen-tos ou treino, dependendo sempre das condiçõesno terreno e do nível da ameaça", disse.

Cabo Delgado é desde Outubro de 2017 palcode acções de grupos armados, que, de acordocom as Nações Unidas, forçaram à fuga de250.000 pessoas de distritos afetados pela vio-lência, mais a norte da província.A capital provincial, Pemba, tem sido o principal

refúgio para as pessoas que procuram abrigo esegurança em Cabo Delgado, mas há quem pre-fira fugir para outros lugares, incluindo Niassa eNampula, províncias vizinhas.

O conflito armado naquela província já matou,pelo menos, 1.000 pessoas, e algumas dasacções dos grupos armados têm sido reivindi-cadas pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico (EI).

O enviado pessoal do secretário-geral das Na-ções Unidas a Moçambique classificou os ata-ques armados atribuídos a dissidentes da Rena-mo no centro do país como uma "antítese da vi-são de Afonso Dhlakama", antigo líder daquelepartido que morreu em 2018."Os ataques no centro do país são a antítese da

visão de paz que Dhlakama lutou para preservarao longo dos seus últimos anos", escreve MirkoManzoni numa nota emitida para assinalar o pri-meiro aniversário do Acordo de Cessação De-finitiva das Hostilidades Militares, assinado a 6de Agosto do último ano.

Em causa estão os ataques no centro do paísatribuídos a um grupo dissidente da Renamo lid-erado por Mariano Nhongo, antigo dirigente deguerrilha, que exige melhores condições de rein-tegração e a demissão do atual presidente dopartido, Ossufo Momade, acusando-o de ter des-viado o processo negocial dos ideais do seu an-tecessor, Afonso Dhlakama, líder histórico quemorreu em Maio de 2018.

Os ataques armados no centro de Moçambiquetêm afectado as províncias de Manica e Sofala ejá provocaram a morte de, pelo menos, 24 pes-soas desde agosto do ano passado, em estradase povoações das duas províncias.

Oficialmente, a Renamo demarca-se das ac-ções do grupo de Mariano Nhongo, classifican-do-o como um desertor e reiterando o compro-misso do principal partido de oposição com oacordo de paz assinado em agosto.

Segundo Mirko Manzoni, que é o presidente dogrupo de contacto para as negociações, os guer-rilheiros que serão abrangidos pelo processo dedesarmamento, desmobilização e reintegração(DDR) concordam que não se pode permitir que"distúrbios externos comprometam o processo",lembrando que foi Dhlakama quem deu os pri-meiros passos para paz, com a declaração, em2016, de um cessar fogo que abriu espaço paraque "as partes desenvolvessem laços de con-

fiança."O respeito pela cessação das hostilidades é

essencial agora que se avança no processo deDDR dos ex-combatentes da Renamo", frisouMirko Manzoni.Em Junho, o enviado pessoal de António Guter-

res a Moçambique disse que já tentou conversarcom Mariano Nhongo, mas não teve sucesso.

"Mariano Nhongo é inflexível e todas as aproxi-mações com vista a um entendimento fracassa-ram", disse, na altura, Mirko Manzoni, em entre-vista ao canal televisivo STV.

Apesar das incursões atribuídas ao grupo deNhongo, o processo do desarmamento do braçoarmado do principal partido de oposição previstono acordo de 6 de Agosto continua, sendo jáabrangido mais de 500 guerrilheiros, 10% do pre-visto.

"Existiram alguns desafios pelo caminho, masestou firmemente convencido de que agora jánão há espaço para recuos no caminho rumo auma paz definitiva", refere na nota MirkoManzoni.

O processo vai envolver cerca de 5.000 mem-bros do braço armado do maior partido da opo-sição no país.

Alguns ex-guerrilheiros da Resistência NacionalMoçambicana (Renamo) que entregaram armasem Junho, no processo de desmilitarização, re-gressaram à aldeia natal, mas temem agora seralvo de uma nova ameaça.

Receiam que as forças estatais não consigamdistinguir antigos guerrilheiros reintegrados navida civil dos dissidentes da autoproclamadaJunta Militar, que já mataram 24 pessoas na re-gião no último ano.

São rebeldes que actuam nalgumas zonas docentro do país, liderados por Mariano Nhongo,fechados ao diálogo e alegando estar descon-tentes com o acordo de paz e com a liderança daRenamo.

A zona da aldeia de Cheadeia, no distrito deNhamatanda, província de Sofala, tem sido umdos palcos desta violência.Ali e noutros pontos, a Renamo acusa as forças

estatais de estarem a raptar e a assassinar al-guns dos seus membros - mas sem indicar casosconcretos - ao realizar buscas por focos de rea-grupamento de dissidentes filiados à Junta.

Por sua vez, as autoridades acusam os rebel-des da Renamo de estarem a assassinar diri-gentes locais e a vandalizar infraestruturas públi-cas.

“Sempre que chegam as forças de defesa, nós

temos medo, porque já não temos armas”, diz àLusa João Ruben, 52 anos, 30 dos quais passa-dos em várias bases da guerrilha, desmobilizadoem Junho, em Savane, distrito de Dondo (Sofa-la).

O ex-guerrilheiro conta que nas visitas à aldeia,em 1992, no fim da "guerra dos 16 anos" (desig-nação dada à guerra civil moçambicana) e du-rante a trégua de 2016, ele e outros colegas dearmas eram alvo de perseguição das forças esta-tais.

Receia que, agora, as mesmas forças não con-sigam distinguir os guerrilheiros reintegrados dosdissidentes da Junta.“Nós fomos desmobilizados para nossas casas.

À chegada [à aldeia], o hospital foi queimado echegaram as forças de intervenção rápida(UIR)", descreve, para ilustrar uma situação emque teve medo.

João Ruben expressa um sentimento generali-zado entre os regressados, embora manifesteconfiança numa reconciliação para breve.Para Jossias Combo, outro ex-guerrilheiro e ho-

mem da escolta do então líder da Renamo, Afon-so Dhlakama, falta uma verdadeira reconciliaçãopara que a sua reintegração se transforme emtranquilidade e paz.

Num português falado com dificuldade, tentatraduzir de forma simples o que o atormenta.

Receia que os dissidentes da Renamo entremna aldeia: a Junta "estraga, e não satisfeito, oGoverno entra também".

No meio do conflito, os desmobilizados nãoquerem ser um dano colateral só porque a Juntatambém carrega o nome do maior partido daoposição, apesar de ter uma posição oposta.

Vários guerrilheiros, prosseguiu, até dormemnas matas com a família devido à alegada ondade perseguição e assassínios dos membros dopartido, falada, mas que ninguém consegue con-firmar.

Este sentimento de insegurança dos ex-guerri-lheiros desmobilizados levou a Renamo a desen-volver uma série de campanhas de sensibiliza-ção nas aldeias onde estão a ser reintegrados.

MOÇAMBIQUE

“Ataques em Cabo Delgado têm impressão digital do Estado Islâmico” - diz chefe do Comando dos EUA

Ex-guerrilheiros da Renamo temem ser confundidos com rebeldes

Enviado de Guterres diz que ataques armados nocentro são uma “antítese” da visão de Dhlakama

MIRKOMANZONI

(cont. da pag. anterior)

Explosões em Beirutequer actividade como transitário ou armador" e é"uma mera utilizadora".A empresa vincou ainda que "nunca paga qual-

quer carga antes de esta lhe ser entregue", paradeixar claro que, até à recepção, não tem qual-quer responsabilidade sobre a mesma.

"A FEM está no mercado desde 1955 e nuncateve qualquer problema com manuseamento dosprodutos que importa", afirmou a fonte, dandoconta que fornece "em segurança clientes portoda a costa oriental de África".

Perante a retenção do navio em Beirute, a Sa-varo acabou por enviar uma nova carga de nitra-to de amónio, através de outro navio. Entretanto,a FEM abandonou aquele fornecedor, devido ao"incumprimento" de prazos de entrega.

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10 DE AGOSTO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 9

MOÇAMBIQUE

A embaixada de Portugal em Maputo anuncioua realização de dez voos entre Lisboa e a capitalmoçambicana, cinco em cada sentido, até finalde Agosto, para ultrapassar restrições impostaspela covid-19.

"Em articulação com o Governo de Moçambi-que, serão realizados voos humanitários entreLisboa e Maputo, operados pela TAP e comtransporte de passageiros nos dois sentidos",refere a representação diplomática, sublinhandoque os voos são "coordenados pelo Estado Por-

tuguês".Os voos de Lisboa para Maputo, que já inicia-

ram na semana passada, decorrem nos dias 13,20 e 27 de Agosto.Os voos de Maputo para Lisboa realizam-se nos

dias 15, 22 e 29 de Agosto. Já tiveram lugar nosdias 1 e 8.Segundo a embaixada, "tratando-se de voos hu-

manitários e de apoio ao regresso", apenasestão autorizados a viajar passageiros com na-cionalidade ou autorização de residência no des-

tino (salvo autorizações excecionais), que no ca-so de Portugal inclui familiares e estados daUnião Europeia ou associados ao espaçoSchengen.

Apesar de terem a designação de voo humani-tário, os bilhetes são vendidos pela TAP, que dis-ponibiliza informações adicionais sobre as condi-ções aplicáveis ao embarque.

"Sendo voos coordenados pelo Estado Portu-guês, os passageiros não necessitam de solicitardirectamente a autorização de entrada ou saídaao Ministério do Interior de Moçambique, sendo areferida autorização solicitada para todos os pas-sageiros", acrescenta a embaixada.

Quem tiver alguma dificuldade para efectuarreserva num dos voos de Maputo para Lisboa euma "comprovada urgência nesta deslocação,por motivos graves de saúde ou por partida defi-nitiva do país" deve contactar o Consulado Geralem Maputo ou o Consulado Geral na Beira,acrescenta.

A nota da embaixada refere-se que "todos ospassageiros dos voos de Lisboa para Maputodeverão realizar um teste à chegada que serádisponibilizado pelas autoridades de saúde mo-çambicanas" e deverão esperar pelos resultadosantes de seguirem para outros destinos dentrodo país.

Um teste feito no estrangeiro, "ainda que o re-sultado seja negativo, poderá não dispensar daobrigatoriedade do novo teste à chegada".

É ainda obrigatório "o cumprimento de um pe-ríodo de quarentena domiciliária de 14 dias, àchegada a Moçambique".

No trajecto Maputo - Lisboa "é obrigatória aapresentação, no momento do embarque, decomprovativo de realização de teste laboratorial"para despiste da covid-19, com resultado negati-vo, feito até 72 horas antes do embarque.

Caso contrário, será necessário pagar um testeno aeroporto e cumprir com as normas associ-adas ao procedimento, com detalhes no portal daDireção Geral da Saúde portuguesa, na Internet(covid19.min-saude.pt).

Dez voos entre Lisboa e Maputo atéfinal de Agosto - garante Embaixada de Portugal

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, rejei-tou inaugurar o Instituto Industrial e ComercialEduardo Mondlane, na província de Inhambane,sul do país, alegando, já no local, a má qualidadedas obras.

Após percorrer as salas e outros compartimen-tos do instituto, na companhia de membros doGoverno e jornalistas, Filipe Nyusi proferiu pala-vras de desagrado em relação à falta da quali-dade das obras perante os presentes, segundo aimprensa local.

O chefe de Estado caminhou depois em direc-ção à sua viatura sem parar na lápide cravadacom o seu nome onde devia descerrar o panopara a inauguração da infraestrutura.

O incidente aconteceu no âmbito da visita detrabalho que o chefe de Estado realizou à provín-cia de Inhambane, a pouco mais 500 quilómetrosda capital.

No âmbito da deslocação a Inhambane, FilipeNyusi inaugurou um troço de 49 quilómetros daestrada Homoíne-Panda e o novo edifício do Tri-bunal Judicial do Distrito de Inharime.

Em Moçambique, a má qualidade de obras pú-blicas é um problema crónico, que vários estudosatribuem à corrupção e ao conflito de interessesentre funcionários públicos ligados ao sector dasobras públicas e empresas de construção civil.

Presidente daRepública rejeita inaugurarInstituto devidoà má qualidadeda obra

O Governo moçambicano lançou um concursopúblico internacional para a construção da infra-estrutura de fornecimento de energia eléctrica aoMaláui, com uma extensão de 220 quilómetros,disse João Catine, responsável do projecto.

João Catine avançou que o concurso, lançadodestina-se à selecção da empresa que vai cons-truir a infraestrutura que vai viabilizar o forneci-mento e venda de energia eléctrica produzida emMoçambique ao Maláui.A empreitada vai consistir na construção de uma

linha de transporte de energia de 145 quilóme-tros no território moçambicano e de 75 quilóme-tros no Maláui.O projecto está avaliado em 127 milhões de dó-

lares (108,7 milhões de euros) já asseguradospelo Banco Mundial, Governo da Noruega, UniãoEuropeia (UE) e Cooperação Financeira Alemã,através do banco alemão KFW.

Moçambique vende energia eléctrica para vá-rios países da África Austral, aproveitando o seupotencial energético.

Governo lança concurso internacional paraprojecto de venda de energia ao Maláui

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O Século

de Joanesburgo

De visita a Manica, o Presidente moçambicanoreafirmou o compromisso com a paz definitiva.Ataques “afectam a economia e retardam o de-senvolvimento do país”, afirmou o chefe de Esta-do.O alerta foi lançado pelo Presidente da Repúbli-

ca de Moçambique, Filipe Nyusi, numa desloca-ção a Chimoio, província central de Manica, naquinta-feira 6 de Agosto, um ano depois da assi-natura do acordo de paz efectiva no país: asacções dos homens armados da autoproclamadaJunta Militar da RENAMO na região têm afecta-do a economia, além de retardarem o desen-volvimento socioeconómico do país.

Um exemplo concreto, aponta o chefe de Esta-do, é a Educação: "Nove escolas do distrito deGondola, com 4.283 alunos foram afectadaspelos ataques. Cinco professores e 282 alunos.Também no vizinho distrito de Macate e em So-fala ficaram afectados 567 alunos e 10 professo-res".

Um ano depois da assinatura do acordo de pazde Maputo, a região Centro ainda é palco deataques. "Os desafios que hoje enfrentamos têmque manter-nos firmes, fortes, corajosos no cam-inho da paz e reconciliação, sem quaisquer exci-tações nem pausas e muito menos sermos des-encorajados e recuarmos", frisou Filipe Nyusi.

"Devemos, sim, continuar na nossa trajectóriapara o alcance do desejo de todos os moçambi-canos, de viver livremente em paz".

Outra grande consequência dos recentes ata-ques nas vias públicas e comunidades, lembra

por sua vez o académico Alberto Nota, são osdeslocados internos, nomeadamente no distritode Gondola.

Moçambique ainda não vive uma paz efectiva e"épreciso identificar a causa, porque se não setem a causa, ou se não consegue identificar,nunca se pode resolver o problema duma manei-ra radical".

"O Governo tem de ter a capacidade de identi-ficar a causa disto para encontrar uma solução",frisa o académico.

DESLOCADOS AUMENTAM EM GONDOLA

No distrito de Gondola, o número de deslocadostem aumentado devido às incursões dos homensarmados que aterrorizam a região.São cerca de 1.500 deslocados que fugiram das

suas povoações, deixando tudo para trás. Etel-vina Ambasse, administradora do distrito deGondola, condena com veemência os ataquesda Junta Militar e pede à população que esteja"vigilante" perante "esses homens que têm per-petuado essa situação macabra".

"É com ajuda da nossa população que tambémo Governo, junto das autoridades, vai conseguirtrabalhar de modo a estancar essa criminalida-de", considera.

Segundo os deslocados de Gondola, além detorturarem a população, os homens armados têmincendiado as suas casas.

Jeremias João foi uma das pessoas obrigadasa fugir da sua zona de residência: "Nós sofremosmuito por causa dos bandidos que entraram nasnossas zonas. Todas as pessoas deixaram osseus carros para vir ficar aqui em Muda Serraçãoe agradecemos ao Governo que nos deu abrigo".Instado a comentar os ataques em Gondola, oporta-voz da Polícia da República de Moçambi-que em Manica, Mateus Mindú, comentou que asForças de Defesa e Segurança (FDS) estão noterreno para neutralizar os bandidos e respons-abilizá-los pelos seus actos.

"É notória a presença das Forças de Defesa eSegurança ao longo da Estrada Nacional 1 e 6,com vista a garantir a circulação de pessoas ebens e garantindo a ordem e segurança públicaem todos locais susceptíveis de ataques de ho-mens armados que têm vindo aterrorizar aquelecanto do país", garantiu.

"Desta forma, garantimos que a segurança sejamantida não só nestas duas vias, mas tambémno distrito de Gondola no seu todo, que é apeli-dado como palco de ataques militares".

Presidente Filipe Nyusi alerta para consequências de ataques no centro

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10 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 10 DE AGOSTO DE 2020

MOÇAMBIQUE

O Presidente de Moçambique enviou ao Parla-mento uma adenda ao relatório sobre os quatromeses do estado de emergência devido á covid-19, informando que o país já recebeu quase me-tade da ajuda pedida a parceiros, disse fonte par-lamentar.

A informação surge depois de a organizaçãonão-governamental Centro para a Democracia eDesenvolvimento (CDD) ter criticado, em comu-nicado, a ausência de detalhes sobre os apoiosfinanceiros recebidos durante o estado de emer-gência.Numa reacção a essas críticas, fonte parlamen-

tar disse que a informação consta de uma aden-da enviada por Filipe Nyusi ao Parlamento,quase um dia após o envio do relatório do chefede Estado moçambicano.

A 23 de março, o Governo moçambicano pediua parceiros, em Maputo, um apoio financeiro de700 milhões de dólares (594 milhões de euros)para cobrir o défice provocado pela pandemia noOrçamento do Estado (OE) de 2020, bem comopara financiar o combate à doença e dar apoiosaos mais pobres.

Na adenda ao relatório, o chefe de Estado mo-çambicano explica que, dos 700 milhões de dóla-res, Moçambique já recebeu 340,8 milhões dedólares (289 milhões de euros)."Deste montante, recebemos do Fundo Monetá-

rio Internacional 309 milhões de dólares ( 262milhões de euros) para o apoio directo ao Orça-mento e balança de pagamentos e 15 milhões dedólares ( 13 milhões de euros) em forma de alívioao serviço da dívida", lê-se no documento.

Do valor recebido do FMI, biliões de meticais(12 milhões de euros) foram canalizados para oapoio a micro, pequenas e médias empresas,através de uma linha de crédito, acrescenta.

Segundo o documento, além do FMI, outrosparceiros de cooperação optaram por disponibi-lizar apoios diretos ao setor da saúde, num valortotal de 16,8 milhões de dólares (14 milhões deeuros).

"Para salvaguardar a necessária transparênciada nossa intervenção, foi aberta uma conta ban-cária sob gestão do Ministério da Saúde por on-de fluirão os recursos desembolsados pelos par-ceiros", refere o documento, acrescentando queo país aguarda pelo desembolso de vários com-promissos assumidos publicamente.

ONG ACUSA NYUSI DE OMITIR INFORMAÇÕES SOBRE APOIODE PARCEIROS INTERNACIONAIS

O Centro para Democracia e Desenvolvimentoacusou o chefe de Estado moçambicano de teromitido informações sobre os apoios que o paísrecebeu de parceiros no relatório enviado ao par-

lamento sobre os quatro meses de estado deemergência."No seu relatório sobre o fim do estado de emer-

gência submetido à Assembleia da República,Filipe Nyusi não informa aos deputados sobre osapoios e créditos concessionais que Moçambi-que tem estado a mobilizar junto dos parceirosde cooperação para financiar a estratégia deresposta à pandemia da covid-19", lê-se numanota distribuída à comunicação social pela orga-nização não-governamental Centro para Demo-cracia e Desenvolvimento (CDD)."Numa das passagens do relatório, o Presidente

da República reporta a abertura de uma contabancária para facilitar a prestação de contas dosfundos recebidos no âmbito da estratégia deresposta à COVID-19. Mas no documento nãoconsta nenhuma informação sobre o dinheiroque Moçambique recebeu nos últimos quatromeses, muito menos o destino a que foi dado",refere a ONG.O documento do chefe de Estado moçambicano

faz menção a gastos de cerca de 68 biliões demeticais ( cerca de 818 milhões de euros ) comfornecedores de bens e serviços contratados"com recurso a mobilidade de ajuste direto",como uma das medidas "mais flexíveis e céle-res".

Para a ONG, esta opção não é segura e "existeo risco de algumas instituições públicas se teremaproveitado do estado de emergência para fazeradjudicações diretas de empreitadas de obraspúblicas, fornecimento de bens e prestação deserviço", lê-se na nota do CDD.

Por outro lado, segundo a ONG moçambicana,o relatório do chefe de Estado moçambicanotambém omite alegadas violações protagoni-zadas pelas autoridades, que detiveram quasequatro mil indivíduos por alegada desobediênciadurante este período, destacando que, pelo me-nos, quatro pessoas morreram nas mãos da polí-cia alegadamente por desobedecerem às regrasdo estado de emergência.

Em conclusão no relatório, de 46 páginas, ochefe de Estado moçambicano faz um balançopositivo das medidas adotadas face à covid-19,reiterando que o mais importante para Moçambi-que era garantir o adiamento do pico da pande-mia para evitar uma eventual pressão sobre osistema de saúde.

As restrições adoptadas por Moçambique nosúltimos quatro meses incluem limitações quantoa ajuntamentos, interdição de eventos e espaçosde diversão, bem como a obrigatoriedade de usode máscaras.

As escolas também estão encerradas desde 1de Abril, havendo um plano para sua reaberturafaseada, embora ainda sem datas e dependenteda criação de condições de higiene para prevenir

a covid-19."Prevalecendo a incerteza, teremos de, por um

lado, continuar a salvar vidas humanas e, poroutro, retomar a vida socioeconómica de formagradual e cautelosa num novo normal", refere-seno documento de Filipe Nyusi, acrescentando-seque para viabilização das restrições após o fim

dos quatro meses do estado de emergência seráfundamental um "suporte legal", sem, no entanto,avançar detalhes sobre o tipo de instrumentolegal que será necessário.

O relatório foi entregue ao parlamento moçam-bicano foi analisado em sessão extraordinária daplenária na terça-feira.

Filipe Nyusi entregou ao Parlamentoinformação sobre apoios recebidos

COVID-19

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, de-cretou na quarta-feira um novo estado de emer-gência por 30 dias que iniciou sábado, na se-quência da pandemia de covid-19, prevendo du-rante este período o reinício faseado das activi-dades económicas do país.

"Consideramos que esta opção é aquela quemelhor serve aos interesses do nosso povo e sóassim poderemos assegurar o necessário equi-líbrio entre as medidas restritivas e o relança-mento gradual da atividade económica", disseFilipe Nyusi, durante uma comunicação à naçãoa partir da Presidência da República, em Maputo,capital do país.

A decisão, enviada ao parlamento, mantém asrestrições adoptadas quando Filipe Nyusi decre-tou pela primeira vez, a 1 de Abril, o estado deemergência devido à pandemia, que viria a serprorrogado por três vezes consecutivas, o máxi-mo previsto pela Constituição.

O novo estado de emergência foi decretado se-te dias após o término da última prorrogação,abrindo espaço legal para a sua implementação.Entre outras restrições, o novo estado de emer-

gência mantém limitações quanto a ajuntamen-tos, interdição de eventos e espaços de diversão,e obrigatoriedade de uso de máscara

"A decisão de decretar o estado de emergênciavisa não criar um vazio legal de suporte às medi-das de prevenção e controlo da covid-19", de-clarou o chefe de Estado moçambicano.

Apesar de manter as restrições, Filipe Nyusianunciou a retoma faseada das atividades eco-nómicas, dividida em três fases, que serão "ado-tadas de forma gradual e cautelosa" a partir de18 de Agosto.A primeira fase, que começa nesta data, inclui o

reinício das aulas no ensino superior e técnico,nas academias das Forças de Defesa e Segu-rança, e nas instituições de formação de profes-sores e de pessoal de saúde.Também na primeira fase, serão permitidos cul-

tos religiosos, mas o número de participantesnão deve exceder 50, enquanto que nas cerimó-nias fúnebres o número de pessoas permitidaspassa de 10 para 50.

A segunda fase, que começa a 1 de Setembro,prevê a reabertura do cinema, teatros, casinos,ginásios e escolas de condução, entre outrasactividades consideradas de médio risco.A fase três de retoma das actividades económi-

cas, prevista iniciar a 1 de Outubro, abrange oinício das aulas da 12.ª classe, último ano do en-sino secundário em Moçambique.

"Quanto ao ensino pré-escolar, primário e se-cundário geral, a sua retoma está dependente daverificação das condições que forem impostaspelas autoridades sanitárias e os organismos deinspecção, claramente obedecendo à tendênciada pandemia no nosso país", declarou o chefe deEstado, acrescentando que a mesma condiçãose aplica às modalidades desportivas colectivas.Os estabelecimentos de venda de bebidas alco-

ólicas permanecerão encerrados até que se con-firme as condições adequadas para o seu fun-cionamento, frisou Filipe Nyusi.

O Presidente indicou também que será "agiliza-da" a retoma dos voos internacionais, desde querespeitem as medidas de prevenção, acrescen-tando que detalhes sobre este setor serão breve-mente anunciados.Para Filipe Nyusi, Moçambique está a conseguir

evitar a pressão sobre o sistema de saúde e éum exemplo no combate à pandemia na região,mas é ainda notório algum "desleixo e incumpri-mento das medidas de prevenção", acompanha-do por um aumento do número de casos de co-vid-19.

"Cresce o número de aglomerações, cresce onúmero de festas, de bares que funcionamdesafiando as normas e o desrespeito pelo usodas máscaras", afirmou o chefe de Estado, pe-dindo o envolvimento de "cada moçambicano" naluta contra a covid-19.

Presidente da República decretanovo estado de emergência

PRESIDENTE MOÇAMBICANO, FILIPE NYUSI, DIRIGINDO-SE À NAÇÃO

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10 DE AGOSTO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 11

ANGOLA

A Assembleia Nacional recomendou à EntidadeReguladora da Comunicação Social (ERCA) deAngola que passe a anexar, nas próximas vezes,ao relatório de atividades o de execução finan-ceiraA recomendação foi feita no dia 4 Agosto na reu-

nião de apreciação do Relatório de Actividadesda ERCA de 2019, pelas primeira, quarta, quintae sétima comissões de especialidade parlamen-tar.

O relatório parecer conjunto, além da recomen-dação acima referida, exorta igualmente que aERCA seja beneficiada com recursos para aqui-sição de bens, serviços e equipamentos para ocumprimento das suas competências e que con-tinue a acompanhar a actividade da Comunica-ção Social ao nível das províncias, com visitas deconstatação e a realização de palestras e coló-quios sobre o rigor na informação jornalística e odevido esclarecimento sobre a sua actividade.

Ao órgão regulador foi também recomendadoque estimule os órgãos de Comunicação Social apautarem-se pelo estrito cumprimento das nor-mas técnicas do exercício do jornalismo e da éti-ca e deontologia profissionais, especialmente noque se refere à actividade publicitária, devendopara o efeito fiscalizar o cumprimento do estipu-lado na Constituição e na Lei da Publicidade."Que a ERCA recomende aos órgãos de Comu-

nicação Social a diversificarem, as suas fontesde financiamento, para salvaguardarem a suaindependência perante os poderes económicos,políticos e religiosos", sugere também o Parla-mento.

"CONTROLO CONTABILÍSTICO É FEITO PELO TRIBUNAL DE CONTAS"

O presidente da ERCA, Adelino de Almeida, afir-mou que não se opõe ao pedido de que, dora-

vante, os relatórios de supervisão da actividadejornalística angolana sejam acrescidos do rela-tório de execução financeira.

Entretanto, durante o debate, o presidente daquarta comissão, Tomás da Silva, esclareceuque a fiscalização da Assembleia Nacional incidefundamentalmente nas actividades das institu-ições sujeitas a controlo parlamentar, enquanto ocontrolo contabilístico é feito pelo Tribunal deContas, por isso não deve ser feito "finca-pé"nesse sentido.Adelino de Almeida frisou ainda que, como qual-

quer instituição pública, a ERCA recebeu umadotação do Estado, contudo insuficiente para aexecução das suas actividades.

"Inclusivamente, foi também ali esclarecido quea nossa verba faz parte da dotação orçamentalda Assembleia Nacional, era o que acontecia atéagora com a ERCA e a Provedoria de Justiça",afirmou, acrescentando que deixou de ser assimpara a Provedoria de Justiça, continuando aERCA vinculada ao Parlamento.

Segundo Adelino de Almeida, em 2019, a dota-ção orçamental foi "absolutamente insuficiente","por isso, até agora, não se conseguiu instalar odepartamento de análise e supervisão da im-prensa, que impede uma análise sistemática dosconteúdos dos meios de Comunicação, não sóem Luanda, como em todo o país".

CRÍTICAS E OBSERVAÇÕES AOCOMPORTAMENTO DA IMPRENSA

Relativamente ao acompanhamento da activi-dade jornalística fora da capital angolana, Luan-da, Adelino de Almeida afirmou que para esteano, devido à pandemia de Covid-19, já não seráfeita "grande coisa", mas o compromisso, queconsta do plano de actividade, são visitas regu-lares a todas as províncias, para se sentir "o pul-sar da Imprensa".

No decorrer da discussão foram feitas váriascríticas e observações ao comportamento da Im-prensa, que Adelino de Almeida considerou"compreensíveis".

No relatório do ano passado, o presidente daERCA destacou as visitas que foram feitas a todoo país, especialmente no âmbito da preparaçãoda Assembleia-geral dos Jornalistas, que levou àaprovação da Comissão de Carteira e Ética eaprovação do Código de Conduta.

O partido no poder em Angola, o MPLA, admitepela primeira vez a possibilidade de adiar aseleições autárquicas este ano por causa doCovid-19. A UNITA diz que é um pretexto para adefesa de interesses partidários.

Mário Pinto de Andrade, secretário para os As-suntos Eleitorais do Bureau Político do Movi-mento pela Libertação de Angola (MPLA), o par-tido no poder, afirma que não há condições paraa realização das eleições autárquicas este ano.

Em declarações à Rádio Nacional, o políticoapontou como causa do adiamento a pandemiade Covid-19 e afirmou não haver de momento"condições objectivas” para levar o escrutínioavante. "Aliás, nós temos estado ao nível doMPLA e dos partidos da oposição, a participaronline de outros países aqui da África Austral querealizaram eleições legislativas em que as pes-soas pedem-nos para termos cautela porque aexperiência deles foi, de facto, muito má”, decla-rou Pinto de Andrade.

UNITA CONTESTA

A União Nacional para a Independência Total deAngola (UNITA), o maior partido da oposição,"repudia e condena” a posição do MPLA. Numanota de imprensa, o partido do “Galo Negro”, “en-

tende que a Covid-19, apesar de ser uma reali-dade do Mundo e de Angola, não pode parar avida política do país”.A UNITA apela ainda à sociedade em geral que

não deixe que um pequeno grupo apegado aoque chama de "caprichos e interesses” atrase aconclusão do pacote legislativo autárquico e aconsequente implementação.O politólogo e analista angolano David Sambon-

go já não tem dúvidas que as autárquicas vão seradiadas: "não havendo toda a conclusão dos dis-positivos legais que vão orientar o funcionamen-to e a implementação das autarquias locais, jánão há tempo para este ano se materializar estedesiderato”.

Também para Sambongo a Covid-9 não podeser uma razão para o adiamento. "Nós estamosa ver noutros pontos do mundo a convocação deeleições autárquicas. É o caso de Cabo Verdeque chegou à conclusão de que a realização dasautarquias seria dia 25 de Outubro. Penso que ademocracia não se adia”, afirmou Sambongo

PERIGO DE ATRASO DO DESENVOLVIMENTO LOCAL

Até agora ainda não foi tomada uma decisãodefinitiva. Recentemente, o presidente do Parla-mento, Fernando da Piedade Dias dos Santos,

considerou que "ainda é cedo” para se falar so-bre o adiamento das eleições.

Mas o ano parlamentar encerra já no próximodia 15 deste mês, sem que tenha ainda sidoaprovada a proposta de lei sobre a institucionali-zação das autarquias locais. A AssembleiaNacional só volta a reunir a 15 de Outubro.

O analista David Sambongo diz que a não im-plementação das autárquicas este ano podeatrasar o desenvolvimento local. "Sendo um es-paço de distribuição geográfica do poder, dá apossibilidade para que os cidadãos, ali onde resi-dem possam estruturar e definir aquilo que sãoas suas prioridades”, explicou o analista.

O Sindicato dos Jornalistas Angolanos está pre-ocupado com eventual interferência na linha edi-torial da “TV Zimbo”, no jornal “O País” e “RádioMais”, que passaram para a esfera do Estado.Governo promete manter a pluralidade.

Segundo o Serviço Nacional de Recuperaçãode Activos, a “TV Zimbo”, o jornal “O País” e a“Rádio Mais” foram criados com fundos públicos.Por isso, na semana passada, a gestão destes

órgãos passou para o Estado angolano, no âmbi-to do combate à corrupção em curso no país.

O grupo Média Nova, detentor da “TV Zimbo”,jornal “O País” e a “Rádio Mais”, pertencia a Leo-poldino do Nascimento "Dino" e Hélder VieiraDias "Kopelipa", antigas figuras próximas do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

Teixeira Cândido, secretário-geral do Sindicatodos Jornalistas Angolanos (SJA), garante que osempregos dos profissionais estão salvaguarda-dos. Mas está preocupado com uma eventualinterferência do Estado na linha editorial destesórgãos.

"Ao contrário dos órgãos públicos já conheci-dos, a linha editorial destes órgãos é muito maisplural. Pelo menos tem possibilitado mais vozes”,lembra o secretário-geral do SJA.

"Os órgãos de Comunicação Social públicosnos últimos anos, fundamentalmente desde queo Presidente João Lourenço assumiu o poder,têm ensaiado também maior abertura. Não hácomparação, esses órgãos de ComunicaçãoSocial que eram privados inicialmente, agorapúblicos vinham já tendo essa perspectiva, essaabertura. Essa pluralidade era maior nesses ór-gãos de Comunicação Social", conclui

ESTADO PROMETE NÃO INTERFERIR NA LINHA EDITORIAL

Manuel Homem, ministro das Telecomunica-ções, Tecnologias de Informação e ComunicaçãoSocial, órgão que agora tutela o grupo, garantiuque o Estado não vai interferir na linha editorialdestes órgãos.

O secretário-geral do SJA espera que estes ór-gãos continuem a "manter esta postura plural" einsta os jornalistas que aí trabalham a serem osprimeiros defensores da linha editorial.

"Porque a postura destes órgãos contribui deci-sivamente para a cidadania. Esperamos que issose concretize e que isso continue. Gostaríamosque os jornalistas destas casas fossem os pri-meiros defensores das liberdades de Imprensa eda pluralidade destes órgãos", sublinhou TeixeiraCândido.

Governo angolano ponderaadiar eleições autárquicas

Parlamento quer Entidade Reguladora da Comunicação Social a prestar contas

Pluralidade da TV Zimbo, O País e Rádio Mais tem os dias contados?

Os estrangeiros que trabalham em Angolamas não conseguiram regressar ao país devi-do ao fecho de fronteiras podem ficar sem re-ceber salários, se não tiverem uma conta do-miciliada num banco angolano, admitiu umaespecialista da PwC.

Segundo um aviso divulgado na terça-feirapelo Banco Nacional de Angola (BNA), os tra-balhadores estrangeiros em Angola terão obri-gatoriamente de receber o salário numa contadomiciliada num banco angolano, através doqual poderão transferir as remunerações parao exterior.Assim, deixa de ser possível que essa trans-

ferência seja feita através da conta da entida-de empregadora domiciliada num banco emAngola directamente para a conta do traba-lhador no estrangeiro.

Trabalhadores retidos noestrangeiro sem conta no paíspodem ficar sem receber salários

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12 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 10 DE AGOSTO DE 2020

ANGOLA

O Governo português doou a Angola equipa-mentos para a testagem de covid-19, na provín-cia angolana da Huíla, com capacidade pararealizar 126 testes por dia e resultados em 24horas.A entrega simbólica do material foi realizada, em

Luanda, pelo embaixador de Portugal em Ango-la, Pedro Pessoa e Costa, no aeroporto interna-cional 4 de Fevereiro, ao secretário de Estadopara a Ciência, Tecnologia e Inovação, Domin-gos da Silva Neto.

O material tem como destino a Faculdade deMedicina da universidade Mandume Ya Ndemu-fayo, na cidade do Lubango, província da Huíla,e está composto por um aparelho de PCR-RT,que será instalado no laboratório da instituiçãouniversitária.

Na sua intervenção, o embaixador de Portugalem Angola referiu que a entrega do equipamentovai permitir reforçar a capacidade laboratorial daprovíncia da Huíla e a resposta angolana à pan-demia da covid-19.“Este é mais um exemplo da cooperação e ami-

zade estreita e profícua entre Portugal e Angolano domínio da investigação e saúde e que impor-ta aprofundar hoje mais do que nunca, atenden-do a actual e brutal presente crise epidemiológi-ca”, disse Pedro Pessoa e Costa.

Segundo o embaixador português, esta iniciati-va resulta de uma parceria de vários centroscientíficos de excelência, designadamente oCentro de Investigação em Biodiversidade e Re-cursos Genéticos, da Universidade do Porto, ocentro para a formação avançada para cientistasoriundos de países de língua Oficial portuguesa.

“E também foi criada em Lisboa, sob os auspí-cios da UNESCO e o Instituto de Higiene e Medi-cina Tropical e a Universidade Nova de Lisboa ea Fundação para a Ciência e a Tecnologia”,acrescentou.

Além da amizade que une os dois países, real-çou o diplomata português, o ato tem em comuma língua portuguesa, que une os dois povos “e seconcretiza diariamente com este tipo de iniciati-vas”.Ao laboratório da Faculdade de Medicina serão

igualmente entregues equipamentos acessórios

de testagem, enzimas, reagentes, bem comoequipamentos de biossegurança.

“Esta acção de capacitação inclui também for-mação técnica de profissionais de saúde da pro-víncia da Huíla, tendo também em vista a parti-cipação angolana em futuros projectos de inves-tigação no âmbito do combate às doenças infec-ciosas em África”, indicou Pedro Pessoa e Costa.

Por sua vez, o secretário de Estado para aCiência, Tecnologia e Inovação de Angola, Do-mingos da Silva Neto, agradeceu o gesto e esteequipamento vai reforçar os esforços que o Go-verno angolano está a desenvolver para o con-trolo da pandemia.

“Neste caso, vamos reforçar a capacidade nu-ma província que se encontra num eixo bastanteestratégico do nosso território nacional, que é oeixo centro-sul”, disse.

Já o reitor da Universidade Mandume Ya Nde-mufayo, Orlando da Mata, frisou que a Huíla atéao momento não realizava testes de covid-19,sendo as amostras enviadas para Luanda, peloque é um contributo para a despistagem do vírus.

A companhia aérea angolana TAAG anunciouque o primeiro dos seis aviões Dash8-400 adqui-ridos ao construtor aeronáutico canadiano DeHavilland Aircraft, chegou ao país, “devendo unirAngola e os angolanos a baixo custo”.

A imprensa angolana noticiou, em Abril, que asseis aeronaves vão custar ao Estado angolanocerca de 118 milhões de dólares.

Segundo o director comercial da TAAG, CarlosVon Hafe, a introdução de novas aeronaves dotipo Dash8-400, cuja frota deve estar completaaté Maio de 2021, deve “unir o país de uma for-ma mais confortável e com margem para redu-ção das tarifas”.O responsável que falava em conferência de im-

prensa, em Luanda, afirmou que a nova frota devoos de origem canadiana vai contribuir para a“redução dos custos operacionais da empresaem cerca de 30%, sobretudo nas rotas onde vaioperar”.

A TAAG elegeu as rotas Dundo (província daLunda Norte), Saurimo (Lunda Sul), Luena (Moxi-

co) e Menongue (Cuando-Cubango), para operarnuma primeira fase com o Dash8-400.Carlos Von Hafe assegurou que as seis aerona-

ves farão a cobertura doméstica, “no médio pra-zo”, e para além das rotas onde a companhia jáopera no país, a primeira aeronave deve aumen-tar o nível de frequência com abertura das rotasUíje, Malanje e Mbanza Congo.

A aeronave será alocada, numa segunda fase,para determinadas rotas regionais, nomeada-mente, Ponta Negra e Brazzaville (Congo), SãoTomé e Lusaca (Zâmbia), sublinhou.

O modelo Dash8-400 tem a capacidade de 74lugares, dos quais, 64 em classe económica e 10em executiva.

De acordo com o director comercial da trans-portadora angolana, as aeronaves surgem noâmbito da modernização da frota da companhiacom nova identidade visual nas linhas gráficas,nas cores e no logótipo da marca.Com as novas aeronaves, notou o responsável,

a companhia quer garantir um elevado rigor nasnormas de segurança, aumentar a pontualidadepara mais de 90% e aumentar a regularidade nasoperações domésticas e internacionais.

“Também queremos garantir menos cancela-mento nos voos domésticos”, rematou.

Os actuais Boeing 737 e 777 devem migrargradualmente para a nova imagem de marca.

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanosangolano disse que Angola e Portugal "colabo-ram permanentemente" no combate ao tráfico depessoas, sobretudo crianças, com o controlo re-gular da circulação de pessoas e bens nas rotasaéreas.

Segundo Francisco Queirós, a cooperação en-tre Angola e Portugal nesse domínio é igualmen-te extensiva a outros países, porque normalmen-te são as rotas comerciais da aviação civil quesão aproveitadas pelos traficantes para fazeremo fluxo da sua atividade.

"Portugal é o país com o qual Angola tem maistráfego de pessoas e bens, mas há outros desti-nos com os quais Angola tem essa relação decontrolo de circulação de pessoas e bens. Ostraficantes olham para essas vias e aproveitamas debilidades que possam existir em ambos oslados", afirmou o governante, quando questiona-do pela Lusa.

De acordo com Francisco Queirós, pessoasvulneráveis à exploração sexual, exploração dotrabalho infantil e a exploração para comerciali-zação de órgãos humanos constituem o perfil davítima do tráfico de seres humanos no país.

Os "criminosos preferem sobretudo a parte dotráfico sexual, tráfico de seres humanos comomulheres e homens para a exploração sexual, hátambém o tráfico de crianças para fins de explo-ração do trabalho infantil".Mas, observou, "há um fenómeno muito preocu-

pante a nível internacional que é a extração deórgãos humanos, com filas grandes no mercadointernacional para poderem fazer o transplante, eentão os traficantes aproveitam-se dessas ne-cessidades para poderem traficar também".

Na palestra dirigida a conservadores e técnicosdos serviços de registos e notariado foram abor-dados temas como a prevenção sobre tráfico deseres humanos nos serviços de Registos e No-tariado e a Apátrida/falta de registo de nascimen-to como risco para o tráfico.

CRIANÇAS TRAFICADAS PARA O EXTERIORCOM “DOCUMENTOS LEGAIS”

O Governo angolano assumiu que muitas víti-mas de tráfico no país, sobretudo crianças, "tran-sitam com documentos legais", defendendo o"reforço no serviço de proteção de menores nãoacompanhados" a nível dos serviços de registose notariado.

Em declarações aos jornalistas à margem deuma palestra sobre Tráfico de Seres Humanosem Angola, o ministro da Justiça e dos DireitosHumanos de Angola, Francisco Queirós, referiuque a base de dados do organismo que dirigetem o registo de cerca de 100 casos de tráfico deseres humanos, dos quais 30 estão em investi-

gação."Constatou-se que muitas pessoas que são víti-

mas de tráfico transitam com documentos legais,são documentos emitidos legalmente, são emiti-dos para transportar legalmente, sobretudo cri-anças não acompanhadas, declarações que sãoreconhecidas notarialmente", afirmou.

O governante defendeu "uma melhor prepara-ção" dos serviços de registos e notariados "paranão colaborarem inconscientemente com as re-des internacionais de tráfico de seres humanos".Segundo Francisco Queirós, em 2019 as autori-

dades angolanas investigaram 27 casos de tráfi-co de seres humanos, sendo que muitos transi-taram em julgado.

No entanto, para o ministro da Justiça e dos Di-reitos Humanos angolano, a nível do país a si-tuação do tráfico de seres humanos "ainda não écalamitosa ou alarmante".

"Para que nunca cheguemos a esta situação,para que nunca atinjamos níveis que perturbem",é “preciso “trabalhar muito”, realçou.A cooperação entre vários organismos do Esta-

do como o Ministério do Interior e as polícias, oServiço de Migração e Estrangeiros e com toda arede de segurança interna contribui, segundo ogovernante, para o controlo e combate do tráficode pessoas.As acções "devem contar também com as auto-

ridades internacionais como a Interpol e outras,porque Angola está, por exemplo, inscrita na ba-se de dados da SADC (Comunidade Desenvol-vimento da África Austral) e desta forma articula-da é possível reprimir e sobretudo prevenir o trá-fico de seres humanos", disse.Angola conta com várias disposições legais so-

bre protecção e combate do tráfico de seres hu-manos, tem uma comissão interministerial paracombater este crime e aprovou em Fevereiropassado o Plano de Ação Nacional de Prevençãoe Combate ao Tráfico de Seres Humanos.

Luanda assinala “permanente colaboração” com Portugal no combate ao tráfico de pessoas

Portugal disponibiliza equipamento paratestagem da covid-19 na província da Huíla

DIRECTOR COMERCIAL DA TAAG, CARLOS VON HAFE, FALANDO A IMPRENSA

TAAG afirma que novas aeronaves Dash8-400devem unir os angolanos a baixo custo

O Governo angolano vai assinar com quatrobancos comerciais memorandos de entendimen-to para a operacionalização do Projecto de Apoioao Crédito (PAC), que fica assim reforçado emmais 24,7 biliões de kwanzas (37,6 milhões deeuros).

Segundo uma nota de imprensa do Ministérioda Economia e Planeamento, este reforço pode-rá crescer com a adesão de outros bancos, quetêm manifestado interesse em juntar-se a esteinstrumento de financiamento do Programa deApoio à Produção Nacional, Diversificação dasExportações e Substituição das Importações(PRODESI), que já conta com 198 mil milhões dekwanzas (30,2 milhões de euros), provenientesde outros nove bancos comerciais.

"Com a adesão destes quatro novos bancos, oPAC tem disponíveis em total de 222,7 biliões dekwanzas (339,6 milhões de euros) para financiarprojetos inseridos no PRODESI", refere a nota.

Também o Fundo Ativo de Capital de Risco An-golano (FRACA) vai assinar contratos com oitosociedades de microcrédito, que vão operacio-nalizar a terceira linha de crédito das medidas dealívio dos efeitos económicos e financeiros ne-gativos avaliada em quatro mil milhões de kwan-zas (6,1 milhões de euros).A referida linha pretende dinamizar a actividade

de micro negócios nos setores de processamen-to alimentar, logística e distribuição de produtosagroalimentares e de pesca, reciclagem de resí-duos sólidos urbanos, produção cultural e artísti-ca, desenvolvimento de softwares, bem comooutros produtos e serviços que constituem acadeia de agronegócio.

Projecto de Apoio ao Crédito vai serreforçado com mais37,6 milhões de euros

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10 DE AGOSTO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 13

LUSOFONIA

O vice-primeiro-ministro cabo-verdiano afirmouno parlamento que vai iniciar em 2021 um planode regularização das dívidas do Estado ao Ins-tituto Nacional de Previdência Social (INPS), quea oposição quantifica em 35 milhões de euros.

A posição foi assumida por Olavo Correia, queé também ministro das Finanças, durante o de-bate na especialidade da proposta de lei do Or-çamento do Estado Rectificativo para 2020, ela-borado devido à pandemia de covid-19, ao serconfrontado com uma proposta da oposição parainscrever no documento uma “verba simbólica”para iniciar o pagamento da dívida ainda esteano.

Para Olavo Correia, o Orçamento Rectificativoque chega agora ao parlamento “tem outras prio-ridades”, nomeadamente o investimento na saú-de e no apoio à economia, empresas e famíliasafectadas pela pandemia. Acrescentou que de-corre uma negociação com o INPS, que gere as

pensões em Cabo Verde, para um “calendário deregularização” da dívida pública, no âmbito dascontribuições dos trabalhadores.

“No Orçamento do Estado para 2021, o Gover-no acordará com o INPS um plano de regulariza-ção”, afirmou Olavo Correia.Nas contas reveladas pelos deputados do Parti-

do Africano da Independência de Cabo Verde(PAICV, oposição), a administração central e ser-viços autónomos do Estado têm em atraso con-tribuições para o INPS no valor de 862 milhõesde escudos (7,7 milhões de euros), da adminis-tração local de 948 milhões de escudos (8,5 mi-lhões de euros), das empresas públicas de 1.481milhões de escudos (13,3 milhões de euros) e deinstitutos públicos no valor de 572 milhões deescudos (5,1 milhões de euros).

Trata-se assim de uma dívida superior a 3.863milhões de escudos (cerca de 34,8 milhões deeuros), tendo o PAICV apresentado uma propos-

ta para incluir no Orçamento do Estado Rectifi-cativo uma dotação de 363 milhões de escudos(3,2 milhões de euros) para já este ano “regula-rizar parte da dívida da contabilidade pública” aoINPS.

A proposta acabou por ser chumbada pelamaioria parlamentar do Movimento para a De-mocracia (MpD).

O INPS tem como vocação principal gerir o sis-tema de previdência social dos trabalhadores porconta de outrem em Cabo Verde, pagando váriostipos de pensão. Dos beneficiários do INPS, 41%são segurados ativos (trabalhadores), 48,6%familiares e 6,1% são pensionistas, entre outros.

O vice-primeiro-ministro cabo-verdiano, OlavoCorreia, afirmou que sem a intervenção do Esta-do a Cabo Verde Airlines (CVA) “desaparecerá”,mas garantiu que esse apoio será em função daresponsabilidade que detém no capital social dacompanhia.

“Sem o Estado a intervir na empresa, como ac-cionista, a empresa desaparecerá, temos de serclaros nessa matéria. É assim em Cabo Verde, éassim em Portugal, é assim na Alemanha, éassim na Inglaterra e é assim na maior parte dospaíses”, afirmou Olavo Correia, que é tambémministro das Finanças, ao intervir no parlamento,no anual debate sobre o estado da Nação.

Em causa está uma companhia privatizada emmarço de 2019, liderada desde então por investi-dores islandeses, em que o Estado ainda detémuma participação no capital social de 39%, masque está parada há mais de quatro meses devi-do à pandemia de covid-19, com a suspensão detodos os voos internacionais para o arquipélago.“O Estado é ainda accionista da empresa. Aliás,

a nossa estratégia inicial era privatizar 100% daempresa, mas é óbvio que neste contexto seráde todo impossível privatizarmos a empresa a100%”, afirmou Olavo Correia, quando question-ado no parlamento sobre o futuro da companhiaaérea.

Há várias semanas que são conhecidas nego-ciações entre o Governo e a administração daCVA sobre o apoio estatal à companhia, aindasem entendimento, numa altura em que a retomados voos internacionais em Cabo Verde é pers-pectivada para Agosto corrente.

Contudo, o vice-primeiro-ministro deixou oaviso: “O Estado só intervirá na medida que é asua responsabilidade no capital social da empre-sa. E isso é uma obrigação do acionista”.

Acrescentou que é necessário encontrar nocurto prazo “uma solução para viabilizar a em-presa, até que o mercado da aviação internacio-nal se recomponha”.

Em Março de 2019, o Estado de Cabo Verde

vendeu 51% da então empresa pública TACV(Transportes Aéreos de Cabo Verde) por 1,3 mil-hões de euros à Lofleidir Cabo Verde, empresadetida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF(grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) eem 30% por empresários islandeses com expe-riência no setor da aviação (que assumiram osrestantes 15% da quota de 51% privatizada).

O Governo cabo-verdiano concluiu este ano avenda de 10% das ações da CVA a trabalhado-res e emigrantes, mas os 39% restantes, quedeveriam ser alienados em bolsa, a investidoresprivados, vão para já ficar no domínio do Estado,decisão anunciada pelo executivo devido aosefeitos da pandemia.“No curto prazo, tendo em conta as implicações

da covid-19 na aviação civil, o Estado não podesair da empresa. Pelo contrário, o Estado tem deassumir o seu compromisso com a empresa paraa poder transformar numa empresa saudávelfinanceiramente e colocá-la ao serviço da econo-mia cabo-verdiana”, sublinhou Olavo Correia.

Explicou que a “solução” para a CVA terá depermitir a sua transformação numa empresa“sustentável” e ancorada na ligação à diáspora,ligação aos principais destinos na Europa e emÁfrica, mas também utilizando a companhia para“ajudar à retoma económica” do arquipélago.

A administração da CVA esclareceu esta sem-ana que a recente aprovação de uma garantiaestatal de 12 milhões de dólares (10,2 milhõesde euros) foi uma “formalidade” de um emprésti-mo anterior e que a companhia necessita de no-va injecção financeira para “melhorar a liquidez”.

Questionado pela Lusa sobre o aval aprovadopelo Governo cabo-verdiano ao empréstimo, oconselho de administração explicou que essagarantia “não faz parte da discussão futura definanciamento em andamento entre os accionis-tas”.“Essa garantia do Estado é apenas uma formali-

dade final entre o Estado e o banco IIB, exigidaem conjunto com a participação do Estado nascontribuições anteriores dos acionistas à compa-nhia aérea. Por esse motivo, a garantia do Esta-do não disponibilizará mais fundos em dinheiropara a companhia aérea no momento”, esclare-ceu a companhia.

Contudo, a administração assume que aguardacom “expetativa e esperança” de que “outrasacções sejam tomadas eminentemente pelosacionistas da companhia aérea, a fim de melho-rar a liquidez atual da empresa em benefício deseus funcionários, credores e todas as demaispartes interessadas”.

Antes da crise provocada pela pandemia decovid-19, a administração da CVA já tinha apon-tado que a companhia necessitava com urgênciade um empréstimo de longo prazo para garantira sua operacionalidade.

A CVA transportou quase 345 mil passageirosno primeiro ano após a privatização (1 de Marçode 2019 a 28 de Fevereiro de 2020) de 51% dacompanhia, um aumento de 136% face ao perío-do anterior, segundo dados fornecidos pela em-presa.

O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Cor-reia e Silva, disse que o arquipélago enfrentatempos “difíceis” em termos sociais e económi-cos, devido à pandemia de covid-19, prometendo“transformações” para convencer os credores aaliviar a dívida a externa.

Ao abrir o anual debate sobre o estado da Na-ção, na Assembleia Nacional, o último da legis-latura iniciada em 2016, o primeiro-ministro fezum balanço dos últimos quatro anos e admitiu asdificuldades criadas em 2020 pela pandemia,que vieram cortar um crescimento económicoque, disse, se aproximava dos 7% ao ano.

“Os próximos tempos serão difíceis em termossociais e económicos. Estamos empenhados nagestão da crise, em dar o máximo para respon-der à situação atual. Temos uma agenda forte emfase de construção e finalização até Setembro,orientada para a aceleração das transformaçõesestruturais e que se devem adaptar ao novo con-texto do mundo pós-covid”, enfatizou.

Essas transformações, explicou, passam pelodesenvolvimento do capital humano, pela saúdee segurança sanitária, pela transformação digital,pela transição energética e a estratégia da águae pela economia azul. Isto de forma a “posicionarCabo Verde como um país com uma economiado conhecimento, um país seguro, com uma eco-nomia eficiente, competitiva, resiliente, diversifi-cada e alinhada com as grandes tendências daeconomia verde”, e incluindo “um turismo seguroe com maior efeito multiplicador” em todas asilhas.

“É com estas estratégias incorporadas naAgenda 2030, que iremos convencer os credoresinternacionais e as instituições financeiras dabondade da nossa proposta de alívio da dívidaexterna para libertar recursos para o financia-mento de investimentos estruturantes para o fu-turo”, afirmou, quando o Governo prevê fechareste ano com um 'stock' de dívida pública (inter-na e externa) equivalente a mais de 145% doProduto Interno Bruto (PIB).Garantiu, por isso, que o momento atual é “deci-

sivo para a nação cabo-verdiana”, mas que nãoé “para a cedência a soluções fáceis, ao populis-mo e ao bloqueio das condições face aos proble-

mas que são graves”.“É o momento para responder com verdade e

realismo, é um momento difícil, que tem de servencido, do ponto de vista económico, sanitário esocial. É um momento de resolver problemas, deproteger, mas de lançar a construção do futuro”,disse ainda, perante os deputados.

A Assembleia Nacional cabo-verdiana recebeuo último debate sobre o estado da Nação daactual legislatura, tendo em conta a realizaçãode eleições legislativas no primeiro semestre de2021, marcado pela pior crise económica da suahistória, devido à pandemia.Ulisses Correia e Silva afirmou que em momen-

tos difíceis "é preciso" saber "motivar" e "levan-tar", sublinhando que o seu "compromisso" écom o país e "não com as próximas eleições".

A quebra no turismo, que representa 25% doPIB de Cabo Verde, é a consequência económi-ca mais visível da pandemia. O país está fecha-do a voos internacionais desde 19 de Março eestima perder mais de meio milhão de turistasaté final do ano, face ao recorde de 819.000 visi-tantes em 2019.

Este debate do estado da Nação, aberto peloprimeiro-ministro, aconteceu no dia seguinte àaprovação pelo parlamento da proposta de Orça-mento do Estado Retificativo para 2020, queascende a 75.084.978.510 escudos (679,1 mi-lhões de euros), entre despesas e receitas, in-cluindo endividamento, o que representa umaumento de 2,6% na dotação inscrita no Or-çamento ainda em vigor.

O Orçamento do Estado em vigor previa umcrescimento económico de 4,8 a 5,8% do PIB em2020, na linha dos anos anteriores, uma inflaçãode 1,3%, um défice orçamental de 1,7% e umata-xa de desemprego de 11,4%, além de umnível de endividamento equivalente a 118,5% doPIB.

Estas previsões são drasticamente afectadaspela crise económica e sanitária, reflectidasnesta nova proposta orçamental para 2020: umarecessão económica que poderá oscilar entre os6,8% e os 8,5%, uma taxa de desemprego dequase 20% até final do ano e um défice orçamen-tal a disparar para 11,4% do PIB.

Cabo Verde quer convencer credoresinternacionais a aliviar dívida

“Sem intervenção do Estado naCabo Verde Airlines companhiadesaparece” - diz primeiro-ministro

Governo de Praia inicia em 2021 regularizaçãode dívida a instituto que gere pensões

O Século de Joanesburgoinformação e actualidade

PRIMEIRO-MINISTRO DECABO VERDE, ULISSES

CORREIA E SILVA

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14 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 10 DE AGOSTO DE 2020

LUSOFONIA

A ocupação hoteleira em Macau foi de 12,3% emJunho e 27,2% no primeiro semestre, menos77,6 e 63,9 pontos percentuais, respectivamente,comparando com os períodos homólogos de2019, informaram as autoridades.

No primeiro semestre de 2010, segundo a Di-recção dos Serviços de Estatística e Censos(DSEC), “os hotéis e pensões hospedaram1.830.000 indivíduos, menos 73,5%, face aoidêntico semestre de 2019, enquanto o períodomédio de permanência dos hóspedes correspon-deu a 1,7 noites, mais 0,2 noites”.

Já no mês de Junho, “os hotéis e pensões hos-pedaram 134.000 indivíduos, menos 88%”, deta-lharam as autoridades.

Os hotéis de cinco estrelas foram os que regis-taram o maior impacto face à ausência de turis-tas devido à pandemia da covid-19: menos 84,7pontos percentuais no mês de Junho, ficandoapenas com uma taxa de ocupação de 5,5%.Devido às restrições fronteiriças ainda em vigor,

os números de hóspedes da China (67 mil) e deHong Kong (11 mil) desceram mais de 90%, emtermos anuais, acrescentou a DSEC em comuni-cado.No mês de Junho, explicou a DSEC, “não se re-

gistou nenhum visitante em excursões no territó-rio, devido à manutenção das medidas de qua-rentena à entrada”.“No primeiro semestre de 2020 o número de vis-

itantes em excursões totalizou 253.000, menos94,9%, face ao semestre homólogo de 2019”.

Em 2019, mais de 14 milhões de pessoas fica-ram alojadas nos hotéis e pensões de Macau.

Macau foi dos primeiros territórios a identificarcasos de covid-19, antes do final de Janeiro.O último, o 46.º, detectado a 25 de Junho, quan-

do já não havia registo de novos casos desde 9de Abril, já recebeu alta hospitalar. Macau nãoregistou nenhuma morte relacionada com adoença e não identificou qualquer infectado entreos profissionais de Saúde.

O responsável do Programa Alimentar Mundialem Timor-Leste alertou para os riscos de a pan-demia da covid-19 agravar as condições alimen-tares e de nutrição de uma parte da populaçãotimorense, já vulnerável.

“Timor-Leste não produz alimentos suficientespara alimentar a população. Setenta por cento doarroz consumido é importado, mas com a covid-19, muitos dos países fornecedores suspende-ram as exportações”, disse Dangeng Liu.

“Ainda assim a covid-19 pode servir como aler-ta para a necessidade de uma política agrícolaadequada, para evitar que crises como estas setransformem em crises alimentares”, frisou.Dageng Liu falava num encontro com jornalistas

em Díli para dar conta dos vários programas queo PAM tem vindo a desenvolver em Timor-Lestedesde que começou a operar no país, em 1999.A acção do Programa está centrada, nos últimos

anos, no apoio à ação do Governo para alcançaros objetivos de desenvolvimento sustentável,particularmente a erradicação da fome e da mal-nutrição.

Liu frisou que a questão da nutrição é especial-mente importante, nomeadamente entre as cri-anças, com Timor-Leste a continua a registar osníveis mais elevados de nanismo entre criançascom menos de cinco anos, da região da Ásia ePacífico.

“A questão tem a ver com a alimentação, mastambém com questões como saúde, água esaneamento e mudanças de comportamento”,afirmou.

Tanto Dageng Liu como o secretário de Estadoda Comunicação Social, Merício Akara, que par-ticipou no encontro, apelaram aos jornalistaspara ajudarem na defesa a estas estas questões.

Merício Akara disse que o Governo tomou já asdecisões políticas no sentido de “minimizar osefeitos económicos da pandemia” e que estáagora na fase de execução das medidas, reafir-mando o seu empenho em reativar a economianacional.

Ao mesmo tempo, Akara pediu aos jornalistasque deem algum destaque a “notícias positivas”sobre o país, inclusive nas questões como aação do PAM e de outras entidades para combat-er os problemas de nutrição do país.

O PAM iniciou as suas operações em Timor-Leste em outubro de 1999, com um orçamentode 26,4 milhões de dólares para a operação deemergência de apoio aos deslocados internosdevido à onda de violência depois do referendode 30 de agosto desse ano.A operação inicial previa a distribuição de quase

26 mil toneladas de ajuda alimentar a mais de400 mil pessoas durante seis meses.

A organização manteve o seu apoio em 2002 eem 2003 canalizou apoio a comunidades afe-tadas pelas secas e inundações.

Entre 2004 e 2007, a PAM lançou o projecto“Invest in the Future” concentrando-se no Pro-grama de Alimentação Escolar, na saúde mater-noinfantil e na preparação e resposta a situaçõesde emergência, tendo apoio deslocados internos.

Nos anos seguintes, e até 2011, o PAM traba-lhou em conjunto com o Ministério do Turismo,Comércio e Indústria para apoiar no fortaleci-mento das condições alimentares locais, dire-cionada para populações vulneráveis e que vi-viam com insegurança alimentar.

A organização apoiou o estabelecimento inicialda produção de Timor Vita.

Entre 2012 e 2014, o PAM transferiu a respon-sabilidade do Programa de Alimentação Escolarao Governo de Timor-Leste, centrando-se na as-sistência técnica no desenvolvimento da capaci-dade alimentar e na gestão da cadeia deabastecimento.

Até 2017 a organização implementou um pro-grama direcionado para suplementos alimenta-res em seis municípios para apoiar mulheres ecrianças e também forneceu suplementos ali-mentares à população afectada pelo El Niño,produzindo o Relatório de Revisão da EstratégiaNacional para a Fome Zero.

O sector turístico timorense, em colaboraçãocom a cooperação norte-americana, inicia estemês de Agosto uma nova campanha de promo-ção do turismo doméstico para tornar a crise dacovid-19 numa oportunidade de desenvolvimen-to do mercado interno, foi anunciado.A campanha, que tem como meta divulgar mais

de 1,3 milhões de ‘tags’ com a mensagem #hau-nitatimorleste – número aproximado da popula-ção do país – quer capitalizar no facto de Timor-Leste estar isolado para fomentar o turismo do-méstico, tanto de timorenses como estrangeiros.

Uma iniciativa, que como explicou o responsá-vel do projecto Tourism for All da USAID, pre-tende reforçar as parcerias no sector, maximizaro potencial dos turistas domésticos e mostrar“que o turismo é uma questão de todos”.

“Se conseguirmos, com o sector privado a tra-balhar em conjunto, potencializar esta mensa-gem, podemos fazer um ‘reboot’ às nossas ideiassobre o turismo, um setor que é essencial para ofuturo desenvolvimento do país”, disse Peter Se-mone, responsável do projecto da USAID, numencontro em Díli.

“É uma oportunidade de conseguir canalizarmais do dinheiro disponível de todos para o sec-tor, melhorar as coisas que devem ser melho-radas, para quando o setor internacional do turis-mo ocorrer, Timor-Leste estar em melhor posi-ção”, explicou.

A campanha, que decorre até final do ano, en-volve ações de promoção internas, procurandomostrar que “o turismo envolve o sector hotelei-ro, marinho e de viagens, mas também os res-taurantes e cafés”

“Quem está em Timor, timorense ou estrangei-ro, tem a sua definição, do que é Timor ou sertimorense. Queremos que todos expressem essavisão, aumentando conhecimento público dosserviços disponíveis”, referiu.

“Muitas vezes os próprios timorenses não en-tendem o que é turismo. Ao dizer aos timorensese estrangeiros que sejam turistas no vosso pró-prio país, ajudamos todos a entender como po-demos ser melhores anfitriões para visitantes do

estrangeiro”, enfatizou.Semone disse que a estratégia do ‘vá para fora

cá dentro’ está a ser usada em todo o mundo,com restrições a viagens devido à pandemia dacovid-19 a obrigarem o setor a promover, a níveldoméstico, os seus produtos turísticos.“O desafio é esse, de estimular a procura, crian-

do um novo mercado local e nacional, motivandoas pessoas a sair e gastar o que puderem nosevtor do turismo, seja um ou dois dólares numcafé, ou centenas de dólares numa viagem aAtaúro para mergulhar”, referiu.

Os efeitos, referiu, são amplos, envolvendo osnegócios diretamente ligados, mas também osprodutos locais, que fornecem hotéis, restauran-tes ou cafés.

Com a população timorense a viajar mais doque nunca, a campanha aposta igualmente napromoção da ideia de “amor ao país, através doturismo” e de “orgulho nacional mostrando os lo-cais, os costumes, as tradições e os destinosmais ou menos conhecidos”.

“Com a ‘tag’ #hauniatimorleste, criamos umamensagem unificada do mercado, em que cadaum pode fazer as suas campanhas, mas num es-forço conjunto de marketing global”, disse.

A campanha inclui viagens com jornalistas –uma primeira foi já realizada à ilha de Ataúro,para a qual a Lusa foi convidada – e várias inicia-tivas em Setembro em torno ao Dia Mundial doTurismo, com uma exposição, mostra e uma galaonde serão entregues prémios aos “campeões”do sector.

“O êxito depende do apoio de todo o sector pri-vado. Não temos escolha, não há outros turistas.Temos de conseguir que as pessoas que estãoem Timor-Leste gastem mais do seu dinheirodisponível no setor do turismo”, referiu Semone.

“Os benefícios perdurarão além da covid-19,ajudando a criar um mercado local e nacional,que é bom para a época baixa, mas a melhorar acapacidade do sector para o turismo internacio-nal”, notou ainda.

PAM alerta para riscos da pandemia nascondições alimentares em Timor-Leste

Pelo menos duas dezenas de alunos em Macauaguardam para saber como poderão deixar o ter-ritório a fim de frequentar estudos superiores emPortugal, tendo alguns contactado o consuladocom pedidos de informação, disse à Lusa o côn-sul.

"Temos conhecimento de cerca de 20 casosque nos foram comunicados pela Escola Por-tuguesa de Macau", disse o cônsul-geral de Por-tugal em Macau e Hong Kong, Paulo Cunha Al-ves, precisando no entanto que "é difícil estimar"o total de alunos afectados pelas restrições àsviagens impostas no território devido à pandemiade covid-19.

De acordo com o diplomata, ao consulado têmchegado "alguns pedidos de informação" dealunos, numa altura em que as autoridades daRegião Administrativa Especial de Macau[RAEM] anunciaram ser pouco provável quevenha a ser reaberto um corredor marítimo comHong Kong, de onde saem a maioria dos voosinternacionais.

"Estamos em contacto com as autoridades daRAEM para as sensibilizar para o assunto, em-bora existam outras possibilidades, como seja ocumprimento da quarentena em Hong Kongantes de viajar para a Europa ou tentar efetuarligações aéreas via Taipei [capital de Taiwan] ouSeul [capital da Coreia do Sul], a partir do aero-porto internacional de Macau", referiu aindaPaulo Cunha Alves.As autoridades de Macau anunciaram que estão

a negociar o aumento de ligações aéreas com a

Europa e os Estados Unidos para dar respostaaos estudantes nesta situação.

"Atendendo ao facto de que alguns estudantesnecessitam de ir para o estrangeiro para pros-seguir os seus estudos, depois das férias de ve-rão, após negociações feitas com o sector aéreo[...], está programado um aumento de frequênciade voos para a Europa e os Estados Unidos, comas escalas feitas em Taipé ou Seul, em finais deAgosto e início de Setembro", divulgaram asautoridades de Saúde do território, remetendomais informações para as agências de viagens.

Nos últimos dias, as autoridades de Macau re-ceberam "30 pedidos [de informação] por partede estudantes".

Macau anunciou igualmente novas restrições àentrada no território, impondo quarentena obriga-tória aos viajantes provenientes de duas provín-cias chinesas afectadas por novos surtos decovid-19.

A observação médica de duas semanas passaa aplicar-se a quem nos últimos 14 dias tenhaestado em Xinjiang e Liaoning, numa altura emque aquelas duas regiões chinesas registam sur-tos de covid-19.

"Tendo em conta a situação epidémica em Xin-jiang e Liaoning, vamos considerá-los [como] ter-ritórios de alto risco", anunciaram as autoridades."Isso significa que as pessoas que se tenhamdeslocado a esses dois locais devem ser sub-metidas a observação médica de 14 dias", pre-cisaram.

Alunos portugueses em Macau querem sabercomo regressar a Portugal para cursos superiores

Ocupação hoteleiraem Macau caiu 77,6 pontos percentuais em Junho

Timor promove turismo doméstico

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10 DE AGOSTO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 15

LUSOFONIA

O Brasil registou no primeiro semestre do anoum défice público de 402,7 biliões de reais (65,5biliões de euros), valor que não inclui gastos comjuros das dívidas interna e externa, segundo in-formações divulgadas pelo Banco Central bra-sileiro.

No mesmo período do ano passado, o déficeprimário do país somava 5,7 biliões de reais (930milhões de euros).

O saldo negativo do sector público inclui o de-semprenho das contas do Governo central, go-vernos regionais, governos municipais e das em-presas estatais.

O mau desemprenho das contas públicas domaior país da América do Sul foi provocado pelacrise económica que acompanha a pandemia decovid-19. A doença foi detectada pela primeiravez no Brasil em Fevereiro, já provocou mais de90 mil mortos e mais de 2,5 milhões de infecta-dos.

No acumulado em 12 meses, o resultado dascontas públicas brasileiras chegou a 458,8 bi-liões de reais (74,6 biliões de euros), valor que

representa 6,38% do Produto Interno Bruto (PIB)do país.

Os dados indicam que tanto o resultado primá-rio das contas públicas de janeiro a junho, quan-to o saldo acumulado em doze meses até Junhoforam os piores já registados na série históricado Banco Central, iniciada em Dezembro de2001.

Já o resultado nominal do setor público conso-lidado brasileiro, que soma ao resultado primárioos juros apropriados, foi deficitário em 210,2 bi-liões de reais (34,2 biliões de euros) em Junho,segundo o órgão emissor.

No acumulado em 12 meses, o défice nominalbrasileiro alcançou 818,6 biliões de reais (133,1biliões de euros), o que representa 11,38% doPIB do país.

O Banco Central informou que a dívida públicabruta do Brasil, que compreende o Governo Fe-deral, o sistema de pagamento de pensões porreforma e os governos estaduais e municipais,era de 6,1 biliões de reais (um bilião de euros)em Junho, equivalente a 85,5% do PIB do país.

A companhia aérea brasileira Gol anunciou queregistou um défice de 4,2 biliões de reais (cercade 680 milhões de euros) no primeiro semestredo ano devido ao impacto da pandemia da covid-19.

Segundo um balanço financeiro divulgado pelacompanhia, entre Janeiro e Junho o défice daGol subiu 4.874% face o mesmo período de2019, quando registou perdas no valor de 85,6milhões de reais (cerca de 13,8 milhões de

euros).A empresa atribuiu este resultado negativo à

"crise sem precedentes" causada pela pandemiado novo coronavírus e ao “momento desafiador"pelo qual o setor de aviação global está a passar,conforme explicou o diretor executivo da Gol,Paulo Kakinoff.A forte depreciação da moeda brasileira, o real,

face ao dólar norte-americano, registada esteano, também teve um papel importante nas per-das financeiras da empresa.No segundo trimestre deste ano, a Gol teve pre-

juízos de 1,9 biliões de reais (cerca de 310 mi-lhões de euros) contra perdas de 120,8 milhõesde reais (19,5 milhões de euros) registada domesmo período do ano passado.

O desempenho negativo da Gol coincide com aqueda das viagens aéreas, devido às restriçõesimpostas no final de março pelos governadoresdos 27 estados no Brasil para conter o avanço dapandemia, que já provocou mais de 90 mil mor-tos e 2,6 milhões de infectados no país.

A empresa informou que, entre Abril e Junho,operou apenas 13% da sua frota e que o númerode passageiros foi reduzido em 92% devido àsrestrições de mobilidade impostas pelas autori-dades para conter o avanço do vírus.

De acordo com o balanço financeiro da Gol, olucro operacional bruto medido pelo Ebitda (siglaem inglês usada para aferir lucro registado antesdo pagamento de juros, impostos, depreciação eamortização) atingiu 1,1 biliões de reais (cercade 180 milhões de euros), 34,5% menos do queno primeiro semestre de 2019.

Entre Abril e Junho, o lucro operacional da Golfoi negativo em 282,5 milhões de reais (cerca de45,8 milhões euros), comparado ao resultadopositivo de 814,6 milhões de reais (132 milhõesde euros) obtido no segundo trimestre de 2019.

A dívida da empresa, no final do segundo tri-mestre de 2020, atingiu 13,4 biliões de reais(cerca de 2,1 biliões de euros), registando umcrescimento de 44% face o mesmo período de2019.

A petrolífera estatal brasileira Petrobras registouprejuízos de 51,2 biliões de reais (8,3 biliões deeuros) no primeiro semestre do ano, segundo umbalanço divulgado pela empresa.

O resultado negativo obtido entre os meses deJaneiro a Junho reverteu o lucro registado pelacompanhia no mesmo período do ano passado,quando obteve 22,8 biliões de reais (3,8 biliõesde euros).

A Petrobras informou que os resultados foramafectados por perdas registadas no primeiro tri-mestre do ano, que totalizaram 48,5 biliões dereais (7,9 biliões de euros) devido do colapsoeconómico causado pela pandemia. No mesmoperíodo do ano passado, a estatal brasileiraobteve um lucro de quatro biliões de reais (660milhões de euros).No segundo trimestre de 2020, a Petrobras reg-

istou perdas de 2,7 biliões de reais (440 milhõesde euros), revertendo o lucro 18,8 biliões de reais(três biliões de euros) alcançado no mesmo pe-ríodo de 2019.

Numa carta que acompanha o balanço, o presi-dente da empresa, Roberto Castello Branco, fri-sou que “a eclosão de uma crise global de saúdecausou uma recessão global profunda e sincro-nizada que afectou severamente a indústria glo-bal de óleo e gás”.

Segundo Roberto Castello Branco, a pandemiaafectou particularmente o sector em que a Petro-bras actua porque os preços do petróleo Brentque eram de 65 dólares (54,4 euros) por barrilem Fevereiro caíram para 19 dólares (16 euros)em Abril de 2020 devido à contração de 25% naprocura global, desencadeando uma paragem asúbita nos fluxos de caixa.Neste cenário de desvalorização do petróleo no

mercado global, a estatal brasileira adiantou quesó não registou um prejuízo maior em razão dojulgamento de uma ação judicial sobre pagamen-tos de impostos do qual saiu vencedora e queteve um efeito positivo no lucro da empresa esti-mado em 10,9 biliões de reais (1,8 biliões deeuros).

"Excluindo esses fatores, o resultado teria sidopior devido aos impactos da covid-19 nas nossasoperações, com reflexo nos preços, margens evolumes", refere.A receita da Petrobras nos seis primeiros meses

do ano foi de 126,4 biliões de reais (20,7 biliõesde euros), uma descida de 11,9% face ao resul-tado do ano anterior (143,4 biliões de reais ou23,4 biliões de euros).A Petrobras acrescenta que em relação ao mer-

cado externo as exportações de petróleo para aChina recuaram no primeiro trimestre do ano,mas cresceram significativamente no segundotrimestre.

Com a retomada das actividades entre Abril eJunho, a China tornou-se o destino de 87% dasexportações de petróleo da estatal brasileira.

Nos seis primeiros meses de 2020, a China foidestino de 69% das exportações de petróleo daPetrobras.A empresa brasileira destacou ainda que o cho-

que global a forçou a interromper a desalavan-cagem da dívida, que encerrou o final doprimeiro semestre deste ano em 91,2 biliões dedólares (14,9 biliões de euros).

O secretário-geral da associação de operadoresturísticos da Guiné-Bissau, Orlando Pinto, afir-mou que a classe precisa de apoios e isençõesde alguns compromissos por parte do Governopara superar as dificuldades provocadas pelacovid-19.Orlando Pinto fez uma “radiografia negra” da si-

tuação de empresas e agentes do setor do turis-mo, sobretudo a partir do momento em que asautoridades da Guiné-Bissau decretaram estadode emergência sanitária para evitar o alastra-mento de contágio pelo novo coronavírus nopaís, em março.

Hotéis, restaurantes, casas de diversão, barese agências turísticas tiveram de fechar as portase alguns mantiveram-se abertos, mas sem clien-tes, assinalou Orlando Pinto, realçando que emtodas as situações há custos a pagar.

Actualmente, a associação tem em curso umprocesso de recenseamento dos operadores tu-rísticos na Guiné-Bissau, mas para já estão ins-critas 300 empresas e todas aguardam pelosapoios do Governo, notou Orlando Pinto.

De acordo com o secretário-geral da associa-ção, algumas empresas têm a pagar rendas eelectricidade, salários dos funcionários, Seguran-ça Social e impostos.

“Como fazer face a todas estas despesas”,questionou Orlando Pinto, que pede ao Governoque as isente de pagar impostos e contas daelectricidade e suspenda as contribuições da Se-gurança Social.

O responsável vê no horizonte uma onda dedespedimentos no sector turístico guineense, daíque pede ajuda internacional, por reconhecerque a Guiné-Bissau “não tem como fazer face”aos problemas provocadas pela pandemia nosector.

Petrobras regista prejuízos de 8,3 biliõesde euros no primeiro semestre

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Operadores turísticos daGuiné-Bissaupedem apoiosao Governo

Brasil regista um défice públicode 65,5 biliões de eurosno primeiro semestre

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16 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 10 DE AGOSTO DE 2020

INTERNACIONAL

ÁFRICA DO SUL

O Ministério Público guineense enviou uma car-ta às Nações Unidas a solicitar a entrega à Jus-tiça de Aristides Gomes. Ex-primeiro-ministroestá refugiado nas instalações da ONU desde

Fevereiro, altura em que foi demitido.Nas últimas semanas, surgiram no Parlamento

várias denúncias dos deputados das bancadasdos partidos que agora governam a Guiné-Bis-sau - Movimento para a Alternância Democrática(MADEM G-15) e Partido de Renovação Social(PRS) - sobre a alegada corrupção envolvendo oex-primeiro-ministro Aristides Gomes, que foidemitido em Fevereiro, um dia depois de UmaroSissoco Embaló ter tomado posse, simbolica-mente, como Presidente da Guiné-Bissau.Desde então, o ex-governante refugiou-se nasede das Nações Unidas, na capital guineense.

O Ministério Público guineense enviou umacarta à representação da ONU em Bissau a pedira entrega de Aristides Gomes à Justiça, confir-mou já um assessor do ex-primeiro-ministro. Opedido não é questionável, em termos legais,mas terá sempre conotações políticas.

"Não há aqui grandes questões para colocar,em termos da Lei. Mas um inquérito sobre o su-posto crime, nesta altura do campeonato, só nos

leva a pensar que, efectivamente, essa investi-gação terá mais conotações políticas, do quepropriamente a busca com objectividade, comvista à descoberta da verdade e a realização dajustiça", sublinha o jurista guineense, que lembraainda que já se assistiu a "várias situações querequerem uma investigação urgente da parte doMinistério Público, mas assim não aconteceu."

"É PURA PERSEGUIÇÃO"

"É pura perseguição", conclui, por sua vez, oanalista político Rui Landim. "É simplesmenteajustar contas com Aristides Gomes sobre tone-ladas de drogas que apreendeu enquanto pri-meiro-ministro e penas pesadas a que os trafi-cantes foram condenados", argumenta.O Presidente guineense, Umaro Sissoco Emba-

ló, recebeu em audiência a representante espe-cial do secretário-geral das Nações Unidas, Ro-sine Coulibaly, que à saída preferiu falar de outroassunto.

"Para não dizer muito, no próximo dia 10 deAgosto, farei um briefing no Conselho de Segu-rança das Nações Unidas sobre a evolução dasituação na Guiné-Bissau e encontrarei osactores políticos nacionais, mas o primeiro queencontro é o Presidente da República, para aná-lise da situação e sobre os progressos alcança-dos e as dificuldades", declarou Coulibaly.A Missão Integrada de Consolidação da Paz na

Guiné-Bissau (UNIOGBIS) "vai terminar em bre-ve e o importante é que as reformas sobre a qualnós estamos empregados avancem", acrescen-tou a representante do secretário-geral das Na-ções Unidas.

A secreta sul-africana está a monitorar oaumento dos níveis de descontentamento porparte dos nacionais em torno dos postos de tra-balho que não exigem qualificações e ocupadospor estrangeiros. Moçambicanos estão receosos.

Com o aumento do desemprego na África doSul, devido à crise económica motivada pelo no-vo coronavírus, os serviços de inteligência sul-africanos (SSA na sigla em inglês) entendem queo país será sacudido por ondas de violência xe-nófoba.

A existência de crescentes indícios de insatis-fação e intolerância para com imigrantes oriun-dos dos países vizinhos, levam-nos a essa des-confiança.

Segundo a secreta, as cidades de Pretória eJoanesburgo, província de Gauteng, de Durban,em KwaZulu-Natal, e a Cidade do Cabo, na pro-víncia do Cabo Ocidental, são descritas comopropensas a ocorrência de ataques xenófobosnum futuro próximo.

Em meados de Julho camionistas sul-africanosmanifestaram-se na província do Cabo-Ocidentalcontra empresas do sector dos transportes, ale-gando que estas empregavam mais trabalhado-res estrangeiros e despediam os nacionais.

Phola Park, uma área do bairro de Thokoza, vi-zinha de Katlehong, a leste de Joanesburgo, re-gistou até penúltimo fim-de-semana uma mani-festação motivada pelas restrições no forneci-mento de electricidade por mais de um mês, masque acabou por se transformar num acto de van-dalismo e pilhagem de bens de estrangeiros.

RELATOS DE VIOLÊNCIA

Segundo um morador naquele bairro, José So-

brinho, a polícia encontra-se a patrulhar a zona.Mesmo assim os estrangeiros optam por viverlonge do local."Todos os moçambicanos e todos os zimbabue-

anos, tanzanianos e malauianos, de momento fu-giram do local por causa destes ataques. Porquequeimaram-lhes tudo, as mobílias e foram expul-sos das casas que arrendavam", conta Sobrinho.Para além da destruição de bens e da expulsãode estrangeiros, duas mortes teriam sido regis-tadas em ligação aos ataques, sendo as vítimasuma criança e um manifestante sul-africano.

Este não resistiu ao ser atingido por uma balade borracha disparada pela polícia, como nosconta a moçambicana Amélia Honwana: "Morreuuma criança que os seus pais são do Zimbabué,a mãe estava a tirar roupas dentro de casa en-quanto que a criança estava dentro do carro.Queimaram o carro enquanto a criança estavadentro do carro".

Outro moçambicano disse que não sabia denada, “não ouvi nada. Só vi um sul-africano queteria sido abatido pela polícia."Apesar destes ataques e da incerteza quanto a

sua segurança, a jovem Amélia Honwana, des-carta o seu regresso à Moçambique.

"Já me acostumei a viver aqui onde estou. Euestou a trabalhar, mesmo agora estou no serviço,mas estou a trabalhar com medo porque traba-lho com pessoas daqui da Africa do Sul."

"O PROBLEMA SÃO OS NACIONAIS"

Para a líder da comunidade moçambicana emKatlehong, Urace Ndeve, que cobre a região deTokoza, o problema não reside nos políticos, massim nos nacionais.

"O sul-africano não gosta de trabalhar, então

quer tudo à força e quando vê uma pequenaoportunidade começam a fazer confusão com aspessoas de fora, mas não é porque os líderes da-qui gostam disso. Não gostam, mas eles em si éque se controlam e gostam de fazer essa con-fusão", explicou.

Entretanto, a ministra sul-africana da Seguran-ça do Estado, Ayanda Dlodlo, defendeu recente-mente a realização de negociações entre a Áfricado Sul e os seus vizinhos da Comunidade para oDesenvolvimento da África Austral (SADC), paraque se encontre um mecanismo de apoio mútuoe deste modo o nível de descontentamento per-maneça no nível de fácil contenção.

Secreta prevê aumento de violência xenófoba

Nações Unidas sob pressão para entregar Aristides Gomes às autoridades guineenses

Os pilotos da companhia aérea British Airwaysaceitaram um corte salarial temporário de 20% e270 despedimentos de funcionários para ame-nizar os impactos financeiros originados pelapandemia de covid-19, informou o sindicato.

“Os nossos associados tomaram uma decisãopragmática nestas circunstâncias, mas o facto denão termos convencido a British Airways a evitartodas as demissões é muito dececionante”, afir-mou em comunicado o secretário-geral da As-sociação Britânica de Pilotos de Linha Aérea(BALPA), Brian Strutton.Os pilotos irão ver o seu salário reduzido inicial-

mente em 20%, um corte que diminuirá para 8%nos próximos dois anos e chegará a zero nolongo prazo, numa medida votada por 85% dosquase 4.300 pilotos da maior companhia aéreado Reino Unido.

A decisão visa responder à queda na procuracausada pelo novo coronavírus, após negocia-ções mantidas com os sindicatos desde abril,quando o proprietário IAG (International AirlinesGroup) sugeriu cortes de 12.000 postos laborais.

Apesar de a British Airways planear 1.255demissões e a recontratação com outrascondições de trabalho, a BALPA firmou um acor-do que antecipa 270 despedimentos obrigatórios,que devem baixar com as medidas voluntáriasde mitigação propostas, excluindo a possibili-dade de “demissão e recontratação (com piorescondições)”.

Pilotos da British Airwaysaceitam cortes salariaise despedimentos

EX-PRIMEIRO-MINISTRO ARISTIDES GOMES

Um painel de peritos independentes, lideradopela ex-Presidente irlandesa Mary Robinson, ili-bou completamente o presidente do Banco Afri-cano de Desenvolvimento (BAD), Akinwumi Ade-sina, de quaisquer delitos éticos.

Este Painel de Revisão Independente foi criadopelo Bureau de governadores do BAD, na se-quência de uma queixa dos Estados Unidos pe-dindo a revisão do processo, através do qual doisórgãos anteriores do Banco - o Comité de Éticado Conselho de Administração, e o Bureau doConselho de Governadores – exoneraram Ade-sina.Adesina, de 60 anos, eleito em 2015 como líder

do BAD, um dos cinco principais bancos multilat-erais de desenvolvimento do mundo, foi alvo deuma série de acusações desde o início do ano,divulgadas pela imprensa em abril.

Num relatório detalhado, os denunciantes acu-sam-no de favoritismo em inúmeras nomeaçõesde altos funcionários, em particular de compatri-otas nigerianos, de ter nomeado ou prometidolugares a suspeitos ou condenados por fraude oucorrupção, bem como de lhes ter concedido in-demnizações generosas sem os sancionar.

O Painel de Revisão Independente, presididopor Mary Robinson, antiga Presidente da Repú-blica da Irlanda, que foi Alta Comissária das Na-ções Unidas para os Direitos Humanos e presi-dente dos Anciãos, um corpo global de sábiospreocupados com o bem-estar do mundo, incluiainda o presidente do Supremo Tribunal da Gâm-bia, Hassan B. Jallow, e Leonard F. McCarthy,antigo diretor do Ministério Público, do gabinetede Crimes Económicos Graves e antigo chefe daDirecção de Operações Especiais da África doSul, que foi vice-presidente de Integridade do Ba-

nco Mundial durante nove anos.As alegações que foram revistas pelo Comité de

Ética do Conselho de Administração do Banco,em março, foram descritas como “frívolas e semmérito”.

As conclusões e decisões do Comité de Éticaforam subsequentemente confirmadas peloGabinete do Conselho de Governadores, emMaio, que ilibou Adesina de qualquer ato ilícito.

O relatório do Painel de Revisão Independenteafirma que “concorda com o Comité (de Ética)nas suas conclusões relativamente a todas asalegações contra o presidente [do BAD] e con-sidera que foram devidamente consideradas erejeitadas pelo Comité”.

As conclusões do Painel de Revisão Indepen-dente são decisivas e abrem agora o caminhopara os governadores do Banco reelegeremAdesina para um segundo mandato de cincoanos como presidente, o que deverá acontecerdurante as reuniões anuais do BAD, agendadaspara 25 e 27 de Agosto.Adesina é um tecnocrata altamente condecora-

do e distinguido e um economista de desenvolvi-mento globalmente respeitado. Em 2017 recebeuo prestigioso Prémio Mundial da Alimentação e,em 2019, o Prémio da Paz Sunhak, pela lide-rança global na agricultura e pela boa governa-ção.

O BAD é o maior banco multilateral e tem um'rating' de triplo A das três maiores agências derating - Moody's, Standard & Poor's e Fitch –,tendo como acionistas 54 nações africanas evários países fora do continente, entre os quaisestá Portugal e, mais recentemente, a Irlanda doNorte, que anunciou há semanas a sua entradacomo accionista.

Presidente do Banco Africano de Desenvolvimento ilibado por peritos independentes

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10 DE AGOSTO DE 2020 . O SÉCULO DE JOANESBURGO 17

NECROLOGIA

A Comunidade Portuguesa de Pretória vem por intermédio das suas colectividades e instituições,ACPP, Casa do Porto, Casa Social da Madeira, Club Sport Marítimo, Casa do Benfica, Sporting,“Os Lusíadas”, Liga da Mulher, Academia do Bacalhau, e a que não obstante residir em Portugal,se juntou o vice-cônsul na aposentação, Mário Silva, apresentar as mais sentidas condolências àFamília enlutada, pelo falecimento do seu ente querido, nunca mais esquecendo o quantoJohannes Pretorius fez pela Comunidade lusa, na legalização de muitos nossos compatriotas queviviam na África do Sul em situação ilegal, sempre se revelando ao longo dos anos um grandeamigo dos portugueses.

Serás sempre recordado com todo o amor e carinho, pela grande amizade e o muito de relevante que fizeste pela nossa Comunidade,

que eternamente te ficará grata e jamais te esquecerá.

Que a sua alma descanse em paz.

20863

JohannesPretorius

Faleceu em Pretória a 30 de Julho de 2020

Faleceu em Pretória, na penúltima quinta-feira,30 de Julho, Johannes Pretorius, ex-director-ge-ral do Departamento de Imigração sul-africana, aquem pela sua competência e grande admiraçãopela nossa comunidade, se fica a dever a legali-zação de muitos nossos compatriotas que aquiresidiam em situação ilegal, chegando a ser dis-tinguido pelo governo português com a medalhade mérito, que lhe foi entregue a 10 de Junho de1999, pelo então embaixador Fernandes Pereira.

Envolvido que estava há muitos anos no sector

da imigração deste país, teve a oportunidade deapreciar o valor e qualidade da imigração portu-guesa, enaltecendo em diversas ocasiões agrande colaboração que em anos sucessivos oseu departamento recebeu do gerente da secçãoconsular da embaixada de Portugal, em Pretória,vice-cônsul Mário Silva.

Como referia um homem que mesmo em situa-ções muito complicadas, por vezes quase impos-síveis de ser atendidas, não desistia dos seus in-tentos em conseguir o que pretendia, e pelaapreciação do expediente que preparava, a jun-tar à sua incomparável amabilidade, espírito deverdadeiro missionário e excelente qualidade hu-mana, nos levava a reconsiderar e acabar poratender certos pedidos, por vezes complicados,de concessão de residência de muitos portugue-ses, na África do Sul.

Chegando a afirmar em várias ocasiões, que acomunidade portuguesa se deveria orgulhardesse funcionário que em anos sucessivos foigerente em Pretória do consulado português,pela acção humanitária por ele desenvolvida,não só no que se relacionava com os assuntosda imigração, mas também noutros sectores,com destaque para a defesa dos interesses dasua comunidade.

Sendo na vinda de milhares de refugiados deAngola e Moçambique que a sua competênciamais se fez sentir, e graças à sua persistência,nunca se dando por vencido, foi possível ac-cionar milhares de pedidos de fixação de seuscompatriotas na África do Sul. Além dessa distinção oficial, Johannes Pretorius

passou a ser uma figura muito respeitada e pres-tigiada na comunidade lusa de Pretória, daí e jádepois de aposentado continuar a ser convidadopela nossa embaixada para as comemoraçõesdo Dia de Portugal, ter recebido uma réplica domonumento a Bartolomeu Dias no dia da suainauguração em Arcádia Park, mandado edificarpelo comendador António Braz, nunca sendoesquecido para relevantes eventos levados aefeito pelas colectividades da comunidade, as-

sim como comemorações de aniversários, aquicom destaque para os do falecido comendadorManuel da Cal, a quem o ligava grande amizadee admiração.

Sentida homenagem a esta relevante figura, foiprestada pela comunidade a 18 de Maio de 1988,no então restaurante Algarve, da cidade de Pre-tória, pelo seu contributo a favor da legalizaçãode quatrocentos nossos compatriotas que em si-tuação ilegal viviam na África do Sul, assim comoa vinda de Portugal de mais de seiscentas pes-soas, entre esposas e filhos desses ilegais, a fimde se lhes juntarem e passarem a residir igual-mente neste país.

Nessa homenagem o vice-cônsul Mário Silva,agora na aposentação e a residir em Vila Novade Gaia, agradeceu a Johannes Pretorius a tole-rância concedida aos portugueses ilegais, nosentido de poderem ser legalizados, afirmandoque nunca as portas daquele departamento sefecharem sempre que a ele se deslocava pararesolver qualquer problema relacionado com aimigração, alguns deles por vezes bastante difí-ceis, encontrando sempre dele e dos funcioná-rios ali em funções a melhor colaboração, e osassuntos quase sempre resolvidos favoravel-mente, debaixo de um espírito humanitário,como destacou, apanágio do povo sul-africano.Em resposta aos elogios à sua pessoa, Johanns

Pretorius enalteceu a grande qualidade do vice-cônsul Mário Silva, como referiu de excelentequalidade humana, de quem a comunidade por-tuguesa se devia orgulhar pela acção humani-tária por ele desenvolvida, não só no relacionadocom os assuntos de imigração, mas tambémnoutros sectores, como os de defesa dos inte-resses da sua comunidade, realçando por outrolado ter sido na vinda de milhares de refugiadosde Angola e Moçambique que a sua acção maisse fez sentir, e graças a ele foi possível accionarmilhares de pedidos de fixação desses compatri-otas na África do Sul.

Reconhecida ao muito que Johannes Pretoriusfez pelos portugueses, foi em nome da comuni-

dade preparado pelas colectividades e institui-ções lusas de Pretória, a que mesmo nãoobstante residir em Portugal, se associou à ini-ciativa o vice-cônsul na aposentação, Mário Sil-va, uma notável coroa de flores, entregue nas ce-rimónias fúnebres pelos que ligados ao associa-tivismo marcaram presença no funeral.

De referir ainda por coincidência ou estranhoque pareça, que passados duas escassas horasde Johannes Pretorius nos deixar, foi sua esposaJoice a dizer também Adeus ao mundo nessemesmo dia.

Vicente Dias

Faleceu em Pretória o ex-director do Departamento da Imigração da África do Sula quem se fica a dever a legalização de muitos portugueses neste país

JOHANNES PRETORIUS QUANDO A 10 DE JUNHODE 1999 LHE FOI ENTREGUE PELO ENTÃO EMBAIX-ADOR FERNANDES PEREIRA A MEDALHA DE MÉRI-

TO CONCEDIDA PELO GOVERNO PORTUGUÊS

Manuel Alexandre Pereira de PaivaNasceu a 1/9/1957 - Faleceu a 5/8/2020

Natural de Estreito da Calheta Sítio do Lameiro - Madeira

É com grande dor e tristeza que participamos o fale-cimento súbito do nosso querido e amado "MANNYDE PAIVA", no dia 5 de Agosto de 2020, amado filhode Felisberto Alexandre de Paiva e de Maria de JesusPereira de Paiva (Falecida). Marido de Charmaine,pai de Nico e Alicia, avô de Olivia e Liam, Sogro deMelissa, irmão de Joe, Johnny , Mary, Fatima e Zita.Cunhado de Sandra e Milena. Tio de Cheryl e seumarido Brendan, Ashley e seu noivo Mondre. Seussobrinho Callum, e padrinho e tio da Daniella.Nossos corações estão partidos com a tua partida,

mas as memórias estarão sempre connosconos nossos corações .

DESCANSA EM PAZ MANNY– Com Eterna Saudade.

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18 O SÉCULO DE JOANESBURGO . 10 DE AGOSTO DE 2020

Fernando Rodrigues ValeVila Nova de Gaia - Portugal

Nasceu a 21/3/1958 - Faleceu 5/8/2020

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Seus primos Virgílio e Cidália, Marco, Miguel, Carla, Ricardo e Raquel,seus tios Carlos e Rosa, associando-se nestes difíceis momentos à enormedor que atingiu toda a Família e vêm por este meio agradecer a todos quan-tos se uniram a eles para partilhar a dor e a grande mágoa pelo falecimen-to do seu ente querido.

Foste para todos nós sempre muito querido.Os tempos que compartilhámos juntos e a sincera amizade

que sempre nos dedicaste, hão-de viver eternamentenos nossos corações.

A tua memória continuará sempre bem viva em todos nós,e nunca serás esquecido nas nossas orações.

Que a sua alma descanse em paz

Fernando Rodrigues ValeVila Nova de Gaia - Portugal

Nasceu a 21/3/1958 - Faleceu 5/8/2020

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A Academia do Bacalhau de Joanesburgo - Academia Mãe, com profundamágoa e pesar participa o falecimento do seu querido Compadre, Benfeitore Amigo Fernando Vale, após doença em Joanesburgo. Estendemos os sen-tidos pêsames à Família enlutada.

O compadre Vale foi sempre uma pessoa bem disposta que nuncavirou as costas à nossa Academia. Sempre pronto a ajudar, um

Maestro que tantos “Golf Days” organizou para a nossatertúlia e outras instituições de bem-fazer, como os Redskins.

Uma alma sã, benfiquista ferrenho e um exemplo de pai e esposo, sempre muito orgulhoso de sua esposa e muito grato

pelos seus filhos, que sempre estiveram à volta dele. Avô babado, de boa alma, que nunca será esquecido.

Que Deus lhe dê o eterno descanso

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Manuel AlexandrePereira de Paiva

Nasceu a 1/9/1957 - Faleceu a 5/8/2020Natural de Estreito da Calheta

Sítio do Lameiro - Madeira

É com grande tristeza que participamos o falecimento repentino do nosso querido “Manny” De Paiva, no dia5 de Agosto de 2020, amado marido de Charmaine, pai de Nico e Alicia. Sogro de Melissa e avô de Olivia

e Liam. Nossos corações estão partidos, mas a tua memória estará para sempre nos nossos corações .DESCANSE EM PAZ.

It is with great sadness that we communicate the sudden death of our much loved “Manny” De Paiva, on the 5th August 2020, beloved husband of Charmaine, father of Nico and Alicia.

Father-in-law to Melissa and grandfather to Olivia and Liam. Our hearts are broken but the memory of you will be in our hearts forever.

REST IN PEACE.

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FUNDADO EM 1963PELO COMENDADOR ANTÓNIO BRAZ

10 DE AGOSTO DE 2020ANO LVIII

DIRECTOR F. Eduardo Ouana ([email protected])

CHEFE DE REDACÇÃOMichael Gillbee ([email protected])

FOTOGRAFIACarlos Silva ([email protected])

SERVIÇO NOTICIOSO: AGÊNCIA LUSA

REPRESENTAÇÕES:PRETÓRIA - J. VICENTE DIAS

Tel. 012 543-2228 * Fax (012) 567-4827 * Cel. 082 414 6780DURBAN - JOÃO DE GOUVEIA - 082 974 8294

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Telefones: 011 496-1650 * 011 496-2544(011) 496-2546 - Telefax: 011 496-1810

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PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO COMENDADORA PAULA CAETANO

Investigadores de Macau vão ajudar a China a aterrarem Marte, estudar radiação e procurar água e vida noplaneta, disseram alguns dos cientistas envolvidos namissão.

Um dos desafios para o Laboratório de Referência doEstado para a Ciência Lunar e Planetária da Universida-de de Ciência e Tecnologia de Macau (MUST) passa porgarantir que o módulo de exploração que faz parte damissão lançada na penúltima quinta-feira pouse em se-gurança na superfície do planeta vermelho, algo queainda só os Estados Unidos conseguiram.“O processo de aterragem é uma parte muito importante

e de alta incerteza” num planeta que é conhecido por serum ‘cemitério’ de programas espaciais, “porque é precisopenetrar a atmosfera marciana em sete minutos”, razãopela qual “os requisitos dos parâmetros ambientaisatmosféricos devem ser muito precisos” para dar “os da-dos climáticos em primeira mão para os engenheiros”,sublinhou a investigadora chinesa Xiao Jing.

Isto num planeta assolado por tempestades de areia epoeira, com grande impacto nas condições atmosféricasque obriga “a analisar alguns modelos básicos das ativi-dades de tempestade de Marte”, a apresentar duas pos-síveis localizações de pouso, que já tiveram de ser alte-radas”, explicou.

A cientista acrescentou que, “agora, mudou-se parauma localização que se chama ´Utopia Planitia’ porquenesta zona há menos atividades de areia e poeira”, umaenorme cratera atingida por um meteorito há milhões deanos.

Outro dos projectos em que está envolvida a MUST é aanalogia geomorfológica entre Terra e Marte e a detec-ção e estudo do gelo das águas subterrâneas no plane-ta vermelho, na qual participa a investigadora chinesa XuYi.

O maior desafio passa por determinar a existência dereservas de água congelada ou de água líquida no plan-eta, explicou a professora assistente do laboratório daMUST.

No projecto anterior da Agência Espacial Euro-peia, osinvestigadores “descobriram que havia água líquida soba superfície de Marte e o lago estava numa posição rel-ativamente profunda”, pelo que desta vez a ideia é “usaros dados do radar chinês em Marte para analisar se hálagos de água líquida em outros locais”, acrescentou acientista.

Já o director assistente do laboratório da MUST temuma outra responsabilidade em mãos: “a minha pes-quisa principal é se o ambiente de radiação de Marte éadequado para a vida”.

Isto porque “existem muitos dados experimentais queprecisam ser simulados no solo (…) porque se podemosir a Marte em busca de vida, (…) isso ainda não estáclaro, o que exige mais dados observacionais”, afirmou oprofessor associado.

“Estabelecemos um modelo de radiação de Marte, ouseja, como os raios cósmicos e os iões de alta energia dovento passam pela atmosfera de Marte para a superfí-cie”, sendo necessária “uma avaliação precisa”, frisou ocientista.

Não sendo o objectivo primordial, o investigador portu-guês envolvido no projecto, André Antunes, resume umadas questões e motivação que ‘alimentam’ a missão e apreocupação dos cientistas do laboratório em Macau:“Do ponto de vista de descoberta, aquilo que nós gosta-ríamos de ter mais a médio prazo [seria] a descoberta devida em Marte ou indícios de que a vida já existiu emMarte”.

Afinal, argumentou o investigador natural de Coimbra,“do ponto de vista de capacidade para albergar vida (…)ao contrário daquilo que se pensou originalmente com asprimeiras missões (…) as condições existentes em Martenão são assim tão extremas, não são assim tão dife-rentes das condições que temos no nosso próprio plane-ta”.

Neste momento, o laboratório para a Ciência Popular ePlanetária da universidade tem em mãos 11 projectos deinvestigação em Marte, concluídos ou em desenvolvi-mento, e vai continuar envolvido nos trabalhos de explo-ração relacionados com a exploração do planeta, espaçoe vida extraterrestre.

Na penúltima quinta-feira, Pequim lançou a sonda"Tianwen-1" ("Questões para o Céu", em chinês), lança-da pelo foguete Longa Marcha-5, a partir da ilha tropicalde Hainan, no extremo sul do país.

Aterrar em Marte é particularmente difícil. Apenas osEUA pousaram com sucesso uma nave em solo mar-ciano, num feito alcançado por oito vezes, desde 1976.Os veículos espaciais InSight e Curiosity da NASA con-tinuam a operar até hoje.

Se tudo correr bem, a sonda chinesa, movida a energiasolar, do tamanho de um carrinho de golfe de 240 quilo-gramas, vai operar durante cerca de três meses.

Macau ajuda China a aterrar em Marte,estudar radiação e procurar água e vida* Investigador português envolvido no projecto

Na África do Sul, 9 de Agosto é odia da mulher e Agosto é o mês na-cional da mulher, sendo uma oportu-nidade para celebrar as conquistasfemininas e o importante papel quetodas as raças e religiões tiveram econtinuam a desempenhar na so-ciedade sul-africana.

A 9 de Agosto de 1956, mais de20.000 mulheres de todas as esfe-ras uniram-se numa demonstraçãoem massa, no Union Buildings emPretória, protestando contra a cha-mada Lei do Passe imposta às mu-lheres sul-africanas. A marcha foi li-derada por Lilian Ngoyi, uma sindi-calista e activista política, Helen Jo-seph, Albertina Sisulu e Sophia Wil-liams-De Bruyn.

Em memória da sua ‘conquista’ al-cançada naquele dia, 9 de Agostofoi declarado Dia Nacional da Mu-lher e é feriado na África do Sul. Porter coincidido com um domingo, oferiado passou para hoje, segunda-feira. Importa referir que o primeiroDia Nacional da Mulher foi comemo-rado em 1995.

Agosto, mês das mulheres, é umaoportunidade para também reflectirsobre as realizações das mulheres,bem como os problemas que en-frentaram na luta pela liberdade e oimportante papel que continuam adesempenhar na sociedade. Alémdo papel tradicional como mães, es-posas e cuidadoras, as estatísticasmostram que as mulheres estão ater um grande progresso na área denegócios, política, carreiras acadé-micas e económicas, com maior nú-mero a alcançar posições de relevo.

Corajosas que são, as mulherestêm enfrentado situações lamentá-veis quando se trata de prestaratenção aos filhos, sacrificando-sena maioria dos casos - não me lem-bro de ouvir alguém que se aleije agritar Meu Pai, mas sim Minha Mãe.

Não quero com isso dizer que ospais não têm o seu papel importantena vida dos filhos, Deus me livre. Opai também gosta de jogar a suacartada quando se trata de algo re-lacionado com os filhos. Só que amãe ganha nesse capítulo. Sabe-mos daquelas que também gostamde dar mimos aos pequeninos e outras que não passam cartão aisso.

Na Comunidade portuguesa daÁfrica do Sul, temos algumas diri-gentes dinâmicas que conseguemfazer um bom trabalho, movimen-tando colectividades com uma certadisciplina, outras na liderança degrandes empresas, justificando as-sim o poder feminino.

Metade do gabinete sul-africano écomposta por ministras, 14 num to-tal de 28 ministérios, com 16 vice-ministras, o que demonstra umacerta coragem e sabedoria em lidarcom a vida política do país, que nãotem sido nada fácil.

Com estes valores, o executivosul-africano viu-se comprometidoem capacitar as mulheres e ajudá-las a alcançar seu maior potencial.Por exemplo, a Rede de Empresá-rias da África do Sul (SAWEN) éuma iniciativa do Departamento deComércio e Indústria. É um fórum

de networking comprometido com oavanço empresarial das mulheres.

Seu principal objectivo é reunir asmulheres de negócios para debatersobre os desafios que enfrentam. Arede reúne e actualiza um banco dedados de companhias e serviços li-derados pelas mulheres. Tambémajuda na formação e desenvolvimen-to de habilidades de negócios.

Curiosamente, na marcha de Pre-tória, as mulheres ficaram em silên-cio por 30 minutos e começaram aentoar uma canção de protesto: Wa-thint'Abafazi Wathint'imbokodo!(Confrontar mulheres é o mesmoque confrontar uma pedra). Nosanos seguintes, a frase ganhou outrotom: "você golpeia uma mulher, gol-peia uma pedra") e passou a repre-sentar a coragem e a força das mu-lheres sul-africanas.

O Mês da Mulher não se limita aolançamento de programas para mu-lheres. O governo tem incentivadoempresas e a sociedade civil a reve-lar quaisquer desigualdades de gé-nero, já que a África do Sul tem umaabordagem de tolerância zero aqualquer discriminação baseadanesse aspecto.

O governo por si só não pode ele-var as mulheres porque existem de-sigualdades em todos os cantos dopaís, ou seja, nas nove provínciasque constituem a Nação Arco-Íris,devendo também contar com o en-volvimento de todos num esforço co-lectivo. O Mês da Mulher dá à África do Sul

o espaço para mostrar o trabalho deemancipação das mulheres, desa-fiando as desigualdades com umavoz unida.

No ano passado, com os históricos25 anos de democracia, o tema era"Crescendo a África do Sul juntospela emancipação das mulheres.Um tema que serviu de apelo aopaís para reflectir sobre o sucessoda nação em alcançar a igualdadede género em todos os sectores,desde artes, desporto, política, eco-nomia, saúde, agricultura, empreen-dedorismo e dinamismo.

Este ano, com a grande batalhaque o mundo enfrenta devido à pan-demia de covid-19, o feriado vai ser-vir para que elas nos sensibilizemcomo filhos na luta contra a propa-gação do vírus. Aproveitarão o des-canso de hoje para mais uma vezdar aquela lição, embora já cansati-va, sobre os métodos de protecçãoface ao coronavírus.As nossas mães, irmãs e filhas, não

terão aquela oportunidade de sair àrua e protestar contra aqueles ho-mens que ainda neste século XXItratam-nas como um objecto semvalor. Homens que ainda hoje têmcoragem de dar um soco ou um pon-tapé numa mulher.

Contudo e com avanço da tecnolo-gia, as mulheres não vão deixar deexpressar a sua mensagem atravésdas redes sociais, partilhando notí-cias alusivas à efeméride, e quemsabe, talvez prepararem-se para unsgolpes físicos como defesa contraaqueles homens armados em “Ram-bos e Bruce Lees”.

Eduardo Ouana

Dia da Mulher sul-africana

Editorial

A Universidade de Coimbra (UC) lidera um projectoeuropeu sobre o direito das sucessões in-ternacionaispara “facilitar a adaptação para as autoridades” que sãoresponsáveis pela suces-são em cada estado-membro,como tribunais, advogados, notários, conservadores ousolicitadores.

Liderado por Afonso Patrão, do Instituto Jurídico daFaculdade de Direito da Universidade de Coimbra(FDUC), o projecto obteve um financiamento daComissão Europeia, no âmbito do ‘Justice Programme -JUST-JCOO-AG-2020’, no valor de 227 mil euros, afirmaa UC, numa nota.

Com a livre circulação de pessoas no espaço da UniãoEuropeia (UE), anualmente ocorrem mi-lhares desucessões internacionais, designadamente de indivíduoscom bens em estados-membros diferentes, refere a UC.

No entanto, nestas situações, “muitas vezes”, a lei reg-uladora da sucessão atribui aos “herdeiros direitos sobreimóveis desconhecidos da legisla-ção do país em que ascoisas se situam”.

É necessário, por isso, “fazer uma adaptação, conver-tendo os direitos sobre imóveis nas figu-ras mais próxi-mas do ordenamento jurídico do país da sua localiza-ção”, acrescenta a UC, real-çando que se trata de “umaoperação altamente complexa” (obriga a conhecer ossistemas jurídicos dos países da UE).

Entende-se por sucessão “a transferência, por morte,da herança — direitos e obrigações do falecido” – escla-rece a UC, indicando que “esses direitos podem ser apropriedade, mas também outros poderes sobre coisas,que nem sempre são equivalentes nos sistemas jurídicosdos vários países (usufruto, direito da habitação, direitode superfície, trust)”.

O projeto conta também com a participação de investi-gadores das universidades de Valência (Espanha),Génova (Itália), Heidelberg (Alemanha) e Uppsala (Sué-cia).

Universidade deCoimbra lidera projecto europeu sobre direito das sucessões

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Contactos: 011 496 1650/7 * [email protected] * www.oseculoonline.com Director: F. Eduardo Ouana SEGUNDA-FEIRA, 10 DE AGOSTO DE 2020

Desportivo

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FC Porto e Benficadisputam a Supertaçaa 23 deDezembro

Jesus diz que“encarnados”

vão ter equipapara “arrasar”

e “jogar o triplo”páginas 2

última

Félix da Costasagrou-se campeão

mundial deFórmula E em Berlim

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2 O SÉCULO DESPORTIVO . 10 DE AGOSTO DE 2020

MERCADO DE TRANSFERÊNCIAS

O treinador Jorge Jesus afirmou segunda-feiraque o Benfica vai formar "uma grande equipa" defutebol, para "arrasar" em todas as competiçõesem que participar e que "não vai jogar o dobro,mas sim o triplo".

"Temos todas as condições para fazer umaequipa muito forte. A estrutura do futebol, coman-dada pelo presidente, vai reunir um leque dejogadores, juntamente com os que já cá estão, evamos fazer uma grande equipa", afirmou JorgeJesus, na apresentação como novo treinador dos‘encarnados', numa conferência de imprensacom direito a 10 perguntas e somente para oscanais de televisão presentes.Neste regresso ao clube da Luz, que comandou

entre 2009 e 2015, Jesus recorreu a uma expres-são que utilizou na primeira passagem pelo Ben-fica, embora agora com uma diferença: "Não va-mos jogar o dobro, vamos jogar o triplo."

O técnico revelou que a construção do plantelpara a época 2020/21 está em andamento emostrou-se confiante de que o Benfica vai "tercapacidade para entusiasmar os grandes joga-dores, bons jogadores na Europa", embora nãotenha revelado quais os nomes equacionadospara reforçar os ‘encarnados'."Sabemos os alvos que queremos, sabemos até

onde podemos chegar e temos de ter consciên-cia dos jogadores que podemos contratar. OBenfica tem um leque de jogadores com muitovalor e, com a ajuda de outros, vamos fazer umagrande equipa e vamos arrasar", vincou.Assumindo ser um treinador diferente de há cin-

co anos, quando deixou o Benfica para rumar aoSporting, Jesus diz ser "mais treinador do quenessa altura" e com um estatuto diferente, parti-cularmente depois de ter vencido seis troféus

pelo Flamengo, em pouco mais de um ano."Queremos ganhar tudo. Não estou habituado a

ganhar só um campeonato. Queremos chegar atítulos internacionais e é para isso que vamostrabalhar. Prometemos confiança, compromissoe com adeptos unidos por uma causa, que sechama Benfica e não Jorge Jesus. Sou treinadorde futebol, não sou treinador de nenhuma equi-pa. Em todas as equipas trabalho com convic-ção, paixão, amor e morro por elas", disse.

Apesar das ambições europeias do Benfica,Jorge Jesus ressalvou que "o primeiro grandeobjectivo é o campeonato nacional", ainda queconsiderando que as ‘águias' podem "ambicionarmais títulos para além dos títulos nacionais".

Jorge Jesus, de 66 anos, está de regresso aoclube da Luz cinco anos depois de ter saído parao Sporting, tendo sido técnico principal do Ben-fica entre 2009/10 e 2014/15, período em queconquistou 10 títulos, nomeadamente três cam-peonatos, uma Taça de Portugal, uma Supertaçae cinco edições da Taça da Liga.

Jesus começou a carreira no Amora, em1989/90, e, depois, passou por Felgueiras, Uniãoda Madeira, Estrela da Amadora, Vitória deSetúbal, Vitória de Guimarães, Moreirense,União de Leiria, Belenenses e Sporting de Braga,antes de chegar à Luz.

Depois de se tornar o mais titulado treinadordos 'encarnados', que também levou a duas fi-nais da Liga Europa, perdidas para Chelsea(2012/13) e Sevilha (2013/14), rumou ao Spor-ting, tendo passado ainda pelo Al-Hilal antes dechegar ao Flamengo, no qual arrecadou seis tro-féus em pouco mais de um ano, entre os quais ocampeonato brasileiro e a Taça Libertadores.

O treinador Jorge Jesus assumiu que regressouao Benfica para "ganhar e para unir a nação ben-fiquista", recusando, contudo, definir-se como o"salvador" de um projecto que tem como objecti-vo "recuperar o prestígio internacional" do clube.

"Aos benfiquistas, quero dizer que vim para ga-nhar, porque estou habituado a ganhar, mas tam-bém vim para unir a nação benfiquista. Vim parao Benfica com a mesma crença que tinha no dia19 de Junho de 2009, quando fui apresentadopela primeira vez. Venho com a mesma vontadede ganhar, com a mesma convicção, estou deter-minado e com muita vontade de ganhar coisasimportantes", afirmou Jorge Jesus, durante aapresentação como novo técnico dos ‘encarna-dos'.

Jorge Jesus recusou que tenha regressado aoBenfica para se "reformar" e revelou que vai "ga-nhar menos do que ganhava no Flamengo", dei-xando uma certeza: "Vim para o Benfica porqueacredito no projecto, nesta nação e nas condi-ções para fazer do Benfica grande, para recupe-rar o prestígio internacional. É fundamental vol-tarmos a ganhar."

O técnico, que assinou por duas temporadascom o Benfica, foi perentório e revelou algumaemoção no momento de abordar este regresso aPortugal, após um ano no Flamengo.

"Não sou o salvador. Salvadores vamos ser

todos nós. Cheguei de um grande clube, que seuniu à volta do seu treinador, da sua equipa e,por isso, é que ganhámos grandes títulos inter-nacionais. Quero agradecer ao Flamengo, dofundo do coração, pela forma como me trataram,a amizade e amor que tiveram por mim. Agora,pensem: o Flamengo tem 50 milhões de adeptos.Para eu vir para o Benfica tinha de haver umacausa muito grande, que é voltar a ganhar",observou.

O treinador de futebol Jorge Jesus assinou nasegunda-feira contrato com o Benfica por doisanos, até ao final da temporada 2021/22, anun-ciou o clube ‘encarnado’, em comunicado envia-do à Comissão do Mercado de Valores Mobiliá-rios (CMVM).

“A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD infor-ma, nos termos e para o efeito do disposto noartigo 248.º-A do Código dos Valores Mobiliários,

que acabou de formalizar o acordo para a con-tratação do treinador Jorge Jesus, ao abrigo deum contrato de trabalho desportivo para vigorarnas próximas duas épocas desportivas”, indica ocomunicado.

Jorge Jesus, de 66 anos, já tinha sido confir-mando como novo técnico dos ‘encarnados’ a 17de Julho, dia em que rescindiu com o Flamengo,após conquistar seis troféus em pouco mais de

um ano, incluindo a Taça Libertadores e o cam-peonato brasileiro.

Jorge Jesus sucede a Nélson Verríssimo, osubstituto temporário de Bruno Lage.

O treinador Jorge Jesus assinalou o regressoao futebol do Benfica com uma imagem sua narede social Instagram, acompanhada da frase doclube ‘De muitos, um’ [no original em latim, EtPluribus Unum].

Na imagem, em tons de vermelho, Jorge Jesussurge em plano maior e também em mais pe-queno, ao lado do emblema do clube, da águia,e com o estádio da Luz em fundo, numa mensa-gem em português e em inglês.

Jorge Jesus assinou contrato comotreinador do Benfica por dois anos

JORGE JESUS DISCURSANDO DURANTE A SUA APRESENTAÇÃO COMO NOVO TÉCNICODO BENFICA, EM SEIXAL, (Fotos António Cotrim/Lusa)

Jesus diz que “encarnados” vão ter equipa para “arrasar” e “jogar o triplo”

O PRESIDENTE DO BENFICA, LUIS FILIPE VIEIRA (E), E RUI COSTA (D), OFERECEM UMA CAMISOLA DA EQUIPA ENCARNADA A JORGE JESUS,DURANTE A SUA APRESENTAÇÃO COMO NOVO TREINADOR DO BENFICA, NA SEGUNDA-FEIRA EM SEIXAL

Novo técnico quer recuperar “prestígio internacional” do clube mas recusa ser “salvador”

‘JJ’ assinala lema do Benfica'De muitos, um' no diada sua apresentação

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10 DE AGOSTO DE 2020 . O SÉCULO DESPORTIVO 3

O treinador espanhol Natxo González deixou ocomando técnico do Tondela, uma época apóschegar ao futebol português e uma antes de ter-minar o contrato, anunciou hoje o clube da I Liga.

“A CD Tondela - Futebol SAD vem, por estemeio, informar que chegou a acordo com o trei-nador Natxo González para a cessação do con-trato que ligava ambas as partes”, adianta umcurto comunicado da SAD.

Na nota publicada no sítio oficial do clube nainternet, a SAD agradece a Natxo González edeseja “as maiores felicidades pessoais e profis-sionais” ao técnico, de 52 anos, que chegou noinício da época 2019/20 ao clube, provenientedos espanhóis do Deportivo Corunha.

“Natxo González fica para a história do nossoclube ao ter alcançado a melhor primeira volta desempre dos ‘auriverdes’ na I Liga e alcançandotambém mais uma manutenção no principal es-calão do futebol nacional, num contexto diferentede todas as anteriores devido à pandemia dacovid-19”, refere o comunicado.

Natural de Vitoria, no País Basco, José Ignacio

González Sáenz, conhecido no mundo do futebolpor Natxo González, tem no currículo duas subi-das de divisão, a primeira na época de 2012/13,com o Alavés, e a seguinte em 2015/16, com oRéus, colocando ambas as equipas na segundaliga espanhola.O Tondela esclarece ainda que o novo treinador

do Tondela “será anunciado brevemente”.

O treinador Lito Vidigal vai orientar o Marítimonas próximas duas temporadas, sucedendo nocargo ao português José Gomes, que saiu paraos espanhóis do Almería, anunciou o clube da ILiga portuguesa de futebol.

Numa curta nota publicada no sítio oficial na In-ternet, o clube madeirense, que concluiu época2019/20 no 11.º lugar do campeonato, destaca ocurrículo do técnico, de 51 anos, que conta com“passagens por emblemas importantes do fute-bol português e experiência internacional adquiri-da ao serviço de clubes e seleções”.

Lito Vidigal, natural de Angola, chega ao Marí-timo depois ter treinado o Vitória de Setúbal nasúltimas quatro jornadas da I Liga, tendo assegu-rado a permanência do clube sadino.

O novo treinador do Marítimo está de regressoà Madeira, onde já orientou clubes como o Por-tosantense e o Pontassolense.

"NÃO ERA CONFORTÁVEL FAZER UMAPROPOSTA AO LITO VIDIGAL"- PRESIDENTE DO VITÓRIA DE SETÚBAL

O presidente do Vitória de Setúbal confessouque "não era confortável" fazer uma propostapara o treinador Lito Vidigal continuar no coman-do da equipa principal de futebol, tendo em contao clima de incerteza no clube.

Os sadinos foram impedidos, pela Liga Portu-guesa de Futebol Profissional (LPFP), de partici-par nas competições da próxima época, por te-rem falhado alguns pressupostos no processo delicenciamento, numa decisão que o clube vai re-correr, para o Conselho de Justiça da FederaçãoPortuguesa de Futebol."O Lito Vidigal veio fazer quatro jogos e agrade-

cemos o trabalho e a coragem que teve em nosvir ajudar. Sabemos que perante este cenárionão era confortável fazer-lhe uma proposta paracontinuar na próxima época. Estamos agora con-centrados nesta decisão e para a próxima sem-ana vamos pensar no que aí vem", disse PauloGomes.O dirigente, que participou na Assembleia Geral

da LPFP, no Porto, confirmou que o Vitória deSetúbal apresentou o seu recurso à decisão daLPFP e mostrou-se "confiante" que a normalida-de voltará ao clube.

"Para os pontos que disseram que não cumpri-mos, temos fundamentação legal para se sobre-por. Já tivemos acesso ao registo da Comissãode Auditoria e continuamos na luta pela defesade um clube centenário, que defende uma cidadede gente de trabalho e honesta", disse PauloGomes.

O presidente dos sadinos lembrou que a redu-ção do tempo da janela de transferências, devidoà pandemia de covid-19, retirou espaço para queo orçamento da sociedade desportiva pudesseser totalmente cumprido, causando dificuldadesacrescida para corresponder a todos os pressu-postos do licenciamento.

"Tivemos de entregar os pressupostos no de-correr do campeonato, o que diminuiu as nossashipóteses [de receitas] e com a agravante do es-tado de calamidade que se vive em Setúbal, quelegalmente não nos permite fazer coisas que sefazem no resto do país. Essas pequenas difer-enças, fazem com que alguns pressupostos nãofossem cumpridos, mas não por falta de garan-tias, porque essas foram dadas", disse o diri-gente.

Paulo Gomes confessou que "os adeptos estãopreocupados, mas estão unidos" e não deixou delançar algumas críticas à forma como a LPFPconduziu este processo."Estou tranquilo, mas não quero que o Vitória de

Setúbal, pelo seu passado recente, seja o clubemais fácil para resolver problemas da Liga. Issonão vou permitir. Não somos um negócio, somosum clube centenário que respeita todas as insti-tuições e quer ser respeitado", vincou o presi-dente do emblema sadino.

Rui Almeida vai orientar o Gil Vicente na próxi-ma temporada, sucedendo a Vítor Oliveira eabraçando a primeira experiência em solo por-tuguês como treinador principal, anunciou o 10.ºclassificado da I Liga de futebol.

“O Gil Vicente FC informa que Rui Almeida as-sume o comando técnico dos gilistas para a épo-ca 2020/21. Bem-vindo a Barcelos, ‘mister’!”, lê-se em comunicado publicado pela formação deBarcelos nas redes sociais.

Rui Almeida, de 50 anos, trabalhou cinco anosnos dois principais escalões franceses, com pas-sagens por Red Star (2015-2017), Bastia (2017),Troyes (2018/19) e Caen (2019/20), e foi adjuntode Jesualdo Ferreira nos gregos do Panathinai-kos e no Sporting (2012/13), no Sporting de Bra-ga (2013/14) e nos egípcios do Zamalek(2014/15).Natural de Lisboa, o técnico começou por orien-

tar CAC Pontinha, Atlético e a formação do Benfi-ca nos anos noventa, antes de assumir as fun-ções de coordenador técnico da Associação deFutebol de Lisboa, coadjuvar as equipas técnicasde Estoril-Praia (2002-2008) e Trofense (2008-2010) e comandar a seleção sub-23 da Síria(2010-2012).

Rui Almeida estava desempregado desde Se-tembro de 2019 e rende Vítor Oliveira, que con-duziu o Gil Vicente a uma campanha tranquila naI Liga, culminada na 10.ª posição, com 43 pon-tos, 10 acima da zona de despromoção, numatemporada assinalada pelo regresso administra-tivo à elite, a partir do Campeonato de Portugal,após o ‘caso Mateus’.

O Rio Ave, da I Liga portuguesa de futebol, ofi-cializou a contratação do treinador Mário Silva,que assinou um contrato válido para as próximasduas temporadas.

O técnico, de 43 anos, que estava nos espa-nhóis do Almería, regressa a Portugal para seestrear como treinador principal de uma equipado principal escalão do futebol nacional, sendo osucessor de Carlos Carvalhal no comando daformação vila-condense.Depois de uma carreira como jogador, com pas-

sagens por Boavista, FC Porto, pelos francesesdo Nantes, e pelos espanhóis do Recreativo deHuelva e Cádis, Mário Silva abraçou a carreira

como treinador, em 2010, ao serviço do Boavista,passando pelas camadas jovens dos 'axadreza-dos' até uma curta passagem como técnico daequipa principal.

Seguiu-se uma ligação ao futebol de formaçãodo FC Porto, onde teve como maior feito, a con-quista do título europeu de sub-19, em 2019,antes de se mudar para Espanha, onde assumiua coordenação da formação do Almería e, no últi-

mo mês, orientou os trabalhos da equipa princi-pal, até ser rendido por José Gomes (ex-Ma-ríti-mo).Agora nos Arcos, Mário Silva está já a preparar

o arranque da época do Rio Ave, agendada para14 de agosto, uma vez que a formação vila-con-dense tem um compromisso da segunda elimi-natória de acesso à Liga Europa, a 17 de Setem-bro.

O treinador Nuno Manta Santos abandonou naquarta-feirs “de forma unilateral e com efeitosimediatos” o comando do Desportivo das Aves,despromovido à II Liga de futebol, quebrando ovínculo extensível até Junho de 2021.

“Chegou ao fim a minha dura caminhada juntoda CD Aves - SAD, depois de esgotar todas asvias possíveis (e mesmo impossíveis) para a ma-nutenção desta relação. Por razões de ética pro-fissional, não entrarei em detalhes sobre os as-suntos internos que estiveram na base da deci-são”, lê-se em comunicado enviado à Lusa pelotécnico.

A saída de Nuno Manta surge quando a SADdos nortenhos acumula quatro meses seguidosde salários em atraso e falhou em 29 de Julho osrequisitos de licenciamento das provas profis-sionais de 2020/21, tendo a Comissão de Audito-ria da Liga Portuguesa de Futebol Profissional(LPFP) detetado três incumprimentos legais e 13financeiros.

“Cumpre deixar uma palavra a todos (e nãoforam poucos!) os que me apoiaram. Antes demais, agradecer a todos os que, ao meu lado,sacrificaram diária e arduamente as suas vidaspessoais e profissionais para alcançarmos umobjetivo que muitos achavam impossível: con-cluir o campeonato de cabeça levantada”, pros-segue a nota.

As sucessivas dívidas salariais por parte daadministração liderada pelo chinês Wei Zhao re-sultaram em 12 rescisões unilaterais de atletasdo Desportivo das Aves, que terminou a edição2019/20 da I Liga na 18.ª e última posição, com17 pontos, outros tantos abaixo da zona de sal-vação, consumando a descida à II Liga no relva-do, a par do Portimonense.

“Falo dos meus jogadores, da restante equipatécnica, de todos os que, num esforço incomen-surável, quase sobre-humano, enfrentaram ver-dadeiros calvários diários que guardaremosconnosco. Obrigado, foram inexcedíveis! Agra-decer às gentes e adeptos das Aves pelo incan-sável apoio. Levá-las-ei comigo no coração”,frisa Nuno Manta.

Os nortenhos dispuseram de três dias úteispara apresentar o recurso nos serviços da Ligade clubes, mas, ao contrário do Vitória de Setú-bal, dispensaram a contestação junto do Con-selho de Justiça da Federação Portuguesa deFutebol (FPF), acatando um desfecho que deter-mina a descida por via administrativa ao Cam-peonato de Portugal.

Nuno Manta Santos, de 42 anos, chegou à Viladas Aves a 13 de Novembro de 2019, dois diasapós ter rescindido com o Marítimo, para renderLeandro Pires, que substituiu de forma interinaAugusto Inácio, somando quatro triunfos em 23jogos e uma despedida atribulada da elite, per-ante a ameaça da SAD em faltar às últimas duasjornadas.“Não posso ainda deixar de agradecer ao presi-

dente António Freitas pela confiança. Foi, de

facto, uma luta muito dura e muito diferente doque imaginei e planeei. Sofrida e inevitavelmentealgo triste. Contudo, acabou e há que virar a pá-gina. O futebol é a minha vida, o relvado é a mi-nha casa e é nele que me continuarão a ver”, fi-naliza.A LPFP convidou o Portimonense, 17.º e penúl-

timo colocado, a manter-se na I Liga e o Cova daPiedade e o Casa Pia a ficarem na II Liga, apósterem sido despromovidos pela via administrati-va, com o cancelamento daquele escalão devidoà pandemia de covid-19.

MERCADO DE TRANSFERÊNCIAS

Lito Vidigal é o novotreinador do Marítimo

Mário Silva assinou duas épocas com Rio Ave

MÁRIO SILVA NATXO GONZÁLEZ

LITO VIDIGAL

NUNO MANTA SANTOS

Nuno Manta Santos rescindiucom Desportivo das Aves

Natxo González deixa Tondela

Rui Almeida sucedea Vítor Oliveira no comando técnicodo Gil Vicente

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4 O SÉCULO DESPORTIVO . 10 DE AGOSTO DE 2020

MERCADO DE TRANSFERÊNCIAS

O defesa central Jorge Fernandes reforçou o Vi-tória de Guimarães, da I Liga portuguesa de fute-bol, por cinco épocas, após ter cumprido a tem-porada anterior no Kasimpasa, da Turquia, con-firmou o emblema minhoto.

O clube de Guimarães garantiu ainda 60% dosdireitos económicos do futebolista, de 23 anos,que estava ligado ao FC Porto desde 2007,quando tinha 10 anos.

Na temporada 2019/20, o defesa cumpriu 22jogos oficiais pelo 10.º classificado da I Liga tur-ca, por empréstimo dos ‘dragões'.

Depois de cumprida a formação, Jorge Fernan-des representou o FC Porto B entre 2015 e 2018,tendo-se sagrado campeão da II Liga na época2015/16, e cumpriu um jogo pela equipa principal‘azul e branca' em 13 de Outubro de 2017, nagoleada sobre o Lusitano de Évora (6-0), para aterceira eliminatória da Taça de Portugal.

Emprestado ao Tondela entre Janeiro de 2018e Junho de 2019, o defesa cumpriu 37 jogos ofi-ciais nesse período e apontou um golo pelaturma da I Liga.

O guarda-redes brasileiro Wellington Luís aban-donou o Gil Vicente, terminando uma ligação deduas temporadas à formação de Barcelos, confir-mou fonte do clube que alinha na I Liga de fute-bol.

O guardião, de 25 anos, jogou duas vezes paraa Taça da Liga e foi um dos quatro elementosque sobraram da estrutura de transição montada

pelos minhotos em 2018/19, temporada em quecompetiram, sem contar para a classificação, noCampeonato de Portugal, antecedendo o regres-so administrativo ao escalão principal, após o‘caso Mateus’.

Com formação repartida entre os brasileiros doInternacional e do Novo Hamburgo, WellingtonLuís assinou pelo Marítimo em 2014, evoluindoao serviço da equipa B dos insulares, antes detransitar para o Salgueiros, há três anos.

Ainda sem reforços anunciados para 2020/21,os ‘galos’ já tinham confirmado o fim dos emprés-timos do guarda-redes Bruno Diniz, do defesaArthur Henrique, do médio Bozhidar Kraev e dosavançados Sandro Lima, Yves Baraye e ZakariaNaidji.

O Gil Vicente oficializou Rui Almeida como su-cessor de Vítor Oliveira, que conduziu os ‘galos’a uma campanha tranquila na I Liga em 2019/20,culminada na 10.ª posição, com 43 pontos, 10acima da zona de despromoção.

O médio Nuno Coelho, que nas duas últimastemporadas representou o Belenenses, é reforçodo Desportivo de Chaves para 2020/21, anun-ciou o emblema da II Liga portuguesa de futebol.

Numa nota publicada no sítio oficial na Internet,os transmontanos anunciaram a contratação,sem divulgar a duração do contrato.Nas últimas duas épocas, Nuno Coelho realizou

um total de 63 jogos ao serviço do Belenenses,do principal escalão, apontando um golo.

O médio de 32 anos já representou ainda Arou-ca, Benfica, Beira-Mar, Portimonense, Académi-ca, Leiria e FC Porto, em Portugal, e o Aris deSalónica, na Grécia.

O Desportivo de Chaves anunciou tambémcomo reforços para a nova temporada no segun-do escalão os defesas João Reis, de 28 anos,ex-Tondela, Luís Rocha, de 33 anos, ex-Farense,e Bura, de 31 anos, ex-Leixões, os médios ZéTiago, de 31 anos, ex-Mafra, e Luís Silva, de 27anos, ex-Leixões, e o avançado Roberto, de 31anos, ex-Estoril.

Também o ala direito João Correia, de 23 anos,assinou em definitivo pelos flavienses, depois de

ter estado emprestado na temporada 2019/2020pelo Vitória de Guimarães.

A equipa será orientada pelo técnico CarlosPinto, de 47 anos, que na época passada co-mandou o Leixões, e arrancou com os treinospara a nova temporada a 11 de Julho.A II Liga portuguesa de futebol arranca no fim de

semana de 13 de Setembro e o sorteio está mar-cado para 28 de Agosto.

O futebolista francês Yanis Hamache, de 21anos, vai transferir-se do Nice para o Boavista napróxima temporada, anunciou o clube gaulês nassuas redes sociais.“De forma a continuar a sua progressão, Hama-

che prepara-se para descobrir uma nova liga, umnovo clube, e um novo país. Em Portugal vai jo-gar com a camisola do Boavista”, refere o clubefrancês, desejando as maiores felicidades aojogador.

Nascido em Marselha, o lateral esquerdo feztoda a sua formação no Nice, tendo na épocapassada alinhado, por empréstimo, no Red Star,da segunda divisão francesa.

A SAD do Feirense, da II Liga portuguesa defutebol, garantiu a contratação do defesa PedroMonteiro para a temporada 2020-2021.

Aos 26 anos, o defesa central proveniente doLeixões reencontra o treinador Filipe Rocha, queorientou o jogador no Freamunde.

Pedro Monteiro jogou ainda no Sporting deBraga, Paços de Ferreira, Estoril Praia e noscipriotas do Apollon Limassol.

O médio brasileiro Cláudio Falcão, ex-jogadordo Desportivo das Aves, foi confirmado como oquinto reforço do promovido Farense, que iniciouno campo a preparação da época 2020/21 na ILiga portuguesa de futebol.

"O Sporting Clube Farense - Algarve FutebolSAD comunica que chegou a acordo com o atle-ta Cláudio Falcão para a celebração de um con-trato com a duração de três épocas desportivas",revelou o emblema algarvio, em comunicado.Segundo o Farense, o jogador, "fortemente con-

corrido por vários clubes nacionais e internacio-nais", optou pelo projecto algarvio pela "impor-tância da estrutura, do treinador e do presidenteno momento da escolha".

Cláudio Falcão, 26 anos, médio-defensivo quetambém pode jogar a central, chega ao Algarvedepois de quatro épocas no Desportivo dasAves, num percurso que teve como ponto alto aconquista da Taça de Portugal, em 2018, tendoacertado a rescisão amigável com os avenses noinício da semana.

Em São Brás de Alportel, o treinador SérgioVieira comandou o plantel no primeiro contactocom a bola, com a presença de três dos cincoreforços já anunciados - o guarda-redes RicardoVelho (ex-Sporting de Braga), o médio Amine(ex-Leixões) e o avançado Pedro Henrique (ex-Feirense) -, uma vez que Cláudio Falcão e Ra-fael Defendi (ex-Famalicão) estiveram ausentes.

Do plantel que garantiu à subida à I Liga, tran-sitam 12 jogadores, com destaque para o guar-da-redes Hugo Marques, o defesa Cássio e osmédios Fabrício Isidoro e Ryan Gauld, os ele-mentos mais preponderantes da última época.

Dois atletas que estavam emprestados, PedroSimões e Ângelo Taveira, voltaram para integrara pré-época, durante a qual poderão ser utiliza-dos jogadores da equipa satélite (Farense 1910)e dos juniores, em caso de necessidade.

O Famalicão contratou o jovem defesa centralAlexandre Penetra, internacional por Portugalnas categorias de sub-15, sub-16 e sub-18,anunciou o clube da I Liga de futebol.

“É muito prestigiante iniciar o meu trajecto en-quanto sénior no FC Famalicão. É reconhecida-mente uma equipa que disponibiliza todas ascondições para os jovens jogadores se valoriza-rem no futebol português”, regozijou-se o fute-bolista, de 18 anos.

O atleta, que se revelou “ansioso” para poderiniciar os trabalhos no seu novo clube, desvincu-lou-se do Benfica, cujos escalões jovens tinharepresentado nas últimas seis épocas.Alexandre Penetra começou a carreira na Esco-

la de Futebol os Pestinhas, depois representou aCasa do Benfica de Viseu e daí transferiu-separa as ‘águias’.

O médio Antoine Léautey assinou por duas tem-poradas com o Gil Vicente, oriundo dos france-ses do Chamois Niortais, com o qual terminoucontrato, anunciou o clube da I Liga portuguesade futebol.

“Mais um reforço para a fortaleza gilista. Bem-vindo, Antoine Léautey!”, lê-se numa nota publi-cada pela formação de Barcelos nas redes so-ciais.

O médio ofensivo, de 24 anos, apontou doisgolos em 30 jogos na terceira época seguidapelo Chamois Niortais, da II Liga francesa, apósuma passagem pelo US Boulogne e um percursoformativo dividido entre as camadas jovens doCaen e do Paris Saint-Germain.

Médio Cláudio Falcão confirmado nodia do regresso ao trabalho do Farense

Defesa Jorge Fernandes regressa ao país para jogar no Vit. Guimarães

Ex-Belenenses Nuno Coelhoreforça Desportivo de Chaves

Famalicão contrataex-júnior do BenficaAlexandre Penetra

Guarda-redes Wellington Luís abandona Gil Vicente

Pedro Monteiro no Feirense reforça feirense

Defesa francês Yanis Hamache é reforço do Boavista

Antoine Léauteyassinou duas épocascom Gil Vicente

Page 24: Contactos: 011 496 1650/7 * seculo@oseculo.co.za * www ... · Book of Records”. O jarrão decorado com motivos egípcios, tinha 5,36 metros de altura, pesava cerca de 700 qui-

Desportivo

DESPORTO

O jogo da Supertaça, que vai opor o FC Portoao Benfica e que deveria a abrir a temporada2020/21, vai disputar-se a 23 de Dezembro,anunciou a Federação Portuguesa de Futebol(FPF).

Em comunicado, a FPF informou que os doisclubes, juntamente com o organismo federativo,"acertaram esta data para a disputa do troféu quetradicionalmente marca o início oficial da época",sendo que o local e horário do encontro serão“divulgados oportunamente”.As três partes tinham acordado, no início de Ju-

lho, suspender a Supertaça, de forma a aliviar ocalendário das equipas portuguesas envolvidasnas competições europeias.

O encontro vai colocar frente-a-frente o FCPorto, campeão nacional e vencedor da Taça dePortugal, e o Benfica, finalista vencido da ‘provarainha'.

Na terça-feira, a Liga Portuguesa de FutebolProfissional (LPFP) anunciou que a I Liga por-tuguesa terá início no fim de semana de 19 e 20de setembro.

A edição 2020/21 da I Liga de futebol terá iníciono fim de semana de 20 de Setembro, informoua Liga Portuguesa de Futebol Profissional(LPFP), em nota publicada na sua página oficialna Internet.

O campeonato arrancará quase dois mesesapós a conclusão da época 2019/20, num perío-do de paragem menor do que o habitual, e tam-bém mais tarde, em função da reformulação daanterior temporada, devido à pandemia da covid-19.

O sorteio da I Liga será realizado a 28 deAgosto, tal como o da II Liga, que arranca a 13de Setembro, conforme tinha avançado na se-gunda-feira a LPFP.As datas do início da I e II Ligas ainda necessi-

tam de “ratificação por parte da Direcção da Fe-deração Portuguesa de Futebol (FPF)”, como ex-plicou a LPFP.

Na temporada que terminou, a I Liga decorreuaté ao primeiro fim de semana de Março, dataapós a qual foi suspensa devido à crise sanitáriaexistente com a pandemia do novo coronavírus,e foi retomada no início de Junho, mas sem apresença de público.

Em 2019/20, o FC Porto conquistou o campe-onato, que terminou em 26 de Julho, e a Taça dePortugal, disputada a 1 de Agosto, enquanto oBenfica venceu a Supertaça, e o Sporting de Bra-ga a Taça da Liga.

O presidente da Liga Portuguesa de FutebolProfissional (LPFP), Pedro Proença, disse que oorganismo está a trabalhar para que a época2020/21 comece, em Setembro, com público nasbancadas.

Na conferência “Futebol Profissional e Econo-mia Pós COVID-19”, promovida pela LPFP, emOeiras, Pedro Proença sublinhou que os adeptossão parte do futebol e indispensáveis ao espec-táculo.

“É para os adeptos que estamos a lutar e a tra-balhar, e tudo faremos para que a próxima épocacomece com eles. Sem eles, o futebol não existe,e estamos em conversações com a Direcção-Ge-ral de Saúde (DGS) e com o Governo”, revelou opresidente da LPFP.

Em resposta, na sua intervenção na conferên-cia, o Secretário de Estado da Juventude e doDesporto (SEJD), João Paulo Rebelo, admitiuque o futebol só tem toda a sua essência quan-do os “artistas” podem ser vistos ao vivo pelo pú-blico.

João Paulo Rebelo sublinhou também que tudo

está a ser feito para que os adeptos voltem rapi-damente às bancadas, mas advertiu que essadecisão não pode colocar em causa a saúde pú-blica e os avanços conseguidos no combate àpandemia de covid-19.

“É evidente que os nossos artistas, os atletas,merecem a presença do público. Sabemos que ocomportamento do público num anfiteatro é dis-tinto do público num jogo de futebol, o que nãoquer dizer que não estejamos envolvidos nabusca de uma solução, o mais breve possível”,disse.

O governante, que esteve presente no penúlti-mo sábado na final da Taça de Portugal – o FCPorto conquistou o troféu, ao bater o Benfica por2-1, em Coimbra – e reconheceu um “cenário de-solador” face às bancadas vazias, não se com-prometeu, porém, com prazos.

“Não consigo dizer a partir de quando, mas épreciso trabalharmos com a DGS, e quero quesaibam que o SEJD e o Governo estão compro-metidos para que isso possa acontecer o maisrapidamente possível, mas sem comprometer o

equilíbrio que é difícil de conseguir, e de forma aque uma abertura excessiva não comprometa otrabalho todo que estamos a fazer”, explicou.

A edição 2020/21 da I Liga portuguesa de fute-bol arranca no fim de semana de 20 de Setem-bro, uma semana depois do começo da II Liga, eo sorteio das duas competições está agendadopara 28 de Agosto.

Pedro Proença quer que a época 2020/21comece com adeptos nas bancadas

FC Porto e Benfica disputam a Supertaça a 23 de Dezembro

I Liga de futebol 2020/21 com iníciono fim de semana de 20 de Setembro

O piloto português António Félix da Costa (DSTecheetah) sagrou-se ontem campeão mundialde Fórmula E, competição para carros eléctricos,ao ser segundo classificado na oitava jornada dacompetição, em Berlim.

Partindo do segundo lugar da grelha, o portu-guês chegou a liderar durante várias voltas, masacabou por ser ultrapassado pelo companheirode equipa, o francês Jean-Éric Vergne, que ven-ceu a corrida.

Félix da Costa terminou as 37 voltas a apenas497 milésimos de segundo do vencedor, rubri-cando ainda a volta mais rápida da corrida.

O suíço Sébastien Buemi (Nissan) foi terceiroclassificado, a 1,392 segundos de Vergne, queconquistou o título nos dois anos anteriores.

O segundo lugar foi suficiente para o piloto deCascais festejar o título de pilotos, quando faltamduas corridas para o final do campeonato, com aDS Techeetah a festejar também o triunfo nocampeonato de equipas.

"Estou sem palavras. Só me vieram à ideia osmomentos difíceis por que passei. Estive pertode desistir, mas continuei devido às pessoas queestavam comigo", frisou Félix da Costa, após acorrida.

O português somou 19 pontos e chegou aos156, que o deixam a salvo dos adversários nasduas corridas que faltam disputar, na capital ale-mã. Vergne soma 80 e o alemão Max Gunther(Nissan) tem 69.No Mundial de equipas, a DS Techeetah totaliza

agora 236 pontos, contra 121 da Nissan.A próxima corrida, a penúltima, disputa-se na

quarta-feira, em Berlim.

O holandês Max Verstapen (Red Bull) con-seguiu ontem a nona vitória da carreira, ao ven-cer o Grande Prémio do 70.º aniversário da Fór-mula 1, no circuito inglês de Silverstone, deixan-do o britânico Lewis Hamilton (Mercedes) a11,326 segundos.A vitória de Verstappen na quinta prova da tem-

porada, depois de quatro triunfos da Mercedes,

foi desenhada nas trocas de pneus, com a RedBull a gerir melhor o desgaste das borrachas.

Com este resultado, Verstappen sobe a segun-do do campeonato, com 77 pontos, a 30 do lídere detentor do título Hamilton e com mais quartodo que o finlandês Valtteri Bottas (Mercedes),que fechou o pódio em Silverstone.

Félix da Costasagrou-se campeãomundial deFórmula E em Berlim

PILOTO PORTUGUÊSANTÓNIO FÉLIX DA COSTA

Max Verstappen bate Mercedes e venceGP do 70.º aniversário da Fórmula 1