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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO A.O.S. DIOCESE DE ABAETETUBA EEEFM SÃO FRANCISCO XAVIER COMPONENTE CURRICULAR: LITERATURA 3ª SÉRIE TURMA:__________ PROFESSOR: VALDIR NEGRÃO DA SILVA E-mail: [email protected] ALUNO (A)___________________________________________________________________Nº______ COMPÊNDIOS 2º Período: 01/03/2021 a 19/03/2021 3º Período: 22/03/2021 a 09/04/2021 4º Período 12/04/2021 a 30/04/2021 SEMANA DE ARTE MODERNA Marco oficial do Modernismo brasileiro, a Semana de Arte Moderna aconteceu em São Paulo (SP) e reuniu artistas das mais diversas áreas no Teatro Municipal de São Paulo ao longo dos dias 13 e 18 de fevereiro de 1922. Apresentações musicais e conferências intercalavam-se às exposições de escultura, pintura e arquitetura, com o intuito de introduzir ao cenário brasileiro as mais novas tendências da arte. Influenciados pelas vanguardas europeias e pela renovação geral no panorama da arte ocidental, esses escritores, pintores, escultores, intelectuais e músicos uniram seus esforços para apresentar suas produções ao grande público. Reunião das tendências estéticas que tomavam forma em São Paulo e no Rio de Janeiro desde o início do século, a Semana de Arte Moderna também revelou novos grupos, novos artistas, novas publicações, tornando a arte moderna uma realidade cultural no Brasil. Até o início do século XX, a escola artística tida como oficial no Brasil era o Parnasianismo. Caracterizado pelo rigor formal (preocupação com a forma do poema no que se refere à metrificação), pela proposta da “arte pela arte” e pelo academicismo e elevada erudição, o Parnasianismo havia sido a tendência estética dominante até então, especialmente na poesia, figurando em textos oficiais, como o Hino Nacional Brasileiro. Como a grande maioria das escolas estéticas, o Parnasianismo foi importado da Europa. No continente europeu, contudo, vigorava outra proposta artística. As grandes reviravoltas da Revolução Industrial haviam instituído uma nova maneira de viver, modificando completamente as relações humanas. A luz elétrica e a rapidez dos automóveis e das produções fabris em larga escala transformaram a sociedade. O advento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a destruição mortífera causada por ela também influenciaram social e filosoficamente os artistas do período. O início do século XX trouxe inúmeras mudanças ao modo de viver europeu; a arte, portanto, precisava acompanhar essas mudanças. Vinham à tona as vanguardas artísticas e, com elas, a consolidação da modernidade no âmbito da arte. O Brasil, por sua vez, também começava a se modernizar. As primeiras indústrias começavam a se instalar na cidade de São Paulo, e a produção de café do interior paulista gerava grandiosa receita de exportação, transformando o estado em novo centro econômico brasileiro. Por esse motivo, a capital paulista foi o palco dos eventos da Semana de Arte

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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA DO ESTADO DE EDUCAÇÃO

A.O.S. DIOCESE DE ABAETETUBA EEEFM SÃO FRANCISCO XAVIER

COMPONENTE CURRICULAR: LITERATURA 3ª SÉRIE TURMA:__________ PROFESSOR: VALDIR NEGRÃO DA SILVA E-mail: [email protected] ALUNO

(A)___________________________________________________________________Nº______

COMPÊNDIOS

2º Período: 01/03/2021 a 19/03/2021 3º Período: 22/03/2021 a 09/04/2021 4º Período 12/04/2021 a 30/04/2021

SEMANA DE ARTE MODERNA

Marco oficial do Modernismo brasileiro, a Semana de Arte Moderna aconteceu em São

Paulo (SP) e reuniu artistas das mais diversas áreas no Teatro Municipal de São Paulo ao

longo dos dias 13 e 18 de fevereiro de 1922. Apresentações musicais e conferências

intercalavam-se às exposições de escultura, pintura e arquitetura, com o intuito de introduzir

ao cenário brasileiro as mais novas tendências da arte.

Influenciados pelas vanguardas europeias e pela renovação geral no panorama da

arte ocidental, esses escritores, pintores, escultores, intelectuais e músicos uniram seus

esforços para apresentar suas produções ao grande público. Reunião das tendências estéticas

que tomavam forma em São Paulo e no Rio de Janeiro desde o início do século, a Semana de

Arte Moderna também revelou novos grupos, novos artistas, novas publicações, tornando a

arte moderna uma realidade cultural no Brasil.

Até o início do século XX, a escola artística tida como oficial no Brasil era o

Parnasianismo. Caracterizado pelo rigor formal (preocupação com a forma do poema no que

se refere à metrificação), pela proposta da “arte pela arte” e pelo academicismo e elevada

erudição, o Parnasianismo havia sido a tendência estética dominante até então, especialmente

na poesia, figurando em textos oficiais, como o Hino Nacional Brasileiro.

Como a grande maioria das escolas estéticas, o Parnasianismo foi importado da

Europa. No continente europeu, contudo, vigorava outra proposta artística. As grandes

reviravoltas da Revolução Industrial haviam instituído uma nova maneira de viver, modificando

completamente as relações humanas. A luz elétrica e a rapidez dos automóveis e das

produções fabris em larga escala transformaram a sociedade.

O advento da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a destruição mortífera causada

por ela também influenciaram social e filosoficamente os artistas do período. O início do século

XX trouxe inúmeras mudanças ao modo de viver europeu; a arte, portanto, precisava

acompanhar essas mudanças. Vinham à tona as vanguardas artísticas e, com elas, a

consolidação da modernidade no âmbito da arte.

O Brasil, por sua vez, também começava a se modernizar. As primeiras indústrias

começavam a se instalar na cidade de São Paulo, e a produção de café do interior paulista

gerava grandiosa receita de exportação, transformando o estado em novo centro econômico

brasileiro. Por esse motivo, a capital paulista foi o palco dos eventos da Semana de Arte

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Moderna, que contou com o patrocínio de diversos membros da burguesia industrial que ali se

consolidava.

Além disso, 1922 foi o centenário da Independência do Brasil. Assim, o cenário era ideal

para a renovação artística nacional, e esse foi um dos motes da Semana: a atualização

intelectual da consciência nacional. O Brasil, que se transformava e se modernizava, precisava

de um novo olhar artístico, sociocultural e filosófico que propusesse uma arte nacional original

e atualizada, trazendo consigo um pensamento a respeito dos problemas brasileiros e da

variedade cultural que se estendia por nosso vasto território.

Predecessora importante da Semana foi a Exposição de Pintura Moderna – Anita

Malfatti, que ocorreu em 1917, também em São Paulo. Cinquenta e três obras da pintora

foram apresentadas ao lado de obras de artistas internacionais ligados às vanguardas

europeias. As telas impressionaram nomes que liderariam, depois, a Semana, como Mário de

Andrade, Oswald de Andrade, Menotti del Picchia e Di Cavalcanti.

A exposição também causou grande desaprovação da crítica conservadora, em

especial Monteiro Lobato, que publicou uma crítica extremamente negativa, intitulada

“Paranoia ou mistificação?”. Com traços expressionistas, Malfatti trouxe ao Brasil uma nova

estética, em exposição considerada o primeiro “estopim” para a idealização da Semana.

As novas tendências que floresciam com as vanguardas, grande período de

experimentação do início do século XX, deram aos artistas brasileiros a possibilidade de

trabalhar com novas linguagens, novos materiais e novas propostas, a fim de renovar a arte

nacional. Mas, diferente do Parnasianismo, não houve uma incorporação completa dessas

estéticas – não se importou para o Brasil o cubismo ou o expressionismo em busca de se

desenvolver aqui uma escola análoga.

Os artistas que iniciaram o Modernismo brasileiro aproveitaram-se desses novos

procedimentos e técnicas, desse rompimento com o academicismo, para reelaborar o

cenário artístico nacional.

TEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

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CATÁLOGO DA SEMANA DE ARTE MODERNA

Consequências da Semana de

Arte Moderna de 1922

Polêmica, confusa, barulhenta, tida

como “demasiado festiva” e “pouco

moderna”, não se pode negar que a

Semana de Arte Moderna de 1922 foi um

marco, um divisor de águas no panorama

artístico brasileiro. Ela escancarou as

portas para uma grande liberdade no que

diz respeito à produção e pesquisa

estética no país, contribuindo para um

florescimento intelectual e artístico. Na

visão de Di Cavalcanti, o acontecimento da Semana extrapolou o campo cultural e repercutiu

também na área política.

A Semana fez o papel de divulgação da arte moderna, que, por sua vez, cultivou o

terreno para a consolidação de uma revolução artística e literária que tomou forma após 1922,

quando foram lançados os manifestos de Oswald de Andrade e as obras fundamentais do

Primeiro Modernismo brasileiro, tais como Macunaíma (Mario de Andrade), Memórias

Sentimentais de João Miramar (Oswald de Andrade) e Ritmo Dissoluto (Manuel Bandeira).

ATIVIDADE 1

1. Sobre a Semana de Arte Moderna, é incorreto afirmar:

a) evento realizado em São Paulo no ano de 1922, tinha como principal objetivo ratificar

os padrões estéticos vigentes à época frente às investidas de um grupo de jovens artistas que

propunha a renovação radical no campo das artes influenciados pelas vanguardas europeias.

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b) o principal foco de descontentamento com a ordem estética estabelecida estava no

campo da literatura (e da poesia, em especial). Exemplares do Futurismo italiano chegavam

ao país e começavam a influenciar alguns escritores, como Oswald de Andrade e Guilherme

de Almeida.

c) Alvo de críticas e em parte ignorada, a Semana não foi bem entendida em sua época.

Esse evento ocorreu no contexto da República Velha, controlada pelas oligarquias cafeeiras e

pela política do café com leite. O capitalismo crescia no Brasil, consolidando a República e a

elite paulista, esta totalmente influenciada pelos padrões estéticos europeus mais tradicionais.

d) Os modernistas não apresentavam um projeto estético em comum, mas entre eles

imperava a ideia de que era preciso renovar, dar às artes características genuinamente

brasileiras. Para os jovens artistas, era indispensável a ruptura com a tradição clássica para

abolir os moldes europeus que ditavam as regras na literatura, nas artes plásticas, na

arquitetura, na música etc.

e) A Semana de Arte Moderna de 1922 foi uma consequência do nacionalismo

emergente da Primeira Guerra Mundial e também do entusiasmo dos jovens intelectuais

brasileiros pelas comemorações do Centenário da Independência do Brasil.

2. Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que

abalou a cultura nacional do início do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Anita

se considerava pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas enfrentou as duras críticas de

Monteiro Lobato. Com a intenção de criar uma arte que valorizasse a cultura brasileira, Anita

Malfatti e outros modernistas:

a) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias, valorizando as

cores, a originalidade e os temas nacionais.

b) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então utilizada de forma irrestrita,

afetando a criação artística nacional.

c) representavam a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo como

finalidade a prática educativa.

d) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma

liberdade artística ligada à tradição acadêmica.

e) buscaram a liberdade na composição de suas figuras, respeitando limites de temas

abordados.

Leia um trecho do texto, de Monteiro Lobato "Paranoia ou mistificação?", e responda as

questões:

Paranóia ou Mistificação

Por Monteiro Lobato Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as coisas e

em consequência disso fazem arte pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados

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para a concretização das emoções estéticas, os processos clássicos dos grandes mestres.

Quem trilha por esta senda, se tem gênio, é Praxiteles na Grecia, é Rafael na Itália, é

Rembrandt na Holanda,[...] A outra espécie é formada dos que veem anormalmente a

natureza, e interpretam à luz das teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas

rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos do cansaço e

do sadismo de todos os períodos de decadência; são frutos de fim de estação, bichados ao

nascedouro. Estrelas cadentes, brilham um instante, as mais das vezes com a luz do

escândalo, e somem-se logo nas trevas do esquecimento.

Embora eles se deem como novos, precursores duma arte a vir, nada é mais velho do

que a arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranoia e com a mistificação. De há muito

já que a estudam os psiquiatras em seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos

que ornam as paredes internas dos manicômios. A única diferença reside em que nos

manicômios essa arte é sincera, produto lógico de cérebros transtornados pelas mais

estranhas psicoses; e fora deles, nas exposições públicas, zabumbadas pela imprensa e

absorvidas por americanos malucos, não há sinceridade nenhuma, nem nenhuma lógica,

sendo tudo mistificação pura. Todas as artes são regidas por princípios imutáveis, leis

fundamentais que não dependem do tempo, nem da latitude. As medidas de proporção e

equilíbrio, na forma ou na cor, decorrem do que chamamos sentir. Quando as sensações do

mundo externo transformam-se em impressões cerebrais, nós “sentimos”; para que sintamos

de maneira diversa, cúbica ou futurista, é forçoso ou que a harmonia do universo sofra

completa alteração, ou que o nosso cérebro esteja em “pane” por virtude de alguma grave

lesão. Enquanto a percepção sensorial se fizer normalmente no homem, através da porta

comum dos cinco sentidos, um artista diante de um gato não poderá “sentir” senão um gato, e

é falsa a “interpretação” que do bichano fizer um totó, um escaravelho ou um amontoado de

cubos transparentes.

Estas considerações são provocadas pela exposição da sra. Malfatti onde se notam

acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias

de Picasso e companhia. Essa artista possui um talento vigoroso, fora do comum. [...]

Entretanto, seduzida pelas teorias do que ela chama arte moderna, penetrou nos domínios

dum impressionismo discutibilíssimo, e põe todo o seu talento a serviço duma nova espécie de

caricatura. Sejamos sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e “tutti quanti” não passam

de outros ramos da arte caricatural. É a extensão da caricatura a regiões onde não havia até

agora penetrado. Caricatura da cor, caricatura da forma – caricatura que não visa, como a

primitiva, ressaltar uma ideia cômica, mas sim desnortear, aparvalhar o espectador. [...] A

pintura da sra. Malfatti não é cubista, de modo que estas palavras não se lhe endereçam em

linha reta; mas como agregou à sua exposição uma cubice, leva-nos a crer que tende para ela

como para um ideal supremo. Publicado, em 20/12/1917, em O Estado de São Paulo, edição da noite

3. A crítica de Lobato teve grande repercursão no meio artístico e cultutal da época.

Qual é a opinião do escritor a respeito das obras de Anita Malfatti?

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4. Para fundamentar seu ponto de vista, Lobato desenvolve um texto argumentativo

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bem estruturado. No 1º paragrafo, opõe duas espécie de artistas.

a) Quais são elas?

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b) Qual espécie de artista ele prefere? Que exemplos ele cita para identificar essa

espécie de artista?

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1ª GERAÇÃO MODERNISTA: GERAÇÃO DE 22 OU HEROICA.

Manifestos e autores

A primeira geração modernista ou primeira fase do modernismo no Brasil é chamada de

"fase heroica" e se estende de 1922 até 1930.

Lembre-se que o modernismo foi um movimento artístico, cultural, político e social bem

amplo.

No Brasil, ele foi dividido em três fases, onde cada uma apresentava suas

singularidades segundo o contexto histórico inserido.

Primeira geração modernista

A Semana de Arte Moderna de 1922 foi, sem dúvida, o marco inicial da estética

moderna no Brasil.

Esse evento, ocorrido em São Paulo no Teatro Municipal durante os dias 11 a 18 de

fevereiro de 1922, representou uma ruptura com os padrões artísticos tradicionais.

A Semana reuniu apresentações de dança, música, exposições e recitação de poesias.

Ela chocou grande parte da população brasileira, por estar avessa ao tradicionalismo vigente,

estabelecendo assim, novos paradigmas de arte.

Os artistas envolvidos tinham como principal intuito apresentar uma estética inovadora,

pautada nas vanguardas artísticas europeias (cubismo, futurismo, expressionismo, dadaísmo,

surrealismo, etc.), iniciadas a partir do final do século XX.

Os artistas modernistas que merecem destaque nessa primeira fase fizeram parte do

chamado “Grupo dos Cinco”. Esse grupo esteve composto pelos artistas:

Mário de Andrade (1893-1945)

Oswald de Andrade (1890-1954)

Menotti Del Picchia (1892-1988)

Tarsila do Amaral (1886-1973)

Anita Malfatti (1889-1964)

Importante lembrar que muitos artistas foram estudar na Europa, sobretudo em Paris

(centro irradiador cultural e artístico da época) e trouxeram inovações no campo das artes.

Ainda que estivessem características das vanguardas europeias, o evento buscava

apresentar uma arte mais brasileira (brasilidade). Por esse motivo, a primeira fase modernista

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priorizou temas pautados no nacionalismo, portanto na cultura e na identidade do Brasil.

Uma importante característica desse período de afirmação nacional foi a disseminação

de diversos grupos e manifestos. Além disso, a publicação de algumas revistas auxiliaram na

divulgação dos ideais modernos.

Dos grupos modernistas destaca-se:

Pau-Brasil (1924-1925).

Verde-amarelismo ou Escola da Anta (1916-1929).

Movimento Antropofágico (1928-1929).

ABAPORU, DE TARSILA DO AMARAL

Das Revistas divulgadoras dos ideais modernistas as principais foram: a Revista Klaxon

(1922-1923) e a Revista de Antropofagia (1928-1929).

Características da primeira geração modernista:

Nacionalismo crítico e ufanista;

Valorização do cotidiano;

Resgate das raízes culturais brasileiras;

Críticas à realidade brasileira;

Renovação da linguagem;

Oposição ao parnasianismo e ao academicismo;

Experimentações estéticas;

Renovações artísticas;

Ironia, sarcasmo e irreverência;

Caráter anárquico e destruidor;

Uso de versos livres e brancos.

PRINCIPAIS AUTORES DA GERAÇÃO DE 22

A primeira fase do Modernismo no Brasil é destacada pelos autores: Mário de Andrade,

Oswald de Andrade, Manuel Bandeira e Alcântara Machado.

Lembre-se que o modernismo no Brasil teve início com a Semana de Arte Moderna de

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1922. Chamada de "fase heroica" ele vai até 1930 quando começa a segunda geração

modernista.

1. Mário de Andrade

O paulista Mário de Andrade (1893-1945) era um intelectual multifacetado e teve um

papel decisivo no movimento modernista. Aos 20 anos publicou seu primeiro livro: Há uma

Gota de Sangue em Cada Poema.

Além da literatura, também atuou na música, folclore, antropologia, etnografia e

psicologia. Foi pianista, professor de música e compositor.

Seu conhecimento foi de fundamental importância para o embasamento teórico do

movimento modernista no Brasil.

Suas características são o verso livre, o neologismo e a fragmentação. Também é

encontrada em sua obra o modo de falar do sertão, as lendas e costumes regionais, além das

danças populares.

A partir da revolução de 1930, sua poesia passa a ser intimista, com ênfase ao combate

das injustiças sociais, bancada por uma linguagem agressiva e explosiva.

Moça Linda Bem Tratada

Moça linda bem tratada,

Três séculos de família,

Burra como uma porta:

Um amor.

Grã-fino do despudor,

Esporte, ignorância e sexo,

Burro como uma porta:

Um coió.

Mulher gordaça, filó,

De ouro por todos os poros

Burra como uma porta:

Paciência…

Plutocrata sem consciência,

Nada porta, terremoto

Que a porta de pobre arromba:

Uma bomba.

2. Oswald de Andrade

O paulista Oswald de Andrade (1890-1954) atuou na carreira jornalística e foi militante

do Partido Comunista, embora de origem burguesa.

Fundou em 1911, em parceria com Alcântara Machado e Juó Bananère, a revista "O

Pirralho", que durou até 1917. Casa-se em 1926 com Tarsila do Amaral e, em 1930, com a

escritora comunista Patrícia Galvão, a Pagu.

No ano seguinte ingressa no Partido Comunista, onde permanece até 1945. É nesse

período que escreve "Manifesto Antropofágico", além de "Serafim Ponte Grande", um

romance, e a peça "O Rei da Vela".

São características de sua obra o deboche, a ironia e a crítica aos meios acadêmicos e

à burguesia. Defensor da valorização das origens e do passado do País.

Pronominais

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Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro

Amor

Humor

3. Manuel Bandeira

Poeta recifense, Manuel Bandeira (1886-1968) foi um dos responsáveis pela

consolidação do movimento modernista no Brasil.

A obra de Manuel Bandeira teve influência europeia visto que esteve na Europa a

procura de tratamento para sua tuberculose. Ali, conheceu o escritor dadaísta francês Paul

Élaurd, que o coloca em contato com as inovações europeias. É assim, que ele passa a

manifestar o verso livre.

A poesia de Bandeira é recheada de lirismo poético e liberdade. É adepto do verso livre,

da língua coloquial, da irreverência e da liberdade criadora. Seus versos são cheios de

construção e significado.

Poema tirado de uma notícia de jornal

João Gostoso era carregador de feira-livre e morava no morro da Babilônia num

barracão sem número

Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro

Bebeu

Cantou

Dançou

Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

ATIVIDADE 2

Vício na fala Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados. (Oswald de Andrade)

1. Feita a leitura do poema Vício na fala, de Oswald de Andrade, analise e julgue as

seguintes proposições:

I. O poema de Oswald de Andrade alerta-nos sobre a necessidade de uma espécie de

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ética linguística pautada na diferença entre as línguas; nesse caso, em uma única língua.

II. O poema critica a maneira de falar do povo brasileiro, sobretudo das classes incultas.

que desconhecem o nível formal da língua e, por isso, acabam disseminando erros

gramaticais.

III. Para ele, os falantes que dizem “mio”, “mió”, “pió”, “teia”, “teiado”, de certa forma,

constroem um “telhado”, ou seja, criam novas formas de pronúncia que aumentam e

sobressaem-se em muitos casos à norma culta.

IV. A palavra “vício”, encontrada no título do poema, denuncia o preconceito linguístico

do autor, que julga a norma culta superior ao coloquialismo presente na fala das pessoas

menos esclarecidas.

a) Todas estão corretas.

b) I e III estão corretas.

c) I, III e IV estão corretas.

d) II e III estão corretas.

e) Somente II está correta.

2. Sobre os poemas da primeira geração modernista, é correto afirmar apenas:

a) São marcados pelo formalismo: a métrica e a rima estão entre suas prioridades.

Durante esse período, deu-se prioridade para a composição de sonetos, retomando assim os

moldes literários clássicos.

b) Os poemas modernistas apresentam relação dialógica com os poemas do

simbolismo: o abuso de figuras de linguagem e de elementos sensoriais que permitem uma

viagem sinestésica marca a poesia dessa fase.

c) Os poemas da fase heroica do modernismo são marcados pela desconstrução e pela

subversão da sintaxe: as palavras não são dispostas de maneira convencional no papel,

caracterizando assim a poesia-práxis.

d) Nos poemas da primeira geração modernista, também denominada “fase heroica”, os

poetas estabeleceram novos paradigmas de arte, desvencilhando-se do modelo clássico

europeu e transgredindo a forma e o conteúdo do poema.

Erro de português

Quando o português chegou

Debaixo de uma bruta chuva

Vestiu o índio

Que pena!

Fosse uma manhã de sol

O índio tinha despido

O português. Oswald de Andrade

3. Sobre o poema de Oswald de Andrade, estão corretas as seguintes proposições:

I. Faz uma crítica contra a colonização portuguesa na Brasil. Essa crítica pode ser

confirmada a partir do título do poema, o qual contém uma ambiguidade intencional.

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II. Nesse poema, a temática do relacionamento amoroso é abordada de maneira

inovadora, distante da idealização romântica proposta pelos ultrarromânticos.

III. O poema utiliza elementos como o humor, a ironia e o sarcasmo para relatar a

chegada do português em terras brasileiras.

IV. Apropria-se de uma linguagem simples e prosaica para fazer uma reflexão profunda

e complexa.

V. No poema de Oswald nota-se a preocupação com a métrica, a versificação e a rima,

embora o conteúdo do poema seja inovador.

a) I, II e IV.

b) II, III e V.

c) I, III e IV.

d) III e IV.

e) II e V.

4. Todas as afirmativas a seguir relacionam-se ao Modernismo na sua primeira fase,

exceto:

a) Os movimentos de vanguarda europeus, a brutalidade da Primeira Guerra Mundial,

dentre outros fatores, favoreceram a busca por uma estética desvinculada de quaisquer

dogmatismos.

b) No Brasil, os movimentos primitivistas foram uma resposta à busca da expressão

nacional.

c) A conjunção entre primitivismo do folclore e universo urbano foi uma possibilidade

modernista.

d) As inovações de ordem temática e formal permitiram a delimitação clara entre prosa

e poesia modernistas.

e) A paródia aos textos e estilos consagrados da literatura brasileira é uma das

possibilidades modernistas.

5. O Modernismo no Brasil revolucionou as normas literárias, perdurando por várias

décadas. Assinale a alternativa que apresenta declarações concernentes a esse movimento.

a) Na primeira fase do movimento, surgiram grandes poetas, mas destacase

especialmente o chamado “romance revolucionário” ou “romance modernista”.

b) Oswald de Andrade, escritor e poeta paulista, foi um dos autores mais marcantes da

segunda fase. Seu texto foi dos mais inovadores e corrosivos da estética regionalista.

c) A primeira fase do movimento foi marcada pela desintegração da linguagem

tradicional devido à busca da expressão regional e à adoção das conquistas de vanguarda.

d) Apesar das inovações, esse movimento prendeu-se à concepção tradicional de

literatura, esquecendo a história da atualidade e fixando-se em valores do passado.

e) Esse movimento foi iniciado com a Semana de Arte Moderna em 1922, englobando

várias artes: literatura, música, pintura e escultura. O polo principal foi São Paulo, na época já

um florescente parque industrial.

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6. Considere os poemas a seguir.

Texto1

Moça Linda Bem Tratada

Moça linda bem tratada,

Três séculos de família,

Burra como uma porta:

Um amor.

Grã-fino do despudor,

Esporte, ignorância e sexo,

Burro como uma porta:

Um coió.

Mulher gordaça, filó,

De ouro por todos os poros

Burra como uma porta:

Paciência…

Plutocrata sem consciência,

Nada porta, terremoto

Que a porta de pobre arromba:

Uma bomba.

Texto 2

Pronominais

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro

Texto 3

Poema tirado de uma notícia de jornal

João Gostoso era carregador de feira-livre e morava no morro da Babilônia num

barracão sem número

Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro

Bebeu

Cantou

Dançou

Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.

Com base nos estudos sobre os autores principais, enumere as principais

características da geração de 22 presente em cada poema.

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Bons estudos!