COMPLIANCE &

Gestão Corporativa

Carlos Pedroza de Andrade Advogado

No contexto filosófico, ética e moral possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras, tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade. Os termos possuem origem etimológica distinta. A palavra “ética” vem do Grego “ethos” que significa “modo de ser” ou “caráter”. Já a palavra “moral” tem origem no termo latino “morales” que significa “relativo aos costumes”.

CONCEITOS ORIGINÁRIOS

Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma racional, fundamentada, científica e teórica. É uma reflexão sobre a moral. Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau.

No sentido prático, a finalidade da ética e da moral é muito semelhante. São ambas responsáveis por construir as bases que vão guiar a conduta do homem, determinando o seu caráter, altruísmo e virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e de se comportar em sociedade.

CONCEITOS ORIGINÁRIOS

COMPLIANCE – A origem do termo compliance vem do verbo inglês comply, que significa agir de acordo com a regra, podendo ser caracterizada como uma instrução, comando ou um pedido. Estar em “compliance” é estar em conformidade com leis e regulamentos externos e internos. Portanto, manter a empresa em conformidade significa atender aos normativos dos órgãos reguladores, de acordo com as atividades desenvolvidas pela sua empresa, bem como dos regulamentos internos, principalmente aqueles inerentes ao seu controle interno.

COMPLIANCE - SIGNIFICADO

O surgimento de departamentos de compliance veio dos Estados Unidos, por volta da virada do século 20, quando começaram a emergir algumas agências reguladoras. Por volta de 1906, o governo dos Estados Unidos desenvolveu um modelo centralizado de fiscalização, com o objetivo de regular determinadas atividades relacionadas à saúde alimentar e a comercialização de medicamentos. Esse modelo de fiscalização centralizada, veio com a promulgação do Food And Drug Act e a criação do FDA O FDA (Food and Drug Administration) é um órgão governamental desenvolvido pelo governo Americano com o objetivo de controlar alimentos (seja ele para humanos ou animais). Esses alimentos podem ser suplementos, medicamentos, cosméticos, produtos derivados de sangue humano, materiais biológicos, e etc. Quaisquer tipos desses alimentos devem ser estudados e testados minuciosamente antes de aprovar sua comercialização.

COMPLIANCE – ORIGEM

Apesar de todo esse protocolo para o controle de alimentos, o compliance avançou de verdade através das instituições financeiras. Em 1977, nos EUA, foi criada a lei anticorrupção transnacional norte americana, a FCPA (Foreing Corrupt Practices Act), obrigando as empresas a manterem livros e registros que refletiam diretamente as suas transações e também, estabelecer controle internos. Na evolução do assunto, em 1991 a comissão de penas dos Estados Unidos publicou documento denominado Diretrizes Federais para a Condenação de Organizações. Este documento continha especificações de um programa ético e eficiente de compliance, passando basear pontos importantes nos processos estruturais das organizações norte-americanas, difundindo-se na Europa.

COMPLIANCE – ORIGEM

As assessorias jurídicas, considerando sua expertise nas interpretações dos instrumentos legais foram as primeiras a se relacionar com os instrumentos de compliance, implantando-se nas empresas, principalmente nas atividades de grande responsabilidade jurídica, um departamento que garanta a conformidade de seus atos em apoio à alta direção.

Hoje as necessidades passaram a demandar que a atividade “compliance” vai além de normas e políticas. Deve-se criar processos de mapeamento de gestão, buscando suas melhorias, dentre as quais avalição de riscos.

COMPLIANCE - SIGNIFICADO

“Ser compliance” é conhecer as normas da organização, seguir os procedimentos recomendados, agir em conformidade e sentir quanto é fundamental a ética e a idoneidade em todas as nossas atitudes.

“Estar em compliance” é estar em conformidade com leis e regulamentos internos e externos.

“Ser e estar compliance” é, acima de tudo, uma obrigação individual de cada colaborador dentro da instituição.

COMPLIANCE - SIGNIFICADO

Não só a interpretação das leis que rege suas atividades, a empresa precisa ter um eficiente controle interno, e estar atenta para os riscos operacionais.

Estar em compliance não é tarefa apenas da assessoria jurídica. Há necessidade de interação com outras áreas de controles internos, direcionado no entendimento das leis e normas internas, impondo a necessidade de todos entender melhor as suas funções, norteados pela missão e objetivos da empresa.

COMPLIANCE - SIGNIFICADO

Além de manter as informações seguras e seu negócio sempre funcionando, as organizações precisam mostrar e comprovar para o mercado que estão adotando as boas práticas, a fim de melhorar suas atividades e proporcionar maiores índices de eficiência, eficácia e confiabilidade das informações, que é a base de toda decisão. Para isso as organizações precisam estar em conformidade, ou em compliance. Ao estar em compliance com as boas práticas e padrões existentes atualmente, a organização destaca-se e recebe o reconhecimento do mercado, trazendo, por consequencia, vantagem competitiva, desconto em linhas de crédito, valorização da organização, melhor retorno dos investimentos, entre outros.

COMPLIANCE - SIGNIFICADO

1) Desenvolver análise de risco de seu negócio;

2) Gerenciar Controles Internos;

3) Estabelecer Código de Conduta, prestigiando atitudes éticas;

4) Criar canais de comunicação;

5) Estabelecer periódicos treinamentos;

6) Analisar e prevenir fraudes;

COMPLIANCE

Tópicos Basilares

Contratual;

Tributária;

Concorrencial;

Recursos Humanos;

Ambiental;

Outras

RELEVANTES ÁREIAS

DE GESTÃO DE COMPLIANCE

No campo contratual, recomenda-se a previsão de cláusulas explicitando as boas

práticas de governança coorporativa, de maneira responsabilizar os infratores em violação aos preceitos da compliance.

No Brasil, nos termos da Lei 12.846 de 1º de agosto de 2013 (Lei Anticorrupção), regulamentada pelo Decreto Federal 8.420 de 18 de março de 2015, graves implicações recaem sobre as empresas, especialmente no que diz respeito às suas relações com terceiros. Na ordem legal, a empresa não precisa autorizar ou anuir com a prática indevida, bastando, para sua condenação, a comprovação de que se beneficiou, de alguma forma, do ato ilícito.

Os riscos aumentam de acordo com o segmento, a natureza da atividade e do nível de interação com agentes públicos, nacionais ou estrangeiros.

Desta forma, as empresas correm grande risco de responsabilização pela prática de atos ilícitos cometidos por terceiros (fornecedores, representantes comerciais, empresas consorciadas, etc.) a elas vinculados, razão pela qual um dos meios mais eficazes de proteção é a inclusão de cláusulas anticorrupção nos contratos.

RELEVANTES ÁREAS

DE GESTÃO DE COMPLIANCE

Na esfera Tributária a gestão de compliance denota suma importância na avaliação de riscos à empresa e à alta direção, implicando, além de severas responsabilidades na área penal tributária, vultosos Autos de Infrações, que poderão comprometer seriamente a saúde da empresa e até mesmo seus projetos futuros. Sabemos que as diárias alterações na complexa legislação tributária acabam expondo as pessoas a esses riscos.

Assim, o uso das ferramentas legais para minimização desses riscos se faz extremamente relevante, a exemplo da Consultas à Administração Tributária, Pareceres, Defesas Administrativas e a própria judicialização da questão, não se poupando esforços para essa proteção.

RELEVANTES ÁREAS

DE GESTÃO DE COMPLIANCE

No âmbito concorrencial, em igual repercussão urge a gestão do compliance. Sabemos que no ambiente globalizado, com a quebra de barreiras comerciais, deve-se atentar com rigor a saudável concorrência. Por força da Lei nº 12.529 de 30 de novembro de 2011, foi estruturado o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência – SBDC, que dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada pelos ditames constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade, defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico.

O SBDC é formado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica - CADE e pela Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, propiciou a utilização do compliance no âmbito das condutas anticompetitivas, das condutas unilaterais e das concentrações; mormente por ocasião de celebração de Acordos em Controle de Concentração (ACC), Termos de Compromisso de Cessação e Prática (TCC) e Acordo de leniência. Na esteira desse Ordenamento Legal, o CADE criou Guia de Programa de Compliance objetivando divulgar e aplicar esse instituto na Defesa da lícita concorrência.

RELEVANTES ÁREAS

DE GESTÃO DE COMPLIANCE

Não diferente, no ambiente do trabalho, a gestão do compliance se demonstra com grande eficiência. Deve a empresa atentar aos regramentos da legislação do trabalho, evitando-se passivos trabalhistas e/ou outras implicações penais, notadamente combatendo:

Trabalho escravo;

Assédio Moral;

Meio Ambiente do Trabalho;

Assédio Sexual;

Capacitação;

Treinamentos;

Etc.

RELEVANTES ÁREAS

DE GESTÃO DE COMPLIANCE

No que diz respeito ao Meio Ambiente, a cada dia urge a necessidade de se estabelecer gestão compliance. Pelas peculiaridades legais de proteção ao Meio Ambiente, com severas punições de natureza administrativa, penal e indenizatória, os programas de compliance resultam em sensível minimização de riscos. Hoje, além da severa legislação de proteção ao meio ambiente, a recente Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, alargam as responsabilidades das empresas e de seus diretores.

Ademais, a implantação institucional de produtos “verdes” denotam eficiência em programas sob gestão de compliance.

RELEVANTES ÁREAS

DE GESTÃO DE COMPLIANCE

Destacamos relevantes legislações de grande repercussão administrativa, penal e civil no contexto ambiental, dentre outros: Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981 (PNMA); Lei 9.605/1998 (Crimes Ambietais); Dec. nº 3.179 de 21 de Setembro de 1999 (Crimes Ambientais) Lei 12.305 de 02 de agosto de 2010 (PNRS); Decreto nº 7.404 de 23 de dezembro de 2010 (PNRS)

RELEVANTES ÁREAS

DE GESTÃO DE COMPLIANCE

Compliance é aplicável em todas as áreas coorporativas, dentre as quais, produção, técnica, administrativa, etc. Destacamos as áreas de maior relevância frente a legislação em vigor, a título exemplificativo.

A riqueza desse instituto se refere a administração do maior acervo de uma companhia, as pessoas empregados, colaboradores que participam do universo da empresa, dando-lhe o verdadeiro sentido de sua existência, razão pela qual vem se destacando no cenário da Governança Coorporativa e assim será a cada dia.

RELEVANTES ÁREAS

DE GESTÃO DE COMPLIANCE

Mais do que uma ferramenta alternativa, a implantação de compliance terá a cada dia maior amplitude, cabível e aplicável a qualquer empresa de que tamanho for, trazendo, na gestão coorporativa, o seguro ambiente na avaliação e minimização de riscos e propiciando melhores resultados às empresas, que no exercício de suas missões e seus objetivos, seguramente contribuirão concretamente em uma sociedade mais humana.

Tenho comigo que compliance é o futuro.

CONCLUSÃO

Obrigado.

Carlos Pedroza de Andrade

Advogado

PEDROZA DE ANDRADE, ADVOGADOS

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