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Câmara Municipal de Londrina Estado do Paraná PL: _________ FL: _________ COMISSÃO DE POLÍTICA URBANA E MEIO AMBIENTE PARECER AO PROJETO DE LEI N o 27/2017 RELATÓRIO: De autoria do Vereador Amauri Cardoso, o presente projeto de lei cria o ParCão Recanto de Convivência Animal no Município de Londrina e dá outras providências. O presente projeto estabelece que caberá ao órgão competente do Município escolher os locais onde serão instalados os Recantos de Convivência Animal (podendo ser espaços já utilizados para o lazer da comunidade), e ao parceiro privado providenciar a colocação de cerca, bancos, bebedouros acessíveis para cachorros de todos os tamanhos, lixeiras e brinquedos em troca da possibilidade de fazer propaganda no local. Em sua justificativa, o Autor esclarece que os locais denominados Parcão servirão para propiciar maior segurança aos cães, donos e outras pessoas que se incomodam quando se deparam com animais soltos em outras áreas de lazer da cidade, e não gerarão custos aos cofres públicos, já que contarão com a participação da iniciativa privada, nos moldes do Programa Boa Praça. É o Relatório. PARECER TÉCNICO O Código de Posturas do Município, no capítulo Das Medidas Referentes a Animais, art. 51, estabelece que é permitida a circulação de cães em vias e logradouros públicos do Município, incluídas as áreas de lazer e esporte, desde que:

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Câmara Municipal de Londrina Estado do Paraná

PL: _________ FL: _________

COMISSÃO DE POLÍTICA URBANA E MEIO AMBIENTE

PARECER AO PROJETO DE LEI No 27/2017

RELATÓRIO:

De autoria do Vereador Amauri Cardoso, o presente projeto de lei cria o ParCão

– Recanto de Convivência Animal no Município de Londrina e dá outras providências.

O presente projeto estabelece que caberá ao órgão competente do Município

escolher os locais onde serão instalados os Recantos de Convivência Animal (podendo ser

espaços já utilizados para o lazer da comunidade), e ao parceiro privado providenciar a

colocação de cerca, bancos, bebedouros acessíveis para cachorros de todos os tamanhos,

lixeiras e brinquedos em troca da possibilidade de fazer propaganda no local.

Em sua justificativa, o Autor esclarece que os locais denominados Parcão

servirão para propiciar maior segurança aos cães, donos e outras pessoas que se incomodam

quando se deparam com animais soltos em outras áreas de lazer da cidade, e não gerarão

custos aos cofres públicos, já que contarão com a participação da iniciativa privada, nos

moldes do Programa Boa Praça.

É o Relatório.

PARECER TÉCNICO

O Código de Posturas do Município, no capítulo Das Medidas Referentes a

Animais, art. 51, estabelece que é permitida a circulação de cães em vias e logradouros

públicos do Município, incluídas as áreas de lazer e esporte, desde que:

Câmara Municipal de Londrina Estado do Paraná

Parecer ao Projeto de Lei no 27/2017 – Comissão de Política Urbana e Meio Ambiente

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PL: _________ FL: _________

I – sejam conduzidos com guia e enforcador ou guia e peitoral, independente de

seu porte;

II – sejam conduzidos com guia e enforcador e focinheira se forem cães de

guarda de médio, grande e gigante porte, como: Pit Bull, Bull Terrier, Pastor Alemão,

Rotweiller, Fila Brasileiro, Doberman, Mastin Napolitano, Mastiff e outros que possam

oferecer riscos para pessoas ou a outros animais; e

III – seu condutor deverá portar os objetos necessários para recolher eventuais

dejetos de seu animal.

O presente projeto vem inovar possibilitando que os cães possam caminhar e

se exercitar livremente, sem as guias, porém em local delimitado por cercas e sempre na

companhia de seus donos.

Na justifica do projeto, o Autor alega que os parques para cães, nos moldes

que especifica o projeto, já foram implantados nas cidades brasileiras de Blumenau, Recife,

Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Alega, ainda, que a convivência em locais públicos de

animais e seus donos já é praticada em nosso Município, no entanto, ela vem ocorrendo em

espaços não apropriados, como no caso da Praça Adolfo Barbosa Góis (próximo ao

Monumento à Bíblia, onde se pratica o aeromodelismo), o Aterro do Lago Igapó II e ainda

praças e demais lugares.

Aproveitando a constatação do Autor de que é necessário haver um local

apropriado para realizar a convivência dos animais, chamamos a atenção para os artigos 6o e

7o da matéria, que dispõem, respectivamente, sobre a escolha dos locais a serem definidos

pelo órgão competente da Administração, espaços estes que serão regidos por regulamentos

específicos a serem estabelecidos pelo Executivo.

Avaliamos que o órgão competente de que trata o artigo 6o do projeto refere-se

à CMTU, conforme disposto no art. 29 da Lei 10.966/2010 (alterado pela Lei 12.304/2015),

cujo teor, em especial dos seus parágrafos, estabelecem a atuação do Poder Público e da

iniciativa privada, por meio de termo de cooperação, motivo pelo qual reproduzimos na

íntegra seu conteúdo:

Câmara Municipal de Londrina Estado do Paraná

Parecer ao Projeto de Lei no 27/2017 – Comissão de Política Urbana e Meio Ambiente

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PL: _________ FL: _________

Art. 29. Compete à Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização – CMTU-LD, além do

gerenciamento e fiscalização desta Lei, realizar parcerias com a sociedade civil, bem como

explorar a publicidade do mobiliário urbano, nos termos do artigo 19 desta Lei.

§ 1º O Poder Executivo poderá celebrar termo de cooperação com a iniciativa privada visando

à execução e manutenção de melhorias urbanas, ambientais e paisagísticas, bem como à

conservação de áreas municipais, podendo autorizar a colocação de anúncios informativos, com

a exposição de mensagem indicativa da cooperação firmada, nas vias, canteiros, rotatórias,

parques, praças, áreas verdes e demais áreas públicas passíveis de ajardinamento.

§ 2º Decreto Municipal estabelecerá critérios para determinar a proporção entre o valor

financeiro dos serviços e obras e as dimensões da placa indicativa do termo de cooperação,

bem como a forma de inserção dessas placas na paisagem.

§ 3º Os termos de cooperação terão prazo de validade de até 24 (vinte e quatro) meses,

prorrogável por igual período, a critério da CMTU.

Nota-se, portanto, que o artigo 29, juntamente com o art. 6o da Lei Cidade

Limpa possibilitam a execução do Programa Boa Praça, por meio de termo de cooperação.

Assim, para que a presente proposta possa ser realizada nos moldes do

Programa Boa Praça seria necessário incluir essa modalidade (ParCão) na Lei Cidade Limpa,

porque a lei hoje não permite a instalação de equipamentos, razão pela qual o Autor propõe a

modificação do inciso VI do art. 6o da Lei Cidade Limpa com o intuito de incluir as hortas

comunitárias no rol de lugares onde é permitida a colocação de anúncios, desde que

celebrado termo de cooperação com o Poder Público, em troca não somente de melhorias

urbanas, ambientais e paisagísticas e conservação de áreas municipais, como estabelece a lei

hoje, mas também, visando contemplar a implantação, instalação de equipamentos e

manutenção de academias ao ar livre, e ainda a implantação de Recantos de Convivência

Animal (ParCão).

Fica claro, portanto, que a alteração do referido dispositivo da Lei Cidade

Limpa visa possibilitar a implantação dos pretendidos parques de convivência por meio da

elaboração de termo de cooperação para regular a participação das partes, inclusive de que

forma será realizada a propaganda nesses locais.

Câmara Municipal de Londrina Estado do Paraná

Parecer ao Projeto de Lei no 27/2017 – Comissão de Política Urbana e Meio Ambiente

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PL: _________ FL: _________

Em se tratando de alteração da Lei Cidade Limpa, cumpre-nos lembrar que é

necessária a oitiva da Câmara Técnica Permanente, composta por representantes de vários

órgãos, com atribuição de analisar e emitir pareceres relativos à aplicação da referida lei,

conforme estabelece seu artigo 28, razão pela qual, consideramos pertinente encaminhar a

presente proposta para manifestação do citado órgão.

Tal encaminhamento se justifica também porque a alteração na Lei Cidade

Limpa não se refere apenas à implantação dos Recantos de Convivência – ParCão, mas

também diz respeito a hortas comunitárias e academais ao ar livre, como se vê da redação

do artigo 11 do presente projeto.

Especificamente à implantação do ParCão, objetivo principal da proposta, esta

Assessoria considera a ideia bastante meritória porque esses locais poderão contribuir para o

bem-estar e saúde dos animais, cuja população é bastante numerosa em nossa Cidade,

demandando atenção especial por parte da municipalidade.

Sobre este aspecto, ilustramos que o primeiro Censo Animal de Londrina,

realizado no período de agosto de 2013 a fevereiro de 2014, apontou que a Cidade possui um

cão para cada quatro pessoas, número este que supera o recomendado pela Organização

Mundial de Saúde, que é de um cão para sete pessoas. Segundo a professora Patrícia Mendes,

do Departamento de Clínicas Veterinárias, do Centro de Ciências Agrárias (CCA), e diretora

do Hospital Veterinário (HV), Londrina, o município possui 192 mil cães e 30.336 mil gatos.1

No tocante a questão propriamente animal, seria interessante conhecer a

opinião de profissionais da área veterinária sobre a viabilidade de reunir diversas raças num

mesmo local, a fim de afastar qualquer possibilidade de tal prática favorecer a ocorrência de

brigas, comprometendo a segurança dos animais e das pessoas. Por esse motivo, sugerimos o

envio do projeto à Universidade Estadual de Londrina para parecer dos professores que atuam

na área de Medicina Veterinária.

1 Disponível em:

http://www.uel.br/com/agenciaueldenoticias/index.php?arq=ARQ_not&FWS_Ano_Edicao=1&FWS_N_Edicao=1&FWS_Cod_Categoria=2

&FWS_N_Texto=22861 Acesso 16mar2017.

Câmara Municipal de Londrina Estado do Paraná

Parecer ao Projeto de Lei no 27/2017 – Comissão de Política Urbana e Meio Ambiente

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PL: _________ FL: _________

No entanto, apesar de reconhecer o mérito da matéria, esta Assessoria

demonstra preocupação quanto a sua efetivação, por entender que a presente proposta somente

se concretizará (ou seja, os benefícios decorrentes do Parcão chegarão à comunidade) se

houver a aquiescência por parte do Executivo, principalmente se considerarmos o fato de que

a ação de realizar parceria com a iniciativa privada – que se responsabilizará pelos custos da

implantação do Recanto Animal, conforme prevê o projeto – é competência da

Administração, cabendo tão-somente a ela firmar o termo de cooperação, no qual estarão

previstas as demais medidas necessárias para a consecução e o êxito da proposta.

Feitas as considerações pertinentes, em especial a indicação de envio do projeto

para parecer da Câmara Técnica Permanente e da UEL, lembramos que caberá à Comissão de

Política Urbana e Meio Ambiente avaliar e decidir, por meio de seu voto, sobre a relevância

de acolher o presente projeto.

Sala das Sessões, 20 de março de 2017.

Assessoria Técnico-Legislativa/Tata