cm ii, reumatologia - aula 1. introdução; prof. washington bianchi [05.08.2015] (gama)

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Universidade Gama Filho Curso de Medicina Disciplina de Reumatologia

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Page 1: CM II, Reumatologia - Aula 1. Introdução; Prof. Washington Bianchi [05.08.2015] (GAMA)

Universidade Gama FilhoCurso de Medicina

Disciplina de Reumatologia

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Abordagem às doenças articulares e musculoesqueléticas

Queixas musculoesqueléticas são a principal causa deconsultas médicas.

Maioria das condições é autolimitada e necessita deavaliação mínima e terapia sintomática, além detranquilização.

História e exame clínico são suficiente na maioria doscasos.

É fundamental determinar quais condições irãoprecisar de investigação adicional (sinais de alerta).

Poucas são as emergências reumatológicas (artriteséptica, microcristalina e fratura).

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Avaliação Inicial – Diferenciar: Queixa articular de periarticular:

Articular: dor profunda, limitação/bloqueio da amplitude domovimentopassivo e ativo e edema articular.

Periarticular: dor localizada, limitação do movimento ativo, edemaé raro.

Natureza inflamatóriade não inflamatória: Inflamatório: qualquer um dos sinais flogísticos, sintomassistêmicos, alteração laboratorial (VHS/PCR).

Tempo de início agudo (<6 sem) ou crônico (>6 sem).

Distribuição: localizadaou generalizada, simétrica ou não.

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Avaliação Inicial

-­‐ Sinais de Alerta -­‐ Acometimento monoarticular; Início agudo; Dor em repouso (inflamatória); Sintomas sistêmicos (febre, emagrecimento); Refratariedade à analgesia.

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Avaliação Inicial – características particulares

Simétrico vs não simétrico; Acometimento aditivo vs migratório; Idade de início; Número de articulações:

Monoartrite: séptica, cristalina, trauma. Oligoarticular: reativa, febre reumática. Poliarticular: artrite reumatoide, osteoartrite.

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Condições reumatológicas mais comuns

Traumatismo/Fratura/Torção Lombalgia

Fibromialgia

Lesão por sobrecarga repetitiva (túnel do carpo, bursite)

Osteoartrite

Gota (apenas em homens) Gota / Pseudogota

Artrite ReumatoideEspondiloartrites

Polimialgia Reumática

Fratura osteoporótica

Artrite infecciosa(Gonocócica, Viral, Bacteriana) Artrite Séptica (bacteriana)

< 60 anos > 60 anos

Mais Comum

MenosComum

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Avaliação Laboratorial -­‐ Inicial

A maioria dos distúrbios musculoesqueléticos pode serdiagnosticada facilmente por anamnese e exame físico!

Nas avaliações iniciais geralmente hemograma emarcadoresde atividade inflamatória (VHS/PCR).

Exames não devem ser solicitados como triagem, e simapenas quando existir uma suspeita clínica.

Condições que necessitam de mais exames: monoartrite, artrites inf lamatórias, lesão neurológica,manifestações sistêmicas e sinais de alerta.

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Avaliação Laboratorial

Os testes sorológicos para Fator Reumatoide (FR),Anticorpo Anti Peptídeo Cíclico Citrulinado (Anti-­‐CCP),Anticorpo Anti Nuclear (ANA ou FAN), ou outrosautoanticorpos NÃO devem ser usadoscomo triagem!

FR: 4% a 20% na população geral. Apenas 1% da populaçãotem AR e cerca de 80% destes paciente terão FR.

ANA: 5 a 20% na pupulação geral. Apenas 0,4% dapopulação tem LES e cerca de 99% destes pacientes têmLES. Apenas 4 a 6% dos ANA realizados são referentes apacientes com LES.

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ANA (FAN)

Dependendo do local de fixação da imunofluoreceína, podemos supor qual anticorpo está envolvido e assim

qual doença é mais provável

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Avaliação por Imagem Radiografias:

Útil para visualização das estruturas ósseas e integridade doespaço articular. Uso limitado na fase inicial das doençasinflamatórias.

Ultrassom: Útil na avaliaçãode anormalidadesdos tecidos moles. Seu uso tem sido ampliado tambémpara avaliaçãode sinovite.

Tomografia: Mostra uma visão detalhada do esqueleto axial, principalmentedas articulações de difícil visualização pela radiografia (Ex:ATM, Atlanto-­‐Axial).

Ressonância: Vantagem de imagens multiplanares com detalhes anatômicos.É capazde identificar e diferenciar lesões novas e antigas.

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Ultrassom: presença de sinovite com doppler positivo – Proliferação vascular sinovial.

Radiografia: possível avaliar alterações ósseas – Deformidades e erosões de AR com carpite.

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Ressonância: observar a sacroileíte na sequência em STIR

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•Inicidência de lesões periarticulares vem aumentando devido ao maior número de “atletas amadores”

•Bursite•Tendinite•Tenossinovite

•Capsulite•Epicondilite•Fasciíte

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Bursa Bursa são “bolsas” de parede fina revestidas de tecidosinovial. Existem para facilitar o movimento dostendões e músculos sobre as proeminências ósseas. Principal causade inflamação: uso excessivo e incorreto. Bursite subacromial e trocanteriana = mais comuns.

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Tendão Estruturas fibrosas (tecido conjuntivo) que

fazema ligação dos músculos comos ossos. A parte final do tendão que se insere no osso

é denominada entese. Tendinitesmais comuns são:

Manguito rotador (supra e infra-­‐espinhoso, subescapular e redondomenor);

Bicipital; Aquiles.

Tenossinovite – ocorre inflamação do tendãoe tecido sinovial ao seu redor – Ex:tenossinovite de De Quervain (abdutorlongo e extensorcurto do polegar). ENTESE

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Capsulite

Inflamação da cápsula articular, de forma maisfrequente acomete o ombro (capsulite adesiva).Manifesta-­‐se comdor no ombro e “ombro congelado”.

Pode ocorrer em conjunto com tendinite e bursite ouassociada a distúrbios sistêmicos. Imobilidadeprolongada e distrofia simpática reflexa são outrascondições.

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Epicondilite Condição dolorosa que envolve basicamente os tecidosmoles do cotovelo devido a pequenas lacerações daaponeurose. Epicondilite lateral: cotovelo do tenista Epicondilitemedial: cotovelo do golfista

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Fasciíte Função da fáscia: contrair o pé e elevar o arco longitudinal, facilitando a impulsão de marcha.

Também relacionada ao esforço e exercício regular

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LombalgiaClassificação

•aguda:duração menor do que 6semanas.

• subaguda:duração entre 6 e 12 semanas.

• crônica:duração superior a 12 semanas.

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• 85% da população sofre de lombalgia pelo menos uma vez na vida.

• Causa principal e mais onerosa de incapacidade relacionada aotrabalho em pessoas com menos de 45 anos.

• Muita variação na abordagem diagnóstica e terapêutica.

• Excesso de exames de imagens e cirurgias.

• 70% recuperam-­se em 6 semanas independentemente do

tratamento.

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Mitos:“um diagnóstico preciso geralmente pode ser feito”

“exames de imagem revelam a etiologia”

“repouso no leito facilita a recuperação”

“pacientes avaliados por especialistas ou vários

profissionais de sáude melhoram mais rapidamente”

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CAUSAS / EPIDEMIOLOGIA

• Causas mais frequente são mecânica e degenerativa.

• Estruturas envolvidas: disco intervertebral, corpo vertebral,

ligamentos, facetas articulares, musculatura paravertebral, vasos

sangüíneos e raízes nervosas.

• Fraca associação exames de imagem e sintomas.

• Prevalência semelhantes em ambos os sexos.

• Início geralmente entre 30 e 50 anos.

• Fatores de risco: idade, ocupação, obesidade, sedentarismo,

atividades com excesso de carga, fator psicossocial, aspectos

culturais.

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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

MECÂNICAS (97%) NÃO MECÂNICAS (1%) VISCERAIS (2%)

idiopáticas (70%) neoplasias (0,7%) órgãos pélvicosdegenerativas (10%) infecções (0,01%) doenças renaishérnia discal (4%) inflamatórias (0,3) aneurisma aórticoestenose de canal (3%) Paget doenças gastrintestinaisfratura osteoporótica (4%) osteocondroseespondilolistese (2%)fratura traumática (< 1%)doenças congênitas (< 1%)espondilólise (< 1%)discogênica (< 1%)

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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:

DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO!

Simples x ComplexaLombalgia mecânica

Lombalgia Inflamatória

Lombalgia infecciosa/neoplásica

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DIAGNÓSTICO• História da dor:

LocalizaçãoDuraçãoGravidadeFatores precipitantes ou atenuantesDores prévias

• Perguntas a serem respondidas:

• há uma doença sistêmica causando a dor?• há comprometimento neurológico com necessidade de avaliação cirúrgica?• há desconforto psicológico ou social que possa amplificar ou prolongar a dor?

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Sinais de alerta

• pacientes idosos (> 50 anos);;• dor prolongada (> 1 mês);; • dor noturna;;• febre, perda ponderal, sudorese noturna;;• distúrbios neurológicos;; • distúrbios esfincterianos (síndrome da calda equina);;• imunossupressão;;• infecção atual ou recente;;• história de neoplasia;;• sintomas de claudicação vascular e isquemia periférica.

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DIAGNÓSTICO• Exame físico:

Inspeção da coluna (postura e amplitude de movimento);;Palpação da coluna;;Sinal de Lasègue;;Avaliação neurológica (raízes L5 e S1);;Avaliação para malignidades (mama, próstata, linfonodos);;Avaliação dos pulsos periféricos;;

• Manobras:LasègueValsalvaSinal das pontas de De Sèze(S1 – ponta dos pés;; L5 – calcanhares)

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INDICAÇÕES DE SOLICITAR RADIOGRAFIAS DE COLUNA:POSSIBILIDADE DE FRATURA: • lombalgia após trauma significativo• trauma em pacientes com mais de 50 anos• uso crônico de corticoesteróides• osteoporose• idade superior a 70 anos

POSSIBILIDADE DE TUMOR OU INFECÇÃO:• quadro agudo sem trauma em pacientes > 50 ou < 20 anos • neoplasias• sintomas gerais como febre ou perda ponderal• infecção bacteriana recente• uso de drogas IV• imunossupressão• dor na posição supina• dor noturna

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INDICAÇÕES DE SOLICITAR TC / RNM DE COLUNA:

• diagnóstico duvidoso• resposta inadequada à terapia• Até 40% das pessoas assintomáticas apresentam alterações na TC ou RNM

INDICAÇÕES DE SOLICITAR ENMG:

• lombalgia com sinais e sintomas de radiculopatia

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TRATAMENTO

Zander. “Crusher”, 1905

Colete de Putti

Shiatsu e AnmaMassoterapia

Reflexologia

Reike –harmonização

Osteopatia

Moxabustão

Pedras quentesAcupuntura

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TRATAMENTOConservador (lombalgias mecânicas)

• repouso não prolongado

-­ 3 dias nas idiopáticas e 21 dias nas hérnias discais

• preferencialmente analgésicos comuns (p. ex. paracetamol)

•AINH para casos resistentes (protetores gástricos associados;; evitar uso em DAC e idosos!)

• relaxantes musculares nos casos de contraturas

• várias modalidades de fisioterapia (cinesio, gelo/calor, órteses)

Cirúrgico

• reservado para casos refratários e síndrome da cauda eqüina

43 estudos e 3907 pacientes!

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Lombalgia secundária a doença da coluna ? Diagnostique e trate

adequadamente

Há uma doença de base grave ou

síndrome da cauda eqüina?

Há fraqueza grave ou progressiva?

Encaminhe o paciente ao especialista urgente

simsim

não

nãoDiagnostique lombalgia simples ou radiculopatia

Explique que radiografias e encaminhamento ao especialista não são necessários

Considere a hipótese de utilizar analgésicos, relaxantes musculares, fisioterapia/repouso

(Evite tratamento c/ analgésicos narcóticos)

O paciente está agudamente angustiado ?

sim

nãoorientação